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HIGIENE OCUPACIONAL

E PREVENÇÃO DE
RISCOS AMBIENTAIS
Unidade 1
CEO

DAVID LIRA STEPHEN BARROS

DIRETORA EDITORIAL
ALESSANDRA FERREIRA

GERENTE EDITORIAL

LAURA KRISTINA FRANCO DOS SANTOS

PROJETO GRÁFICO

TIAGO DA ROCHA

AUTORIA

DAYANNA DOS SANTOS COSTA MACIEL


Dayanna dos Santos Costa Maciel
AUTORIA

Sou formada em Administração pela Universidade Federal


de Campina Grande (UFCG) com Mestrado acadêmico nessa
mesma área de conhecimento, este com ênfase em Estratégia
e Inovação pela Universidade Federal da Paraíba, em 2019.
Também possuo mestrado acadêmico em Gestão de Recursos
Naturais, pela UFCG, em 2014, com ênfase de pesquisa em
Estratégia Ambiental focada em modelos e ferramentas de gestão
nas empresas. Tenho experiência técnico-profissional no ensino
da Administração ministrando disciplinas como Planejamento
Estratégico, Sustentabilidade e Gestão, Administração de
Recursos Materiais e Patrimoniais, entre outras de graduação
e pós-graduação. Adoro transmitir meus conhecimentos e
Unidade 1

minha experiência de vida àqueles que estão iniciando em suas


profissões. Por isso, fui convidada pela Editora Telesapiens a
integrar seu elenco de autores independentes. Estou muito feliz
em poder ajudar você nesta fase de muito estudo e trabalho.
Conte comigo!

4 HIGIENE OCUPACIONAL E PREVENÇÃO DE RISCOS AMBIENTAIS


ÍCONES
Unidade 1

HIGIENE OCUPACIONAL E PREVENÇÃO DE RISCOS AMBIENTAIS 5


História da higiene ocupacional............................................... 9
SUMÁRIO

O que é higiene ocupacional: uma visão preliminar...................................... 9

Origens práticas e teóricas da higiene ocupacional.................................... 11

Origens teóricas da higiene ocupacional: primeiros estudos e


pesquisas............................................................................................... 18

História da saúde ocupacional no Brasil........................................................ 20

Higiene ocupacional: conceitos básicos................................ 24


Definindo higiene ocupacional......................................................................... 24

Saúde e risco como elementos da higiene ocupacional............................. 28

Termos de uso da higiene ocupacional.......................................................... 35

O profissional da área de higiene ocupacional..................... 38


Unidade 1

Diferenciando o profissional de higiene ocupacional.................................. 38

O higienista ou técnico ocupacional............................................................... 43

Interdisciplinaridade e ética na atuação do profissional de higiene


ocupacional.......................................................................................................... 45

Legislação em higiene ocupacional........................................ 50


Marcos históricos legais relacionados à higiene ocupacional no Brasil... 50

Higiene ocupacional e legislação sobre segurança do trabalho............... 57

6 HIGIENE OCUPACIONAL E PREVENÇÃO DE RISCOS AMBIENTAIS


Você sabia que estamos o tempo todo expostos a agentes

APRESENTAÇÃO
ambientais que podem provocar danos a nossa saúde? Já parou
para pensar sobre isso no seu dia a dia? Pois bem, seja em
casa, seja no trabalho, ou até em um passeio na rua, estamos
o tempo todo expostos a agentes físicos, químicos, biológicos
e ergonômicos que podem causar danos a nossa saúde de
acordo com sua natureza, concentração, intensidade e tempo de
exposição. Pense um pouco: como esses agentes se apresentam
em seu ambiente de trabalho? Quantas vezes você se protegeu
de ruídos altos ou ficou exposto a um odor de alguma substância
química utilizada em um processo produtivo? Pois bem! Nessas
reflexões você reconheceu alguns riscos ocupacionais presentes
no ambiente de trabalho e, assim como você, organizações de
diferentes tipos (indústria, empresas, comércio etc.) devem

Unidade 1
identificar esses riscos ocupacionais, além de serem responsáveis
por promover um ambiente ocupacional de qualidade, ou seja,
manter sob controle a exposição do trabalhador a agente de
risco. Assim, do que estamos falando aqui? Estamos falando
de higiene ocupacional, ou seja, reconhecimento, avaliação e
controle de riscos ocupacionais nos ambientes de trabalho.
Entendeu? Então, prepare-se, pois ao longo desta unidade letiva
você vai mergulhar neste universo!

HIGIENE OCUPACIONAL E PREVENÇÃO DE RISCOS AMBIENTAIS 7


Olá. Seja muito bem-vindo à Unidade I. Nosso objetivo
OBJETIVOS

é auxiliar você no desenvolvimento das seguintes competências


profissionais até o término desta etapa de estudos:

1. Compreender as bases teórica e prática que sustentam


a higiene ocupacional desde sua origem histórica.

2. Discernir sobre os conceitos relacionados à definição


da higiene ocupacional.

3. Definir as atribuições e características de um profissional


atuante na área de higiene pessoal.

4. Reconhecer as implicações legais relacionadas à prática


dos preceitos da higiene ocupacional.
Unidade 1

8 HIGIENE OCUPACIONAL E PREVENÇÃO DE RISCOS AMBIENTAIS


História da higiene ocupacional
Ao término deste capítulo você será capaz de com-
preender as bases teórica e prática que sustentam
a higiene ocupacional desde sua origem. Isso é
OBJETIVO de suma importância para a sua atuação profis-
sional, uma vez que a partir desse conhecimento
você terá condições de observar de forma crítica
como são estabelecidas as relações/condições de
trabalho no cenário atual e como elas impactam
na saúde do trabalhador. E então? Motivado para
desenvolver esta competência? Vamos lá. Avante!

O que é higiene ocupacional: uma


visão preliminar

Unidade 1
Você parou para pensar sobre os riscos aos quais sua
saúde e integridade como ser humano saudável estão expostos
quando você está se desempenhando uma atividade qualquer?
Se não parou para pensar de forma proposital, intuitivamente
você faz isso no seu dia a dia. Por exemplo, enquanto você se
ocupa em cozinhar, ao mesmo tempo, intuitivamente, toma
cuidado para não se queimar ao se expor o fogo, concorda? Pois
bem, ainda nesse ambiente você pode inalar gás em caso de
vazamento de gás de cozinha ou ainda pode se cortar a manipular
objetos cortantes, etc.

Considerando essa reflexão, tomamos o cozinhar como


ocupação e a cozinha como ambiente ocupacional. Por exemplo,
para você, um corte ao manipular uma faca não passa de um
acidente doméstico, mas agora vejamos de forma diferente. A
cozinha pode não ser seu ambiente de trabalho, mas, para uma
funcionária doméstica ou um cozinheiro de um restaurante, é
um ambiente de trabalho, de modo que qualquer um dos riscos

HIGIENE OCUPACIONAL E PREVENÇÃO DE RISCOS AMBIENTAIS 9


relatados passam a ser riscos ocupacionais, e é nesse sentido
que surge a higiene ocupacional.

Mas, enfim o que é higiene ocupacional? Bem, vamos


aprofundar a definição desse termo como área do conhecimento
ou ciência mais à frente, contudo precisamos conceber a priori
uma conceituação preliminar.

O termo em questão é composto por duas palavras: higie-


ne e ocupacional. Nesse sentido, para encontrarmos uma concei-
tuação objetiva do termo, recorremos ao significado de ambas
as palavras em um dicionário de língua portuguesa. Segundo o
Dicionário on-line de Português, higiene é:
Conjunto de regras e práticas relativas à con-
Unidade 1

servação da saúde: ter a preocupação da hi-


giene. Conjunto de práticas, regras, hábitos e
costumes que visam ao bem-estar, à preser-
vação da saúde; limpeza, conservação. (DICIO,
2022).

A palavra ocupacional é derivada da palavra ocupação. O


Dicionário on-line de Português apresenta a seguinte definição
para ocupação: “Serviço; o trabalho mais importante da vida de
alguém; os afazeres com os quais nos ocupamos: você precisa
arrumar uma ocupação” (DICIO, 2022). Se analisarmos essa
definição em relação aos afazeres com os quais nos ocupamos,
podemos rapidamente concluir que um dos principais afazeres
do ser humano é o trabalho.

O trabalho na perspectiva econômica é definido


como um fator de produção, considerado como
toda e qualquer atividade desempenhada pelo
VOCÊ SABIA? homem com o objetivo de satisfação de necessi-
dades. Portanto, o trabalho é uma condição espe-
cífica do homem desde seu aparecimento na Terra.

10 HIGIENE OCUPACIONAL E PREVENÇÃO DE RISCOS AMBIENTAIS


Nesse sentido, o significado de ocupação remete ao
significado de trabalho. No Dicionário, a palavra trabalho pode
ser empregada com vários significados. No contexto de trabalho
como ocupação, podemos destacar os seguintes significados
apresentados pelo Dicionário online de Português: “O emprego,
o ofício ou a profissão de alguém” e “Conjunto das atividades
realizadas por alguém para alcançar um determinado fim ou
propósito” (DICIO, 2022).

Considerando os significados de higiene, ocupação e


trabalho, podemos, então, definir de modo objetivo e preliminar
higiene ocupacional como: conjunto de regras, práticas, hábitos
e costumes que objetivam o bem-estar e a preservação da
saúde de um indivíduo no ambiente no qual esse é empregado e

Unidade 1
desempenha as atividades referentes a sua profissão ou ao seu
ofício.

Higiene ocupacional remete ao conjunto de regras,


práticas, hábitos e costumes que objetivam o bem-
estar e a preservação da saúde de um indivíduo
DEFINIÇÃO em seu ambiente de trabalho.

Agora você já entendeu que a higiene ocupacional trata dos


riscos que acometem o trabalhador e que podem comprometer
sua saúde e integridade em seu ambiente de trabalho, não é
mesmo? Para nos aprofundarmos no assunto, a seguir veremos
as origens práticas e teóricas da higiene ocupacional.

Origens práticas e teóricas da


higiene ocupacional
Para nos aprofundarmos nos aspectos particulares da
higiene ocupacional são necessários a priori entendemos suas
origens práticas e teóricas. As origens práticas remetem a quando

HIGIENE OCUPACIONAL E PREVENÇÃO DE RISCOS AMBIENTAIS 11


no dia a dia de trabalho passou a existir uma preocupação com
a conservação da saúde do trabalhador, e a teórica, aos fatos
que conferem cientificidade a essa preocupação. Objetivamente,
a Figura 1 apresenta algumas das origens práticas que levaram
à construção da higiene ocupacional como concebemos nos dias
atuais.

As origens práticas da higiene ocupacional reme-


tem-se às condições de trabalho às quais o homem
foi submetido desde sua origem até os dias atuais.
VOCÊ SABIA? Contudo, as condições de trabalho às quais o ho-
mem foi exposto durante a Revolução Industrial,
no século XVIII, e a I Guerra Mundial XX merecem
destaque nesse cenário, uma vez que essas con-
dições deram origem a um grande número de
Unidade 1

doenças ocupacionais na época, fato que chamou


a atenção e incentivou estudos que tornaram a
higiene ocupacional uma área de conhecimento
científico e prático relevante.

12 HIGIENE OCUPACIONAL E PREVENÇÃO DE RISCOS AMBIENTAIS


Figura 1 – Origens práticas da Higiene Ocupacional

Origem da civilização

Esforço dispendido pelo homem


para garantir sua existência e
sobrevivência.

Reconhecimento Iniciativas de
Estratificação da
da toxidade de identificação de
sociedade
substâncias perigos

Desenho
de trabalho Reflexos da
Apenas
determinado pela exposição dos
reconhecimento.
dominação dos trabalhadores.
povos.

Mudanças econômicas e tecnológicas.

Unidade 1
Aumento considerável do número de problemas de saúde em
geral relacionado ao trabalho .

Aceleramento do processo de produção.


Revolução Industrial

Uso de mão de obra de mulheres, pessoas idosas e crianças.


Século XVIII-

Aumento da mortalidade populacional.

Surgimento de epidemias em países industrializados.

Revindicações trabalhistas em movimentos sociais.

Surgimento de políticas e medidas legais de proteção a saúde do


trabalhador.

Denúncia de maus tratos em jornais impressos da época.

Contratação de médicos por parte de empregadores com


Século XIX

o objetivo de obter auxilo no cumprimento de leis, análise


e cuidados de problemas de saúde de operários (origem da
medicina do trabalho).

HIGIENE OCUPACIONAL E PREVENÇÃO DE RISCOS AMBIENTAIS 13


Primeiros passos na investigação e no controle da silicose na indústria
de mineração.

I Guerra Mundial- surgimento de novos problemas relacionados a


indústria de mineração e armamentos como a exposição a chumbo.

Estados Unidos - Criação de instituições do governo e entidades de


Século XX

classe que realizassem trabalhos em colaboração com as universidades


do país.

1919 - Criação da OTI (Organização Internacional do trabalho) .

Estudo e desenvolvimento de acordos internacionais na área de


higiene ocupacional.

Outros acontecimentos e práticas.


Unidade 1

Fonte: Elaborada pela autora (2022).

Conforme podemos observar na Figura 1, o trabalho


é inerente ao homem, e a exposição dele ao risco muda em
função do tipo, da estrutura, da forma e do ambiente em que
esse trabalho acontece. Assim, podemos concluir que, até a
Revolução Industrial, poucas observações podem ser feitas em
relação à saúde dos trabalhadores e seu ambiente de trabalho.
Nesse contexto,
ao se estudar a história de nossa civilização
até a Revolução Industrial, encontram-se pou-
cas observações sobre a saúde dos trabalha-
dores e seu ambiente de trabalho. No início, o
esforço dispendido pelo homem para garantir
sua existência e sobrevivência era um fator
que gerava doenças “ocupacionais”, mais tar-
de com a estratificação da sociedade, o traba-
lho comum era desempenhado por escravos,
em geral povos que haviam sido dominados
por outros. (FUNDACENTRO, 2004, p. 12)

14 HIGIENE OCUPACIONAL E PREVENÇÃO DE RISCOS AMBIENTAIS


Então, nesse primeiro momento, o que precisamos
guardar em nossa mente como registro das origens práticas
da saúde ocupacional? Resumidamente, precisamos saber que,
em uma sociedade escravocrata (embora hoje destaquemos a
necessidade de intervir nos casos de maus tratos no trabalho), a
preocupação com a saúde do trabalhador não era prática vigente.
Nesse sentido, o que se pode observar com base nos relatos
históricos é que só escravos trabalhavam e, consequentemente,
apenas eles eram expostos aos riscos, de modo que, com a
abundância de mão de obra escrava, não se observava grande
preocupação da classe dominadora com garantir proteção à
classe dominada na realização do trabalho.

Nesse cenário, pouquíssimos fatos na história podem ser

Unidade 1
destacados como raízes práticas do que entendemos hoje como
higiene pessoal, como destaca Camisassa (2016):
O que se via naquela época eram alguns es-
tudos isolados de investigação das doenças
do trabalho, como aqueles realizados pelo
médico e filósofo grego Hipócrates (460-375
a.c.), que em um de seus trabalhos descreveu
um quadro de “intoxicação saturnina” em um
mineiro (o saturnismo é o nome dado à intoxi-
cação causada pelo chumbo). Plínio, O Velho,
escritor e naturalista romano, que viveu no
início da era Cristã (23-79 d.C.), descreveu, em
seu tratado “De Historia Naturalis”, as condi-
ções de saúde dos trabalhadores com exposi-
ção ao chumbo e poeiras. Ele fez uma descri-
ção dos primeiros equipamentos de proteção
conhecidos, como panos ou membranas de
bexiga de animais para o rosto (improvisados
pelos próprios escravos), como forma de ate-
nuar a inalação de poeiras nocivas; também

HIGIENE OCUPACIONAL E PREVENÇÃO DE RISCOS AMBIENTAIS 15


descreveu diversas moléstias do pulmão en-
tre mineiros e envenenamento devido ao ma-
nuseio de compostos de enxofre e zinco. (CA-
MISASSA, 2016, p. 36)

Enfim, os fatos que antecedem a Revolução Industrial nos


permitem definir uma premissa importante a ser considerada pela
higiene ocupacional: a exposição do trabalhador ao risco pode
ser reflexo da estratificação social e das relações de poder. De
modo que hoje embora o contexto tecnológico e econômico seja
totalmente diferente podemos atentar a respeito da escravidão
contemporânea e seus reflexos na saúde do trabalhador.

A quais riscos a escravidão contemporânea expõe


o trabalhador? Mesmo com o avanço nas leis sobre
Unidade 1

higiene ocupacional e relações de trabalho, por


REFLITA que essa prática existe? O que gera a escravidão
contemporânea? Faça uma breve pesquisa na
internet e busque responder a essas questões de
forma reflexiva, para fundamentar seu ponto de
vista sobre esse problema social e sua relação com
a higiene ocupacional e prevenção de riscos.

Conforme vimos anteriormente, os fatos que constituem


as raízes práticas mais fortes da higiene ocupacional remetem ao
período durante e após a Revolução Industrial. A Figura 1 elencou
de forma objetiva os principais fatos que conduziram a uma
preocupação social com a saúde do trabalhador e a relação desta
com o ambiente de trabalho. Esses fatos conduziram a criação
de legislação relacionada à saúde do trabalhador e atitudes dos
empregadores em resposta às leis nos séculos seguintes (Figura
1). Como exemplo dessas leis temos a “Lei da Saúde e Moral dos
Aprendizes” e a “Lei das Fábricas”.

16 HIGIENE OCUPACIONAL E PREVENÇÃO DE RISCOS AMBIENTAIS


A “Lei das Fábricas” de 1833 foi ampliada em
1864 e apresentava as primeiras exigências
sobre Higiene Ocupacional. “Todas as fábricas
deveriam ser ventiladas para remover qual-
quer gases nocivos, poeiras e outras impure-
zas que poderiam causar danos à saúde” é o
que hoje chamamos de ventilação diluidora.
(FUNDACENTRO, 2004, p. 16)

No século XX, é importante destacarmos que a I Guerra


Mundial trouxe à tona novos problemas relacionados à saúde
do trabalhador, como a exposição ao chumbo nas fábricas de
armamentos. É também nesse século que se observa o surgimento
de instituições voltadas ao estudo e desenvolvimento de acordos
internacionais na área de higiene ocupacional.

Unidade 1
Então, nesse segundo momento das raízes práticas, o que
temos de em mente? Objetivamente, os acontecimentos durante
e após a Revolução Industrial nos conduzem a uma segunda pre-
missa importante a ser considerada pela higiene ocupacional: as
leis são um mecanismo que influenciam diretamente o controle
da exposição do trabalhador ao risco e a qualidade do ambiente
ocupacional.

Ainda podemos inferir, com base no que vimos até aqui,


que as pesquisas e os estudos no âmbito das fábricas conduzi-
ram e influenciam algumas práticas relacionadas à higiene ocu-
pacional. Para tanto, a seguir destacamos esses estudos como
raízes teóricas dessa área do conhecimento.

HIGIENE OCUPACIONAL E PREVENÇÃO DE RISCOS AMBIENTAIS 17


Origens teóricas da higiene
ocupacional: primeiros estudos e
pesquisas
Agora você já conhece as raízes práticas da higiene ocu-
pacional, mas não as teóricas. Pois bem, ao mesmo tempo que
raízes práticas cresciam, também surgiam trabalhos de pesqui-
sadores que em seus estudos buscavam compreender a relação
entre saúde do trabalhador, atividades de trabalho e ambiente
ocupacional.

Para facilitar nosso conhecimento, o Quadro 1 elenca de


forma objetiva alguns desses estudos e suas contribuições para o
Unidade 1

estabelecimento científico da higiene ocupacional. As publicações


e descobertas resultantes desses estudos e pesquisas é o que
chamamos aqui de raízes teóricas da higiene ocupacional.
Quadro 1 – Origens teóricas da higiene ocupacional

RAÍZES AUTORES/ CONTRIBUIÇÕES


PESQUISADORES
Publicação de pan- Editora Ulrich - Instruções a respeito da higie-
fleto sobre doença ne ocupacional.
ocupacional (1473)
Publicação de livro: Georgius (agrícola - Descrição dos fatores de risco
De re metallica (Ale- alemão) associados à indústria de mine-
manha, 1556; Estados ração.
Unidos 1919)
Publicação de livro: Bernadino Ramazzi- - O livro é reconhecido como o
De morbis artificium ni (médico italiano) primeiro tratado sistematizado
diatriba (1700) sobre doenças ocupacionais.
- Descrição de doenças de traba-
lho relacionadas a 50 ocupações
e apresentação de cuidados
para diminuir os fatores de risco
das indústrias.

18 HIGIENE OCUPACIONAL E PREVENÇÃO DE RISCOS AMBIENTAIS


Descoberta: proble- George Baker - Esclareceu que a “Cólica de
mas de higiene ocu- Devonshire” era causada pela
pacional (séc. XVIII) utilização de chumbo na indús-
tria de vinho de maçã (sidra) e
colaborou com a remoção de
seu uso.
Percival Pott - Reconheceu a fuligem como
uma das causas de câncer
sacrotal, que principalmente
em limpadores de chaminé em
1788, na Inglaterra.
Willian Far (1851) - Assinalou que a mortalidade
entre os fabricantes de vasos
entre 35-45 anos era excessiva-
mente alta e que a fabricação de
cerâmica na Inglaterra era um

Unidade 1
dos ofícios mais insalubres.
Escritos doenças ocu- Charles Thackrah - Escrita de um tratado de 200
pacionais (séc. XIX) (político influente e páginas de orientações sobre
médico) e Percival medicina do trabalho.
Pott - Deu início à moderna literatura
de reconhecimento das doenças
ocupacionais.

Publicação de livro: Benjamin W. Mc - Primeiro compêndio de medici-


On the influence of Cready na ocupacional no país.
trades, profession,
and ocupations in the
United States, in the
production of disease
Descoberta: proble- Charles Bikens - Chamou a atenção dos pro-
mas de higiene ocu- blemas existentes dentro das
pacional (séc. XIX) fábricas que estavam causando
acidentes e doenças profissio-
nais.
- Abriu caminho para uma nova
legislação relativa à higiene
ocupacional, em vigor até hoje
na Inglaterra.

Fonte: Adaptado de Fundacentro (2004).

HIGIENE OCUPACIONAL E PREVENÇÃO DE RISCOS AMBIENTAIS 19


Observando as informações dispostas no Quadro 1,
podemos concluir que as raízes teóricas da higiene ocupacional
surgiram na Alemanha e nos Estados Unidos, sendo fruto de
pesquisas realizadas por engenheiros e médicos. Ainda com base
no Quadro 1, vimos que a higiene ocupacional surgiu no contexto
industrial, contudo hoje ela não se aplica apenas no ambiente
industrial, assim temos em nossa mente uma noção de que
essa área do conhecimento surgiu de forma abrangente. Agora
já temos conhecimento das raízes práticas e teóricas da higiene
ocupacional. Então, e no Brasil, como a higiene ocupacional se
estabeleceu? A seguir vamos conhecer de forma breve a história
da saúde ocupacional no País.

História da saúde ocupacional no


Unidade 1

Brasil
No Brasil, as raízes práticas da higiene ocupacional se-
guiram o perfil dos demais países. Nesse sentido, são fatos
que motivaram no Brasil a preocupação com a saúde dos
trabalhadores no período antes, durante e após a revolução in-
dustrial: mão de obra escrava, crescimento industrial, más con-
dições de trabalho, jornadas prolongadas de trabalho sem remu-
neração de hora-extra, acidentes e doenças profissionais, entre
outros. A respeito desses fatores e de como eles levaram aos
avanços no país no que tange à saúde e aos direitos do traba-
lhador,
Durante esse período inicial na industrializa-
ção em nosso país, a higiene ocupacional, já
praticada em países desenvolvidos como Esta-
dos Unidos e Inglaterra, não era conhecida, e
de maneira muito semelhante ao que aconte-
ceu nesses países, as primeiras preocupações
com o assunto partiram de denúncias de tra-

20 HIGIENE OCUPACIONAL E PREVENÇÃO DE RISCOS AMBIENTAIS


balhadores, dos jornais da época, dos estudos
em universidades, entre outros. A partir des-
se movimento social e sob a influência direta
das imigrações, que refletiam os movimentos
sindicais europeus as lideranças conseguiram
mobilizar a classe operária para grande “ques-
tão social”. (FUNDACENTRO, 2004, p. 16)

Então não podemos nos esquecer de que no contexto


brasileiro a classe trabalhadora desempenhou importante papel
para a aplicação e prática dos preceitos da higiene ocupacional.
Já na perspectiva teórica, ou seja, da publicação de pesquisas
e estudos relacionados à saúde e ao ambiente de trabalho no
Brasil, entre as primeiras raízes estão os estudos realizados pela
Universidade da Bahia entre 1880 e 1903, e as contribuições de

Unidade 1
Osvaldo Cruz, Warren Dean, entre outros.

A Universidade da Bahia, entre 1880 e 1903, realizou


estudos em fábricas de charutos, rapé e velas de sebo, e também
pesquisas sobre intoxicação por chumbo. Oswaldo Cruz deu
contribuições para o campo, com estudos e trabalhos voltados
ao combate às epidemias de doenças infecciosas relacionadas
ao trabalho. Já Warren Dean teve como principal contribuição a
descrição sobre as condições do ambiente de trabalho na época
e destacou os seguintes fatores como causas de doenças e
acidentes de trabalho: estruturas inadequadas e não projetadas
especificamente que abrigavam máquinas usadas na produção,
má iluminação e ventilação, e ausência de instalações sanitárias.

HIGIENE OCUPACIONAL E PREVENÇÃO DE RISCOS AMBIENTAIS 21


Oswaldo Cruz dirigiu uma frente de trabalho na
ferrovia Madeira–Mamoré no Brasil. Para saber
um pouco mais sobre a presença médica na
SAIBA MAIS construção dessa ferrovia, acesse o QR-Code:

Caso queira ver imagens da construção da Madeira-


Mamoré, a “Ferrovia da Morte”, acesse o QR-Code:
Unidade 1

No Brasil, o avanço das preocupações relacionadas à


higiene ocupacional se destaca no âmbito jurídico-institucional,
e trataremos desse tema ao longo dos nossos estudos.

22 HIGIENE OCUPACIONAL E PREVENÇÃO DE RISCOS AMBIENTAIS


E então? Gostou do que lhe mostramos? Aprendeu
mesmo tudinho? Agora, só para termos certeza de
que você realmente entendeu o tema de estudo
RESUMINDO deste capítulo, vamos resumir tudo o que vimos.
Você aprendeu que higiene ocupacional remete ao
conjunto de regras, práticas, hábitos e costumes
que objetivam o bem-estar e a preservação da saú-
de de um indivíduo em seu ambiente de trabalho.
Nesse sentido, assim como o trabalho, os aspectos
relacionados à higiene ocupacional são inerentes
ao homem. Vimos que a higiene ocupacional co-
mo área do conhecimento surgiu da preocupação
do estudo científico dos fatos observados no am-
biente de trabalho. Para facilitar o entendimento,
concebemos que a higiene ocupacional tem raízes

Unidade 1
práticas e teóricas. As raízes práticas nos permiti-
ram concluir duas premissas importantes a serem
consideradas pela higiene ocupacional: a exposi-
ção do trabalhador ao risco pode ser reflexo da
estratificação social e relações de poder, e as leis
são um mecanismo que influenciam diretamente o
controle da exposição do trabalhador ao risco e a
qualidade do ambiente ocupacional. No que tange
às raízes teóricas, vimos que os estudos de higiene
ocupacional começaram na Inglaterra, nos Estados
Unidos e na Alemanha, e buscavam compreender
a relação entre saúde do trabalhador, atividades
de trabalho e ambiente ocupacional. Por último,
vimos que o Brasil seguiu o mesmo caminho dos
outros países, contudo com destaque para a mo-
bilização e participação da classe operária nesse
processo.

HIGIENE OCUPACIONAL E PREVENÇÃO DE RISCOS AMBIENTAIS 23


Higiene ocupacional: conceitos
básicos
Ao término deste capítulo você será capaz de dis-
cernir sobre os conceitos relacionados à definição
da higiene ocupacional. Aqui você entenderá os
OBJETIVO elementos e conceitos que a higiene ocupacional
envolve, bem como a relação existente entre higie-
ne ocupacional/medicina do trabalho e segurança
do trabalho. Esses conceitos nortearão sua práti-
ca profissional quando for necessário analisar e
intervir em ambientes de trabalho para garantir a
saúde e integridade física do trabalhador. E então?
Motivado para desenvolver esta competência? Va-
mos lá. Avante!
Unidade 1

Definindo higiene ocupacional


No capítulo anterior estabelecemos a seguinte definição
preliminar de higiene ocupacional: “Higiene ocupacional remete
ao conjunto de regras, práticas, hábitos e costumes que objetivam
o bem-estar e a preservação da saúde de um indivíduo em seu
ambiente de trabalho”. Então, agora chegou o momento de nos
aprofundamos no assunto.

Na literatura pertinente à higiene ocupacional ou higiene


no trabalho, como também é conhecida, podemos encontrar
algumas definições atribuídas por pesquisadores e instituições
da área. Para facilitar nossa visualização, o Quadro 2 apresenta
algumas delas.

24 HIGIENE OCUPACIONAL E PREVENÇÃO DE RISCOS AMBIENTAIS


Quadro 2 – Definições de higiene ocupacional

AUTOR (ANO) DEFINIÇÃO


Olishifski (1988) Aquela ciência e arte devotada à antecipa-
ção, ao reconhecimento, à avaliação e ao
controle dos fatores de risco ou estresse
ambientais originados no ou a partir do local
de trabalho, que podem causar doenças,
prejudicar a saúde e o bem-estar, ou causar
significante desconforto para os trabalhado-
res ou entre os cidadãos de uma comunida-
de.
American Industrial Hygiene Ciência que trata da antecipação, do reco-
Association –AIHA (1996) nhecimento, da avaliação e do controle dos
riscos originados nos locais de trabalho e
que podem prejudicar a saúde e o bem-estar
dos trabalhadores, tendo em vista também o

Unidade 1
possível impacto nas comunidades vizinhas e
no ambiente.
Fundacentro (2004) Campo de atuação da ciência que se dedica
ao estudo dos ambientes de trabalho e à
prevenção das doenças causadas por eles.
É uma ciência de caráter essencialmente
preventivo.
American Conference of Gov- Uma ciência e uma arte que objetiva a an-
ernmental Industrial Hygienists tecipação, o reconhecimento, a avaliação e
(ACGIH, 2012) o controle dos fatores ambientais e estres-
se originados nos locais de trabalho, que
podem provocar doenças, prejuízos à saúde
ou ao bem-estar, desconforto significativo e
ineficiência nos trabalhadores ou entre as
pessoas da comunidade.
National Safety Council (NSC, É a ciência e arte devotadas à antecipação,
2012) reconhecimento, avaliação e controle dos fa-
tores ou sobrecargas ambientais, originadas
nos locais de trabalho que podem causar
doenças, prejudicando à saúde e o bem-es-
tar ou gerando considerável desconforto e
ineficiência entre trabalhadores ou cidadãos
da comunidade.

HIGIENE OCUPACIONAL E PREVENÇÃO DE RISCOS AMBIENTAIS 25


British Occupational Hygiene É a prevenção de problemas de saúde do
Society (BOHS, 2012) trabalho, por meio de reconhecimento, ava-
liação e controle dos riscos.
International Occupational Hy- É a antecipação, o reconhecimento, a ava-
giene Association (IOHA, 2012) liação e o controle de riscos para a saúde
no ambiente de trabalho, com o objetivo de
proteger a integridade física e o bem-estar
do trabalhador, e salvaguardar a comunida-
de em geral.
Rossete (2014) É a área que reconhece, avalia e controla
os riscos originados dos ambientes profis-
sionais capazes de provocar alterações na
saúde dos trabalhadores, tendo por objetivo
colaborar com a promoção e conservação da
saúde dos operários por meio de condições
adequadas no ambiente de serviço.
Unidade 1

Fonte: Adaptado de Fundacentro (2004, p. 16-17); Peixoto, Hofstadler e Silveira (2012, p. 16-
17) e Rossete (2014).

Agora, analise as definições de higiene ocupacional dis-


postas no Quadro 3. O que você pode concluir imediatamente?
Concluímos que são homogêneas, ou seja, não diferem muito
umas das outras. Assim, podemos extrair desses conceitos os se-
guintes elementos principais que definem a higiene ocupacional
em seu campo de atuação: campo científico, local ou ambiente
de trabalho, fatores de riscos ou estresse ambiental, e saúde do
trabalhador.

A higiene ocupacional, ou do trabalho, é apenas


um dos campos de estudo da saúde ocupacional.
Nesse sentido, ela se difere da medicina do
IMPORTANTE trabalho e segurança do trabalho, que são os
demais campos que compõem uma abordagem
multiprofissional da saúde ocupacional. A Figura 2
apresenta a diferença de foco entre esses campos.
Figura 2 – Abordagem multifuncional da saúde ocupacional

26 HIGIENE OCUPACIONAL E PREVENÇÃO DE RISCOS AMBIENTAIS


Fonte: Adaptado de Rossete (2014, p. 9).

A higiene do trabalho é considerada um campo científico

Unidade 1
por ser embasada em análise e estudos de fatos observáveis. A
esse respeito:
A higiene ocupacional é uma ciência, porque
está baseada em fatos comprováveis, empí-
ricos e analisáveis por método científico por
meio da física, química, bioquímica, toxicolo-
gia, medicina, engenharia e saúde pública. [...]
Por possuir caráter essencialmente preventi-
vo, as ações de higiene ocupacional devem se
fundamentar prioritariamente na prevenção
da exposição em estudos epistemológicos
prospectivos, registram-se as exposições ao
longo do tempo para que se conheça alguma
relação entre exposição ocupacional e o efei-
to a saúde. (Fundacentro, 2004, p. 44)

Então, não devemos nos esquecer de que a higiene


ocupacional é um campo de estudo que busca gerar conhecimento
científico preventivo, ou seja, que promova a redução ou evite
a ocorrência de doenças relacionadas ao ambiente de trabalho.

HIGIENE OCUPACIONAL E PREVENÇÃO DE RISCOS AMBIENTAIS 27


Assim, temos outro elemento que compõe a definição de higiene
ocupacional: o ambiente de trabalho, serviço ou de ocupação.

Ambiente de trabalho é o local no qual os indiví-


duos desenvolvem atividades de labor e envolve
tudo ao que esse indivíduo é exposto e interage
DEFINIÇÃO ao desempenhar atividades relacionados ao seu
trabalho.
Dois elementos da definição de higiene ocupa-
cional devem ser destacados com maior ênfase:
fatores de risco e estresse ambiental, e saúde do
trabalhador.

Saúde e risco como elementos da


higiene ocupacional
Unidade 1

Responda a esse questionamento: qual é a importância


da higiene ocupacional? Pare agora e pense a esse respeito.
Pensou? Acredito que na sua resposta deve conter “Proteger o
trabalhador” ou “Evitar acidentes de trabalho”. Em linhas gerais,
a importância da higiene ocupacional se resume a isso, contudo
é necessário entendermos de que forma esse campo científico
busca proteger o trabalhador.

A higiene ocupacional busca proteger o trabalhador de


danos à sua saúde, por meio da aplicação de mecanismos que
reduzam a níveis aceitáveis ou eliminem a sua exposição a fato-
res ou agentes de risco em ambiente de trabalho. Então, temos
dos conceitos importantes aqui, o primeiro é saúde e o segundo,
fatores de risco.

A Organização Mundial de Saúde (OMS) adota um conceito


amplo para saúde:

28 HIGIENE OCUPACIONAL E PREVENÇÃO DE RISCOS AMBIENTAIS


A saúde pode ser vista como um estado com-
pleto de bem-estar físico, mental e social e
não meramente a ausência de doença [...].
Para atingir essa meta, o ser humano estabe-
lece uma batalha contínua, com o intuito de
manter um balanço positivo contra as forças
biológicas, físicas e químicas, mentais e sociais
que tendem a romper o equilíbrio. (FUNDA-
CENTRO, 2004, p. 45).

Essa definição é genérica, portanto necessitamos definir


a que diz respeito especificamente a saúde do trabalhador:

Saúde do trabalhador representa um esforço de com-


preensão do processo saúde-doença, como e porque ocorre, e

Unidade 1
o desenvolvimento de alternativas que levem à transformação e
direção à apropriação pelos trabalhadores na dimensão humana
de trabalho. [...] entende-se por saúde do trabalhador, um con-
junto de atividades que se destina, a través de ações de vigilân-
cia epidemiológica e vigilância sanitária, à promoção e proteção
da saúde dos trabalhadores, assim como visa a recuperação e
reabilitação da saúde dos trabalhadores submetidos aos riscos
a e agravos advindo das condições de trabalho. (FUNDACENTRO,
2004, p. 46)

Com base nesses conceitos e na diferença entre os cam-


pos que compõem uma visão multifuncional da saúde ocupacio-
nal, a medicina do trabalho assume a visão ampla do conceito
de saúde, ou seja: estado completo de bem-estar físico, mental e
social, e não meramente a ausência de doença. Essa visão tam-
bém é compartilhada pela saúde ocupacional, mas a higiene ocu-
pacional tem como foco a promoção de controle e ausência de
doenças de trabalho originadas da exposição do trabalhador ao
risco advindo forças biológicas, físicas e química presentes no
ambiente de trabalho.

HIGIENE OCUPACIONAL E PREVENÇÃO DE RISCOS AMBIENTAIS 29


Saúde do trabalhador é estado de bem-estar de-
corrente do controle e da ausência de doenças de
trabalho originadas da sua exposição ao risco ad-
DEFINIÇÃO vindo forças biológicas, físicas e químicas presen-
tes no ambiente de trabalho.

Entendeu o que consiste a saúde do trabalhador no


campo da higiene ocupacional? Então, você percebeu que ela
está relacionada a outro conceito importante: risco. A respeito
de risco e seus fatores, temos que:
Qualquer pessoa está exposta as mais diver-
sas condições que podem ocasionar eventos
ou danos indesejados, seja dentro do ambien-
te de trabalho, ou fora dele, e que poderão
Unidade 1

afetar a sua qualidade de vida, como doenças,


acidentes, perda do patrimônio, entre outros.
A essa probabilidade de ocorrer danos deno-
minamos de risco. O risco, portanto, é a com-
binação da probabilidade e magnitude de um
evento desejado. (FUNDACENTRO, 2004, p.
47)

Traduzindo e trazendo o conceito de risco para o campo


da higiene ocupacional, temos que o risco é o resultado da chance
de ocorrer um evento gerador de dano à saúde do trabalhador,
resultante de seu trabalho, somada à gravidade da consequência
do dano, caso o evento ocorra. Para facilitar o entendimento, o
Quadro 3 apresenta um exemplo de análise de risco no ambiente
de trabalho de fabricação de artigos de mármore, resultante de
uma pesquisa realizada por Chagas (2016).

30 HIGIENE OCUPACIONAL E PREVENÇÃO DE RISCOS AMBIENTAIS


Quadro 3 – Estudo de risco no ambiente de trabalho de fabricação de artigos de mármore

ANÁLISE E AVALIAÇÃO DE RISCOS PROFISSIONAIS NA FABRICAÇÃO DE


ARTIGOS EM MÁRMORE
Avaliação de riscos é a base de uma gestão eficaz da segurança e da saúde
do trabalho para reduzir os acidentes de trabalho e as doenças profissionais.
Este estudo tem por objetivo descrever a avaliação de riscos nas tarefas de
cada atividade na fabricação de artigos em mármore. Utilizou-se o método
de análise e avaliação de riscos William T. Fine. A atividade em estudo foi
categorizada em três grupos: corte, polimento e acabamento dos artigos.
Classificação do riscos: Atribui-se um índice às situações de risco
identificadas baseado na gravidade e na probabilidade de ocorrência do
perigo a elas associado. O produto das três variáveis, Consequência (C),
Exposição (E) e Probabilidade (P) dá origem à Magnitude do Risco (R) ou Grau
de Perigosidade (GP). Para determinar as prioridades de intervenção recorreu-
se à escala de índice de risco, em que: o GP<20, o nível de risco é 5 (aceitável);
20<GP<70, 4 (moderado); 70<GP<200, 3 (notável); 200<GP<400, 2 (alto) e

Unidade 1
GP>400, o nível de risco é 1 (grave/eminente).
Na análise de riscos por atividade foi tida em conta a qualidade dos
equipamentos e das instalações existentes, que por si só, já elimina
alguns possíveis fatores de risco. Assim, na Tabela 1 encontram-se o grau
de Perigosidade do Risco relacionado à atividade de corte, resultante da
classificação obtida em relação ao nível de consequência, exposição e
probabilidade.

Equipamento/
Perigos Riscos Grau Risco
Produto
Corte 1
Corte de már-
Amputação do
Máquinas de more 1
membro superior
corte
Exposição ao Perda da acuida-
3
ruído de auditiva

HIGIENE OCUPACIONAL E PREVENÇÃO DE RISCOS AMBIENTAIS 31


Equipamento/
Perigos Riscos Grau Risco
Produto

Riscos elétricos Eletrocussão 3

Riscos elétricos Eletrização 3


Fadiga 2
Máquinas de Lesões osteomus-
2
corte culares
Postura
Lesões muscoes-
inadequada 2
queléticas (LME)
Lesões esforço
2
repetitivo (LER)
Lesões múltiplas 2
Atropelamento 2
Máquina em Danificação da
Unidade 1

movimento infraestrura/equi- 2
Empilhador pamento
Esmagamento 2
Esmagamento 2
Queda de
Contusões 2
matéria-prima
LEsões múltiplas 2

Trabalho com Hematomas 3


Torno equipamentos Esmagamento 3
manuais Fraturas 3

Fonte: Adaptado de Chagas (2016, p. 16-22).

Para conhecer mais riscos existentes no ambiente


de trabalho de fabricação de artigos de mármo-
re, clique aqui e leia na íntegra o artigo de Chagas
SAIBA MAIS (2016), intitulado “Análise e avaliação de riscos pro-
fissionais na fabricação de artigos em mármore”.

Com base no exemplo disposto do Quadro 3, compreen-


de-se que a definição de risco está atrelada aos seguintes con-
ceitos: consequência, fonte de risco, perigo e probabilidade. As

32 HIGIENE OCUPACIONAL E PREVENÇÃO DE RISCOS AMBIENTAIS


definições desses conceitos estão contidas na NBR ISO 31000,
como nos traz Rossete (2014):
Vale ressaltar também outras definições a
NBR ISO 31000:

• Consequência – resultado de um evento


que afeta os objetivos [...]

• Fonte de risco – elemento que, individual-


mente ou combinado, tem potencial in-
trínseco para dar origem ao risco [...]

• Perigo – fonte de potencial dano. [...]

• Probabilidade – chance de algo acontecer.


(ROSSETE, 2014, p. 11)

Unidade 1
A respeito da definição de risco, com base no exemplo
disposto no Quadro 3 e nas definições consequência, fonte de
risco, perigo e probabilidade, temos que, quanto maior o resul-
tado de um evento que afeta a saúde do trabalhador e a sua
chance de acontecer, maior será o risco atribuído a uma dada
atividade. Então, não se esqueça: Risco= probabilidade x conse-
quência (CAMPOS, 2013).

RISCO = probabilidade x consequência (CAMPOS,


2013).
DEFINIÇÃO

A higiene ocupacional, assim, tem entre seus objetivos


reduzir o risco no contexto do ambiente de trabalho, ao
identificar, monitorar e controlar a exposição do trabalhador aos
fatores e agentes de risco. Um fator agente de risco é o elemento
gerador ao qual o risco está associado.

HIGIENE OCUPACIONAL E PREVENÇÃO DE RISCOS AMBIENTAIS 33


Retomando o exemplo da fabricação de artigos em már-
more, a perda da acuidade auditiva é um risco, cujo fator/agente
gerador é o ruído. Outro exemplo é a fadiga, que é um risco que
possui como fator/agente a postura inadequada no trabalhador
em atividade. Nesses exemplos, destacamos um fator/agente de
risco físico (ruído) e outro ergonômico (postura inadequada).

Os fatores/agente de risco podem ser classificados em: fí-


sicos, químicos, biológicos e ergonômicos. O Quadro 4 apresenta
resumidamente cada tipo de risco.
Quadro 4 – Classificação dos fatores ou agentes de risco

FATOR/AGENTE DESCRIÇÃO
Físicos Diversas formas de energia às quais possam estar
expostos os trabalhadores, como: ruído, vibração,
Unidade 1

pressões anormais, temperaturas, radiações ionizantes,


radiações não ionizantes etc.
Químicos Substâncias, compostos ou produtos que possam
penetrar no organismo pelas vias respiratórias, absorção
da pele ou ingestão. Exemplos: poeira e gases.
Biológicos São microrganismos por meio dos quais o trabalhador,
ao obter contato, pode adquirir doenças. Exemplos:
bactérias, fungos, bacilos, parasitas, protozoários, vírus,
entre outros.
Ergonômicos São decorrentes da organização e gestão do trabalho.
Exemplos: esforço físico, postura inadequada, controle
rígido de produtividade, jornada de trabalho prolongada,
monotonia e repetitividade de movimentos, falhas no
treinamento e supervisão dos trabalhadores, entre
outros.

Fonte: Adaptado de Alves (2015, p. 16-22).

Agora que aprendemos um pouco sobre os dois conceitos


importantes ligados à definição de higiene ocupacional (saúde
e risco), é importante entendermos também alguns termos e
palavras que são de uso da área. No tópico a seguir apresentamos
algumas dessas palavras ou termos.

34 HIGIENE OCUPACIONAL E PREVENÇÃO DE RISCOS AMBIENTAIS


Termos de uso da higiene
ocupacional
Para finalizar sua base inicial de conhecimento, destaca-
mos no Quadro 5 algumas palavras e termos comumente usados
pelos profissionais que atuam na área.
Quadro 5 – Termos utilizados na área de higiene ocupacional

Termo Definição/sentido de uso


Agente de risco Agente necessário para provocar riscos à saúde, à
segurança e ao meio ambiente.
Agente tóxico Qualquer substância química que pode causar dano
a um organismo vivo, como resultado de interação
físico-química.

Unidade 1
Análise de risco Exame detalhado para compreender a natureza de
consequências indispensáveis para a vida e saúde
humana, a propriedade e o meio ambiente.
Avaliação Ato ou situação de determinar a importância, a
magnitude de valor de algo.
Avaliação da estimativa Processo que mede ou estima a intensidade, duração
da exposição e frequência da exposição humana a um agente
estressor.
Avaliação de risco Processo global de estimar a magnitude do risco e
decidir se o risco é tolerável, aceitável ou não.
Concentração Estimativa de quantidade de uma substância em um
ambiental meio ambiente específico.
Dano a saúde Alteração do estado de saúde que resulte em
doença, ou alteração do processo de crescimento e
desenvolvimento, ou até morte.
Doença profissional Doença produzida ou desencadeada pelo exercício
do trabalho peculiar a determinada atividade.
Doença do trabalho Doença adquirida ou desencadeada em função de
condições especiais em que o trabalho é realizado.
Dose Quantidade de um agente de risco que entra em
contato com o organismo.

HIGIENE OCUPACIONAL E PREVENÇÃO DE RISCOS AMBIENTAIS 35


Estimativa Determinação por cálculo ou avaliação valor fundado
em probabilidade.
Exposição Situação ou condição de uma ou mais pessoas que
podem estar sujeitas à interação com agentes ou
fatores de riscos.
Gerenciamento de Processo de selecionar e implementar medidas para
risco a alterar a magnitude do risco.
Monitorização Vigilância periódica ou contínua, ou ainda a realização
de testes para determinar as características de
fatores de risco, os níveis de contaminação ou
exposição, ou a condição de saúde de pessoas,
animais, ou outros seres vivos.
Risco ocupacional Possibilidade de uma pessoa sofrer determinado
dano para a sua saúde em virtude das condições de
trabalho.
Toxidade Propriedade de qualquer substância que pode
Unidade 1

ocasionar danos a um organismo vivo.


Fonte: Adaptado de Fundacentro (2004, p. 59-63).

36 HIGIENE OCUPACIONAL E PREVENÇÃO DE RISCOS AMBIENTAIS


E agora? Você já se sente capaz de discernir sobre
os conceitos relacionados à definição da higiene
ocupacional? Para garantir, vamos resumir o que
RESUMINDO aprendemos aqui. Vimos inicialmente nesse capí-
tulo que diversos autores e pesquisadores da área
apresentam uma definição de higiene ocupacional,
contudo essas definições são homogêneas, ou se-
ja, não diferem muito umas das outras. Nesse sen-
tido, identificamos que uma definição de higiene
ocupacional sempre remete aos seguintes elemen-
tos: campo científico, local ou ambiente de traba-
lho, fatores de risco ou estresse ambiental, e saúde
do trabalhador. Concluímos que a higiene ocupa-
cional, ou do trabalho, é apenas um dos campos de
estudos da saúde ocupacional e que se difere da

Unidade 1
medicina do trabalho e segurança do trabalho (de-
mais campos que compõem uma abordagem mul-
tiprofissional da saúde ocupacional) por ter seu
foco voltado para conforto e eficiência do trabalho,
buscando um ambiente adequado a manutenção e
saúde do trabalhador. Por fim, vimos que a saúde
do trabalhador está ligada à sua exposição ao ris-
co, que é igual à probabilidade x consequência, e
que higiene ocupacional, no contexto do ambiente
de trabalho, identifica, monitora e controla a ex-
posição do trabalhador aos fatores e agentes de
riscos físicos, químicos, biológicos e ergonômicos.

HIGIENE OCUPACIONAL E PREVENÇÃO DE RISCOS AMBIENTAIS 37


O profissional da área de
higiene ocupacional
Ao término deste capítulo você será capaz de de-
finir as atribuições e características de um pro-
fissional atuante na área de higiene ocupacional.
OBJETIVO Saber quais são as características e atribuições de
um profissional da área de higiene ocupacional
ajudará você a identificar quais dessas caracterís-
ticas é preciso desenvolver para atuar na área ou
selecionar pessoas adequadas para desempenhar
esse papel. E então? Pronto para desenvolver esta
habilidade? Vamos lá. Avante!

Diferenciando o profissional de
Unidade 1

higiene ocupacional
Vimos que a higiene ocupacional é a área da ciência que
reconhece, avalia e controla os riscos originados dos ambientes
profissionais e capazes de provocar alterações na saúde dos
trabalhadores, tendo como objetivo colaborar com a promoção
e conservação da saúde dos operários por meio de condições
adequadas no ambiente de serviço (ROSSETE, 2014). É com base
nessa definição que diferenciaremos o profissional de higiene
ocupacional dos demais profissionais que atuam com a saúde
ocupacional.

A higiene ocupacional, ou do trabalho, é apenas


um dos campos de estudo da saúde ocupacional.
Nesse sentido, ela se difere da medicina do traba-
NOTA lho e segurança do trabalho, que são os demais
campos que compõem uma abordagem multipro-
fissional da saúde ocupacional.

38 HIGIENE OCUPACIONAL E PREVENÇÃO DE RISCOS AMBIENTAIS


Já que você tem clara a definição de higiene ocupacional,
antes de fazermos uma diferenciação entre os profissionais da
área, primeiro vamos definir a medicina do trabalho e a segurança
do trabalho, uma vez que são os demais campos que compõem
uma abordagem multifuncional da saúde ocupacional.

A medicina do trabalho tem como foco a saúde física e


mental dos trabalhadores, por meio da vigilância da saúde para
o aumento da produtividade.
A medicina do trabalho preocupa-se com a
saúde física e mental do trabalhador, tendo
em vista a vigilância à saúde dos profissio-
nais perante os riscos que estão expostos.
Isso pode contribuir para o aumento da pro-

Unidade 1
dutividade e disponibilidade da mão de obra,
devido à redução de afastamentos para trata-
mento dos casos de doenças e acidentes re-
lacionados ao trabalho. (ROSSETE, 2014, p. 8).

Já a segurança no trabalho tem como foco medidas


técnicas, médicas e profissionais para cuidado do trabalhador,
visando à prevenção de acidentes. A respeito da segurança do
trabalho, Peixoto, Hofstadler e Silveira (2012) destacam:
Podemos definir Segurança do Trabalho como
uma série de medidas técnicas, administra-
tivas, médicas e, sobretudo, educacionais e
comportamentais, empregadas a fim de pre-
venir acidentes, e eliminar condições e proce-
dimentos inseguros no ambiente de trabalho.
A segurança do trabalho destaca também a
importância dos meios de prevenção estabe-
lecidos para proteger a integridade e a capaci-
dade de trabalho do colaborador. Para a exe-
cução dessas medidas, não bastam apenas

HIGIENE OCUPACIONAL E PREVENÇÃO DE RISCOS AMBIENTAIS 39


ações dos profissionais ligados à área (SESMT
e CIPA), mas é necessária a participação de
todos os envolvidos, ou seja, desde a direção
da empresa até os trabalhadores de chão de
fábrica, pois o sucesso das ações vai depen-
der de uma adequada política de segurança
do trabalho, na qual todos têm suas respon-
sabilidades. (PEIXOTO; HOFSTADLER; SILVEIRA
(2012, p. 28-29)

Você sabia que organizações com mais de 50 fun-


cionários têm a obrigatoriedade de possuir um
órgão responsável pela prevenção de acidentes?
VOCÊ SABIA? Esse órgão é a Comissão Interna de Prevenção de
Acidentes e Assédio decorrentes do trabalho (CI-
Unidade 1

PA).

É importante destacarmos que a medicina do trabalho, a


higiene ocupacional e a segurança no trabalho, quando aplicadas
dentro das organizações, apresentam vários benefícios, entre os
quais: a redução de despesas com pagamento de sanções por
descumprimento de lei do trabalho, redução da frequência de
acidentes de trabalho, prevenção de doenças, redução de morbi-
dade e mortalidade, entre outros benefícios.

É importante que você saiba a diferença entre


morbidade e mortalidade. Morbidade refere-
se à relação entre trabalhadores doentes e não
IMPORTANTE doentes expostos às mesmas condições e mesmo
ambiente de trabalho. Já mortalidade remete à
relação de mortos comparada com a população de
trabalhadores expostos às mesmas condições.

É importante diferenciar bem medicina do trabalho,


higiene ocupacional e segurança do trabalho, porque cada um

40 HIGIENE OCUPACIONAL E PREVENÇÃO DE RISCOS AMBIENTAIS


desses campos tem em sua atuação profissionais especializados,
conforme mostram as Figuras 3, 4 e 5.
Figura 3 – Profissionais da saúde ocupacional – Médico do trabalho

Unidade 1
Fonte: Freepik

Figura 4 – Profissionais da saúde ocupacional – Higienista ocupacional

Fonte: Pixabay

HIGIENE OCUPACIONAL E PREVENÇÃO DE RISCOS AMBIENTAIS 41


Figura 5 – Profissionais da saúde ocupacional – Engenheiro do trabalho ou Técnico de
segurança do trabalho
Unidade 1

Fonte: Pixabay

Assim, o profissional da medicina do trabalho é o médico


do trabalho, com formação superior em medicina e que desem-
penha o trabalho de avaliar trabalhadores a fim de identificar
possíveis complicações de saúde oriundas do trabalho. É, tam-
bém, o profissional responsável pela emissão de Atestados de
Saúde Ocupacional (ASO). A respeito do campo de atuação desse
profissional, Lucca e Campos (2011) esclarecem que:
O mercado de trabalho deste profissional é
amplo, possibilitando as mais variadas inser-
ções, como médicos assistentes, coordena-
dores, consultores, peritos ou auditores, com
atuação em serviços médicos de empresas
públicas ou privadas, sindicatos, Ministérios
do Trabalho e Emprego e da Saúde, Previdên-
cia Social, Ministério Público, dentre outras.
(LUCCA; CAMPOS, 2011, p. 1)

42 HIGIENE OCUPACIONAL E PREVENÇÃO DE RISCOS AMBIENTAIS


Já o profissional da segurança do trabalho é denomina-
do engenheiro do trabalho ou técnico de segurança do trabalho,
de acordo com sua formação a nível superior ou técnico. Cabe a
ele prever riscos de atividades de trabalho, proteger o trabalha-
dor em suas unidades laborais e elaborar documentos técnicos.
São exemplos de relatórios técnicos sob responsabilidade desse
profissional o Programa de Condições e Meio de Trabalho na In-
dústria e da Construção (PCMAT) e o Programa de prevenção de
riscos ambientais. O engenheiro do trabalho, em muitos casos,
também desempenha o papel do higienista ocupacional.

Por fim, temos o profissional da higiene ocupacional, o


denominado higienista ocupacional, que é o foco de nossos es-
tudos.

Unidade 1
O higienista ou técnico
ocupacional
O higienista ocupacional, e/ou técnico de higiene ocupa-
cional, é o profissional que trabalha com higiene ocupacional,
habilitado para identificar problemas e riscos ocupacionais, pro-
pondo soluções. O higienista ocupacional tem entre suas funções
a gestão de riscos, desenvolver as etapas do processo.

Então, basicamente o trabalho do higienista ocupacional,


ou técnico de higiene ocupacional, consiste em avaliar e gerenciar
riscos ocupacionais no seu campo de atuação. Destacamos que
o campo de atuação do higienista ocupacional é o ambiente de
trabalho.

HIGIENE OCUPACIONAL E PREVENÇÃO DE RISCOS AMBIENTAIS 43


Lembre-se de que ambiente de trabalho é o lo-
cal no qual os indivíduos desenvolvem atividades
de labor e envolve tudo ao que esse indivíduo é
NOTA exposto e interage ao desempenhar atividades
relacionadas ao seu trabalho. Nesse sentido, os
higienistas ocupacionais atuam em fábricas, orga-
nizações etc.

O processo de avaliação de risco é composto por duas


fases - a análise de risco e a análise de opções -, enquanto no
gerenciamento de riscos temos quatro: tomada de decisão,
implementação, monitoração e avaliação, e gerenciamento de
riscos. O Quadro 6 apresenta de forma objetiva o papel/atribuição
do higienista, ou técnico ocupacional, em cada uma das fases do
Unidade 1

processo de avaliação e gerenciamento de riscos.


Quadro 6 – Papel/atribuição do profissional de higiene do trabalho no processo de avaliação
e gerenciamento de riscos

Fase Papel / Atribuição


Identificação dos -Reconhecer e identificar fontes ou situações com
fatores e risco potencial provocador de danos ou consequências
indesejáveis à saúde humana.
- Estabelecer relação causal entre fator/dano/
consequência.
Estimativa de - Determinar e produzir por cálculo ou avaliação medidas
risco quantitativas de risco.
Análise de - Comparar os riscos e benefícios das opções.
opções de - Analisar o problema dos pontos de vista individual e
gerenciamento social.
- Identificar a viabilidade das opções e seus impactos
econômicos e ambientais.
- Averiguar as implicações sociais, políticas e culturais de
cada opção.
Implementação - Conduzir o processo de implementação do plano,
programa ou projeto de execução.

44 HIGIENE OCUPACIONAL E PREVENÇÃO DE RISCOS AMBIENTAIS


Monitoração e - Acompanhar e avaliar periodicamente como as medidas
avaliação do plano, programa ou projeto, e execução estão sendo
implantadas e se os padrões estabelecidos estão sendo
executados.
Revisão - Analisar os resultados da monitorização e avaliação.
- Identificar necessidades de retomada do processo.

Fonte: Adaptado de Fundacentro (2004, p. 53-55).

Agora vamos refletir um pouco: diante das atribuições


profissionais, qual é o perfil adequado de formação de um higie-
nista, ou técnico de higiene do trabalho? Esse profissional deve
ter formação superior ou técnica em qualquer uma dessas áreas:
Engenharia, Física, Química, Biologia, Higiene ocupacional, Segu-
rança do trabalho ou áreas afins. Os cursos de formação espe-
cífica e em higiene ocupacional abrangem em seu currículo co-

Unidade 1
nhecimentos em matemática, física, química, biologia, anatomia
e fisiologia (requisitos básicos); toxicologia, fisiologia do trabalho,
doenças ocupacionais, estatística e epidemiologia, ergonomia,
fatores psicoemocionais, segurança e saúde pública (requisitos
de suporte); e aspectos fundamentais da higiene ocupacional
(reconhecimento de riscos, tecnologia de controle ambiental e
pessoal; ventilação industrial etc.) (FUNDACENTRO, 2014).

Interdisciplinaridade e ética
na atuação do profissional de
higiene ocupacional
Como vimos no tópico anterior, o currículo básico de um
curso a nível superior ou técnico que tem por objetivo formar
profissionais para atuarem em higiene ocupacional é compos-
to por diferentes áreas do conhecimento (disciplina), porque a
higiene ocupacional é um campo de atuação de conhecimento
interdisciplinar. O que isso significa? Isso quer dizer que a prática

HIGIENE OCUPACIONAL E PREVENÇÃO DE RISCOS AMBIENTAIS 45


de higiene ocupacional depende da sua interação com profissio-
nais de diversas áreas do conhecimento.

Para compreender mais sobre a interdisciplinari-


dade no campo da saúde do trabalhador, clique
aqui e leia o artigo escrito por Consolino et al., que
SAIBA MAIS identificam em bases científicas as produções aca-
dêmicas que relacionam interdisciplinaridade, saú-
de e trabalho.

Na prática, o profissional de higiene ocupacional atua nas


empresas com o objetivo de proteger o trabalhador dos riscos
existentes e previstos no ambiente de trabalho. Nesse contexto,
ele atua em conjunto com médicos de trabalho, gestores e
engenheiros de produção. Vejamos o seguinte exemplo:
Unidade 1

O médico do trabalho ao encontrar o traba-


lhador doente, poderá optar por tratar e curar
o trabalhador devolvendo-o para o ambiente
nocivo à saúde, tornar a encontra-lo depois
de algum tempo com o mesmo problema, ou
afastá-lo definitivamente do ambiente nocivo
para poupá-lo da doença, mais isso acarre-
tará em desviá-lo de sua profissão ou de seu
meio de subsistência. Atuando em conjunto,
porém, os profissionais de medicina, higiene
ocupacional e outros que sejam necessários
nesse processo poderão agir na correção do
ambiente, eliminando ou minimizando a ocor-
rência das doenças. (FUNDACENTRO, 2004, p.
74)

Vejamos outro exemplo. Um engenheiro de produção


projetou o layout de disposição das máquinas de uma linha
de produção. Após a inauguração dessa linha de produção,
muitos funcionários apresentaram dores na lombar. Fazendo

46 HIGIENE OCUPACIONAL E PREVENÇÃO DE RISCOS AMBIENTAIS


uma análise, o higienista ocupacional dessa indústria descobriu
que o layout não considerava princípios básicos de ergonomia,
sendo esse o motivo das dores presentes nos operários dessa
linha. Nesse exemplo, o engenheiro e o higienista ocupacional
trabalharam de forma isolada. Consideremos agora que esses
dois profissionais atuaram juntos na concepção do projeto da
nova linha de produção. Esse trabalho interdisciplinar evitaria
o problema de saúde causado nos operários, uma vez que os
conhecimentos de ergonomia de posse do higienista ambiental
preveniriam o ocorrido na fase de concepção do projeto.

Outro profissional indispensável nesse contexto do tra-


balho interdisciplinar é o profissional na área de educação. O téc-
nico, ou higienista ocupacional, pode identificar as necessidades

Unidade 1
de mudança nos hábitos dos trabalhadores a fim de garantir a
preservação da saúde deles e traçar planos de ação, mas educar
o funcionário para que ele cumpra o proposto só é possível com
maior eficiência e parceria de um profissional de educação. Um
exemplo de trabalho interdisciplinar realizado pelo profissional
de higiene com um profissional de higiene é a construção de uma
cartilha informativa sobre riscos ocupacionais. O profissional de
educação, nesse caso, saberia com qual linguagem didática abor-
dar os assuntos pontuados pelo profissional de higiene.

Entendeu a importância da interdisciplinaridade na


higiene ocupacional? O trabalho interdisciplinar gera melhores
resultados e decisões mais corretas do que o trabalho isolado
dos profissionais envolvidos no processo.

Além da interdisciplinaridade, outro aspecto que merece


atenção são as questões éticas. Agir com ética, entre outros
aspectos, é cumprir os direitos e deveres a profissão. O Quadro
7 destaca alguns direitos e deveres de um profissional de
higiene ocupacional e algumas atitudes éticas atribuídas a esse

HIGIENE OCUPACIONAL E PREVENÇÃO DE RISCOS AMBIENTAIS 47


profissional como reflexo do conhecimento de seus direitos e
deveres.
Quadro 7 – Direitos e deveres de um profissional de higiene ocupacional e algumas atitudes
éticas

Deveres e obrigações Atitudes éticas

Aperfeiçoamento profissional Não ocultar informações


relacionadas com riscos à saude dos
trabalhadores e da comunidade.
Manter o trabalhador informado
Agir com profissionalismo
observando regras de sigilo
em relação ao empregador e
Porvidenciar adoção imediata de
trabalhador.
medidas de controle necessárias.

Estabelecer relação de confiança,


Unidade 1

seguança e iguladade com as


Estabelecer, propor, interpretar e pessoas para quais presta serviço.
sugerir melhorias de politicas de
prevenção e controle
Tratar de modo imparcial todos os
trabalhadores.

Estabelecer e manter comunicação


clara entre as partes envolvidas nas
decisões de higiene ocupacional.

Manter registros precisos sobre


acompanhamento das condições de
trabalho.

Fonte: Adaptado de Fundacentro (2004, p. 75-77).

Diante do exposto no Quadro 7, o desafio em higiene


ocupacional é garantir a atuação do profissional de acordo com os
princípios éticos. Para tanto, ao se encontrar em situações que o
conduza a um dilema de ética, aconselha-se que o profissional de
higiene recorra às políticas e aos códigos de conduta profissional,
bem como às leis regulamentadoras da saúde ocupacional, pois

48 HIGIENE OCUPACIONAL E PREVENÇÃO DE RISCOS AMBIENTAIS


assim ele pode sanar suas dúvidas e respaldar sua postura ética
em caso de julgamento de terceiros.

Gostou de entender a formação e atuação do pro-


fissional da área de higiene ocupacional? Para ga-
rantirmos que você seja capaz de definir as atribui-
RESUMINDO ções e características de um profissional atuante
na área de higiene ocupacional, vamos resumir o
que estudamos. Primeiramente vimos que o pro-
fissional de higiene ocupacional se difere em foco
e nomenclatura dos profissionais de medicina do
trabalho e segurança do trabalho. Aprendemos
que o profissional da medicina do trabalho é o mé-
dico do trabalho; o profissional de segurança do
trabalho é denominado engenheiro ou técnico de
segurança do trabalho; e o profissional de higiene

Unidade 1
do trabalho é chamado de higienista ocupacional
ou técnico de higiene ocupacional. O higienista
ocupacional e/ou técnico de higiene ocupacional
trabalha com higiene ocupacional, habilitado para
identificar problemas e riscos ocupacionais, pro-
pondo soluções. Assim, sua formação requer co-
nhecimento de diversas áreas do conhecimento e
sua atuação prática envolve trabalhar com profis-
sionais de diversas áreas, de forma interdisciplinar.
Por fim, destacamos que uma conduta ética desse
profissional remete ao cumprimento de suas atri-
buições e deveres, bem como o conhecimento e
uso de políticas e códigos de conduta profissional,
e leis regulamentadoras da saúde ocupacional.

HIGIENE OCUPACIONAL E PREVENÇÃO DE RISCOS AMBIENTAIS 49


Legislação em higiene
ocupacional
Ao término deste capítulo você será capaz de reco-
nhecer as implicações legais relacionadas à prática
dos preceitos da higiene ocupacional. Conhecer os
OBJETIVO aspectos legais relacionados à higiene ocupacional
irá direcioná-lo em sua prática profissional a defi-
nir ações de higiene ocupacional em conformidade
com essas leis. E então? Pronto para desenvolver
esta habilidade? Vamos lá. Avante!

Marcos históricos legais


relacionados à higiene
Unidade 1

ocupacional no Brasil
Você percebeu que a higiene ocupacional evoluiu como
ciência e que suas raízes remetem a leis voltadas à proteção do
trabalhador. Agora, vamos resgatar os acontecimentos históricos
que conduziram o desenvolvimento de leis voltadas à higiene
ocupacional no Brasil.

No contexto brasileiro, a primeira coisa que devemos


ter em mente é que a intervenção do Estado nas questões
trabalhistas foi reflexo dos movimentos sociais organizados pela
classe trabalhadora.
Em decorrência desses movimentos, tem iní-
cio a intervenção do Estado, com a fixação das
relações de trabalho por meio de legislação
específica. É aprovada, então a primeira Lei
sobre Acidentes (Decreto-legislativo no3.754
de 15/01/1919), [...] esta lei tinha como funda-
mento jurídico a teoria do risco profissional,
e a necessidade policial em todas as ocorrên-

50 HIGIENE OCUPACIONAL E PREVENÇÃO DE RISCOS AMBIENTAIS


cias de acidentes de trabalho. (FUNDACEN-
TRO, 2004, p. 23)

Como resultado da aplicação da Lei sobre Acidentes,


o Brasil, no século XX, teve sua legislação direcionada para os
infortúnios ou riscos industriais, de modo que no contexto
jurídico-institucional pode-se identificar, na primeira metade do
século XX, alguns fatos relacionados à higiene ocupacional. O
Quadro 8 apresenta esses fatos em ordem cronológica.
Quadro 8 – Fatos marcantes da legislação relacionada à higiene ocupacional no Brasil

Ano Fato
1923 - Criação da Inspetoria de Higiene Industrial e Profissional, junto ao
Departamento Nacional de Saúde, embrião do Ministério da Saúde,
que se estabeleceu até 1930.

Unidade 1
1934 - Foi decretada, a segunda Lei de Acidentes do trabalho, sendo
criada a Inspetoria de Higiene e Segurança do Trabalho, no âmbito
do Departamento Nacional do Trabalho, do Ministério do Trabalho,
Indústria e Comércio.
-Ministério do Trabalho nomeou os primeiros “inspetores-médicos”
com o objetivo de procederem à inspeção higiênica nos locais de
trabalho e estudos sobre acidentes e doenças profissionais.
1938 A Inspetoria transformou-se em Serviço de Higiene do Trabalho.

1942 O Serviço de Higiene do Trabalho transformou-se em Divisão de


Higiene e Segurança do Trabalho.
1943 A legislação do trabalho, que se encontrava até então dispersa e
redundante, foi analisada, agrupada e condensada na primeira
Consolidação das Leis do Trabalho CLT, que incluía um capítulo sobre
Higiene e Segurança do Trabalho. A legislação brasileira, baseada na
Recomendação 112 da Organização Internacional do Trabalho (OIT),
foi expressa no Capítulo V da CLT.
1944 A legislação sobre acidentes do trabalho é reformulada, por meio de
Decreto-Lei.
1950 O Ministério do Trabalho apoiou alguns trabalhos realizados pelo
Departamento Nacional de Produção Mineral (DNPM)
Fonte: Adaptado de Fundacentro (2004, p. 25).

HIGIENE OCUPACIONAL E PREVENÇÃO DE RISCOS AMBIENTAIS 51


Os fatos históricos da consolidação da higiene do
trabalho remetem à legislação estabelecida pela
CLT e conduziram a criação das normas que regu-
IMPORTANTE
lamentam a segurança do trabalho.

Além dos fatos destacados no Quadro 8, é importante


evidenciar que no mesmo período começaram a surgir institui-
ções que se dedicavam a pesquisa, estudo e disseminação das
questões relacionadas à higiene ocupacional, entre as quais po-
demos destacar: Escola de Higiene e Saúde Pública, Serviço So-
cial da Indústria (SESI), Associação Brasileira para a Prevenção de
Acidentes (ABPA), Serviço Social da Indústria, Confederação Na-
cional das Indústrias e Fundação Centro Nacional de Segurança,
Higiene e Medicina do Trabalho (Fundacentro). Diante a sua atua-
Unidade 1

ção representativa no campo até hoje, entre essas instituições


destacamos a Fundacentro. O Quadro 9 apresenta um breve his-
tórico dessa fundação e aponta algumas das suas contribuições
para o âmbito da higiene ocupacional.
Quadro 9 – O que é a FUNDACENTRO

Criada oficialmente em 1966, a FUNDACENTRO teve os primeiros passos


de sua história dados no início da década, quando a preocupação com
os altos índices de acidentes e doenças do trabalho crescia no Governo e
entre a sociedade. Já em 1960, o Governo brasileiro iniciou gestões com a
Organização Internacional do Trabalho (OIT), com a finalidade de promover
estudos e avaliações do problema e apontar soluções que pudessem alterar
esse quadro.

52 HIGIENE OCUPACIONAL E PREVENÇÃO DE RISCOS AMBIENTAIS


A ideia de criar uma instituição voltada para o estudo e pesquisa das
condições dos ambientes de trabalho, com a participação de todos os agentes
sociais envolvidos na questão, começou a ganhar corpo. Proposta nesse
sentido foi apresentada em março de 1964, durante o Congresso Americano
de Medicina do Trabalho, realizado em São Paulo.
Em 1965, após a visita ao País de especialistas da OIT, e de novos estudos
sobre as condições necessárias para a implantação da iniciativa, o Governo
Federal decidiu pela criação de um centro especializado, tendo a cidade de
São Paulo como sede da nova instituição, em função do porte de seu parque
industrial.
Assim, em 1966, durante o Congresso Nacional de Prevenção de Acidentes,
realizado em São Paulo, foi oficializada a criação da FUNDACENTRO, que
teve sua primeira sede instalada no bairro de Perdizes. Datam dessa fase
inicial da entidade os primeiros estudos e pesquisas no País sobre os efeitos
de inseticidas organoclorados na saúde; da bissinose (doença ocupacional
respiratória que atinge trabalhadores do setor de fiação, expostos a poeira
de algodão e juta); sobre as consequências das vibrações e ruídos em

Unidade 1
trabalhadores que operam marteletes; sobre o teor da sílica nos ambientes
de trabalho na indústria cerâmica e ainda sobre os riscos da exposição
ocupacional ao chumbo.
No decorrer de sua história, a FUNDACENTRO viria ainda afirmar sua vocação
pioneira na área, com as pesquisas sobre as Doenças Osteomusculares
Relacionadas ao Trabalho - DORT (à época chamada de lesões por Esforços
Repetitivas - LER).
Com a vinculação, em 1974, da FUNDACENTRO ao Ministério do Trabalho,
cresceram as atribuições e atividades da instituição, exigindo um novo salto
da entidade: a implantação do Centro Técnico Nacional, cuja construção teve
início em 1981, sendo concluído em 1983, no bairro de Pinheiros, em São
Paulo.
Hoje, a FUNDACENTRO está presente em todo País, por meio de suas
unidades descentralizadas, distribuídas em 11 Estados e no Distrito Federal.
Atuando de acordo com os princípios do tripartimos, a Fundacentro tem no
Conselho Curador sua instância máxima. Nele estão representados, além do
governo, os trabalhadores e empresários, por meio de suas organizações de
classe.
O ineditismo e a importância de seus estudos deram à FUNDACENTRO a
liderança na América Latina no campo da pesquisa na área de segurança
e saúde no trabalho. A Fundacentro é designada como centro colaborador
da Organização Mundial da Saúde (OMS), além de ser colaboradora da
Organização Internacional do Trabalho (OIT).

HIGIENE OCUPACIONAL E PREVENÇÃO DE RISCOS AMBIENTAIS 53


Ainda no plano internacional, a FUNDACENTRO mantém intercâmbio com
países das três Américas, da Europa, além do Japão e da Austrália. São ações
que envolvem desde trabalhos na área de educação até o desenvolvimento de
projetos de sistemas de gestão ambiental.
Outras informações sobre a FUNDACENTRO:
Missão: Produzir conhecimento aplicado para subsidiar políticas públicas que
promovam o trabalho seguro, saudável e produtivo.
Visão: Um futuro melhor pela ciência aplicada à prevenção.
Valores: Integridade científica, profissionalismo, transparência, cooperação e
inovação.
Atuação: A Fundacentro dispõe de uma rede de laboratórios em segurança,
higiene e saúde no trabalho, e de uma das mais completas bibliotecas
especializadas, além de profissionais formados em várias áreas, muitos deles
pós-graduados no Brasil e exterior, que atuam basicamente em duas frentes:
• Desenvolvimento de pesquisas em segurança e saúde no trabalho.
• Difusão de conhecimento, por meio de ações educativas, como cursos,
congressos, seminários, palestras, produção de material didático e
Unidade 1

publicações periódicas cientificas e informativas.


Para enfrentar os desafios, a Fundacentro vem promovendo
continuamente a melhoria da estrutura organizacional e o realinhamento
de suas ações, passando pela modernização de seus recursos técnico-
científicos e culminando numa gama de projetos e atividades em
sintonia com as necessidades atuais.

Fonte: Adaptado de Fundacentro (2020, p. 27).

Outro período que merece destaque é o período após o


estabelecimento da Constituição de 1988, que foi marcado pelos
seguintes fatos:

• Ampliação das atribuições e responsabilidades dos


estados e municípios em relação à área de saúde e
segurança do trabalho.

• Adoção do Programa Nacional de Qualidade e


Produtividade, as conhecidas normas ISO.

• Mudanças na legislação na área de saúde e segurança


do trabalho.

54 HIGIENE OCUPACIONAL E PREVENÇÃO DE RISCOS AMBIENTAIS


• Surgimento de novos programas no âmbito do Ministé-
rio do Trabalho, como Programa de Riscos Ambientais
(PPRA), Programa de Controle Médico em Saúde Ocu-
pacional (PCMSO), entre outros.

A PPRA não existe mais, pois houve uma alteração


na NR 9 substituindo-a pelo PGR – Programa de
IMPORTANTE Gerenciamento de Riscos.

PPRA é focado mais estritamente na avaliação e controle


de riscos ambientais, como ruído, calor, produtos químicos etc.
Já o PGR abrange riscos ergonômicos, mecânicos, de acidentes
e até psicossociais, oferecendo uma visão mais abrangente da

Unidade 1
segurança no ambiente de trabalho.

Integração

O PGR integra outros programas como o Programa de


Controle Médico de Saúde Ocupacional (PCMSO) e considera
informações fornecidas por inspeções de segurança, Comissão
Interna de Prevenção de Acidentes (CIPA) e outros programas
existentes na empresa, criando uma estratégia de gestão mais
completa.

Setores de Aplicação

O PPRA é aplicável a todos os setores que exponham


os trabalhadores a riscos ambientais. O PGR tem um foco mais
direcionado para setores com atividades de risco elevado, como
mineração, construção civil e atividades que envolvam manuseio
de inflamáveis.

HIGIENE OCUPACIONAL E PREVENÇÃO DE RISCOS AMBIENTAIS 55


Vantagens da Substituição

Amplitude de Ação: o PGR permite um acompanhamento


mais amplo e integrado de diversos tipos de riscos.

Atualização Normativa: a criação do PGR representa


uma modernização das diretrizes de segurança ocupacional,
alinhando-se às melhores práticas internacionais.

Flexibilidade: o PGR permite mais autonomia para as


empresas, que podem adaptar os programas de acordo com as
especificidades e os riscos reais de suas atividades.

Responsabilização: o PGR tende a ser mais rigoroso em


termos de responsabilidades legais, o que pode incentivar as
empresas a investir mais efetivamente em medidas de segurança
Unidade 1

e saúde ocupacional.

Desafios da Transição

Custo: a implementação do PGR pode exigir investimentos


em novas tecnologias e treinamentos.

Cultura organizacional: a transição pode exigir mudanças


na cultura da empresa, que terá que se adaptar a novas formas
de gerenciar riscos.

Complexidade: a abrangência do PGR torna sua elabo-


ração e implementação mais complexas em comparação com o
PPRA.

Em suma, a substituição do PPRA pelo PGR representa


uma evolução nas práticas de segurança e saúde ocupacional,
mas também traz desafios que exigem preparação e investimento
por parte das empresas. É crucial que as organizações estejam
cientes dos novos requisitos e se preparem devidamente para
garantir uma transição suave e eficaz.

56 HIGIENE OCUPACIONAL E PREVENÇÃO DE RISCOS AMBIENTAIS


Higiene ocupacional e legislação
sobre segurança do trabalho
Como vimos, a segurança do trabalho como foco medidas
técnicas, médicas e profissionais para cuidado do trabalhador,
objetivando a prevenção de acidentes. A respeito da segurança
do trabalho, Peixoto, Hofstadler e Silveira (2012) destacam:
Podemos definir Segurança do Trabalho como
uma série de medidas técnicas, administra-
tivas, médicas e, sobretudo, educacionais e
comportamentais, empregadas a fim de pre-
venir acidentes, e eliminar condições e proce-
dimentos inseguros no ambiente de trabalho.

Unidade 1
A segurança do trabalho destaca também a
importância dos meios de prevenção estabe-
lecidos para proteger a integridade e a capa-
cidade de trabalho do colaborador. (PEIXOTO;
HOFSTADLER; SILVEIRA, 2012; p. 28-29)

Diante do exposto, a higiene ocupacional, em sua prática,


segue as diretrizes legais estabelecidas pela Segurança do
Trabalho. No Brasil, hoje a Legislação de Segurança do Trabalho
baseia-se na Constituição Federal, na Consolidação das Leis do
Trabalho (CLT), nas Normas Regulamentadoras e em outras
leis complementares, como portarias, decretos e convenções
internacionais da Organização Internacional do Trabalho (OIT) e
Organização Mundial da Saúde (OMS). O quadro 10 apresenta e
resume algumas dessas normas.

HIGIENE OCUPACIONAL E PREVENÇÃO DE RISCOS AMBIENTAIS 57


Quadro 10 – Normas de segurança do trabalho

Norma Descrição
NR 1 – Disposições Estabelece o campo de aplicação de todas as Normas
Gerais: Regulamentadoras de Segurança e Medicina do
Trabalho Urbano, bem como os direitos e obrigações
do Governo, dos empregadores e dos trabalhadores
no tocante a este tema específico. A fundamentação
legal, ordinária e específica que dá embasamento
jurídico à existência desta NR são os artigos 154 à 159
da Consolidação das Leis do Trabalho (CLT).
NR 3 – Embargo ou Estabelece as situações em que as empresas se
interdição: sujeitam a sofrer paralisação de seus serviços,
máquinas ou equipamentos, bem como os
procedimentos a serem observados pela fiscalização
trabalhista na adoção de tais medidas punitivas no
tocante à Segurança e à Medicina do Trabalho.
Unidade 1

NR 4 – Serviços Estabelece a obrigatoriedade das empresas públicas


especializados e privadas que possuam empregados regidos pela
em Medicina do CLT, de organizarem e manterem em funcionamento
Trabalho: Serviços Especializados em Engenharia de Segurança
e em Medicina do Trabalho – SESMT com a finalidade
de promover a saúde e proteger a integridade do
trabalhador no local de trabalho.
NR 5 – Comissão Estabelece a obrigatoriedade das empresas públicas e
Interna de Prevenção privadas organizarem e manterem em funcionamento,
de Acidentes e por estabelecimento, uma comissão constituída
Assédios – CIPA: exclusivamente por empregados com o objetivo de
prevenir infortúnios laborais, através da apresentação
de sugestões e recomendações ao empregador, para
que melhore as condições de trabalho, eliminando
as possíveis causas de acidentes do trabalho e de
doenças ocupacionais.
NR 6 – Equipamentos Estabelece e define os tipos de EPI a que as empresas
de Proteção estão obrigadas a fornecer aos seus empregados,
Individual – EPI: sempre que as condições de trabalho exigirem, a
fim de resguardar a saúde e a integridade física dos
trabalhadores.

58 HIGIENE OCUPACIONAL E PREVENÇÃO DE RISCOS AMBIENTAIS


NR 7 – Programas de Estabelece a obrigatoriedade de elaboração e
Controle Médico de implantação por parte de todos os empregadores
Saúde Ocupacional – e instituições que admitam trabalhadores como
PCMSO: empregados, do Programa de Controle Médico de
Saúde Ocupacional, com o objetivo de promoção
e preservação da saúde do conjunto dos seus
trabalhadores.
NR 8 – Edificações: Dispõe sobre os requisitos técnicos mínimos que
devem ser observados nas edificações para garantir
segurança e conforto aos que nelas trabalham.
NR 9 – Avaliação Estabelece a obrigatoriedade de elaboração e
e Controle de implantação por parte de todos os empregadores
exposições e instituições que admitam trabalhadores como
ocupacionais a empregados do Programa de Gerenciamento de
agentes físicos, Riscos. Visa à preservação da saúde e da integridade
químicos e biológicos: física dos trabalhadores, através da antecipação,

Unidade 1
reconhecimento, avaliação e consequente controle
da ocorrência de riscos ambientais existentes ou
que venham a existir no ambiente de trabalho,
considerando a proteção do meio ambiente e dos
recursos naturais.
NR 10 – Segurança Estabelece as condições mínimas exigíveis para
em Instalações garantir a segurança dos empregados que trabalham
e serviços em em instalações elétricas, em suas diversas etapas.
eletricidade: Inclui elaboração de projetos, execução, operação,
manutenção, reforma e ampliação, assim como a
segurança de usuários e de terceiros em quaisquer
das fases de geração, transmissão, distribuição e
consumo de energia elétrica, observando-se, para
tanto, as normas técnicas oficiais vigentes e, na falta
delas, as normas técnicas internacionais.
NR 11 – Transporte, Estabelece os requisitos de segurança a serem
movimentação, observados nos locais de trabalho, no que se refere
armazenagem ao transporte, à movimentação, à armazenagem e
e manuseio de ao manuseio de materiais, tanto de forma mecânica
materiais: quanto manual, objetivando a prevenção de infortúnios
laborais.

HIGIENE OCUPACIONAL E PREVENÇÃO DE RISCOS AMBIENTAIS 59


NR 12 – Segurança Estabelece as medidas prevencionistas de segurança e
no Trabalho higiene do trabalho a serem adotadas pelas empresas
em Máquinas e em relação à instalação, operação e manutenção de
equipamentos: máquinas e equipamentos, visando à prevenção de
acidentes do trabalho.
NR 13 – Caldeiras, Estabelece requisitos mínimos para a gestão da
vasos de pressão integridade estrutural de caldeiras, vasos de pressão,
e tubulações e suas tubulações
tanques metálicos de de interligação e tanques metálicos de armazenamento
armazenamento: nos aspectos relacionados à instalação, inspeção,
operação e manutenção, visando a segurança e saúde
dos trabalhadores.
NR 14 – Fornos: Estabelece as recomendações técnico-legais
pertinentes à construção, operação e manutenção de
fornos industriais nos ambientes de trabalho.
NR 15 – Atividades e Descreve as atividades, operações e agentes
Unidade 1

operações insalubres insalubres, inclusive seus limites de tolerância,


definindo, assim, as situações que, quando vivenciadas
nos ambientes de trabalho pelos trabalhadores,
ensejam a caracterização do exercício insalubre e,
também, os meios de proteger os trabalhadores de
tais exposições nocivas à sua saúde.
NR 16 – Atividades e Regulamenta as atividades e as operações
operações perigosas: legalmente consideradas perigosas, estipulando as
recomendações prelecionistas correspondentes.
NR 17 – Ergonomia: Visa estabelecer parâmetros que permitam a
adaptação das condições de trabalho às condições
psicofisiológicas dos trabalhadores, de modo a
proporcionar um máximo de conforto, segurança e
desempenho eficiente.
NR 18 – Segurança Estabelece diretrizes de ordem administrativa, de
e saúde no trabalho planejamento de organização, que objetivem a
na indústria da implantação de medidas de controle e sistemas
construção: preventivos de segurança nos processos, nas
condições e no meio ambiente de trabalho na indústria
da construção civil.

60 HIGIENE OCUPACIONAL E PREVENÇÃO DE RISCOS AMBIENTAIS


NR 19 – Explosivos: Estabelece as disposições regulamentadoras acerca
do depósito, manuseio e transporte de explosivos,
objetivando a proteção da saúde e integridade física
dos trabalhadores em seus ambientes de trabalho.
NR 20 – Segurança e Estabelece as disposições regulamentares acerca do
Saúde no Trabalho armazenamento, manuseio e transporte de líquidos
com inflamáveis e combustíveis e inflamáveis, objetivando a proteção da
combustíveis: saúde e a integridade física dos trabalhadores em seu
ambiente de trabalho
NR 21 – Trabalho a Tipifica as medidas prevencionistas relacionadas com a
céu aberto: prevenção de acidentes nas atividades desenvolvidas a
céu aberto, como em minas ao ar livre e em pedreiras.
NR 22 – Segurança e Estabelece métodos de segurança a serem observados
saúde ocupacional na pelas empresas que desenvolvam trabalhos
mineração: subterrâneos, de modo a proporcionar aos seus
empregados satisfatórias condições de Segurança e

Unidade 1
Medicina do Trabalho.
NR 23 – Proteção Estabelece as medidas de proteção contra incêndios,
contra incêndios: que devem dispor os locais de trabalho, visando
à prevenção da saúde e da integridade física dos
trabalhadores.
NR 24 – Condições Disciplina os preceitos de higiene e de conforto
sanitárias e de a serem observados nos locais de trabalho,
conforto nos locais especialmente no que se refere a banheiros, vestiários,
de trabalho: refeitórios, cozinhas, alojamentos e ao tratamento da
água potável, visando à higiene dos locais de trabalho
e à proteção da saúde dos trabalhadores.
NR 25 – Resíduos Estabelece as medidas preventivas a serem observadas
industriais: pelas empresas no destino final a ser dado aos
resíduos industriais resultantes dos ambientes de
trabalho, de modo a proteger a saúde e a integridade
física dos trabalhadores.
NR 26 – Sinalização Estabelece a padronização das cores a serem utilizadas
de segurança: como sinalização de segurança nos ambientes de
trabalho, de modo a proteger a saúde e a integridade
física dos trabalhadores.

HIGIENE OCUPACIONAL E PREVENÇÃO DE RISCOS AMBIENTAIS 61


NR 28 – Fiscalização e Estabelece os procedimentos a serem adotados pela
penalidades: fiscalização em Segurança e Medicina do Trabalho,
tanto no que diz respeito à concessão de prazos às
empresas para a correção das irregularidades técnicas,
como também, no que concerne ao procedimento de
autuação por infração às Normas Regulamentadoras
de Segurança e Medicina do Trabalho.
NR 29 – Norma Tem por objetivo regular a proteção obrigatória
regulamentadora de contra acidentes e doenças profissionais, facilitar
segurança e saúde no os primeiro socorros a acidentados e alcançar as
trabalho portuário: melhores condições possíveis de segurança e saúde
aos trabalhadores portuários
NR 30 – Norma Regula a proteção contra acidentes e doenças
regulamentadora do ocupacionais objetivando melhores condições
trabalho aquaviário: e segurança no desenvolvimento de trabalhos
aquaviários.
Unidade 1

NR 31 –Segurança e Regula os preceitos a serem observados na


saúde no trabalho organização e no ambiente de trabalho rural, de
na agricultura, forma a tornar compatível o planejamento e o
pecuária silvicultura, desenvolvimento das atividades do setor com a
exploração florestal e prevenção de acidentes e
aquicultura: doenças relacionadas ao trabalho rural.
NR 32 – Segurança e Tem por finalidade estabelecer as diretrizes básicas
saúde no trabalho em para a implantação de medidas de proteção
serviços de saúde: à segurança e à saúde dos trabalhadores em
estabelecimentos de assistência à saúde, bem como
daqueles que exercem atividades de promoção e
assistência à saúde em geral.
NR 33 – Norma Esta Norma tem como objetivo estabelecer os
regulamentadora de requisitos mínimos para identificação de espaços
segurança e saúde confinados, seu reconhecimento, monitoramento e
nos trabalhos em controle dos riscos existentes, de forma a garantir
espaços confinados: permanentemente a segurança e saúde dos
trabalhadores.
NR 33 – Norma Esta Norma tem como objetivo estabelecer os
regulamentadora de requisitos mínimos para identificação de espaços
segurança e saúde confinados, seu reconhecimento, monitoramento e
nos trabalhos em controle dos riscos existentes, de forma a garantir
espaços confinados: permanentemente a segurança e saúde dos
trabalhadores.

62 HIGIENE OCUPACIONAL E PREVENÇÃO DE RISCOS AMBIENTAIS


NR 34 - Condições Esta Norma Regulamentadora estabelece os requisitos
e meio ambiente de mínimos e as medidas de
trabalho na indústria proteção à segurança, à saúde e ao meio ambiente de
da construção, trabalho nas atividades da indústria de
reparação e construção, reparação e desmonte naval.
desmonte naval
NR 35 - Trabalho em Essa norma estabelece os requisitos mínimos e as
altura medidas de proteção para o
trabalho em altura, envolvendo o planejamento, a
organização e a execução, de forma
a garantir a segurança e a saúde dos trabalhadores
envolvidos direta ou indiretamente
com esta atividade.
NR 36 - Segurança e O objetivo dessa norma é estabelecer os requisitos
saúde no trabalho em mínimos para a avaliação,
empresas de abate e controle e monitoramento dos riscos existentes nas

Unidade 1
processamento de atividades desenvolvidas na indústria
carnes e derivados de abate e processamento de carnes e derivados
destinados ao consumo humano, de
forma a garantir permanentemente a segurança, a
saúde e a qualidade de vida no
trabalho, sem prejuízo da observância do disposto nas
demais Normas Regulamentadoras
- NR do Ministério do Trabalho e Emprego.
NR 37 - Segurança Essa norma se aplica ao trabalho nas plataformas
e saúde em nacionais e estrangeiras, bem como
plataformas de nas Unidades de Manutenção e Segurança - UMS,
petróleo devidamente autorizadas a operar em AJB.
NR 38 - Segurança Essa Norma Regulamentadora tem o objetivo de
e saúde no trabalho estabelecer os requisitos e as
nas atividades de medidas de prevenção para garantir as condições de
limpeza urbana e segurança e saúde dos trabalhadores nas
manejo de resíduos atividades de limpeza urbana e manejo de resíduos
sólidos sólidos.

Fonte: Adaptado de Peixoto (2010, p. 30-34).

HIGIENE OCUPACIONAL E PREVENÇÃO DE RISCOS AMBIENTAIS 63


Então, o que podemos concluir é que a higiene
ocupacional é parte integrante da segurança do trabalho, de
modo que as normas apresentadas no Quadro 10 especificam
requisitos específicos para a proteção da saúde do trabalhador
e sua integridade física em diferentes condições de trabalho e
situações.

Chegamos ao fim dessa unidade e você apren-


deu implicações legais relacionadas à prática dos
preceitos da higiene ocupacional. Reconheceu os
RESUMINDO avanços da higiene ocupacional no campo jurídico-
-legal e, especialmente, conheceu 33 normas que
regulamentam a segurança no trabalho e reforçam
a prática dos preceitos da higiene ocupacional, de
modo que o descumprimento de qualquer uma
Unidade 1

delas pode expor o trabalhador aos mais diferen-


tes riscos que podem comprometer sua saúde e
integridade como ser humano.

64 HIGIENE OCUPACIONAL E PREVENÇÃO DE RISCOS AMBIENTAIS


ALVES, A. S. Estudo dos agentes de risco ocupacional e seus
prováveis agravos na saúde humana. 2015. Dissertação

REFERÊNCIAS
(Mestrado em Tecnologia Nuclear - Aplicações) - Instituto de
Pesquisas Energéticas e Nucleares, Universidade de São Paulo,
São Paulo, 2015.

ASSOCIAÇÃO BRASILEIRA DE HIGIENISTAS OCUPACIONAIS. Área


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