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SECRETARIA MUNICIPAL DA EDUCAÇÃO

ESTUDA BETIM - COMPONENTE CURRICULAR: LÍNGUA PORTUGUESA


TURMA: 7º ANO –1ª ATIVIDADE DA SEMANA 7 – 20/07 a 24/07

O Conto se apresenta

Moacyr Scliar

Olá!
Não, não adianta olhar ao redor: você não vai me enxergar. Não sou uma pessoa como você. Sou,
vamos dizer, uma voz. Uma voz que fala com você ao vivo, como estou fazendo agora. Ou então
que lhe fala dos livros que você lê. Não fique tão
surpreso assim: você me conhece. Na verdade,
somos até velhos amigos. Você me ouviu falando de
Chapeuzinho Vermelho e do Príncipe Encantado,de
reis, de bruxas, do Saci-Pererê. Falo de muitas coisas,
conto muitas histórias, mas nunca falei de mim
próprio. [...]. Sabe o conto de fadas, o conto de
mistério? Sou eu. O Conto. [...]Devo lhe dizer que sou
muito antigo. Porque contar histórias é uma coisa que as pessoas fazem há muito, muito tempo. É
uma coisa natural, que brota de dentro da gente.[...]

SCLIAR, Moacyr. Era uma vez um conto. São Paulo: Companhia das Letrinhas, pp. 5-9. Coleção Literatura em minha casa.

Agora você vai ler um conto que nos faz mergulhar um pouco no mundo fantástico.

Nasceu uma ninfa

Carlos Drummond de Andrade

Ao nascer a menina, os pais debateram longamente o nome que iriam dar-lhe. Como não
chegassem a entendimento, decidiram abrir ao acaso o dicionário, e a palavra mais bonita que
fosse encontrada na página seria a eleita.
Por isso ela se chamou Oréade. Os pais explicaram às pessoas curiosas que se tratava de
ninfa, habitante dos bosques, talvez de Viena, e das montanhas, possivelmente do Sul de Minas. E
todos acharam lindo este nome.
Oréade cresceu igualmente linda, mas sua beleza tinha alguma coisa de vegetal, que
começava nos olhos verdes, de um verde-musgo, e continuava na doce penugem dos braços,
característica de certas folhas amáveis ao tato. Oréade tinha jeito de árvore e de água; seu sorriso
era úmido, lembrava a transparência das fontes.
A moça não tinha mor encanto por festas, embora a alegria se estampasse em suas feições.
Preferia caminhar a esmo pelas estradas em torno da cidade, subir aos morros, e lá em cima se
quedava escutando a música dos passarinhos e outras vozes naturais.
Uma tarde ela não voltou do passeio. Por mais que a procurassem noite afora, e nos dias
seguintes, não foi encontrada. Apareceu meses depois de manhãzinha, para uma visita que disse
ser breve, e apresentou um fauno a seus pais:
— Meu marido.
Eles compreenderam imediatamente que o nome da filha não fora escolhido por força do
dicionário, mas de um destino impreterível. Abençoaram a união, e o casal voltou para a serra do
Encantamento.
ANDRADE, Carlos Drummond. Contos plausíveis. 1a ed. — São Paulo: Companhia das Letras, 2012, p.104.
SECRETARIA MUNICIPAL DA EDUCAÇÃO
ESTUDA BETIM - COMPONENTE CURRICULAR: LÍNGUA PORTUGUESA
TURMA: 7º ANO –1ª ATIVIDADE DA SEMANA 7 – 20/07 a 24/07

O conto, como você já sabe, é uma narrativa breve em que a história narrada apresenta,
geralmente, um conflito simples, que encaminha os acontecimentos para uma solução no
desfecho.
Os elementos da estrutura da narrativa são : situação inicial, conflito gerador, clímax e
desfecho.
E o enredo? Quando vamos contar, ler ou ouvir uma narrativa, precisamos saber o que
aconteceu, com quem, por que, onde, quando e como as ações se desenrolaram. O enredo é,
dessa forma, um conjunto de ações encadeadas que nos prende ou enreda à história e nos faz
imaginar, sentir emoções e conduz as nossas interpretações.

Agora, responda as questões de acordo com o texto.

1) Quais acontecimentos marcam a situação inicial?

2) No conflito gerador, encontramos a descrição física da personagem. Como ela era?

3) Em relação às características psicológicas, como era Oréade?

4)Transcreva do conto a explicação dada ao nome “Oréade”.

5) Com a ajuda de um dicionário, busque os significados das palavras em destaque no conto.

6) Em que momento da narrativa percebemos o clímax?

7) Quando Oréade voltou, o que aconteceu?

8) Qual foi a reação dos pais de Oréade quando viram quem estava com ela?

9) Onde Oréade e o fauno viviam?

10) Em qual pessoa se encontra o foco narrativo?

Relembrando....
Quando o narrador é uma das personagens, dizemos que o foco narrativo é em primeira
pessoa; quando não é uma das personagens, estando, portanto, fora da história, dizemos que
o foco narrativo é em terceira pessoa.

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