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Posição Teórica
O grande debate de Weber com as idéias de Marx é caracterizado por certa ambigüidade.
De um lado, foi Weber o único professor universitário alemão de sua época que defendeu o
marxismo. Por outro lado, sua teoria, que atribui ao espírito religioso do calvinismo a primazia
na formação da mentalidade econômica do capitalismo, é rigorosamente antimaterialista.
Também insiste Weber no fato de que a ação individual é a unidade analítica a ser tomada como
elemento essencial para a reflexão sociológica. Tal ponto de partida o expôs ao perigo de um
subjetivismo radical, comum na tradição utilitarista; Weber soube, porém, evita-lo, propondo que
o significado de tal ação deveria ser compreendido e interpretado no contexto histórico em que
se verificava.
Rejeitou de modo claro uma orientação unilateralmente historicista que não fornecesse
padrão sistemático para uma análise científica. Para ele, o comportamento individual verificável
constituía-se na ação social, objeto de estudo da sociologia e da história. A característica
fundamental da ação social, para essas ciências, seria a da orientação por um significado
mentalizado pelo agente, que refere o sujeito ao contexto onde atua no tempo e no espaço. O
debate a respeito da posição teórica de Weber ainda continua, apontando-lhe influências
kantianas, racionalistas, nominalistas e outras. Mas é indubitável a originalidade do pensamento
weberiano.
Originalidade
Sua contribuição transcende escolas e correntes de pensamento filosófico e social porque
a singularidade de suas idéias não permite identificação com as existentes em sua época. Todos
os que tentam interpreta-lo fora de suas premissas, esbarram em equívocos paradoxais. Como
político, usava o partido liberal para combater o kaiser; ao negar Marx, concede-lhe a dignidade
que nenhum outro membro da elite intelectual alemã lhe quis dar; como ateu, valoriza
extremamente o papel das crenças religiosas; como nominalista, pratica a construção sistemática
de conceitos científicos para a sociologia; como racionalista teoriza sobre tipos de ação
emocional, concedendo papel importante a esta tanto quanto às ações racionais; como herdeiro
de hegelianismo, nega o absoluto e utiliza a dialética de modo autônomo.
Outros traços apresentados em sua contribuição não são suficientes para defini-lo de
modo claro. Muitas vezes sua teoria é vista como subjetivista, quando sua posição quanto à
objetividade é claramente manifesta. Outras vezes á chamado de psicologista, quando suas
opiniões a respeito das descobertas de Freud são muito cépticas. No entanto, sua teoria oferece
importante paralelo entre a sociologia e a psicologia, como respeito ao fato de a ação de um ego
estar referida a um alter, conforme mostra Talcott Parsons, ao associa-lo a Freud.
Como empiricista, Weber é historicista confesso. Defendendo basicamente a posição de
construir uma razão sociológica autônoma, cuja teoria e método apresentassem eficácia na
interpretação de fenômenos sociais, Weber conseguiu, através dela, questionar não só as idéias
preconcebidas a respeito do mundo, como a própria filosofia de seu tempo.
Como filósofo foi Weber político e como político foi cientista. Mas não teve filosofia
sistemática: seu espírito era filosófico. A empresa intelectual de Weber, antes de tudo, foi
surpreender a sociedade tal como é pensada pelos agentes individuais, e acompanhar a maneira
como seus significados mentalizados se modificavam no tempo. Realizou seu empreendimento,
criando uma crítica da razão sociológica.
Contribuições Teóricas
Weber chamou seu método de “construção de tipos ideais”. Partindo da ação social,
categoria construída como unidade analítica básica, constrói unidades lógicas mais abrangentes,
sempre apontando tipologias similares, implícita ou explicitamente, em cada unidade. Mostra
que a ação social é mutuamente referida por significados comuns e compõe o conceito de relação
social, tratando a seguir do conceito de associação. Nas associações, destaca o caráter ordenado,
um contexto organizado que serve como referência para os agentes individuais dele
participantes. De modo análogo à ação social, as associações desempenham atividades sociais
orientadas no sentido dos fins determinados pela ordem em que têm existência.
Refinando o conceito de ordem, elabora mais dois outros com ele relacionados: o de
validez e o de legitimidade, com vistas a demonstrar o caráter de dominação de todas as
associações humanas. Desse modo, explicita uma tipologia de autoridade, sua mais divulgada
contribuição para a sociologia e a ciência política. Contudo, enquanto tal tipologia reforça
paradigmas com elementos enfatizados em uma dimensão diacrônica, sua teoria mostra a
possibilidade de se surpreenderem sincronicamente associações com dominações de natureza
diversas. Assim sendo, associações religiosas, militares, econômicas e políticas (partidos e
Estado) são sistematicamente tratadas por Weber, com o objeto de apontar elementos estruturais
de dominação dentro de uma ordem institucional global.
Weber considera que uma progressiva tendência á racionalização se constitui no princípio
mais geral da transformação social. Tal tendência se expressa em uma reorganização dos
significados internalizados nos agentes sociais, permitindo a implantação de ordens sucessivas.
Desse modo, a realidade histórica é pontilhada de descontinuidades. Nessa perspectiva, a
história apresenta ciclos totais, interrompidos por movimentos de caráter excepcional, chamado
por ele de carismáticos. Em torno de uma oscilação entre o cotidiano e o extracotidiano – a rotina
e o carisma -, compões um padrão de transformação multilinear, conforme demonstra a
vinculação sistemática de todos os seus estudos sobre a religião e sobre a burocratização que
chega a substituí-la.
Apesar de seus escritos captarem inúmeros paradoxos, na tentativa de interpretar os
múltiplos aspectos da realidade social, Weber consegue tratar dialeticamente elementos
antagônicos, tanto na teoria como na filosofia da história. Desse modo, ao nível da teoria, a ação
social se funde na ordem institucional e, ao nível de sua concepção histórica, o personalismo
excepcional do carisma se funde na impessoalidade da organização burocrática. O estado de
liminaridade que Weber captou nas situações de transição social, bem como seus aspectos
sobrenaturais, integram atualmente temas de investigações da maior importância nas ciências
sociais. O debate sobre as teorias de Weber continua.
Introdução
Não é fácil delimitar o objeto da Sociologia. Entretanto sabe-se que, de uma forma ou de
outra, este estará sempre ligado ao problema da organização social: o que a torna possível?
Emile Durkhein, Max Weber, Karl Marx tentaram responder este questionamento, tento pontos
de vista diferentes.
De acordo com a base e o objeto do estudo dos três cientistas temos o seguinte quadro
comparativo e sintético:
Fato social, como já dito, é a maneira de agir, de pensar e de sentir exterior ao indivíduo e
que possui um poder de coerção. Norma social é o valor dado pela sociedade à acontecimentos e
que, geralmente, está de acordo com os padrões sociais da época. Pode-se dizer a partir disso que
toda norma social é um fato social, mas nem todo fato social é uma norma.
O fato histórico é singular e excepcional, enquanto que os fatos sociais são padronizados,
cotidianos e repetitivos. Lembrando que segundo Durkhein, à Sociologia cabe o estudo dos fatos
sociais, e que este difere-se dos fatos históricos. Pode-se afirmar, então, que, para Durkhein, a
Sociologia independe da história como fonte de estudo.
O objeto de estuda da sociologia, segundo Durkhein (o fato social), é incorreto pois não leva em
consideração os efeitos dos fatos históricos na sociedade. Além disso, o fato social não é uma
coisa, como é o coração para a biologia. Deve-se compreender que o fato social é parte de um
todo que constitui a Sociologia e que engloba até seus estudiosos. Outro defeito da teoria de
Durkhein é a supervalorização da sociedade em detrimento do indivíduo.
Holismo versus Atomismo
O positivismo diferencia o sujeito observador do fato social e o fato social em si., desta
forma defende que o cientista social pode absorver os fatos sociais em sua consistência pura,
como se fosse coisa, matéria bruta. O intersubjetivismo consiste que compreensão, na análise,
dos fatos sociais e não apenas na apreensão desses.
Materialismo ou Idealismo