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• VÍDEO A FÚRIA DE UMA CRIANÇA

PREVENÇÃO
Quando se fala em prevenção, inevitavelmente, pensa-se em antecipar algo,
tratar e actuar antes que algo aconteça, o que implica agir. Prevenir não é só
evitar algo, é intervir, é apostar num futuro melhor para muitas pessoas, para
melhorar o bem-estar e a qualidade de vida de muitas outras ( D.J.F. Alonso,
comunicação pessoal 27 de Outubro, 2001).

Segundo Ornelas (2008), numerosos estudos salientam que a importância


dada à prevenção em muito contribui para o crescente interesse acerca dos
recursos e apoios existentes na comunidade, de forma a aumentar as
capacidades individuais e, por conseguinte, reduzir a falta de adaptação e o
desajustamento.
PREVENÇÃO

Os trabalhos de Caplan ( 1964, citado por Ornelas, 2008) foram


determinantes para a difusão das intervenções preventivas, com contributos
significativos em termos de modelos conceptuais, nomeadamente, para um
modelo de prevenção de configuração tripartida, orientado para a prevenção
em saúde mental, mas com características adaptáveis a quaisquer outras
situações, concebendo este modelo três níveis de prevenção:
Primária;
Secundária;
Terciária.
PREVENÇÃO

A prevenção primária é definida como a redução do aparecimento de


determinados, problemas numa população, durante um certo período de
tempo, no sentido de prevenir a sua emergência, actuando nos contexto sem
que poderão ocorrer.

A definição de prevenção secundária assenta na redução da taxa de


prevalência de um determinado problema, em contextos populacionais
específicos com características de risco.

Relativamente à prevenção terciária, é perspectivada como sendo a redução


da taxa efectiva dos impactos de uma problemática e das suas consequências
em termos de desadaptação.
PREVENÇÃO

A prevenção primária se refere a acções que antecipam o problema, sendo


que se focaliza em grupos de pessoas que não apresentam qualquer tipo de
problemática, conferindo-lhe um carácter proactivo, por oposição às
intervenções de carácter reactivo.

A prevenção secundária reporta-se ao domínio da intervenção precoce, em


situações de risco de grupos vulneráveis (e.g. mães adolescentes), enquanto
que a prevenção terciária refere-se à intervenção reparadora ao nível da
reabilitação ou tratamento.
PREVENÇÃO

No âmbito da protecção da criança, a intervenção psicossocial tem como


objectivo geral, tanto o tratamento (prevenção terciária), como a prevenção
(primária e secundária), dos maus tratos na infância.

A diversidade de necessidades e acções pode manifestar-se através de


diferentes níveis, dando lugar à intervenção e prevenção dos maus tratos
mediante diferentes métodos e objectivos.

Os serviços de acção social integrados na comunidade, estão, pela sua


própria natureza, especialmente, vocacionados para o desenvolvimento de
programas preventivos, junto de grupos identificados, em relação a diferentes
problemáticas.
PREVENÇÃO
Neste âmbito pode considerar-se que:

Prevenção Primária
Tem como objectivo promover o bem-estar das crianças e suas famílias,
através da educação e da transformação social e está dirigida tanto a famílias
em condições de alto risco, como à comunidade em geral. Importa salientar
que a abordagem preventiva não deverá ser apenas considerada como forma
de evitar situações de maus tratos, mas, também, como um meio privilegiado
para a promoção de uma parentalidade positiva, em particular, e de relações
familiares promotoras dos direitos da criança.

As intervenções operam, habitualmente, ao nível social, através de


campanhas de sensibilização, informação e formação, no sentido de mudar as
atitudes da comunidade, relativamente aos maus tratos à criança e à violação
dos seus direitos, perspectivando a redução dos factores de risco e a
promoção dos factores de protecção/compensatórios como condição
necessária.
PREVENÇÃO
Prevenção Secundária
Tem como objectivo identificar as famílias de maior risco de maus tratos às
crianças, por forma a prevenir-se maus tratos futuros.
Visa desenvolver programas e estratégias específicas de apoio a essas
famílias, e dirigidas, também, à promoção das competências parentais.

Prevenção Terciária
Tem como objectivo a interrupção de situações de maus tratos, assim como
proporcionar reparação e tratamento, no sentido de modificar e alterar as
circunstâncias e as dinâmicas familiares, que mantêm os padrões de
interacção disruptivos subjacentes aos maus tratos.

A prevenção e tratamento devem ser considerados como um acto contínuo, o


que significa que a verdadeira prevenção implica uma melhoria nas
competências parentais e nos recursos existentes na comunidade, com o
objectivo de promover uma parentalidade positiva e comunidades mais fortes
e saudáveis, procurando, deste modo, reduzir ou eliminar a incidência de
novos casos de maus tratos às crianças.
INTERVENÇÃO
Em todos os momentos, os profissionais que trabalham na protecção da
infância e juventude, se debatem com a questão relacionada com a
segurança que a família oferece para que a criança/jovem aí permaneçam, ou
se pelo contrário, necessitam de ser retirados do contexto familiar

Estes processos de tomada de decisão constituem-se como avaliações de risco


que não se conduzem uma única vez quanto a uma determinada família,
tratando-se ao invés, de uma sucessão de avaliações que o profissional conduz,
em cada contacto com a família.

No trabalho com crianças e jovens em perigo e suas famílias, a avaliação deve


continuar ao longo de um período de intervenção e a intervenção pode
começar no início de uma avaliação. A avaliação é, portanto, um processo
interactivo que, para algumas crianças, continuará ao longo do trabalho com a
criança e a família ou cuidadores.
INTERVENÇÃO
Em Portugal, os serviços de protecção às crianças e jovens têm baseado a
sua avaliação/intervenção, através do modelo proposto e desenvolvido pelo
governo inglês - “Framework for the Assessment of Children in Need and Their
Families” (Department of Health, Department for Education and Employment
and the Home Office, 2000).

Trata-se de um modelo centrado na criança, que adopta uma perspectiva


ecológica, situando a criança e a família na comunidade e que pressupõe uma
articulação e interligação interinstitucional e interdisciplinar.
INTERVENÇÃO
Este modelo requer uma compreensão completa:

1. das necessidades de desenvolvimento das crianças;


2. das capacidades dos pais ou cuidadores para responder adequadamente a
essas necessidades;
3. do impacto de fatores familiares e ambientais mais amplos na capacidade
parental e nas crianças.
INTERVENÇÃO
1. Dimensões a avaliar relacionadas com as necessidade de desenvolvimento
da criança e do jovem (adaptado de Department of Health, Department for
Education and Employment and the Home Office, 2000, pp. 19):

• Saúde: diz respeito ao crescimento e desenvolvimento, assim como o


bem- estar físico e mental. Envolve os cuidados de saúde recebidos e a
sua adequabilidade, a alimentação adequada e nutritiva, o exercício físico,
as vacinações, os cuidados dentários e oftalmológicos e para
adolescentes, a informação e aconselhamento sobre educação sexual e
consumos de substâncias psicoativas.

• Educação: abrange todas as áreas do desenvolvimento cognitivo de uma


criança, sendo importante avaliar as oportunidades que a criança tem
para brincar e interagir com outras crianças, para ter acesso a livros;
para desenvolver competências e interesses e para experimentar o
sucesso.
INTERVENÇÃO
• Desenvolvimento emocional e comportamental: diz respeito à
adequabilidade das ações e sentimentos demonstrados pela criança, em
relação aos seus adultos cuidadores. Envolve a natureza e qualidade da
vinculação, temperamento da criança, sua capacidade de adaptação à
mudança, resposta ao stress e capacidade de regulação emocional.

• Identidade: diz respeito à capacidade da criança para se ver como um ser


autónomo, independente e valorizado. Importa avaliar o sentimento de
valor pessoal e autoeficácia da criança, os sentimentos de pertença que
evidencia ao grupo familiar/social que integra.

• Relacionamentos familiares e sociais: envolve a capacidade de empatia


da criança, de ser capaz de ter relacionamentos estáveis e afetuosos com
cuidadores, familiares e pares.

• Apresentação social: relaciona-se com a adequação do vestuário à


idade, género, cultura, religião e época do ano, bem como à higiene
pessoal.
INTERVENÇÃO
2. Dimensões a avaliar relacionadas com as competências parentais
(adaptado de Department of Health, Department for Education and
Employment and the Home Office, 2000, pp. 21)

• Cuidados básicos: relaciona-se com a capacidade dos pais/cuidadores


em satisfazer as necessidades físicas da criança, prestando-lhe os
cuidados médicos, alimentação, vestuário limpo e adequado, higiene
adequada, habitação e conforto.

• Segurança: relaciona-se com a capacidade dos pais/cuidadores para


proteger a criança de danos ou situações de perigo no contexto doméstico
ou fora dele e que digam respeito, por exemplo, ao contacto com adultos
ou outras crianças que possam constituir perigo e ainda quando a própria
criança se coloca a si numa situação de perigo.

• Afetividade: relaciona-se com a capacidade dos pais/cuidadores em


assegurar que as necessidades emocionais da criança sejam atendidas,
promovendo relações seguras, estáveis e afetuosas de forma responsiva,
proporcionando contacto físico adequado, louvor e encorajamento.
INTERVENÇÃO
2. Dimensões a avaliar relacionadas com as competências parentais
(adaptado de Department of Health, Department for Education and
Employment and the Home Office, 2000, pp. 21)

• Cuidados básicos: relaciona-se com a capacidade dos pais/cuidadores


em satisfazer as necessidades físicas da criança, prestando-lhe os
cuidados médicos, alimentação, vestuário limpo e adequado, higiene
adequada, habitação e conforto.

• Segurança: relaciona-se com a capacidade dos pais/cuidadores para


proteger a criança de danos ou situações de perigo no contexto doméstico
ou fora dele e que digam respeito, por exemplo, ao contacto com adultos
ou outras crianças que possam constituir perigo e ainda quando a própria
criança se coloca a si numa situação de perigo.

• Afetividade: relaciona-se com a capacidade dos pais/cuidadores em


assegurar que as necessidades emocionais da criança sejam atendidas,
promovendo relações seguras, estáveis e afetuosas de forma responsiva,
proporcionando contacto físico adequado, louvor e encorajamento.
INTERVENÇÃO
• Estimulação: relaciona-se com a capacidade dos pais/cuidadores para
promover o desenvolvimento intelectual através do incentivo e estimulação
cognitiva e promoção de oportunidades sociais. Inclui facilitar o potencial
da criança através da interação, comunicação, participação em jogos com
a criança e promovendo a frequência de oportunidades educacionais,
como a escola por exemplo.

• Regras e limites: relaciona-se com a capacidade dos pais/cuidadores


para promover a autorregulação emocional e comportamental da criança.
Os pais são capazes de modelar comportamentos adequados de controlo
de emoções e interações com terceiros. São capazes de estabelecer e
manter regras e limites claros, que permitam o desenvolvimento moral da
criança. Trata-se de proporcionar à criança a capacidade de regular o seu
comportamento, sem que tenha que estar dependente do controlo externo.
Ao mesmo tempo, os pais não superprotegem os filhos quanto a
experiências exploratórias de aprendizagem.
INTERVENÇÃO

• Estabilidade: relaciona-se com a capacidade dos pais/cuidadores em


proporcionar um ambiente familiar suficientemente estável, que permita o
desenvolvimento de vinculações seguras com o(s) cuidador(es) principais.
Para isso, os pais garantem que as relações de vinculação não são
interrompidas e são consistentes ao longo do tempo. São garantidas
relações com outros familiares ou significativos.
INTERVENÇÃO

• 3. Dimensões a avaliar relacionadas com factores familiares e ecológicos


(adaptado de Department of Health, Department for Education and
Employment and the Home Office, 2000, pp. 23)

• História e Funcionamento Familiar: A história familiar inclui fatores


genéticos e psicossociais. O funcionamento da família é influenciado por
quem compõe o agregado e como esses elementos se relacionam com a
criança. Importa apurar a existência de mudanças significativas na
composição familiar; a história da infância dos pais; a cronologia de
eventos significativos da vida e seu significado para os membros da
família; a Natureza do funcionamento da família, incluindo relações entre
irmãos e seu impacto na criança; Forças e dificuldades parentais, incluindo
as de um pai ausente; e ainda a relação entre pais separados.
INTERVENÇÃO

• Família alargada: Nesta dimensão, procuraremos identificar os elementos


da família alargada, qual o seu papel e importância para a criança e para
os pais e de que maneira.

• Condições Habitacionais: Procuraremos avaliar se a habitação/contexto


habitacional reúne condições básicas e adequadas à idade e ao
desenvolvimento da criança e de outros membros do agregado. Se a
habitação reúne comodidades básicas como água, aquecimento,
saneamento, instalações de cozinha, mobiliário para dormir, e qual a sua
limpeza, higiene e segurança que oferece para a criança.

• Ocupação Profissional: Procuraremos apurar que elementos do


agregado trabalham, que padrão evidenciam quanto a uma ocupação
profissional (e.g. mudanças, períodos de desemprego, etc.), de que forma
perceciona a família a existência de ocupação profissional ou a sua
ausência e de que forma isso se relaciona ou afeta a criança.
INTERVENÇÃO

• Rendimentos Familiares: Importa avaliar se os rendimentos disponíveis


são suficientes para atender às necessidades do agregado; como e para
que fins são geridos os recursos da família; e se existem dificuldades
financeiras que afetam a criança.

• Integração social da família: Procuraremos avaliar qual o papel e


contexto da comunidade, bem como o seu impacto na criança e os
pais/cuidadores. Diz respeito ao grau de integração ou isolamento da
família, quais os seus grupos de pares, e que amizades e redes sociais
estão estabelecidas.

• Recursos comunitários: Importa avaliar que acesso tem o agregado a


serviços universais de cuidados de saúde primários, creches e escolas,
transportes, lojas e atividades de lazer.
INTERVENÇÃO
A intervenção poderá:

Potenciar os fatores de proteção que podem beneficiar a criança com


dificuldades e a sua família, como por exemplo, o vinculo afectivo entre a
criança e os pais, a consciência na família da origem das dificuldades, a
motivação para a mudança de hábitos, etc.,

Identificar atempadamente as crianças que se encontram em situação de


risco, evitando assim que essas situações se agravem e se tornem de perigo,
bem como as situações já de perigo;
INTERVENÇÃO

Apoiar os pais nas formas de cuidar e lidar com o comportamento da criança


através da implementação de programas de sensibilização e formação para
pais, etc.;

Comunicar a situação da criança e da família a entidades com competência


em matéria de infância e juventude em função das suas necessidades,
nomeadamente de saúde, acção social e outras. Esta comunicação exige o
conhecimento informado dos pais e da criança, tal como indica a Lei de
Proteção de Crianças e Jovens em Perigo;
INTERVENÇÃO
Princípios orientadores da Intervenção – Art.4º LPCJP

• Interesse Superior da Criança;


• Privacidade;
• Intervenção precoce;
• Intervenção mínima;
• Proporcionalidade e actualidade;
• Responsabilidade parental;
• Prevalência da família;
• Obrigatoriedade da Informação;
• Audição obrigatória e participação;
INTERVENÇÃO

Resiliência

 Quem melhor pode promover comportamentos resilientes entre as


crianças e adolescentes são os adultos que lhes prestam cuidados,
através da interacção privilegiada que dispõem com os mesmos;
 A resiliência é um fenómeno ecológico, não se desenvolve através do
poder interno do indivíduo em risco, mas através da interacção com os
vários contextos onde o indivíduo se encontra inserido, como a família,
escola, vizinhos e comunidade;
INTERVENÇÃO

Resiliência

 Um programa com objetivo de promover a resiliência deverá apoiar-se


no desenvolvimento social e reforçar os factores de protecção, como a
formação da auto-estima, o aumento das competências sociais e das
capacidades de resolução de problemas, ou seja, deve basear-se nos
contextos mais importantes para o adolescente;
 Parece que um trabalho de intervenção na área da resiliência deverá
abordar os recursos ambientais (família, escola, pares e comunidade)
bem como os recursos internos de cada indivíduo tentando deste modo
maximizar o potencial resiliente nos adolescentes para que deste modo
consigam responder aos múltiplos desafios que a própria adolescência e
a sociedade lhes coloca;
INTERVENÇÃO
Resiliência
INTERVENÇÃO

Resiliência

 De acordo com este modelo, os recursos ambientais disponíveis nos


principais contextos de vida (casa, escola, pares e comunidade)
promovem resultados positivos em várias áreas (saúde, social,
académica,...) e desencorajam o envolvimento em comportamentos de
risco ou comprometedores de um desenvolvimento positivo;
 Os recursos ambientais promovem o desenvolvimento de recursos
internos que se traduzem em competências sociais (que envolvem
capacidades de comunicação, empatia, e de estabelecimento de
relações interpessoais positivas), capacidade de resolução de problemas
(que envolve planeamento, flexibilidade e gestão de recursos),
autonomia (que engloba a auto-eficácia e o autoconhecimento), e
sentido de vida (que engloba orientação para objetivos, motivação para
a realização, optimismo e esperança);
INTERVENÇÃO
Competências Pessoais e
Sociais

 O Programa de Promoção de Competências Sociais (PPCS) tem como


objetivo”...ajudar as crianças e adolescentes a desenvolverem
capacidades pessoais e relacionais, permitindo a cada individuo refletir
sobre o modo de se relacionar com os outros, encontrando alternativas
adequadas a cada situação;
 Pretende-se desenvolver competências que promovam a inserção
social, bem como a harmonia com os outros, em cooperatividade;
permitir às crianças e jovens nele envolvidos conhecerem melhor o seu
próprio corpo, bem como as suas capacidades de relacionamento com
os outros, promover a descoberta de todo um novo conjunto de
instrumentos importantes numa sociedade cada vez mais exigente;
 O PPCS é definido por três conteúdos estruturais: a comunicação
interpessoal, a solução de problemas e gestão de conflitos, e habilidades
sociais e assertividade;
INTERVENÇÃO
Competências Pessoais e
Sociais
 “PeaceBuilders”Prevention Program (Flannery et al., 2003)
 OBJETIVOS – Programa escolar de prevenção universal da violência que pretende
promover alterações no ambiente escolar pelo ensino de regras, e atividades
simples com o objetivo de melhorar a competência social das crianças, e reduzir o
comportamento agressivo, abrangendo alunos, pessoal docente e auxiliar.
 POPULAÇÃO-ALVO – Crianças da escola primária.
 METODOLOGIA – O programa é implementado por todos os presentes na escola,
desde o professor até ao auxiliar. A intervenção contempla atividades que podem ser
realizadas diariamente pelos professores ou auxiliares, não existindo sessões
definidas, mas sim estratégias com as quais se procura promover alterações no
meio ambiente, de forma a retirar os elementos que possam despoletar
comportamentos disruptivos.
 AVALIAÇÃO – Os instrumentos utilizados foram: Escala do Comportamento
Agressivo do Formulário do Professor de Achenbach;
 Autoavaliação do Comportamento Agressivo; Escala de Competências Sociais e
Ajustamento Escolar de Walker et al.; Autoavaliação do Comportamento Pró-social;
Autoavaliação do Comportamento”Peace Builder”; Avaliação pelo Professor da
formação dada para a implementação do programa; e Avaliação pelo Professor do
acesso e utilização dos materiais do programa. Os resultados da avaliação
demonstraram efeitos do programa no aumento de competências sociais, e no
decréscimo de relatos feitos pelos professores de comportamentos agressivos dos
alunos, quando comparados com os grupos de controlo, e após um ano de
intervenção. Estes efeitos mantiveram-se no segundo ano de intervenção;
AVALIAÇÃO

Importa desde logo recorrer a múltiplas fontes (sendo por isso


imprescindível uma articulação e interligação interinstitucional e
interdisciplinar) através de diferentes metodologias,

Machado (2005) propõe que a avaliação à criança ocupe pelo menos duas
sessões. Usando uma metodologia de progressão de questões num formato
mais genérico e relacionadas com temas eventualmente menos
ansiogénicos (e.g. lazer, escola, amigos), para perguntas mais focalizadas
na família, procurando obter descrições de cada elemento do agregado,
tempo e atividades despendidas em conjunto e sentimentos em relação a
cada pessoa. A autora sugere ainda que sejam exploradas temáticas
relacionadas com medos, preocupações e desejos de mudança.
AVALIAÇÃO
Estratégias verbais podem ser complementadas com estratégias de
expressão e com intuito de facilitar a comunicação e discussão, como o
desenho ou o jogo (e.g. “pedir à criança para contar uma história sobre uma
família com ajuda de bonecos e ir introduzindo gradualmente temas tais
como a desobediência da criança, a zanga dos pais ou as punições – o que
acontece quando a boneca-menina se porta mal? Como é castigada? Podes
mostrar-me? E a seguir?”

Entrevista conjunta, a autora refere que, para além da recolha de


informação quanto à, caracterização geral da vida familiar e da criança, se
recolhe também informação que permite uma panorâmica sobre o
funcionamento da família já que se recolhem indicadores como a tonalidade
emocional nas respostas dos pais, a informação que sabem prestar, quem
responde, a emergência de discórdia, a manifestação de sobrecarga da
parentalidade e a potencial irritação ou frustração que pode emergir.
AVALIAÇÃO

Nesta entrevista, a autora propõe que se abordem tópicos relacionados


com:
Composição da família (elementos do agregado e dados
sociodemográficos como Idade, ocupação profissional, número de filhos,
idades, escolaridade etc);
Condições de habitação( tipo de casa, espaço, bens materiais, tipo de
vizinhança, recursos comunitários);
Condições financeiras (fontes de receita, tipo de gestão do dinheiro
disponível como prioridades dos gastos);
Suporte e ajuda disponível (relação com a família alargada, vizinhança e
amigos; recurso a entidades da comunidade);
Atividades e rotinas (como ocorre um dia usual de semana e de fim-de-
semana, atividades de lazer em conjunto e separadamente);
AVALIAÇÃO

Conceção e parto da criança (despistagem de número de gravidezes,


sentimentos quanto à gravidez – foi desejada e/ou planeada? –
acompanhamento médico pré-natal, complicações pré-natais, consumo de
substâncias psicoativas na gravidez, descrição do parto, peso e saúde da
criança à nascença, tipo de alimentação e contacto com a mãe);
Período neonatal e primeira infância (qual foi o padrão de crescimento da
criança, em que altura atingiu os principais marcos desenvolvimentais –
sentar, andar, falar – como decorreu a alimentação, como era o sono,
quando começou a controlar os esfíncteres e como decorreu o processo,
que tipo de temperamento evidenciou a criança em termos de actividade,
curiosidade, responsividade);
AVALIAÇÃO

Qualidade do relacionamento precoce e história de vinculação


(Identificação do(s) cuidador(es) da criança, a quem mostrava a criança
afecto de forma espontânea e de que forma, como lidava com a separação,
tinha dificuldade em tolerar o toque e a intimidade ou era demasiado
dependente, como se acalmava, quem procurava quando ansiosa);
História escolar ( qual a reacção emocional no momento de ida para a
escola, qual a sua progressão e sucesso escolar, que comportamentos
evidenciou a criança junto de professores e colegas, identificação de apoio
psicológico ou de outro tipo na escola);
Relações com pares (identificação de amigos, o que fazem em conjunto,
quantidade, problemas com pares, relativamente à sexualidade – interesses
amorosos, atitudes e sentimentos quanto a namoros)
AVALIAÇÃO
Questionários e Escalas
 A entrevista à criança acima proposta, pode ser complementada por
outros instrumentos clínicos, consoante o que se pretenda avaliar, como
aqueles que propõe Achenbach (Achenbach & McConaughy, 1997), a
SCICA ou YSR, a CBCL e TRF; a Escala de auto- estima de Rosenberg;
ou o Strengths and Difficulties Questionnaire (SDQ) (Goodman, 1997;
Goodman et al. 2003), que é um breve questionário de triagem
comportamental que está disponível em Português e com normas
Portuguesas, em várias versões para diferentes idades, e que pode ser
obtido online em
 A(s) entrevista(s) ao(s) pais/cuidadores, pode(m) ser complementada(s)
por outros instrumentos formais como a Escala de Crenças Sobre a
Punição Física (Machado, Gonçalves & Matos, 2003), o Inventário de
Práticas Educativas (Gonçalves, Machado & Matos, 2000), o Índice de
Stress Parental (Abidin, 1983, adapt. por Santos, 2004) e outros.
 Existe ainda a assinalar a Escala de Avaliação do Ambiente Familiar
(Tradução e adaptação Isabel Abreu-Lima e Orlanda Cruz) que é a
versão Portuguesa da Home – Observation Measurement of the
Environment (HOME) (Caldwell & Bradley, 1984; 2003).

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