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ANSIEDADE/DEPRESSÃO EM ESTUDANTES
UNIVERSITÁRIOS: UMA REVISÃO SISTEMÁTICA DE
LITERATURA
Salvador
2019
ALISSON DOS ANJOS SANTOS
ANA PAULA MEIRA GOMES DE CARVALHO
DAVID ROSA GONÇALVES
JÚLIA ÁVILA SPINOLA
LHAÍS RODRIGUES GONÇALVES
NAIARA FONSECA DE SOUZA
ANSIEDADE/DEPRESSÃO EM ESTUDANTES
UNIVERSITÁRIOS: UMA REVISÃO SISTEMÁTICA DE
LITERATURA
Salvador
2019
RESUMO
1. INTRODUÇÃO ................................................................................................ 4
2. METODOLOGIA ............................................................................................ 7
2.1. ESTRATÉGIA DE BUSCA .............................................................................. 7
2.2. CRITÉRIOS DE INCLUSÃO E EXCLUSÃO DE ARTIGO ........................... 7
2.3. SELEÇÃO DOS ESTUDOS .............................................................................. 8
2.4. ESTRATÉGIA DE ANÁLISE .......................................................................... 10
3. RESULTADOS E DISCUSSÃO ..................................................................... 10
3.1. ASPECTOS FAMILIARES: COMO A FAMÍLIA PODE INFLUENCIAR NA
OCORRÊNCIA DE DEPRESSÃO E ANSIEDADE EM ESTUDANTES
UNIVERSITÁRIOS? .................................................................................................... 10
3.2. ASPECTOS SOCIAIS: QUAIS FATORES RELACIONADOS À SOCIEDADE
ATUAL QUE INFLUENCIAM A OCORRÊNCIA DE ANSIEDADE E/OU
DEPRESSÃO EM UNIVERSITÁRIOS?
………………………………….................................................................................... 13
3.3. ASPECTOS INDIVIDUAIS: COMO CARACTERÍSTICAS PESSOAIS
SERIAM INDICATIVOS DE POSSÍVEIS TRANSTORNOS DE ANSIEDADE E/OU
DEPRESSÃO? …………............................................................................................... 19
4. CONSIDERAÇÕES FINAIS .......................................................................... 23
5. REFERÊNCIAS ............................................................................................... 24
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1. INTRODUÇÃO
externa. A ansiedade, no entanto, vem como um perigo interno, no qual o indivíduo reage
de maneira vaga, sem uma real justificativa para o medo (ASSOCIAÇÃO AMERICANA
DE PSIQUIATRIA, 2014).
1992, p. 319 apud BRANDTNER; BARDAGI, 2009, p. 83). Nesse ínterim, fica o
quadro de sequelas físicas e psicológicas no indivíduo, caso não seja tratado. Existem
PSIQUIATRIA, 2014).
Destarte, é necessário avaliar o fato da prevalência apresentar-se cada vez maior tanto na
(2017), a depressão é um transtorno cuja ocorrência é alta, haja vista que, em todo o
mundo, estima-se mais de 300 milhões de pessoas, das diversas faixas etárias, que sofrem
com a depressão, possuindo um aumento superior a 18% entre os anos de 2005 e 2015.
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qual grande parte dos indivíduos que vivenciam esta enfermidade mundialmente
geral e que em adultos jovens não universitários (IBRAHIM et al, 2013). Deduz-se, então,
ocorrência desses transtornos. Nesse sentido, Medeiros; Bittencourt (2017) trazem em seu
estudo que quase a totalidade dos universitários apresentam graus de ansiedade que
podem variar do nível mínimo até a severo, sendo a ansiedade o problema mais comum
universitário é muito importante por influenciar a forma como o estudante vivenciará esse
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espaço e lidará com suas questões subjetivas (ARIÑO; BARDAGI, 2018; BOLSONI-
Nesse ínterim, é preciso ratificar que, apesar de existirem muitos estudos, os quais
forma integrada em um mesmo estudo. Diante disso, o presente trabalho traz uma grande
melhor o que, de fato, influencia ou não a ocorrência dos transtornos de humor citados
Diante desse cenário, algumas ações estão sendo adotadas, visando mitigar os
prazo como relatado por Amaral et al (2012), o que contribui para ratificar a importância
enfrentar.
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Nesse sentido, o presente artigo possui como objetivo identificar, através de uma
2. METODOLOGIA
2.1 ESTRATÉGIA DE BUSCA
O método aplicado para este trabalho foi o de revisão sistemática da literatura, que
AND saúde mental AND depressão OR ansiedade; universitários AND transição AND
aqueles que tratavam de revisão de literatura e outros que, após a leitura do título e do
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desenvolvidos com outras populações que não universitários, por exemplo, docentes ou
idosos.
literatura, tendo como soma total o número de 16.416 artigos. Ao aplicarmos o critério
do idioma Português, os resultados reduziram para 2.840 artigos. Além disso, excluíram-
se todos os artigos que não foram publicados nos últimos 10 anos, restando 1.573 artigos.
Apesar dos critérios aplicados, restaram uma grande quantidade de artigos, sendo
necessária uma avaliação, a qual baseou-se na leitura dos respectivos títulos, visando a
seleção de artigos que se adequassem aos critérios de inclusão e exclusão, para assim
Após esta investigação, foram excluídos 1.505 artigos que tratavam de depressão,
aprofundada. Nesta etapa final da revisão, identificaram-se 6 artigos repetidos, que foram
transtornos de humor com a universidade. E, por fim, excluíram-se 2 artigos que tinham
encontrados nas referências de uma das obras selecionados para a revisão por corroborar
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com o tema proposto por neste trabalho. Assim, tais obras foram inseridas na seleção de
universitário e cursos ofertados (área, período e escolha). Por fim, com relação aos
3. RESULTADOS E DISCUSSÃO
representa uma das principais fontes de apoio social, sendo responsável pelas referências
culturais, percepções, valores e crenças sobre si, a forma como irá se relacionar com o
outro e como vê o mundo (DIAS; SÁ, 2014; OLIVEIRA; DIAS, 2013; DIAS; SOARES,
2012). Por essa perspectiva, a influência da família é uma temática que demanda maior
universitários.
como as questões negativas envoltas na relação do estudante com a família, como o não
11
2014).
conduzido com 476 alunos do primeiro ano de 5 cursos da área da saúde em que foi
relacionamento entre os familiares chama a atenção, haja vista que, para a população
muitas críticas, no interesse reduzido dos familiares em conversar e nas dificuldades dos
Outrossim, de acordo com Oliveira e Dias (2013), a influência da família pode ser
oferecido pelos genitores aos seus filhos pode ser expresso através da “aprovação,
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incentivo e compreensão das escolhas dos filhos” (OLIVEIRA; DIAS, 2013, p. 62) e no
auxílio à resolução de problemas. Estas autoras discutem que, na visão dos próprios
genitores, o apoio emocional pode ser expresso de diversas formas, tanto em fomentar o
pelas relações construídas neste. Para além do apoio emocional, os pais ainda podem
propiciar sustento para facilitar ou, até mesmo, possibilitar as atividades estudantis dos
filhos.
Por essa perspectiva, os estudos mostram que muitos indivíduos fazem escolhas
importantes em sua trajetória universitária e profissional que não estão de acordo com
suas vontades e interesses pessoais. Essa situação, deixa-o inseguro, ou seja, com medo
mesmo e por sua família, tanto pela ascensão econômica e social, como pela mudança
que isso implicará (DIAS; SOARES, 2012; DIAS; SÁ, 2014). Pode-se afirmar, então, que
esses universitários não passaram plenamente pela passagem da adolescência para a vida
adulta e ainda sofriam muito com a influência da família em suas escolhas, haja vista que,
para Souza; McCarthy (2010), a independência financeira dos pais é vista como um
importante rito de passagem da adolescência para a vida adulta, assim como a tomada de
Para além disso, é importante ratificar que as expectativas dos pais, diante da
escolha profissional do filho, aparecem de diversos modos. Entre eles, têm-se o excesso
de incentivos à escolha do curso, a qual está fortemente de acordo com os interesses dos
pais, o que impulsiona os filhos a optarem por sua futura profissão influenciados por um
demasiado respaldo familiar (OLIVEIRA; DIAS, 2013). Sob essa égide, é possível inferir
sentido, “processa-se, nos discursos dos jovens, a afirmação que o diploma é seu desejo
e, ao mesmo tempo, remete aos desejos de seus outros significativos, no caso, de sua
família” (DIAS; SOARES, 2012, p.277). Assim, ratifica-se que muitas das escolhas
profissionais dos estudantes são com base nos desejos de sua família.
Entende-se, então, que a família é uma importante rede de apoio para o estudante, sendo,
predominantemente, a primeira rede. Entretanto, além dela alguns outros fatores - como
depressão nesse público. O que envolve, portanto, outros aspectos a serem analisados,
A partir das análises dos artigos selecionados, foi possível identificar a dificuldade
CARLOTTO; TEXEIRA; DIAS, 2015; LEÃO et al, 2018; SOARES et al, 2015;
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afetar negativamente na vida acadêmica e na saúde mental dos estudantes, pois a falta de
uma rede de apoio no ingresso à universidade pode favorecer a solidão, como também a
DIAS, 2015; LEÃO et al, 2018; SOARES et al, 2015; LANTYER et al, 2016;
desenvolvimento das relações sociais também pode beneficiar o universitário, uma vez
boas relações com familiares, colegas, amigos, cônjuges e professores vai muito além de
como uma nova etapa de vida, com transformações importantes, sendo relevante estar
transtornos mentais (RONDINA et al, 2018). Nesse período, o aluno pode vivenciar
Portanto, a adaptação à essa nova fase torna-se mais difícil, podendo impactar na
De acordo com Ariño e Bardagi (2018) e Leão e colaboradores (2018), caso haja
que possuíam boas relações afetivas. Entre essas associações, aqueles ligados às
Destarte, pode-se inferir que más vivências sociais podem trazer grandes danos
para os alunos ingressantes, assim como ter o apoio e o afeto de outras pessoas torna-se
indispensável para o enfrentamento dessa adaptação, para que esse vínculo origine
Líquida abordada por Zygmunt Bauman (2001). Nessa perspectiva, o autor defende que
como líquidas, isto é, superficiais, efêmeras. A partir da contribuição das redes sociais,
diversas comunicações são feitas no cotidiano, porém não são criados vínculos sólidos de
apresentar ansiedade/depressão.
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Nesse sentido, é importante ter bons vínculos sociais, porém é indispensável que haja um
equilíbrio na utilização desse suporte. Dessa forma, deve-se buscar mesclar o auxílio de
amigos e familiares com a própria iniciativa para a resolução de problemas, pois essa
união pode trazer grandes benefícios para o indivíduo na sua adaptação, como também
provocar o seu fortalecimento para que este não seja afetado pela depressão e ansiedade.
que promovem a ocorrência depressão e/ou ansiedade (LEÃO et al, 2018; CARVALHO
et al, 2015; BRANDTNER; BARDAGI, 2009). A partir das pesquisas realizadas por
revisão realizada não foi possível identificar uma justificativa para a ocorrência desse
fenômeno nos cursos da área de saúde. Contudo, é possível supor que, pelos cursos desta
área possuírem extensas cargas horárias, tenha efeitos negativos para os estudantes, os
atividades físicas regulares e, até, sair com amigos e familiares. Assim, os universitários
não realizariam atividades que representam como válvula de escape para eventos
Administração. Os autores explicam esse dado pela proximidade que esses cursos têm na
criticidade ao deparar-se com essa elucidação por não se configurar como uma evidência
desemprego e a falta de experiência necessária para trabalhar. Dessa forma, para estes
Brandtner e Bardagi (2009) avaliaram que alunos de início de curso são mais propensos
a ter estes transtornos, pois passariam por um período de mudança de vida no qual
Com referência ao que foi citado, a divergência nos resultados dos estudos pode
dificuldades pelas quais os alunos poderão passar nesse período inicial, irão obter
emprego, assim, buscam, por exemplo, associação entre grandes empresas para criar
ansiedade\depressão.
serem consideradas.
concluintes do ensino médio têm certa limitação ao escolher uma profissão por ter que
social. Argumenta ainda que muitos dos ingressantes na universidade fazem essa escolha
curso.
escolhendo de forma descuidada e/ou insegura seus cursos. Esta escolha irá acompanhar
universitária optada contribui para uma menor satisfação em relação à escolha feita.
inconformados com o curso ou que não estão cursando sua primeira opção podem
desenvolver depressão mais facilmente do que aqueles que se identificam com o curso
referentes à particularidade de cada indivíduo, pois cada fator exterior citado irá repercutir
do sono, comportamento nas atividades em público e entre outros - que podem, também,
além dos familiares e sociais, para uma maior compreensão dessa problemática, a qual
Tal afirmação consiste no fato de que esses aspectos podem colaborar para a instabilidade
mesmo (CAIXETA, 2011; FONSECA et al, 2015; GARRIDO, 2015; LANTYER et al,
alterações no humor, e, consequentemente, nas emoções. Este fator, pode também ser
sociedade - é tratada como o sexo “frágil”, tendo que enfrentar, assim, pressões,
maior contato com várias pessoas, que, por meio de relações e vivências consideradas
(LANTYER et al, 2016). Dessa forma, supõe-se que tais aspectos podem explicar o fato
no nível superior.
ter relação direta com o ambiente de moradia, principalmente em se tratando das moradias
por trazerem novos desafios para o estudante. Este meio de relação tem impacto direto na
abordagem realizada por Garrido (2015), esses universitários também enfrentam vários
problemas, como a falta de recurso financeiro, saudade de casa, ausência das relações
que, dependendo da necessidade, visam tanto animar como acalmar o indivíduo. Esse
costume é problemático, haja vista que inibe, somente, o cansaço superficial, causando,
e troca de ideias com outros colegas e professores, mesmo tendo um bom desempenho e
contínua repetição dessas ações, se sentem tímidos, o que colabora para o sentimento de
frente a situações sociais. Diante da exposição desses eventos a resposta imediata que o
ser humano tem é a ansiedade, na qual, nesse caso, o indivíduo reconhece que o seu medo
2011).
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nova fase, pois capacidades pessoais como resiliência, metas, alcance de autonomia e
base na estrutura psíquica do sujeito (COSTA; OLIVEIRA, 2010 apud CAIXETA, 2011).
vulnerabilidade psicológica dos discentes, as quais são definidas por esses pesquisadores
transtornos.
inscritos em Universidades do país, foi utilizado itens do Depression Anxiety Stress Scale
de Autoeficácia para Formação Superior foi utilizada para investigar a capacidade dos
(ARIÑO; BARDAGI, 2018). Dessa forma, quanto maior for a instabilidade emocional, a
qual pode ser entendida como as dificuldades que um indivíduo possui para lidar com os
pode ser ocasionada por alguns fatores como a situação de vulnerabilidade, seja
4. CONSIDERAÇÕES FINAIS
A partir das análises das literaturas é possível afirmar que há um consenso entre
uma vez que a Universidade se configura como um ambiente propício para desenvolver
esses transtornos mentais. Desse modo, os estudantes universitários são mais suscetíveis
a desenvolverem ansiedade e depressão, uma vez que esses estudantes, em sua maioria,
estão em processo de transição para fase adulta e mais vulneráveis a conflitos internos.
Todavia, vale ressaltar que a presente pesquisa está limitada à escolha de títulos
instituições estrangeiras.
população universitária, tendo em vista que, ter vínculos familiares fortes e habilidades
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desafios que a mesma oferece, buscando encontrar meios de fortalecer sua maturidade
psicossocial, podendo contar, para isso, com o auxílio de profissionais habilitados nessa
área.
que devem ser postas em práticas pela própria Universidade como programas de
conhecimento dos genitores, amigos, colegas e todo grupo social, para estarem mais
5. REFERÊNCIAS
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27
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