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Escola de Saúde Pública do Estado de Minas Gerais

Oficina de Atenção em Saúde Mental à Criança e ao


Adolescente

Retrato do município de ARCOS - MG

A construção histórica e social da infância e adolescência,


na sua relação com a história da assistência – módulo I

Cristina Guzmam
Roberta D.O.C. Diniz
Kele

BELO HORIZONTE
2012
Cristina Guzmam
Roberta D.O.C. Diniz
Kele

Retrato do município de ARCOS - MG

A construção histórica e social da infância e adolescência,


na sua relação com a história da assistência – módulo I

Belo Horizonte10 de setembro de 2012.

______________________________________________
Prof° Orientadora: Mercedes
Considerações iniciais

Arcos foi emancipada em 17 de dezembro de 1938, está localizada no centro


oeste de Minas Gerais, fazendo fronteiras com os municípios de Formiga, Pains,
Iguatama, Córrego Fundo, Santo Antônio do Monte e Luz, com distância da capital de
210 km.
O município tem o IDH de 0,808 , PIB de R$ 462.586,876 mil e PIB per
capita de R$ 12.802,34. De acordo com dados da Prefeitura, o Produto Interno Bruto-
PIB da cidade de Arcos em 2000 cresceu mais do que o Produto Interno Bruto do
Estado de Minas Gerais. O crescimento de Arcos foi de 44% e o crescimento do Estado
foi de 16%.
A população do município de Arcos, de acordo com o último censo realizado
pelo IBGE - Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística, divulgado em 1º de
dezembro de 2010, apresenta os seguintes dados:
• População masculina: 18.208 habitantes - 49,77%,
• População feminina: 18.374 habitantes - 50,23%,
o Total das populações por gênero: 36.582 habitantes - 100,00%.
• Zona urbana: 33.238 habitantes - 92,84%,
• Zona rural: 3.344 habitantes - 7,16%,
o Total da população do município: 36.582 habitantes - 100,00%.
Arcos tem a economia voltada para o calcário, conhecida como a “capital do
calcário”. Com as reservas de calcário situadas próximas à cidade, encontram-se
instaladas em Arcos várias empresas de grande porte exploradoras e mineradoras de
calcário como a Lafarge, CSN, Belocal(Lhoist), Lagos e outras.
A cidade destaca-se na educação regional por abrigar vários centros
educacionais importantes, sendo eles: a PUCMG - Pontifícia Universidade Católica de
Minas Gerais e a UNIPAC - Universidade Presidente Antônio Carlos, ambas possuindo
campus Arcos; Na educação básica temos diversas escolas municipais e estaduais,
destacando-se o CESEC, mantido pela Secretaria de Ensino Estadual que abriga o curso
do ensino médio e cursos profissionalizantes gratuitos; o SENAI - Serviço Nacional de
Indústria também está presente na cidade com uma infraestrutura excelente e conta com
diversos cursos profissionalizantes gratuitos; na educação privada, Arcos também se
destaca: Colégio Losango de Arcos, da rede Anglo de Ensino, sendo ele finlandês;
Escola Técnica de Formação Gerencial/SEBRAE Arcos - Uma franquia de ensino de
Belo Horizonte com patente austríaca, e com mais 21 unidades no país; Instituto
Pedagógico Arcoense, da rede Objetivo de Ensino; Colégio Dom Belchior, da rede
Pitágoras de Ensino.
A rede de assistência social conta com CRAS, CREAS, Centro de
acolhimento institucional (abrigo para menores), Conselho Tutelar e Projeto Garoto
Cidadão (em parceria com a CSN).
Na assistência de saúde a população conta com 1 Pronto Socorro Municipal,
Santa Casa, 1 posto de saúde rural, 1 CAPS 1, 1 APAE, 1 instituição de longa
permanência para idosos, 1 NASF e 10 PSF´s.
Para o atendimento de transtornos mentais, tem o atendimento do CAPS 1
para adultos, acima de 18 anos. Para crianças e adolescentes, no NASF tem atendimento
clínico com o pediatra e psicóloga, nos PSF´s tem o atendimento com o clínico geral e
com os especialistas do NASF que atendem nos PSF´s, psicólogo, fonoaudiólogo,
educador físico e nutricionista. O CREAS possui uma equipe multidisciplinar com
psicólogo, assistente social, assessor jurídico e auxiliar administrativo e também
atendem no Centro de acolhimento institucional (abrigo para menores). O CRAS
também conta com uma equipe multidisciplinar com assistente social, psicólogo,
educador físico, artesão, professor de informática e monitores de oficinas. A APAE
também possui uma equipe multidisciplinar para assistir as crianças. O atendimento de
psiquiatria infantil é realizado em Lagoa da Prata através do consórcio intermunicipal.
Desenvolvimento

Procura-se, nesse roteiro de dispersão, descrever o serviço de Psicologia


Infanto-Juvenil em Arcos e apontar os problemas concernentes às crianças e
adolescentes encaminhadas ao serviço ambulatorial. Dados advindos também de
importantes setores sociais que operam com grande reconhecimento público.
Antes, contudo, é recente a inclusão da criança como objeto de preocupação
na saúde mental. E um dos principais fatos que contribuiu para essa mudança foi a
Reforma Psiquiátrica e a criação do Estatuto da Criança e do Adolescente como
detentor de direitos e deveres perante o Estado brasileiro.
O Manual de Saúde Mental Infanto-Juvenil, lançado pelo SUS, através da
Lei nº 10.216, de 06/04/2001, prevê que todos os serviços públicos de saúde mental
voltados para esta faixa etária devem acolher estes pacientes, ou seja, receber, escutar e
responder à demanda. O serviço não pode alegar lotação, inadequação de demanda e
incapacidade técnica do serviço. Hoje, a política de saúde mental rege que estes serviços
devem assumir a função social, extrapolando o cuidar técnico, melhorando a qualidade
de vida da pessoa que sofre de transtorno mental, dando direito a ela de participação
social na comunidade e construção de um sujeito pleno de deveres e de direitos.
Mas o sistema oferece ao paciente e à família diferentes caminhos: pode
ocorrer admissão para tratamento naquele serviço; espera para atendimento naquele
mesmo serviço, porém em outro momento; encaminhamento para outros serviços; ou
mesmo o próprio serviço pode se dirigir a quem mandou este paciente para intervir
junto a este estabelecimento para desconstruir a demanda do tratamento.
E nesta trajetória , observa-se algumas problematizações no serviço de
Atendimento Psicológico Infanto Juvenil do Município de Arcos:

1. Psiquiatrização e patologização da infância.


O processo de conduta médica, muitas vezes, é centrada em achados de
sinais e sintomas que devem ser confirmados ao exame físico ou exames laboratoriais
que complementarem a investigação, não valorizando os problemas de ordem mental.

2. Psicologização acerca dos problemas de aprendizagem. Diante da


grande quantidade de encaminhamentos de crianças e adolescentes com queixa
escolar para serviços de atendimento psicológico, estes vêm sendo, segundo
Souza (2000), objeto de preocupação no trabalho realizado pelos psicólogos.
Muitas das queixas escolares são entendidas como um problema individual,
pertencente à criança encaminhada, sem ser considerado aquilo que se passa na
escola, analisando as dificuldades do processo de escolarização como
dificuldades de aprendizagem, cujas causas são de caráter estritamente
psicológico. Assim, os problemas escolares são entendidos dentro de uma
perspectiva de medicalização/psicologização (Boarini e Borges, 1998; Custódio,
1996). Muitas vezes a escola que não está preparada para lidar com um aluno
diferente dos demais no comportamento e recorre ao serviço como uma forma
de se esquivar do aluno, passando o problema para o tratamento e adequação
deste paciente aos modos da instituição que frequenta. O serviço deve neste
caso orientar a escola a se preparar para lidar com as diferenças em sala de aula,
pois a grande maioria dessas demandas não são pacientes com transtornos
mentais. (Revista Adolescência, vol.7 nº3).
O serviço ambulatorial é referência municipal em atendimento à criança e
adolescente. Está situado na sede da Secretaria Municipal de Saúde e recebe crianças e
adolescentes sob uma minuciosa análise de encaminhamentos. Os encaminhamentos
recebidos apontaram que os serviços de saúde ( PSFs, Hospital Público e atendimento
médico particular), as escolas e os conselhos tutelares, são as instituições responsáveis
pela maioria dos encaminhamentos. O serviço funciona os cinco dias úteis da semana
(segunda à sexta-feira) no horário de 12:00 às 18:00 horas (segunda à quinta-feira) e no
horário de 7:00 às 13:00 horas (às sextas-feiras). Destina-se a atender crianças e
adolescentes, entre 02 e 17 anos, 11 meses e 29 dias, com comprometimentos
psicossociais severos e persistentes, residentes no município de Arcos. Incluem-se nesta
categoria os portadores de autismo, psicoses e usuários de álcool e outras drogas,
neuroses graves e todos aqueles cujo comprometimento causam prejuízos acentuados
em vários aspectos da rotina de vida da criança/adolescente (familiar, social, afetivo,
escolar, dentre outros.
A capacidade de atendimento do serviço é de no máximo 10
crianças/adolescentes, sempre em contra turno escolar. O atendimento de crianças e
adolescentes se dá com autorização e acompanhamento dos pais e/ou responsáveis,
visando a segurança, bem como a participação destes para efetivação do tratamento.
FLUXOGRAMA:

Outros PSFs

Conselho
Tutelar
CREA
Atendimento S
Psicológico
Infanto-Juvenil

Escolas
CRAS

Abrigo

O atendimento ambulatorial se dá em três etapas:


 Avaliação do encaminhamento: quando este não tiver o caráter
descritivo, tenta-se escutar num breve relato dos pais e/ou responsáveis sobre o
estado sintomal do usuário. Caso apresentar, pela descrição verbal, um
transtorno mental grave agenda-se uma data para entrevista. Não havendo vaga,
inscreve-se na lista de espera. Em casos de quadros agudos, ou seja, de urgência,
serão encaminhados ao Hospital São José (Hospital municipal), por não se
enquadrar nessa assistência especializada.
 Abordagem: consiste nos primeiros atendimentos com os pais
e/ou responsáveis, bem como a criança ou adolescente com o objetivo de avaliar
o caso. Após, a realização de coleta de informações, se fará o agendamento do
próximo atendimento ou se fará o encaminhamento externo. Caso seja
necessária uma avaliação psiquiátrica, faz-se o encaminhamento à especialidade
referenciada mais próxima do município, a saber, a cidade de Lagoa da Prata.
 Tratamento: atendimento individual, que poderá ter caráter de
psicoterapia, de entrevistas de anamnese e/ou de análise ou aprofundamento de
entendimento de situações, circunstâncias, biografias e fatos, de orientação (de
tratamento, de desenvolvimento, de direitos, de saúde, de trabalho, de educação,
de formas de inserção) e, etc.

Ações desenvolvidas:

Entende-se por atendimento a atenção física, jurídica, psicológica,


econômica e social prestada à criança e adolescente e à família envolvida no
processo psicoterapêutico. O atendimento deve ser entendido ainda como conjunto
de ações internas do CREAS, CRAS, Conselho Tutelar e dos demais serviços da
rede, e está voltado, além da atenção psicossocial para a redução de danos sofridos
pelos sujeitos, para a mudança de condições subjetivas. As ações propõem oferecer
a participação na rede social ampliada, compreendendo crianças e adolescentes
como sujeitos desejantes e de direitos.
Coleta de dados

Em Arcos não possui uma fonte de informações epidemiológicas referente a


crianças e adolescentes com transtornos mentais, logo, foi solicitado via e-mail ou
telefone direto com os coordenadores de setores solicitando o envio de dados referentes
a atendimento destes pacientes, com os seguintes questionamentos:
- quem são as crianças e adolescentes com transtornos mentais
- data de nascimento
- qual deficiência
- se faz tratamento e onde
Alguns setores não conseguiram coletar estes dados para serem enviados a
tempo para a conclusão do trabalho, logo os dados coletados foram:

* Caps 1 não possui atendimento de crianças e adolescentes, não possuído


então nenhuma fonte de dados de crianças e adolescentes com transtornos mentais.

* Dados colhidos de alguns PSF´s


- PSF Calcita :
* L.K.S., 7 anos, paralisia cerebral e eplepsia, faz tratamento na APAE e
neurologista particular.

-PSF Brasília
*R.E.T.B, 24/07/1995, 17 anos, hidrocefalia e meningoencefaloceli, em
tratamento

- PSF Esplanada
* W.P.O., 23/10/2003, 8 anos, --------------, faz acompanhamento na APAE
* E.L.T., 20/12/2000, 11 anos, --------------, faz tratamento particular com
psiquiatra particular e frequenta a APAE.
* J.M.R.F. 07/12/2006, 5 anos, ---------------, frequenta a APAE.

- PSF Santo Antônio


* S.C.S. 7 anos, deficiente mental e físico, faz tratamento em BH e Goiás.
* K.C.S.P., 11 anos, deficiente mental, tratamento em BH.
* M.F.S.R., 1 ano e 10 meses, deficiente mental, tratamento em BH.
* S.H.S., 12 anos, deficiente mental, frequenta a APAE.
* G.S.M., 11 anos, deficiente mental, em tratamento.
* G.A. N., 08/08/1997, 15 anos, síndrome de down, frequenta a APAE.

- PSF Olaria
* G. B. M., 6 anos, síndrome de down, frequenta a APAE.
* W. G. C., 10 anos, deficiente mental, psiquiatra particular, mãe retirou
criança da APAE.
* I.M.C., 6 anos, o médico ainda não definiu o diagnóstico, tratamento em
BH com geneticista.

- PSF Zona Norte


* M.V.F.B., 21/05/1998, 14 anos, deficiente mental, frequenta a APAE.
* J.C.A.A.B., 03/12/2002, 10 anos deficiente mental devido seqüelas de
meningite, está sem tratamento.
* L.D.M., 22/09/1995, 17 anos, deficiente mental, frequenta a APAE.
* L. G. D. B. M., 01/08/2002, 10 anos, deficiente mental, neurologista em
BH.
* M.A. B. C., 13/10/2000, 11 anos, esquizofrenia, neurologista em Lagoa da
Prata.
- PSF São Judas
* G. A., 18/06/2004, 8 anos, hidrocefalia, frequenta a APAE e neurologista
em BH.
* J.G.C. 04/01/2001, 11 anos, paralisia cerebral, frequenta a APAE
* E.M.P.S.F. 02/08/2005, 7 anos, síndrome de down, frequenta a APAE
* M.E.F.R.S. 26/07/2001, 11 anos, autismo, frequenta a APAE
* A.S.S., 05/06/2006, 6 anos, TDAH, frequenta a APAE de fonoaudiologia,
psicologia e psicoterapia.
Considerações Finais

No decorrer do desenvolvimento deste trabalho, realizamos a coleta de dados


e visita a alguns setores que atendem crianças e adolescentes com transtornos mentais
em Arcos e foi possível constatar que estes pacientes são atendidos de forma
desorganizada e que a rede de assistência ainda não esta formada, mas que os atores
envolvidos mostraram interesse em articular e formular uma melhor forma de
atendimento destes pacientes.
Referências bibliográficas:

-Disponível em <http://pt.wikipedia.org/wiki/Arcos_(Minas_Gerais) >


acesso em 02 set. 2012.
-Akerman, Jaccques. Artigo:Estratégias de Segregação na infância e
Adolescência. Belo Horizonte,1998.
-Menezes, Thatiana; Melo Victor. O pediatra e a percepção dos transtornos
mentais na infância e adolescência. Revista Adolescer vol.7 nº3. páginas 38 a
46,Julh/Set – 2010.
-Boarini, Maria; Borges, Roselânea. Demanda infantil por serviços de
Saúde Mental: sinal de crise. Estudos de Psicologia vol 3 nº 1. páginas 83 a 108 – 1998.

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