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Falar de política no Brasil se tornou repetir o óbvio (infeliz do povo que precisa do óbvio). É
insistir no que o mundo já sabe: que estamos sob um regime de malucos.
Um governo de coalizão entre: uma ala militar-entreguista (adestrada na Escola das Américas
sob o mito da supremacia estadunidense à qual, nós, eternos “dependentes, devemos nos vender); e
a outra ala (que começa a cair na boca do povo), a ala dos completos idiotas, uns tais crentes na
conspiração comuno-globalista, cruzados com terraplanistas adão-e-eva – asseclas de astrólogo
chulo alçado a filósofo pela manada da classe média pouco cultivada (esta caprichosa cria do
matrimônio entre a mídia corporativa monodiscursiva e nossa planificada crise da educação).
Um desgoverno, em suma, sem qualquer projeto de país, construído como rebarba de um golpe
mesquinho: último recurso da “direita-ilustrada”. Um processo abertamente inconstitucional,
internacionalmente sujo, levado a cabo pela intelligentsia das panelas, com seu grito contra a
“corrupção” (persistente retórica da reação, usada de Hitler a Collor): em nome do desenvolvimento
do atraso brasileiro.
Consumou-se assim o ódio plantado pela imprensa corporativa: a supressão mesquinha de
mínimas conquistas sociais, em defesa de supostos “equilíbrios fiscais”, que podem ser assim
resumidos: manutenção das altas taxas de lucro, em época de uma generalizada crise capitalista
global.