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Matilde Corage | SB1 | 98446 | Docente Rosário Mauriti | Ano letivo 2021/2022
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Índice
Introdução.................................................................................................................................... 3
Desenvolvimento Teórico............................................................................................................ 4
Anexos ........................................................................................................................................ 15
Bibliografia ................................................................................................................................ 22
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Introdução
No âmbito da Unidade Curricular Classes Sociais e Estratificação, foi nos solicitado um
trabalho que tem por objetivo o desenvolvimento de um determinado tema, no qual é necessário
recorrer á aplicação da matéria dada em aula ao longo do 1º semestre, da cadeira de Sociologia.
O tema do trabalho são as classes sociais na sociedade da meritocracia, sendo que irei
desenvolver o trabalho numa perspetiva de responder à pergunta “de que forma é que as
questões étnicas influenciam na mobilidade social, na sociedade da meritocracia”. Para
responder à pergunta de partida, irei primeiro fazer um desenvolvimento teórico, onde explicarei
o conceito de classes e de estratificação, envolvendo alguns autores como Karl Marx, Max
Weber, Talcott Parsons, Pierre Bourdieu, entre outros autores. De seguida irei fazer um
desenvolvimento operacional, onde irei apresentar a Tipologia ACM, explicando um pouco da
mesma e apresentarei também um modelo de análise específico ao tema abordado no trabalho e,
por fim, irei apresenta um desenvolvimento à cerca do tema proposto para este trabalho.
Para perceber melhor do que se trata este trabalho, é necessário, numa primeira abordagem,
definir o que é a sociedade da meritocracia. O termo “meritocracia” desenvolvido pela primeira
vez por Michael Young, na obra “The Rise of Meritocracy”, é um modelo de hierarquização e
premiação com base nos méritos pessoais de cada individuo, ou seja, um individuo estaria numa
determinada hierarquização dependendo dos seus valores educacionais, morais, das suas
aptidões técnicas e profissionais, bem como os seus esforços e dedicações, mas na obra, o autor
define que numa sociedade a inteligência e o nível de esforço, seriam os dois principais aspetos
para definir o mérito “The rate of social progress depends upon the degree to wich power is
matced with intellingence(…) and blocked the efforts of members of the lower classes to obtain
just recognition for their abilities(…)The proportion of people with I.Q.s over 130 could not be
raised(…)” (Young, 1958)
É importante também abordar as questões da mobilidade social e, quando falamos nela, não
estamos diretamente a falar sobre as classes e os estratos como “mapa estrutural”, mas referimo-
nos a elas como aspetos dinâmicos das classes e dos estratos (o movimento entre classes ou
estratos). Por isso para pudermos estudar a mobilidade social é necessário definir uma estrutura
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de classes ou uma hierarquia de status, num determinado momento histórico (tipologias de
Wright, Erikson-Goldthorpe, Bourdieu e ACM).
No presente trabalho, será abordada as questões étnicas e de que forma é que estas influenciam
a mobilidade social, ou seja, de que forma é que estas questões iram influenciar na ascensão ou
decaída de classes (elevador social). Neste sentido iram ser abordados conceitos como a
educação, sendo este um dos principais aspetos que contribui para a ascensão social de classes,
também questões socioprofissionais e socioeconómicas serão abordadas neste trabalho, como
indicadores, constituindo estes. variáveis independentes. Será por isso o foco de análise os
imigrantes, em Portugal e noutros países da Europa, assim como as famílias dos mesmos, nesses
países, fazendo uma comparação com os nativos (desses países).
Desenvolvimento Teórico
Desde os primórdios da sociologia que os conceitos de classes sociais e a estratificação social,
estão presentes e têm sustentado a análise das condições desiguais de participação e
reconhecimento na sociedade.
Foi no período clássico da sociologia, no século XIX, que apareceu o conceito de Classes
sociais e Estratificação social. Destacam-se os principais autores europeus fundadores da
sociologia, Karl Marx, com o seu contributo às classes sociais, Max Weber que desenvolveu
estudos sobre classes e grupos de status, Gaetano Mosca e Vilfredo Pareto, com as teorias das
elites, Kingsley Davis e Wilbert Moore e ainda Talcott Parsons. Mais tarde já nos tempos
contemporâneos, falarei também dos contributos de Pierre Bourdieu, Erik Olin Wright, Anthony
Giddens, Eriskson e Goldthorp e ainda Parkin.
Karl Marx, sendo este, um pensador e economista, acreditava que a conceção materialista da
sociedade seria a centralidade teórica da vida económica. Neste sentido, Marx como um dos
primeiros sociólogos a falar sobre o termo “classes sociais”, defendia que “A produção é «o
primeiro ato histórico»; e «a produção material…é… condição fundamental de toda a história
(…)” (Giddens, [1972] 2001) e desta ideia, define as classes através da estrutura económica da
sociedade.
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classes, não passava de uma “relação conflitual”, pois para que haja tal divisão, implicaria que
houvesse uma classe dominante e outra dominada. “O modelo de relações de classes que Marx
nos propõe é pois basicamente dicotómico: todas as sociedades de classes se edificam como
numa linha primária de divisão entre duas classes antagónicas, uma classe dominante e uma
classe dominada.” (Giddens, [1972] 2001).
Desta forma, para Marx, a burguesia seria como uma classe revolucionária onde, contribuiria
para a expansão dos mercados, para a mundialização da economia, para a constante inovação
tecnológica e urbanização crescente, seria uma classe onde estaria concentrado o capital e ainda
contribuiria para uma mudança nos sistemas políticos e jurídicos. Mas para que haja uma classe
dominante tem que haver uma dominada, por isso surge da burguesia a classe do proletariado,
contribuindo esta para o crescente número de operários, em que os trabalhadores teriam uma
relação alienada com o trabalho e a única razão pela qual levava-os a trabalhar seria para
satisfazer as suas necessidades básicas, desta sequência resulta então o empobrecimento, a
desqualificação, a aleatoriedade do emprego, a uniformização das condições de vida, a
concentração urbana e redes sociais homogéneas e ainda a consciência de classes.
Porém, Max weber, vem acrescentar à teoria de Marx, de que a sociedade capitalista era
estratificada e que as classes incorporam a estratificação, pois são elas responsáveis pela
distribuição do poder, que esta distribuição se fazia de três formas e não de duas, pela ordem
económica (classes sociais), pela ordem social (grupos de status) e pela ordem política
(partidos). A diferença da teoria de Marx para a de Weber, é que este defendia que as classes
não se definem pela sua posição no mercado, mas sim pelas oportunidades a que cada classe
tem acesso “(…)’Propriedade’ e ‘ausência de propriedade’ são, portanto, as categorias básicas
de todas as situações de classes (…)” (Bertelli, 1981), ou seja, as classes definem-se pelas
capacidades de empregar outros (senhores que possuem propriedades), pelos bens e serviços,
pelas forças de trabalho e pelas qualificações, sejam elas mais ou menos raras. Para Weber as
classes não são necessariamente comunidades que partilham de condições de vida e interesses
comuns, são conjuntos de pessoas que num determinado momento das suas vidas se encontram
na mesma situação de classe (têm as mesmas oportunidades de mercado), mas, no entanto, esta
situação pode mudar (para melhor ou pior).
Já pelo contrário, Weber define grupos de status, como sendo comunidades, onde existe um
sentimento comum de pertença baseado no prestígio social que lhes é reconhecido, são,
portanto, um grupo um pouco mais afastado do das classes, pois quem pertence a este
dificilmente mudará de estilo de vida, por funciona por hereditariedade. Ainda como outra
forma de estratificação, mas não tão aprofundada por Weber, temos os partidos, em que
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desenvolvem ações orientadas no sentido da aquisição de poder e conseguem influenciar ações
coletivas.
Com a teoria das elites, aparecem os autores Gaetano Mosca e Vilfredo Pareto, estes
aprofundam o tema abordado anteriormente por Max Weber, da ordem política. Mosca, centra a
sua análise na elite política, afirmando que em todas as sociedades existem dois estratos, os
governantes e os governados (princípio já desenvolvido por Karl Marx, na divisão de classes).
Este pressupõe que uma comunidade política, têm de ser organizada e esta é tanto maior quanto
mais organizada for, no entanto esta constitui a minoria. As elites políticas possuem também
outras qualidades das quais são apreciadas na sociedade e lhes conferem uma certa
superioridade material e moral. Para conservarem o poder e transmitirem esse mesmo poder aos
seus descentes estas elites tendem a ter um caráter hereditário, ou seja, uma herança económica,
a preparação intelectual e uma transição de qualidade morais, assim como, a educação, são
fatores que não poem faltar. V. Pareto, contribui para a teoria das elites distinguindo a elite que
governa da que não governa, enfatizando a questão do mérito. Na sua proposta o que
determinaria a pertença a uma elite seria o desempenho, por isso necessariamente pertenceria a
uma elite aqueles que tivessem um melhor desempenho. No entanto existem exceções, sendo
estas maiores entre a elite de governo do que na elite de não governo (profissões liberais ou
artísticas), pois como viste anteriormente por Mosca, neste tipo de elites ainda pesa a
hereditariedade. Nesta perspetiva a hereditariedade gera um certo desequilíbrio social e o
conflito de classes, pois permite que haja uma acumulação de elementos inferiores em classes
superiores e vice-versa. Mal comparado, temos o exemplo das sociedades de hoje em dia, em
que uma pessoa que nasça numa família bem-sucedida, mesmo que não se esforce, essa pessoa
terá maiores probabilidades de ser bem-sucedida também do que um individuo que tenha
condições piores, mas se esforce ao máximo. Por isso historicamente por via da mobilidade
ascendente dos elementos superiores que se encontram nas classes inferiores as elites vêem-se
obrigadas a mudar.
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Talcott Parsons, foi outro investigador das classes, este, tal como Gaetano Mosca, este defendia
uma sociedade seria uma forma particular de sistema social e que em primeiro lugar esta,
define-se pela organização política que deve ser fiel a uma ordem social e assente numa
organização administrativa (governamental), que garanta a ordem normativa num determinado
território. Esta ordem normativa, seria responsável por organizar vida em comunidade,
conferindo um sentido de legitimidade às ações dos seus membros. Parsons acreditava que a
comunidade que garantisses a ordem normativa, teria de ser capaz de mantar a integridade de
uma ordem cultural comum, partilhada pelo conjunto dos seus membros, pois como o autor
refere, numa sociedade diferenciada, o foco está na integração de todos os membros da
comunidade e quem desempenha essa função integrativa é sistema de normas legais,
representados pelos tribunais e pelas profissões jurídicas, como acontece hoje em dia. Parsons
torna-se assim importante, quando falamos de questões étnicas.
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Já nos tempos contemporâneos, Erik Olin Wright, retoma a formulação marxista das classes
sociais, mas identifica que com o desenvolvimento do capitalismo, ao contrário do que Marx
teria sugerido, as classes não se polarizaram, assim como, na definição de classes seria
insuficiente fazê-lo apenas pelo critério exclusivo da propriedade económica, nas sociedades
contemporâneas. Wright dá o nome de “lugares contraditórios de classes” ao conjunto de
ocupações profissionais nas sociedades contemporâneas que ficam foram da estrutura de classes
adotas apenas pelo critério da propriedade económica. Define assim, a partir de três tipos de
recursos produtivos, uma conceção multidimensional das classes, a propriedade, que está
relacionado com a posse jurídica de meios de produção e com a capacidade de empregar e
despedir pessoas, as qualificações, associado aos conhecimentos e competências científicas e
técnicas que adquirem e por fim, a autoridade hierárquica, responsável pelo exercício de
autoridade sobre os outros nas organizações profissionais, bem como o poer de tomar decisões.
Wright desenvolve uma tipologia de classes que irei desenvolver adiante.
Outro autor contemporâneo, é Pierre Bourdieu, que, na sua teoria das classes sociais,
considerava, não apenas a propriedade económica, mas sim vários tipos de capital, o capital
económico, correspondente às propriedades, aos salários e a outros rendimentos, o capital
cultural, a cultura adquirida na família, as qualificações académicas e os bens culturais, o capital
social, que corresponderia às relações pessoas de cada um e, por fim, o capital simbólico,
direcionado para o prestígio social. Bourdieu, define então as classes como um espaço social a
três dimensões, o volume de capital, a estrutura do capital e a trajetora do capital. Desta forma,
o autor considera que as classes podem-se definir em classes objetivas, onde são visíveis as
desigualdades de capital e têm posse dos recursos e a classe incorporada, que diz respeito à
posse de cultura, valores e normas. É, portanto, mais elevada, a classe dos indivíduos, quanto
maior for o seu nível de cultura, conhecimento e capital.
Erikson e Goldthorpe, mostram a sua contribuição para as classes sociais e estratificação, na sua
proposta de nomenclatura, que falarei em diante.
Hoje em dia, vivemos numa sociedade, organizada e dividia por classes e estratos, tendo estes
ao longo do tempo sofrido algumas alterações, no entanto, quando abordamos questões como a
mobilidade (e não só), estão incutidos os ideais de cada um dos autores que estudaram a nossa
sociedade.
Desenvolvimento Operacional
Tal como referido anteriormente, quando falamos em questões de mobilidade social, temos de
ter a noção de que é necessário definir uma estrutura de classes ou uma hierarquia de status.
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Tipologia ACM
Na análise das classes e estratificação na sociologia, surgem algumas propostas. A mais recente
é desenvolvida em Portugal por três sociólogos do ISCTE, a tipologia ACM (João Ferreira de
Almeida, António Firmino da Costa e Fernando Luís Machado). Esta proposta (Anexo 1),
incorpora outras como a de Wright, ou a de Erikson e Goldthorp (tipologia CASMIN) ou
mesmo a de Pierre Bourdieu,
Para podermos operacionalizar as classes sociais temos de ter em conta critérios com base nos
quais os indivíduos se diferenciam, como ao mesmo tempo se assemelham, sendo, por isso a
localização de classes, que influencia a forma como os indivíduos se projetam e orientam na
sociedade. Contribuem assim para a análise, os indicadores socioprofissionais e educacionais,
integrando nos primeiros variáveis como a profissão principal e a situação nessa profissão e
ainda informação relativa às condições perante o trabalho (atividade económica), as
qualificações profissionais e a posição hierárquica. Nos segundos indicadores, referem-se ao
grau de escolaridade adquiridos através dos níveis de ensino (Mauritti, Martins, & Costa, 2004)
e, desta forma dizem respeito às propriedades relacionais dos indivíduos, se eles têm
competência formais ou não formais e a orientações de consumos e estilos de vida (estes
indicadores, acima dos outros, proporcionam uma maior possibilidade de ascensão na
mobilidade social.
O modelo ACM, ainda se baseia na proposta de Bourdieu, pois este defendia que as classes
deveriam ser caracterizadas em espaço social e espaço simbólico, sendo estes uma análise de
posições relativas nos espaços estruturados e multidimensionais das condições de existência e
das práticas sociais. Neste sentido, o espaço simbólico referir-se-ia às práticas sociais e às
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representações e orientações valorativas (ao que ele chama de habitus), o autor integra também
fatores como a idade, o sexo, a etnicidade e a filiação religiosa. No espaço social, o autor
define-o em três dimensões, o volume e estrutura de capital, formas de capital e as trajetórias. É
nesta perspetiva que o modelo incorpora variáveis de caracterização de classe como valores
culturais e representações simbólicas, onde incorpora indicadores de sistemas simbólico-
ideológicos e de sistemas cognitivos e valorativos (habitus) e ainda incorpora indicadores de
distribuições relacionais de posições socias e indicadores de inserções e trajetos de cada
indivíduo, no espaço das relações de classes (proposta de Wright).
Modelo de Análise
Como demonstrado no Anexo 2, irei neste trabalho, tendo em conta o tema apresentado
(Questões étnicas e mobilidade social), avaliar a mobilidade social em três países, Portugal,
Alemanha e Reino Unido, através da variável etnicidade, que tem como indicador a
ancestralidade étnica, sendo esta dirigida aos nativos de cada país, aos que têm descendentes
imigrantes e aos que são imigrantes. A variável (independente) etnicidade terá influência nas
variáveis (dependentes) condições de vida e perceções de discriminação, pois estas, estão
condicionadas pelo facto de o indivíduo ser nativo ou ter descendência fora do país ou ainda
mesmo não pertencer ao país onde vive. Neste sentido, não podemos deixar de fora os
indicadores, classe social do próprio, os rendimentos, a educação, as perceções de discriminação
étnica e cultural e ainda as trajetórias de mobilidade (ascendente, descendente).
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de classes (Anexo 4,5,8) Estes indicadores, faram-nos perceber se a variável etnicidade nas
condições em que perdemos estudá-la contribui para processos de integração ou de exclusão
social e por isso se existe ou não discriminação “(…) em Portugal, o processo, conhecido
noutras sociedades receptoras, em que os imigrantes começam na base da pirâmide e,
progressivamente, se vão movendo para cima, em termos Intra e intergeracionais. É disto que
dependem, em boa medida, os cenários de integração ou exclusão (…)” (Machado, 2003)
Numa perspetiva de comparação, recorri a três países da Europa, Portugal, por ser o meu país de
origem, Reino Unido, por ter uma enorme diversidade de culturas dentro do próprio país e
Alemanha, pela sua história rígida de racismo.
Como podemos perceber no Anexo 6, comparado com Portugal e o Reino Unido, que existem
poucos imigrantes (8,6%), sendo Inglaterra, dos três países o com maior valor (12,3%) e
Portugal com (11,2%), o que nos ela a pensar que estes são países recetores no contexto
europeu. É o Reino Unido que, comparado com os três países, tem um maior valor de
descendentes de imigrantes (16,5%) e logo a seguir, a Alemanha com (15,4%).
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Avaliando o nível a que estes (os imigrantes e os descendentes de imigrantes) pertencem na
estrutura de classes, podemos conclui, que na Alemanha, apena 2,4% dos imigrantes se inserem
na classe “Empresários, Dirigentes e Profissionais Liberais (EDL)”, sendo os nativos desse
mesmo país os que mais ocupam esses cargos, com 82,9%, já no Reino Unido, verifica-se um
aumento dos imigrantes nesse posição (EDL), representando estes 19,1%, em Portugal, também
se verifica um aumento, mas não é tão acentuado como o do Reino Unido, 10,5% dos
imigrantes portuguese ocupem cargos altos (EDL). Nas classes Operárias (OI), repara-se que
tanto no Reino Unido como na Alemanha, são os descendentes de imigrantes que têm mais
afluência, representando 26,5% e 21,5%, respetivamente, pelo contrário em Portugal os
descendentes de imigrantes nessa posição (OI), representam a minoria dos casos, 5,6%,
juntamente com os “Empregados Executantes” (EE), 5,1%, sendo os nativos os que mais
representam a classe (OI), 89,4% do caso. Isto leva-nos a concluir duas coisas, a primeira é que
Portugal, ao contrário do que se possa achar, não levanta cenários de exclusão, mas sim de
inclusão, pois “Até agora a grande maioria dos pobres não é constituída por imigrantes, embora
a grande maioria dos imigrantes, à luz desses critérios, seja pobre (…)” (Machado, 2003). A
segunda é que tanto na Alemanha como no Reino Unido, o cenário de exclusão embora não seja
tão acentuado verifica-se, apesar de 78,1% dos nativos alemães e 73,7% dos nativos do Reino
Unido afirmarem que não há discriminação no seu país (Anexo 9). “(…) a melhor medida da
integração das populações imigrantes nas sociedades de acolhimento não é a situação em que
vivem os imigrantes de primeira geração, mas o destino social dos seus descendentes, as
chamadas segundas gerações.” (Machado, 2003). Neste sentido, o indicador educação, é mais
uma ajuda para avalisar esta situação de exclusão ou inclusão.
Quadro 2: Nível de escolaridade segundo a etnicidade dos indivíduos por país (%)
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Como podemos constatar pela análise do quadro 2, verificamos, que existe uma discrepância
acentuada no grau de escolaridade dos imigrantes para os nativos no “Ensino Superior”, na
Alemanha, 7,0% e 81,5%, respetivamente. Ainda na Alemanha, podemos ver que, ao contrário
do acontece com Portugal e Reino Unido, são os imigrantes e os descendentes de imigrantes que
apresentam uma maior percentagem no “Ensino Básico”, 25,2% e 31,9%, respetivamente. Já em
Portugal e no Reino Unido, são os nativos que comparado com os imigrantes e descendentes de
imigrantes, têm um nível de escolaridade baixo, 87,8% dos nativos português apenas têm o
ensino básico, assim como 69,2% dos nativos do Reino Unido, estas percentagens são também
comparáveis com os próprios nativos, pois apesar da diferença ser pouca, no ensino superior em
Portugal decresce 13,2% e no Reino unido, 1,1%.
Neste sentido, pela análise do quadro 3, podemos perceber que é em Portugal que os nativos
têm uma maior mobilidade intergeracional educacional ascendente (82,8%), comparativamente
com os outros dois países e, é no Reino Unido que os nativos têm uma maior mobilidade
intergeracional educacional descendente (75,3%). Podemos também verificar que em Portugal
não existe uma mobilidade intergeracional educacional descendente nos descendentes de
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imigrantes, mas os imigrantes, pelo contrário são os que apresentam uma maior percentagem em
relação a essa variável (30,0%), comparativamente com os outros países e com ele próprio. Já
na Alemanha, 18,8% dos descendentes de imigrantes apresentam uma mobilidade
intergeracional educacional descendente, sendo este o valor mais elevado comparativamente
com os três países, o Reino Unido apenas decresce 2,8% desse valor. No entanto é na Alemanha
também que nos imigrantes, apresentam o maior valor de mobilidade intergeracional
educacional ascendente (14,2%), comparada com os outros países.
Podemos assim concluir que avaliando também pelos dados dos Anexos 7 e 8, que na
mobilidade social, questões como a etnia, serão sempre uma influência, boa ou má, dependendo
também de cada país, pois “A cultura está sempre em fluxo e em mudança, mas também sempre
sujeita a formas de controle.” (Dossiê: Fronteiras e Passagens: Fluxos Culturais e a Construção
da Etnicidade, 2005).
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Anexos
Anexo 1: Tipologia ACM de classes sociais
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Anexo 2: Quadro Modelo de Análise
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Anexo 4: Divisão de classes por País
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Anexo 5: Grau de Escolaridade por País
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Anexo 6: Etnicidade por País
Anexo 7: A divisão de Classes (3 catg.) segundo a etnicidade de cada indivíduo por país
(%)
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Anexo 8: Grau de educação media e rendimentos medios segundo a Etnicidade por país
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Anexo 9: Opinião sobre a discriminação segundo a etnicidade de cada individuo por
País (%)
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Bibliografia
(s.d.). Obtido de Brasil Escsola : https://brasilescola.uol.com.br/sociologia/classe-social.htm
Almeida, J. F. (1981). Alguns problemas de teoria das classes sociais* (Vol. XVII (66)).
Becker, U. (s.d.). Class Theory: Still the Axis of Critical Social Scientific Analysis? Em The
Debat on Classes (Vol. 4, pp. 127-153).
Davis, K., & Moore, W. (1977). Alguns princípios de estratificação. Em Estrutura de classes e
estratificação social. Rio de janeiro: Zahar.
Mauritti, R., Martins, S. d., & Costa, A. F. (12 a 15 de Maio de 2004). "Classes sociais numa
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Obtido de https://aps.pt/pt/vcongresso/ateliers-pdfs.htm/
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Rose, D., & Marshall, G. (s.d.). Constructing the (W)right classes. Em The Debate on Classes
(Vol. 7, pp. 243-265).
Viegas, J. M., & Costa, A. F. (1998). Processos de uma Modernidade inacabada. Em Portugal
que modernidade? (pp. 17-45). Oeiras: Celta.
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