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SEGURANÇA, MEIO

AMBIENTE, SAÚDE E
RESPONSABILIDADE SOCIAL
Unidade 2
Saúde e segurança no
trabalho
CEO

DAVID LIRA STEPHEN BARROS

DIRETORA EDITORIAL
ALESSANDRA FERREIRA

GERENTE EDITORIAL

LAURA KRISTINA FRANCO DOS SANTOS

PROJETO GRÁFICO

TIAGO DA ROCHA

AUTORIA

ANDRÉA CÉSAR PEDROSA


Andréa César Pedrosa
AUTORIA

Sou graduada em Administração, especialista em


Educação a Distância e mestranda em Pedagogia do e-Learning,
mas minha história profissional começou bem antes da formação
superior, a partir da graduação técnica em Segurança do Trabalho
e Meio Ambiente, pela antiga Escola Técnica Federal do estado
de Pernambuco (hoje IFPE). Durante 17 anos exerci com muita
paixão a profissão, contribuindo da melhor forma para assegurar
a integridade física, qualidade de vida e meio ambiente nos
ambientes de trabalho por onde passei. É uma linda profissão,
cuja missão transcende a função de Técnico em Segurança, pois
todos precisam vestir a camisa da Segurança, da Saúde, do Meio
Ambiente e da Responsabilidade Social. Sou apaixonada pelo
Unidade 2

que faço e adoro transmitir minha experiência de vida àqueles


que estão iniciando em suas profissões. Por isso fui convidada
pela Editora Telesapiens a integrar seu elenco de autores
independentes. Estou muito feliz em poder ajudar você nesta fase
de muito estudo e trabalho. Conte comigo!

4 SEGURANÇA, MEIO AMBIENTE, SAÚDE E RESPONSABILIDADE SOCIAL


ÍCONES
Unidade 2

SEGURANÇA, MEIO AMBIENTE, SAÚDE E RESPONSABILIDADE SOCIAL 5


Saúde e qualidade de vida no trabalho.................................. 10
SUMÁRIO

Ergonomia............................................................................................................ 10

Áreas de atuação da ergonomia....................................................... 13

LER e DORT.......................................................................................................... 14

Principais doenças associadas aos DORT e aos esforços repetitivos....... 16

Estratégias de prevenção.................................................................................. 17

A importância da postura.................................................................................. 21

Trabalho e qualidade de vida.................................................. 25


História do trabalho........................................................................................... 25

Qualidade do trabalho....................................................................................... 27
Unidade 2

Princípios da qualidade..................................................................................... 27

Qualidade de vida no trabalho......................................................................... 30

Estratégias para manutenção da qualidade de vida no trabalho.............. 31

Saúde ocupacional................................................................... 36
Saúde ocupacional............................................................................................. 36

Objetivos da Medicina do Trabalho................................................................. 38

Higiene ocupacional........................................................................................... 40

Doenças ocupacionais....................................................................................... 41

Programa de Controle Médico e Saúde Ocupacional (PCMSO) ................ 43

Primeiros socorros................................................................... 46
Primeiros socorros............................................................................................. 46

Perfil do socorrista............................................................................................. 48

Conhecimento básico do corpo humano....................................................... 49

Sistema respiratório........................................................................................... 51

6 SEGURANÇA, MEIO AMBIENTE, SAÚDE E RESPONSABILIDADE SOCIAL


Sistema circulatório............................................................................................ 51

SUMÁRIO
Sistema osteomuscular..................................................................................... 53

Parada cardiorrespiratória (PCR)..................................................................... 53

Hemorragias........................................................................................................ 55

Fraturas................................................................................................................ 56

Choque elétrico................................................................................................... 57

Intoxicação/Envenenamento............................................................................ 59

Unidade 2

SEGURANÇA, MEIO AMBIENTE, SAÚDE E RESPONSABILIDADE SOCIAL 7


Passamos a maior parte do nosso dia no ambiente de
trabalho, com o objetivo de prover a nossa sobrevivência e
APRESENTAÇÃO

contribuir com o progresso de nossa sociedade, além de nossa


satisfação pessoal em realizar uma atividade na qual temos
aptidão e talento. Popularmente, fala-se que “ganhamos a vida”
quando trabalhamos. Então, esse ambiente deve ser saudável em
todos os sentidos, não apenas no que se refere à saúde física, mas
também à mental, pois o clima organizacional no ambiente de
trabalho é fundamental. Ambientes doentios fazem com que “a
vida se perca” e isso não deve ocorrer. Focaremos nossos estudos
nos acidentes de trabalho, suas causas e formas de proteção.
Nesta etapa, iremos voltar nossa atenção para a saúde, analisando
os riscos que podem ocasionar o adoecimento do trabalhador,
além de contextualizar a importância da qualidade de vida e o
Unidade 2

trabalho. Você aprenderá também os procedimentos de primeiros


socorros (ou atendimento pré-hospitalar). Vale ressaltar que, para
a Previdência Social, a doença ocupacional (ou do trabalho) é
equiparada ao acidente de trabalho. Estamos tratando a doença
separadamente, devido à sua característica de desenvolvimento
gradual durante um determinado tempo de exposição a uma
situação de risco. Ao contrário do acidente, a doença não se
apresenta de forma imediata, fazendo com que a prevenção
seja mais negligenciada, pois geralmente achamos que “nunca
vamos adoecer”, não é verdade? Mas o conhecimento acerca dos
aspectos relacionados à saúde ocupacional certamente fará você
mudar de ideia. Entendeu? Ao longo desta unidade letiva, você vai
mergulhar neste universo!

8 SEGURANÇA, MEIO AMBIENTE, SAÚDE E RESPONSABILIDADE SOCIAL


Olá. Seja muito bem-vindo à Unidade 2. Nosso objetivo
é auxiliar você no desenvolvimento das seguintes competências

OBJETIVOS
profissionais até o término desta etapa de estudos:

1. Identificar os riscos ergonômicos e as formas de


prevenção no ambiente de trabalho.

2. Contextualizar a importância da qualidade de vida no


trabalho e as ações que promovem a manutenção de
um bom clima organizacional.

3. Contextualizar a saúde ocupacional, identificando seu


campo de atuação.

4. Explicar os principais procedimentos para prestar os


primeiros socorros em situações de emergência.

Unidade 2

SEGURANÇA, MEIO AMBIENTE, SAÚDE E RESPONSABILIDADE SOCIAL 9


Saúde e qualidade de vida no
trabalho
Ao término deste capítulo, você será capaz de
compreender a importância da ergonomia no
ambiente de trabalho, independentemente da
OBJETIVO atividade produtiva. Identificará sua aplicação,
seu conceito e histórico, bem como as principais
medidas de proteção contra os riscos ergonômicos.
E, então? Motivado para desenvolver esta
competência?

Ergonomia
Unidade 2

A palavra “ergonomia” é formada pela junção de dois


termos originados do latim: “ergo” e “nomos”. Portanto, conforme
a Associação Brasileira de Ergonomia (Abergo), a ergonomia
significa: “leis que regem o trabalho”, ou “leis do trabalho” (Abergo,
2021).

Ergonomia (ou fatores humanos) é uma disciplina


científica relacionada ao entendimento das
interações entre os seres humanos e outros
DEFINIÇÃO elementos ou sistemas e à aplicação de teorias,
princípios, dados e métodos a projetos, a fim de
otimizar o bem estar humano e o desempenho
global do sistema. (IEA, 2020 apud Abergo, 2021)

Em outras palavras, a ergonomia se concentra em fazer


com que o ambiente seja ajustado de forma apropriada para que
as pessoas possam interagir com ele de maneira confortável e
saudável, visando garantir o bem-estar.

O emprego de crianças nas grandes fábricas durante o


auge da Revolução Industrial não tinha como única justificativa

10 SEGURANÇA, MEIO AMBIENTE, SAÚDE E RESPONSABILIDADE SOCIAL


a escassez de mão de obra ou o custo inferior dessa força de
trabalho. As crianças desempenhavam um papel crucial ao
acessar áreas das máquinas inacessíveis aos adultos devido
ao seu tamanho. Elas eram responsáveis por realizar reparos e
limpezas em espaços reduzidos, que não haviam sido projetados
com a consideração dos adultos que operariam tais máquinas.
Imagem 2.1 - Foto de crianças trabalhando na indústria

Unidade 2
Fonte: Wikimedia Commons

A ergonomia tem como principal preocupação a adaptação


do ambiente ao ser humano, e não o contrário. Isso significa que,
por exemplo, ao projetar uma cadeira destinada a ser usada por
diversas pessoas, é fundamental considerar ajustes que a tornem
confortável para usuários de diferentes tamanhos e estaturas
físicas.

Esse planejamento deve se fundamentar em estudos


que estabeleçam os valores médios das estruturas físicas da
população para a qual a cadeira será disponibilizada, uma vez que
os usuários na China, por exemplo, podem apresentar estaturas
diferentes em relação aos europeus.

SEGURANÇA, MEIO AMBIENTE, SAÚDE E RESPONSABILIDADE SOCIAL 11


A atenção às proporções corporais na concepção de
máquinas e objetos levou à utilização ampla da imagem do Homem
Vitruviano (imagem a seguir). Esse desenho representa um dos
primeiros tratados de proporções humanas, de acordo com o
ideal de perfeição física daquela época, e ainda é amplamente
empregado como símbolo da ergonomia nos dias atuais.
Imagem 2.2 – Homem Vitruviano, de Leonardo da Vinci, desenho feito pelo artista em seu
diário em 1490.
Unidade 2

Fonte: Wikimedia Commons

12 SEGURANÇA, MEIO AMBIENTE, SAÚDE E RESPONSABILIDADE SOCIAL


O desenho anterior representa as proporções do corpo
humano masculino com base nos princípios do arquiteto romano
Vitrúvio.

Áreas de atuação da ergonomia


A ergonomia preocupa-se de forma sistêmica, ou seja, de
forma geral, organizada e metódica, considerando o todo e suas
interligações.

De acordo com a International Ergonomics Association e


a Abergo, a Ergonomia abrange uma série de áreas de atuação
que consideram de forma sistêmica os aspectos relacionados à
atividade humana. Estas áreas incluem:

Unidade 2
• Ergonomia Física – seu foco de atenção está
voltado para as características da anatomia humana,
antropometria, fisiologia e biomecânica (atividade
física). Esse campo de aplicação da Ergonomia estuda
a postura no trabalho, o manuseio de materiais, os
movimentos repetitivos, os distúrbios osteomusculares
relacionados ao trabalho, as adequações do posto de
trabalho, a segurança e saúde do trabalhador;

• Ergonomia Cognitiva – estuda e propõe soluções


para a otimização dos processos mentais, tais como
percepção, memória, raciocínio e resposta motora,
conforme afetem as interações entre seres humanos
e outros elementos de um sistema. O foco desta área
de atuação é a carga mental de trabalho, a tomada
de decisão, a interação homem-computador, o
esgotamento mental e o treinamento conforme esses
se relacionem a projetos envolvendo seres humanos e
sistemas;

SEGURANÇA, MEIO AMBIENTE, SAÚDE E RESPONSABILIDADE SOCIAL 13


• Ergonomia Organizacional – nesse campo, os esforços
são voltados para as estruturas organizacionais,
políticas e de processos. A adequação almejada nesta
área diz respeito às comunicações, ao gerenciamento
de recursos de tripulações (domínio aeronáutico), à
organização do trabalho em todos os sentidos, à cultura
organizacional, à gestão da qualidade, e às modalidades
de trabalho realizado por intermédio da tecnologia.
Imagem 2.3 - Áreas de atuação da ergonomia
Unidade 2

Fonte: Wikimedia Commons

LER e DORT
No ambiente de trabalho, os principais problemas que
acometem os trabalhadores são as lesões por esforços repetitivos
(LER) e os distúrbios osteomusculares relacionados ao trabalho
(DORT), que estão diretamente relacionados à falta de uma
intervenção ergonômica ou ao não cumprimento das orientações
para ajuste do ambiente ao trabalhador.

A principal diretriz que deve ser atendida pelo empregador


para prevenção de LER/DORT é a Norma Regulamentadora (NR)
17, que trata exclusivamente da ergonomia e tem como objetivo

14 SEGURANÇA, MEIO AMBIENTE, SAÚDE E RESPONSABILIDADE SOCIAL


Estabelecer parâmetros que permitam
a adaptação das condições de trabalho
às características psicofisiológicas dos
trabalhadores, de modo a proporcionar o
máximo de conforto, segurança e desempenho
eficiente. (Brasil, 1978)

Você poderá acessar a NR-17, na íntegra, acesse


pelo QR-Code.

SAIBA MAIS

Unidade 2
Figura 2.4 - Parte do corpo acometida por distúrbios osteomusculares

Fonte: Pixabay

Basicamente, o desencadeamento de LER e DORT pode


ser exemplificado da seguinte forma:

SEGURANÇA, MEIO AMBIENTE, SAÚDE E RESPONSABILIDADE SOCIAL 15


Imagem 2.5 – Desencadeamento de LER e DORT

Sobrecarga
na estrutura
osteomuscular LER
Risco
Inexistência DORT
de tempo de
recuperação

Fonte: Elaborada pela autoria (2023).

A lesão ocorre quando uma determinada parte do corpo


Unidade 2

é exposta a esforços excessivos ou repetitivos e não existe tempo


para que a estrutura osteomuscular se recupere.

Principais doenças associadas aos


DORT e aos esforços repetitivos
Quadro 2.1 – Doenças associadas aos DORT e esforços repetitivos

Os tendões possuem uma estrutura semelhante a um


canal de proteção, conhecido por bainha sinovial. A
tenossinovite é a inflamação dessa bainha. Além da dor,
Tenossinovite
sensações como sentir “ranger” ao fazer o movimento, ou
enrijecimento ou fraqueza dos dedos e mãos são sintomas
comuns.
A tendinite é a inflamação nos tendões, que consiste em
uma estrutura fibrosa, espalhada por todo o corpo, com
o objetivo de unir o músculo ao osso. As tendinites mais
Tendinite
comuns são as dos membros superiores, causadas por
posturas inadequadas, sobrecarga de peso e movimentos
repetitivos.

16 SEGURANÇA, MEIO AMBIENTE, SAÚDE E RESPONSABILIDADE SOCIAL


A mais comum é a bursite no ombro, que se refere a
uma inflamação na bursa, que é uma bolsa com líquidos
lubrificantes posicionada nas articulações, para evitar
Bursite
atrito entre o músculo, os tendões e ossos. Movimentos
bruscos, repetitivos ou que demandem muita força para
levantar ou segurar algo podem lesionar esta região.

Acontece quando há uma compressão no nervo mediano


Síndrome do
da mão, causando inflamação com dor e adormecimento
túnel do carpo
na região do punho, mão e dedos.

Da nossa coluna cervical saem nervos que se ramificam


Síndrome e controlam os movimentos dos membros superiores
cervicobraquial e cabeça. Posturas inadequadas podem ocasionar
inflamações nesses nervos, gerando a síndrome.
É um tipo de tendinite que ocorre no punho,
especificamente nos tendões responsáveis pela
Doença de movimentação do polegar. A compressão e atrito nessa

Unidade 2
Quervain região causa a inflamação, com muita dor, além da
sensação de fraqueza nas mãos.

Conhecida também como “cotovelo de tenista”, é uma


inflamação que acomete os tendões da região do
cotovelo. Pode estar relacionada a movimentos intensos
Epicondilite
e/ou repetitivos dos braços, como aperto de parafusos,
escovas em salão de beleza, movimentos em preparos de
alimentos nas cozinhas profissionais, entre outros.

Fonte: Elaborado pela autoria (2023).

Agora que já conhecemos os principais distúrbios


associados ao trabalho, vamos conhecer a principal estratégia de
prevenção: a boa postura.

Estratégias de prevenção
Como vimos no início de nossos estudos sobre ergonomia,
a área de estudos que se dedica ao estudo dos movimentos
e anatomia humana é a Ergonomia Física, que utiliza esses
conhecimentos para a prevenção das doenças associadas à

SEGURANÇA, MEIO AMBIENTE, SAÚDE E RESPONSABILIDADE SOCIAL 17


inadequação do meio ambiente ao trabalhador e indica ações
como as adequações dos postos de trabalho e boas posturas para
cada atividade executada.

Vejamos, inicialmente, as recomendações da NR-17:


3.1 Para trabalho manual sentado ou que tenha
de ser feito em pé, deve ser proporcionado ao
trabalhador mobiliário que atenda ao capítulo
17.6 Mobiliário dos postos de trabalho da
Norma Regulamentadora nº 17 (NR 17) e que
permita variações posturais, com ajustes de
fácil acionamento, de modo a prover espaço
suficiente para seu conforto, atendendo
aos seguintes requisitos: a) o monitor de
vídeo e o teclado devem estar apoiados em
Unidade 2

superfícies com mecanismos de regulagem


independentes; b) será aceita superfície
regulável única para teclado e monitor quando
este for dotado de regulagem independente
de, no mínimo, 26 cm (vinte e seis centímetros)
no plano vertical; c) a bancada sem material de
consulta deve ter, no mínimo, profundidade de
75 cm (setenta e cinco centímetros), medidos
a partir de sua borda frontal, e largura de 90
cm (noventa centímetros) que proporcionem
zonas de alcance manual de, no máximo, 65
cm (sessenta e cinco centímetros) de raio em
cada lado, medidas centradas nos ombros do
operador em posição de trabalho; d) a bancada
com material de consulta deve ter, no mínimo,
profundidade de 90 cm (noventa centímetros)
a partir de sua borda frontal e largura de 100
cm (cem centímetros) que proporcionem
zonas de alcance manual de, no máximo, 65
cm (sessenta e cinco centímetros) de raio em

18 SEGURANÇA, MEIO AMBIENTE, SAÚDE E RESPONSABILIDADE SOCIAL


cada lado, medidas centradas nos ombros do
operador em posição de trabalho, para livre
utilização e acesso de documentos; e) o plano
de trabalho deve ter bordas arredondadas;
f) as superfícies de trabalho devem ser
reguláveis em altura em um intervalo mínimo
de 13 cm (treze centímetros), medidos de
sua face superior, permitindo o apoio das
plantas dos pés no piso; g) o dispositivo de
apontamento na tela (mouse) deve estar
apoiado na mesma superfície do teclado,
colocado em área de fácil alcance e com
espaço suficiente para sua livre utilização; h)
o espaço sob a superfície de trabalho deve
ter profundidade livre mínima de 45 cm

Unidade 2
(quarenta e cinco centímetros) ao nível dos
joelhos e de 70 cm (setenta centímetros) ao
nível dos pés, medidos de sua borda frontal;
i) nos casos em que os pés do operador não
alcancem o piso, mesmo após a regulagem do
assento, deve ser fornecido apoio para os pés
que se adapte ao comprimento das pernas do
trabalhador, permitindo o apoio das plantas
dos pés, com inclinação ajustável e superfície
revestida de material antiderrapante; e j) os
assentos devem ser dotados de: I - apoio em
05 (cinco) pés, com rodízios cuja resistência
evite deslocamentos involuntários e que não
comprometam a estabilidade do assento;
II - superfícies onde ocorre contato corporal
estofadas e revestidas de material que
permita a perspiração; III - base estofada com
material de densidade entre 40 (quarenta)
a 50 (cinquenta) kg/m3 ; IV - altura da
superfície superior ajustável, em relação ao

SEGURANÇA, MEIO AMBIENTE, SAÚDE E RESPONSABILIDADE SOCIAL 19


piso, entre 37 cm (trinta e sete centímetros)
e 50 cm (cinquenta centímetros), podendo
ser adotados até três tipos de cadeiras
com alturas diferentes, de forma a atender
as necessidades de todos os operadores;
V - profundidade útil de 38 cm (trinta e
oito centímetros) a 46 cm (quarenta e seis
centímetros); VI - borda frontal arredondada;
VII - características de pouca ou nenhuma
conformação na base; VIII - encosto ajustável
em altura e em sentido anteroposterior, com
forma levemente adaptada ao corpo para
proteção da região lombar; IX - largura de,
no mínimo, 40 cm (quarenta centímetros)
e, com relação aos encostos, de no mínimo,
Unidade 2

30,5 cm (trinta vírgula cinquenta centímetros);


e X - apoio de braços regulável em altura de
20 cm (vinte centímetros) a 25 cm (vinte e
cinco centímetros) a partir do assento, sendo
que seu comprimento não deve interferir
no movimento de aproximação da cadeira
em relação à mesa, nem nos movimentos
inerentes à execução da tarefa. (Brasil, 1978)

Percebemos que uma boa postura não descarta


a adoção de medidas de proteção coletiva,
respaldadas na organização do ambiente de
IMPORTANTE trabalho e na adoção de mobiliário e fluxos
produtivos que contribuam para a adequação
ergonômica do posto de trabalho. O empregador
deverá prover os recursos físicos para prevenir os
riscos ergonômicos.

20 SEGURANÇA, MEIO AMBIENTE, SAÚDE E RESPONSABILIDADE SOCIAL


A importância da postura
A forma como posicionamos o nosso corpo é conhecida
como postura, e devemos manter nossa atenção para assegurar
que este posicionamento não force nenhuma estrutura
osteomuscular.

A postura neutra é sempre a mais indicada e tem por


fundamento o alinhamento do segmento do corpo que está sendo
utilizado.

Quanto à coluna, ela deve estar sempre alinhada, como


podemos ver na imagem a seguir.
Imagem 2.6 – Posturas erradas e corretas

Unidade 2
Postura correta Postura incorreta

Fonte: Freepik

SEGURANÇA, MEIO AMBIENTE, SAÚDE E RESPONSABILIDADE SOCIAL 21


Imagem 2.7 – Intervenção ergonomizadora em posto de trabalho com uso do computador

Ergonomia no trabalho
Como se sentar em sua mesa corretamente

Dor no
pescoço

Ombro

Pulso

Lombar
Unidade 2

Juntas do
joelho

Postura incorreta

22 SEGURANÇA, MEIO AMBIENTE, SAÚDE E RESPONSABILIDADE SOCIAL


Pescoços
e costas Monitor no nível
eretas dos olhos

Ombros re-
laxados, paralelos
ao chão

Almo-
Descanso fada de
de braço pulso
Descanso
de pé

Unidade 2
Postura correta

Fonte: Freepik

Assista ao vídeo “Ergonomia - Série Mão Dupla”, da


Fundacentro, que aborda a ergonomia de forma
bastante esclarecedora, acesse pelo QR-Code.
SAIBA MAIS

SEGURANÇA, MEIO AMBIENTE, SAÚDE E RESPONSABILIDADE SOCIAL 23


E, então? Gostou do que lhe mostramos? Aprendeu
mesmo tudinho? Agora, só para termos certeza de
que você realmente entendeu o tema de estudo
RESUMINDO deste capítulo, vamos resumir tudo o que vimos.
Neste capítulo, você aprendeu sobre a saúde e
a qualidade de vida no trabalho e a ergonomia.
Viu como aplicar a ergonomia, seu conceito e
histórico, bem como as principais medidas de
proteção contra riscos ergonômicos. Aprendeu
ainda que os principais problemas que acometem
os trabalhadores são as lesões por esforços
repetitivos (LER) e os distúrbios osteomusculares
relacionados ao trabalho (DORT). Compreendeu
que a forma como posicionamos o nosso corpo é
conhecida como postura, e devemos manter nossa
atenção para assegurar que este posicionamento
Unidade 2

não force nenhuma estrutura osteomuscular.

24 SEGURANÇA, MEIO AMBIENTE, SAÚDE E RESPONSABILIDADE SOCIAL


Trabalho e qualidade de vida
Ao término deste capítulo, você será capaz de
compreender a importância da qualidade de
vida no trabalho e as ações que promovem a
OBJETIVO manutenção de um bom clima organizacional.
E, então? Motivado para desenvolver esta
competência? Vamos lá!

História do trabalho
Bonzatto (2011) considera que o trabalho tem duas
conotações: uma associada ao sofrimento, cuja etimologia deriva
do instrumento de tortura “tripalium”, e outra positiva, relacionada

Unidade 2
ao enobrecimento do ser humano, com derivação semântica da
palavra “lavoro”, de cultivar, lavorar.
Figura 2.8 – Trabalho e vida pessoal

Fonte: Freepik

SEGURANÇA, MEIO AMBIENTE, SAÚDE E RESPONSABILIDADE SOCIAL 25


Mas, infelizmente, temos muitas referências negativas ao
trabalho:

• “Ganharás o pão com o suor do teu rosto” (Gênesis


3:19).

• “Quem trabalha muito não tem tempo para ganhar


dinheiro”.

• “O trabalho embrutece o espírito” – o trabalho para a


Grécia Antiga.

Na Antiguidade, talvez não tão antiga assim, o trabalho era


relegado aos prisioneiros de guerra, escravos e miseráveis, que
precisavam de recursos para sobreviver e vendiam sua força de
trabalho para os detentores dos meios de produção, muitas vezes,
Unidade 2

unicamente pela alimentação e moradia.

Várias foram as revoltas e lutas das classes menos


favorecidas, expostas a situações degradantes e desumanas.

Na França do século XVIII, relata-se uma história


em que aprendizes de uma gráfica, indignados
com as condições dadas aos gatos de seus
SAIBA MAIS patrões, bem melhores que as suas, cometeram
um ato repugnante, conhecido como “Massacre
dos Gatos”. Você pode acessar um relato sobre o
episódio disponível no QR-Code.

26 SEGURANÇA, MEIO AMBIENTE, SAÚDE E RESPONSABILIDADE SOCIAL


Atualmente, a legislação trabalhista conquistou um grande
avanço. Várias situações foram ajustadas e, em muitos países,
a Justiça do Trabalho já é uma realidade, mas não em todos,
infelizmente.

Nos países em que o trabalho é visto de forma positiva e


tratado com respeito e justiça, a próxima fronteira é trabalhar a
qualidade de vida neste ambiente. Vamos conhecer melhor esse
lado positivo.

Qualidade do trabalho
Podemos observar que a “qualidade” é algo muito subjetivo,
pois está diretamente relacionada à satisfação das necessidades
dos clientes, que são pessoas com necessidades diversas.

Unidade 2
A estratégia para se conseguir o máximo de eficácia na
tarefa de atender essas necessidades é segmentar o público-alvo
e determinar o padrão de qualidade ideal para cada um, levando
em consideração todos os aspectos deste produto ou serviço,
que abrange desde as matérias-primas, valores, marketing, entre
outros. Por isso temos várias linhas de um mesmo produto ou
serviço, cada um deles atendendo um público diferente, com
diferentes expectativas de qualidade.

Princípios da qualidade
A Norma Internacional ISO 9001 é responsável por
estabelecer as diretrizes para o Sistema de Gestão da Qualidade
(SGQ), assegurando que os produtos ou serviços atendam aos
padrões previamente especificados. Costumamos dizer que este
sistema de qualidade consiste na validação de que o resultado
do trabalho satisfaz exatamente o que foi programado, ou seja,
escrever o que se deve fazer e fazer o que está escrito.

SEGURANÇA, MEIO AMBIENTE, SAÚDE E RESPONSABILIDADE SOCIAL 27


Acesse o informativo da Associação Brasileira
de Normas Técnicas (ABNT) sobre a ISO 9001 e
aprofunde seus conhecimentos. Disponível no QR-
SAIBA MAIS Code.

Vejamos agora os princípios básicos da Qualidade,


segundo a NBR ISO 9001, em sua versão de 2015:
• foco no cliente – sempre ter como direcionamento
Unidade 2

a satisfação das necessidades dos clientes, utilizando


ferramentas e estratégias para atender e superar as
expectativas deles;
• liderança – para que os objetivos de uma empresa
sejam alcançados, é fundamental que a liderança esteja
em perfeita sintonia com as diretrizes do SGQ. Seus
líderes devem assegurar que a missão, visão e os valores
sejam internalizados por todos, assim como devem
garantir as condições necessárias para que o trabalho
seja executado de acordo com as normas. Autonomia e
valorização do trabalhador, bem como reconhecimento
pelo seu trabalho e ideias são fatores da liderança que
impactam diretamente na implantação e manutenção
dos sistemas da qualidade;
• engajamento das pessoas – a ISO 9001 considera
que o engajamento (envolvimento) das pessoas com
a organização potencializa o processo de criação e
superação dos resultados. Quando os trabalhadores
são empoderados e reconhecidos, o sentimento de
satisfação afeta direta e positivamente a sua produção.

28 SEGURANÇA, MEIO AMBIENTE, SAÚDE E RESPONSABILIDADE SOCIAL


• abordagem de processo – esse princípio indica que
a organização deve abordar seus processos de forma
conectada, pois todos estão interligados e impactam
uns nos outros, influenciando o resultado final do
trabalho.

• melhoria – deve ser contínua e se fundamentar nos


quatro passos da técnica de gestão conhecida como
Ciclo PDCA:

• P – Plan (planejar);

• D – Do (fazer);

• C – Check (verificar);

• A – Action (agir).

Unidade 2
Imagem 2.9 - Ciclo do PDCA, a principal ferramenta de melhoria contínua da qualidade

• Definição de meta
• Padronização dos
resultados posivitos • Análise do problema

• Tratamento dos • Análise das causas


desvios • Elaboração dos
planos de ação
A P

C D
• Treinamento
• Verificação dos
resultados • Execução dos planos
de ação

Fonte: TCE-PR (c20230).

SEGURANÇA, MEIO AMBIENTE, SAÚDE E RESPONSABILIDADE SOCIAL 29


O PDCA foi popularizado pelo Dr. Deming,
considerado o pai do controle de qualidade
moderno, mas ele sempre se referiu ao PDCA como
VOCÊ SABIA? o “ciclo de Shewhart”. Deming também modificou
o PDCA para PDSA (Plan, Do, Study, Act), por sentir
a necessidade de enfatizar o passo de estudar o
processo para poder ajustá-lo de acordo com o
planejado.

• tomada de decisão com base em evidência – todo


processo deve ser documentado a fim de que essas
evidências possam servir como base para decisões de
melhorias futuras.

• gestão de relacionamento – este princípio está


Unidade 2

diretamente relacionado à qualidade de vida e ao clima


organizacional, no que se refere aos empregados, pois
assegurar que as relações sejam benéficas para todas
as partes interessadas no processo aplica-se a todos os
atores comprometidos com o sucesso da organização:
empregados, sindicatos, investidores, órgãos públicos
e a própria sociedade.

Qualidade de vida no trabalho


O princípio da gestão do relacionamento deve
fundamentar as ações de qualidade de vida de uma organização,
pois os trabalhadores são atores fundamentais para assegurar a
qualidade do produto ou serviço que estiver sendo ofertado.

Um aspecto norteador importante que deve ser levado


em consideração é prover a satisfação das necessidades dos
trabalhadores, no próprio ambiente de trabalho. Podemos
fundamentar essas necessidades na “Pirâmide das Necessidades
Humanas” proposta pelo psicólogo Abraham Harold Maslow.

30 SEGURANÇA, MEIO AMBIENTE, SAÚDE E RESPONSABILIDADE SOCIAL


Conforme vemos na imagem seguinte, essa pirâmide classifica as
necessidades humanas em cinco níveis, comparados aos degraus
para subir a pirâmide.
Imagem 2.10 - Pirâmide das Necessidades de Maslow

Moralidade, criatividade, espontanei-


Realização pessoal dade, solução de problemas, ausência
de preconceitos, aceitação dos fatos.

Autoestima, Confiança, conquista, Res-


Estima peito dos outros, respeito aos outros

Amor/ Amizade, família, intimidade sexual


Relacionamento
Segurança do corpo, do emprego, de
Segurança recursos, da moralidade, da família, da
saúde, da propriedade

Unidade 2
Respiração, comida, água, sexo, sono,
Fisiologia homeostase, exceção

Fonte: Wikimedia Commons

Ter as necessidades humanas como régua auxilia a


empresa a adotar ações que visem suprir essas necessidades.

Estratégias para manutenção da


qualidade de vida no trabalho
Sentir-se bem no trabalho é fundamental para nossa
saúde física e mental. Afinal, passamos a maior parte do dia nele.

Vamos associar as necessidades da Pirâmide de Maslow


e indicar possíveis alternativas que podem ser adotadas
pelas empresas para melhorar a Qualidade de Vida de seus
colaboradores no ambiente de trabalho.

SEGURANÇA, MEIO AMBIENTE, SAÚDE E RESPONSABILIDADE SOCIAL 31


Destacamos que essas ações também irão melhorar,
por tabela, o clima organizacional. Afinal, é muito bom sentir-se
cuidado, não é verdade?
Imagem 2.11 – Ações para melhorar a qualidade de vida do trabalhador

Fisiológica

• Ambiente iluminado, com boa ventilação e limpo.

• Sanitários, vestiários e áreas de vivência que atendam às


normas vigentes, proporcionando também conforto e bem-
estar.

• Espaço para refeições, quando aplicável.


Unidade 2

• Uma copa acolhedora.

• Alimentação de qualidade, quando aplicável.

Segurança

• Aplicar as normas de Segurança e Saúde do Trabalho, a


fim de preservar a integridade física e saúde de todos os
colaboradores.

• Proporcionar um plano de benefícios extensivo à família.

• Adotar um Plano de Cargos e Carreira, com remuneração


justa.

32 SEGURANÇA, MEIO AMBIENTE, SAÚDE E RESPONSABILIDADE SOCIAL


Relacionamento

• Fortalecer um clima organizacional de respeito e diálogo.

• Promover ações colaborativas, voltadas para o público


interno ou externo à organização.

• Implementar estratégias de gestão democrática e


participativa.

Unidade 2
Estima

• Fortalecer e reconhecer esforços e destaques internos,


independente da área de atuação. Exemplo: talentos
internos, ações solidárias.

• Estimular o desenvolvimento das potencialidades


identificadas.

SEGURANÇA, MEIO AMBIENTE, SAÚDE E RESPONSABILIDADE SOCIAL 33


Realização pessoal

• Possibilitar o crescimento do trabalhador, através de


processos internos de seleção.

• Investir em formação continuada por meio da aprendizagem


corporativa, que pode, inclusive, não estar diretamente
relacionada com a função do colaborador, mas com algo que
agrege para ele satisfação e auto-realização.

• Estimular ações de responsabilidade social e humanitária,


pois um dos fatores que auxilia em nossa realização pessoal
é nos sentirmos úteis e participativos na construção de um
mundo melhor.
Unidade 2

Fonte: Elaborado pela autoria (2023).

A depender das especificidades da empresa, algumas das


ações acima podem não ter aplicação prática como, por exemplo,
o fornecimento de alimentação, mais comum em indústrias.

O mais importante é a postura da organização em prover,


dentro de suas condições e realidade, o melhor ambiente para
seus colaboradores, tratando-os sempre com respeito, de forma
ética e justa.

34 SEGURANÇA, MEIO AMBIENTE, SAÚDE E RESPONSABILIDADE SOCIAL


Qualidade de vida no trabalho é um tema de grande
importância nos dias de hoje. Vamos conhecer
o posicionamento de um grande especialista?
SAIBA MAIS Assista ao vídeo “Qualidade de vida no trabalho”
em que Max Gehringer aborda o tema. Disponível
no QR-Code.

E, então? Gostou do que lhe mostramos? Aprendeu


mesmo tudinho? Agora, só para termos certeza de

Unidade 2
que você realmente entendeu o tema de estudo
RESUMINDO deste capítulo, vamos resumir tudo o que vimos.
Abordamos a história do trabalho, a importância
da qualidade de vida no trabalho e as ações que
promovem a manutenção de um bom clima
organizacional. Vimos os princípios da qualidade
e as estratégias de manutenção da qualidade de
vida no trabalho. Os princípios da qualidade são
diretrizes fundamentais que orientam a gestão
da qualidade em organizações e processos. Eles
são amplamente aceitos e aplicados em diversos
setores e sistemas de gestão da qualidade. Ao
implementar essas estratégias, as organizações
podem criar um ambiente de trabalho mais
saudável, produtivo e satisfatório, que beneficia
tanto os funcionários quanto a empresa como um
todo.

SEGURANÇA, MEIO AMBIENTE, SAÚDE E RESPONSABILIDADE SOCIAL 35


Saúde ocupacional
Ao término deste capítulo, você será capaz de
compreender a importância e aplicação da
saúde ocupacional no ambiente de trabalho,
OBJETIVO bem como reconhecer as ações voltadas para a
manutenção da saúde e prevenção de doenças,
aplicáveis a partir na Norma Regulamentadora que
trata do Programa de Controle Médico e Saúde
Ocupacional. E, então? Motivado para desenvolver
esta competência? Vamos lá!

Saúde ocupacional
A Norma Regulamentadora que estabelece as principais
Unidade 2

diretrizes de atuação da saúde ocupacional em uma empresa


é a NR-07, que trata do Programa de Controle Médico e Saúde
Ocupacional, mais conhecido como PCMSO.
Imagem 2.12 – Saúde ocupacional

Fonte: Freepik

36 SEGURANÇA, MEIO AMBIENTE, SAÚDE E RESPONSABILIDADE SOCIAL


Os objetivos da NR-07 são:

• estabelecer a obrigatoriedade de elaboração e


implementação, por parte de todos os empregadores
e instituições que admitam trabalhadores como
empregados, do PCMSO, com o objetivo de promoção
e preservação da saúde do conjunto dos seus
trabalhadores;

• estabelecer os parâmetros mínimos e diretrizes gerais a


serem observados na execução do PCMSO, podendo ser
ampliados mediante negociação coletiva de trabalho;

• indicar que cabe à empresa contratante de mão de


obra prestadora de serviços informar a empresa
contratada os riscos existentes e auxiliar na elaboração

Unidade 2
e implementação do PCMSO nos locais de trabalho
onde os serviços estão sendo prestados.

Bernardino Ramazzini, médico italiano nascido


em Capri, no ano de 1633, é considerado o pai
da Medicina do Trabalho (MT) devido à obra “As
VOCÊ SABIA? doenças dos trabalhadores”, publicada em 1700
e traduzida para o português pelo Dr. Raimundo
Estrela. Nele, o autor relaciona 54 profissões
e descreve os principais problemas de saúde
apresentados pelos trabalhadores, chamando
a atenção para a necessidade de os médicos
conhecerem a ocupação atual e pregressa de seus
pacientes ao fazer o diagnóstico correto e adotar
os procedimentos adequados.

Mendes e Dias (1991) nos apresentam uma história bastante


interessante sobre os primórdios da Medicina do Trabalho, na
primeira metade do século XIX, com a Revolução Industrial,
quando um proprietário de uma fábrica têxtil, preocupados com

SEGURANÇA, MEIO AMBIENTE, SAÚDE E RESPONSABILIDADE SOCIAL 37


a saúde de seus empregados, consultou seu médico, o Dr. Robert
Baker, que lhe falou o seguinte:
Coloque no interior da sua fábrica o seu
próprio médico, que servirá de intermediário
entre você, os seus trabalhadores e o público.
Deixe-o visitar a fábrica, sala por sala, sempre
que existam pessoas trabalhando, de maneira
que ele possa verificar o efeito do trabalho
sobre as pessoas. Se ele verificar que qualquer
dos trabalhadores está sofrendo a influência
de causas que possam ser prevenidas, a ele
competirá fazer tal prevenção. Dessa forma
você poderá dizer: meu médico é a minha
defesa, pois a ele dei toda a minha autoridade
Unidade 2

no que diz respeito à proteção da saúde e


das condições físicas dos meus operários. Se
algum deles vier a sofrer qualquer alteração
da saúde, o médico unicamente é que deve
ser responsabilizado. (MENDES; DIAS, 1991)

Muita responsabilidade, concorda? Claro que a


responsabilidade deve ser compartilhada, mas ao médico do
trabalho cabe organizar as ações que visem a preservação da
saúde de todos os trabalhadores.

Objetivos da Medicina do
Trabalho
A principal missão da Medicina do Trabalho é propor e
acompanhar as ações necessárias para a preservação da saúde do
trabalhador. É uma tarefa que deverá ser também partilhada com
os profissionais de Engenharia e Segurança do Trabalho, além de
contar com a colaboração de toda empresa, a fim de identificar os
riscos e adotar as ferramentas mais eficientes para sua prevenção.

38 SEGURANÇA, MEIO AMBIENTE, SAÚDE E RESPONSABILIDADE SOCIAL


Apresentamos a seguir alguns objetivos estratégico da
Medicina do Trabalho:

• conhecer os riscos inerentes às atividades desenvolvidas


na empresa, por meio da análise dos postos de
trabalho. Essa tarefa é compartilhada com a equipe de
segurança;

• a partir da análise dos riscos, mapear os possíveis


impactos à saúde do trabalhador;

• elaborar e/ou atuar na implementação e manutenção do


PCMSO, zelando pela observância das recomendações
indicadas no documento;

• assegurar o cumprimento da realização dos exames

Unidade 2
médicos ocupacionais, que, de acordo com a NR-07,
são:

• admissional;

• periódico;

• de retorno ao trabalho;

• de mudança de função;

• demissional.

Ao realizar o exame médico ocupacional, o médico do


trabalho deverá emitir o Atestado de Saúde Ocupacional (ASO),
entregando ao trabalhador a segunda via, após ter assinado
o recibo na primeira via. O ASO deverá conter, no mínimo, as
seguintes informações (NR-07):

a. Razão social e CNPJ ou CAEPF da organização;

b. nome completo do trabalhador, o número de registro


de sua identidade e sua função;

SEGURANÇA, MEIO AMBIENTE, SAÚDE E RESPONSABILIDADE SOCIAL 39


c. a descrição dos perigos ou fatores de risco identificados
e classificados no PGR que necessitem de controle
médico previsto no PCMSO, ou a sua inexistência;

d. indicação dos procedimentos médicos a que foi


submetido o trabalhador, incluindo os exames
complementares e a data em que foram realizados;

e. indicação e data de realização dos exames ocupacionais


clínicos e complementares a que foi submetido o
empregado;

f. definição de apto ou inapto para a função específica


que o trabalhador vai exercer, exerce ou exerceu;

g. nome do médico encarregado do exame e endereço ou


Unidade 2

forma de contato;

h. data e assinatura do médico encarregado do exame e


carimbo contendo seu número de inscrição no Conselho
Regional de Medicina.

Higiene ocupacional
Um grande aliado da medicina do trabalho é a higienista
ocupacional, responsável pela identificação (ou reconhecimento),
avaliação, prevenção e controle dos riscos existentes no ambiente
de trabalho. Os riscos ocupacionais são, na realidade, os riscos
físicos, químicos e biológicos, em conformidade com a NR-09, que
trata do Programa de Prevenção dos Riscos Ambientais (PPRA).
São atribuições do higienista ocupacional, entre outros:

• avaliar os riscos;

• analisar a eficácia dos meios de prevenção adotados;

• criar procedimento de análise quantitativa dos


contaminantes;

40 SEGURANÇA, MEIO AMBIENTE, SAÚDE E RESPONSABILIDADE SOCIAL


• identificar relação da função com possíveis doenças;

• emitir relatórios com recomendações para o controle


dos riscos;

• pesquisar causas das doenças do trabalho;

• especificar os meios de proteção adequados para o


trabalhador;

• elaborar procedimentos para trabalhos de alto risco,


como os executados em espaços confinados, em altura
etc.

A Fundacentro dispõe de normas específicas de


Higiene Ocupacional, conhecidas como Normas
NHO. Você pode acessá-las pelo QR-Code.

Unidade 2
SAIBA MAIS

Doenças ocupacionais
As doenças ocupacionais são aquelas que têm relação
direta com os riscos existentes no ambiente de trabalho e podem
ser:

• doenças profissionais (tecnopatias) – provocadas por


riscos inerentes ao trabalho e reguladas pelo Decreto
n.º 3.048, de 6 de maio de 1999, em seu anexo II, que
trata dos agentes patogênicos causadores de doenças
profissionais ou do trabalho, conforme previsto no art.
20 da Lei n.º 8.213, de 24 de julho de 1991.

SEGURANÇA, MEIO AMBIENTE, SAÚDE E RESPONSABILIDADE SOCIAL 41


Você pode acessar a lista completa das doenças
ocupacionais reconhecidas por Lei, disponível no
QR-Code.
SAIBA MAIS

Imagem 2.13 - Decibelímetro


Unidade 2

Fonte: Wikimedia Commons

Vejamos na imagem a seguir alguns exemplos de doenças


profissionais versus doenças do trabalho.

42 SEGURANÇA, MEIO AMBIENTE, SAÚDE E RESPONSABILIDADE SOCIAL


Imagem 2.14 – Doenças profissionais versus doenças do trabalho

Doenças profissionais Doenças do trabalho

• Saturnismo (exposição
ao chumbo). • Perda auditiva.

• Silicose (exposição à • DORT/LER.


sílica).

Fonte: Elaborado pela autoria (2023).

Programa de Controle Médico e


Saúde Ocupacional (PCMSO)

Unidade 2
É muito importante saber que o dever de implementar e
manter o PCMSO é do empregador, como a própria norma afirma,
em conjunto com outros deveres.
Imagem 2.15 – Médico do trabalho

Fonte: Pixabay

SEGURANÇA, MEIO AMBIENTE, SAÚDE E RESPONSABILIDADE SOCIAL 43


Cabe ao empregador, de acordo com a NR-07:
a) garantir a elaboração e efetiva implantação
do PCMSO;

b) custear sem ônus para o empregado todos


os procedimentos relacionados ao PCMSO;

c) indicar médico do trabalho responsável


pelo PCMSO. (Brasil, 2021)

Os benefícios da implantação do PCMSO na empresa


transcendem o próprio ambiente do trabalho, pois um trabalhador
consciente da importância de preservar a saúde cuidará dela
também fora da empresa, além do fato de, muitas vezes, não ter
acesso a uma assistência médica fora do trabalho.
Unidade 2

É muito importante que o PCMSO também contemple


ações de abrangência geral, como palestras, treinamentos,
campanhas de vacinação, campanhas de exames de prevenção
(câncer de mama, de próstata, diabetes, vista, pressão, IST, entre
outros).

44 SEGURANÇA, MEIO AMBIENTE, SAÚDE E RESPONSABILIDADE SOCIAL


E, então? Gostou do que lhe mostramos? Aprendeu
mesmo tudinho? Agora, só para termos certeza
de que você realmente entendeu o tema de
RESUMINDO estudo deste capítulo, vamos resumir tudo o que
vimos. Vimos a importância e aplicação da saúde
ocupacional no ambiente de trabalho. A aplicação
da saúde ocupacional envolve a identificação,
avaliação e controle de riscos ocupacionais, a
promoção de práticas de trabalho seguras, a
capacitação dos funcionários em segurança no
trabalho, a oferta de exames médicos ocupacionais,
a investigação de acidentes e incidentes, entre
outras atividades. Em resumo, a saúde ocupacional
desempenha um papel crucial na proteção
da saúde e segurança dos trabalhadores e na
promoção de ambientes de trabalho produtivos

Unidade 2
e saudáveis. Você aprendeu a reconhecer as
ações voltadas para a manutenção da saúde e
prevenção de doenças. A implementação dessas
ações demonstra o compromisso da empresa
com a saúde e a segurança de seus funcionários,
resultando em equipes mais saudáveis, produtivas
e engajadas, além de uma redução nos custos
associados a licenças médicas e problemas de
saúde relacionados ao trabalho. Discutimos sobre
o PCMSO, fundamental para a gestão da saúde
ocupacional dos trabalhadores em uma empresa.

SEGURANÇA, MEIO AMBIENTE, SAÚDE E RESPONSABILIDADE SOCIAL 45


Primeiros socorros
Ao término deste capítulo, você será capaz de atuar
em situações de emergência que envolvam vítimas,
prestando os primeiros socorros com o objetivo
OBJETIVO de preservar os sinais vitais da vítima e minimizar
as lesões e/ou sequelas do acidente. E, então?
Motivado para desenvolver esta competência?
Vamos lá!

Primeiros socorros
Primeiros socorros, também denominados de atendimento
pré-hospitalar, são ações tomadas para atendimento às vítimas
de acidentes ou males súbitos, por meio das quais pessoas
Unidade 2

devidamente treinadas realizam procedimentos para controlar e


manter os sinais vitais da vítima, atuando também na aplicação
dos primeiros cuidados com as lesões, visando reduzir o dano e
evitar complicações futuras.

O primeiro socorro cessa quando a equipe médica assume


o caso. Esse procedimento está presente no atendimento a nas
emergências médicas, representado pelo símbolo da Estrela da
Vida, como podemos ver na imagem a seguir.

46 SEGURANÇA, MEIO AMBIENTE, SAÚDE E RESPONSABILIDADE SOCIAL


Imagem 2.16 – Estrela da vida, símbolo usado nas ambulâncias de emergência de diversos
países para significar os seis estágios do socorro pré-hospitalar

01

Detecção
06 precoce

Transferência
02
para os cuidados
definitivos Alerta

05
02
Cuidados no

Unidade 2
transportes Pré-socorro

04

Socorro no local
do acidente

Fonte: Wikimedia Commons

Ao prestar atendimento em uma situação de emergência,


é fundamental que o socorrista esteja atento às questões
relacionadas à humanização do atendimento. Apesar de parecer
algo lógico, a sociedade moderna, com níveis de estresse elevados,
tem levado as pessoas a se portarem sem empatia com seu
próximo.

Mas, o que vem a ser empatia?

SEGURANÇA, MEIO AMBIENTE, SAÚDE E RESPONSABILIDADE SOCIAL 47


Empatia é se colocar no lugar do outro. É
capacidade psicológica para sentir o que sentiria
uma outra pessoa caso estivesse na mesma
DEFINIÇÃO situação vivenciada por ela.

Vejamos algumas orientações do Corpo de Bombeiros


(2016) para tornar o atendimento a uma vítima de trauma mais
digno e humano:

• focar não somente o objeto traumático, mas também


os aspectos globais que envolvem o paciente, não se
limitando apenas às questões físicas, mas também aos
aspectos emocionais;

• manter sempre contato com a vítima, demonstrando


Unidade 2

empatia;

• dar atenção às queixas do paciente, buscando confortá-


lo na tentativa de amenizar a sua dor;

• sempre que possível, manter a vítima informada quanto


aos procedimentos a serem adotados;

• respeitar o modo e a qualidade de vida do traumatizado.

Perfil do socorrista
Essencialmente, o socorrista é uma pessoa que deseja
ajudar e minimizar a dor do outro, mas apenas isso não basta para
que o socorro seja efetivo.

Vejamos algumas características que o socorrista deverá


desenvolver:

• ter boa saúde e disposição física;

48 SEGURANÇA, MEIO AMBIENTE, SAÚDE E RESPONSABILIDADE SOCIAL


• prestar um atendimento humanizado, compreensivo,
ter criatividade e iniciativa, respeito e liderança, entre
outros;

• cumprir os procedimentos técnicos em conformidade


com as normas vigentes, despendendo o máximo
cuidado no atendimento às vítimas;

• ser qualificado em primeiros socorros;

• ser proativo e ter um bom senso de observação;

• conhecer os próprios limites e não os exceder;

• respeitar a privacidade das vítimas, não as expondo


sem necessidade;

• zelar pela própria segurança, afinal, não devemos nos

Unidade 2
tornar uma nova vítima.

Conhecimento básico do corpo


humano
O socorrista deve conhecer minimamente os sistemas que
formam o corpo humano e suas funcionalidades básicas, a fim de
auxiliar na análise prévia da situação e a prioridade que deve ser
atribuída a cada tipo de lesão.

Podemos partir de uma reflexão básica – o corpo pode vir


a óbito por duas razões: quando paramos de respirar ou quando o
sangue deixa de circular. Ambas as funções são associadas a dois
órgãos vitais: pulmões e coração.

SEGURANÇA, MEIO AMBIENTE, SAÚDE E RESPONSABILIDADE SOCIAL 49


O coração de um homem adulto é do tamanho de
um punho fechado e pesa apenas 340 gramas. É
dividido em quatro partes: 2 átrios, que recebem o
VOCÊ SABIA? sangue das veias e 2 ventrículos, que impulsionam
o sangue para dentro das artérias. Funciona ao
ritmo médio de 72 batidas por minuto (104 mil por
dia), 38 milhões por ano e algo em torno de 2,5
bilhões de pulsações ao longo da vida. Ele bombeia
85 gramas de sangue a cada batida, o que equivale
a mais de 9 mil litros por dia.

O coração gera seu próprio impulso elétrico,


independentemente da função cerebral. Isso faz com que ele
consiga continuar batendo fora do corpo humano, desde que
haja um suporte de oxigênio. É isso que viabiliza o transplante do
Unidade 2

órgão.

O horário de maior incidência de ataques cardíacos é entre


6 horas da manhã até 12 horas. Ao despertar e iniciar as atividades
do dia, a pressão arterial de todas as pessoas aumenta; o fato é
comum e conhecido. Para pessoas hipertensas, esta ascensão da
pressão pode provocar infartos fatais. Em torno de 40 a 60% dos
pacientes infartados sofrem de hipertensão.
Imagem 2.17 – Coração

Fonte: Wikimedia Commons

50 SEGURANÇA, MEIO AMBIENTE, SAÚDE E RESPONSABILIDADE SOCIAL


Sistema respiratório
O aparelho respiratório é formado pelo nariz, faringe,
laringe, traqueia, brônquios e pulmões.

Este sistema é responsável pelo envio do oxigênio a todas


as células de nosso corpo, transportado pelo sangue, partindo dos
pulmões e retornando com o anidrido carbônico liberado pelas
células. Este, por sua vez, retorna à atmosfera quando expiramos.

Respirar é o ato de “inspirar” e “expirar”, ou seja,


puxar o ar para dentro do sistema respiratório
(inspirar) e devolvê-lo de volta à atmosfera
IMPORTANTE (expirar).

Unidade 2
Imagem 2.18 – Sistema respiratório

Fonte: Freepik

Sistema circulatório
Também conhecido como sistema cardiovascular, é
formado pelo coração, sangue e uma complexa rede de vasos
sanguíneos.

SEGURANÇA, MEIO AMBIENTE, SAÚDE E RESPONSABILIDADE SOCIAL 51


O sangue transporta para as células tudo que elas precisam
para o seu funcionamento: nutrientes, oxigênio e hormônios.

Existem três tipos de vasos sanguíneos em nosso


corpo: artérias, veias e capilares:

• as artérias são espessas e transportam sangue do


coração para os diversos tecidos do corpo;

• as veias são mais finas e transportam sangue dos


diversos tecidos do corpo para o coração;
Imagem 2.19 - Sistema Circulatório
Unidade 2

Fonte: Freepik

• os vasos capilares são muito finos, praticamente


microscópicos, e estão presentes nos tecidos do corpo
humano, cedendo nutrientes, gás oxigênio e hormônios
às células, atuando também no recolhimento do gás
carbônico e resíduos do metabolismo celular.

52 SEGURANÇA, MEIO AMBIENTE, SAÚDE E RESPONSABILIDADE SOCIAL


Sistema osteomuscular
O sistema osteomuscular é o responsável pela
sustentação postural de nosso corpo, possibilitando-nos a
mobilidade e flexibilidade, quando em perfeitas condições. Todos
os movimentos são comandados pelo nosso cérebro por meio
de impulsos enviados pela espinha dorsal a toda a estrutura
muscular.

Devido à fragilidade da região da espinha dorsal, formada


por 33 vértebras, todo trauma deverá ser tratado com o máximo
cuidado, já que pode potencialmente causar lesões gravíssimas ao
sistema nervoso, podendo provocar paralisações nos movimentos
dos membros inferiores, conhecidos como paraplegia ou

Unidade 2
tetraplegia.

Paraplegia é quando não existe movimento da cintura


pélvica para baixo, e a tetraplegia afeta os quatro membros
(braços e pernas).

Parada cardiorrespiratória (PCR)


É caracterizada quando existe uma parada das funções
cardíacas e respiratórias. Os sinais da PCR são a inconsciência,
a ausência de pulso e de respiração. Na ocorrência de uma
PCR, a Associação Americana do Coração orienta o seguinte
procedimento:

1. chamar de imediato o socorro médico;

2. aplicar o RCP (reanimação cardiopulmonar);

3. ventilar (respiração artificial);

4. manter o procedimento até a chegada do socorro.

SEGURANÇA, MEIO AMBIENTE, SAÚDE E RESPONSABILIDADE SOCIAL 53


Imagem 2.20 - RCP

Fonte: Freepik

Reanimação cardiopulmonar (RCP) é o conjunto de


técnicas destinadas a ventilar o sistema respiratório
da vítima, como respiração boca a boca associada
DEFINIÇÃO à massagem cardíaca, entre outras.
Unidade 2

O procedimento para realização da RCP deverá obedecer a


sequência descrita a seguir.
Quadro 2.2 – Sequência do PCR

Os socorristas devem Os socorristas não devem


Realizar compressões torácicas a uma Comprimir a uma frequência inferior a
frequência de 100 a 120/min 100/min ou superior a 120/min
Comprimir a uma profundidade
Comprimir a uma profundidade de
inferior a 2 polegadas (5 cm) ou
pelo menos 2 polegadas (5 cm)
superior a 2,4 polegadas (6 cm)
Permitir o retorno total do tórax após Apoiar-se sobre o tórax entre as
cada compressão compressões
Minimizar as interrupções nas Interromper as compressões por mais
compressões de 10 segundos
Ventilar adequadamente (2
Aplicar a ventilação excessiva (ou
respirações após 30 compressões,
seja, uma quantidade excessiva de
cada respiração administrada em 1
respirações ou respirações com força
segundo provocando a elevação do
excessiva)
tórax

Fonte: Elaborado pela autoria (2023).

54 SEGURANÇA, MEIO AMBIENTE, SAÚDE E RESPONSABILIDADE SOCIAL


Hemorragias
A hemorragia corresponde à perda de sangue por trauma
ou alguma doença, podendo ser externa ou interna. A externa é
facilmente identificada, mas a interna inspira cuidados especiais,
sendo, neste caso, necessário verificar alguns sinais:

• palidez e cansaço;

• pulso rápido e fraco;

• respiração acelerada;

• muita sede;

• queda da pressão;

Unidade 2
• náuseas ou vômitos com sangue;

• confusão mental ou desmaios;

• muita dor do abdômen, que fica endurecido.

Para conter o fluxo de sangue, o socorrista deverá aplicar


uma compressa limpa sobre o ferimento, fazendo uma leve
compressão.

Não se deve aplicar nenhuma substância, nem


movimentar o membro afetado, pois ele poderá
estar fraturado e corre-se o risco de aumentar a
IMPORTANTE lesão.

SEGURANÇA, MEIO AMBIENTE, SAÚDE E RESPONSABILIDADE SOCIAL 55


Imagem 2.21 – Braço com hemorragia arterial

Fonte: Wikimedia Commons

Fraturas
Uma fratura acontece quando um osso é submetido a um
trauma e tem interrupção em sua continuidade. Essa interrupção
Unidade 2

pode ser total ou parcial.

A fratura pode ser interna ou externa, quando o osso é


projetado para fora da pele.

• sinais da fratura;

• muita dor no local;

• percepção de fragmentos do osso ao apalpar a área;

• deformação no membro.

56 SEGURANÇA, MEIO AMBIENTE, SAÚDE E RESPONSABILIDADE SOCIAL


Imagem 2.22 – Fratura fêmur

Unidade 2
Fonte: Wikimedia Commons

Como tratar:

• chame o socorro imediatamente;

• imobilize o local, buscando colocar o membro numa


posição neutra;

• caso a fratura tenha sido externa, não tente colocar o


osso no lugar;

• o socorrista deve apenas cobrir o local com um pano


limpo e aguardar o socorro.

Choque elétrico
A descarga elétrica no corpo humano pode causar a morte
instantânea ou lesões graves, além de comprometer o sistema
cardiopulmonar.

Vejamos as ações que devem ser tomadas:

• isole a fonte de energia, antes de tocar na vítima.;

SEGURANÇA, MEIO AMBIENTE, SAÚDE E RESPONSABILIDADE SOCIAL 57


• afaste a vítima da fonte elétrica que estava provocando
o choque, lembrando de usar materiais isolantes e
secos como a madeira, borracha, plástico etc.;

• acione a emergência médica;

• caso a vítima esteja consciente, ajude-a a manter a


calma até a chegada do socorro;

• com a vítima inconsciente, mas respirando, posicione-a


na posição lateral, devidamente apoiada;

• para vítimas inconscientes e não respirando, o socorrista


deverá iniciar com a máxima urgência o procedimento
de RCP.
Imagem 2.23 – Trabalho sob risco de choque elétrico
Unidade 2

Fonte: Freepik

58 SEGURANÇA, MEIO AMBIENTE, SAÚDE E RESPONSABILIDADE SOCIAL


Intoxicação/Envenenamento
Uma substância tóxica pode entrar no organismo por
quatro formas:

• digestiva;

• respiratória;

• cutânea (pela pele);

• injetável.

Segundo o Corpo de Bombeiros (2016), o socorrista deverá


levar sempre consigo o telefone do Disque-Intoxicação, criado
pela Agência Nacional de Vigilância Sanitária (Anvisa), que atende

Unidade 2
pelo número 0800-722-6001. Para isto, o socorrista deve ter os
seguintes dados em mãos:

• idade do paciente;

• peso do paciente;

• como foi o contato com o produto;

• há quanto tempo foi a exposição;

• os sintomas que o paciente está apresentando;

• informações sobre o produto (preferencialmente com


a embalagem);

• números de telefone para contato.

Nos casos de ingestão de venenos, o socorrista deverá


tentar obter o máximo de informações rapidamente. Os principais
sinais e sintomas são:

• queimaduras ou manchas ao redor da boca;

• odor inusitado no ambiente, no corpo ou nas vestes do


paciente;

SEGURANÇA, MEIO AMBIENTE, SAÚDE E RESPONSABILIDADE SOCIAL 59


• respiração anormal;

• pulso alterado em termos de frequência e ritmo;

• sudorese;

• alteração no diâmetro das pupilas;

• formação excessiva de saliva ou espuma na boca;

• dor abdominal;

• náuseas.

• vômito;

• diarreia;

• convulsões;
Unidade 2

• alteração do estado de consciência, incluindo a


inconsciência.

Procedimentos para os primeiros socorros:

• manter as vias aéreas pérvias;

• ligar para o Disque-Intoxicação;

• induzir vômito é contraindicado em intoxicações


por ingestão de substâncias corrosivas ou irritantes,
derivados de petróleo, pacientes inconscientes ou em
convulsão;

• se possível guardar em saco plástico amostras da


substância eliminada pelo vômito do paciente;

• transportar com monitoramento constante.

Em casos de envenenamentos, em geral, o socorrista fica


muito limitado e necessita de antídotos específicos, portanto, o
transporte deverá ser imediato ao centro de referência.

60 SEGURANÇA, MEIO AMBIENTE, SAÚDE E RESPONSABILIDADE SOCIAL


Para ampliar seus conhecimentos sobre este
importante tema, indicamos a série sobre primeiros
socorros com o Dr. Dráuzio Varella. Disponível no
SAIBA MAIS QR-Code.

Unidade 2

SEGURANÇA, MEIO AMBIENTE, SAÚDE E RESPONSABILIDADE SOCIAL 61


E, então? Gostou do que lhe mostramos? Aprendeu
mesmo tudinho? Agora, só para termos certeza
de que você realmente entendeu o tema de
RESUMINDO estudo deste capítulo, vamos resumir tudo o que
vimos. Aprendemos sobre primeiros socorros,
um conjunto de medidas de ajuda imediata e
temporária prestadas a uma pessoa que sofreu
algum tipo de lesão ou doença súbita até que
ajuda médica profissional possa ser obtida ou até
que a situação se estabilize. Abordamos o perfil
do socorrista, o conhecimento básico do corpo
humano e tratamos do RCP ou seja, a reanimação
cardiopulmonar. É importante que um socorrista
seja capaz de manter a calma sob pressão e de se
comunicar de forma clara com a vítima e com outras
Unidade 2

pessoas presentes na cena. Um entendimento


básico da anatomia e fisiologia do corpo humano
é fundamental para identificar problemas de
saúde e fornecer assistência adequada. Isso inclui
conhecer os sistemas de órgãos, como o sistema
cardiovascular e respiratório, e entender como eles
funcionam. A RCP é uma técnica crucial para salvar
vidas em casos de parada cardíaca. Ela envolve a
aplicação de compressões torácicas para manter a
circulação do sangue e ventilações para fornecer
oxigênio aos pulmões de uma vítima. Aprendemos,
ainda, sobre hemorragia, choques elétricos e
fraturas, bem como intoxicação e envenenamento.
Vimo que, em todas essas situações de emergência,
é importante buscar ajuda médica profissional o
mais rápido possível.

62 SEGURANÇA, MEIO AMBIENTE, SAÚDE E RESPONSABILIDADE SOCIAL


ARAÚJO. G. M. de. Normas Regulamentadoras Comentadas. 4.
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Unidade 2
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SEGURANÇA, MEIO AMBIENTE, SAÚDE E RESPONSABILIDADE SOCIAL 63


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64 SEGURANÇA, MEIO AMBIENTE, SAÚDE E RESPONSABILIDADE SOCIAL

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