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Leonardo Bettim Nogueira.

Ra: 11202321809

GIDDENS, Anthony. “Sociologia”. Porto Alegre: Penso. Capítulo 1: O que é


Sociologia?

György Lukács (1955) crítica os ideais de Max Weber e a sociologia no geral,


afirmando que tal ciência seria apenas uma forma de auxiliar a história como disciplina
ou que jamais chegaria ao nível de importância que a história. No entanto, a partir da
obra de Anthony Giddens (2012) ele destaca a importância da sociologia como uma
ciência complexa, fazendo a análise da mesma a partir de noções idealizadas por
outros autores e teorizando também novos conceitos sociológicos.
Anthony Giddens (2012) enfatiza a importância da sociologia a partir da
definição dos objetivos da ciência em questão sendo eles interpretar e entender as
estruturas sociais e as relações sociais presentes na sociedade, além da análise e
questionamento de por que agimos e como agimos, desse modo Giddens idealiza o
conceito de macrossociologia1 e microssociologia2 para análise da sociedade em
escalas distintas.
A partir do conceito criado por Charles Wright Mills (1970 apud GIDDENS,
2012), sobre imaginação sociológica o necessário para examinar da sociedade seria
necessário abdicar de pensamentos subjetivos para analisar sociologicamente a
sociedade a partir de qualquer ação, desse modo, o uso da macrossociologia e
microssociologia assume protagonismo para interpretar a sociedade contemporânea,
assim como o autor explica sobre o simples ato de tomar café: “Podemos apontar,
antes de mais nada, que o café não é apenas uma bebida. Ele tem valor simbólico
como parte de nossas atividades sociais cotidianas.” (GIDDENS, 2012, p.19). A partir
de tal ação é possível identificar diversas condições e fatores sociais de certa
sociedade sobre ela mesma e em relação à outras, analisando relações globais de
transação do café3 em sentido macrossociológico ou pode cooperar para entender a
circunstância em que um grupo social vive em sentido microssociológico.

1
Macrossociologia é a análise de estruturas e sistemas sociais e suas mudanças a longo prazo, como
por exemplo o sistema político e econômico.
2
Microssociologia é a análise e entendimento de como funcionam padrões institucionais, a partir da
observação das relações em tal organização.
3
Com base na análise sociológica do café e suas relações globais de transação, é capaz de interpretar
em como a globalização junto de formas de dominação e influência ainda existem no mundo
contemporâneo. Tal fato é evidente levando em conta, historicamente, as formas de domínio de nações
1
Portanto, o conceito de imaginação sociológica, reflete as relações entre
indivíduo e sociedade, ao utilizar uma forma de raciocínio de caráter investigativo,
para entender como o ser se relaciona com os elementos próximos e com a própria
sociedade.
Com base em tal análise Giddens enfatiza a importância do pensamento teórico
para formulação de pesquisas para comprovação de tais teorias e as transformar em
fatos, assim também exemplificado por Davidov (1988 apud ASBAHR. F, 2020) que
afirma que o pensamento teórico pode sair de algo abstrato para se tornar algo
concreto por meio empírico.
Dessa forma, o pensamento teórico tem sua relevância estabelecida, não
apenas o pensamento teórico, mas também a variedade teórica que estimula para
fugir de paradigmas, questões dogmáticas e estagnação (GIDDENS, 2012, p.33).
Em relação a estrutura da sociedade, ela não surgiu repentinamente, de
maneira oposta, os contextos sociais da atualidade não são aleatórios, são
estruturados, sendo resultado de como os indivíduos tomam suas ações que por fim
influenciam a estrutura da sociedade. Da mesma forma que as pessoas influenciam a
estrutura social, tal estrutura influencia as pessoas e sua forma de vida de modo
regular, principalmente ao avaliar o mundo globalizado atualmente 4.
Com isso muitos sociólogos tentam explicar o que move a sociedade, dado que
Anthony Giddens retrata alguns deles em sua obra, e analisa seus pensamentos e os
compara, sendo os pensadores: Augusto Comte, Emile Durkheim, Karl Marx e Max
Weber, cada um deles tem seu modo de analisar a sociedade, que apesar de algumas
ideias parecidas não concordam totalmente.
No entanto, a partir de tantas ideias distintas, o autor retrata: “A sociologia diz
respeito às nossas próprias vidas e nosso comportamento, e estudar nós mesmos é
a coisa mais difícil e complexa que podemos fazer.” (GIDDENS, 2012, p.22), com isso
se é explica o porquê de existirem tantas formas de pensamentos diferentes para a
sociedade e o que a movimenta.

centrais sobre países periféricos (Fernandes, 1974). Além de que o café é produzido em países em
países mais pobres, no entanto é consumido em sua maioria por países mais ricos (Giddens, 2012).
4
Na sociedade contemporânea tal fato pode ser perceptível a partir do mundo globalizado e em como
as pessoas são influenciadas por influenciadores digitais, dado que segundo uma pesquisa feita pelo
Instituto Qualibest, 49% das pessoas entrevistadas afirmaram que já tinham comprado produtos que
foram divulgados por influenciadores digitais.
2
A partir da revolução industrial e burguesa aliadas ao desenvolvimento do
raciocínio crítico, que foi impulsionado por tais revoluções, tais sociólogos iniciam suas
interpretações sobre a sociedade, sendo o ponto chave o ponto de abrir mão de
explicações religiosas para integrar o raciocínio científico. No entanto, apesar de tais
revoluções terem cooperado para estruturar e apresentar muitos conceitos que são
aplicados atualmente no mundo em sua maioria, ainda tiveram críticas negativas para
a forma como foram conduzidas e o fim de tais revoluções.
Karl Marx em suas obras “O Capital” (1887), “Manifesto Comunista” (1848) e
“O 18 de Brumário de Luis Bonaparte” (1852), crítica a revolução burguesa afirmando
que tal movimento histórico não provoca a emancipação do pensamento completo,
mas uma emancipação parcial e utópica do pensamento. Pois segundo o Karl Marx,
tal revolução provocou uma revolução de massas, mas por fim se promoveu um
Estado burguês que domina o proletário da mesma forma que a antiga forma de
governo que estava vigente.
Fundamentado em tal crítica Karl Marx argumenta que a movimentação da
sociedade se deve ao materialismo histórico dialético e a luta de classes (MARX,
1848, apud GIDDENS, 2012, p.26).
Contudo, apesar da análise sociológica de Karl Marx afirmando que o
materialismo histórico dialético e a luta de classes são a forma no qual a sociedade
se mantém em movimento, Max Weber discorda de Marx, idealizando o conceito de
ação social como centro da movimentação da sociedade.
Max Weber utiliza o conceito de ação social, para analisar as interações entre
as ações dos indivíduos inseridos em determinada sociedade, sendo fundamentado
em “tipos ideais”5 para entender a essência de tais fenômenos que moldam a
sociedade.
Weber ainda destaca que o capitalismo não seria marcado pela luta de classes,
mas sim pela ascensão da burocracia e da ciência, assim fundamentando sua ideia
de racionalização e desencantamento 6 do mundo.

5
O tipo ideal um conceito utilizado para interpretar fenômenos sociais como os da ação social. O tipo
ideal é fundamentado em interpretar e explicar características de fenômenos sociais e cooperam para
compreensão de padrões recorrentes de comportamentos e ações. Anthony Giddens (2012, p.29)
define que o tipo ideal seria também a forma “pura” de algum fenômeno.
6
O desencantamento junto da burocratização do mundo, é a ideia de Max Weber no qual a partir da
ascensão da ciência no mundo moderno o sentimentalismo seria abandonado. Dessa forma com a
burocratização, Weber idealiza a “jaula de ferro” no qual seria uma dominação burocrática sendo
caracterizada pela regulamentação de todas as esferas da vida social.
3
Após Max Weber propagar tais ideias foram geradas muitas críticas de
pensadores com ideais marxistas, como por exemplo György Lukács, que crítica
Weber por “desconsiderar” o materialismo histórico dialético, afirmando que o
sociólogo alemão estava fazendo uma análise limitada a uma visão política, que no
caso seria uma visão política a partir da perspectiva burguesa (LUKÁCS, 1955).
A partir de outro ponto de vista Émile Durkheim analisa a sociedade de outra
maneira que discorda da visão de Weber, no qual, afirma que a sociedade se mantém
em movimento por conta dos fatos sociais e como eles moldaram a sociedade durante
os séculos. Segundo Durkheim a análise dos fatos sociais leva o indivíduo a entender
os aspectos da vida social e como eles influenciam no dia a dia do corpo social.
Segundo Durkheim os fatos sociais tem poder coercitivo na população no qual
acredita que toma suas decisões por livre e espontaneamente, no entanto, as pessoas
seguem os fatos sociais acreditando que estão agindo por conta própria.
Durkheim (1895, apud GIDDENS, 2012, p.24) também analisa os ideais de
Augusto Comte, mas considerava o método sociológico utilizado por Comte
“especulativo e vagos demais” e afirmou que a sociologia deveria ter como sua base
o método científico.
Apesar de tal crítica Augusto Comte foi um dos precursores do pensamento
sociológico, tendo criado o termo “sociologia”, a considerando como a ciência para
explicar as leis sociais.
Comte fazia uma abordagem com visão positivista da sociedade, afirmando que
sua análise deveria ser baseada em métodos empíricos.
Por outro lado, Comte ainda idealizava a criação de uma nova religião da
humanidade, no qual, os dogmas e crenças deveriam ser abandonados, e um novo
consenso moral deveria ser moldado de modo que mantivesse a integridade social.
Assim como John Stuart Mill (1865), explica que Comte queria garantir a unidade e
sistematização do corpo social.
Com isso, Anthony Giddens não se contenta ao comparar e criticar apenas as
ideias dos sociólogos citados, mas também os encaixa em suas respectivas
abordagens teóricas. Sendo elas o funcionalismo para Durkheim, perspectiva de
conflito para Karl Marx e interacionismo simbólico para Max Weber.
Para os ideais do funcionalismo, a sociedade poderia ser interpretada como um
organismo vivo, a partir da ideia que as esferas que compõem o mundo
contemporâneo funcionam juntas. Assim como Giddens (2012, p.30) analisa que para
4
se estudar o coração humano é necessário entender como ele se relaciona com as
outras partes do corpo humano.
Para os funcionalistas, a sociedade teria de viver de acordo com o consenso
moral7, assim como Durkheim analisa que a religião seria uma forma de manutenção
do consenso moral e da coesão social, além da adesão de valores nucleares, tal
análise de Durkheim foi expressa também na pesquisa, de nome “A religião como
elemento de integração e apoio social”, feita por docentes e discentes da Universidade
Federal de Santa Maria (UFSM), no qual segundo Job Clai Machado 8 e Iara Ferrão9
(2021, p.1): “a religião tem importante função social, atuando na identificação e sentido
de pertencimento da pessoa a um grupo, ao mesmo tempo que forma redes sociais e
de escuta que fortalecem e apoiam os seus fiéis na resolução de problemas.”.
No entanto, tal perspectiva da sociedade é criticada por sociólogos que fazem
parte de ideais da perspectiva de conflito, no qual se encaixa Karl Marx. Dahrendorf
(1959 apud GIDDENS, 2012) critica o pensamento funcionalista, afirmando que os
pensadores de tal movimento, só consideram o lado da sociedade em que há
harmonia e entendimento para suas análises.
Marx ainda complementa a ideia da perspectiva de conflito, a partir da definição
de tal abordagem se caracterizar pelas questões de classe, poder, desigualdade e
lutas. Por fim, afirmando que a sociedade tem aqueles que possuem autoridade e
poder e separa o corpo social em dois grupos, os governantes e os governados.
Sendo a última formação sociológica abordada por Giddens o interacionismo
simbólico, tal os pensadores adeptos de tal corrente de pensamento entendem que a
sociedade a língua principalmente tem grande importância para a sociedade,
considerando que a língua estimula a autoconsciência e individualidade do indivíduo,
um dos principais sociólogos que idealizaram tal pensamento sociológico foi G. H.
Mead (apud GIDDENS, 2012).
No entanto, tal corrente de pensamento recebeu diversas críticas por ignorar
questões mais amplas de poder, estrutura como formas de influenciar as ações
individuais.

7
A sociedade estaria de acordo com o consenso moral quando a maioria dela estivesse de acordo com
os mesmos valores
8
Acadêmico do 8º semestre do curso de Licenciatura em Ciências da Religião, na Universidade
Federal de Santa Maria
9
Professora Doutora, Universidade Aberta do Brasil, Licenciatura em Ciências da Religião, na
Universidade federal de Santa Maria, Orientadora do estudo
5
Referência Bibliográfica:
ANDRADE, Eliane. Influenciadores digitais e seu impacto nas decisões de consumo.
2022. Disponível em: https://hotlearn.com.br/blog/marketing/influenciadores-digitais-
e-seu-impacto-nas-decisoes-de-consumo. Acesso em: 28 jul. 2023.

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LUKÁCS, György. Max Weber e a Sociologia Alemã. La Nouvelle Critique, [s. l.], 1955.
Disponível em: https://www.marxists.org/portugues/lukacs/1955/08/90.htm. Acesso
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MACHADO, Job; FERRÃO, Iara. A RELIGIÃO COMO ELEMENTO DE INTEGRAÇÃO


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da Religião) - Universidade Federal de Santa Maria, [S. l.], 2021. Disponível em:
https://repositorio.ufsm.br/bitstream/handle/1/23644/Machado_Job_Clai_TCC_2021.
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