Você está na página 1de 10

Colégio Emirais

Filosofia

Filosofia da Libertação

Professor João Luanda, 24 de Janeiro de 2023


_________________________
Integrantes do grupo:
Darlene Ferreira – n°: 03
João Jorge – n°: 10
Luzola Rocha – n°: 12
Nélia Furtado – n°: 14

Curso: Ciências Econômicas e Jurídicas


12ª classe
Turma: A
Sala: 20

Tema: Filosofia Da Libertação


Índice

Introdução ................................................................................................ 3
Desenvolvimento .................................................................................... 4
• FILOSOFIA DA LIBERTAÇÃO FRENTE A COMPLEXA MODERNIDADE ….…... 5
• SUPERAÇÃO DO ETNOCENTRISMO E EUROCENTRISMO PARA UM DIREITO HUMANO
MAIS HUMANO ………………………………………………………………………….….….. 6

Conclusão ................................................................................................ 8
Bibliografia .............................................................................................. 9
Introdução

Este trabalho tem como objetivo explicar o conceito da Filosofia da Libertação, esclarecer as bases
da sua ideologia, falando da sua relação com os direitos humanos, compreender a sua origem e
história. Explicar também a crítica que este movimento faz à Modernidade.

Tivemos como maior motivação o grande interesse em obter mais conhecimento sobre o tema,
estudar e entender o seu desenvolvimento.
O presente trabalho está organizado por:
• Capa
• Contra-capa
• Índice
• Introdução
• Desenvolvimento
• Conclusão
• Bibliografia
A Filosofia da Libertação é um movimento filosófico surgido na América Latina, entre os anos
1960 e 1970 (há controvérsias sobre a data), como correlato filosófico da Teologia da Libertação
ou da Pedagogia do Oprimido.
O autor mais destacado desta corrente filosófica é indubitavelmente Enrique Dussel, filósofo
argentino naturalizado mexicano e autor de uma vasta obra que partiu, nos anos 1970, de uma
transição da teologia para a filosofia da libertação, chegando atualmente a sua obra mais madura
no campo da Ética e da Filosofia Política.
Ela assenta num dos princípios da “Filosofia das Luzes”, o princípio da liberdade, que busca a
libertação do Homem de tudo aquilo que o oprime e reprime. Desde as revoluções desencadeadas
após o iluminismo, que foi possível ver como o princípio da liberdade garantiu maior autonomia
individual, salientando aspectos como a liberdade de pensamento, de religião, liberdade científica
(a busca do conhecimento), a liberdade política, económica, (fruição e dispêndio do bens), artística
( a expressão artística individual na música, na arte, na literatura), social, jurídica (a prossecução
da justiça nos tribunais sem a interferência de outras esferas de poder), etc. O iluminismo tinha o
seu projeto ideológico orientado contra os regimes sociopolíticos que herdaram as formas de
estruturação social do absolutismo, através de regimes monárquicos absolutistas que estavam
associados à ideia do poder divino dos soberanos.
Alguns historiadores da filosofia na América Latina, como Francisco Miró Quesada, afirmam que
a filosofia da libertação surgiu como desdobramento do que se denominou Filosofia cultural do
Americano num debate onde a questão sobre a autenticidade e a originalidade da filosofia praticada
nestas paragens ganhou foros de cidadania. A questão de fundo, no debate, era refletir sobre o
carácter circunstancial ou universal da filosofia. Por outras palavras, saber o que a caracteriza
como tal e em que medida este carácter é atravessado pela circunstância histórica na qual a filosofia
é elaborada, ou pela universalidade que lhe seria necessariamente natural.

Neste debate advogavam-se, então, conceções distintas que poderão ser agrupadas em dois blocos
– as universalistas e as regionalistas (circunstancialistas), que apontavam respectivamente para
uma Filosofia Universal, no primeiro caso, e para a possível caracterização de uma Filosofia
Americana, no segundo caso.

Entre aqueles que advogavam a possibilidade ou existência de alguma forma de filosofia de


libertação, havia tanto os que a situavam no campo de uma filosofia regional, denominando-a de
filosofia latino-americana de libertação, ou de filosofia de libertação latino-americana,
despreocupados com a sua vigência universal, como havia até quem os que a considerassem numa
perspetiva universalista, entendendo que a reflexão sobre a libertação dos seres humanos não seria
apenas uma exigência circunstancial da filosofia que se elabora na América Latina, mas uma
necessidade que devia ser universalmente inerente à própria filosofia. Estes argumentavam tal
universalidade afirmando basicamente que a reflexão filosófica sobre o exercício prático e
concreto da liberdade, realizado em qualquer época ou lugar, pode contribuir para a reflexão sobre
as condições e limites do exercício da liberdade, isto é, sobre a praxis libertadora, também de
qualquer época ou lugar.
Embora este problema atualmente, venha a estar recolocado desde a perspetiva da pragmática
linguística num novo patamar de análise critica, o mesmo é também retomado por autores como
Paul Ricoeur, por exemplo, para quem – em razão da heterogeneidade das histórias de libertação
e da variada significação que este termo recebe a partir destas diversas experiências – a relação
entre filosofia e libertação aparece problemática, mesmo se se admite que toda a filosofia tem
como fim último contribuir para a libertação espiritual dos seres humanos.

De um modo geral, podemos considerar a filosofia da libertação como específica da realidade


hispânica e ibero-americana, sendo por conseguinte um pensamento e modo concreto de analisar
o conhecimento humano à luz da realidade local e ao mesmo tempo, universal

FILOSOFIA DA LIBERTAÇÃO FRENTE A COMPLEXA MODERNIDADE


A Modernidade possui em sua base, os direitos humanos. A análise destes direitos, possui duas
vertentes, se por um lado é libertador e iluminado, por outro é obscuro e opressor. Esta opressão,
falando da América Latina, concerne ao processo de colonização sofrido. Pensar nos direitos
humanos, sob o pensamento latino americano é não incidir em certos reducionismos próprios do
pensamento moderno hegemônico: dogmatismo, pensamento fraco, monoculturalismo,
historicismo eurocêntrico e etnocêntrico.

Dentro desta perspectiva, hodiernamente, há em processo, um movimento denominado


de Filosofia da Libertação, que possui raízes na luta libertadora da América Latina, ocorrida entre
as décadas de 1950 e 1970, cujo objetivo, é repensar os direitos humanos na visão latino-
americana.

Por ser um movimento pragmático, a Filosofia da Libertação não se vislumbra com o que é
filosófico mas sim busca, integralmente, conceituar a realidade objetiva das coisas, dando-lhe
movimento e vida.

Segundo Martínez (2011), ao pensar na realidade histórica, a Filosofia da Libertação não se


coaduna com fundamentações reducionistas que olvidam a complexidade que é a realidade. Este
movimento deve combater estruturalmente a predominância da dogmática de fundamentos dos
direitos humanos, evitando-se assim que se torne um instrumento de ideologização. Este
movimento, não visa a defesa de um e exclusivo fundamento, sob pena de incidir na dogmática e
perder seu espírito crítico, ignorando, assim, a práxis histórica. Nesta esteira, Martínez (2011),
estabelece três vias de fundamentação, estreitamente ligadas entre si, que podem ser sustentadas e
argumentadas a partir deste movimento: fundamento da alteridade, o fundamento sociopolítico
ou da práxis de libertação, e o fundamento da produção de vida.

A Filosofia da Libertação, embora num primeiro momento tenha se inserido num conceito de pós-
modernidade, posteriormente, numa visão mais ampla e baseada no logo histórico, partiu de uma
ideia libertadora em busca dos fundamentos últimos para, a partir daí, poder denunciar e criticar
as construções ideológicas que sustentam os sistemas produtores de vítimas e oprimidos (Martínez,
2011). E, esta mudança paradigmática ocorreu por terem os estudiosos do assunto compreendido
que a Filosofia da Libertação vai além da simples superação da modernidade, cujo cerne é a
dominação capitalista sustentada pela expressão ontológica da ideologia da classe burguesa,
triunfante na revolução inglesa.
Enrique Dussel, como ponto central de seu pensamento, afirma que deve ocorrer uma verdadeira
libertação do pensamento latino, que se mantém preso ao eurocentrismo, à filosofia européia, bem
como se deve dar a libertação do trabalhador explorado. Segundo Dussel, somos apenas papagaios
repetidores da filosofia que se produziu na Europa. É preciso reformular os pensamentos
filosóficos latino-americanos, para trabalharmos nossa realidade.

Para Santos é importante frisar que a promessa da igualdade, a promessa da liberdade e a promessa
da dominação da natureza, consideradas como as três grandes promessas da Modernidade, não se
cumpriram ou trouxeram consequências satisfativas. A igualdade não encontra respaldo ante a
miséria caracterizada do Terceiro Mundo; a liberdade acaba sendo uma utopia diante de tanta
opressão e exploração que se impõe com a violência policial, o trabalho infantil ou em condições
pouco dignas, os conflitos raciais contra as minorias, a violência sexual, etc.; e a dominação da
natureza produzida de forma egoísta e nada humanitária, culminando no abalo ecológico do
momento. Neste empasse, deparamos com situações trazidas pela Modernidade, mas cujos
resultados ou soluções não encontram guaridas nesta modernidade complexa.
Por isso que estudiosos tem situado a Filosofia da Libertação num contexto que vai além da pós-
modernidade pois há um rompimento com a racionalidade moderna e uma adesão a um logo
histórico que seja capaz de se responsabilizar pela realidade através da práxis histórica. Contudo,
não obstante este espírito emancipador, não há um rompimento integral à busca dos “valores
modernos” da igualdade e da liberdade, mas considera que ambos os valores devem fazer parte de
um processo de libertação, devem conduzir à justiça social e dar prioridade à solidariedade
humana, a qual tem seu fundamento na respectividade estrutural da pessoa com os demais seres
humanos e o mundo na busca da produção e reprodução da vida. Em suma, a Filosofia da
Libertação não pode permanecer na criação de fundamentos fracos de direitos humanos, mas sim,
construir fundamentos fortes, pautados na dignidade dos oprimidos, garantindo-lhes melhores
perspectivas de vida.
Outro ponto, é que este movimento emancipador, ao pensar na realidade histórica, não pode se
render a nenhuma fundamentação reducionista que cerceie a realidade. Esta é complexa e dentro
desta complexidade é preciso repensar os direitos humanos, para que estes sejam instrumentos da
práxis dos povos. Por isso, a fundamentação deve possibilitar a abordagem das diversas parcelas
da realidade nas quais influem e se veem afetados os processos dos direitos humanos: ética, social,
econômica, cultural, política e jurídica.
SUPERAÇÃO DO ETNOCENTRISMO E EUROCENTRISMO PARA UM DIREITO HUMANO
MAIS HUMANO

A Filosofia da Libertação, tem que superar o etnocentrismo dos direitos humanos, permitindo um
dialogo entre as culturas, superando a ideia eurocêntrica dos direitos humanos e ampliando a visão
dos mesmos além do Ocidente, de forma a se evitar uma limitação da experiência a um único
processo. Este movimento libertador deve promover a universalidade e universalização dos
direitos humanos a partir dos processos de luta próprios de cada povo e cultura, criando uma
globalização, que nada tem haver com a banalização deste direitos.
O que se observa, ainda, é que grupos e movimentos sociais, em seus processos, ditos libertadores,
continuam reproduzindo o discurso liberal dos direitos humanos, sendo que, em geral, não coincide
nem com a sua práxis nem com os seus objetivos. Isto se leva a pensar na necessidade de se
construir uma teoria dos direitos humanos capaz de responder às lutas de libertação e não
meramente aos processos de liberalização.
É necessário que a filosofia latino-americana se liberte e seja original, usando o que foi produzido
para ver melhor e não para limitar, conduzindo à verdadeira produção filosófica.

Assim se passará para o segundo ponto importante da teoria de Dussel, ou seja, devemos
desenvolver uma filosofia olhando para nossa realidade, para os nossos reais problemas, de forma
que o passado nos sirva de norte e lição, assim como os europeus, que vivenciando uma visão de
seu mundo, remete-se as tradições tentando dar respostas as suas próprias angústias, provindas de
suas guerras, mas sem repetir seus antepassados, aprendendo com eles, desenhando uma nova
maneira de encarar uma realidade a própria.

Não obstante, a nossa filosofia deve indubitavelmente ser mesmo uma filosofia social, pois não
haveria sentido em um primeiro momento se produzir uma filosofia metafísica da vida sendo que
há tanta miséria e injustiça na nossa sociedade.

Dussel diz que o filósofo não tem só um papel de libertar, mas de conscientizar, não só um papel
de ensinar, mas de estar junto daquele que sofre. Uma filosofia feita a partir da práxis, literalmente
da realidade social existente. É um real processo de conscientização, pois não é através do discurso
que a libertação irá acontecer. Dussel diz que o latino liberta-se a partir da tomada de consciência
de um olhar critico sobre sua realidade. Acredita em um mundo de justiça, um mundo de igualdade,
de possibilidades e direitos da vida, bem como a superação do encobrimento do outro, e a
libertação que desencadearia.

Infelizmente, a nossa produção, ainda, é a reprodução do que os europeus apresentem da nossa


realidade, é uma identidade construída no desconhecimento de si mesmo, baseada no que o outro
pensa e fala de nós. Conhecemos quem somos? Sabemos discursar sobre nossa realidade? Há
particularidades que são só nossas? Dussel nos convida a uma mudança de paradigma, de atitude,
do pensamento, uma provocação para a reflexão.

Defender as posturas idealistas dos direitos humanos, abstratas e universalistas, significa não
compreender o caráter aberto e processual da história. É desconhecer a capacidade do ser humano
de repensar constantemente o mundo em que vive, de assumir as possibilidades e capacidades que
um momento histórico proporciona.

Dussel diz que os conceitos não são um fim em si mesmos, são apenas ferramentas para uma
construção, que deve ser vivida de maneira concreta. É uma práxis, uma teoria construída com
uma base ética, a partir de uma produção ética, não vendo o outro como objeto, mas como
semelhante, são dois sujeitos, onde o outro é um mistério, não como uma coisa (MARTÍNEZ,
Alejandro Rosillo. 2011).

De certa forma, todas as áreas do conhecimento, além da filosofia, estão começando a contribuir
para uma melhor compreensão da realidade social.

A práxis libertadora é um processo de, podemos dizer, de apropriação da tradição, de forma que
esta passa a ser uma ferramenta para reflexão do intérprete, mas, também é um objeto externo que
não deve ser adorado, e sim se digerir como um alimento.

Nesta esteira, Dussel adverte que nem tudo presta, deve se vomitar o que não serve e cuspir o que
não acrescenta. É como o pai e a mãe que devemos ouvir, mas posteriormente superá-los, como
seres independentes que somos, conseguindo fazer uma reflexão pessoal, tendo acesso às ideias
novas que transformem nossa realidade (MARTÍNEZ, Alejandro Rosillo. 2011).
Conclusão

Os objectivos do presente trabalho foram cumpridos. Conseguimos esclarecer a história do


indicado tema, falar das suas bases e ideologias e também sobre o seu autor.

Aprendemos sobre a sua importância e o impacto que teve na história da humanidade, visto que
este movimento auxiliou a população pobre e oprimida na luta por direitos.

Podemos concluir considerando a filosofia da libertação como uma reflexão filosófica sobre a
realidade concreta, em que vivem as pessoas submetidas a diversas formas de dominação, bem
como sobre os processos voltados à transformação dessa situação. Trata-se de compreender a
realidade da dominação e o processo de libertação.

Podemos também assinalar que uma teoria crítica dos direitos humanos nos leva a defender que
enquanto houver oprimidos, há opressores e, nesta linha, mister se buscar uma nova perspectiva
dos direitos humanos. Quando não houver mais oprimidos é porque foi superado mundialmente o
estado de satisfação das necessidades básicas e foi superada também a desigualdade injusta. Ou
seja, enquanto houver pobres, os direitos humanos deverão ser reinventados, renovando-os na
práxis de libertação, para evitar que sejam ideologizados e utilizados como instrumentos de
opressão.
Bibliografia

https://ambitojuridico.com.br/edicoes/revista-162/filosofia-da-libertacao-e-a-busca-de-uma-
identidade-latino-americana/
https://www.trabalhosfeitos.com/ensaios/Filosofia-Da Liberta%C3%A7%C3%A3o/273856.html

Você também pode gostar