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Campo jornalístico/midiático

Atividade temática: Campanha de controle da gravidez precoce

É obrigação do governo promover campanhas educativas a fim de resolver problemas de cunho social, educacional e de saúde
do país. Assim como existe a promoção de campanhas para vacinação, para conter a proliferação da dengue, no início de
fevereiro, o governo federal iniciou uma que visa conter a gravidez precoce.

TEXTO 1 TEXTO 2
Reportagem televisiva exibida pelo
Fantástico no dia 03 de fevereiro de
2020.

TEXTO 3
GOVERNO LANÇA CAMPANHA PARA REDUZIR GRAVIDEZ NA ADOLESCÊNCIA
A ministra da Mulher, da Família e dos Direitos Humanos, Damares Alves, e o ministro da Saúde, Luiz
Henrique Mandetta, lançaram hoje (3) a campanha Tudo Tem seu Tempo, que visa a educar jovens sobre sexo e
gravidez na adolescência. Mais cedo, a ministra publicou no seu Twitter a foto de um outdoor da campanha instalado
nos corredores da Câmara dos Deputados e pediu a participação e o apoio das pessoas com o uso
da hashtag #TudoTemSeuTempo nas redes sociais. A ação tem como foco duas faixas etárias: de 15 a 19 anos e
abaixo de 15 anos.
“Estamos construindo um plano nacional de prevenção do sexo precoce. Essa ação é só o começo. Existem
consequências graves, físicas e emocionais para o sexo antes da hora. Vamos fazer cartilhas, vamos para as escolas
mostrar arte, música. Vamos cuidar das ‘novinhas’, e não apenas chamá-las para o sexo”, afirmou a ministra Damares.
O ministro da Saúde, Luiz Henrique Mandetta, destacou a relevância da ação. “Isso é elemento de discussão, sim. Nós
precisamos olhar os números e saber as consequências. É papel de todos que têm uma responsabilidade com os jovens
e adolescentes criar uma consciência. Estamos diminuindo os números [de gravidez indesejada] de 15 a 19 anos em
40%. Mas, na faixa etária abaixo de 15 anos, de 2000 a 2016, o número da gravidez infantil permaneceu no mesmo
patamar. Nada mudou”, argumentou. 
De acordo com nota publicada pelo ministério, a medida é tida como política complementar  e faz parte de um
pacote de “medidas preventivas e educativas que contribuam para a redução da incidência da gravidez na
adolescência”.
O programa faz parte da Semana Nacional de Prevenção à Gravidez Precoce, criada pelo presidente Jair
Bolsonaro em janeiro de 2019. A mensagem estimula o adiamento de relações sexuais e orienta jovens a dialogar com
a família e a procurar unidades de saúde antes de iniciar uma vida sexual ativa.
Disponível em: Agência Brasil. Publicado em: 03/02/2020.

TEXTO 4
EDUCAÇÃO SEXUAL PARA UMA FORMAÇÃO INTEGRAL
O caminho é empoderar e desenvolver a criticidade
Luana P. P. Molina (Pós-doutoranda em educação escolar e pesquisadora da área da educação sexual e diversidade sexual)
No Brasil, trabalhos intencionais de educação sexual nas escolas passaram a ser impulsionados a partir de
1980, com o aparecimento do HIV/Aids. Após esse período, intensificaram-se publicações acadêmicas, como artigos,
teses e dissertações, para dar fundamentação científica a esse trabalho. 
A formação continuada dos professores nessa área vem sendo ampliada desde de 1990. A aceitação de que a
educação sexual é papel da escola, tanto quanto da família, cresceu satisfatoriamente. Contudo, a partir de 2012, com
as discussões para a aprovação do Plano Nacional da Educação (2014-2024), a educação sexual passou a ser
veementemente atacada e confundida com um trabalho de instigação ao sexo irresponsável, precoce e de apologia à
homossexualidade.
A educação sexual intencional nas escolas, numa perspectiva emancipatória, pretende ensinar crianças,
adolescentes e jovens a pensarem e debaterem sobre tudo o que é relacionado à sexualidade e à sua vivência com
responsabilidade. Para isso, o papel do professor não se restringe às informações biológicas; sua função é ajudar os
educandos a sanarem dúvidas, expressarem sentimentos e reverem tabus e preconceitos para construírem uma visão
positiva da sexualidade, de modo a vivenciá-la sem culpa ou vergonha.
Ao professor não cabe passar seus valores morais, mas dar oportunidades para que o educando construa seus
posicionamentos pessoais, a partir, inclusive, do que recebe de sua família. Assim, o propósito maior é desenvolver a
autonomia moral e intelectual do educando, num paralelo com a formação dos valores morais importantes: respeito a
si e ao outro, justiça, fraternidade, amor e igualdade.
Em nenhum momento a educação sexual visa estimular o sexo precoce, quantitativo e/ou promíscuo, mas sim
fomentar a afetividade e a capacidade para o diálogo, ajudando o educando a ser sujeito da sua sexualidade, a decidir e
escolher por si próprio, embasado em conhecimentos, reflexões e debates. Consideramos falha qualquer imposição,
seja para abstinência, seja para fazer sexo (“faça; se não fizer, você é careta!”). “Eu escolhi esperar” pode ser válido  se
livre for a escolha.
O governo federal tem planos de implantar um programa de abstinência sexual, visando diminuir os índices de
gravidez na adolescência. Este não será um caminho frutífero, pois comprometerá a aquisição de todo um conjunto de
conhecimentos que o adolescente precisa para viver a sexualidade com segurança e responsabilidade. Esse programa
desacredita na capacidade de o adolescente pensar e institui o professor como autoridade que dita o certo e o errado e
impõe um estilo de vida.
Ideias distorcidas sobre a educação sexual deixam mães, pais e responsáveis confusos e assustados. Contudo,
podemos assegurar que um trabalho intencional, feito por professores preparados, só vem a somar com a família. É o
ensino da sexualidade, desde a infância, que pode ajudar na prevenção da gravidez na adolescência, na prevenção de
ISTs (Infecções Sexualmente Transmissíveis), na prevenção do abuso sexual, bullying e toda forma de discriminação
e violência. Ele pode também impactar na formação humana da criança e do adolescente, a ponto de não se tornarem
agentes do bullying, pois os ajudará a compreender a diversidade humana e a respeitar as pessoas.
Fomentar a abstinência e a retardação do início da vida sexual certamente conduzirá ao aumento do número de
casamentos prematuros e precipitados, cujas consequências todos conseguem prever. 
Só quem entende o significado do sexo na vida e no bem-estar físico e mental das pessoas bem informadas e
preparadas para escolhas conscientes é que consegue não ver o sexo como um problema a ser combatido, como uma
experiência de vida a ser evitada. 
Tanto os Direitos Humanos (1948), quanto os Sexuais e os Reprodutivos (Ministério da Saúde, 2005) vêm
para assegurar a todos o direito à informação científica e à autonomia. O caminho não é proibir, mas sim empoderar e
desenvolver a criticidade frente à forte instigação ao sexo feita pela mídia, como nas novelas, letras de música
pejorativas e no mundo.
Disponível em: Jornal Folha de São Paulo. Publicado em 04/02/2020.
Leia os textos e reflita sobre as questões a seguir:

1) Os três textos discutem qual tema?


2) O texto 1 é um cartaz de campanha educativa. Qual o objetivo do texto? Quais são as informações presentes no cartaz que leva
o leitor a ser convencido a uma responsividade em relação à temática?
3) Os textos 2 e 3 pertencem, respectivamente, aos gêneros reportagem e notícia, ou seja, são textos jornalísticos, por esse motivo,
deviam ser impessoais, porém é perceptível a partir das informações escolhidas uma linha opinativa. Identifique nos textos 2 e 3
quais são os posicionamentos assumidos por cada um dos textos. Justifique sua resposta.
4) O texto 4 é um artigo de opinião, ou seja, há um ponto de vista defendido por um articulista em relação a uma polêmica. Qual o
posicionamento assumido por Luana, autora do texto? Retire do texto trechos que comprovem esses posicionamentos.
5) Durante a argumentação do texto 4, a autora responde a argumentos opostos a quem defende uma educação sexual na escola.
Quais são esses argumentos opostos?
6) Após a leitura dos textos e seus conhecimentos de mundo, qual a sua opinião sobre a polêmica?

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