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2.ºANO BTP1
GONÇALO CÁ DA SILVA
Coimbra, 2023
ABREVIATURAS
ÍNDICE
INTRODUÇÃO .................................................................................................................................. 3
1. ENQUADRAMENTO TEÓRICO ............................................................................................ 3
1.1 ANSIEDADE E DEPRESSÃO ............................................................................................. 3
1.2 MODELO BIOPSICOSSOCIAL DA SAÚDE E DA DOENÇA ......................................... 4
2. VITILIGO E O MODELO BIOPSICOSSOCIAL DA SAÚDE E DA DOENÇA ................ 4
REFLEXÃO CRITICA ..................................................................................................................... 6
CONCLUSÃO .................................................................................................................................... 7
REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS ............................................................................................. 7
INTRODUÇÃO
Este trabalho tem como objetivos pesquisar, analisar, sintetizar e apresentar a doença de vitiligo numa
perspetiva psicológica; saber mobilizar os conhecimentos da unidade curricular para maior
compreensão psicológica da situação em estudo; desenvolver competências de pesquisa científica em
motores de busca internacionais, e mostrar capacidade de articulação de conhecimentos e síntese de
ideias e conteúdos individuais e em grupo.
1. ENQUADRAMENTO TEÓRICO
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corpo para reagir a ameaças. Ou pode levar a comportamentos de hesitação, nos quais as pessoas
evitam situações ou atividades que desencadeiam ansiedade, perpetuando-a num ciclo vicioso. Já a
depressão é classificada como um transtorno do humor pela psicologia, envolvendo um estado
persistente de tristeza, perda de interesse e prazer nas atividades quotidianas, bem como uma série de
sintomas físicos e cognitivos (Ogden, J.,2004). Estes estados estão muitas vezes associados a pessoas
em que a qualidade de vida é afetada pela doença, como por exemplo em doenças dermatológicas que
provocam impacto na vida social do doente. Vários estudos indicam que a ansiedade, depressão, a
condição de obsessivo-compulsivo, e a intenção de suicídio são alguns dos problemas psicológicos
experienciados em doentes com vitiligo, urticária, alopecia, psoríase, entre outras.
“A ideia de que somos seres biopsicossociais aumenta ainda mais a conceção das doenças
psicossomáticas e o vitiligo é um exemplo dessas doenças” (Aquino et al., 2022). Caracterizado por
máculas de despigmentação da pele devidas à perda de melanócitos, o vitiligo tem uma etiologia
desconhecida, associada ao stress e ansiedade, problemas hormonais e autoimunes ou mesmo fatores
genéticos e ambientais (Ning et al., 2022). Segundo os dados analisados da bibliografia utilizada, o
vitiligo afeta cerca de 1% da população mundial e é igualmente prevalente entre homens e mulheres.
Segundo Haseeb e os seus colaboradores, o vitiligo não é apenas uma doença que cause incapacitação
física mas, psicologicamente, tem um impacto enorme (Haseeb et al., 2023), já que a pele tem um
papel importante na nossa interação com o mundo, e a cor da pele é um fator importante na perceção
da saúde das pessoas (Ning et al., 2022).
As máculas visíveis na pele dos indivíduos alteram a imagem corporal e, como tal, levam à
estigmatização por parte da sociedade. Tal estigmatização desperta nas pessoas sentimentos de
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ansiedade, angústia e tristeza, isolamento social e raiva, agravam distúrbios de autoconfiança e
insegurança e conduzem os indivíduos à depressão (Domingues et al., 2022). No estudo feito por
Domingues e os seus colaboradores, realizado no Brasil, consideraram-se 86 indivíduos com vitiligo,
e, contrariamente ao apresentado nos restantes estudos, neste, o vitiligo revelou-se prevalente nas
mulheres (81.4%), consideradas mais propensas a um quadro depressivo e de ansiedade. 65,2% dos
participantes consideram que sofrem de preconceito, mas que, por outro lado, têm suporte familiar
que lhes permitem ultrapassar alguns problemas decorrentes de estigma social (Domingues et al.,
2022). Ainda no decorrer deste estudo, os autores concluíram que os doentes com esta patologia
prestam mais atenção aos cuidados de pele para poderem participar ativamente em atividades ao ar
livre, sociais/lazer. Estes tendem a aprender técnicas para poderem disfarçar as manchas para que
estas não causem um impacto tão grande na sociedade e têm mais atenção à evolução da doença para
poderem antecipar tratamentos das manchas que vão surgindo, melhorando, assim, a sua qualidade
de vida (Domingues et al., 2022).
Na Índia procedeu-se a um estudo em que avaliaram 200 doentes, 84 doentes apresentavam vitiligo
generalizado e 116 vitiligo localizado. Dos 84 doentes com vitiligo generalizado, 12% mostraram que
o vitiligo tem um enorme efeito na qualidade de vida destas pessoas enquanto 8,5% demonstram que
a doença tem um efeito moderado na qualidade de vida destas. Dos doentes estudados, 15,5% dos
doentes com vitiligo generalizado apresentaram depressão severa enquanto apenas 1,5% dos doentes
com vitiligo localizado apresentaram a mesma condição. A insónia, sentimento de culpa e ansiedade
foram os sinais de depressão severa apresentados em maior percentagem de doentes (Padmakar et al.,
2023).
Na China, (Ning et al., 2022) realizaram a um estudo que contou com a colaboração de 117 indivíduos
com vitiligo, identificando, à semelhança de Domingues e os seus colaboradores, em que as mulheres
tendem a ter mais distúrbios sociais e mentais por prestarem grande atenção à sua autoimagem. Neste
estudo Ning et al., verificaram que homens e mulheres têm reações diferentes quando lidam com esta
doença e que as mulheres têm medo que o vitiligo influencie na escolha de parceiros e no
relacionamento conjugal, vulnerabilizando-as (Ning et al., 2022). Este estudo demonstrou também
que pessoas com vitiligo sentem dificuldade a iniciar as suas atividades sexuais por vergonha das
máculas despigmentadas da pele. Além disso verificaram que doentes vitiligo não casados têm mais
sintomas de ansiedade e depressão do que utentes casados (Ning et al., 2022).
De acordo com González et al (2023) a maior afetação sexual feminina manifesta-se na diminuição
da excitação sexual, lubrificação vaginal, capacidade de alcançar o orgasmos e satisfação do mesmo,
enquanto nos homens apenas foi mais notória a diminuição da satisfação sexual. Neste estudo
realizado em Espanha, verificaram ainda que o risco de sofrer depressão em pacientes com vitiligo é
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4,96 vezes maior em comparação com controlos saudáveis, e a prevalência de depressão em pacientes
do sexo feminino ou asiáticos com vitiligo é maior do que em pacientes caucasianos ou homens
(González, 2023).
REFLEXÃO CRITICA
O vitiligo pode induzir stress psicossocial e distúrbio psiquiátrico. A pesquisa realizada indica que as
mulheres, pela importância que dão à imagem, são mais suscetíveis de avançar para um quadro de
depressão e ansiedade, comparativamente aos homens. Além disso, pessoas com vitiligo exposto em
diversas partes do corpo desenvolvem mais facilmente problemas psicossociais do que pessoas com
vitiligo localizado numa diminuta área corporal.
De acordo com o modelo biopsicossocial da saúde e doença, a pessoa com vitiligo é a corresponsável
na sua doença, o que se traduz na monitorização articulada entre a pessoa e os profissionais de saúde.
O vitiligo não tem repercussões biológicas significativas, no entanto, o seu tratamento deve ter em
conta a pessoa no seu todo e atender às suas crenças, mecanismos de coping e adesão às
recomendações. Dada a relação contimuum de saúde e doença, a pessoa deve estar desperta aos sinais
e sintomas da mesma, tanto físicos como psicológicos, uma vez que se verifica uma interligação dos
processos psicológicos e biológicos que culminam no comportamento em situação de saúde e doença.
A psicologia na saúde e na doença é, então, fulcral para a compreensão dos processos psicológicos
experimentados pelas pessoas e consequentemente para o ensino e sensibilização dos profissionais
de saúde.
De forma minimizar o impacto psicossocial e o desequilíbrio emocional que pessoas com vitiligo
podem sofrer, é essencial um trabalho multidisciplinar sobre o processo saúde-doença-cuidado, para
que se consiga prestar um cuidado adequado às necessidades das pessoas com vitiligo. Desta forma,
a intervenção de enfermagem e o papel da psicologia na saúde e na doença, são essenciais nos
cuidados de saúde em doentes com vitiligo.
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CONCLUSÃO
Este trabalho, marcado pela análise de conteúdo científico adequado ao vitiligo, contribuiu para
aperfeiçoar a nossa capacidade de olhar para uma pessoa com vitiligo de uma forma mais informada,
não só acerca da doença, mas também do impacto que esta condição tem na vida das pessoas.
Contribuiu, ainda, para aprimorar o nosso pensamento critico e reflexivo nas diferentes situações que
possivelmente ocorrerão enquanto estudantes de enfermagem e, futuramente, enquanto profissionais
de saúde.
É essencial considerar a importância de abordagens holísticas que considerem não apenas os aspetos
biológicos, mas também os fatores psicológicos e sociais na compreensão e tratamento do vitiligo. O
apoio da família e da comunidade desempenha um papel fundamental na promoção do bem-estar
destas pessoas e de uma melhor qualidade de vida. Esta pesquisa enfatiza a necessidade contínua de
estudos e intervenções que considerem a complexidade do vitiligo sob o Modelo Biopsicossocial, a
fim de melhorar o apoio e o tratamento oferecido aos indivíduos que vivem com esta condição.
As principais dificuldades sentidas pelo grupo foram a escolha dos artigos sustentadores do trabalho
e a síntese organizada dos conteúdos dos mesmos. Contudo, através da conversação entre o grupo,
distribuição de tarefas e da disponibilidade dos membros para a entreajuda, fatores facilitadores deste
trabalho, conseguimos superar estas dificuldades. Um outro fator facilitador bastante relevante para
a concretização do presente trabalho foi a prestabilidade e orientação da professora, sempre que
necessitámos.
REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS
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