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Universidade Estadual de Goiás – Campus Pires do Rio

Pires do Rio, 16 de outubro de 2019

Discente: Paulo Cesar de Souza Correia Filho

Docente: Dr. Marco Túlio

Disciplina: Antropologia Jurídica

Atividade Avaliativa

Questão 1.

Antropologia Social e Parentesco

Morgan fundou simultaneamente a antropologia social e os estudos de parentesco,


o qual atribui importância aos estudos de parentesco, sendo que juntamente com o
casamento possuem características duráveis, sistemáticas e contínuas.
Morgan elege como objeto da antropologia a análise dos processos de evolução,
que são compreendidos como as ligações entre as relações sociais, jurídicas e políticas
Através de Morgan há o estudo da sociedade arcaica pela primeira vez, ou seja, é
tido como objeto de estudo, e a análise comparativa utilizada, não mais considerava os
costumes da época como sendo bizarros.
Foram distinguidos em seu estudo sobre antropologia social e parentesco três
aspectos culturais, o equipamento técnico, organização social e
nomenclatura/equipamento simbólico.
Morgan foi um dos primeiros a realizar pesquisa de campo etnográfica,
estabelecendo o caminho seguido pela organização familiar. Através da etnografia foi
possível identificar três períodos, sendo o da selvageria, barbárie e civilização.

Morgan e o marxismo

Houve uma grande influência nos autores marxistas, principalmente em Engels, e


também em Marx que queria expor os resultados de investigação de Morgan em relação
às conclusões de sua análise materialista.
De acordo com Engels, Morgan organizou a investigação das sociedades arcaicas
juntamente com a concepção materialista, dividindo a ordem social em duas espécies de
produção: pelo grau de desenvolvimento do trabalho e pelo grau de influência da família.
Com o aumento da produtividade do trabalho, desenvolve-se a propriedade
privada e as trocas, as diferenças das classes
De acordo com Engels Morgan descobriu e restabeleceu em seus traços essenciais
o fundamento pré-histórico da nossa história escrita e encontrou, nas uniões gentílicas
dos índios norte-americanos, a chave para decifrar importantíssimos enigmas da história
antiga da Grécia, Roma e Alemanha.

Comunidade Gentílica

O primeiro fato histórico da humanidade seria a produção dos meios necessários


a sobrevivência
A medida em que os seres são incapazes de garantir a produção da própria vida
material, existe uma formação de uma horda, um grupo familiar. A relação dos homens
com a natureza pela sobrevivência faz gerar a primeira instituição social, a família.
No estágio da família primitiva, é predominante o período de apropriação de
produtos da natureza.
O primeiro estágio do grupo primordial é a família consanguínea. Após a
proibição das relações sexuais entre irmãos, o grupo transforma-se num genos.
A comunidade gentílica é um grupo ligado por relações de solidariedade que
mantem organizada a totalidade da vida social. O princípio da solidariedade é relacionado
com uma perda da organização humana.

Fim da Solidariedade

As cidades surgem a partir da crise que se instaura na organização gentílica. A


polis representa um domínio político localizado num centro de administração
diferenciado da organização familiar.
A desintegração do genos segue-se a desigualdade social com o aparecimento de
uma oligarquia que congrega grandes proprietários esses proprietários passam a exercer
o domínio político e, no intuito de acumular mais riquezas, chegam ao limite de reduzir
alguns membros do genos à condição de escravo
Desde o advento da civilização, chegou a ser tão grande o aumento da riqueza,
assumindo formas tão variadas, de aplicação tão extensa, e tão habilmente administrada
no interesse de seus possuidores, que ela, a riqueza, se transformou numa força
incontrolável, oposta ao povo. A inteligência humana vê-se impotente e desnorteada
diante da sua própria criação.

Questão 2

Antropologia no Século XX

O estudo antropológico não mais reparte as tarefas, que eram dividias entre o
observador e o pesquisador, a etnografia faz com que o antropólogo vá para o campo para
colher informações realizando pesquisa de campo.
Franz Boas é considerado o responsável pelas missões de pesquisas etnográficas,
razão pela qual é tido como o pioneiro da etnografia. Contribuiu de forma significativa,
destacando-se: a crítica à noção de estágios, a exigência da união do teórico e do
observador.
Etnografia

A preocupação com o desaparecimento das culturas primitivas fez com que a


alguns antropólogos se empenhassem na busca por coletar e registrar o maior número de
informações.
De acordo com Boas, tudo deveria ser anotado nos mínimos detalhes, objeto de
uma descrição meticulosa

Reconstrução da Cultura

Há um reconhecimento que até mesmo o antropólogo dedicado à pesquisa de


campo encontraria dificuldades na coleta, organização e interpretação do material
necessários para a reconstrução de determinada cultura. O material para a reconstrução
de cultura é sempre mais fragmentário porque os mais amplos e importantes aspectos de
cultura (linguagem, religião, organização social) não deixam traços na terra,
desaparecendo com a vida de cada geração.

Cultura e Raça

De acordo com Boas raça seria definida como sendo uma classificação não
científica dos traços físicos/genótipos que possuímos. É visto que não há o uso do termo
“raça” em seus estudos, sendo substituído por “formas corporais”. A ideia de raça na
verdade era uma construção de tipos ideais locais baseados em características físicas
semelhantes, sendo estes retirados de localidades comuns. Boas afirma que por mais
fisicamente semelhantes um grupo de pessoas possa ser, sempre haverá inúmeros
indivíduos em que essa descrição não caberia.
Segundo Boas o elemento que explica a diversidade humana seria a cultura. No
sentido norte americano, cultura se torna um conceito mais abrangente do que o conceito
de sociedade. Seria então a cultura toda criação humana, incluindo a sociedade. É
importante salientar que o autor atribui uma singularidade cultural, pois era variada de
acordo com cada povo, portanto existe então, um relativismo cultural. Diferentemente
vemos o termo cultura, usado pelos evolucionistas, pois segundos estes teóricos, a cultura
humana seria única devido ao seu desenvolvimento unilinear. Para Boas, a cultura seria
uma lente pela qual se enxerga a sociedade e pela qual estaríamos presos a ela

Difusicionismo

Não é um conceito criado por Franz Boas, mas está relacionado com o conceito
do evolucionismo, é de suma importância seu entendimento, pois está diretamente ligado
com os estudos realizados por Franz Boas, é focado na ideia de difusão cultural.
A teoria difusionista tenta compreender o processo de transmissão dos elementos
de uma cultura para outra, através do qual formula a existência de centros de difusão de
cultura, a qual se transmite por empréstimo

Críticas ao Difusicionismo

Existem algumas críticas feitas ao difusionismo, como: o excesso no tratamento


unitário da cultura, que relega seus aspectos universais; a manipulação estatística dos
traços culturas, que leva a pensar que as distribuições culturais ocorrem de modo
mecânico; determinismo cultural, que considera o indivíduo o elemento passivo e a
cultura o elemento ativo. Além disso, os críticos alertam que o grande empenho na
pesquisa de campo, dando ênfase ao aspecto meramente descritivo das informações, pode
transformar a antropologia em etnografia.
Diferente dos evolucionistas que acreditavam que os fenômenos culturais
semelhantes haviam se desenvolvido em regiões geográficas distantes devido ao único
caminho evolutivo da raça humana, os difusionistas acreditavam na existência de uma
difusão de elementos culturais entre esses mesmos lugares seja através do comércio,
guerras ou viagens. Certos autores difusionistas acreditavam que o Egito antigo foi o
grande centro de difusão cultural, que a partir dele a civilização humana teria se irradiado
por todo o globo.

Difusicionismo e o Direito
O difusionismo está relacionado com a transferência cultural entre duas culturas
(choque cultural), com base nisso, e tendo o Direito como um elemento cultural de uma
determinada sociedade, quando há um contato entre duas culturas, o Direito é incorporado
em uma cultura ou outra, assim como por exemplo o Direito romano foi se difundindo na
maioria dos países que utilizam o sistema Civil Law, em que a lei é fonte primária.

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