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TRANSTORNO DE ANSIEDADE
GENERALIZADA E TRANSTORNO
DEPRESSIVO MAIOR DURANTE A
PANDEMIA
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ARTIGO CIENTÍFICO – MODELO 1
1.
Conforme relatou Santana et al (2021), no dia 11 de março de 2020, a Organização
Mundial de Saúde (OMS) declarou o surto de COVID-19 como pandemia e teve por
consequência uma série de medidas para a contenção da infecção do vírus. O distanciamento, a
restrição e o isolamento social, foram responsáveis pelo desenvolvimento de inúmeros
sintomas, dentre os quais: medo de sair de casa e ser infectado, insegurança, irritabilidade,
distúrbio do sono, desesperança, tensão, ... Vários destes sintomas, que reunidos, podem fechar
o diagnóstico do Transtorno de Ansiedade Generalizada (TAG) podendo evoluir para o
Transtorno Depressivo Maior (TDM) conforme os sintomas apresentados no DSM-V (APA,
2014).
O que são estes Transtornos? Como se desenvolve os sintomas para o TAG e para o
TDM? O que há em comum com estes Transtornos e como um pode evoluir para o outro? Como
este novo cenário, onde tudo precisou ser de forma virtual, inclusive os atendimentos
psicoterapêuticos, influenciou na eficácia dos tratamentos psicoterápicos? E como a Terapia
Cognitivo-Comportamental e suas técnicas, se sobressaiu no ambiente virtual?
Conforme o DSM-V (APA, 2014) e o CID-11 (OMS, 2022), O TAG tem como
principais sintomas o excesso de preocupação e de ansiedade relacionados a quaisquer eventos
ou atividades e sua intensidade é totalmente desproporcional à possibilidade real do impacto do
evento antecipado. O TDM tem o humor deprimido, insônia e fadiga como seus principais
sintomas. De acordo com Beck (2021) o tratamento com a Terapia Cognitivo-Comportamental
(TCC) consiste em propiciar os pacientes o desenvolvimento de estratégias efetivas de forma a
identificar as distorções cognitivas, os erros de interpretação dos eventos e, através das técnicas,
corrigi-las de forma que o sujeito aprenda a lidar com os sintomas da ansiedade fazendo com
que o sofrimento seja minimizado.
Em um ambiente de pandemia, Silva et al (2021) relatou que em virtude da alta
transmissibilidade entre as pessoas, foram decretadas medidas para o controle da disseminação
do vírus, dentre as quais, a quarentena, o distanciamento e restrição social. Estas medidas
propiciaram vários distúrbios à saúde mental, em virtude da interrupção repentina do
seguimento contínuo da vida acelerada da sociedade para uma rotina onde as pessoas teriam
que ficar dentro de suas casas impedidas de terem contatos com outras pessoas.
Com este novo cenário, as psicoterapias tiveram que passar por adaptações e no dia 26
de março de 2020, através da resolução CFP nº 04/2020 houve a autorização pelo CFP para o
prosseguimento psicoterápico de forma totalmente on-line e com este novo cenário, houve
muitos desafios, sendo o principal deles era saber se a eficácia diminuiu, se manteve ou
aumentou com este novo setting terapêutico.
Este trabalho objetivou apresentar os sintomas de ansiedade e suas definições e como
evoluem para o TAG e para o TDM. Para atingir este objetivo foi realizada uma revisão
narrativa da literatura por meio de consulta pela internet das bases de dados do Periódico
CAPES, o site The Scientific Electronic Library On-line (SCIELO), Portal de Periódicos
Eletrônicos de Psicologia (PEPSIC), LILACS e livros relativos à literatura apresentado neste
artigo, com a utilização das palavras-chave: Pandemia, Terapia on-line, Transtorno de
Ansiedade Generalizada, Transtorno Depressivo Maior.
O artigo está organizado da seguinte forma: Será tratado sobre o TAG e a TCC, logo
após o TDM e a TCC, em seguida, a TCC e o ambiente on-line finalizado com a conclusão dos
temas relacionados.
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2.
2.1 TAG E TCC
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A Preocupação crônica e excessiva é um dos pontos chaves para o diagnóstico de TAG.
A sua natureza está intimamente ligada à condição humana. Conforme Borlovec (1985) apud
Clark e Beck, p. 394 observou, nós temos a capacidade cognitiva de criar representações
mentais de eventos passados, bem como antecipar eventos futuros a fim de planejar a solução
de problemas. Assim sendo, somos capazes de gerar representações internas de eventos
aversivos futuros que causam ansiedade na ausência de ameaça existente e essa capacidade de
representar a ameaça simbolicamente que é a base da preocupação. A vivência da preocupação
se origina da produção de pensamentos e imagens de antecipação exagerada de possíveis
resultados negativos e suas consequências são gerar e manter a ansiedade na ausência de uma
ameaça externa pela perpetuação de pensamento e imagens de ameaças e perigos não existentes
antecipados do futuro.
Assim, podemos definir a preocupação da seguinte forma:
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atividades que serão realizadas ainda, causando assim uma inquietação, deixando-a no limite,
com os nervos à flor da pele e com este estado, entra em um quadro de cansaço, fazendo com
que a concentração seja afetada em virtude da fadiga, começando a ficar irritada por causa deste
cansaço afetando a concentração e gerando uma inquietação. Desta forma o corpo começa a dar
sinais de tensão e com todos estes sintomas o sono perde sua qualidade.
Os adultos mais jovens, quando acometido pelo TAG, tende a ter os sintomas com maior
gravidade do que os adultos mais velhos e quanto mais cedo as desenvolve, maiores são as
chances de terem comorbidades. Nos idosos mais frágeis, a preocupação excessiva se encontra
na segurança do idoso, tal como a queda, pois o risco de fraturas é muito grande. Conforme o
DSM-5 (APA, 2014) a prevalência do TAG em diversos países, está no intervalo entre 0,4% e
3,6% da população e a proporção ocorre mais entre os indivíduos do sexo feminino (55% a
60%) do que o do sexo masculino.
Em relação a comorbidade do TAG, conforme Vasconcelos, Lôbo & Neto (2015),
88,1% apresentaram alguma comorbidade, sendo 54,5% possuíam duas ou mais comorbidades
e 33,3% tinham uma. Dentre os principais transtornos comórbidos com o TAG, 53,7%
apresentaram o Transtorno de Depressivo Maior. A prevalência do TAG ao longo da vida,
demonstra que 72% das pessoas com TAG também tem depressão, mostrando assim uma íntima
ligação do Transtorno de Ansiedade Generalizada e Transtorno Depressivo Maior.
A Terapia Cognitivo-Comportamental (TCC) é uma abordagem dentro da Psicologia
desenvolvida por Aron Beck no início da década de 1960 que trata o paciente através da
psicoterapia de forma estruturada voltada para o momento presente e de curta duração. Ela é
totalmente direcionada para a solução de problemas atuais e na modificação de pensamentos e
comportamentos disfuncionais que são inadequados ou inúteis. De acordo com Reyes e
Fermann (2017), a TCC é uma psicoterapia que se baseia na teoria na qual o modo como o
indivíduo estrutura suas experiências determina o modo como ele se sente e se comporta. Os
sentimentos não são determinados pelos acontecimentos em si, mas como ele interpreta estes
acontecimentos. Sendo assim, os transtornos psicológicos decorrem de um modo distorcido ou
disfuncional de perceber os acontecimentos, influenciando assim os afetos e os
comportamentos. Assim, o afeto e o comportamento que uma pessoa tem é em virtude da forma
que ela interpreta os acontecimentos conforme a sua experiencia de vida, suas crenças, ou seja,
a forma como ela vê o mundo ao seu redor.
Para que a psicoterapia na abordagem da TCC possa ter eficácia no seu resultado, antes
de mais nada é necessário que seja realizado na Anamnese a coleta de todos os dados do
paciente, as suas queixas principais e secundárias, os sintomas, quando começaram, frequência,
intensidade, história de vida, família, trabalho, entre outras formações, de forma a entender o
máximo possível a pessoa com o intuito de se tornar possível o início de um diagnóstico, pois
o tratamento mais adequado se dá através de um diagnóstico de forma correta. Após esta etapa,
com os dados da anamnese é possível preencher boa parte da conceitualização cognitiva. Knapp
& colaboradores (2004) aponta a conceitualização cognitiva como a habilidade clínica mais
importante que o terapeuta precisa dominar, pois ela é fundamental para identificar os
pensamentos automáticos, os comportamentos em virtude de situações que vivencia, as
emoções evocadas por tais situações, as estratégias compensatórias, entre outras.
Para Knapp & colaboradores (2004) a TAG pode ser entendido como um transtorno
multidimensional, com três sistemas de ansiedade: o Fisiológico, o Cognitivo e o
Comportamental.
A TCC vai atuar na área comportamental com técnicas de relaxamento onde podemos
destacar a Respiração Diafragmática, o Relaxamento Muscular Progressivo e a Visualização
Mental.
Rangé & colaboradores (2011) fala do Relaxamento Muscular Progressivo de Jacobson
que é uma técnica que se baseia na premissa de que o corpo reage com tensão muscular a
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pensamentos que induzem à ansiedade e que essa tensão muscular aumenta ainda mais a
ansiedade e assim sucessivamente. A Técnica consiste em contrair e relaxar vários grupos
musculares por todo o corpo de forma a aliviar a tenção muscular. A Respiração Diafragmática
consiste na intensão de provocar a ativação parassimpática do sistema nervoso central para que
o corpo volte ao estado de relaxamento. Já a Visualização mental consiste em imaginar uma
situação real que cause ansiedade sendo resolvida com a intensão de provocar uma situação
agradável associada com o estado de relaxamento de forma a substituir os pensamentos
ruminativos e ansiosos.
A TCC vai tratar o cognitivo através da Reestruturação Cognitiva onde é possível fazer,
a partir do momento em que forem identificados os pensamentos disfuncionais e
desadaptativos, de forma a questioná-los e avaliá-los sua validade com a finalidade de substituir
por outros mais funcionais e adaptativos. Segundo Leahy (2011) muitas pessoas que são
ansiosas têm uma maneira tendenciosa e negativa de pensar sobre as coisas. Elas buscam
identificar as ameaças e os perigos nas situações e surgem pensamentos de forma automática.
Tais pensamentos são negativos em virtude da tendencia negativa de ver as coisas. Esta maneira
de pensar são chamadas de erros ou distorções cognitivas. Nas pessoas com TAG, as distorções
cognitivas mais comuns são:
Clark e Beck (2012) cita que a exposição à preocupação é uma técnica na qual o paciente
imaginará situações que causem desconforto. Inicialmente tem que ser identificado uma
hierarquia destas preocupações após imaginar cenas que causem desconforto considerando o
pior desfecho possível, em seguida escolher a preocupação menos perturbadora praticando o
treinamento de imaginação e o terapeuta fazendo os pacientes rememorar. Com estas técnicas
utilizadas no paciente os níveis de ansiedade tendem a baixar levando o equilíbrio fisiológico.
Conforme Hope, Heimberg, Turk (2012) a aliança terapêutica é importante para as
sessões serem produtivas. Para que o resultado seja alcançado é fundamental fortalecer a aliança
terapêutica de forma a aumentar o engajamento do paciente nas sessões e em todas as técnicas
utilizadas. Uma das ações a serem feitas, e que é de suma importância para o fortalecimento da
aliança terapêutica é a Psicoeducação, onde o paciente é educado a entender o TAG, o seu
funcionamento, o que é a TCC, como será realizado a psicoterapia, ou seja, será uma busca para
que o empirismo colaborativo seja fortalecido e que possa otimizar os resultados da
psicoterapia.
2.2
O Transtorno Depressivo Maior (TDM), popularmente conhecido como Depressão, é
uma condição mental onde os sintomas principais são: humor deprimido ou a perda de interesse
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ou prazer nas atividades diárias. Segundo o DSM-V (APA, 2014) O transtorno depressivo maior
ocorre quando está presente no mesmo período de duas semanas no indivíduo o humor
deprimido na maior parte do dia e em quase todos os dias ou a perda de interesse ou prazer em
todas ou quase todas as atividades na maior parte do dia. Para o diagnóstico de TDM, o humor
deprimido ou a diminuição ou perda de prazer na realização das atividades habituais tem que
estar presentes (critério A). Estes dois sintomas são chamados de sintomas cardinais. Além
destes dois sintomas, juntamente com quatro ou mais dos sintomas a seguir, que são variáveis
de orientação fisiológica ou biológica e são chamados de paradoxal, pois podem assumir uma
forma ou outra. São eles:
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Além do humor deprimido que a pessoa sente, a insônia ou fadiga são frequentemente
apontados como a queixa principal apresentada. Conforme apresentado por Ramos et al (2021)
o confinamento em virtude da pandemia de COVID-19 pode resultar na interrupção do sono,
pois ele é fundamental na regulação das emoções e os padrões alterados do sono, podem
impactar diretamente no desempenho emocional no dia seguinte. A insônia pode causar o
despertar durante a noite, com dificuldade para voltar a dormir ou despertar muito cedo, com
incapacidade de voltar a dormir, já a hipersonia, o paciente pode experimentar períodos
prolongados de sono tanto durante a noite quanto durante o dia, fazendo com que ela fique
prostada a maior parte do dia. A fadiga, cansaço ou a sua energia reduzida, ocorrem sem um
esforço físico que a justifique. Mesmo as tarefas mais simples, exige um grande esforço,
havendo assim uma diminuição na eficiência na realização de tarefas. Uma simples troca de
roupa, é cansativo e, por consequência, ocorre uma demora na sua finalização.
Para o DSM-5 (APA, 2014) os sentimentos de inutilidade, culpa, desvalia, quando
ocorre no episódio depressivo maior, inclui em avaliações negativas e irrealistas do próprio
valor, preocupações cheias de culpa ou ruminações acerca de pequenos fracassos do passado.
O indivíduo faz uma interpretação errada dos eventos que acontecem apontando como
evidências de defeitos pessoais e tem um senso exagerado de responsabilidade pelas
adversidades. O sentimento de culpa ou desvalia pode se tornar delirante, colocando a culpa em
si próprio de eventos em proporções gigantescas. É importante notar que a autorrecriminação
por estar doente e por não conseguir cumprir com as responsabilidades profissionais ou
interpessoais em consequência da depressão é comum ocorrer, mas se não for delirante, não é
suficiente para satisfazer este critério. A capacidade diminuída para pensar, tomar decisão ou a
insegurança se reflete de forma comum nas pessoas que sofrem deste transtorno manifestado
através da distração ou dificuldades de memória. Nos indivíduos com este sintoma, a memória
não funciona de forma adequada prejudicando as atividades acadêmicas e/ou profissionais. As
dificuldades de memorias nas crianças se refletem na queda abrupta de rendimento e nos idosos,
podem ser confundidas com os sinais iniciais de uma demência, porém em alguns idosos, um
episódio depressivo maior pode vir a ser uma apresentação inicial de uma demência irreversível.
Por último, dentre os sintomas apresentados, os pensamentos de morte, a ideação suicida ou
tentativas de suicídio são comuns, pois estes pensamentos variam desde um desejo passivo de
não acordar pela manhã, ou uma crença de que os outros estariam melhores se o indivíduo
estivesse morto, até pensamentos transitórios, porém recorrentes, sobre cometer suicídio ou
planos específicos para se matar. As pessoas mais gravemente suicidas podem ter colocado seus
negócios em ordem (p. ex., atualizar o testamento, pagar as dívidas), podem ter adquirido
materiais necessários (p. ex., corda ou arma de fogo) e podem ter estabelecido um local e
momento para consumarem o suicídio. As motivações para o suicídio podem incluir desejo de
desistir diante de obstáculos percebidos como insuperáveis, intenso desejo de pôr fim a um
estado emocional extremamente doloroso, incapacidade de antever algum prazer na vida ou o
desejo de não ser uma carga para os outros. A resolução desses pensamentos pode ser uma
medida mais significativa de risco reduzido de suicídio do que a negação de planos suicidas.
A taxa de mortalidade é alta e, em boa parte é contabilizada pelo suicídio, apesar de não
ser a única causa de morte. Conforme Rangé & Colaboradores (2011), das pessoas acometidas
com depressão, 15% cometem suicídio e por ser uma doença tratável com recuperação
relativamente rápida, é de fundamental importância o seu diagnóstico e tratamento corretos.
A prevalência deste transtorno, segundo o DSM-V (APA, 2014) é de 7% com
acentuadas diferenças por faixa etária, sendo que a prevalência com indivíduos de 18 a 29 anos
é de três vezes maior do que indivíduos acima de 60 anos. Pessoas do sexo feminino
experimentam a depressão de 1,5 a 3 vezes mais altos do que as do sexo masculino, começando
no início da adolescência. De acordo com Stopa et al (2013) a prevalência de autorrelato de
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diagnóstico de depressão em adultos no Brasil foi de 7,6% sendo maiores em mulheres com
10,9% e em pessoas entre 60 e 64 anos com 11,1%.
Conforme relata o DSM-V (APA, 2014), os transtornos mais comuns que ocorrem
concomitantemente ao TDM são os Transtornos relacionados a substâncias, Transtorno de
Pânico, Transtorno Obsessivo-Compulsivo, Anorexia Nervosa, Bulimia Nervosa e Transtorno
de Personalidade Borderline. Em relação a comorbidade na Depressão, pode-se afirmar que não
é comum que ela se apresente sozinha. É normal que apresente outros transtornos juntamente
com a Depressão, uma vez que vários dos sintomas é comum com outros tipos de transtorno.
A Terapia Cognitivo-Comportamental é o tipo de abordagem dentro da Psicologia onde
sua base lógica se fundamenta no modo onde a pessoa se estrutura no mundo é o resultado do
seu afeto e do seu comportamento. Beck et al (1982) fala que suas cognições se baseiam em
atitudes ou suposições desenvolvidas a partir de experiências prévias, ou seja, o seu
comportamento será realizado conforme os pensamentos automáticos alimentados pela
interpretação que ele dará, segundo suas crenças centrais. Os pensamentos disfuncionais
ocorrem em virtude de interpretações errôneas dos acontecimentos devido as distorções
cognitivas que ocorrem neste processo e o terapeuta tem a participação de ajudar o paciente a
pensar e agir de forma mais realística e adaptativo com respeito aos seus problemas
psicológicos, reduzindo assim os seus sintomas. Esta ajuda que o terapeuta dá ao paciente
acontece através de técnicas cognitivas e comportamentais de forma a mostrar e testar as falsas
interpretações, que são desadaptativas e causam sofrimento ao paciente. Há uma diversidade de
técnicas a serem aplicadas ao paciente para que haja experiências de aprendizagem destinadas
a ensiná-lo a observar e controlar seu pensamentos negativos automáticos que são: reconhecer
os vínculos entre cognição, afeto e comportamento; examinar as evidências a favor e contra
seus pensamentos automáticos distorcidos; substituir as cognições tendenciosas por
interpretação mais realísticas; aprender a identificar e alterar as crenças disfuncionais que o
predispõem a distorcer suas experiências.
Conforme relata Barlow (2016) a cognição de viés negativo é um processo central na
depressão e este processo se reflete na tríade cognitiva da depressão onde os pacientes têm uma
visão negativa de si mesmos, de seu ambiente e do futuro. A visão negativa de si mesmo é se
considerarem inúteis, inadequados, não amáveis e deficientes. Eles veem o seu ambiente com
algo sufocante, que apresenta obstáculos insuperáveis e que resulta continuamente em fracasso
e perda. Já a visão do futuro é sem esperança e seus esforços são insuficientes para mudar o
rumo insatisfatório de suas vidas.
Esta visão que o paciente tem em relação a si mesmo, os outros e o seu futuro, é realizada
conforme as suas crenças centrais ou nucleares. Beck (2021) define as crenças nucleares como
determinadas ideias que a pessoa tem sobre si, sobre as outras pessoas e sobre o seu mundo. As
crenças centrais são as compreensões duradouras, fundamentais e profundas que
frequentemente não são articuladas nem para si mesmo. A pessoa cresce considerando estas
ideias como verdades absolutas. Através destas crenças nucleares é que surgirão os
pensamentos automáticos dos acontecimentos do dia a dia, e a pessoa com depressão terá padrão
de pensamentos e erros de pensamentos conforme estas crenças. Sendo assim, a função do
terapeuta será de identificar este viés negativo.
A coleta de todos os dados através da anamnese de forma mais completa possível, será
de suma importância para o preenchimento da conceitualização cognitiva do paciente de forma
a entender o seu funcionamento e poder aplicar as técnicas voltada para o seu transtorno,
conforme as características pessoais de cada paciente, pois há uma diversidade de técnicas
comportamentais e cognitivas, e será através do conhecimento sobre o paciente é que será
possível aplicar as técnicas que mais se adequam a ele. Conforme Beck (2021) fala, é na sessão
de avaliação onde os dados serão coletados. É essencial que a relação terapêutica seja a melhor
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possível, pois é através desta relação em que o empirismo colaborativo pode sobressair,
ajudando assim o paciente a ser seu próprio terapeuta.
Conforme Beck (2021) as técnicas são variadas, dentre todas podemos citar a
Psicoeducação, onde é ensinado ao paciente o que é este transtorno, suas fases, o que ocasiona,
suas origens. As tarefas de casa, incluem dentre outras, o registro dos pensamentos automáticos
(RPD), que possam causar sofrimento de forma a identificar os que são disfuncionais. Com a
identificação dos PAs pode-se testar a validade de tais pensamentos através do questionamento
socrático, verificando se o pensamento é verdadeiro, se é realista.
Powel, Abreu, Oliveira, Dudak (2008) definiram as distorções cognitivas como erros
sistemáticos na percepção e no processamento de informações e elas decorre de regras e
pressupostos, que são padrões estáveis adquiridos ao longo da vida e estas regras e crenças são
sensíveis à ativação de fontes primárias como o estresse e frequentemente levam a estratégias
interpessoais ineficazes. As pessoas com depressão tendem a estruturar suas experiências de
forma absolutista e inflexível, o que resulta em erros de interpretação quanto ao desempenho
pessoal e julgamento de situações externas. As distorções cognitivas mais comuns são:
inferência arbitrária (conclusão antecipada e com poucas evidências), abstração seletiva
(tendência da pessoa escolher evidências de seu mau desempenho), Supergeneralização
(tendência a considerar que um evento ou desempenho negativo ocorrera outras vezes) e
personalização (atribuição pessoal geralmente de caráter negativo).
2.3
Observa-se através do exposto acima que o Transtorno Depressivo Maior foi presente
ou está presente nas pessoas com TAG. Na Tabela 1, abaixo, são relacionados os sintomas do
TAG e do TDM.
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2. Inquietação, sensação de nervos à flor da 2. Agitação ou retardo psicomotor
pele.
3. Fatigabilidade 3. Fadiga ou perda de energia quase todos os
dias
4. Dificuldade de concentração 4. Capacidade diminuída de concentração
5. Irritabilidade 5. Sentimentos de inutilidade
6. Tensão Muscular 6. Perda ou ganho de peso
7. Perturbação do sono 7. Insônia ou Hipersonia
2.4
12
Várias pesquisas foram realizadas a fim de saber se a eficácia, especificamente da
abordagem psicoterapêutica Cognitivo-Comportamental, continuava com o mesmo resultado,
se aumentou ou diminui. Conforme relatou FEIJÓ et al (2021), a TCC foi a abordagem teórica
mais utilizada nas intervenções e as evidências para o tratamento de transtornos de ansiedade
são maiores do que para outras psicopatologias. Araújo e Costa (2021) verificaram que os
resultados benéficos no tratamento dos transtornos psicoterápicos pela internet envolvem a
diminuição da depressão, ansiedade, preocupações disfuncionais, traumas, estresse percebido e
solidão, e melhora da resiliência e verificou-se, através de estudos sobre estresse, ansiedade,
depressão e preocupações disfuncionais, que são um dos quadros mais recorrentes da pandemia,
tendo redução significativa com a TCC on-line.
Silva et al (2021) mostraram que evidências apontaram expressivos impactos
emocionais passíveis de desenvolvimento durante um período de isolamento social, tal como
irritabilidade insônia, baixa concentração, indecisão, deterioração, TEPT, ideação suicida. A
quarentena teve o potencial de ocasionar danos psicológicos em consequência da perda
repentina da liberdade e das incertezas quanto ao curso da pandemia.
Araújo e costa (2021) verificaram que a TCC on-line ajuda as pessoas acometidas por
ansiedade e depressão a avaliarem de maneira mais lógica e racional as preocupações
antecipatórias e catastróficas vivenciadas, e a lidarem com estressores que exacerbam os
sintomas (tal como notícias sobre mortes, aumento de casos) bem como contribui para a
melhora da atenção plena sobre o corpo, a mente e estímulos no ambiente.
Reyes e Fermann (2018) realizaram uma revisão sistemática de literatura afim de
verificar a eficácia da TCC no tratamento do TAG em outubro de 2016 e observou que a Terapia
Cognitivo-Comportamental apresentou evidências na sua eficácia no tratamento do TAG onde
diversos autores, através de suas pesquisas, relataram a eficácia no tratamento tanto na forma
presencial quanto pela internet e, verificaram também, que os autores relataram que as técnicas
comportamentais como dessensibilização por autocontrole, automonitoramento e o
relaxamento muscular progressivo, utilizados de forma independente ou combinados com o
tratamento habitual para o TAG, mostraram-se efetivas quando comparadas com o tratamento
habitual para o TAG.
3.
Retomando o objetivo do trabalho e o respondendo, esta revisão teve por objetivo de
trazer as definições do TAG e do TDM, os seus sintomas, o que há em comum com estes dois
transtornos, como um pode evoluir para o outro, como é a abordagem da TCC e o seu
desenvolvimento no ambiente totalmente on-line em virtude da disseminação da pandemia
COVID-19 decretada pela OMS em março de 2020.
Os profissionais de TCC encontraram dificuldades para realizar a transição do ambiente
presencial, para o ambiente on-line sem que perdesse a eficácia da psicoterapia, de forma a
ajudar milhares de pessoas que ficaram acometidas especificamente do Transtorno de
Ansiedade Generalizada e do Transtorno Depressivo Maior e outras tantas que já tinham este
transtorno e, com o cenário pandêmico, se intensificou ainda mais.
A TCC é uma abordagem da Psicologia onde o comportamento e resposta fisiológica
de uma pessoa é resultado da interpretação que ela dá a uma determinada situação, levando em
consideração o repertório de experiências já vividas. Esta interpretação tem como base as
crenças nucleares e intermediárias que ela possui, que foram formadas desde a infância, ou seja,
é o modo como ela enxerga o mundo. Essas crenças determinam os pensamentos automáticos
que são formados com várias distorções cognitivas, ou seja, são formas de pensar que não
condizem com a realidade e que causam sofrimento. O tratamento através desta abordagem está
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em identificar os pensamentos automáticos, as crenças intermediárias e nucleares, de forma a
corrigi-las com a finalidade de minimizar o sofrimento ocasionado por esta forma de pensar.
As correções destes pensamentos, destas crenças se dão por várias técnicas, que através da
colaboração mútua, são realizadas com a finalidade de minimizar os sintomas apresentados. No
Ambiente On-line, uma das dificuldades apresentadas é a limitação da observação da linguagem
não-verbal que ocorre durante as sessões o que poderia dificultar a relação terapêutica, pois há
comportamentos, quando o paciente fala ou quando o terapeuta fala, que não é possível sua
visualização, e é neste momento onde haveria intervenções por parte do terapeuta quando o
discurso tem como resposta alguma manifestação comportamental, mas estudos apresentaram
a sua eficácia, apesar das dificuldades apresentadas. Apesar da comodidade e eficácia do
tratamento no ambiente virtual, há um contraponto desta questão que está disfarçado de uma
facilidade e comodidade, uma vez que permite com que as pessoas saiam cada vez menos,
diminuindo assim os relacionamentos interpessoais, fazendo com que fiquem isoladas, dentro
de suas casas e, desta forma, ter receio de sair de casa por medo de acontecer algo.
Este receio, este medo, permite com que as pessoas fiquem preocupadas com as questões
de saúde, o que deixam tristes e angustiadas. Observamos assim que a pandemia e as restrições
que a acompanha para a contenção da propagação do COVID-19 pode ser uma forma de
autoperpetuação dos sintomas que envolve a depressão e a ansiedade, seja ela a generalizada,
social e suas fobias manifestadas de formas diversas.
O TAG e o TDM no cenário pandêmico têm uma íntima relação, pois em alguns casos,
o que diferencia um paciente entre o TAG e o TDM, pode ser apenas a tristeza e falta de prazer
em realizar atividades do dia a dia. Com vários sintomas em comum, o terapeuta tem que ficar
atento ao diagnóstico do TAG, pois ele facilmente, conforme o cenário pandêmico, pode evoluir
para o TDM e, evitar o quadro depressivo, pode-se evitar as ideações suicidas, uma vez que
este sintoma está presente no TDM em sua forma mais grave. Os sintomas chamados de
paradoxal de ordem fisiológica ou biológica no TDM são a insônia ou hipersonia e a agitação
ou retardo psicomotor. Destes dois sintomas, os que são comuns ao TAG é a perturbação do
sono, na forma da dificuldade de manter o sono, ou inquietação e insatisfação do sono, porém
a inquietação/agitação psicomotora, ou seja, a sensação dos nervos à flor da pele é específica
do TAG, ou seja, a pessoa se sente agitada e não com o retardo psicomotor. Além desta
perturbação do sono e a inquietação/agitação psicomotora, a fadiga e a dificuldade de
concentração são totalmente comuns nos dois transtornos. Sendo assim, a inquietação
psicomotora, dificuldades de manter o sono ou sono insatisfatório, dificuldade de concentração,
fatigabilidade são os sintomas totalmente comuns entre o TAG e o TDM. Quando a ansiedade
e a preocupação excessiva se desenvolvem para a tristeza ou a perda de prazer das atividades
do dia a dia, ele evolui do TAG para o TDM, mas se além da ansiedade e preocupação excessiva
se mantém e acrescenta-se a tristeza ou a perda de prazer ou interesse das atividades, teremos
os dois transtornos comórbidos.
O presente artigo se restringiu em observar as técnicas principais para agir contra os
sintomas principais no ambiente on-line de forma síncrona e o que há de comum entre o TAG
e o TDM, observando que a eficácia permaneceu no ambiente on-line. A limitação desta revisão
narrativa foi ocasionada em virtude do uso de poucas bases de dados e as literaturas atuais são
escassas em relação a sua eficácia para o tratamento de TAG e TDM no ambiente on-line.
Há um campo a ser estudado, pesquisado e detalhado em relação aos protocolos de
atendimentos para o tratamento de TAG e TDM tratados de forma on-line, pois a eficácia foi
testada para os atendimentos presenciais, e com pessoas que somente tinha um ou outro
transtorno. O desafio, é verificar a eficácia no ambiente on-line, considerando as comorbidades,
pois são transtornos com altas taxas de comorbidades.
No mundo atual, cada vez mais virtual, a TCC será cada vez mais utilizada, uma vez
que é a abordagem com mais testes de eficácia comprovadas e que, através desta nova
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modalidade, romperam-se as barreiras, alcançando pessoas que antes tinham dificuldades em
virtude de deslocamento e agora está a somente um clic de distância.
15
4.
AMERICAN PSYCHIATRIC ASSOCIATION. DSM-V: Manual Diagnóstico e Estatístico
de Transtornos Mentais. 5ª Edição. Porto Alegre. Artmed, 2014.
BECK, Aron T., RUSH, A. J., SHAW, Brian F., EMERY, Gary. Terapia Cognitiva da
Depressão. 1ª Edição. Rio de Janeiro. Zahar, 1982.
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