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RELATÓRIO FINAL
Julho, 2014
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Fetichismo e sua reversão – ou como não colonizar o outro?
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II - INDICE
I. Resumo............................................................................................... 02
II. Índice.................................................................................................. 03
III. Introdução........................................................................................... 04
IV. Objetivos............................................................................................. 04
V. Material e Métodos............................................................................. 04
VI. Resultados e Discussão....................................................................... 05
VII. Considerações finais........................................................................... 10
VIII. Referências Bibliográficas.................................................................. 12
IX. Bibliografia Lida................................................................................. 13
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III – INTRODUÇÃO
IV – OBJETIVOS
V – MATERIAL E MÉTODOS
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Como o campo de investigação desta pesquisa refere-se a um estudo teórico, a
primeira etapa da pesquisa foi voltada à análise de obras de Freud e Marx tidas como
introdutórias, visto que toda a pesquisa tem como ponto de partida a tradição conceitual
apresentada por estes dois pensadores.
VI – RESULTADOS E DISCUSSÃO
Seu significado primário nada tem haver com os significados e conotações sexuais
que hoje possui; pois este conceito era entendido em sua origem como magia ou
fantasmagoria. Marx mostrou que as mercadorias passam a assumir esse tal caráter
fantasmagórico quando os indivíduos não são capazes de compreender como se dão as
principais relações de produção, já que nos tempos atuais, nas sociedades capitalistas, o
trabalho e as relações sociais de produção são alienadas.
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tudo que é produzido possui uma história, pois tudo aquilo que é feito pelo ser humano
é também feito por relações sociais de trabalho que em nossas sociedades possui um
caráter hostil de exploração. Para que ocorra a superação do estado de alienação da
consciência, segundo Karl Marx, é necessário desfazer o caráter fetichista da
mercadoria.
A psicanálise, por sua vez, mostrou que o termo fetiche é de suma importância na
construção de uma teoria psicanalítica da perversão. Esse conceito pode trazer às claras
as elaborações maiores referentes às formas de encantamento e alienação social,
partindo da análise dos modos hegemônicos de relação dos sujeitos ao trauma da
diferença sexual e mostrando as consequências disso para além da sexualidade.
Em sua obra de 2010, Safatle combina as duas tradições que abordaram o termo
fetichismo – para fazer uma leitura conjunta de Marx e Freud. Para Vladimir, o termo é
utilizado pelos dois pensadores com a função de “descrever o interior do processo de
determinação do valor em nossas sociedades (Marx), ou ainda o modo com que a
maturação sexual e a formação do eu podem admitir a regressão e a dissociação
subjetiva (Freud).” (V. Safatle). Para ele tanto Marx como Freud mostram como a
alienação e o encantamento operam no interior das nossas formas de vida – no centro
das sociedades desencantadas (como a nossa).
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em alguma forma de desconhecimento ativo e acaba por colonizar o passado como se
este fosse uma fantasia capaz de se perpetuar na identidade do presente. A obra de
Safatle mostra como vários campos – sejam no campo de funcionamento da ideologia,
dos processos de socialização, de relação dos desejos da sexualidade, entre outros –
funcionam de uma forma muito próxima, pois todos tiverem seu ponto de partida em
um padrão de racionalidade (um padrão comum).
Ele afirma ainda que nossas formas de vida vão se organizando a partir de uma
patologia social; é um modo de vida numa situação de desagregação normativa e de
generalização de situações de anomia (presença de normas que já não regulam mais,
normas que não garantem nada sobre suas formas de aplicação). Sendo assim, nos
tempos atuais, a ideologia, possui uma característica peculiar, ela possui um poder de
atuação – ela funciona, mas não mais a partir do paradigma do velamento, do
desconhecido, hoje ela é capaz de se expor muito claramente e continua a funcionar
como se funcionasse como um desmentido perverso: “eu sei, mas, mesmo assim,
continuarei a fazer o que faço como se não soubesse”.
Para uma compreensão significativa dessa forma de vida, Safatle julga ser
necessário fazer a pergunta: como se segue os valores e normas atualmente? Os valores
e normas devem ser consensuais, há sempre uma espécie de acordo prévio. Entretanto,
atualmente, estes acordos prévios exibem a seguinte peculiaridade: somos capazes de
possuir valores e ao mesmo tempo de invertê-los ao aplicá-los; um bom exemplo seria
dizer que em nome da tolerância é necessário ser intolerante em relação à intolerância
(contra os intolerantes), sendo assim, há a aplicação de um valor, mas quando essa
aplicação ocorre há uma inversão completa do sentido inicial desse valor – o valor faz o
contrário do que você normalmente esperaria dele, mas esse contrário não é,
necessariamente, entendido como uma contradição.
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Na análise de Safatle, um aspecto comum presente nas análise de Marx e Freud do
fetichismo é a percepção de um jogo capaz de produzir ao mesmo tempo encantamento
e alienação no interior das “formas de vida” das modernas sociedades desencantadas.
Dentre os três campos das “formas de vida” em que Safatle analisa neste sistema
de ordenamento de uma racionalidade paradoxal, nosso projeto de pesquisa focaliza –
como já dito anteriormente -, a atenção justamente no campo do desejo. Tendo como
foco mostrar com Safatle como, neste campo, pode-se acompanhar o esgotamento de
um processo de socialização do desejo e de constituição da sexualidade com base na
repressão e no recalcamento.
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A ideia de que as formas de vida sobre o imperativo do capitalismo contemporâneo
são paradoxais deve informar sobre uma “estrutura contraditória específica” em que
através da concretização almejada de uma intenção reduz-se justamente a probabilidade
dessa intenção concretizar-se. Em outras palavras, “o paradoxo deriva do fato de uma
concretização aparentemente contrária à intenção que a gerou poder ser adequada a essa
mesma intenção.” (Safatle, 2008, p. 14).
Sabendo que este projeto de pesquisa foi renovado e que em sua obra mais recente,
“Grande Hotel Abismo – Por uma Reconstrução da Teoria do Reconhecimento”,
Safatle lança nova luz sobre o mesmo problema e vislumbra a possibilidade de superar
os impasses das sociedades fetichistas a partir de uma reconstrução da teoria do
reconhecimento, pensamos ainda poder explicar por que não conseguimos atingir um
nível de maturação elevado (que nos permitiria o reconhecimento enquanto sujeitos
dotados de uma personalidade, dotados de uma figura atual do homem) que superaria a
colonização fetichista.
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VII - CONSIDERAÇÕES FINAIS
Sabendo que Grande Hotel Abismo (Grand Hotel Abgrund) foi uma expressão
criada pelo pensador Georg Lukács ironizando o negativismo frankfurtiano ao que faz
referência ao curso do mundo, à saber, a intenção de descrever os dilemas da razão sem
fornecer qualquer alternativa de ação, Vladimir Safatle, seguindo o viés de interpretação
de Bento Prado Jr., considera que o pensador, sem saber, forneceu uma definição para
uma exigência filosófica - uma definição para o confronto com o caos, com o Abismo.
Não faz a redução do sujeito ao seu ego o que traz consequências para aquilo que
pensamos como normatividade. Esse tal caráter indeterminado e a possibilidade de nos
direcionarmos a nossa compreensão, ou melhor, ao nosso reconhecimento para o campo
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do desejo faz desse exercício uma busca motivadora e ao mesmo tempo tem-se em
questão a segurança da norma atual empregada.
Quando Safatle direciona-se aos dizeres Lacan, ou seja, a abordagem das pulsões e
aos pensamentos Adorno sobre sua crítica à razão instrumental, encontra à sua frente
uma herança hegeliana que refere-se aos mecanismos que incluem aquilo que de modo
geral e que costumeiramente pensamos o humano excluindo e considerando a oposição
ao sentido mesmo do humano: os desejos, as pulsões, ou seja, aquilo que nos assemelha
ao animal, o oposto da normatividade, do contrato. O salto intelectual proposto por
Safatle quer ver a possibilidade de tais pulsões e desejos ampliarem as fronteiras da
normalidade, mostrando como a necessidade de reconhecimento do desejo dentro do
que consideramos humano.
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VIII – REFERÊNCIAS BIBLIOGRAFICAS
- Bibliografia Primária
FREUD. S. Três ensaios sobre a teoria da sexualidade [1905]. In: Edição Standard
Brasileira das Obras Psicológicas Completas de Sigmund Freud, vol. VII, Rio de
Janeiro: Imago Editora, 1987a- 2a Edição.
______. Fetichismo [1927]. In: Edição Standard Brasileira das Obras Psicológicas
Completas de Sigmund Freud, vol. XXI, Rio de Janeiro: Imago Editora, 1987b- 2a
Edição.
Bibliografia Secundária:
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LAPLANCHE, J., PONTALIS, J-B. Vocabulário da Psicanálise. São Paulo: Martins
Fontes, 1991.
ZIZEK, S. Eles não sabem o que fazem: o sublime objeto da ideologia. Rio de Janeiro,
Jorge Zahar, 1992.
IX – BIBLIOGRAFIA LIDA
FREUD. S. Três ensaios sobre a teoria da sexualidade [1905]. In: Edição Standard
Brasileira das Obras Psicológicas Completas de Sigmund Freud, vol. VII, Rio de
Janeiro: Imago Editora, 1987a- 2a Edição.
FREUD. S. Fetichismo [1927]. In: Edição Standard Brasileira das Obras Psicológicas
Completas de Sigmund Freud, vol. XXI, Rio de Janeiro: Imago Editora, 1987b- 2a
Edição.
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SAFATLE, V. Cinismo e falência da crítica. São Paulo: Boitempo, 2008.
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