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SEGEN

SAÚDE MENTAL DO PROFISSIONAL


DE SEGURANÇA PÚBLICA

1 • Módulo 1 Saúde Mental e Qualidade de Vida


MÓDULO 1

SAÚDE MENTAL E
QUALIDADE DE VIDA

2 • Módulo 1 Saúde Mental e Qualidade de Vida


PRESIDÊNCIA DA REPÚBLICA
MINISTÉRIO DA JUSTIÇA E SEGURANÇA PÚBLICA
SECRETARIA DE GESTÃO E ENSINO EM SEGURANÇA PÚBLICA

Conteudistas
Darlim Saratt Mezomo
Patrícia Viana Cruz
Rebeca Moreira Rangel

Revisão Pedagógica
Ardmon dos Santos Barbosa
Márcio Raphael Nascimento Maia
Vânia Cecília de Lima Andrade

UNIVERSIDADE FEDERAL DE SANTA CATARINA


SECRETARIA DE EDUCAÇÃO A DISTÂNCIA
labSEAD
Comitê Gestor
Eleonora Milano Falcão Vieira
Luciano Patrício Souza de Castro
Financeiro
Fernando Machado Wolf

Consultoria Técnica EaD


Giovana Schuelter

Coordenação de Produção
Francielli Schuelter

Coordenação de AVEA
Andreia Mara Fiala

Design Instrucional
Danrley Maurício Vieira
Marielly Agatha Machado

Design Gráfico
Aline Lima Ramalho
Douglas Wilson Lisboa de Melo
Sonia Trois
Taylizy Kamila Martim
Victor Liborio Barbosa

Linguagem e Memória
Cleusa Iracema Pereira Raimundo
Victor Rocha Freire Silva

Programação BY NC ND
Jonas Batista Todo o conteúdo do Curso Saúde Mental do Profissional de
Salésio Eduardo Assi Segurança Pública, da Secretaria de Gestão e Ensino em
Thiago Assi Segurança Pública (SEGEN), Ministério da Justiça e Segurança
Pública do Governo Federal - 2020, está licenciado sob a Licença
Pública Creative Commons Atribuição-Não Comercial-Sem
Audiovisual Derivações 4.0 Internacional.
Luiz Felipe Moreira Silva Oliveira
Para visualizar uma cópia desta licença, acesse:
Rafael Poletto Dutra
Rodrigo Humaita Witte https://creativecommons.org/licenses/by-nc-nd/4.0/deed.pt_BR

3 • Módulo 1 Saúde Mental e Qualidade de Vida


Sumário

Apresentação.................................................................................................................5
Objetivos do módulo.............................................................................................................................. 5
Estrutura do módulo.............................................................................................................................. 5
Aula 1 – Saúde do Trabalhador...................................................................................6
Contextualizando... ............................................................................................................................... 6
Saúde biopsicossocial........................................................................................................................... 6
Saúde do trabalhador.......................................................................................................................... 11
Aula 2 – Prazer e Sofrimento no Trabalho.............................................................16
Contextualizando... ............................................................................................................................. 16
Prazer no trabalho................................................................................................................................ 17
Sofrimento no trabalho........................................................................................................................ 21
Aula 3 – Qualidade de Vida no Trabalho..................................................................29
Contextualizando................................................................................................................................. 29
Conceitos e variáveis........................................................................................................................... 29
Referências...................................................................................................................43

4 • Módulo 1 Saúde Mental e Qualidade de Vida


Apresentação

A Organização Mundial da Saúde (OMS) já publicou inúmeros


relatórios informando um crescimento no número de pessoas
com transtornos mentais na sociedade nos dias atuais.
Assim, é importante debatermos esse assunto, para que,
a partir do conhecimento, muitos consigam enfrentar esse
problema da melhor maneira, especialmente os profissionais
de segurança pública.

A função que um profissional de segurança pública executa


deixa-o exposto a situações contínuas de risco, que são
capazes de propiciar condutas que podem resultar numa
sobrecarga de ansiedade, estresse, depressão, síndrome de
burnout e outros transtornos. Portanto, o propósito deste
curso é buscar reverter essa realidade e fornecer saberes para
promover a qualidade de vida e, por meio da conscientização,
incentivar ações de prevenção e tratamento de doenças
mentais que sejam capazes de diminuir as taxas de estresse,
depressão e suicídio na segurança pública.

OBJETIVOS DO MÓDULO
Conhecer a base teórica do conceito de saúde no trabalho, o
que se define como prazer e o que se define como sofrimento
no trabalho, bem como caracterizar a qualidade de vida do
trabalhador no local de trabalho, sempre mantendo o foco na
qualidade de vida do profissional de segurança pública.

ESTRUTURA DO MÓDULO
• Aula 1 – Saúde do Trabalhador.
• Aula 2 – Prazer e Sofrimento no Trabalho.
• Aula 3 – Qualidade de Vida no Trabalho.

5 • Módulo 1 Saúde Mental e Qualidade de Vida


Aula 1 – Saúde do Trabalhador

CONTEXTUALIZANDO...
Diversos estudos e relatórios publicados pela Organização
Mundial da Saúde (OMS) demonstram um crescimento
preocupante no número de pessoas com transtornos mentais
na sociedade atual, o que nos motiva a debater, conhecer
e enfrentar o problema de forma mais eficaz e profissional,
especialmente no que diz respeito à saúde mental dos
profissionais de segurança pública.

Esses profissionais vivem sob constante pressão e tensão


devido à diversidade e instabilidade do trabalho, situações
para as quais o organismo não está preparado. Para que essa
tensão não esteja presente constantemente, são necessários
ambientes estáveis, seguros e rotineiros para que haja uma
adequação do organismo. O policial, porém, não tem essa
tranquilidade como na maioria dos empregos.

Assim sendo, é de extrema importância que esses


profissionais compreendam que a exposição contínua em
situações de risco é capaz de propiciar condutas que podem
levar a ansiedade, estresse, depressão, burnout e outros
transtornos. Então, vamos agora iniciar nossos estudos
sobre o conhecimento da saúde do profissional de segurança
Distúrbio psíquico pública no ambiente de trabalho.
resultado de
esgotamento físico
e mental intenso,
SAÚDE BIOPSICOSSOCIAL
relacionado à vida Os profissionais de segurança pública vivem constantemente
profissional. expostos a diversas situações de riscos, que podem resultar em
elevados níveis de estresse, depressão, síndrome de burnout
e muitos outros transtornos. E, nesse contexto, existe um
agravante para o desenvolvimento e acúmulo dos transtornos:
a negligência dessas situações, dos seus sintomas e sinais.

6 • Módulo 1 Saúde Mental e Qualidade de Vida


Outro agravante que podemos destacar é a existência do
estigma de que a psicologia apenas trata de casos crônicos
ou que é “coisa de louco”. Nesse sentido, muitos indivíduos
se sentem envergonhados em buscar auxílio para essas
questões psicológicas, pois não querem ser taxados como
fracos ou ser perseguidos no trabalho, sendo alvo de
brincadeiras inapropriadas.

Porém, quando a ansiedade, o estresse, a


depressão e outros transtornos não são tratados, a
produtividade no trabalho, a rotina, os interesses
do cotidiano, as relações sociais, pessoais e
profissionais são afetadas. E o mais importante, a
saúde psicológica e física do sujeito, podendo gerar
mais agravamentos patológicos.

Ao longo da história, vêm se configurando concepções


sobre saúde e doença no pensamento médico ou em
suposições filosóficas concernentes ao problema mente-
corpo. O surgimento do modelo biopsicossocial proposto
por George Engel (1977 apud CRUZ, 2011) contempla uma
abordagem centrada na integralidade do ser humano, que
demanda estratégias de intervenção capaz de promover o
bem-estar físico e psíquico, e melhorar as relações sociais
e as condições de vida e trabalho, atuando no âmbito da
macroestrutura econômica, social e cultural.

Segundo a autora, entende-se que a saúde pública necessita


da implementação do paradigma biopsicossocial na Saúde
Coletiva. Isso é reforçado com a efetivação do princípio da
integralidade proposto pelo Sistema Único de Saúde (SUS) no
Brasil (CRUZ, 2011).

7 • Módulo 1 Saúde Mental e Qualidade de Vida


Figura 1:
Esgotamento
e transtornos
psíquicos. Fonte:
labSEAD-UFSC
(2020).

Alguns estudos no campo na psicossomática se mostram


importantes para fortalecer as bases científicas que
contribuirão para a construção de uma atenção à saúde mais
interligada com os fatores sociais, econômicos, biológicos
e culturais que integram o ser humano e sua vivência na
sociedade e no meio ambiente que o cerca. Nesse contexto,
vamos observar, na imagem a seguir, as características que
envolvem os níveis biológico, psicológico e social.

O nível biológico está relacionado às


características físicas do indivíduo,
herdadas no nascimento e/ou adquiridas
ao longo de sua vida. Neste fator estão
incluídos o metabolismo, as resistências e
vulnerabilidades dos seres humanos.

O nível psicológico diz respeito ao interior


do sujeito e leva em consideração as
emoções, processos afetivos e de raciocínio
(consciente e inconsciente), que contribuem
para a formação da personalidade,
interferindo no estilo cognitivo através do
modo de perceber e se posicionar diante dos
semelhantes e das circunstâncias da vida.

8 • Módulo 1 Saúde Mental e Qualidade de Vida


Paralelamente, o nível social agrupa um conjunto
Figura 2: Níveis
biológico,
de valores e crenças, que estão atrelados ao
psicológico e social. papel que cada indivíduo desempenha na
Fonte: labSEAD- sociedade (LIMONGI-FRANÇA, 2003).
UFSC (2020).

Ainda podemos destacar que os comportamentos, as escolhas


e os estímulos que o indivíduo tem no decorrer da vida, em
algum momento, implicarão em equilíbrio ou desequilíbrio com
diferentes resultados em cada uma das dimensões biológica,
psicológica, social e organizacional da vida.

Porém, somente o estado pessoal de equilibro ou


desequilíbrio não determina a qualidade de vida,
sendo necessário considerar o processo em sua
totalidade ou como se expressa a sua subjetividade.

A abordagem biopsicossocial surgiu a partir da Medicina


Psicossomática, que propõe uma visão integrada do ser
humano. Essa visão atua sob a ótica de que todo indivíduo é
um complexo-psicossomático composto de potencialidades
biológicas, psicológicas e sociais que respondem
concomitantemente às condições da vida, fatores esses que
contribuem para a formação integral do ser humano (LIMONGI-
FRANÇA, 1996; LUZ 2009; ROSSI; MEURS; PERREWÉ, 2013).

Cruz (2011) cita que o problema mente-corpo tem sido tema


de discussão desde a antiguidade. As concepções sobre saúde
e doença e sobre a natureza das enfermidades se constroem
dentro das perspectivas que vemos na figura seguinte.

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Monista
Considera a unicidade e
indissolubilidade de mente e corpo.

Dualista
Considera mente e corpo como
entidades distintas.

Figura 3:
Perspectiva
monista e dualista As oscilações entre ambas as concepções repercutem
de mente e corpo.
Fonte: labSEAD- também no pensamento médico. A mesma autora também
UFSC (2020). afirma que, na Grécia Antiga, Aristóteles e Hipócrates
consideravam o homem como uma unidade indivisível.

Hipócrates (460 a.C.), tentou explicar os estados de saúde


e enfermidade ao postular a existência de quatro fluidos
(humores) principais no corpo: bile amarela, bile negra,
fleuma e sangue. Nesse contexto, a saúde era considerada o
equilíbrio de tais elementos.

Para ele, o homem era uma unidade organizada e a doença era


considerada uma desorganização.

Hipócrates entendia que a doença não representava a vontade


divina, mas surgia por antecedentes lógicos. De acordo com a
sua concepção, a saúde consistia em um equilíbrio harmônico
com o mundo ao redor, enquanto a doença surgia dos desafios
a esse equilíbrio. Essa mesma visão racionalista fundamenta a
medicina moderna (VOLICH, 2000 apud CRUZ, 2011).

10 • Módulo 1 Saúde Mental e Qualidade de Vida


No decorrer dos anos, surgiram crescentes pesquisas
que evidenciam a influência da mente e das
emoções nos estados de saúde, trazendo consigo
a necessidade de se discutir uma abordagem mais
ampla em saúde, que considere o ser humano em
sua integralidade, para que se possa maximizar
os benefícios das intervenções terapêuticas e
proporcionar maior qualidade de vida.

Desse modo, estudos em psicossomática mostram-


se importantes para fortalecer as bases científicas que
contribuirão para a construção de um novo paradigma
que contemple, dentro do campo da psicossomática, os
fundamentos teóricos, as bases fisiológicas e as implicações
na saúde integral e coletiva (CRUZ, 2011).

Com base nessa compreensão, vejamos o que Machado et al.


(2007) entendem a respeito dessas implicações:

Palavra do Especialista
“Integralidade no cuidado de pessoas, grupos e coletividade

 tendo o usuário como sujeito histórico, social e político,


articulado ao seu contexto familiar, ao meio ambiente e a
sociedade na qual se insere.” (MACHADO et al., p. 123, 2007).

A Constituição da Organização Mundial da Saúde (OMS)


define a saúde como um estado de completo bem-estar
físico, mental e social, e não simplesmente a ausência de
doença ou enfermidade. Essa definição é uma concepção
bastante ampla da saúde, que vai além do enfoque centrado
na doença, abrangendo fatores biopsicossociais, com uma
visão mais integral do indivíduo e seu estado de saúde (BUSS;
PELLEGRINI FILHO, 2007).

11 • Módulo 1 Saúde Mental e Qualidade de Vida


SAÚDE DO TRABALHADOR
Ao longo da história, a palavra “trabalho” vem recebendo
diferentes definições. O termo é um importante determinante
da forma de organização das sociedades, sendo o meio
através do qual o homem constrói o seu ambiente e a si
mesmo. Para Beck et al. (2009), o trabalho visa a duas
finalidades essenciais na vida do indivíduo. Vejamos essas
finalidades na imagem a seguir.

Procura do prazer e da
satisfação com suas
Reprodução Social FINALIDADES realizações, enfatizando
DO TRABALHO as potencialidades como
Possibilidade ser humano.
de satisfazer as NA VIDA DO
necessidades, a partir
da aquisição de bens INDIVÍDUO Expressão Como Sujeito
de consumo.

Figura 4:
Finalidades do
trabalho na vida do
indivíduo. Fonte:
Dessa forma, podemos dizer que na nossa sociedade o
labSEAD-UFSC
(2020). trabalho é mediador da integração social, tanto por seu valor
econômico quanto cultural, influenciando o modo de vida das
pessoas e, consequentemente, sua saúde física e mental.

Assim, no Brasil, a área da Saúde do Trabalhador surge no


contexto do Movimento da Reforma Sanitária, que tinha como
proposta uma nova concepção de Saúde Pública. Essa reforma
também serviu como uma resposta institucional aos diversos
movimentos sociais que, entre a metade dos anos 1970 e os
anos 1990, reivindicava a Saúde do Trabalhador como parte
do direito universal à saúde, e não apenas ações dissociadas
da atenção individual, resumidas a campanhas e programas
(BRASIL, 2005).

12 • Módulo 1 Saúde Mental e Qualidade de Vida


Neste contexto, considerando as ideias de
Lacaz (2000), podemos constatar que a Saúde
do Trabalhador é o campo de práticas e
co¬nhecimentos cujo enfoque teórico-metodológico
no Brasil surgiu da Saúde Coletiva, no intuito de
conhecer e intervir nas relações de trabalho e
saúde-doença, as quais têm como referência central
o surgimento da classe operária industrial, numa
época em que a sociedade vivenciava profundas
mudanças políticas, econômicas e sociais.

De acordo com o mesmo autor, a partir da década de 1980, a


configuração do campo Saúde do Trabalhador é constituída
por três vetores. Vamos conhecê-los na imagem seguinte.

PROGRAMAÇÃO
PRODUÇÃO MOVIMENTOS DOS
EM SAÚDE NA
CIENTÍFICA TRABALHADORES
REDE PÚBLICA

Figura 5:
Configuração
da Saúde do
Trabalhador.
Fonte: labSEAD-
SAÚDE DO TRABALHADOR
UFSC (2020).

13 • Módulo 1 Saúde Mental e Qualidade de Vida


Vejamos também o que Nardi (2004) diz sobre a saúde do
trabalhador no Brasil.

Um conjunto de conhecimentos oriundos de


diversas disciplinas que, aliado ao saber do
trabalhador sobre as condições e a organização
do trabalho, estabelece uma nova forma de
compreensão da relação saúde-trabalho.

A partir da constituição do campo teórico das mudanças no


campo do trabalho, propõe-se, assim, uma forma diferente
de atenção à saúde dos trabalhadores e de intervenção nos
ambientes de trabalho, entendendo atenção à saúde como um
conjunto de ações de promoção, prevenção, cura, reabilitação
e de vigilância em saúde.

Dessa forma, rompe-se com a concepção hegemônica que


estabelece um vínculo causal entre a doença e um agente
específico, ou a um grupo de fatores de riscos presentes no
ambiente de trabalho.

Figura 6: O
esgotamento
do trabalhador
relacionado ao
processo produtivo.
Fonte: Pixabay
(2020).

14 • Módulo 1 Saúde Mental e Qualidade de Vida


Podemos perceber que a saúde do trabalhador tenta superar o
enfoque que situa sua determinação no meio social, reduzido
ao processo produtivo, desconsiderando a subjetividade.

Assim, busca-se explicar o adoecimento dos


trabalhadores através do estudo dos processos de
trabalho, de uma forma articulada com o conjunto de
valores, crenças e ideias, as representações sociais e
a possibilidade de consumo de bens e serviços.

As formas como os indivíduos vivem, sofrem e se realizam no


ambiente laboral estão intimamente associadas ao valor moral
atribuído ao trabalho e à importância deste na configuração da
sua imagem (NARDI, 2004).

15 • Módulo 1 Saúde Mental e Qualidade de Vida


Aula 2 – Prazer e Sofrimento no Trabalho

CONTEXTUALIZANDO...
Os problemas de saúde do trabalhador se devem a velhas
razões, mas isso não significa que não existam novas
situações que reflitam na saúde do trabalhador no mundo
do trabalho contemporâneo. Porém, alguns problemas
continuam a ser observados quando há falta de sintonia entre
os contextos de trabalho e os trabalhadores. Essa sintonia
não está dada ou pronta, mas deve ser construída. Nesse
contexto, regras e limites sempre existirão, e o problema não
é a existência dessas limitações, mas a impossibilidade de
negociá-las, de modificá-las e reconstruí-las, a partir não
apenas de uma lógica instrumental, mas também de uma
lógica dialogada (SATO, 2002).

No âmbito da relação saúde e trabalho, os trabalhadores


buscam o controle sobre as condições e os ambientes de
trabalho para torná-los mais “saudáveis”, mas, isso nem
sempre é possível. Nesse sentido, considerando o lugar que
o trabalho ocupa na vida e as suas consequências na saúde
do trabalhador, é de suma importância perguntar como está
a saúde dos profissionais.

Autores como Antunes (1995) e Dejours (1997) defendem


que o trabalho, além de promover a sobrevivência e mediar
a ordem individual e a ordem coletiva, é um acontecimento
social que contribui para a construção da identidade
do sujeito. Ele pode ser fonte de prazer ou sofrimento,
dependendo das condições de organização, das relações
socioprofissionais e, especialmente, da percepção e da
capacidade de enfrentamento do trabalhador frente às suas
demandas laborais.

Assim sendo, vamos seguir com nossos estudos e conhecer


mais sobre o prazer e o sofrimento no trabalho.

16 • Módulo 1 Saúde Mental e Qualidade de Vida


PRAZER NO TRABALHO
A estreita relação entre trabalho e adoecimento é bastante
complexa e vem sendo objeto de inúmeros estudos científicos
e intervenções técnicas que buscam soluções eficazes frente
às problemáticas ocasionadas pelas disfunções que ocorrem
quando há má relação saúde-trabalho. Nessa perspectiva,
são desenvolvidas diversas pesquisas, programas e projetos
relacionados à saúde do trabalhador e à qualidade de vida no
trabalho, que buscam discutir a importância do alinhamento
entre os interesses das instituições e as expectativas
e necessidades dos trabalhadores para, então, propor
alternativas que contemplem a prevenção de doenças e a
promoção da saúde dos trabalhadores e, consequentemente,
o aumento da produtividade (MEZOMO; OLIVEIRA, 2015).

Se considerarmos um contexto mais amplo, podemos dizer


que a relação trabalho-indivíduo, se pensada sob o prisma do
prazer e/ou sofrimento, envolve diversos aspectos que devem
ser objeto de discussão e reflexão.

A preocupação com o bem-estar, com a melhoria da


qualidade de vida dos trabalhadores e a prevenção
de doenças ocupacionais deve ser uma constante
nas instituições de segurança pública.

Essas instituições precisam desenvolver estratégias


capazes de minimizar os efeitos nocivos do estresse e do
sofrimento ocupacional, que frequentemente desencadeiam
somatizações. Vamos identificar na imagem a seguir o que
pode ser gerado a partir dessas somatizações no profissional.

17 • Módulo 1 Saúde Mental e Qualidade de Vida


Figura 7: Resultados
do sofrimento
ocupacional.
Fonte: Pixabay
(2020), adaptado
por labSEAD-UFSC
(2020).

Sabemos que o trabalho é impulsionado pelo seu significado,


como ato de transformar a natureza e colocar a nossa
identidade no mundo, oferecendo benefícios para a
sociedade. Na atualidade, ocorreram muitas mudanças na
área profissional, e as instituições buscam melhorar seu
relacionamento com o trabalhador, mas grande parte dos
indivíduos ainda enxerga o trabalho como algo que requer
muito sacrifício e esforço.

Os problemas sempre serão inevitáveis em qualquer


área da vida e são muito comuns nos ambientes
laborais, mas podem ser enfrentados, resultando
em experiências positivas e aprendizagens
significativas para o sujeito, na sua vida profissional
e pessoal (CODO, 2006).

Para Barros e Barros (2007), a organização tem


responsabilidades com a saúde física e emocional dos
funcionários. Dessa forma, deve ser capaz de gerar
sentimentos positivos, em situações que possibilitem que os
trabalhadores se sintam úteis, autônomos e reconhecidos.

18 • Módulo 1 Saúde Mental e Qualidade de Vida


Com as instituições assumindo novos modelos
administrativos com intuito de proporcionar ao trabalhador
maior realização pessoal, o sentimento de importância e
eficácia dos profissionais é fruto do prazer do trabalhador.

Esses modelos também destacam o papel dos próprios


colegas de trabalho na contribuição do prazer no ambiente
corporativo, estimulando a compreensão do trabalho como
atividade humana essencial e coletiva, resultando em um
encontro de si próprio e do outro, que estabelece um processo
contínuo de novas reflexões.

Figura 8:
Cooperação entre
os colegas para
estimular o prazer
no trabalho. Fonte:
Pixabay (2020).

Geralmente, a satisfação com o trabalho está associada ao


reconhecimento, valorização e desempenho do profissional,
aspectos fundamentais para produzir prazer ambiente
laboral. O prazer no trabalho é capaz de gerar sentimentos de
autorrealização como: orgulho, confiança, responsabilidade,
além de fortalecer a identidade própria do indivíduo.

19 • Módulo 1 Saúde Mental e Qualidade de Vida


Palavra do Especialista
Vivenciando o prazer, o trabalhador adquire novas formas
de lidar com o dia a dia, possibilitando um ato de reflexão e

 ressignificação a respeito da organização, do seu propósito,


atribuição, colaboração e relação, como consequência,
reproduz uma união coletiva e afetiva com outros profissionais
(GLANZNER; OLSCHOWSKY; KANTORSKI, 2011).

Contudo, a concepção do trabalho como fonte de prazer


é bastante complexa, tendo em vista as exigências dos
procedimentos administrativos, a repetitividade da rotina, a
pressão por resultados e os relacionamentos interpessoais.
Geralmente, procura-se compensar a monotonia das
atividades com mais conforto físico, o que não é capaz
de proporcionar prazer, e sim apenas auxilia. Outro fato
importante é a falta de cultura e lazer, justificada por falta de
recursos ou de infraestrutura (LIMOGI-FRANÇA, 2006).

Antigamente, o ambiente laboral saudável envolvia apenas


aspectos de segurança física. Já, nos dias atuais, envolve a
promoção da saúde, como de comportamentos e estilos de
vida positivos, ou seja, aspectos psicossociais.

Nesse contexto, Day, Harling e Mackie (2015) consideram que


o local de trabalho é o lugar mais propício para a realização
de projetos ligados à saúde e ao bem-estar. Esses autores
também destacam seis âmbitos genéricos dos ambientes
psicologicamente saudáveis. Vamos conhecê-los na
imagem a seguir.

20 • Módulo 1 Saúde Mental e Qualidade de Vida


1 Saúde e segurança.

2 Equilíbrio entre vida profissional e pessoal.

3 Cultura e respeito.

Figura 9: Âmbitos 4 Envolvimento e desenvolvimento dos trabalhadores..


genéricos dos
ambientes
psicologicamente
saudáveis, segundo
5 Conteúdo e características do trabalho.
Day, Harling e

6
Mackie (2015).
Fonte: labSEAD- Relações interpessoais.
UFSC (2020).

Então, podemos supor que se sentir respeitado e


valorizado, ter realização profissional e o êxito nas relações
interpessoais contribuem consideravelmente para que o
agente de segurança se sinta motivado e capaz de atuar
com maior facilidade diante dos obstáculos e perigos que
enfrenta no seu quotidiano laboral.

SOFRIMENTO NO TRABALHO
Santos, Hauer e Furtado (2019) explicam que, ao longo da
história, o sofrimento humano recebeu várias significações, de
castigo dos deuses na Grécia antiga à bruxaria medieval como
consequência do pecado judaico-cristão, sempre exigindo do
ser humano uma explicação. A palavra sofrimento origina-se
do grego pathos, ou seja, aquilo que afeta o homem.

Com o surgimento da medicina moderna, a partir do século


XVIII, a dimensão do sofrimento adquire moldes de ciência
empírica. Assim, a medicina precisava definir o seu objeto de
estudo, o que fez a doença ser reduzida ao corpo do sujeito
adoecido, com necessidade e possibilidade de localização
anatômica, permitindo, assim, à medicina adequação aos
critérios de cientificidade.

21 • Módulo 1 Saúde Mental e Qualidade de Vida


Contudo, Santos, Hauer e Furtado (2019) afirmam
que uma consequência de tal reducionismo foi
a exclusão do âmbito terapêutico e de todo o
sofrimento em sua dimensão subjetiva.

Nesse contexto, vamos entender historicamente os moldes da


ciência empírica:

1
Nascimento da Psiquiatria

Tem como foco se ocupar do sofrimento psíquico, ou seja,


o estudo das doenças mentais. No entanto, havia nessa
missão um dilema: naquela época, algo entendido como
doença, quando localizado no corpo orgânico e mente, não
possuía localização de apreensão orgânica. Como saída, a
psiquiatria encontrou uma forma de solucionar tal dilema:
a explicação pela vida da causalidade orgânica para
doenças no aparelho mental, decompondo o sofrimento
psíquico em seus elementos de base, para depois
compreender, classificar, estudar e tratar tais doenças.

2
Nascimento da Psicanálise

No século XX, surge uma nova forma de ver o sofrimento


psíquico. O sofrimento deixa de ser lido na superfície do
corpo e passa a ser compreendido como uma mensagem a ser
Figura 10: Histórico
dos moldes da decifrada. Para a psicanálise, o sofrimento psíquico constitui-
ciência empírica.
se em uma experiência subjetiva, uma vez que cada indivíduo
Fonte: labSEAD-
UFSC (2020). vivencia um mesmo evento de forma diferente.

22 • Módulo 1 Saúde Mental e Qualidade de Vida


Deve-se considerar que o sofrimento é um fenômeno inerente
ao trabalho quando um indivíduo não encontra meios para
superar esse sofrimento e transformá-lo em prazer. Assim, o
trabalho se torna uma fonte de sofrimento patológico, já que
esse sujeito não encontra meios de dar vazão ao sofrimento
encontrado no trabalho, sobretudo quando as formas como
esse trabalho se organiza bloqueiam as possibilidades de
expressão e negociação.

Palavra do Especialista
“Nesse sentido, abordando o sofrimento psíquico do trabalhador,
a patologia surge quando ocorre o rompimento do equilíbrio
e o sofrimento deixa de ser contornável, ou seja, quando

 o trabalhador já se utilizou todos os seus recursos tanto


psicoafetivos, quanto intelectuais para responder às demandas
impostas pela organização e conclui que não há mais o que
fazer para adaptar-se ou para transformar o seu trabalho.”
(SANTOS; HAUER; FURTADO, 2019, p. 18).

O sofrimento no trabalho afeta o trabalhador, seus familiares


e a própria instituição, uma vez que ocasiona o aumento dos
afastamentos médicos e do absenteísmo, maior frequência
de acidentes de trabalho, redução da eficácia e sobrecarga de
trabalho dos demais profissionais (DOLAN, 2006).

Reconhecer e compreender as características presentes nos


ambientes laborais capazes de afetar a saúde do trabalhador
não é uma tarefa fácil, pois cada contexto laboral tem suas
especificidades, que exigem um diagnóstico situacional
desenvolvido por técnico especializado, como um psicólogo
organizacional, por exemplo.

23 • Módulo 1 Saúde Mental e Qualidade de Vida


Seguindo as ideias de Rossi (2013), podemos
entender que relações interpessoais conflituosas
com colegas e chefias, impossibilidade de
crescimento, falta de autonomia e de condições de
trabalho são fontes de estresse no trabalho. Bem
como burnout, assédio moral e sexual são situações
que causam extremo sofrimento e podem afetar
drasticamente a saúde do trabalhador.

Vejamos, na figura a seguir, o conceito de assédio moral e


sexual, bem como suas consequências.

Caracterizado pela CONSEQUÊNCIAS


humilhação contínua ao Geram dano moral e
trabalhador, visando forçar prejuízos na saúde mental
a sua demissão. Ele se dá e física do trabalhador,
através da repetição de resultando em ansiedade,
comportamentos abusivos depressão, estresse
e constrangedores, pós-traumático, burnout,
de inferiorização, incapacidade laboral e até
amedrontamento, mesmo ideação suicida e/
indiferença, isolamento, ou desemprego. (CATALDI,
ASSÉDIO MORAL
entre outros. 2015).

Caracterizado por
comportamentos de teor
sexual desrespeitoso, em CONSEQUÊNCIAS
que geralmente o agressor As consequências são
– que pode ser um colega diversas: ansiedade, baixa
de trabalho ou um superior autoestima, redução da
hierárquico – manifesta o produtividade, absenteísmo,
assédio com insinuações, depressão, afastamento por
gestos e contato de doenças, demissão, entre
origem sexual, chantagens, outras (BRASIL, 2019).
ameaças e/ou promessas de
ASSÉDIO SEXUAL promoções, além de outros.

Figura 11: Assédio moral e sexual e suas


consequências. Fonte: labSEAD-UFSC (2020).

24 • Módulo 1 Saúde Mental e Qualidade de Vida


Sabemos que qualquer tipo de trabalho possui fatores
potencializadores da motivação ou da frustração, do bem-
estar ou adoecimento. Contudo, existem especificidades das
instituições de segurança pública que merecem ser discutidas
com maior profundidade, tendo em vista as consequências na
saúde dos profissionais, como é o caso dos profissionais de
segurança pública.

Vamos seguir com nosso estudo e conhecer sobre o


sofrimento psíquico no contexto da segurança pública.

Sofrimento psíquico no contexto da


segurança pública
Conforme Santos, Hauer, Furtado (2019), o sofrimento psíquico
pode ser compreendido como uma experiência subjetiva,
vivenciada de maneira distinta por cada indivíduo. Tal sofrimento
pode se manifestar através de sintomas, angústias, inibições,
compulsão, repetição, entre outros. Também pode ser
entendido como um conjunto de fatores psicológicos que
afetam o funcionamento adequado de um indivíduo, que foge
de seu domínio pessoal, causando-lhe sofrimento, atrelado a
sentimentos desagradáveis ou emoções que o afetam.

Estudos que relacionam saúde mental e trabalho nas mais


diversas categorias profissionais ainda são recentes no
contexto acadêmico científico. A França, país pioneiro nesse
tipo de pesquisa, desde a Segunda Guerra Mundial, vem
elaborando projetos com contribuições da Psiquiatria Social.
No Brasil, somente a partir dos anos 1980 houve impulso
desse tipo de pesquisa, sendo ainda escassos programas de
prevenção e promoção de saúde mental dos trabalhadores em
nosso país (AMADOR et al., 2002).

Apesar dessa incipiência de trabalhos, pesquisas e o


estabelecimento de bases metodológicas referentes à relação
trabalho-saúde junto às polícias vêm ocupando lugar de
destaque tanto no meio acadêmico quanto nas próprias
instituições policiais.

25 • Módulo 1 Saúde Mental e Qualidade de Vida


Esse processo de debate se deu especialmente em
razão da peculiaridade da função, ou seja, o contexto
de risco diário atrelado ao movimento histórico
social, que, a partir da abertura da democracia no
Brasil, coloca em discussão a prática dos policiais,
entre outros assuntos decorrentes da função que
antes eram sigilosos.

Para Santos, Hauer e Furtado (2019), quando o peso psíquico


do trabalho é grande, isso resulta em tensão e desprazer, além
de fadiga, astenia e outras patologias.

Redução ou
perda da força e É importante destacar que profissionais de segurança pública
resistência física. têm sua missão constitucional, os seus deveres, como a
preservação da ordem pública, a segurança e a proteção das
pessoas e do patrimônio. Essa missão se dá por meio de
policiamento ostensivo, prisão de sujeitos que transgridam a
lei, orientação e advertência à população e os mais diversos
tipos de ocorrência.

Santos, Hauer e Furtado (2019) ainda entendem que a


profissão do policial está intimamente ligada a muita
cobrança institucional, disciplina rígida e um alto risco
ocupacional. A rotina desse profissional em sua função pode
provocar danos à sua integridade física e de outros.

Ser policial, portanto, pode ser entendido como estar


num alto grau de vulnerabilidade ao sofrimento
psíquico, uma vez que sua rotina de trabalho é
marcada por tensão e perigos constantes.

Um fator de destaque associado à atividade policial são os


distúrbios de sono. Esse deficit orgânico pode ocasionar uma
série de consequências para a vida do profissional. Vamos
conhecer algumas delas na figura a seguir.

26 • Módulo 1 Saúde Mental e Qualidade de Vida


Condução
perigosa de
veículos

Erros
Absenteísmo
administrativos

Figura 12:
Consequências do
distúrbio do sono. Rompimento da Raiva de
Fonte: labSEAD- segurança por maneira
UFSC (2020).
conta da fadiga descontrolada

Santos, Hauer e Furtado (2019) ainda descrevem outra


característica que pode ter impacto na saúde mental do
policial: a exposição maior a tragédias humanas, que
coloca o profissional em risco para o desenvolvimento de
transtornos mentais, além de potencial risco para abuso de
álcool e outras drogas.

As instituições devem zelar pela saúde de seus profissionais,


ofertando ações de prevenção de doenças mentais,
especialmente do suicídio. Santos, Hauer e Furtado (2019)
apontam que a prevenção institucional deve considerar três
níveis, os quais estão apresentados na figura seguinte.

27 • Módulo 1 Saúde Mental e Qualidade de Vida


PREVENÇÃO PRIMÁRIA

É chamada de prevenção universal e diz


respeito à ação de conscientização acerca
da problemática de estratégias para
identificação e manejo, entre outros.

PREVENÇÃO SECUNDÁRIA

Direcionamento de grupos específicos


de baixo, médio ou alto risco de
cometer suicídio. Já existe, portanto,
a identificação dos possíveis grupos
de risco e as estratégias específicas
direcionadas a essa população.

Figura 13: Níveis PREVENÇÃO TERCIÁRIA


da prevenção
institucional contra
o suicídio. Fonte: Ação direcionada aos indivíduos que
labSEAD-UFSC já tentaram suicídio, com o objetivo de
(2020). impedir a repetição do ato.

Nesse sentido, a prevenção institucional se refere a uma


prevenção que tem por objetivo a sensibilização dos
gestores e/ou comandantes para que estejam capacitados
e busquem técnicos especializados para intervir de forma
assertiva quando for necessário. Um bom exemplo seria o
desenvolvimento de capacitações e esclarecimentos acerca
dos transtornos mentais, avaliações periódicas individuais e
institucionais sobre as fontes de estresse e sua incidência,
bem como campanhas educativas de incentivo a mudanças
comportamentais inadequadas, a superação de preconceitos e
estigmas e a valorização da qualidade de vida no trabalho.

28 • Módulo 1 Saúde Mental e Qualidade de Vida


Aula 3 – Qualidade de Vida no Trabalho

CONTEXTUALIZANDO...
De acordo com Almeida et al. (2014), nos últimos anos,
há uma preocupação cada vez maior com a melhoria da
qualidade de vida do trabalhador, bem como um alerta maior
aos riscos aos quais o trabalhador pode estar exposto e
que podem ocasionar doenças ocupacionais e o aumento
dos atendimentos e afastamentos médicos, ocorrência de
acidentes de trabalho, redução da eficácia e absenteísmo.

Então, a preocupação com a qualidade de vida no trabalho


surge como empenho no sentido da humanização do trabalho.
Vamos seguir nossos estudos aprendendo sobre a qualidade
de vida no âmbito organizacional.

CONCEITOS E VARIÁVEIS
Existem inúmeros fatores que podem de alguma forma afetar
o ambiente de trabalho, gerando prejuízos no bem-estar e na
saúde do profissional e, consequentemente, na instituição a
que pertencem. Esses fatores podem ser considerados como
fontes de estresse e se diferem entre as profissões, atividades
desempenhadas e até mesmo entre os profissionais que
trabalham na mesma instituição, pois cada um terá a sua
percepção a respeito dos fatos, pessoas ou situações. Nesse
sentido, Santos (2010, p. 27) afirma que, “para algumas
pessoas, o local de trabalho pode trazer tranquilidade e
satisfação e para outras não”.

A preocupação com a qualidade de vida dos


profissionais no ambiente corporativo surge como
empenho no sentido da humanização do trabalho.

29 • Módulo 1 Saúde Mental e Qualidade de Vida


Observa-se que a forma de estruturação do trabalho e das
organizações impõe uma necessidade de adaptação do
indivíduo aos parâmetros organizacionais, não considerando
os seus interesses e desejos. A abordagem da qualidade de
vida vem, então, agregar algumas preferências humanas no
desenho e gestão de princípios organizacionais, buscando
torná-los mais aceitáveis ao indivíduo e contribuir para a sua
qualidade de vida geral (SANT’ANNA, 2007).

Segundo Chiavenato (2004, p. 448), o termo “Qualidade de


Vida no Trabalho” surgiu na década de 1970, por Luiz Davis,
para referir-se à preocupação com o bem-estar geral e à
saúde dos trabalhadores no desempenho de suas tarefas.

O mesmo autor cita que atualmente o conceito se


refere aos aspectos físicos e psicológicos do local
de trabalho. Corresponde tanto às expectativas
e reivindicações dos trabalhadores quanto ao
interesse das organizações pelos efeitos na
produtividade e qualidade do trabalho executado.

Para tanto, as organizações necessitam de profissionais


motivados, comprometidos, atuantes. Estes, por sua vez,
precisam das condições ambientais adequadas, de um clima
organizacional favorável, do apoio e do reconhecimento da
equipe de trabalho (colegas) e dos gestores.

30 • Módulo 1 Saúde Mental e Qualidade de Vida


Figura 14:
Profissional de
segurança pública
motivado. Fonte:
labSEAD-UFSC
(2020).

Chiavenato (2004) ainda afirma que as organizações estão


cientes de que, para satisfazerem os clientes externos,
precisam primeiramente satisfazer os clientes internos, daí
a contínua valorização dos colaboradores ser a marca das
empresas internacionais. Ao investir diretamente em seus
colaboradores, a organização terá profissionais satisfeitos
que produzem melhor.

Nesse contexto, torna-se claro a importância da gestão


de qualidade de vida, para otimizar o potencial humano e
alcançar os objetivos organizacionais. Essa ideia de satisfazer
não só as organizações mas também os seus colaboradores
é primordial, pois o sistema capitalista acarretou perda de
poder do trabalhador sobre seu trabalho e de seu significado,
fazendo com que muitas vezes o trabalho seja percebido
como fonte de sofrimento para o indivíduo e de prejuízo para
sua qualidade de vida.

31 • Módulo 1 Saúde Mental e Qualidade de Vida


Não se trata de uma tarefa fácil, contudo, tanto
quanto em outros contextos de trabalho, é preciso
identificar os valores praticados nas organizações, as
contradições entre os discursos correntes e a prática.

Para Rossi (2011), a qualidade de vida pode ser vista


mediante a análise de um conjunto de fatores relacionados
aos aspectos pessoais, sociais e profissionais. Não há
dúvida de que a valorização profissional é uma importante
variável nesse contexto, de maneira que isoladamente não
garante o bem-estar do profissional, mas deve ser uma
política a ser incrementada e valorizada pelos gestores.
Por outro lado, é necessário destacar que um profissional
desvalorizado tende à perseguição de comportamentos que
inviabilizam uma vida de qualidade.

Conforme Limongi-Franca (2003), a qualidade de vida no


trabalho envolve diversos fatores, os quais apresentamos na
imagem a seguir.

Relacionamento
interpessoal Satisfação com
a execução do
trabalho
Ambiente físico
e psicológico Possibilidades
de trabalho de progresso
Qualidade na organização
de vida no
Autonomia para trabalho
tomar decisões Remuneração
e benefícios

Possibilidades
de participar
ativamente das Reconhecimento
decisões da
organização

Figura 15: Fatores que envolvem a qualidade de vida do profissional no trabalho.


Fonte: labSEAD-UFSC (2020).

32 • Módulo 1 Saúde Mental e Qualidade de Vida


Quando esses fatores são inexistentes, começa a ocorrer a
decadência da qualidade de vida, que se manifesta através
de vários indícios, como o surgimento de novas doenças,
dentre as quais prevalece o fenômeno do estresse. O estresse
está associado a variáveis que perpassam os níveis dos
enfrentamentos apreendidos pelos indivíduos, das exigências
de trabalho, do funcionamento do grupo e da organização.
Também está relacionado às influências exercidas pelo
ambiente externo ao sistema que está sob foco. Valores
destoantes podem estar na base da cultura que favorece
o desenvolvimento do estresse patológico e adoece a
organização de trabalho (ROSSI; MEURS; PERREWÉ, 2013).

Diante dessas necessidades, observa-se a importância


da implantação, desenvolvimento de ações, projetos ou
programas de qualidade de vida que estão diretamente
vinculados ao bem-estar dos profissionais.

Ou seja, investir em programas de qualidade de vida


é investir na saúde dos colaboradores, zelando pelo
ser humano. O resultado pode ser observado na
consolidação da cultura organizacional.

A opção por um programa de qualidade de vida deve ser


realizada com base em estudos relacionados à caracterização
psicossocial da organização, fundamentados nos princípios
e valores arraigados entre os trabalhadores. A partir dessa
dinâmica, é possível se mobilizar para a adoção de novas
práticas gerenciais e mudanças efetivas. (ROSSI; MEURS;
PERREWÉ, 2013).

A Organização Mundial de Saúde define qualidade de vida como:

33 • Módulo 1 Saúde Mental e Qualidade de Vida


Palavra do Especialista
A percepção do indivíduo da satisfação de suas necessidades
 em busca de autorrealização e felicidade, independentemente
do seu estado físico, mental ou financeiro (OMS, 1998).

Assim, podemos supor que a qualidade de vida pode fornecer


o alicerce necessário para a promoção da saúde e prevenção
de doenças, no qual se faz necessário o equilíbrio entre os
diversos aspectos da vida do indivíduo: cuidados físicos,
família, trabalho, relacionamentos, espiritualidade e lazer.

Figura 16:
Atividade física
é um dos fatores
determinantes para
qualidade de vida.
Fonte: Pixabay
(2020).

A prática contínua de atividades físicas é um dos fatores


determinantes da relação entre saúde e qualidade de vida.
Geralmente está associada à prevenção de doenças ou
superação de dificuldades. Contudo, os cuidados físicos
ultrapassam a saúde corporal e abrangem a saúde mental,
auxiliando de maneira biopsicossocial o indivíduo, sendo
indicado para o tratamento de doenças como a depressão e
o transtorno de ansiedade. Entre os benefícios dos cuidados
físicos, podemos destacar:

34 • Módulo 1 Saúde Mental e Qualidade de Vida


• Aumento da autoestima.
• Melhora na qualidade do sono e redução do estresse.
• Auxílio no desempenho dos estudos, entre outros.

Os cuidados físicos não se restringem apenas a exercícios, mas


também à manutenção de uma alimentação equilibrada. Outro
fator importante é a moderação, a intensidade dos exercícios,
pois de forma demasiada pode acarretar malefícios.

Para os profissionais de segurança pública, os cuidados


físicos são essenciais, não estar com a saúde em dia
é um risco, devido a constantes situações que exigem
condicionamento físico adequado dos profissionais, visto
que na operacionalidade cotidiana frequentemente ocorrem
eventos inesperados e/ou de grande vulto.

Além disso, as guarnições estão cada vez com número de


efetivo reduzido, o que aumenta ainda mais a necessidade de os
profissionais estarem preparados para lidar com resistências de
conduzidos ou qualquer outro fator que exija preparo físico.

Saiba mais
Há países, por exemplo, onde há apenas um agente de

 segurança em cada viatura do serviço ordinário, porém,


no caso de necessidade de apoio, outras viaturas prestam
suporte rapidamente.

Mesmo em ocorrências simples, sempre haverá um grande


número de envolvidos, e o agente de segurança, muitas vezes,
precisará ter condições físicas para atuar de forma enérgica,
efetiva e resiliente.

Dependendo do contexto de atuação desses profissionais, os


equipamentos utilizados no trabalho podem chegar a pesar
mais de vinte quilos. É o caso de um equipamento comum:
os coletes. No Brasil, eles são usados nas corporações

35 • Módulo 1 Saúde Mental e Qualidade de Vida


e suas placas são muito pesadas, além de reduzirem a
mobilidade e serem extremamente quentes.

Figura 17: Colete


do profissional de
segurança exige
resistência física.
Fonte: Shutterstock
(2020).

No Brasil, outro fator que podemos destacar como atenção


aos cuidados físicos essenciais é o fato de a carga horária de
um profissional da segurança pública normalmente ser de 24
horas de trabalho por 72 horas de descanso. Isso acarreta a
diminuição da disposição dos profissionais para se exercitarem
de forma frequente e saudável, além do aumento do número de
profissionais que praticam pouca atividade física semanal.

A quantidade de horas a que os policias se expõem durante


o trabalho, seja sentados em patrulhas rotineiras dentro das
viaturas ou exercendo serviços administrativos nos quartéis,
contribui de forma significativa para o aumento no índice
de massa corporal não ideal para sua altura, tornando-
os sedentários, possibilitando morbidades relacionadas a
problemas de saúde de origem física como diabetes, hipertensão
ou colesterol alto (MINAYO; ASSIS; OLIVEIRA, 2011).

Outro aspecto fundamental para obtemos qualidade de vida é


o âmbito familiar, pois ocorre a formação e o desenvolvimento

36 • Módulo 1 Saúde Mental e Qualidade de Vida


do indivíduo, sendo importante no ciclo de parentesco e no
exercício de execução dos papéis sociais, também como
membro de uma família. Fazer com que a entidade familiar
seja saudável, na qual se possa encontrar afeto e carinho,
bem como apoio para superar as dificuldades, pode auxiliar no
desenvolvimento da resiliência, proporcionando ao indivíduo
inúmeros benefícios, os quais dificilmente serão substituídos
por outras áreas da vida.

Figura 18: A família


como aspecto
fundamental para
qualidade de vida.
Fonte: Pixabay
(2020).

A estrutura familiar, em sua convivência, permite que o agente


de segurança se desvincule dos problemas alheios das
demandas profissionais e volte a se atentar à sua intimidade
familiar, aos valores e ideias compartilhados por eles, onde
demandas próprias são de acordo com seus hábitos e
costumes desenvolvidos.

Ter a capacidade de dividir bem os momentos


profissionais, independentemente da energia
emocional gasta em serviço, com os momentos
entre familiares, é um desafio norteador que precisa
sempre de constante ressignificação e estratégia
emocional assertiva.

37 • Módulo 1 Saúde Mental e Qualidade de Vida


Não é simples questão de levar ou não problemas do serviço
para casa e vice-versa, mas de construir crenças positivas
acerca do valor do trabalho exercido e de sua necessidade,
com ideia de integralidade, em que sua própria família é
afetada pelo bom andamento da vida em sociedade devido ao
serviço de outros agentes e também ao seu próprio.

Dessa forma, é propício zelar pelas relações


familiares saudáveis e resinificar os fatores
estressores diversos inerentes à profissão para se ter
maior qualidade de vida também em família, dando
significado complementar existencial ao agente.

Assim, é na própria convivência familiar que o agente poderá


manifestar suas vulnerabilidades e encontrar, por exemplo,
nos filhos, motivação para renovar o vigor e as energias. Ao se
desvencilhar dos equipamentos operacionais, dos coturnos, da
arma, da farda em geral, surge a mãe ou pai afetuoso, que, com
a mesma – ou mais intensa – coragem e disposição, manifesta
sua alegria de estar junto à família, transcendendo, assim,
os momentos tensos vividos no serviço, para canalizar sua
atenção afetiva aos seus entes queridos. É criar oportunidades,
com inteligência emocional, de convivência harmoniosa,
equilibrada e atitudes positivas.

Isso é apoiado por Souza e Hutz (2008), que apontam que os


relacionamentos contribuem para a promoção da saúde, bem-
estar e felicidade do indivíduo, além de serem importantes
para o desenvolvimento cognitivo, emocional e social. Podem
ser vistos como um processo dinâmico em que ocorre
transformações devido aos aspectos culturais e sociais.

Os relacionamentos estão, portanto, ligados a sentimentos


de prazer, companheirismo, confiança, reciprocidade,
compreensão, altruísmo, além de honestidade, compromisso,
respeito, espontaneidade, cuidado, expressão de sentimentos

38 • Módulo 1 Saúde Mental e Qualidade de Vida


e tantos outros. Dessa forma, pode-se analisar os
relacionamentos saudáveis como um fator terapêutico.

Para isso, é preciso ativar a mente para não cair


no automático nos relacionamentos familiares,
mas ser também ali constantes oportunidades de
comunicações afetivas como diálogo com interesse
na vida de cada membro familiar e em seus anseios.

Nesse contexto, é de suma importância que os


relacionamentos conjugais ou de amizade sejam funcionais e
saudáveis, pois são responsáveis por vínculos profundos para
o indivíduo, os quais se fortalecem através do respeito, do
amor, da intimidade e do investimento afetivo na relação.

Figura 19: Relações


saudáveis são um
importante aspecto
fundamental para
qualidade de vida.
Fonte: Pixabay
(2020).

Os indivíduos buscam nos relacionamentos uma ampla


afinidade emocional, mental e sexual, a fim de alcançar o
amor e a felicidade e satisfazer suas necessidades pessoais e
sociais. Algumas variáveis também devem ser consideradas,
como: motivos do início e histórico do relacionamento, divisão
financeira, diferenças de idade e cultura.

39 • Módulo 1 Saúde Mental e Qualidade de Vida


Direcionando para relações conjugais, Dessen e Braz (2005,
apud SCORSOLINI-COMIN; SANTOS, 2010) afirmam que os
relacionamentos conjugais são fundamentais tanto para a
qualidade de vida no aspecto familiar, como na percepção da
atuação de papéis de pais e mães entre os próprios cônjuges.

Na relação do casal, o equilíbrio entre a profissão,


a família e o espaço individual nem sempre é uma
tarefa fácil, mas é um aspecto a ser levado em
consideração para um relacionamento saudável,
sendo facilitado quando existe uma forte parceria
entre os dois.

Segundo Maldonado (2006), as crises sempre vão existir,


mas é preciso ver nelas uma oportunidade de abrir novos
Personalização: caminhos, vê-las por outros ângulos e ser mais flexível, pois,
a pessoa tende a após a superação, poderá ocorrer o aumento da autoestima,
atribuir culpa a si
o desenvolvimento da resiliência (capacidade de superar as
mesma, nas mais
diversas situações adversidades) e até mesmo o estreitamento dos laços.
que vive.
Distorções cognitivas como a da personalização ou do
filtro mental são desafios constantes pessoais que podem
levar o indivíduo a, sem perceber, interpretar de forma errônea
Filtro mental:
focamos nossa a convivência com seu cônjuge.
atenção somente em
aspectos negativos O lazer é outro aspecto importante. É através de atividades
e ignoramos todo o
de lazer que podemos relaxar, descontrair e sair da rotina.
resto.
Esses momentos são necessários à saúde, visto que nosso
corpo precisa de um equilíbrio, já que passamos tanto
É a condição de
relativa estabilidade tempo trabalhando ou lidando com responsabilidades, essas
da qual o organismo atividades de lazer são capazes de trazer a homeostase para
necessita nossa saúde física e psíquica.
para realizar
suas funções
adequadamente O lazer é algo subjetivo e pode ser executado de diversas
para o equilíbrio do formas como: passear, conhecer pessoas, descansar e muitas
corpo. outras atividades.

40 • Módulo 1 Saúde Mental e Qualidade de Vida


O importante é que nesses momentos ocorra um
sentimento de alegria e uma sensação de bem-estar.
Dessa forma, um tempo reservado para o lazer é
essencial para contribuir para uma melhora na
qualidade de vida.

A OMS criou um instrumento para medir a qualidade de vida, e,


entre os aspectos avaliados, estão a espiritualidade, a religião
e as crenças pessoais. Pode-se citar alguns dos fatores vistos
para análise nessa área, como otimismo e esperança, paz
interior, admiração e outros.

A espiritualidade está relacionada com o sentido da vida para


o indivíduo, ou seja, a maneira como o indivíduo percebe o
significado e o propósito de sua existência.

Os modelos mais antigos de organizações não davam muito


espaço para a espiritualidade, entretanto, nos últimos anos,
esse tem sido um dos temas pilares a ser trabalhado no que
tange à qualidade de vida e ao desenvolvimento pessoal e
profissional dentro das instituições.

Figura 20: A
espiritualidade
é um importante
aspecto
fundamental para
qualidade de vida.
Fonte: Pixabay
(2020).

41 • Módulo 1 Saúde Mental e Qualidade de Vida


A espiritualidade não necessariamente está ligada a práticas
religiosas, apenas reconhece que o ser humano possui uma
vida interior, alma e /ou espírito, que precisa ser alimentada,
agregando-se a outros temas como valores, ética, motivação,
liderança e equilíbrio.

A espiritualidade ajuda as pessoas a aumentarem o seu


nível potencial de realização, pois auxilia na reflexão
acerca dos problemas gerados pelos conflitos entre vida
de trabalho e pessoal, proporcionando aos indivíduos bem-
estar e motivação.

Por fim, podemos compreender o quão importante é


discutirmos e entendermos o que envolve a qualidade de vida
do profissional de segurança pública no âmbito corporativo.
O sofrimento que pode ser gerado pelo ambiente ou pela
exigência da função acarreta consequências graves para o
agente, então a quebra de estereótipos e o preconceito sobre
saúde mental é essencial.

Assim, lembre-se de preservar a sua saúde mental e o bem-


estar do convívio em sua unidade de trabalho. Saiba respeitar
seus limites, mas sempre cumprindo com seus deveres.

42 • Módulo 1 Saúde Mental e Qualidade de Vida


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