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Análise do filme: Elysium

A produção cinematográfica se passa num contexto futurista, no ano de 2154,


na cidade de Los Angeles-EUA, retratando um cenário distópico, isto é, há presença
de representações de desespero, miséria, intensos conflitos, e sobretudo, desordem
social. Durante o processo da trama, diversas questões são inseridas para produzir
uma reflexão ao telespectador, uma das principais e mais evidentes críticas, é a
exclusão social, na qual uma casta privilegiada da sociedade vive em Elysium,
abrigadouro espacial presente em órbita da Terra, e tem como objetivo salvaguardar
a população burguesa que antes encontrava-se morando em nosso planeta.

Com a degradação do habitat terrestre, acontecimentos catastróficos, mortes e


crimes fora do controle, houve a criação de um “paraíso” que serviria de ninho para
aqueles que pudessem pagar os altos custos das passagens, vemos assim que a
sociedade pobre passa pelo processo de anomia que Durkheim conceituou, sendo
este o fim do equilíbrio terráqueo, o que por seguinte irá resultar em patologias
sociais, como mortes desordenadas, violações das normas, e até mesmo o suicídio
devido às condições extremamente estressantes que a população enfrenta na
tentativa de sobreviver.

Em contrapartida, os Elysianos possuem todos os aparatos tecnológicos, não


lidam com problemas como fome, ou doenças, visto que a medicina é tão avançada
ao ponto de produzir máquinas milagrosas que curam as enfermidades, além disso,
dispõem de robôs para realização das suas atividades diárias, e é claro, usam
dessa inteligência artificial para monitorar e controlar o que acontece na terra, como
uma espécie de guardiões dos bons modos e instauração da ordem, e ao menor
sinal de desvio de conduta são punidos de forma severa.

Esse fenômeno social foi classificado por Durkheim como punição repressiva
ou direito repressivo, existe assim uma padronização forçada de seus
comportamentos, podendo notar-se a execução da coerção sob estes indivíduos,
ou seja, um mecanismo coercitivo que determina a maneira de pensar e agir das
pessoas.

Dando continuidade com a análise, deparamos com Max da Costa, um dos


personagens principais do filme, em que trabalhava em uma fábrica de produção de
robôs, mediante o exposto, é possível fazer uma ponte com o pensamento
sociológico de Karl Marx sobre a classe e forças produtivas, enquanto a
sociedade terrena é mantida é situação análoga à escravidão, a elite extraterrena se
faz forte com o sistema capitalista, pois, explora da força de trabalho e assalaria de
forma precária o proletariado.

Acrescente-se que, é incutido no funcionário uma falsa oportunidade de


salvação por meio da venda de seu trabalho, pois, a única forma de adentrar em
Elysium é pagando o valor exorbitante do transporte espacial, muitos acabam
recorrendo a meios clandestinos, o que ainda não isenta a necessidade de possuir
dinheiro para tal viagem.

Retornando o foco para Max da Costa, um aspecto importante na construção desse


personagem é a consciência que o mesmo desenvolve durante sua vida, ele é
formado socialmente, assim como o restante dos indivíduos, entretanto, em certo
momento age contra o sistema que a ele foi imposto, sendo uma referência à
sociologia weberiana, no qual se diz sobre a ação social.

Ao fim da obra, é apresentada uma ruptura nos moldes sociais entre Elysium e a
Terra, isso ocorre justamente por uma revolução na forma de pensar que é
instaurada, e que, por meio da organização e guerrilha desses grupos subjugados,
finalmente foi atingida a tão sonhada igualdade no tratamento dos dois mundos.

Todavia, para que isso acontecesse foi preciso enfrentamentos diretos entre as duas
classes, produzindo a morte de diversos participantes de ambas, inclusive, de Max.
Como considerações finais, observamos que a ação e não-ação trariam uma cadeia
de consequências, e sabendo disso, concluímos que se fosse mantida a alienação
social nos indivíduos oprimidos, o desfecho do filme de fato seria outro.

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