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o saci guarani
u r a
r a t a
t e e n
li d í g
in
Geni Núñez
Guarani
jaxy jatere
o saci guarani
terceira edição
edição
produção y edição de texto
Geni Núñez Guarani
revisão de texto
Kerexu Yxapyry
Neusa Poty Quadro
Daniel Kuaray
Julie Dorrico
Fauzi Zió
Helen Maria
Laura Carvalho
ilustração de capa
Wanessa Ribeiro
ilustrações de corpo
Joyce Ara'i Firmiano
design gráfico
Fauzi Zió
segunda edição
abril de 2022
pesquisa
história oral
Vicenta Núñez
exercício..........................................16
pósfacio...........................................17
saci guarani
7
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posfácio
O reconto do Saci Pererê pela
autora Geni Núnez é uma forma de
reaver as narrativas tradicionais
tomadas secularmente como
narrativas folclóricas e populares.
O Saci Pererê por exemplo embora
seja descrito como tendo traços
africanos e diretamente vinculado à
cultura afro-brasileira, já era descrito
por Couto de Magalhães como um
“[...]indiozinho manco de um pé, com
barrete vermelho e uma ferida em
cada joelho” (apud Câmara Cascudo,
2006, p. 124). A mais famosa descrição
do Saci, porém, o “[...] pinta como
negrinho, unípede, com uma carapuça
vermelha que o faz invisível e todo-
poderoso” (Câmara Cascudo, 2006, p.
124).
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A narrativa sobreviveu no
imaginário da nação brasileira, mas
sem vinculação a um grupo
especificamente, fato que a torna
“popular” ou passível de ser chamada
de “lenda”.
Mas as gentes da grande nação
guarani – a autora, Geni Núñez, e
Olívio Jekupé, escritor do mesmo
povo, afirmam contemporaneamente
que o Saci Pererê, ou melhor o Jaxy
Jatere, também com a grafia Djatchy
Djatere, é um encantado da tradição
guarani. Em outras palavras, há uma
reivindicação autoral e coletiva dos
seres encantados à tradição do povo,
outrora diluídos e lançados no
anonimato pela crítica brasileira.
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Aqui, nesta retomada da narrativa,
Jaxy tem a pele da cor vermelha da
terra, dois bracinhos e duas pernas,
cabelos lisos e pretinhos como a noite.
Ele tem pai, o Djtchy, o Lua, no
masculino mesmo. Na tradição
guarani Lua não é feminino, é
masculino e irmão do sol. Aqui o Jaxy
representa a visão de mundo indígena:
o compromisso de proteger e cuidar
da floresta. Se nas narrativas
folclorizadas ele atormenta os homens
que entram na mata com interesses
gananciosos, aqui esta tormenta
significa proteção à Mãe-Terra.
Os homens que se sentem por ele
ameaçados, os madeireiros e
garimpeiros, devem sentir na pele o
grande perigo que são aos filhos da
terra e à toda humanidade.
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Afinal, a visão de mundo indígena
quer proteger a floresta que é nossa
casa, e os exploradores dos recursos da
natureza querem destruí-la. A visão
moderna pôs os encantados como
traiçoeiros, maldosos, assassinos. As
narrativas indígenas apresentam outra
perspectiva, da relação orgânica do
humano com a natureza, contrária ao
consumismo desenfreado, contrária a
tudo que destrói sem pensar no
amanhã. Quem senão os encantados,
aqui Jaxy, para nos proteger?
Julie Dorrico
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