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UFCD 10377 - INTERVENÇÃO DO/A

TÉCNICO/A DE APOIO PSICOSSOCIAL


EM SITUAÇÕES DE CRISE
ENTIDADE
Euroconsult – Consultores de Engenharia e Gestão, Lda.
FORMADORA

Mário Cruz
COORDENADOR DA
AÇÃO:
Tel.: 213 714 614 | E-mail: mario.cruz@euroconsult.pt

FORMADOR DA
Ana Ramos
AÇÃO:

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• No final da formação os formandos deverão ser capazes de reconhecer o papel do/a
OBJETIVOS GERAIS:
Técnico/a de Apoio Psicossocial em situações de crise.

No final da formação os formandos deverão ser capazes de:


OBJETIVOS ESPECÍFICOS - Reconhecer a importância da intervenção em situações de crise;
- Identificar métodos e técnicas de intervenção em situações de crise.

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Este recurso técnico pedagógico foi desenvolvido com base nos objetivos
estabelecidos para a ação e o grupo de formandos alvo.

O documento é constituído por:


• Apresentação de Conteúdos: articulando os conteúdos com o itinerário
BENEFÍCIO E pedagógico estabelecido, permitindo aos formandos uma base de apoio ao longo
CONDIÇÕES DE do desenvolvimento das sessões de formação, e facilitando a aprendizagem
UTILIZAÇÃO contínua;
• Exercícios/Atividades Práticas: são apresentadas atividades pedagógicas que
permitem aos formandos a execução/simulação práticas, em contextos de sala de
formação, das aprendizagens efectuadas com a formação.

O documento deverá ser entregue aos formandos no inicio da ação de formação.

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SISTEMA DE AVALIAÇÃO DA FORMAÇÃO
Avaliação de acordo com os seguintes parâmetros:
Parâmetro de Avaliaç ão Desc riç ão Fator Ponderaç ão
1 Aquisição de conhecimentos 20,00%
2 Aplicação de conhecimentos 20,00%
3 Mobilização de competências em novos contextos 20,00%
AVALIAÇÃO DAS 4 Partipação e motivação 10,00%

APRENDIZAGENS 5 Relações interpessoais 6,00%


6 Trabalho em equipa 6,00%
7 Adaptação a uma nova tarefa 6,00%
8 Pontualidade 6,00%
9 Assiduidade 6,00%

Análise da satisfação dos participantes com a formação, através da aplicação


AVALIAÇÃO DA
de um questionário de Avaliação da Reação no final da formação, a preencher
FORMAÇÃO por cada formando.

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GESTÃO PSICOSSOCIAL DE
ACIDENTES CRITICOS

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GESTÃO PSICOSSOCIAL DE ACIDENTES
CRITICOS

 As estratégias de intervenção psicossocial em situações de crise, emergência e


catástrofe têm demonstrado controlar o impacto dos incidentes críticos e prevenir os
s relacionados com o trauma.
 A existência de diferentes modelos de intervenção, as especificidades da formação
nesta área e a inexistência de uma rede que possibilite uma articulação eficaz com as
entidades responsáveis com vista à implementação de uma resposta rápida e
eficiente em situações de crise e catástrofe são, ainda desafios a ultrapassar.

 A exposição a incidentes críticos, ou seja, a situações pessoais, sociais e/ou


ambientais (saúde, vitimização, perdas, exposição à violência, desastres naturais,
terrorismo, entre outros) inesperadas, imprevisíveis e sem controlo, pode originar
uma crise o que, por sua vez, origina um desequilíbrio emocional, na maior parte dos
casos temporário, devido à ineficácia dos recursos internos habitualmente utilizados

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GESTÃO PSICOSSOCIAL DE ACIDENTES
CRITICOS

 Uma crise consiste numa reacção emocional muito intensa a um incidente crítico
ameaçador perante o qual as estratégias habitualmente utilizadas não funcionam,
originando um estado de desequilíbrio e desorganização.

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GESTÃO PSICOSSOCIAL DE ACIDENTES
CRITICOS

 Estas reações, que podem apresentar manifestações:


 Físicas
 Cognitivas
 Comportamentais
 Emocionais;

 São expectáveis no período após a ocorrência de um incidente crítico, dependendo


da forma como a pessoa o percepciona

 A maior parte das pessoas expostas a um incidente crítico apresenta condições


para retornar ao nível prévio de funcionamento no período após a sua ocorrência/
resolução (quatro a seis semanas) e não vai necessitar de qualquer tipo de
intervenção psicológica posteriormente

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GESTÃO PSICOSSOCIAL DE ACIDENTES
CRITICOS

 Um número significativo de pessoas mantém os sintomas de stresse agudo ao longo


do tempo (dependendo do tipo de incidente crítico, este período pode rondar os
dois a cinco anos) os quais, sem uma intervenção adequada, aumentam a
probabilidade de desenvolvimento de Transtorno de Stresse Agudo (TSA) e o
Transtorno de Stresse Pós-Traumático (TSPT), relacionados com o trauma

 A intervenção psicossocial em situações de crise e catástrofe apresenta


especificidades que variam em função do tipo de incidente crítico e do modelo que
lhe está subjacente. Tem como objectivo
 a contextualização e resolução rápida e eficaz das reações emocionais na situação (ou
situações) que a gerou e com vista ao retorno ao nível prévio de funcionamento, através da
estabilização da crise, da normalização emocional e do foco na identificação e mobilização
dos recursos pessoais e sociais disponíveis

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NOÇÃO DE TRAUMA, CRISE E
INCIDENTES CRÍTICOS

 Definição conceptual

 Todos os dias pessoas do mundo inteiro sofrem de traumas repentinos e inesperados


– um ferimento ou choque sério no corpo ou na mente causado por violência ou um
acidente. Sabe-se que viver é correr riscos. Estima-se que 90% da população mundial
já sofreu um evento potencialmente traumático ao longo da vida. Superar a situação
adversa ou ficar marcado por ela é o limiar entre uma situação de estresse e o
trauma que está na raiz de diversos, transtornos psicológicos.

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NOÇÃO DE TRAUMA, CRISE E INCIDENTES CRÍTICOS

 O que é trauma?

 O conceito de trauma surge da palavra grega τραῦμα que significa “ferida”


 A partir da vivência de uma experiência dolorosa, forma-se no indivíduo o que
podemos chamar de memória traumática.
 Essa lembrança caracteriza-se pela soma de emoções, imagens, sons e todos os
sentimentos vivenciados a partir da ocorrência do trauma.
 O acesso à memória traumática dá-se por meio de situações que façam o indivíduo
reviver qualquer um dos sentimentos relacionados a ela.
 Isso acaba configurando uma série de gatilhos que culminam na angustiante
sensação de volta à experiência do trauma.

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NOÇÃO DE TRAUMA, CRISE E INCIDENTES CRÍTICOS

 Factores que aumentam a probabilidade de trauma:

 Um ambiente instável ou inseguro.


 A separação de um pai e/ou mãe.
 Doença grave.
 Procedimentos médicos invasivos.
 Abuso verbal, física ou sexual.
 Violência doméstica.
 Negligência.
 Assédio moral.

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NOÇÃO DE TRAUMA, CRISE E INCIDENTES CRÍTICOS

 Sintomas dos traumas psicológicos:

 Físicos: úlceras, palpitações, dor no coração, hipertensão, alergias, enxaqueca,


fibromialgia, síndrome do intestino irritável, síndrome da fadiga crônica.
 Psíquicos: irritabilidade, ansiedade, agressividade.
 Sociais: queda de produtividade no trabalho, conflitos entre os familiares e
amigos, tendência ao isolamento, apatia.

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NOÇÃO DE TRAUMA, CRISE E INCIDENTES CRÍTICOS

 Outros Sintomas de traumas psicológicos

 Revivência do trauma nos sonhos ou nos pensamentos durante o momento de


vigília (momento em que o indivíduo encontra-se acordado).
 Evitação de situações que possam lembrar o evento traumático.
 Hiperexcitação (estado de agitação constante). Resposta de sobressalto
exagerada (sustos exagerados por motivos banais).
 Dificuldades em dormir.
 Irritabilidade ou surtos de raiva.
 Isolamento ou afastamento do convívio social.
 Hipervigilância (como se algo estivesse sempre espreitando para atacá-lo).
 Desinteresse pelo próprio futuro (trabalho, estudo, casamento

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NOÇÃO DE TRAUMA, CRISE E INCIDENTES CRÍTICOS

 Outros sintomas associados aos traumas:


 Depressão.
 Ansiedade.
 Dificuldade de concentração e aprendizagem.

 Eventos considerados traumáticos:


 Agressões físicas.
 Assaltos.
 Violações.
 Guerras.
 Violência sexual.
 Maus tratos e outros.

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NOÇÃO DE TRAUMA, CRISE E INCIDENTES CRÍTICOS

 Não se isole
 Após um trauma você pode querer se esconder das outras pessoas. O isolamento
pode tornar as coisas piores. Estar frente a outras pessoas pode ajudar. Portanto se
esforce para manter seus relacionamentos e evite ficar muito tempo sozinho.
 Você não precisa necessariamente falar sobre o trauma. Na verdade, para algumas
pessoas falar pode até mesmo piorar as coisas, para essas pessoas o conforto pode
vir por meio do sentimento de envolvimento e aceitação dos outros. Caso não esteja
conseguindo, procure um psicólogo para te ajudar.

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NOÇÃO DE TRAUMA, CRISE E INCIDENTES CRÍTICOS

 Procure ajuda psicológica quando:


 Estiver tendo problemas funcionais em casa ou no trabalho.
 Sofrer com medos, ansiedade ou depressão.
 Percebe-se incapaz de formar relacionamentos próximos e satisfatórios.
 Quando se passa por terríveis lembranças, pesadelos ou flashbacks.
 Quando se evita coisas, lugares ou pessoas que o fazem lembrar do trauma.
 Está emocionalmente dormente e distante dos outros.

 Está usando álcool ou drogas para se sentir melhor.

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ESTRATÉGIAS E PRESSUPOSTOS DE
ATUAÇÃO

 A intervenção psicológica na crise tem por base um quadro teórico específico,


diferente da psicoterapia, que exige do psicólogo estratégias específicas

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ESTRATÉGIAS E PRESSUPOSTOS DE ATUAÇÃO

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ESTRATÉGIAS E PRESSUPOSTOS DE ATUAÇÃO

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O STRESS

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O STRESS

 O que é o stresse?

 O stress é uma resposta fisiológica e comportamental normal a algo que aconteceu


ou está para acontecer que nos faz sentir ameaçados ou que, de alguma forma,
perturba o nosso equilíbrio. Quando nos sentimos em perigo real ou imaginado, as
defesas do organismo reagem rapidamente, num processo automático conhecido
como reação de "luta ou fuga” ou de “congelamento", é a resposta ao stress.

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O STRESS

 Existem duas categorias de STRESS:


 Eustress - corresponde a uma resposta psicológica positiva a um fator gerador de
stress, associado à presença de estados psicológicos positivos
 Distress - diz respeito a uma resposta negativa a um estímulo de stress, evidenciada
através de estados psicológicos negativos, que podem resultar em prejuízo físico
e/ou psicológico

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O STRESS

 STRESS Traumático:
 Diz respeito à ameaça sentida pela pessoa à sua integridade, em que os recursos e
mecanismos de coping não são ativados, o que poderá resultar no desenvolvimento
de sentimentos de desesperança, raiva, medo, entre outros (Noy, 2004),
nomeadamente, a existência de lacunas significativas ao nível da memória.

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O STRESS

 STRESS - Consequências Psicológicas;


 Cansaço mental;
 Perda de memória;
 Falta de concentração;
 Apatia e desânimo (pensamentos negativos);
 Ansiedade;
 Preocupação excessiva;
 Alterações no humor (mau humor constante, ou mais frequente);
 Irritabilidade excessiva (a pessoa sente-se frequentemente irritada);
 Agitação psicomotora, incapacidade de relaxar;
 Sentimentos de estar sobrecarregada ou sobrecarregado;
 Sentimento de solidão e isolamento (isolar-se dos outros);
 Depressão ou tristeza;
 Negligenciar responsabilidades, evitar situações;
 O uso de café, álcool, tabaco ou drogas para tentar relaxar

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O STRESS

 STRESS - Consequências Físicas


 Sensação de cansaço;
 Dor de costas, dor muscular;
 Diarreia ou obstipação (prisão de ventre);
 Dor na barriga (estômago);
 Azia;
 Tensão arterial alta;
 Tonturas e náuseas;
 Dor de cabeça;
 Dor no peito;
 Frequência cardíaca mais acelerada (taquicardia);

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O STRESS

 STRESS - Consequências Físicas


 Perda do desejo sexual (falta de desejo);
 Alergias e constipações frequentes;
 Alterações no apetite (comer muito ou falta de apetite);
 Perturbações do sono (excesso de sono, dificuldade em dormir - sem sono);
 Tiques nervosos (roer as unhas, por exemplo);
 Queda de cabelo;
 Alteração dos níveis de colesterol e triglicerídeos;
 Alterações na menstruação;
 Mãos transpiradas;
 Herpes.

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O STRESS

 STRESS – CAUSAS

 Identificar as causas do stress é uma importante forma de nos prepararmos melhor


para o combater. As situações e pressões indutoras de stress são conhecidas como
stressores.

 Causas Externas - (stress profissional, problemas familiares …)


 Causas Internas - (Pessimismo, padrão de comportamento ansioso …)

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O STRESS

 STRESS CRÓNICO

 A exposição prolongada ao stress (crónico) pode levar a sérios problemas de saúde.


O corpo não faz distinção entre as ameaças físicas e as psicológicas. O stress crónico
perturba quase todos os sistemas do organismo.

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O STRESS

 Stressada, stressado;

 A vida moderna é cheia de dificuldades, prazos, frustrações e exigências. Para muitas


pessoas o stress é tão comum que se tornou, quase, um modo de vida. Mesmo de
curta duração, o stress pode ter impacto no organismo. O stress agudo causado por
uma desavença com o seu cônjuge ou por um evento mais dramático como um
terremoto, um acidente, entre outros, pode assumir um impacto ainda maior.
Quando sujeito a períodos mais longos, o stress pode tornar-se crónico ou atingir
uma situação limite, conhecida como burnout. Veja, de seguida, quais são os
diferentes tipos e fases do stres

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O STRESS

 Tipos, fases de stress

 Podemos identificar dois tipos de stress: O stress positivo e negativo. A fase positiva
(stress positivo) também é conhecida como eustress e a fase negativa (stress
negativo) como distress. Ou seja, o stress nem sempre é negativo. Em pequenas
doses, pode ajudar-nos a trabalhar sob pressão e motiva-nos a fazer o nosso melhor.
Pelo contrário, quando atinge níveis elevados, o corpo e a mente pagam o seu preço.

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O STRESS

 Stress positivo
 O stress positivo ajuda-o a manter-se centrado no objetivo que pretende alcançar,
enérgico e alerta. Durante uma apresentação estimula a sua concentração ou pode
levá-lo a estudar para um exame quando já está cansado e preferia estar a realizar
outra atividade, em alternativa. Em situações de emergência, pode salvar-lhe a vida,
dando-lhe a força extra para se defender, mobilizando-o a agir
 ele protege-nos, em muitos casos, preparando o corpo para reagir rapidamente a
situações adversas.
 Confrontado com o perigo, o corpo entra em ação, inundando-o com hormonas
(hormonas do stress) que elevam os batimentos cardíacos, aumentam a pressão
sanguínea, aumentam a energia e preparam-nos para lidar com o problema
 , o stress não surge apenas em consequência de acontecimentos desagradáveis
 Acontecimentos positivos, mas que constituem uma mudança significativa na nossa
vida, como por exemplo casar, uma nova atividade profissional, uma gravidez,
mudança de casa ou cidade,

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PERTURBAÇÕES DE STRESS PÓS-
TRAUMÁTICO

 O que é o Stress-Pós-Traumático?
 Stress Pós-Traumático é uma grave perturbação psicológica que ocorre quando uma
pessoa é exposta a um evento traumático causador de ansiedade extrema e pânico
como, por exemplo:
 acidentes naturais
 atos de violência
 Guerras

 Nem todas as pessoas que passam por estes eventos ficam traumatizadas ou
condicionadas, apenas ficam as que não conseguem gerir corretamente as emoções
sentidas

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PERTURBAÇÕES DE STRESS PÓS-TRAUMÁTICO

 Sinais a que deve estar atento:


 Recorda a experiência traumática de forma involuntária
 Tem pesadelos frequentemente
 Tem reações desproporcionais perante pequenas coisas que fazem lembrar o
acontecimento
 Chora facilmente sem motivo aparente
 Sente dificuldade em adormecer ou em manter o sono
 Recusa persistente de pensamentos, conversas, sentimentos, locais, pessoas e
situações que façam lembrar o acontecimento
 Mantém distância emocional e social de pessoas anteriormente significativas
 Vive num estado de alerta permanente

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A COMUNICAÇÃO EM SITUAÇÃO
DE CRISE

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PRAGMÁTICA DA COMUNICAÇÃO HUMANA

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PRAGMÁTICA DA COMUNICAÇÃO HUMANA

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PRAGMÁTICA DA COMUNICAÇÃO HUMANA

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PRAGMÁTICA DA COMUNICAÇÃO HUMANA

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PRAGMÁTICA DA COMUNICAÇÃO HUMANA

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APOIO NAS CRISES
PSIQUIATRICAS

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APOIO NAS CRISES PSIQUIATRICAS

 É comum ao ser humano reagir quando confrontado com uma situação anormal
 A forma como cada pessoa reage a um evento de crise ou catástrofe pode ser muito
diferente das expectativas dos profissionais de ajuda
 As reações das vítimas de um incidente crítico estão relacionadas com o meio
cultural e social local e o apoio dos profissionais de emergência deverá ser ajustado
às características socioculturais e adequado e sensível à situação particular

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APOIO NAS CRISES PSIQUIATRICAS

 AGRESSIVIDADE

 a agressividade é natural no ser humano e todos a vivenciam em maior ou menor


intensidade
 A raiva não é necessariamente uma emoção negativa, desde, desde que se expresse
de forma assertiva e que promova a resolução da situação
 quando se perde o controlo da raiva ocorre o comportamento o comportamento
agressivo/violento
 O comportamento agressivo apresenta múltiplas configurações. Pode ser
expresso/manifestado pelas vias:
 Motora – através de movimentos de ataque e fuga;
 Emocional – experiencia de raiva e odio;
 Somática – taquicardia, cara ruborizada, outras reações autónomas;
 Cognitiva – através de crenças de conquistas sem olhar a meios, planos de ação que
envolvem a manipulação de meios;
 Verbal – uso do sentido das palavras para expressar controlo em relação aos outros;

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APOIO NAS CRISES PSIQUIATRICAS

 Perante um doente descompensado e possivelmente agressivo não se deve atuar


com autoritarismo ou contra-agressão porque isso pode aumentar a sua violência
 É importante avaliar objetivamente o que se sabe do doente e não o rotular de
«muito perigoso» quando não há a certeza de o ser
Dar suporte
 Aceitar a “zanga” do utente, e demonstrar compreensão pelas suas preocupações;
 Empatizar com sentimentos e não com comportamentos;
 Perguntar como se sente? Como pode ajudar a resolver a situação?
 Perguntar o que causa a sua “zanga”
 Responder a gestos conciliatórios.
 Usar orientação para a realidade (local, horas, espaço, etc.);
 Ajudar o utente a compreender o seu comportamento;
 Relembrar o utente das consequências do comportamento inapropriado;
 Oferecer alternativas;

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APOIO NAS CRISES PSIQUIATRICAS

Dar tempo:

 Para o utente pensar sobre a situação;


 Para rever a intervenção
 Para responder sem o apressar
 Para escutar e verificar os sinais não-verbais,

Cuidados a ter:

 Não retaliar, não provocar nem criticar;


 Não prometer mais do que pode oferecer;
 Não punir pela sua “zanga”;
 Não ser agressivo ou gritar;
 Não cercar o utente ou tentar tocar-lhe
 Não sorrir;

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APOIO NAS CRISES PSIQUIATRICAS

Cuidados a ter:

 Não se inclinar;
 Não cruzar os braços, não colocar as mãos escondidas ou nas ancas;
 Não intervir sem apoio;
 Tom de voz – Baixo e calmo;
 Linguagem – simples, frases curtas e concretas, referindo o comportamento esperado;

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APOIO NAS CRISES PSIQUIATRICAS

 ANSIEDADE E PÂNICO

 A ansiedade é um estado emocional desagradável que tem uma causa pouco clara e é
frequentemente acompanhado por alterações fisiológicas e de comportamento
semelhantes as causadas pelo medo
 A ansiedade é uma resposta ao stress, como interrupção de uma relação importante ou
ao ver-se exposto a uma situação de desastre com perigo de vida
 a ansiedade indica a presença de um conflito psicológico
 A ansiedade pode aparecer subitamente, como o pânico, ou gradualmente ao longo de
minutos, de horas ou de dias
 A sua intensidade pode ir de uma angústia pouco percetível a um pânico estabelecido
 Quando a ansiedade se apresenta em momentos inadequados ou é tao intensa e
duradoura que interfere com as atividades normais da pessoa, então é considerada
como uma perturbação

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APOIO NAS CRISES PSIQUIATRICAS

 A ansiedade generalizada consiste


numa preocupação e numa ansiedade
excessiva e quase diárias (com duração
superior ou igual a 6 meses) acerca de
uma variedade de atividades e de
acontecimentos
 A ansiedade generalizada é frequente:
cerca de 3% a 5% dos adultos
apresentam-na em algum momento
durante um ano
 As mulheres têm o dobro das
probabilidades de a manifestar

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APOIO NAS CRISES PSIQUIATRICAS

 ATAQUES DE PÂNICO

 O pânico é uma ansiedade aguda e extrema que é acompanhada por sintomas


fisiológicos
 Os ataques de pânicos podem ocorrer em qualquer tipo de ansiedade, geralmente como
resposta a uma situação específica relacionada com as principais características da
ansiedade
 As mulheres são entre duas a três vezes mais propensas

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APOIO NAS CRISES PSIQUIATRICAS

 Caracteriza-se por um periodo abrupto de medo ou desconforto intenso que atinge um


pico em minutos e durante o qual quatro (ou mais) dos seguintes sintomas se
desenvolvem:
 Palpitações, batimentos cardíacos ou ritmo cardíaco acelerado;
 Suores;
 Tremores ou estremecimentos;
 Sensações de falta de ar ou de respirar;
 Sensação de asfixia;
 Dor ou desconforto no peito;
 Náuseas ou mal-estar abdominal;
 Sensação de tontura, desequilíbrio, de cabeça vazia ou desmaio;
 Sensações de frio ou de calor;
 Parestesias (sensação de entorpecimento ou formigueiro);
 Desrealização (sensação de irrealidade) ou despersonalização (sentir-se desligado de si próprio);
 Medo de perder o controlo ou de enlouquecer;
 Medo de morrer;

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APOIO NAS CRISES PSIQUIATRICAS

ESTRATÉGIAS A UTILIZAR:

 Planear/oferecer escuta ativa (entrevistas individualizadas);


 Encorajar a utente a verbalizar os seus sentimentos;
 Ajudar a utente a identificar situações causadoras da sua ansiedade;
 Não antecipar a utente no que vai dizer, deixa-lo sempre terminar identificando as
temáticas predominantes do seu discurso;
 Demonstrar uma atitude de empatia e de compreensão: comunicando à utente, se
pertinente, que percebemos como se sente e porquê.
 Executar exercícios respiratórios com a utente;

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APOIO NAS CRISES PSIQUIATRICAS

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APOIO NAS CRISES PSIQUIATRICAS

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APOIO NAS CRISES PSIQUIATRICAS

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APOIO NAS CRISES PSIQUIATRICAS

 SURTO MANÍACO

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APOIO NAS CRISES PSIQUIATRICAS

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APOIO NAS CRISES PSIQUIATRICAS

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APOIO NAS CRISES PSIQUIATRICAS

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APOIO NAS CRISES PSIQUIATRICAS

 IDEAÇÃO DELIRANTE

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APOIO NAS CRISES PSIQUIATRICAS

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APOIO NAS CRISES PSIQUIATRICAS

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APOIO NAS CRISES PSIQUIATRICAS

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APOIO NAS CRISES PSIQUIATRICAS

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TÉCNICAS DE INTERVENÇÃO EM SITUAÇÕES
DE CRISE

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ANÁLISE E TOMADA DE DECISÃO

 O modelo IRR, apresenta-se como uma estratégia estruturada de intervenção que centra
a sua atuação em 3 pilares distintos:

 IMPACTO

 Subdivide-se em 3 fases, onde são iniciados os primeiros procedimentos da primeira


abordagem;

 Contacto e Confronto – primeiro contacto, o estabelecimento da relação, sendo que este tenta
simultaneamente proporcionar o maior conforto possível tanto a nível emocional como físico;

 Segurança – um momento prático onde o objetivo central será o encaminhamento para um


local seguro e o afastamento das variáveis externas potenciadoras de stress (ex. gritos,
visualização de um cenário de sofrimento, morte, destruição);

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ANÁLISE E TOMADA DE DECISÃO

 Recolha de Informação – esta recolha de informação deve ser realizada num formulário
padronizado, previamente existente, onde deverão constar elementos tao importantes como
dados pessoais da pessoa, contactos e contactos de familiares no sentido de, se possível,
promover a ligação com uma rede social de apoio. Nesta fase é realizada a triagem Psicossocial,
no sentido de se efetivar um plano de intervenção ajustado às necessidades de cada pessoa.

72
ANÁLISE E TOMADA DE DECISÃO

 REAÇAO
 Também este item esta dividido, em duas fases distintas;
 Estruturação – (se necessário), visando uma mais efetiva estabilização emocional (técnicas de
relaxamento, distração cognitiva, etc.);
 Conexão – principal objetivo é promover a ligação com as redes de apoio social (ex. família,
amigos, comunidade);
 REORIENTAÇAO
 Terceiro Pilar de Intervenção, contemplando duas fases.
 Psicoeducação – explicação detalhada dos possíveis sinais e sintomas decorrentes da situação
vivenciada, na tentativa de “normalizar” os mesmos e potenciar os mecanismos de resiliência e
das estratégias de coping da pessoa.
 Sinalização – os casos que se justifiquem, são referenciados para posterior encaminhamento ou
Follow-up em serviços como o de Saude Mental e Psiquiátrica ou para o apoio de Serviço Social.

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ANÁLISE E TOMADA DE DECISÃO

 Planeamento
 O planeamento dificilmente pode ser separado da avaliação diagnostica, isto é daquela
que consegue definir objetivos precisos.
 O planeamento da intervenção pressupõe três operações
 A determinação de objetivos de intervenção específicos, seja de objetivos parciais,
centrados num aspeto ou num problema delimitado (em função do pedido e dos meios
de que se dispõe), seja dos objetivos que se sucedem no tempo (a curto, medio e longo
termo).
 A determinação do nível de intervenção, isto é, a definição do utente. A determinação
do nível de intervenção implica a definição de quem é o utente e esta definição é
essencial para a escolha dos meios ulteriores. É preciso lembrarmo-nos que aqui
abordaremos somente o nível de intervenção microssocial, isto é, a ajuda à pessoa, à
família ou a um pequeno grupo.

74
ANÁLISE E TOMADA DE DECISÃO

 AÇÃO E PROCEDIMENTOS

 O Técnico de Apoio Psicossocial deve acalmar o stress agudo, tentar restabelecer as


capacidades funcionais do individuo por via da adoção de estratégias de coping
adaptativas (ex. técnicas de relaxamento, de respiração, de controlo da raiva e de outras
emoções negativas) e da promoção da resiliência, do suporte da sua rede de apoio social
e do esclarecimento e antecipação das emoções e sentimentos que o individuo irá
experienciar nos dias subsequentes ao evento limite.

75
ANÁLISE E TOMADA DE DECISÃO

 Afirma-se igualmente crucial infundir esperança e uma perspetiva temporal de futuro


nos indivíduos afetados, uma vez que em circunstâncias de catástrofe existe um
tendência para agir impulsivamente e tomar decisões precipitadas. As metodologias de
intervenção cognitivo-comportamentais parecem ter um impacto positivo na diminuição
do stress agudo e no restabelecimento da calma e contribuem param diminuir o impacto
nefasto das catástrofes.
 O Técnico de Apoio Psicossocial pode recorrer a técnicas simples para reduzir o stress
agudo, tais como aconselhar, distrair e orientar o individuo e que em função do nível de
disfuncionalidade podem ser adotadas abordagens de autorregulação psicofisiológica
(isto é, respiração diafragmática) e de reenquadramento cognitivo. Tal permite ao
individuo estar mais apto a rever o controlo sobre a sua vida e retomar os seus hábitos
quotidianos

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ANÁLISE E TOMADA DE DECISÃO

Sinais indicadores de apoio especializado


 Ter memórias perturbadoras ou sonhos sobre o incidente;
 Sentir-se perturbado por recordações;
 Ter reações físicas de stress
 Comportamentos de evitamento e fuga;
 Problemas de sono
 Aumento da agitação ou agressividade
 Ter sentimentos de perigo iminente ou ansiedade, sem motivo
 Alterações de humor
 Problemas de concentração;
 Aumento do consumo de alcool ou outras substâncias;
 Problemas nas rotinas diárias (no trabalho e em casa);
 Sentimentos de culpa ou vergon

77
ANÁLISE E TOMADA DE DECISÃO

AVALIAÇÃO DA INTERVENÇÃO

 a monotorização ou acompanhamento afigura-se central para elucidar o Técnico de


Apoio Psicossocial a respeito do quão bem-sucedida foi a sua atuação
 Uma das formas de avaliar algum do progresso do individuo intervencionado consiste no
estabelecimento de um contacto posterior e analise do seu funcionamento básico,
direcionado para a avaliação da sua capacidade e disponibilidade para levar a cabo as
tarefas diárias mais elementares, prosseguir a sua atividade laboral e estabelecer
contacto assíduo com os seus amigos e familiares. Se o individuo retoma a sua vida de
forma bem-sucedida, a intervenção do técnico termina

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ANÁLISE E TOMADA DE DECISÃO

 se o funcionamento do individuo continuar a manifestar-se inadaptativo, poder-se-á


seguir um segundo follow-up, sendo que a partir do terceiro deverá ser disponibilizado
outro tipo de cuidados mais particularizados e que redefinam a abordagem à vitima.
 O seguimento das situaçoes sinalizadas durante e imediatamente apos a ocorrencia de
um incidente critico desempenha um papel fundamental na prevençao do surgimento de
sintomas relacionados com o trauma

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BIBLIOGRAFIA | FONTES | AUTORES

• AA VV., Creche: manual de processos-chave, Programa de cooperação para o desenvolvimento da qualidade e


segurança das respostas sociais, Ed. Instituto da Segurança Social, 2005

• AA VV., Estratégia do Conselho da Europa sobre os Direitos da Criança (2016-2021), Ed. Ministério da Educação
e Ciência, 2016

• Carvalho, Maria Irene Serviço Social em Catástrofes - Intervenção em Crise e Emergência Social

• Estratégias Cognitivo-Comportamentais para Intervenção em Crises

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