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À volta com as palavras – Rita Reis

Terapia da Linguagem, Desenvolvimento cognitivo e Terapia inclusiva

Há vida lá fora...

Caderno do explorador:____________________________

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Brincar é o melhor método para o nosso cérebro aprender!
À volta com as palavras – Rita Reis
Terapia da Linguagem, Desenvolvimento cognitivo e Terapia inclusiva

Se as árvores falassem contar-nos-iam as melhores histórias...


O maior carvalho nasceu de uma bolota!
A Natureza conversa entre si. Isso não se discute, mas
imagino que poucas pessoas conseguem entender a
sua linguagem. Mas, o Pedro consegue.
Quando vemos uma árvore, não paramos para pensar
o que aquela arvore terá vivido. Quais as histórias
que teria para contar caso pudesse falar.
Para o Pedro as árvores têm histórias para contar,
elas inspiram, confortam e recordam-no que a vida
continua. Todas as árvores contam uma história, mas
algumas são mais expressivas, partilhando memórias
da vida lá fora. As árvores fazem parte de nós, com as
suas estranhas configurações, em florestas habitadas
pela fantasia e pelos nossos medos.
O Pedro era uma criança muito curiosa, que tal como
as outras adorava correr e sentir o ar fresco no seu
rosto. Adorava brincar na rua e construir bonecos
com terra e água. – Quem não gostava muito disso
era a sua mãe, que se via aflita para tirar a lama da sua roupa.
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Ao contrário dos seus restantes colegas da escola, Pedro preferia a companhia dos pássaros, dos
carvalhos e sobreiros, à das pessoas.
Apesar de ser um menino muito curioso, não era muito fã de livros.
Principalmente, porque era obrigado a lê-los na escola. Sempre que
pegava num livro, em vez de palavras via pequenos insectos pretos a
passear pelas folhas. È muito difícil manter a concentração quando
estão constantemente a passar formigas, aranhas e até besouros à
frente dos seus olhos. O seu pai sempre lhe respondera a todas as suas
perguntas, mas indicava os livros como as melhores fontes de saber e
imaginação. Por vezes, o Pedro desconfiava dessas fontes e contestava
o seu pai com a arte argumentativa de um advogado experiente.
O canto dos pássaros anunciou a madrugada. Estava na hora do Pedro
acordar, escovar os dentes e começar o novo dia. O cheiro a torradas
fê-lo apressar-se, pois a sua mãe não esperara pelo cantar do galo para
aquecer o leite no pequeno forno a lenha, o pequeno-almoço estava
pronto e não podia ficar à espera. Todos sabem que o pequeno-almoço
não gosta de esperar.
Era sábado, dia de visitar o avô. O avô era um homem vivido, passou
toda a sua vida numa aldeia isolada, numa casa antiga com floreiras nas janelas e horta nas traseiras. Ficou
conhecido na aldeia por saber plantar de tudo. Plantava todo o tipo de árvores, plantava flores, semeava

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legumes, vegetais. Para ele a natureza era a cura de todos os males e a celebração de todas as
maravilhas. Talvez o Pedro tenha herdado dele esta compreensão quase que sobre-humana da natureza.
No meio do quintal do avô vivia uma grande árvore de
folha caduca, persistente com folhas simples, ovais, de
margens dentadas e cor verde-escura, era uma linda árvore
de copa larga e arredondada. O Pedro sempre adorou ouvir
as histórias que o avô contava sentado no alpendre de
madeira, enquanto baloiçava nessa árvore.
Era uma árvore forte e com uma bonita história. O seu
tetravô plantou aquele carvalho para assinalar o nascimento
do filho. Desde então cresceu protegido pelo amor de várias
gerações.
Estava o Pedro sentado no alpendre quando caiu na sua
cabeça uma bolota vinda do céu. O Pedro rapidamente
olhou para cima, mas não viu ninguém, apenas ouviu um
grito áspero como que a reclamar.
Era um pássaro castanho rosado com uma cauda comprida,
asas arredondadas e uma coroa malhada de preto e branco
que sobrevoava vezes sem conta o majestoso carvalho. O

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que chamou a atenção de Pedro foi o azul radioso desta ave. Tinha mancha azul brilhante com finas
riscas pretas e brancas, tão brilhante que parecia cegá-lo. Era
um gaio, Pedro tinha a certeza absoluta.
Foi então que o pássaro pousou à sua frente com uma bolota na
boca e disse:
- Bem que podias ajudar-me! Quando ele falou outra bolota caiu
de sua boca e rolou para o chão. Mas, ele não se importou. Ele
sabia onde arranjar mais.
Tudo que um gaio sente, ele consegue exprimir com a
linguagem. E nunca se engasga, os sons simplesmente brotam
dele. E o Pedro conseguia compreendê-lo e o gaio sabia disso.
Pedro não hesitou e disponibilizou-se para ajudar. O que ele
queria era partir para a aventura. Rapidamente levantou-se do chão, arregaçou as mangas e disse com tom
assertivo: -Estou prontíssimo.
- Então só tens de começar a armazenar aquele fruto castanho que está no chão. – Diz o Gaio sem vacilar. O Gaio é
considerado um dos pássaros mais inteligentes do Mundo e este não é excepção.
Pedro aproveita o resto do dia para cumprir a tarefa que lhe foi dada. No fim do dia já tinha um cesto com cerca
de 30 bolotas todas do Carvalho da família. Estava orgulhoso, mas sentia que precisava saber mais sobre a sua
missão.

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Antes de ir dormir, pediu ao seu avô todos os livros que este tinha sobre as maravilhas da natureza. E o
Pedro leu e releu tudo o que lhe foi dado. Não deixou que as formigas pretas que usualmente o incomodavam
aquando da leitura o impedissem de saber mais sobre os Gaios.
Concentrou-se e ultrapassou a sua dificuldade. Leu enciclopédias sobre aves,
guias sobre as florestas autóctones, livros sobre animais selvagens. Leu
grandes guias da natureza e pequenos guias da natureza.
Descobriu que o Gaio é o guarda da vida selvagem e mestre na arte de imitar
os cantos e chamamentos de muitas outras espécies de aves. Que se alimenta
de invertebrados, principalmente escaravelhos e larvas de borboletas, mas
prefere bolotas. Enterra-as no chão para as armazenar. E as bolotas germinam
e assim crescem árvores.
Descobriu que a Floresta Autóctone é uma floresta formada por árvores
originárias do nosso país, como é o caso dos carvalhos, dos medronheiros, dos
castanheiros, dos loureiros, das azinheiras e dos sobreiros.
Descobriu que a árvore mais velha de Portugal é a Oliveira do Mouchão e fica
no lugar de Cascalhos da freguesia de Mouriscas, em Abrantes e tem uns impressionantes 3350 anos.
Descobriu que estas florestas fazem parte do nosso ecossistema. São importantes lugares de refúgio e reprodução
para um grande número de espécies animais, muitas delas também em vias de extinção.

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Rapidamente, o Pedro percebeu a missão que o gaio lhe tinha dado e finalmente adormeceu exausto,
mas satisfeito por ter um propósito.
O dia recomeçou e o gaio voltou, mas trouxe consigo a sua companheira e
grasnando iam comunicando a grande descoberta para outros gaios: -
Bolotas a perder de vista! - A casa do avô passou a ser o ponto de encontro de
gaios que gargalhavam em cima do carvalho. As bolotas eram amontoadas
no cesto e levadas por flechas azuis, primeiro, para alimentar a família,
depois para espalhar pela floresta fora.
Pedro ouve o longínquo canto das árvores e escuta o que os pássaros lhe
sussurram ao ouvido. As histórias que ouve, que lê tornam-se o centro da
sua vida. Lança sementes pelos caminhos, cria sombra para o futuro. A sua
missão de semeador de árvores é cumprida silenciosamente.
No jardim dá uma mãozinha à natureza, escolhe o melhor local, prepara o
solo, abre um berço com capricho e deposita as sementes com todo o
cuidado. Na Natureza, as sementes apanham boleia com mamíferos e aves e
até no embalo do vento e da água, elas viajam até chegar a um lugar onde
seja possível germinar com saúde.

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Na natureza tudo interage. Levadas por animais, flutuando com o vento ou boiando por rios e mares, as
sementes inteligentes espalham-se pelo mundo. Tudo se encaixa e tudo faz sentido.
O Pedro agora é um homem crescido
simples. Grande parte da sua vida
viveu a viajar pelos bosques, florestas
e montanhas deste mundo. Viveu
como semeador e plantador de
árvores, passou grande parte do seu
tempo a cuidar delas.
O amor pela natureza fê- lo criar um
bosque com árvores plantadas para
celebrar os melhores e piores
momentos da sua vida. Pedro passou
a viver numa cabana junto a um
antigo carvalho. Recebe a visita
frequente dos seus vizinhos, os
pequenos ratos, raposas, melros,
chapins. Mas, quem nunca sai do seu
lado é um Gaio.

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Também tu podes ouvir a natureza.


Aprende a compreender as pistas deixadas na paisagem.

Mesmo que a tua casa fique numa grande e movimentada cidade, cheia de pessoas e de prédios com
carros e aviões a fazer barulho, há sempre maneira de escutar a natureza.
Abre os olhos e apura os ouvidos, há muita vida lá fora.
Há um céu cheio de pássaros, andorinhas, pardais, pintassilgos e até melros.
Há formigas, lagartixas, besouros, grilos a rastejar no chão daquele jardim perto de tua casa.
Há árvores, flores e bichos por todo o lado cheios de histórias para contar.

* Sê um bom explorador da natureza e amigo da vida selvagem.


Um explorador é:

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Curioso: Sem curiosidade não sais do teu sofá. E porque do sofá não se vê as estrelas, é
preciso ter vontade de conhecer coisas novas e olhar mais além!

Faz um desenho do teu local favorito

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Estudioso: Estuda os arredores. Lê e aprende a conhecer os sinais da Mãe Natureza. Lê


sobre as constelações de estrelas, aprende a usar uma bússola e a orientar um mapa. Pesquisa sobre as
plantas e animais que podem eventualmente existir na sua zona de exploração. Explorar pode ser
perigoso e quanto mais conhecimento tiver mais seguro estará.

Faz um herbário:
1. Recolhe folhas de
árvores diferentes;
2. Seca as folhas dentro de
um livro;
3. Cola as folhas no espaço
indicado;
4. Identifica o nome da
árvore a que pertence cada
folha.

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Cola aqui as tua folhas:

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Observador: Um bom observador tem todos os sentidos em alerta. Consegue ouvir um galo
a cantar de madrugada, mas também consegue ouvir um Champim-Real. Consegue cheirar as flores e a
terra molhada e sentir a brisa no seu rosto.

Conheces estes animais?

Sou um Sou um

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Sou um Sou um

Sou uma Sou um

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Amigo dos animais e das plantas: um bom explorador não deita lixo no chão, não
arranca flores. Se encontrar lixo no chão apanha e leva consigo, não deixa rasto. Um bom explorador
protege a natureza e deixa o mundo um pouco melhor do que o encontrou.

*Os mandamentos dos amigos da Natureza:


 Não atiro lixo para as matas, florestas.
 Não planto árvores que não tenha a certeza fazer parte da floresta autóctone daquele local.
 Participo em campanhas de reflorestação que plantam as espécies indicadas para aquele lugar.
 No caso de ver fumo ou alguma suspeita de fogo devo aviso de imediato as autoridades.
 Não devo apanhar flores ou árvores das florestas quando for passear.
 Não destruo ninhos ou tocas de animais.
 Não levanto pedras do chão – pode ser a casa de algum animal.
 Não agarro em insectos ou em qualquer outro animal. Os animais selvagens são para ser observados e não
tocados.
 Não alimento os animais selvagens.
 Quando ando na floresta sou respeitador de toda a natureza.

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Consciente e Prevenido: Nunca sai sem a autorização dos pais e vai sempre
acompanhado. Nunca se coloca em risco. Usa sempre roupa confortável e adequada. Tem sempre uma
mochila consigo, com água, lanche. Leva consigo impermeável, boné e protetor solar. Binóculos para
identificar animais e plantas é opcional. Caderno e caneta é aconselhável. È sempre bom registar a tua
aventura.

Cria um caderno de exploração:


1. Vai com os teus pais fazer uma caminhada
2. Faz um mapa da caminhada
3. Aponta o número de árvores que viste
4. Tira fotografias
5. Aproveita o ar fresco e brinca, brinca muito.

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Faz um mapa da tua caminhada:

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Desenha nas bolinhas abaixo.

Vi esta árvore
Vi este pássaro

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Desenha nas bolinhas abaixo.

Vi esta flor
Vi este animal

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Muitos parabéns!
Já és um explorador!

Notas: As tarefas deste caderno de intervenção foram desenvolvidas para que os pais possam participar no processo
terapêutico, auxiliando a criança na leitura e na realização dos exercicios.

A Natureza deseja bom Trabalho! 

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