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Os filmes “Um Sonho de Liberdade” e “Coração Valente” são grandes obras do

cinema mundial, até porque ambos contam com diversas premiações no cenário, tais quais
cinco Oscars para Coração Valente e a perpetuação de Um Sonho de Liberdade no
“National Film Registry”, que reúne os filmes com maior relevância cultural, histórica e
estética dos Estados Unidos da América. Além da imortalidade cinematográfica das obras,
os filmes trazem reflexões sobre liberdade, resiliência e a sociedade como um todo, uma
vez que ambas as histórias são baseadas em fatos reais. A partir de tais reflexões, pode-se
estabelecer uma análise da sociedade como um todo usando conceitos de alguns dos
primeiros sociólogos que fizeram o estudo do corpo social. Weber, Marx e Durkheim tiveram
suas obras descrevendo um momento histórico de mudanças sociais pós-revolução
industrial, portanto, possuem análises do indivíduo primitivo, aquele que tem seu primeiro
contato com a modernidade, assim, de maneira geral conseguindo estabelecer uma linha
bem próxima àquelas que a reflexão do filme nos faz.
Nesse contexto, é impossível falar de modernidade sem falar do advento do direito
como regulador das normas, leis e moral. Desse modo, destaca-se o surgimento da noção
de coerção social, moldada por Durkheim, que dizia que tal coerção é a força que os fatos
sociais exercem sobre os indivíduos para que eles respeitem as regras, independente da
vontade individual. Tal ideia é observada no filme Um Sonho de Liberdade, a qual o
protagonista é acusado e preso injustamente pelo asssassinato de sua mulher e o amante,
contra sua vontade, transpondo como a coerção se exerce no indivíduo. Além disso, ainda
no mesmo filme, podemos observar um dos conteúdos de Weber: a ação social, ou mais
precisamente, nesse caso, a ação racional em relação a fins, destacada na perseverança
do personagem em escapar da prisão.
Já em Coração Valente, também se observa tal conceito de ação social porém em
uma outra perspectiva, a da ação social afetiva, notada na ação do protagonista em se
casar às escondidas com uma camponesa, por medo do senhor feudal dormir com sua
esposa. Além disso, a racionalização do mundo social, de Max Weber, é intensamente
presente na obra de Mel Gibson, uma vez que a questão principal do filme e suas
conclusões são moldadas em torno de espaços e atividades coletivas organizadas de
maneira eficiente, como se dá na guerra dos escoceses contra os ingleses e as leis da
época de maneira geral. Mais especificamente uma racionalidade finalística, já que há a
análise racional dos meios, para que os fins desejados sejam alcançados.
Por fim, uma questão pautada em ambos os filmes é a da liberdade. Afinal, o que é
“ser livre”? Será que hoje em dia nós somos livres? Será que assim como a personagem do
presidiário que se suicida após sua saída da prisão, não estamos institucionalizados em
organizações e vivemos em prisões modernas? Ou será que estamos traçados em leis de
governos retrógrados? Por mais que não sejam temporalmente de nossa época, os filmes
são, mais do que nunca, contemporâneos, ou seja, retratam mazelas que vivemos dia a dia,
muitas delas por conta de um sistema moderno e opressor que valoriza o capital acima de
tudo e que tem como prioridade a luta por bens materiais, caracterizando uma sociedade de
opressores e oprimidos, assim como descreve Marx, dizendo que, tal sociedade capitalista,
é produto da ação recíproca dos homens em luta por bens materiais, tornando assim uma
sociedade opressora e que segrega certos grupos sociais.
Enfim, em meio a tantos conceitos e definições, conclui-se que os preceitos
destacados pelos ‘pais da sociologia’ estão presentes não só nas análises humanas dos
filmes, mas também em uma análise pessoal da sociedade da atualidade, demonstrando a
importância dos estudos da sociologia e suas aplicações.

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