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Texto Inédito e Apresentação

LIV R O DA J.R. AMARAL LAFA


VISITACAO HISTÓRIA BRASILEKA

D O SANTO O F K IO
DA INQUISIÇÃO
AO ESTADO DO
C R A O PARA
R53-17SP
Um ofício que se torna santificado, pois seus objetivos
LIVRO DA
VISITACAO
eram os de eliminar as anomalias sociais naquilo em
que feriam a Igreja Católica com o instituição, bem como
a sua doutrina e os seus agentes. Os meios para atingir
esses objetivos eram codificados num discurso que en­
volvia, há mais de duzentos anos atrás — no caso apre­
sentado neste livro — o que hoje chamaríamos de
modernas técnicas de persuasão. Para executá-las mon-
tava-se um esquema terrorista com implicações econó­
micas, sociais, políticas e religiosas. Apresentando aquela
DO
que foi possivelmente a última e a mais .longa Visita
que o Tribunal do Santo Ofício da Inquisição fez ao
Brasil — ou mais especificamente. ao Estado do Grão-
Pará e Maranhão, de 1763 a 1769 — o autor recupera
DA INQUISKAO
integralmente neste livro o •texto inédito das confissões
e denúncias, apontando a riqueza do material e as dife­
rentes e modernas abordagens que podem aproximar esse
cruento e remoto episódio de nossa história de certos
comportamentos e atitudes que caracterizam o momento
A O ESTADO DO
atual que vivemos.
O autor é professor titular de História, no Instituto de
Filosofia e Ciências Humanas da Universidade Estadual
de Campinas — UNICAMP (SP). Tem dado cursos e
IIV
G RA O RA RÁ
"• - -•
seminários em universidades brasileiras e no exterior,
bem como colaborado com freqúência em revistas espe­
cializadas dos Estados Unidos, Europa e América Latina.
Em sua obra anterior distinguerti-se os livros A Bahia
e a Carreira da índia e Economia Colonial, nos quais
procura superar os esquemas dicotômicos de explicação
histórica da realidade colonial brasileira. Em A História
em Questão, seu último livro, editado pela Vozes, coloca
em debate a problemática do conhecimento histórico
brasileiro contemporâneo.
1

A EDITORA
V VO ZES
ATENDEMOS PELO REEMBOLSO
COLEÇÃO HISTÓRIA BRASILEIRA/1
Coordenação de
JOSÉ ROBERTO DO AMARAL LAPA LIVRO D A VISITAÇÃO
A SAIR:
DO SANTO OFICIO
Marisa Saenz Leme: da Inquisição ao Estado
A ideologia dos industriais brasileiros
1919-1945 do Grão-Pará (1763-1769)
Arnaldo Daraya Contier:
Imprensa e Ideologia em São Paulo
(1822-1842) Texto Inédito e Apresentação
Carlos Guilherme Mota: JOSÉ ROBERTO DO AMARAL LAPA
Inconfidências

FICHA CATALOGRAFICA
CIP-Brasil. Catalogação-na-fonte
Sindicato NacionaJ dos Editores de Livros, RJ.

L761 Livro da Visitação do Santo Ofício da Inquisi­


ção ao Estado do Grão-Pará (1763-1769). / Texto
inédito e apresentação de José Roberto do Amaral
Lapa. — Petrópolis: Vozes, 1978. (Coleção História
Brasileira/1).
280 p.
Bibliografia
1. Brasil — História, 1763-1769. 2. Inquisição —
Brasil. I. Lapa, José Roberto do Amaral. II. Série.
CDD — 981.03
272.20981
CDU — 981"1763-1769”
78-0281 272(81)
© 1978 aos colegas que em qualquer tem ­
Editora Vozes Ltda. po trabalharam no Departamento
Rua Frei Luís, 100 de História da Faculdade de Filo­
25600 Petrópolis, RJ
Brasil sofia de Marília (SP ), extinto por
falta de sensibilidade universitária,
pelo m en os esta hom enagem de
respeito e amizade
P R O P O S T A P A R A UMA
M O D E R N A B R ASILIAN A

Esta coleção pretende expressar as modernas tendências do conhecimento


histórico sobre o Brasil. Nesse sentido, procurará ser representativa em
diferentes níveis: 1. recolhendo os resultados que julgar mais significantes
da pesquisa empírica, h oje fortem ente estimulada pela política nacional de
pós-graduação; 2. atraindo o debate teórico colocado na imprensa, nos
seminários e ensaios, elaborados dentro ou fora da Universidade.
Esses objetivos não envolvem naturalmente uma proposta de diferencia­
ção — no geral encontradiça nos trabalhos de ciências humanas — mas antes
pretendem postular uma integração en tre os dois níveis ejou etapas do
processo de produção do conhecimento histórico.
Nessa mesma linha, a coleção H istória Brasileira aparece também como
resposta a um dado contexto da realidade histórica. A possibilidade de poder
contribuir para tornar essa realidade melhor para o homem brasileiro e
para o país com o nação, através do conhecimento cientifico que apresentar,
do seu debate e crítica, será p or certo um alto ponto do seu programa.
Atualmente, o conhecim ento histórico brasileiro não caminha apenas
em uma direção, avança em term os individuais ou de grupos — institucio­
nalizados ou não — com diferentes propostas. A nossa geografia cultural
é extensa e com plexa; assim não julgamos ser pretensão em demasia acres­
centar aos objetivos enunciados nos parágrafos anteriores a afirmativa de
que a coleção pretende também corresponder às deficiências dos circuitos
de comunicação que afligem a comunidade cientifica, reunindo historiadores
ejo u cientistas sociais que estejam trabalhando em diferentes regiões do
país e m esm o no exterior, desde que o o b jeto de suas preocupações e inquie­
tações científicas seja o Brasil.
As coleções de estudos brasileiros oferecem um matizado panorama.
Há novas coleções sendo projetadas, outras em grande expansão, coleções
que se renovam, que envelheceram ou morreram. Há aquelas que o leitor
nem chega a p erceber que existem, vista a descuidada apresentação gráfica
ou bibliográfica. Há coleções com leitores específicos; outras há, marcadas
justamente pela sua condição de uma série relacionada de livros, caracte-
rizando as obras que delas fazem parte ou ainda sendo peculiarizadas pela
personalidade intelectual do seu orientador, enquanto há também coleções
sem diretor. . . Existem as que surgiram com o resposta a certas inquietações
e interesses, as que seguem uma linha política ejou ideológica, as que se
vinculam a uma instituição e sua filosofia.
As experiências são portanto ricas, para podermos postular mais um
lugar para esta série de obras que agora se inicia. Uma nova alternativa
em matéria de um conjunto de trabalhos que realmente ofereçam a expli­
cação histórica sobretudo no m oderno pensamento universitário brasileiro,
mas não apenas nele, pois quer atingir, sempre que aquela explicação o

7
requeira, as ciências humanas em geral e daí uma comunidade intelectual
mais ampla.
Dessa maneira, ao abrigo da coleção vão ficar as inovações em matéria
de técnicas e métodos de investigações, não p or elas em si, mas pelo que
representam ou podem representar para o avanço do conhecim ento histórico,
o que significa dizer, portanto, que as questões metodológicas, objetos de
estudo e sua abordagem, os problemas e a avaliação critica do conhecimento
produzido serão muito bem recebidos nesta série.
Condensaremos — em termos do Brasil — com o são assimilados, ade­
quados ejou remodelados os sistemas de explicação histórica na interpretação SU M Á R IO
da nossa realidade concreta, e o que tam bém a imaginação histórica bra­
sileira está propondo como criatividade. Ela corresponderá, dessa maneira,
à idéia orgânica de sistematização, que sem pre envolve uma coleção de
obras, a partir da natureza do conhecimento que conduz.
Ao lançar a vitoriosa coleção desta mesma editora — D im ensões d o
Brasil — , que vem apresentando textos considerados clássicos da nossa
história, foi registrado que àquela coleção “poderá seguir-se outra, que P roposta para um a m oderna brasiliana, 7
a complete, escrita pelos de hoje, sob aqueles ângulos variados da vida
brasileira, desde a caracterização do espaço físico, às estruturas de toda Abreviaturas, 10
espécie que permitam a definição mais exata e serena da realidade brasileira".
Eis, portanto, numa iniciativa da mesm a Editora, a moderna Brasiliana Advertência ao leitor, 11
que se reconhecia necessária. Para conhecer, explicar e interpretar o Brasil.
CAPITULO I: A V ISITA OCULTA, 19
J. R. Amaral Lapa
CAPÍTULO II: ATRIBULAÇÕES DE UM SERVIDOR
DO SANTO OFICIO NO B RA SIL, 39

CAPÍTULO III: A ÉTICA DA INQUISIÇÃO E O FUNCIONAMENTO


DOS R IT O S PROCESSUAIS, 62

Q ualificação das pessoas, cu jo n om e aparece


n o L ivro da Visitação d o Pará, 81

Instituições on de fora m realizadas as pesquisas, 107

Fontes consultadas, 109

Livro da Visitação do Santo Ofício da Inquisição


ao Estado do Grão-Pará, 113

C onvenções, 114

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A B R E V IA T U R A S A D V E R T Ê N C IA A O LEITOR

A rq. H ist. Ult. A rquivo H istórico U ltram arino (L isboa) Este texto não pretende ser mais do que uma apresentação do
ANTT A rquivo N acional da T o rre d o T om b o (L isb oa )
A rq. N ac. R io A rquivo N acional d o R io
Livro da Visitação do Santo Ofício ao Pará. Não há portanto
A rq. Púb. d o Pará A rquivo P úblico d o Pará nele, como seria de se esperar de alguém que, trabalhando nos
C ods. C ódices circuitos universitários há anos, deva ter esse objetivo por com­
Ms. M anuscritos promisso, a elaboração científica de um estudo que pretenda
atingir a explicação e interpretação histórica.
Por impreteríveis circunstâncias, que não vêm ao caso es­
clarecer, fom os constrangidos a alterar inteiramente o plano
original desta publicação. Estava prevista para sair em dois
volumes, sendo que o primeiro conteria um estudo da Visitação,
através do qual se tentaria, entre outros propósitos, pelo menos
estes que já se acham esboçados: o conhecimento, compreensão
e interpretação da sociedade regional do Norte da Colónia, pri­
vilegiada através de suas três categorias principais: o branco
europeu, o índio e o negro. A esse esquema, que comporta pelo
menos três capítulos, seguir-se-ia a montagem de uma quarta
parte, contendo uma história dos sentimentos, como emergem
em aquela sociedade, fundamentada essencialmente no texto do
Livro da Visitação, com suas confissões e denúncias e nos res-
pectivos processos que provocou. O segundo volume conteria
exclusivamente a edição crítica do Livro da Visitação.
Como se verifica, a nossa alteração do plano inicial impli­
cou também em total inversão d o seu esquema.
Dessa maneira, o que se publica agora é o que deveria ser
o segundo volume, contendo o documentário principal. A este
foram acrescentados três capítulos explicativos e os quadros
com a possível qualificação — que a investigação permitiu —
da gente que foi direta ou indiretamente envolvida no Livro
da Visitação, o que significa afirmar não estarem incluídos em
aqueles quadros muitas pessoas das que constam dos processos
referentes à Visitação, mas que p or motivos vários não tiveram
seus nomes registrados no Livro de Confissões e Denúncias.
Com essa inversão colocamos, de imediato, ao alcance dos
pesquisadores o documento principal da Visitação, que é o seu

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Livro de Confissões e Denúncias, que não mais julgamos lícito ou quiçá de todos emergem destas páginas para o leitor mais
reter em nossas mãos. atento. Como aparecem na concepção e na expectativa de cada
Dessa maneira, naturalmente se alargam as possibilidades agente a vida e a morte, Deus e o diabo, o amor e o ódio, a
de pesquisa, mesmo para as perspectivas que vislumbramos e salvação e a maldição, o bem e o mal. São essas algumas das
que com certeza poderão ser agora percorridas por uma comu­ linhas de estudo que também pretendemos desenvolver em
nidade de interessados em trabalhar no universo brasileiro da seguida, mas em obra posterior a esta.
Inquisição, dada a riqueza do material que nossa obra apresenta Como afirmamos, o Livro de Confissões e Denúncias oferece
em sua última e principal parte, i. e., a do Livro da Visitação. diferentes tipos de abordagens, com o ainda dá oportunidade
Para este, na mesma linha das edições que se fizeram até ao levantamento de rica problemática e consequente conheci­
hoje das demais Visitações ao Brasil, preferimos respeitar o mento histórico, sugerindo um universo de hipóteses e reflexões.
texto original em sua ortografia e redação arcaicas. O seu conteúdo apresenta o testemunho — é verdade que
Essa decisão nos levou a um difícil exercício de leitura, obtido em circunstâncias muito especiais — de agentes sociais,
traslado e conferência paleográficos, que apesar de todo o nosso urbanos e rurais, cuja linguagem e discurso perfilam-se com o
empenho, como o leitor notará pela frequência das convenções pré-políticos. A partir daí, poderemos, por exemplo, detectar
adotadas, conservou um número apreciável de dúvidas e ilegi­ as palavras, atitudes, comportamentos e atos contestadores em
bilidade de palavras e expressões. relação à religião, aos padrões impostos pelas camadas domi­
Para a história da Amazônia, ou melhor, do Estado do Grão- nantes, à ética social proposta. Assim, na linha das interpreta­
Pará e Maranhão, como para a compreensão da sociedade colo­ ções de E. Hobsbawn, reclama-se verificar as idéias pré-políticas
nial, estamos convencidos de oferecermos um documento funda­ que nutrem o desejo de mudança implícito no discurso dos
mental.
agentes, a crítica consciente ou não que propõem no recheio
Com relativo vagar, graças às denúncias e citações de nomes,
de suas confissões e denúncias, as propostas que eventualmente
verifica-se através dos depoimentos inseridos nos processos,
que afinal a Visitação vai como que tentando envolver toda a oferecem em troca daquilo que desejam extinguir ou mudar ou
sociedade paraense em suas malhas, pois o rol de testemunhas ainda as causas que defendem. Examinar a ideologia que se
aumenta com as próprias citações que estas fazem em relação coloca, evidente ou não, por trás desses comportamentos e
àqueles que participaram ou simplesmente presenciaram os atos. sentimentos é um item de um programa a ser cumprido.
Nesta linha de idéias não resistimos em fazer algumas su­ Para prosseguirmos um pouco mais na visualização daquele
gestões aos pesquisadores, como a da possibilidade de recons­ universo, com o qual procuramos chamar a atenção do leitor,
tituição e conhecimento do meio rural e urbano, pois os prota­ não será demasiado lembrar que os modernos estudos de lin­
gonistas não se eximem em descrever o palco onde se agitaram. guística, psicologia social e comunicação permitem-nos identi­
Devido à variedade e às circunstâncias em que são come­ ficar, com precisão, aqueles agentes e o sistema de relações
tidos os supostos delitos, bem com o o que se coloca no mesmo e mais do que este as técnicas de persuasão — da lavagem
sentido em relação aos agentes que os perpetraram ou deles cerebral ao terrorismo — com que os alcança o Santo Ofício.
foram vítimas, temos toda uma dessemelhança de cenários, que
nos permitem entrever a vida comunitária, a circulação das Em algumas páginas, nas quais realmente penetra no uni­
pessoas, a funcionalidade e finalidade dos recintos, etc. verso da miserabilidade humana, Barrington Moore considera
Assim, ao nível domiciliar será possível, por exemplo, veri­ que afinal o doloroso rigor que a Igreja Católica põe em prática
ficar as funções a que se prestam, numa casa, o quintal, os contra as heresias, foi provocado pelo fato de que o discurso
quartos, a varanda, o alpendre, a cozinha, etc. Onde transcor­ dos heréticos afirmava ser a eles possível o contato com Deus.
rem as horas de lazer, as festas, as discussões, a solidariedade Essa idéia, aparentemente inocente, trazia em si contudo a
familial, as conversas ou os atos condenados pelo Santo Ofício. dúvida e /o u a certeza sobre a necessidade dos sacerdotes, dos
Também a tessitura das relações comunitárias e os princí­ aparelhos e agências da Igreja, da sua razão de ser enfim. A
pios ordenadores das relações sociais. O código de conduta instituição religiosa era, dessa maneira, minada em suas bases.
social: a cordialidade e a violência, a virtude e o vício, a O seu papel de intermediária e intercessora era esvaziado. *
honra e a desonra, a coragem e a pusilanimidade, a bondade
e a maldade, os ideais e esperanças de cada um, dos grupos * Barrington Moore Jr., Reflexões sobre as causas da miséria Humana. . . , p. 184.

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Não demoraria portanto a resposta institucional legitimando Aos nossos então alunos, da Faculdade de Filosofia de
o aparato que aciona para exterminar a ameaça em todos os Marília mmia. Tupes e Minoru Kasumoto devemos a colabora-
níveis e colocando, por sua vez, um problema delicado a ser t t g S L J L na cópia do códice xnlanfU ^do e na
discutido, que é o da própria legitimidade da autoridade que elaboração dos quadros da gente envolvida pela Visitaçao.
os agentes inquisitoriais representam, que é afinal “ aceita” pela Aos profs. Eurípedes Simões de Paula e José Querino Ri­
maioria expressiva da sociedade ou por um consenso social beiro, Diretores que foram da Faculdade de Filosofia de Marília
significativo, que acreditava na missão do Santo Ofício e por­ durante o tempo em que se prolongou esta pesquisa que nunca
tanto nos padrões que este propunha. Ao mesmo tempo que nos faltaram em compreensão e esrímuio favorecendo em t
ele estava consciente do papel salutar que representava para os nossos trabalhos. Aos funcionários da bibhotMa e do labora-
a sociedade. tório fotográfico daquela Faculdade sempre prestantes em todas
Se a atmosfera mística em que viviam tanto os contesta­ as nossas constantes requisições.
dos, quanto os contestadores, permitia que um agente confi­ A Elida devemos a cansativa leitura dos microfilmes e a
dente e um juiz inquisitorial acreditassem numa enorme série ajuda nas conferências e correções do texto, além do empenho
de atos e fatos que contrariavam o bom senso e a razão e eram em levar até o fim uma complexa e morosa empresa.
aceitos como viáveis e conseqtientes, também toma-se lícito Esta obra foi portanto construída também por todos vocês
crer que o homem colonial acreditava que o seu próprio pensa­ e por isso somos imensamente gratos.
mento era conhecido e portanto controlado pelas forças trans­
cendentais dos agentes religiosos ou daqueles que manipulavam
o ocultismo.
Daí, colocar-se ao alcance do estudioso o drama e o terror
~ que muitas vezes envolvem aqueles homens e mulheres — não
' importa a sua idade ou condição social — que se vêem obser­
vados e dominados em seu próprio pensamento! Não há mesmo
lugar nem condições para o isolamento, para o monologar, para
suas reflexões. A única maneira que talvez lhes resta para
enfrentar, vencer ou conviver com essas forças era tentar con-
; tactar e sujeitar-se às forças transcendentais que lhe eram
oponentes. É claro que nos referimos às vítimas que não con­
tam com o suporte institucional que pode ou não consentir os
seus padrões de comportamento.
★ * *
Uma empresa com o a que resultou neste livro só se tom ou
possível graças ao concurso decisivo de instituições e pessoas
que acreditaram ser gratificante investir num projeto que pro­
metia um desdobramento a médio e longo prazo.
A Fundação Calouste Gulbenkian, de Portugal, devemos o
financiamento de duas viagens de pesquisa àquele país, respecti-
vamente em 1960 e 1967. A Fundação de Amparo à Pesquisa
do Estado de São Paulo nos contemplou, em 1966, com uma
viagem de pesquisa ao Estado do Pará. Neste Estado tivemos
a recepção sempre cordial e eficiente dos Srs. Ernesto Cruz
e Ajanari Cruz no Arquivo Público do Pará, e do Arcebispo
D. Alberto Gaudêncio Ramos e do Vigário-Geral Monsenhor Leal,
no Arquivo Arquidiocesano do Pará.

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•f
L IV R O D A V I S I T A Ç Ã O
D O S A N T O O F IC IO
da Inquisição ao Estado
do G rão-Pará (1763-1769)
CAPÍTU LO I

A Visita Oculta

No final da tarde, sempre que regressavam a York House, na


rua das Janelas Verdes 32, em Lisboa, os pesquisadores brasi­
leiros haviam transformado numa quase-rotina a partilha das
alegrias e frustrações resultantes do trabalho do dia em dife­
rentes arquivos portugueses.
A riqueza dos reservados da Biblioteca Nacional, das pe­
quenas pastas brancas do Arquivo Histórico Ultramarino ou dos
códices do Arquivo Nacional da Torre do Tombo permitia que
se nutrisse o nosso debate vespertino, em que nos excedíamos
com os achados que cada um relatava.
Nesse clima que embalava nossas tarefas de historiadores,
foi que, numa certa tarde de dezembro de 1963, contamos aos
companheiros aquela que seria nossa maior aventura arquivís-
tica: havíamos encontrado, em meio de um pacote de papéis
avulsos sobre o Brasil, na Torre do Tombo, um Livro que
tratava da Visita que o Tribunal do Santo Ofício da Inquisição
fizera ao Pará.
Realmente, a primeira reação nossa foi de incredulidade,
pois éramos afinal três pesquisadores razoavelmente informados
sobre história colonial brasileira e não conhecíamos absoluta­
mente nada que nos esclarecesse, pelo menos um pouco, nesse
sentido.
Uma pesquisa mais sistemática, feita nos dias que se se­
guiram, confirmou a importância d o achado. Mais tarde verifi­
caríamos então que em toda a literatura histórica portuguesa
e brasileira não há sequer menção a essa Visita do Santo Ofício
ao Norte da Colónia!
Como explicar a razão do sepulcral silêncio que recaiu sobre
essa, que foi possivelmente a última e a mais demorada visita
que a Inquisição fez ao Brasil?
Se nos escapa o motivo de ter permanecido ignorada tanto
tempo, na verdade a ocorrência de ser o documento arquivado
em local inadequado, isto é, não o foi nos acervos pertinentes
ao Santo Ofício, explica pelo menos não ter sido encontrado
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pelos colegas pesquisadores menos afortunados, que sempre 1782. A nova cota em que está registrado o códice é S.29 — P.3
naturalmente se dirigiam para os setores da Torre do Tombo — E. 29.
nos quais se encontra a documentação específica da Inquisição, As pesquisas que realizamos posteriormente, em Portugal
como processos, diligências, etc. Foi o que deixamos de fazer, e no Brasil, em diferentes oportunidades, tiveram por objetivo
por sorte nossa! preparar uma edição integral do códice, respeitando fielmente
Em 1963 estávamos estagiando em arquivos portugueses seu texto, que é o que agora se faz, bem com o realizar um
implementando alguns projetos de pesquisa histórica que em estudo sobre a sociedade do Norte da Colónia através do devas­
realidade nada tinham a ver com a Inquisição. samento que a Inquisição promoveu. Esse estudo ficamos de­
O nosso achado foi portanto por mero acaso. Como então vendo aos leitores e por certo que agora, com a publicação do
já existia atuante comunidade de historiadores brasileiros e
Livro, será ele partilhado com outros colegas. A riqueza do
estrangeiros interessados na história da Inquisição no Brasil, material que o códice apresenta permitirá diferentes abordagens.
o encontro desse documento por um não-iniciado no tema pro­ Para a história social, história das mentalidades, história econó­
vocou natural surpresa.
mica, demografia histórica e antropologia o texto oferece pro­
O eventual erro de um arquivista ou a sigilosa incumbência
missoras perspectivas.
dada a um funcionário de confiança foram dessa maneira os
prováveis responsáveis por uma espera de exatamente duzentos O ineditismo em que permaneceu essa Visitação, desconhe­
anos em que permaneceu desconhecido aquele documento! cida dos grandes estudiosos da Inquisição, como Alexandre Her-
Os nossos interesses de pesquisa, com o dissemos, estavam culano, Antônio Baião, Mendes dos Remédios, João Lúcio de
então inteiramente voltados para outras direções, o que nos Azevedo e Antônio José Saraiva em Portugal e Capistrano de
levou naquele momento — reconhecida a importância do achado Abreu e Rodolfo Garcia no Brasil, bem como a sua permanên­
— a microfilmá-lo simplesmente, para posteriores estudos no cia durante tanto tempo — instalada em 25 de setembro de
Brasil. 1763, teremos a última apresentação a 6 de outubro de 1769!
Quando encontramos o códice, ele se achava no meio de — são alguns entre outros e notáveis motivos que reclamam
um grande pacote de manuscritos avulsos, que na Torre do agora estudo atento. A leitura de Capistrano, cujas suposições
Tombo costumam conservar uma miscelânea de assuntos os sobre a atuação inquisitorial no Brasil são no geral válidas,
mais variados. entretanto nada nos adiantou nesse sentido.
Como no velho catálogo denominado Roteiro Geral da Torre Dos autores que consultamos, João Lúcio de Azevedo é aquele
do Tombo — posteriormente retirado da consulta dos pesquisa­ que mais de perto parece ter chegado ao conhecimento da
dores pelos erros que continha — havia o registro: Intendência Visitação, sem que todavia sequer a suspeitasse ou pelo menos
Bahia — St’ Ofício no Pará — Compartimento 29 — Loca­ revelasse essa suspeita.
lização E.29.P.3. Numeração m .l C/1.6 (m 2.447), essas anota­ Meticuloso com o é em toda a sua obra, por certo não deixa­
ções nos despertaram a curiosidade e mandamos então buscar ria de registrar, pela importância do assunto, caso dele se aper­
o pacote, desembrulhando para ver o que continha. cebesse. Assim, na cronologia que insere na sua História dos
Em meio dos manuscritos estava o códice com o título cristãos-novos portugueses, na qual estão incluídas as demais
Livro da Visitação do Santo Ofício da Inquisição ao Estado do Visitações do Santo Ofício ao Brasil, até então conhecidas, as
Grão-Pará. E um códice com as capas encadernadas um pouco datas correspondentes à Visitação do Pará estão em branco,
menores do que as páginas que contém e que devem medir isto é, não são mencionadas.
21,5 cms. por 33,5 cms. As capas estão despregadas e em mal Entretanto, um pouco mais de suspicácia faria com que
estado de conservação. A primeira folha acha-se destruída na João Lúcio pelo menos suspeitasse do assunto, pois nos seus
extremidade direita embaixo. Todas as folhas são rubricadas Estudos de história paraense o terceiro capítulo intitulado
na extremidade superior pelo Visitador. Traz o termo de aber­ “Apêndice às Memórias do bispo do Pará” é dedicado justa­
tura, mas não o de encerramento, conforme recomendava o mente ao bispo D. frei João de São José Queirós, envolvido num
Regimento de 1640 e é aliás mencionado no próprio termo de processo inquisitorial, cuja primeira denúncia é feita pelo Vigá­
abertura. A folha 108 traz o final do texto, sendo que a folha rio-Geral Pedro Barbosa Canaes perante o Visitador Giraldo
109 está em branco, mas com a rubrica do Visitador. Falta a José de Abranches em 31 de outubro de 1763. Ora, João Lúcio
folha 95 no original. Na última capa há apenas uma data: conhecia com certeza o processo de número 13.201 — Pasta 20,
20 21
que está entre os processos “apartados” na Torre do Tombo. realidade histórica a partir de documentos de natureza privada,
Esse processo foi localizado e estudado por Antônio Baião no pois em grande parte havíamos construído uma história feita
terceiro volume dos seus Episódios Dramáticos da Inquisição na base de documentos oficiais, emitidos pelo Estado através
Portuguesa, que demorou entretanto a achá-lo, porque constava de seus aparelhos, agências e funcionários. Uma história que
no índice com o “bispo de Lisboa", o que aliás comprovamos. não podia deixar, muitas vezes, de refletir por isso os interesses
Nesse processo estão registrados vários depoimentos, todos oficiais, com uma ótica limitada, quando não comprometida
com os formais esclarecimentos de que se tratava de pessoas com os donos do poder.
que compareceram perante a Mesa da Visitação e o Inquisidor As fontes primárias de natureza privada são raras e mal
Giraldo José de Abranches, que se achava aposentado no Colé­ conservadas, e por isso assume excepcional importância o acervo
gio de Santo Alexandre, etc., etc.
de confissões e denúncias feitas perante o tribunal do Santo
Também não eram desconhecidas de João Lúcio as Memórias Ofício, nas suas andanças pelo Brasil colonial. Através delas
de D. João de São José, editadas e comentadas por Camilo
Castelo Branco, nas quais justamente o bispo se refere à chegada surpreende-se a sociedade de cócoras, com a sua trivialidade
do Visitador a Belém. Eram essas informações suficientes para e as suas chagas. E justamente o avesso da história oficial e
o historiador português deduzir da existência de uma outra bem comportada, agora é o anónimo, o cotidiano, o esconso.
Visitação do Santo Ofício ao Brasil, a do Pará. Contudo, não E a voz do povo — balbuciada por confessos e denunciantes
sabemos por que não o conseguiu, conhecedor que era dos a tremer diante do Inquisidor — que é chamada pela História e
arquivos portugueses e paraenses. para a História.
Quanto a Antônio Baião, profundo conhecedor dos arquivos, As pesquisas em arquivos portugueses deram margem entre­
da Inquisição que se conservam na Torre do Tombo, cujos car­ tanto a que aumentasse e se ilustrasse bastante a província dos
tórios inventariou e catalogou, tendo sido aliás Diretor daquele historiadores que se têm preocupado com o tema, dentro e fora
arquivo e se especializado no tema, também não teve conheci­ da Universidade, procurando conhecer os mecanismos inquisi-
mento daquela Visitação, pois a ela não se refere em sua obra. toriais e o seu privilegiado móbil: o judeu e o cristão-novo.
Dado ter sido pobre o número de manuscritos diretamente As obras de Arnold Wiznitzer, José Gonçalves Salvador, Nelson
relacionados com a Visitação, que encontramos nos arquivos Omegna, Anita Novisnky, Elias Lipiner, Eduardo de Oliveira
paraenses, toma-se a partir daí compreensível que os historia­ França e Sônia A. Siqueira constituem eloquente demonstração
dores locais, muitos tendo pesquisado em aqueles arquivos, do que estamos afirmando.
também tenham silenciado sobre a Visita, como é o caso, por
exemplo, de Ernesto Cruz, Artur Viana, Artur César Ferreira
Reis, Manuel de Melo Cardoso Barata, Antônio Ladislau Mon­ Passamos, a seguir, a ligeiro relatório das diferentes etapas
teiro Baena e B. Pereira de Berredo. em que se desdobrou a nossa pesquisa para permitir esta edição
Aliás, a literatura histórica que possuímos sobre a atuação que entregamos ao público e a fim de que o leitor tenha uma
do Tribunal do Santo Ofício da Inquisição no Brasil só cresceu idéia da natureza das dificuldades que costumam assaltar esse
nos últimos lustros, pois durante largo tempo a bibliografia tipo de empresa. Embora estejamos correndo o risco do pro-
que possuíamos a respeito se resumia praticamente nas edições saísmo deste passo do texto, sabemos contudo da sua utilidade
promovidas por Paulo Prado, dos Livros das Visitações da Bahia para o pesquisador afeito às condições geralmente lastimáveis
(1591-1592) e de Pernambuco (1593-1595), e na iniciativa da Bi­ em que se processa a pesquisa histórica no interior do Brasil.
blioteca Nacional do Rio de Janeiro em incluir em seus Anais
as denunciações da segunda Visitação da Bahia, esta em 1618. As obrigações acadêmicas do magistério e pesquisa, bem
E verdade que tais publicações deram ensejo a excelentes es­ com o compromissos editoriais outros, nos levaram a protelar
tudos introdutórios feitos por Capistrano de Abreu e Rodolfo a edição do códice, que agora se faz, bem como o estudo que
Garcia. Mas convenhamos que permanecia pouco, principalmente apenas prometemos para o futuro.
se considerarmos as implicações do tema para a história das Estivemos durante o mês de julho de 1966 em Belém do
mentalidades e da cultura da sociedade colonial brasileira. Pará quando concentramos nossas investigações no Arquivo
Só mais recentemente é que estamos desoficializando a Público do Pará e no Arquivo da Arquidiocese, situado no
história do Brasil, i. e., reconstituindo e interpretando a nossa antigo colégio dos jesuítas no Largo da Sé.

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Foram prometidas recompensas, através de editais fixados
A documentação toda do Arquivo, conforme nos informou nas capitanias do Pará, Maranhão, Piauí e Rio Negro, para todo
o Diretor, está encadernada em códices. Conservados em armários aquele que descobrisse bens sonegados pelos jesuítas e os de­
de madeira com portas de vidro, os documentos, pelo menos do nunciasse, sob sigilo, para as autoridades. 1
período colonial, estão em boa parte deteriorados por cupins Ainda para apurar se os jesuítas haviam entregue todos os
e pela tinta corrosiva, sendo que muitos se acham irrecuperáveis, seus pertences houve devassas, tendo o bispo frei João de São
petrificados até. . . A umidade do ar deve constituir poderoso José procedido, por determinação da Secretaria de Estado, a
agente negativo para a conservação desses manuscritos. verificações nesse sentido em todas as vilas, onde os inacianos
O Arquivo Público funciona no período da manhã e à tarde. tinham se estabelecido. *
No antigo porão do prédio foi adaptado espaçoso salão para os Não será avançar em exagero conjeturarmos que a própria
consulentes. ~É dotado de boa iluminação e ar condicionado. ordem que remeteu um Visitador do Santo Ofício até o Pará
Quanto ao Arquivo Arquidiocesano, está localizado na Se­ esteja relacionada ainda com os jesuítas, cuja extensão das
cretaria da Arquidiocese, no prédio outrora pertencente aos influências e sobrevivências tinha que ser melhor avaliada...
jesuítas, abrindo-se só no período da manhã. Os documentos
que lá estão não são muitos, estão mal conservados e empa­
cotados. A separação por séculos — X VIII, X IX e X X — é Em dezembro de 1967 voltamos a Portugal, com o da vez
precária e muitos documentos de uma determinada época en­ anterior, com uma bolsa da Fundação Calouste Gulbenkian.
contravam-se em pacotes pertencentes a outro século. Centramos então nossa pesquisa no Arquivo Nacional da Torre
No Pará os resultados conseguidos na pesquisa e direta­ do Tombo, nos fundos pertinentes à Inquisição, quando então
mente relacionados com a Visitação foram muito pobres, o que foi possível localizar cerca de 40 processos de pessoas que foram
nos levou mais a procurar conhecer a economia e a sociedade envolvidas ou se envolveram com a Visitação, numa pesquisa
do Norte da Colónia no momento da Visita, período que bali­ exaustiva, uma vez que aquele Arquivo conserva ainda cerca de
zamos entre 1750 a 1780 para efeito do nosso estudo. 40.000 processos compreendendo as Inquisições de Lisboa, Coim­
bra e Evora!
Esses documentos, cujo valor Antônio Baião já realçara em
Reconhecendo ser bastante arbitrária essa proposta de pe­ 1925, constituem portanto complementação natural do Livro que
riodização, entretanto secciona um momento em que se refletem contém as confissões e denúncias. Mandamos microfilmar todos
no Norte da Colónia, ou seja, no Estado do Grão-Pará e Mara­ esses processos, cujas cópias se acham em nosso poder.
nhão, algumas transformações substantivas consentidas pelo An­ O seu conteúdo é bastante rico e tirante as partes em que
tigo Sistema Colonial português no interior de suas estruturas. foram obedecidos os ritos processuais, que são as mesmas para
Inaugura-se um novo sistema de exploração mercantil com todas as pessoas, temos então a história de cada interessado
a criação em 1755 da Companhia Geral do Grão-Pará e Maranhão. e do respectivo delito confessado ou denunciado, ao que se
A expulsão dos jesuítas, em 1759, por sua vez, afetará a vida acresce também o envolvimento de um número grande de outras
económica, social, cultural e religiosa da Amazônia. Na primeira pessoas que, apenas citadas como testemunhas no Livro, foram
década temos a eloquente demonstração do domínio espiritual posteriormente chamadas perante a Mesa da Visitação para
e temporal que os inacianos exercem sobre a região ao ponto prestarem seu depoimento.
de temerariamente enfrentarem, em mais de um ponto de fricção, Constam também desses processos — naqueles que natural­
o poder colonial e metropolitano. mente comportam essas partes informativas — meticulosa ge­
Entretanto, por força da Carta Régia de 3 de setembro de nealogia do implicado, as sentenças proferidas pela Mesa da
1759, desmantela-se todo o aparato montado ao longo de muitos Visita e outras diversas informações de interesse, além do que
anos de penetração e trabalho. A segunda década assiste assim alguns depoimentos insertos nos processos contrariam a versão
à desarticulação de um bem azeitado sistema de produção de registrada no Livro de Confissões e Denúncias. Infelizmente,
subsistência e cultura, aniquilando suas forças mais representa­ pelo que nos foi dado examinar até agora, os processos do
tivas, cujo espólio ia dos animais aos livros, das alfaias às Pará não trazem o inventário do interessado, não estando nesse
fazendas de gado e edifícios, das propriedades às idéias. Estas,
naturalmente, de maior alcance e nem sempre fáceis de serem X. Ms. Pará: papéis avulsos não catalogados, 3 de outubro de 1761. Arq. Hlst. Ult
2. Ms. Pará: papéis avulsos catalogados. Caixa 24, Arq. Hlst. Ult.
esvaziadas.
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caso apenas o processo de uma índia. O curioso é que encon­ Quanto a esta do Pará, tanto tempo depois das anteriores,
tramos processos de várias pessoas do Pará, no mesmo período sem que ainda saibamos contudo se houve outras em outras
da Visitação, cujos nomes não constam do Livro das Confissões áreas da colónia e em que tempo se deram, o que logo de
e Denúncias. início se estranha é o silêncio que sobre ela recaiu, embora
Como em uma das passagens do Livro da Visitação men­ possa ter sido, com o dissemos, fruto do simples acaso.
ciona-se que o Visitador Giraldo José de Abranches é eborense, Contudo, é um silêncio grande, completo, que por isso não
estendemos nossas investigações ao Arquivo Distrital de Evora, parece ser fortuito, por parte da história oficial, da religião e
com resultados todavia pouco compensadores. O trabalho nos das autoridades.
demais arquivos portugueses objetivou sobretudo conhecer a Como conseguir esquecer um tribunal que durante tanto
documentação que nos permitisse visualizar a sociedade do tempo funcionou com certa regularidade e teve portanto impli­
Norte da Colónia, que fora objeto da Visita, enquanto na Torre cações delicadas na vida da Amazônia?
do Tom bo, com o dissemos, a nossa preocupação foi conhecer A Visitação do Pará se dá numa época em que já se iniciara
a estrutura inquisitorial e o aparato com que se promoveu a o declínio da Inquisição em Portugal. Não há mais o rigor
Visita ao Pará. antigo, a mentalidade muda aos poucos, as perseguições fero­
O nosso trabalho nessas fases da pesquisa foi o de promover zes aos judeus não mais se fazem. As penas de morte não mais
o competente e fiel traslado do Livro, que compreende as con­ existem, geralmente as penas são de penitência, muito raros os
fissões e denúncias, localizar as habilitações do Inquisidor e dos casos de açoite e degredo. No período que vai de 1760 a 1769
demais funcionários da Visitação, bem com o os processos das houve 22 autos-de-fé nas quatro Inquisições: Lisboa, Évora, Co­
pessoas envolvidas. Em seguida, dedicamo-nos à lenta tarefa imbra e Goa . 8 No caso do Pará, acreditamos que o que mais
de elaboração dos quadros que qualificam a gente envolvida podia atemorizar a população não eram tanto as sanções reli­
pela Visita e que agora também publicamos pela primeira vez. giosas, mas a confiscação dos bens, do que aliás se fazia expressa
Para alertar a província de historiadores, em três oportuni- menção no Alvará de S. Majestade fixado no guardavento da
nidades adiantamos alguma coisa sobre a Visitação do Pará, Sé de Belém a 25 de setembro de 1763, que dera os 30 dias de
conform e nossas publicações: 1) "Nota prévia sobre a Visita do’ prazo para apresentarem as confissões e denúncias. Embora a
Santo Ofício da Inquisição ao Estado do Grão-Pará” in Revista maioria das pessoas seja de origem humilde, diminuindo por­
de História n 9 59, Univ. de S. Paulo 1964; 2) “A Inquisição no tanto a possibilidade de confiscação de bens, é claro que a
Pará” in Boletim Internacional de Bibliografia Luso-Brasileira, expectativa da Inquisição entretanto se dirigia possivelmente
vol. X , n9 1, janeiro-março de 1969, Fundação Calouste Gulben- para uma farta colheita nesse sentido. Estranhamente, como
kian, Lisboa; 3) “A visita oculta”, entrevista à revista VEJA dissemos, os processos não trazem os inventários dos impli­
n 9 100, 5 de agosto de 1970. cados, o que se acontecesse poderia explicar-nos muita coisa.
Pombal tinha atitudes um pouco dúbias perante o Tribunal
do Santo Ofício, chegando a se mostrar hesitante e às vezes
Haveria motivos especiais que levaram o Tribunal do Santo até mesmo contraditório. Dessa maneira, uma Visitação movi­
Ofício a decidir sobre as Visitações que procedeu no Brasil? mentada com o um instrumento para atemorizar ou controlar
Por certo que sim. Periódico e rotineiro revigoramento da fé a prosperidade dos cristãos-novos do Norte da colónia, para
para o rebanho distante e disperso, sujeito a toda sorte de verificar o alcance que estavam tendo naquele momento as prá­
estímulos profanos; repreensão ao relaxamento quase costumeiro ticas heréticas dos judeus convertidos, não parece na verdade
do clero; interesse em perseguir a gente da nação, quando se ser esse seu m óbil principal.
amiudavam as denúncias sobre suas heréticas práticas ou sobre O Marquês de Pombal, com o toda a sua família, foi familiar
sua crescente prosperidade comercial; sondagem do subconsci­ do Santo Ofício e parecia não se mostrar inclinado a conceder
ente da sociedade colonial, nem sempre conformada com os liberdade total aos cristãos-novos. Entretanto, por outro lado,
ditames da coroa e da fé, enfim se podem arrolar várias causas condenava as torturas (“ tormentos” ) praticadas pela Inquisição,
mais diretas, imediatas e determinantes das Visitações conheci­ autorizando-as só em casos extremos. Para ele, o Santo Ofício
das até agora: Bahia e Pernambuco. Afinal, as Visitas se davam representava naturalmente poderoso instrumento de coerção, que
quando “ convinha ao serviço de Deus", conforme preceitua o
título I, do Livro II do Regimento de 1640. 3. Jordão de Freitas, O Marquês de Pombal e o Santo Ofício, p. 48.

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aliás fora usado com êxito no caso do Pe. Gabriel Malagrida, para concretizar essa Visita? Os cristãos-novos não teriam pro­
vitimado na fogueira em 21 de setembro de 1761. curado dificultá-la ou impedi-la, ou dela simplesmente só tiveram
Se Pombal pretendeu atingir qualquer eventual sobrevivên­ conhecimento quando da sua chegada? Mas, p or outro lado,
cia jesuítica através de uma Visitação, por que a fez só depois com o teria agido o Ministro para contornar a dificuldade subs­
de quatro anos à expulsão dos jesuítas? tantiva de uma Visitação que não devia incomodar a gente da
Na verdade é esse momento da Visitação caracterizado pelo nação? Teria o Inquisidor trazido instruções secretas a esse
poder do grande Ministro que acelera o processo de liquidação respeito?
de duas poderosas forças de sua época: os jesuítas e o Santo Se aceitarmos que a essa altura o Santo Ofício continua um
Ofício. instrumento posto a serviço do poderoso ministro fica difícil
Contra os jesuítas não havia aparentemente mais motivos portanto desvincular-se da política pombalina a Visitação do
para represálias e perseguições, pois em realidade numa área Pará.
de excepcional influência jesuítica com o era a Amazônia justi- Também não deve ser de todo descartado o corretivo que
ficar-se-ia, só imediatamente em seguida, uma verificação in loco se fazia necessário ao crescente relaxamento moral em que
do alcance dessa influência material e espiritual, para o que mergulhara a população daquela área, do qual há testemunhos
naturalmente se prestaria a Visitação em determinadas circuns­ esparsos, incluindo o do bispo do Pará, que aliás seria a primeira
tâncias. vítima, sendo preso e remetido para Lisboa.
Quanto à Inquisição, como dissemos, perdera muito de sua Sobre o relaxamento moral em que ia o Pará ficou-nos
grande força político-religiosa. Era agora uma sombra do que
irónica e sarcástica observação desse bispo frei João de São
tinha sido no passado, embora na verdade essa sombra ainda
José Queirós, que nos relata em suas Memórias, que ao passar
incutisse temor e a sua ação numa colónia, onde as dimensões
das ameaças e castigos assumiam outras proporções, não podia certa vez em companhia do Governador frente ao açougue da
ser desprezada, inclusive como eficiente instrumento do Estado cidade, estranhou aquela autoridade que o Ministro tivesse man­
e da Igreja em busca de disciplina e submissão, impondo-se pelo dado colocar no frontispício do prédio nada menos que 5 cabeças
terror. de animais engalhados, ao que de pronto redarguiu o prelado
Havia ainda a considerar nesse contexto uma terceira força, que era aquilo um despropósito, “mas em carne são maiores
a dos judeus convertidos, para os quais a orientação da política os despropósitos dos militares. . . ” 4
pombalina era de reparação e amistoso tratamento, não se jus­ O comentário do bispo mostra a fornicação e a infidelidade
tificando aparentemente um recrudescimento no trato com a com o ocorrências comuns na cidade, pelo visto tendo os mili­
colónia. tares com o protagonistas privilegiados.
No terreno das hipóteses é possível ainda pensarmos numa O bispo frei João de São José Queirós (batizado João de
manobra do Estado metropolitano tendente a diminuir o suposto Queirós da Silveira), segundo Camilo Castelo Branco era con­
poder económico que teriam os cristãos-novos no Norte da coló­ sumado teólogo e filósofo. Foi nomeado bispo do Pará em 10
nia, inclusive provocada por vias travessas com o através da de outubro de 1759, onde chegaria em 31 de agosto de 1760,
Companhia Geral do Grão-Pará(?). tomando posse no mesmo dia. ’ Constava ler livros proibidos
De qualquer maneira, entre as dúvidas que nos ficam está e não se relacionar bem com os jesuítas e também com outros
a de que uma Visitação do Santo Ofício constituía sempre, em padres. Censurando os costumes que encontrou na colónia, aca­
princípio, tuna ameaça perigosa para os judeus e cristãos-novos bou por isso mesmo com certeza se incompatibilizando com
da localidade. No caso do Pará, é evidente sua presença e atua­ muitos que não demoraram em remeter para Lisboa acusações
ção, sendo que entre os colonos inclusive há conhecimento e contra ele. Entre aqueles consta ter sido seu maior inimigo o
consciência de que eles continuavam na prática de heresias con­ capitão-general Manoel Bernardo de Melo e Castro que teria
denadas pela Inquisição, com o nos mostra em alguns passos
remetido a Lisboa graves acusações às autoridades metropo-
o Livro da Visitação.
Ptanas. *
Como teriam eles reagido à Visitação? Teria havido pressões
contrárias à sua concretização, m esm o junto a Pombal, desde 4. Frei João de São José, Memórias, p. 163.
que aceitemos que a vontade do Ministro pesou decididamente 5. Idem, ibidem, p. 3 e segs.
6. João Lúcio de Azevedo, Estudos de história paraense, p. 164.

28 29
Quando chegou o novo Governador, já na manhã do seu Os crimes de natureza sexual, sobretudo de brancos em
desembarque, a 14 de setembro de 1763, entregou ao antecessor relação às índias, eram muito comuns. Muitos degredados a
as instruções que trazia sobre o bispo. Reunidos os dois gover­ trabalhos forçados nas obras de São José de Macapá, o foram
nadores mais o Inquisidor, decidiu-se, naturalmente obedecendo justamente por terem sido acusados de fornicadores de índias. 11
às ordens metropolitanas, pelo sequestro dos documentos con­ Durante a Semana Santa já era tradição esses condenados pedi­
servados na casa do prelado. * rem o perdão real, que acabava sendo-lhes concedido.
Em 14 de outubro de 1763 os aguazis invadiram sua casa, Quanto às devassas, motivadas quase sempre por denúncias,
levando os documentos que lá encontraram . 78*Embarcou de volta puniam tanto os brancos quanto os índios, pelos crimes mais
a Portugal, juntamente com o Governador do Pará, portanto diversos, com o por exemplo: colher cacau verde nas colheitas
com a Mesa Inquisitorial já instalada e em função. Morreu em de drogas do sertão, brigas coletivas, morte de animais, ou
Portugal em 15 de agosto de 1764. simples querelas, destruição de documentos comprometedores
Mas, voltando ao problema dos costumes da sociedade local, ou então casos que deviam fugir ao rotineiro, como por exemplo
cu jo desregramento poderia ter sido perfeitamente o motivo daquele mestre-escola Amaro Vieira Pinto, que teria se excedido
principal da Visitação, haveria ainda o que dizer. no castigo a um dos seus alunos na Vila de Pombal, obrigando
Antes da expulsão dos jesuítas, embora a documentação o menino a saltar de uma varanda, quando quebrou o seu
nos revele a cada passo um ambiente de religiosidade, os abusos braço . 18
não são pequenos nem esparsos. Ao serem expulsos os jesuítas, foram eles acusados de terem
Ao uso descontrolado da aguardente, por exemplo, eram despojado de alfaias e imagens sagradas, com suas respectivas
geralmente atribuídos os excessos praticados inclusive por mui­ coroas e resplendores e ornamentos vários, os templos das al­
tos religiosos. Esses abusos chegaram a tal ponto que por ordem deias do Grão-Pará. 18
de 10 de julho de 1748 El-Rei ordenou ao Governador que não Ainda ligada à expulsão dos jesuítas temos a Ordem Régia
mais desse licença aos molinetes (engenhocas) para fabricarem de 11 de junho de 1761, pela qual mandava El-Rei que se cons­
aguardente. tituísse uma Junta que deveria reunir-se três vezes por semana
E do Governador Francisco Xavier de Mendonça Furtado e seria constituída pelo Governador Manoel Bernardo de Melo
o Bando de janeiro de 1757 proibindo de se abrirem as tavernas e Castro, com o Presidente, mais o Intendente Geral do Comércio
nas Ave-Marias, não mais se abrindo durante a noite, sob pena e Agricultura, o Ouvidor da Capitania e o Provedor da Fazenda
de prisão de 24 horas para o proprietário que durante esse do Estado. Essa Junta teria por incumbência resolver as ques­
tempo ficaria na golilha (argola pregada em um poste, à qual tões e negócios referentes à venda dos bens seculares, móveis
se prendia alguém pelo pescoço), pegando ainda 15 dias de e semoventes, divisões e jurisdições das terras e fazendas, vendas
calabouço e multa de 12$000 réis destinada aos hospitais . 8 de bens de raiz e tudo o mais respeitante à Companhia de Jesus,
A mesma providência foi tomada reiteradas vezes, parti­ que deviam ser incorporados ao Fisco e à Câmara Real. 14
cularmente durante as comemorações da Semana Santa. Neste rápido flash da sociedade paraense, na época da Visi­
Os comerciantes por sua vez eram acusados de roubar nos tação, reunimos algumas informações escolhidas em pesquisa
pesos e medidas, de arbitrarem preços abusivos, práticas que arquivai, no Brasil e em Portugal, que nos dão uma idéia dos
levaram El-Rei, pela Carta Régia de 7 de julho de 1757, a ordenar padrões de comportamento daquele povo.
que nas capitanias de Belém do Grão-Pará, São Luís do Maranhão O aljube eclesiástico vivia cheio de presos, particularmente
e São José do Rio Negro, as Câmaras conservassem pesos e índios e escravos, sendo as mulheres em maior número.
medidas para servirem de padrões gerais para aquelas cidades, As queixas dos superiores religiosos a respeito das relações
bem com o para as vilas e lugares da região, a fim de que se entre brancos e índios eram também frequentes. Os diretores
evitasse a venda de gêneros fora dos pesos e medidas aferidas, leigos das povoações indígenas eram garanhões com as índias,
sob pena de incorrerem os infratores nas punições previstas vivendo em vida dissoluta . 18 Na correspondência desses reli-
pelas Ordenações do Reino . 10
11. Ms. de 16 de abril de 1767, Códice 1204, Documentos diversos. Arq. Pub. do Pará.
7. João Lúcio de Azevedo, op. cit., p. 176. 12! Cód. 1204, Documentos diversos. Arq. Pdb. do Pará.
8. João Lúcio de Azevedo, op. cit., p. 35. 13 Cód. 590, Conselho Ultramarino. Arq. Hist. Ult.
14 Cód. 1275, Conselho Ultramarino, p. 379. Arq. Hist. Ult.
513 e C$5“ Çe Bandos e Portarias, Reinado de D. José I. Arq. Pub. do Pará 15. João Lúcio de Azevedo, Estudos de história paraense, p. 159.
10. Ms. 656, Cód. 987, Bandos e Portarias, Arq. Pub. do Pará.

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giosos há muitas vezes a crença de que a miséria moral da Entre vivos e mortos a Visitação do Pará atingiu, direta ou
sociedade do Norte era causada pela preguiça, determinada pelo indiretamente, cerca de 485 pessoas que vêm citadas no Livro
clima. O Cametá chamado de Vila Viçosa era, segundo o bispo, de Confissões e Denúncias, muito embora estas só se limitassem
mais próprio que se chamasse Vila V iciosa... a 19 e 27 respectivamente, sem ser computado o grande número
No interior da Amazônia, vivendo praticamente isolados ou de testemunhas que foram ouvidas perante a Mesa, mas cujos
em meio dos índios, os colonos dificilmente mantinham seus depoimentos não constam do Livro e sim dos processos.
padrões de costumes, sendo que o processo de aculturação era Do total geral de pessoas que aparecem citadas no Livro
no geral degenerativo para os índios. da Visitação, e isso importa sobretudo para um possível estudo
As populações isoladas pela imensidão amazonense tinham da estrutura da população paraense, 353 são brancos, 55 índios,
uma assistência religiosa extremamente precária. Uma forma 42 negros escravos, 17 mamelucos, 6 cafusos e 12 mulatos.
usual de assisti-las periodicamente era através das visitas pas­ O mosaico da população do Norte da colónia está aí repre­
torais, quando o bispo viajava com uma comitiva de auxiliares, sentado, com seus vícios e virtudes, suas limitações e reações,
indo até as localidades ou mesmo parando onde havia pequenas apanhados num flash que nos permite devassar a intimidade
comunidades familiares, para dispensar-lhes sacramentos e veri­
de suas vidas pela janela indiscreta da Inquisição. O seu estudo
ficar com o iam os costumes. Nessas comitivas nunca faltava o subsidia a história da Inquisição no Brasil e a história da
pregador que se fazia acompanhar de um intérprete da língua sociedade colonial, atraindo o povo para a luz através da sua
indígena, também indo o cirurgião na canoa-hospital e botica. própria voz descritiva ou confidente, denunciadora ou contrita.
Os índios remavam e cozinhavam para essas expedições de cura
das almas e dos corpos. Um relato completo de uma dessas Muitos humildes e poucos poderosos, escravos e senhores,
viagens foi-nos deixado pelo bispo D. Frei João de São José. religiosos e militares, profissionais e sem profissão, homens e
O que se encontrava era a superstição grassando entre a mulheres, velhos e, o que é interessante, crianças, vivos e mortos
são atingidos pelo zelo inquisitorial nessa Visita um tanto ou
população, a bigamia comum entre os colonos que vinham antes
das famílias do Reino e tinham a facilitar novas uniões o con­ quanto tardia e, pelas penas, relativamente brandas que tivemos
no Brasil, provavelmente, com o já dissemos, a última e a mais
vívio com as índias. Antes da Visitação esses casos de bigamia demorada.
eram denunciados perante o Comissário local da Inquisição. “
Verifica-se na Visitação do Pará que boa parte dos impli­
O exorcismo se revezava com os banhos para afastamento
das forças ocultas que atormentavam os colonos. cados vêm das camadas mais humildes da população. Assim,
pequenos funcionários públicos e artesãos, oficiais mecânicos,
O povoamento do interior das vilas era feito sobretudo com criados, índios e escravos negros, domésticas e um ou outro
casais ilhéus do Funchal, complementando-se com degredados profissional liberal.
do Reino.
Na verdade são poucos os que fazem exceção a essa quali­
ficação, com o é o caso, por exemplo, do Ouvidor-Geral Dr. Al­
Tendo em conta os resultados que alcançou no seu conjunto buquerque Melo ou do Procurador de Causas José Januário
a Mesa Inquisitorial durante os seis anos de funcionamento da Silva, este por ter-se sujeitado às práticas de curandeirismo
em Belém, promovendo audiências, sindicâncias e exarando sen­ de um seu, escravo de nome José; dos senhores de engenho
tenças não chegou a alcançar quantidades que nos impressio­ Francisco Serrão de Castro, Gonçalo José da Costa (fls. 99 do
nem. Se não, vejamos: a colheita resultou em 12 feiticeiros, 9 Livro) e Antônio Ferreira Ribeiro, este envolvido por ter par­
feiticeiras, 6 blasfemos, 5 curandeiros, 4 curandeiras, 4 sodomi­ ticipado das palhaçadas do seu amigo Pantoja; dos fazendeiros
tas, 5 bígamos sendo uma mulher, 2 hereges sendo uma mulher Caetano da Costa que denunciou um índio e Manuel de Oliveira
e um caso apenas de um senhor denunciado por prática de Pantoja que confessou ter participado de uma pândega ao forjar
castigos corporais em seus escravos. As conclusões sobre a um casamento fingindo-se de padre; ou ainda do Capitão do
natureza dos delitos e o número de pessoas, nesta altura de Regimento de Infantaria da Praça de Belém Domingos da Silva
nossa pesquisa, podem ser pouco antecipadas.1 6 Pinheiro, cuja mulher Izabel Maria da Silva foi acusada de
práticas diabólicas, tendo três dias depois de denunciada com­
16. João Lúcio de Azevedo, op. cit., p. 106. parecido perante a Mesa para fazer sua confissão, de que afinal
32
33
aprendera de outra pessoa certas práticas mágicas, mas que ciosos planos de drenagem (1771). Exerceu suas funções durante
repreendida pelo marido não mais as repetiu, confessando-se algum tempo junto à Fortaleza de Macapá. ”
agora muito arrependida. Aliás, o seu marido, o capitão Domin­ Conselheiro das autoridades locais para os assuntos de sua
gos Pinheiro, não demorou muito em comparecer perante a Mesa especialidade, não se viu livre entretanto das malhas da In­
para denunciar, a 9 de fevereiro de 1764, a José Felizardo por quisição.
bígamo. O caso, segundo a narrativa do denunciante, foi o seguinte:
Como se vê, o grau de participação, responsabilidade e em 1773, residia o Pe. Miguel Angelo, cura da freguesia de N. S.
mesmo iniciativa varia muito nos casos que apontamos de do Rosário, em Belém, numas casas, onde também morava o
pessoas melhor situadas na sociedade local e que entretanto engenheiro alemão. Ao visitá-lo certa manhã, ouviu dele uma
não foram poupadas pela Visitação. proposição supostamente luterana que afirmava ser “iníquo”
Nessa linha, temos ainda dois governadores do Pará, José Deus, pois mesmo sabendo que uma alma haver-se-ia de perder
da Serra, já falecido há anos, mas que foi visado pelo feitiço a fazia errar pelo mundo. Estabeleceu-se então polêmica entre
da índia Sabina, a mesma feiticeira aliás que é chamada para ambos, invocando o sacerdote entre outras razões para contra­
tratar do governador João de Abreu Castelobranco. ditá-lo a do livre arbítrio, sem contudo lograr convencer o herege.
Não faltaram também religiosos com o José Caetano Cor­ Antes, voltou este algum tempo depois a provocá-lo, quando
deiro, subchantre da Sé de Belém, que ensinara uma oração estavam ambos na copa da dita morada.
miraculosa para um primo seu interessado em conquistas amo. Nesta oportunidade afirmou Gronfelt: “Muntos Santos Cujas
rosas, e o Pe. Miguel Angelo de Morais, cura da freguesia de Imagens Estaõ nos Altares Estaõ ardendo suas almas nos in­
N. S. do Rosário das Campinas, que entretanto figura coíno fernos”, pondo portanto em dúvida a seriedade dos processos
tíft ;4>:

denunciante de um certo Monsieur Gronfelt, o único acusado de canonização, no que foi rebatido de maneira veemente pelo
de luteranismo que aparece na Visitação (fls. 36 do Livro da padre, estabelecendo-se entre ambos nova discussão, na qual
Visita). Gronfelt novamente investiu contra o dogma da infalibilidade
Como acontecia no restante da colónia, no Pará em propor­ papal, mantendo-se irredutível em seus pontos doutrinários.
ção ao total da população, os estrangeiros que a integravam Aproveitou-se o padre da oportunidade da denúncia, para
eram poucos. Alguns judeus, italianos, franceses e pouco mais referir-se também ao desrespeito que o engenheiro tinha em rela­
do que isso. No caso de uma Visitação demorada com o a que ção ao jejum quaresmal, comendo carne nos dias proibidos, além
ora tratamos, fatalmente alguns estrangeiros acabariam sendo de não observar o sexto mandamento.
envolvidos. Perante a sociedade local eram suspeitos em poten­ Entre os religiosos há ainda confitentes como Frei Manoel
cial, sendo seus atos quase sempre objeto de observações e do Rosário (fls. 41), encontrando-se tanto portugueses, quanto
bisbilhotices. nascidos na colónia. Quase sempre esses religiosos possuem es­
No Norte da colónia, graças aos trabalhos de demarcação cravos africanos a seu serviço. Há casos, com o o do Chantre da
de fronteiras e à construção das fortalezas, vários engenheiros Catedral de Belém, Antônio Francisco de Polstzis, que é senhor
estrangeiros, contratados pela Coroa, prestaram o seu concurso, de engenho, tendo propriedades e desfrutando de boa situação
acabando mesmo alguns por se integrarem na sociedade local, económica.
lá permanecendo. São poucos relativamente, com o dissemos, os estrangeiros
Graças a uma denúncia, a que já nos referimos, feita pelo que circulando pelo Pará acabam sendo envolvidos pela Visi­
Pe. Miguel Angelo de Morais (fls. 36 do Livro da Visita), o tação. Ficamos conhecendo ainda três deles: o engenheiro ge-
Sargento-Mor Engenheiro Gaspar João Gerardo Gronfelt se viu novês Domingos Sambosete que o bispo D. Frei João de São
às voltas com o Inquisidor. José encontra nas suas andanças e que foi o responsável pela
arquitetura da reconstrução da fortaleza erguida no Gurupá em
No Livro da Visitação é ele sempre designado pelo sobre­ 1623 e reformada em 1762. Também engenheiro era Henrique
nome com o Monsieur Gronfelt. Era alemão de nascimento, tendo Antônio Galluzzi, que morava na praça de Macapá e fez excelente
tido atuação destacada em várias obras públicas de Belém, com o roteiro de Belém a São José do Javari, poetando nas horas
na Sé Catedral e na drenagem da área da cidade que se denomina
Pri, para a qual apresentou ao Governador Ataíde Teive minu- 17. Antônio Ladislau Monteiro Baena, Compêndio das E ra s..., p. 174.

34 35
vagas. Finalmente, temos o terceiro engenheiro, também ele, Vários são os que vivem da sua agência, dando a impressão,
Antônio José Landi, que em 1761 residia no Pará. Era natural portanto, que são estabelecidos, com o Antônio Gomes, Josefa
de Bolonha, na Itália, onde fora professor de Arquitetura e Coelho (fls. 86 do Livro) e Gregório Ferreira da Silva (fls. 93).
Perspectiva do Instituto de Ciências. Foi contratado com o arqui­
teto por D. João V, tendo sido posteriormente nomeado para
a Comissão de Limites decorrente da execução do Tratado de Indiretamente se vêem envolvidos pela Visita algumas pes­
16 de janeiro de 1750. Chegou ao Pará a 19 de julho de 1753, soas de certa posição social, com o o sargento-mor e fazendeiro
onde atendeu a várias incumbências. ** José de Magalhães Lobo de Almeida, cuja mulher Antônia Jerô-
Antônio José Landi (Giuseppe Landi) é o mais conhecido nima da Silva foi denunciada; o advogado Inácio Andrade, que
deles pelas obras monumentais que deixou na Amazônia, com o teve denunciada sua filha natural Inês Maria de Jesus; o capitão
o Palácio do Governo, a Catedral e a Igreja de Sant’Ana, tendo de auxiliares André Miguel Aires, cujos filhos Manoel e Pedro
inclusive merecido estudos em livros. Permaneceu na Amazônia Aires foram denunciados; o capitão-mor e fazendeiro na ilha de
de 1713 até 1791, data de sua morte. Marajó José Miguel Aires, denunciado por sevícias e atitudes
Esses três engenheiros deviam pertencer ao grupo técnico anticristãs; o fazendeiro Pedro de Morais, cujo índio escravo
estrangeiro que Pombal recrutou para a demarcação do Império João foi denunciado; o fazendeiro Simeão Corrêa de Oliveira
português na América do Sul. Essa Comissão Demarcadora dava que era pai de um denunciante.
cumprimento ao Tratado de Madri de 1750, fixando as fronteiras
entre as terras portuguesas e espanholas.
Quanto à jurisdição do Visitador, com o se esclarecerá adiante,
compreendia os Estados do Pará, Maranhão, Rio Negro, Piauí
Verifica-se também ser variada a gama de profissões das e terras adjacentes. Essa Comissão que lhe é conferida pelo
pessoas envolvidas, provenientes tanto do meio rural quanto Conselho Geral do Santo Ofício dá-lhe poderes sobre vasta área
do meio urbano. O mercado profissional é restrito, nota-se in­ geográfica que abraça o Norte e a maior parte do Nordeste da
clusive uma certa mobilidade nas profissões, com o ainda a colónia.
continuidade e descontinuidade familiar na escolha da profissão. Através do enunciado do local de origem das pessoas arro­
Os brancos que as exercem, com o o alfaiate Antônio de ladas pela Visitação, podemos verificar a mobilidade grande
Souza Madeira (fls. 26 do Livro da Visita), o carpinteiro Manoel entre os moradores de diferentes áreas coloniais. Essa mobi­
Francisco da Cunha (fls. 28), Onofre da Gaia, também carpinteiro lidade não é apenas ditada por interesses comerciais ou de
(fls. 87), Feliciana Maria, costureira, José da Costa, que é pedreiro ofícios e funções, quase sempre periódicos, mas e também por
(fls. 68), Manoel Peres Justo, que exerce sua profissão de alfaiate, aventura, perseguição, dívidas, fugas que levavam os indivíduos
mostram que vivendo do seu ofício conseguiram certas brechas e as famílias a vencerem grandes distâncias, radicando-se em
no mercado local de trabalho, que o regime de trabalho escravo áreas as mais diversas dentro da colónia ou simplesmente pa­
não chegou a anular completamente. rando algum tempo, para a seguir atender novos interesses em
Há os que vivem de sua roça com o, por exemplo, o sodo­ outros locais.
mita Filipe Jacob Batalha, que morava em Belém, mas tinha Havia também os casos de pessoas, que pelas suas funções
plantação na ilha de Marajó, ou Cosme de Afonseca, que também viviam em constante mobilidade, com o é o daquele piloto mon-
lavrava terra (fls. 109). Poucos são os índios com profissão çoeiro de canoas na Carreira de Mato Grosso (fls. 26 do Livro
definida com o, por exemplo, Feliciano Ferreira que vivia de da Visitação), que comparece perante o Tribunal acusado de
fazer canoas (p. 23 do Processo 12893). bigamia.
Comparece apenas um estudante, que é o clérigo tonsurado O comparecimento de pessoas originárias de diversas e dis­
pionízio de Afonseca (fls. 109 do Livro da Visita), que vivia de tantes cidades do interior do Pará revela também com o a notícia
ser capelão na Sé de Belém. da Visita correu rapidamente pela região, movimentando as
' 18. Manuel C. Barata, Apontamentos para as efem érides..., p. 49. Sobre Giuseppe
pessoas naturalmente impressionadas pelas consequências com
Landi: Augusto Meira Filho, O bissecular palácio de Landi, Edit. Grafisa, 3» ed., que eram ameaçadas e pela boataria que forçosamente deve ter
Belém 1975; Idem, Landi, esse desconhecido (o naturalista). Conselho Federal de Cul­
tura, Rio 1976. acompanhado a notícia.

36 37
A cidade de Belém já possuía ruas calçadas, tendo sido a
primeira a receber esse melhoramento a Bua da Paixão, o que
aconteceu em 1757, tendo a cidade parecido a La Condamine
com suas ruas bem alinhadas e as casas de bela aparência.
Na época da Visitação a cidade devia contar com cerca de C A P IT U L O II
9.000 a 10.000 habitantes. Os dados mais próximos de que dis­
pomos são os seguintes:

1749 6.574 hab. **


Atribulações de um Servidor
1788 10.620 hab. *° do Santo Ofício no Brasil
1792 8.573 hab . 11
“Estou bem mortificado, porque a miséria dos costumes deste pais me faz
Em 1835 Belém possuía duas freguesias: Sé é Santana. A lembrar o fim das cinco cidades, por me parecer que moro, como diz a
primeira fora criada em 1616, possuindo 699 domicílios, e a escritura, nos subúrbios de Gomorra, mui próximos e na vizinhança de Sodoma.
segunda criada em 1727, possuindo 1.236 casas. As duas fregue­ E assim temo o fogo do céu no meio de horríveis trovoadas que aqui se
escutam"
sias formavam respectivamente os bairros de Cidade e Campina. D. Frei João de São José, Bispo do Pará
Nessa época a cidade possuía 35 ruas, algumas simples cami­ em carta ao Conde da Ponte na época da Visitação, 1763
nhos. Já havia edifícios de 2 pavimentos. Havia 31 travessas “Causou grande impacto junto à população a afirmação feita sexta-feira pelo
que cortavam as ruas, sendo ainda a cidade dotada de 12 praças, arcebispo de Belém, D. Alberto Ramos, de que existe na cidade uma igreja
das quais as maiores eram a da Pólvora e do Palácio . 1 012
2
9 3 satânica. O alerta do arcebispo foi feito durante o sermão da Agonia, que
durem très horas e foi transmitido por três emissoras de rádio"
Mas, voltando à época da Visitação, em São José, na cidade, O Estado de São Paulo, 18 de abril de 1976.
fizera-se uma olaria a mando do governador Ataíde Teive. Com
a fabricação de telhas, cal e ladrilho, esse material passou a
substituir gradativamente as primitivas casas, muitas cobertas Dos diferentes cargos e lugares em que o Padre Doutor Giraldo
com folhas de palmeiras. A olaria vendia aos particulares, mas José de Abranches serviu no Brasil, foi sem dúvida a sua per­
pertencia à Fazenda Real. As casas de moradia eram iluminadas manência em Belém do Pará, aquela que maior soma de res­
com candeias.
ponsabilidade e poderes lhe deu, como Visitador do Tribunal
O lazer da população incluía concertos de psaltério, rabeca do Santo Ofício para os Estados do Grão-Pará, Maranhão e Bio
e viola, particularmente dedicados às autoridades.** No teatro Negro . 1
costumava-se encenar peças de Antônio José, O Judeu.
Antes disso porém, sua passagem por São Paulo e Minas
Gerais, onde atendeu a diferentes funções da esfera eclesiástica,
alheias à Inquisição, foi marcada por apoquentações e desaven­
ças com seus superiores, com o teremos oportunidade de mostrar
adiante.
A natureza desses desentendimentos relacionava-se não só
com formalidades rituais, com o também com questões de dou­
trina, chegando a gerar crises delicadas, com o a que se deu em
Minas Gerais, por exemplo.
Verifica-se, destarte, que era homem de melindres, capaz
de não se curvar facilmente aos superiores com os quais privava,
civis ou eclesiásticos, desde que se convencesse da procedência
19. Ms. Pará: papéis avulsos catalogados, Caixa 23, Arq. Hist. Ult.
20. Antônio Rocha Penteado, Belém — Estudo de Geografia Urbana, 2? vol. p. 204.
2|' Desse total 4.423 eram brancos, 1099 índios,, pretos e mestiços e 3.051 escravos 1 No processo de um dos réus da Visitação do Pará se menciona num caput que
' CI*«« anue^ Darata, Apontamentos para as efemérides paraenses). o Pe" Giraldo era Visitador Delegado do Santo Olíclo nos “Estados doPará, Maranhaõ,
22. Domingos Antônio Raiol, Motins Políticos, 39 vol., p. 839. Ryonègro Piauhi, eterrasadjacentes” , o que alarga sua jurisdição territorial, pois nos
23. Antônio Ladislau Monteiro Baena, Compêndio das E ra s..., p. 169. demais ms não se menciona o Piauí (Cf. Afs Processo 219. Inquisição de Lisboa. ANTT).

38 39
do seu comportamento, no mais porém confessava-se e agia também suas limitações humanas, para daí e só então poder
sempre com servis protestos de obediência e submissão. ajuizar-se sobre seu procedimento com o inquisidor.
A reiterada e estranha tolerância dos colegiados e das auto­ As investigações que o Santo Ofício procedia para o acolhi­
ridades metropolitanas às suas aparentes impertinências só mento dos interessados nos permitem saber da sua qualificação
encontra explicação no fato de que era sempre fortemente e de certa maneira vislumbrar a sua vida pregressa, pois as
apadrinhado pelo seu tio, Felipe de Abranches Castelobranco, informações recolhidas eram minuciosas e obtidas, em grande
Deputado da Mesa da Consciência e Ordens. parte, através da audiência de testemunhas que conhecessem a
O primeiro documento que temos, trazendo notícias do Padre pessoa objeto das sindicâncias . 1
Giraldo, data de 1746, quando pretendendo ser Comissário do No caso do cargo de Comissário, que foi o primeiro pleiteado
Santo Ofício foi objeto, segundo a pragmática inquisitorial, de junto ao Santo Ofício pelo Pe. Giraldo Abranches, exigia-se a
diligências tendentes a verificar sua "limpeza de sangue e gera­ mesma qualificação dos cargos de Oficial e Ministro, i. e., ser
ção”. português de nascimento, religioso e preferentemente letrado,
Tomando-se em consideração a suposta severidade com que prudente e virtuoso, conform e preceituava o Regimento de 1640.
o Santo Ofício promovia investigações para apurar as máculas Os depoimentos eram prestados nos próprios locais onde a
que pudessem obstar a qualificação do aspirante aos seus qua­ pessoa viveu e a eles atendiam desde autoridades eclesiásticas
dros ou daquele que tinha sido convidado para tanto, é de supor- até simples vizinhos ou conhecidos do habilitando, quando não
se a ilibação da conduta dos seus membros, sua ponderação e até depoentes que sabiam fatos relativos à vida do indigitado,
imparcialidade. Essas qualidades iriam ao encontro da ética teó­ simplesmente por ouvir d izer...
rica da religião católica, então puritana e conservadora, mas nem Geraldo, ou Giraldo com o ele assinava, José de Abranches
põr isso isenta dos labéus com que a infamavam os maus sacer­ nascera na freguesia de Nossa Senhora da Natividade, Vila Cova
dotes e o relaxamento moral dos seus membros leigos, parti­ de Sub-Avô, bispado de Coimbra, onde também nasceram seus
cularmente no Brasil, graças às concessões com que se apre­ pais, o rendeiro (vivia de rendas?) que outrora vivera de fazer
sentava a sociedade que então aqui se formava. arcos, o que deixou depois de casado, passando a viver de sua
Em princípio, seriam realmente esses os atributos desejáveis fazenda, Antônio Martins da Costa e Brígida de Abranches. *
para o exercício de cargos como o de Visitador, por exemplo, Verifica-se a ascensão económica de seu pai, que de oficial mecâ­
que era uma espécie de inspetor de consciências, encarregado nico passou a lavrador, isto depois de casado, o que nos dá a
entre outras coisas de proceder ao levantamento das violações entender que recebeu a propriedade com o dote. Eram seus avós
ao rigor inquisitorial, da herética pravidade dos membros mal paternos o oficial de sapateiro Bento da Costa e Helena Martins
conversos, a quem admoestava, instruindo os processos após a e os maternos o carpinteiro João de Afonseca e Leonor de
necessária audiência, o que podia resultar em toda uma grada­ Abranches.
ção de sanções que podiam terminar até na fogueira.
2. Para a diligência em Coimbra, o Santo Oficio enviou o Comissário João Corrêa
Entretanto, em mais de um caso a realidade é bem outra, de Moura, o escrivão Pe. Mamede Dinis Corrêa e o notário Manoel da Costa Lemos
pois verifica-se que houve membros do Santo Ofício implicados Tunes que tiveram ocasião de ouvir 12 testemunhas daquela cidade, incluindo ex-colegas
da Universidade e amigos do interessado, enquanto no Porto foram ouvidas mais 6
justamente em questões previstas nos seus monitórios, limitando testemunhas. Essas investigações se estenderam também á Vila de Sub-Avô. As testemunhas,
segundo preceittiava o Regimento, não podiam ter qualquer parentesco, ódio ou inimizade
o alto exercício das suas funções pela miserabilidade da fragi­ com o interessado ou seus ascendentes. As despesas dessa diligência importaram em
lidade humana, mas em todo caso prejudicando com isso sensi­ 12$000, tendo recebido honorários os que dela foram encarregados.
3. Vila Cova de Sub-Avô é a antiga designação da freguesia de Vila Cova de Alva que
velmente os desgraçados que se envolvessem em suas malhas, pertence à diocese e relação de Coimbra e teve seu nome alterado para o atual pela lei
n« 1639 de 25 de julho de 1924. Fica situada à margem esquerda do rio Alva, sendo que a
pois é de se supor que os membros intemperantes e relapsos ocupação do seu território é considerada anterior ao século X II. No Registro de Batismos
julgassem de maneira menos parcial, ou fosse a sua imparcia­ dessa localidade encontramos o seguinte: “Em 21 de outubro de 1711, eu Padre Manoel
Gomes de Carvalho, cura nesta igreja, batizei solenemente a Giraldo, filho do terceiro
lidade limitada ou anulada pela corrupção, prevaricação, a acei­ matrimónio de Antônio Martins e de Brlgida de Branches da parte dela do segundo
matrimónio ambos desta vila. Foram padrinhos o Desembargador Luís da Costa Faria
tarem propinas ou presentes, empréstimos principalmente dos que tomou parte na criança por procuração Manoel Homem Freire veuvo e madrinha
judeus, práticas essas condenadas pelo Regimento. Maria de Figueiredo, solteira, filha de Manoel Madeira desta vila e para constar fiz
este assento que assinei dia era ut supra (9 de outubro) (a) ope. Manoel Gomes de
Assim, dados os poderes que detinha um Visitador toma-se Carvalho” . Na margem desse livro há uma anotação que mostra que a 24 de setembro
de 1783 um irmão do Pe. Giraldo, o bacharel José Antônio de Abranches, requereu uma
de todo interesse conhecer-lhe a personalidade, considerando Certidão do assento daquele registro de batismo (Cf. Ms Registro de Batismos da fre­
guesia da Vila Cova de Sub-Avo do Ano de 1711, fls. 64. Arquivo da Univ. de Coimbra).

40 41
Pertencia à família tradicionalmente católica, uma vez que mante ou vil, o que o colocava apto a encarregar-se de negócios
tinha ainda dois irmãos sacerdotes. * Como convinha a um bom de importância e segredo. *
padre, era solteiro e sem filhos. Essa menção que o dá com o bem abonado contraria a in­
Tendo cursado a Universidade de Coimbra de 1731 a 1737, formação de que o primeiro bispo de São Paulo D. Bernardo
por onde se bacharelou em Sagrados Cânones, uma vez formado Rodrigues Nogueira o levara para a América justamente com­
se trasladou para o Porto, morando vizinho da igreja de S. padecido da sua penúria . 1
Ildefonso, extramuros da cidade, e mais tarde na rua da Calçada A verdade é que além dos seus proventos obtidos com o
da Relação Velha. * Era sacerdote do hábito de São Pedro, isto exercício da advocacia, recebia uma pensão de trinta mil réis
anuais que lhe era paga pela Igreja de São Veríssimo, da
é, secular. Na cidade do Porto advogou cerca de 8 anos nos cidade do Porto. Não possuía bens de raiz, vivia com modéstia,
auditórios e tribunais, tanto eclesiásticos quanto militares, o mas “ Limpa, e a Siada mente ” . 8* Os seus ascendentes, como
que nos faz crer em seu domínio do Direito também na esfera vimos, eram de profissões humildes.
das armas.
Uma vez escolhido pelo primeiro bispo de São Paulo para
Nomeado Comissário da Bula da Santa Cruzada, Provisor seu auxiliar, é muito possível que tivesse seguido com ele em
e Vigário-Geral do novo bispado de São Paulo, na América do sua viagem, pois consta ter o prelado sido acompanhado dos
Sul, foi nessa altura, possivelmente a caminho do Brasil, que seus auxiliares mais imediatos.
em Lisboa requereu para ser Comissário do Santo Ofício, tendo A criação dos bispados de S. Paulo, Mariana e Rio de Janeiro
sido lembrado aliás, num dos despachos a seu respeito, que e das Prelazias de Goiás e Mato Grosso vinha descentralizar o
seria de utilidade que o novo bispado tivesse um Comissário governo espiritual da colónia até então subordinado à Bahia.
para lá se encarregar dos negócios do Santo Ofício. Depois de prolongada parada no Rio, onde chegou a 12-7-1746,
O certo é que a 29 de janeiro de 1747, depois de correr o bispo seguiu para Santos, ali aportando a 23 de outubro de
normalmente seu processo de habilitação, era o Pe. Giraldo 1746, e permanecendo até dezembro do mesmo ano, sendo re­
provido com o Comissário do Santo Ofício pelo Cardeal da Cunha. cebido festivamente em S. Paulo a 8 desse mês. Quando o bispo
Para chegar a tanto foi necessário provar-se que, por diligências ainda se achava em Santos, foi o Pe. Giraldo provido Vigário-
Geral e Arcipreste do novo bispado, vencendo de prebenda 160
e testemunhos nos locais p or onde esteve o interessado abran­
mil réis com o Arcipreste e 60 mil réis como Vigário-Geral.
gendo duas gerações de ascendentes, segundo as normas apura- Relativamente muito pouco se sabe de sua passagem por
doras da Inquisição, era ele por seus pais, avós paternos e São Paulo. Há ligeira alusão justamente a desentendimentos
maternos inteiro e legítimo cristão-velho, "lim po de toda a rassa que teria tido com o bispo, dando em consequência sua curta
de infecta nascão cristão novo, negro ou mulato, mouro ou estada naquela capitania, finda a qual se dirigiu para Mariana,
mourisco. Sem fama nem rumor em contrário”. Mais ainda, em Minas, onde novas preocupações o esperavam.
não tinham sido presos nem penitenciados pelo Santo Ofício, Em São Paulo, embora não se saiba da natureza dos seus
ele e seus ascendentes. Constava ainda que sempre vivera no desentendimentos, não devem ter sido contudo de molde a me­
Reino “Limpa e abastam.*””, nada havendo que desabonasse seu recer registro na crónica histórica da capitania, pois cronistas
procedimento e costumes, pois jamais incorrera em pena infa- com o Pedro Taques e Frei Gaspar não fazem a menor alusão
a isto, contrariando a narrativa fiel do que envolvia as auto­
4. Ms. Diligência 11, íls. 59 verso, Maço 1, Habilitações. Índice Geral do Santo
Oílcio. ANTT. ridades civis e religiosas que faziam os outros cronistas ou eles
5. Pouco conseguimos a respeito do tempo em que foi aluno de Coimbra. Os Livros
de Matriculas trazem somente o nome do aluno, do progenitor, o local do nascimento
próprios em suas narrativas.
e 3 assinaturas do aluno em cada ano, assinaturas que não revelam ainda a firmeza
a letra do Giraldo adquiriria mais tarde (Códices 49, p. 120; 50, p. 120; 51 6. Ms. Diligência 11, fls. 1. Sobre o processamento para ser Comissário vide Antônio
p. 115v; 52, p. 111; 53, p. 111. Livros de Matriculas. Arquivo da Univ. de Coimbra)’ Baião, O Arquivo da Torre do Tombo, p. 66s.
Livro dos exames da Faculdade de Cânones traz o registro do seu bacharelado: 7. Raimundo Trindade, Arquidiocese de Mariana, I vol., p. 596.
Exame de Sacharei de Giraldo José de Abranches: A 1 de junho de 1737 fez o seu 8 Alguns testemunhos, inclusive o procurador que deixou para tanto quando partiu
íCVi. t a Pfllvtleira pedra Giraldo José de Abranches, em que foi seu Padrinho para o Brasil, mencionavam a pensão de 30$000 réis anuais da Igreja de Navogilde,
“ íf' Teixeira Pinto e lida a sua lição de ponto lhe argumentaram os doutores Comarca de Penafiel do bispado do Porto, que devia receber na altura (1747) que
rvHf^«.ÍS^Í.reS 6 fCl? por todos aprovado neminidiscrepante e logo fez o juramento da requereu para ser Comissário. ^ _
r?»ebeu, ° grau„ do Padrinho que lhe deu autoridade apostólica de que 9. Em carta datada de Santos em 2 de setembro (?) de 1746, o bispo D. Bernardo,
cnrapvoí!?icí^ 4
S*ii/rMan0el , ? ra? * nJ° e Dionísio Berriardes de que se fez este registro que tomando em consideração as boas informações que tinha sobre as letras e virtudes,
eu Francisco Marques de Andrade e só o escrevi’*. (Cf códices 67 e 72 __ Tivrnc h™, nomeava o Pe. Giraldo Vigário-Geral e Juiz das Justificações e "diligências" daquele
Exames (1731/1737), p. 33 do Cod. 72. Arquivo da Univ. de Coimbra) bispado (cf. Códice 455, volume 1, fls. 21. Arquivo Nacional do Rio).

42 ;
43
Ligou-se ao seu nome o recolhimento de Santa Tereza, em ser deputado, que lá ele fora um dos primeiros oradores do
S. Paulo, mas não sabemos a que propósito. púlpito. Outro depoimento no mesmo processo diz que Giraldo
Quanto aos cargos que exerceu, recusou-se à "protestação era “ dedistinta Literatura”, o que é confirmado em mais de um
de fé”, isto é, ao juramento que lhe competia perante o bispo depoimento, mostrando que tinha suas veleidades literárias, pois
pela sua nomeação de Arcipreste. Esta sua não-tomada de posse dizia então um depoente que ele praticava “ em matérias Lite­
canónica é atribuída a ter considerado tal, com o Vigário-Geral rárias”, que chegara inclusive a ler. O estranhável é que não se
que então era, uma capitis diminutio, pois realmente o que tenham registrado mostras do seu engenho no Aureo Throno.
pretendia era ser Arcediago. 10 Sobre ele, entretanto, ficou esta alegoria inserta no “ Sermão
Como dissemos, ficou pouco tempo em São Paulo, pois já no segundo dia do Triduo Com que Fe celebrou a Creação, e
no segundo semestre de 1747 assinava documentos com o Vigário- Dedicação Da nova Cathedral de Mariana. . . ” pregado pelo Arci­
Geral o cónego Dr. Manoel de Jesus Pereira o que nos leva a preste Dr. José de Andrade e Moraes que ao referir-se ao Arce­
acreditar na sua saída. diago Giraldo José de Abranches o identifica com o Rubens, o
Chegando a Mariana, foi o Pe. Giraldo provisionado com bíblico filho de Jacó seu primogénito, que deu seu nome a uma
o uso de ordens a 13 de março de 1748, tendo sido Arcediago das doze tribos de Israel, ao afirmar “ O Reverendo Arcediago
e mais tarde Vigário-Geral, cargo este em que foi provisionado he o Ruben bem vifto, com o primogénito no merecimento, e o
a 16 ou 17 de dezembro do mesmo ano. Como Vigário-Geral mais digno de todos: Ruben, id eft, videte filium. Não ha fym-
serviu até 13 de maio de 1752, tendo sido também Juiz dos bolo defta primeira Dignidade da noffa Sé tão natural, com o
Casamentos e Resíduos. Ruben; pois fe efte filho pertence aos olhos: Videte filium, os
Na qualidade de Presidente do Cabido local, a 5 de dezembro olhos do Prelado são os Arcediagos, com o diz o Concilio Triden-
de 1748 deu posse ao primeiro bispo de Mariana, D. Frei Manoel tino: Archidiaconi, qui oculi dicuntur Episcopi. E principalmente
da Cruz, que acabava de chegar e para o qual Giraldo havia efte, que pelos seusrelevantes méritos não fó he o alvo dos olhos
sido recomendado. Pregou também o sermão pelo êxito de sua de todos, mas hedigno de que todos o eftimem, com o as meninas
viagem, em missa celebrada em maio de 1748. dos feus olhos ” . 11
A 28 de novembro, seguindo nestes passos sempre as des­ Mas não demoraria muito para que os prognósticos e as
crições barrocas do “Aureo Throno Episcopal”, deu-se a entrada louvações em torno do Pe. Giraldo fossem desmanchadas pela
solene do bispo de Mariana, que foi assistida pelo Pe. Giraldo, sua conduta nos acontecimentos em que se viu envolvido e
na qualidade de Arcipreste da Sé de São Paulo. que o colocaram na liderança de acirrada campanha contra
Já no dia 30 procedeu o prelado à nomeação dos cónegos o bispo, além de questões que teve também com outros padres
para sua Santa Sé, tendo mandado publicar pela sua Secretaria da diocese.
“ a eleição, que juftamente fizera do M. R. Doutor Geraldo Jofé Com as informações que encontramos a propósito de tais
de Abranches para primeira Dignidade de Arcediago, por ter contendas torna-se difícil ajuizar com precisão a respeito do
moftrado na cadeira de Arciprefte da Cathedral de S. Paulo procedimento que teve, pois percebe-se que os cronistas que
o raro talento, e exemplares virtudes, de que he dotado ” . ’ 1 trataram do assunto agiram sem grande isenção de ânimo, atri­
Teve, com o era natural, parte saliente nas cerimónias de buindo muitas vezes simplesmente a rancores pessoais do padre
recepção ao bispo que se estenderam por vários dias, nos quais contra o bispo, com o no caso, por exemplo, da nomeação pelo
celebrou missas solenes e pregou sermões, acompanhando a bispo do Cónego Amaro Gomes de Oliveira, em 1752, para Pro-
procissão “ reveftido com capa de afperges, com o Bago de S. visor do Bispado, o que desagradou sobremaneira ao Pe. Giraldo
que até então vinha exercendo acumulativamente esse cargo
Excellencia” . Não ficou mostra escrita do seu engenho, como com o de Vigário-Geral.
ficou das demais dignidades eclesiásticas que tiveram a ventura
de compor ou escrever em louvor do bispo que acabara de No entanto, conhecemos uma Ata d o Cabido de Mariana
datada de 9 de outubro de 1752, um dia depois de graves ocor­
chegar e que o delírio barroco do Aureo Throno reproduz em
rências no processo de desinteligência do cabido com o prelado,
profusão. O Ouvidor Francisco Angelo Leitão que o conheceu
que mostra as acusações dos cónegos ciosos das suas prerro­
em Minas afirmou, ao depor no processo em que requereu para
gativas feridas pelos atos do bispo, contra o qual moviam recurso.
10. Paulo F. Silveira Camargo, A igreja na história de São Paulo, p. 33.
11. Afonso Avila, Resíduos seiscentistas em Minas, 2» vol., p. 52. 12. Idem, ibidem, p. 223 e 224.

44 45
O desentendimento de maior repercussão girou em torno ras diligências que lhe tinham sido cometidas. Tinha então 49
da devoção ao Sagrado Coração de Jesus, culto relativamente anos de idade. __
novo na ocasião e que o bispo resolvera introduzir na diocese Invoca ainda o atendimento em que sempre se pautara em
Nao concordando com essa devoção, o Vigário-Geral liderou o relação ao que prescrevia o Regimento inquisitorial no que dizia
cabido num movimento contrário, tendo chegado subversiva­ respeito ao cargo de Comissário. O cargo de deputado era con­
mente a esconder a imagem do Sagrado Coração de Jesus que siderado uma espécie de noviciado na Inquisição.
tinha sido mandada colocar no altar pelo bispo e que, segundo Para o cargo de Deputado, que ora pleiteava, as disposições
o Pe. Giraldo, era “horrenda”. A imagem fo i parar num quarto regimentais previam que os candidatos deviam atender a todos
de despejos da Sé Catedral, tendo entretanto o bispo mandado os requisitos necessários também ao cargo de Comissário, alem
fazer nova imagem, para cuja entronização no altar de S. José de terem de ser nobre, clérigo de ordens sacras, devendo ter
da mesma Catedral resolveu promover grandes festividades, das no mínimo 25 anos de idade, serem licenciado por exame pri­
quais no entanto se retiraram acintosamente do coro o Pe. vado em Faculdade de Teologia, Cânones ou Leis, prevendo-se,
Giraldo acompanhado pelos cónegos que lhe eram favoráveis inclusive, que fosse o interessado “ de tão boas partes, e tal Pro­
na campanha que movia contra o prelado, e isto no preciso cedimento, que ao diante possão servir nos cargos de Inquisi­
momento em que o bispo entrava no templo . 11 dores” , o que estava naturalmente nas cogitações do nosso
Esses incidentes se deram a 8 de outubro de 1752, perante Giraldo. _ .
o povo alvoroçado que comparecera à Sé na expectativa do A 29 de julho de 1760 recebia sua petição despacho no
protesto dos cónegos. As ofensas^ ao prelado não ficaram por sentido de que se procedesse à competente diligência a respeito
a,í entretanto, pois numa nova cerimónia que se programou, da capacidade, vida e costumes do interessado.
liderado pelo Pe. Giraldo o cabido iniciou suas funções capitu­ Destas investigações destaca-se o interrogatório de teste­
lares sem a presença do bispo, o que era grave ofensa, tendo munhas que haviam conhecido Giraldo em Minas. Completada
amda se recusado a cantar a missa para o bispo. a diligência, foi habilitado e aprovado para Deputado do Santo
Essas desavenças foram num crescente tal que nessa ocasião Ofício através de Provisão datada de Lisboa em 22 de agosto
o Pe. Giraldo chegou a ser preso por ordem do bispo, conse­ de 1760.” „ ,
guindo no entanto escapar à prisão três dias depois. No mesmo Do período em que serviu com o Deputado em Portugal, naaa
ano, a 13 de maio abandonaria o cargo de Vigário-Geral, tendo sabemos. As informações, nesse sentido, deixam-nos dúvida se
sido no ano seguinte encarregado pelo cabido de ir a Portugal ao sair de Mariana, em 1752, dirigiu-se imediatamente a Portugal,
levar à corte novas queixas contra o bispo. Voltaria entretanto tendo nesse caso servido em Evora ou ainda permaneceu algum
de Portugal para o Norte da colónia, onde o esperavam novas tempo no Brasil, pois entre sua saída de Mariana, em 1752,
e importantes missões, constando que no Norte demoraria cerca e seu aparecimento em Belém do Pará, como Visitador, em 1763,
de dez anos. medeiam 11 anos, durante os quais — ou mais precisamente
em 1760 — conseguiria ser nomeado Deputado da Inquisição.
Conservou até sua m orte a dignidade de Arcediago de Ma- O certo é que chegou a Belém, então já como Visitador,
riana recebendo suas côngruas por ela, tendo posteriormente
em 1763, quando contava 52 anos de idade. Dá-nos a entender
se reconciliado com Dom Frei Manoel da Cruz, pois em 1756
que ali chegou em viagem feita do Reino com a comissão de
escreveu ao bispo discorrendo sobre seus trabalhos e doenças visitar “ Os EstadosdoPara, Maranhaõ, Ryo negro, Emais terras
bem com o seus incidentes em Minas, tendo o bispo em resposta
perdoado ao Pe. Giraldo desde que este tinha agido com mais adjacentes” . . ..
decencia que o cabido. O cargo de Visitador estava entre os mais altos da hierarquia
do Santo Ofício. No Livro I do Regimento, ao tratar dos “Minis­
Foi em 1760, então residindo em Lisboa, que requereu para tros e oficiais do Santo Ofício, e das coisas que nele há de
ser Deputado do Santo Ofício, na Inquisição de. Lisboa ou haver”, o título IV fala dos VISITADORES, cargo para o qual
Coimbra, alegando para tanto que “há 15 anos” (sic!) fora habi­ se escolhia um Inquisidor ou Deputado que fosse “pessoa de
litado para Comissário do Santo Ofício, tendo nesse cargo, tanto conhecidas letras, & de tanta authoridade, que com ella possa
em S. Paulo quanto em Minas, no Brasil, em cujo bispado crecentar a estimação de seu cargo” , preferindo-se os doutorados
servira, cumprido com integral zelo e fielmente todas as inúme-13 em direito.
13. Raimundo Trindade, Arquidiocese de Mariana, I vol., p. 144S. 14. Ms. Diligência 16. Habilitações. índice Geral do Santo Ofício. ANTT.

46 47
Para o exercício de suas altas funções em locais que muitas envolvidas pelas denunciações ou que compareceram, esponta­
vezes desconhecia, como é o caso do Pará, levava as provisões neamente ou não, para as confissões perante o Visitador, viaja­
e ordens necessárias, bem com o as cartas de S. Majestade para ram de seus lugares de morada para prestar seu depoimento
os bispos, julgadores e oficiais das Câmaras dos lugares que em Belém.
iam ser visitados. Chegando ao Pará o Pe. Giraldo escreve uma carta a Fran­
Por sua vez, a personagem de tão alto coturno, previa ainda cisco Xavier de Mendonça Furtado, datada de 21 de novembro
o Regimento a recepção que se lhe devia dispensar. Assim, as de 1763, graças à qual temos algumas poucas informações sobre
autoridades locais movimentar-se-iam para receber o Visitador, sua viagem e chegada, antes de ser solenemente instalada a
ainda fora da cidade, que ia ser objeto da Visitação, edificando-o Visitação.
com “ os gazalhados, mantimentos, & mais cousas necessárias, Queixa-se, com o aliás era seu hábito, inicialmente das “ con­
assi a elle, como às pessoas, que o acompanharem, & às que tínuas e importunas moléstias”, apesar do que tinha feito boa
ha de leuar consigo, que seraõ hu Notário, hu Meryrinho cõ dous viagem, tendo chegado em princípios de setembro de 1763,
homes, & hum solicitador ” . 151
6 gastando após sua nomeação dois meses, naturalmente nos pre­
Deveria começar a visita pela cidade onde residisse o bispo, parativos de viagem e da missão que ia desempenhar. Logo a
que como as demais autoridades deviam ser avisados com a seguir tomou posse do Governo do Pará D. Fernando Teive,
necessária antecedência que lhes permitisse preparar condigna­ que fora nomeado a 15 de junho de 1763.
mente a recepção e os aposentos do Visitador e seu séquito. Confessa-se, a seguir, extremamente grato a esse Governador
Realmente, assim se deu com a Visitação do Pará, pois a — D. Fernando da Costa de Ataíde Teive — que o cumulara
21 de junho de 1763, em carta escrita no Palácio da Ajuda por de gentilezas, já quando estava no mar, a que se seguiram as
Francisco Xavier de Mendonça Furtado, Ex-Governador do Es­ atenções de terra. Considerava venturoso aquele povo por ter
tado do Grão-Pará e na ocasião desta carta Secretário da Ma­ aquele governador. O restante da missiva é destinado à descrição
rinha e dos Negócios Ultramarinos, dirigida ao Bispo do Pará, das cerimónias de instalação da Visita do Santo Ofício, durante
comunicava a autoridade metropolitana ao prelado que El-Rei as quais não pôde deixar de haver um quiproquó entre o Visi­
resolvera, ouvido o Conselho Geral do Santo Ofício, enviar tador e o Governador por mera questão protocolar, da qual
àquele Estado como Visitador e Inquisidor Apostólico da Inqui­ aborrecido e pressuroso o Pe. Giraldo não quis deixar de dar
sição de Evora Giraldo José de Abranches, que para tanto já contas ao Ministro Francisco Xavier de Mendonça Furtado. ”
se achava nomeado pelo mesmo Conselho Geral, nomeação Segundo as praxes inquisitoriais, o Visitador chegava com
datada de 21-6-1763, devendo nesse sentido o bispo providenciar os amplos poderes de inquirir "Contra todas Equaisquer pessoas,
toda ajuda requerida pelo Visitador, ao mesmo tempo em que, aSim homens Como mulheres, vivas ou defuntas prezentes ou
escrevendo ao Ouvidor do Pará, na mesma data, ordenava que auzentes e dequalquer Estado Condiçaõ prerogativa, preeminên­
essa autoridade mandasse que as Câmaras das Vilas, objeto cia e dignidade que sejaõ”, compreendidas naturalmente dentro
da Visitação, viessem receber o Visitador fora das vilas, dando- da área territorial da Visitação.
lhe os aposentos necessários, bem com o também aos oficiais As averiguações que procedia a Visitação diziam respeito a
que levasse em sua companhia. Cartas com ordens de idêntico todas as faltas que “pertencessem ao Santo Ofício”, i. e., que
teor foram expedidas para outras autoridades do Pará, com o constituíssem matéria para ser julgada pela Inquisição e espe-
o Juiz de Fora e outros mais. ’* cificamente nos casos de heresia, apostasia e pecado nefando,
Pelo que conseguimos apurar, quer-nos parecer que o Visi­ seguindo-se para tanto as Bulas e Breves concedidos ao Santo
tador permaneceu na cidade de Belém, não se internando pela Ofício.
capitania durante o tempo que exerceu o cargo de Visitador Mais ainda, a competência do Inquisidor Visitador se es­
do Norte da colónia. tendia desde a inquirição, a tomada das denúncias e confissões,
Dessa maneira as recepções de que foi alvo limitaram-se como a prisão e sentenciação dos envolvidos.
à capital do Estado, sendo que p or isso mesmo as pessoas Chegado ao Pará e apresentando-se com os documentos que
o credenciavam a tanto, no qual se incluíam cartas régias, natu­
15. Códice Regimento do Santo Oficio da Inquisição dos Reinos de Portugal. Livro X,
titulo IV — “Dos Visitadores” (p. 27s), Legislação de Trigoso, 7* vol. (1640 e 1641),
ralmente às autoridades, o Visitador deve ter providenciado as
Academia das Ciências de Lisboa.
16. Códice 669 (1760/1763), Ms. de fls. 172, 176 e 178. Correspondência da Metrópole 17. Ms. de 21 de novembro de 1763. Pará. Papéis avulsos n&o catalogados. Caixa 25.
com os governadores. Arq. Pub. Pará. Arq. Hist. Ult.

48 49
Provisões de nomeação dos seus auxiliares mais diretos, bem A indicação do Meirinho recaiu sobre Sebastião Vieira dos
com o os respectivos juramentos dos interessados, expedientes Santos, português de origem e que também residia no Pará,
esses que ocorreram durante o mês de setembro.
tendo prestado juramento do cargo a 19-9-1763. ”
Ficou o Visitador aposentado no Hospício de São Boaven- Feitas essas indicações e uma vez juramentados os auxilia­
tura, onde aliás se deram os atos de juramentos desses funcio­ res, já estava o Visitador em condições de apresentar-se ao
nários que assumiam com as mãos sobre o Evangelho o solene Bispo Diocesano e ao Senado da Câmara de Belém, conforme
compromisso de servir à Visitação dentro do mais severo “ Se­ o Regimento, o que se deu no dia 20 de setembro em relação
gredo EVerdade SemOdio, nem afeiçaõ algua aspartes” . 14 ao prelado e três dias depois no Senado da Câmara. O ritual
Por Comissão datada de Lisboa em 21-6-1763 era concedido no Palácio Episcopal constou da apresentação das Comissões
a Giraldo a eleição de um religioso que atendesse a todos os que uma vez lidas pelo bispo Frei João, foram por este beijadas
requisitos necessários ao cargo de Notário da Visitação, fa­ e postas “ sobre acabeça” , momento em que o prelado disse
culdade essa que se estendia também à indicação dos demais estar pronto a prestar toda a ajuda necessária ao Inquisidor.
funcionários que o acompanhariam, isto é, um Solicitador, um A solenidade na Câmara contou com a presença do Juiz de
Meirinho e dois homens da Vara para atender a todas as incum­ Fora e Presidente da edilidade Dr. João Feijó de Melo e Albu­
bências da Visita. querque, do Vereador mais velho, de outros Vereadores, do
Não sabemos quanto arbitrou a Junta da Fazenda com o Procurador da Câmara Francisco Pereira de Abreu e do Escrivão
vencimentos desses funcionários, o que entretanto só foi con­ José de Mesquita de Bastos. Apresentadas as Comissões, o Juiz
firmado por El-Rei em 1765, conforme carta que nesse sentido de Fora as leu e beijou pondo-as sobre a cabeça, momento em
Francisco Xavier de Mendonça Furtado dirigiu em 27 de junho que afirmava, em nome do Senado da Câmara, que esta estava
desse ano ao Governador do Pará, sobre os ordenados do Notá­ pronta e aparelhada para atender às necessidades do Santo Ofício
rio, Meirinho, Solicitador e Homens de Vara que serviam ao em aquela Visitação.
Visitador.
Para Notário foi provido o Padre Ignácio José Pastana, pres­
bítero secular, paraense de nascimento e que na ocasião da A 25 de setembro já era feito o competente Auto da publi­
Visita residia em Belém .” cação dos Éditos de Fé e da Graça, que sua Majestade concedia,
perdoando a confiscação dos bens a todos aqueles que confes­
18. O Hospício de São Boaventura ficava junto à praia e ribeira, onde o Governador sassem suas culpas pertencentes ao Santo Ofício dentro do res-
Bernardo de Melo e Castro mandara erguer em junho de 1764 estaleiro para fabricação
de naus (Baena, Compêndio, p. 174). pectivo prazo que para tanto era concedido.
19. Pela Diligência 154, Maço 9, do fndice Geral do Santo Ofício, Habilitações,
documento esse conservado no Arquivo Nacional da Torre do Tombo, em Portugal, Nesse dia fez-se solene procissão que saiu da Igreja dos
ficamos sabendo uma série de informações sobre o Notário da Visitação. Religiosos de Nossa Senhora das Mercês, nela desfilando sole­
Tendo requerido em 1776 para ser Comissário do Santo Ofício, o padre Inácio José
Pastana sofreu a natural sindicância que se procedia nesses casos, tendo se constatado nemente o Cabido, o Vigário-Geral, os Párocos, os Coadjutores,
ser ele de boa vida e costumes, tendo servido com todo o zelo à Visitação do Pará,
além do que “Sempre retratou com toda adecencia eaceio porque he abund.te debens” . o clero em geral, as irmandades e confrarias da cidade, a que
Bra filho do capitão Baltazar Alves Pestana e de Mariana Gomes Corrêa, naturais
ele da cidade do Grão-Pará e ela da Vila do Prado, freguesia de S. Mamede, Arcebispado se seguiam o Governador, o Ouvidor Juiz de Fora, a Câmara
de Braga. Era neto paterno de João dos Santos Martins e de Tereza de Landim Salema,
ambos da cidade do Maranhão; e neto materno de Antônio Lourenço e de Ana Gomes
incorporada, além de um regimento e um terço de militares
ferreira, ambos da Vila do Prado já mencionada. Tinha um irmão, Marçal José Pastana. que em marcha levavam suas insígnias e armas, sob as vistas
A diligência que foi feita nas Inquisições de Évora e Coimbra, em Braga e no Pará,
na freguesia de S. Mamede e em outros locais ligados de qualquer maneira à sua vida de grande massa popular.
revelou nunca ter cometido crime de lesa-majestade, bem como ser limpo de sangue
e naçao, como testemunharam 12 pessoas, incluindo autoridades eclesiásticas Debaixo do pálio, por trás das relíquias, ia o Inquisidor,
. Segu n doo Livro de Batizados arquivado na Câmara Eclesiástica do Bispado’ do Pará. que assim era visto por toda a população, nessa altura evidente­
as fls. 122, fora batizado a 26 de agosto de 1717. *
Nesses documentos que eram tomados por escrito e ao final assinados pela testemunha mente em grande expectativa e temor diante da presença dos
conta do aj£
seu? a«tio( f lJoao
T‘ ~64)^ que T"Pereira.
Gomes ácicí estudara gramática e filosofia no Maranhão, ^
por
delegados do Santo Ofício.
A. . S ? * concedida a 28 de dezembro de 1778, apesar de ter sido apurado
possuir Inácio 2 filhos naturais, por nome Baltazar Alves Pestana e Ana Maria Teodosia
m í ííw Sita?™ ® nf scidos em Belém do Pará. Tivera-os com Joana Tereza de Jesus,’ 20. Pelo Regimento de 1640 o Meirinho, que era um oficial leigo, devia saber ler
, tempo em <iue exercia as funções de Tabelião e Escrivão dos ausentes © escrever, bem como sua mulher, se fosse casado, e seus filhos deviam ser limpos de
em Belém, época era que era solteiro e ainda não tinha se ordenado. sangue e ter uma folha corrida limpa. Tinha diversas funções, entre as quais a de
zelar pela ordem e decoro na sala das audiências e demais dependências. As prisões
Correto Dtoto°<ns. ^ Q )litacao Ana Teodosia era casada com o pintor e escultor Jorge e outras diligências ficavam a seu cargo, também o seqliestro de bens, e outras várias
funções, principalmente nos lugares sede das Inquisições.
50 51
A procissão recolheu-se na Igreja Catedral, onde outras ordem. Tudo foi feito sob as vistas dos Meirinhos, do Sacristão-
cerimónias se seguiram com o a missa solene cantada, durante Mor da Catedral e do Pe. André Pinheiro e do povo que ali se
a qual o Inquisidor permaneceu sentado em uma cadeira de acotovelava. Decorridos os trinta dias, a 2 de novembro de 1763,
espaldar sobre alcatifa, e com almofada de veludo aos pés, con­ foram despregados do guardavento da Catedral os referidos
forme previa o Regimento, isto do lado da Epístola, enquanto documentos (Edito de Graça e Perdão, Edito de Fé e Monitório
em sua cadeira ficava o bispo da parte do Evangelho, com Geral, e o Traslado do Alvará).
diácono e subdiácono. Depois do Evangelho pregou o sermão Estava, assim, a Visitação em condições de começar a ouvir
da Fé o padre mestre Frei Pedro Mendes, religioso de Nossa e inquirir todos os moradores da cidade de Belém e seu termo
Senhora das Mercês, que exortou os fiéis a confessar suas que tivessem culpas a confessar ou denunciar as que soubes­
heresias e apostasias para delas pedirem perdão e misericórdia, sem, desde naturalmente que essas culpas se dirigissem contra
ao mesmo tempo ameaçou com os castigos os faltosos, os omis­ “aNossa SantaFe Catholica, e Lei Evangélica” .
sos nas denúncias, os perjuros, etc., sempre conforme o Regi­ A população não esperara entretanto a decorrência dos 30
mento que foi cumprido à risca nessa solenidade. Foi a seguir dias de prazo, pois já a 26 de setembro apresentava-se no Hos­
lido em voz alta o Edito da Fé e Monitório Geral, bem com o pício de São Boaventura, perante a Mesa da Visitação, que ali
o Edito da Graça e Perdão. Este último previa que toda pessoa se instalara, o cristão-velho Manoel de Oliveira Pantoja que
que dentro do prazo de 30 dias ( “ tempo da graça” ) apresen­ iniciaria a série de depoimentos, confissões e denunciações que
tasse suas culpas, com sinais de verdadeiro arrependimento, ao se seguiriam, ao que tudo indica, até outubro de 1769, quando
Santo Ofício, bem como também aos que acusados provassem aos seis dias temos a última denunciação feita àquela Visitação,
ser inocentes dos crimes que pertenciam à Inquisição, fossem conforme o livro respectivo da Visita, cujo termo de abertura
perdoados, conforme a Constituição do Santo Padre Pio Quinto. foi feito a 10 de setembro de 1763, com o anteriormente lem­
bramos.
Acabada a leitura e após a missa, o Inquisidor passou para Uma Visitação que durou mais de 6 anos deve ter natural­
outra cadeira no Cruzeiro, junto da qual estava um altar portátil mente mantido durante esse tempo todo a capitania em transe,
com uma cruz arvorada no meio e dois livros missais abertos não apenas pela ameaça mediata e visível da presença da mesa
na Sacra. Com as mãos sobre esses livros e de joelhos presta­ inquisitorial, mas pelo alarde que dela se fez oficialmente, pelos
ram então solene juramento de fé, na forma do Regimento, o boatos que normalmente se seguiram antes, durante e depois
Governador e Capitão-Geral, o Ouvidor Juiz de Fora, os Verea­ da Visitação, pelo que diziam, desdiziam ou não diziam os que
dores, o Procurador do Conselho, os Almocéis, o Escrivão da compareceram perante ela, convocados ou se apresentando es­
Câmara, os Meirinhos do Eclesiástico e da Ouvidoria e o Alcaide. pontaneamente, aumentando nos demais, em expectativa, os
Esse juramento consistia na afirmação de que estavam receios facilmente compreensíveis que chegavam a alterar os
prontos e aparelhados para defender a Santa Fé Católica Romana comportamentos, a tecer as intrigas, a fazer e desfazer amizades,
e dar a vida por ela se necessário fosse, ao que se seguia a colocando geralmente sob tensão a sociedade e os grupos sociais.
assinatura dos termos do juramento. Os critérios de apuração de responsabilidades, de autorias
De tudo se lavrou termo, posto no Auto respectivo. Também e compromissos por palavras, gestos e obras e mesmo por
o povo prestou seu juramento a seguir, tendo para tanto o pensamento, davam em resultado a incerteza, o alvoroço em
Notário se colocado abaixo do Cruzeiro e em voz alta lido o que ficava mergulhada a população, pois ninguém podia estar
juramento para o povo, após o que perguntou se o juravam certo de que não receberia em sua casa uma intimação para
e prometiam, tendo todos respondido que sim. Em nome de todo depor, denunciando, confessando, confirmando, negando ou sim­
plesmente mostrando ignorância de faltas suas ou alheias. Na
o povo assinaram o termo de juramento o Sargento-Mor Antônio
dúvida de uma perfídia suspeitada, muitas vezes a tática era
Roiz Martins, o Almoxarife Bento de Figueiredo Tenreiro, Do­
tomar a iniciativa de ofender o desafeto através da denúncia,
mingos Pereira Lima, Matias da Silva Gayo e o Capitão-Mor correndo naturalmente os riscos da recíproca.
João de Almeida da Mata. Um Te-Deum rematou essas funções. Assim se caracterizava o clima das Visitações, a que o Pará
Procedeu a seguir o Notário à fixação, nas portas principais não deve ter naturalmente escapado. Em tese não havia cargo,
do templo, dos éditos e alvará que ali ficariam pelo espaço de função, posição, atitude, prosápia que fossem poupados pelo
30 dias, sob pena de excomunhão para quem os tirasse sem Santo Ofício. A capa do sigilo se prestava para acobertar toda
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a sorte de abusos, de vinditas, de profanações e mesmo da con­ dividir suas atenções por isso mesmo com os negócios ecle­
testação dos humildes contra os poderosos, dos escravos contra siásticos.
os senhores, dos empregados contra os patrões, do vizinho con­
tra o vizinho.
O quarto bispo do Pará Dom Frei João de São José e Queirós
Mas é claro que m esmo nestes casos em que o espezinhado foi nomeado em substituição a Dom Frei Miguel de Bulhões
via chegada a sua hora e a sua vez de denúncia da opressão e Sousa que havia resignado à Diocese . 21
moral ou física que pudesse ter resvalado nos dogmas da fé,
era muito arriscado o processo que lhe dava essa oportunidade, Chegou D. João ao Pará tendo ficado alojado no antigo
pois a máquina estatal das influências e amizades não deixava colégio dos jesuítas, então desocupado, pois o Governador e
também de funcionar e isto em favor dos que detinham o Capitão-General Manoel Bernardo de Melo e Castro havia, pelo
poder. Destarte, pela condição social e económica dos que são aviso expedido com a Lei de 3 de setembro de 1759, remetido
implicados na Visitação, é evidente a despropprção entre os os jesuítas presos para Lisboa, tendo então o colégio em questão
poderosos e os sem poder. Do extenso rol de implicados, nota­ sido destinado à morada dos Bispos (Carta Régia de 10 de abril
mos apenas um senhor de engenho, com o pessoa detentora de de 1760), enquanto que sua parte mais baixa ficaria reservada
um certo “ status”, fora os religiosos, alguns lavradores de certo para o Seminário Episcopal (Carta Régia de 11 de julho de 1761).
cabedal, poucos militares e funcionários públicos de maior gra­ Durante o governo da diocese fez viagens pelo interior cons­
duação, os demais são todos pessoas das camadas populares, tatando a miséria que ia pelos povoados, tendo num deles dei­
gente trabalhadora, quase sempre vivendo do seu ofício, poucos xado interessante descrição da pororoca. Passa por ter sido ele
são proprietários, muitos vivem na roça, outros na cidade. quem introduziu o uso, entre as mulheres, de um lenço branco
Estendendo-se a verificação para as testemunhas, a situação nos om bros ou no pescoço, para cobrir o decote em certos movi­
é a mesma. mentos, o que nos dá uma idéia dos costumes femininos e do
Toda a cidade, num sentido mais imediato, pois a Visitação zelo do bispo . 22 Fez crítica acerba aos costumes da sociedade
abrangia área muito maior do que ela, pelo conhecimento público paraense, não poupando os padres beberrões e prostituídos com
que tomava dos editais fixados nos lugares mais visíveis e de os quais cruzava quando de seus passeios numa velha cadeirinha
maior afluência devia se sentir direta ou indiretamente atingida que usava. Com isso fez muitos inimigos, não sendo poucas as
pelo Santo Ofício, que bem ou mal concitava as consciências queixas que iam para o Reino a seu respeito.
para um exame, trazendo o remorso ou o temor numa evidente Por questões não devidamente apuradas, entre as quais es­
confusão de sentimentos. taria as da obra da Sé Catedral, sustada por sua ordem e que
Exposto este quadro, torna-se necessário contudo entender ficara paralisada de 1761 a 1766, logo no início do seu governo,
também que a fantasmagoria inquisitorial, apesar de toda a sua contrariando assim ordens régias, foi chamado à corte, para
força de persuasão, não chegava a aliciar os ânimos ou atemo­ onde embarcou a 25 de novembro de 1763.
rizar as consciências ao ponto de amansar ou amoldar o rebanho Posteriormente, nas Memórias que deixou, faz o bispo alusão
segundo os estritos e severos ditames eclesiásticos. Os relapsos, à chegada em Belém dos novos governadores do Pará e Mato
os zombadores de todos os tempos, os desafiadores do poder Grosso, respectivamente D. Fernando da Costa de Ataíde Teive
não eram poucos. Os castigos, verifica-se a cada passo, não e D. João Pedro de Câmara que vinham acompanhados de um
escarmentavam o suficiente para desmanchar o atrativo do proi­ Inquisidor e Visitador Apostólico, a quem o bispo, não citando
bido, do sigiloso, do profano, da pravidade, do ilícito enfim. o nome, coloca reticências após a palavra Apostólico. Já devia
Em 29-3-1766, em carta a Francisco Xavier de M. Furtado, quei­ ter caído em desgraça, pois na mesma passagem se queixa que
xava-se o Inquisidor das mazelas morais em que ia o rebanho, apesar de ter ido cortejar os recém-chegados, apenas o Inqui­
apesar de 3 anos já de Visitação! sidor foi visitá-lo. 22 Aliás, o Inquisidor lhe fez duas visitas, uma
Não obstante ser, segundo o Livro da Visitação, o último de cortesia e outra para pedir-lhe a assinatura de um termo.
depoimento, uma denúncia de Frei Manoel Nicolau Roiz, de
outubro de 1769, o Visitador permaneceu p or mais tempo no 21. Tido como inimigo dos jesuítas, ficou bispo aos 48 anos, contra a sua vontade,
segundo Camilo (Cf. Camilo Castelo Branco, Memórias de D. Frei Joao de Sao Jose
Pará. Mesmo durante a Visitação, em Belém do Pará, o Pe. Queirós, Introdução de, p. 3 e 5).
Giraldo teve oportunidade de responder por outros cargos e 22. Camilo, op. cit., p. 39.
23. Frei João de S. José Queirós, Memórias de, p. 35.

54 55
A 24 de novembro o bispo D. João escreveu uma carta ao deter-nos mais, a seguir, em apontar alguns fatos referentes
cabido, comunicando a Ordem Régia que o chamava à Corte . 14 ao seu desempenho com o responsável pelo bispado de 1763 a 1772.
Embarcou para Portugal, junto com o ex-governador, a 25-11-1763. Já vimos que não chegou a ter questões de maior relevância
com as demais autoridades, o que não ocorrera anteriormente
em relação a S. Paulo e Mariana, em Minas, onde tendo que
A 27 de novembro de 1763, portanto dois dias depois da se subordinar a autoridades religiosas, o que diga-se de passa­
partida do bispo, o Governador Fernando da Costa de Ataíde gem não aconteceu com a mesma intensidade no Pará, acabava
Teive dirigia-se à Casa de Colégio dos cónegos portando uma por envolver-se em questões que fizeram, em ambas as vezes,
Carta Régia, pela qual mostrava El-Rei ser do seu especial que se visse constrangido a retirar-se do local.
agrado que o Cabido nomeasse o Padre Dr. Geraldo José de Com o Governador suas relações foram geralmente boas, o
Abranches para reger a Diocese com o Vigário Capitular, o que que não nos impede de verificar, principalmente na correspon­
aliás foi aceito pelo cabido ainda naquele mês. dência oficial, referências às divergências amiúde entre as duas
Enquanto foi o bispado considerado sede vacante consta autoridades, com o também com outras autoridades eclesiásticas
ter o Pe. Giraldo feito bom governo da diocese, não tendo tido, em questões de somenos, com o foi o caso, por exemplo, do
contrariando seu feitio nesse sentido, atritos com o poder civil Vigário-Geral Pedro Barbosa Canaes que recusou dar em 1764,
e vivendo em harmonia com os religiosos, com o cabido, os nos papéis públicos, o tratamento devido ao Inquisidor, dispu­
frades carmelitanos e o Governador. tando ambos jurisdições e competências, o que terminou com
Sua gestão duraria até 1772, quando a 17 de novembro o pedido de demissão do Vigário-Geral, ou ainda as notificações
chegava a Belém o novo bispo D. Frei João Evangelista Pereira, que fazia a outras autoridades judiciárias e administrativas que
quinto bispo do Pará, nomeado por D. José I para aquele cargo nem sempre as atendiam, ciosas também de suas prerrogativas.
em 23 de agosto de 1770, o que foi confirmado pela Bula de Assim, escrevendo em 22 de abril de 1765 a Francisco de
17 de junho de 1771, e que chegava ao Pará em companhia do Mendonça Furtado, diz o Governador que o Pe. Giraldo estava
novo governador João Pereira Caídas. dificultando a celebração de casamentos, com evidentes danos
Durante o período que medeia entre a nomeação do bispo para o Estado, o que não obstante não o fazia deixar de reco­
e sua posse arrastou-se no cabido de Belém uma questão sobre nhecer ser o Pe. Giraldo destituído de ambições. ”
se devia ou não, em nome do bispo, tomar posse do cargo por No mais, o governo diocesano transcorreu sem aconteci­
procuração o Pe. Giraldo que para tanto fora especialmente mentos excepcionais. Uma crónica rotineira: carência de sacer­
designado pelo bispo. Escrúpulos de ambas as partes, i. e., do dotes, que afligia não só a capitania do Pará, com o a obrigava
Vigário Geral e do colegiado de cónegos acabaram por obstar ainda ao envio de sacerdotes a Mato Grosso, quando não reli­
essa posse, apesar dos pareceres favoráveis de autoridades civis giosos prevaricadores envolvidos com mulheres ou contrabando
e religiosas que opinaram sobre a questão. ** ou ainda sacerdotes sacrílegos, com o aquele vigário de Vila Vis­
Verifica-se, destarte, que durante todo o tempo em que durou tosa, o que exigia sua remoção ou penalidades mais severas;
a Visitação, o Inquisidor acumulou essas suas funções com as envio de diáconos para ordenar-se no Reino, mais de uma ques­
de Vigário Capitular, o que sem dúvida deve ter facilitado o tão com a Provedoria da Santa Casa de Misericórdia que, em
seu desempenho como delegado do Santo Ofício, muito embora, 1765, desrespeitando as ordens que havia a respeito, saiu em
por outro lado, o acúmulo de trabalhos com o acrescentamento horas proibidas à noite com as procissões de quinta e sexta-feira
dos assuntos diocesanos é possível que onerassem bastante o santas, provocando natural escândalo com esse procedimento,
Pe. Giraldo, tomando-lhe o tempo ao mesmo tempo que lhe no que foram repreendidos por El-Rei, pois após se recolherem
davam instrumentos, auxiliares e informações úteis às suas essas procissões, davam-se muitos abusos nas igrejas entre
funções inquisitoriais, às quais, com o já vimos, deviam se cur­ homens e mulheres, o que o Inquisidor tentou evitar marcando
var entretanto todas as demais autoridades. a procissão para sair às 16,30 h e proibindo a mistura de ho­
Como complemento à compreensão da atuação do Inquisi­ mens e mulheres, no que aliás foi desobedecido.
dor à frente da Visitação, subsidiando assim a visão que se Zeloso com o rebanho, o Pe. Giraldo expediu pastorais de
queira ter do tempo em que ele permaneceu no Pará, vamos2 5
4 exaltação à fé, concitando-os a bem proceder, a "Crer também
24. Camilo, op. cit., p. 35. 26. Ms. Códice 99, vol. I, fls. 25, Governadores da capitania do Pará. Correspondência
25. Antônio Rodrigues de Almeida Pinto, O Bispado do Pará, p. 68 e 69, 80 a 82, 86 a 88. com a corte. Arq. Nac. Rio.

56 57
que os Contra/ctos fraudulentos, as uzuras os Latrocínios os mais idóneos, sem aceitar qualquer intervenção estranha nessas
Jogos Ilícitos as/Murmuraçoens as faltas de restituição dafa- indicações, que eram prerrogativas de El-Rei como Grão-Mestre
zenda do proximo, daSua honrra, edoSeu Credito, asdemandas da Ordem de Cristo, e dos prelados ordinários que eram seus
injustas, os O dios/os dezejos das Vinganças, as Communicaçoens delegados. Portanto, esses poderes foram concedidos excepcio-
torpes osprocedi/m entos esCandalozos as blasfémias as ebrie­ nalmente ao Pe. Abranches, a fim de evitar-se qualquer dilação
dades os m áos/ Osmaos Exemplos dosPais para osfilhos, dos em resolver-se o assunto . 30
Amos para os Cri/ados, edos Senhores para os Servos, os totais Em carta de 9 de fevereiro de 1768, endereçada ao Pe.
descuidos em o/instruir na doutrina christã, eCrear noSanto Abranches, Francisco Xavier de Mendonça Furtado recomenda
amor otemor/deDeos, eosmais Vicios finalmente queCondenaõ o tacto necessário para evitar qualquer conflito entre o Poder
Leis/Crer digo que todas estas Couzas daõ Largos Caminhos Temporal e o Espiritual, particularmente na escolha de sacer­
paraa/Eterna perdiçaõ; enaõ deixar deir porestes fatais Ca­ dotes no provimento das igrejas, revelando possivelmente sua
minhos” . " preocupação com os antecedentes conflitos com autoridades em
Termina suas pias recomendações pastorais com a ordem que se envolvera Giraldo.
para realização de uma procissão, da qual todos deveriam parti­ A 15 de julho de 1768 dirigia-se a Francisco Xavier de Men­
cipar. Julgava seus fiéis de maneira negativa, carecendo o bis­ donça Furtado, com quem parecia desfrutar de certa familia­
pado de grandes providências e mesmo repreensões espirituais, ridade, queixando-se das moléstias que o assaltavam ao mesmo
no que se via impedido sob pena de “ concitar contra mim tempo que solicitava a intercessão do Ministro junto a El-Rei
amaior parte dagente, que nelle vive, principalm.*” nesta Cid.* para que fosse encontrado um substituto para ele, a fim de que
aonde sem receyo algum se offende a D.“ ereinaõ livrem.*" os pudesse voltar a Portugal para merecido descanso e tratamento. 31
escândalos: Epor esta razaõ se fas bem necessária a Visita” . ’* Não seria, entretanto, atendido de pronto. Em 1769 continua
Como se vê, não olha Belém como um paraíso, apontando a às voltas com os negócios do bispado mais os da Visitação.
necessidade da Visita que ora se fazia. Assim, a 5 de abril autorizava o Governador Fernando Teive
Mantém assídua correspondência com o Ministro Francisco que fosse criado, a pedido do Vigário Capitular, o Curso de
Xavier de Mendonça Furtado, levando notícias não só adminis­ Filosofia, a fim de que fossem atendidos alguns estudantes
trativas com o de caráter pessoal, queixando-se de seus achaques. candidatos àquele curso e que se mostravam suficientemente
Reitera à autoridade metropolitana sempre a confiança que lhe hábeis para tanto, segundo dizia o Inquisidor. Para Mestre e
tinha El-Rei e quando julga necessário recomenda que o Pe. Lente de Portaria do referido curso era designado o Pe. Antônio
Giraldo consulte a Mesa de Consciência e Ordens para certas Manoel Furtado de Vasconcelos, então pároco em Vila Viçosa de
questões. Santa Cruz do Cametá e o único mestre em condições de assumir
O interesse do Ministro girava em torno de uma variedade a reponsabilidade daquela Cadeira. 33
de assuntos coloniais, com o as epidemias de sarampo e bexiga
entre os índios, ou o seu descimento, pois agora não mais Estendendo-se a diocese a uma área geográfica muito grande
fugiam dos maus tratos dos jesuítas. é mais do que provável que o Vigário Capitular tivesse que
Outras notícias suas vamos ter no correr de 1768; continuava tratar de questões oriundas de fora de Belém. Sobre isso, no
então com as funções de Governador e Vigário Capitular e In­ entanto, pouco sabemos, apenas algumas referências à sua ação
quisidor, conform e os documentos da época. Residia nessa altura diocesana, mas sempre resolvidas em Belém. Assim, é que a seu
no Colégio de Santo Alexandre, onde a 25 de junho daquele ano mando vêm de Barcelos, capital da capitania do Rio Negro
confirmava o Cónego Antônio Rodrigues Pereira como Arcipres­ (Amazonas), em fevereiro de 1766, os Padres Nazário de Novaes
te da Igreja Catedral de Belém. ” e Campos, Jerônimo Ferreira Barreto e Vicente Ferreira da
Havia igrejas necessitando de provimento, e nesse sentido Silva que, acusados de dissoluções, escândalos diversos e delitos
El-Rei ordenou ao Pe. Abranches que, de comum acordo com graves, foram presos, processados e condenados . 33
o Governador, procurasse eleger para esses cargos os sacerdotes 29
8
30. Códice 671 (1768-1773), Reinado de D. José I. Correspondência da metrópole com
os Governadores. Ms. de íls. 43. Arq. Púb. Pará.
27. Códice CXXX, p. 8, Arquivo Distrital de Évora. 31. Códice 342 do Conselho Ultramarino, fls. 12. Arq. Hist. Ult.
2-6 32. Códice 59 (1765-1771). Reinado de D. José I. Ms. 275, íls. 87. Correspondência dos
28. Ms. de 29-3-1766, papéis avulsos não catalogados. Caixa 28, Arq. Hist. Governadores com diversos, Arq. Púb. Pará.
29. Ms. (1768) Arquivo do Arcebispado do Pará 33. Ms. 11, Códice 73. Correspondência de diversos com o Governo. Arq. Púb. Pará.

58 59
Aliás, as informações copiosas que nesse sentido se recolhem no Palácio, dos magistrados, “pessoas graves” e dos eclesiásticos,
nos dão impressão não muito favorável do governo religioso para que sob a presidência do Governador tomassem conheci­
como do clero em geral. A ignorância e arbitrariedade dos supe­ mento e decidissem sobre o caso. *“
riores religiosos obrigam El-Rei a enviar em 1768 a Dedução Cro­ Entretanto, o fato não se resolveria facilmente. Em 31 de
nológica e Analítica, pela qual se estabelecia com precisão a julho de 1772 o Governador realizou a referida reunião em seu
jurisdição espiritual e as boas normas do Direito Canónico, a palácio, na qual o Arcediago relatou a irregularidade que a seu
fim de evitar que continuassem sendo perpetradas arbitrarieda­ ver impedia a posse, ao que o Ouvidor-Geral José Feijó de Melo
des, como a pena de excomunhão para pecados que não chega­ e Albuquerque respondeu que não via impedimento na simples
vam nem a ser veniais. . . falta da Carta Régia, pois a indicação do Prelado partira do
Mas as mazelas não atingiam apenas os escalões superiores Rei, e naturalmente era de se supor que este tivesse conheci­
do clero, pois são freqUentes as prevaricações dos sacerdotes mento inclusive da procuração que o bispo dera ao Vigário Capi­
e o seu relaxamento de costumes, etc. tular para a sua posse, além do que usou outros argumentos
De sua vida privada pouco sabemos. Uma ou outra carta favoráveis, mostrando que estava conform e às Bulas que dis­
a superiores e amigos da metrópole nos dão conta de suas me­ ciplinavam o assunto. O Juiz de Fora Francisco Xavier de Sam­
suras e gentilezas, com que nunca se descuidava em relação paio alegou por sua vez que a recusa à posse iria ofender o
àqueles que estavam melhor situados do que ele. monarca, acabando a assembléia por deliberar que se desse posse,
Curiosa missiva é a que escreve em 15 de agosto de 1764 devendo o Cabido conceder os mesmos poderes ao Inquisidor
a D. Nuno Alvares Pereira de Melo, ao encaminhar vários ani­ Giraldo Abranches. Reunido a 3 de agosto, o Cabido resolveu
mais com que presenteava àquele personagem. Recomenda espe­ também pela posse, desde que o Inquisidor a tomasse pessoal­
cialmente um papagaio amarelo pequeno e de cabeça grande e mente, pois se a sub-rogasse a outra pessoa, lhe seria negada. 30
cauda comprida que pelas suas habilidades e tratamento diver­ # Porém alguns membros do Cabido mudaram de parecer
tido que dava aos outros animais seria excelente companheiro e o próprio Vigário Capitular não quis tomar posse sem a com­
para o seu destinatário! 34 petente ordem real, aguardando-se então a chegada do bispo ao
Pará, o que se daria a 17 de novembro de 1772, quando com
o prelado ali chegou também o novo governador João Pereira
Responderia o Inquisidor, com o dissemos, pelo governo do Caídas.
bispado, enquanto sede vacante, até a posse do seu quinto bispo,
D. Frei João Evangelista Pereira. Nomeado por D. José I a 23
de agosto de 1770, foi confirmado pela Bula de 17 de junho de
1771, tendo mandado procuração e provisão ao Pe. Abranches para
tomar posse em seu lugar e governar o bispado com o Vigário-
Geral e Provisor até a chegada do Bispo. Ao apresentar os
documentos ao Cabido de Belém em julho de 1772, colocou em
questão o fato de não haver nos documentos a competente aqui­
escência real (Carta Régia). Moveu-se dos mesmos escrúpulos
o Arcediago da Catedral, Padre Manuel das Neves, pois real­
mente faltava, entre os documentos apresentados pelo Pe. Giraldo
para tomar posse em lugar do prelado, a Carta Régia que sempre
acompanhava casos com o esse. Também criaram-se dúvidas a
respeito das diversas côngruas que receberia e que somavam:
a de arcediago da Sé de Mariana, que com o vimos não deixara,
a de Vigário-Geral, mais o ordenado de Inquisidor.
Diante da objeção levantada resolveu o Arcediago recorrer 35. Antônio Rodrigues de Almeida Pinto, O Bispado do Pará, p. 82s.
36. Códice 591 (1769-1772). Reinado de D. José I. Correspondência dos Governadores
ao Governador, solicitando deste a convocação de uma reunião, com diversos. Ms. de fls. 73. Arq. Púb. Pará, Códice 961 (1748-1772). Atas da Junta Arq
Fúb. Pará; Antônio Baena, Compêndio das era s..., p. 186s. Sobre a intervenção do Juiz
de Fora nessa reunião, divergem Almeida Pinto e Baena, registrando o primeiro que
34. Códice CXXVIII/l-lO. Arquivo Distrital de Évora. o Juiz optou pela posse, enquanto Baena afirma que não.

60 61
população do Norte da colónia que por qualquer motivo se diri­
giu ou foi coagida a comparecer perante o Inquisidor.
Visto no capítulo sobre o Inquisidor com o se processou a
C A P ÍT U L O III solene apresentação e instalação da Visita perante as autoridades
e o povo paraense, trataremos agora do rotineiro processamento
dos trabalhos da Mesa que nesse sentido entrou em funciona­
mento logo no dia seguinte com a apresentação do cristão-velho
A Ética da Inquisição Manoel de Oliveira Pantoja que ali comparecera para confessar
e o Funcionamento suas culpas.
Ficou o Pe. Giraldo José de Abranches hospedado no hos­
dos Ritos Processuais pício de S. Boaventura, onde naturalmente para a sua como­
didade se instalou a Mesa da Visita. Mas ali não permaneceria
“Os Inquisidores podem impunem ente com eter quantas maldades quiserem ; durante todo o tempo da Visita, pois na apresentação do denun­
porque o segredo legal, que tenazmente observam nos seus procedimentos\ ciante capitão Domingos da Silva Pinheiro, a 9 de fevereiro de
os exim e até da censura do público de que não estão livres nem ainda os
maiores potentados da terra/* 1764, se menciona então com o local o Colégio da cidade do Pará,
Hipólito Furtado de Mendonça, “ onde estava aMesa da Visita” .
Narrativa da perseguição de, p. 112.
Embora o texto consultado nos dê a entender que o Visi­
tador não residia no mesmo local, uma vez que até então sem­
pre se menciona que estava “ aposentado” no hospício de São
A Visitação do Pará comportou-se segundo o Regimento do Santo Boaventura, sabemos que realmente ele se mudou para o Colégio
Ofício de 1640, cuja vigência aliás duraria 134 anos, pois só em de Santo Alexandre juntamente com a Mesa. Aliás, é só quando
1774 se promulgaria um outro que seria o último da Inquisição
Portuguesa . 1 da apresentação de Frei João de São José, aos 7 de outubro de
1766, é que o Notário nos vai esclarecer que se tratava do Colégio
Cotejando os textos do Livro da Visitação com os processos
de Santo Alexandre. Nesse local a Mesa ficou até o fim da
em face dos preceitos regimentais, é perfeitamente possível com ­
preender e mesmo reconstituir todo o rito processual da Mesa Visita. *
Inquisitorial do Pará, dentro do qual agiram com o zelo neces­ Pelo tempo de permanência da Visita em Belém — 6 anos —
sário tanto os funcionários do Santo Ofício quanto a parte da o número de confitentes e denunciantes é relativamente pequeno.
Conforme nos revela o Livro de Confissões e Denúncias, compa­
1. A Inquisição portuguesa teve cinco Regimentos: 1552, 1570, 1613, 1640 e 1774. O de receram perante a Mesa exatamente 45 pessoas, sendo que uma
mais longa duração e ao qual se sujeitou a Visitação do Pará, íoi o de 1640. O Regi­
mento de 1552 teve vigência por 18 anos, tendo sido ordenado pelo Cardeal infante delas compareceu por duas vezes. Esses números nos dão a
D. Henrique, a 18 de julho, quando a Inquisição já contava com 16 anos em Portugal.
O Regimento de 1570 foi ordenado pelo mesmo Cardeal, sob o reinado de D. Sebastião,
média de 7,5 pessoas por ano, nesses 6 anos e 10 dias de tra­
tendo vigido por 43 anos. Foi ordenado em 1» de março e confirmado por El-Rei dia balho, o que, convenhamos, é muito pouco, não chegando a dar
15 do mesmo mês. Geralmente esses Regimentos sofriam emendas tendentes a estabelecer
a definitiva autonomia do Santo Ofício em relação ao poder real. conseqtientemente uma audiência p or mês. Não obstante, para
O Regimento de 1613 foi ordenado por D. Pedro de Castilho, Inquisidor Geral. Foi
o primeiro regimento impresso (por Pedro Craesbeeck). Foi aprovado pelo inquisidor em
o dilatado espaço de tempo que durou a Visitação, compreende-
22 de outubro, mas não teve confirmação régia, o que era indispensável. Durou 27 anos se que houvesse decréscimo do número de audiências na medida
O Regimento de 1640 foi mandado ordenar por D. Francisco de Castro, Inquisidor
Geral e Reitor da Universidade de Coimbra. Foi impresso em Lisboa por Manoel da em que o tempo ia passando e a Mesa Inquisitorial permitindo
Silva, aprovado pelo Inquisidor em 22 de outubro, mas com o o anterior sem a confir- uma certa familiaridade por parte da população que passa então
maçao régia. O impresso tem uma elegante portada, aberta em cobre pelo gravador
Agostinho Soares Floriano. e a conhecer melhor e conviver com o Visitador, aliás requisitado,
_ J? Rfgímento de 1774 foi ordenado pelo Cardeal da Cunha, Inquisidor Geral (João
S UnÍÍa) V,,1 o P,reí ? ° . eni Ijs b ? a P°r Miguel Manescal da Costa, com aprovação com o vimos, para o desempenho de outros cargos na comunidade.
s i d ^ ^ it a d ^ ^ o r ^ S ib a l D J° Sé em 14 de mal° de 1774. Passa esse Regimento por ter
, , , Pr<y®tf>u s j' sob P" Maria I, um novo Regimento coordenado por Pasqual José de 2. O Colégio de S. Alexandre foi. a partir de 1760, sede do Seminário de Belém,
então sob a direção dos jesuítas. Com a sua expulsão a 12 de abril de 1760, o Colégio
toçiuisidor rGem}SD ^^rei ^gnám^d^^S^CaefancT1' ~ * P ^ v id o ^ o íoi fechado e o prédio destinado para a residência do novo bispo, sendo que em parte
dele ficaram alojados os seminaristas (Cartas Régias de 10-4-1760 e de 11-7-1761). Seguindo
D e c | r s edXS T a^ ad° B ^ i& v n fT Z as normas regimentais, naturalmente se escolheu uma sala especial para as audiências,
m e / o s ° S ° S aP°ntamentos acima foram tirados da obra de Pereira Caídas, Os regi- com cadeiras de espaldar e todas as demais minúcias previstas que chegavam ao requinte
de dar a altura de 4 dedos ao estrado sobre o qual se colocava o Inquisidor ... Essa
sala não podia permitir que dos recintos contíguos se ouvisse o que nela se tratava.
62
63
Dessa maneira, a presença do Santo Ofício acaba entrando O desconhecimento a respeito do Santo Ofício devia ser
para a rotina da vida paraense, o que nos comprova a recrudes­ grande, não obstante a presença jesuítica até poucos anos antes
cência da tibieza moral e dos abusos contra a autoridade ecle­ e o sacrifício recente do Pe. Gabriel Malagrida e os sofrimentos
siástica, cujas admoestações e ameaças não logravam mais inti­ anteriores do Pe. Antônio Vieira, ambos do convívio do Norte
midar os relapsos chegando a ser essa situação aliás objeto do da colónia e ambos vitimados pela Inquisição.
zelo do Inquisidor, conforme ele nos demonstra na carta dirigida E que não era apenas o desconhecimento da máquina inqui­
a Francisco Xavier de Mendonça Furtado em 29 de março de sitorial que devia ter uma aura misteriosa e terrificante perante
1766, portanto com a Visitação em pleno curso. E possível mesmo os colonos, mas a ignorância dos fatos que eram suscetíveis
que se reduzissem as dimensões da fantasmagoria inquisitorial de serem julgadas pela Inquisição. Não obstante, algumas das
perante a população que agora tinha ao alcance dos seus sentidos pessoas que foram envolvidas pela Visitação já tinham tido
os temidos personagens, quem sabe se limitados pela sua pre­ contatos anteriores com o Santo Ofício, com o é o caso por
sença continuada, e sobretudo, no caso do Inquisidor, pelo con­ exemplo do mamaluco Adrião Pereira, que se retirara para o
vívio forçado que o exercício de cargos locais o obrigou a atender. Maranhão penitenciado pela Inquisição (p. 130) e que agora fora
Merece ainda ser considerado o fato de que os que tinham denunciado perante o Visitador.
sido ouvidos é possível que contribuíssem também para tanto, Conforme o título I, do Livro II do Regimento que prevale­
ao que se soma a morosidade de tramitação dos processos, e o ceu para a Visita do Pará, o Visitador devia receber as pessoas
crepúsculo do S. Ofício em Portugal, enfim um conjunto de que fossem confessar culpas que ferissem a Fé católica, com o
evidências que mostravam que tudo estava continuando na blasfêmias heréticas, proposições temerárias, malsoantes e escan­
mesma, apesar da Visitação. dalosas, com o por exemplo afirmar que a fornicação simples
Se não, vejamos, no ano de 1763, o primeiro da Visita, no não é pecado, ou ser bígamo, supersticioso, fazer sortilégios,
correr de pouco mais de três meses, pois a primeira audiência renegar em terra de m ouros com receio de torturas. Nesses
data de 26 de setembro, foram atendidas nada menos de 22 casos o Visitador tomaria a confissão no livro respectivo, tirando-
pessoas, o que dá uma média de mais ou menos 7 pessoas por se dela uma cópia pelo Notário. Far-se-ia a genealogia e o exame.
mês, sendo de notar-se que o mês de maior afluência foi outubro, Os que se apresentassem fariam abjuração de leve, sob penas
imediatamente em seguida à instalação da Mesa, o que se com­ espirituais e não públicas. Quando discordavam os votos do
preende por tratar-se do “ tempo da graça” . * Durante esse mês Visitador e do Ordinário, o processo seria enviado ao Conselho
compareceram perante o Visitador vinte pessoas, obrigando-o Geral, assim também se procedia com os religiosos, conforme
a atender várias vezes durante dias em seguida, quando não mais a culpa confessada bem com o com os confitentes de culpas que
de uma pessoa por dia, o que ocorreu por duas vezes, nos dias •resultassem “vehemente suspeita na Fé” . Ao Conselho Geral se
12 e 29. remetiam ainda inúmeros casos, com o os de culpa de judaísmo.
Era o tempo em que justamente, para muitos, a Visita cons­ A Comissão conferida ao Visitador Abranches parece ir além do
tituía insólita novidade, um convite imediato e severo à con­ Regimento, pois conform e a Bula da Inquisição e os Breves que
lhe foram concedidos dá ao Inquisidor o poder de processar,
trição ou ao desforço, sacudindo toda a sociedade ainda mer­
prender e sentenciar os julgados culpados, o que ele aliás fez
gulhada no impacto da solene instalação e dos avisos atemori-
em alguns casos, pelo menos mandando prender os réus.
zantes e das admoestações e boatos que pairavam no ar.
Ao inteiro arbítrio do Inquisidor ficava, pelo Regimento,
Foi então uma primeira grande vaga de oito confitentes e julgar se a pessoa estava ou não fazendo uma verdadeira con­
PP9H B91

quatorze denunciantes, diferença de números que pode ter uma fissão. Em caso negativo ser-lhe-iam dadas mais duas oportu­
certa lógica, por ser naquelas circunstâncias bem mais fácil nidades, em que se lhe advertia das conseqiiências de sua relu­
acusar do que confessar culpas, cujas consequências ainda eram tância, o que se persistisse determinaria a retenção da pessoa
imprevisíveis para os paraenses, pelo menos para a maioria numa casa fora do cárcere.
deles, cuja noção sobre a Inquisição devia ser bem vaga. O Inquisidor devia examinar e inquirir o ânimo do confi-
3 No Titulo IV — “Dos Visitadores" — do Livro I do Regimento do Santo Olicio
tente, se era verdadeiro ou fingido, se fazia sua confissão só para
da Inquisição de 1640, o item 11 previa a publicação do Edito da Graça, pelo qual o escapar da pena, ou para livrar dela sua consciência e se con­
Visitador concedia um prazo para que a populaçao confessasse suas culpas ou^ denunciasse — verter à fé de Cristo. Devia verificar se as coisas que confes-
os delitos de que tivera conhecimento. Esse tempo era estabelecido ^isitador
acordo com a importância do lugar que estava solrendo a Visita, nao devendo entretanto ,/i ya eram verossímeis, o que aliás transparece p or ocasião do
ultrapassar a 30 dias. !
65
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Exame a que foram sujeitos vários réus, e que consistia num
segundo interrogatório que tomava em consideração o primeiro. como tal, pois as usava para fins torpes e proibidos, ao que
Dessa maneira, nesta segunda oportunidade o interrogador criava o réu responde pedindo condescendência, pois caíra pela sua
as perguntas, de maneira menos informal, guiado pelas respostas fragilidade e miséria. Quando o cerco do interrogatório se fecha
dadas pelo réu durante a primeira audiência. Apontava-se desta como neste caso, o réu acaba dizendo que não “ sabia responder
feita as incongruências, contradições e “inverdades” que por­ à pergunta” (Processo 2697).
ventura o réu tivesse cometido, o que se fazia através de per­ Era-lhe, então, dado um exemplar do Santo Evangelho, sobre
guntas mais diretas objetivando respostas mais corretas. o qual colocava suas mãos, jurando dizer a verdade e guardar
A relatividade de encenação do ato de confissão demonstrava- segredo do que diria e ouviria naquela sala.
se na recomendação para o Inquisidor observar durante a con­ Declinava seu nome, estado civil, filiação, naturalidade e
fissão se a pessoa mostrava sinais de arrependimento, e ver­ moradia, profissão, idade e se era cristão-velho ou novo. Nessa
dadeira contrição, se falava a verdade. qualificação, infelizmente, nem sempre são fornecidos todos os
Se a pessoa pedisse para escrever para lembrar melhor, dados, isso por displicência do Notário que os anotava e que
isso seria permitido. naturalmente tinha obrigação de conhecer de cor o que devia
Com poucas variações, o ritual das apresentações e audiên­ ser solicitado, ou ainda por esquecimento, desconhecimento ou
cias das pessoas perante a Mesa da Visitação do Pará é sempre mesmo, quem sabe, voluntária omissão do interessado.
°_ mesmo em essência, pois obedece às normas regimentais que A verdade é que são muitos os que não esclarecem sua
são rígidas e pormenorizadas. filiação, no que aliás só os religiosos foram os mais explícitos,
Graças ao registro que lhes fez no Livro o seu Notário, bem com o também outras pessoas o foram, notando-se que se
cotejado com o Regimento de 1640, e os processos que loca­ tratava geralmente de indivíduos de família constituída e profis­
lizamos e estudamos, podemos conhecê-lo em detalhes. * são definida, o que nos mostra um certo grau de cultura e um
Comparecendo o interessado ao local em que se achava status social permitindo que a pessoa soubesse a sua origem
instalada a Mesa, aguardava a competente ordem do Inquisidor e outros dados pessoais, comumente ignorados pelos mais humil­
para pedir audiência e adentrar na sala, onde se achavam os des e sem instrução, vítimas de sistemas de união e relações
representantes do Santo Ofício. Perante eles esclarecia inicial­ considerados ilícitos para aquela sociedade. Nos processos que
mente se viera com o confitente ou denunciante, de atos e fatos, contêm a Genealogia do indiciado é que são oferecidos dados
dos quais suspeitava ou estava convencido de que pertencessem que compreendem três gerações!
ao Santo Ofício. Esta suspeita ou convicção nascia de orientação Só aos religiosos e altos funcionários da coroa, da justiça
recebida da parte de religiosos, p or simplesmente ouvir dizer e aos nobres é que se dava cadeira de espaldar, fora do estrado.
ou, na maioria dos casos, da leitura dos editais que o Visitador É claro que esta discriminação no trato era de somenos, o que
mandara divulgar. mais importava era a discriminação regimental que prosseguia
Essas alegações procuravam a atenuante do desconhecimento no arbitramento das penas, no processamento da culpabilidade,
anterior de que se tratava de matéria objeto do zelo inquisitorial, etc.
o que se compreende tendo-se em conta que a maioria dos casos Como na maioria dos casos é a falta de declaração que pre­
relatados perante o Tribunal se refere a anos bem anteriores valece, torna-se difícil tirar conclusões daí, pois que a legiti­
à Visita. Por sua vez o desconhecimento alegado não convencia o midade ou não da filiação, por exemplo, uma vez declarada,
Visitador que sempre por ocasião do “ Exame” procurava apertar auxiliar-nos-ia muito no estudo de uma série de implicações.
o interrogado com novas perguntas, estimuladas pelas suas ale­ Mas, infelizmente, das 45 audiências de confitentes, e denun­
gações anteriores. Assim, por exemplo, quando o confitente ciantes, 28 pessoas deixaram sem declarar a sua filiação.
Manoel Pacheco alega que tinha as Orações de S. Marcos e S. Assim, também, ocorre com relação à cor que 32 pessoas
Cipriano e das Três Estrelas por boas e lícitas até ser alertado deixam de declarar. Aqui ainda é possível deduzir que fossem
pelo seu confessor, o Visitador contraditou que não podia tê-las brancas, pois a preocupação do Notário parece ter sido de re­
gistrar apenas quando não eram brancos.
4. Os oficiais do S. Ofício, como é natural, deviam conhecer de maneira completa Outro dado omitido por 20 pessoas foi a declaração se era
o texto regimental. O Inquisidor era obrigado a ter um exemplar do Regimento em
sua casa, e os demais funcionários a conservarem o traslado do título respectivo que cristão-velho ou cristão-novo, o que de certa maneira se com­
lhes dissesse respeito.
preende verificado o número de índios, escravos negros e mes-
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Lm
r

tiços que comparecem — em número de 13 — e para os quais deste para o denunciado, apenas que na Mesa do S. Ofício
evidentemente esta distinção era inconsequente. havia infox-mações a respeito.
Uma vez feita a qualificação e juramento do audiente, no Sempre que julgasse necessário o Inquisidor tomaria infor­
caso dos confitentes geralmente se lhes davam o estímulo e a mações sobre o crédito que mereciam o denunciante e as teste­
advertência de uma admoestaçao de que procedera muito bem munhas.
em ali comparecer para confissão das suas culpas, para o que As denúncias por escrito, anónimas, não eram consideradas,
lhe convinha muito delas não se esquecer em nada. Devia incluir salvo casos em que pela sua gravidade merecessem sofrer dili­
circunstanciadamente as agravantes, sem, é claro, aumentar ou gências.
diminuir sem propósito, a fim de que sua confissão fosse autên­ Quando as testemunhas não tinham perfeito conhecimento
tica e completa, sem testemunho falso em relação a si ou a do culpado, este era interrogado sem saber que ocultas as teste­
outrem ou mesmo ao demónio, que era o que aliás lhe convinha munhas e o denunciante assistiam a seu interrogatório que não
“peradescargo de Sua Conciencia Salvaçaõ deSua alma eSeo deveria deixar transparecer seu objetivo que era confirmar ser
bom despacho daSua Causa”. ele o denunciado.
Interessava k Mesa só a verdade pura e sincera, pois em Terminado o “ tempo da graça”, continuaram entretanto as
caso contrário se exporia o indigitado ao rigoroso castigo que apresentações, naturalmente movidas pela própria continuidade
o Santo Ofício reservava para os que faziam confissões falsas, da Visita com o por diferentes razões que iam desde o remorso
não alcançando, outrossim, a misericórdia que pretendia com pela falta cometida até a vindita pessoal que o sistema de sigilo
aquela confissão. A estes esclarecimentos e perguntas prelimi­ adotado pela Inquisição permitia. Aliás, desde que mostrasse
nares o audiente respondia invariavelmente que diria só a verdade. sinais de verdadeiro arrependimento, mesmo fora do tempo da
Essa admoestação, às vezes, era feita no final da confissão. graça a pessoa seria tratada benignamente.
O texto varia muitas vezes e até é omisso, com certeza por Durante o ano seguinte de 1764 foram ouvidas 11 pessoas
displicência do Notário que, em face da repetição de tantas fór­ portanto não se chegando à média de uma pessoa por mês’
mulas, fazia por abreviá-las ou até esquecê-las. sendo abril o mês de maior afluência com 5 pessoas. Em 1765
No caso dos denunciantes a Mesa não lhes dava a tranquili­
apenas 3 pessoas, em 1766, 6 audientes e em 1767 apenas um
zação de afiançar-lhes que fizeram muito bem em ali compa­ No ano seguinte não tivemos nenhuma audiência de confitentes
recer. Após o juramento e qualificação da pessoa e a declaração, ou denunciados e em 1769 teremos apenas duas.
já devia esta imediatamente fazer a sua denúncia. As denúncias
eram também, como é natural, tomadas no respectivo Livro, Entretanto, resta considerar que o tempo restante da Mesa
sendo ao final ratificadas. O Regimento de 1640 dizia que “ a foi preenchido com a audiência das numerosas testemunhas
denunciação é um dos meios principais que há para se poder avocadas e naturalmente com todas as implicações que os 46
em juízo proceder contra os culpados” . processos que então se formaram acarretaram, i. e., diligências
O denunciante, conforme o parágrafo 1* do Título III, devia e novas audiências dos implicados, retificações e ratificações,
declarar idade, qualidade, naturalidade, residência, local e época buscas e prisões, além de comparecimento diário obrigatório
em que se cometeu o delito, as pessoas que dele tinham tomado de muitos dos confitentes, o que naturalmente deve ter absorvido
conhecimento, as razões que os moveram à denúncia, porque não grande parte do tempo do Visitador que, com o já vimos, teve de
denunciaram mais cedo, quando se passou muito tempo, tam­ desdobrar-se ^ainda em atender outras obrigações que não devem
bém deveriam declarar idade e qualidade do denunciado, natu­ ter sido poucas, nem pequenas, decorrentes da situação de res­
ralidade, residência, se quando cometeram o crime estavam em ponder também pela diocese enquanto “sede vacante”.
juízo perfeito, ou estavam embriagados, movidos por paixão, Quando no início o denunciante justifica a finalidade de sua
se foram advertidos ou repreendidos por alguma pessoa presente. presença, diz que era para descarregar a consciência, relatando
A Mesa procurava ainda se informar através de perguntas: fatos que supunha ou tinha certeza de que pertenciam ao Santo
há quanto tempo o denunciante conhecia o denunciado, seus Ofício, por estarem contra a Santa Pé Católica. Aliás, são raros
costumes, se ao denunciante assistira má vontade ou ódio em os que assim se justificam no início da confissão. E interessante
deliberar comparecer perante o S. Ofício para aquela narração. observar que ao contrário dos confitentes, para os quais se
Aos denunciados se faziam as mesmas indagações, cotejando declara que objetivou descarregar a consciência e salvar a alma,
suas declarações com as do denunciante. Nunca se diria o nome os denunciantes só afirmam pretender descarregar a consciência

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há coisa, em que o segredo não seja necessário". Todos assi­
na presunção naturalmente de que a denúncia não implicava navam o termo da audiência e finalmente o confitente era auto­
necessariamente num problema de salvação da a lm a ... rizado ou mandado retirar-se.
Cumprida essa fase preliminar da audiência, confitentes ou Voltava-se, então, o Inquisidor para os religiosos que haviam
denunciantes passavam ao relato dos atos, cuja pormenorização testemunhado a audiência, chamados “ retificantes” e lhes inda­
variava mais em função das pessoas do que da natureza do gava a impressão que tiveram do confitente, se lhes parecera
delito. Isto porque as perguntas regimentais eram feitas depois merecer crédito e ter falado a verdade. Uma vez respondida essa
do relato da pessoa. Embora não figure no Livro, nem isso pergunta, todos novamente assinavam e estava concluída a
seja previsto pelo Regimento de 1640, ao que tudo indica, prin­
cipalmente pelo que é com um no teor da confissão e denúncia, audiência. *
a pessoa recebia alguma orientação pela Mesa de com o proceder A obrigação de comparecimento diário não vigorou para
o seu relato. todos os confitentes, ficando, ao que tudo indica, ao inteiro arbí­
Uma vez feita a narração do que tinha p or dizer, o confi- trio do Visitador, desde que pessoas da mesma categoria social
tente ou denunciante, era-lhe reafirmado ter sido boa a sua ou com acusações da mesma natureza recebiam tratamento dife­
iniciativa de apresentar-se voluntariamente perante aquela Mesa. rente. Sobre o assunto o Regimento era omisso.
Devia agora, no caso de ser confitente, declarar “ averdadeora Calculam-se, desde logo, os transtornos que trazia às pessoas,
tençaõ” com que cometera as faltas confessadas. Ao reafirmar essa obrigação de diariamente comparecer àquele local até que
que não mais se lembrava de culpa alguma, era a pessoa pela se findasse o seu processo. Eram interrompidas obrigações, pre­
segunda vez admoestada “ im form a” (em form a), podendo então judicados trabalhos e rendimentos que naturalmente assumiam
se retirar. E claro que a indagação sobre o “ animus laedendi" desastrosas proporções para os que moravam muito distante
levava a grande maioria das pessoas a valer-se das atenuantes do local em que se achava a Mesa, com o era o caso, por exemplo,
que essa chance oferecia, procurando convencer a Mesa de do mamaluco Crescêncio de Escobar, m orador no seu sítio de
que delinquira p or ignorância, p or boa-fé, por brincadeira, sem “Guarapiranga” , na Vila da Vigia; de Manoel Nunes da Silva,
dolo ou malícia. ajudante de ordenança na mesma Vila; do índio Alberto Mon­
Em certos casos, uma vez terminada a confissão perante teiro, carpinteiro na Vila de Cintra; de Márcia Joana de Azevedo,
o Inquisidor, era o confitente intimado a permanecer na cidade, que morava na freguesia de N. S. do Rosário da Campina, etc.
onde se achava a Mesa, a quem somente competia conceder Os que moravam fora acreditamos que na maioria dos casos
excepcionalmente licença para uma ausência solicitada. Ficava se viam obrigados a permanecer em Belém enquanto durasse
ainda a pessoa com a obrigação de ali comparecer todos os dias seu processo, com todas as despesas e contratempos que isso
úteis no período das 7 às 11 horas da manhã até “ Sefindar aSua acarretava para si e para seus familiares e superiores.
cauza” , com o também comunicar à Mesa qualquer mudança do Por um possível lapso do Notário, não foi registrada tal
seu endereço. Para alguns, quando já havia transcorrido certo obrigação para o corajoso escravo Joaquim Antônio, vítima dos
tempo da instalação da Visitação, ou mais precisamente a partir atentados bestiais do seu patrão.
da confissão de Manoel Pacheco de Madureira, em 4 de novembro Dessa onerosa obrigação ficavam entretanto livres os denun-
de 1765, era o comparecimento marcado para as 8 horas da cientes, pois pelo que vimos ela só atingia os confitentes e
manhã precisamente. O cumprimento dessas imposições era também, em certos casos, as pessoas de categoria, pois a um
jurado sob os Santos Evangelhos. religioso Frei Manoel do Rosário, confitente de práticas sodo­
Lia-se a confissão então já lavrada pelo Notário, a qual o mitas, foi imposta a obrigação de comparecimento, que entre­
confitente confirmava retratar fielmente o que dissera, ratifi­ tanto só se daria quando solicitada pela Mesa. Ao procurador
cando o texto e colocando-se à disposição da Mesa no caso de de causas José Januário da Silva também foi o mesmo conce­
ser necessário repetir o relato. dido. O curioso é que a confitente viúva Feliciana de Lira Barros,
Sobre o costume das pessoas nomeadas no relato, também que fora vítima de coito anal com Felipe Jacob Batalha, também
nada mais tinha a dizer, o que novamente jurava sobre os livros ele confitente do mesmo ato, foi beneficiada em não precisar
sagrados e sob as vistas das testemunhas religiosas ali presentes
que também prometiam de tudo guardar segredo e sempre dizer 5. Os ratificantes, que no caso é o mesmo que "retificantes” , segundo o artigo 21
do Título III do Regimento deviam ter sua indicação aprovada pelo S. Oficio, pois
a verdade. O sigilo era a preocupação maior, conform e precei­ tomavam conhecimento dos seus principais segredos. Deviam ser pessoas honestas e
religiosas, eclesiásticas, seculares ou regulares.
tuava o Regimento de 1640 ao afirmar que “no S. Ofício não
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apresentar-se diariamente, mas só quando fosse chamada, uma no seu tempo. E não foi em vão, porquanto no caso português
vez que era viúva. levou pelo menos séculos para que o Santo Ofício recebesse
Atenderia, nesse caso, o Inquisidor a um caso particular de a última pá de cal. Em todas as épocas e lugares, sob todas
impossibilidade de ausência continuada do local do trabalho por as religiões e governos sempre houve e sempre haverá a cor­
parte da confitente, ou seria uma norma geral compreendendo rupção e o ódio, o terrorismo e a ganância do poder, a explo­
as viúvas, quem sabe se responsáveis pela gestão do património ração e a ignorância, todos criados graças ao convencionalismo
familiar? social imposto pelos que dominam aos que são dominados, às
Nos lugares ultramarinos, com o é o caso do Pará, dadas as ideologias que o colonizador impinge ao colonizado.
dificuldades de comunicações com o Conselho do S. Ofício, resul­ Sob mil formas esses tentáculos estão inerentes ao homem
tando disso naturalmente sérios prejuízos, o Visitador tinha e portanto à sociedade. Ser contra os hereges constituía, quase
mais dilatada sua competência de despachos. dizemos constitui, uma moda social por que o herege é mau
As perguntas, as cautelas regimentais, a verificação das pro­ e uma form a de confessar-se bom é apontar a sua maldade.
vas e testemunhos, além de outros passos na atuação das Mesas O dogmatismo inquisitorial determinava o absolutismo ético,
inquisitoriais, levam-nos, num primeiro m omento, a reconhecer não admitindo a discussão e as consequências da responsabi­
a declarada isenção com que procura agir o Santo Ofício, dentro lidade ética que assaltava o pensamento do jovem Weber.
naturalmente daquilo que tem para si com o delito, em todas A Inquisição foi assim mais o resultado de vários desses
as suas variedades e gradações, bem com o da consideração que fatores conjugados. A sua responsabilidade e a dos que a servi­
tem para com as penalidades que tais delitos exigem, quando ram deve levar em conta isso. A quem realmente a Inquisição
denunciados ou confessados. servia? Ao poder, espiritual e temporal, ao Estado e à Igreja.
Não obstante, como explicar o severo juízo histórico que Quando o poder e as classes, grupos sociais e famílias que com
caiu sobre a Inquisição, provocado naturalmente pelas atroci­ ele se identificavam, porque o sustentavam ou dele participavam,
dades, pelas torturas e mortes de que foi responsável? Agiriam tinham necessidade de se reforçar, de reprimir ameaças, de'
realmente os Inquisidores com juízos imparciais, isentos de amordaçar as contestações, valiam-se com o se valem até hoje,
qualquer influência ou pressão, de paixões ou rancores? Esta­ no mundo capitalista ou no mundo comunista, de quaisquer
vam convencidos da inteireza da sua missão, da “ salubridade meios para a consecução do que lhe era vital, do que lhe per­
social e religiosa que promoviam? Estavam, com o diria Sartre, mitiria a sobrevivência. A Inquisição foi um desses meios. E os
praticando o Mal pelo Bem? seus quadros refletiam a ignorância que ia lá fora.
Devemos para estas duas últimas perguntas responder que Assim, a Inquisição conseguiu se institucionalizar com o meio
sim na maioria das vezes. São homens que não são a causa, ideál para calar os inquietos, inibir os que contestavam alimen­
mas efeito de uma mentalidade social e religiosa. Agem como tados pelas suas dúvidas, e também, e por que não? a massa
instrumentos do Poder e das classes dirigentes, mas nem por | ignara, temente e atemorizada, supersticiosa e imaginativa na
isso se pode totalmente isentá-los de responsabilidades, abusos f sua ignorância.
e ignorância no seu comportamento inquisitorial. No mais, os j
V Mas a institucionalização nasceu mais, possivelmente, nutri­
princípios de isenção e imparcialidade que deviam vigorar den­ da pelos resultados que começaram a beneficiar poderosos inte-
tro da mentalidade, dos conceitos éticos e religiosos então acei­ resses. A anularão de políticos e nobres incómodos, o confisco
tos e consagrados, estavam sujeitos à condição humana com de bens, a mordaça aos religiosos mais afoitos ou esclarecidos,
todas as suas limitações, o que era ainda agravado pelo sistema | |e o terror à arraia miúda, às vezes difícil de contentar-se só
de denúncias adotado pela Inquisição e pelo arbítrio poderoso! |com pão e circo eram, entre outros, m otivos suficientes para
de que estavam regimentalmente investidos os Inquisidores pela J : executar uma idéia que se revelava tão promissora. Assim, pode-
falta de garantia a que eram sujeitos os réus. se aceitar que a Inquisição era em princípio um instrumento
Mas os responsáveis pelo poder e as civilizações marcadas! gamgido para um certo bem (o católico) que se desvirtualizou.
pelo fanatismo religioso e pela superstição, filhas muitas vezes!
|íf.i P°r outro lado, faz-se mister considerar que sem indústrias,
da ignorância e da prepotência, que são servidas ou se servem j
sem força agrária, vivendo do e para o comércio, subsidiado
da Inquisição, elas sim têm a responsabilidade maior perante
pelas atividades primárias de extração vegetal e mineral do ultra­
a História. Responsabilidade social, cultural e religiosa, pois mar, que por sinal passaram a ser sua principal fonte de re-
houve quem as contestasse, quem as criticasse e condenasse:
*cursos, Portugal, i. e., suas classes dirigentes revezaram-se no
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doutrina do absolutismo, aqueles que desejavam sujeitar a crença
trato dos judeus de acordo com a conjuntura económica que aos raciocínios lógicos e científicos eram passíveis de punição.
sofriam. E que a realidade do domínio das trocas e da capita­ Aos que se convertiam, recomendava-se que se apartassem da­
lização inteligente e rápida que os cristãos-novos representavam queles que lhes pudessem fazer dano à consciência. A subversão
era, para a mentalidade daquelas classes, geralmente mais um da ordem estabelecida, da estratificação social consagrada, do
mal do que um bem. Contar com ele com o derradeiro recurso, poder constituído, dos mitos santificados, necessitava de corre­
mas escoimá-lo desde que possível. Era possível conciliar, como tivos rápidos e severos que a marginalizassem, anulando-a, ou
hoje se faz, conform e no-lo apontou Sartre a caridade, o amor simplesmente a eliminassem. A Visitação do Pará se guiou pelo
a Deus e ao próximo, a tolerância com o ódio aos judeus. Criou- artigo 12 do Título III (Dos Inquisidores) do Regimento de 1640,
se o mito infamante de culpabilidade para o judeu e assim os através do qual eram previstos os crimes contra os quais devia
que contra ele agiam estavam convencidos de sua perniciosa proceder o S. Ofício, não estabelecendo diferença entre religio­
atividade, se o anti-semita faz o judeu, a Inquisição o fabricava. sos, seculares e regulares, não levando em consideração seu
Assim, a Inquisição serve ao Poder económ ico- e ao político, estado civil ou social ou económ ico, desde que fossem culpados,
este por aquele dominado. Era o meio de subjugá-lo, quando suspeitos ou infamados no crime de judaísmo ou de qualquer
não de tentar mantê-lo sob controle, isto é, sob a iminência de outra heresia, revogando-se as confissões que tivessem feito
uma ameaça que só era afastada sob grandes concessões. para o novo julgamento que procederia o S. Ofício.
Acreditamos que a certeza histórica da explicação que se Eram passíveis de condenação os cismáticos, os fautores,
queira dar para uma instituição que alcançou tal poder e durou receptadores e defensores de hereges, os que com eles se comu­
tanto tempo, agindo nos lugares que agiu, pode ser atingida se nicassem ou lhes levassem armas e mantimentos, frequentando
reunirmos as questões que ora levantamos, em sua maior parte suas propriedades sem m otivo justificável; os que comiam carne
já reveladas, senão pelo menos suspeitadas p or outros estudio­ em dias proibidos; os que tratassem de matérias de fé sem ter
sos, só que em explicações parciais, quase sempre perturbadas autoridade para tanto; os blasfemos; os irreverentes em relação
pela reação que naturalmente gera a violência, i. e., a própria ao Santíssimo Sacramento, às imagens; os que desrespeitavam
violência nos seus argumentos e razões. os jejuns; os mágicos; os feiticeiros; os sacrílegos; os adivinha­
Expostas as idéias centrais que norteiam o estudo crítico dores; astrólogos judiciários que prognosticavam o futuro; os
que fazemos da Inquisição, podem os mesmo chegar a aceitar, que invocavam o diabo e tinham pacto com ele; os bígamos; os
em muitos e muitos casos, a boa-fé dos Inquisidores a acreditar religiosos que se casavam, ou os casados que se ordenassem;
em coitos infernais gerando m onstros, cães e gatos, em poderes os católicos que se casassem com herege ou infiel; os que
transcendentais de que se viam tomados pobres índios ator­ diziam missa e confessavam sem ser sacerdotes; os confessores
mentados, escravos e velhas bruxas, pois a sua ignorância amea­ solicitantes; os que tinham ou liam livros proibidos; os que
çava as verdades oficiais estabelecidas, também elas muitas vezes veneravam e davam culto a pessoas não canonizadas ou beatifi-
fruto da ignorância. cadas ou escreviam livros relatando seus milagres e revelações;
A espontaneidade e a ordem natural devem ser o fulcro os que fingiam ser oficiais do S. Ofício; os que não cumpriam
central da religião, a contestação que é inerente ao homem, desde suas penitências, quebram os cárceres do S. Ofício ou fogem
que ele tem uma vida intelectiva e uma filosofia para essa vida, dele; os que julgassem falso ou induzissem ou corrompessem
eram marginalizadas, senão desconhecidas ou propositadamente testemunhas perante a Mesa inquisitorial; os sodomitas; os
ignoradas p or aqueles que dominavam ou estavam comprometi­ ausentes e defuntos que morreram antes ou depois de estarem
dos com o poder nas áreas sujeitas à Inquisição, onde ela achou presos nos cárceres do S. Ofício, ou neles endoideceram ou se
pasto para crescer. suicidaram ou outros que cometessem qualquer outro crime pre­
Assim, se se sabia de um curandeiro que explorava a credu­ visto no Edital de Fé, ou no direito do S. Ofício, declarado pela
lidade popular, não se buscava anulá-lo com argumentos ou Igreja.
provas científicas, pois estas faleciam naquela sociedade. Se a A natureza dos documentos que aqui se estuda e em boa
um feiticeiro recorriam brancos e negros, ricos e pobres, nobres parte se divulga nos permite refletir sobre a sua inquestionável
e plebeus, ele punha em risco a verdade pregada pela Igreja, e importância, sobretudo para a história social do Brasil. E que
portanto o seu poder. Daí nascia a intolerância, a perseguição, eles trazem o relato da intimidade de cada um e de todos,
o terrorismo. O apego ao que se tinha não comportava sombras. permitindo-nos empaticamente considerar a confissão do incon­
Assim, aqueles que pela sua filosofia constituíam ameaça à
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fessável, daquilo que não obstante todos os condicionamentos sitados para a sua rotina de vida, procurando im por padrões
humanos e as convenções sociais, o homem geralmente enterra e condenando os padrões adotados pelo indiciado.
consigo, o marido não revela à esposa, o filho não diz ao pai, Dessa maneira, as pessoas envolvidas — agentes ou teste­
o amigo subtrai ao amigo, o noivo esconde da prometida. Só munhas — têm sempre uma atitude de reprovação para com
o autor pensa ou reflete sobre o seu ato, desde que dele não os delitos. A reprovação se faz sentir com um véu de remorso,
haja testemunho. Quando quer dele falar fala só com o seu alegando-se ignorância ou coação m oral ou física.
umbigo. Bem, e qual então o interesse em conhecer essas revelações,
Quase sempre algumas das verdades aqui relatadas não che­ em deitar-lhes luz, desnudando-as numa bisbilhotice curiosa que
tem algo de profano? Um confitente que balbuciava atos e fatos
gam a repousar nem nos canhenhos mais íntimos, nem nos diá­
rios ou memórias. Segundo a moral católica essas confissões perante audientes de cuja inviolabilidade de segredo ele pre­
são reservadas só ao ministro de Deus, envoltas no sacramental cisava ter certeza não haveria de supor evidentemente que um
dia a sua memória podia ser revivida, com o agora o é, através
sigilo do ato. Para a moral de muitos era esse diálogo só possível de revelação da sua confissão, lida e conhecida, posta enfim
ou permissível com Um interlocutor, o Tínico que podia com ­ ao alcance de todos?
preender e perdoar.
A empatia nasce da matéria da qual som os feitos ou nos
Mas era preciso combater os ímpios e os blasfemos, os fazemos, que é uma só em quaisquer circunstâncias. O condi­
apóstatas e hereges, subversivos aos ensinamentos da Igreja, cionamento interno e externo das suas tendências, inclinações
levados ao radicalismo no seu ceticismo, nas suas dúvidas, nos e frustrações é que varia, mas as necessidades primárias são
seus sofrimentos, na sua contestação. Num país com o Portugal, as mesmas, as fraquezas e as qualidades, com maior ou menor
então marcado pelo isolamento cultural, pelo relaxamento e gradação, têm uma matriz comum.
pela ignorância do clero, pelas superstições e crendices do povo Dessa maneira, há apenas uma prospecção no tempo, com
e pela ociosidade e lubricidade dos nobres, a Inquisição encon­ as naturais limitações e concessões que isso significa, de padrões
trou fácil pasto. Foi um instrumento, cujo alcance sobejou à de comportamento social até hoje adotados e até hoje inconfes­
religião e serviu à política e em consequência ao poder. sáveis muitas vezes. Pouco mudamos, desde que a intolerância,
A sua fantasmagoria foi mesmo superada, pelo menos até o despotismo e o terrorismo simplesmente adquiriram outras
meados do século XVIII, pela sua atroz realidade. Daí entender-se formas para que a subversão, a contestação e a incredulidade
o teor das confissões e denúncias. fossem enquadradas dentro de outros cânones éticos.
Mais que “o desencargo de consciência e a salvação da sua Não estamos vivendo, por coincidência, numa quadra de
alma” — clamada e proclamada por todos que se debruçavam anos, em que as forças ocultas têm grande aceitação? No cinema
perante as Mesas inquisitoriais — eram as ameaças imediatas, e na literatura de ficção, a literatura paracientífica ou os estudos
permanentes, em vias de concretizar-se é que levavam à confissão mais sérios apresentam um número incontável de títulos que
do inconfessável. As torturas, a infamação, o cárcere, o confisco tratam de magia negra, de feitiçaria, de encantamento enfim.
de bens, o garrote, a fogueira falavam mais alto que as pro­ São muitos os que querem de qualquer maneira beneficiar-se
messas celestiais ou os castigos infernais. ou querem dominar esses poderes. A credulidade e a superstição
Há, por isso mesmo, com o já verificaram outros estudiosos, não foram nem nunca serão eliminadas dos países e civilizações,
uma dupla ou mesmo múltipla personalidade da parte do homem em qualquer estágio de desenvolvimento em que estejam. Um
colonial. Essa multiplicação do fácies de cada um é importante survey sociológico que se aplicasse agora numa comunidade
com o objeto de estudo, porque ela não se faz apenas em termos com o Belém do Pará da segunda metade do século X V III, daria
de gestos, palavras ou atos, mas de proselitismo, ensino, con­ um resultado inquisitorial muito mais terrível sob qualquer
vicção, crenças, ideologias, etc. O indivíduo tem, porque quer convenção ética civilizada, com o nos convence a notícia do jornal
ter ou porque precisa ter, uma maneira de ser perante a socie­ que serve de epígrafe ao segundo capítulo. Mudaram os tempos,
dade, perante si mesmo e perante a autoridade que vai julgá-lo mas não mudaram os homens. Veja-se a perseguição que se
e que pode puni-lo. Assim, perante esta o indivíduo condena promove em certos países, em nossos dias, à religião e aos judeus,
as práticas que ele e a comunidade muitas vezes têm com o verifique-se em que condições nesses mesmos países os perse­
normais. Na audiência ele está condicionado pelo medo, pela guidos praticam a sua religião e nos convenceremos do que atrás
dúvida, o constrangimento de estar perante algo e alguém inu­ se afirmou.

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Acreditamos que o interesse é grande portanto no conheci­ as cateeorias os pequenos lavradores, os soldados, os comerci­
mento e estudo desses depoimentos que subsidiam uma história antes estabelecidos e itinerantes os rehgiosos e funcion^ios
da mentalidade brasileira. O homem colonial com o seu vasto núblicos form am faixas da populaçao que nao podem ser mim
mundo interior e, muitas vezes, o seu pequeno mundo exterior. S S E S em favor daqueles que se sobressaiam pelos
O seu dia-a-dia, os seus ciclos de vida, a sua maneira de amar, os que tinham todo o poder e os que foram coisificados sem
de sofrer, de gozar, de morrer, a sua maneira de ser enfim,
podem ser respigadas das páginas do Livro da Visitação e dos nenhAsTim,°neão há nestas páginas a história ^ g o v e rn a d o re s
processos que daí descorreram. Ali o homem está p or inteiro,
a carcaça genealógica e a fluidez do pensamento, os gestos e as a ^ t ó tó r i^ d o s rpe'qu^os,aicujos padrões
palavras, mas mais do que aqueles e estas, a força das idéias d ? eom p orim en to. cuja trajetória de idda e r a o comum
e o direito inalienável de contestar. população menos favorecida da colónia. Nem . ^ t o a ^ s e nem
Daquelas provações e desta prova que ora fazemos, acre­ o ápice da sociedade colonial, mas as suas faixas ^
ditamos que não se diminuem as dimensões humana e histórica com o seu trabalho, os seus problemas, as suas P ™ ^ ^
do homem colonial brasileiro, antes se lhes engrandece, pois alegrias e sofrimentos, as suas superstições ou o seu ceticismo.
não há melhor maneira de tentar resolver os problemas em Bem, e quem são eles? Não nos importa muito o seu nome,
que ele se debate senão a de compreendê-lo, e para compreendê- mas mesmo assim vamos dá-los quebrando o sigilo desejado
lo, o que há de melhor senão ouvi-lo, não na fala fria e formal
pela Inquisição que em vez de proteger quase ser^ re expurúia
dos documentos oficiais, dos relatórios e memórias encomenda­
com ele as vítimas às vinditas, às mal-querenças, ao fanatismo.
das, mas na audição simples das conversas das cozinhas e das Com isto não queremos conspurcar suas memórias, mas com
alcovas, dos quintais e das calçadas, dos confessionários e das
o respeito devido admiti-los na História pelo que sofreram. É
Visitações.
claro Pque em muitos casos o comportamento mtolerado nascia
Aí o supreendemos e nos surpreendemos, porque há de certa
da ignorância, das superstições, filhas daquela da miséria e d
maneira um desnudar de vontades, de consentimentos, de renún­ promiscuidade, da escravidão com suas mazelas, do latifúndio
cias, de perversidades, que antes se escondiam pela fachada de com seu poder dominador e até mesmo da msama de alguns
cada casa, pela postura e pela véstia que mascaravam aquilo
pobres coitados que desafiavam contudo as autoridades e ins
que realmente eram. tuicões a verdade oficial e estabelecida, os ceus e a terra, em
Quem são, com o vivem, do que vivem e até p or que vivem? busca no entanto da sua verdade, de explicação para seus sofri-
A crónica doméstica, o cotidiano, a atividade profissional e as m e ^ o f em busca de si próprios numa sociedade que os deprl-
andanças, o comportamento com a respectiva faixa etária, os mia e gu ita s vezes os negava, levada pelos seus contrastes pe
cruzamentos e as distâncias étnicas e sociais são descritos ou sua intolerância, pela estratificação impermeável e pelo seu
podem ser interpretados dos textos processuais e do Livro da
Visitação. fanatismo religioso.
Dessa maneira, temos o recorte da figura não do grande
homem, do simbólico tipo ideal, do nome que se distinguiu, mas
pura e simplesmente do homem comum, do anónimo, daquele
cuja voz não costuma ser ouvida ou se fazer ouvir pela História,
daquele que faz a História, mas acaba por não conseguir nela
um lugar. Na história do Brasil então ele é o grande ausente,
o povo, tido até por certos autores com o inexistente no período
colonial, quando todavia sabemos que segmentos razoáveis da
população tiveram definido papel nos rumos históricos do desen­
volvimento nacional.
Destarte, convimos que a formação da sociedade brasileira
não pode ser estudada em termos exclusivos de senhores e es­
cravos e mesmo de brancos, índios e negros. A gente livre, a
“ gente da nação” , a massa de mestiços, os profissionais de todas

78 79
r

Q U A L IF IC A Ç Ã O D A S P E SSO A S
CUJO N O M E A P A R E C E
NO L IV R O D A V IS IT A Ç Ã O DO P A R Á *

ABRANCHES, G irald o Joze d e dr., p ortu gu ês, natural d e V ila Cova d e Sub-
Avô (C o im b ra ), solteiro, sacerd ote, residente durante a V isitação n o H o s­
pital de S. B oaventura (P a rá ). — In q u isid or a p o stó lico na In qu isição de
Évora, n om ead o V isitad or d o S anto O ficio n o E sta d o d o Grão-Pará, M ara­
nhão e R io N egro.
ABREU, F ran cisco P ereyra d e. P rocu rad or da Câm ara — M em bro d o
Senado da Câmara, d esign ado para recep cion a r a C om issão d a V isitação
(p. 120-123).
ABREU, João C ardoso d e — C itado p e lo denunciante José d a C osta
Aleyxo c o m o vizinho seu e d o d en un ciado para apurar se fo ra testem unha
d o fa to denunciado (p . 71).
ADRIANA (in d ia ), casada, residente na F reguesia de N . Senhora da
C onceição (d o lugar de B e n fica ), B isp ad o d o Pará — M ãe d o ín dio F rancisco,
denunciado c o m o ín d io A ncelm o e ou tros (p . 216).
AFFONÇO, escravo, residente n o E ngenho da B oavista (Freguesia da
Sé) — V ítim a d o d en un ciado F ran cisco S errão d e C astro (p . 263s).
AFFONSECA, C osm e da, viúvo, "vive d e sua ro ç a ” — Pai d o con fitente
D ionísio da A ffon seca (p . 198-200).
AFFONSECA, D ion ísio da, brasileiro, natural d e V ila da V igia (B isp a d o
d o P ará), solteiro, clérig o ton su rado, residente em com p an h ia d o capelão d a
Sé, C ónego M anoel N arciso d os A n jos — Confitente (p . 198).
.AGOSTINHO, M arçal (e tam bém M an oel), brasileiro, natural d o sertão,
casado, capitão, residente na V ila d o B uim — D enunciado juntam ente co m
Pedro R odrigues (m a m e lu co ) (p . 226-227).
ALBINA (m am elu ca) — Citada pela con fitente M aria Joanna de Azevedo
com o um a das p essoas d e qu em aprendeu práticas "su p ersticiosas” (p . 254).
ALBUQUERQUE, A ngelo Gem oque Pe., solteiro, sacerd ote — Testem unha
"ouvinte” de d ois p ro ce sso s da In qu isição (p . 207, 232).
ALBUQUERQUE, J oã o F ey jo d e M ello (D r.), Juiz d e fo ra — Presidente
do Senado da Câm ara na recep çã o à C om issão da V isitação (p . 120-123).
ALBUQUERQUE, ------ M ello (D r.), Ouvidor-G eral, residente em B elém d o
Pará — Citado co m o um a das p essoas curadas pelas práticas d a india Sabina
(p. 269).
A LEXAN D RE (ín d io ), casado, residente na Freguesia de N. Senhora d o
R osário (Faz. Uzinga) — M arido de Antonia (m ulata) (p . 224).
A LE YX O , José da C osta, português, natural d a Freguesia d e S. José,
cidade da Ponta Delgada, ilha d e S. M iguel, solteiro, p ed reiro, residente
à Rua Direita, B elém d o Pará — Denunciante d e T hom az Luiz Ferreira
(p. 168).
ALMEYDA, Joze de M agalhães L o b o de, brasileiro, natural da Rua detrás
da M isericórdia, Freguesia d e N . S enhora d o R osário, B airro da Campina,
Pará, casado, fazen deiro e sargento-m or, residente n o m esm o local do natu­
ralidade — M arido da denunciante Antonia Jeronim a da Silva (p . 211).
• A palavra brasileiro designa o nascido na colónia do Brasil.

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ANTON IO (ín d io ), so lte iro (?), o le ir o — D enunciado p or Antonia Jero-
ALONÇO, residente na V ila da V igia — N om e atribuído a J oã o de B rito, nima da Silva (p . 211-213).
qu e p articipou de u m "fa ls o m a trim ón io" c o m o n oivo (p . 127-128). ANTONIO, Joaquim , solteiro, escravo, residente n o Engenho da B oa Vista,
ALVARES (o u A lves), M anoel de S ouza (P e .), solteiro, sa cerd ote — Tes­ Freguesia da Sé — C onfitente (p . 262, 266).
tem unha “ ouvinte” de v á rios p rocessos da In qu isição (p . 134, 137, 150, 156). ANTON IO (m o le q u e ), solteiro, escra v o, Residente n o Engenho da Boa
ALVES, B ento, v erea d or — V erea dor d o Senado da Câm ara, m em b ro Vista, Freguesia da S é — V ítim a d o d en un ciado F rancisco Serrão de Castro
recep cion ista da C om issão d a V isitação (p . 120). (p . 263).
ALVES, Jose F e ijó d e M ello — M em b ro d o S enado da Câmara, designado ANTON IO (p r e to ), escravo, residen te n o Engenho da B oa Vista, Fre­
para recep cion a r a C om issã o da V isitação (p . 120). guesia da Sé — V ítim a d o denunciado F ran cisco S errão de Castro (p . 264).
ALVES, Laurenciâo, solteiro, sold ad o, residente na V ila d e Santa Cruz AN TON IN O (ín d io ), oleiro, residen te na Vila de Cintra — Denunciado
d e Cameta — M orad or ju n to c o m o con fitente L ouren ço R odrigu es (p . 243). co m o participante das práticas “ m ágico-religiosas” da denunciada Luduvina
AM ATILDES, B ernarda, casada, residente à R ua d o Pacinho — M orad ora Ferreira (p . 159-160, 176-178).
ju n to c o m R osa M aria d o s Santos, a qual ensinou práticas su persticiosas ARAGAO, M aria de, residente ju n to d e S. A ntônio — M oraria junto com
â con fitente M aria Joanna d e A zevedo (p . 251). a m am eluca Feliciana, que teria p resen cia d o fatos denunciados p or M anoel
ANCELMO (ín d io ), b ra sileiro, natural da Freguesia d e B enfica, solteiro, Portal (p . 222).
residente em B elém d o P ará — D enunciado c o m o autor d e vários dan os e ARAGAO, R osa M aria, casada, residen te à R ua F orm osa — M ulher de
fu rtos d e ob je to s d e cu lto religioso para fins “ su p ersticiosos” (p . 214-217). Joze Caetano C ordeiro, p rim o d o con fiten te M anoel Nunes da Silva (p. 240).
ANDRADE, Ignacia d e, casada — M ãe d o Padre M iguel A ngelo d e M orais, ARAÚJO, Anna Pestana, viúva, residen te na Capela de S. Antônio, R io
denunciante d e G ron felt (p . 144). Acará — V iúva d e J oão Furtado (p . 127).
ANDRADE, Ign acio (fa l.), casado, advogado — Pai da denunciante Ignes ARAÚJO, A ntonio Jose de, casado, sold a d o, forag id o — Serviu de teste­
M aria d e Jesus (filh a natu ral) (p . 158). munha para declarar o fa lso estado d e viuvez d o confitente B ernardo Antonio
A N DRÉ, Matheus, ca sa d o, cria d or d e gado, residente na Freguesia de (p . 273).
N. S en hora da C onceição d a Cachoeira, Ilha de M arajó — M arido de M aria ARAÚJO, A ntonio T elles (P e.) (ta m b ém A ntonio F élis), escrivão d o audi­
Josepha da Assunção, relatora d os fa tos den un ciados p o r Frei M anoel N icolá o tório eclesiástico — Testem unha “ ou vin te” em dois p rocessos da Inquisição
R oiz (p . 274).
(p . 202, 207).
A N DREZA (fa l.) — F orn eceu a o con fitente M anoel P acheco da M adureyra ARAÚJO, Catherina, casada — M ãe d o confitente Irm ão Leigo Manoel
u m a ora çã o para se d e s c o b r ir autor de fu rto s (p . 238).
d o R ozario (p . 148).
ANJOS, M anoel N a rciso d o s (C ó n e g o ), solteiro, sacerdote, residente em ARAÚJO, Clem ente Pereira de, so lte iro , capelão da Sé — Tem a seu
B elém d o Pará — C apelão da Sé da cidade d o Pará, em cu ja casa m orava serviço o cria d o C alisto, m am eluco, c u jo n om e se liga a fatos denunciados
tam bém o confitente D io n lsio da A ffon seca, clérig o tonsurado (p . 198). p or M arcelina T hereza (p . 142).
ANNA (índia) (fa l.), residente na Fazenda o Camará, Ilha d e M arajó ARCHANGELA, Jozepha, viúva — M ãe d e A ntonio d e M iranda que ensinou
— T eria m antido rela ções sexuais c o m o con fitente Irm ã o L eigo M anoel d o à con fitente M aria Joanna de A zevedo u m a oração “ m ágico-religiosa" (p. 257).
R ozario (p . 149). ARNAUT, M anoel, casado, residente na Vila de Santa Cruz d o Cameta
ANNA, solteira, residen te â Rua S ão B oaventura, Freguesia da Sé — O — O denunciante Caetano da C osta fa z denúncia d o s fatos narrados p or
denunciante R om ã o L ou ren ço d e Oliveira se serve d o que ela relatou para M anoel Arnaut (p . 228-229).
fa zer sua denúncia (p . 219-220). ARTEN CIA (ín d ia ), casada, residente na Freguesia de N. Senhora da
ANNA, casada, residen te na Fazenda Itavera M irim , Freguesia d e N. C onceição d o lugar d e B enfica — M u lh er d o ín d io Patrício, denunciado
S en hora d o Abaité — M u lh er d e A ntonio d e Sagy que fazia com p a n h ia a ju n to c o m o ín d io A ncelm o (p . 216).
M anoel Arnaut quando este relatou o s fa tos denunciados p o r Caetano da ASSUMPÇÃO, M echaela, casada — Cunhada e m adrinha de casamento
C osta (p . 228).
d o confitente B ern ard o Antonio (p . 272).
ANNA (ín d ia ), ajuntada, a o serviço da viúva Luzia d e Avilla (escra v a ?), ASSUNÇAO, M aria Jozepha da, casada, vive da fazenda de gado, residente
residente n o S ítio de C am eta Tapera, V ila d e Cam eta — Índia c o m qu em na Freguesia d e N . Senhora da C on ceição da C achoeira da Ilha de M arajó
o ín d io M iguel quisera co n tra ir m a trim ón io ilícito (p . 259-260). __ Denunciante, p o r interm édio d o F rei M anoel N icoláo R oiz, de sua mãe
A N TON IA (m u lata), casada, residente na Fazenda Uzinga, Freguesia de Angela M icaela (p . 275-276).
N. S en hora d o R osá rio — Denunciada c o m o p essoa recorren te às práticas ATANASIO (ín d io ), brasileiro, natural d e R io M oju im , Freguesia da Vila
“ m ágico-religiosas” d o ín d io D om in gos de S ouza (p . 224). da V igia, solteiro, cria d o da ad m in istração de A ntonio Jose de M acedo,
ANTON IA, casada, residen te na Vila d e Santa Cruz d o Cam elta — M ulher lavrador, residente na Freguesia da V ila d a Vigia — E nsinou ao confitente
d e D om in gos Nunes, lo c a d o r da casa d o con fitente L ou ren ço R odrigu es M anoel José da Maya um a oração “ m ágico-religiosa” (p . 200).
(p . 243).
ATAH ID E, T heresa M aria de, casada, residente na Cidade d o Pará —
AN TON IO, B ernardo, P ortêlo, 50 anos, Freguesia de S. M artinho de M ulher d o con fiten te M anoel de O liveira P antoja (p . 126).
C am bres, B ispado de L am ego, viúvo, vive d e sua roça , residente n o Sítio AUDETA, R oza, espanhola, casada, residente detrás da Igreja da M iseri­
S. A ntonio, R io B ujaru, C oa dju toria d a Sé d e B elém d o Pará — C onfitente. có rd ia — M ulher de V entura S arrasola e c o m ele testemunha e participante
D elito de bigam ia. P rim eira m ulher: M aria Jozepha. Disse ser cristão-velho d e fa tos denunciados p o r Frei João d e S . Jose (p . 248).
(p . 270-271).
ATTTT.T.A, A ntonio, casado, sold ad o, residen te ju n to da Igreja de S. João
AN TON IO, D om ingos, ca sa d o, alfaiate, residente atrás da ig reja d e S ão da Freguesia da S é — Testem unha o s fa to s denunciados p o r Raymundo
João — M arido de M aria Jozepha, a qual teria ensinado à con fiten te M aria
Jose de B iten cou rt (p . 267-269).
Joanna de Azevedo o ra çõ e s “ m á gico-religiosas" (p . 254).
AUILLA, Luís — Irm ã o de A ntonio Auilla que c o m ele fo i testemunha
ANTON IO (fr e i), relig io so — Testem unha “ ou vin te” da den un ciação de
A ntonio da Silva (p . 136). d o s fa tos denunciados (p . 268).
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AUILLA, Luzia de, viúva, residente n o S ítio d e Cametá T apera, V ila d e B ASTOS, Joze d e M esquita de, escrivão d o Senado da Câmara d e V erea­
Cametá — Tinha a seu serviço a índia A nna, c o m quem o d en u n ciad o ín dio d ores — M em b ro da Câmara que recebeu a C om issão d a V isitação da In qu i­
Miguel pretendia se casar ilegalmente (p . 259). sição. Prestou ju ram en to de fé perante a V isitação (p . 120-121, 123).
AYRES, André Miguel, casado, capitão d e auxiliares — P rop rietá rio das BATALHA, Filipe Ia cob , brasileiro, natural de B elém d o Pará, viú vo
casas d o denunciante José da C osta e d o d en un ciado T hom as Luis Ferreira. vive d e sua r o ça (Ilh a d e M a ra jó ), residente à Rua d o P acinho, B elém d o
Pai dos denunciados M anoel e Pedro A yres (p . 168, 220-221).
7 , nT, „,?nfitente e tam bém acu sado pela confitente F eliciana de Lira B arros
AYRES, Jose Miguel, casado, ca p itã o-m or e fazendeiro, _ residente na vp. lob-189).
Ilha d o M arajó — D enunciação p o r sevícias e atitudes anticristãs (p . 219-221).
B A Z íL íA , Anna, brasileira, natural d o M aranhão, V ila de Tapuitapera
AYRES, Manoel, solteiro — D enunciado entre o s fa to s relatados p o r solteira, costu reira, residente à R ua qu e segue à d e S. A ntônio (B elém , junto’
Anna (p . 219) e denunciados p o r R om ã o L ou ren ço de O liveira (p . 219-221).
ao C onvento de S . A n tôn io) — P resen ciou o s fatos d en un ciados p o r Josepha
AYRES, Pedro, solteiro — Irm ão d e M an oel Ayres e den un ciado c o m ele C oelho. Diz-se ser cristã-velha (p . 182). v
(p. 220 ). _ , J „ B E IC IN H O , D om in gos (p r e to ), escravo — V ítim a d o denunciado Fran­
AZEVEDO, Maria Joanna de, brasileira, natural de Sao Luís d o M aranhao, cisco S errao d e C astro (p . 263s).
solteira, residente à R ua dos Meo (alco), Freguesia de N. S en hora d o R osá rio BERN ARD A, casada — M ulher de Joze de G ou veia (p . 153).
da Campina — Confitente (p . 250). . B E R N A R D IN A (ín d ia ), casada, residente na Fazenda Uzinga, Freguesia
Souza (pen222r223<) 0 R ° SárÍ° — M ulher d o d en un ciado ín d io D om ingos d e
BAHIA, V ictorino Gonsalves (P e.), solteiro, sa cerdote — Testem unha “ ou ­
vinte” da confissão de João M endes P in h eiro (p . 210-211). B ETAN CU RTH , R aym undo Jose, português, natural da cidade d e Angra
BAMTA, Valeria (ca fu sa ), solteira — M ãe da denunciante Ignes Maria da Ilha T erceira, casad o c o m M aria Josepha de B rilh os, ajudante d o terço
de Jesus (Filha natural) (p . 158). dos auxiliares d a Capitania d e S. José d o R io N egro, d iretor da V ila de
BAPTISTA, Antonio, Secretário d o C on selh o Geral d o S anto O fício Beja, residente a o p é d a Ig reja d e S . João, Freguesia d a S é — Denunciante
Escriturário da Com issão que dá au torid ad e à V isitação d o S an to O fício (p. 203-207, 266).
(p. 116-117). A . ^ ... B E TTEN C U R T, Joaqu im Ign acio (P e .), solteiro, V ice-R eitor d o Sem inário
BAPTISTA, João — Pai d e Jose d e G ou veia que teria se su b m etid o a ~ Testem unha “ ou vin te” da denúncia d e Jose D om in gos d a Silva Pinheiro
tratamento "m ágico-religioso” d o den un ciado escra vo p reto Jose (p . 153).
BAPTISTA, João (ce g o ), residente a o p ó d o R osá rio d os p retos — Subm e­ B E X IG A , M anoel (p re to ), solteiro, escravo — V ítim a d o denunciado
tido a tratamento "m ágico-religioso” d o den u n ciad o Jose (p r e to ) (p . 155). F rancisco S errão d e Castro (p . 263).
BARBOZA, André, lavrador — Pai d o con fiten te Fr. M anoel d o R ozario BITANCOU R, M aria Jozepha de, casada — T eria aprendido c o m o
denunciado A ntonio M ogo um a ora çã o “ m ágico-religiosa” (p . 132).
P BARBOZA, Francisco da Costa, fa zen d eiro, residente na V ila da V igia B IT A N H E IS D , Luiza M aria d e, casada — M ãe d o con fiten te M anoel de
Participante dos fatos narrados pelo con fiten te clérigo D ion ísio da A ffonseca Oliveira P antoja (p . 126).
(p . 199). B ITEN COU RT, Jose de, residente à R ua Direita (B elém d o Pará) __
BARGANÇA, A ntonio d a Silva, ca b o (d a C annoa), residente na V ila de Vizinho d o denunciante Jose da C osta, qu e teria p resen ciad o o s fatos denun­
Beja — Subm etido a tratam ento “ m á g ico-relig ioso” da índia Sabina (p . 269). ciados (p . 170).
BARRETO Mariana (fa l.), viúva, residen te n o R io d o A çougue — Subm e­ B O R G E S, Lazaro Fernandes, V eread or ju n to d o S en ad o da Câmara —
tida a tratamento "m ágico-religioso" d a den un ciada Luduvina Ferreira. A R ecepcion ou a C om issão da V isitação. Fez ju ram en to d o s n eg ócios da fé
denunciante Ignes Maria d e Jesus seria sua escrava (p . 158). perante a V isitação (p . 120-123).
BARROS, Angélico de (F r .), solteiro, sa cerd ote religioso d e N . Senhora BRANDÃO, Ig n acio C oelho, brasileiro, natural d e B elém d o Pará, casado
d o Carmo — Testemunha “ ouvinte” d e v á rios p ro ce sso s da Inquisição (p. 160), viú vo (p . 177), vive de sua roça , residente em B elém d o Pará — Pre­
(p . 128-129, 188). ^ . senciou o s fa tos den un ciados p o r Ignes M aria d e Jesus e Constança M aciel:
BARROS, Caetano de Lira — P reso da cadeia de B elém (In ch o v ia das sua m ãe fo i su bm etida a tratam ento "m ágico-relig ioso” (p . 160, 177).
Alm as), presenciou co m ou tros presos o s fa tos denunciados p o r Luiz de B R IT O , F ru ctu ozo de (m u la to), casado, sapateiro — Pai d o denunciante
Souza Sylva (p . 235). _ . .. Luiz de S ouza Silva (p . 233).
BARROS, Feliciana de Lira, brasileira, natural de B elém d o Pará, viuva, B R IT O , João de, residente na V ila d a V igia — T eria p articip ad o d e um
residente à Rua do Pacinho, B elém d o Pará — Manteve rela ções sexuais “falso m a trim ón io” , co m o n oivo, c o m o n om e de A lon ço (p . 127).
com o confitente Filipe Ia co b Batalha (s o d o m ia ) e apresentou-se tam bém B R IT T O o, M aria Josepha d e (p . 266 a 268, sob ren om e B risso s), casada,
com o confitente (p . 187, 189, 191). residente a o p é da Ig reja de S ão João (Freguesia d a S é ) — M ulher d o
BARROS, Francisco A ntonio de L ira — Pai d o estudante J oã o Joze de denunciante R aym undo José d e B etencurth, subm eteu-se a tratam ento m á­
Lira Barros (p. 142). gico-religioso da índia Sabina (p . 203, 266, 268).
BARROS, Francisco de Lim a — A denunciada Joanna M endes fo i sua BULHOENS, M iguel (D . F r.), solteiro, b isp o — R eceb eu tam bém a
escrava (p . 163). denúncia d e Caetano d a Costa, m as p o r interm édio d e M anoel Arnaut que
BARROS, João Joze de Lira, estudante — Presenciou o s fa tos denuncia­ presenciara os fatos denunciados (p . 229).
dos por Marcelina Thereza (p . 142-143).
BARROS, Maria de (fa l.) — A con fiten te D om ingas G om es da Ressurrei­ CAETANA, casada, residente atrás da M isericórdia — E n sin ou à confitente
ção (m am eluca) fo i sua escrava (p . 179-181). Maria Joanna de A zevedo um a ora çã o “ m ágico-religiosa” (p . 252).

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CAETANA, Jeronim a, casada, residen te n o S itio d o R io M uruyni — Filha
d a denunciante Antonia Jeron im a Silva, esteve c o m ela p o r o ca siã o em que CASTRO, M anoel S errão de, residente n o E ngenho da Boavista, Freguesia
se deram o s fa tos den un ciados (p . 212 ). da Só d e B elém — F ilho natural de D om in gos S errão d e Castro, proprietário
CAETANO, E lias — P rop rietá rio d e vários escravos, o s quais partici­ e adm inistrador, ju n to c o m F rancisco, d o E ngenho da Boavista (p . 262, 264).
param d e tratam entos “ m á g ico-relig iosos" denunciados p o r F ra n cisco Manoel CASTRO, R ob erto S errão d e (fa l.), viú vo — Pai d o denunciante Luiz
da Cunha (p . 139, 155). Vieyra da C osta qu e a p ed id o o levou ao p á ro co d o lugar correr "ban h os"
CAFUZ, João (n ã o seria J oã o C a fu zo ?), assistente e m u m a lo ja — A para o m a trim ón io d o denunciado ín d io M iguel (p . 259).
denunciada M aria F rancisca teria fe ito “ p rá tica m á gico-religiosa " p o r ocasião CATHARINA, viúva — Testem unha d o casam en to d e Anna Maria co m
d o desaparecim ento d e seu din h eiro e p ara recuperá-lo (p . 143). o confitente B ern ard o A ntonio (p . 272).
CERQUEIRA, A gostinho D om ingues, V eread or — Recebeu co m o V ereador
CALISTO (m a m e lu co ), cria d o d e Clem ente Pereyra d e A raú jo, capelão
d a Só — Seu n om e teria sid o p ron u n cia d o p ela denunciada M aria Francisca, a C om issão d o S anto O fício. P restou ju ram en to d e fé perante a m esm a
num a d e suas “práticas m ágico-religiosas” , c o m o autor d e u m fu rto (p . 142). Com issão (p . 120, 123).
CH AVES, M iguel G onçalves, M eirinho da O u vidoria Geral — P restou
CAMPOS, R aym un do d e — P reso d a cadeia d e B elém (In ch ov ia das
juram ento d e fé perante a C om issão d o Santo O fício (p . 124).
A lm as), presen ciou c o m o u tro s p re so s o s fa to s d en un ciados p o r Luiz de
S ouza Sylva (p . 235). CIPR IA N O (ín d io e m e n in o), cria d o d o denunciante Fr. Antonio Tavares.
Esse denunciante se serve d os fa tos relatados p o r Cipriano para denúncia
CANAEZ, P edro B arbonan (P e .), solteiro, sacerdote, V igário-G eral — Deu do ín d io A ncelm o (p . 215).
p rov isã o de casam ento, em segundas n úp cias, d o con fitente B ern a rd o Antonio CLARA — V ítim a d o con fitente M anoel d e O liveira Pantoja, num falso
(p . 272).
casam ento (p . 127).
CARDOSO, A ntonio, ca sa d o — T io d e Anna M aria e testem unha d e casa­ COCOLIM, C onde de — C oronel d o R egim en to d a Companhia d o Conde
m en to desta c o m o con fiten te B ern a rd o A ntonio (p . 272). de V aladares; em seu regim ento sentou p ra ça de sold ad o o confitente B er­
CARDOZA, Alecia, casada — M ãe d o denunciante Luiz d e Souza Svlva nardo A ntonio, d ep ois de abandonar sua m ulher legítim a (p . 272).
(p . 233). COELH O, Josepha, casada c o m A ntonio G om es, residente na cidade de
CARDOZO, Andreza, casada, residen te na V ila de B u im — M ulher do Belém, R ua da Atalaia — Denunciante d e Izabel Maria da Silva. Diz-se
d en un ciado M arçal (o u M a n oel) A gostin h o (p . 226). cristã-velha (p . 182).
CARDOZO, F ran cisco, ca sa d o, alferes d e Auxiliares, residen te n o Sítio COELHO, Luis da Cunha — P reso da cadeia d e Belém (In ch ovia das
d o R io M uruyni — M arido d e Caetana Jeron im a (p . 212). A lm as), p resen ciou c o m ou tros p resos o s fatos denunciados p or Luiz de
CARDOZO, João, casado, lavrador, residente n o R io B u ja ru , Coadjutoria Souza Sylva (p . 235).
d a Freguesia da cidade d e B elém — Pai d e Anna M aria, que contraiu C O IM BRA, A ntonio Joze (fa l.), sold a d o — M arido d e um a tal Lucia, a
m atrim ón io c o m o con fitente B ern ard o A n tonio (p . 272). qual teria ensinado à con fitente M aria Joanna d e Azevedo um a oração
C ARN EYRO, Jose (P e .), solteiro, sa cerd ote — E p ro p rie tá rio d e várias “m ágico-religiosa” (p . 254).
casas n o B a irro da Cam pina; em u m a delas m orava a denunciada fn^ia CONCEIÇÃO, Ayres S everin o da (F re i), solteiro, sacerdote religioso de
Sabina (p . 266). N. S enhora d o C arm o — Testem unha “ ou vin te” d e d o is processos da V isita­
CARVALHO, A niceto F ra n cisco (ca p itã o ) — Capitão d a C om panhia à qual ção (p . 136-137, 190).
perten cia o con fitente Ig n a cio Peres P ereyra (p . 230). CONCEIÇÃO, C ustodio José da, m eirin h o d o ju íz o eclesiástico — P restou
CARVALHO, A ntonio, casado, A judante d e Auxiliares (p . 132), sem o fício ju ram en to de fé perante a C om issão d o S an to O fício (p . 124-125).
(p . 254), residente atrás d e S. J oã o — M oravam c o m ele o s denunciados CO RD EIRO , Joze Caetano, b rasileiro, natural d e Belém, casado, subchan-
A ntonio M ogo, m am elu co, e o ín dio F austino (p . 132, 254). tre da Sé d e B elém , residente à R ua F orm osa (B elém ) — Primo d o confitente
CARVALHO, D om in gos Luis de, ca sa d o, residente à R u a S ã o João — M anoel Nunes d a Silva, que lhe teria ensinado um a oração “ m ágico-religiosa”
P adrasto da denunciante M aria F ructuosa da Sylva (p . 132). (p . 240).
CARVALHO, Jeron im o d e Alvares, so lte iro , sa cerdote — Testemunha COSTA, Alexandre P ereira (o u F ra n cisco ), beneficiado, solteiro, sacer­
“ ou vin te" d e u m p ro ce sso da V isitação (p . 261). dote — Testem unha “ ou vin te” d e vários p ro ce sso s da Visitação (p . 236, 245,
CARVALHO, M anoel P ortal d e (o u C o re a ), b rasileiro, natural d a Freguesia 258, 271).
d e N . S en hora d o R osá rio (B e lé m ), ca sa d o, A lferes de O rdenança, residente COSTA, A nselm o, b ra sileiro, natural d e N. S en hora da C onceição de
na Fazenda Uzinga, Freguesia d e N . S en h ora d o R osá rio — Denunciante d o B enfica, solteiro, carpin teiro — D enunciado.
ín d io D om in gos d e Souza (p . 222, 224). COSTA, A ntonio da (F re i), solteiro, sacerd ote religioso de N. Senhora
CASTELOBRANCO, J oã o d e A breu, G overn a d or d o E sta d o d o Pará — d o C arm o — Testem unha “ ou vin te” d e vários p ro ce sso s da V isitação (p . 131,
Q uando govern ador, fo i su b m etid o a tratam en to “ m á g ico-relig ioso" da índia 143-144, 165, 170-171).
Sabina (p . 172). COSTA, Caetano da, português, natural da Freguesia de N. Senhora das
CASTRO, D om in gos S errã o d e (fa l.), b ra sileiro, natural d o M aranhão, M ercês (L isb o a ), casado, vive d e suas fazendas em N . Senhora de Nazareth,
viú vo, residente ã R ua d o N orte e ta m b ém n o E ngenho d a B oavista, Fre­ residente em Santa Ana d o Guararape M erim (B isp a d o d e B elém ) — Denun­
guesia d a Sé de B elém — E ra p rop rietá rio d o escravo J oa q u im Antonio, ciante d o ín d io Izid ro (p . 228-229).
con fiten te (p . 262). COSTA, D am ião da, casad o — Pai d o denunciante Joze da Costa (p . 168).
COSTA, F ru ctu ozo d a (C ón eg o), solteiro, sacerd ote, residente em Belém ,
CASTRO, F ra n cisco S errão de, residen te n o E ngenho d a B oavista, Fre­
Rua F orm osa — Sua residên cia serve d e referên cia para localização da
guesia da Sé de B elém — F ilho natural d e D om in gos S errã o d e Castro,
residência da con fitente M aria Joanna d e A zevedo (p . 250).
p rop rietá rio e adm inistrador d o E n gen h o da B oavista, d en u n cia d o p o r Joa­
q u im A ntonio p o r sod om ia (p . 262-265). COSTA, G on çalo Joze da (tam bém N ico lá o ), português, natural de Vila
das Caídas da R ainha (L isb o a ), casad o, vive d e seu engenho e lavoura,
residente em B elém — Denunciante d e sua escrava Joanna (p . 191, 194).
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COSTA, Jose da, português, natural da Freguesia d e S ão José, Ponta EUGENIA (ín d ia, fa l.) — M ãe natural da denunciante M aria Fructuoza
'P* lôZ) .
Delgada da Ilha de São Miguel, solteiro, p ed reiro, residente à R ua Direita,
junto da R oda dos Enjeitados — Denunciante de T om as I.uis F erreira (p . 168). EUQU ERIO (ín d io e m en in o), d o se rv iço d a denunciante Antonia J ero­
COSTA, Jozé Caetano F erreira da, solteiro, sa cerd ote Testem unha nim a Presente aos fa tos den un ciados p o r Antonia Jeronim a (p . 213).
“ouvinte” de dois processos da V isitação (p . 232, 236).
COSTA, Luiz Vieyra da, b ra sileiro, natural da Freguesia da Sé, casado, FAGUNDES, Luiz — P roprietário atual d o sítio em qu e se deram o s fatos
vive de sua roça, residente n o S ítio d o L im oeiro, F reguesia d e S ão Joao denunciados p or C aetano da C osta (p . 229).
Batista, V ila V içosa, S. Cruz de Cameta — Denunciante d o ín dio M iguel FAGUNDO, M an oel, escravo, residen te n o E ngen h o da B oavista Fre­
(p. 259, 261). , . . . , guesia da Sé — V ítim a d o denunciado F ra n cisco S errão d e Castro (p 263s)
COSTA, M anoel da (fal.) — Pai d o con fiten te B ernardo A ntonio (p . 271). FARIA, Caetana d e (m am elu ca) — M ãe natural da m am eluca Feliciana
COSTA, M anoel da, cirurgião d e u m navio da C om panhia G eral F icou que, c o m outras, p resen ciou os fatos den u n ciad os p o r M anoel Portal (p 222)
encarregado p elo confitente B ern a rd o A n tonio de averiguar, e m L isboa, se
FAUSTINA (ín d ia ), brasileira, natural da Fazenda Uzinga, Freguesia de
a prim eira m ulher deste era viva (p . 273). N. Senhora d o R osá rio, solteira, residen te na m esm a fazenda __ Relata a
COSTA, M iguel da, africano, natural d o R ein o de Angola, solteiro, escravo,
M anoel Portal fa tos den un ciados p o r este (p . 222).
residente no Engenho da Boavista, Freguesia da Sé — V ítim a d o denunciado
FAUSTINO (ín d io ), solteiro, da casa d e A ntonio C arvalho __ E nsinou
Francisco Serrão de Castro (p . 263).
COSTA, Antonio, entalhador, residente em B elém , p o r detrás d a M iseri­ à confitente M aria Joanna de Azevedo um a ora çã o “ m ágico-religiosa” (p . 254)
córdia — M arido de Maria N icolaia, qu e d ep õe testem unhando con tra M a n a F E (ín d ia ) C on tou à índia P helypa das in ten ções da denunciada
preta Joanna (p . 192).
Antonia Pacheca p o r casamento invalidado (p . 249). _
COUTINHO, Ponciano Dias — T em a seu serv iço a m am elu ca F loren cia, FE, M aria da, casada, residente ao p é d e S. A ntonio, R od a d os E n jeitad os
mulher legítim a d o denunciado Joze F elizardo (p . 195-197). — M ora em sua casa Joze M aria qu e teria se su bm etid o a tratam ento
COUTO, M anoel da Costa, residente ao p é d e S. A ntônio R esid iu em m ágico religioso” d o den un ciado p reto Joze (p . 155).
sua casa Victoriana, viúva d e A ntonio R odrigu es, que teria re co rrid o a M ILICIAN A (m a m elu ca ), brasileira, natural d e B elém , solteira, residente
tratamento “ m ágico-religioso” d o den un ciado p re to Joze (p . 139). em B elem R elata fa tos a M anoel P ortal, p o r este den un ciados (p . 222).
CUNHA, Deodata Victoria da, casada, residente no S ítio Guarapiranga, FELICIAN O (ín d io ), casado — Pai da ín d ia Faustina que relata fatos
Vila da V igia — M ulher d o con fitente C recen cio E sco b a r (p . 129). denunciados p o r M an oel Portal (p . 222).
CUNHA, D om ingos Antonio da ( o C a b eira ), casado, alfaiate — M arido FELIZARDO, Joze, casado, ex-sold ado, residente na Fazenda d o R io
de Maria Jozepha de Bitencour, que receb era e m sua casa o ^denunciado Capy Denunciado p o r ter se casado ilegalm ente a segunda vez (p 195 -197 )
Antonio M ogo para aprender dele um a o ra çã o “ m ágico-religiosa” (p . 132). FERN AN D ES, M áxim o, casad o — Sua m u lh er m ora c o m a denunciada
CUNHA, M anoel Francisco da, portu gu ês, natural da F reguesia d e S. Roza M a n a d os S an tos (p . 251).
Salvador, B ispado d o Porto, casado, ca rp in teiro, residente à R ua Direita í M anoel da Costa, tesou reiro d o s ausentes — A denunciada
de S. A ntonio — Denunciante d o escravo Joze, p o r práticas "m ágico-religiosas índia ca b in a fez um a "p rática m ágico-religiosa” em sua casa (p . 174 ).
(p. 137, 140). ... , „ , FE R R E IR A , Luduvina (à p. 161 con sta L udenciana), brasileira, natural
CURIBOCA, Domingos, casado, residente n o S ítio d o G uajaram irim de B elém , viúva, resid en te ao p é d o A rm azém da P ólv ora — D enunciada
Irm ão de Paula Curiboca, a qual p assou a m o ra r c o m ele na é p o ca d o p o r .p r á tic a s “ m ágico-religiosas” (p . 158-161, 175-178).
estabelecim ento d o processo da In q u isiçã o s o b re o s fa to s qu e p resen ciou FERREIRO, B en to d e Figueiredo, alm oxarife — A ssinou c o m ou tros
o term o de ju ram en to d e fé em n om e d o p o v o (p . 124).
CURIBOCA, Paula, brasileira, natural d e V ila d o Cam eta, residente no F E R R E Y R A , Joze Caetano (P e .), so lte iro , sacerd ote — Testem unha
Sítio d o G uajaram irim — E stava presente a os fa tos d en un ciados p o r M an a ouvinte” de um p ro ce s s o da In qu isição (p . 232).
Fructuosa da Sylva (p . 132). FER RO VE LH O ( o ) , português, solteiro, sold a d o e ba rb eiro — Deu
testemunho fa lso da viuvez d o con fitente B ern ard o A ntonio (p . 272).
DIOGO (ca fu s o ), viúvo, pai de E stácia M aria, mulata, que teria presen ciado, FIGU EYRA, A ntonio, brasileiro, natural d e B elém , casado, vive d e sua
com outras pessoas, aos fatos den un ciados p o r M anoel P ortal (p . 222). roça, residente na F reguesia de N. S en h ora da C on ceição Aboite __ Pai
DOMINGAS (ín d ia ), casada — M ulher d o ín d io D om in gos Gaspar, natural d o con fitente J oã o M endes P in h eyro. Seu s ítio serviu d e refú gio
denunciado co m o índio A ncelm o e o u tro s (p . 204). ao ín dio João e sua m u lh er M aria (p . 207, 209).
DOMINGOS, africano, natural d o R e in o de A ngola, solteiro, escravo, F L O R E N d A (m a m elu ca ), casada, d o se rv iço de P on cian o Dias Coutinho
residente n o Engenho da B oavista, Freguesia da Só — V ítim a d o denun­ residente em B elém — M ulher legítim a d o d en un ciado Joze Felizardo
ciado F rancisco Serrão de C astro (p . 263). (p. 195-196).
FLORENCIA (m a m elu ca ) — Mãe d e A ntonio e Luiz de Avilla e de
ESCOBAR, C recencio (m a m elu co), b ra sileiro, natural d e V ila da Vigia, Maria Jozepha de B rissos, cunhados e esp osa, respectivam ente, d o denun­
casado, ferreiro, residente n o S ítio Guarapiranga, V ila da V igia — Confi- ciante R aym undo Joze d e B ittencourt; p resen ciou os fa tos den un ciados p o r
tente que se apresenta por ter co m p ra d o u m escrito con ten d o um a oraçao este Cp. 26o).
“ m ágico-religiosa” (p . 129, 131). , , . FLORENCIO, so lte iro , escravo, residen te n o E ngenho da B oavista, Fre­
ESPUTAÇAO, Affonso da (F re i) (E sp e ta çã o ?), sa cerd ote, C om issário guesia da Se V ítim a d o denunciado F ra n cisco S errão de Castro (p . 263).
da Frasinos de São Francisco e d o S anto O fício — O denunciante Jose da FONSECA, Joze C osm e da (P e.), so lte iro , sacerd ote, cu ra da Santa (?)
Costa lhe form ula prim eiram ente sua denúncia na qualidade d e se r com is­
| 5e Testem unha ou v in te” de um p ro ce s s o da In qu isição (p . 258).
sário Frasinos de São Francisco e d o Santo O fício (p . 169).

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FONSECA, Joze P in to da (F re i), solteiro, sa cerd ote relig ioso de N.
S en hora d o C arm o — Testem unha "ou vin te” d e u m p r o c e sso d e Inquisição GOM ES, A ntonio, casado, residen te em B elém — M arido da denunciante
(p . 140-141, 147, 179). Jozepha C oelh o (p . 182).
FRANCISCA (p re ta ), casada, escrava, residente n o E ngen h o da Boavista, GOM ES, J oã o (p re to ), escrav o (fa l.), residente n o Engenho da Boavista,
Freguesia da Sé — M ulher d o escravo D om in gos Joze, vítim a d o denunciado Freguesia da S é — V ítim a d o d en u n ciad o F ran cisco S errão de Castro (p. 263s).
F ran cisco Serrão d e C astro (p . 263). GONDES, Faustino, m estre alfaiate, residente à R ua das Almas, Freguesia
FRANCISCA, M aria (p re ta ), viúva, escrava, residente à R ua Form osa de N. S en hora d o R osário da C am pina — É m estre d o aprendiz e confitente
(B e lé m ) — Denunciada p o r práticas “ m ágico-religiosas" (p . 141, 143). João M endes P inheyro (m a m elu co). E ste reside em sua casa (p . 208).
FRANCISCO, escra v o — A p rática “ m ágico-religiosa” d a denunciada Maria GONSALLI, de, residente n o P orto (P ortu gal) — Suas casas servem de
F ran cisca fo i feita para se d e sco b rir o n om e d o au tor d o fu rto d e seu referência à resid ên cia da m u lh er legítim a d o con fitente Bernardo Antonio
d in h eiro (p . 141-143). antes de con tra ir m atrim ón io c o m ele (p . 271).
FRANCISCO (ín d io ), solteiro — D enunciado c o m o ín dio A ncelm o e GONSALVES, M anoel, casado, ca b o da Canoa da V ila de Pinhal, residente
o u tro s p o r p osse d e o b je to s de cu lto religioso c o m o preservativos d o mal na Vila d e Pinhal, B ispado de B elém — E stava presente à conversação sobre
(p . 216). os fatos relatados p elo Pe. A ca cio da Cunha d e O liveyra e denunciados p or
FRANCISCO (p r e to ), casado, escravo, residente n o E ngenho d e N . Se­ Giraldo C orreia L im a (p . 225).
n h ora das Aguas d e L upe — M arido da denunciada escra va -J oa n n a (p . 192). GOUVEIA, Joze de, português, natural das Ilhas, casado, escrivão de
FRANCISCO, solteiro, sold a d o, residente n o E ngenho R io A cará — Estava órfãos, residente à R ua São V icen te — In fo rm o u ao confitente Joze Januario
p resen te aos fa tos co n fessa d os p o r M anoel de O liveira P a n toja (p . 127). dos serviços qu e o denunciado escrav o Joze prestava através de práticas
FRANCISCO (ta m b ém F rancisco Ign acio, m enino ín d io ), natural d e Vila “m ágico-religiosas” (p . 153).
d e B eja , solteiro — D enunciado c o m o ín dio Joaqu im e ou tros p o r posse GRACIA (p r e to ), africano, da n ação m ix icon g o, solteiro, escravo, residente
d e o b je to s de cu lto relig ioso c o m o preservativos d o m al (p . 206). no E ngenho d a B oavista, Freguesia da Sé — V ítim a d o denunciado Francisco
FRANCISCO, J oã o (fa l.) — F oi m a rid o d e Jozepha M onteyra, a qual teria Serrão de C astro (p . 263-264).
re ce b id o a doen te e con fiten te M aria Jozepha da A ssunção em sua casa GRACIA (p r e to ), escravo, residente ao p é da Igreja d e São João, Freguesia
(p , 274). da Sé — A m a n d o d o denunciante R aym un d o Joze d e B ittencourt fo i chamar
FRANCO, Joze da Sylva, casado, residente ju n to a o R io G uaiapos — a denunciada ín dia Sabina para p rática “ m ágico-religiosa” (p . 267-268).
C on h ece o s fatos d en un ciados p o r M aria Jozepha d a A ssunção (p . 275). G R E G O R IA (p re ta ), criada — A tribui ao p od er “ m ágico-religioso” d o
F R E Y R E , Luiza Caetana da Cunha, casada, residente à R ua de São confitente p re to M arçal ter d escob erto o au tor d os fu rtos dos seus objetos
B oaventura, Freguesia da S é — M ulher d o denunciante R o m ã o L ouren ço de (p. 157).
O liveyra (p . 218). GRON FELT, Fulano (sargen to), alem ão, germ ân ico (? ) — sargento-m or,
FURTADO, J oã o (fa l.), b rasileiro, natural d e B elém , casado, residente engenheiro, residen te ju n to a o p o ç o d o p o v o — Denunciado p or professar
n a cid ad e d e B elém e n o E ngenho d o R io M o ju — Estava presente aos heresias luteranas (p . 144-146).
fa to s con fessad os p o r M anoel d e Oliveira P antoja (p . 127). GUEDES, A ntonio R odrigues — A denunciada india Sabina realizou outra
prática “ m ágico-religiosa" em sua casa (p . 269).
GUEDES, B en to (fa l.), residente ju n to a o R io A cará — Era senhor da
GA IA , Joanna da, casada c o m A ntonio Joze de M oraes, residente em B elém
escrava índia Sabina, denunciada p o r p rática “ m ágico-religiosa" (p . 165, 172).
— E stava c o m a denunciante Jozepha C oelh o qu ando esta recebeu a Anna
B azilia que lhe c o n to u o s fatos denunciados (p . 182).
GAIA, O n ofre da, casado, carpin teiro — M arido d e Luiza d e Souza, a HAPME, Joze (v id e Joze C osm e da F onseca, on de talvez Hapme seja Cosm e)
qu al estava co m a denunciante Jozepha C oelho, qu an d o esta recebeu Anna (p . 258).
B azilia que lhe co n to u o s fa tos den un ciados (p . 182).
GASPAR, D om in g os (ín d io ), casado, sargento-m or da V ila d e Beja,
residen te em V ila d e B e ja — D enunciado co m o m andante de fu rtos de IGNACIA, bra sileira, natural d e B elém , casada, residente ao p é d o Armazém
o b je t o d e culto da ig re ja para fins “ m á gico-religiosos", através d o s denun­ da P ólvora — F ilha da denunciada Luduvina Ferreira e com esta tam bém
c ia d o s indios Joaqu im e Lazaro V ieyra (p . 204, 206). denunciada p o r prática “ m ágico-religiosa" (p . 178).
GASTÀO, R o d rig o Pereyra, brasileiro, natural d e V ila d e Santarém, IGNACIO (ín d io ), casado — Pai d o m en in o ín d io Francisco (Ign acio),
d ire to r d o lugar d e B en íica , B isp ad o de B elém — Prendeu o denunciado denunciado c o m o índio Joaqu im e ou tros p o r fu rto d e ob jetos de culto
ín d io A ncelm o para qu e este se con fessasse cu lpado d e fu rto s de ob jetos religioso para fin s preservativos d o m al (p . 206).
sagrad os da igreja (p . 216). IGNACIO, G om es — Pai natural da con fitente Dom ingas Gom es da
GAYO, Mathias da Sylva — A ssinou o term o d e ju ra m en to d o povo R essurreição (p . 179).
perante a C om issão da In q u isiçã o (p . 124). IG N EZ (m ulata, fa l.) — M ãe da m ulata E stacia Maria, que prestou
GERM ANA (ín d ia ), solteira, criada d o con fitente M anoel P acheco de depoim entos qu e serviram à denúncia d o denunciante Manoel Portal (p . 222).
M adureyra, que lhe co m u n ica o fu rto d e um a cam isa sua, usando este de IN FANTE, A n tonio (ca p itã o) — C apitão da Com panhia de soldados à
p rática “ m ágico-religiosa” para d e sco b rir o autor (p . 238). qual perten ce o con fitente M anoel Joze da Maya (p . 200).
GERM ANO — F ilh o da denunciada Angela M icaela, a qual tentou per­ IZA B E L (in d ia, fa l.), escrava — E scrava d o denunciado Thom az Luiz
suadi-lo em erro s d e religião (p . 275). Teixeira, que fo i interpelada p elo denunciante Joze da Costa sobre o p ro­
GIRALDES, V en ician o Joze (P e.), solteiro. V igário da V ila d e B eja — fi cedim ento d o den un ciado e tam bém d e seu p roced im en to (p . 169).
in form a d o e constata o s fa tos denunciados p o r R aym undo Joze d e Bittencourt IZAB E L, casada, residente e m B elém — M ulher d e Lourenço Pinheyro,
s o b re o s fu rtos p ra tica d os em sua igreja (p . 204). o qual estava presen te aos fatos con fessa d os p o r M anoel de Oliveira Pantoja
(p . 127).
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91
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^°^*XZA^BELINH^ 0 residente n a 'V i l a de Santa Cruz d o Cameta - M ora
junto *com ela M anoel Asdaunt, parente seu, que relata fatos d en un cia o

P° r IZIDRO? brasileiro, natural d o E stado d o G rão-Pará — D enunciado pela


sua fam a de judeu (p . 228).

JANUARIA (índia) - Mulher legítim a d o d en un ciado índio M ^ u e l ( p ^ 260).


JEMAQUE (o u Gem aque), A ngelo (P e .), solteiro, sacerdote
"ouvinte” de um p rocesso da In qu isição (p . 232). , r , T S S :* °
TEmiS Florinda Thereza de, casada, residente ju n to ao R io Guaia
pôs - i r m r da denunciante M aria Jozepha da A ssunção e qu e tinha frl ..^ 0 5 f PH,A (In dla> ~ N om e fa lso da índia Anna c o m q u em o denunciado
ín d io M iguel preten d ia casar-se ilegalm ente (p . 260)
conhecim ento dos fatos denunciados p o r esta (p . 275) v ir e n te JOZEPHA, M aria, casada, residente atrás da Ig rela d e S ão Tnão
JESUS, Ignez Maria de (m u la ta ), brasileira natural da R ua d e S . V icen te
(B elém ), solteira, costureira e rendeira, residen te à R ua de S ao V icen te, f p S254U255)C° nfltente Joanna d e Azevedo um a ora çã o “ m ágico-religiosa”
Belém — Denunciante de Luduvina F erreira (p . 158). „ naJO™ f - f arla' Portuguesa, casada, ama, residente nas H ortas P orto
JESUS, Luiza de (fal.) — P resen ciou as práticas “ m ágico-religiosas ~ , R d das TjOJas’ F reguesia d e S . Julião, L isboa — M ulher leirfHmn
con fitente B ern ard o A ntonio (p . 271) uiner legitim a d o
R a m o de Angola, solteiro, escra v o (p 239)EPH A’ M arieta’ casada’ m ãe d o con fitente M an oel Nunes da Sylva
_ S â T í S p ritender óMer d o — ■ - » J g » '“ “
cinho de uma pedra-d’ara c o m o preservativo d o m al (p . 205 20b).
JESUS, Thereza de, casada - Tia e m adrinh a d o casam ento ilegítim o
de Ana Maria co m o confitente B ernardo A n tom o (p . 272).
e s i -s j s :
A ffon so da E spu tação, C om issário d o Santo O fício (p . 168-169) 1
JOACHIM (ín d io ), casado, escravo - M a rid o da fadia T hereza que
descobriu os fatos denunciados p o r F rei M anoel N icola o R oiz (p . ^75). LAM EIRA, T h eod ora (fa l.), solteira, residente ao p é da M isericórd ia __ Enci
JOANNA (p reta), casada, escrava, residente n o E ngenho de N Senhora
nOUJ ^ I T A o enToaM a n a R°Hn” a de A zevedo orações “ m ágico-religiosas” (p . 251)*
de Agua L u p e — Denunciada p o r p rática “ m ágico-religiosa (p . 191-192). ™ R °d n g u e s (ca p itã o ), é fam iliar d o Santo O fício resi
JOÀO (índio) brasileiro, natural d e B elém , ca sa d o, ex-escravo, residente João V i ^ d e ^ ã T S T : fe l ? " 1 - P ro^ etório d o escrav o e denunciante
no £ £ Z ^ T a n ú p e l l a - D enunciado p e lo con fiten te João M endes P inheiro
p or h om icídio e prática “m ágico-religiosa (p . 208). mlQCÍ. s u r r e jã o A( ? IA179 )ndla’ ^ ~ d& con fltente D om ingas G om es da Res-
JOAQUIM (ín d io ), solteiro, sacristão (se m sa iá rio ), natural d e F r e n e s i
rle Azevedo Vila de Beja, Pará, m orava c o m a m ae — Supostam enre
residente nó Sítio d o Tapari, denunciado c o m ° ^ O B ^ Íe ).
p or fu rto de ob jetos da igreja para p reservativo d o m al (p . 204, 206 2ibi. Juramento d o p o v o perante a d S S < T S S ç i ^ £ i > *
JOZE, africano, natural d o R ein o d e Angola, solteiro, escrav r Do mi ng o s R odrigu es, residente à Rua São M atheus B elém — T o
do denunciado F rancisco S errão de C astro (p . 263). .. . t ,M A r e m ,JPrátÍCaS "m ágico-religiosas" da índia Sabina ’ (p . 174).
TD7E Alferes da Ilha de M a ra jó — F ilh o d a denunciada A ngela M icaela LIM A, G iraldo C orreya, brasileiro, natural da F reguesia d e N c pnt , „ „
e i r S de S a Jozepha da A ssunção, ten tou persu adir sua m ae d o s seus de Tnddade,FVÍla d e L agarto> C om arca de Sergipe de E l-R ei, solteiro ^diretor
de ín d ios, Freguesia d e S. In á cio da V ila d e Beira (B u im ?i ?
err°íO Z E T nreto) A frican o, de M andinga, solteiro, escravo, residente à Rua Belé™ ~ Zenu^ iante de Pedr° Rodrl^ues e o u t t índfo ^ ' ^ ^ de
de S Vteente - Denunciado em d ois p ro ce sso s p o r p rática "m á gico-religiosa no J ™ ! . Ma? oeí Joze de, sargento-m or — Sua residência serve d e referência
para localizaçao da resid ên cia d o m am elu co M anoel L ou ren ço on d e a denun
ciada índia Sabina fo ra realizar práticas "m á g ico -re lig io IL (p 269)
<P JOZE8’ Caetano (F rei), solteiro, sa cerd ote da O rdem de N . Senhora
do Carmo - Testemunha "ou v in te” d e d iversos p ro ce sso s da In qu isição BataBh a A( p Mia8r9garÍda (fB U ~ MUlher d ° <™“ e Filipe la c o b

(P ‘ JO ZE ^D om ingos M ^ n o , ' natural d o R ein o de Angola, casado, escravo, de d IV IA .(c ,a íu sa )’ soIteira, residente em M acapá (d egred ad a) — ADrenden
do denunciado A n tonio M og o um a ora çã o "m ágico-relig iosa” ( d m i
resid en ten o S n h o da B oaóista, Freguesia da Sé - Vítim a d o denunciado
Francisco Scrrao d.G Castro (p . 264). . . Be,émIVRA1^ mT° ’ M a™ ’ Casada> residente í ^ u a de* S Mateus
JOZE, Francisco, português, ex-soldado, alfaiate — P reso d a ^ t e w i SACRAMENTO Ign acia
SACRAMENTO, d ° C°
MnfR ente
an a, p. Joz«
151 (pA n154
u á ).
r io da Sylva. vL T tam bém
das Almas, denunciado por blasfêm ias e afirm a ções heréticas (P^ 233-235).
107E João de São (F rei), português, natural da Freguesia de S ao N icolau, mir,Í!SUd E o ÇA (m u Iata)- solteira — A com panh ou o d en u n ciad o índio Do
Porto, solteiro, sacerdote da O rdem T erceira d e S ão F rancisco d o Convento (p Í 23 ) 3 a° S l0CaiS ° n de este realizava práticas “ m ágico-reh giosas”

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M AN OEL (ín d io ), casado, servente, residente na Fazenda Camarã, Ilha
LOU RENÇO, João (ín d io ) — Pai d e u m in d io d e n om e ign ora d o denun­ de M a ra jó — M arido da india M icaela, qu e teria m antido relações sexuais
cia d o p o r R aym un do Joze B itten cou rt p o r ter re ce b id o lascas d e pedra-d’ara c o m o con fitente Irm ão Leigo P rofesso M anoel d o R ozario (p. 148).
p ara preservativo d o m a l (p . 205-206). M AN OEL (m oleq u e), solteiro, residente a o p é d a Igreja de São João,
LOU RENÇO, M anoel (m a m e lu co ), casado, sapateiro, residente a o p é d o Freguesia da Sé — F ilho d o declarante R aym undo Joze de Bittencourt, que
S argen to-M or M anoel Joze d e Lim a — Subm eteu-se às práticas “ m ágico- lhe teria relatado fa tos sob re práticas “ m ágico-religiosas” da denunciada
relig iosa s” da denunciada índia Sabina (p . 269). índia Sabina (p . 269).
LUCIA, viúva — E n sinou à confitente M aria Joanna de A zevedo um a M ANOEL, T om ás (fa l.), viajante, residente à R ua S. Vicente, B elém
o ra çã o “ m ágico-religiosa” (p . 254). —• M a rid o da denunciante C onstança M aciel (p . 159, 176).
L U IZ, Joze, português, natural de L isboa, solteiro, sold a d o, residente à M ARÇAL (p re to ), natural d e Caxeo, solteiro, escravo e pedreiro, residente
R u a d e S ão M ateus, F reguesia d e N . Senhora d o R osá rio da C am pina — n o E n gen h o d e Varapiranga — C onfitente p o r p rá tica “ m ágico-religiosa”
A m igo d o con fitente Ig n a cio P eres Pereyra, negava certos d ogm as da religião (p . 156-157).
(p . 230). M ARCELA (índia, fa l.), solteira, residente n o S ítio d o Rio M arim M arim
LU IZA (ín d ia ), casada — M ãe d o in dio F ra n cisco, que teria receb id o — M anteve relações sexuais (so d o m ia ) c o m o con fitente Filipe Iacob Batalha
lascas d e pedra-d’ara p a ra preservativo d o m al (p . 206). (p . 187).
L U ZIA , casada — O den un ciado A ntonio M o g o reside em "sua casa e M ARG ARIDA (fa l.), filha d e M ariana B arreto qu e a acom panhou nas
com p an h ia, juntam ente c o m o m a rid o desta (p . 132). práticas “ m á gico-religiosas” para cu ra da d oen ça de sua mãe (p. 158, 176-177).
M ARIA, africana, de n ação bujago, escrava d e M anoel Francisco da
L U ZIA , casada — M ãe da preta G regoria d e qu em se fu rtaram 2 varas
Cunha — Subm eteu-se a u m tratam ento “ m ágico-religioso” do denunciado
d e p a n o de algodão, d escob rin d o-se o seu au tor p o r m eio de práticas “ m ágico- preto Joze (p . 138).
relig iosa s” d o p reto M arçal (p . 157).
M ARIA, casada, residente em B elém — M ulher de Ignacio Coelho Brandão
e n ora d e M ariana B arreto, qu e se subm eteu a um a cu ra “ m ágico-religiosa”
M ACARIO , Caetano Joze (F r e i), solteiro, sa cerd ote religioso da O rd em de (p . 160).
N . S en h ora d o C arm o — Testem unha “ ou vin te” d e u m p ro ce sso da In qu isi­ M A RIA , escrava de E lias C aetano — Subm eteu-se a um tratamento
çã o . O bservação: A ssinou F rei Caetano Joze A lves (p . 136). “ m ág ico-relig ioso” d o denunciado p reto Joze (p . 139).
M ACEDO, A ntonio Joze de, casado, lavrador, residente ju n to a o R io d o M A RIA (ín d ia ), casada — M ulher d o denunciado índio Lazaro Vieyra
M aju im , Freguesia da V ila da V igia — P rop rietário d o in dio A tanásio, que (p . 203).
en sin ou ao con fitente M an oel Joze d a M aya u m a o ra çã o m ágico-religiosa M A RIA (m ulata, fa l.) — M ulher d o denunciado ín d io João, a qual fora
(p . 2 0 0 ). assassinada p o r ele (p . 208).
M ACIEL, Constança, brasileira, natural d e B elém , viúva, residente à Rua M ARIA (p a rd a ), solteira — M ãe natural de N azária (parda), que teria
d e S ã o V icen te, B elém — Denunciante de Luduvina Ferreyra, ten do inclusive se casado segundo o vaticínio d ad o em um a prática “ m ágico-religiosa” (p . 185).
p a rticip a d o das suas p ráticas “ m á gico-religiosas” (p . 159-160, 175-176). M ARIA (p reta ), casada, escrava de M anoel de S ou za, o Pará — Denun­
M ACHADO, B ento Peres, fe ito r, residente na Fazenda Uzinga, Freguesia ciada p o r p rática “ m ágico-religiosa” (p . 173-174).
d e N . S en hora d o R o sá rio — C onh ecedor, na Fazenda Uzinga, das práticas M ARIA, Andreza, casada, vive d e sua roça , residente em B elém — Mulher
“ m ágico-religiosas” d o s d en un ciados D om in gos d e Souza, sua esposa e outras, d o denunciante M anoel d e Souza (p . 165).
repreen deu-os p o r causa dessas práticas (p . 224). M A RIA , Antonia, casada — Irm ã da denunciante Maria Jozepha da
M ACHADO, Joze (fa l.), casado, Freguesia d e N . Senhora da C onceição A ssunção e filha da denunciada Angela M icaela: tinha conhecim ento dos
d a C och oeira da Ilha d e M a ra jó — Pai da denunciante M aria Jozepha da fa tos den un ciados (p . 275-276).
A ssu n ção e m arid o da denunciada Angela M icaela (p . 275). M A RIA , Constança, solteira, residente na V ila da V igia — Presa d o Aljube
M A D E YR A, A ntonio d e Souza, b rasileiro, natural da Vila da V igia, casado, E clesiá stico qu e relatou o s fa tos den un ciados p or João Vidal de Sam Joze
alfaiate, residente à R ua d a B a roca , B elém — Denunciante d e A ntonio Sylva (p . 162).
(p . 135). M ARIA, D ionizia, casada — M ulher legitim a d e Antonio Figueyra, pai
M ADUREYRA, M anoel P a ch eco de, b ra sileiro, natural da F reguesia da natural d o con fiten te João M endes P inheyro (p . 207).
S é, v iú v o d e Claudina M aria P inheiro, vive d e sua agência (declara-se sem M ARIA, E stacia (m u lata), solteira, residente na Fazenda Uzinga, Freguesia
o fí c io ), residente à R ua das F lores, Freguesia d e N . Senhora d o R osá rio de N. S en hora d o R osá rio — P resen ciou e relatou a o denunciante M anoel
d a C am pina — C onfitente p o r práticas m ágico-religiosas. Diz-se ser cristão- Portal d e C arvalho as práticas “ m ágico-religiosas” d o denunciado D om ingos
d e Souza, d e sua m ulher e ou tros (p . 222).
velh o. Seus pais, já fa lecid os, eram cristãos-velhos, naturais e m o ra d o re s de
B elém . Seus avós tam bém nasceram e m ora ra m em B elém (p . 236-237, 239). M ARIA, Joanna, natural da V ila da Extremse, casada, residente em B elém
— M ulher d e Joze A ntonio M oreyra e m ãe d e Anna M oreyra, que relatou os
MACEDO, Lucas de, ca sa d o, residente d efron te à R od a d o s E njeita­ fa tos d en un ciados p o r R om ã o L ou ren ço d e Oliveira (p . 218).
d o s — O denunciado p r e to Joze realizou práticas “ m ágico-religiosas” na
p resen ça de sua m ulher M aria da Fe (p . 155). M A RIA , Joze, solteira, residente a o pé d e S. A ntonio — O denunciado
p reto Joze realizou práticas “ m ágico-religiosas” em sua casa (p. 155).
M AN ICA (ín d ia ), casada — M ãe d e Faustina (ín d ia ), que c o m outras M ARIA, R oza, casada, residente à R ua Larga d e S ã o Paulo, Vila Buíra
ín d ias p resen ciou e relatou as práticas “ m á gico-religiosas” , ao denunciante,
— M ulher d o den un ciado P edro R odrigu es (p . 225).
d o d en u n ciad o D om in gos d e Souza, sua m u lh er e ou tros (p . 222).
M A R T IN S, A ntonio R odrigu es, tesou reiro dos ín d ios — A denunciada
M ANJALEGOAS, M anoel Pereyra, residente ju n to a o R io Capy — O Sabina realizou p ráticas “ m ágico-religiosas” em sua ca sa (p. 174).
d en u n ciad o Joze Felizardo trabalha em sua fazen da (p . 195).
95
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M ARTINZ, Antonio R oiz, sargento-m or — A ssinou, c o m ou tros, o term o ad orar divindades pagãs co m o o so l, a lua e o tem po, colocan d o-se con tra
as instituições cristãs (p . 275-276).
de juram ento de fé, em n o m e do p o v o , ju n to à C om issão da In q u isiçã o
M IGUEL, solteiro, sold ad o, residen te n o E ngen h o d o R io Acarã __ N ão
M ARTINZ, Matheus A lves, advogado, residente à R ua F orm osa P ro ­ há certeza se esteve presente aos fa tos con fessad os p o r M anoel de Oliveira
P antoja (p . 127).
prietário da escrava denunciada M aria F rancisca (p . 141).
MASCARENHAS, Salvador Leandro, casad o — M arido de A ntonia M aria, M IG U E L (ín d io ), brasileiro, natural d e V ila d e E ga (R io S olim ões)
cunhado da denunciante M aria Jozepha da A ssun ção e genro da denunciada o u d e C anoeiros, casad o — D en u n ciado p o r con trair m atrim ón io em segundas
núpcias, ten d o sua prim eira m u lh er viva (p . 259-260).
Angela M icaela (p. 275). ... . .
MATIAS (índio cafuz ou cu rib o ca ), 25 anos, solteiro, auxiliar d o denun­ M IRAN DA, Antonia M aria d e, casada, residente na Freguesia de N
ciante R aym undo Joze B ittencourt, residente na V ila de B e ja R eceb eu Senhora d o R osá rio e Fazenda d a Uzinga — M ulher d o denunciante M anoel
d o denunciado índio Joaquim ped aços d e pedra-d’ara para lhe servir de Portal d e C arvalho (p . 222).
preservativo d o mal Cp. 205-206). ^ M IRAN DA, A ntonio de, solteiro, sem o fício , residen te ao p é da Ig reja
MATTA, João de Almeida da, capitão-m or — A ssinou, c o m ou tros, o term o d o R osá rio — E n sinou à con fiten te M aria Joanna d e A zevedo um a ora çã o
de juram ento de fé, em n om e d o p o v o , ju n to à C om issão da In q u isiçã o "m á gico-religiosa” (p . 257).
M OGO, A n tonio (m a m elu co), solteiro, sold a d o, residen te na R ua p o r
P MATTOS, Dom iciano d e, casado, residente na V ila da V igia C itado ( p ^ 132 -134 ) Sa° J° a° ’ B elém — D enunciado p o r p rática “ m ágico-religiosa”
p or ter feito experiência c o m um a o ra çã o "m á gico-religiosa ’ , a m esm a
usada p elo confitente M anoel Nunes d a Silva (p . 240-241). M ONCADA, M anoel C orrêa d e — O con fitente L ou ren ço R odrigu es é
MATTOS, Luzia de, casada, residente n o M aranhão — M ulher d e A d n a o sold a d o de sua com panhia (p . 243).
Pereira, denunciado na con fissã o d e C r e s ce n d o E sco b a r (p . 130). M O N TEY RA , Jozepha, viúva, residen te na F reguesia d e N . Senhora d o
MAYA, Manoel Joze da, b rasileiro, natural da V ila da V igia, solteiro, R osá rio d a C am pina — A denunciante M aria Jozepha da A ssunção achava-se
soldado, residente ao pé d o s quartéis — C onfitente (p . 200, 202). doen te em sua casa, quando relata o s fatos d en un ciados a Frei M a n o e l
M EDEYROS, Christina d e (ca fu sa ) — M ãe natural da con fitente M aria N icolá o R oiz (p . 274).
Joanna de Azevedo (p. 250). M O N TEY RO , A lberto (ín d io ), brasileiro, natural de V ila d e M on fort, vinte
MELLO, Nuno Alves P ereyra de — M em b ro d o C onselho Geral d o Santo e o ito anos m ais ou m en os, ca sa d o, carpin teiro, residente na V ila d e Cintra
O ficio que assinou o term o da C om issão da V isitação (p . 116-117). Freguesia d e N . Senhora d o R o sá rio da Cam pina — C onfitente (p . 245, 247)!
MELLO, Sebastião E steves de (P e .), solteiro, secerd ote c o a d ju to r de M O N TEY RO , Luiz F ran cisco (P e .), solteiro, sacerd ote, residente em
B elém __ Presidiu ao m atrim ónio d o con fitente B ernardo A ntonio c o m Anna B elém — A com p an h ou o Pe. V en ician o Joze Giraldes nas diligências para se
apurar o s fa tos denunciados p o r R aym un do Joze d e B itten cou rt (p . 204).
M ENDES, Francisco de B rito, português, natural d o R ein o, solteiro, ca b o M ORAIS, A ntonio Joze de, casad o, sold ad o, residen te em B elém —
da Canoa d o Com ércio da V ila de B u im — E stava em com pan h ia d o Pe. M arido d e Joanna da Gaia (p . 182).
Acacio da Cunha de Oliveira, e ju n to c o m este relata o s fa tos den un ciados M O R A IS, A n tonio M endes d e — Pai d o Pe. M iguel A ngelo d e M orais
p or Giraldo Correya Lima (p . 225-226). , „ , denunciante (p . 144). '
M ENDES, liaria (índia) — Mãe natural d o ín dio C ypriano, que relatou
M ORAIS, M anoel de, p ortu gu ês, natural d o R ein o — A vô da m ulher
os fatos denunciados p o r F rei A ntonio Tavares (p . 215). de Andre M iguel Ayres, denunciada c o m o cristã-nova c o m o seu avô (p . 221).
M ENDES, Joanna (ca fu sa ou m estiça ) a Azeitona, casada, fo i escrava
M ORAIS, M iguel Angelo de, solteiro, cu ra da Freguesia d e N. Senhora
presidiária d o Aljube E clesiástico — D enunciada c o m o sacrílega e blasfem a
d o R osá rio d a Cam pina — D enunciante d e Fulano (M on sieu r) G ron felt
(p . 144, 147).
<P MENDES, Pedro (F rei), solteiro, sa cerd ote da O rdem de N . S en hora das
M ercês — Fez pregação p o r oca siã o da m issa solene d e instalaçao da M ORAIS, P atrício d e (ín d io ), casado, residente na Freguesia d e N.
Senhora d a C on ceição d e B en fica — D enunciado c o m o ín d io A ncelm o é
C om issão da Inquisição (p . 121). ou tros p o r p o sse d e o b je to s d e cu lto religioso c o m o preservativo d o m al
MENDONSA, Jullião d e (m a m elu co, fa l.), casado, ourives, residente na (p . 217).
Rua da M isericórdia — M arid o de R osa M aria d os Santos, que en sin ou à
confitente Maria Joanna d e Azevedo ora çõ e s “ m ágico-religiosas” (p . 251). M ORAIS, P ed ro de, brasileiro, natural d e B elém , viú vo, vive d e suas
MENDOSA, Paulo d e Carvalho — M em b ro d o C onselho G eral d o Santo fazendas, -residente na V ila d e C am etá — F oi p rop rietá rio d o escravo
denunciado ín d io João (p . 208).
O fício que assinou o te rm o da C om issão d e V isitação (p . 116-117).
MERCADOT, Manoel d o s Santos — R elatou a o denunciante R aym un do M O R E YR A, Anna, solteira, residen te em B elém — R elatou o s fa tos
Joze de Bittencourt fatos sob re cu ra "m á gico-religiosa ” d a denunciada índia denunciados p o r R om ã o L ou ren ço d e Oliveyra, ten d o sid o vítim a d o denun­
ciado Joze M iguel Ayres (p . 219-221).
Sabina (p . 269).
MESQUITA, Mariana de (fa l.) — Subm eteu-se a um a cu ra m ágico- M O R E YR A, F elícia, solteira, residen te em B elém — Irm ã d e Anna
M oreyra (p . 219).
religiosa” da denunciada Luduvina F erreyra (p . 176).
MICAELA (índia), brasileira, natural d a Fazenda Camarã (Ilh a d e M a­ M O R E YR A, Izabel, solteira, residen te em B elém — Irm ã de Anna M o­
reyra (p . 219).
ra jó), casada, residente na m esm a fazenda — T eria m antido relações sexuais,
quando solteira, com o con fitente Irm ã o L eigo P rofesso M anoel d o R ozario M O R E YR A, Joze A ntonio, b ra sileiro, natural d e E xtrem se, casado, oficia l
(p. 148). de serralheiro, residente em B elém — Pai d e Anna M oreyra (p . 218).
MICAELA, Angela, viúva, residente na F reguesia d e N. S enhora da C on­ M O R E YR A, M aria, solteira, residen te em B elém — Irm ã d e Anna M oreyra
ceição da Cachoeira da Ilh a de M a ra jó — Denunciada p o r p rofessa r e p o r (p. 219).

96 97
MOTTA, Maria da (fa l.) — Mãe de Frei Antonio Tavares, denunciante PAYOA, Jeronima de (fa l.), casada — Mãe do confitente Bernardo Antonio
d o indio Ancelmo e outros (p. 215). (p. 271).
MOURA, Luiz de — Proprietário da casa onde residia o denunciando PEDRO (p reto), escravo, residente n o Engenho da Boavista, Freguesia
Fulano (M onsieur) Gronfelt (p . 144). da Sé — M orreu vítima d o denunciado Francisco Serrão de Castro (p. 264).
MOURAO, Feliciano Ramos N obre (D esem bargador), Ouvidor-Geral — PEDRO (p reto), escravo d o Cónego Luiz Pereyra de Souza — Por ocasião
Prestou juramento perante a Visitação (p . 123). d o fu rto de seu dinheiro a denunciada Maria Francisca realizou uma prática
NARCIZA (india, fal.) — Estava presente aos fatos denunciados p or Maria “m ágico-religiosa” para se descobrir o autor do furto (p. 141-142).
Fructuosa da Sylva (p. 132). PEDRO, Diogo — Pai de Constança Maria, relatora dos fatos denunciados
NAZARETHE, Catherina de (fa l.), residente na V ila de Bragança — p or João Vidal de Sam Joze (p. 162).
Teria se casado segundo o vaticínio dado pela prática “ mágico-religiosa” PEDRO (Joaquim ), brasileiro, natural de Azevedo (termo de Vila Viçoza
d e Izabel Maria da Sylva (p . 198). de Cametã), solteiro, sacristão, residente em Vila de Beja.
NAZARIA (parda) — Mãe d o confitente clérigo Dionizio da Affonseca PEREIRA, Adrião (m am elu co), brasileiro, natural de Vila da Vigia,
(p . 185). casado, vive de sua roça, residente em Vila da Vigia — Apresentou ao
NICOLAYA, Maria, espanhola, casada, residente p o r detrás da Miseri­ confitente Crescencio E scobar uma oração “ mágico-religiosa” em latim para
córdia, Belém — Relata ao denunciante Frei João de São Joze contra a que ele a traduzisse (p . 130).
denunciada Maria Antonia Pacheca p o r casamento inválido (p . 249). PEREIRA, Luiz (fal.), casado, residente à Rua d o Açougue — Marido de
NOVAIZ, Manoel de Souza, brasileiro, natural de Belém, casado, vive Mariana Barreto, que se submeteu a tratamento “mágico-religioso” da denun­
d e suas roças, residente em B elém — Denunciante da índia Sabina (p. 165). ciada Luduvina Ferreyra (p . 158).
NUNES, Dom ingos, casado, sem o fício — Ensinou ao confitente Lourenço PEREYRA, Alexandre, português, alferes, residente à Rua das Hortas
Rodrigues orações “m ágico-religiosas” (p . 243-244). (P orto) — Teve com o ama Maria Jozepha, mulher legítima d o confitente
Bernardo Antonio (p . 271).
OLIVEIRA, João Baptista de, sargento-m or — Pertence à sua companhia PEREYRA, Euzebio (ín d io), casado, residente na Freguesia de Benfica
o soldado Sim ão Joze de Oliveyra que teria presenciado as práticas “mágico- — Padrasto d o índio Francisco, denunciado por posse de objetos de culto
religiosas” d o denunciado preto Joze (p . 153). religioso para preservativo d o mal (p. 216).
OLIVEIRA, Sim ão Joze de, soldado — Presente às práticas “ mágico- PEREYRA, Feliciano Damião — Preso da cadeia de Belém (Inchovia das
religiosas” d o denunciado preto Joze (p . 153). Almas), presenciou com outros presos o s fatos denunciados p or Luiz de
OLIVEYRA, A cacio da Cunha (P e.), brasileiro, natural da Vila de Buim, Souza Sylva (p. 235).
solteiro. Vigário da Vila de Buim, onde residia — O denunciado Giraldo PEREYRA, Francisco, diretor nom eado para a vila de Cintra — Proprie­
Correya de Lima baseou-se nos seus fatos relatados (p . 225). tário da casa onde reside o confitente índio Alberto Monteyro (p. 246).
OLIVEYRA, Anna Maria de (fa l.), residente junto ao R io Cujeru, Coadju- PEREYRA, Ignacio Peres (Pires), português, natural da Freguesia de
toria da Sé — Era mulher d o confitente Bernardo Antonio (p . 271). Santa Maria d o Castelo da Vila de Oliveira, Província de Alentejo, Bispado
OLIVEYRA, Jozepha de, casada, vive das suas fazendas — Mãe d o denun­ de Eivas, casado, sargento, residente à Rua Formosa, Freguesia da Sé, Belém
ciante Giraldo Correya de Lima (p . 225). — Confitente (p . 229).
OLIVEYRA, Marcelina de, solteira, residente na Rua São Boaventura, PEREYRA, Joze M onteyro, português, casado, estalageiro, Freguesia de
Freguesia da Sé, Belém — Estava presente com seu pai, denunciante dos Santo A fonso (Portugal?) — Cunhado e padrinho do primeiro casamento
fatos relatados p or Anna M oreyra (p . 219). d o confitente Bernardo Antonio (p. 272).
OLIVEYRA, R om ão Lourenço de, brasileiro, natural d e Belém, casado, PHELYPA (índia), casada, residente no Engenho de N. Senhora da Agua
residente na Rua São Boaventura, Freguesia da Sé — Denunciante (p. 218, de Lupe — Vítima das práticas “ mágico-religiosas” da denunciada preta
221). Joanna (p . 191).
OLIVEYRA, Simião Correya de, casado, vive de suas fazendas — Pai d o PINH EIRO, Dom ingos da Silva, casado, capitão d o Regimento de Infan­
denunciante Giraldo Correya de Lima (p . 224-225). taria da Praça de Belém, residente detrás de S. João — Marido da denunciada
OLIVEYRA, Theodora Ferreyra de, casada, residente na Rua de São João Izabel Maria da Sylva e denunciante de Joze Felizardo (p. 182, 184, 195, 197).

— Sogra d o denunciante Dom ingos Rodrigues que cham ara a denunciada PINH EIRO, Lourenço, brasileiro, natural de Belém, casado, vive das suas
índia Sabina a fim de realizar curas “mágico-religiosas” sobre sua filha e roças junto ao R io M oju, residente em Belém — Estava presente aos fatos
mulher d o denunciante (p . 171). confessados p or Manoel de Oliveira Pantoja (p. 127).
PINHEYRO, Andre Joze (ou Fernandes) (P e.), solteiro, sacristão-mor
PACHECA, Maria Antonia, residente p or detrás da M isericórdia — Denunciada da Sé — Assinou com outros o term o de fixação dos editais e alvarás da
p or estar invalidamente casada com o denunciado João V eloz (p. 248). Visitação. Testemunha “ ouvinte” de diversos processos da Inquisição (p. 210-
PANASCO, Manoel Gonsalves (fa l.), casado — Pai de Escolástica de Souza, 211, 242, 245, 265, 270).
em cuja residência estava enferm o o confitente Dionizio da Affonseca (p. 198). PINHEYRO, Claudina Maria (fal.) — Mulher d o confitente Manoel Pacheco
PANTOJA, Joze de Oliveira, casado — Pai do confitente M anoel de Oliveira de Madureyra (p . 237).
Pantoja (p. 126). PINHEYRO, João Mendes (m am elu co), brasileiro, natural da Freguesia
PANTOJA, Manoel de Oliveira, brasileiro, natural de Belém, casado, vive de N. Senhora da Conceição d o Aboile, solteiro, aprendiz de alfaiate, residente
de suas fazendas, residente em Belém — Confitente (p . 126, 128). à Rua das Almas, Freguesia de N. Senhora do R osário da Campina — Con­
PASTANA, Ignacio Joze (P e.), brasileiro, natural de Belém, solteiro. fitente (p . 207-208).
Presbítero d o hábito de São Pedro, residente em B elém — Notário da PIO V, Papa — Autor de uma Constituição sobre os negócios da Inquisi­
Visitação.
ção, lida p or ocasião da instalação da Visitação (p . 122, 125).

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POLSTZIS, Antonio Francisco de, chantre da Sé, proprietário d o Engenho p á roco da Vila de Ega, o qual constatou que o denunciado indio Miguel não
de Varapiranga — Proprietário d o escravo e confitente Marçal (p. 156). é residente em sua freguesia (p . 141, 259).
PORTAL, Manoel (vide Carvalho, M anoel Corea) (p . 222, 224). RODRIGUES, Iacob (fa l.) — Presenciou as práticas “mágico-religiosas”
PRIMEIRO, João, africano, de nação m ixicongo, solteiro, escravo, resi­ denunciadas de Luduvina Ferreyra (p. 177).
dente no Engenho da Boavista, Freguesia da Sé — Vítim a d o denunciado RODRIGUES, João (fa l.). Arcediago da Sé, Com issário d o Santo Ofício
Francisco Serrão de Castro (p . 263-264). — Há cinco anos recebeu a denunciação de Joze da Sylva Pinheiro sobre o
PURAT, Luiz — Pai natural de M anoel Purat (p . 127). denunciado Joze Felizardo (p . 196).
PURAT, Manoel, solteiro, tenente — Estava presente aos fatos confessados RODRIGUES, Lourenço (m am elu co), brasileiro, natural de Vila Nova
por Manoel de Oliveira Pantoja (p. 127). de El-Rei, Bispado d o Pará, solteiro, soldado, residente à Rua Nova da
Freguesia da Sé — Confitente (p . 242-243, 245).
QUEIRÓS, João de São Joze e (Frei), B ispo, residente no Paço E piscopal de RODRIGUES, Lusia, casada, residente atrás d e São João — Mulher de
Belém — Bispo da diocese de Belém do Pará que recebeu a Visitação (p . 120). A ntonio Carvalho com os quais moravam os denunciados Antonio M ogo
QUITERIA (índia, fal.), solteira, da administração dos religiosos de N. (m am eluco) e o indio Faustino (p . 254).
Senhora do Carmo, residente na Fazenda d o Livramento — Fugitiva daquela RODRIGUES, Manuel (P e.), solteiro, Cónego da Santa Sé — Testemunha
administração, ensinou ao confitente escravo Marçal práticas "m ágico-religio­ “ ouvinte” de diversos p rocessos da Inquisição (p . 197, 202, 208, 210, 214,
sas” (p. 157). 218, 242, 261, 265-266).
RODRIGUES, Pedro (m am elu co), casado, carpinteiro, residente à Rua
RAIMUNDA (m ameluca), brasileira, natural de Belém, solteira, escrava de Larga de S. Paulo, Vila de Buria —- Denunciado feiticeiro, adivinhador e
Francisco de Lima Barros degradada na Vila de Oliras — Presa d o Aljube oráculo (p . 224-225, 227).
Eclesiástico, estava presente aos fatos denunciados p o r João Vidal de Sam RODRIGUES, Rozaura, casada — Filha d o denunciado Pedro Rodrigues
Joze (p. 163). que se submeteu a penitências rigorosas im postas p or seu pai (p . 225).
RAPOSO, Antonio, casado, soldado (c e g o ), residente junto à Igreja d o ROIZ (ou R odrigues), Manoel N icolao (F rei), solteiro, sacerdote e prega­
Rosário da Campina ou atrás da M isericórdia — M arido de Caetana, que
d or da Real e Militar Ordem de N. Senhora das M ercês — Denunciante de
ensinou à confitente Maria Joanna de Azevedo uma oração "m ágico-religiosa”
Angela Micaela, em nom e de sua filha Jozepha da Assunção (p . 274, 277).
(p. 252). ROSAURA (India) — Presa d o Aljube Eclesiástico, estava presente aos
RAYOL, João Duarte, casado — M arido de Thereza de Souza, que estava
fatos denunciados p or João Vidal de Sam Joze (p . 163).
presente aos fatos confessados por Dionizio da Affonseca (p . 198).
REDONDO, Miguel, espanhol, soldado d o Regimento de Granada, residente ROZA, Maria, casada, residente em Belém — Mulher d o denunciante
em Vila de Albuquerque, Reino de Castela — Marido legitim o da denunciada G onsalo Joze da Costa (p . 191).
Maria Antonia Pacheca (p. 248-249). ROZARIO, Manoel d o (F rei), português, natural da Freguesia de S. R om ão
RESSURREIÇÃO, Domingas Gomes da (m am eluca), brasileira, natural de Nogueira, Vila de Ponta da Barra, Arcebispado de Braga, solteiro, leigo
de Vila do Cametá, solteira, “ escrava liberta” , residente em Belém — Confi­ professo de N. Senhora d o Carmo, descalços, residente n o Convento de
tente (p. 179). N. Senhora d o Carmo, B elém — Confitente (p . 147, 150).
RIBEIRO, Antonio Ferreyra, mestre de cam pos, residente n o Engenho ROZARIO, Maria d o (índia), casada — Mãe d o denunciado indio João
d o Rio Acará — Foi no seu engenho que se deram os fatos confessados p or (p . 215).
Manoel de Oliveyra Pantoja e de cujos fatos tam bém fo i participante (p . 127). ROXO, Custodio Alvares (P e.), Fazenda d o R io Atuá — Sua propriedade
RIBEIRO, Manoel Ferreyra (Frei), solteiro, sacerdote da Ordem de N. serviu de refúgio ao denunciado índio João (p . 209).
Senhora do Carmo — Testemunha "ouvinte” de dois p rocessos da Inquisição ROXO, Joze Alves — Pai de Joze Maria em cu ja casa o denunciado preto
(p. 161-162, 167). Joze realizou práticas "m ágico-religiosas” (p . 155).
RIBEYRO, Francisco da Costa Thobias — Irm ão d o denunciante Gonsalo
Joze da Costa e estava presente aos fatos denunciados p or este (p . 194). SABINA (india), brasileira, d o Sertão, casada, "escrava liberta” , residente na
RITA, Joze Joaquim de Santa (F rei), religioso da Ordem de N. Senhora
Vila dos Colares ou em degredo na Vila de Cintra — Denunciada p or práticas
do Carmo — Testemunha "ouvinte” de d ois processos da Inquisição (p . 131,
“ mágico-religiosas” (p . 165-166, 171, 172-174).
143-144). SABINA (índia), residente no Bairro da Campina — Denunciada p or
ROBERTO, Jeronimo — Foi proprietário d o escravo indio Antonino,
participante das práticas "m ágico-religiosas” da denunciada Luduvina Ferreyra práticas “ m ágico-religiosas” (p. 266-269).
SACRAMENTO, Ignacia Maria do, casada, residente à Rua de São Mateus
(p. 159, 176). — Mulher d o confitente Joze Januario da Sylva (p . 151).
RODRIGUES, Antonio (fa l.), trasladava papéis — M arido de Victoriana
que se submeteu a uma cura "m ágico-religiosa” d o denunciado preto Joze SAGY, Antonio de, brasileiro, natural de Belém , casado, juiz de órfãos
(p. 139). da Vila Izidro, residente na Fazenda Itavera Mirim, Freguesia de N. Senhora
RODRIGUES, Domingos (ou R oiz), natural de Fouza, Freguesia de São da Conceição d o Abaite — Estava presente aos fatos relatados p or Manoel
Brás, casado, vive de suas roças, residente à Rua da Roza, Belém — Denun­ Arnaut ao denunciante Caetano da Costa (p. 228).
ciante da índia Sabina (p. 171, 175). SALGADO, Joze Antonio, capitão — Pertencia à sua companhia o soldado
RODRIGUES, Engracia, casada — Mãe d o confitente Lourenço Rodrigues Joze Luiz que fora denunciado na confissão de Ignacio Peres Pereira (p. 230).
(p. 243). SANT’ANNA, Joze Antonio de (F rei), solteiro, religioso da Ordem de N.
RODRIGUES, Felipe Joaquim (P e.), mestre-escola da Sé — F oi p ro­ Senhora do Carmo — Testemunha "ouvinte” de um processo da Inquisição
prietário da escrava Marcelina Thereza, denunciante da preta Maria Francisca, (p . 218).

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SANTOS, Roza Maria dos, viúva, residente na Rua d o Pacinho — Ensinou SILVA, M anoel da (parece ser a assinatura de Manoel de Oliveyra
à confitente Maria Joanna de Azevedo uma oração “ m ágico-religiosa” (p. -250- Pantoja (p . 129).
251). SILVA, Manoel Nunes da, brasileiro, natural de Vila de N. Senhora de
SANTOS, Sebastião Vieira dos, português, Freguesia de N. Senhora dos Nazareth da Vila da Vigia, solteiro, ajudante da Ordenança, residente na
Anjos, Lisboa, solteiro, residente em Belém d o Pará — Criado, p o r provisão, Vila de N. Senhora de Nazareth da Vila da Vigia — Confitente (p. 239, 242).
m eirinho da Visitação, fez o seu respectivo juram ento e assinou o term o SILVA, Theofilo da, casado — Pai d o confitente Manoel Nunes da Silva
de fixação dos editais e demais proclam ações da Visitação (p . 118-120, 125). (p . 239).
SANTOS, Thereza dos, casada, Rua Form osa, Freguesia da Sé — Mulher SOUZA, Antonio Nunes de, casado, patrão-m or — Sogro do denunciante
d o confitente Ignacio Peres Pereira (p. 229). Domingos Rodrigues e marido de Theodora Ferreira de Oliveira que relatou
SARODE, Francisco da Sylva — Pai da denunciante Antonia Jeronima fatos denunciados sobre a índia Sabina (p . 171).
da Silva com a qual acompanharam no sertão alguns índios que deram SOUZA, Dom ingos de (índio), brasileiro, natural da Fazenda Utinga,
inform ações sobre o denunciado índio Antonio à denunciante (p . 211). casado co m a índia Bernardina, d o serviço da Fazenda Utinga, residente na
SARRASOLA, Ventura, espanhola, casada, residente atrás da Igreja da Fazenda Utinga — Denunciado p or práticas “mágico-religiosas” (p. 222-223).
M isericórdia -— Deu inform ações ao denunciante Frei João de São Joze sobre SOUZA, D om ingos de (Pe.), solteiro, cura de Santa Anna — Chamado a
o denunciado João Veloz (p . 248). exorcizar sobre a índia Phelypa, vítima de uma prática “ mágico-religiosa” ,
SEABRA, Joze M anoel, solteiro — Serviu de testemunha d o casamento estava presente quando a denunciada Joanna confessou a autoria daquela
inválido d o confitente B ernardo Antonio (p. 272). prática (p . 194).
SOUZA, E scolástica de, solteira, residente na Vila da Vigia — Tia do
SERRA, Joze da (fa l.), Governador d o Estado — Foi o b je to de uma
confitente clérigo Dionizio da Affonseca, o qual estava adoentado em casa
prática “ m ágico-religiosa”, a qual fo i fazer efeito no atual governador João
dela, onde se passavam os fatos confessados (p . 198).
de Abreu Castelobranco, descoberta p or virtude de outra prática “ mágico- SOUZA, Francisco de Souza X avier (P e.) (vide Francisco de Souza Xavier),
religiosa” da denunciada índia Sabina (p. 173).
solteiro, sacerdote d o hábito de São Pedro — Testemunha “ouvinte" de diver­
SERRA, Manoel de S. Joze (F rei), religioso da Ordem d o Carm o — Teste­ sos processos da Inquisição (p. 134, 150, 156, 167).
munha “ ouvinte” de diversos processos da Inquisição (p. 162, 179, 190, 194-195). SOUZA, Luisa Maria de, casada, residente na Rua da Baroca, Belém —
SERRÃO, Duarte (ín d io), casado — Marido de Rozaura Rodrigues e genro Mulher d o denunciante Antonio de Souza Madeyra (p . 135).
d o denunciado Pedro R odrigues (p. 225). SOUZA, Luiz Pereira de (C ôn.), solteiro — Proprietário do escravo Pedro,
SILVA, Anna da (índia), casada, residente à Rua das Flores, Freguesia que recorreu às práticas “mágico-religiosas” da denunciada Maria Francisca
de N. Senhora do R ozario da Campina — Mulher d o confitente índio Alberto (p. 141).
M onteyro (p . 245). SOUZA, Luiza de, casada — Estava em companhia e casa da denunciante
SILVA, Antonia Jeronima da, casada, residente à rua atrás da M isericór­ Jozepha Coelho, quando Anna Bazilia relatou os fatos denunciados (p. 182).
dia, Freguesia de N. Senhora d o Rosário d o B airro da Campina — Denun­ SOUZA, Manoel de, natural das Ilhas, vive de seu negócio e agência,
ciante d o índio Antonio p o r práticas “ mágico-religiosas” (p . 211). residente à Rua de São Vicente — Proprietário do escravo Joze, denunciado
SILVA, Bento Alves, Vereador da Câmara de Belém — Fez juramento em dois processos p o r práticas “ mágico-religiosas” (p. 137, 150, 153).
de fé perante a Visitação, juntamente com o juiz de fora e outros vereadores SOUZA, M anoel de (o Pará) — Compadre d o denunciante Domingos
(p. 123). Rodrigues e proprietário da escrava Maria, a qual fo i mandada por ele a
SILVA, B onifácio Aloino da (Pe.) (ou A lbino), solteiro — Testemunha pedido da sogra e mulher d o denunciante para curas “ mágico-religiosas”
“ ouvinte” de um processo da Inquisição (p. 214). (p. 173).
SILVA, Gregorio Ferreira da (ou Pereira, fal.), casado, viveu de sua SOUZA, Maria de (fal.), casada — Mãe de Escolástica de Souza (p. 198).
agência — Sua mulher consentiu em manter relações sexuais (sodom ia) SOUZA, Thereza de, casada — Tia d o confitente clérigo Dionizio Affonseca,
com o confitente Filipe Ia cob Batalha (p. 187, 189). estava presente aos fatos confessados (p . 198).
SILVA, Izabel Maria da, brasileira, natural de Belém, casada com o SOUZA, V ictoria de, casada — Mãe d o denunciante Joze da Costa (p. 168).
capitão D om ingos da Silva Pinheiro, residente à Rua de Sam João — denun­ SYLVA, Antonio da, casado, alfaiate, residente na Vila de Cameta —
ciada p or práticas “ m ágico-religiosas", apresentou-se tam bém co m o confitente Denunciado p or u m segundo casamento inválido (bigamia) (p. 135-136).
(observação: os conteúdos da denunciação e da confissão são diferentes) SYLVA, Antonio da, ourives, residente em Rica Nova, Freguesia da Sé
(p. 182-184, 195). — Moram em sua casa Custodio da Sylva e sua mulher, pais do denunciado
SILVA, João da (fa l.), cabo de esquadra. Marido de Catharina, irmã índio Ancelmo (p. 215).
de Anna Maria e testemunha d o seu casamento invalidado co m o confitente SYLVA, Custodio da (índio), casado, carpinteiro, residente em Rica Nova,
Bernardo Antonio. Freguesia da Sé — Pai do denunciado indio Ancelmo (p. 215).
SILVA, João M arcelo da (P e.), solteiro, religioso da Ordem de N. Se­ SYLVA, Juliana Rodrigues da, casada, residente em Santa Ana do Guarape
nhora das M ercês e ex-vigário d o lugar de Canoeiro — Por seu intermédio Mirim, Bispado de B elém — Mulher d o denunciado Caetano da Costa (p. 228).
fo i m andado fazer os proclam as de casamento d o denunciado índio Miguel SYLVA, Luiz de Souza (m ulato), brasileiro, natural da Freguesia de S.
e que constatou ser este já casado (p. 259-260). Antonio da Vila de Campo Maior d o Múrubi, Bispado de São Luís do
SILVA, Joze Januario da, português, natural da Freguesia de N. Senhora Maranhão, solteiro, sem ofício — Ex-presidiário da Inchovia das Almas,
da Encarnação do B airro Alto da cidade de Lisboa, casado, P rocurador de denunciante de Francisco Joze (p. 233).
Causas dos auditórios de Belém, residente à Rua de S. Mateus (B elém ) — SYLVA, Maria Fructuoza da (m ulata), brasileira, natural da Rua São
Apontado p o r submeter-se a tratamento “ m ágico-religioso” d o escravo preto João, Belém, solteira, costureira, rendeira, engomadeira — Denunciante do
Joze. Apresentou-se tam bém com o confitente (p. 139, 150-151, 156). mulato Antonio M ogo (p . 132).

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TAVARES, Antonio (Frei), português, natural da Freguesia de Santa Maria
Madalena de Fonte Longa de Aericens, Câmara de Foye de Monáovo, arce­
bispado de Braga, solteiro, sacerdote da Ordem de N. Senhora d o Carmo, VENTURA, João, soldado — Manteve relações sexuais ilícitas com Lívia,
Vigário da Freguesia de N. Senhora da Conceição do lugar de Benfica — cafusa, p or virtude de uma oração “ mágico-religiosa” desta (p. 133).
Testemunha "ouvinte” de um processo da Inquisição. Denunciante d o indio VICENTE (fa l.), soldado — Deu testemunho falso da viuvez d o confitente
Bernardo Antonio (p. 272).
Ancelmo e outros (p. 164, 214).
TAVARES, Antonio (fal.), casado. Tenente de cavalaria d o Regim ento de VICTORIA, M argarida (fal.), casada — Mulher d o confitente Filipe Iacob
Batalha (p . 186).
chaves — Pai do denunciante Frei Antonio Tavares (p. 214).
TAVARES, Gonsalo, casado — Pai d o confitente Lourenço Rodrigues VICTORIANA, viúva, residente na rua ao pé de Santo Antonio — Subm e­
teu-se a um tratamento "m ágico-religioso” d o denunciado preto Joze (p . 139).
(p. 243).
TEIVE, Fernando da Costa de Athaide e. Governador e capitão geral do VIEIRA, Bernardo, Alcaide de Belém — Prestou juram ento de fé perante
a Visitação (p . 124).
Estado d o Pará — Prestou juramento de fé perante a Comissão da Visitação
VIEIRA, Francisco, casado — M arido de Maria de Barros que fo i p ro­
(p. 123).
TEIXEIRA, Thomas Luis, viúvo, Ex-Alferes de Infantaria, residente em prietária da denunciante escrava índia Domingas Gom es da Ressurreição
(p . 179)
Belém e Sítio do Rio Moju — Denunciado p o r atitudes contra a fé católica
(p. 168-169). VIEYRA, Lazaro (ín d io), casado, ex-escravo da administração d os reli­
THEREZA (cafusa) — Mãe natural de Lourenço, m am eluca que acom ­ giosos de N. Senhora d o Carmo — Denunciado co m outros p or posse de
panhou o denunciado indio Dom ingos de Souza aos lugares onde este reali­ objetos de culto religioso para preservativo d o m al (p. 203, 205-206).
VIVEIROS, Antonio — Estava presente aos fatos denunciados p o r Joze
zava práticas “mágico-religiosas" (p. 223). da Costa (p . 168-169).
THEREZA (índia), casada, escrava — F oi quem descobriu que a denun­
ciada Angela Micaela praticava atos e professava atitudes contrárias à fé
católica (p. 275). XAVIER, Catherina Francisca, casada, residente à Rua Direita de Santo
THEREZA (mameluca), brasileira, natural de Belém, solteira, residente Antonio, Belém — Mulher do denunciante Manoel Francisco da Cunha (p . 137).
no Rio Moite — Mãe natural d o confitente João Mendes Pinheiro (p. 207). XAV IER , Francisco de Souza (P e.), solteiro, sacerdote d o hábito de São
THEREZA, CAETANA, casada, residente à Rua da Roza, B elém — Mulher Pedro — Testemunha "ouvinte” de diversos processos da Inquisição (p . 134
d o denunciante Domingos Rodrigues (p . 171). 150, 156, 167).
THEREZA, Marcelina (mulata), portuguesa, natural de Pedrouços, Fregue­
sia de N. Senhora da Ajuda, Patriarcado de Lisboa, solteira, escrava, resi­
dente em Belém — Denunciante da preta Maria Francisca (p . 141, 143).
THEREZA, Rosa (preta), escrava — Mãe natural da denunciante Marcelina
Tereza (p. 141).
THEREZINHA (é a mesma que Thereza Maria de Athaide).
THOMAS, Domingos de Santo (F rei), solteiro, sacerdote da Ordem Ter­
ceira de São Francisco, residente em Lisboa — Recebeu um a carta d o con fi­
tente Bernardo Antonio com instrução para verificar se sua prim eira mulher
era viva ou não, instrução essa que teve resposta depois de quatro anos de
casada segunda vez (p. 273).
THOMAS, Manoel (fal.), brasileiro, natural de Belém, viajante d o sertão
e cabo de canoa, residente em Belém — M arido da denunciante Constança
Maciel (p. 159).
THOMAZIA — Foi proprietária da escrava denunciada Joanna Mendes
(p. 163).
TRIGOSO, Francisco Mendo — M em bro d o Conselho Geral que concedeu
e assinou com outros os termos da Com issão da Visitação (p . 116-117).

VALADARES, Conde de — O confitente B ernardo Antonio era soldado de


sua companhia antes de vir ao Brasil (p . 272).
VALENTE, João (preto), africano, escravo, residente no Engenho da Boa­
vista, Freguesia da Sé — Vítima d o denunciado Francisco Serrão de Castro
(p. 263).
VALERIO, Joze — Preso da Inchovia das Almas, presenciou com os
outros presos os fatos denunciados por Luiz de Souza Sylva (p . 235).
VASCONCELOS, Maria de, casada, residente no Sitio d o Lim oeiro da
Freguesia de São João Batista da Vila V içosa de Santa Cruz d o Cameta
— Mulher do denunciante Luiz Vieyra da Costa (p . 259).
VELOZ, João, espanhol — M arido d o segundo casamento invalidado da
denunciada Maria Antonia Pacheca (p. 248).

104
INSTITUIÇÕES ONDE FORAM REALIZADAS
AS PESQUISAS

PORTUGAL
Lisboa
Academia das Ciências de Lisboa
Arquivo Nacional da T orre d o Tom bo
Arquivo H istórico Ultramarino
B iblioteca Nacional de Lisboa
&r
■M Coim bra
Arquivo da Universidade de Coimbra
B iblioteca Geral da Universidade de Coimbra
Évora
Arquivo Distrital de Évora

BRASIL
Pará
Arquivo Público Estadual (B elém )
Arquivo da Arquidiocese (B elém )
São Paulo
Arquivo da Cúria M etropolitana
B iblioteca do Instituto de Estudos Brasileiros (USP)
B iblioteca da Faculdade de Filosofia, Ciências e Letras
de M arília (SP)
. I

FON TES CONSULTADAS

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1833); 1938 (cód s. 1709 a 1833); 1942 (cód s. 2205 a 2376); 1946 (cód s. 2529 a 2625);
1955 (cód s. 1834 a 1930); 1955 (cód s. 1834 a 2046); 1963 (cód s. 2310 a 2376);
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Editora, Ed. da USP, S. Paulo 1966.
110 111
L IV R O D A V IS IT A Ç A O
do
Santo Ofício da Inquisição
ao Estado do Grão-Pará
CONVENÇÕES Ha de servir esteLivro para a Vizita,que por parte
doSfOfficio da Inquiziçaõ se há defazer nestaCid.0 e todo
o Estado do Gram Pará, e conthem as folhas, que no fim
delle vaõ declaradas em o termo de encerramento. Nos-
• quando numa li­ saSn.rtt deBelém, 10 deSeptembro de 1763
nha do texto as palavras são inter­
rompidas com um traço horizontal, OVizitador Giraldo Joze deAbranches
significa ilegibilidade daquele trecho.

Palavra grifada significa dúvida sobre


a sua leitura. Comissaõ

Os do concelho geral do Santo Officio contra aheretica


pravidade, Eapostazia nestes Reynos eSenhorios de Por­
tugal ------------. Fazemos Saber Aosque Esta nossa Comissaõ
virem que Confiando Nos muito nas Lettras, eSan Con-
ciencia do Doutor Giraldo Joze de Abranches, Inquizidor
Apostolico da Inquisição deEvora. Ecrendo delle que para
bem efiel mente con todo Osegredo, Verdade, Consideração
tudo O que por Nos lhe for Comettido eemcomendado.
Havemos por bem que em nosso Nome va vizitar, Evizite
por parte do Santo Officio da Inquiziçãõ, por esta vezSo-
mente, Os EstadosdoPara, Maranhaõ,Ryo negro, Emais ter­
ras adjacentes ------------ Auctoridate Apostólica,lhe damos
poder e faculdade peraque possa inquerir, Einquira Contra
todas Equaisquer pessoas, aSim homens Como mulheres,
vivas ou defuntas prezentes ou auzentes o dequalquer Es­
tado Condiçaõ prerogativa, preeminencia edignidade que
sejaõ, izemptas, Enaõ izemptas Vezinhas Emoradores, ou-
que por qual quer via rezidirem Ou Estiverem Nas Cidades
E Villas ou Lugares das dittas terras (----------- ), dos, que
Seacharem (Culpadas), Suspeitas Em fama (------------------ )
No delicto, Ecrime deherezia,Eapoztazia,no de peccado ne­
fando, ou EmOutro qualquer, que pertença AoSanto
Officio dalnquiziçaõ, tomar aprezentacoens Equais quer
denunciacoens einformaçoens Testemunhas Contra ellas
EaSim Contra Oz fautores, receptores, edefensores das
mesmas Epera que possa fazer, efaca Contra Ozculpados
acadahum delles processos imforma descida deDireyto,
Sendo necesario Segundo aforma daBulla dalnquiziçaõ
eBreves Concedidos ao Santo officio,Epera que possa
prender Aosdittos Culpados, eSentencialos Emfinal Con-
forme o regimento, efazer todas as mais couzas, que aodito hum dias dom es dejunho d em il esete centos eSecenta etre-
cargo delnquizidor, eVizitador doSanto Officio pertençeren;
Epera todo o Sobreditto eSuas dependencias lhe comete­ r a ^ o f i ^ ? 10 BaptÍSía Secretario domesmo Conselho Ge-
mos. Nossasvezes, edamos inteyro poder. Epella mesma a* I Francisco Mendo Trigozol I Paullo deCarvalhn
Mendoçaj |Nuno Alves Pereyra de Mello| |Lugar doSeU?
Autoridade Apostólica mandamos emvirtude deSantaObedi-
encia eSob pena deexcomunhaõ. Majyor ipso facto incuvi- Estaõ conformes con os originais que meaprezentou
enda absolvicaõ aNos reservados os a todas as Justisas ® ^ noUTa ^colher oSenhor Inquizidor eVizitadJr.OPadre
Epesoas aSim Seculares Como Eclesiásticas ,Aque esta for Ignacio JozePastana Notário da Vizita pella Nomeaçaõ e
mostrada, que lhedem todo ofavor Eajuda que porelle eda- rovizao que adiante SeSegue,ascopiey, emfe do que mea-
Suaparte lhefor pedido,eCumpraõ inteyramente Seos Man­ c e S í etrez deZan° Ve deSetembro demil esete centoz eSe-
dados, elheObedeçaõ nascouzas que pertencem aoSanto
Officio, demodo que porSua negligencia Edescuido Senaõ (a) Ignacio JozePastana
deixem defazer ComoConuemJDada Em Lisboa Sob nossos
Signais eSello doConcelho Geral do Santo Officio AozVinte
humdias domes dejunho demil esetecentos eSecentaetres Provizao doNotario
annos. Antonio Baptista Secretario domesmo Gonçelho ge­
ral afiz| | Francisco Mendo Trigozo Paulo deCarvalhoMen- Assendendo asbons informacoens que Se nos daõ Hn a

dosa| |Nuno Alves Pereyra de Mello Lugar doSello. B^erendo Ignacio Joze Pastana Prebitero dotoWto de
S Í « S lr0 «natur^ Emorador destacidade econfiando da-
SuasLetras,Sam Consciência Emais partes que cumprira
Outra Comissaõ bem.efielmente Com toda aconsideraçaõ Zelo, Verdade
diligencia eSegundo tudo Oque por nos lhefor manda
Oz do Concelho Geral do Santo Officio Contraaheretica do emvirtude dafaculdadeEpoder que nos delegaraõ Oz
pravidade, Eapostazia Nestes Reynoz eSenhorios de Por­ Senhores do Conselho Geral,pella prezente Authoridade
tugal ----------- . Havemos porbem Edamos poder ao Doutor Apostohca.Ocreamos,fazemos,eConstituimos Nosso Notário
Giraldo Joze deAbranches, Inquizidor dalnquiziçaõ deEvo- peraConnosco SeruirJUscrever,eprocessar Emtodas as dele-’
ra quehora provemos noCargo devizitador doSanto Officio Edependencias daVizita ,u e p o ,p L £ d ^
3 noEstados do Para Maranhaõ Ryo Negro,Emais terras Officcio dalnquiziçaõ pertendemos fazer Neste Estado do
adjacentes, perque poSa eleger E um Eclesiástico, que Maranhaõ; Oqual Cargo Seruira,Emquanto Ohouvermos
tenha todos Os requesitos necessários para Seruir de porbem,Enao Mandarmos ocontrario dando primeiro Oiu-
Notário dareferida Visita humSolicitador,ehum Meyrinho E a s S n a r r í ° rma d? . EstiUo doSanto Officio dequefara
Condoos homens Como determina ORegimento Livro pri- EaSSi^iarà termo noLivro daVizita onde EstaLetras la dara
meyro Titulo quarto punafo doos Aos quais Notário e denossa deNossa
^
Meyrinho Mandara passar Provizoens Edara Ojuramento OSeUo do Santo Officio nestaCidade Senhoras °b
do
para bem e fielmente. ContodaConsideraçaõ, verdade, eSe- Mil Gr t” 1 ^ A° Z dez dias domes deSettembro de
gredo cumprirem asObrigacoens deSeus cargos doqueSe Mil eSete centos eSecenta etres| | OVizitador Giraldo Joze
deAbranches| | Lugar do Sello| |
faraõ termos que aSignaraõ. EoutroSi lhes Concedemos a
faculdade para que dos Comisarios doSanto Officio, tanto dPr n p i l ? f ° rme ComSeu Original,quefica Em meu po-
doParaComo doMaranhaõ possa escolher Aquelle, que lhe d® f° Padre Igna“ ° JozePastana Notário daVizita aCopiei
parecer. Mais digno paraque no Cazo em que entre elle mfe doque euaSSigno.Parà dezanoue deSettembro demil
Vizitador. E o Ordinário haja deferença nos votos OSobri- eSete centos eSecentaetrez
ditto Comissário Sendo peraiso chamado para votar Na-
materia obseruandose aSim OqueOrdena ORegimento no- (a) pjgnacio JozePastana
ditto Livro primeyro titulo quarto parafofin Ao qual também
dara Oreferido o juramentoJDada emLisboa Subnossos
Signais eSello do Conselho geral doSanto Officio Aosvinte

116
117
Provizaõ deMeirinho Eu Notário abaixo nomeado fui vindo,pello dito Senhor
Inquizidor Vizitador mefoi dado Ojuramento dosSantos
ODoutor Giraldo Joze deAbranches Inquizidor Aposto- Evangelhos,queEu fiz naforma Seguinte| | Eu OPadre Igna-
lico na Inquiziçaõ deEvora,Professo naordem deChristo cio JozePastana juro nestes Santos Evangelhos em que
Arcediago naSanta Igreja Cathedral daCidadeMariana.e- tenho minhas maõz queSeruirei este Cargo deNotario daVi-
Commissario Vizitador delegado do Santo Officio Contra zita deste Estado doMaranhaõ Em que Agora fui provido
aheretica pravidade Eapostasia nosEstados doParà Mara­ pello Senhor Inquizidor Vizitador bem efiel mente quanto
nhaõ,Rio negro,Piauhi eterras adjacentes ------------. Faremos às minhas forsas e entendimento for pociuel,guardandoem-
saber aos que esta nossa Provizaõ virem que confiando tudo Segredo EVerdade Sem Odio Nem afeiçaõ algua as
nos da Sufficiencia capacidade, emais partes deSebastiaõ partes; Enaõ descobrirei por mim Nem por Outra pesoa
Vieira dosSantos solteiro natural daFregueziadeNossa Se­ OSegredo destaVizitaEdetudo Oque aella tocar nem rece­
nhora dos Anjos daCidade deLisboa emoradoí;. neste Pará berei peitas depesoa que traga oupossa trazer negocio,que
crendo delle que Cumprira bem efiel mente com toda toque a mesmaVizita ECumprirei inteiram.1® tudoOmais
aconsideraçaõ,zelo,verdade,deligencia,eSegundo tudo. Oque queSouObrigado Conforme oregimento daSanta Inquiziçaõ:-
por nos lhe for mandado: Havemos porbem de Ocrear fa­ Eem ffe doSobredito fizestetermo que aSSignei Com o
zer,eConstituir,Como pella prezente emvirtude da Commis- dito Senhor Inquizidor .OPadre Ignacio Joze Pastana Notá­
saõ quetemos dos Senhores do Conselho Geral,Authori tate rio desta Vizita Oescrevi
Apostólica fazemos econstituimos nosso Meirinho para nos
acompanhar durante o tempo davizita deste Estado,e do (a) Giraldo JozedeAbranches
Maranhaõ,eterras adjacentes,elhe damos poder,efaculdade (a) P.Ignacio JozePastana
para seruir o dito Cargo Em todas as deligencias aque
formandado pertencentes adita Vizita: EServira emquanto
o houvermos por bem. E Naõ mandarmos o Contrario,- Termodejuramento doMeirinho
recebendo primeiro O juramento naforma do Estilo deque-
sefara termo que aSSignara no Livro damesma Vizita aonde Aoz dezenoue dias domes deSettembro demil Sette cen­
estaSeratresladadaJDada nestadita Cidade do Para Sob tos sesenta etrez nestacidade eHospicio deSaõ Boaventura
nosso Signal e Sello do Santo Officio aoz dezenove dias Emque Estaapozentado OSenhor Inquizidor Giraldo Joze
domes de Settembro demil Sette centos sesenta etrez.O deAbranches Vizitador porparte doSanto Officio dalnqui-
Padre Ignacio Joze Pastana Notário daVizita a faz| |Giraldo ziçao nesteEstado edo Maranhaõ eSendo ali mandouvir
Joze deAbranches| | Lugar do Sello| | Provizaõ a favor de­ perante Si aSebastiaõ VieiradosSantos Contendo naCopia
Sebastiaõ Vieira dosSantos paraSeruir oofficio de Meirinho da Prouizaõ Asima escripta.oqual Estando prezente posto
da Vizita| | dejoelhos Com asmaoz Sobre hum Missal recebeo damaõ
EstaConforme Comoseo Original que recebeo o dito dodito Senhor Inquizidor Ojuramento dos Santos Euange-
Meirinho Emffe do que eassigno.Pará dezenove deSettem- lhos.que fez naformaSeguinte| | Eu Sebastiaõ Vieira dos­
bro demil sette centos esesenta etrez Santos juro nestesSantos Euangelhos Emquetenho minhas
maõz,que Seruirei Este Cargo deMeirinho Emque Agorafui
(a) Ignacio JozePastana prouido pello Senhor Inquizidor Vizitador deste Estado
e doMaranhaõ bem, efiel mente quanto asminhas forsas,-
Eentendimento for possivel,guardandoemtudo SegredoEVer-
Termo dojuramento amim Notário dade SemOdio,nem afeiçaõ algua aspartes:Enaõ descubrirei
pormim nem por outrapesoa OSegredo desta Vizita,Ede-
Aos dezenove dias domes de Settembro demil sette tudo Oque aellatocar nem receberei peita depesoa que-
centos sesenta etrez nestacidade do Parà.eHospicio de Saõ traga ouposa trazer negocio que toque AMesma Vizita,-
Boaventura,em que esta apozentado OSenhor Inquizidor ECumprirei imteiramente tudo Ornais oque Sou Obrigado
Giraldo Joze deAbranches Vizitador porparte do Santo Conforme oregimento doSanto Officio dalnquiziçaõ EEm
Officio da Inquiziçaõ neste Estado,edo Maranhaõ,aonde ffe doSobredito assignou comoSenhor Inquizidor,doque fiz 1
118 119
Emque dao Commisao aoSenhor Giraldo Joze deAbranches
este termo .O Padre Ignacio JozePastana Notário daVizitaçaõ Inquizidor Apostolico na Inquiziçaõ deEvora peraque em-
Oescrevi Seo Nome por parte doSanto officio Vizite este Estado,
(a) Giraldo Joze de Abranches edo Maranhaõ Eterras adjacentes Comozmais poderes nas-
(a) Sebastião Vieira doStos mesmas expresoz Asquais Leis aditto Doutor Juiz deFora
EPresidente daCamera Edespois delidas asbeijou pondoas
Sobre a cabeça, eLogo todos Uniforme mente mediceraõ,
Aprezentacaõ aoExmo Sr Bispo das Commissoens dos que estauaõ promptos ECom inteiraVontades aparelhados
Senhores doConselho G.Rl dadas aos. Vizitadores paradar Sempre todoo favor Eajuda AoSanto officio,Epa­
racumprir Emtudo asditas Prouizoens,queeu tornei arece-
Aos vinte dias domez deSettembro demil sette centos ber doque fisestetermo quetodos porSuaOrdem aSSignaraõ
sesenta etrez nestacidade doPará ePaço Episcopal emque- P.Ignacio Joze PastanaNotario daVizita Oescrevi
rezide oEx.mo e R.mo S.D.Fr.e Joaõ deS.Joze e Queirós Bispo
detodo Este Estado,aonde foi vindo oSenhor Inquizidor (a) Joze Feijó deMello Alves
Giraldo Joze deAbranches Vizitador domesmo Estado,edo- (a) Agostinho------------------------
Maranhaõ,ahi porelle foraõ aprezentadas aodito Ex.mo e (a) Lazaro ---------------------------
R.rao S.Bispo as Commisoens que OsSenhores do Conselho (a) --------------------------------------
Geral lhederaõ paraVizitar estes ditos Estados com osmais (a) — ----------------------------------- -
poderes nas mesmas Commisoens expresos tudo porparte (a) JozedeMesquita deBastos
doSanto Officio: azquais Commisoens depois delidas pello-
dito Ex.mo S.Bispo,beijouJSpos sobre acabeça respondendo
que estava prompto e com inteiravontade aparelhado para- Auto dapublicaçaõ dos Edictos daFe, eda Graça Edo Aluará
darsempre todo ofavor, eajudas que neceSsarios forem deSua Mag." pello qual perdoara aconfiscaçaõ dosbens Aoz-
aodito Senhor Inquizidor,Eparacumprir pello quelhetoca que Confesarem asSuas culpaz pertencentes ao Santo officio
tudooque nasditas Commisoens Secontem: do que fiz este- dentro do tempo daGraça 9
termo que assignou o dito Exm° S.Bispo com elle oSenhor
Inquizidor .OPadre Ignacio Joze Pastana Notário da Vizita Anno do nascimento deNosso Senhor JEsus Christo
rpvi demil e sette centos sesenta etres Aos vinte esinco dias
(a) Fr. João B.° do Pará domes de Settembro dodito anno nesta cidade do Para
(a) Giraldo Joze de Abranches seordenou eSahio hua Solenne procissão da Igreja dosReli-
giozos de NossaSenhora dasMerces,compondo a Eassistindo
nella,oCabbido Vigário Geral Párocos Coadjutores,Clero,Re-
Aprezentacaõ ao Senado daCamera das Provizoens ligiozos,Irmandades,eConfrarias desta Cidade,acompanhando
eCommiSoens dosSenhores doConselho Geral aoSenhor oGov.°r eCap.aõ Gn.“>, o Ouvidor Juís deFora Emcorpo de
Inquizidor Vizitador Camera ehum Regimento ehum terso demilitares em mar­
chas com suas insígnias E armas,levando debaixo do Palio
Aosvinte etres dias domes deSettembro demil sette aoSenhor Inquizidor Giraldo Jose de Abranches Vizitador
centos esesenta e tres nesta cidade doPará e Passo do deste Estado porparte do Santo Officio: erecolhendose na-
Conselho e Camara delia onde seajuntaraõ Eestauaõ pre­ Santa Igreja Cathedral ondestava para se aSsentar oSenhor
sentes os Muito NobresSenhores oDoutor Joaõ Feyjo de- Inquizidor humaCadeira de espaldar sobre alcatifa,ecom
8 Mello eAlbuquerque Juiz deFora Prezidente damesma Agos­ almofada aoz pes da parte da Epistola por seachar prezente
tinho Do Mingúes Vereador mais Velho Eosdoosvereadores naSua própria daparte do Euangelho oExmo.” eR.m Senhor
Bento Alves ----------- Lazaro Femandes Borges,eFrancisco- Bispo,Secantou Missa solenne,emque depois doEvangelho
PereyradeAbreu procurador daCamara.eJoze deMesquita de- pregou o Padre Mestre Fr.e Pedro Mendes Religiozo deNossa-
Bastos Escriuaõ damesmaahi pormim Notário lhesforaõ Senhora dasMerces,elogo depois doSermaõ Sepublicaraõ
aprezentadas duas Prouizoens dosSenhores do Conselho envoz alta,einteligivel o Editto daFé.eMonitorio Geral,o
Geral do Santo Officio destes Reynos eSenhorios dePortugal
121
120
Edicto daGraça ePerdão,queSeconcedera as pesoas que den­ Como Sedeclara no auto retro,e naforma ECom asmesmas
tro dotempo detrinta diaz se aprezentarem das culpaz q palavras doregimento que tras odito Senhor Inquizidor Vi-
tiverem Commetido pertencentes aoSanto Officio dando zitador,indo euNotario lendo Eodito Senhor Gov.°r repetin­
Signais deverdadeiro arrependimento E o Alvara deSua do E m voz inteligivel: doqueparaconstar fiseste termo quea-
Mag.e pello qual perdoa Ozbons aquem Seacuzar dentro do Signou.O PJgnacio JozePastana Notário daVizita Oescrevi
tempo dagraça,Eultimamente aConstituicaõ doSanto Papa
Pio Quinto contra osque offendem Ocytado negocios Eque- (a) Fernando daCosta de A.Teive
soasdo Santo Officio dalnquiziçaõ,Eacabados depublicar
depois deseconcluir aMissa. Seassentou o dito Senhor In­ Juramento do Ouv.or Gal
quizidor Emoutra Cadeira no Cruzeiro, junto daqual estava
humAltar portátil Com huma Cruz arvorada nomeyo,e dous Aosmesmos vinteesinco dias dosditos mes eanno.Ema- 11
Livros Missais abertos na Sacra: elege comasmaõs postas mesma Santa Igreja Cathedral prezente odito Senhor In­
sobre elles fizeraõ de joelhos ojuramento daFe na forma quizidor apareceo prezente ODoutor Dezembargador Feli­
do Regimento o Gov.or eCap.am Gr.al Ouvidor Juis deFora ciano Ramoz Nobre Mouraõ Ouvidor Geral destacidade
Vereadores,Procurador do Conselho,Almotaceis.OEscrivaõ Eseos districtoz Epor ellefoi feito juramento publico Sobre
daCamera, eMisteres, ozMeirinhos do Ecleziastico.edaOuvi- onegocio daFe como sedeclara noAuto retro naforma eCo-
doria,o Alcaide,ediseraõ que estavaõ promptos eaparelhados masmesmas palavras doRegimento quetras o dito Senhor
para defender aSanta Fe Catholica Romana, epara dar avida Inquizidor Vizitador esido Eu Notário Lendo Eodito repi-
10 porella Sendo necessário Comofieis Catholicos.eVerdadeiros tindo emvos inteligivel doque pera constar fiseste termo
Christaõz:Eomesmojuramento fiz e ra õ p o s to s dejoelhos que asignou ------------ Ignacio Joze Pastana oescrevi
olhando paraCruz ------------ que nodito Altar estauaõ todas
asmais pesoas prezentes perguntandolhes EuNotario depois- (a) Feliciano Ramos Nobre Mouraõ
delhes ler. EmaltaVoz aformadojuramento,Seasim oprome-
tiaõ,ejurauaõ, Aoque responderão,que asim jurauaõ Epro-
metiaõ Cumprir,fazendose.eassignandose oz termos dejura- Juramento doDr. Juis deFora edaCamera
mento que aodiante SeSeguem do quetudo Mandou oSenhor
Inquizidor fazereste Auto,Eque nelleCertificase Eu Notário Aozmesmos vinteesinco dias dos ditos mes eanno ema-
edese fe doreferido Oque Certifico,edetudo doufe por pasar mesma Santa Igreja Cathedral perante o dito Senhor
naverdade Eoprezenciar,eSer Notário,EaSSignei Comelle Se­ Inquizidor apareceraõ prezentes oDoutor JozeFeijo de Mello
eAlbuquerque Juis deFora desta dita Cidade oPrezidente
nhor Inquizidor demeu Signal razo.O Padre Ignacio Joze
Pastana Notário daVizita Oescrevi. da Camera delia comos vereadores damesma Agostinho
DominguesCerqueira,Bento Alves Silva, Lazaro Fernandes
Borjes,Eo P r o c u r a d o r do Senado Francisco Pereira de
(a) Giraldo Joze deAbranches
Abreu .E Joze de Mesquita deBastos escrivaõ damesma Ca­
(a) PJgnacio Joze Pastana mera Epor cadahumdelles foi feitojuramento publico sobre
onegocio daFe como sedeclara noauto retro na forma ecom
Juramento do Gov.°r eCap.am Gen.al as mesmas palavras do Regimento indoeuNotario lendo
ecadahum delles emvoz inteligivel repetindo doque pera
Aos vinte Sinco dias domes deSettembro demil Sette- constar fis este termo queo Asignaraõ.O Padre Ignacio
centos Sesenta etrez nestacidade do Parà EmaSanta Igreja Joze PastanaNotario daVizita Oescrevi
Cathedral delia Onde Se celebraua o acto dapublicaçaõ da (a) Joze Feijó de Mello eAlbuquerque
Vizita porparte do Santo Officio dalnquiziçaõ,perante oSe­ (a) Agostinho Domingos Cerqueira
nhor Inquizidor Giraldo JozedeAbranches apareceu prezente (a) Bemo -----------------------------------
OSenhor Fernando daCosta de Athaide,eTeive doConselho (a) Lazaro Fernandes-----------------------
deS. Mag.de Gov.°r eCap.am Gn al detodo Este Estado doPara,- (a) -----------------------------------------—
Eporelle foi feito juramento publico Sobre Onegocio daFe (a) -----------------------------------------------
122 123
12 Juramento dosMeirinhos e Alcaide Edictos da Fe Eda Graça o Alvara de Sua Mag.® Ea Cons­
tituição do Santo Papa Pio Quinto Edeestarem feitos easig-
Elogo nomesmodia mes Eanno elugar atras declaradoz nados Oztermos dojuramento que deraõ as pesoas nos
perante o dito Senhor Inquizidor apareceraõ Custodio Joze- mesmos termos mencionados mandou o Senhor Vizitador,-
daConceicaõ Meirinho dojuizo Eclesiástico Miguel Gonsalves que Eu Notário fose fichar nas portas principaes desta
chaves Meirinho daOuvidoria Geral EoAlcaide Bernardo dita Cathedral osreferidos Edictos e Alvara pera nellas
Vieira Eporcadahumdelles foi feito juramento publico So- estarem patentes públicos Enotorios porespasso detrinta
breOnegocio daFe Como Sedeclara noAuto retro naforma dias eSerem detodos vistos elidos,Mandando outrosi que
eCom as mesmas palavras doRegimento indo EuNotario ninhuma pessoa ozpossa tirar Sem mandado See Sob pena
lendoecadahumdelles emvoz inteligivel repetindo doquepe- de Excomunhão Maior ipso facto incuncredo Edas mais
raConstar fizestetermo queaSignaraõ .OPadre Ignacio Joze­ que parecerem a See arbitrio: E em obseruancia deste
Pastana Notário daVizita OEscrevi Mandato foraõ fichados por mim Notário osreferidos Edic­
tos eAlvara noguardavento desta dita Cathedral por ser
(a) Miguel ----------------------------— lugar mais publico E onde se customaõ por oz papeis de
(a) Custodio Jozé daConceyçaõ Editaes depois de Serem publicados para nelle ficarem
(a) Bernardo --------------------- — pello dito espaso de trinta dias e senaõ tirarem sob adita
pena de excomunhão maior Sendo atudo prezente oMei-
rinho da Vizita Sebastiaõ Vieira dosSantos e do Juizo
Juramento do Pouo Eclesiástico Custodio Joze da Conceicaõ oSacristaõ Mor
dadita Cathedral oPadre Andre Pinheiro alem do inumeme-
Elogo nomesmos dias mes Eannos elugar atras decla­ ravel Pouo que estava junto etudo vio eprezenciou: Com
rados depois defeitos Ozjuramentos aSima ditos EuNotario o que houve elle Senhor Vizitador por concluido o acto
prezente odito Senhor Inquizidor cheguei a baixo do Cru- dapublicacaõ daVizita Emandou fazer e concluir o auto
zeiro,Eemvos altali pera agente ePouo que ahi Seachava o Eque Eu detudo também pasase fe,aqual eu passei Certi­
mesmojuramento,Comoesta no Regimento edepois deOter ficando passar tudo Naverdade poraSim Over,E prezenciar
lido perguntei Se ojuravaõ Eprometiaõ aSim, Eresponderaõ eSer tudo atodos Notorio: doque fiz econhecid Este auto
que assignei demeu Signal razo Comodito Senhor Inquizi­
que aSim Ojuravaõ Eprometiaõ,Em Com firmacaõ doque dor etestemunhas da fichacaõ OPadre Ignacio Joze Pastana
En nome detodo o Pouo aSSignaraõ oSargento Mor Antonio NotariodaVizita oescrevi
RoizMartinz o Almoxarife Bento de Figueiredo Fenreiro
Domingoz PereiraLima. Mathias daSylva Gayo EoCapitaõ (a) Giraldo Joze deAbranches
Mor Joaõ deAlmeida da Matta.doque pera Constar fis (a) Custodio Joze da Conceicaõ
este termo.OPadre Ignacio JozePastana Notário daVizita (a) p.Ignacio Joze Pastana
Oescrevi. (a) Sebastiaõ Vieira dos Santos
(a) A ntonio--------------------------- (a) Andre Joze Pinheiro
(a) ---------------------------------
(a) Mathiaz ------------------------
(a) BentoD Figueiredo Tenreiro Aoz dousdias domes deNovembro demil Sette centos
(a) Joaõ deAlm--------------------- Sesenta Etres,queforaõ o dia dehontem EmqueSefindaraõ
oztrintadias queoSenhor Inquizidor Giraldo JozedeAbran-
ches Vizitador deste Estado porparte do Santo Officio da
Termo da fachacaõ dos Edictos.eAlvara de S.Mag.6 Inquiziçaõ paraque Ozmoradores Evizinhos desta Cidade
do Para eSeo termo Viesemperante elle Confessar Suas
Aoz mesmos vinte esinco dias domes deSettembro do Culpas,edenunciar asqueSoubesem Setinhaõ Comettido Con­
dito anno.Ena dita Santa Igreja Cathedral desta sobredita tra aNossa SantaFe Catholica,e Lei Evangélica na forma
Cidade depois deConcluida aMissa edeserem publicados oz declarada no Edictal da Graça ePerdaõ, por elle ditoSenhor
124 125
Inquizidor meforaõ mandados despregar doguardavento Que havera dezaseis annos pouco mais ou menos Naõ.
daditta Cathedral Aonde estiveraõ fixados oreferido Edicto Selembra dodia nem domes eSo que foi pello tempo antes
de Graçae Perdaõ eoEdicto daFe eMonitorio Geral Eo M.ede campos doIndrudo Seriaõ des horas damanhã no 16
A nt.o Ferr.a Engenho do Mestre deCampos Antonio Fer-
Treslado do AlvaradeSuaMagestade porSeteremacabados
oztrintadias,depois do da publicaçaõ desta Vizita Emque- Ribeiro reira Ribeiro Cito as margens doRio Acará
naõ Entraraõ Ozdomingoz edias Santos deguarda,doque- Ena Capella deSanto Antonio domesmoEngenho aonde elle
tudo douFe por por passar naverdade Epara otodo. o Confitente Sechava devizita quefora fazer aodito Mestre
tempo Constar fis Este termo que com o dito Senhor In­ deCampos eSua familia Ejumtamente Com elle eodito Mes­
quizidor Vizitador assignei. OPadre Ignacio JozePastana tre deCampos Joaõ Furtado jà defunto Cazado que entaõ
Notário daVizita Oescrevi eaSignei. Joaõ Furta- Era Com D .Anna Pestana deAraujo natural
do d e f.to destacidade Emorador que fo i namesma
EnoSeo Engenho do Rio Mojú Manoel Purat Tenente naõ
(a) Giraldo Joze de,Abranches
M.ei Purat Sabe deque Companhia dehum dosRegi-
(a) PJgnacio Joze Pastana
Tenente mentos destacidade Solteiro naõ Sabe Sua
qualidade filho Natural de Luís Purat naõ Sabe quem he
15 Aprezentacaõ deManoel deOliveira Pantoja Joaõ deBrito Suamai nem donde hè natural,-Joaõ deBri-
to.Solteiro naõ Sabe dequem he filho,nem donde natural
Aoz vinte eseis dias domes deSettembro demileSette hè morador naVilla da Vigia; Lourenço Pinheiro Cazado
centos sesenta etres annos Em acidade doParà no hospício Lour.c» com D .Izabel naõ lheSabe Osobrenome que-
Pinheiro vive daSua roSsa quetem no Rio de Moju
deS .Boaventura Emque esta aMeza daVizita Eaposentado
OSenhor Inquizidor Giraldo Joze deAbranches Visitador natural desta Cidade enella m orador; odito Mestre deCampo
ComSua Mulher eCom Seos filhos chamados Miguel e
desteEstado ahi mandou vir perante Si ahum homem que Am.er do d.» Francisco ambos Solteiros eSoldados nesta
daSala pedio audiência ESendo prezente pordizer apedira M.e deCampos Prassa declara que naõ Sabe Onome da
para Confesar Culpas pertencentes aoSanto O fficio lhefoi Miguel,e mulher deditoMestre deCampos nemtem
dado Ojuramento dosSanctosEvangelhos Eenque pos Suas Fran.c° f.°s
lembrança deque Estiuese prezente o dito
maõ sob cargo do qual lhefoi mandado dizer Verdade Eter filho Miguel,Eultimamente o Padre Capellaõ do dito Mestre
Segredo Oque prometeo Cumprir. o P.e Capellaõ de Campos naõ lheSabe Onome nem donde
Elogo dise chamarse Manoel de Oliveira Pantoja Chris- do d.° M.« natural e hoje Morador Ouuio dizer Era
taõ Velho Cazado Com T).Thereza Maria deAthaide filho deCampos falecido: Eachandose elle confitente Com
legitimo de Joze deOliveira Pantoja e DLuiza Maria de asreferidas peSoas praticando depois daMissa Aindadentro
Bitanheisd natural Emorador desta Cidade doParà quevive dadita Capella deS Antonio agrande apetencia quetinha de
deSuas Fazendas Edisce Ser Christaõ Velho deidade dequa- cazar huma mulher já Velha chamada D.Clara naõ Sabe
renta e tres annos. TTl«n vmtnvnl
Foi admoestado que pois tomava tam bom Conselho que So a vio naquella occaziaõ,Eque o dito Mestre de
Como de seaprezentar nesta Meza da Vizita das Culpas Campo para lheSaciar aSua loucura Edesejos deCazar lhe-
quetem Commetido lheConvinha munto trazelas todas Ame- tinha dito porgrasa que havia de receber aodito Joaõ de­
moria pera fazer delias hua inteira,e verdadeiraConfissaõ,- Brito aquem deraõ antecedentemente pera eSe fim o nome
Elhefazem saber que estava obrigado adeclarar miudamente de Alonço ainda que ella oconhecia pello dito Nome de
todas asSuas Culpas com as Suas aggravantes circunstan­ Joaõ deBrito ora chamando aSim Ora Alonço, Vieraõ ajus-
cias Sem as encarecerrem as desculpar porque odizer so­ tarse todos Em que elle Confitente Sefingise Pároco eto-
mente averdadepura e Sincera. Sem levantar aSi nem a mase huma loba,ehum Barete. Eachamase para Sereceber
outrem testemunha falso he Oque lheconvem peradescargo com odito Alonço,ou Joaõ deBrito: Oque Conefeito aSim
de Sua Conciencia Salvaçaõ deSua alma eSeo bom despa­ Se fez EVestindo elle Confitente adita Loba epondo Seo
cho: Ao que respondeo queSó averdade havia de dizer aqual Barete chamaraõ adita Velha questava dentro da Capella
hera aqual logo veio,Eelle Confitente,por inSinuaçaõ dodito Mes- 17

126 127
tre deCampo lhe preguntou logo Se ella Era capas de
aturar o Alonço porque era hum homem que tinha O
membro viril de desmarcada grandeza apontando Agran-
deza Comobraso: Aoque ela respondeo que iso. Naõ im­
portava porque também ella paria huma crianca congrande
Cabesa doque rezultou hum geral rizo a todos dizendo
ICONOGRAFIA
adita velha: olhem oPantoja aquerer me lograr fingindose
Padre.Eentaõ Sua mulher Therezinha porem antes disto
elle Confitente Se Sentou asim vestido declerigo Como
estava por modo dequem aConfesaua Ajoelhando ella aSeos
pes Emcuja postura elleConfitente lhefes logo adita pre-
gunta Aque ella também deoadita resposta Oque tudo 1
Secelebrou Comgrandes rizadas edespindo elleconfitente a
Loba sahio comtodos Ozmais pera fora dadita Capella: I
Eque estas eraõ asSuas culpas asquaiz Cometeu Sem ma­
lícia alguma So pera afimde Zombar Comadita Velha. Enaõ 4
para Zombar dosSacramentos daSanta Madre Igreja doque
muitas vezes Se tem arependido Eportres vezes denunciado
porremorso deSua conciencia Eagora ofazdenouo pedindo
perdaõ,Equecom elle Seuze deMizericordia.
Foi lhedito quetomou muito bomConselho Em Seapre-
zentar voluntária mente nesta Mesa eprincipiar nella acon-
fisar as Suas Culpas Elheconuem munto traze las todas C o m is s ã o
amemoria paraacabar defazer delias huma inteira everda-
deira Confissão declarando averdadeira tencaõ comque co- 7 ' /, . s-í
meteo asquetem Confessado pera dezcargo deSua Concien­ ^ ^ v>. £>
■/'r, j. ■,4 rC%f 1./r '-■* ^ *. .-KI
cia Salvaçaõ deSuaalma Emerecer a Mizericordea que aSanta
Madre Igreja Se Custuma Conceder aosbons everdadeiros ,2
Confitentes: Epor tornar adizer quenaõ tinhamais Culpas
nem Era demais lembrado foi Outra ves admoestado imfor- /Cl -
ma Emandado pera fora Equedestacidade Senaõ auzente
Sem expressa licença desta Meza aSala daqual vira todos
ozdias naõ feriados demanhã das Sette horas ate as onze
Oqueprometeo Cumprir Sob cargo dejuramento dos Santos O O**'*/' >!*>^ Í v «^«-y v/’
Evangelhos que pera isso lhe foi dado: Esendo lhe lida
esta Sua confissão e por ella Ouvida Eintendida dise. Es­ ............... c ® ....c x x- x y ^ C ;j Z
tava escrita naverdade,Eque nella Se afirma e ratifica
18 toma adizer denouo sendo neceSsario e ella naõ tem mais
que acrescentar demenuir Mudar,Ouemmendar nem que- - ’ > • >- *' * - '
dizer aocustume a respeito das peSoas que nellatem No­
meado Sobcargo dojuramento doz Santos Evangelhos que-
Outraves lhefoi dado estando preZentes por honestas eRe- Folha de rosto do Livro de Confissões e Denún­
ligiozas pesoas que tudo Viraõ,Eouviraõ Eprometeraõ dizer cias, onde consta o Termo de Abertura, datado de
Verdade Eguardar Segredo noqueforam preguntados Oz Belém (em 10 de setembro de 1763 e assinado velo
Visitador).
Padres Fr.® Angélico deBarros Fr.® Caetano Joze Religiozos
deNossa Senhora do Carmo,que aSignaraõ Com elle confi-

128 I
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fírrJ/t*i*1"j»is njn*>
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KIAM
HM*/'.'./>i
hà*ã'-i Uma das inúmeras passagens
do Livro de Confissões
Foifta de rosto fe última página) do Regimento do e Denúncias, escrita na letra
Santo Oficio da Inquisição de 1640, que regulou a caprichada do Visitador
Visitação do Pará. Giraldo José de Abranches.

II III

I
Igreja e Praça
das Mercês, Belém.
(Viagem Filosófica,
de Alexandre
Palácio Residencial Rodrigues Ferreira).
(frontaria exterior) dos
Generais da Capitania
do Pará (Belém).
(Viagem Filosófica,
de Alexandre
Rodrigues Ferreira).

IV
Frontaria dos
Armazéns da
Companhia
Geral do
Comércio.
Desenho do arquiteto
Antônio Joseph Landi.
(Viagem Filosófica,
de Alexandre
Rodrigues Ferreira).

Plano Geral da Cidade


do Pará, em 1791.
(Viagem Filosófica,
de Alexandre
Rodrigues Ferreira).

VI VII
11

tente eC om oSen hor V izitador. OPadre IgnacioJozePastana


N otário daV izita O escrevi.

(a) Giraldo Joze deAbranches


(a) Manoel da Silva---------------
(a) F.® Angélico deBarros
(a) Fr.® Cae.to Joze
Treslado Eda atestemunha perafora foraõ pregun-
extrahido
tados OzPadres digo ehido pera fora oCon-
bro fitente foraõ preguntados OsPadres Mete-
ticantes. Selhes parecia que ellefalavaver-
dade Emerecia credito etornaraõ aaSignar ComoSenhor
Vizitador OPadre Ignacio JozePastana Notário davizita
Oescrevi.
(a) Giraldo JozedeAbranches
(a) F.® Angélico de Barroz
(a) Fr. Caet.° Joze

Aprezentacaõ deCrecencio de Escobar

Aoz tresdiasdomezdeOutubro demil Settecentos Sesenta


etrez Emacidade do Para eHospicio de Saõ Boaventura
Emque esta aMeza daVizita eapozentado oSenhor Inqui-
Parte posterior do palácio zidor Giraldo Joze deAbranches Vizitador deste Estado ahi 19
residencial dos Generais da mandado vir prezente Si a hum homem quedaSala pediu
Capitania do Pará (Belém).
(Viagem Filosófica, audiência Esendo prezente pordizer apedira pera seapre-
de Alexandre zentar EConfesar Culpas Ao Santo Officio pertencentes
Rodrigues Ferreira ). lhefoi dadojuramento dos Santos Evangelhos emque pos-
Sua Maõ Sob Cargo do qual lhe foi mandado dizer verdade
Eter segredo Oque prometeo Cumprir E logo disse cha-
marse Crecencio deEscobar Mameluco cazado Com Deodata
Victoria daCunha quevive deSeo officio deFerreiro natural
daVilla da Vigia Emorador no SeoCitio chamado Guara-
piranga damesma Villa Edisse ter trinta trezannos deidade.
Elogo foi admoestado que pois tomava taõ bom Con­
selho Como o de se aprezentar nesta Meza da Vizita pera-
Confesar asCulpas quetemCommetido lhe convém muito
trazelas todas amemoria pera delias fazerhuma inteira
eVerdadeiraConfisaõ declarandoas todas Miudamente Con­
tadas ascircunstancias aggravantes Sem asencarecer Nem
desculpar porque O dizer aVerdade So pura eSincera mente
Sem levantar aSi ou aOutrem testemunho falso nem ainda
aomesmo demoneo he Oque lhe vonuem peradescargo de
Sua Conciencia Salvacaõ deSua alma Ebom despacho de-
129
V III
Suacauza: Ao que respondeo que So averdade queria dizer
Adriaõ Per.» Aqual Era Que havera nove annos pouco Foilhedito que elle tomou muito bom Conselho Em-
maiz oumenos Naõ Selembradodia nem domez eSo quefoi Seaprezentar Voluntária Mente nesta Meza,Eprincipiar a
hum dia demanhaã naVilla daVigia eCaza delle Confitente Confessar asSuasCulpas Elheconuem munto traZelas todas
cita Sobre o Garape da mesmaVilla onde antaõ asistia amemoria peraacabar defazer delias huma inteira Everda-
foi terComelle Confitente Adriaõ Pereira Mameluco Cazado deira Confisaõ declarado averdadeira tençaõ ComqueCome- 21
Com Luzia deMattos quevivia dos fruttos deSua rossa na­ teo as que tem confessado porSer Oque lheconvem pera-
tural Emorador damesma Villa,Eprezentemente naõ sabe descargode Sua Conciencia Salvacaõ deSua alma Emerecer
onde he morador ,eSo mentetem ouvido dizer que ohe na- aMizericordia que aSantaMadre Igreja Custuma Conceder
cidade do Maranhaõ pera onde Seretirará depois que Sa- aozbons everdadeiros Confitentes Eportom ar adizer quenaõ
hira penitenciado pello Santo O fficio EEstando ambos Sos tinha lembrança deCouza alguamais foi outra vez admoes­
20 Sacou o dito Adriaõ Pereira deSeo bolso hum papel já tado em forma Emandadoperafora Eque destacidade Senaõ
muito já velho eCombastante rasgaduras pellas bordas di­ auzente Semexpresa Licença desta Meza aSala daqual vira
zendo que erahua Carta de tocar as mulheres Contai vir­ todos Ozdias naõ feriados demanhaã dasSeteate as onze
tude tudo que qualquer que comella fose tocada, infalivel­ horas ate Sefindar aSua cauza, Oque lhe prometeo fazer
mente lhehavia obedecer pedindo aelleConfitente lha tres- Sobcargo dojuramento dosSantos Evangelhos que peraiso
ladase Eque Empremio lhedaria tres milreis: convindo lhe lhefoi dado,ESendo lhe lida Esta Sua confisaõ Epor elle
elle Confitente Esta promessa levado de ambiçaõ Semem- Ouvida eentendida disse Estava feitanaverdade E Com com-
bargo dereconhecer queObraua mal se pos logo afazer amesmaverdade Escrita Oque nella Seaffirma Eratifica
otraslado daditaCarta aqual Estaua escrita EmLatim que Etomaadizer denovo Sendo necesario Enella naõ tem que
elle Confitente naõ persebia eSomente persebeo queCon- acrescentar demenuir mudar Quemmendar nem denovo que-
tinha repetição dapalavra diabo,evio quetinha varias cruzes dizer aocustume Sobcargo dojuramento dosSanttos Evan­
aSignaladas-Etendo elleConfitente já trasladado Metade mo- gelhos queOutra ves lhefoi dado Aoque Estiveraõ prezen-
vidonalgum escrupulo preguntou Novamente aodito Adriaõ teshonestas ereligiozas pesoas quetudo viraõ Eouvirão Epro-
Pereira peraquefim queria aquelle treslado Erespondendo- meteraõ dizerVerdades Eguardar Segredo Noqueforam pre-
lhe elle que era pera Omesmo que aSima fica declarado guntadas.Os Reverendos Padres Frei Antonio daCosta Frei
Eque por iSo lhe dava Oz ditos tresmil reis elle Confitente Joze Joaquim deSantaRita Religiozos deNossa Senhorado
naõ reparou Emmais Couza algua Eacabou delhefazer odito Carmo Eassignaraõ Com o confitente Ecom oSenhor In-
treslado pello qual logo recebeu adita quantia: Etanto que quizidor.OPadre Ignacio Jozé Pastana Notário daVizita Oes­
elle Confitente deo aodito Adriaõ Pereira oreferido treslado crevi.
tomou Omesmo apenna Enopapel dodito treslado pintou (a) Giraldo Joze de Abranches
Comella duasfiguras Como dehomens Eoutra dehumafaca- (a) Crecencio deEscobar
deponta, Eoutra dehuma pistola Eabaxo detodas Estas fi­ (a) Fr .Antonio da Costa
guras Escreveo Seo Nome erecolheo odito treslado aSi (a) Fr .Joze Joaquim de StaRita
Como original velho: Enunca Mais falaraõ Emtal matéria
nem odito Adriaõ Pereira lhedise dequem Ouuera Aquella- Traslado Eido oconfitente pera fora foraõ pregunta-
Carta nem Seporellafez Operaçaõ algua Ehe Constante Eno- cxtrahido Em 3 dos osPadres testeficantes Se lhesparecia
torio que elle por estaCauza fora prezo eCastigado pello- del7636m r° falaraVerdade Emerecia Credito Eporelles
Santo O fficio eComo elle Naõ pesou Mais Contente que foi dito quesim lhes parecia falara verdade
odito Adriaõ Pereira Sefiou delleConfitente porSerem am­ Emerecia Credito Etomaraõ aaSignar Com oSenhor Inqui-
bos muito amigos pom aõ Constar aelleConfitente queaou- zidor OPJgnacio JozePastana Notário daVizita Oescrevi
trem revelace este Segredo Equeestas Eraõ asculpas que­
tinha as quais Commetera por forsa de ambiçaõ reconhe­ (a) Giraldo Joze deAbranches
cendo Omal que faZia emdar odito treslado Ede aster (a) FrAntonio daCosta
Commetido esta munto arependido Epede perdaõ Emizeri- (a) Fr. Joze Joaquim deSt.a Rita
cordia digo perdaõ Eque Comelle Seuze deMizericordia.
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131
22 Denunciaçaõ quefaz Maria Fructuosa deAnt.' Confessor demeu Senhor JEzus Christo Voz pesso Meu
Mogo Sold.° Mamaluco Saõ Cipriano pellaVossaSantidade Edaminhavirgindade que-
roque metragais a Fulano Sempoder estar nemSosegar Sem
Aoz quatrodias domesdeOutubro demil Sette centos Commigo vir falar = Elogo enSinava queSehaviade fazer
SeSentaetrez annosemacidadedoParà EHospicio deSaõ Boa- huma cruz Comope esquerdo acompanhando Com as pala­
ventura Emqueesta Axneza daVizita Eapozentado oSenhor vras = Sato,Sarato que o Doutor Mequeira dotar = Eque-
Inquizidor Giraldo JozedeAbranches Vizitadordeste Estado aoform ar da Cruz Comestas ditas palavras Sedesem tres
ahi mandouvir perante Si humamulher que daSalapedio pancadas no Xaõ ComOmesmo pèesquerdo,Equelogo rezase
audiência eSendoprezente pordizer apedira pera denunciar tres padresNossos etres Ave-Marias dizendo depois deditas
OqueSabia pertencente aoSanto officio pordescargo deSua- OSeguinte = Naõ Vozoffereço Esta reza Sem meobrares
Conciencia lhefoi dado Ojuramento doSantosEvangelhos o Vosso Santo Milagre = Concluindo odito Antonio Mogo
EmqueposSuamaõ Sobcargo do quallhefoi mandado dizer que Eraadita Oraçaõ detaõ Certavirtude quetendoa naquelle
VerdadeeterSegredo o quetudoprometeo CumprirElogo dis­ £fvfia mesmo tempo enSinado a Livia Cafuza Sol-
se chamarse Maria Frutuoza daSylva Solteira Mulata livre Cafuza teira aqualveio doMaranhaõ eSeacha degra­
natural Emoradoradestacidade EncazadeSeo Padrasto Do­ dada atualmente noMacapà por mal pron-
mingos Luis deCarualho na RuadeS. Joaõ filhanatural de- didas, ella fizera Com que atornase atratar elicitamente Joaõ
Eugenia índia ja falescida edepai incognito queviue deSer VenturaSoldado.que Setinha apartado damesma paratratar
Costureira,rendeira,e ingomadeira deidadedetrinta etrezan- com Outra fazendo quelogo afosebuscar.Eque istoera Oque-
nos: Eque Oque, tinhapera dizer nesta Meza era OSeguinte. tinha pera dizer pera SucegodeSuaConciencia Edescargodella
Ref.M.a Quehavera des annos Equatro mezes pouco Eintender quetinhaobrigaçaõ deodenunciar nesta Meza.
Jozefa maizOumenos a ch a n d ose elladenunciante Perguntado Seodito Antonio Mogo hehomem bementen-
deBltancur havia mezes devisita. Encaza deDomingos dido ESezudo Eseestava EmSeuprefeito juizo Eentendimento
CuribocíT Antonio daCunha o Cabessa Cazado Com- quando EnSinou oSobredito: OuSepello Contratio he doudo
Maria Jozepha deBitancour alfaiate Naõ Selembra do dia edesacizado Outinha alguma paixaõ Eseestava tomado devi-
nem das horas Estandoprezentes a dita Maria Jozepha- nho.ou Secustuma tomar delle.
deBitancurt Ejuntamente Paula Curiboca natural davilla Disse que elle tem Entendimento claro Enaquellas occa-
deCametà Emoradora namesmaCaza Ehoje noCitio deSeo- zioens Estava emSeoprefeito juizo Eintendimento Enaõ he 24
Irmaõ Domingos Curiboca Cazado Comhualndia Naõ lhe- doudo oufalto dejuizo nemSe Custumatomar devinho nem
Sabe Onome EoSitio Sechama Guajaràmirim ENarciza índia nasditas occasioens tinha paixao algua queOperturbase.
jadefunta Entrou naditaCaza naõ So por huma maspormais-
B e .o Ant.° vezes Antonio Mogo Mameluco naõ Sabe Perguntado Seodito Antonio Mogo quando inSinou as-
Mogo Soid.o onomes dozpais nem dondehe natural ehe ditas palavras, Eaccoens Estava Zombando e Seou delibera­
ção Ou Seasreferio Comoquem queria Etinha peraSi que
morador destacidade nacaza eCompanhia deLuzia Machado ellaseraõ boas elicitas.
EdeSeomarido Antonio Carvalho Ajudante deAuxiliares Eo-
dito Antonio Mogo heSolteiro eSoldadopago naõ Sabe deque Disse que quando elle EnSinou asditas palavras Eaccoens
Companhia mas aSiste nascazas dasditas Ema Rua quevai falauaSeria Mente Sem Zombar referindoas deliberadamente
por detrás deJoaõ oaSentado Emhuarede Comesou a enSi- Como quem Entendia etinhaperaSi que eraõ boas poremSabe
23 nar adita Maria Jozepha deBitencur huma Oraçaõ quedezia digo porem naõ Sabe Seelleastinha porlicitas.
tinhavirtude para reconciliar asVontades das pesoas que Perguntada Seodito Antonio Mogo disse mais alguãz
tendo trato ilicito entre Si Se desavieraõ apartandose hu- vezes asditas palavras ouOuvio dizer que asenSinase deante
madaOutra aqualoraçaõ dita porquem queria Contenciar Outras pesoas: Disse quenaõ Excepto asquetem declarado
nacomunicaçaõ obrigava aque aOutra pesoa aviese buscar questauaõ naSuaCompanhia,Eadita Livia Cafuza: Emquanto
Outra vez Como Senaõ tivese havido descordia alguma. aesta So oSa be por elle odizer.
Oqual envisno repetido portesvezes naprezensa delia denun­ Perguntada quanto tempo hà Conhece aodito Antonio
ciante foi bastante peraque atomase dememoria elas na- Mogo que Opiniaõ temdelle Sobre aSuacrensa vidaCustumes -
forma Seguinte = MeuSaõ Cipriano fostes Bispo eArcebispo Eprocedimentos.

132 133
Disse que oconheeia hauera onzeannos Eotem Emboa Denunciaçaõ que faz Ant.° deSouza Madeyra
Opiniaõ arespeito daSua crença EdaboaVidacustumes epro- de Ant.° daS.a Alfayate
cedimento que tem.
Perguntada Sequando EnSinou asditas palavras e Eac­ Aossinco diasdomesdeOutubro demil Sete centos eSe-
coens Estauaõ prezentes mais pesoasdoque temdito. sentaetrez Emacidade deParà’Emo Hospicio deSaõ Boaven-
Disse quenaõ. tura Emque esta aMezadaVizita Apozentado o Senhor In­
quizidor Giraldo JozedeAbranches Vizitador desteEstado
Perguntada Seamoveo alguacauzamais afazer esta denun- ahi mandou vir peranteSi ahum homem quedaSalapedio 26
ciaçaõ: Ou SeafezporOdio ou MaVontade que tinhaaodito Audiência eSendo prezente pordizer Apedira peradenunciar
Antonio Mogo. dehum facto Commetido Contra anossa Santa Fe Catholica
Disse queSo Amoueo Oquererdescaregar Suaconsciencia Cujo Conhecimento pertence aoSanto Officio lhefoi dado
porquenaõ temOdio. NemMaVontade aodito Antonio Mogo. Ojuramento doSantosEvangelhos Emque pozSuamaõ Sob­
Perguntada que razaõ teve elladenunciada peraNaõ fazer cargo do qual lhefoi Mandado dizer VerdadeeterSegredo
maisSedo Esta denunciaçaõ. Oque tudo prometeo Cumprir: Elogo disse chamarse An­
Disse que naõ Sabia daObrigacaõ quetinha eSomente tonio deSouzaMadeira Cazado ComLuisaMaria de Souza
oSoube depois deOuir oEdictal queSepublicou naSe quando queVive deSeoOfficio dealfaiate natural deVilla deVigia
Suplicou EstaVizita. Emorador na ruadaBaroca destacidade Edisse Serdeidade
25 ESendolhe lida EstaSuadenunciaçaõ, Etestemunho JEpo- detrinta annos Eque Oque tinha peradenunciar era Ose-
rella bemOuvido Eentendido disse Estarescripto naverdades guinte
EquenelleSe affirma eractefica Etom a adizer denouo Sendo- Que haveraquatro annos pouco mais oumenos naõ
necesario EnelleNaõ tem que acesentar deminuir mudar Selembradodia nemdo mez eSo que foi de Manhaã Estando
Ouemmendar nemdenovo quedizer aocustume Sobcargodo elle denunciante naRua daPraia morador Eandando depa-
juramento dos SantosEvangelhos queOutravez lhe foi dado seio Namesma Entrou aconversar Com elle denunciante
Aoqueestiveraõ prezentes porhonestase Religiosas pesoas humhomem Aquem naõ Sabe Onome Nem donde hena-
quetudo Viraõ Eouviraõ Eprometeraõ dizerVerdade Eguar- tural Emorador eSo Sabe que andava naCareira deMato
darSegredo noque foram preguntados osPadresManoelde- groso peraestacidade Edella peraoMato groso eSepersuade
Souza Alvares eFrancisco Chavier deSouza EaSsignaraõ elle denunciante Era Piloto deCannoas,Era homem Mame­
Com oSenhor Inquizidor Eeu Notário assignei pellateste- luco mais alvo Magro de Corpo deestatura Mediana Como
munha ESeoConsentimento por ella naõ Saber escrever. Cabelo Corredio teria trinta annosdeidade Enaõ Sabe dar
OP.Ignacio JozePastanaNotario davizita Oescrevi Rei. mais Confronta=Coens coisas Entre as pra-
Ant-° ticas quetiueraõ foi Sobre Antonio daSylua
(a) Giraldo Joze deAbranches daSilva Naõ Sabe Onde henatural he actual Mente
(a) M.el deSouzaAlvares Morador navilla doCameta tem oOfficio de alfaiate edelle
(a) P.Ignacio Joze Pastana Uzou Eviveo Enquanto aSistio nesta Cidade quefoi poral-
(a) Fran.co Xavier deSouza gunsannos Eracazado namesma Villa deCameta haveraSinco
Annos pouco mais Ou Menos Não Sabe Onome datai mu­
Traslado Eidaatestemunha perafora foraõ pregunta- lher nem deSeoz pais eSo quehenatural Emoradora na­
extrahldo mesma VilladeCameta perguntandolhe odito homem Seelle
em 8 dezbro doz OzPadres ractificantes Selhesparecia
del763 queella falava verdade Emerecia credito denunciante Conhecia aodito Antonio daSilua responden-
Eporelles foi dito queSim lhes parecia fa- dolhe queSim Eque estaua depouco Cazado na ditaVilla-
lavaVerdade Emerecia credito Etomaraõ aaSSignar Como- deCameta Como Comefeito ohe EConsta publica Enotoria
Senhor Inquizidor .O Padre Ignacio Joze Pastana Notário Mente odito homem cheio deadmiraçaõ Eespanto lhedisse
daVizita Oescrevi Comopode iSo Ser,Se elle temSuamulher viva noCuiaba
(a) Giraldo Joze de Abranches Epor Signal que he humapreta Edespois destaConverssa-
(a) Pran.°° Xavier deSouza çaõ Seapartaraõ EntreSi elle denunciante Eodito homem 27
134 135
aoqual nunca mais vio ate oprezente Eque isto Era Oque recia credito E tornaraõ aaSSignar C om oSenhor Inquizidor
tinha pera denunciar pordescargo deSuaConciencia Emais- V izitador OPadre Ignacio JozePastana N otário daV izita
naõ deve. O escrevi.
Perguntado SeSabe que ohomem que lhecontou ofacto
(a) Giraldo JozedeAbranches
referido ocontou aoutras mais pesoas ouSeouvio dizer que
(a) Fr Ayres Severino daCon.cao
oContase EquepesoaSforaõ. (a) F r.------------------------------------
Disse quenaõ Sabe nemOuvio dizer queoContase aou-
trasmaispesoas.
Perguntado Sequando odito homem lhedeo Aquella
Denunciaçaõ quefaz Manoel Francisco da Cunha do preto
Noticia Estavaõ prezentes alguas pesoasmais. Joze escrauo deM.eI deSouza
Disse queestavaõ amboseles.
Perguntado Seomoveo mais alguacauza ofavorestade-
nunciaçaõ ouSea faz porOdio oumavontade quetenha ao­ AozSette dias domesdeOutubro demil eSette centos Se-
Senta Etres EmacidadedoParà EHospicio de Saõ BoaVen-
dito Antonio daSilva. tura aonde estaaMezadaVizita Eapozentado O Senhor In­
Disse queonaõ Moveo outracauza mais que oquerer
Socegar SuaConciencia pellaObrigacaõ quetem porquanto quizidor Giraldo JozedeAbranches Vizitador desteEstado
naõ temOdio nem Mavontade antes he amigo do dito Antonio porparte doSanto O fficio ahi MandouVir peranteSi hum
homem quedaSala pedio Audiência eSendoprezente pordizer
daSilva. que apediu pera denunciar dehunsfactos quelheparecem
Perguntado que razaõ teve elle denunciante peranao
dar amais tempo Estadenunciaçaõ? Supersticiozos epertencentes aoconhecimento doSanto Offi­
Disse que arazaõ fora pom aõ ter noticia desta Obrigar cio lhefoi dado Ojuramento doSantosEvangelhos Emque
çaõ eSo aSoube quando Seleo o Edictal da Fe napublicaçaõ poz Suamaõ Sob Cargo do qual lhefoi Mandado dizerVer­
daVizita. dade eter Segredo Oquetudo prometeo Cumprir: Elogo
ESendolhelido oSeo testemunho Eporellebem Ouvido disse chamarse Manoel Francisco daCunha cazado Com
Eentendido disse Estar escrito na verdade Eque nelle Se- Catherina Francisca Xavier queVive deSeoOfficio de Car­
affirma Eractifica Etorna adizer denouoSendo necessário pinteiro natural da Freguezia deSaõ Salvador de Xamalde
Emelle naõ tem que acrescentar demenuir Mudar ouem- ComarcadeMoia Bispado doPorto Emorador narua direita
mendar nemdenouo quedizer aocustume Sob cargo doju- deSanto Antonio destaditacidade E disse Ser Christaõ Velho
ramento dosSantos Evangelhos queOutra ves lhefoi dado.- -deidade dequarentaetres annos Eque Oque tinha perade-
Ao queestiveraõ prezentes porhonestas e Religiozaspesoas nunciar EraOSeguinte
quetudo viraõ EOuviraõ Eprometeraõ dizerVerdade Eguar- Que ha tres mezesemeio poucomais Ou Menos Naõ
darSegredo noqueforam preguntados Sob Cargodojuramen- Estacerto nodia mas fo i antes dode Saõ Joaõ Baptista
to queacadahumdelles foi dado OsPadres FrAires Severino demanhaã Seriaõ nouehoras pouco maisOumenos tendo elle
daConceiçaõ Frei Caetano Joze Macario Religiozos deNossa- denunciante hua Sua escravadenascaõ bujago porNomeMa-
SenhoradoCarmo que aSSignaraõ Com adenunciante ESe- ria gravemente emferma lansando pellavia damadre vários
nhor Inquizidor Vizitador OPadrelgnacio JozePastanaNota- bixos ESevandijas animadas decor delataõ Sem Selhe axar 29
rio daVizita Oescrevi remedeo etendo noticia que Opreto Joze denasçaõ mandinga
(a) Giraldo Joze deAbranches De.do Joze pre- Solteiro Escravo Demanoel deSouza Soltei-
(a) FrAnt.” --------------------------------- M.«*S deSouza r o quevive do Seo Negocio Eagencia Mora­
(a) Fr .Ayres Severino daConceiçaõ dor na Rua deSaõ Vicente destacidade
(a) Fr.Cae.”* J.eAlves --------------------- Custumava aplicar alguns remedios Efazer Suas Curas,pedio
dodito Seo Senhor elle denunciante que deselicença paraque
Traslado Eido odenunciante perafora foraõ pregun­ odito preto fosever Sepodia Curar adita Escrava:eCom
extrataido tados OzPadres ratificantes Selhesparecia effeito foi Elogo que entrou vendo hum bixo que adita
Em3 deM.c» falavaverdade Emerecia credito Eporelles-
del163 preta tinhalansado dise que ellaainda tinha maisdentro
foi dito queSim lhesparecia efalava Eme- de Si E tirando pera aditapreta palavras que nemella, nem
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elle denunciante nemSuamulher que prezentes estavaõ mulher ozcabellos aoque odito preto disse naõ tenhaõ
perceberão logo foi pera acozinha ECom humasErvas que- Medo,queaSuapreta naõ hade morrer Disse Mais que noul-
Ref.M.a preta
levavaescondidas Eagoa que elle tirou do- timodia Emque odito preto Concluio as operacoens deque
escrava do de
Pote fez humapotajem SemconSentir que are Agoradenunciou poroccaziaõ deestar Com alguaMolestia
nunc.te
Ref.Cath.a Ninguém a vise fazer Eaveiodar a dita amulher delle denunciante lhe perguntou odito preto Oque
Fr.ca x .e r preta pera que abebese Emotempo Conque ella tinha e dizendoo ella,Logo pedio humacuya Edando-
m.«f do d.e ella bebeo disse também palavras queSe- selhe pegou nella Epedindo Agoa Aencheo Comquanta ella-
naõ perserberaõ Etornando detarde lhe preparou também podia levar Epondoa no Xaõ pedio hum panno Oqual fez
asescondidas outra bebida Eoutraz duas namanhaã etarde- por Modo de acento ou calço Comque a Cuya Estiuese-
dodiaSeguinte azquais a ditapreta tomou Estando elle Em- direita e pedindo hua taboa Selhedeo huma deplamoemeyo
todas asditas vezes falando Comoquem tirava Sem que Emquadra Ehuapolegadadegrosso Epondoa S o b r e a d i t a
Selhepersebese palavra algua: Edepois deter dado aultima CuyaNomesmo tempo Estauaja triturando oumastigando
bebida pedio huma espiga demilho ehua inchada Edando- humas eruas queelle namaõ tinha Escondidas Efazendo
lhe elle denunciante tudo foi endireitura pera Oquintal naboca Sumo delias Consaliua tiraua tudo daboca Com
eque tendo elle denunciante acompanhado peraverOque elle amaõ Elancou dentro dadita Cuya levantando peraiso a
faria dadita Espiga odito preto Onaõ Concentio eOmandou Taboa ECuspindoVariasVezes dentro daCuya a deixou Co-
recolher peraCaza porem elle denunciante aindaqueSereco- bertaCom a taboa Elogo disse a mulher delle denunciante
lheo o foi vigiar pordetras daporta Evio que elledeo quatro que Sepuzese EmpeEmSima dadita taboa,Oque ella fez
Cavadelas aopedehum LimoEiro EemhumaCovaque fez En- Estando Sobre ella por espasso dehumquarto de hora largo
terrouadita Espigaestando Sempre afalar So Comoquem Senque alguém aSegurase nem quebrase adita Cuyatendo
nomesmotempo o dito preto asmaos Sobre ataboa Edizendo 31
rezava Eabrindo aditaCova ja tapada Outraves Comterra
de Espinhos que ahi Seachavaõ Cortados: EVindo pera palavrasque Senaõ persebiaõ Emandando aditaSuamulher
dentro dise que logo adita preta havia delansar os mais que Setirase deSobre ataboa Vendo que elle denunciante
bixos quetinha dentro deSi Ecomefeito asim Sucedeo por­ ficou malSatisfeito doquelhetinha visto fazer Sedespedio
que pasadas poucas horas ella arojouhumaComo bolça também malSatisfeito porlhenaõ dar mais que humapataca
ouSaquinho por forma dapelle de huma bixiga naqual pellacura quetinha feito areferidapreta Efoi dizer amulher
depois de rota Seviaõ Vivos tres bixos hum dofeitio de ^ fam iliar EliasCaetano que elledenunciante havia morrer
30 huma Azorra pequena ou Outro dofeitio dehum Jacarezi- primeiro que aditaSuamulher porquetendo lhefeito obser-
nho, eoutro do feitio dehum pequeno lagarto Comcabelos uaçaõ daCura Esta naõ tinha quebrado nem de ramado
Ecadahum dosditos tres bixos Eraõ dediversacor:porem huma Sogota de Agua Como naverdade asimfoi. ESabe
antes detodas estas ditas operacoens que ficaõ expendidas Outro Si elle denunciante queoditopreto nomesmo tempo
deoOdito preto principio pello facto Seguinte = Logo que queCurava aSuaescraua Curua também outra chamadaMa-
entrou Encaza delle denunciante lhe pedio dinheiro Edan- ria
dolhe humtostão Encobre pegou odito preto nelle Eofoi Escrauadoddito Elias Caetano Eque SemilhanteCura
por dentro daCopa deSeo proprio chapeo Oqual tinhaposto antes diso tinha feito aJoze Januario daSilva Cazado Naõ
no Xaõ Edinhando o dito chapeo Com odinheiro dentro Sabe Onome damulher quefoi procurador de cauzas. Mora­
nolugar emqueestaua Seapartou pera distancia dehumava- dor na ruadeSão Mateus pegado ascasas doBarraõ quefoi
rademedirEmandouvir adita preta pera diante deSi Eestan- oquelhe incoleou aodito preto pera aCura da referida Es-
do ambos empe defronte hum do Outro Cara ComCara R.M.a escrava craua EamaesmamciiZca deo aSuamulher
Emtrou adizer varias palavras que Senaõ entendiaõ Eno- deEIias Victoriana naõ lheSabe oSobrenome Viuva
Caet.° deAntonio Rodrigues quetrasladava papeis-
mesmotempo Emque asdizia Setirou repentinamente Sem R. Joze
maõ Vizivel odito chapeo do lugar Emqueestaua Edando Januario da moradora EmcazadeManoel daCostaCouto
noar humavolta Se foi Meter Entre oz pes delle, Edadita S. a.q denun­ naRua AopedeSanto Antonio Equeisto era
Escrauafiçando Com acopa perabaixo E debaixo damesma- cia deste Oque Selheoferecia dizer por descargo de-
preto f.25 SuaConciencia Epella obrigaçaõ quetem
Copa odito dinheiro,eficando elle denunciante pasmado
doquevio Exclamou JESus Maria Erisandoselhe EadjtaSua- Como fiel Catholico Edocustume disse nada Perguntado

138 139
Seodito preto he bem entendido ou pelloContrario doudo E m erecia credito E to m a ra õ aaSsignar C om oSenhor Inqui­
edezacizado, ouSecustuma tomar deVinho Disse quelhepa- zidor V izitador OPadre Ignacio JozePastana N otário daVi-
receo muito bementendido eladino Equenadatem de desa- zita O escrevi.
cizado nemtem noticia queSecustumatomar deVinho. (a) Fr. Joze Pinto daFon.ca
Perguntado quetempohá oconhecequeopiniaõ temdelle (a) Giraldo JozedeAbranches
Sobre aSuacrença Vidacustumes eprocedimento. (a) FrJPolycarpo Joze
Disse queoconhece desde otempo aSima referido Enaõ
faz delle boa opiniaõ pelloquelhevio obrar. Earespeito do-
procedimento Vidaecustumes nadaSabe maisqueSerNotorio Denunciaçaõ quefaz MarcelinaThereza 33
queViue defazer SemelhantesCuras. deMariaFrancisca preta
Perguntando Sestavaõ mais alguas pesoas prezentes
32 que asditas Suamulher Escraua quando oditopreto fezoque- Aozouto dias domesdeOutubro demil Sette centos Se­
tem denunciando. senta Etres annos EmacidadedoPara EHospicio deSaõ Boa­
ventura Emqueesta aMezadaVizita Eapozentado oSenhor
Disse queninguem mais estauaprezente. Inquizidor Giraldo Joze deAbranches Vizitador deste Es­
Perguntando Seomoueo mais alguacauza efazer esta tado porparte doSanto Officio ahimandou vir peranteSi
denunciaçaõ ouafezporOdio Oumavontade que tenhaodito humamulher Mulata quedaSala pedio Audiência ESendo-
preto. prezente pordizer a pedira peradenunciar OqueSabia Eper-
Disse queSoOmoueo Oquerer decarregar Sua conciencia tencia aoconhecimento doSanto Officio lhe foi dado Ojura­
porquelhenaõ temOdio nemMavontade. mento dos SantosEvangelhos EmquepozSuamaõ Sobcargo
Perguntado que razaõ teveperanaõ fazer mais Sedo do qual lhefoi mandado dizer Verdade eter Segredo Oque
Estadenunciaçaõ Disse porque So depois que Ouio ler o tudo prometeo Cumprir: Elogo dissechamarse Marcelinha
EdictaldaFe napublicaçaõ daVizita reconheceo aobrigacaõ Thereza Solteira mulata Escraua doReverendo Mestre Es­
quetinha dedenunciar. cola daSe Felipe Joaquim Rodrigues filhodeRosa Thereza
ESendolhelidaestaSua denunciaçaõ Eporelle bemOuvida- preta Captiva naõ Sabe dequem Edepaiincognito natural
eentendida disse estarescripta naverdade Oque nellaSeaffir- de Pedrouços Freguezia deNossaSenhora daAjuda Patriar-
ma eractifica etornaadizerdenovoSendo necesario Emellenaõ cado deLisboa Emoradora nestacidadenacazaeSeruiso do-
tem queacrescentar mudar ouemmendar nem denouoque- dittoSeoSenhor deidade devinte annos poucomaisOumenos
dizer aocustume Sobcargodojuramento dosSantosEvange- Eque oquetinhaperadizer Era OSeguinte.
lhos que Outravez lhefoi dado Aoque estiueraõ prezentes Que nodiaprimeiro destemes pellas outo pera asnove-
porhonestas eReligiozas pesoasquetudo Viraõ EOuviraõ horas damanhã Estando elladenunciante EncazadeSeoSe-
Eprometeraõ dizer Verdade eguardar Segredo doqueforam imor riiSienaenao roupaoranca pera seenxugar Entrou
perguntados Sobcargo domesmojuramento que receberam R.M.» Franc.c» mesmacaza Maria Francisca viuvanaõ Sabe
v.a escrava
Os Padre Fr.Policarpo Joze,Fr.e JozePinto daFonseca Reli­ deMatheus de quem preta Escrava de MatheusAlves-
giozos deNossaSenhoradoCarmo que aSSignaraõ Comelle Alz.Mins. Martinz Morador naRua Fremoza Com
denunciante ecomoSenhor Inquizidor Vizitador oPadre Ig- oOfficio deAdvogado EellaemSuacompanhia
nacio JozePastanaNotario daVizita Oescrevi. comaida dequarentaAnnos deidade apedirlhe humferro de-
Emgomar peraocaziaõ defaltar hum pouco dedinheiro aoz
(a) Giraldo JozedeAbranches pretos Francisco,EPedro Escrauos oprimeiro domesmoSe-
(a) ManoelFran.codaCunha R.Fr.coescravo nhor delladenunciante.EoSegundo do Co-
d o Mestre
(a) FrJPolycarpo Joze Eschola
nego Luis Pereira deSouza Eterem noticia
(a) Fr. Jozé Pinto daFon.ca dequeadita preta fazia ComqueSedescobris-
se quem Otinha emSeopoder pediraõ aelladenunciantefizese
Eido odenunciante pera fora foraõ preguntados osPa- Comoadita preta que examinase quemtinha odito dinheiro 34
dre ractificantes Selhes parecia falouaverdade Emerecia quelhes havia faltado: Efalando elladenunciante adita preta
Credito Eporelles foi dito queSim lhes parecia afalava logo esta pedio hum Balaio EhumaTizoura Edando lhetudo

140 141
R.Pedro escra­ elladenunciante aditapreta Crauou as pontas
vo doConego Perguntada Seaditapreta fez mais vezes oque temdito
Luís Pr.a daTizoura no Aro do Balaio Epegando ella- naprezença deladenunciante Ououviu dizer queOfizese dean-
deSouza Com odedo digo Balaio. ESustentando
amesma preta Com odedo indez hum anel te de Outras pesoas.
da Tizoura edizendo queOpreto Francisco Sustentase oOutro Disse queSo humaves lhetinha visto fazerOmesmo ha­
anel ComO mesmo dedo desta formalevantaraõ odito Balaio veria humAnno Estandoprezentes Alguns Escrauos dodito
ao ar Estando nesta form a hia adita preta preguntando SeoSenhor porocasiaõ dedezaparecer Outro dinheiro aJoaõ
aodito Francisco pellos Nomes dagente que havia na Caza Cafuz aSistente na mesma Caza Ehoje Emhuma loja aque-
Enomesmotempo Estaua adita preta pomunciando varias naõ Sabe onome EnaõOuvio quefizese Omesmo deante
palavras que ninguém persebeo eSo hum estudante Joaõ deOutras pesoas.
R.Joaõ Joze deLiraBarros filho deFrancisco Anto­ Perguntada quetempo hà conhece adita Maria Fran-
Joze de-
nio deLiraBarros queprezenteestaua asper- cisca EmqueOpiniaõ atem aSercadaSua crença custumes
LlraEstu Eprocedimentos.
d.® cebeo Segundo elle diz o tanto que foi
Nomeado hum Mameluco pornome Calisto Disse aconhece havera trezannos Eque anaõ tem Em-
Criado deClementePereira deAraújo Capelaõ daSe logo im- maOpiniaõ arespeito daSuacristandade por que avê rezar
mediatamente deo odito Balaio huma voltaeCaio noXaõ ehir amissaJEquenaõ tem maoz custumes Perguntada Se-
Semque bastase aSustentaçaõ que adita preta edito preto estavaõ maisalguaspesoas prezentes das que temdito quando
faziaõ dodito Balaio Com ozdedos nos aneis daTizoura ella fes oprimeiro eSegundo facto:
eLogo queCahio noXaõ depois daditaVolta disse areferida Disse que Oprimeiro Sooprezenciou elladenunciante
preta peraelladenunciante EperaOzmais = Ahi tem, jaSabem Eosditos dooz pretos PedroeFrancisco Enaõ Selembra Ses-
bem quem tomou odinheiro Epegando no ferro Sefoi Em­ taua Maisalguma: EodoSegundo Estaua Comelladenunciante
bora Eimmediatamente disse odito Estudante peraellade­ Os ditos pretos também oreferido Estudante Joaõ Jozede-
nunciante que adevia denunciar porquanto Oqueapreta LiraBarroz.
tinha feito Naõ podia Ser Couza boa antesSim Superstiçaõ Perguntada Seamouia mais alguaCauza afazer Estade-
Eomesmo lhedisse SeoSenhor Aquem elladenunciante Con­ nunciaçaõ ouafaz por odio oumavontade quetinhaadita Ma- 36
tou oreferido Equepoestas razoens Epordescargo deSuacon- riaFrancisca.
ciencia Vem fazer esta denuncia Sem Disse quenadamais amoveo que quererdescaregar Sua
Perguntando digo Semdolo nem Malícia Conciencia: Enaõ lhetem Odio nem mavontade
Emaiz naõ disse nemdo Custume ESendolhe lida EstaSuadenunciacaõ etestemunho epor-
Perguntada Seapreta denunciada he entendida eSeZuda ellabemOuuido Eentendido dissestar escrito na Verdade-
Eestaua EmSeo juizo prefeito quando obrou oque te Agora- Oque nelle.Seaffirma Eratifica Etorna adizer denouoSendo
tem dito: OupelloContratio Se he douda edezacizada outi- neceSsario Enelle naõ tem queacrescentar demenuir Mudar
nha algumapaixaõ Ouestaua tomada devinho ou agoardente Ouemmendar nemdenouo que dizer aocustume Sobcargo
ou SeSecustuma tomar destasbebidas dojuramento doSantos EvangelhosqueOutravez lhefoi dado
Disse que ella tem bastante Entendimento Equando Aoqueestiveraõ prezentes porhonestas pesoas quetudo viraõ
35 falacomagente Mostra ter juizo Eentendimento claro eaSim Eouviraõ e prometerão dizerVerdade noqueforem pregun-
Omostrou naquelaoccasiaõ Enaõ tem noticia que ellaSecus- tados Eguardar Segredo Sobcargo dojuramento dosSantos
tumetomar devinho oude Outras bebidas nem precentio Evangelhos emque puzeraõ Suasmaõz Op.Fr.e Antonio da­
queella quandoObrou ofacto referido tiuese paixaõ algua. Costa eFr.® Joze Joaquim deSantaRita Religiozos deNossa-
SenhoradoCarmo queaSsignaraÕ Comadenunciante EoSenhor
Perguntada Seadita preta quando fes Oquetemdito
Estava Zombando ESem deliberaçaõ ou ofez com o quem- Inquizidor Vizitador OPadre Ignacio JozePastana Notário
cria Etinha peraSi que Eralicito Oque faZia. Disse que- daVizita oescrevi.
(a) Giraldo Joze deAbranches
Suposto ella quando faz oreferido Seestava rindo Naõ (a) Marcelina Thereza
julga elladenunciante queestaria Zombando F-naA Sabe (a) Fr. Antonio da Costa
Setinha ounaõ porlicito oque obraua. (a ) Fr Joze Joaquim de S.ta Rita
142
143
Treslado Eida a denunciante perafora foraõ pregun- parecia iniquoo;porqueSabendo que huma alma Sehavia
extraliido tados oz Padres ratificantes Selhes parecia perder aerrava neste mundo Eque aSim oSentiaõ ediziaõ
Em 10 deOutu-
bro del763 que ella falauaVerdade Emerecia credito OsLuteranos que pareciaõ tinhaõ razaõ dando Outras Mun- 38
Eporelles foi dito queSimlhes parecia que tas Suas pellas quais Veio elle denunciante Ainferir que
afalava Emerecia credito Etomaraõ aaSsignar ComoSenhor elle Era Sequaz dos mesmos Luteranos ou doshereges
Inquizidor Vizitador oPadre Ignacio JozePastanaNotario queaSim oaffirmaõ: EOuvindo elle denunciante adita pro-
daVizita Oescrevi. pozicaõ Aodenunciado odito Sargento Mor Engenheiro o
(a) GiraldoJozedeAbranches reprehendeo advertio que naõ proferise talcouza nem Sus-
(a) Fr. AntoniodaCosta tentase Simelhante doctrina porque Era heretica dando
(a) Fr-JozeJoaquim de S.tB Rita lhe pera oconvencer Suficientes razoens Entre ellas as do
livre arbitrio eSemembargo detudo elle Senaõ desdisse
pasando afalar em Outras Matérias ainda que odenunciante
Demmcia quedà OPadreMiguel Angelo deMorais de Fulano asnaõ quis Ouvir ESeretirou do quarto delle pera OSeo.
Gronfelt Sargento Mor Enginheiro Disse Mais quehaueradoos Mezes Emeio pouco mais
Oumenos Estando elle denunciante ComOmesmo denuncia­
Aoz dez diasdomesdeOutubro demil Sette Centos Se- do naõ Selembra dodia Eso quefoi pellas quatro horas da
Senta etrez annos Emacidade do Parà EHospicio deSaõ tarde nacopadasditas Cazas quehecommum pera ambos os
Boaventura onde esta aMeza daVizita Eapozentado oSenhor quartos do emque elle denunciante aSistia edo que aSiste
Inquizidor Giraldo JozedeAbranches Vizitador deste Estado odenunciado proferio esta Outra popoziçaõ naforma Se­
por parte doSanto Officio eSendo ahi mandou Vir perante guinte = Mun= tos Santos Cujas Imagens Estaõ nos Alta­
Si aoPadreMiguel Angelo deMorais Sacerdote do habito res Estaõ ardendo suas almas nos infernos = Ereprehen-
deSaõ Pedro ECura da Freguezia deNossaSenhora doRoza- dendoo elle denunciante diZendolhe quenaõ proferise tal
rio dobairo daCampina destacidade que daSalapedio audi­ couza porque pera Secanonizar humSanto Sefaziaõ Exacti-
ência ESendo prezente pordizer apedira para denunciar Simas, dilegencias EmqueSegastauaõ larguísimos annos
dehumas proposicioens que Sediceraõ naSua prezensa elhe- eSenaõ faziaõ as Cannonizacoens dosSantos Sem Selhes-
parecem Contem herezia lhefoi dado Ojuramento dosSan- prouarem milagresevidentisimos Evirtudes Estorias: Eque-
tosEvangelhos Emque pôz Suamaõ Sobcargo doqual lhe tudo Aquillo que oSumo Pontifise definia Ex Cathedra
foi mandado dizerVerdade EterSegredo Oquetudo prome- Sedeuia ter por infalivel pella aSistei que tem do Espirito
teo Cumprir:Elogo disse chamarse Miguel Angelo deMorais Santo: Ao que elle respondeo que OPontifice Era homem
Sacerdote do habito deSaõ Pedro eCuraactual daFreguezia Equecomo tal podia Erar: Etornandolhe elle denunciante
deNossaSenhora doRozario do Bairo daCampina filho de- adizer lhe que naõ podia Erar no que defenia Ex Cathedra
Antonio MendesdeMorais edelgnacia deAndrade natural pella aSistencia Divina que naquelecazo tinha elle naõ
dacidadedoMaranhaõ Emorador nestacomodito tem deidade Obstante iso Senaõ desdisse ESeapartou pera OSeoquarto.-
deSecenta.eSette annos: Eque Oquetinha pera denunciar Eque esta denunciaçaõ afazia pordescargo de Sua Conci-
nestaMeza Era OSeguinte: encia Enaõ porOutro algum motivo por entender que Es-
Que haveratres mezes pouco mais Oume- tauaObriígado adala Emais naõ dise nem do Custume
Nem donde he nos naõ Selembradodia pellas dez ou onze Perguntado Seodito Fulano Gronfelt Ehomem bem en­
natural eSo
Sabe que he horas da manhaã Estando aSistindo nas tendido eSizudo SestauaEmSeo prefeito juizo Eentendi-
Alemaõ Nem mesmas Cazas EmqueMorava OSargento mento quando proferio asditas propozicoens OuSepello
também Sabe Mor Enginheiro chamado vulgar mente contrario he doudo edesasizado Ou tinha quanduas pro­
dequem he Il­ pelloSobrenome Monsiur G r o n f e l t Naõ ferio algumapaixaõ queSo perturbase Ouestaua tomado 39
ibo
lheSabe Onome 4- as quais cazas foraõ devinho ouSecustuma tomardelle.
deLuis deMoura Eestaõ Sitas junto ao Poso doPouo desta­ Disse queelle hemuito bementendido ebom estudante
cidade indo elle denunciante vizitalo daditaManhaã Entre­ ElatinoEque quando disse aprimeira propoziçaõ lheparecia
varias praticas quetiveraõ Eodenunciado escitou. Em maté­ estava EmSeojuizo perfeito porSer ahoras demanhaã Em-
rias de Theologia foi dizer Esta proposição = Que Deos queSenaõ tinha jantado: poremque qaundo proferio aSe-
144 145
gunda propoziaçaõ detarde poderia estar algumaCouza tor- sario Enellenaõ tem que acrescentar deminuir mudar Ou-
nadodebebidas porter ese custume Eque nememhuma nem emmendar nem denouo que dizer aocustume Sobcargo
emOutra occasiaõ lheconheciao quetivese paixaõ quepudese dojuramento doSantosEvangelhos queOutravez lhefoi dado
Aoqueestiueraõ prezentes porhonestas pesoas quetudo Viraõ
perturbarlheOjuizo.
Perguntado Seodito Fulano Gronfelt disse asditas pala­ EOuiraõ Eprometeraõ dizer Verdade noqueforem pregun-
vras por Zombaria ouSem deLáberaçaõ oureferindoas de- tadoseguardar Segredo Sobomesmo juramento quelhefoi
Outrem ou asdisse comoquem cria etinha peraSi Ser Ver­ dado Emque puzeraõ Suasmaos OP.Fr.e Antonio daCosta
EFr.e JozePinto Religiozos deNossaSenhoradoCarmo que-
dades Oque dizia Eaffirmava. aSsignaraõ Com o denunciante oSenhor Inquizidor Vizita­
Disse que lhe naõ proferio asdittas propozicoens por
Zombaria antes deliberadamente Eque Sodepois deaspro- dor OPadrelgnacio JozePastana Notário daVizita oescrevi.
ferir Confirmou ComOque dizem ESeguem OsLuteranos (a ) Giraldo JozedeAbranches
remais hereges,isto pelloque respeita aprimeira propoziçaõ (a) Mig.Angelo de Moraes
Eppeloque tocaaSegunda Sefoi retirando Sem Sedesdizer: (a) Fr. Antonio daCosta
donde Sepersuade elle denunciante queelle proferio huma (a) Fr. Joze Pinto daFon.ca
Eoutra Comoquem cria etinha peraSi queeraVerdade Oque
dizia Eaffirmava. Eido pera foraodenunciante foraõ preguntados Oz Pa­
Perguntado Seodito Gronfelt proferio mais Vezes as dres retaficantes Selhesparecia falauaVerdade Emerecia
referidas propozicoenzemSuaprezença: OuSabe ouOuvio di­ credito Eporelles foi dito lhesparecia falauaverdade noque-
zer que as profirise diante deOutras pesoas. Disse quenaõ. dizia Emerecia Credito Seo testemunho Etomaraõ aaSignar
Perguntado quetempo hà conhece aodito Gronfelt qual Como Senhor Inquizidor Vizitador OPadrelgnacio Joze Pas­
Opiniaõ temdelle aSerca daSuaCrença,VidaCustumes Epro- tana Notário daVizita Oescrevi.
cedimento.
Disse que oconhece a Sette mezes,Enaõ tem emboa (a) Giraldo JozedeAbranches
Opiniaõ a respeito daSuaCrença porque alem doquetem (a) Fr. Antonio daCosta
dito lheOuvio Sabe pello ver Eprezenciar que elle entodo (a) Fr. Joze Pinto da Fon.ca
otempo.Come Carne Semmolestia alguma neminfermidade
SemfazerConceito dequeSejaõ dias de Quaresma edeOutros Credito
Jejuns nemdeSestas feiras eSabados: etambem a Vidaepro-
cedimento naõ hedebom Catholico principalmente naobser- OPadre Ignacio JozePastana Notário desta Vizita que 41
uancia doSexto preceito do Decálogo. Escrevi adenunciaçaõ retro do denunciante oPadre Miguel
Perguntado SeestauaõMais alguas pesoas prezentes Angelo deMorais nellaConteudo Certifico diZerme OSenhor
quando elle proferio asditas propozicones. Inquizidor Giraldo JozedeAbranches,lhedeuaSi Credito Or­
Disse queestava So elle denunciante. dinário,Eomesmo lhedoueu Notário,Emfe do que pasei apre-
Perguntado Seomoveo mais algua Cauza afazer esta. zente demandado dodito Senhorlnquizidor ComquemaS-
Estadenunciaçaõ ouafaz porOdio e ama Vontade que signei.
tenha aodito Gronfelt. Disse queSo Omoveo querer descare- Parà, 10 deOutubro de 1763
gar aSuaConciencia Eobedecer Ao M onitorio queSepublicou
peraestaVizita porquanto lhenaõ tem Odio nem Mavontade. (a) Giraldo JozedeAbranches
Perguntado que razaõ teve peranaõ dar mais Sedo esta­ (a) P.Ignacio JozePastana
denunciaçaõ.
Disse que anaõ deo maisSedo por molestiasqueteve
Eporque procurando antes deSepublicar avizita oCommis- Apresentacaõ ecomfissão deFr.® MamoeldoRozario leigo
professo deN. Sr.a doCarmo dosCalsados
sario pera lhatomar Onaõ aXou.
ESendolhelida Esta Sua denunciaçaõ Eporelle bem
Ouvida Eentendida disse estar Escrita naverdade Eque Aos dozedias domesdeOutubro demilSettecentoz Sesen-
nellaSeaffirma Eractifica Etomadizer denouoSendo neces- ta etrez annosemacidadedoPara eHospicio deSam Boaven-

147
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tura Onde esta aMezadaVizita estando nella O Senhor In­ Etendoa namesma postura fez Omesmopeccado Sem dera-
quizidor Giraldo JozedeAbranches Vizitador desteEstado maçaõ dentro desteVazo porque afes nonatural Aindaque-
porparte doSanto Officio Mandouvir peranteSi ahumReli- destaultimaves aditaMicaela naõ queria Concentir Como-
giozo Irmaõ Leigo da Ordem deNossaSenhoradoCarmo que Concentio daprimeira.
daSalla pedio Audiência eSendoprezente pordizer apedira Disse Mais quehaeuraOmesmotempo dequatorzeannos-
peraSeacuZar eConfessar NestaMeza Culpas pertencentes ao poucomais Oumenos naMesmaFazenda Se-
Conhecimento doSanto Officio Emque perSua fragilidade- def.ta achauaelle Confidente ComAnna indiajade-
Cahira,lhefoi dadoOjuramento doz SantozEvangelhos Em- funta daaadministraçaõ damesmaFazenda 43
quepozSuamaõ Sobcargodoqual lhefoi Mandado dizer Ver- nao SabeOnomedozpais nemdonde era natural eSimmais-
dadeeter Segredo Oquetudo prom eteo Cumprir: Elogo disse occaziaõ que adequerer Saciar oseo Libidinozo apitite aper-
chamarse Fr.a ManoeldoRozario IrmaõLeigo profeso na suadio peraque concentise NamesmaCulpa Eposta ella de
Ordem deNossaSenhorado Carmo dosCalçados filho Ligiti- Costas elle Confitente lhe levantou aspernas Emeteo OSeo
mo deAndre Barboza Lavrador edeCatherina deAraújo na­ Membro Viril dentro do Vazo prespostero: EEstalembrado
tural daFreguezia deSamRomaõ deNogueira termo daVilla que nelle naõ Seminou MasSim ofez dentro do Vazo Natural
de Ponta da barra Arcebispado deBraga.Emorador noseo- Noquetudo adita india Concentio Enesaoccasiaõ naõ pasa-
Conuento de NossaSenhora do Carmodestacidade Edisse ram amais; porem pasadosalgunstempos Cahio Com ames-
Ser Christaõ Velho deidade deSesenta annos. ESendo ad- ma india Anna por Mais duas Vezes namesma form a e com
42 moestado que pois tomava tambomconselho Como ode- as referidas CirCunstancias SendoSempre elle Confitente
Sevir aprezentar dasculpas que temCommetido lhe conuem Agente E ellapaciente Sem lhefazerViolencia alguma elle­
munto traselas todas amemoria pera delias fazer huma confitente. Emaisnaõ pasaraõ Equeestas Eraõ asSuas Cul­
inteira EUerdadeira Confissão declarandoas Miudamente pas dasquais Estaua Munto arependido Edellas temtido
Contodas asSuas agravantes Circunstancias Sem asdescul- inteira Emenda EpedequeCom elle SeUze de Mizericordia
par nem demenuir dizendo Somente auerdadepura Sem Emais Naõ disse Nemdoscustumes. Foilhedito quetomou-
impor Sobre Si nemSobre outrem testemunhofalso porSer- munto bomconselho Emvir Confessar SuasCulpas nesta
Oquelheconuem peradescargo deSua conciencia ESalvaçaõ Meza elheconvinhamunto e x a m i n a r bemSuaConciencia
deSuaalma porque fazendo oContraria Searisca aoCastigo Etrazelas todas AmeMoria eSuasCircunstancias paraquelem-
rigorozo que noSanto officio Secustumadar aspesoas que- brando lhealgumaCouzamais OVenha declarar: ESelhead-
deSi oudeOutrem dizem falsamente em SuasConfisioens. verte quedeve atentar Munto pelloEstado queprofessa Ea-
Erespondendo que So auerdade queria puramente Con- tender atorpeza dehumvicio taõ abominável Edehumpeccado
fôsar dixei Comque tanto Seofende aMagestade Divina peraOnaõ tomar
Del. Michaela Que hauera quatorze annos pouco mais ou acometer fugindo dasoccasioens companhias Epraticas que
índia cazada Menos na Fazenda chamada oCamarã na opodem aiso Mouer: Eque por Ora Senaõ SahiradoSeo
com M.«> índio I l h a d o M a r a j 0 Aqual fazenda he doCo-
Conuento destacidadeSemOrdemdestaMeza Onde Vira to-
nouento destacidade, Seachou elle confitente comMicaela dasas vezes quefor mandadochamar EqueNocazo deSer 44
india Entaõ solteira e hoje Cazada Com Manoel indio Se- mudado desteConuento EmqueASiste ViradarConta nesta
ruentedaComounidade natural Emoradora dadita Fazenda- dita Meza. Epordizer queaSim Ofaria foi Outraues admoes-
tera Vinte e Seis AnnospoucomaisOumenos EporOcaziaõ tadoConforma Emandadoperafora. ESendoLhelida EstaSua-
de achamar aoSeoquarto Eseachar So Comella aperSuadio Confissaõ Eporelle ou vidaeentendida disse Estar escrita
elle denunciante Aque Concentise queCon ella Cometese nauerdade EnellaSeaffirmaeratifica Etorna adizer de nouo-
opeccado nefando deSodomia noqueelaconveio EConcentio: Sendo neceSsario Edellanao tem que acrescentar demenuir
Eestandoella deitada decostas Emhuma esteira elle Confi- Mudar ouemmendar nemdenouoque dizer aocustumeSob
tente lhe Levantou aspernas Edesta forma lhe introduzio Cargo dojuramento dosSantosEuangelhos que Outraveslhe-
OSeoMembro Viril pello Vaso prepostero damesma: porem foi dado aoqueestiueraõ prezentes porhonestas pesoas que-
naõ deramou dentro delle oSemen porque peraiSo hia ja tudo Viraõ e Ouviraõ Eprometeraõ dizerVerdade doquefo-
de Acordo EnesSaoccaziaõ naõ pasaraõ Amais, mas depois rem preguntadas EguardarSegredo Sob cargodojuramento
pa Sados alguns dias tomando achamar aditalndia Micaela dosSantos Euangelhosquelhes foi dado em quepuzeraõ as-
148 149
maos Os Padres OPadreManuel de SousaAlves EFrancisco Ventura ondeestaaMeza daVizitaeApozentado OSenhor In­
Xavier deSouza Sacerdotes dohabito deSamPedro que a quizidor Giraldo JozedeAbranchesVizitador deste Estado
Ssignaraõ Com oConfitente EcomoSenhorlnquizidor Vizita­ porparte doSantoOfficio Esendoahi Mandouodito Senhor
dor OPadre IgnacioJozePastanaNotario doSanto o f f i c i o Inquizidor Vir peranteSi humhomem quedaSalapedio Au­
Oescrevi. diência eSendoprezente por diZer Apedira peraSeacuzar
(a) Giraldo JozedeAbranches Econfessar Culpas AoSanto Officio pertencentes lhefoi da-
(a) Fr. Manoel do Rozario dojuramento dosSantosEuangelhos,emqueposSuamaõ Sob-
(a) Fran.co Xavier deSouza Cargodo qual lhefoi Mandado dizer Verdade eter Segredo
(a) Manoel deSouza Alvares Oque prometeo cumprir. Elogodisse charse JozeJanuario 46
daSilva cazado Com Ignacia Maria do Sacramento que vive
deSer procurador deCauzas dosAuditorios destacidade na­
Emandado Oconfitente perafora foraõ preguntados Oz- tural daFreguezia deNossaSenhora da Incarnaçaõ doBairro
Padres ractificantes Selhesparecia falauaverdade Emerecia alto dacidade deLisboa Morador desta doPara naRuade-
credito Eporellesfoi dito queSim lhesparecia queafalua Saõ Matheus E disse SerChristaõ Velho dequarenta annos
Eamerecia credito. deidade poucomais Oumenos.
Etomaraõ aaSignar ComoSenhor Inquizidor Vizitador Foi adMoestado quepoistomaua taõ bomConselho Co­
OPadre Ignacio JozePastana Notário doSanto digo Notário mo odeSe aprezentar nestaMeza peranellaconfessar as cul-
davizita Oescrevi. pasquetem Com metido lheconuem Munto trazelas todasa-
(a) GiraldoJozedeAbranches memoria pera dellasfazer humainteira Everdadeira Con­
(a) Manoel deSouzaAlvares fissão ESelhefaz aSaber que esta obrigado adeclaralas
(a) Fran.co Xavier deSouza todas miudamente Com Suas Agravantes Circunstancias
Sem as en Carecer. Nemdesculpar porque odizerSoauer-
Credito dadepuraeSinceramente Sem Levantar aSi ou aoutremtes-
temunhofalso he O que lheconuem peradescargodeSuaCon-
45 OPadre Ignacio JozePastanaNotario da Vizita que Es­ ciencia Salvaçaõ deSuaalmaeSeobomdespacho, pois fazendo
crevi aConfissaõ retro doConfitente Fr.® Manoel doRozario oContrario alem denaõ alcansar aMizericordia quepertende
nellaConteudo Certifico dizerme OSenhor Inquizidor Giral­ porm eio da SuaConfissaõ Searisca ao regurozo Castigo
do JozedeAbranches quelhedauacredito Ordinário esccepto quenoSanto Oficio Secostumadar Aquem dis falsamente
na circunstancia dedizer quesempre Seminára no talvas deSi oudeoutrem EmSuas Confisoens Aoquerespondeo que-
natural e porSer inuerossimil queUZase emartostam repe­ Somente Vinhadizer auerdade Aqualera:
tidas daCautela queemSuaConfessaõ declara porque nesta- Que devinte annos pouco mais ou menos aestaparte
parte lhedavacredito diminuto:Eomesmocredito ordinário aprendeo elleconfitenteNaõ Sabe Nem Sipode Lembrar
edeMinuto pellasMesmas razoens lhedoueu Notário Enefe dapesoa que lhefeso enSino pormais deligencia que tenha
Traslado dequepoSei aprezente por mandadododito feito peralhevir amemoria eCustuma elle Confitente fazer
extrabido
Senhor Inquizidor Comquemassignei: Para Como narealidade tem feito porOutentavezes pouco mais
E m 4 de Oumenos humaCura do mal que chamaõ quebranto oqual
Novem bro 11 de Outubro de 1763
de!763 Custuma darse aconhecer porSignais defebre quebramento 47
(a) Giraldo JozedeAbranches de Corpo dores decabeça Eoutras aqual Curas fas outem-
(a) p .Ignacio Joze Pastana feito pellaformaSeguinte= Informado das referidos Signais
chegauaao infermo eSem lheporamaõ obenzia Com ella
noar formandohumaCruz Comosdoos dedos Index e polis,-
Aprezentaçaõ de Joze Januario e Denunciaçaõ dopreto Joze OuComaCrus dasSuas mesmas Contas delleconfitente diri­
escrauo deManoel deSouza gindo as cruzes pera todo O Corpo doinfermo dizendo
nomesmotempoemquefazia ascruzes que naõ tinhaõ Nume-
Aoz doze diasdomes deOutubro demil SetteCentos Se- roCerto= Fulano Comdoos toderaõ Com trez totirem En
Sentaetrezannos na Cidade doParà EHospicio deSamBoa- nome deDeus edaVirgemMaria Edespoisdedizer estas pala-
150 151
vras por repetidasvezes Conforme o tempo quetinha rezava aventoza fazia com odedo polegar daOutrafazia duas cruzes
hum PadreNosso,huma Ave Maria ehum Gloria Patri deca- Sobre o fundo daVentoza dizendo aomesmo tempo Emque
daves que acabaua dedizer asditas palavras offerecendo as fazia Estas palavras = OSol Ea Lua Ea Lua tiraõSe
tudo aSagrada paixaõ Emorte deNossoSenhor JEzusChristo com oSignal daCruz = azquais cruzes fazia por Muntas
portençaõ daquellaCreatura peraque OmesmoSenhor lhe es- vezesSem Numerocerto Enofim decadahuma rezava hum
colhese Omelhor peraaSalvaçaõ deSua alma Eamuntaspeso- PadreNosso ehumaAveMaria ofrecendo tudo nofim apaixaõ
as quecurou pella referidaforma ouvio dizer que experimen- Emorte deNosso Senhor JEsus christo portençaõ dapesoa-
tavaõ Melhorias Enadamais continha aditaCura. inferma peraque DosNossoSenhor lhedese Saúde ouOque
Disse mais q’ dos mesmosannos aSima ditas aestaparte mais lheconviese peraSaluacaõ deSua alma Elhetiravada-
custumavafazer outras Cura dehumaenfermidade aque cha- cabeça odito guardanapo Eventoza tendo antes desta accaõ
maõ O Mao olhado: Edamesmaforma Naõ temlembrança rezado mais doos Credos formandoCruzes ComasSuas pa- 49
dapesoaquelheenSinou Eaterafeito Outentavezes poucomais- lavras Como aSima deixadito Sobre Oguardanapo aSaber
oumenos porque Senaõ podelembrar donumerocerto pella huma quando punha odito guardanapo dobrado Sobre
formaSeguinte = Pegava nacrus dasuas Contas ESe acazo aboca daVentoza antes deportudo Sobre acabeça; Ea outra
asnaõ levava formava Com ozdoos dedos aSimaditos huma- no fim daCuraSobre ofundo daVentoza antes de atirar
Cruz EComella fazia por accoens Outras cruzes .Sobre o daCabeça: Ozquais credos offerecia nofim astres Pessoas
Corpo dapesoaquepadecia omal,e dizia = Santa Anna pario daSantiSima Trindade aplicados pellasalmas peraque ro-
MariaJVIaria pario a JEsusChristo,Santa Izabel pario aSam gasem pellapesoa queCurava Etambem porelleConfitente.-
Joaõ Baptista: asim Como Estas palavras Saõ certas aSSim Enada mais Continha EstaCura: Enem porelle nem pellas-
tu Fulano Sejas livre deste mal oudeste olhado por Sam- aSimaditas pedio Ennenhumtempo Satisfaçaõ porem Se-
48 Pedro EporSaõ Paulo, EporJEsusCrucificado = Equeasdi- lhemandavaõ algumacouza oaceitava poresmola.
tas palavras repetia porVarias Vezes Sem NumeroCerto- Disse mais quehavera otempo detres mezes poucomais-
dizendo no fim decadaves humPadreNosso huaAveMaria Oumenos.Naõ Selembra dosdias Emque ozcazos Sucederão,-
ehumGloriaPatri apaixaõ de NossoSenhor JEsus Christo eSo quehum foi pellas nove ou des horas damanhaã Eooutro
pellasalmas potençaõ doinferno Enaõ ContinhaMais Couza pellasquatro datarde Estando elle Confitente EmSuacaza
alguma estaditaCura. Disse Mais que hauera des annos munto doente dedoresdeCabeça que naõ podia sofrer Ejá
aesta parte poucomais Oumenos Custuma elle Confitente informado de Joze deGouveia Cazado ComBernarda naõ
tirar OSol Moléstia queda Condores deCabeça Naõ se pode R.Jozede- lhe Sabe oSobre nome que actualmente
recordar dapesoa que aenSinou afazer Estacura aqual tera-
Gouveia he escriuaõ dosOrphaoz deque opreto Joze
Esc.am Escrauo deManoel deSouza regataõ natural
feito elleConfitente porouto ou nove vezes naformaSeguinte deOrfaons
= Estendia hum guardanapo Sobre hum Bofete ouqual- das Ilhas Emorador na RuadeSaõ Vicente
quer outra parte EComamaõ estendida fazia Cruzes Comas- odito preto Solteiro teramais detrintaannos Sabia fazeSuas-
palavras do Credo principiando afazelas daponta digo de Curas Combom efeito Comofora EmcazadeSeopai Joaõ
huma ponta doguardanapo ate aoutra ponta aovies econ- D.Joze Baptista^nandouelleconfitente vir aSuacaza
cluindo também aOvies nasoutras duaspontas dizendo apa-
Preto Aomesmo peraO que foi pedir aSeoSenhor
escrauo quelhedeselicensa pera elle lahir Echegan-
lavra = Creio = Em humaponta, apalavra = Deos Padre deM«i
= Em a outra parte, a palavra = todo = Em outra ponta deSouza do o dito preto aSuaprezenca aditaSua
E apalavra = Poderozo = naoutra Sempre aOviez forman­ caza logo ComasSuasmaõs andou apertandolhe acabeça
do destaforma humacrus sobreo guardanapo Epellomesmo dizendo alguas palavras quenaõ Entendeo Enomesmotempo
modofazia Outras Emquanto durava aspalavras doCredo: R.Joaõ aSoprando Ecuspindo namesmacabeça del-
Edespois disto dobrava o guardanapo Etendo preparada Bapt.a leconfitente Edepoisdeste facto pedio hua-
humanaVentoza deVidro chei de Agoa Opunha Sobre aboca Cuia cheiadeagoa OqueSelhedeo Etirando da algibeira do-
delia aSSim Como o tinha dobrado Epegando nadita Vento- calçaõ humasEruas que elle Confitente naõ Conheceo nem
za Eguardanapo punha tudo nacabeça doinfermo ficando R.Simaõ ESimaõ Joze de Oliveira Soldado daCom-
Oguardanapo immediato acabeça Eaventoza Como fundo Joze panhia doSargento Mor Joaõ Baptista de-
pera o arCom agoadentro Elogo Segurando Comhumamaõ d e O H v .™ Oliveira natural das Ilhas Emorador Em-

152 153
50 cazadelleconfitente nemadita Suamulher que Seachauaõ ma tomar delle. Per guntado SeSabequeelle fizesSeme-
prezentes aquelle ao primeirofacto Eesta aoSegundo Lançou lhantes Curas aoutras pesoas EquemforaõDisse quetem-
R . Ign.a asditas Eruas dentro daCuia Emexendoas Noticia elle atemfeito Encaza de Jose Maria Solteiro filho
Maria
doliivram.to Comosdedos nagoa ECospindo Na Mesma de JozeAlves Roxo morador AopedeSanto Antonio Encaza-
M .er deste Edizendo palavras queSenaõ perSebiaõ ta­ deMaria da Fe cazada comLucas deMacedo moradora de
denunciante pou ouCobrlo adltaCuia Comhumataboa fronte da roda dosengeitados: Emcaza de Joaõ Baptista
decumprimento depalmoemeio Elarguradehum palmo Elo­ Sego morador AopedoRozario dos pretos:Encaza de Elias
go Mandando tirar aodito Soldado as Xinelas que tinha Caetano familiar Eemoutrasmuntas mas naõ Sabe Sela
nos pes Emolhandolhe as plantas dos pes ComosSeos dedos fesomesmo quefes aelleconfitente.
Com Agoa daCuia disse Aomesmo queSepuzese Em pe Perguntado Sequando odito preto fes asreferidas curas
Sobre adita taboa quetapava adita Cuia aqual SeSeguraua a elleconfitente estauaõ prezentes alguas pesoas mais alem
Comhuma toalha dobrada quellmesmo preto tinhg. posto das numeadas.
ao redor dofundo daCuia: Eduuidando o dito Soldado porse Disse quenaõ
EmSima daditaCuia odito preto lhe disse quefose Sem Perguntado Seomoueo mais alguacauza a declarar Oz-
medo algum porque Aquillo ele fazia pera SeSaber Seelle- factos Ecuras dodito preto do que o descaregarSua con-
Confitente havia escapar ou naõ daquella doensa porque- Ciencia ouSeodenuncia porOdio EmaVontade quelhetenha
Senaõ quebrase naõ havia demorer Estando odito Soldado Disse que nenhumaOutracauza om oueo porque lhenaõ tem-
Sobreella Sem SeSuster con OutraCouza portempo queSe- Odio nem maVontade
podia rezarhum Credo odito preto Omandou tirar Eolhando Perguntado porquenaõ denunciou maisSedo do dito
pera Acuia vendo que estaua inteira disse pera elle Con­ preto Joze
fitente Naõ Moria daquella Eomesmo Sucedeo depois no- Disse queporlheparecer quenaõ estauaObrigado Eporque
Segundo facto Emque aditaSuamulher foi por elle Man­ entendia que Opodia denunciar juntamente quando Sea-
dada por Sobre aditaCuia. ESucedendo depois doprimeiro cuzase Oque naõ pode ate agora fazer pellasSuas Moléstias.
facto darlhe odito preto Logo immediatamente huma bebi- Foilhe dito que tomou munto bomConselho em Sea-
dadeleite Com Manteiga do Reino ESal Comagoa quente prezentar Voluntária mente nestaMeza Eprincipiar acon-
ESofucarse elle denunciante Comestabebida o dito preto fessar asSuasculpas Elheconuem munto trazelas todas
oapertou pellas espaduas ComasMaõs Eoutra ves Comhuma amemoria pera acabar defazerdellas humainteira Everda-
maõ nos peitos Eoutra nascostas dando lheabanoens Edes- deira Confissão declarando auerdadeira tençaõ que teve 52
pois apertandolheacabeça cuspindo EaSoprando nella Epro- encometer as que temConfessado peradescargo deSuacon-
nunciandopalavras que lhenaõ persebiaõ e destaforma lhe- ciencia Salvaçaõ deSuaalma Emerecer aMizericordia quea-
pasou aSofocaçaõ Etambem asdores decabeça Comque SantaMadre Igreja So custuma Conceder aosbons Euerda-
estaua atribulado Cuja melhoria experimentou portempo deiros Confitentes Eportornar adizer quenaõ Erademais
dequinzedias no fimdosquais repetindo lhe asmesmasdores Lembrado foi Outraves admoestado enforma Emandado
buscou oremedio nos exorcismos da Igreja Sem mais Seva- perafora Eque desta cidade Senaõ auzente Sem expressa
ler dascuras dodito preto Edeoter buscado ESeter valido Licença destaMeza aSala daqualviratodasasvezes que for
delle Edeter feito as curas que tem confesado Naõ obstante Mandado chamar Oque elle prom eteo Cumprir Sobcargo
fazelas emboa fe Esta Munto arependido Epede perdaõ dojuramento dosSantos Euangelhos que para iSo lhefoi
Eque Comelle SeuzedeMizericordia EMaisnaõ disse Nem- dado.
doCustume. ESendolhe Lida EstaSuaConfissaõ Edenunciaçaõ Epo-
51 Perguntado Seodito preto Jose lhe parese Ser bem rellebemOuuida Eentendida disse estar escrita nauerdade
Entendido Comjuizo perfeito oupello Contrario doudo ou- rangiia. Seaffirma Eractifica Etom a adizer denouoSendo
Setinha algumapaixaõ ouestavatomado deVinho quando- NeceSsario Enella naõ tem queacrescentardemenuir Mudar
fezosditos factos ouSeSecustuma tomar debebidas. Disse ou Emmendar nemdenouo quedizer aocustume Sobcargo
quelheparece ter bastante juizo Segundo aSuacondiçaõ domesmo juramento queOutraves lhefoidado Aoqueestive-
nemhedoudo nem nasditas occasioens tinhapaixaõ queo- raõ prezentes porhonestas pesoas quetudoviraõ Eouiraõ
perturbase nemestaua tomadodevinho nemSabeSeSecustu- Eprome teraõ dizer uerdadenoqueforem preguntadas Eguar-
154 155
dar Segredo Sobcargo dojuramento dos Santos Euangelhos lheconuem peradesCargo deSuaConciencia Salvacaõ deSua
em que poseraõ SuasMaos OsPadres ManoeldeSouzaAlves alma eSeu bom despacho: Ao que respondeo queSo aver-
EFrancisco Xavier deSouza queaSignaraõ Comelle Confi­ dadequeria dizer aqual Era. Quehauera doze Annos pouco- 54
tente ESenhor Inquisidor Visitador OPadre Ignacio Joze- maisOumenos Andando elle Confitente ComOutras pesoas
Pastanaoescrevi. Mais extrahindo Madeiras paraoEngenho dodito SeoSenhor
a) Giraldo JosedeAbranches Em o Rio de Guajara ahi Encontrou huma India Quiteria
a) Jose Januario dasilva Solteira jadefunta daadMinistraçaõ dosReligiosos deNossa­
a) Manoel deSouzaAlvares Senhora doCarmo destacidadequeaSistia naFazendado Li­
a) Fran.°° Xavier deSouza vramento Aqual naquelle tempo Andavafugida erefugiada
naquelles matos dodito Rio: Eentre ConVersas que ambos
Eidoodenunciante foraõ preguntados OsPadres ractifi- tiueraõ EstandoSos elle Confitente Eadita India Quiteria
cantes Seelhesparecia falauaVerdade Emerecia credito E- Estalheveio as enSinar humas palavras quetinhaõ virtude
porelles foi dito queSim lhesparecia quefalua verdade Ea- para adivinhar aspesoas quetinhaõ furtado algua Couza-
Seodito Sepodia dar credito Etomaraõ aSSignar Comosenhor SemSeSaber Eque naõ Continhaõ Couzama porquefalauaõ
Inquizidor Visitador OPadrelgnacio Jose Pastanaoescrevi. EnSantos porem que ashavia dedizer tendo crauados oz
bicos de humaTizoura no Arco dehumBalaio ESustentando
Traslado- a) Giraldo JosedeAbranches Este pohumaparte Comodedo por hum Anel da Mesma-
extrahido a) Manoel deSouza Alvares Tizoura Eoutra pesoa daOutraparte fazendo o Mesmo Eque
a 17 de
Dezembro a) Fran.co Xavier deSousa Estando nestaforma ComoBalaio no Ar dissese asditas
del763 palavras queSaõ asSeguintes = Por Sam Pedro e Sam-
Paulo pasoupellaportadeSamtiago SanPedro e SamPaulo =
53 Apresentaçaõ dopreto Marçal Escrauo doChantre daSe E que as havia dedizer dentro do Coraçaõ SemSepersebe-
rem defora E quetanto queSenomease apesoa quetiuese
Aoz treze diasdomes deOutubro demil Sette centos feito ofurto Logo oBalaio hauia dedar Volta Ecahir noxaõ '
SeSentaetrez annos Emacidade doPara EHospicio deSaõ Sem lhepoderem ter maõ: Eque Senunca Se Nomease
Boaventura Onde Esta aMezadaVizita Estando nella OSe­ apesoa quefizeraofurto Nunca oBalaio daria volta: Eque
nhor Inquizidor Giraldo JozedeAbranches Vizitador doEs- Comeffeito tomando elle Confitente dememoria asditas
tado por parte doSanto Officio MandouVir perante Si palauras Eforma depor O Balaio quelheenSinou adita India
ahumpreto quedaSalapedio Audiência ESendo prezente por- praticara Este Ensino porSinco Vezes nodito Engenho
dizer apedira peraConfessar Culpas que temCommetido pregando aTizoura pelladita forma noBalaio E Susten-
pertencentes ao Conhecimento doSanto Officio lhefoi dado tandoo noar pellos Aneis delia elle Confitente dehumaparte
ojuramento dosSantosEuangelhos EmquepozSua Maõ Sob Eoutra pesoadaOutra Edizendo interiormente asditas pa­
cargodoqual lhefoi Mandado diZerVerdade Eter Segredo lavras: EVio elle Confitente queSo humaves Senaõ desco-
Oquetudo proMeteo Cumprir Elogo disse chamarse Marçal brio quemtinha feito ofurto EporiSo naõ deo VoltaaTisoura;
Criolo natural dCaxeo Solteiro escrauo doChantre desta- porem quedas quatro Sempre aparecera Edera volta OBa­
Cathedral Antonio Francisco áePolstzis aSistente noseu laio - Ecaira, eSo Selembra que huma ves por este meio 55
Engenho de Varapiranga temOfficio dePedreiro quarenta Se descobrio quemtinhafurtado Sinco patacas a hum Velho
Annosdeidadepouco maisOumenos. mulato feitor quefoi E ainda aSiste NomesmoEngenho
Foi admoestado quepoistomava taõ bom Conselho Co­ EqueOutraves Se manifestou quemtinha furtado duasVaras-
mo odeseaprezentar NestaMeza dasculpas que tem Com- depanno dealgodaõ quetinha Gregoria preta Criada filha
metido lheconvem Munto trazelas todas amemoria pera- do preto Marçal fereiro edeSuaMulher Luzia. Eque esta-
fazer delias humainteiraeverdadeira Confissão eSelhefaz seraõ asSuas Culpas queSomente Conheceo depois que-
aSaber queesta Obrigado adeclaralas todas Miudamente Seleraõ Oz editais pellas Igrejas destacidade eSe publicou
ComSuas CirCunstancias Agravantes Semasencarecer Nem- Estavizita e de ter Cahido nellas Esta Munto arependido
desCulpar porque odizer aVerdade pura einteira mente pede perdaõ EqueComelle Se uze deMizericordia Emais
Semlevantar aSi nem aOutrem testemunho falso he Oque Naõ dise. Foilhe dito que tomoubom Conselho EmSe apre-

156 157
onde faleseo achandose esta enferma de hum fluxo deSangue
zentar Voluntariamente nesta Meza EConfessar nellaSuas- Den.d» Ludivina Mandou chamar peraque acurase a Ludu-
Culpas Eque lheconuem trazelas todas ameMoria edeclarar Ferr.a m.er vina Ferreira Mulher branca Uiuua naõ
inteiramente averdade delias Eaverdadeira tencaõ Comque- br*ca Sabe dequem Natural Emoradora desta­
Commeteo asque temConfesado porquefazendo assim de- cidade na rua detrás doRosario dos pretos naõ Sabe deque-
sencaregaraaSuaConciencia Emerecera AMizericordia que vive pasara deSecentaannos deidade Eindo adita Luduvina
aSantaMadre IgrejaSo Custuma Conceder aozbons everda- Ver adita DonaMarianaBarreto lhe apalpouOVentre Enaõ
deiros Confitentes Eportom ar adizer que naõ Erademais temlembrança Selhepos implastro Sobre ella ou lhedeo
lembrado foi Outraves admoestado Emforma Emandado bebida ESahindo ella denunciante pera fora ficou nacom-
perafora EqueSenaõ auZente destacidade Sem expressa
panhia da dita Luduuina Edoente humaMulher branca
licença destaMeza aSaladaqual vira todos Oz dias naõ fe­ K. Constança chamada ConstançaMaciel ViuuadeManoel-
riados das Sette ate asOnzehoras damanhaã ate Se findar Maclel Thomas quevivia de fazer Viagens aoCertaõ
aSuaCaza Oque elle prometeo Cumprir Sobcargo dojura­
natural Emoradora desta Cidade naRua deSamVicente 57
mento dos Santos Evangelhos que lhefoi dado.
Traslado
Edentro das mesmasCazas Emque mora ella denunciante
ESendolhelida estaSuaConfissaõ Epor elle aqual depois lhecontou queaditaLuduvina Comesara atan-
Extrahldo
E m 15 de ouvidaeintendida disse estaua escrita na- ger hum Maraca ou chocalho dehumCabacinho pequeno
Dezembro verdade Como elle atinhafeito EaSsignou atravesado Comhumaflexa quelheSeruia deCabo Enomesmo-
del763 ComoSenhor Inquizidor Vizitador OPadre tempo acantar porlingua incógnita queSabem EComquecus-
Ignacio JozePastana Notário daVizita Oescrevi. tumaõ Cantar ozPagès ou Mestres das feitiçarias edepois-
deter tocado ecantado na ditalingua dissera que Oque
(a) GiraldoJozedeAbranches padecia adoente Eraõ feitisos Elogo Entregara o tal choca­
(a) Marsal lho aditaConstanca elhe dissera que Enquanto ella hia
aSuaCaza Evoltaua estivese Sempre atanger o chocalho
Eacantar Equevoltando aditaLudencina deSuaCaza pegara-
56 Denunciaçaõ deLuduuina Fr.a M.er branca quefaz Outraves no chocalho ESepozera atocar nelle Eacantar
Ignes Maria Mulata Soltr.a Comodantes e quelogo puzera huaCuia Com aboca pera
ochaõ Eo fundo peraOar Enoalto destefundo puzera Aponta
Aos quatorzedias domes deOutubro demil eSette centos do cabo dodito chocalho Sempre cantando eSustentandose
ESetentaetrez annos nacidade do Parà EHospicio deSam- Sem arimo algum aditaflexa Com o chocalho Sobre o alto
BoaVentura Onde esta aMeza daVisita Estando nella oSe­ dofundo dacuia Entrára amouerse persi adita Cuia assim-
nhor Inquizidor Giraldo Jose deAbranches Visitador deste- com o Estaua Comaflexa ao alto echocalho que emSi tinha
Estado porparte do Santo Officio Mandouvir peranteSi aditaflexa Easim andara rodeando toda acaza Cantando Sem­
ahumaMulher quedaSala pedio Audiência eSendo prezente pre adita Ludencina ateque foraparar toda esta maquina
por dizer apedira para denunciar deCertas Couzas feitas por Mandato Seu da baixo daCama dadoente. Oque tudo-
Contra anossaSanta Fe Católica Mefoi dadoOjuramento Vio econtou aella denunciante areferida Constança Em
dosSantos Euangelhos EmqueposSuamaõ Sob cargodoqual
Mefoi mandado dizerVerdade EterSegredo Oquetudo pro­ termos que levada ella denunciante dacuriozidade ainda foi
meteo Cumprir: Elogo disse chamarse Ignes Maria de ver debaixo daCama arvorada aditaflexa Com Seo Chocalho:
Den.d"Anto- Epassado isto vio ella denunciante que
í>en te JEsus Mulata Solteira filhanaturaldelgNa- nino ín d io, nessa Noute ouemOutra Entraraõ nacaza
dejesu s a” a cio deAndra dehomembranco ja defunto q ’ foi
dous indios dos quais So conhese hum que
que foi advogado EValeria Barreta Cafuza- da caza
de Jen.~ Sechama Antonino quefoi decaza de Jero-
Solteira quevive daSuacustura Erenda Natural Emoradora R oberto nimo Roberto oficial de Oleiro quehapouco
destacidade naRua deSamVicente EdisseSerdeSinCoentaAn- tempo trabalhou naOlaria de Sam Joze
nospoucomaisoumenos: EqueOque tinhaperadenunciar Era. Eouue dizer he agora morador navillade Cintra Ozquaes-
Ou m enos QUe hauera Vinteannospoucomais aSistindo indios Serecolheraõ ComaditaLuduvina enhuma despensa-
ellademmciante na CazaeCompanhia deDona MarianaBar- yínha. Sem Luz alguma Emandando buscar adoente pera-
reto Viuva deLuisPereira moradora na Rua do ASougue
159
158
Amesmadespensa ecazaSem Luz Comesaraõ acantar Eato- ganadaque Morria pellasVozes quelhefalavaõ Eelladenun-
car. EmSeos chocalhos Sem Seperseber Oque cantauaõ ciante ouvio perceptivelmente Easmaispesoas OqueComefei-
Edepois de cantarem etocarem algum espasso detempo to Severificou porquedamesma doensa Morreo Emais Se-
Secabaraõ ElogoOuvio aSobiar mui altamente SemSaber lhenaõ offerecia denunciar Oquefas pordescargo deSua
58 aonde Eque asTelhas fasiaõ estralido Como Sea briaõ e Conciencia Eentender AiSo estava obrigada depois que
immediatamentehum estrondo nacasa Como depessoas que Ouvio Ler om onitorio E Edicto daFe quandoSe publicou
peraella Saltaua. estaVizita: Enaõ disse Mais nemdoCustume. Perguntada
Enomesmotempo ostais indios oualguns demonios Seadita Ludencina tembom entendimento ou he faltade-
Comesaraõ afaser estrondo com as maõs. Ecomozpes juizo Senasoccasioens Emque fes Oquetemdito Estaua to­
Sobre oSobrado ELogo SeOuuia huma vos que preguntava- mada devinho ouSe Custumatomardelle.
adoente Oquetinha erespondendo ella o que tinha Selhetor- Disse que ellahe mui bem entendida Enaõ tem Noticia
nou adizer pelladittaVos que lhe naõ tocaua acura mas Secustuma tomar de bebidas.
queLogo Viria Aquem tocaua: ELogo Ouuio Outro grande Perguntada SeSabe que ella fizese Ozmesmos factos
aSobio Eoutro estrondo ComoquemSahia daCaza pello teto diante deOutras pesoas alem das quetem dito
fora Sahindo nastelhas: Aoque SeSeguio Ouuirse outro Disse temOuvidodizer Oztemfeito maisvezes Equem
grande aSobio Eomesmoestrondo nas Telhas Como dequem lhodise EaquemOuvio dizer foi a dita Constança.Eaoutras
Entrauaperadentro Edaua humSalto pera Caza EnamesMa pesoas que lhenaõ lembraõ Perguntada Seestavaõ prezentes
Outro ruido demaõs Epes Como o antecedentte depoisdo- mais alguas pesoas alemdasquetem declarado quando adita
que SeSeguio outra pergunta adoente Edepois outraescuza LuduvinaobrouOquetemdito Encazadareferida inferma Disse
dequelhenaõ pertencia curala Eimmediatamente outro gran­ que naõ Selembra Estivesem maispesoas Excepto Francisco
de aSobio Eestrondo nasTelhas Comoquem Sahia perafora Pereira filho dadoente queja he defunto.
Sucedendo Omesmo por Outras Muntas Vezes nesta occa- Perguntada quetempo haconhece adita Luduvina que
ziaõ oque depois destaoccasiaõ repetio adita Luduuina Opiniam tem delia aSercadaSuaCrença VidaeCustumes E-
nacompanhia dosreferidos indios as mesmas supresticoens procedimentos.
oudiabruras Maisduasoutras noites EmqueSempre Ouuiu Disse queaconhece desde odito tempo Eque naõ tem
elladenunciante Osmesmos aSobios Eestrondos Sendo tam- dellaboaOpiniaõ depois quevio osfactos referidos Enunca-
R. ign.o Coelho bempresentes aditaConstança IgnacioCoelho mais tratou Comella poriso naõ Sabe daSuavida Eprocedi-
Brandaõ Brandaõ filho dadoente quevive deSua ros- mento
sa morador nestacidadecazado ComMaria naõ Sabe deque- Perguntada Seamoueo mais alguacauza afazer Estade-
nemO nome daRua. Mas hejunto ao Rozario dos pretos nunciacaõ Ouafes porOdio Emavontade quetenha adita
Eamai delladenunciante Masnaõ Sabe Seprezenciaraõ tudo: Luduvina
R. Valeria ESucedeo que emhuma das ditas Noites Disse quenadamai aMoueo que querer descaregar Sua- 60
Barreto deo hum accidente nodito Antonino Oqual Conciencia pois lhenaõ tem odio nemmavontade.
ficando SemSentidoscomoMorto na casa dadita Exraua ESendolhelida EstaSuadenunciaçaõ Eporellabem Ouvi-
despensa ate aooutro dia pellaManhaã deo occasiam aque daeentendida disse estar escrita nauerdade Eque NellaSe-
OqueDonaMargarida jadefunta filhada doente mandou cha­ affirrrta eRactifica Etom a adiser denouo Enaõ tem mais
mar amesma Luduuina para over Evindo ella Entrou nas- que lheacrescentar demenuir Mudar ou Emmendar nemde-
mesmadespensa aonde ficaraodito indio ESeachaua Como nouoquedizer aoCustume Sob Cargo dojuramento doSantos
Senarealidade Estiuese defunto lhecomessace ainsuflalo Com Euangelhos queoutraves lhefoi dado Aoqueestiveraõ prezen­
huma fumasa. Enomesmotempo atocar ochocalho Eabater tes porhonestas pesoas que tudoViraõ Eouuiraõ Eprome-
Comelle nocorpo do indio desde aCabeça ate aoz pes ELogo teraõ diZer uerdade noque perguntadoforem EguardarSe-
Selevantou Como Senaõ tiveraNada: E que isto lhe disse gredo Sobcargo do juramento dosSantosEuangelhos Em-
59 prezenciava adita Constança decuja Circunstancia ella de­ quepuzeraõ Suas mooes EFr.e Manoel deS. Joze Serra, eFr.®
nunciante Senaõ lembraua Mas Sim Selembra dequetodos Manoel Ferreira Ribeiro EaSsignaraõ Commigo queofis de
Aqueles factos Estrondozos quetemdito Eraõ feitos pellas consentimento dodenunciante EoSenhor Inquisidor OPadre-
horas dameia Noute Eque Entodas ellas adoente foi dezen- Ignacio Jose Pastana Notário da Visita Oescrevi.
160 161
a) Giraldo JosedeAbranches grade Entendendo queadita Constança lhequeria alguma-
a) Ignacio JosePastana Couza Logo esta lhedisse queOutra preza que ali Seacha-
Den.da vaprezente chamada Joanna Mendes deal-
a) Pr. Manoel de S. Jose Serra
a) Fr. Manoel Ferreyra Ribeyro Joana cunha a Azeitona casada comhum preto a
j^z" ite£ quem naõ Sabe Onome Escrauo naõ Sabe
Emandadoperaforaodenunciante foraõ preguntados Os na dequem Eadita Joanna Mendes he cafuza
Padres ractificantes Selhes parecia falauaverdade Emerecia ou india mistiça algumdia foi escraua deDona Thomazia
tera deZanoueannos poucomais oumenosdeidade na noute 62
Traslado Crédito Eporelles foi dito queSim lhespa-
extrahldo Ref.ia antecedente naSuaprezensa EdeRaimunda
recia que afalaua Emerecia credito Etor-
a 18 deOutubro
naraõ aaSSignar Com oSenhor Inquisidor ? a" a Mameluca solteira naõ Sabe dequem he
del763 ‘° filha natural desta cidade efoi captiua da-
OPadrelgnacio JosePastana Notário daVi-
sita Oescrevi. CasadeFrancisco deLiraBarros actualmente degradada na-
a) GiraldoJosedeAbranches villa de Oliras; Ede Rosaura india naõ Sabe donde he natu-
a) Fr. Manoel de S. Jose Serra Ref.a Rosaura ral nem dequem hè filha as quais todas-
a) Fr. Manoel Ferreyra Ribeyro India Seachauaõ prezas Ejuntas aSim como Ainda
hoje Aesta adita Rozaura tirara o Rozario quetinha ao-
pescoso Elhe rompera o cordaõ Lansando ascontas nochaõ
Denunciaçaõ quefaz João Vidal de S. Joze de JoannaMendes E conculcandoas Com os pez diZendo renegaua daSanti-
Sima Trindade EdaVirgemMaria NossaSenhora Equetendoa
AozquinzediasdomesdeOutubro demil eSette centos e- Reprehendindo ellaContinuaua Endizer Omesmo Equeporiso
SeSentaetres annos nacidadedoPara EHospicio deSamBoa- + pedia aeelle denunciante + porque poderia
ventura onde estaaMeza da Vizita Estandonella oSenhor dida*ehen" Ouvilo milhor que aella Easditas presas
Inquizidor Giraldo JozedeAbranches Vizitador por parte M‘l’ quetodas a tinhaõ reprehendido pella razaõ
do Santo Oficio desteEstado ESendo ahi mandouvir pe­ deSer elle denunciante quasi damesma natureza dadita
rante Si ahumpreto quedaSalapedio Audiência ESendopre- JoannaMendes Econefeito reprehendendo elle denunciante
zente pordizer a pedira perdenunciar de factos Epalavras asperaMente dofato quetinha obrado Edaspalavras queti-
ditas Efeitas Contra anossaSantaFe Catholica pertencentes nhadito depois delhepreguntar Seaquilo Era verdade que-
aoconhecimento doSanto Officio lhefoi dado ojuramento ainda odizia Etornaua adizer EqueSentia Não ter ahi huma
dosSantos EvangelhosemqueposSua Maõ Sob cargo doqual- imagem doSenhor Crucificado quetinha EmSuacaza para
lhefoi Mandado dizer Verdadeeter Segredo Oquetudo pro- atirar Comella Aomeio daRua pera que todos Uissem aquel-
meteo Cumprir.Elogo disse chamarse Joaõ Vidal de Sam le desacato oque Ouuindo elle denunciante Comasditas
Joze preto denascaõ Congo Casado Com Maria Izabel preta prezas Sebenzeo efoi andando Seocaminho porNãõ Ouuir
daCostadaMina Escraua do Capitam Joaquim Rodrigues Mais blasfémias Escandalizado do quelhetinhaõ dito aella-
Leitaõ familiar do Santo Officio Morador Emcazadomesmo confesaua ter feito Econtinuaua afazer Edizer: Equeesta
na Rua Mercadores quetem officio deSangrador de idade denunciaçaõ afas por descargo deSua Conciencia Epor
entender Estaobrigado dala nestaMeza. Emais naõ disse
detrintannos poucomais Oumenos: Eque Oquetinhaperade-
nunciar EraOSeguinte. NemdoCustume. Perguntado Seadita JoannaMendes tem
Entendimento claro ouhe douda E dezacizada: ESenaquella
Que havera Sinco Mezes pouco mais oumenos naõ
occaziaõ EstauaemSeo perfeito juizo oucomalgua paixaõ
Selembra dodia Seriaõ des horas damanhaã pasando elle que lheperturbase outomada devinho ebebidas ou Secus-
denunciante por defronte doAljube Eclesiástico dehuma
tuma tomardellas.
janeladelle ochamou ConstançaMaria Entaõ Solteira hoje
Ref.da naõ Sabe Seainda o he oujacazada filha Disse que ella lheparecia ter bastante Entendimento 63
Constan­ deDiogoPedro edeSuamulher aquemnaõ Sa­ Enaõ Ser douda nem dezacizada Eque antaõ estauaemSeo-
ça prefeito juizo porSeremhoras deManhaã Ehaver porhibiçaõ
Maria be Onome natural Emoradora daVilla da-
pera Sevender agoaardente aos pouos Aindaque Sefosse
VigiaNaõ Sabe dequevive oditoSeo pai nem
asoutras horas Eella estivese Emoutraparte poderia elle
ella teravinte annosdeidadeechegando elle denunciante adita
163
denunciante Entender que estaria tomadadebebidas porser- quetem dacapacidade boavidaeprocidimento do denunciante
custumada aiSo quandoestauaemSualiberdade. lhesparecia quefalauaVerdade noque dizia Emerecia credito
Perguntado Seadita JoannaMendes disse maisveZes as­ Etornaraõ aaSsignar ComoSenhor Inquisidor OPadre Igna-
ditas palavras naprezença delle denunciante ouSabe ou cio JosePastana Notário da Visita Oescrevi.
Ouvio dizer queasdicese diante deOutras pesoas alem das
referidas. (a) Giraldo Josede Abranches
Disse quenaõ. (a) Fr. Antonio daCosta
Perguntado quanto tempo hatem Conhecimento aaaita (a) Fr. An.to Tavares
JoannaMendes queOpiniaõ tem delia aSerca daSua Crença
Vidacustumes Eprocedimentos.
Disse aconhece haveravinte annos Eque ateaquellaoc- Denunciaçaõ dalndia Sabina que faz Manoel deSouza Novaiz
casião EmqueConfessou aelledenunciante Oque tinhafeito
dascontas .Epreferio oquetemdeclarado anaõ tinhaemma Opi­ Aozdezasetediasdomes deOutubro demil Sette Centos
nião arespeito daSuacrença nemSabia quefose mal procedida SeSentaetres annosnacidadedoPara EHospicio deSamBoa-
excepto tomasse alguas vezes debebidas mas naõ queper- ventura onde esta aMeza daVisita Estando nella oSenhor
deseOjuizo Perguntado Seomoueo mais algua cauza afazer Inquizidor Giraldo JosedeAbranches Visitador porparte do
Estadenunciaçaõ ouafas porOdio Emavontadeque temadita Santo Officio deste Estado Mandouvir peranteSi ahum ho-
JoannaMendes. memquedaSalapedio audiência ESendo prezente pordizer
Disse queSomente afas pordescargo deSuaConciencia apedira peradescaregar Sua Conciencia Edenunciar Oque-
porquelhenaõ temOdio nem Mavontade. Sabia Epertencia aoConhecimento doSanto Officio lhefoi
Perguntado que razaõ teve pera naõ fazermais cedo dado doOjuramento dosSantosEuangelhos Emque posSua-
Estadenunciacaõ. maõ Sobcargo doqual lhefoi MandadodizerVerdade Eter- 65
Disse quearazaõ foi pornaõ Saber onde havia deadar Segredo oque tudoprometeo Cumprir.Elogodisse chamarse
eSo oSoube depois queSepublicou esta Vizita. ManoeldeSouzaNovais Natural Emorador destacidade que-
ESendolhelidaesta Suadenunciaçaõ Eporelle bemOuvi- vive deSuas RoSsas Cazado ComAndreza Maria edisseSer
daeentendida disse Estar Escrita naverdade Equenella Se- Christaõ Velho deSincoentaeoutoAnnosdeidade.Eque Oque-
affirma eratifica Etorna adizer denouoSendo neceSario tinha peradenunciar EraOSeguinte QuehaveraSette annos-
Enelanaõ tem que acrescentar deMenuirx Mudar Ouem- poucomaisOu Menos tendo elle experimentado NaSua fa-
mendar Nemdenouo quedizer aocustume Sobcargodojura- milia Eescrauatura grandes Mortandades Eentendendoque-
mento dos Santos EvangelhosqueOutra ves lhefoi dado procediaõ estas demaleficios Efeiticarias queSefaziaõ pela
Aoque Esteueraoprezentes porhonestas pesoas quetudo Vi- razaõ deSeencontrarem pellas arvoresdeCacao huns Embru­
raõ EOuuiraõ Eprometeraõ diser verdade noqueforem pre- lhos deCouzas desConhecidas depois deSeterValido por-
64 guntados Eguardar Segredo OsPadres Fr.8 Antonio daCostae Varias Vezes dosexorcismos dalgreja teveNoticia Eerapu-
Fr.» Antonio Tavares ReligiozosdoCarmo queaSSgnaraõ Com Sabín blico Nestacidade que humalndia chamada
elle denunciante e ComoSenhor Inquisidor OP Ignacio Jose- India* Sabina Naõ temCerteza sehecazada SeSol-
Pastana Notário daVisita Oescreui teira mas tem probabilidade que hecazada
Aqualfoi captiva Em algumtempo deBento Guedes Naõ
(a) Giraldo Josede Abranches Sabe donde he Natural temOuvido dizer queprezentemente
(a) Joaõ Vital deS. Jose heMoradora navilla deColares teraMais dequarenta annos
(a) Fr. Antonio daCosta deidadetinhavirtude peradescobrir E d e s f a z e r Ozfeitiços,
(a) Fr. An.t0 Tavares Obrigado deSuaneceSsidade a Mandou buscar aoRio Acarã
aonde entaõ vivia Emcaza dodito Bento Guedes,paraaSua-
Extrahldo Emandado perafora odenunciante foraõ fazenda deSantaCruz do Facajò: Ecom ffeito chegando
aos 25de preguntadosOsPadres Ratificantes Selhes- aditalndia logo queentrou nacazadelle denunciante imme-
Outubro parecia falauauerdade e Merecia credito diatamente Sahio ou desceo pella eseadaabaixo Edisse que-
de!763
Eporellesfoidito pello bom Conhecimento Cavasem nopatamal daescada que ahi haviaõ deaxar Ozma-

164 165
leficios .Ecavandose nolugar queella apontaua Se desenter­ quefesodescobrimento: Earespeito deSuaCrensa Naõ tem
rou hum Embrulho dehum panno ja velho Ecarcumido delia munto boa Opiniaõ aSim Como anaõ podeter das-
emq’ Estaua huma Cabesa deCobra jararáca jamirrada de mais pesoas daSua Condiçaõ EdosSeoscustumes Eprocedi­
todo eSo Com OzoSos atestando aditaindia que aquelles mentos So tem Noticia que ella Muntas Vezes Setoma
Eraõ Oz feitisos de queprocediaõ tantos dannos EadMi- debebidas
Ref. randose elle denunciante EaditaSuamulher- Perguntado Seomoveo Mais alguacausa adaresta de­
Andreza Eoutras pesoas dequeja Senaõ lembraque- nunciaçaõ ou ada por Odio Emavontade que tenhaadita
prezentes Estauaõ daquelle taõ facil des- india Sabina
do" Cobrimento Mandaraõ peraSuacaza adita Disse queSo ada por descargo deSuaconsiencia naõ
Den.te Indiaficando interior mente ComaSuspeita porlheter odio Emavontade.
de que ella descobrira adito Embrulho por artediabolica Perguntado que razaõ teve peranaõ dar maisSedo Esta
pois Não Constaua que ella tivesse hido antes aditaPazenda denunciaçaõ Disse queporficar Em duvida deSer Ounaõ
nemqueconhecese pesoa alguma da familia delledenunci- odito descobrimento porObra do demonio etambem por
ante, nemque ella tiuese Virtudestam adiantadas queDeos descuido Seo. Enaõ refletir. Napenaemque inCoria Senaõ
obrase por ella aquella maravilha: pello que adespedio depois que Seleraõ oz Edictos nestaViZita. Foi admoestado
dandolhehuma pessa debertanha Em paga deter hido adi- que cuidemSuaobrigaçaõ. ESendolheLida Esta Suadenun-
taSua Fazenda: Edeclaraqueaditaindia na referida occaziaõ ciaçaõ Eporelle bemOuvida Eentendida disse estarescrita
Naõ fes accaõ alguma nem pronunciou palavra que lhe naverdade Eque nellaSeaffirma e ractifica Etorna adiser
parecesese Supresticiosas porque Naõ fes mais queSubir de NouoSendo neceSsario Enellenaõ tem queacrescentar
aoSobra do Edescer Logo peraOlugar donde mostrou efes demenuir MudarOuemmendar nemdenouoque dizer aocus-
tirar odito Embrulho. Eque esta denuncia afazia pordes- tume Sob cargodojuramento dosSantos queOutra vez lhefoi
cargo deSuaConciencia Eporassentar que tinhaObrigacaõ dado Aoque estiueraõ prezentes porhonestas pesoas que-
deafaser: Eseacazo Emmandar buscar aditaindia Comme- tudo viraõ Eouviraõ Eprometeraõ diser verdade noquefo-
teo culpa dellaestaua rependido e Sacramentalmente tem- rem preguntadoseguardarSegredo Sob Cargo dojuramento
pedido a Deos perdaõ Eomesmopede agoranestaMeza, E- dosSantos Evangelhos que lhefoi dado Com que puseraõ
mais naõ disse, nemdoCustume. Suas maõs OPadre Francisco Xavier deSousaclerigo do
Perguntado Seadita indiaSabina tem juizo Eentendi- habito de SamPedro OFr.® Manoel Fer.a Ribeiro Religiozo
Mento ou Sepello Contrario he faltadetudo, ESenaocasiaõ deNossaSenhoradoCarmo queaSsignaraõ Comodenunciante
Emquefesodito descobrimento Estaua EmSeo perfeito juizo EcomoSenhor Inquizidor Vizitador OPadre Ignacio Joze­
Disse que ella Segundo acondicaõ quetem de india Pastana Notário davizita Oescrevi.
lheparece Suficientemente Entendida Enaditaoccasiaõ aSim (a) Giraldo JozedeAbranches
Omostrou pellaSeriedade comquefesodito descobrimento. (a) --------------------------------
Perguntado SeSabe que ellatinha feito Semelhantes (a) Fran.°° Xavier deSouza
descobrimentos diante deoutras pesoas ouuisto ouuiu falar (a) Fr. Manoel Fer.a RibrJ
aquem Eaonde Disse que enexpecial nadaSabe mas que
ella os Custuma fazer he bem Constante Enotorio nesta Traslado Emandadoperafora adenunciante foraõ pre- 68
cidade. extrahldo
em 3 deM arço
guntados OsPadres ractificantes Selhespare-
Perguntado Seestauaõ prezentes mais alguas peSsoas del7G4 cia falaua verdade Emerecia credito Epor-
alem dasquetemdeclarado quando ella fesoditodescobri- elles foi dito queSim lhesparecia falaua
mento Verdade que aSeo dito Sepodia dar credito otem----- raõ
Disse queestauaõ prezentes muntas mais pesoas mais aoSsignar ComoSenhor InquizidorVisitador oPadre Ignacio
queSenaõ lembraSenaõ dasquetem Nomeado JosePastana Notário daVisita Oescrevi.
Preguntado quetempo haconheseadita India queOpiniaõ
temdella aSercadaSua Crensacustumes Eprocedimentos Dis­ (a) Fran.00 Xavier deSouza
se quehabastantesAnnos temNoticia delia pella famaque- (a) Giraldo JosedeAbranches
Corria nestacidade Edevista So aconhese do tempo Em- Ca) Fr. Manoel Ferreyra
167
Denunciaçaõ deThomasLuis Ferr.® quefaz mundicias fétidas Eascarozas Sobre odito Andor Com tal
José daCosta Solteyro impeto quecomapancada E pezo do dito Vazo cahio o dito
Andor no chaõ Equebrou ficando cheio Emaculado Comas-
Aozdezouto diasdomes deOutubro demil Settecentos ditas immundicias humanas fétidas eascarozas que porelle-
SeSentaetres Annos nacidade do Para e H ospicio deSam- Seespalharaõ respingando pelladita Imagem as ditas im­
Boaventura ondeesta aMezadaViZita Estando nella oSenhor mundicias Entermos queficou totalmente Maculada Esten-
Inquisidor Giraldo Jose deAbranches Visitador desta Es­ dendose as ditas immundicias naõ So aos ditos Meninos
tado porparte do Santo O fficio MandouVir peranteSi ahum mas também aelle denunciante Eaozmais Comquem estava
homem quedaSalapedio Audiência ESendoprezente pordi- Conversando quetodos delas ficar aõ cheios: Eque logoim-
zer apedira peradenunciar de hum facto Commetido Contra mediatamente que dadita Janela Seatirou Com o referido
anossa Santa Fe e Religiaõ Catholica lhefoi dadoOjuramento VaZo Seretirou paradentro odito ThomasLuis Teixeira mu­
dos SantosEvangelhos EmqueSuamaõ Sobcargo do qual lher efilhos ficando ozditos meninos aclamar Contra elle
lhemandoudiser verdadeeguardar Segredo quetudo prome- dejudeo ateque desfeita ahi aprocissaõ Seretirou Cadahum
teo Cumprir. peraSuacaza. Eficando elle denunciante EtodosOzmais ocu­
Elogo disse chamarse JosedaCosta Solteiro filho de- pados dojusto Sentimento quepedia hum taõ escandalozo 70
Damiaõ da Costa edeVictoria deSouza quevive doSeo oficio dezacato preguntou Logo ahuma india escraua domesmo
depedreiro Natural daFreguesia de S Jose termo dacidade- que Vio noquintal Se era Aquilo. CouzaqueSefizesse ella
dePonta delgada da Ilha deSanto Miguel eSerChristaõ Velho lherespondeu que oSeoSenhor aSSim o tinha Mandado
deSinco digo daSlha deSam Miguel Emorador destacidade aqual india jahedefunta ESechamaua Izabel e pasados pou­
naRua direita juncto da roda dosEngeitados EdisseSer cos dias Seandou pella quela Rua informando ESeinformou
Christ aõ Velho deSencoentaeSeis annosdeidade: Equeofac- Comelle denunciante deste CaZo OPadre CommiSsario das
to que tinhaperadenunciar EraoSeguinte Treceiros deS. Francisco Fr.® Afonso daEsputacaõ quetam-
Que em humdia daquaresmado annodemil e Sette cen- bem Sedise SerCommiSsario do Santo O fficio dizendolhe
69 tos Equarenta Edoos pellas outo horas da noute delle Eaosditos Antonio deViveiros eManoel Peres quenão disse-
achandose elle denunciante naSua Caza Sentado najanela sem nada que aSeo tempo Seriam preguntados porOrdem
enconuersaçaõ ComAntonio deViveiros Seo Companheiro domesmoSanto O fficio, porem Como elle denunciante ate
namesmaCaza quefoi Commisario defazendas ecomManoel oprezente naõ fora preguntado nem lheconstou quefosen
Peresjusto Alfaiate ambos ja falecidos atempo que pella- ozSobreditos por occasiaõ dehaver oEdictal da Fe napubli-
Rua Vinha humaprocissaõ dos meninos daescola Comhu- caçãõ destaVisita. Sefoi Conselhar Comdoos padres Sobre
mandor ou charola munto bem aSiado Earmado ComOuto Oquedeuia faser Eambos lhediseraõ que deuia denunciar
Velinhas de Cera edentro dodito Andor huma Imagem ocazo referido Eque aSSim ofez por Socegar aSuaConci-
prefeita do Senhor Crucificado Vio elle denunciante que encia; Emais naõ disse nem do custume. Perguntado Seo-
EmOutrajanela que estaua porSima da Sua noandar do- dito ThomasLuis Teixeira he homem bem entendido Ou-
Sobrado dasCazas que estaõ Sitas naRua doAsougue que hoje pelloContrario doudo e dezacizado ESequando fezOuman-
Saõ deAndreMiguel Ayres onde Entaõ elle denunciante doufazer oque denunciadotem EstauaemSeo prefeito juizo
Den.iio Morava epor Sima Thomas Luis Teixeira Eentendimento Ouestaua tomado deVinho ouSecustumato-
Thomas entaõ cazado naõ Se lembra do Nomeda-
Luis mar delle. Dise que elle Era Munto bem Entendido Enada
Teix.r»
mulher Ehoje Viuvo. Easistente Nestacida­ tinhadedoudo Enaquella occasiaõ nem Emoutra alguma lhe
de EnoSeo Sitio noRio M ojú efoi Alferes constou que estiuese tomado devinho ouSecustumase tomar
de Infantaria,Seachauaõ tambemvendo adita procissão dos- delle.
Meninos o dito Thomas Luis Teixeira Com Sua Mulher Preguntado SeSabe que elle fisese mais algua ou o
humfilho Ehumafilha Eque aotemp digo Ehumafilha Aoz- mesmo ouSemelhante facto.
quaesNaõ Sabe Oznomes nem SeSaõ Vivas nemaonde Mo­ Disse quenaõ
radoras J£que ao tempo que Ozditos Meninos estauaõ Can­ Perguntado quanto tempohatem Conhecimento do dito
tando debaxo daj anela dodito Thomas LuisTeixeira Como- ThomasLuisTeixeira queOpiniaõ tem delle aSerca daSua-
andor nosbracos lelansara dadita janela hum Vazo deim- Crensa VidaeCustumes.
168
169
Disse queoconhese dealguns mezes antes que Soubese Traslado Emandadoperafora odenunciante foraõ pre- 72
extrahido guntados Os Padres ractificantes Selhespa-
odito Cazo Equenunca teve maOpiniaõ daSua Crensa Senaõ
depois que prezenciou o facto ainda que Sempre Ouuio Hmi7R4 dejan° recia falaua Verdade Emerecia credito E-
d porelles foi dito que Sim lhesparecia que
diser bemdelle ESabe quenaõ tem tido maos custumes afalaua Enoquedizia Merecia Credito Etornaraõ aaSsignar
navidaeprocedimento. ComoSenhor Inquisidor Visitador OPadre Ignacio Jose­
^ Perguntado Sestavaõ mais alguas pesoas preZentes Pastana Notário daVisita Oescrevi.
alem das quetem declarado ESaõ falescidas quando elle
fesoumandoufazer ofacto referido. (a) Giraldo JosedeAbranches
Disse quenaõ tem Lembrança demais pesoas q Estiue- (a) Fr. Antonio daCosta
Vizinhos
sem prezentes Mas hecerto quetodos os- (a) Fr.® Cae.no ------------------
do Den.do
Joze de vizinhos haviaõ prezenciado o, dito Cazo
Bitancurt quefoi Logopublico
e Perguntado que vezinhos tinha nessetempo Denunciaçaõ daindiaSabina quefaz Domingos Rodrigues
Irmaõs,
JoaõCardoso
o denunciado,Eelle denunciante EcomoSe-
chamaõ Aozvintehumdias domesdeOutubro de milsete Centos
deAbreu
Disse que neSe tempo Eaindahoje era ve- SeSenta etres Annos nacidadedoPara EHospicio deSamBoa-
zinho defronte Jose deBitencourt ESeos Irmaõs aozquais- ventura ondeestaua aMeza daVisita EstandonellaOSenhor
naõ Sabe o nome EVizinho immediato Joaõ Cardozo der Inquisidor Giraldo JosedeAbranchesVisitador porparte do
Abreu masnaõ Sabe SeneSaoccasiaõ Estauaõ nasditas Casas Santo Officio deste Estado MandouVir perante Si ahum
aSistindo OunasSuas rossas. homen quedaSalapedio Audiência Epordizer apedira pera­
denunciar OqueSabia partencente ao Conhecimento doSan­
Perguntado SeOmoueo Mais algua Couza afazeresta to Officio E o que também Suamulher que esta grave­
denunciaçaõ ouafaz porOdio oma Vontade quetenha aodito mente Enferma Epor essa razaõ naõ pode pe SSoalmente
ThomasLuísTeixeira. vir aesta Meza lhefoi dado Ojuramento dos SantosEuan-
Disse queSo OMoueo Oquerer Sucegar aSua Conciencia gelhos EmquepozSua maõ Sob cargo do qual lhefoi Man­
poislhenaõ tem odio nem Mavontade dado dizer Verdade EterSegredo Oque prometeo Cumprir:
ESendolhe Lida esta Suadenuncia Eporelle bem Ouvi- Elogo disse chamarse DomingosRodrigues CaZado Com-
daeentendida disse estarescrita naverdade oque noquedito CaetanaThereza quevive deSua rossas natural dacidade do-
tem Seaffirma Eractifica etorna adizer denouo SeneceSsa- Fouscal Freguezia deSam Braz Emorador destacidade na-
RuadaRoza EdisseSerChristaõ Velho, Edequarentaetres an­
rio he Enaõ tem queacrescentar demeNuir Mudar Ouem- nos deidade eque oque Selheofferecia denunciar por parte
mendar Nem denouo quedizer aocustume Sobcargo doju­
deSuamulher Etambem pellaSua era oseguinte.
ramento dosSantos Euangelhosqueoutraves lhefoi dado Ao- Ref.da Que hauera quinze annos pouco mais ou­
queestiueraõ prezentes porhonestas pesoas quetudoviraõ Caetana menos Segundo Ouvio dizer aSuamulher
EOuuiraõ Eprometeraõ de diser verdade Noqueforem pre- Thereza EaSuaSogra Dona Theodora Ferreira de- 73
guntados EguardarSegredo Sobcargodojuramento quelhes- M.er do
Denunc.t® Oliveira Casada Comopatraõ mor Antonio
foi dado Emquepozeraõ Suas maos OzPadres Fr.e Antonio Nunes deSouza Moradora na RuadeSam Joaõ Naõ lhes-
daCosta EFr.® Caetano JozeReligiozosde NossaSenhorado- Ouuio dizer O mes diaehoras Emque Sucedera o cazo por
Carmo queaSignaraõ Comodenunciante EcomoSenhor In­ Ref.da occasiaõ deSe achar adita Suamulher que
quizidor Vizitador OPadre Ignacio JozePastana Notário D.Theodora entaõ ainda Onaõ Era munto Enferma Sem
daVizita Oescrevi Ferr.a lhe aproveitarem Os remedios innumera-
deOliv.r»
(a) Giraldo JozedeAbranches Sogra veis que Selhetinhaõ aplicado,tendo Noticia
(a) Jose daCosta d o d.® ESendo atodos Notorio quehuma india
(a) Fr.® Cae.° Je chamadaSabina Entaõ Solteira Ehoje dizem Ser Cazada
Aindaque elle denunciante Concerteza onaõ Sabe nemCom-

170 171
quemSeacazo o he queSe dis Ser Natural doCertaõ foi es­ mesmo Governador Eentrando Comella Na Sala emmediata
craua deBento Guedes ja defunto temOuuido dizer que Aonde elle tinha aSuacama pedio amesma humafaca Ecom-
Den.da estaactual Mente Endegredo navila deCin- ellafez hum buraco naparede que Era detaipa depilãõ rebu­
Sabina tra tinhavirtude peradescobrir Eremediar çada Com cal E dodito buraco tirou hum pequeno Em­
n a os Males ocultos,amandou aditaSuaSogra brulho que mostraua Ser feito demuntos annos antes Oqual
vir decaza do dito Bento Guedes aSua para ver Sepodia Constaua devarios osinhos Eoutras Couzas que lhenaõ Lem-
remediar amolestia daditaSuafilha Emulher hoje delle de­ braõ dizendo aditaSabina que Aquelle Embrulho naõ fora
nunciante: Eque indo Com efeito Se Sentara Sobre a Cama ahi metido pera fazer mal aaquelle Gouernador masSim
epreguntando adoente o que tinha Logo que ella lhe res- aoutro que ja tinha Morrido quefora oGouernador Joze-
pondeo dicera = tu estas enfeitisada: Equem te enfeitisou daSerra = ELogo Entrando Conelle denunciante noquarto
foi huma tapuia que Aqui tens Encaza = Emandandose Emque odito Gouernador estaua doente depois defalar
vir AmesmaCaza as escrauas que entaõ Eraõ todas indias,- Comelle ede lhedizer quenaõ tinha Couza defeitisos mandou
Logo disse = he aquela = apontando perahumadellas: E des- uir hum fugareiro Combrazas Easendendo hum Caximbo
culpandose adita India ounegando que tal havia feito,adita deGeço quepedio aelle denunciante lheSoprou Comelle E 75
Sabina respondera = naõ estejas anegar: porque tu mesma fes fum o Emhumaperna Edandolhe Logo namesmahuma
has de tirar Oz feitisos donde oztens metido = Emandando esfregaçaõ Com as Maõs fes Sahir delia tres bixos vivos
abrir hum buraco de baixo daCama que Estaua EnCaza do tamanho dehum graõ debico Munto Moles Efacilmente
terrea, delle Se tirara hum embrulho queConstaua devarios Sedesfizeraõ Epagandose adita India Semandou Embora
Ossos,pennas^EspinhosJLagartinhos Espetados Eoutras mais ficando elle denunciante aSSimComo odito Gouernador
Couzas Eque damesmaforma aSsignalara namesma Caza Suspeitando do Mal dadita india porverem que ella ade-
outros Lugares,dos quais tirada a terra Sahiraõ Semelhan­ vinhaua oque Estaua oculto.
tes Embrulhos: Eavista delles Edacerteza,Com que adita Disse mais que hauera dezouto annos pouco mais Ou­
Sabina Ozfazia descobrir Confessara adita India daCaza menos Segundo tem Ouuido dizer por Varias Vezes as ditas
aquem naõ Sabe onome Eja he defunta que ella mesma Suas Sogra Emulher,Estando ellas aSistindo noSeo Sitio
Ref.do do Guama e com quasi todos ozSeos es-
74 os tinha metido naquelles Lugares ESeo Camarada que as d.as
declarauaSer odemonio Oquetudo Seruira denotaueladmi- crauos doentes deBexigas Mandaraõ pedir
m.«r aManoel deSouza dealcunha o Parà Seu-
raçaõ aSuaSograemulher pois viaõ, aCerteza Com que adit- eSogra
taSabina falaua aumentandose amesmaadmiraçaõ quando Compadre lhemandase algumaescraua para
Viraõ quepedindo aditaSabina hum fugareiro Combrasas aSistir aos doentes e que mandandolhe huma preta por
Lansando Sobre ellas certas folhas Emandando adita do­ nomeMaria Cazada Naõ Sabe Comquem hoje aSiste en
ente receber odefumadouro Eesfregandoa despois Eomes- caza dehum dos herdeiros do dito Parà depois de la estar
mos portodo OCorpo, delle fizera Sahir Vários bixos Vivos alguns dias adita escraua Maria Se entrara ainculcar deque
Como Lagartinho Eoutras Sevandijas: Eque pedindo Agoa- Sabia oque estaua oculto Eque SeoquiZem Sabe ellas ditas
benta, metendo nella amaõ fora Com os dedos dentro da Sua Sogra Emulher O mostraria Erespondendolhe as
boca dadoente Edella Extrahira hum Lagarto: mas que-
Den.da mesmas quenaõ queriaõ Saber nada adita-
Maria preta dissera = pois eu quero agora Saber
Semembargo detodo oreferido aditaSuamulher Naõ Con- preta" caza­
Seguio Milhorar Senaõ pellos exorcismos da Igreja que da,escrava, Como Esta Meu Marido = erecolhendose
adita india também Conselhou buscase: Oquetudo elle de­ q ’ foi pera humaCaza Escura,Logo se ouuio hum
nunciante declara Emnome daditaSua mulher.
deM.e* de Como teromoto que lhes cauzara grande
Souza o Medo Epavor Edepois delle Ouuiraõ vozes
Disse mais quehauera omesmo tempo dequinze annos Parã
poucomais Oumenos naõ Selembra do dia mes nemhoras desconhecidas falando humas ComasOutras
Estandoelle denunciante na caza aSeruisso de Joaõ deAbreu Ealgumas pancadas noteto daCaza: ESahindo atai Maria
Castelobranco que entaõ EraGovemador deste Estado ESe- depois dadita Cazaescura fora dizer asreferidasSuas Sogra
achaua doente de Cama tendo noticia dadita indiaSabina e Mulher que Sabia ja que Seomarido estauabom Econti-
Sem dizer Couzaalguma aodito Gouernador amandou cha­ nuando aconuersaçaõ disse mais que nos baxos da Tigioca
mar peradellaSaber Se Se tinhaõ feito alguns feitisos Ao- hauia entaõ naufragado hum Nauio Em oqual vinha hum-

172 173
Disse quenaõ escrupulicara nesta matéria Senaõ depois
Varaõ quehade Ser digo que havia deSer Marido dadita-
deOuuir oDictal queSepublicou pera estavisita
SuaSogra que SeachauaViuua nomesmo tempo Eque pele- ESendolhe Lida EstaSua denunciaçaõ Eporelle bem-
jandolhe esta EaditaSuamulherO dicendolhe quenaõ que- Ouuida Eentendida disse Estar escrita naverdade Eque-
riao Ouuir tais couzas nemque Sefizesem Semelhantes nellaSeaffirma E ractifica Etom a adizer denouo Sendo
76 estrondos EmSuacaza por parecerem CouZa do demonio neceSsario E naõ tem queacrescentar demenuir Mudar
pasados poucos dias Seuio Verificado Onaufragio do Na- Ouemmendar nemdenouoquedizer Aocustume Sob cargo do­
uio emque também Severeficou avinda do Varaõ queVeio juramento dosSantos Euangelhosqueoutraves lhefoi dado:
aCazar ComaditaSua Sogra Sendo huma Eoutracaaa atodos Ao que Estiueraõ prezentes porhonestas pesoas quetudo
oculta E esCondida OqueSenaõ podiaSaber depessoa al­ viraõ EOuuiraõ Eprometeraõ dizer verdade noque pregun-
guma naquellaparagem aondeSÓ chegou anoticia do nau­ tados forem Eguardar Segredo Sobcargo dojuramento dos­
frágio depois depasarem des dias munais: Comoque vieraõ Santos Euangelhos que lhefoi dado Emquepuzerao Suas-
a fazer Mao Conceito dadita preta Eque isto Era Oque maos OzPadres Fr.® Angélico deBarros EFr.® Caetano Joze
tmha peradenunciar EmSeo Nome edaditaSuamulher que Religiozos de NossaSenhoradoCarmo queaSSignarao Como-
por Suas Moléstias naõ podeuir aesta Meza Oquefaz por denunciante ESenhor Inquizidor Vizitador OPadre Ignacio
custumes deSuasConciencias Emais naõ disse nem dos- JozePastana Notário daVisita Oescreui
Perguntado Seadita indiaSabina Eaditapreta Maria tem (a) Giraldo Joze deAbranches
entendimento ouSaõ doudas ouSecustumaõ tomardebebidas (a) Domingos Roiz
Disse que enquanto aditaSabina sabe que ellatem bas- (a) Fr. Angélico deBarros
tante entendimento Enunca Ouvio dizer que ellaSe tomasse (a) Fr. Cae.no Je.
de bebidas. Enquanto apreta Maria nada pode dizer por-
queanao conhece. ^ Emandadoperafora odenunciante foraõ preguntados Oz­
Perguntado seSabe que humaeoutra fisesem mais veses Padres ractificantes Selhesparecia falaua verdadeemerecia
oque delias tem referido perante outras pessoas Disse que credito Epor elles foi dito que Sim lhes parecia efalaua
he nototio Econstante queadita Sabina Custuma fazer as- Emerecia credito etornaraõ aASSignar ComoSenhor Inqu -
adSaS° I a b f n T mesmas couzas diante de todas as pessoas zidor Vizitador OPadre Ignacio JozePastanaNotanodaVizita
tem feito as queachamaõ ESelembra pellaouvir dizer oescrevi
d.aa cousas Que as temfeito emcasa deAntonio Rodri- (a) Giraldo JozedeAbranches
. gues Martins Tizoureiro dosindios; Encasa (a) Fr. Angélico deBarros
deDomingos Rodrigues Lima que da casa deposto na Rua (a) Fr. Cae.no Je
de^amMatheus. Emcaza deManoel da CostaPerraõ Tizou­
reiro dos auzentes. Eda preta Maria nadamaisSabe.
Perguntado quetempo haconhese adita Sabina que opi­ Denunciaçaõ deLuduvina Ferr.a Mulher branca q’ fas
nião tem delia aSerca da Suacrensavidaecustumes. ConstançaMaciel
Disse aconhece havera quinze annos Eatem por huma
fina bruxa efeiticeira por quanto naõ tem virtudes para- Aosvintedois diasdomesdeoutubro demilsetecentos ses-
poder descobrir ascouzas ocultas E naõ tem sido bempro- sentaetres annos nacidadedo Para EHospicio de SamBoa-
cedida. ^ Ventura onde esta aMesa daVisita Estando nella oSenhor
Perguntado Seomoveo mais alguma couza afazer esta Inquisidor Giraldo JozedeAbranches visitador porparte do
denunciaçaõ ou afas porodio Ema vontade que tem asditas Santo Officio desteEstado mandouVir perante Si amima-
mdia e preta. mulher que da Sala pedio audiência esendopresente por-
Disse que Se a fas pordescargo deSuaconsciencia Eda- dizer apedira pera darConta de huns factos extraordinários
Suamulher por que lhenaõ tem odio. que presenciara pertencentes aoconhecimento doSanto Of­
77 ficio lhefoi dadoojuramento dosSantos Evangelhos Emque-
Perguntado que razaõ teve para naõ dar MaisSendo
estas denunciacoens. pos amaõ sob cargo doqual lhe mandou dizeraVerdade

174 175
Eter Segredo oque prometeo cumprir: ELogo disse Secha- fora Con adita doente aonde elladenunciante estaua Ejun-
mava Constança Maciel viuva de Manoel Thoma que foi tamente humafilha digo estaua Ejuntamente adita Dona-
cabo decannoas natural Emorador desta cidade naRua de Ref.do Margarida Suafilha ja defunta Ehum filho
----------- equeera christaõ velho com Sincoenta Enoue an­ Ignacio
Coelho
Seo Ignacio Coelho Brandaõ Cazado natu­
nos deidade Eque os factos que tinha paradenunciar Eraõ ral Emorador desta cidade junto aoRozario
osseguintes. dos pretos-Eoutros familiares daCaza es­
Que haviatrinta annos pouco mais ou menos naõ sabe cravos delia dequeja naõ tem Noticia Eahi alu z Mostrara
o dianem Ornes Seriáõ horas demeia noute achandose ella adita doente humaCabeça deCobra Com humapimenta na-
denunciante emcaza deDona Marianade Mesquita já defunta boca dizendo que ahi estauaõ ozfeitisos quelhetinhaõ feito
que Estava enferma E amandou chamar por Ser Sua amiga Ozquais tinhaõ hido buscar Oz Pagès ou demonios Com-
para lhe assistir naSua doença Eajudar aSua filha Dona quemtinha falado nacaza escura porque Seachauaõ postos
Den.da Ludo- Margarida que também ja he defunta ha- Eenterrados aointrar daporta da Rua. Edeclaraua que antes
vina Ferr.» vendo amesma doente mandado vir aSua dadita Luduuina ficar com odito indio Eaenferma asescuras
caza paravir selhe fazer alguma cura aLuduvina Ferreira Eatempo queaindanaditacasa havia Luz vio ella denunci- 80
mulher branca viuva duas veses naõ sabe o nome quetive- ante eas mais pessoas presentes queadita Luduvina tomara
raõ Seos maridos natural Emoradora desta cidade aope huacuia Epondoa com aboca pera o chaõ Ecom o fundo-
do Armazém dapolvora Logo que ella chegara Efalara com- pera oar, no alto deste fundo daCuia Colocara Maracà
adita enferma tomara paraSuacaza Semfazer couza alguma oucomposto dascousas aSima referidas, o qual Sem haver
Den.ao An- e que ja denuotevoltara outraves Levando cousa que aSustivese ficara aruorado emsima daditaCuia
tonino in- naSua companhia humindio chamado An- E desta forma Entrara porSi amouerse adita Cuia Como-
dio tonino naõ Sabe Sehe casado sesolteiro Maracà EnSima hindo de huma peraOutra parteaotom do
algum tempo foi escravo de Jeronimo Roberto quefoi bem Canto que ella fazia Eodito Indio ateque pormandado
conhecido hoje he Livre emtrabalho pello officio de OLeiro damesma fora tudo parar aSsim Como hia debaixo da
Etrabalha na OLaria deSam Joze tem ouvido dizer que Cama dainferma dizendo adita Luduuina que lhenaõ buli-
79 asiste navilla deCintra ESentada com o dito Indio junto sem eassim ficara: Edepois deSeter pasado todo oreferido
dadita enferma prepara logo hum taquari ou Sigaro da-
e dadita Luduuina Soter Comatnferma dadita Caza esCura
Casca dehum pao e metendolhe tabaco dentro dequando
Aindanellaficaraodito indio o qual retirada pera SuaCaza
enquando bebia ofumo etomando na maõ hum Maracà
ou chocalho digo hum Maracà que he hum Composto de adita Luduuina Sefora achar namesma Caza escura Como
huma frexinha e dehum Cabacinho espetado naponta delia Senarealidade estiuese Morto, EaSSim SeconSeruara ate-
oqual cabacinho Custumater dentro humaz Simentes Com- asOuto horas do dia Emque aenferma amandou chamar
que chocalha o cabacinho,Com elle Entrara achocalhar Outrauez aditaLuduuina para dizer OqueSehavia fazer da-
EaoSom que o chocalho faZia Cantara humas Cantigas quelle indio: Echegando ella aSendeo oSeo Sigaro ComeSou
que Senaõ entendiam aCompanhandoa noCanto o dito Indio achupar Eacospir Sobre o indio Ealansarlhe fumasas Ea-
e Mandando adita Luduuina retirar aLuz do quarto Emque tocar a Seo chocalho ELogo o indio Selevantou Como
estaua adita doente ficando nelle as escuras Com ella Ecom Senada tiuese tido: Oquetudo naforma referida prezenciara
odito Indio SeOuuiraõ defora Estrondos ebulha Noteto elladenunciante Ejuntamente aditadefunta Dona Margarida-
dacaza Enella huns Saltos Como dequem Vinha Saltando jadefunta ESeoIrmaõ o dito Ignacio Coelho Brandaõ filhos
do dito teto para adita Caza Ouuindose Nomesmo tempo dadita inferma, Eeste heviuuo Como tinha declarado. Edali
aSubios Mui finos e eleuados daparte defora Etocando apouco tempo Mandando adita Luduuina chamar aellade-
Sempre nodito Maracà SeOuuiraõ varias Vozes dentro das- nunciante Com instancias pera hir aSuaCaza nella Vio fazer
cazas digo dentro damesmaCaza Escura que perguntauaõ asmesmas diabruras que ate Agora tem dito Estando tam­
erespondiaõ Sem Se perceber Oque articulauaõ Sem Serem bém aSistindo aellas o dito indio Easfizeraõ as mesmas
asvozes dadita Luduuina porque avos desta Era Conhecida horas demeia noite na prezensa de Jacob Rodrigues edeSua
Eas Outras Vozes Eraõ roucas humas Eoutras finas Ede­ Irmã LuizadeJEsus ambos jadefuntos Etambem ajudou
pois deste «strondos eCantos Sahio adita Luduvina para- afaser asmesmas diabruras huma filha da dita Luduuina

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Den.aa chamada Ignacia entaõ Solteira hoje Ca- Eprometeraõ dizer uerdade noqueforem preguntados Guar-
Ignacla zada naõ Sabe Comquem natural e Mora-
darSegredo Sobcargo dojuramento dosSantos Euangelhos
p* a a doradestacidade nacompanhia dadita Sua
que lhefoi dado Emque puzeraõ Suasmaos OzPadres Fr.®
mai porquetambem Cantara OmesmoCanto
Jose Pinto e Fr.e Manoel deSam Joze Serra Religiosos
delia ododito indio eosacompanhara parahumquarto Sem
81 Luz emque Seforaõ meter. Doquetudo ella denunciante fi­ deNossaSenhora do Carmo queaSsignaraõ ComoSenhor In­
cara entendendo quetanto adita Luduuina Como areferida- quizidor Visitador Epella denunciante aSSigneu Eu deSeo
Suafilha Ignacia eo dito Indio Antonino tem familiaridade Consentimento por naõ Saber escreuuer OPadre Ignacio
Etrato Com odemonio.porcuja razaõ Ozdenuncia parades- JosePastna Notário daVisita Oescreui:
cargo eSucego deSuaConciencia Emais Naõ disse nemdos-
custumes (a) GiraldoJosedeAbranches
Perguntada Seasditos Luduuina Ignacia EAntonino Sam (a) Ignacio JosePastana
pesoas debom entendimento,oupellocontrario doudas ede- (a) Fr. Jose Pinto daFon.ca
zacizadas OuSecustumaõ tomar debebidas (a) Fr. Manoel de S. Jose Serra
Disse que asditas Luduuina eSuafilha Ignacia tem mun­
to bom entendimento Ejuizo Enaõ Custumaõ tomarse de Traslado Emandadopera fora adenunciante foraõ
bebidas; porem que odito Antonino alguasVezes Setoma extrahid«>e # preguntados Oz Padres Ractificantes Se­
delias de 1764 lhesparecia falauaUerdade Emerecia credito
Perguntada SeSabe que elles oualgumdelles denuncia­ Eporelles foi dito queSim lhesparecia queafalaua Edoque
dos fizesem asmesmas Couzas mais algumas vezes naSua- diseSelhepodia dar credito Etomaraõ aaSsignar ComoSe­
prezensa oudeOutras pesoas. nhor Inquizidor Visitador OPadre Ignacio JosePastana No­
Disse quenaõ tário daVisita Oescrevi.
Perguntada quanto tempo hà temConhecimento das
ditas Luduuina,Ignacia edodito Antonino que Opiniaõ tem (a) GiraldoJosedeAbranches
dellesaSercadeSuacrensa Vidaecustumes Disse que amais (a) Fr. Jose Pinto doFon.ca
detrinta Annos osconhese e depois quelhesVio asSuas in- (a) Fr. Manoelde S. Jose Serra
vençoens que tem declarado denenhumtem boa Opiniaõ
aSercadaSuaCrensa nem dozSeos procedimentos porque
SempreOuuio Murmurar delias ouaõterembom Apresentaçaõ daindia Domingas Gomesdaresurreicaõ
PerguntadaSeomoveo Maisalguma cauza afaZer esta
denunciaçaõ OuSe a fas porOdio E maVontade quetenha AosVinteSinco dias domesde Outubro demileSettecen-
aozditos Luduuina Ignacia EAntonino Disse queSoamoueo tosSeSsenta etres Annos na CidadedoPara EHospicio de-
o dezejo dedescarregarSua Conciencia porque anenhum SamBoa Ventura onde esta aMeza daVisita Estando Nelle- 83
delles tem odio nem MaVontade. OSenhorlnquizidor Giraldo JozedeAbranches Vizitador des-
Perguntada que razaõ teue peranaõ dar mais Sedo teEstado porparte do Santo officio Mandouvir perante Si
Estadenunciaçaõ Disse que amuntos annos adera; mas naõ ahumaindia quedaSalapedio Audiência eSendo ahi pordizer
vira procedimento algum paraseconhecer dos referidos fac­ a pedira paraConfessar Culpas que tinha Commetido per­
tos Enaõ quis deixar deotraves oz denunciar para deSi tencentes aoConhecimento doSanto Officio lhe foidado
Lansar todo O escrupulo. Ojuramento dosSantosEuangelhosemqueposSuaMaõ Sobcar­
82 ESendolhelida EstaSuadenunciacaõ Eporellabem ouui- go doquallhe foi Mandado dizerverdadeeterSegredo Oque­
daeentendida disse estar Escrita nauerdade, que nella Se- tudo prometeo cumprir: ELogo disse SechamauaDomingas
affirma Eratifica etorna adiser denouoSendo neceSsario Gomesda Resurreiçaõ MaMeluca Solteira filha Natural de
Enaõ tem que acrescentar demenuir mudar Ou Em mendar Ignacio Gomes homembranco Ede Leucadia india jadefun-
nemdenouoquediser aocustume Sobcargo dojuramento do- tos algumdia foi escraua deMaria deBarros CazadaCom-
Santos Euangelhos que Outra ves lhe foi dado aoqueestiue- Francisco Vieira natural daVilla deCameta Emoradora desta
raõ prezentes porhonestas pesoas que tudoViraõ Eouuiraõ Cidade EncazadeAntonio deFreitas Cabo deCannoas naRua
178 179
dapraia quevai para Santo Antonio teraMais deSescenta ta Maria deBarros Eficando namesma ella Confitente ahi
Annosdeidade. Visitar hum frade leigo deSam Bento EanSinara a fazer
Foi admoestada quepoistomaua tamtoom ConSelho Co­ a cura dema Olhado que Ella Olha aprendera Ecustumara-
mo odeSeaprezentar nesta Meza dasculpas quetem Comme- faser naformaSeguinte Pondo os doos primeiros dedos en­
tido lheconuem munto trazelas amemoria perafazerdellas forma deCruz forMando Outracrus Com osmesmosdedos
huma inteira euerdadeiraConfissaõ eSelhefas aSaber que Sobre a Cara do doente dizia JEsus Christo te Lindrou: 85
EstaObrigada adeclarar Meudamente todaz asSuasCulpas Comestas palauras formaua humaCrus: Logo outra Comes-
ComSuas aggrauantes circunstancias Naõ asencarecendo tas: JEsusChristo tecriou: ELogo concluia dizendo JEsus-
nemdesculpando porqueSolheconuem dizer averdade pura- Christo tedis olha quem demal te olhou. E rezauva Padre
eSincera Mente SemLevantar aSi nemAOutrem testemunho Nosso eAve Maria aplicados na mesmaforma queaSima
falso paradescargodeSuaConciencia Saluaçaõ deSuaalma E- dechaua dito.
Seobomdespacho: Ao que respondeo quediria Somente
Disse Mais que adita Sua Senhora Maria deBarros
auerdade aqual Era. noreferido tempo lheenSinara também acurar o ar dosOlhos
Quehauerá Mais detrinta annos Sendo ellaConfitente
Oque ellaconfitente aprendeo Emuntas vezes praticara E
rapariga EaSistindo com aditaSuaSenhora Maria deBarros
era naforma Seguinte = Postos Ozdoos dedos Enforma-
jadefunta navilla do Cametta poOccaziaõ dadita SuaSenhora deCrus Ebem encostados aoz olhos quetinhaõ ar disia:
84 ter recebido oCordaõ deSamFrancisco Elheprohibirem Os-
ASsim Como isto heverdade que esta nos Santos Evange­
comfessores que ellacontinuasse enfaser Curas dequebranto
lhos,testamento dafe, aSSim Curaime esteolho que esta
Erizipela Edor deOlhos chamara aellaConfitente. Elheim
debaixo destaCruz: ELogo Comosmesmos dedos fazia tres-
Sinou Omodo Easpalavras Comque havia defazer as mesmas
curas. Oquetudo ellaconfitente aprendera poresteensino E- cruzes dizendo naprimeira: JESus Seja contigo: naSegunda:
aspraticara desde aditto tempo ate apoucosdias quando JESus Seja Contigo: Ena treceira asmesmas palauras:re-
fasia asditas Coisas do quebranto naformaSeguinte Dous zando PadreNosso Aue Maria aplicando Como aSima. Eque
olhos Maos tederaõ, Comtres te heide tirar queSem as de todasestas curasaSima declaradas tinha ellaconfitente
tres Pessoas daSantiSsima Trindade PadreFilho Spirito Uzado eSemintender queobrauamal ESomente poucostem-
Santo Eacompanhando asditas palauras Comcousas quefasia pos ha Entrou aconciderar que nellaspodia haver alguma-
Comamaõ Sobre apesoa quebrantada eresaua hum Padre couza deSuprestiçaõ Eque poriSo asuinhaConfessar a re-
Nosso eAve Maria a Paixaõ eMortedeNossoSenhor JEsus pendida deasterpraticado Epedia perdaõ Equecomella Se-
Christo pellasalmas maisneceSsitadasdofogodo Purgatório. uzedemizericordia.
Ea curadaErizipela pelo Modo Seguinte = Pegaseem huma- Foilhedito quetomou munto bomconSelho EmSeapre-
faca Edasecomelladdostoques Em cruz Sobre aparte enfer- zentar Voluntária Mente eprincipiar aconfissaõ nestaMeza
madizendo: Rosa branca Contente. ELogo fasia Outros doos asSuasculpas elhe Conuem munto trazelas amemoria para
toques Comafaca dizendo = Rosa negra Corto-te = ELogo aCabar defazer humainteira euerdadeira Confissão delias
Outros doos diZendo = Roza encarnada corto-te = ELogo declarando auerdadeira tençaõ ComqueCometeo asquetem
Outros doos diZendo Roza espungiozaCorto-te E Concluia Confesado peradescargodeSua Conciencia eSaluacaõ deSua­
dizendo Requeiro-te daparte deDeos EdaVirgem Maria Se alma -Emerecer amiZericordia queaSantaMadrelgreja Se-
tu es fogo Saluage, ou Erizipela naõ maltratas a creatura custuma Conceder aozbons Everdadeiros Confitentes. Epor-
deDeos: rezava outro PadreAveMaria aplicando estas Ora- tom ar adizer quenaõ era demais lembrado foi Outravez
çoens na forma aSima. Eados olhos fazia Nestaforma = admoestado Enforma Emandada perafora Eque Senaõ au- 86
Meu Senhor JEsus Christo aSim CoMoasvosas preciozas- sente desta cidade SemExpressa Licensa destaMesa eSala-
doqualnaõ xhagas foraão Sans aSalvas aSsim Seja- daqual vem todas asveses digo todos osdias naõ feriados
tiue Mais Semesta criatura destador deOlhos quelhe- das sette he as onzehoras damanhaã athe findar aSuacauza
Noticia
nem deComo
naõ aporteme ESejaSan Erezaua Padre oque ella prometeo cumprir Sob cargo dejuramento dos
Sechama- Nosso eAve Maria aplicandonaformaaSima. Santos Evangelhos queparaisso lhefoi dado. Esendo lheLida
ua Disse Mais quehauera o mesmo tempo de estaSuaconfissaõ Eporella ouvida eentendida disse Estava
trintaAnnos na Mesmavilla doCameta Sendo Jafaleçida adi­ escrita naverdade Eassignado oSenhor Inquisidor Visitador
180 181
Traslado Eporella EuNotario declaro comSentimen- dacaza Emque ella estaua appareceraõ danSando aoSom
contrahido
Em l5 deDe-
to pom aõ Saber escrever oPadre Ignacio das ditas Cantigas trez pretinhos ou diabretes que Solaraõ
zembro del763 JozePastana Notário davisita Oescrevi. doCanto damesmacaza Eque lhes fora preguntado porpa-
lauras que ellanaõ persebera Oquelhesparecera Eadita dona
Geraldo JosedeAbranches Izabel queria Saber: Oque ozditos pretinhos respondiaõ
Ignacio JosePastana Sem ella oz perceber Eque depois disto dezapareceraõ
ficando adita AnnaBazilia Notauel Mente aSustada doque-
tinha visto,Oque Logo fora Contar aella denunciante Eas
Denunciaçaõ quefez Josepha Coelho m.er deAnt.” Gomes ditas Luiza de Souza EJoanna da Gaia,Concluindo,que ja-
da D. Isabel AdaS.a Sabia que aquelle EraOmeio poronde adita dona IZabel
Sabia tudo OqueSepasaua porque tinha familiaridade Etra-
Aosvinte Seis dias domesdeOutubro de mil sete centos tamento ComosdeMonios:Eque Eravos Constante Epublica
e sessenta etres annos nacidade do Para e Hospicio deSam NestaCidade Eprincipal Mente pellaVizinhansa da dona
Boaventura onde EstaaMeza do Santo Officio onde digo IZabel.deque ella tinha Comercio,ecoMunicacaõ Comhuns
EstandonestaoSenhor Inquisidor Giraldo Jose deAbranches Xerimbabos ou demonios Eque por esta via Sabia tudo
Visitador Deste Estado porparte doSanto officio mandou Oque queria Saber Eque por descargo deSuaConsiencia
virperante Si ahuma mulher que daSallapedio audiência faZia esta denuncia por entender que aiSo Era obrigada
ESendo ahi por dizer apedira para denunciar OqueSabia depois deOuuir o Edital que Sepublicou nestavizita Emais 88
Setinha feito contra aNosa Santa Fé Cattolica lhe foi dado naõ disse nemdo custume.
ojuramento dosSantosEvangelhos Emquepos Sua maõ Sob­
Perguntada Seadita Izabel tem bom entendimento ou
cargo doqual lhefoimandado dizer verdadeeter Segredo
hedouda Edesacizada ou Secustuma tomar devinho ou
oquetudo prometeo cumprir ELogo dise chamarse Josepha
deoutras bebidas.
Coelho casada com Antonio Gomes quevivedaSua agencia
natural Emorador desta cidade naRua da Atalaya Eque Disse queella he bem entendida Enada tem de douda
era X.V. de idade dequarenta annos pouco mais oumenos porem tem ouvido dizer quealgumas veses Setoma de
Eque Oque tinha paradenunciar Eraoseguinte: bebidas masnaõ que perdede todo ojuizo.
87 Que havera des annos pouco mais Oumenos Estando Perguntada Souvio amais algua pesoa que adita Anna
R.da ella emSua Caza Ejuntamente Luiza de­ Basilia, que areferida dona Izabel tivesse mais digo tivese
Luiza Souza Cazada Com Onofre da Gaia Carpin­ oufisese vir aSua presença osditos Xirimbabos oudiabretes.
deSouza
R.da teiro EJoannadaGaia Cazada ComAntonio Disse queotem ouvido amais pesoas mas quese naõ
Joana Joze deMorais Soldado daCompanhia do- Lembra quemSejaõ.
daGaya Capitam Domingos daSilua Pinheiro aSis- Perguntada ha digo Perguntada que tempo ha conhece
tente actual Mente namesmacazadella deNunciante ahi en­ adita dona Izabel que opiniaõ tem delia aserca de Sua
trara AnnaBazilia mosabranca Solteira naõ Sabe dequem
crensa vidaecustumes.
R.AnnaBa- he filha Natural doMaranhaõ Emoradora
zUia desta cidade naRua queSeSegue adeSanto Disse que aconhece desde queSentindo Eque naõ tem-
Antonio en Caza daRozinha poresteNome bemConhecida dellaboa opiniaõ por ver que naõ vai amissa nem ouve
Eestando todas quatro juntas adita AnnaBazilia Contara rezar EmSua casa aindaque procede bem Enaõ tem nota
R.da que aSistindo ella enCaza dadona IZabel Em outras matérias.
D.Izabel Maria daSilua Cazada Como Capitaõ Do­ Perguntada Seamoveo mais algumacouza afaser esta
Maria
daSilua mingos daSiluaPinheiro daGuamisaõ desta denunciaçaõ ou Sea faz por odio ouma vontade que tinha
Prasa Natural Emoradora desta cidade vira adita dona Izabel.
hua ves naõ Selembra Selhedisse era dedia oude Noute Disse que So amoveo querer cumprir com aSua obri-
adita dona Izabel chamar porcantigas eque Logo nomeio gaçaõ Elhenaõ tem odio nem mavontade.
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ESendo lhe Lido Seotestemunho Edenunciaçaõ Epor hè aclara ea gema delle fazendo humacruz ao Lansar dodito
Treslado ellabem ouvido. Eentendido disse estar ovo no referido Copo rezando hum Padre Nosso Ehnma
extrahldo escrito na verdade eassignei oNotario de- AveMaria aodito Santo peraque mostrase o que havia
Em 12 de Suceder atai ouqual pessoa que se nomease: Eque apren­
Dezembro Seuconcentimento porella naõ Saber escre­
de 1763 ver comoSenhor Inquisidor Visitador o dendo ella confitente Este modo defazer aditaSorte, afisera
Padre Ignacio JosePastana Notário o escrevi. Ehausara Entres annos Sucecivos nodito dia deSam Joaõ
os quais annos foraõ doos noEstado deSolteira, e hum-
Giraldo Jose deAbranches Sendoja casada: Sendo aSorte do primeiro anno paraSaber
Ignacio JosePastana que estado havia tomar hum estudante naõ SeLembra
doSeo nome nem dos deSeu pai Emai moravaõ naRua
dasMerces: Econeffeito Lansando ellaconfitente aSorte na-
Apresentaçaõ de Isabel M.a form a aSima dita lheapareceo afugura dehuma Igreja E-
dentro delia hum altar Emque Serepresentava humSacer-
89 Aozvinte enouedias domes deOutubro demil Sette cen­ dote para dizer missa revestido com doos aolitos também
tos SeSentaetrez annos nacidade do Parà EHospicio de- revestidos: O que ella confitente vio clara Eespecificamente
SamBoa Ventura onde Esta aMeza daVisita Estando nella Ejuntamente amai do dito Estudante ja defunta quepera-
oSenhor Inquizidor Giraldo JozedeAbranches Visitador des- adita Sorte Seachou So com ellaconfitente Eninguem mais.
teEstado porparte doSanto O fficio mandouvir perante Si Sendo asorte do Segundo anno para Saber Sehuma moça
ahuma mulher queda Sala pedira Audiência eSendo pre­ aquem naõ Sabe Onome nem dequem Era filha que mora­
zente pordizer apedira peraconfessar Culpas pertencentes vaõ na rua do Limoeiro Saõ defuntos pais efilha havia
aoconhecimento doSanto O fficio lhe foi dadoOjuramento decasar comhomem mazombo ou comhomem que viese do
dosSantosEuangelhosemque posSuaMaõ Sobcargo doqual lhe reino: Elansando ella confitente aSorte lheapareceo hum
foi mandado dizer verdade Eter Segredo Oquetudo pro- Navio que clara mente vio Eadita moça que Estavaõ Sos
meteo Cumprir Elogo disse chamarse Izabel Maria da donde veio aSaber queella havia decazar com homem do
Silua CazadaComocapitaõ DomingosdaSilua doRegimento Reino, oque assim Sucedeo. Esendo aSorte do terceiro
desta Prasa natural Emoradora nestacidade naRuadeSam anno para saber Se outra chamada Nazaria parda filha
Joaõ Equeera Christan Velha deSincoentaeSinco annos deMaria parda e de pai incognito moradora na Villa de
pouCo maisOumenos Bragansa ouvio dizer ellaconfitente amuitos annos que foi
Foi admoestada quepois tomaua taõ bom ConSelho degradada naõ Sabe porordem dequem, havia de cazar com
Como o deSeaprezentar nestaMeza dasculpas quetem. Com- homem do Reino, ou da Terra:
metido lheconuem Munto trazelas todas Amemoria para- EComo nocopo Senaõ Vio Nauio veio ellaconfitente 91
fazer delias huma inteira everdadeira Confisaõ ESelhefas aSaber que ella havia decazar Com homem daTerra,Como
aSaber que estaObrigada adeclarar miuda Mente todas narealidade Sucedeo, aSSim Como Sucedeo naSorte do
asSuas Culpas ConSuas Aggrauantes circunstancias ESem Segundo anno,Como jadeclarou,EnaSorte doprimeiro veri-
asencarecer nem disculpar porque So lheconuem dizer ficandose Ser Sacerdote oreferido Estudante: Eque isto
averdade pura ESincera Mente SemLevantar aSi nem aou- Era ódeque tinha peraSeacuzar, Sendo que deixou deCon-
trem testeMunhofalso para descargo deSuaConsciencia Sal- tinuar asobeseruacoens dadita Sorte; porque Seu Marido
uaçaõ deSuaalma ESeubomdespacho: Aoque respondeo que- areprehendeo aspera Mente Logo que Soube que as fazia
So auerdade diria aqual Era. ella Confitente,Aqual deaster feito nasditas trez Vezes Es-
Que hauera annos deque Senaõ Lembra ESomente que tamunto arependida,pede perdaõ,Eque Conella Seuze deMi-
aindaSeachaua Solteira Vio ahumaMulher branca naõ lhe- zericordia.
lembra Como Se chamaua EraViuua Natural destacidade
90 Moradora naRua dos Merecimentos annos ha ha defunta Foilhe dito quetomou munto bomConselho EmSeapre-
faser humaSorte chamada deSam Joaõ aqual consistia Em zentar Voluntária Mente Eprincipiar aConfesar nestaMeza-
encher humCopo deVidro com agoa danoute do dito Santo asSuasculpas elheconuem Munto trazelas todas aMemoria
ELansar dentro no mesmo Copo humovo quebrado isto parafazer delias huMainteira Everdadeira Confisaõ,decla-

185
184
rando auerdadeira tençaõ ComqueCommeteo asque tem que So aSSim desencaregaraSua Consciência ESaluara Sua-
Confesado pera descargo deSua Consciência Saluaçaõ de- alma:
Suaalma Emerecer amizericordia que aSanta Madre Igreja + Efazendo o contrario + aogrande Castigo
SoCustuma Conceder aozbons everdadeiros Confitentes E- Se arisca quenoSanto officio + aosque nelle disem
portornar adizer quenaõ Era demais Lembrada foi Outra + falsamente: Aoque respondeo queSomente
Sedà
ves admoestadaenforma,Emandadaperafora,Equedestacidade- Vinha dizer auerdade aqual Era Quehauera
Senaõ Auzente Sem ExpresaLicença destaMeza aSaladaqual- Noueannos poucomais Oumemos noSitio doRio Marim
Virá todos Ozdias naõ feriados das Sette horas ate asonze Marim Emque elle Confitente aSistia Seachou ComMarcela
damanhaã ate Sefindar aSuaCauza Oque ellaprometeo Cum­ indiaSolteira jadefunta naõ Sabe Onome dos pais Epor 93
prir Sobcargo dojuramento dosSantosEuangelhos quepera- occasiaõ deandar com ella contrato elicito apersuadiro elle
iSo lhefoi dado: ESendolhe lida EstaSuaconfisaõ Eporella confitente aque consentise que com ella commetese one-
bemOuuidaeentendida disse estaua escrita nauerdade Eeu fando pecado de sodomia o que ella consentira depois de
Notário aSSignei por elladeSeo Cocentimento porriaõ Saber ter feito grande repugnância: e tendo a da Sua cama com
escreuer ComoSenhor Inquizidor Vizitador OPadre Ignacio as costas para sima elle comfitente apenetrou comseo
JozePastana Notário daVizita Oescreui. membro viril introduzindo o noseu vazo prepostero aonde
naõ seminou mas fora naõ se lembra digo mas fora delle,
traslado (a) Giraldo JozedeAbranches edentro do Vazo natural: Enesta occasiaõ naõ pasaraõ
Extraído
E m 15
(a) Ignacio JozePastana mais porém passados alguns tempos mas dos quais senaõ
de Dezembro lembra muito com eteo outravez com a mesma india Mar­
del763 cela adita culpa estando ella endiversa pusitura isto he
com as costas nacama, enaõ seminou dentro do vazo pre­
postero mas sim no natural: Enaõ se lembra que comella
92 Apresentação deFilipe Iacob Batalha tivesse mais outros actos semelhantes.
Disse mais quehouvera dois annos naõ tem lembrança
Aosvinte Enoue diasdomesdeOutubro demilSetecentos do mes nem do dia noseu sitio do Rio Caracara dallha
SeSentaetres annos nacidade doPara EHospicio deSam Boa- doMarajó seachou Com Feleciana de Lira Barros mulher
ventura onde estaaMesa daVisita Estando nellaoSenhor branca Viuva de Gregorio Ferreira daSilva que viveu daSua
Inquisidor Giraldo Jose deAbranches Visitador deste Es­ Agencia natural emoradoradestacidade naRuado Pacinho e-
tado por parte do Santo Officio mandou Vir perante Si por occaziaõ deotentar Comella odemonio EstandoSo com
ahum homem que daSala pedira audiência ESendo prezente ella apersuadira aque consentise nomesmo peccado nefan­
pordizer apedira peraconfessar Culpas pertencentes aoco- do: Ao que ella repugnara porem finalmente Viera acon-
nhecimento doSanto Officio lhe foi dado Ojuramento do- sentir Eglos digo aconsentir Encostandoa naõ Selembra-
Santos Euangelhosem queposSuaMãõ Sobcargodoqual lhe­ sobre que eficando ellacomascostas paraelleconfitente Ihe-
foi mandado diser Verdade eter Segredo Oquetudo prome- meteo oseu membro pello vazo prepostero delia naõ dera-
teo Cumprir. ELogo disse chamarse Filipe Iacob Batalha mando dentro delle massim fora nochaõ: Enaõ pasaraõ
Viuuo de Margarida Victoria declara queVive daSua Rossa ali mais; porem dahi algum tempo naõ se lembra dequanto
quetem nallhadeMarajo natural Emorador destacidade na foi, repugnando também amesma repetira o mesmo acto
Rua do Pacinho Edisse Ser Christaõ Velho detrinta edoos naõ seminando dentro mas sim fora. Equantas eraõ as
annosdeidade Eque asculpas deque Seaprezentaua Eque suas culpas das quais esta munto arependido eastem Sa­
queria Confesar nestaMesa Eraõ deSodomia Emque cahira cramentalmente confesado epede delias perdaõ equecom-
porSuaMiseria Efragilidade. elle uze de Misericórdia. Emais naõ disse nemdocostume.
Foi adMoestado, quepois tomaua tambom ConselhoCo- Foi lhe dito quetomou bom conselho EmSeaprezentar 94
m o odeSevir aprezentar das referidas culpas lhe Conuem Voluntária Mente nestaMeza Eprincipiar aconfesar Suas
munto traselas todas amemoria Edizer Somente apura- culpas, Eque lheconuem munto examinar bemSuaConsci-
Verdade declarando Miudamente todas SuasCircunstancias ensia Etrazelas todas amemoria paraquelembrandolhe al-
naõ pondoSobreSi nemSobre outro testemunho falso por- gumaCousa Mais aVenhadeclarar delias ESelheaduerte que-
186 187
deueconsiderar Munto na tropezadetaõ abominável Vicio Apresentaçaõ de Feliciana deLyra
Epeccado dequetanto Seofende aMagestade Diuina pera-
delle fugir Eonaõ tornar acoMeter Apartandose deccom- Aos trinta eumdiasdomes de Outubro de milsette cen­
panhias Epraticas que o podem obrigar AiSo. Eque porhora tos sesenta etrez annos nacidade doPará e Hospício deSan-
Senaõ Sahira destacidade Semordem ExpressadestaMesa Boaventura onde Esta aMeza davisita Estando nella oSenhor
aSala daqual viratodos Ozdias Naõ feriados dasSette ate Inquizidor Giraldo JozedeAbranches Visitador por parte
asOnzehoras damanhã Eque Mudandose dacazaAondevive doSanto Officio desteEstado mandouvir perante Si áhnnrm
Vira dar Conta NestaMeza: Oque aSSim prom eteo Cumprir mulher quedaSala pedio audiência esendo prezente pordizer
Sendo Outraves admoestado Enforma Emandadoperafora. apedira paraSeaprezentar desculpas cujo conhecimento per-
E Sendolhe Lida Estacofiçaõ Eporelle Ouuida Eentendida tenceaoSanto Officio a confesar nesta Meza asmesmas que
dise estaua escripta Nauerdade Equenella Seafirma Erati- eraõ deSodomia.lhe foi dado ojuramento dos Santos Evan­
fica Etoma adizer denouo Sendo neceSsario Enellanaõ tem gelhos emque por Sua maõ sob cargo daqual lhe foi man­
que acrescentar demenuir Mudar Ouemmendar nemdenouo dado dizer verdade Eguardar segredo aquetudo prometeo
quedizer aocustume Sobcargo d o j u r a m e n t o dosSantos cumprir.ELogo disse chamarse FelicianadeLira Barros.Viu-
Euangelhos queOutraves lhefoi dado Aoqueestiueraõ pre­ va deGregorio Pereira daSilva queviveo dasua Agencia na­
zentes porhonestas peSsoas quetudo Viraõ EOuuiraõ Epro- tural emoradora destacidade naRuado Pacinho edisse Ser
meteraõ dizer Uerdade Noque forempreguntados eguardar Christã Velha detrinta e Seisannos deidade. 96
Segredo OPadres Fr.e Angélico deBarros e Pr.® Caetano Foi adMoestado quepois tomaua tam bom conselho
Jose Religiosos deNossaSenhora doCarmo que aSignaraõ Como odeSeaprezentar nestaMeza dasculpas quetem Com-
Com elle confitente EoSenhor Inquisidor Visitador OPadre metido lhe conuem Munto traselas todas amemoria pera-
Ignacio JosePastana Notário daVisitaOescrevi. faser delias huma inteira EVerdadeira Confissão ESelhe-
fasa Saber questa Obrigada adeclaralas Miudamente Con-
(a) Giraldo JosedeAbranches
todas asSuas aggrauantes circunstancias, dizendo Somente
(a) Fr Felippeda --------------- ApuraVerdade Sem im por Sobre Si nem SobreOutrem tes­
(a) Fr. Angélico deBarros
temunho falso paradescargo de SuaConsciencia ESaluaçaõ
(a) Fr. Caet.® J.® deSuaalma, porque fazendo o contrario Searisca aogrande
EMandadopera fora aoconfitente foraõ preguntados Os Castigo quenoSanto Officio Seda Aoquedizem falsamente:
Padres ractificantes Selhes parecia fala uauerdade Emere­ Aoque respondeo queSomente diria auerdade Aqual era.
cia credito Eporelles foi dito queSim lhesparecia quealaua Quehaueradoos Annos pouco mais OuMenos noSitio
Emerecia credito noquedizia Etomaraõ aaSsignar Com deFelipe Iacob Batalha Viuuo deMargaridaVictoria deLira
95 oSenhor Inquisidor Visitador Opadre Ignacio JosePastana- Natural digo deLira na IlhadoMarajo Natural Emorador
NotariodaVisita Oescrevi a/Giraldo JosedeAbranches a) Fr. destacidade naditaRua doPocinho a horas queja EraNoute
Angélico deBarros Seachou Com elle, Eestando ambos Sos Empe Emhuma-
(a) Fr.Cat.® J.e Varanda das caZas dodito Sitio elle dito Filipe Jacob Ba­
talha entrou apersuadir aella Confitente peraque ConSen-
Credito tise quecom ella Commetese onefando peccado deSodomia,
Enaõ obstante repugnar ella, eresistir quanto lhefoi posiuel,
Ignacio JosePastana Notário destaVizita que escrevi
elle ultimamente oveio aconSeguir pondo ellaConfitente
aconfissaõ deFelipeJacobBatalha nella contheuda Certifico
asSuas Maõs Sobre osSeosjuelhos, EVirando para elle
disermeoSenhor Inquizidor Giraldo JosedeAbranches lheda-
ascostas, Edestaforma lheintroduziu odito Filipe Jacob
vaCredito dito Ordinário eomesmo lhe dou euNotario deque
Batalha OSeo MembroViril dentro doVazo prepostero del-
pasei aprezente amandado do dito Senhor Inquizidor com
laConfitente; porem naõ Seminou dentro delle MasSim fora
quem assginei. Sem Ser no Vazo Natural: Enessa occasiaõ naõ pasaraõ
Parà, 29 deOutubrodel763
Mais. Porem haueraSinco Mezes poucomais Oumenos nesta­
(a) Giraldo Josede Abranches cidade Enacaza delia Confitente Seraõ nouehoras danoute
(a) Ignacio JozePastana Seachou ellaconfitente Comodito Fellipe JacobBatalha na 97
188 189
suacama eporoccasiaõ de Actos Lacivos quetiveraõ ella credito Eporelles foi dito queSim lhes parecia que afalava
outra vez atentou paraque ouvese de consentir nas mesmas Eque aSuaconfisaõ So podia dar credito Etomaraõ aassig-
culpas erepugnando ellaconfitente,elle enfim aveio aconse- nar com o Senhor Inquisidor visitador oPadre Ignacio Jose­
guir .estando ellaconfitente deitada de ilharga comas costas Pastana Notário da visita aescrevi.
para elle deste modo apenetrou com oseumembro viril pelo
vazo prepostero dellaconfitente,porem, dentro delle Lansa- Giraldo Jose deAbranches
raOSemen mas sim fora emparte que ellanaõ vio porser Fr. Manoel daS. Jose Serra
denoute enaõ haverLuz passaraõ mais.E Estas eraõ assuas Fr. Ayres Severino da Con.°a°
culpas asquais tinha commetido porser grande asua fra­
gilidade Mizeria edeos ter Commetido Estamunto arepen- Credito
dida pede perdaõ eque com ella seuze demisericordia
emaisnaõ disse nem docustume. Traslado Ignacio Jose Pastana Notário desta visita
Foi lhe dito tomou muinto comconselho emseapresen- extra-/hido
que escrevi aconfissaõ deFeliciana deLyra
tar nestaMeza voluntariamente eprincipiar nellaaconfesar Em 14 deDe/
zembro de Barros nellacomthendo certifico diserme o
suasculpas Elheconuem munto trazelas todas amemoria 1763 Senhor Inquizidor Giraldo Jose de Abran-
paraacabar defaser delias huma enteira everdadeira confis­ ches lhe dava Credito ordinário, Eomesmo lhedoueu Notá­
são paradescargadaSua consciência eSalvaçaõ deSuaAlma: rio emfe de que passei apresente demandado dodito Senhor
Eportom ar adizer que naõ era demais Lembrada foi outra- Inquisidor Comquem assignei. Para 31 de outubro de 1763.
vez admoestada conform e comandada jura fara equedesta-
cidade senaõ auzentaseSem expressa Licença destaMeza Giraldo Josede Abranches
aSala daqual vira todasasvezes quefor chamada atesefindar Ignacio Jose Pastana
asuacauza E que tudo prometeo cumprir debaixo dojura­
mento dosSantos Evangelhos que, paraiso lhefoi dado.
Esendolhelida esta Suaconfisaõ eporella bem ouvida een- Denunciaçaõ quefaz Nicolao Joze dehumpreta Suaescrava
tendida disse Estaescrita naverdade EquenellaSe afirmou por nome Joanna
Eratifica etornaadizer denouosendo necescario Enellanaõ
nem que acrescentar demenuir mudar Ouemmendar nem Aos vinte eoyto diasdomesde Novembro demil sette
denovo quedizer aocustume Sobcargo domesmo juramento centos sesenta e tres annos nacidade do Pará e Hospício
dosSantosEvangelhos queoutra vezlhe foi dado: Aoquesti- de Saõ Boaventura ondeesta a Mesa da visita Estando nella
98 veraõ presentes porhonestas eReligiosas pessoas que tudo- oSenhor Inquisidor Giraldo JozedeAbranches Visitador por
viraõ eouviraõ E prometerão dizer verdade doque pregun- parte do Santo Officio deste Estado mandou vir perante
tados forem GuardarSegredo Sob cargo dojuramento dos­ Si a hum homem que da Sala pedio audiência esendo
SantosEvangelhos Emquepuseraõ Suas maõs osPadres Fr. prezente pordizer apedira para denunciar de hum facto
Manoel de SamJoseSerraeFr.eAyres Severino daConceiçãõ cujo conhecimento pertence ao Santo Officio lhefoi dado
ReligiosasdeNossaSenhora doCarmo queassignaraõ Como- o juramento dos Santos Evangelhos emque pos sua maõ
Senhor Inquizidor Visitador Eu Notário assignei por ella sob cargo daqual lhe foi mandado dizer verdade eter Se­
confitente deSeo consentimento pom aõ Saber Escrever gredo Equetudo prometeo cumprir. ELogo disse chamarse
oPadre Ignacio José PastanaNotario da visita oescrevi. Gonsalo Joze da Costa casado comMaria Rozaque vive do
seo Engenho eLavoura natural da Villa das Caídas da
Giraldo JosedeAbranches Rainha Patriarcado deLisboa e morador desta cidade que-
Ignacio JosePastana disse ser de quarenta eoyto annos deidade eque oquetinha
Fr. Manoel daV. Jose Serra jurado numerar era oseguinte.
Fr. Ayres Severino da Con.cao Conhecera mez emeyo naõ se Lembra do dia certo
nemdas horas tendo elle denunciante no Seu Engenho de-
Emandadapera fora aconfitente foraõ perguntados os Nossa Senhora da Agua deLupe entre osseos familiares
Padres ratificantes Se lhes parecia faLaua verdadeemerecia huma india chamada Phelypa cazada com oindio por nome
190
Renouato sesentira digo Renovato eachandose esta repen­ PadreCura Logo perguntou adita india oquelhedohia eres-
tina e grave mente enferma lansando dabocaabundancia de pondendo ella que a cabeça lhe mandou faser hum acto
100 sangue aforsa detoce quetambem repentina Mente lhedeo, decontriçaõ ebenzendoa com aspalauras da Igreja Logo
lheinquerio elle denunciante Como lhetinha dado a dita ficou Livre das dores,dizendo que todas se lhetinhaõ pas­
infermidade Ao que ella respondeo que naõ Sabia Como sado para obeiçodesima direyturado nariz,efazendolhe as-
Nem lhedoya Couza alguma Eprocurando ella oz remedios mesmas bencans nesta parte do nariz ficou aLiviada dizendo
dabotica, Aindaque aos receber parecia Melhor foi Sem lhe que selhetinhaõ passado parahum braco e fazendolhe,-
duraçaõ porque Continuou EnLansar Omesmo Sangue ate nelle as mesmas bencans, lhepassaraõ as dores para huma
que passados quinzedias pouco mais ouMenos Se Suspen- perna,ebenzendo ultimamente com preceito ademonio para-
deo oSangue Epassou aoutras Moléstias Como foraõ Con­ quenaõ perseguisse adita india ficou esta ultimamente Livre
tinuas dores de cabeça, febre Easdores inSufriveis nas detodas asdores com o Senunca tivesse enfermidadealguma.-
palmas das maos Eplantas dos pes: E aplicando selhe Eperguntando namesmaoccasiaõ odito Padre Cura areferida
algumas pargas AoMesmo tempo queparecia tinha Milho- preta aonde tinha posto o comque tinha sebeneficiado adita
ras Com ellas empiorauaLogo Oexperimentaua Novas Mo­ India, ella lhefoi Mostrar dous Lugares, Aonde CaVandose 102
léstias Como Eraõ toce Continua inxasos Epolmoens pella- Seacharaõ dous embrulhos Comquantida de de Raizes que-
Cabeça quebramento Edebelidade dosbrassos Sufucamentos ella disse ter ahi enterrado; porem Semembargo disse adita
deCoraçaõ Sem que fisecem efeito algum os remedios que india So por espassode oyto dias EsteueboaeSaã Epassados
Selheaplicavaõ: doque desconfiando elle denunciante por- delles tornou arecair namesmaforma Enaõ tem Melhoras
lheparecer Couzademaleficios quetenhaõ dado a dita índia Senaõ porbeneficio daspalauras Santas dalgreja. Eque Co­
aexaminou perguntandolhe Sealguem lhetinha dado alguma mo adita preta Era tida Ehauida porfeiticeyra deSorte que
Couza aComer que lhepudesse cauzar Aquelle damno: Ao- ate oSeo proprio Marido disse aelle denunciante que atinha
que a dita india respondeo quenaõ Sabia porem que nada apanhado afaser Semelhantes abelidades elle denunciante
antes do Emque ella principiou aLansar Sanguepella boca amandouprender naCadeya publica destacidade, onde aesta
huma preta Escrauadelle Mesmo denunciante chamada Sustentando Eaofrece pera SeprocederCom ella Como de-
Joanna crioula cazada Comopreto Francisco aSistente No- Direito for .Eque peradescargo deSuaConsciencia daua esta
mesmo Engenho lhetinha dado aComer huns peyxes Corados denunciaçaõ Emais Naõ disse, nemdoCustume. Mais doque-
Eque desconfiaua deque naquelles peyxes lhe desse alguma tem dito deSerSenhor daditapreta EellaSuaescraua Pergun­
Couza ma pella razaõ delhediser Aindia chamadaFe que tado Setem aditapreta por pessoa dejuizo perfeito oupello
adita preta tinha dito que hauia detirala dopoder delle Contrari0 por douda Edezacizada Se Secustuma tomarde-
denunciante EdeSua Mulher por que So aella Mostrauaõ bebidas. Disse que aditapreta tembastante juizo Enaõ he
dezacizada nem Secustuma tomardebebidas.
101 agrado Einclinaçaõ: Eindo elle denunciante comesta noticia
a examinar adita preta ella lheconfessou que eracerto ter Perguntado Sequando adita preta lheconfessou Eao
dado a dita india huma raizes chamadas Tajàs reladas, Padre Cura ascouzas quetem referido lhefes algums Amea-
edifarsadas nocomer,porém que lhenaõ tinha dado comani- sas oudeo algum Castigo peraque ella Ouuesse deconfessar.
mo delhefazer mal mas somente para assim de ella lhe- Disse queaditapreta ja naquelle tempo Estaua preza
querer bem e facendo lhe elle denunciante oreparo deque porSelevantar Comhumafaca ContraSua Senhora, Eporesa
as raizes por si só naõ deveraõ de facer tanto mal,e que razaõ So elledenunciante lhe disse que Seconfessase auer-
dicesse o que mais tinha feito adita india a referida preta dade hauia Soltala Sem que aameasase, oulhemetese medo
lherespondeo.quenada mais lhe feito exepto fazer huma porModo algum. EporConta dadita promessa Equeella de­
clarou tudo tendoo até entaõ negado. jq3
grande quantidade decruzes pella sua própria cabeça brasos
epostado ocorpo juntantando algumas palavras que lhenao Perguntado aSe examinou elle denunciante as raizes
qyjg dizer .O que ouvindo elle denunciante mandou chamar que Sedesenteraraõ, Eauerigoou, sellas alli foraõ muitas
ao Cura da Freguezia deSanta Anna Pároco da familia do porobra demaõs ou naturalmente creadas.
dito Engenho paraque viese benzer adita india ever sepro- Disse que muito bem oexaminou, he certo que naõ
cediam as suas moléstias demaleficios,echegando odito forao creadas noLugar emque estavaõ enterradas.

192 193
Perguntado Seconhecia que raizes Eraõ ede que Erva
ou arvores ou alguma das pesoas que aveio. Inquisidor Visitador oPadre Ignacio Joze-
Disse que nem elle denunciante nem alguma das outras daVisita oescrevi. 105
pessoas oconheceraõ.
Perguntado quepessoa mais y tavaõ prezentes coando a) Giraldo José deAbranches
adita preta confessou oque tem dito destes. Fr. Manoel deS. Joze Serra
Disse que estava prezente Seolrmaõ Francisco da Costa Fr. Caet.°
Thobhias Ribeyro odito Cura deSantaAnna o Padre Domin­
gos de Souza amulher delle denunciante oindio Renovato
marido daditaindia evarias pretas daSua familia. De nunciaçaõ que faz o Cap.am J.e Doz da S.a Pinher.0
de Joze Felizardo
Perguntado quantos annos há tem conhecimento dadita
preta Emque opiniaõ tem aserca da SuaCrensa verdadeira­
Aosnouvedias domezdeFevereyro demil Sette centos Se­
mente. senta equatro annos nestacidade do Pará Collegio delia
Disse quehavera annoemeyo que acomprou, Edesde en­ onde estava aMeza da Visita, Estando nella oSenhor Giraldo
taõ aconhece, Eaopiniaõ que tem deSua Crensa he indife­ Jozede Abranches Visitador por parte do Santo Officio
rente porqueSo Sabe que ella naõ tem munto boas en­ desteEstado mandou vir perante Si ahum homem queda-
tranhas Eamigo defazer E dizer mal. Sala pedio audiência esendopresente pordizer apedira para
104 Perguntado Somoueo maisalguma Couzaadar Estade- denunciar nestaMesa culpas pertencentes ao Conhecimento
nunciaçaõ ou ada porOdio Ema Vontade quetem adita do Santo Officio lhefoi dado ojuramento dosSantos Evan­
preta. gelhos emqueporSuamaõ sob cargo doqual lhefoi mandado
Disse que naõ tem Outro Motiuo mais do que o decla­ dizer verdade eter Segredo Equetudo prometeo cumprir:
rado porquanto lhenaõ temOdio nem Ma Vontade. ELogo dissechamarse Domingos daSilva Pinheyro capitaõ
ESendo lhe lida estaSuadenunciaçaõ Eporelle bem delnfantaria do Regimento desta Praça cazado com Dona
Ouuiva eentendida disse estarescrita nauerdade Enella Se- Izabel Maria da Sylva natural Emorador destacidade Eque
afirma Eratifica Etom a adiserdenouo Sendo NeceSsario era XV daidade desesenta Ecinco annos Eque oquetinha-
Enella naõ tem queacrescentar demenuir Mudar Ouemendar paradenunciar Era OSeguinte:
nemquediser denouo aocustume Sob cargo dojuramento Que havia noveannos pouco mais oumenos que reco-
doSantosEuangelhos que Outraves lhe foi dado Aoque Es- lhendose do destacamento da Praca deSam JosedoMacapá
tiueraõ prezentes porhonestaspessoasquetudo viraõ Eouui- para estacidade Vários Soldados, entraraõ afazer publico
raõ eprometeraõ dizer Verdade noque forem preguntados nesta dita cidade que Joze Felizardo, quetambem foi sol­
OsPadres Fr. Manoel deSam Joze SerraeFr. Caetano Joze dado nesta Praça, Ehojehe payizano Edizem Esta actual
Religiosos deNossa SenhoradoCarmo doscalsa dosqueaSsi- mente morador na Fazenda deManoel Pereyra Manjalegoas
naraõ ComoSenhorlnquisidor Visitador Ecomodenunciante no Ryo Capy sendo com o nestacidade he Legitima mente
OPadre Ignacio JozePastana Notário daVisita Oescrevi. casado nesta cidade Em algreja do Rozario daCampina
com FLorencia mameluca do Servisso de Ponciano Dias
(a) Giraldo JozedeAbranches Coutinho Enamesmacaza aindahoje Moradora, ainda que 106
(a) GonçalloJoséda Costa elle denunciante naõ prezenciou esteCazamento, eSomente
(a) Fr. Manoel de S. Jose Serra Sabe deSciencia infalivel que Comeffeito o celebrou Ehf»
(a) Fr. Caet.° J.e Notorio Emtoda estacidade: achandose nadita Praça de-
Macapa Naõ temCerteza Se estaua aindaComo Soldado
Traslado Emandadoperafora odenunciante foraõ pre­ ouNaõ Mas tem por Mais prouauel que aindaOestaua Sendo,
extrahido guntados OsPadres ratificantes Selhespare- por Seachar Em peccaminozo trato Com huma India aquem
em 13 de cia falauaVerdade Emerecia credito Epor- Naõ Sabe Onome ouuio dizer que Omesmo JoseFelizardo
Fev.ro de
1764 elles foy dito queSim lhesparecia quefa- atrousera do Sertaõ, Sendo obrigado alargala para Se eui-
lauauerdade enoque dizia Merecia Credito Etomaraõ aaSSi- tarem as offenças quecom ella fasia aDeos, dissera, que
Com ella queria Cazar = Ecom effeito SendoComo ainda he
194
actual mente Viva adita Florencia Sua LigitimaMulher teme­ porque serecebera com adita India: ou que algumas pessoas
rária Mente serecebeo na Matris da dita Praca deMacapa mais saibaõ doSegundo casamento.
perante oParoco Etestemunhas poucos tempos antes que- Disse quequando elle denunciante chamoa ao ditto Joze
Viesem osditos Soldados, que deraõ estanoticia, dosquais Felizardo para lhepreguntar pelo casamento que tinha feito
Nem elle testemunha esta lembrado, Nem que lhe dicessem com alndia naõ estavaõ mais pessoas presentes: Eque do
quem fora oParoco, que orecebeo, Nem quais foraõ astes- segundo casamento Sao innumeráveis as pessoas que o
temunhas que aSsistiraõ aorecebimento: porem que este Sabem,porem as quepodem falar com clareza namateria,
fosse Certo ja Ninguém oduuidaua nestacidade entermos Saõ odito Porciano Dias Coutinho Easpessoas deSuacazá
que Vindo aella haueraSette Annos pouco mais, ou Menos Eavisinhança.
o dito JoseFelizardo, EpaSando pellaporta delle testemunha Perguntado Se omoveo mais alguma couza afazer Esta
teue occasiaõ de ochamar, pera O pé de Seo quintal Eper- deunciacaõ.ouseafaz por odio Emavontade quelhetenha.
guntandolhe ahi Como tinha Cahido Em cazar Outraves
quando tinha Viva Sua LigittimaMulher, elle lherespondera Disse que lhe naõ tinha odio nem maVontade eSelhe- 108
bastante Mente emvergonhado, ocorrido que Serecebera mouia oZelo da Religiaõ EaVontade do Seoproximo. ESen-
Comadita India porlhedizerem que ouadeschase, ou Caza- dolhe LidaEsta Suadenunciaçaõ Eporellebem Ouuida een-
SeCom ella Eque por anaõ querer Largar, arecebera = E- tendida disse estaua escrita nauerdade Eque nella Seaffir-
Como tem Constado aelle testemunha que odito Ponciano ma Eratifica Etoroa adiser denouo Sendo NeceSsario E-
Dias Coutinho Comquem aSsiste aligítima mulher dodito nella Naõ tem queacrescentar demenuir Mudar ouemmen-
JoseFelizardo, tem aueriguado as Completas Noticias do- dar nem denouo que diser aocustume debaixo dojuramento
Segundo recebimento, este mesmo Ponciano poderá falar- dosSantosEuangelhos que outra ueslhe foi dado Aoque
delle Com Mais individuaçaõ. Equeisto Eraoqutinha para- esteveraõ preSentes porhonestas eReligiosas pessoas que-
denunciar nestaMeza Aoque o Moueo Ver que tendo elle tudoViraõ Eouuiraõ Eprometeraõ diser Verdade Noque
mesmo denunciante dada ja Esta denuncia haueraCinco perguntados forem Eguardar Segredo Sob Cargo dojura­
Annos perante oCommiSsario do Santo Officio Joaõ Ro- mento dos SantosEuangelhos Emque pozeraõ SuasMaõs
107 drigues Arcediago desta Séja falescido, ate Apresente naõ OsPadres Joaquim Ignacio Betancur ao PadreManoel Ro­
precentira que disto Se tomase conhecimento continuando drigues aquelleViceReytor doSiminario Este Beneficiado
o denunciado aviver com a dita India Em actual offença naSantaSe queaSSinaraõ Com o denunciante oSenhor In­
de Deos edo Sacramento do Matrimonio Emais naõ disse quisidor Visitador OPadre Ignacio JozePastana Notário
nemdocustume. daVisita Oescrevi:
Perguntado Seodito Joze Felizardo tem entendimento (a) Giraldo JosedeAbranches
Ejuizo, ousido contrario he doudo e desacisado. (a) Domingos daSyluaPinh.»
Disse que elle tem Ojuizo quelhebasta para distinguir (a) Joaq.m Ig.»° deBettencurt
obem domai Enunca elle testemunha lheconheceo falta (a) ManoelRodrigues
delle. Emandado perafora odenunciante foraõ perguntados
Perguntado que tempo há que acontece Eque opiniaõ OsPadres ractificantes Selhesparecia falauauerdade Emere-
tem delle aSerca daSua crença Vida ecustumes. Trasiado cia credito oSeo juramento Eporellesfoi dito
extrahido
Disse que aconhece hacerca trinta annos Eque,naõ a 15 deFevr.o que Sim lhesparecia que odenunciante fa­
tinha delle Ma opiniaõ exepto depoisque casou segunda de 1764 laua uerdade Eoquedizia Selhepodiadarcre-
vez porque antes naõ naõ era tido por mal procedido ,nem- dito Etornaraõ aaSsinar Como Senhor In­
por pessoa demãos custumes, aindaque Sempre andava quisidor Visitador OPadrelgnacio Joze Pastana Notário
de reza,comsuamulher daqual Sepertendeo desquitar porem daVisitaOescreui.
ouveio elle testemunha dizer que onaõ chegaraaconseguir. (a) Giraldo JosedeAbranches
Perguntado Seestavaõ alguma pessoa mais presentes (a) Joaq. Ig.no deBettencurt
quando odito Joze Felizardo disse a elle denunciante acausa (a) ManoelRodrigues
196 197
109 Apresentaçaõ Econfissaõ de Dionisio daAffons.a soas dafamilia delia = Que os diabos oleuasem ja para os
Clérigo Tonsurado infernos = porque janaõ EsperauaSaude, EqueDeos oSe-
pultase também nos infernos porque desesperou daSua-
Aos sette dias domezde Abril demilSette Centos sesenta Mizericordia, pois estando daquella Sortede NadaSeruia
Equatro annos nestacidade do Pará eCollegio delia onde Neste Mundo, aranhandose pelacabeça Epuxandose pellos
esta Mesa daVisita, Estando nella osenhor Inquisidor Gi­ proprios Cabelos = Oquetudo ouuindo asditas peSsoas,
raldo Jose deAbranches Visitador porpartedoSanto Officio reprehenderaõ aelleConfitente Eelle lhetornou adizer queja
deste Estado Mandou vir perante Si ahum esfiídante que naõ esperauaSaude porque anaõ Merecia aDeoz, Eamesma-
daSala pedio Audiência esendopresente pordizer apedira desconfiança teue daMizericordia deDeos porVarias uezes-
paraconfessar culpas pertencentes aoconhecimento doSanto Mas no decurso dadita doença.
Officio lhe foi dado Ojuramento dosSantos Evangelhos Disse Mais que hauera Omesmo tempo pouco Mais-
Emque pos Suamaõ Sob cargodo qual lhe foi Mandado Oumenos Nomesmolugar deVigia naCaza daditaSuathia
dizer verdade eterSegredo Equetudo prometeo cumprir ConuerSando Com Francisco daCosta Barboza queuiue
ELogo disse chamarse Dionizio de Affonseca Clérigo Ton­ daSuafazenda Morador damesmaVilla, ECom asditasSuas
surado filho Legitimo deCosme deAffonseca que viu e de- thias, Eoutras Varias peSsoas dequenaõ temlembrança to­
Sua Rossa e de Catherina de Nazarethe ja defunta natural das dadita Villa diSse por Varias Vezes, que elle Confitente
daVilla daVigia deste Bispado Emorador nestacidade na- reparaua, que Deos NossoSenhor Castigaua aalguns por
caza ecompanhia do Conego Manoel Narciso dos Anjos humaculpa So Enaõ Castigaua aOutras quetinhaõ innume-
EqueheSolteyro quevive deser capellaõ na Se desta cidade raveis Culpas Ealguns destes por hum acto decontriçaõ 111
eSer X.V. devinte Eseis annos deidade. quefariaõ na hora deSuamorte de deSalvacaõ,e que alguns
Foi admoestado que pois tomava taõ bom conselho dos Outros tendo ouvido bem humaculpa So Seperdiaõ:
Como odeseapresentar noSanto Officio doqual por quetem Eaomesmo tempo que elleconfitente praticava externa Men­
Comettido Elheconvem muito trazelas todas amemoria para te estes discursus interior mente tinha Deos algumas vezes
fazer delias huma inteyra everdadeyra confissão: Elhefa- por injusto,Equando menos ficava duvidozo Se era justo,ou
zem aSaber que esta Obrigado adecLaralas todas Miuda- injusto: Erespondendo asditas pessoas algumas vezes que
mente com todas as Suascircunstancias agravantes Sem tudo eraõ altos e incomprehensiveis juisos deDeos ellecon­
asencarecer nemdesculpar porque o dizer Somente a ver­ fitente Seachava Conhecendo queassim Era: Equeestas eraõ
dade pura eSincera SemLevantar aSi ou aoutrem teste­ asSuas culpas asquais cometteo porfragilidadeSua porSever
munho falso he oque lheconvem paradescargo deSua Cons­ com areferida Moléstia portantos tempos diLatada Eque
ciência Salvaçaõ deSua alma ESeu bom despacho:Ao que- destes comettido,E pronunciado diante dasditas pessoas,-
110 respondeo queSo averdadediria,a qual era: Que hauera estava muito arependido Epede perdaõ EquecomelleSeuze
quatro Mezes pouco Mais ouMenos Naõ Serecorda dodia de Misericórdia. Foi lhe dito quetomou muito bomconselho
Seriaõ dez horas do tal dia achandose elle Confitente Em- En Se apresentar voLuntariamente nestaMesa eprincipiar
casa daSuatia Escolástica deSouzaSolteyra filha deManoel aconfessar assuasculpas elheconvem muito trazelas todas
Gonsalves Panasco EdeMaria deSouzaja defuntos natural amemoria para acabar defazer delias huma inteyra Ever­
Emoradora daVilla daVigia Opprimido dehuma graue edi- dadeyra confissão decLarando attencaõ Everdadeyra que-
latada doença que lheduraua hauia já hum Anno Com- tiveramco metter osquetem confessado,paradescargo deSua
febre Continua, Ehuma activa dor que dascostas lhepasaua consciência eSalvacaõ deSuaalma Emerecer amizericordia
aopeyto, Emuitas vezes ao Coraçaõ, Edesconfiando ja de- queaSantaMadre Igreja Socustumaconceder aosbonse ver-
tornar ater Saude pela de utumidade dasMolesteas, quazi dadeyros confittentes. Eportornar adizer quenaõ erademais
entermos de dezesperaçaõ pronuncio diante dadita Suatia, Lembrado foi Outraves admoestado emforma Emandado
Ededuas Irmans delias etias delleConfitente chamadas para fora,EquenaÕ SaisedestacidadeSem Licença Expressa-
Thereza deSouza Cazada digo diante daditaSua thia Ede- desta Mesa, aSala daqual vira todososdias naõ sendo feriado
Outra Irmaã damesma chamada Thereza deSouza Mulher das Sette horas Eas onze damanhaã ate Se findar a Sua-
deJoaõ DuarteRayol, que entaõ Seachaua devizita Emcaza- cauza O que prometeo cumprir Sobcargodejuramento dos­
daditaSua thia EsColastica deSouza, edeOutras Mais peS- Santos Evangelhos quepera isso lhe foi dado. ESendo lhe-

198 199
Lida estaSuaconfissaõ Eporelle bemOuuida E ntendida d g e Emorador, Este achando noLeme So comelle confitente
estava Escritanauerdade nauerdade EaSi- porterem osmais desviados eremando lhe ensinou huma
112 Traslado que chamava Orasaõ deSam Marcus, que dizia ser efficaz
extrahido nou ComoSenhor Inquisidor Visitador OPa-
a 4 de Mayo- dre Ignacio JosePastana Notário daVisita para atrahir as mulheres avontade dequem uzase dadita
de 1764
Oescrevi. Oraçaõ tendo fe nella^Emovido elle confitente dodeezejo
deconseguir este depravado fim aprendeuLogo namesma
a) GiraldoJosedeAbranches cannoa as palauras de que se compunha achamada oraçaõ
a) Dionizio da Fon.ca que eraõ asseguintes = Sam Marcus,pela arvore devina tres
calis conSagrados,OEspirito Santo teconfirme porestes teos
olhos Emterra de Lambis assim meu Sam Marcus briozo,-
Apresentação eConfissaõ de Manoel JozedaMaya Sou pedra de Diamante,Joyas de Ouro para osteos olhos,-
assim com o digo assim tal fulana abrandate com o Manso
Aos noue dias domez deAbril demil Sette centos Se- cordeyro digo abranda te rico plantor ocoraçaõ deTouro
Senta Equatro annos nestacidade do Para eCollegio della- bravo abrandate fulana pela Arvore Epela Cruz = Eomesmo
Ondeesta aMesa da Visita esta do nellaO Senhor I^ u isid or Indio acrescentou que depois das ditas palauras havia de
Giraldo JozedeAbranches Visitador por parte JoSanto Offi- rezar hum Padre Nosso EhumaAveMaria em Louvor deSam
cio deste Estado Mandou Vir perante Si ahum homem Marcus :EqueLogo conseguintemente havia dedizer outra
auedaSala pedio Audiência ESendo presente pordizer ape- oraçaõ aCrus.que também lha enSinou,Eelle confitente
dira pera ConfeSsar Culpas quetinha Cometido pertenCen- Aprendeo ehe daforma Seguinte = fulana jurote poresta 114
tes AoSanto Officio lhefoi dado OjuramentodosSantos crus que teo Sangue Sera embebido que Naõ poderás
Euangelhos Emquepos Sua Mao Sob Cargo do qual lh Comer Nem beber Nem Socegar Sem que tu venhas faliar
foi Mandado dizer Uerdade eter Segredo Qquetudo pro- Commigo = dizendolheodito Indio que quando diceSse
mptpn cumnrir. ELogo DiSse chamarse Manoel Jose da- estas palauras acrus hauia deformar nochaõ Com o pe
Maya Solteyro filho depais incógnitos Natural daV illa da esquerdo huma figura, em form a deCrus. Epizala Com
Vigia Soldado destaPraça daCompanhia doCapitao Antonio omesmope esquerdo olhando nomesmo tempo pera o Ar,
fnfante Regimento deMendonça Morador ao pe dos quartéis Eque no tempo Em que diceSse estas ultimas palauras
, e S e is deVinte + annosdeidade Foi admoestado que falaõ com acrus Naõ hauia deter ComSigo Couza al­
que pois tomaua tambom Conselho Como oDeseapreSentar guma deDeos Nem rezado nesse dia asOraçoens que tivese
noSanto Officio daculpas quetem Cometido Elheconuem pordevoçaõ rezar para poder experimentar oeffeito das-
Muito trazelas amemoria parafazer delias huma mteyra ditas palauras. Eque perSuadido elle Confitente deste ensino
EUerdadeyra Confissão delias Elhe fazem aSaber quees que lhefes oreferido Indio, Comeffeito praticou EUzou das-
obrigado adeclaralas todas Miuda Mente Com Suas Cer- ditas palauras porVarias Vezes ainda que Somente Emduas
cunstancias Sem asencarecer Nem disculpar porque odizer experimentou oeffeito por que dizendoas, efazendo aquela-
Somente auerdade pura eSincera Sem Leuantar aSi nem crus, que tem declarado paraofim deconseguir huma Certa
113 Í Sutrem testemunho falso paradescargo daSua conscien- Mulher Cazada, Eoutra Viuua Comeffeito as ueyo aconSe-
1 ciaeSalvaçaõ de Sua alma ebom despacho da Sua cauza guir aSentando ComSigo que histo lheSucedera por Uirtude
aoque respondeo queSo diria averdade aqual era Que dasditas palauras Eaccoens. Eque tendo lhetambem dito
havera tres annos emeyo pouco mais ou menos indo elle odito Indio, quenaõ Contase a Ninguém Oquelhehauia en-
confitente Embarcado pera allha do Marajó Sahindo da Senado porSer tudo Caso que Se hauia de denunciar aSanta
Villa das Vigias Sua Patria na Cannoa do Gado de que Inquisição, elle Confitente Naõ attendera aisto, ECahira
era Cabo Ehindo namesma Cannoa Ecompanhia delle con­ nas referidas Mizerias, as quais detalforma Selheforaõ fa­
fitente O Indio Atanasio Solteyro tera mais detrinta annos zendo Uergonhozas, que nem oosSeos ConfiSsores as dezia
naõ sabe os nomes deSeos pais he criado Eda administra­ Epela mesma razaõ Senaõ ConfeSsaua aMeudo Como tinha
ra* de Antonio JosedeMacedo Lavrador cazado nao Sabe porcustume, MasSomente deanno aanno por preceyto da-
onome damulher he morador no Ryo do Mojuim Freguesia quaresma: atheque ajudado deDeos Eiluminado pelo Espi­
dadita Villa daVigia domde também odito Indio he natural rito Santo Se resolueo Agora adetestar Eabominar tudo

200 201
Oque tinha feito, para porSua ConSciencia Em Sucego, e Selhepodia dar Credito e tomaraõ a aSsi-
nar ComoSenhor Inquisidor Visitador O-
Sua alma Emestado deSaluaçaõ para fazer huma ConfiSsaõ a 16 deAbril
Padre Ignacio Jose Pastana Notário da­
bem feita. Eque estas eraõ asSuas Culpas das quais Se- del764
apresentaua nesta Mesa, arependido detodo ocoracaõ de- Visita Oescrevi.
aster Cometido, Edellas pede perdaõ Equecomelle Seuze
a) Giraldo JosedeAbranches
deMizericordia EMaisNaõ diSe Nem docustume Foi lhedito a) ManoelRodrigues
115 quetomou muito bom conselho EmSe apresentar nestaMesa a) AntonioFelizde Araújo
Eprincipiar voluntária mente aconfessar Suas culpas Elhe
convém muito traselas todas amemoria para saber defaser
delias huma enteyra Everdadeyra confissão Edeclarar aver- Denunciaçaõ q fazRaymundo Jose Bithencurt
dadeyra tensaõ comque cometteo as que tem confessado
paradescargo deSua consciência eSalvaçaõ deSuaalma E- Aosdose diasdomez domezdeAbril demil Settecentos
merecer aMisericordia que aSanta Madre Igreja So custuma SeSenta Equatro Annos nestacidade do Para EmoCollegio
conceder aos bons.e verdadeyros Confitentes: Eportom ar dellaonde esta aMesa da Visita EstandonellaoSenhor Inqui­
adizer quenaõ Era de Mais Lembrado foi outravez admo­ sidor Giraldo JosedeAbranches Visitador porparte do San-
estado emforma Emandado para fora eque se naõ auzente toOfficio desteEstado MandouUir peranteSi hum homem
destacidade Sem expressa Licença desta Mesa,aSala da qual quedaSalla pedio Audiência eSendo preSente pordizer ape-
vira todos os dias naõ feriados das Sette horas atheas onze dira peradenunciar dehum facto Cujo Conhecimento per-
da manhaã athesefindar aSuacauza, oque elle prometeo tenceaoSanto Oficio lhefoi dadoOjuramento dosSantosEuan-
cumprir Sobcargo dojuramento dosSantosEvangelhosque gelhos Emque posSuamaõ Sob cargo doqual lhe foi Man­
paraisso lhe foi dado. dado dizer UerdadeeterSegredo Oque prometeo Cumprir:
Esendo lheLida estaSua confissão Eporelle ouvida Een- ELogo diSse chamarsse Raymundo Jose Bitancurt Cazado
tendida disse Estaua estavaescritaaVerdade Eque nella Se- ComDonaMaria JoZepha deBrittos Natural daFreguezia da-
affirma Erattifica Etorna adizer denouo Sendonecessàrio Se dacidade deAngra Emorador nacidade naVilladeBeja
enella naõ tem queacrescentar demenuir mudar ou emen­ deste Bispado Noemprego deDiretor dos índios damesma
dar nem de novo quedizer aocustume Sobcargo dojura­ Villa Eque era XV. daidade detrinta ehum annos Eque
mento dosSantos Evangelhos que outra vez lhefoi dado Ofacto quetinha peradenunciar Era oSeguinte
aoqueestiveraõ presentes porhonestas E Religiosas pessoas Equehauera quinzedias pouco mais oumenos nofim de-
quetudo viraõ Eouviraõ Eprometeraõ dizer verdade No- Março, ouprincipio do corrente Mes deAbril naVilla deBeja
queforem perguntadas Eguardar Segredo Sobcargo doju­ ECaza delle denunciante tendo elle emSua Caza ahum
ramento dos Santos Evangelhos que lhes foi dado Emque índio chamadoLaZaro Vieyra Casado Com alndia Maria na
puseraõ Suas maõs OPadre Manoel Rodrigues Beneficiado ----------- . Sabedonde henatural odito índio ESo que foi da- 117
da SantaSe EEscrivaõ Camara Eclesiástica Eo Padre An­ administraçaõ dosReligiosos deNossa Senhora do Carmo
tonio Telles deAraujo Escrivaõ do Auditorio Eclesiástico Vindo delle desconfiança Ealguma SuspeitaMas amulher
que assinaraõ ComoSenhor Inquisidor Visitador Econfi- delle denunciante DonaMaria Josepha de Brissos, Estando
tente OPadre Ignacio JozePastana Notário daVisita Oescrevi. fora decaza odito índio ESuamulher foi acaza emque elle-
custuma assitir ESabendo que lhe dera Aguardarhum cai-
(a) Giraldo Jose de Abranches chote Emque tinha asSuas Couzas,o abrio,Eachando dentro
(a) Manuel José da Maya delle hum embrulho Logo foi ter com elle denunciante,-
(a) Manoel Rodrigues emostrando lhe Entraraõ ambos aver oque era, Eacharaõ
(a) Antonio Telles de Ar--------- huma Hóstia dobrada Emquatro partes embrulhada Em-
hnm papel deLetra redonda com Letras Vermelhas epretas
116 EMandado perafora oconfitente foraõ perguntadosOs- que mostrava ser doBreviario ESobre esta folha huma capa
Padres ractificantes Selhesparecia falaua Uerdade Emerecia depapel pardo Eporfora digo pardo ELogo acharaõ nomes-
Credito; Eporellesfoi dito que lhesparecia a fallaua Eque moembrulho Sette bocadinhos de pedra do tamanho de

203
202
botoins pequeninos,Etudo isto que continha oditto Embru­ Couzas: ESendo mais miudamente perguntado declarou
lho Estava ultimamente Coberto com huma capa de pape- quetambem tinha dado asmesmas Couzas aodito índio
laõ.e Emvolto em hum pedaço de tafeta encarnado: Efa- Lazaro Vieyra Eao índio Mathias que também aSsiste
zendo elle denunciante Eadita Sua mulher Mao juizo do nacaza delledenunciante he Solteyro Naõ Sabe dequem he
dito embrulho,o tomaraõ apor nomesmo caichote para que filho nem dondenatural terauinte dous annos; porem que
naõ desconfiase odito índio quando Serecolhesse para casa: Aeste dera Somente dos pedaços dapedraSem hóstia; Eque
Eindo a ella nodia Seguinte o Padre Vericimo José Giraldes também tinha dado damesma pedra ahum rapas índio filho
Vigário damesma Villa, Ejuntamente O Padre Luiz Fran­ MaisVelho do índio Joaõ Lourenço doqual filho lhenaõ
cisco Monteyro morador destacidade lhes mostrou elle Lembra O nome nem da may tera quinze annos. Esendo
denunciante o dito Embrulho que foi buscar aodito caixote perguntado Setinha em Se pedir alguma Couza Mais dadita-
e vendo os ditos Padres Logo diceraõ que osditos sette pedra guardada EmSuacaza ou atrasia comSigo Eres- 119
padacinhos depedra Eraõ sem duvida de pedra de Ara pondendo quenaõ,Sem Embargo disse elle denunciante
Eguardando elle denunciante Em hum Baul aquelle em­ Com osreferidos Padres se determinaraõ adarlhebusca Em-
brulho nodia Seguinte pela manhaã foraõ todos tres a caza,ELevando ComSigo no caminho lhesacou odito Vigário
Igrej a,Eexaminando odito Vigário delia apedra que estava huma bolça que Levava aopescoço ELevandoa ComSigo
no Altar Sobre que Se celebrava OSanto Sacrifício da Missa dando aditabusca nacaza dodito índio lheacharaõ nofundo
achou Emostrou aelle confitente digo aelle denunciante dehum cesto Outra bolça ELogo confessou que Esta atinha
Eaodito Padre Luiz Francisco quetinha menos Em hum feito paradar ao Sobre dito índio Ma tias declara delle
Angulo o tamanho dedous dedos cuja falta se descobrio denunciante: ELevando huma Eoutra bolça as abriraõ na
caza do dito Vigário,Elheacharaõ naque odito índio Sa­
118 pela razaõ deque estando adita pedra deAra Coberta e
Cozida ComaSua Capa, Como Se enteyra estiuese Sevio cristaõ Levava aos poço quantidade de pedacinhos depedra
que nodito Angulo estaua quebrada, e descozendose na- Ehuma Hóstia tudojunto Embrulhado em hum papel Ea
quella parte acapa, acharaõ hum pedaço deTijolo Cortado Hóstia ja comaforma perdida por cauza doSuor,Enaoutra
amesma feiçaõ Emetido no mesmo Angulo paraSuprir bolça acharaõ Somente pedacinhos depedra deAra Eper-
opedaço dapedra que dellehauia tirado: EConfirando todos- guntando lhe paraquefim trasia adita bolca aopescoço,o
tres ospedacinhos Com a pedra do Altar acharaõ que na- dito Sacristão respondeo quenaõ sabia: E perguntando
realidade eraõ da Mesma pedra, porterem amesma Cor tam bem depois aodito índio Matias para que queria
equalidade Sem diferença alguma. EConferindo Logo todos abolça que lhetinha feito o dito Sacristaõ respondeo que
tres Sobre aforma Com que Sepodia aueriguar quem tiraria a queria trazer porque lhediziaõ que quem a tinha ComSigo
o dito pedaço dapedra aSsentarã de chamase olndio Joa­ dadita pedra decerto naõ morria Sem Confissão .Echegando
quim Solteyro Não Sabe dequem hefilho nem donde he anoticia damulher delle denunciante quetambém Seo Es­
natural he morador nadita Villa em Caza deSua May aqual- cravo Manoel deJesus de nascaõ Angola Solteyra tera quat-
naõ Sabe Onome he Viuuo naõ Sabe de quem Mora ao torze annos deidade andava nadeLigencia deque odito índio
Lado dalgreja Eodito índio he Sacristaõ delia tera uinte Sacristaõ lhedese da mesma pedra,Oexaminou Miudamente
annos deidade poucomais oumenos: econeffeito Sendocha- para lhedizer o fim para que aqueria ESuposto repugnase
mado Eperguntandoselhe Setinha tirado opedaço dapedra aoprincipio finalmente lhedisse que a queria trazer Com­
ComaSegurança deque Selhenaõ faria mal, acrescentando Sigo porque indo acozinha odito Sacristaõ Com huns peda­
elledenunciante que dicera auerdade porque Sabia muito ços dadita pedra namaõ a que chamava pederneyra da
bem queelle atinha tirado, odito índio Joaquim aSsim o Igreja Eofferecendo delias ao dito índio Mathias Epergun-
confessou dizendo que olndio Domingos Gaspar Sargento tando lhe este para que aquilo era,Enaõ lherespondendo
Mor daPouoaçaõ Cazado Com a India Domingas naõ Sabe couza alguma, edeytandose Logo narede com odito Lazaro,-
onde he natural, lhepedira quetirase dadita pedra deAra entendeo digo Lazaro Eofferecendo lheDamesma pedra res­
hum pedaço pera lhedar Ejuntamente lhe pedira huma pondendo lhe este que anaõ queria por naõ saber Opres- 120
Hóstia Oque tudo Con effeito lhedera Mas que lhenaõ dicera timo quetinha Edizendolhe o Sacristaõ que arecebese
o dito Sargento Mor afim para Que lhepedira asditas Equedepois lhediria o para que era, entendeo elle dito preto

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204
Manoel deJEseus, que lhenaõ queria dizer naSua presença
Eque por iSso fazendose depretendido Sahira pera fora nella Se affirma Eratifica e tom a adizer denovosendo ne­
ESepuzera emparte donde opodeSse Ouuir, Eque dali Ouui- cessário Enella naõ tem que acrescentar deminuir mudar
ra aodito Sacristaõ dizer para oreferido Lazaro, que quem ou émmendar nem denovo quedizer aos custumes Sobcargo
trazia Com Sigo dadita pedra Naõ experimentaua nem lhe do juramento dosSantos Evangelhos que outravez lhe foi
entraua noCorpo faca Nem espada porque tudo quebraua dado: Aoqueestavaõ presentes porho nestas pessoas que-
nocorpo, Eque hauia de conSeguir qual quer mulher que túdo viraõ Eouviraõ Eprometeraõ dizeraverdade noque per­
quizeSse: Eque porestas razoens também elle dito preto guntados forem EguardarSegredo Sobcargo dojuramento
Manoel deJEsus aqueria ter, porem que ainda lhanaõ tinha dos Santos Evangelhos Emque puseraõ suas maõs Oz
dado odito Sacristaõ pela razaõ deSer Aindapequeno Elhe- Padres Angelo Gemoque Antonio Telles de Araújo que assi-
naõ Ser neceSsario EdiSse mais adita mulher delle denun­ naraõ com oSenhor Inquisidor Visitador Edenunciante
ciante que o dito Sacristaõ também tinha dado damesma oPadre Ignacio Joze Pastana Notário da Visita oEscrevi.
pedra ao índio Francisco quetera dez annos'filho dolndio
Ignacio, edalndia Luiza, Comamesma Confessaraõ outros (a) Giraldo Joze de Aranches
rapazes perguntados pelo dito Vigário dizendo que elles (a) Raymundo Joze de Betancurth
naõ tinhaõ Eque quem tinhaera este dito rapas Francisco. (a) Antonio Felis de Araújo
Eque esta denunciaçaõ afas pordescargo deSua Cons­ (a) Angelo Gemoque de Albuquerque
ciência Eentender quetinha obrigaçaõ dedar parte detudo
Emandado pera fora odenunciante foraõ perguntados 122
Nesta Mesa Emaisnaõ diSse.
OsPadres ractificantes Selhes parecia ofalaua Uerdade Eme­
Perguntado Seosditos índios Joaquim Sacristaõ Lázaro-
recia credito Eporelles foi dito Sim lhesparecia que fa-
Vieyra, Domingos Gaspar Sargento Mor, Mathias, ofilho lauauerdade Eque Merecia Credito Noque testemunhaua
deJoaõ Lourenço, E orapasFrancisco Ignacio Saõ peSsoas Etornaraõ aaSsinar ComoSenhor Inquizidor Visitador oPa­
quetem juizo, Ecapacidade, oupelo Contrario Saõ todos ou
dre Ignacio JosePastana Notário daVisita oescrevi.
alguns delles doudos, edeZacizados Sem conhecimento do
que fazem eobraõ, ouSe Custumaõ tomar debebidas tra­ a) Giraldo JosedeAbranches
zendo Continuamente perdido ojuizo porcauzadellas. a) Angelo Gemoquede Albuquerque
DiSse que qualquer delles tem aquelle juizo queca be a) Antonio Felis deAraujo
nacondicaõ de índio, Enenhum he doudonem dezacizado
porem Setem occasiaõ debebidas nenhum delles a perde,
nem deycha deexperimentar osSeos effeitos Eque fora des- Confissão Eapresentaçaõ deJoaõ Mendos Pinheiro Mamaluco
121 tas occasioens Segouemaõ bem Perguntado quetempo ha
Ozconhece elle denunciante Eque opiniaõ tem década hum Aoz dezeSettediasdomes deAbril demil Sete centos SeS-
delles a cerca da Sua crença Vidaecustumes e procedi­ senta Equatro annos nacidade do Para eColegio delia, Onde
mento. Disse que ao índio Mathias oconheceu ha ims onze esta aMesa daVisita Estando Nella OSenhor Inquisidor
annos Eaomais ha cinco para seis mezes Eque todos elles Giraldo JosedeAbranches Visitador porparte do Santo Offi­
Saõ baptizados Evaõ algreja porem que avida ecustumes cio deste Estado mandou Vir perante Si ahum homem
Eprocedimentos Naõ Saõ regulares pornaõ perderem a quedaSala pedio Audiência ESendopresente pordiser ape-
ocasiaõ que tenhaõ deofender a D. dira pera Nellas Confessar Culpas quetinha Cometido per­
Perguntado Seomoveo maisalguma couza a faser esta tencentes Aoconhecimento do Santo Officio lhefoi dado
denunciaçaõ ou afes por odio ouma vontade que tinha a Ojuramento dos Santos Euangelhos em que posSua Maõ
algum dos nomeados. Sobcargo do qual lhe foi mandado diserUerdade EterSe-
Disse queSomente afaz porentender quetinha Esta obri­ gredo Oquetudo prometeo Cumprir: ELogo disse chamarse
gaçaõ porque anenhum delles tem odio nem MaVontade. Joaõ Mendes Pinheyro Mamaluco Solteyro filho natural de
Esendo lhe Lida estaSua denunciaçaõ Eporelle bem Antonio Figueyra Mulato Cazado Com Dionizia Maria que-
ouvida Eentendida disse estava escrita na verdade Eque- uiue daSua Rossa nafregueZia deNoSsaSenhoradaConceycaõ
do Abaite, Ede Thereza Mamaluca Solteyra ambos naturais
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desta cidade Eadita Sua May também moradora no Ryo Marajó Eque aSsiste Na Fazenda do Padre Custodio Alvares
Abaite Eelleconfitente natural damesma Freguezia baptxzado Roxo noRyo Atua O qual Nodito tempo deha dous annos
nalgreja daVilla doConde m orador naRuadasAlmas Fre­ ehum Mes Seachauantambem fugido Erefugiado Comadita
guezia deNossaSenhora do Rozario daCampina EmCaza Sua mulher noSitio dodito Seo pay Antonio Figueira: Es­
12t Ena Caza doFaustino Gondes ------------Mestre Alfayate com tando ambos Sos elle Confitente, e o dito Indio Joãõ Entre
quem aprende O mesmo O fficio de vinte annos deidade praticas queentre Si tiueraõ lhe diSse elle confitente que
Eporser menor de vinte e cinco annos foi mandado vir andaua Com ocentido deConSeguir para fins torpes edesho-
aMesa oBeneficiado Manoel Rodrigues Escrivão da Camara nestos ahuma India Solteyra que moraua emhum Sitio
Eclesiástica desta cidade Esendo também presente lhefoi Vizinho, porem que anaõ podia alcançar porqueella lhe
dito osenhor Inquisidor Visitador,que elle pelo dito Joao dezia queelle Confitente Naõ era Capàs. Ao que odito Indio
Mendes Pinheyro ser menos de vinte e cinco annos ofazia Joao lherespondeo, que fizese oque elle lheensinaua; por-
Seucurador paraque lheconselhase Oque lhe estivese abem queLogo elle confitente oconseguiria. Eperguntandolhe elle
de Sua Cauza Eselhe prestase aSua Autoridade parapoder Confitente o que hauia defazer odito Indio Joaõ lhe ensinou
estar Emjuizo Enelle fazer actos vallidos assim nesta ses- Logo quefose ao Mato Virgem, Comelle Eque La lhe mos­
saõ.como comtodas asmais quecomelle Se fizerem nesta traria humas folhas deArvore, Comasquais Lavandose no
Mesa: O que tudo lhe dito Curador prometeo cumprir Ryo edizendo nomesmo tempo nomesmo tempo por tres-
Sob cargo dojuramento dos Santos Evangelhos que lhe Vezes aspalauras que lhe diceSse Viria aLograr Sem duvi-
foi dado Emquepos Sua maõ deque fisestetermo deMan- daoSeo intento = EComeffeito foraõ ambos aoMato Enelle
dado doSenhor Inquisidor Visitador Comquemassinou o Mostrou aelle Confitente odito Indio duas Amores chama­
Padre Ignacio JosePastana Notário da Visita queaescrevi. das Tavarataseu que custumaõ estar duas Eduas Conhum-
Lugar Enemhuma Mais aopedellas deSua Specie, Earancan-
(a) Giraldo Jose deAbranches
do huma dasditas Aruores que eraõ pequenas, Vieraõ Com
(a ) Manoel Rodrigues
ella paraO Ryo, Ealli diSse odito Indio aelle Confitente
que rapase Com huma faca a Casca da rais, Emisturada 125
ELogo foi admoestado,quepois tomavataõ bom conse­ Esta com as folhas Se Lavase postado Ocorpo Esfregase
lho Como o deseapresentar nesta Mesa daVisita doSanto
todo corpo com a dita casca, efolhas Echegando a cabeça
Officio das culpas que tem comettido,lhe convém muito
Se Lavase de aripia cabelo para as costas Eque nomesmo
trazelas todas amemoria para fazer delias huma enteyra
Everdadeyra Confissão: Elhefasem a Saber que estava obri­ tempo Emque Se estivese Lavando havia de dizer as pala­
gado adeclarar miudamente todas asSuas culpase Suas vras Seguintes portres vezes Diabo jurame fiar deti meLavo
agravantes circunstancias Sem asencarecer nem desculpar com estas folhas para Fulana me querer bem = oquetudo
porqueo dizer Somente averdade pura,eSincera sem Levan­ elle confitente observou arisca Lavandose portres vezes, e
tar aSi nemaoutrem testemunho falço he oque lheconvem disendo década huma asditas palavras: Erecolhendose pera
paradescargo deSua Consciência Salvacaõ de Sua alma caza veio. Eobservou elle confitente, que adita India Logo
ebomdespacho deSuacauza: Aoque respondeo que So a ver- namadrugada Seguinte veyo do Seo Sitio ter com elle con­
124 dade diria a qual era. Que hauera hauera dous annos Ehum fitente aSua mesma caza Emque estava dormindo baten­
mez pouco Mais ou menos NoSitio chamado Januparba do11*^ aporta Earecolheu paradentro, ELogo ambos ofen­
que he deSeo pay Sito na Freguezia do Abaite aonde elle derão aDeos, Eficou elle confitente certo, de que Esta
Confitente Seachaua Ejuntamente hum Indio chamado vinda quefes areferida índia fora porvirtude dos Lavató­
Joaõ naõ lheSabe OSobre Nome que algumdia foi escrauo rios, que natarde antecedente tinha feito com as ditas
dePedro deMorais Uiuo Naõ Sabe dequem queuiue deSuas cascas, efolhas, Eporvirtude dastres invocacoins que ao
fazendas Natural desta cidade Emorador naVilla deCameta Diabo nomesmo tempo tinha feito, porquanto antes desta
e o dito Indio he cazado Com huma mulatta chamada deligencia naõ pudera conseguir adita India fasendo pera
Maria, aqual Ouuio dizer apoucos dias elle matara apoucos- isso bastantes excessos, Edepois tão facil mente aveyo
dias Com hum tiro deArmadefogo Natural dadita Villa aconSeguir, Enaõ lheensinou Cousa alguma mais odito
deCameta. Eagora ouue dizer que anda fugido na Ilha do Indio, nem elle confitente fez mais: Eque estes eraõ as-

208 209
Traslado parecia falava verdade Emerecia credito
culpas quetinha pera confessar nesta Mesa, com o con­ extrahido Em
15 de junho noquedizia Etomaraõ AaSsinar como Se­
fessado tinha, asque Seresolveo obrigado de Seo Confessor, de 1764 nhor Inquisidor Visitador OPadre Ignacio
e de as ter comettido Esta muito arependido pedi perdaõ, Joze Pastana Notário daVisita Oescrevi.
Eque comelle Seuze deMizericordia Emais naõ disse nem
do custume. a) Giraldo JozedeAranches
Foi lhe ditto quetomou muito bom conselho Em se a Victorino Gez. Bahia
presentar voluntária mente nesta Mesa Eprincipiar acon- Andre Jose Pinheiro
fessar nella asSuas culpas Elhe convém muito traselas
todas amemoria para acabar de fazer huma inteyra Ever­
dadeyra confissão delias, decLarando a verdadeyra tençaõ Denuncia queD.a Antonia Jeronima da S.a do índio Ant.°
comque cometteo asque tem confessado para descargo
126 deSua Consciência Saluaçaõ deSuaalma Emerecer a Mize- Aos vinte Sette dias do mez deAbril de milsette centos
ricordia queaSanta Madre Igreja Socustuma Conceder aos- Sesenta Equatro annos nestacidade deBelem do Para Em
bons, Euerdadeyros Confitentes Epor tornar adizer quenaõ o Collegio delia onde estava a Mesa daVisita estando nesta
Erademais Lembrado foi Outraues admoestado Emforma OSenhor Inquisidor Giraldo Joze deAbranches Visitador
EMandado perafora eque destacidade Senaõ auSente Sem porparte do Santo Officio deste Estado mandou vir perante
Licença expressa desta Mesa aSala daqual vira todos osdias Si ahuma mulher queda Sala pedio audiência esendo pre­
Naõ feriados das Sete horas ate as onze damanhã ate Se sente pordiser apedira para denunciar defactos perten-
findar aSuaCauza Oque elle prometeo Cumprir Sobcargo centtes aoconhecimento do Santo Officio lhefoi pelo dito
dojuramento dos Santos Euangelhos emqueposSuaMaõ que Senhor Inquisidor dado Ojuramento dos Santos Evange­
pera iSso lhefoi dado. ESendolhe Lida esta Sua ConfiSsaõ lhos EmqueporSua maõ Sob cargo daqual lhe foi mandado
Empresenca deSeo Curador Eporelle bemOuida Eentendida dizer verdadeeterSegredo Oque prometeo cumprir: ELogo
disse chamarse Antonia Jeronima daSilva cazada como
diSse estar escrita nauerdade Oque nella Seaffirma Era- Sargento Mor. Joze deMagalhaens Lobo deAlmeyda que
tifica, Etom a adizer denouo Sendo neceSsario Enellanaõ
vive deSuas Fasendas natural Emorador desta cidade na-
tem tem queacrescentar demenuir Mudar, ouemendar nem Rua detrás daMisericordia da Freguesia de NossaSenhora
denouo quedizer aocustume Sobcargo dojuramento dos- do Rozario do bayro da Campina que disse ser X.V. de-
Santos Euangelhos queOutra ues lhefoi dado Aoquetudo quarenta annos deidade: Eque oquetinha pera denunciar
Estiveraõ preSentes porhonestas eReligiosas peSsoas que nesta Mesa Era.
tudo viraõ Eouiraõ Eprometeraõ diserverdade Noque pre- Que havera Sete mezes Emeyo pouco mais oumenos
guntados forem EguardarSegredo OsPadres Victorino Gon- achandose ella denunciante na Sua Rossa do Ryo Maguary
salves Bahia BeneficiadaSanta Se Andre FernandesPinheiro- gravemente enferma devarias dores decabeça febres e Con­ 128
Sacristaõ Mor damesma Santa SequeaSsinaraõ Com o Con­ tínuos Emuuimentos extraordinários portodo OCorpo fal-
fitente ESeuCurador EComoSenhor Inquisidor Visitador lando Comella huns índios forros que algum dia acom-
OPadre Ignacio JosePastana Notário daVisitaoescreui. panharaõ pelo Sertaõ Aopay delia denunciante Francisco
daSylua Sarode Naõ Selembra donome delles Nemdonde-
+ a) Giraldo JosedeAbranches hoje aSsistem porandarem EmCannoasdoSertaõ, elles lhe-
q (es com huma Signal deraõ Noticia deque apodia Curar deSuas Moléstias Outro
crus por naõ
Saber escrever
a) J.° Mendes + Pinhr.° índio chamado Antonio Naõ Sabe Sehe Cazado OuSolteyro
a) Manoel Rodrigues Nem dequem hefilho Nem donde Natural Emorador tem
a) Victorino Gls. Bahia Ouuido dizer que he Oleyro: ESucedendo Conhecelo ella
a) Andre --------- Pinheiro denunciante depois desta Noticia Nesta Cidade, lhepedio
que Acurase Erespondendolhe elle queSo noSeoSitio apo-
Emandado perafora oconfitente foraõ perguntados Os- diacurar, paSsados poucos dias que ellaSetinha retirado
Padresconfitentes digo osPadres ratificantes Selhesparecia- pera aSua roSsa foi ter aella oditolndio Antonio Elhe deo
127 falauauerdade Emerecia credito Epor lhes queSim lhes-
211
210
abeber as raspas dehumas cascas, Eraizes deAruores Com Seficou comella as escuras namesmacaza. Eque esta de­
asquais Naõ Sentindo Milhoras efazendolhe estaqueyxa, elle nunciaçaõ afaz pordescargo deSuaconsciencia epor lhe-
respondeo que as purgas Eraõ Aindapoucas EneceSsitaua dizer odito Seo marido que estava obrigada avir denunciar
tomar Mais, e Naõ querendo elladenunciante Sugeytarse udonesta Mesa. EMais Naõ diSse nemdecustume Pergun- 130
atomalas Nomesmo tempo chegou destacidade e dota RoSsa
ada Seodito IndioAntonio tem bomentendimento, Ehe
o marido delia denunciante, Edandolhe noticia do que o Sezudo, ouSepelo Contrario he doudo e dezacizado, oues-
dito índio tinha feito, elledito Seo Marido lhepelejou Muito: taua tomado debebidas quando fas asditas Couzas. Disse
porque alem doque temdeclarado lhedeo também noticias,
deque odito índio antes delhedar aspurgasficando Com elle que elle tem bastante Entendimento e Nada tem detolo
denunciante So EComhuma filha Sua chamada Jeromma Enasditas occacioens Estaua em Seo prefeito juizo Enaõ
Caetana Cazada Com Francisco Cardozo Alferes de Auxi­ tomado debebidas ainda que tem Ouuido dizer EVio por-
liares Moradora noSeo Sitio no Rjyio Muruyni, donde tinha- huma ues paSsando pelaSuaporta nestacidade que elle hia
hido Vizitar aella denunciante, Mandara naprimeyra Noyte, bem perturbado, Eque Socustuma algumas uezes tomar
dasditas bebidas.
que La chegou retirar aLuz da Caza emque ella denun­
ciante, Eadita Sua filha estauaõ dizendolhe que queria Perguntado Sequando odito índio fes Oquedito tem
Conheceo ella denunciante que ellefasia tudo deueras ESem
Consultar osSeos Pajés para para lheseirem dizer omal q.ue
ombana,ou SeofaziaComo quem estauaZombando Erindo.
padecia para Saber com o hauia ducuralas. Eque Comeffeito
DiSse que ella denunciante entendia que elle ofazia
129 retirada aLuz eficando as casas as escuras Entrara Odito deueras Enaõ porZombaria.
índio aCantar peLaSua Lingua Estas cantigas ELogo que
Perguntada SeSabe ou ouuio dizer queodito índio fi-
Suspendeo oSeu canto Se Ouvio hum pedevento noTecto das seSse Omesmodiante deOutras peSsoas.
casas Combastante vioLencia Eque omesmo Tecto acoberta DiSse quenaõ.
delle Sebolia, Eque Logo Se ouvio também hum estrondo
pormodo de quem Saltava decima para baixo, Eoque della- Perguntada Seestauaõ presentes Mais algumas peSsoas
alem dadita Sua filha Cazada, quando elle obrou oreferido.
denunciante chegou ocaõ dehumavoz, que Sahia damesma
parte emque estava OIndio, aqual lhedeo asboas noytes DiSse que estaua preSentemais hum rapas índio cha­
mado Euquerio do ServiSso delladenunciante quetera dez
Elheperguntou Como estava, Erespondendo lhe queestava
pera onzeannos EqueaditaSua filhaSo preSenciara humauez
muitodoente, adita Voz lhetornou adiser queDeos lhehavia o que asescurasSe paSsou.
dedar Saude pormeyo dehumas mezinhas que lhehavia fazer
Perguntado quetempo haconhece Eodito índio Eque
aquelle índio, asquais elle Sabia: Eque avinha ver porser
Opiniaõ tem delle a SercadaSuaCrença VidaeCustumes.
chamado do dito índio ao qualtocava acura, Eque_ asSuas
DiSse que oconhece hauerahum anno, enaõ podefazer
MoLestias procediaõ demaLeficios, que lhetinhao feito.
juizo daSuacrença Equeemquanto Esteue emSua Caza Mos­
Eperguntando ella denunciante quem Era apessoa quelhes
trara Serbem Perguntado Seamoveo mais alguma 13 1
tinha feito respondeo aditavoz que não vinha adescobnr couza afazer esta denunciaçaõ, ouSeafez por odio Ema von­
faltas alheyas Edespedindose Senaõ Ouvio mais adita voz, tade que tinha aodito índio.
ELogo odito índio mandou outra vez abrir aporta dacasa Disse que anaõ fezSenaõ pordescargodeSua consciência
emque esta vaõ para vir outra vez aLuz, Eque detudo isto porque lhenaõ tem odio nem mavontade.
rezultara reperhender aella denunciante odito Seo marido Perguntada que razaõ teve ella denunciante para naõ
assentando que aquillo naõ podia Ser Couza boa Eque vir denunciar mais sedo.
porisso onaõ devia concentir em Sua caza: pelo que ella Disse que porter Estado doente, Enaõ ter commodidade
denunciante ficou muito desconsolada porentender que devir daSua rossa Senaõ agora.
HgT.i resultaria ofenca deDeos, Ealguma falta deReligiao Esendo lheLida estaSua denunciaçaõ Epor ellabem
aindaque ella denunciante naõ Levou outro Sentido mais Ouvida Eentendida disse estar escritanaverdade Equenella
que melhorar deSuas Moléstias: EdecLarava que asmesmas Seafirma Eratifica etorna adizer denovosendo necessário
cantigas Eosmesmos impetos devento noTecto Soltos na- Eque nella Naõ tem que acrescentar demenuir mudar ou-
caza, Evoz Ouvio em mais duas noytes que odito índio emmendar nem denovo quedizer acustume debayxo dojura-
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mento dosSantos Evangelhos que outravez lhefoi dado Tenente dos Caualos do Regimento dechaues EdeMaria
Aoque estiveraõ presentes porhonestas EReligiosas pessoas daMotta jadefuntos Natural NaFreguezia deS. Maria Mag-
eque tudovlraõ E Ouviraõ Eprometeraõ dizer verdade noque dalena de FonteLonga de Aerioens Camara da Torre de-
perguntados forem Eguardar Segredo Sobcargo dojuramen- Moncor vo Arcebispado deBraga EUigario actual daFre-
to dos Santos Evangelhos que lhesfoi dado OPadre Manoel guezia deNossa Senhora daConceyçaõ doLugar de bemfica
Rodrigues Escrivaõ da Camara Eclesiástica EoPadreBoni- deste Bispado dequarenta ecinco annos deidade. Eque
facio Albino daSilva que assinaraõ comoSenhor Inquisidor osfactos queuinha denunciar Eraõ naformaSeguinte Que
Visitador Epela denunciante assinei, EuNotario porella no dia deSabado antes doDomingo deRamos que Seconta-
mopedir Eonaõ Saber faser oPadre Ignacio Joze Pastana raõ quatorze domes deAbril proxim o passado demilsette 133
Notário da Visita oEscrevi. centos Sesentaequatro Lendo elle denunciante para aramar
Em huma Gaveta que esta naSacristia da dita Sua Igreja
a) Giraldo Joze Abranches do Lugar de Benfica huns corporais quevinhaõ Lavados,
a) Ignacio Jose Pastana Eachando menos Outros que queria tirar para diser Missa
a) Manoel Rodrigues no outro dia Entrou aSuspeitar que lhestinhaõ furtado,
a) Bonifácio Albino da S.a epor naõ Saber quem pertendeo desimular, por seacazo
pelo tempo adiante opodia vir aSaber: porem chegando
132 T raslado Emandado perafora adenunciante f o r a õ odia deSesta feyra Mayor, achando fora deSeu Lugar a
extrahido perguntados osPadres Rectificantes Selhes- pedra de Ara do Altar Mor, Eobservando que estava com-
176413 deJuUlode parecia falaua Uerdade Emerecia credito acapa descosida porhum Lado, Eque Seachava quebrada
Eporelles foi dito que ESim lhesparecia quazi pelo meyo, eque lhe faltavaõ huns pedacinhos Em-
falauauerdade Eque Eque aSeo testemunho Sepodia dar hum canto da parte que tinha acapa descosida, Sevio
credito etom araõ aaSsinar ComoSenhor Inquisidor Visi­ precizado a fallar noDomingo achou menos: Eficando a
tador OPadre Ignacio JosePastana Notário Oescreui. gente Sem diser palavra, Echeya de admiraçaõ, Se observou
por varias pessoas, que O índio Ancelmo Solteyro tera
a) GiraldoJosedeAbranches vinte annos pouco mais oumenos filho Legitimo dos índios
a) Manoel Rodrigues Custodio daSylva Carpinteyro, ede Maria do Rozario Natural
a) Bonifácio A lbin o--------- dadita Freguesia deBemfica, aonde Seachava fugido aos-
ditos Seos pais que moraõ nesta cidade Emcaza de Antonio
da Sylva Ourives na Rica Nova Freguesia daSeda Lira
Denunciação que faz Fr Ant° Tavares dolndio Logo immediatamente depois da admoestaçaõ que ao Povo
Ancelmo Eoutros. tinha feito elle o denunciante entre aMisa Sem acabar de
aouvir, E Suposto desta Sahida Senaõ fes grande reparo,
Aos doos dias domes deMayo nesta Cidadedo Para E- contudo com o elle naõ tomou Logo deo Lugar adesconfi-
Colegio digo deMayodemilSete centos e SeSenta Equatro arse delle; Eacabada a Missa chegado que elle denunciante
annos nestacidade do Para eCollegio delia onde esta aMesa foi aSacristia Atirou as vestes Sacerdotais, Logo hum índio
daVisita estando nella oSenhor Inquisidor Giraldo Josede- chamado Cypriano tera dez annos pouco mais oumenos
Abranches Visitador porparte do Santo Officio deste Estado filho natural dalndia liaria Mendes, Ecriado actual delle
Mandou Uir peranteSi ahum Frade quedaSalla pedio Audi­ denunciante, Easistente naSuacompanhia EServisso, lhefoi
ência ESendopreSente pordizer apedira pera denunciar de- fizer, queelle tinha visto dois pedacinhos da pedra de Ara
factos pertencentes Aoconhecimento doSanto O fficio lhefoi namaõ dodito índio Ancelmo, Equeeste lhe disera que
dado Ojuramentodos Santos Euangelhos EmqueposSuamaõ atinha paraSer Valente, Elhenaõ fazérem Mal facas Nem 134
Sobcargo doqual lhefoi Mandado dizerUerdade eter Segredo espadas nem paos, Eque dizendolhe o dito Seo creado
Oque prometeo Cumprir. ELogo disse chamarse Fr. Anto- Cypriano que elle dito Ancelmo estaua escommungado
nio Tauares ProfessonaReligiaõ deNossaSenhoradoCarmo porter furtado Couzas da Igreja, elle lherespondera que
aquillo Era pera remedio prezeruatiuo, ter Mandinga. Eque
dosCalcados destacida de filho Ligitimo deAntonio Tauares
aexcumunhaõ lhenaõ fazia Mal. Edando elle denunciante
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esta Noticia aoDiretor do dito Lugar Rodrigo Pereyra Gas- deCera Oquetudo elle denunciante apresentava nesta Mesa,
taõ Solteyro Naõ Sabe dequem hefilho henatural daVilla porem que ainda faltaria muita parte da pedra deAra ou
deSantarem, Logo este Mandou prender aodito Ancelmo, do pedaço que delia Setinha tirado, EoSegundo Corporal
quetendo ja noticia quepera iSso E andaua buscando o inteyro dequenaõ deo Noticia odito Ancelmo, o qual com­
Meyrinho foi desculparse Comodito Director dizendo que elle effeito o dito Director mandou pelos ditos factos prezo, e
denunciante fallaua nelle falsa Mente porquanto elle Naõ Seacha no Calabouço doEstado. Equeesta denunciaçaõ fas
tinha tirado Couzaalgumada Igreja; porem odito Director pordescargo deSua consciência e porentender que aisso
Sem embargo daSuadesculpa omandou pera oTronco, Eque- Estava Obrigado, Emaisnaõ disse nem docustume. Pergun­
SelhedeSsem humas palmatodas paraque ConfeSsase auer- tado Seosditos índios Ancelmo, Francisco EPatricio deMo-
dade Camminandolhe apena denaõ Sahir do Tronco, Em- rais tem bom entendimento Ejuizo ou SeSaõ, ou Sealgum
quanto naõ odeclarase; porem que Se odicese Sahiria Logo: delles he doudo desacisado, ouSecustuma tomar de bebi­
e que destas deligencias rezultou Confessar odito Ancelmo das, ou o dito Ancelmo estaria tomado delias quando fez
que tinha furtado oprimeyro Corporal induzido por hum oquetem denunciado.
índio Joaquim do Citio do Tapari, que lho pedio ainda Disse que todos elles Saõ bem Ladinos tem entendi­
quenisto, fallou menos uerdade, porque nodito Sitio naõ mento Enaõ Saõ doudos Eainda que Sejaõ amigos debebi-
ha tal índio, Comeste Nome Ehum índio chamado Fran­ das naõ Secustumaõ tomar delias, nem odito Ancelmo cus-
cisco Solteyro terauinte equatro annos orphaõ dehum tuma beber agoardente.
Principal jadefunto Aquem Naõ Sabe Onome, EaSsiste Perguntado SeSabe queodito Ancelmo oualgum dos- 136
ComSua may a índia Adriana Segundaues Cazado Com o Outros tinha tirado dalgreja asmesmas ou Semelhantes-
índio Euzebio Pereyra, Naõ Sabe donde he natural he couzas Epera que fins. DiSse quenaõ Sabia.
morador nadita Freguezia, foi restituhir E entregar adito Perguntado que tempo ha conhece acadahum delles
primeyro Corporal Com ametade dehum Sanguinho, dizen­ Eque Opiniaõ temdaSua crença Vida, ecustumes.
do queodito índio Ancelmo lhetinha dado para Seo prezer- DiSse que a Sette Mezes osconhece, Enaõ tem Ma
uatiuo. Confessou Mais que tinha tomado Somente acapa opiniaõ a respeito dacrença dosdous Francisco Patricio
dosSegundos Corporaes deychando o interior, Eque atinha porSerem bem educados, Edevotos, Eamigos da Igreja;
partido emduas dando ametade ao índio Patricio Cazado porem que odito Ancelmo hetido ehauido pormal proce­
Com a India Artencia Morador nodito Lugar, quecon effeito dido Einquieto principalmente quando Esta na Igreja
aentregou Logo, Eque aoutra metade a tinha elle dito Aonde Naõ esta Com devoçaõ.
Ancelmo hido esconder no Mato juntamente Com aoutra Perguntado Sealgumas peSsoas mais alem dasque tem
135 ametade deSanguinho Edois bocados dadita pedra da declarado Sabem doquetem denunciado.
Ara que tinha quebrado e huns pedaços de fitas quetinha Disse que toda a Freguezia Sabe oque denunciado tem
tirado do Berço do menino Jesus Ehuns bocados deSera porque atodos foi publico Enotorio.
que tinha tirado das Velas, Eque detudo queria faser hum Perguntado Seomoueo Mais alguma Couza a faser Esta
bolo Emeter Emhua bolça Etraser comSigo para lhe naõ denunciaçaõ ouafas porodio Ema uontade quetenha aos-
faserem feitiços: Equetudo foraesconder commedo Logo Sobreditos, ouaakgunsdelles. Disse queanenhum temodio
que Ouvio aadmoestaçaõ delle denunciante: Esendo per­ nem Mauontade Eoquetem dito heporpaSar aSsim nauer-
guntado pela Sahida quedera aocorporal, disse onaõ tinha dade. ESendo lhe lida estaSua denunciaçaõ Eporelle bem
tirado, Sendo certo que SeLevou naõ So acapa mas também ouuida Eentendida diSse Estaua escrita naUerdade Oque
a corporal: E coneffeito Levando o O meyrinho prazo na- nellaSeafirma Eractifica etorna adizer denouo Sendo ne-
companhia delle denunciante Edodito Director aoLugar ceSsario E que nella naõ tem que acrescentar demenuir
Emque elle dizia ter Escondido asditas couzas, nomesmo Mudar Ouemendar nem denouo quedizer aocustume Sob­
Lugar acharaõ hum embrulho que continha aditaametade cargo dojuramento dosSantos Euangelhos queOutraues lhe­
da capa do corporal, metade do Sanquinho, duas bocados foi dado Aoque estiueraõ preSentes porhonestas eReli-
da pedra deAra, dousbocados defita do Braço domenino giozas peSsoas que tudo uiraõ Eouuiraõ Eprometeraõ
JEsus, que comeffeito Estaõ demenos Equatro bocados dizeruerdade Noque perguntados fossem Eguardar Segre- 137

216 217
do debaycho dojuramento dos Santos Evangelhos emque Segundo dizem daVilla EPraça da Extremse Emoradores
poseraõ Suas maõs os Padres Manoel Rodrigues Benefi­ nodito quarto das Cazas delle denunciante pera nelle aS-
ciado da Santa Se eo Pa dre Pr. Joze Antonio deSanta sistir ComSua familia que Consta de quatro filhas ESuce-
Anna Religioso deNossa Senhora do Carmo que assinaraõ dendo CasualMente Entrar no quarto Emqueelle denunci­
com o Senhor Inquisidor Edenunciante O Padre Joze Ignacio ante esta uacomSua mulher Ehuma filha quetem Dona
Pastana Notário daVisita oescrevi. MarcoLina de Oliveyra Solteyra, adita Joanna Maria Comas
Suas quatro filhas chamadas Maria, Izabel, Anna, EFelicia,
a) Giraldo Jose de Abranches
todas Solteyras, por occasiaõ delle denunciante ter ja Ouui-
a) An.° Savare do adita Sua mulher, que adita Anna lhetinha Contado
Fr.Joze Ant.° de S.Anna
Namoel Rodrigues humas Couzas, queSefaziaõ emcriueis, e aduertir, queadita-
Sua Mulher noua Mente as queria examinar dadita, Anna,
Emandado para fora adenunciante foraõ perguntados applicou toda aSua atencaõ, Eouuio queadita Anna Solteyra
Os Padres testificantes Selhes parecia fallara verdade, E- filha dos ditos JozeAntonio Moreyra, eJoanna Maria Naõ
merecia credito Eporelle foi dito que lhes parecia que elle Sabe aSua quaLidade, tera dozeannos deidade pouco mais
falava verdade Enoquedizia Selhepodia dar credito, torna- oumenos he muito Uiua, edezembaraçada Contou ereferio
Traslado raõaaSsinar com oSenhor Inquisidor Visi- NapreSença delle denunciante edaditaSuamulher efilha,
extraída tador oPadre Ignacio Joze Pastana Notário queachandose ella ditta Anna Solteyra aSsistindo nallha
Em 7 de A- doMarajo Emcaza doCapitaõ Mor JoseMiguelAyres aonde
bril de daVisita oescrevi.
1764 tem oSeo Gado, etambem Emoutra Fazenda domesmo naõ
a) Giraldo Joze de Abranches Sabe emque Ryo esta, etambem nesta Cidade Em cazado-
a) Fr. Jozeph Ant.° de S.Anna mesmo, Emodia quenaõ acabou defiar aSua tarefa dealgu-
Manoel Rodrigues daõ, odito Capitaõ Mor Emcastigo ametera porSuas pró­
prias Maõs emhum artefacto detaboas ComSua porta efer-
rolho, Enelle afechara ficando ellacomosbraços emCrus
Denunciaçaõ que fas Romaõ Le.° deOLivr.a Empe, ecomambos ospes juntos Sem poder bolir compes 139
nem com maõs. E que desta form a ativera fechada nodito
Aos dezoyto dias domez deMayo demil Settecentos ses­ artefacto damanhaã athé anoite deforma que quando a
senta Equatro annos nestacidade do Parà eCollegio delia foraõ tirar anoute naõ podia moverse nem Ser Senhora
onde esta aMesa da Visita estando nellaoSenhor Inquisidor dealguma acçaõ natural dos seos membros. Eque metendoa
Giraldo Joze de Abranches Visitador porparte do Santo outras mais vezes posimilhante motivo em oreferido arte­
Officio desteEstado mandouvir peranteSi ahum homem facto, numas adychou cornos braços para o ar Sem dalli
que daSala pedio audiência Esendo presente por dizer os poder mover, Eoutras com os braços cingidos ao corpo
opedira pera denunciar defactos que lhe parecia pertenciaõ ELansado pera bayxo Emforma que assim como elle as
138 aoconhecimento do Santo Officio lhefoi dado Ojuramento
dosSantos Euangelhos emque posSuamaõ Sobcargo doqual deychava, assim ficavaõ Sem que por forma alguma Sepo-
lhefoi mandado diser Uerdade eterSegredo Oqueprometeo dese aliviar deste tormento, que durava todo o dia com-
Cumprir ELogo diSse chamarse Romaõ Lourenco deOli- cadahuma das ditas vezes Sem lhedar nem mandar dar
veyra cazado Com DonaLuiza Caetana daCunha Freyre outro refrigério, que ahoras dejantar huma pequena porçaõ
Natural emorador desta cidade naRua deSamBoauentura defarinha demandioca Seca e Logo agoa pura beber, fe-
Freguezia daSe que uiue deSuas Roças e Fazendas EdiSse chandoa immediatamente nodito artefacto assim como athe
ser XV edeSeSenta ehum annos deidade Eque osfactos alli estava: Eque este mesmo genero decastigo dera porva-
ecouzas quetinha peradenunciar eraõ Eque nodia dezasseis rias vezes a huma cafuza assistente naditacaza daqualnaõ
deste mes de Mayo, hauendo elle porcharidade dado hum sabe elle denunciante Onome nem dequem he filha, ESo
quarto daSuas Casas a Jozè Antonio Moreyra official de- que a dita Anna Solteyra disse tera aSua mesma idade.
Serralheyro Cazado Com Joanna Maria ambos Naturais E que emoutra occasiaõ Sendo ella dita AnnaSolteyra Le-
218
vada para a outra fazenda do mesmo Capitaõ Mor, pela entender tinha obrigacaõ deasdenunciar, Auem dizer na-
mesma falta defiar aSua tarefa amandara amassar ahuns forma que as ouuio: Emais naõ diSse nem doscustumes.
paõs emforma de cruz com o ade Santo Andre Esendo Perguntado SeSabe ou ouuio dizer amais alguma peS-
Ligada depes, Emaõs elle mesmo afora a Soutar: e que
soa que adita Anna Solteyra, que naCaza do dito Joze­
este genero de castigo Emadita cruz custumava dar aoutras
Seus----------- . Eque tendo o dito Capitaõ Mor humOratorio Miguel Ayres, ou dodito Seo Irmaõ Andre Miguel Ayres 141
em Suacaza nestacidade pera nelle Se dizer missa, aqual ESuacunhada se tinhaõ obrado mais vezes os feitos refe­
também custumaõ ouvir Seo Irmaõ Andre Miguel Ayres ridos ou outros Similhantes. Disse quenaõ.
Capitaõ de Auxiliares, ESua mulher naõ lheSabe elle de­ Perguntado quanto tempo ha conhece aesta família,
nunciante Onome, ESeos filhos, pormorarem estas familias que opiniaõ tem década huma das pessoas delia a Serca
emcazas, queSecomunicaõ dehum pera outra, vira ella dita daSua crença Vidas, custumes eprocedimentos.
Anna Solteyra pormuitas, erepetidas vezes adous filhos do Disse que aosdittos Joze Miguel Ayres e Andre Miguel
dito Andre Miguel Ayres hum chamado Manoel naõ Sabe Ayres Seo Irmaõ osconhece ha mais devinte annos, Ecom o
os annos quetem Eoutro chamado Pedro mais m osso tam- vieraõ defora naõ Sabe quem ellesSaõ. ESempre os vio
140 bem deste naõ Sabe aidade ambos Solteyros fazer horriueis faser os actos que custumaõ fazer os X.V. Eporisso Sempre
desacatos, Eaccoens que Custumaõ faser Oslndios, as San­ os teve emboa opiniaõ Mas que amulher dodito Andre
gradas imagens, que estauaõ nodito Oratorio Como foraõ Miguel Ayres he terceyra neta deManoelde Morais queveyo
Cuspirem Continuamente emoSanto Crucifixo, Eoutras ima­ do Roymo havera cem annos ou mais tanto elle com o os-
gens, Edepois deestarem Cuspidos lhes chamaram Nomes Seos descendentes athe oprezente Sempreforaõ informados
infuriozos, Como Hipócritas, Judeo Eoutros, Seretirauaõ christaõs novos Equepor esta razaõ naõ faz elle denunciante
pera fora do Altar, dezabotoando oscalçoens Lauantauaõ tam boa opiniaõ damulher com o faz doSeo marido por­
aCamiza pela parte detrás, e uirauaõ estaparte pera asditas quanto adita infamia Sempre foi constante epublica, E-
Imagens Eabrindo asnadegas lhas mostrauaõ olhando ao- nunca callou este rumor universal athe agora Sem embargo
mesmo tempo Com orosto trocido, EUiolenta positura pera dehaverem depoucos annos aesta parte alguns CLerigos,
adita Imagem do Senhor, Edasmais: Oqueuira por uarias e frades Combastante murmuraçaõ, do Povo que nunca
uezes. E queemOutra occasiaõ uira ella dita Anna aoreferido talveio no decurso de tantos annos porem que arespeito
Manoel quehe ornais velho pegar Emhuma Imagem de- daVida custumes Eprocedimento dadita mulher nada pode
Santo Antonio etirandolhe aCrus, ELansandoa nofogo, apu- dizer por que anaõ conhece devista, nem aSeos filhos.
zera Comospes peraCima Eacabeca pera baycho, ELogo Perguntado Se omoveo mais algumacauza, afaser Esta
applicara aLuz dehumCandieyro. Etiuera nesta form a ate denunciaçaõ ou Se a faz por odio ouma vontade, que tenha
que lhepegou o fogo, Equeuendo que Sahia queymando as pessoas Sobreditas, ou alguma delias.
atirara perafora: Equeuindo ater noticia destes factos o Disse que nenhuma outra cauza omovera Senaõ o zelo
dito Seo tio JozeMiguel Ayres, Castigara aodito Seo Sobri­ da Fe e Religiaõ Enaõ incorreSobre incensuras, Suposta
nho, ou aosSobrinho ambos: doque Sua Cunhada EMay aobrigaçaõ, emque com--------- ---------pois anenhuma das
delles Seescandalizara muito, Elhenaõ fallara huns poucos ditas pessoas tem odio e nem mavontade.
detempo pelo motiuo deoster Castigado Sabendo que elles E sendo lhe Lida esta Sua denunciaçaõ E nella esta
eraõ rapazes, Eque naõ Sabiaõ oque fasiaõ Eentenderiaõ Eporellebem Ouuida eentendida disse que estaua escrita 142
que Aquella Imagem era alguma boneca. Eque osditos nauerdade naforma quedeclarado tinha ea Ssinou ComoSe­
rapazes, Ecomespecialidade o mayor tendo Sido aduertidos nhor Inquisidor Visitador OPadre Ignacio Jose Pastana
deque naõ bolicem noSanguinho, nem noCalis uira ella dita Notário daVisita oescreui.
Anna, que poriSso Mesmo Continuamente lhe estauaõ pon-
doa Amaõ. Equetodas estas couzas que elle deNunciante (a) GiraldoJosédeAbranches
Ouuio referir adita Anna Solteyra lhe pareceraõ oppostas (a) Romaõ Lour.co deOliv.»
a Nossa Santa Fe Catholica, Easdeterminaçoens daSanta
Madre Igreja poriSso pordescargo de SuaConsciencia, Epor

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mulher Bemardina, E deLourenca mulata Solteira filha
Denunciaçaõ que fes Manoel Portal do índio depay incognito. E da Theresa cafuza teravinte cinco annos,
Domingos deSouza Eestando nacaza Ecompanhia da pessoa doente Cobriuse
odito índio Domingos de Souza de pennas de Aves e desta
Aostrinta dias domes dejulho demil Sette Centos Se- forma ornado, Ecom posto principia atocar hum cabacinho
Senta e quatro annos nesta cidade do Para ECollegio delia que pela Lingua Se chama Maraca, metido Emhum paõ
onde esta aMesa daVisita Estando nellaOSenhor Inquisidor com algumas pedrinhas dentro com que fas Sonido. Eto-
Giraldo JosedeAbranches Visitador porparte doSanto Offi­ cando com o tal Maraca, oucabacinho entra acantar ejunta­
cio desteEstado Mandou Uir peranteSi ahum homem que mente adita Suamulher, Eareferida Laurenca porpa Lavras
da Sala pedio Audiência ESendo preSente por diser ape- incógnitas aope do doente, Eque depois de terem cantado
dira pera denunciar Couzas pertencentes ao conheciMento
do Santo Officio lhefoi dado Ojuramento dosSantos Euan­ Seapaga a Luz, ELogo Se ouve no Teto dacaza hum es­
gelhos EmqueposSuamaõ Sobcargo doqual lhefoi mandado trondo com o depessoa que Sobre elle esta Eque Se Segue
dizer uerdade eterSegredo Oquetudo prometeo Cumprir ouvirse hum Salto nacaza com o de quem desceo decima
ELogo diSse chaMarse Manoel Portal deCarualho Alferes pera ella, eque entaõ odito índio entra a falar pela sua
daordenança daVilla deMelgaço Cazado ComDonaAntonia Lingua, E aouvirse hua voz desconhecida dando lhes res­
Maria deMiranda que he natural da Freguezia deNossa- postas ao queelle lhe pergunta Eque odito índio poruirtude 144
Emorador Senhora do Rozario desta cidade Etambem destas respostas quelheda aquella voz desConhecida, des­
damesma naSua Fazenda chamada Utinga nos limites cobre amolestia quetem o enfermo, dizendo que aquelleSeo
da mesma Freguezia que disse ser XV deuinte seis annos Camarada aSsim odizia, Eque depois disto Seoouuve outro
deidade Eque ascouzas que tinha pera denunciar Eraõ. estrondo nomesmotecto da Caza Signal deque odito Cama­
Que hauera otempo dehum mez euinte dias pouco mais rada Sahia, Eque neste Estado Seaccende Outra ues aluz
ou menos achandose elle nadita Sua Fazenda deUtinga poralguma das pessoas que nacazaestaõ Eque Senaõ ue
ComaSuaFamilia de aSsistencia, Etendo Noticia que fazia mais Couza alguma ficando todos nacaza Como estauaõ:
algumas operaçoens Suspeitas Contra aReligiaõ Catholica Eque daqui rezulte faser depois Suas Curas naõ ouuio diser
hum índio chamado Domingos deSouza doSeruiço damesma Se com bom effeito, ou mao, eSo que hebastante acredu-
Suafazenda Cazado com alndia Bernardinanatural Emora- lidade que Seda as referidas operaçoins Equetudo oSobre-
143 dor damesmaFazenda edeque algumas pessoas delias haviaõ dito lhecontaraõ as nomeadas tres peSsoas, dizendolhe que
presenciado as tais operacoins, entrou aexaminar miuda­ aSsistiraõ aellas, Easuiraõ fazer, e preSentiraõ oqueSefes
mente que operaçoins Eraõ pelas tais pessoas queSelhe- Com a Luz extinta oque melhor ellas mesmas poderaõ
dizia astinhaõ visto faser; Eveyo finalmente aaveriguar individuar. Eque estas eraõ asouzas que Selheoffereciaõ
por depoimentos, quederaõ Faustina India Solteira filha denunciar nesta Meza Eofazia damesma forma quelheche-
dos índios Feliciano, e Manica natural E moradora dadita garaõ anoticia, e Mais naõ diSse Nem doscustumes.
Fasenda tera doze annos deidade: Feliciana MameLuca Perguntado Seodito índio Domingos Easditas Sua Mu­
Solteira filha depay incognito EdamameLuca Caetana de- lher, Bernardina EMulataLourença São peSsoas dejuizo,
Faria dahi mesmo natural Eagora moradora nesta cidade ESezudas oupelo Contrario doudas edezacizadas ou Secus-
naõ Sabe Emque Rua nemFreguezia, ESo ouvio dizer fora- tumaõ tomar debebidas, Eestariaõ delias tomadas quando
vista emcaza deMaria deAragaõ junto aSanto Antonio tera fizeraõ as couzas referidas. ESe aSsim o ouuio dizer as
quinze athe dezasseis annos EaEstacia Maria Mulata Sol­ PeSoas que lhederaõ asditas noticias.
teira filha do cafus Diogo, Ede Ignez mulata ja defunta DiSse que qualqeur dastres peSsoas Nomeadas tem
natural emoradora dadita Fasenda tera quinze annos pouco bastante entendimento Enada tem dedoudas mas que elle
mais oumenos que odito índio Domingos de Souza naõ Comeffeito Secustuma perder Combebidas, Eque ellesain-
So dodito tempo mas ja de muitos annos atras fazia Suas daque também Uzem dasditas bebidas naõ he deSorte que
Curas por meyos inSolitos, E conhecidamente suspeitos, fiquem alienadas Comellas. Enaõ ouuio dizer que o esti-
Como haõ depois deser chamado para curar algum doente ueSsem nem elle nem ellas quando fizeraõ oSobre dito.
daditaiFazenda hera de noute acompanhado dadita Sua
223
222
Perguntado Se Sabe ou ouuio dizer que os ditos índio Correya deOliuyera e de Jozepha deOliveyra que Viuem
Sua mulher EMulata Lourença fiseSsem mais algumas deSuas Fazendas natural da Freguezia deNoSsa Senhora
uezes as Sobre ditas Couzas Ediante deque peSsoas daPiedade daVilla doLagarto daComarca de SergipedeEl-
Disse Ouuio dizer que algumas uezes mais fizeram Rey do Arcebispado daBahia Emorador da Freguezia de-
145 omesmo emtempo que adMinistrauaadita Fasenda Seo Santo Ignacio daVilla áeBeira desteBispado, EDirector dos-
Feitor Bento Peres Machado porem que este osreprehendeo, Indiosdella que diSse Ser X.V. de quarenta etres annos
masnaõ ouvio diser quem foraõ os doentes porcuja molés­ deidade Eque oque Selheofferecia denunciar eraOSeguinte.
tia elle os reprehendeo: ESo Sabe que aoccasiaõ emque Que hauera dous mezes pouco mais ou menos achan-
elles ultimamente fizeraõ os que as ditas pessoas lhecon-
dose elle denunciante na Villa deBuim no exercicio deSua
taraõ fora por moLestia que padecia Antonia mulata casada
diretória emconversaçaõ que teve com o Padra Acacio
como índio Alexandre damesmaFazenda. daCunha deOliveyra nacaza delle mesmo, que actual Mente
Perguntado quetempo ha conhece aostres denunciados
he vigário daditaVilla Epovoaçaõ natural destacidade Omes­
que opiniaõ tem delles acerca deSua crença vida, ecustumes.
Disse que osconhece havera quinze annos earespeito mo Vigário lhe contou que naditaFreguezia, digo lhecontou
estando preSentes Francisco deBrito Mendes Solteiro ho­
da Sua crença naõ fas boa nem mà opiniaõ aindaque pelo
que elles obraõ desconfia dequeSejaõ verdadeiros Catho- mem branco Naõ Sabe dequem he filho Natural doReino
licos porque também naõ Saõ bons os Seos procedimentos naõ Sabe donde Cabo daCannoa doComercio dadita Villa
tera vinteecinco annos deidade; EManoel Gonsalues tam­
pois Saõ todos tres dados avicios. bém homem branco Casado nao Sabe onome damulher
Perguntado Se omoveo alguma payxaõ particularde
naVilla dePinhal deste Bispado E Cabo da Cannoa desta
odio ou mavontade quetinha aosSobre ditos para faser
dita Villa, que nadita Villa daBuira Esta actual Mente
esta denunciaçaõ. aSsistindo hum Mameluco chamado Pedro Rodrigues Ca­
Disse quenaõ porqueSomente afas paradescargo^ deSua
consciência. E Sendo lhe Lida esta Sua denunciaçaõ Epor- zado Com a índia RozaMaria Carpinteyro Natural Naõ
eiie ouvida Eentendida disse Estar escrito naverdadee assi­ Sabe Concerteza donde Emorador namesmaVilla naRua
nou comoSenhor Inquisidor Visitador oPadre Ignacio Joze- Larga deSam Paulo: o qual Sobre Sertido Ecomummente 147
Pastana Notário faVisita queoescrevi. reputado por Feiticeyro advinhador Eprincipal mestre ou
Oráculo Entre os índios, custuma aensinarlhes falsas dou­
a) Giraldo Jose de Abranches trinas contrarias, Etotal mente oppostas atodas as Leis
a) Manoel Corea deCarvalho Divinas Ehumanas. Sendo huma delias, persuadir as ín­
dias, que Seachao ocupadas que naõ he pecado matar
dentro dos ventres as crianças quetem concebido porquanto
Denunciaçaõ que fes Giraldo Correya do Mameluco Pedro as almas das mesmas criancas aSim mortas nos ventres
Rodrigues Eoutro índio. Matemos lhe vem depois fallar do outro mundo aelle dito
Pedro Rodrigues: Epera melhor Emais facil mente per­
Aos quatro dias domez de Setembro demil Settecentos suadir este diabolico erro Em ajuntamentos, que convoca
146 Sessenta Equatro annos nesta CidadedoPará e Collegio dos mesmos índios e índias finge vozes desconhecidas
delia onde esta aMesa da Visita estando nella oSenhor que Comelle vaõ fallar Elhedizem oestado ELugar emque
Inquisidor Giraldo JozedeAbranches Vizitador porparte do- Seachaõ, declarando odito Pedro Rodrigues que estas vozes
Santo officio desteEstado MandouUir peranteSi ahum ho­ que faz ouvir aosmiseraveis índios Saõ asalmas das cri­
mem que daSalapedio Audiência ESendo preSente pordizer anças queforaõ mortas nos ventres deSuas mains: Eque
apedira pera denunciar nesta Meza defactos Cujo Conhe­ tudo isto he taõ certo que aVirgem Nossa Senhora assim
cimento pertence aoConhecimento doSanto officio lhefoi lhotinha revelado. E que a Lem disto também odito Pedro
dado Ojuramento dosSantos Euangelhos Emque posSua- Rodrigues ensina afaser penitencias exessiva mente rigu-
maõ Sob cargo doque lhe fo i Mandado dizeUerdade Eter- rosas dizendo que quem as fizer morrendo nomeyo delias
Segredo O que tudo prometeo Cumprir. ELogodiSse cha- vay pera o Ceo, e con effeito huma Sua filha Rozaura
marse Girai do CorreyaLima Solteiro filho legitimo deSimiaõ Rodrigues casada com OIndio DuarteSerraõ por ensino Seo
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entrara afazer as ditas rigurosas penitencias naõ esta elle Brito Mendes, Saõ oppostas e Contrarias aUerdadeyra
testemunha certo do tempo emque odito Vigário lhedisse Religiaõ, Eapureza daNossa SantaFe Catholica; poriSso en
sucedera este ocaso ESomente, que lhecontou que aditta descargo de SuaConsciencia uem denunciar tudo nesta-
Rozaura com as penitencias referidas emmagresera defor­ Meza, Emais naõ diSse nem doscustumes.
ma que vindo odito Seo marido defora para adita villa Perguntado Se osditos Pedro Rodrigues EMarçal Agos­
deBuim, aachou so naquelle estado lhe perguntara Omotivo tinho Saõ peSsoas de entendimento Eclarojuizo ou pelo
Eque declarando elle areprehendera asperamente. Eque Contrario doudos edezacizados ouSecustumão tomar debe- 149
pormeyo destas Ede outras mais falsas doutrinas entuáo bidas. ESenestas ocasioens Em que delias estão tomadas.
nafacil credulidade dos referidos índios Eos índios tem Custumão ensinar as falsas doutrinas que athe agora tem
comSeguido hum tal respeito, Veneraçaõ E medo de todos declarado. Disse que ambos elles ainda que São o pri-
elles, que todas quantas maldades podem apetecer, vem meyro Mameluco oSegundo índio, tem juizo claro, enão
facilmente aconseguir Sendo huma, Eamais prejudicial mostrão Ser doudos: Eque Suppradito Sejão amigos de-
delias o illicito trato com aquelas que lheparecem ou Sejaõ bebidas oque entre os índios he ordinário, nunca elle
Solteiras ou cazadas as quais Se lheentregaõ ou por von­ denunciante os vio perdidos por Similhante motivo: porém
tade, ou porm edo damorte comqueSaõ Logo ameasadas. que SempreOuvio diser que quando elles fasem osSeos
148 DiSse mais que nomesmotempo aCima dito Enamesma ajuntamentos nunca deychão de ter asSuas bebidas: Enão
occasiaõ que Conuersou Com o referido Vigário este lhe­ Sabe Se estarão tomando delias quando EnSinão oque
contou também que o Capitaõ Marçal Agostinho índio declarado tem:
Cazado Com Andreza Cardozo natural doSertaõ Emorador Perguntado Se tem ouvido amais algumas pessoas que
damesmaVilla deBuim enSina as mesmas falsas doutrinas os ditos Pedro Rodrigues, EManoel Agostinho Sejão fre­
induzindo aquella gente daSua nasçaõ que as mulheres quentes emfaser estes ajuntamentos de índios, EIndias,
naõ Cometem peccado dando amorte aosfilhos animados Eensinar lhes as Suas falsas doctrinas.
nosSeos Uentres porque lhesperSuade queasSuas almas, Disse que não.
lheuem depois faliar Eque NossaSenhora aSsim lhetem
recebido. Epera mais facilmente Capacitar acredulidade Perguntado que tempo haconhece aosditos Pedro Ro­
dadita gente Seajunta Com elles Ecom ellas efazem Suas drigues, EManoel Agostinho: que juiso fas dacrença deca-
potageros Enesta occasiaõ form a Uozes Mudadas, edesco- dahum delles EdeSeos respectivos custumes Eprocedi-
nhecidas para que os Mizeraueis entendaõ queSaõ por- mento.
nunciadas por almas do Outro Mundo. Eque porestes Disse que há quatorze meses esta director da dita
meyos ConSeguem oSeos deprauados intentos Comquais Vila E Só de então para Ca os conhece: E que não pode-
quer Mulheres que lhesparecem, as quais ou poruontade, faser bom juizo da Suacrença ainda que osve hiramissa
ou portemor Se lhe facilitaõ porque oreconhecem porSeo Efaser outros actos de christaos: porque osve Econhece
Pagè ESuperior, EComo tal orespeitaõ Etemem por forma muito mal procedidos E de péssimos custumes, Sem temor
que pertendendo elle ahuma índia Cazada, que poderá algum deDeos, nem receyo do que murmura delles O pró­
declarar odito Francisco deBrito Mendes, Cabo da Cannoa ximo vendoos ambos casados, E ambos públicos Escanda­
dadita Villa, que foi quem Contou aelledenunciante Este losa mente concubinados.
Cazo, adita mulher cazada vendose fortemente perseguida Perguntado Se omoveo mais alguma couza afaser esta
do dito Marçal Agostinho, fora dar parte doqueelle Sucedia denunciação ou afaz por odio ema vontade que tinha aos­
aSuaSogra, ELogo este lherespondeo, que ConSentiSse an­ ditos Pedro Rodrigues eManoel Agostinho.
tes queelle a matase porque aSsim o custumaua afazer. DiSse queSomente afas pordescargo deSuaconsciencia 150
Eque tudo procede do Conceyto que Esta Mizerauel gente Ecomodesejo deque aquella gente Saya dos erros Em que
dos índios fas destes Pagès ouFeiticeyros Como elles lhes- mizerauel Mente uiuem por quanto a Nenhum dosSobre
customaõ chamar. Eque por intender elle denunciante que- ditos tem odio ouma Uontade. ESendolheLida estaSua
todos os factos, erros efalsas doutrinas, que athe agoratem denunciaçaõ Epor elle ouuida Eentendida diSse estar es­
declarado pelas noticias dosditos Vigário EFrancisco de- crito nauerdade EaSsinou ComoSenhor Inquisidor Visita-
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dor depois delheSer Lida estaSua denunciaçaõ OPadre
deCameta E odito Sitio em que então morava he hoje de
Ignacio JozePastana Notário daVizita Oescreui.
Luis Fagundes tera trinta E oito annos pouco mais oumenos
(a ) Giraldo JosedeAbranches homem branco de estatura ordinaria, cheyo de Corpo,
(a ) GiraldoCorreaLima cara redonda ea barba Euza deCabeleyra de Tranca Vira
porentre huns ramos de arvores, queodito Izidro Sahira
de dentro deSua casa com a Imagem do Senhor Crucifi­
Denunciaçaõ q faz Caetano daCosta cado, Ea posera em hum galho de goyabeyra, Elhe dera
quantidade de asoutes não está certo do instrumento com
Aos uinte dias domesdeSettembro demil Sette Centos que lhes dera. Eque este dezacato Sacrílego lhe vira o dito
SeSenta Equatro annos nestacidade doParà e Collegio delia Manoel Arnaut oculto entre gramas com o Oreferido Izidro
onde esta aMezadaVisita Estando nella o Senhor Inquisi­ que oexecutou Sem Saber que eravisto: Com o qual facto
dor Giraldo JozedeAbranches Visitador por partedoSanto comprovou odito Manoel Amaut aconstante fam a que ha
Officio desteEstado Mandou Uir peranteSi ahumhomem deSer odito Izidro Judeo: Eque não obstante ter elle de­
quedaSala pedio audiência ESendopreSente pordizer ape- nunciante noticia queja denunciou deste facto perante o
dira peradenunciar dehum cazo cujo Conhecimento per­ Bispo D. Fr. Miguel de Bulhoens pordescargo Esucego de­
tence aoSanto officio lhe fo i dado Ojuramento dosSantos- Sua Consciência o denuncia também por entender que aisso
Euangelhos Emque pos Sua maõ Sob cargo doqual lhe he obrigado, O que não fez athe agora, porque So apoucos-
foi Mandado dizer uerdadeeterSegredo: Oquetudo prom eteo dias Soube que tinha esta obrigação Emais não disse nem
Cumprir. ELogo diSse chamarse Caetano daCosta Cazado do custume.
Com Julliana Rodrigues da Sylva natural daFreguezia de- ESendo lhe Lida estaSua denunciação E por elle ouvida
NossaSenhora das Merces dacidade deLisboa Em orador Eentendida dise estar escrita NauerdadeaAsinou ComoSe-
dodeSanto Anna do Guarape Merim deste Bispado que 152
nhor Inquisidor Visitador OPadre Ignacio JosePastana No­
Uiue deSuas Fazendas que tem aonde chamaõ deNossa tário da uisita Oescreui.
Senhora deNaZareth dadita Freguezia EdiSse Ser X.V.
deUinte Eoito annos deidadeEqueoq Selheofferecia denun­ (a ) Giraldo JosedeAbranches
ciar Era: (a ) Caetano daCosta
Eque hauera oito annos achandose elle Ainda Solteiro
eFazendo humaUiagem aVilla deSanta Crus doCametta
Estando hospedado Emcaza deManoel Asdaunt Entaõ Sol- Apresentaçaõ EConfissao de Ignacio Peres Pereyra
1Ç1 tevro hoje entende hecazado naõ Sabe Com quem nem
donde he natural nem de quem he filho he m orador dadita Aos noue dias domesdeMarço demil Sette Centos Se­
Villa juntamente com huma Sua parenta chamada Isa- Senta eCinco annos nesta cidade doPara, eCollegio delia
belinha não esta certo das horas nem do dia Emez; Em- Onde esta a MeZadaVisita Estando nellaoSenhor Inquisidor
conversação que o dito Manoel Amaut teve com elle de­ Giraldo Jose deAbranches Visitador porparte doSanto Offi­
nunciante, ecom outro que Estava presente, que lhe parece cio desteEstado Mandou Vir peranteSi ahum hom em que­
foi Antonio deSagy cazado com Anna não Sabe deque natu­ daSala pedio audiência ESendopreSentepor dizer apedira
ral desta cidade, Em orador na Freguesia deNossa Senhora paraConfeSsar culpas que tinhaCometido pertencentes ao-
da Conceição do Abaite naSua Fazenda chamada Itavera Conhecimento do Santo O fficio lhefoi dadoOjuramento
mirim o qual então era Juiz deorphãos dadita Villa Izidro doSantosEuangelhos Emquepos Suamaõ Sob cargo doqual
lhes contou aelle denunciante Eao dito Antonio deser oro- lhe foi Mandado dizer uerdade eterSegredo oque tudo nro-
ferido Manoel Amaut, que hindo em certo dia ao Sitio meteo Cumprir. ELogo diSse chamarse Ignacio Pires Pe­
Emque morava na dita Villa Izidro não lheSabe oSobre reyra XV. Cazado ComThereza dos Santos natural daFre-
nome havera os ditos oito annos Era Solteiro, hoje nao guesia deSantaMaria do Castelo da Villa deOliueira da
Sabe que estando tem nem de quem he filho ,he natural Prouincia do Alentejo Bispado deElvas, Em orador na Rua-
desteEstado não Sabe Se desta Cidade Se dadita Villa Fermosa Freguezia daSantaSe destacidade queuiue dosSol
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dos deSargento Supra de Grandeyros daCompanhia deque* . arte escondia, e oculta, que lhe naõ declarou, Com os
foi Capitaõ Aniceto Francisco de Carualho E diSse Ser® desejos de seencontrar, e fallar Com o demonio; e de que
deuinte eSette annos de idade. | elle manifesta, e visiuelmente lhe apparecese por qual quer
ELogo fo i admoestado que pois toma ua tambom Con-8 forma ou em qual quer figura que foSse; porem que o
Selho Como o de seapreSentar Uoluntaria Mente noSanto m naõ uira, nem Aomenos lhe falara inuisiuel mente, naõ
O fficio dasculpas quetemComettido lheconuem muito tra-lj bstante que achamase por muitas, Erepetidas uezes, e
zelas todas amemoria parafazer dellashuma inteyra Eue*,|j compalauras expreSsas, eclaras gritando por elle invozes
dadeiraConfissaõ; elhefazem aSaber que estaobrigado adi-;:l altas, para que lhe falaSse, e apparecese Concluindo odito
ser detodas as peSoas Com quem Secomunicou na Crençai Joze Luis a Sua resposta Com dizer aelle Confitente, que
153 de Seos erros, ESabem andarem apartadas da Fe o u l também estaua noseo mesmoparecer crendo que nem hauia
inferno nem demonios por que SefoSse Certo que hauiaõ
Sejão vivas, ou mortas, prezas Soltas reconciliadas, pa-a
demonios no inferno, que Se dezia hauer, tinha por Sem
rentes ounão parentes, auzentes deste Estado, ou nelleía duuida que lhe hauiaõ de apparecer, ou que Aomenos
residentes, declarando tudo O que Comellas tiver passado lhe hauião fallar inuisiuel mente, O que naõ experimentara:
contra a Nossa Santa Fe Catholica não im pondo porem j Eque isto quetinha obrado nadita Noite, Econfiara delle
aSi, nemaOutrem testemunho falço por Ser isto oquelhe-1 Confitente Onaõ hauia dedizer porm odo algum aoutra PeS-
convém para descargo deSuaConsciência Salvação deSuàj soa Nem Ainda aoSeo proprio confeSsor: Enadamais paSsoi
alma e bom despacho deSua cauza: Aoque respondendo! Entre elle Confitente Eodito Jose Luis na Sobre dita Co­
disse que So diria averdade aqual Era. _ | municação que entre Si tiueraõ e elle lhe naõ diSse nem
Que havera mez Emeyo não estacerto do dia Serião! declarou Se alguma peSsoa o hauia ensinado, E elle confi­
quatro pera cinco horas da tarde junto acasa da Polvorall tente também o naõ foi por PeSsoa alguma, e Sefiaraõ
mas no Campo da Freguesia deNossa Senhora do Rozario| hum do outro por Serem ambos particulares amigos. Eque
daCampina desta cidade achando-se elle confitente em 1 tendo elle Confitente estado firm e E constante p or espaSso
companhia de Jose Luis Solteyro homem branco não Sabe | de annos que aocerto lhenaõ Lembrão nadita crença do 155
de quem he filho he natural dacidade de Lisboa não Sabe| demonio com o havia decLarado: E depois havera anno e
de que Freguesia Soldado da Companhia do Capitão Jose| meio na do que não havia inferno nem demonios, fora
Antonio Salgado m orador na Rua de Sam Matheus F rei Continuando nella athe havera vintedias, em que Lendo
guesia de Nossa Senhora doRozario daCampina não sabei Sobre aEternidade por hum Livro espiritual, allumeado
Sua qualidade teravinte edous annos pouco mais ou menos,í pelo Espírito Santo veyo aconhecer os Seos erros, E Logo
Epraticando ambos entre Si Sos Sobre matérias dejogo j entra adetestalos, Edando Conta aSeo confessor, omandou
de Cartas p or occasião de dar elle confitente aconhecerj vir aesta Meza para os confessar E pedir absolvição, Edeos
aodito Joze Luis opezar que tinha quando perdia no Jogo.j ter com ettido esta muito arependido, pede perdão, Eque
lhe disse que lheparecia não havia inferno nem demonios J com elle seuze demizericordia, E mais não disse nemdo
porquanto tendo por dez, ou dozevezes interiormente deze-J custume.
jado que o dem onio o ajuda-se para ganhar invocandoo no] Foi lhe dito quetomou muito bom conselho Em se
jli Seo mesmo interior Sem articulação ou pronunciação de j appresentar Volumptaria mente nesta Meza Eprincipiar
palavras nunca experimentara que o dem onio lhe desse | aconfessar nella as Suas culpas, lhe convém m uito traselas
ajuda Conhecida: do que vinha aentender, E apersuadir-se ? todas amemoria para acabar defaser delias huma inteyra
154 que nem hauia inferno, nem demonios, parando entaõj Everdadeyra confissão para descargo da Sua Consciência
nesteConceito, EaSsentando ComSigo queaSsim era. Paraj Salvação da Suaalma, Emerecer amisericordia que aSanta
o que Contribuyo Muito o dito Jose Luis, que ouuindo Oi Madre Igreja So custuma conceder aosbons Everdadeyros
referido aelle Confitente, lhe diSse, eConfeSsou que da-| confitentes. E por tornar a dizer quenão Erademais Lem­
mesmaforma aSsim oenten dia por quanto uendo quetam-^ brado foi outraves admoestado em form a Emandado para-
bem per dia ordinariamente quando Jogaua, fora deNoite fora, Eque desta cidade Se nao ausenteSem Licenca ex­
Naõ lhediSse Emquehoras delia nem Emque Noite, acerta pressa desta Meza, a Sala daqual vira todos osdias não

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feriados demanhãa athe Se findar aSua causa oqueelle pro- Denunciaçaõ quefaz Luiz deSouza Sylua de Francisco Jose
meteo cumprir Sob cargo dojuram ento dos Santos Evan­
gelhos que para isso lhe fo i dado. Esendolhe Lida estaSua Aosuinte ESeis diasdomes deAgosto demil ESette cen­
confissão, Eporelle ouvida eentendida disse estar escrita tos ESeSenta ecinco annos nesta cidade deBellemdoParà,
naverdade e que nella Seaffirma, Eratifica Etorna adiser EmoCollegio delia onde esta aMeza daVisita doSanto Offi­
de novo Sendo necessário Enella não tem que acrescentar cio estando nella oSenhor Inquisidor Giraldo JozedeAbran- 157
demenuir, mudar, ou emendar nem denovo que diser ao- ches Visitador p or parte doSanto O fficio deste Estado
custume Sob cargo dojuram ento dos Santos Evangelhos mandouvir peranteSi ahum prezo queSeachou na Inchovia
que outraves lhe fo i dado: Ao que Estiverão presentes por- das almas daCadeya publica destacidade porter pedido por
honestas e Religiosas pessoas que tudo verão, Eprometeraõ Petiçaõ, Eporcarta, que lhe era percizo Vir aesta Meza para
dizer averdade do que forem perguntados Eguardar Se­ desencarregar aSuaConsciencia Em matérias pertencentes
gredo Sob cargo do juramento dos Santos Evangelhos que aoconhecimento doSanto Ofício; ESendo prezente lhefoi
lhes foi dado Emque puserão Suas mãos, osPadres Angelo dado ojuram ento dosSantos Evangelhos. EmqueporSuamaõ
Gemaque EJoze Caetano Ferreyra que a ssinarão. Como Sob cargo doqual lhe foi mandado diser verdade eterSe-
confitente EComoSenhor Inquisidor Visitador OPadre Igna- gredo Oquetudo prom eteo cum prir. ELogo dissechamarse
156 cio JosePastanaNotario daVisita Oescreui. Luis de Souza Sylva Mulato Solteyro filho Legitimo deFruc-
tuoso de Brito Capateyro Mulato Ede Alecia Cardoza ca­
a) Giraldo Josede Abranches fuza, natural naFreguezia deSanto Antonio daVilla de Cam­
a) Ign.co Pirez Pr.a po Mayor do Murubi doBispado deSaõ Luis do Maranhaõ
a) Angelo Gemaq de Albqrq. assistente antes daSuaprizaõ na Freguezia deNossaSenhora
a) Joze Caetano Ferreira da Conceyçaõ das Aldeyas pellas domesmo Bispado Eha-
vera Seys meses na Inchovia das Almas da cadeya desta­
ESahindo perafora oconfitente foraõ perguntados Oz- cidade, diz naõ ter officio ESer devinte oito annos deidade.
Padres ractificantes Selhesparecia que elle fallauauerdade, Eque oque tinha que dizer edenunciar nesta Meza Era.
Emerecia credito, Eporelles fo i respondido, queSim lhes- Que que dodito tempo deSeis meses em que foi reco­
parecia, queafalaua noque deZia, EqueSelhepodia dar cre- lhido naCadeya desta cidade Enalnchovia das Almas delia
dito porSertido porhomemuerdadeyro, etornaraõ aaSsinar aesta parte tem visto, Epresenciado que hum prezo que
ComoSenhor Inquisidor Visitador OPadre Ignacio JozePas- ja Seachava nadita Inchovia quando elle denunciante foi
tana Notário daVisita Oescreui. metido nella, chamado Francisco Joze que ouve diser ge­
a) Giraldo JosedeAbrcheB ralmente que fo i Soldado nesta Praça, eque tivera oofficio
a) Angelo Gemaq deAlbuqrq de Alfayate natural do Reyno naõ Sabe donde nem dequem
a) Jose Caetano Ferreira hefilho, poractos Sucessivos huns aos outros Sem temor
algum daDivina Justiça, Eavista detodos os presos tem
proferido execrandas heresias, hereticas, Eesconde du­
Credito ríssimas blasfémias, nas quais continua Sem emenda al­
guma, Evem. aSer disedepublicar obstinadamente, Que naõ
+ Ignacio Joze Pastana Notário daVisita do- há Deos, E que o Deos que ha o piza debaxo dos pes.
nella Santoofficio Certifico que escrita aconfiS-: Epassando m uito mais decincoentaveses o Santíssimo Sa­
conteúdo saõ delgnacio Pires Pereyra appresentado cramento por defronte dadita Inchovia quando Osmais-
+ mo diSse OSenhor Inquisidor Visitador Giraldo Joze- prezos emaischristaons Sepunhaõ dejoelhos Elherendiaõ a
deAbranches que lhedaua credito ordinário. Eomesmo lhe-1 adoraçaõ que podiaCaber nas Suas capacidades odito Fran­
dou EuNotario doque paSsey apresente demandado dodito cisco Joze lhecustumava virar as costas ficando Empe eba- 158
Senhor Inquisidor Visitador Comquem aSsiney. Parà 9È tendo Com elle noxaõ ComSignais deintranhauel Odio,
deMarco de 1765. dizendo estas palauras = Caõ perro, ELogo os presos
a) P Ignacio JozePastana SeLeuantaraõ porter peçado oSenhor Sacramentado, tor-
a) Giraldo JosedeAbr.chBS naua elle auirar ascostas Como dantes estaua: Eque Con-

232 233
tinuaMente dezia que naõ era elle dito Francisco Jose filhii simcomo osmais prezos dadita Inchovia comoSao Cae-
deDeos Eque antes Sequeria Como diabo, que ComDeosa ao deLira Barros, Feliciano Damiaõ Pereyra, Luís da
p orque Deos Naõ tinha poder algum ESomente otinhi „unha Coelho, Joze Valerio, Raymundo deCampos, todos-
odiabo: Eque naõ custumaua Ouuir MiSsa, EdeproposittJ? brancos, egeralmente todos osmais prezos, que LaSeachao,
ecazo pensado Naõ queria aSsistir aella; pois quando oSai porentender que em consciência estava Obrigado afaser esta
cerdote acelebraua no Altar que esta defronte daCadeyáf denunciaçaõ e mais nao disse nem dos custumes.
Eos mais presos aestauaõ Ouuindo, elle uiraua as costas! Perguntado Se o dito Francisco Joze he homem bom
paraomesmo Altar humas uezes rindose altamente, Eoutras! Entendido: ESe estava em Seujuizo perfeito, eentendimen-
uezes Comettendo oabominauel pecado damalicia, o quall to, quando disse Efez O que athe agoratemdecLarado: Ou
pecado naõ tinha Cometido Somente quando Se Celebrauál Se he doudo, Efalto dejuizo, ou estava com alguma paixao
oSanto Sacrifício daMiSsa, Mas descarada Eatreuidamentej outomado de algumas bebidas, ou Sehe custumado a to-
ofasia emqualquer hora que lheparecia, disendo eafirmando! narse delias. .
que aquillo naõ Era peccado: Ehauendo aíguns presos quej s Disse que odito Francisco Joze em todas as matérias
lheaduertiraõ quenaõ diceSse que naquellas puloçoens prol mostrater cLaro entendimento, ESempre estivera em Seo
curadas porelle naõ hauia pecado porquanto tinhaõ ouuidol juizo perfeito quando dicera e fisera, oquedenunciado tem,
dizer que Saõ Paulo declarara Epregara Contra Similhan-1 Eque nunca deraSignais deSer doido e desacisado, nem elle
tes factos deque SeSeguia que eraõ peccados, elle respondia • denunciante ovio emtempo algum tom ado devinho.
queSao Paulo, erahumbebado, Ehum asno, que naõ Sabia Perguntado Se odito Francisco Joze dizia as couzas que
Oque disia: Eque custumando os presos rezar oTerço de-i tem denunciado Sem deLiberaçaõ, oucom o quem asreferea
NossaSenhora toudas asnoites, Nunca elle aSsistira aesta deoutrem, onde as disse com o quem cria, etrnha peraSi,
reza, antes uiraua as costas para a Imagem deNosso Senhor ! que eraverdade o que disia Eaffirmava.
Crucificado Sem que nunca Se lheouuiSse rezar hum Padre ! Disse que tudo disse, efez com deLiberaçaõ, ecomo
Nosso, eAue Maria nem palaura alguma pela qual de Ao- quem esta persuadido aquetudo heverdade o que elle diz,
e affirma, porque deoutra Sorte haveria occaziaõ emque
menos hum Leue indicio deSerChristaõ, Eque algumasuezes elle seretratasse, aqual athe agora naõ vio elle denunciante.
que pelo custume que os presos tinhaõ debeijar Oz pes • Perguntado SeSabequeodito Francisco Jose diceSse ou 160
domesmoSenhor Crucificado, lheLeuaraõ peraomesmofim ] fizeSse Omesmoquetem denunciado Emoutras mais partes
aSuaSacrosanta Imagem, Eelle respondia, que lhatirasem
ou occazioens, alem dasquetemdito.
dediante, EameteSsem naparte mais immunda doCorpo hu­ DiSse queSomenteSabe porlhe contarem geralmente
mano, Eque omesmo fasia as Imagens doSenhor dos Naue- Ozmais prezos, que omesmocustumaua dizerefazer muito
gantes EaSuaCoroa, que pediaõ perabeijar, EdeNoSsa Se­ antes dosséis Mezes, emque elle denunciante entrounadita
nhora do Rozario, Eapalma de Santa Ritta. EqueSendo
Inchouia. ,
Muitas e innumeraueis uezes reprehendido daSuasheresias Perguntado que Opiniaõ tem elle aCerca dacrença Uida
Eblasfemias pelos prezos que Com notauel Sentimentos as ecustumes Eprocedim ento dodito Francisco Joze.
ouuiaõ, Eprezenciauaõ elle Sempre Se ria, EZombaua de- DiSse que Aopiniaõ quefas dodito Francisco Joze dos-
tudo escandalizando atodos Naõ So Com os ditos factos ditos Seis Mezes que oconhece aesta parte, he deSerhu
159 que elle denunciado tinha digo que elle denunciante tinha homem réprobo, E herege declarado, porquanto Nunca lhe
manifestado mastambem com contar Ereferir atodos os vio fazer accaõ boa nemdizer palauraboa, nem ainda fazer
prezos, que fora confesar-se a Igreja do convento. ENossa oSignal daCruz.
Senhora do Carmo E que dandose lhe acomunhaõ tirara Perguntado Se om oveo mais algumaCouza afazer Es-
oparticula dabocca, Edevera, Eametera dentro do cano de tadenunciaçaõ, ouSeafazporOdio, ema uontade, que tem
huma Espingarda com o fim deque Levasem osdiabos a aodito Francisco Joze.
Hóstia, Eque isto tinha referido muitas Erepetidas veses DiSse que onaõ moueo adar esta denunciaçaõ mais
fasendo grande jactancia deste Sacrilégio execrando. Eque cauza que desemcargoda SuaConsciencia Ever Se hauera
esta denunciaçaõ a fazia elle denunciante pordescargo de- algum remedio paraSenaõ perder esta alma porquanto
Suaconsciencia por haver ouvido, visto, Eprezenciado tudo lhenaõ tem odio nem mauontade.

234 235
ESendo lhe lida estaSuadenunciaçaõ, Eporelle bem Inquisidor Giraldo Joze de Abranches Visitador porparte
Ouuida Eentendida diSse estar escrita nauerdade Eque do Santo officio deste Estado mandouvir perante Si a
noquetem dito Seaffirm a Eractifica, etorna adizer denouo- hum homem queda Sala pedioaudiencia ESendo presente 162
Sendo neceSsario, Enaõ tem queacrescentar deMenuir pordizer apedira pera ConfeSsar Culpas aellas pertencentes
Mudar ouemendar, nem denouo quedizer aocustumeSob- khefoi dado Ojuramento dosSantos Euangelhos emquepos-
cargodojuramento dosSantosEuangelhos, que outraues lhe­ Sua maõ Sob cargo do qual lhefoi mandado dizer uerdade
foi dado, Aoque estiueraõ prezentes porhonestas e Religiozas ter Segredo, oque tudo prom etteo Cumprir: ELogo diSse
peSsoas quetudo uiraõ Eouuiraõ Eprometeraõ diZeruerdade chamarse Manoel Pacheco deMadureyra XV. Viuuo de Dona
noque forem perguntados, Eguardar Segredo OzPadre digo Claudina Maria Pinheyro Natural daFreguezia da Se desta-
Segredo Sobcargo dojuram ento dosSantosEuangelhos que- cidade em orador naRua das Flores Freguezia deNoSsa Se­
lhes foi dado Emque puzeraõ Suas MaososPadres Alexandre nhora do Rozario daCampina damesmacidade queuiue de-
161 Pereira daCosta EJozeCaetanoFerreyra queaSsinaraõ com o- Sua agencia deidade dequarenta Equatro annos.
denunciante ESenhor Inquisidor visitador OPadre Ignacio
Jose Pastana Notário da Visita oescrevi. Foi admoestado quepois tomaua tambom Conselho Co­
m o odeseappreSentar noSanto officio asculpas quetem-
a) Giraldo Joze de Abranches Comettido, lheconuem muito traselas todas na Memória
a) Alexandre Pr*daCosta para delias fazer huma inteyra, EUerdadeyraConfiSsaõ,
Luiz de Souza e Silva aellefazem aSaber que esta obrigado adeclaralas todas-
a) Joze Caetano Ferreira daCosta Miudamente ComSuas Circunstancias aggrauantes Sem as
encarecer, nem disculpar, porque odizer a uerdade So pura
E mandado o denunciante parafora foraõ perguntados eSincera mente Sem Leuantar a Si nem a outrem teste­
os Padres Ractificantes se lhes parecia fallava verdade Eme- munho falso, nem ainda ao mesmo demonio he o que lhe
recia credito Epor elles fo i dito que lhes parecia fallava- conuem pera descargo de Suaconsciencia Saluaçaõ deSua
verdade, Eque noque disia Se lhepodia dar credito acres­ alma ebom despacho daSuacauza. Ao que respondeo queSo
centando oprimeyro ractificante em razaõ doSeo parecer, auerdade diria, aqual era.
que oSoldado EAlfayate denunciado he E sempre fo i geral­ Que conceruando se elle dealguns annos aesta parte
mente mal reputado nacrenca eReligiaõ; pois alemdoque em trato ecomunicaçãõ illicita Com certamulher Sua afim,
declarao denunciante elle confessava fizerana Igreja de porSer Sobrinha deSuamulher, hauera dous paratres Mezes,
Nossa Senhora doCarmo, tinha também com ettido hum que desaviandose ella de continuar naofença deDeos Com
grandeSacrilegio na Imagem deNossoSenhor Crucificado elle Confitente Confundamento de diser naõ aqueriaõ absol­
Em a Fortalezada Barra dando lhe facadas e golpes com o ver osSeosconfeSsores: elle Confitente Levado daSua Se-
he publico, Enotorio; Equeporisso prezume, oulheparece gueyra, Edegrande afecto, que lhe tinha, depois de intrepor
que odenunciante falaraaverdade noquediz etornaraõ a assi­ todos osmeyos, que pode depalauras para que ella Con-
nar comoSenhor Inquisidor Visitador o Padre Ignacio Jose centise nomesmo trato illicito, enaõ poder alcansalo, ainda-
Pastana Notário davisita oescrevi. com mayor cegueyra Emayor prejuizo deSua alma. Se
valeo de outros m eyos extrordinarios osquaisforaõ apren­
a) Giraldo Jose de Abranches der Certas palauras, echamadas Oracoins deSamMarcus Saõ
a) Alexandre Pr.a daCosta Cypriano, E das tres Estrelas que apparecem juntas de
a) Jose Caetano Ferreira da Costa noite Seguindo o curso, eCarreyra doSolEnsiandolhe ade-
Sam Marcus hum índio forasteiro que nomesmo tempo 163
andava nestacidade naõ lheSabe o nome nem donde natu­
Confissão deManoel Pacheco ral Emorador, nem oestado quetem porqueSo naquella
occasiaõ O vio, Elhefalou tomando por escrito as palavras
Aos quatro dias domez de Novembro demil Sette cen­ que elle lhe ensinava, que vem a S er= Saõ Marcus de
tos Esesenta Ecinco annos nestacidade doPara eCollegio Veneza te marque: JEsu Christo teabrande a hóstia con­
delia onde esta aMeza daVisita estando nellao Senhor sagrada te confirm e: Santo, Teror, Querer, Total: Marcus
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com osTouros bravos encontrastes, com a vossa Santa pera quecom elle Seuze deMizericordia, e maisnaõ diSse.
palavra os abrandastes, assim vos peço que abrandeis oco- Nemaocustume.
raçaõ de fulana= Ensinando lhe omesmo índio as mai« Fóilhe dito quetomou Muito bom Conselho emSe appre-
palavras que elle confitente escravo, ESaõ as seguintes= sentar VoluntariaMente nesta Meza, Eprincipiar aconfeSsar
SamCypriano Bispo Arcebispo Confessor demeo Senhor nella asSuasculpas Elheconuem Muito faZerexame detodas
JEsu Cristo; Sam Cypriano vos peço, que mea brandeis ellas, etrazelas amemoria para acabar defazer Huma inteyra
o coraçaõ defulana= Enttimamente as Seguintes = Tres euerdadeyra Confissão declarando auerdadeira tençaõ Com-
Estrelas vejo JEsu Christo abrande, E os tres ocoracaõ que Cometteo asquetem ConfeSsado para descargo deSua-
de fulana = E que detodas estas tres chamadas oracoins consiencia Saluaçaõ deSuaalma, Emerecer a Mizericordia
rezara elle confitente trezentas vezes poucom ais, pronun­ que aSantaMadre Igreja So Custuma Conceder aosbons
ciando as Sempre que adita mulher lhe apparecia olhando euerdadeiros Confitentes. Eportornar adizer que naõ era
para ella, por adevertencia, quelhefizera odito índio;. sem demais Lembrado fo i outrauez admoestado em forma Eman-
que ainda com ellas podesse alcançar oSeo pecaminozo dadoperafora, Equedestacidade Senaõ Ausente Semexpressa
fim nemconhecesse que produsiaõ mais effeito, que a bran- Licença desta Meza, aSaladaqual Uira todos os dias naõ
dar adita mulher, para fallar com elle, O que nem ainda feriados demanhã as oito horas ate Sefindar aSua Cauza
Conseguia Sem Ser por meyo das ditas palavras: Athe o que elle prom eteo Cumprir Sob Cargo dojuramento dos-
que vendo elle confitente quenaõ conseguia couza alguma- Santos Euangelhos que paraiSso lhefoi dado. ESendo lhe
mais porsedesembaraçar sempre adita mulher, Enem en Lida estaSuaconfiSsaõ Eporelleouuida Eentendida diSse
caza queria assistir, Levado elle confitente da vittima, Estaua escrita nauerdade EaSsinou ComoSenhor Inquisidor
Emais forte tentaçaõ, que lhepodia faser odem onio, por Visitador OPadre Ignacio Joze Pastana Notário daVisita
duas veses o invocou disendo = Satanas abranda me oco- oescreui.
raçaõ de fulana= Entendendo, que assim conseguiria o a) Giraldo JosedeAbranches
seopecaminozo intento: Maz vendo que nem por este meyo, a) Manoel Pacheco de Madureyra
apode conseguir, tratou debuscar oremedio deSuaalma aoz’
pes detres confessores, nenhum dos quais O quis absolver 165
Sem que Sevisse primeyro appresenlar, Eabsolver pelo- Confissão de Mel --------------------- Sa
Santo O fficio.
Aos tres dias domesde Abril de mil Sette centos e
E que outro Si havera oito meses estando elle confi­ sesenta e Seis annos nesta cidadede Belem do Para em
tente Em Suacaza chegando acha de Lavar A roupa huma o collegio delia onde esta a Mezadevizita Estando nella
índia doSeuServisso chamada Germana Solteira, edisendo- oSenhor Inquisidor Giraldo Joze de Abranches visitador
164 lhe que lhetinhaõ fartado huma CamizaLembrandose elle por parte do Santo O fficio deste Estado mandouvir pe­
confitentte dequehuma Velha chamada Andreza ja defunta rante Si ahum homem que daSalla pedio audiência eSendo
UZaua da adivinhaçaõ por meyo dehum Balayo para Saber presentes por dizer apedira para confessar culpas perten­
quem furtaua as couzas dizendo aspalauras Seguintes = centes ao Santo O fficio lhe fo i dado ojuramento dosSantos
PorSam Pedro, por Saõ Paulo, pelaporta deSantiago, fulano Evangelhos oporque por Suamaõ Escrita Sob cargo deque
furtou tal CouZa = Eque algumas uezes andara o Balaio lhe foi mandado diserverdade eter Segredo o que tudo
arrodaSabendose porestem odo quem tinha feito ofurto: prometteo cum prir ELogo disse chamarse Manoel Nunes
também elle Confitente juntamente ComaditaSua índia fe- da Silva Solteiro filho Legitimo de Theofilo da Silva, Ede-
somesmonomeando algumas peSsoas quetinhaõ emtrado Sua mulher Marieta Josepha natural e morador da villa
emcasa; Eporque o Balayo naõ andou aroda entendeo que- de Nossa Senhora de Nasareth da villa daVigia que disse
nenhuma daspeSsoas Nomeadas tinha furtado acamiza; Ser XV. Eajudante daordenança dadita Villa Eviver do
Equedando também parte disto aosditos SeosConfeSsores’ seu negocio devinte oito annos deidade.
onaõ quizeraõ absoluer. Pelo que SereZolueo elle Confi­ Foi admoestado, que pois tomava tambom conselho
tente auir appreSentarse EaconfeSsar aesta Meza asditas com o de Se appresentar no Santo O fficio das culpas que-
Culpas: Edeaster Comettido esta Muito arependido, Ees- tem com ettido lhe convém m uito traselas todas a memo-
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ria para delias faser huma inteyra e verdadeyra confissão, parte em que aSsistia aditacerta Mulher Comquem per­
E lhefasem aSaber que está obrigado adecLaralas miuda- tendia cazar, efazer Cruzes Comabacia, quando dizia as
mente com as Suas aggravantes circunstancias Sem as palauras dadita oraçaõ Estando nomesmo tempo Comos-
encarecer nem desculpar porque odizer Somente averdade braços estendidos enaCruz em costado Com peito erosto
pura eSincera, SemLevantar a Si nem aoutrem testemunho alguma porta eJanela queficaSse fronteira pera acaza Em­
falso, nem ainda aomesmo demonio, he oque lheconvem que Moraua adita certa Mulher Eque elle Confitente Leuado
pera descargo daSua consciência, eSalvaçaõ deSua alma desteensino, ofizera Comeffeito uarias uezes, Edicera todo
eSeo bom despacho. Aoque respondeo que Soaverdadediria oSobre dito Com as referidas Circunstancias; aindaquenada
aqual era: Conseguira da Sobredita pertendida Mulher talues porque-
Que havera Seis annos pouco mais oumenos achando duuidaua entaõ doque podeSse adita oraçaõ Easmais ------ ,
se elle confittente nesta cidade asistindo em humas casas teruirtude para Conseguir oquepertendia. Porem que depois
que estaõ na correntesa das que Seachaõ Seguidas depois delle Confitente Sahir destacidade para avilla do Caete deste-
das da companhia geral para a Rua form osa e juntamente Bispado emqueaSsistio alguns Sette ou oito meses con- 167
Comelle hum Seoprimo Joze Caetano Cordeiro Cazado com trahindo illiceta amizade concerta índia cazada que m o­
Roza Maria deAragaõ subchantre da Seda mesma cidade rava emdistancia dehum quarto deLegoa. Evendo que lhe
natural damesma cidade por occaziaõ de conversarem am- naõ podia fallar quantas vezes apetecia, Se Lembrou desta
166 bos emhumdia depois dejantar arespeito dehumamulher Oraçaõ edecircunstancias delia, Etendo fe emque tinha
que elleconfitente pertendia peracazamento, Edelhenaõ Cor­ virtude para faser hir adita índia a Sua presença muitas
responder ella naconformidade dos recados quelhemandaua: e muitas repetidas veses tanto dedia com odenoite dizia a
odito JozeCaetano Cordeiro lhediSse entaõ queUZaSse elle­ referida oraçaõ, efasia qdeclaradas occasions ordinaria
confitente dehuma oraçaõ que elle dito Seoprim o Sabia, mente naõ vinha Se elle confitente anaõ hia buscar, porem
daqual Naõ tinha fe alguma, mas Sabia quehum Domiciano muitas veses vinha ella So Sem ahir buscar, atribuindo
deMattos cazado naõ Sabe Onome damulher nemdonde elle confitente quetudo eraõ effeitos dadita oraçaõ. Eque
henatural hemorador da dita Villa da Vigia, tinha grande nesta form a devida perseverara pelo dito tempo deSette
fe dadita oraçaõ; Edellau Za, EConseguia oquedesejaua; ou oito meses athe que Se retirou dadita villa de Caete
Eque UZase elle Confitente também delia Eemfe, porque havera dous mezes. Etendo detudo isto parte aoseo con­
talues Conseguiria aSua pertençaõ aSsim Como ComSeguia fessor poroccasiaõ de quem desobrigarse dopreceito da-
odito Domiciano por Conta, oupormeyo damesmafe que quaresma elle Onaõ quis absolver obrigandoo aqueSeviesse
nellatinha, que era o que faltaua aelle dito Seoprim o Joze­ appresentar. O que vem faser pornaõ ter mais culpas, que
Caetano Cordeiro porque dizendo humaues nada alcansara confessar pertencentes aesta Mesa: Edeter com ettido as-
porlhefaltar afe. Oque ouuindo elleConfitente rogou aodito quetem confessado Estamuito arrependido pedeperdaõ,
Seoprimo Comquem Estaua So nareferida occasiaõ, para- eque com elle Seuze demisericordia. Emaisnaõ disse nem
quelheenSsinase; e Com effeito elle lhe ensinou naforma dos custumes mais queSer prim o dodito Jose Caetano
Seguinte = Fulana Sam M arcos deVeneza te Marque, a com o temdecLarado, epelo querespeita a Domiciano de­
Hóstia Consagrada EoEspirito Santo m econfirm a natua Mattos naõ tem couza que decLarar.
uontade, paraquetodos tepareçam terra, E Eu So Fulano Foi lhe dito qutom ou muito bom conselhoemse appre­
te pareça Pérolas, eDiamantes. Oh Gloriozo Sam Marcos, sentar voluntária mente nesta Mesa eprincipiar nella acon-
que aosaltos montes Subistes aosTouros brauos encontras­ fessar Suasculpas Elheconvem m uito traselas todas ame­
tes ComoofasSantas palauras abrandastes aSsim Vos peço moria para acabar defaser delias huma inteyra everdadeyra
abrandeis ocoraçaõ defulana para quenaõ poSsacom er nem- confissão, decLarando averdadeira tencaõ comque com etteo
beber, nemSucegar SemCommigo uir estar, tam Mança, ehu- as que tem confessado paradescargo deSua Consciência
milde, aSsim Como christo fo i pera aAruore daVeraCruz Salvaçaõ deSuaalma, emerecer am isericordia queaSanta
= Concluindo o dito Seo prim o este Seo ensino quefes Madre Igreja So custuma conceder aos bons everdadeiros
aelle Confitente, eelle Confitente escreueo emhum papel, confitentes, Eportornar adiser quenaõ era demais Lem­
que quando diceSse adita oraçaõ hauia deolhar pera a brado, nem tivera outra tencaõ mais daquetem dito foi
240 241
outraves admoestado em form a Emandado parafora. Eque- lhos emque por Suamaõ Sob cargo doqual lhe foi mandado
dessa cidade Senaõ ausente Sem Licença expressa desta dizer verdade Eter Segredo O que prom etteo cumprir E-
Meza, aSala daqual vira todos osdiasnaõ feriados de ma- Logo disse chamar-se Lorenco Rodrigues Solteiro mame-
nhaã, as oito horas atheque Sefinde aSuacauza: o que elle Luco filho Legitimo de Gonsalo Tavares Ede Engracia
prom etteo cum prir Sobcargo dojuram ento dos Santos Rodrigues natural deVilla Nova deElRey deste Bispado
168 Evangelhos quelhefoi dado. Esendo lhe Lida esta Suacon- Emorador na Rua Nova daFreguesia daSe quevive deSeos
fiSsaõ Eporelle Ouuida, Eentendida diSse Estar escrita Soldos por ser Soldado daCompanhia doCapitaõ Manoel
Nauerdade Enella Naõ tinha que acrescentar demenuir Corrêa deMoncada Sem outro officio devinte eSeis annos
Mudar, ouemendar nemdenouo que dizer aocustume Sob­ de idade poucom ais ou menos.
cargo dojuram ento dosSantos Euangelhos queoutra ues- Foi admoestado quepois tomava tam bom conselho
lhefoi dado Aoque estiueraõ presentes por honestas eReli- Como o de se appresentar nesta Mesa devisita do Santo
giosas PeSsoas que tudo viraõ, eouiraõ Eprom eteraõ dizer Officio dasculpas quetem com ettido lhe convém muito
uerdade Noque forem perguntados EguardarSegredo Sob­ traselas todas amemoria para faser detodas ellas huma-
cargo do juram ento dosSantos Euangelhos que lhesfoi dado inteira, Everdadeira Confissão: Elhefazem aSaber queesta
emque puseraõ Suasmaõs OsPadres ManoelRodrigues Co- obrigado adedaralas todas comas Suas agravantes Circuns­
nego daSantaSé, AndreFemandes Pinheyro Sachrystaõ Mor tancias Sem as encarecer, nem disculpar porqueSe lhecon-
damesma que aSsinaraõ Comoconfitente oSenhor Inquizi- vem diser averdade pura eSincera SemLevantar a Si,nem
dor Visitador OPadre Ignacio Joze Pastana NotariodaVisita aoutrem testemunho falso nem aindaaomesmo demonio;
Oescreui pera descargo de sua consciência Ebom despacho deSua-
(a ) Giraldo Josede Abranches causa: Aoque respondeo queSomente diria averdade aqual
(a ) Manoel Nunes da S.a era
(a ) Manoel Rodrigues
Quehavera Seis annos pouco mais, ou menos assistindo
(a ) Andre Frz. Pinheyro
elle confitente naRua do Barroco Freguezia daSe junto
com outro soldado Laurenciaõ Alves Solteiro naõ Sabe
EMandado perafora oConfitente foraõ preguntados os­
Padres ratificantes Selhesparecia fallaua uerdade Noque- dequem hefilho, he natural e actualmente moradomavilla
Hiy.ia. emerecia credito Eporellesfoi dito queSim lhesparecia deSantaCrus de Camelta Emcasas que alugaraõ a Domingos
fallauauerdade eSepodia dar credito Aoquedizia Etornaraõ Nunes Sem officio casado com Antonia naõ lheSabe oSobre
a a S sin a r ComoSenhor Inquisidor Visitador O Padre Ignacio
nome; por occasiaõ de fallar odito Soldado Lurancio Alves
JozePastana Notário daVisita oescreui. Com oreferido Domingos Nunes Emque haviaõ oracoins para
atrahir asvontades das mulheres para fins pecaminozos, 170
(a) Giraldo JosedeAbranches queoshomens, pertendiaõ; o dito Domingos Nunes diSse
(a ) ManoelRodrigues Logo queelle Sabia huma que diziaõ era boa peraodito
(a) Andre Frz. Pinheyro intento Naõ diSse Se delia tinhaUZa do Ounaõ. Epedindo-
lhe odito Laurencio quelheensinase Logo que odito Domin­
gos Nunes entrou a fazerlhe oensino, elle Confitente tam­
Confissão de Lourenco Rodrigues bém Se aproueitou delle aprendendo Embreue tempo atai
oraçaõ que odito Domingos Nunes chamaua oraçaõ deSam-
Aoz dezanoue dias domez deAbril demil Sette centos Marcos a qual he naformaSeguinte = SamMarcos deVeneza
169 ESeSenta eSeis annos nesta Cidade doParà E Collegio te mar que, EaHostia Consagrada, EoEspiritoSanto tecon-
delia ondeesta aMesa davisita estando nella o Senhor firm e naminha Uontade pera que tu te percas pormim
Inquisidor Giraldo JosedeAbranches visitador por parte do Naõ Eu porti; Gloriozo SamMarcos que aos Montes Santos
Santo officio deste Estado mandou vir peranteSi ahumho- Subistes AosTouros brauos encontrastes Com o voSsa
mem quedaSala pedio audiência Esendopresente pordizer Santa Palaura abrandastes; aSsim vos peço que abrandeis
apedira peraconfessar Eafaser pertencentes aoconhecimento Fulana peraquevenha ter Commigo digo vos peço que
do Santo officio lhe foi dado ojuramento dosSantos Evange­ abrandeis o coraçaõ deFulana peraquenaõ poSsa Comer

242 243
nembeber Sem Commigo vir estar efallar tam humilde Santos Evangelhos queperaisso lhefoi dado, Esendo lheLida
etam Mansa, com o omanso Cordeiro foi pera a Aruore EstaSua confissão Eporelle ouvida eentendida disse estava-
deVeraCruz Amem JEZus — Dizendo odito DoMingos Nunes escripta naverdade EnellaSeafirma eratifica Etorna adizer
que esta Oraçaõ Sehavia dedizer fazendo Cruzes Com acara denovo Sendo necessário, Enella naõ tem que acrescentar
Aomesmo tempo emque SediceSsem as palauras delia es­ deminuir, mudar ouemendar nemdenovo quedizer aocus-
tando quem as diceSse aSua porta da Rua: E que depois tume Sob cargo dojuram ento dos Santos Evangelhos que-
Sehauiaõ de rezar tres Padre NoSsos etres Aue Marias outraves lhe foidado ao que estiveraõ presentes porhonestas
ERelegiosas pessoas que tudoviraõ Eouviraõ Eprometeraõ
aSamMarcos. Eque depois disto Sehauia Experimentar o
diser verdadenoque foremperguntadas Eguardar Segredo
effeito damaesmaOraçaõ. Edepois delle Confitente ater
Sob cargo dejuram ento dos Santos Evangelhos que lhe
aprendido pelo dito ensino, etambem odito Soldado Seo
foi dado os Padres Beneficiado Alexandre Pereira da Costa,
Camarada Naõ Sabe elle Confitente Se odito Soldado UZou EAndré Fernandes Pinheyro queafirmaõ Com oconfitente,
delia algumaues; Mas elle Confitente hauera quatro, ou- OSenhor Inquisidor Visitador o Padre Ignacio Jose Pastana
cindo Mezes tentado defallar Eofender a Deos Concerta notário davisita oescrevi.
Mulher Solteira, aqual desprezaua as deLigencias que fazia
porconseguila, UZou pera om esm o fim dadita oraçaõ por- a) Giraldo Jose de Abranches
duasUezes dentro deduas Noites huma Logo depois daOutra a) Lourenco -------------------------
fazendo asmesmas accoens Com o rosto, Epondose No- a) Benetdo -------------------------
mesmo Sito, que tem declarado Comfirme esperança de-
queadita certa mulher Selhehauiade render indo ter Comelle Alexandre Pr.a daCosta André JosePinheyro EMandado- 172
àSuaCaza por uirtude dadita oraçaõ ECircunstancias delia. perafora oConfitente foraõ perguntados Os Padres rati-
Eque Naõ bostante naõ conseguir aSua peruersa intençaõ, ficantes Selhes parecia falauauerdade emerecia Credito.
naõ deixou total mente deacreditar, que ella tinha Uirtude Eporelles fo i dito queSim lhesparecia afallaua Eque Se-
paraofim referido, ESo aSsentou que por falta defe he lhespodia dar credito noquedezia e tom araõ aaSsinar
171 quenaõ tinha Alcansado porque Se ------------ Como era ComoSenhor Inquisidor Visitador Padre Ignacio Joze-
necessário Edizia odito Domingos Nunes Quando aensinou Pastana Notário daUisita Oescreui.
talves consegueria adita certa mulher .Do que tudo deo elle
confitente parte AoSeo confessor,Oqual lhedisse que Onaõ (a ) Giraldo JosedeAbranches
podia absolver Semvir appresentarse NestaMeza Aoque elle (a ) OBenef.do Alexandre Pr.a daCosta
confitente vem Satisfazer arrependido deter Cahido em- (a ) Andre Frz. Pinheyro
Similhante Culpadequepede perdaõ Equecom elle Seuze
damizericordia Emais naõ disse nem doscustumes.
Foilhe dito que tom ou muito bom Conselho em Se ApreSentaçaõ eConfiSsaõ do índio Alberto Montr.°
appresentar nesta Meza Eprincipiar aconfessar nella as
Suas culpas; Elheconvem Muito traselas todas amemoria Aos trinta dias domesdeAbril demilSette centos Se-
para acabar defaser humainteira verdadeira Confissão de SentaeSeis annos nesta Cidade do Parà eCollegio delia onde
todas ellas decLarando auerdadeira tencaõ com que come- esta aMeza deVizita Estando nella oSenhor InquiZidor Gi­
teo asquetem Confessado, pera descargo deSuaconsciencia,- raldo JosedeAbranches Vizitador porparte do Santo O fficio
Salvaçaõ deSuaalma e merecer aMisericordia queaSanta desteEstado Mandou uir peranteSi ahum homem que da-
Madre Igreja So custumaconceder aosbons,everdadeiros Salla pedio Audiência eSendo preSente por diser A pedira
confitentesEpor tornar adiser quenaõ era demais Lem­ peraConfeSsar Culpas pertencentes aoconhecim ento doSan-
brado foi outra ves admoestado em form a Emandado pera to officio lhe foi dado Ojuramento dos Santos Euangelhos
fora E que destacidade Senaõ aUzente Semexpressa Li­ emque posSuamaõ Sobcargo do qual lhefoi Mandado dizer
cença desta Meza aSala daqualvira todos osdias naõ feria­ Auerdade eterSegredo oque tudo prom eteo Cumprir. ELogo
dos pelas oito horas damanhaã athe Sefindar a Sua cauza diSse chamarse Alberto Monteyro índio Cazado Com Anna
o que elle prometeo Cumprir Sobcargo dojuram ento dos daSilua índia, natural daUilla de M onfort deste Bispado

244
queuiue do Officio deCarpinteyro EpreSente Mente Mora­ intento, ficou desconfiado deque odemonio lhe naõ queria
dor em Caza deFrancisco Pereyra Director Nomeado pera fazer o que lhepedia, ou do que naõ tinha poder algum
auilla deCintra daFreguezia digo deCintra naRua das Flores pera ofazer. Eque Supposto paSsado algum tempo, reco- 174
da Freguezia deNossaSenhorado Rozario daCampina desta lhido elle Confitente também aditacerta mulher peraaSua
Cidade deuinte oito annos deidade poucomais, oumenos. Pouoaçaõ veyo Coneffeito a Conseguila, naõ julgou que
Foi admoestado quepois tomaua tambom Conselho pera iSso Concurese imMediatamente odemonio poruirtude
Como o de Se appreSentar NoSanto Officio das culpas da inuocaçaõ eofferecimento, que antecedente Mente lhe-
quetem Comettido lhe conuem Muito traselas todas ame- tinhafeito; Mas Sim poruirtude das diligencias que fizera
173 Moria paradellas faser huma inteyra Euerdadeira Con- pera odito fim. Eque hindo pera SeconfeSsar pello preceito
fiSsaõ Ellaefasem aSaber que estaobrigado adecLaralas daQuaresma hauera quinsedias dando parte doreferido aSeo
todas miudamente com Suas agravantes circunstancias SonfeSsor, elle lhe fizera Conhecer agrauidade daSuaCulpa
Sem as encarecer nem disculpar por que odizer, somente dizendolhe que dellaonaõ podia absoluer, Sem queauieSse
averdade pura eSincera mente he o que digo Sinceramente ConfeSsar nestaMeza: Ao que elle Confitente Satisfaz Muito
SemLevantar a Si nem aoutrem, nem ainda aopropriode- arrependido de ater Commettido, Edella pede perdaõ, Eque
môniotestemunho falso he oque lhe convém para descargo Com elle Seuze deMizericordia. Emais naõdiSse. Foi lhe
deSua consciência Savaçaõ deSua alma, ebom despacho dito que tomou Muito bom Conselho emprincipiar acon-
deSuaCauza: Aoque respondeo que So averdade diria feSsar Suasculpas nestaMesa, Equelheconuem Muito tra­
aqual era: selas todas amemoria paradetodas ellas acabar defaser
Que achando se elle emomezde Outubro do anno pro- huma inteyra Euerdadeira ConfiSsaõ declarando auerda-
ximo passado naFeitoria de Pexe daCosta chamadado deira tençaõ Comque Cometteo as quetem ConfeSsado
Combu pescando pera ocomercio dos índios davilla do peradescargo daSuaConsciencia Saluaçaõ deSua alma, eme-
Non forte por occasiaõ dehir também pera amesma fei­ recer aMizericordia queaSanta Madrelgreja So Custuma
toria certa índia casada, tentando elleconfitente com ella Conceder aosbons, Euerdadeiros Confitentes. Eportomar
fez todas as deligencias quepode parater comella trato adiser que Naõ era demais Lembrado foi outraues adMo-
estado emforma, Mandandoselhe que destacidade Senaõ
Ilicito, enaõ querendo ella consentir, mais fortemente AuSente SemExpreSsa Licença destaMeza, aSalla daqual
tentado fez com o demonio pacto expresso comapertencaõ uira todos osdias naõ feriados pellasOito horasdamanhaã
de aconseguir, invocandoo, etratando comelle pela forma,
ate Sefindar aSuaCauza Oqual elle prometeo Cumprir Sob
emaneira Seguinte = Juruparl Saõ ende cremunhaõ Se cargo dojuramento dosSantosEuangelhos, quepera ISso
remimutara, eyxe a caquere vaerame cuà à Cunhan exume; lhefoi dado. EsendolheLida Esta Sua ConfiSsaõ Eporelle
= Esxe avec amunhaã ne rimimutara sereriraso cuau ne Ouuida eentendida diSse estar escripta Nauerdade, EaSsi-
irum e= As quais palavras pela Lingua Portugueza querem nou ComSeoSignaldeCrusdeque UZa ComoSenhor Inquisi­
dizer = diabo Se tu mefiseres a minha vontade permitin- dor Uisitador OPadre Ignacio JosePastana Notário daVisita
dome Eu durmir com esta mulher, euteprometto faserte
Oescreui.
oque tu quiseres, Emepodes Levar Contigo = Eque naõ
obstante que odiabo lhenaõ deo resposta, contudo elle Signal
confitente Sentio nomesmo tempo hum grande abalo den­ Dolndio Alberto + Montr.°
tro docoraçaõ; com oqual ficou bastantemente temeroso, a )— Giraldo JosedeAbranches
de que Deos NossoSenhor ocastigase. Oqueoraõ foi bas­
tante pera que passada huma Semana pareceo mais oume­
nos deixa se de repetir as mesmas ouSimilhantes palavras Denuncia queda Fr. Joaõ de S.Jose
immediatamente dirigidas aomesmodemonio paque lhefi-
sesse, oque pedia, que era ter trato comadita certamulher Aos Sette dias domes de outubro demil Sette Centos 175
cazada. E tendo outro Similhante abalo, ou tremor noCo- Sessenta eSeis nesta cidade do Parà eCollegio deSanto
raçaõ Logo que acabou de Seofferecer ao demonio naforma Alexandre ------------ onde esta aMeza daVisita do Santo
quetinhadito, Vendo que naõ coseguia oSeo depravado Officio estando nella oSenhor Inquisidor Giraldo Jozede-
246 247
Abranches Visitador por parte do Santo Officio deste Es­ giSse delle para andar Mal encaminhada Comodito Joaõ
tado mandouvir peranteSi ahum Reigioso que daSalla pedio Ueloz: Eque por esta Causa Se retiraraõ ambos dadita
audiência esendopresente pordiser tinha que denunciar Cidade de Badajos peradavilla da Aldeya Galega, aonde
nestaMesa davisita do Santo officio lhe foi dado ojura- aSsistiraõ alguns Mezes ate ------------ decasados, Que Haii
mento dosSantosEvangelhos paraque porSuamaõ Sob cargo SepaSsaraõ aLisboa. Eque também huma espanhola cha­
do qual lhe foi mandado diser verdade eterSegredo o que mada Maria Nicolaia mulher de Antonio Costi em talhador,
tudoprometteo cumprir: E Logo disse chamar se Fr.Joaõ que veyo namesma charrua, ESeacha também Moradora
deS.Joze daordem Terceyra de S.Francisco natural daFre- Nesta cidade pordestras da Mizericordia lhe dicera que
guesia deS.Nicolao dacidade do Porto e conventual no con­ hum Soldado desertor espanhol, queSeachaua em Lisboa,
vento deNossa Senhora de JEsus dacidade deLisboa, Epre- Eaconhecia dauilla deAlbuquerque, Eaodito Seo Marido,
sentemente morador destacidadedo Para, aondeveyo por que ella ainda tinha Seo Marido uiuo na dita Villa deAlbu­
occasiaõ deser capellaõ da ------------ deNossa Senhora das querque, Eque poresta razaõ Sendo Conuidada peraSer
Merces de quarenta eSeis annos de idade. Eque o que tinha testemunha do Cazamento queella Contrahio Com odito
para denunciar nesta Meza era oSeguinte: Joaõ Ueloz, Se escuzara de oSer. Eque Sem embargo detudo
Que havera hum mes pouco mais, ou menos vindo elle isto adita denunciada, eodito Joaõ Ueloz des---------.raõ estas
de nunciante emviage da cidade de Lisboa pera esta do Noticias, Efazendose ellaUiua dodito Miguel Redondo Con-
Para nadita------------Real chamada NossaSenhora das Mer­ + dacidade trahiraõ ambos Matrimonio em faci + da
ces, como cappellaõ delia, Evindo namesma vários casais deLisboa Igreja perante oParoco daFreguesia deS.-
de pessoas de Espanhoes desertores do Reyno deCastella, Julliaõ algum dia, ou alguns dias antes do deuinte quatro
por occasiaõ diterem elles entre Si varias discórdias, eprin- domesdeJulho proximo paSsado, Em que Se embarcaraõ
cipal mente hum Espanhol por nome Joaõ Valos ComSua nadita charrua, Naõ tem elle denunciante Noticia daspeS-
intitulada mulher chamada Maria Antonia também Espa­ soas, queforaõ testemunhas deste Cazamento; porem he
nhola, que nestacidade asistem naRua por detrás daMise- Sem duuida que Com effeito Se acharaõ naforma doSa-
ricordia; Se comessou a dizer, que adita Maria Antonio, grado Consilio Tridentino nareferida Igreja deS.Julliaõ,
quetem mais o Sobre nome de Pacheca naõ estava valida Eperante oParoco delia, Como Certificaraõ aelle denunci­
mente cazada com odito Joaõ Veloz, por que actual mente ante Muitas euarias Pessoas, que viraõ Epresenciaraõ o 177
Se achavavivo Seu verdadeyro, ELegitimo marido que Se- dito cazamento nem os mesmos denunciados onegaõ Equi
chamava Miguel Redondo Soldado do Regimento de Gra­ isto era o que se lheofferecia denunciar nestaMeza por
nada que esiste navilla de Albuquerq junto acidade d e ------ descargo deSua consciência Emaisnaõ disse nem do cus-
------do Reyno deCastella: Eouvindo elle, denunciante estas tume couza alguma.
176 noticias, Entrou Aexaminar o Caso Comtoda aindiuidaçaõ Perguntado que opiniaõ tem elle denunciante acerca
quelhefor poSsiuel, Eachou hum desertor também espanhol da crença vida ecustumes dos denunciados.
names maCharrua chamado Uentura Sarrasola Casado Com Disse que elle naõ tinha ma opiniaõ delles porque lhe-
Roza Audeta também espanhola, hoje aSsistentes ambos parece, que naõ deixaõ de Ser Catholicos, Etendolhe feito
por detrás da Igreja da Misericórdia, o qual Uentura Serra- algumas admoestacoens pera o fim deque Seabstenhaõ deter
soladiSse aelle denunciante, que achandose Com adita Sua Comunicaçaõ carnal entre Si emquanto Senaõ certificarem
mulher nadita Cidade deBadajos aonde também entaõ es- do falescimento dodito Miguel Redondo antes do Seo caza­
taua adenunciada ja retirada dodito SeoMarido, ediuertida mento; elles lherespponderaõ que estavaõ casados emboa
Comodito Joaõ Ueloz, Ouuira dizer no dia vinte e tres de fe por lhediserem alguns Soldados diretores dodito Regi­
Abril deste Anno demil Sette centos SeSenta eSeis ahum mento deAlbuquerque, que odito Miguel Redondo Com-
Certo Soldado dodito Regimento deGranada aSsistente na­ effeito era falescido, E que emquanto, aosSeos custumes
villa deAlbuquerque, o qual tinha hido adita Cidade de- Eprocedimento naõ havia queixa delles.
Badajòs, que OMarido dadita denunciada o referido Miguel Perguntado Se omoveo alguma couza mais afaser esta
Redondo Se achauauiuo EaSsistente nadita Uilla deAlbu­ denunciaçaõ, ouSeafez por odio, emavontade, q tenha aos-
querque noexercício deSoldado, extranhando, que ella fu- dunciados.
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Disse que Somente da esta denuncia por cumprir com dos Santtos viuua de Julliaõ de Mendonsa mameLuco que- 179
Sua obrigaçaõ porque lhesnaõ tem odio, nem ma vontade. foi Ouriues por occasiaõ delia confitente tratar illicitamente
Esendo lhe Lida estaSua denunciaçaõ Epor ella Ouvida Com certo homem, eeste depois odeichar,Se entrou a quei­
eentendida disse estar escrita naverdade. Eassi nou com o xar disto adita SuaVerinha que presente mente mora no
Senhor Inquisidor Visitador oPadre Ignacio Joze Pastana alto daRua do Pacinho nacompanhia de Bernarda Amatildes
Notário davisita que oescrevi. casada com Máximo Fernandes,ELogo aSobredita Roza
Maria dosSantos lhe ensinou aoracaõ de Sam Marcus
a) Giraldo Joze de Abranches dizendo lhe quetambem lhetinhaõ ensinado naõ lhedisse-
a) Fr. Joaõ de S.Joaõ quem.Eque Supposto tendo dellauzado, nunca lheachara
effeito, uzase ellaconfittente damesma Oraçaõ.quepoderia
Ser fossebem Sucedida, ellaaensinou naforma seguinte=
Appresentaçao econfissao de IVIaria Joanna deAzevedo Sam Marcus de Veneza te marque,JEsus Christo te abran­
de,a Hóstia ComSagrada te encarne,oEspirito Santo tecon-
178 Aos Sette diasdo mez denouembro demil eSette Centos firma naminha vontade: Os teus olhos de piedade postos
ESeSenta eSeis Nestacidade do Parà eCollegio deS. Ale­ emterra,as mais te pareçaõ Lama Eterra ESo eu te pareça
xandre delia ondeesta aMesada Visita doSanto Officio es­ Pérolas de Ouro: Meu Glorioso SamMarcus altos montes
tando nellaoSenhor Inquisidor Giraldo JosedeAbranches Sobestes Touros bravos encontrastes com as vossasSantas
Visitador porparte do Santo Officio desteEstado Mandou- palavras abrandastes assim pos peço que meabrandeis o
uir perante Si ahumamulher quedaSallapedio Audiência coraçaõ de folLano, que elle naõ,que elle naõ possacomer,-
ESendopreSente pordizer apedira pera nellaConfesSar Cul-' nem beber,nem dormir,nem ------------ Sem commigo vir
pas pertencentes AoConhecimento doSanto Officio lhefoi estar ,e fallar = Dizendo lhe mais a dita Resa Maria que
dado O j u r a m e n t o doSantosEuangelhosemqueposSuamaõ quando ella confittente disesse as ditas palauras, vira se
Sob cargo doqual lhefoi Mandado dizer uerdade eterSe- a cara pera aparte a onde assistia o dito certo homem,
gredo oquetudo prometteo Cumprir. ELogodiSse chamarse Efaser com amesmaCara Cruses enquanto as pronunciase
Mareia Joana deAZeuedo Solteira filha natural deChirstina Eque estaria dedizer, ounahora demeyodia.ou demeyanoite,-
de Medeyros Cafuza, natural dacidade deS. Luís do Mara- ouaporta daRua ou naJanella,eSempre acompanhando as
nhaõ donde uieraõ emeompanhia dadita Suamay. daidade- ------------ mais palauras,ou comcruses feitas com --------- —
Freea+ deNSra deSeisAnnos Emoradora na Rua das Meo oucom obraços estendidos,Eque cuspisse tres vezes noxaõ,-
do R o s a /rio iAlco') as pera aparte doMatto,+ queuiue Elheposesse depois O pe esquerdo emeima donde cuspia...
daCampina dotrabalho deSuas Maõz detrinta ESette
annos deidade poucomais oumenos. Epersuadida ella confitente disse ensinou tanto que apren-
Foi admoestada que pois tomaua tambom Conselho deo adita oraçaõ Se determinou auzar delia,eaexcutar todas
Como o deSeAppreSentar noSantoofficio peraConfeSsar as ditas Seremonias para conseguir oSeo intento: Uzando
asculpas, qúetem Comettido lheConuem IVIuito traselas também deoutraoraçaõ mais que adita RezaMaria lhe en-
todas amemoria, pera faser delias huma inteira Euerda- cinou da forma Seguinte = Fulana oSangue deChristo te
deira ConfiSsaõ: e Se lhefaz aSaber queesta obrigada ade- dou acomer, o Leite daUirgem Maria tedou abeber Fulano, 180
claralastodas Miudamente ComSuascircunstancias aggrauan- Suspiro Aiis, Eas dores que aUirgem SantiSsima deo quando
tes Sem as encarecer, nemdesculpar porque odizer Somente Uio SeoAmado filhoMorto, os mesmos aiis, Easmesmas-
auerdadepura ESincera, Sem Leuantar aSi, ou aoutrem tes­ dores, EosmesmosSuspiros de ter por Mim ahora que Com­
temunho falso, Nem Aindaao mesmo demonio, he oquelhe- migo Naõ Uieres fallar = DiZendolhe quetambem hauia
conuem peradescargo deSua Consciência Saluaçaõ deSua- defaser Cruses Comabeça quando pronunciase as ditas pa­
alma, bomdespacho daSuaCauza. Ao que respondeo queSo lauras Eque faZendo ellaconfitente bastante uezes todas
auerdadehauia dedizer Aqual Era Que hauera doze annos asditas Seremonias acompanhandoas Com as referidas pa­
poucomais oumenos aSsistindo ellaConfittente naRua qua- lauras ou Orecoens; Uendo que nadaConseguia, Contou
Uay da Mizericordia pera o Matto emCarggo (Casa) do tudo aTheodora Lameira ja defunta eSolteira que Moraua
Conego FructuoZo daCosta ESendo Sua Uezinha RosaMaria aopedaMizericordia, Eesta lheensinou pera o Mesmofim que
250 251
ellaconfittente pertendia outras duasOracoens, huma na- tinha ouuido dizer naõ Se Lembra aquem.que as ditas ora-
forcna Seguinte = Fulano Com dous teuejo Com Cinco çoins naõ approveitavaõ SemSerem ComcLuidas com estes
te Mando, Com dez te Amarro, oSangue te bebo, o Coracaõ nossos = Ediz, ELuas,ELoquis = E que havia deSer ---------
teparto. FuLano junte por estaCruz de Deos (aqual Cruz dito effeito emalguma encrusilhada. ELogo que rogo esta
fazia Nomesmo tempo Com os dous dedos pelegar e indice Lembrança Se detreminou ella confittente afasello n.csim
damaõ direita) quetu andes atras demim aSsim Como pera O que pella hora demeya noite sahio so deSua Caza,-
aalma anda atras daLuz, que tu pera baixa iras, EUiràs, Efoi buscar a encrusilhada dequatro Ruas, Esaindo nomey
em Caza estar EUiràs, por onde quer que estiueres Naõ delia aforma demuitas cruses Como signo damaõ comhum
poderás Comer Nem beber, nem dormir Nem Sucegar pao riscando na terra com elle pera faser as ditas cruses,-
SemCommigo Uires estar, e fallar = disendolhe quahauia Se pos em ------------ delias pizandoas Comope ------------ E-
dediser esta oracaõ fasendo Cruzes ComaCabeca, EUirada dizendo as ------------ com o ope esquerdo ------------ Lembrar
pera a parte donde Moraua odito certo homem, Eque também que quem fallou nos ditos tres Nomes dicera 182
hauia deSer ahora do Meyo dia, oumeya, Noite, Eque- quehauia defaser ornais queacaba de referir Eestando nesta
quando Naõ fiseSse ascrusescomacabeca hauia deestar Com- pusitura disse Com effeito aSegunda Oraçaõ quelhe ensinou
osbraços em Crus Naparte daRua. Eaoutra lhoinsinou na aCobre dita RosaMaria que principia = Fulano oSangue
forma Seguinte = Fulano SamMarcus temarque Christo te de Christo JESus = Eaprimeyra quelhe ensinou adita Theo-
abrande, Christo --------- era, que teponha atua barba em doro Lameira que principia = Fulano, Com dous te veyo
terra aSsim Como oManso Cordeiro na Aruore daUera- ------------ Eaque lheensinou aditaCaetana que principia Fu­
Cruz: A erua ufrana que Na franga foi buscar que tem a lano, Sam Marcus temarque eUs acompanhando todas Com
rama no Mar, Eas rayZes noCeo aSsim Come esta erua as Sobre ditas Seremonias, e Circunstancias, Econcluindo
Custou aachar aSsim tu Fulano demim tenaõ possas apar­ as Com os dittos tres nomes ELis, ELucas, eELoques,
tar s= diZendolhe quahauia dediser estas palauras Com- +--------------- Episando Sempre Comope as que do + que
B S cruzes riscara Nomey o daincruzilhada Erecolhen-
asmesMasCircunstancias aCimaditas. EuZando ella Confit-
tente das ditas palauras ou Oracoens por uarias ueses Com dose depois diSso naSua Caza, Vendo que odito Certo
181 as ditas Circunstancias nem as esperimentou Effeito,que homem lhenaõ appareceo nem abuscou no restante deSsa-
desejauaJEtendo nomesmo tempo conhecimento ComCae- noite nem nodia immediato Seguinte Logo ellaConfittente
tana casada com Antonio Raposo quefoi Soldado, ehoje ao seraõ denoite Se aSsentou a Sua porta Erepetio asmes-
he Sigo, que moraua Enaõ Sabe Se ainda mora,junto algreja mastres oracoens fasendo So as cruses Com acabeça epaS-
do Rozario da Campina emcaregdo Capitaõ davigia ainda sado Muito pouco tempo foi odito Certo homem ter Com
que temouvido diser,que ella semodou pera detrás da Mize- ella, e lhe diSse, que tinha ido fallarlhe porque naõ pudera
ricordia,epera casas domesmo capitaõ daVigia. Eperguntan- parar, nem ter Socego Sem que foSse: E depois de esta
do lhe ellaconfitente SeSabia alguma oraçaõ pera obrigar Com ella tres horas pareceo mais oumenos Se retirou,
aquerer bem, Adita Caetana lheensinou aSeguinte= Fulano ficando ella Confittente crendo firmemente que elle lhetida
Sam Marcus temarque, SamMarcus te amanse JEsusChristo ido fallar obrigado daUirtude quetinhaõ as ditas oracoens,
te abrande,que teponha aberta Sobre aterra aonde ofilho que foi dizer naencruzilhada com ascircunstancias, que tem
de Deos foi nado, que te abrande oteo Coraçaõ; Coraçaõ declarado, Enaõ Menos capacitada dequeas ditas oracoens
com que mepençais,bocca com que mefaliais,olhos com que ainda Sem Serem ditas na encruzilhada tenhaõ poucomais-
me vires Se uzam amim com muita pas, econcordia assim Oumenos, ESempre odito homem lhefoi fallar Estando em-
Como meuSenhor JEsusChristo quando foi pelo caminho terra, porque algumas Uezes estaua em humNauio donde
de Jerusalem, que Se encontrou com Seos discipulos,Elhe- naõ podia Sahir. Eque tanta Confiansafasia ella das ditas
disse apor entrevos amigos meos assim tuFulano meobe- palauras, ouOraçoens naquelle tempo, que Sabendo Setinha
deças= E que lhenaõ dicera fisesse algumas Seremonias ajustado hum cazamento, Equedepois Se arependia o M oço
Comesta dita oraçaõ. Eque aprendendoas ella confitente, Enaõ queria Casar ComaMoça dequem ella era Amiga,
Euzando detodas ellas naõ pudera porestes meyos conSe- Compadecida delia, emSeo Nome foi faZer asditas Seri-
guir que odito Certo homem tom a se aporsebom com ella: monias, Ediser as referidas palauras namesma encruzilhada
de que resultara vir lhe huma noite aupensamento,que ELogo nodia Seguinte foi odito Moço acasa dadita Moça

253
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ficando persuadida deque aSsim Sucedera porUirtude dadita he daforma Seguinte = Meu Glorioso SamCypriano, foste
183 Sua deligencia. Eque chegando no mesmo tempo eo bri- Bispo, eArcebispo, Pregador eConfeSsor demeuSenhor JE-
gaçaõ de lhe confessar pelo preceito da ------------, assim sus Christo pela VoSsaSantidade, EaVoSsaVirgindade vos-
declarando tudo aSeo Confessor, do qual suposto foi re- peço Sam Cypriano que metragais aFulano de rastos, e
prehendida, naõ deixou decontinuar athe havera tres annos chorando, Sato Saroto Doutor, que mequeyrais adoutar =
em diser as ditas oracoins, efaser as Sobre ditas Seremo- dizendo que estas palauras Sehauiaõ pronunciar fasendo
nias menos a deleraencrusilhada pera cumprir por este nomesmotempo Nochaõ Comopeesquerdo huma cruz. Eque
modo osSeos depravados desejos; porem que nunca mais naõ obstante Esperimentar ellaconfittente, que depois de-
experimentara omesmo effeito tendo por certo, o que tinha SeconfeSsar pelo preceito daqueresma Comodito tinha, que
ouvido diser a huma Mameluca chamada Albina ------------, por meyo das ditas oracoens nunca mais conseguio do que
deque estas cruses Senaõ haviaõ Confessor Senaõ nahora- intentaua, Semprefora Continuando emdiselas, e faser as
damorte porque confesando se antes ja naõ tinhaõ virtude, Suas Seremonias ate hauera tres annos, em que total Mente
Eque posta ella confittente neste conceito teve occaziaõ deixou de as praticar, porque a illustrou oEspirito Santo
deperguntar a Maria Josepha cazada comdomingos Antonio por meyo dehumavisaõ, que teue emsonhos pelaformaSe-
alfayate morador artas da Igreja deS.Joaõ, SeSabia alguma guinte — Acabando ellaConfittente defaser naencruzilhada
oraçaõ pera obrigar aquerer bem Ella lhe encinou a Se­ as Seremonias, Edediser aoraçaõ quelheensinou aSobredita
guinte ------------ ------------ nomeo Reatro Comdous afallar Maria Josepha queprincipia = Estando Eu no meu Theatro
Se te, que coreis, Ecaminhais, edemea caza defulano Se Ma, recolhendose peraSuaCasa, E dei tandose naSuaRede
elle estiver pasiando ------------, delle estiver dormindo acor- adormir Selhe repreSentou em Sonhos oCeo aberto do
dayo, quemevenhaLogo, Logo aqui faliar: Se, Pe faseme tamanho dehumaSalla grande dentro de Cujo espaço es-
isto queeu lhe peço = disendo lhe que Sohavia faser em- tauaõ innumeraueis peSsoas uestidas de uariedades deCo-
huma encrusilhada pela meyanoite assentando a nella, a res, que ella naõ Sabe destinguir fasendo todas huma grande
dizer justamente humaoraçaõ deSam Marcus qualquer que- festa aosom de vários ebem consertados instrumentos, E- 185
fosse: Eque ella confittente assim a fisera humavesSomente aporta Seachava humapessoa vestida como de roxo, aqual
ainda quenaõ experimentou effeito. Eque com omesmoin- pos os olhos pera ella confittente Sem lhediser couza al­
tento perguntara ahuma Lucia que hoje heviuva deAntonio guma, o que naõ fes nenhuma dasmais pessoas do dito
JozeCoimbra Soldado naõ Sabe aonde esiste presentemente, Congreso por que naõ olhavaõ peraella aomesmo tempo
Enaquelle tempo morava aope do Rozario ------------ dodito que odito Espaço Selhe representava emtam pouca dis­
Capitaõ da vigia, Se Sabia alguma oraçaõ que lhe ensinase, tancia ------------, era bastante mente baixo, Eproximo aonde
E ella lhe encinou aSeguinte = Estando eu debaixo da ella estava, Eque todo odito espasso Se achava de Cor
Triena Rezando nas minhas oras ------------, ------------ Salta azul e cheyo todo de luses. Edespertando ellaconfitente
atras ------------, equefas So elle esticar dormindo acordado com este Sonho ainda lhe pareceo que via, omesmo Ceo
que mevenha Logo, aque fallar = Elheensinou mais outra aberto, Eque ou via as mesmas musicas, E ornais que tem
184 oraçaõ na forma Seguinte = Fulano, Eu te encanto, e te declarado ficando lhe daqui huma grande Consulação Ehum
reCanto, Noencantador Mayor, noCoraçaõ dehomem Morto estímulo taõ grande pera emenda a Sua vida, que Logo
doze areyos de arcar, no Collare do Egito em Carcerado alli fez promessas a Deos, ea virge Sanctifiçada Nossa Se­
Sato, Sarato Mulher, autora, querer, enotar, disendolhe que nhora denunca mais rezar de semelhantes oracoins, nem
estaOraçaõ Sehauia dedizer quando foSse paSsando pela pecar comhomens, o que executou dispondo se pera Se
rua, ohomem, queSepertender ate elle desaparecer, Eque confessar, como coneffeito Seconfessou dahi ahum mes
desta forma o obrigaua aoutraues Voltar afallar Comquem pouco mais oumenos: Indo Logo depois da ----------- ma
adoceSse Eque destas duas Oracoens usara ella Confittente pera a rosa dehuma Sua prima, eLevando consigo huma
innumeraueis ueses mas quenunca lheSucedera Como de- filha, E dous filhos, quetinha com pouco animo devoltar
Zejaua. Eomesmo lheSucedera Com outra oraçaõ deSam tam sedo pera esta cidade Eachando se ellaconfittente na
Cypriano que lheensinou hum índio chamado Paustino Sol­ dita rosa teve novos motivos pera ratificar oSeobom pro-
teiro deCasa deCasa deAntonio Carualho Semofficio Casado posito por quanto lhemorreo breve mente nadita Rosa adita
ComLusia Rodrigues morador atras deS. Joaõ aqual oraçaõ Sua filha, ficando ella confittente taõ inconsolável, que a

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mesma Sua prima amandou por nesta cidade pera que tida debranco, e Equededentro doCeo viera pera adita ajuda, 187
Sepodese consolar com algum confessor: Evittando depois e descera por ella abaixo, acompanhado demuitas Luses
ripaigiins meses para adita Rossa aviver com adita Sua hum Sacerdote revestido com huma alva, Eapertado com-
prima, vendo que nacasa aonde se recolhia lhefaltava hum Singulo, E comtanto resplendor, que quasi lheimpedia
afilha defunta, que namesma caza lhefasia dantes com­ aellaconfittente opoder velo aSua vontade, EqueSempre
panhia, entrou apedir insistente mente aDeos, que lhe re- viera com as costas virado para ellas, athe que chegando
velase oLugar, em que ella estava, porque ora Sepersuadia ao fim daescada, tudo desaparecera, ficando ella confittente
que estaria no Purgatório, Ora que andaria pelo mundo entendendo que aquelle Sacerdote Seria Christo Senhor
purgando os Seis pecados athe que emhuma noite em- Nosso, que Se dignaria de Se lhemostrar por aquelle modo
sonhos Se lhe representou que via muito ao Longe oCeo no referido Sonho: do que lhedeo as devidas graças por
186 aberto, ehuma grande prociSsaõ depeSsoas uestidas de- emtudo a querer ConSolar. Disse mais que ainda SeLem-
branco, Equetodo Aquelle espaSso doCeo estaua ComMuita brava agora deque antes dos tres annos, quetem declarado
claridade e aporta huma peSsoa uestida atragica que lhe- lhe ensinara Antonio deMiranda homembranco Solteiro fi­
pareceo Ser hum Anjo Comhuma Toxa acesa namaõ oqual lho de Jozepha Archangela viuva, naõ temofficio, mora aope
se recolheo para dentro, Etras delle foi toda a prociSsão da Igreja do Rozario outra oraçaõ pera Selhe querer bem,
fechandose outra ues oCeo. Eacordando Logo ella Confit- a qual he aSeguinte = Tres Estrelas vejo, queSam astres
tente depois deste Sonho, naõ obstante que Senaõ julgaua Reis --------- Jesus parto, o coraçaõ dePullano neste ---------
Merecedora, deque Deos lhefiseSse aquellaMerce, Seper- ato: Fulano mando te por Elis, ELucas, Elogaes que Saõ
suadio que omesmo Senhor lhequis por aquelle modo Mos­ tres cavalheyros fortes que estaõ fechados em huma casa,
trar que entre aquella peSsoas uestidas debranco hia tam­ quenaõ comem, nem bebem, nem vestem nem vem cla­
bém adita suafilha, Eque estaua embom Lugar: ELogo Se ridade dodia ------------ ------------ corereis E --------- — acasa
tirou da rede, Edeo graças AomesmoSenhor por aquelle deFulano tres ------------ lhedareis pera que elle naõ possa-
beneficio, beijando aterra, Erezando huma estaçaõ ao San- comer nem beber, Sem commigo vir estar efallar: Fulano
tiSsimo Sacramento por alma dadita Suafilha Eentaõ pro­ mandote porSette frades virtuosos, ESette moças donzelas,
meteo demais naõ chorar porella, EMaz Semembargo diSso Eapedra deAra quenomar foi achada, Essa terra consa­
Sempre ella Confittente ficou Conseruando huma tal tris- grada assim como osSacerdotes naõ podemdizer missa
tesa que Continuamente estauachorando Com Saudades Semti assim tuFulano naõ possas estar Sem mim = disendo
nadita Suafilha e Com a Lembrança daSuauidapaSsada, lhe o dito Antonio deMiranda que esta oraçaõ Sehavia
deuertindo se Somente Com rezar uarias deuocoens, que defazer no quintal olhando pera astres Estrelas, Evirandose
tinha por meyo dasquais tem peraSi alcansou deDeos pera onde asistise apessoa que havia deSer obrigada deque-
NoSso Senhor AMerce de Selhe reprezentar emSonhos rer bem. Eque ella confittente afisera porhuma So ves Sem
por quatro ueses, que uia hum Anjo Com uestido atragica, effeito algum. Equealem destas ainda fisera mais outras
Ecomhuma Toxa aCesa namaõ Caminhando pelo Ceo, E- deque ja naõ tem Lembrança pera individualas, asquais
porentre nuuens ateSeesconder em huma muito frossa todas deixam depraticar havera osditos tres annos, em que
Epura. Eque estas apparicoens em Sonhos lhes promettia Deos NossoSenhor lhederaLuz para conhecer omizeravel
pera lhedar Consolação dequeSempre deo graças aomesmo estado em que vivia deperder digo Emqueuiuia, E o perigo 188
Senhor. Eporque Considerandose ella Confittente taõ fauo- Euidente emque estaua deEternaCondennaçaõ. E procuran­
recida doCeo, naõ tinha ainda a Consulaçaõ deter visto em do porse em estado de graça por meyo dehuma ConfiSsaõ
SimilhantesSonhos a Christo Senhor NoSso, nem aSua geral deSuas Culpas deoparte detudo Ao SeoConfeSsor
May SantiSsima, naõ ceSsaua depedir diante dehuma Ima­ oqual anaõ absolueo Sem que primeiro uieSse aesta Mesa
gem, ou Painel do Senhor ComaCana uerde Namaõ, que ConfeSsalas; O que ella faz: Ede aster Comettido esta Muito
Selhemostrase, EamesmaSenhora: porem que naõ Conse­ arependida, E espera quecomella Seuze demizericordia pe­
guira estes fauores: ESomente humaues emSonhos Uira dindo detodas ellas perdaõ: Emais naõ diSse nem aos
huma Como Escada Com degraos, que principiaua do meyo Custumes Cousa alguma.
do Ar, Eserecolhia pera dentro do Ceo, Eque aonde prin­ Foi lhe dito que ella tomou Muito bom conselho eraSe
cipiaua aescada Seuia huma grande Multidaõ degente Ues- apreSentar Uoluntaria Mente, eprincipiar AconfeSsar nesta-

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Mesa asSuas culpas, elheconuem muito faser exame de- Denunciaçaõ Contra o índio Miguel natural deCarvoeyro
todos elles etraselas amemoria para a Cabar de faser huma Cap.Ilia d a ------------
inteira Euerdadeira ConfiSsaõ de clarando auerdadeira ten-
çaõ Com que Cometteo, as que temConfeSsado parades- A osvinte dias domesdeNovembro demil Sette centos
cargo deSuaConsciencia Saluaçaõ deSuaalma Emerecer aMi- eSesenta eSeis annosnestacidade doPará ECollegio deSanto
zericordia que aSantaMadre Igreja So Custuma Conceder Alexandre delia onde Esta aMeza davisita doSanto Officio
aosbons, euerdadeiros Confittentes. Eportornar adiser que- estando nella oSenhor Inquisidor Giraldo JozedeAbranches
naõ era de mais Lembrado foi outraues admoestado em- visitador por parte doSanto officio deste Estado Man- 190
forma Emandado perafora Eque destacidade Senaõ auSente douuir peranteSi ahumhomem que daSalla pedio Audiência
Sem expreSsa Licença desta Mesa aSala daqual Uira todos eSendopreSente pordiser apedira pera nella denunciar Cul­
osdias Naõ feriados demanhaã as oito horas ate Se findar pas pertencentes Ao Conhecimento do Santo Officio lhe
aSuaCausa Oque ella prometteo Cumprir Sob cargo doju­ foi dado Ojuramento dosSantosEuangelhos em que posSua
ramento dosSantos Euangelhos quepera i Sso lhefoi dado. Maõ Sob Cargo do qual lhefoi mandado diseruerdade Eter
ESendolheLida estaSua ConfiSsaõ e por ella bem ouuida- Segredo, Oque tudo prometteo Cumprir. ELogo diSse cha-
eentendida diSse estar escrita nauerdade, eque emtudo oque marse Luis Vieyra daCosta Casado ComD .Maria deUascon-
cellos Natural daFreguezia daSe desta cidade, Emorador
nella diSse Seaffirma, e ratifica, e torna adiser denouo
no Seo Sitio do Limoeyro daFreguezia deS. Joaõ Baptista
SendoneceSsario, enellanaõ tem que acrescentar demenuir
daUillaUisosa deSantaCruz deCametta detrinta etres annos
Mudar, ouemendar nem denouo quediser aoscustumes Sob- deidade. E que oque tinha pera denunciar era oSeguinte.
Cargo dojuramento dosSantos Euangelhos queoutraues lhe­ Que hauera quatro annos pouco mais ou Menos achan-
foi dado: Ao que estiueraõ preSentes porhonestas eReligio- do-se emcaza deLuzia deAuilla uiuua Naõ Sabe dequem
sas peSsoas, quetudo Uiraõ, Eouuiraõ, eprometeraõ diser Moradora entaõ emSeo Sitio deCameta Tapera daditauilla
Uerdade noque forem perguntados, eguardar Segredo Sob deCametta, ehoje NoSitio chamado Tantiapepa damesma-
cargo dojuramento dosSantos Euangelhos que lhesfoi dado Uilla, hum índio chamado Miguel que dezia Ser natural
emquepuseraõ SuasMaõs Os Reuerendos Alexandre Pereyra daUilla deEga no Ryo Solimoens, pertendendo elle cazar
daCosta Beneficiado daSanta Se E Jose Hapme Cura da- Com a índia Anna do SeruiSso damesmaUiuua, Mandou
189 Preguezia damesma Santa Se que assinaraõ oSenhor In­ Roberto Serraõ deCastro pay delle denunciante jà defunto
quisidor Ecommigo que asina pellaconfittente naõ Saber Correr banhos aodito índio naditauilla deEga poruia do-
por ella mopedir edeSeuConsentimento o Padre Ignacio PadreFr. Joaõ Mareio daSilua daordemdeNossaSenhoradas-
JozePastana Notário da visita oescrevi. Merces, o qual Osmandou aoParoco daditauilla, que neSse-
tempo era oPadre Philipe Joaquim Rodrigues que Consta
a) Giraldo Joze deAbranches aelle denunciante paSsa Certidaõ,deque nadita uilla Naõ
a) Ignacio Joze Pastana hauia Noticia deSimilhante índio, oqual Comeffeito Casou
a) oBenef.do Alexandre Fr.° daCosta Com adita índia hauera os ditos quatro annos pouco Mais
a) Jozê Cosme da Fon.0a oumenos, ou otempo, quenauerdade Constar, recebendose
ambos na IgrejaMatris dadita Villa de Cametta Naõ Se
Emandada pera fora aconfittente foraõ perguntados os Lembra elle denunciante quem foi o Sacerdote, que lhes
Padres ------------ Se lhes parecia fa laraverdade Emerecia aSsistio ComoParoco, nem quepeSsoas lheSeuiraõ deteste-
credito Eporelles foi dito que Sim lhesparecia que afallava, munhas, nem odia, mes, emqueSe receberão, eSo pela uir
E quenoquedizia merecia credito Etornaraõ aassinar como­ EpreSenciar Sabe que Comeffeito Se receberão Nadita
Senhor Inquisidor Visitador OPadrelgnacio JozePastana Igreja Matris do Cametta peraonde osuio hir aodito fim
Notário davisita oescrevi. Erecolher aoutra ues ja recebidos = oqual recebimento foi
Sn publico, Enotorio, ehadeConstar pelo aSsento que delle
a) Giraldo JozedeAbranches sehauia defaser. Eque achando se odito índio Miguel nesta
a) Benef.do Alexandre Fr.” daCosta forma casado Com a referida índia Anna, agora pelaCannoa
a) Jozê Cosme da Fon.ca queUeyo Com onegocio doLugar de Craveyra daCapitania

258 259
191 doRyo Negro Escreveo odito PadreFr. Joaõ Marcelo daSilva EsendolheLida estaSua denunciaçaõ Eporelle bem ou-
acarta que apresentava dirigida aelle denunciante, naqual uida, eentendida disse estaua escrita Nauerdade Eque Nelle-
lhediz que indo Ser Vigário do Lugar do Canoeyro, alli Seaffirma eratifica, etornaadiser denouoSendo neceSsario,
achara Ser odito índio Miguel algum dia morador deste enella Naõ tem que acrescentar demenuir Mudar, ouemen-
dito Lugar, E que nelle era cazado com huma india cha­ dar, nemdenouo quediser aoscustumes Sob cargo dojura­
mada Januaria, que actualmente heviva; E que disto tinha mento dosSantosEuangelhos queoutra ueslhefoi dado. Ao­
avizado aopay delle testemunha deque naõ tivera resposta que estiueraõ preSentes porhonestas peSsoas quetudo uiraõ
Eassim Sucedera porque chegando a carta emtempo, que Eouuiraõ, Eprometeraõ diser uerdade Eguardar Segredo
elle Seachava defunto, elle denunciante a Lançou nomar noqueforem perguntados Sob cargo dojuramento dosSan­
asim fechada comovinha Sem lhe ocorrer quetraria noticia tos Euangelhos que lhefoi dado Emque puZeraõ SuasMaos
dacircunstancia: E de clarava que Suposto nacarta dodito OsPadres ManoelRodrigues Conego daS. Se E Jeronimo
Padre que entregava diz que onome dalndia com quem Alvares deCarualho queaSsinaraõ Com o Senhor Inquisidor
Se apregoara navilla deEga Se chamava Jozepha, Se equi­ Visitador Edenunciante OPadrelgnacio JosePastana Notá­
vocava odito Padre que oSeo nome he Anna, com aqual rio da Visita Oescreui.
estavivendo o dito índio como cazado, E quepera incobrir (a) GiraldoJosedeAbranches
aSuaCulpa nunca disse Ser dodito Lugar deCanoeyro, mas- (a) Luis ------------ daCosta
Sim daditavilla deEga. Emaisnaõ disse, nem aocustume (a) ManoelRodrigues
Couza alguma Eque esta Denuncia adava pordescargo de-
Suaconsciencia.
Perguntado Se Sabe por algum principio mais que Jeronymo Aluares deCarv."
odito índio Seja oproprio deque tem athe agora falhado,
natural dodito Lugar deCarvoeyro, eque nelle coneffeito EMandado perafora odenunciante foraõ perguntado
Seja cazado, etenha amulher viva, ou Setem ouvido fallar OsPadres ratificantes Selhesparecia fallauauerdade Epor
amais algumas pessoas nesta matéria. elles foi dito digo Uerdade EMereciacredito. Epor ellesfoi
Disse queSomente tinha algumas especies deque Sendo dito quelhesparecia que ellefallaua uerdade EqueSepodia
Seopay vivo lhedicera quetinha mandado tomar osditos dar credito No que dezia Etornaraõ aaSsinar ComoSenhor
banhos avilla de Ega, Eque oPadre Fr. Joaõ Marcelo lhe- Inquisidor Visitador OPadre Ignacio JosePastanaNotario-
pescreui.
mandou doar o mesmo que contem aprimeira parte oca-
pitulo daCarta pretencente a esta matéria porem quedisto a) Giraldo JosedeAbranches
a) ManoelRodrigues
naõ tem total certeza, eSo atem deSer olndio Omesmo
deque trata aditacarta Eque ninguém mais ouvira fallar a) Jeronymo Aluares deCaru.”
nesta matéria.
Perguntado quetempo haconhece aodito índio Miguel Appresentaçaõ, Econfissaõ do preto Joaquim Antonio.
queopiniaõ tem. delle acerca daSuacrença vida ecustumes 193
Disse que conhece ha ------------ quatro annos, pouco- Aosdesdias do mezdeJunho demil Sette centos e sesenta
maisoumenos quetem dito, Eque naõ fes delia boa, nem ESette annos nesta cidade do Pará, eCollegio deSanto Ale­
192 ma opiniaõ Sobre aSuacrença, porem queSobreauidaecustu- xandre delia ondeesta a Mesa davisita do Santo Officio
mes he Sabida Aopiniaõ, que Secustuma faser daslndias, estando nella oSenhor Inquisidor Giraldo JozedeAbranches
queordinariamente Saõ mal procedidas, ainda que elle de­ Visitador por parte doSanto Officio desteEstado mandou
nunciante Naõ Sabe Se elle Se destingue dasMaisporuiuer vir perante Si ahum homem que daSalla pedio audiência
distante. Perguntado Seomoueo mais algumacauza afaser Esendo presente por dizer apedira peranellaconfessar cul­
estadenunciaçaõ ou Se ada porodioEmauontade quetenha pas pertencentes ao conhecimento doSanto officio lhefoi
aodito índio Miguel. dado o juramento dosSantos Evangelhosemque por Sua maõ
Disse queSo adaua pera desencaregar aSuaconsciencia. Sob cargo doqual lhe foi mandado diser verdade Eguardar
Enaõ porque lhetenha odio, Emauontade. Segredo oquetudo prometteo Cumprir. ELogo disse cha-

260 261
marse Joaquim Antonio Solteiro preto denaçaõ Angola Membro uiril dentro dovazo prepostero delle Confitente.
escravo quefoi de Domingos Serraõ deCastro viuvo natural Oquenaõ podendo elle Confitente tolerar, Se Sacudio Co-
que era do Maranhaõ, Emorador, quefoi emquanto vivo mopode Semque podeSse odito Consumar oSeo deprauado
naRua do Norte Freguesia daSe destacidade Etambem apetiteSenaõ fora dodito Vazo enchendolhe as pernas do
noSeoEngenho da Boavista da ditaFreguesia daSe: E de- Semen que deramou. EConcluida adita açaõ Logo disse 195
presente Escravo deFrancisco Serraõ deCastro EdeManoel aelle confittente que nada contase apessoa alguma, Elhedeo
Serraõ deCastro filhos naturais do dito Domingos Serraõ quatro vinténs promettendo que lhe havia dedar ainda mais
deCastro, Emorador com elles nodito Engenho daBoa vista dinheiro; Eabrindo lhe aporta sahio elle confittente pera
quedisse ter vintecinco, ouvinte Seisannos Eassim ------------ fora fugindo delle dahi por diante pera que lhenaõ Suce-
decidade, Eque foi baptizado na Igreja Matriz daCidade dese outro Similhante, ou peyor aperto tendo se Livrado
deAngola Eque asculpas que tinha peradeclarar nesta Meza doprimeiro deque o dito lhe introduzise o dito Seo mem­
Eraõ da Sodomia, em que o quizeraõ faser cahir por forsa, bro no vazo prepostero como fortemente pertendia, E con­
E industria. seguiria Se elle Confittente consentisse. Eque daqui rezul-
Foi admoestado, que pois tomava taõ bom conselho tara ficar lhe com ma vontade odito Francisco Serraõ
como o devir aestameza confessar as Suas culpas, que lhe deCastro de forma que muitas veses lhemandou dar surras
convém traselas todas amemoria, edizer Somente averdade rigurozas com outros pretextos. Eque porter ouvido amui-
pura, declarandoas miudamente com todas asSuascircums- tas pessoas que este cazo pertence ao conhecimento do
tancias Sem por Sobre Si nem Sobre outrem testemunho Santo officio, Eque era bom dar lhe conta delle pera des­
194 falço; por queSo aSsim desencarregara aSua consciência, cargo daconsciencia desejando desencarregar aSua Se, a-
ESaluara a Suaalma: Efazendo ocontrario Se arrisca ao apresentava dadita culpa naforma que atinha confessado
grande Castigo, quenoSanto Officio Se da Aos que Nelle Edellapede perdaõ, Equecom elle Se uze de mizericordia.
dizemfalçamente: Ao que respondeo que SoMente venha Disse mais, que pordescargo deSuamesma consciência,
dizer auerdade, aqual era Epelas mais razoins, que acaba dedeclarar denunciava, e-
Que hauera Seis Annos pouco Mais ouMenos no mez davaparte nesta Meza deque omesmo Francisco Serraõ de
de Junho Naõ esta certo do dia em o Engenho do dito Castro he uzeiro, E Vizeiro, acometter opecado da Sodo­
SeoSenhor Domingos Serraõ de Castro que ainda entaõ mia, Epor tal he tido, havido, Erepresentado entre quazi
erauiuo, achandose odito Seofilho Francisco Serraõ, na todos, ouamayor parte das pessoas, que Seachaõ no Ser-
LojadaCasa Emque Moraua o dito defunto, a horas domeyo visso dodito Engenho; E de que com elles setem comettido,
dia, Eelle Confitente aSsentado na escada que ia pera Ecomsumado Se tem queixado, E queixaõ ospretos Joaõ
oSobrado daditacaza, dareferida Loja ochamou odito Fran­ Primeiro, de nassaõ Mixicongo; Joaõ Valentim denassaõ
cisco Serraõ de Castro; Eindo elle Confitente Saber, o que Mixicongo, Gracia damesma nasçaõ todostres Solteiros,
lhemandaua.elle o fez entrar, pera dentro dadita Loja, E- EDomingos Joze damesma nassaõ cazado com apreta Fran-
fechando aporta delia, Etirando achaue, o Mandaua aSsen- cisca Ehum destes Se queixaõ mais Joze ----------- ; Domin­
tar nacama, emque elle custumaua dormir; porem que elle, gos ------------; Manoel Bexiga; Florencio Domingos Antonio;
Comfitente o duuidara fazer; deque resultou pegar odito Miguel Joze; Miguel daCosta todos damesma nascaõ E do
nelle Confitente, ELansado emCima dadita Cama dizendo- Reino de Angola; Joaõ digo da Angola todos Solteiros Joaõ 196
lhe que pusese Sobre ella o rosto ficando Com asCostas damesma------------hoje cazado Naõ Sabe onome da mulher
paraCima; Logo lhefes descer oscalçoens parabaixo. Enaõ escrauo daFazenda doCabresto dosReligiozos deNoSsaSe-
obstante que elle Confittente Logo Conheceo o Mao fim nhora do Monte doCarmo, Enamesma Fazenda aSsistente.
queodito Francisco Serraõ deCastro tinha NaquelasAccoens + ESequexaraõ emquanto uiuos ospretos Joaõ
por queja neSse tempo Se queixauaõ uarios Seruos do dito M.ei Fagundo Gomes, Domingos Beicinho; Affonço + e-
Engenho, deque elle os acomettia pela parte prepostera, Pedro; Eactual mente Seguiraõ Osrapazes Florencio, e An­
Uendo que aporta estaua fechada, equenaõ tinha por onde tonio Moleques denasçaõ Angola do SeruiSso do Mesmo-
fugir cheyo também demedo dealgum rigorozo Castigo Engenho. Tendo Sido eContinuando aSer as queixas dos
Conveyo no que elle quis. ELogo odito Francisco Serraõ nomeados Sempre Continuadas E repetidas entre os es-
deCastro pertendeo Comtoda aforsa introdusirlhe oSeo crauos do dito Engenho, dosquais manifestaraõ queforaõ

262 263
Comsumados Ospecados deSodomia os ditos defuntos Ma­ Perguntado que razaõ teve elle pera que naõ viesse-
noel Fagundo, ePedro, porque Mostraraõ aelle denunciante, maisSedo faser esta denunciaçaõ.
Eaospretos os ditos Domingos Jose; Joaõ Primeiro, eGracia, Disse que por Saberhapouco tempo, que podia dar esta
as Suas partes traseiras, Easuiraõ todos emchados nauia denunciaçaõ aoSanto officio, Epornaõ ter depois, que o-
do Curso, ELançando Sangue, Sendo o dito Pedro opri- soube aliberdade necessária pera o vir faser. E So o pode
meiro, que Se mostrou naditaforma; Edepois o dito Manoel faser agora com opretexto devir comoutros vender Lenha
Fagundo, Eultimamente SeMostrou damesma forma opreto aesta cidade, pera Se utilizar, Eamais dodinheiro que por
Antônio daNasçaõ Mixicongo domesmo Engenho, que nelle elle Selhesde Foilhedito, quetomou Muito bom Conselho 198
tem aSsistido ate Agora, ESeachaUiuo, Ozquais Sequei- em Se apreSentar nestaMesa daculpa quetem ConfeSsado,
xauaõ delhester feito odito Francisco Serraõ deCastro Eque lheconuem Muito faser toda aneceSsaria reflexaõ no-
aquellas inchaçoens Einfuzoens deSangue Com oSeo Mem­ modo Comqueadita Culpa foi Comettida pera adeclarar
bro; Eentre osditos escrauos do referido Engenho, que tem Com todas ascircunstancias, Considerando atorpeza detaõ
uisto, e Conhecido esta Mao procedimento Setem por Certo abominauel uicio, Ehorrendopeccado dequetanto Seofende
que por estacauza Morreraõ os ditos pretos Joaõ Gomes, aMagestade Diuina, peradellefugir, Eonaõ tornarMais Aco-
Domingos Beicinho, Affonço, Manoel Fagundo, EPedro; metter, apartandose detoda aoccaziaõ, em que opoSsaõ
porque Logo depois dos ditos actos Edas ditas inchaçoens obrigar aiSso.Eportorna adiZer, que naõ tinha Mais que-
Adoecerão ateque acabaraõ asuidas. Deque tem resultado ConfeSsar a respeito de Suaculpa ECircunstancias delia,
uiuerem os queficaraõ Com Morrerem pelamesmacauza, alem do quetem ConfeSsado, porque eraCerto que elle
Epor iSso fogem dodito Francisco Serraõ quantolhesfor Confittente Naõ Consentira, que odito Francisco Serraõ
poSsiuel. Eque por descargo deSuaConsciencia dauaConta deCastro lhe acabase de introdusir oMembro uiril nauia
de todo oSobredito EMais Naõ diSse, Edocustume declarou prepostera, tanto aSsim que Naõ Seminara Senaõ fora
Ser escrauo do Engenho e Fazenda, queodito Francisco daditauia: Foi nouamente admoestado peraque Nunca Mais
Serraõ de Castro ESeo Irmaõ ManoelSerraõ deCastro Comettese taõ abominauel, feyo, etorpe peccado, qualheoda
197 poSsuem Eadministraõ Perguntado quanto tempo há que Sodomia, Aque Se espos como paciente, e deque agora Se
conhece aodito Francisco Serraõ deCastro, Equal ha aopi- apreSentou: Eaduertido, deque Setornar acahir nelle Sera
niaõ, Ejuizo, que faz delia Sobre aSua crença, vida, custu­ Castigado Comtodo origor aqual admoestaçaõ, Eaduerten-
mes, Eprocedimentos. cia e ellerecebeo obrigandose atotal emenda. ESendo Lhe-
Lidas estaSuaConfissãõ, edenunciaçaõ, Eporelleouuidas Een-
Disse que havera dez annos pouco, mais, ou menos, tendidas diSse estauaõ escritas nauerdade, Eque Emtudo,
que oconhece, eSempre lhepareceo, que elle deseja mostrar Oque nellas secontem Seaffirma eratifica, etorna adizer
que he bom christaõ porqueSempre vai a Missa nos Do­ denouo Sendo neceSsario, enelas Naõ tem Mais acrescentar
mingos, e diasSantos, ainda que nem elle nem odito Seo- demenuir, Mudar, ouemendar Nem denouo quedizer ao-
Irmaõ, quehemaisvelho cuida em ensinar aDoctrina aSua custume Sob cargodojuramento dosSantosEuangelhos que
gente, nem em dirigila espiritual mente, emcouza alguma, outraues lhefoi dado. Aoque estiueraõ preZentes por ho­
Eque, em quanto avida custumes, Eprocedimento Se Sabe, nestas peSsoas que tudo uiraõ Eouuiraõ Eprometteraõ diser
que elle custuma fornicar aos escravos do Engenho nafor- uerdade JNoque forem preguntados Eguardar Segredo Os-
ma que tem declarado. Eque nesta parte hetido entre elles Padres Manoel Rodrigues EAndre Fernandes queaSsinaraõ
homem pecimo. ComoSenhor Inquisidor Visitador Edenunciante que ofes-
Perguntado Se omoveo alguma cauza mais das quetem com SeoSgnal de Cruz OPadre Ignacio JosePastana Notário
dito afaser estadenunciaçaõ: ou Se as fas por odio, Ema- daUisita Oescreui.
vontade, quetenha ao dito Francisco Serraõ deCastro. a) Giraldo Jose deAbranches
Disse que alem das cauzas, quetem declarado o naõ a) Manoel Rodrigues
moveo outra mais que proceda de odio, Ema vontade, que a) ---------Joaq.m Ant.°
lhetenha, ainda que certamente deseja naõ estar com elle a) Andre Fr.Pinheyro
por conta dos pecados, eestragos, que custuma faser pera
satisfaçaõ dos Seos apetites.

264 265
199 Emandado perafora o confittente Edenunciante foraõ uanas peSsoas, amandou chamar porhumSeoescrauo cha­
perguntados osPadres ratificantes Selhes parecia quefallava mado Gracia, Eindo ella napresença damulher delle denun­
verdade, e merecia credito. Epor elles foi respondido que ciante, EdeSeoConhado Antonio deAuilla Soldado que aSsis-
pelas razoins de elle voluntária mente vir confessar apro­ te naSua mesmaCaza, pedio Logo humCachimbo ComTabaco
pria culpa, Edeclarar tantas pessoas com asquais diz Setem e fogo edepois decachimbar hum pouco recolheo dentro 201
comettido amesma, o que naõ Seria facil defingir principal d a --------------------, e como elle ------------ pora lgumasveses,
mente em humpreto aindaque ladino, com ascircunstancias vazilhas pelas venosas dos ------------ delle denunciante fa­
que expos naSua confissão, Edenunciaçaõ lhes parecia que sendo lhe antes e depois cruses com o dedo polgar naTesta
elle fallaria verdade EqueSe lhepodia dar credito noque que acompanhavaõ palavras das quais Se Soperceberaõ as
dezia Etornaraõ aassinar, ComoSenhor Inquisidor Visitador dePadre Filho e Espirito Santo, EvirgemMaria, ELogo de­
oPadre Ignacio JozePastana Notário davisita oescreveu. pois das cruses veyo com amaõ a baicho dando lhe com
as costas delia nabarba debaicho pera cima, fallando Sem­
a) Geraldo JosedeAbranches pre, oque lhepareceo, eSenaõ percebeo. E Logo tornando
a) ManoelRodrigues areceber nabocca novo fumo docachim bo, com elle lhe
a) --------------------------------- defumou o olho direito, En elle lhe entrodozio apropria
Lingua andando com elle a rodado do dito olho pera parte
interior, Edepois desta deligencia fes acçaõ de vomitar,
Credito e Lançou naSua maõ hum bicho comforma de Lairas pela
parte do rabo, Econforma dehum peixe chamado -----------
200 Denunciaçaõ da IndiaSabina, que da Raymundo Jose - pelaparte dacabeça naõ Sabe dizer o tamanho do todo: E
deBitencourt ellamesma opassou daSuamaõ para a da Sua mulher, aqual
vendo o dito bicho barigudo, oabrio, Emostrou adita índia,
Aos Sette dias domesdeOutubro demilSette Centos e- que estava cheyo defilhos ja mortos como estava o dito
SeSsenta eSette annos nesta cidade do Para e Collegio bicho, dizendo a dita India, que afumaça que tinha Lançado
deSanto Alexandre delia onde esta aMesa daVisita do Santo fora para matar os tais bichos dentro do olho, Eque Se
officio estando nella o Senhor Inquisidor Giraldo Josede ha ------------ ficaria omesmo olho total mente perdido:
Abranches Visitador doSanto Officio deste Estado Mandou Epassando afaser as mesmas deligencias no olho esquerdo,
uir perante Si ahum homem queda Sala pedio Audiência E entrou acuspir disendo que achava dentro cousas de
ESendopreSente pordiser A pedira pera denunciar factos areya, oucinza, quenaõ mostrou. E voltando no outro dia
que lhepareciaõ pertencentes aoconhecimento doSanto offi­ que era terça feyra repetio as mesmas Seremonias, E deli­
cio lhe foi dado ojuramento dosSantos Euangelhos em que gencias em ambos os olhos, e do esquerdo disse tirara
posSuamaõ Sobcargo doqual lhefoi Mandado diser Uerdade, humavespa, que daSua bocca Lançou morta paraamaõ
eter Segredo oque tudoprometteo Cumprir ELogodiSse- Edella apassou para amaõ dadita Suamulher, que entaõ
chamarse Raymundo Jose deBetencurt Ajudante do Terco Se achava presente Sem odito Seolrmaõ Antonio deAvilla.
dos Auxiliares daCapitania de S. JosedoRyoNegro Cazado Eseretirou dizendo que eraõ feitiços que lhe tinhaõ feito
ComDonaMaria JosephadeBriSsos Natural daCidade deAn-
gra da Ilha Terceyra Morador Aope da Igreja deSam Joaõ na Povoaçaõ d e ------------onde h a ------------- tou tres índios,
Freguesia daSe destacidade detrinta Equatro annos deidade Ehuma India dos quais lhenaõ quis diser os nomes, que
Eque Os factos quetinha para denunciar Eraõ Que emhuma- dava aentender oSabia; Eque ------------ elle confittente aos
Segundafeyra dosfins do mes deAgosto proximo paSsado ------------, E a Lavar os olhos com agua benta paramais
Seriaõ tres para as quatro horas datarde, Achandose elle depressa Sarar. Ena quinta feyra Seguinte tornando aSua 202
emSuaCasa grauemente enfermo dos olhos ELendo Noticia Casa adita India tornou afaser todas as referidasCouzas
que huma índia chamada Sabina naõ Sabe oSobre nome a Limpandolhe osolhos ComaLingua, ediZendo que ja lhe­
Nem oSeo estado, eSo que hemoradora nas Cazas do Padre naõ achaua nadadentro delles: e naõ hàduuida que elle
JoseCarneyro Sittas no bairro daCampina tinha prestimo- denunciante experimentou algum aliuio Com as ditas Curas,
para faser Curas. Eporcustuma Con effeito ofaselas em- ainda quenaõ Experimentou emSelhe aclarar auista dos

266 267
olhos Com oSumo dehuma erua chamadaCamaraã, que ella
lhe foi buscar, Eapplicou pera odito fim. Perguntado Se a dita IndiaSabina mostrater entendi­
DiSsemais queuindo elle denunciante daditauilla de- mento, ou quehe douda, e falta de juizo ou Sicustume tomar
Beja Aestacidade Nomes de Junho Naõ esta Certo do dia, debebidas, e Se estava tomada delias quandofes ascouzas,
que tem declarado.
ia pelas noticias, que entaõ tinha dadita índia, Epor Cauza
damesma Moléstia deolhos aMandara chamar pelo referido Disse quemostra Ser bem entendida, enadatem de
preto Garcia aSua Caza porduas, outrasuezes, edetodas lhe- douda, nem do vicio daebriedade, de que elle declarante
fisera as Sobreditas deligencias, preSente odito preto, E- tenha noticia, Enaõ estava tomada debebida alguma nas-
ocazioins Sobre ditas.
mostrara que do direyto lhetirara ComaLingua dous outros
Perguntado SeSabe que adita índia Sabina tenha feito
Olhos deCamaroens, e do esquerdo humOlho domesmo
mais veses asmesmas, ouSimilhantes curas a outras, e
edaSegunda ues, que lhetirara do olho esquerdo dous olhos perante outras pessoas e quais.
Semilhantes E daterceira dicera Naõ achaua ja Couza al­
Disse queSabia porSer notorio, que ella fasia o mesmo,
guma eSocuspira uarias uezes. Ehé certo que elle denun­ Eoutras muitas maiscouzas, Eadevinhaçoens aoutras mui­
ciante uira os ditos olhos decamaroins, Eque achara aliuio tas pessoas: Enaõ hamuito tempo porque naõ chegava
nosSeos, e que adita índia lhe encomendou a frequência acinco meses, que ella curou ao Dr. ------------ de Mello e
dos exorcismos, EdeAgoa benta Com que LauaSseosolhos. Albuquerque ouv.or GaI destacidade, Lançando lhe ajudas,
DiSsemais quehauera tresSemanas poucomaisoumenos Emostrando lhe os feitiços, que lhetinhaõ feito metidos
naõ esta certo nodia, foi demanhaã achandose enferma a naCama nos Baus de roupas, enas ------------, disendo lhe
dita mulher delle denunciante Dona Maria JosephadeBriS- a pessoa que lhostinha feito comoellamesma confittente
sos, Emtempo que elle tinha ido aoConuento dasMerces ConfeSsou aelledeclarante napreSença daditaSuamulher efoi
pera SelhefaZerem osexorcismo Mandou chamar adita índia publico nesta cidade. Eque haueradous annos poucomais,
E esta lhepreparou humabebida de Agoardente, agoa Na­ oumenos ouuio elle declarante diser aManoel dosSantos
tural, Canella pisada, Eoutros mais engredientes, e lhe- Mercadot, Morador por detrás daMizericordia, que elle
mandoubeber napreSença deSeosIrmaõs Antonio ELuís de- uira adita Sabina Curar a Antonio daSilua Bargança Cabo
Auilla, Eamay delles Florencia Mamaluca. Etendoa tomado quefoi daCannoa daVilladeBeja emeasa deAntonio Rodri­
aotempo queja elle denunciante Se recolhia peraCasa paS- gues Guedes napreSençadehumas Mulatas domesmoGuedes
sadopoucotempo tiuera huns uomitos, Ecom elles Lançara dandolhehuma bebida poruirtude daqual Lançara tres qua­
Misturados huns bocados deTaja jacoruptos, ECinco, ou- lidades de bichos, que foraõ Terros, Minhocas, eRallos em
Seis Caracóis, ouCascaueis deLymas Compredinhos Sem grande Numero, pela boca dizendo, que eraõ feitiços E
Lymas disendo que eraõ feitiços, que lhetinhaõ feito nadita que lhes tinha feito amay do rapas, queSeruia aodito
203 Uilla deB eja.------------------------- , e lhestinhaõ dado b--------- Antonio daSilua Bargança, Eque lhos Lançara noCafe que-
bebida E que Logo prepara também ------------ ajuda de tinha perabeber. Eque amesma Sabina Contara aelle decla­
vários ----------- , easLancaraõ aditaSua mulher, E que com rante EaditaSuamulher Eomesmo lhestinha ja Contado o-
ellas------------Couza que parecia terra desfeita Continuando SeomoLeque Manoel, que ella foracurar aManoel Lourenço
adizer que eraõ feitiços, E que também frequentase os MamaLuco Çapateyro Cazado morador aopèdo Sargento
----------- por cujavirtude também disse que ja Lançava Mor ManOel JosedeLima, EqueCom humabebida lhe fisera
desfeito oque tinha dentro deSi, Eouvio elle denunciante Lançar pelaboca uariedade deCouzas disendo que eraõ fei­
dizer aos Sobre ditos quetambem uzara adita índia as- tiços queSuapropria Mulher lhetinha dado pera o abrandar,
mesmas ----------- , mas naõ SemLembrança Selhe ------------ Eficar mais naSuaLiberdade Eque lhes tinha dado abeber.
----------- queuzara detodas as mais ------------ ja ------------ E Como amesmaSabina ConfeSsou aelle declarante napre­
que estes eraõ os factos, que Selhesofereciaõ denunciar Sença daditaSua Mulher. EqueSaõ innumeráueis outras
pordescargo deSuaconsciencia, ESer obrigado pelo Seo Mais Curas, que ellatem feito Enestacidade notorias; porem
confessor aquemdeo parte doreferido, eouvio aobrigaçaõ, que elle asnaõ pode indeviduar pomaõ ter certeza dascir-
em que estava de denunciar tudo nestaMeza emais naõ cunstancias delias.
disse nem couza alguma dos custumes. Perguntado quetempo haconheceaditaSabina, Eque opi­
niaõ tem delia acerca deSuaCrença, uidaecustumes.
268
269
DiSse que aconhece adous annos. Edellanaõ tem ma- Santo Alexandre delia ondeesta amesa daVisita doSanto
Opiniaõ porque SempreOuuio diser que tudo Oque ella Oficio Estandonella oSenhor Inquisidor Giraldo Josede­
fas hepor uirtude especial de humaCrus, que dizem tem- Abranches Visitador doSanto Officio Neste Estado Man-
NoCeo dabocca. Enaõ tem noticia dequeSeja Malprocedida. douuir peranteSi hum homem quedaSala pedio Audiência
205 Perguntado Se omoueo mais alguma causa avirfaser eSendopreSente pordiser Apedira pera Se acusar e confeS-
esta denunciaçaõ, ------------ fas por odio Emavontade que- sar culpas pertencentes AoSanto Officio lhefoi dado ojura-
temadita India. mento dosSantos Euangelhos Emque posSua Maõ Sobcargo
Disse queSo afas pordescargo daSuaconsciencia Epor- doqual lhefoi Mandado diser uerdade eterSegredo oque
cumprir, comoquelhemandou Seoconfessor. prometeo Cumprir. ELogo diSse chamarse Bernardo An­
Esendo lhe Lida esta Sua denunciaçaõ epor elle bem tonio filho Legitimo deManoel daCosta, e deJeronima de-
ouvida, Eentendida disse estar escrita naverdade o que Payoaja defuntos e natural do Lugar dePortalo Freguezia
nellaSe a ffirma Eratifica, etorna adiser, denovo- Sendo deS. Martinho deCambrez junto acidadeeBispado deLame-
necessário, enaõ tem queacrescentar demenuir, mudar ou- go, Emorador no rio Bujaria Coadjutoria daSe desta cidade
emendar, nem que diser denovo aocustume. Sobcargo Aonde he próxima mente uiuua de Anna Maria deOliveyra,
dejuramento dosSantosEvangelhos queoutraves lhe foi da­ quefalesceu auinte Sete de Junho deste Anno, queUiue
do: Ao que esteveraõ presentes porhonestaspessoas quetudo daSua rossa, edis ter Cincoenta annos deidade poucomais
viraõ, Eouviraõ, Eprometteraõ dizer verdade no que per­ oumenos eSer Christaõ Uelho.
guntados forem, Eguardar Segredo Sob cargo dojuramento Foi admoestado quepoistomaua tambom Conselho Co­
dosSantosEvangelhos, quelhefoi dado em que puzeraõ Sua mo odese apreSentar Nesta Meza para NellaconfeSsar as-
maõs osPadres oBeneficiado Alexandre Pereyra daCosta culpas quetem Cometido, lhe convém muito traselas todas 207
EAndre Fernandes Pinheyro que assinaraõ comoSenhor amemoria para faser huma inteyra, everdadeyra confissão
Inquisidor Visitador Edenunciante oPadre Ignacio Jose- delias fazendo lhe aSaber, que esta obrigado ade claralas
Pastana Notário davisita oescrevi. todas miudamente comSuas aggravantes, circunstancias,
a) Raymundo Joze Sem asencarecer nem des culpar ------------ odizer Somente
de ------------------------ averdade pura Esincera. Sem levantar aSi, nem a outrem
a) Alexandre Per.a daCosta testemunho falso he o que lhe convém pera descargo de-
Suaconsciencia Salvação deSua alma, eSeobom despacho.
Eobrando o contrario, alem denaõ alcansar a misericórdia,-
E mandado pera fora adenunciante foraõ perguntados que pertende por meyo deSuaconfissaõ Se arrisca aorigor
osPadres ratificados Se lhesparecia falara verdade Emere­ de castigo, que noSanto officio Secustuma dar aquem diz-
cia credito noquedizia Eporelles foi dito queSim, lhes­ falsamente deSi, ou de outrem emSuas confissoens, Ao
parecia que afallava, Eque Selhepodia darcredito porSer que respondeo queSomente vinha pera diser averdade aqual
206 notorio entodaestacidade queaditalndia hecustumada afaser era.
tudo, emuito Mais deque declarou adenunciante, etornaraõ Que havera vinte nove annos poucomais, oumenos que-
aaSsinar ComoSenhor Inquisidor Visitador oPadre Ignacio fugindo elle daSua Patria pera aCidade do Porto, tomando
JosePastana Notário daVisita Oescreui. conhecimento com huma mulher que ja teria cincoenta
a) GiraldoJosedeAbranches annos pouco mais oumenos de idade, chamada Maria Jo­
a) AlexandrePr.a daCosta sepha, natural dacidade de Aveyro naõ Sabe os nomesde-
a) Andre JosePinheyro Seos pais, Enaquelle tempo moradores nasHortas junto
as casas de Gonsalo de Almeyda Sendo ama dehum Alferes
chamado Alexandre Pereyra com quem ella asistia, e tam­
Apresentaçaõ, EconfiSsaõ de Bernardo Antonio bém elle confittente, por occasiaõ deste conhecimento e
com ofim delia tratar delle, lhe passou escripto de casa­
Aos dousdias domesdeOutubro demil Sette centos eSe- mento, pelo qual ella o convenceo, aSua revelia, Ecom-
Senta Enoue annos nestacidade doParà em oColegio de- effeito foi condenado arecebela do Aljube da dita cidade

270
'

doPorto donde íoi Levado a Se pera esse fim, Sendo o Soldado chamado Antonio Jose deAraujo Casado Com Anna
Pároco que lhes assistio hum Sacerdote ja velho cujo nome Maria, que ficou nestacidade naõ Sabe aonde, E elle fugio
lhenaõ Lembra Esd lhe parece que era o Abbade da mesma pera Mato groSso; eComoutro Soldado doqual naõ tem
Se eforaõ padrinhos Jose Monteyro Pereyra, eSua mulher ja noticia, dando namesma justificaçaõ oSeu depoimento, 209
Mechaela da Asumpçaõ, esta irmaã dadita Sua mulher semque tivesse mais probabilidade estar, ounaõ ainda viva
eaquelle cunhado delia, que era Meyrinho do contrato do a Sobre dita Sua primeyra mulher, que terlhe escripto
Sabaõ, Etinha Estalagem na Rua do bom jardim junto por repetidas veses, E nunca lhevir resposta: Edar aim-
dacansela velha daFreguezia de Santo Afonço aque perten­ preçaõ necessária a Manoel da Costa Cyrurgiaõ dehum
cia também adita Rua da Hortas, de que era moradora navio da companhia Geral para averiguar emLisboa seella
aotempo docasamento dadita Sua mulher. Eque vivendo era viva, ounaõ, elhemandar resposta, prometendolhe are-
elle confittente no concorcio conjugal com ella hum mes muneraçaõ deSeo trabalho, aqual instrucaõ, elle Levara
208 pouco Mais oumenos, a deixou retirando se pera Lisboa com carta pera adita Sua mulher, Eoutra, pera o Padre
Sem lhedar eSsanoticia, enesta dita Cidade foi uiuendo Fr. Domingos deSanto Thomas daordem treceyra de S.
até que Sentou praça deSoldado noRegimento, de que Francisco, aquem antes tinha dado a mesma instrução
era Coronel oConde deCocolim naCompanhia do Conde recomendando aambos que Seella fossemorta lhemandasem
de Valadares. E se resolueo ahir ao Porto acondusir, como certidaõ autentica: Eporque nem hum nem outro lhedeo
Conduzio adita Sua mulher pera Lisboa, uiuendo Com ella resposta presumio elle confittente que a dita Sua primeyra
naRua das Lages por detrás da dos Ouriues do Ouro Fre­ mulher Seria falecida, eassentando nesta presuncaõ Se
guesia de S. Juliaõ, donde Se paSsou Com ella pera perto atreveo a contrahir Matrimonio com aSegunda que pre­
do Colleginho Freguesia do Desterro: donde paSsados dous sentemente he falescida ficando lhe delia quatro filhos:
outros mezes foi preso perauir Como Soldado para esta Eque quando elle ja com ella estava casado na suprosiçaõ
Cidade doParà, o que hà desasete annos lhe Sucedeo. E quetem dito, entaõ foi que odito Padre Fr. Domingos de­
Militando athe oanno deSeSenta deo baixa, Aratando de Santo Thomas lhe mandou diser vocalmente por outro
grangear auida poruia denegocio, Se lhefalou casamento Religioso damesmaordem cujo nome naõ Sabe, queadita
para Anna Maria filha Legitima de João Cardozo, E de Sua primeyramulher eraviva. Eque naõ obstante esta no­
MerencianaFerreyra Lauradores aSsistentes norio Bujaru, ticia, que elle confittente teve havera dous annos, foi con­
Coadjutoria dasFreguesias desta cidade, Com aqual Com- tinuando a viver com adita Segunda, para que Senaõ
effeito Se recebeo emfacie da Igreja naCapela da dita Supusese mal, athe que ella faLesceo. E que como elle
Coadjutoria no dia onze de Janeyro demil Sette Centos confittente ve, E concidera, que pode Ser falivel aquella
eSeSenta etrez comProuisaõ do Reuerendo Vigário Geral presunção, com que Segunda vez cazou, que fundava na-
que entaõ eraPedro Barlonan Canaez, aSsistindolhe Como certeza deque aprimeyra tinha mais deoutenta annos, que
Pároco o Padre Sabastiaõ EsteuesdeMello Coadjuctor da lhenaõ prometeriaõ ainda Serviva; Eque Sitem murmurado
mesma eSendo testemunhas Antonio Cardoso thio da dita poralguns Soldados, que aqui o viraõ casado, de quetinha
AnnaMaria, eSuamulher Thereza deJEsus, eJose Manoel aprimeyra mulher viva no Reyno pordescargo deSua cons­
Seabra Solteiro, e Catharina uiuua deJoaõ daSilua Cabo ciência Sevinha apresentar. Eestava muito arrependido de­
deEsquadra, Irmaã damesma AnnaMaria As quais peSsoas ter pacado o Segundo casamento, Sem estar certo do Obito
Conuidaraõ pera padrinhos emadrinhas. Eque pera elle dadita Sua primeyra mulher; Edetudo pedia perdaõ, Eque
Confitente Sehabilitar No Juizo dosCasamentos Como hauia com elle Se uze demisericordia. E mais naõ disse.
noticia deque elle tinhaSido primeira uescasdo, justificou Foilhedito quetomou Muito bom Conselho em Se apre- 210
Seruiuuo Comhum Soldado ja defunto chamado Vicente, Sentar uoluntaria Mente NestaMesa, e principiar aconfeS-
queueyo do Reyno Naõ Sabe donde era; Com outro Soldado, sar Suasculpas, Eque lheconuem Muito faser Memória
cujo Nome Agora lhanaõ Lembra, tem poralcunha oferro- detodas ellas para acabar de faser huma enteyra, euerda-
uelho, Solteyro, quehauera dous annos deo baixa, he do deira confiSsaõ, declarando auerdadeira tencaõ, queteue
Reyno, naõ Sabe donde, Moraua nosquarteis emquanto Sol­ emcometter, as quetem ConfeSsado para descargo deSua-
dado, Eagora naõ Sabe delle, E era barbeyro; Ecomoutro Consciencia Saluaçaõ deSuaalma emerecer a Misericórdia,

272 273
queaSanta Madre Igreja Custuma Somente Conceder, aos diser lhe = Que a chando se ella nadita Sua Fazenda de
bons Euerdadeiros Confitentes. Eportornar adizer que naõ Marajó em tempo que lhenaõ declarou, mas pelo que
era demais lembrado foi outraues admoestado emforma, entendeo poderiahaver dous, outres annos pouco mais
Emandado pera fora, Equedestacidade Senaõ auSente Sem oumenos lhedicera huma índia chamada Thereza casada
expresa Licença destaMesa aSala daqual uira todas asueses comolndio Joachim do Servisso deSua may Angela Micaela
que for mandadochamar. O que prometeo Cumprir de viuvadeJoze Machado apresente na Sua Fazenda chamada
baixo dojuramento dosSantosEuangelhos que peraiSso lhe d o ------------------------- dadita Sua may, hum quarto, em que
foi dado.
custumavaõ continuamente entrar osfamiliares delia, prin­
ESendolheLida estaSuaconfissaõ, eporelle bem Ouuida cipiou o dito Sua May afechalo deSorte, quenaõ Consentia
e entendida diSse estar escripta na uerdade EaSsinou Co­ que a elle fosse pessoa alguma: E que reparando nistoadita
moSenhor Inquisidor Visitador OPadre Ignacio JosePastana índia porSer muito Ladina tivera meyoz para entrar huma
Notário davisita oescreui. vez nodito quarto, Eobservando que humas Imagens, que
a) Giraldo JosedeAbranches nelle tinhaõ estado patentes atodos fallavaõ nosSeos Luga­
a) Bernardo An.e res, foi achar Lansadas de tras de hum Baul huma do
Senhor Crucificado, Eoutra de NossaSenhora cobertas com
terra, Eamesma terra molhada Ecom muita indecência,
Denunciaçaõ que faz Fr. Manoel Nicoláo Roiz
Eque vendoas adita índia estivera pera fora daquelle im-
Aos Seis dias domez deoutubro demilSette centos eSe- mundo Lugar: Eque disto Sabiaõ Sua Irmaã Florinda The­
Senta enoue annos nestacidade de Bellem do GramParà reza de Jesus mulher de Joze daSilva Franco moradores
em o Collegio deS. Alexandre delia onde esta aMesa da­ namesma paragem emorio Guayapos: Eque amesma doente
visita do SantoOfficio estando nella oSenhor Inquisidor Maria Jozepha da Asunçaõ lhe dicera, que aDita Sua may,
Giraldo José deAbranches Visitador porparte do Santo Angela Micaela, naquelle Mesmo tempo Semostrara com
Officio desteEstado mandou uir perante Si ahumReligioso grande resistência, eSumma repugnância o Satisfaser os- 212
quedaSala pedio Audiência ESendo presente pera denunciar preceitos Annuais daQuaresma; deforma que tendo esta
deCoisas pertencentes aoconhecimento doSanto officio lhe noticia Seo filho Joselrmaõ delia dita doente, Alferez na
foi dado o juramento dosSantosEuangelhos emque pos Sua- dita Ilha instara forte Mente Comella para que Con effeito
Maõ Sobcargo doqual lhefoi mandado diZeruerdade eter aSefoSse dezobrigar; porem que ella lhe respondera, que
Segredo, oque tudoprometeo Cumprir ELogo diSse cha- elle erahumtolo, em adorar aDeoz NoSsoSenhor Eopersua-
211 mar-Se Fr. Manoel Nicolao Rodrigues Religioso Sacerdote dira aque Naõ oadorase Comofundamento deSer Somente-
EPregador do Real Emilitar ordem deNossa Senhora das- Deoz dosMortos, enaõ dos Uiuos; pois tinhaMorrido em-
Merces da Comarca desta cidade ESer quarenta ehum humaCruz; Eque poriSso So era Senhor dos Mortos. Eque
annos deidade, Eque as matéria, que tinha que denunciar adorase Somente oSol, a Lua, eoTempo; porqueSo elles
Era. deuiaõ Ser adorados Como SenhoresdosUiuos, Eque eraõ
Que achando se presentemente nesta cidade em perigo ouerdadeiro Deoz porque se elle dito Seo filho, E o outro
devida Maria Jozepha da Assunçaõ casada com Matheus Seo Irmaõ Germano osadorasem, hauiaõ dehir Com ella
Andre, que vivem da Sua fazenda de gado no districto do peraoutro Reyno, em que hauiaõ Ser príncipes, e ella
rio ------------ da Freguezia deNossa Senhora da Conceição Raynha ficando im Mortais Como ella ja Era, que Naõ
da Cachoeyra da Ilha do Marajó edoente na casa de Joze­ hauia Morrido Concluindo, que porestas razoens naõ ado-
pha Monteyra viuva deJoaõ Francisco___________________ rasem ao Deos dos Mortos. Eque ouindolhe isto odito Seo
Freguezia deNossa Senhora do Rozario do bairro da Cam­ filho Joze Alferez a Arguira forte Mente dos erros, emque
pina desta ditta cidade o mandara chmar, Elhe propuzera, estaua, Eque aforsa aleuara para Se desobrigar. Equede
que tinha escrupulo incertas couzas, que tinha ouvido, pera tudo isto eraõ Sabedores osditos dous Seos Irmaõs, e Suas-
que elle lhe disse O que devia faser pera tranquilidade Irmaãs aditaFlorinda, ComSeomarido JosedaSilua Franco,
deSua consciência, e declarando ella O que tinha, veyo a eAntonia Maria Casada ComSaluador Leandro Mascarenhas
274 275
desencarregar Sua consciência Como quem esta deCamenho
Eque esta dita Sua Irmaã Antonia Contara aella Mesma pera aEtemidade.
doente que apparecendo denoite Certas figuras emhuma Esendolhelida esta Sua denunciaçaõ eporelle bem ou­
Aruore, fora adita Sua May perguntada quefiguras eraõ: vida eentendida, econferida Com o quetrazia escripto por-
Eque ella respondera que eraõ ozSeosAmigos q lheuinhaõ Sua letra, disse estava escripta naverdade eassinou como
fallar, porem que aella denunciante lhenaõ diceraõ, que- Senhor Inquisidor Visitador oPadre Ignacio JozePastana
figuraseraõ. Eque ultiMamente adita enferma lhedicera oescrevi.
teremlhe os ditos Irmaõs Contado, queSendo areferidaSua a) Fr. M.el Nicolau Rz.
May perguntada porque naõ resaua Como dantes fazia, ella a) Giraldo JozedeAbranches
respondera que bastante Mente tinha jaSeruido aDeos,
enaõ neceSsitaua de oSeruir mais; porq SemorreSse Se
SaluauaLogo. Eque parte ouquasetudo elle denunciante
escreuera Em nome dadita enferma porella aSsim lhepedir
peraofazer preSente Nesta Mesa ComoConstaua dopapel
que entregaua aindaque aqui Se declarou Com aestençaõ
que Acimafica. Eque esta denuncia adaua emnome dadita
Maria JosephadaAsuncaõ pela impossibilidade Em que ella
213 estaua deauir dar peSsoal mente pera descargo deSua
conciencia, Epor ella assim instante mente lho pediu mais-
naõ disse nem cousa alguma aozcustumes.
Perguntado Seadita enferma lhedisse que Suamay era
pessoa debom entendimento, esizuda: eSeestaria ella emSeo
perfeito juizo quando fez edisse o que tinha denunciado:
ou Sepelo contrario ella estava douda, edesacizada, oucom
alguma paixaõ, que aperturbase ou tomada debebidas, ou
Se Se custuma tomar delias.
Disse que fazendo elle Suas perguntas a respeito do
que nesta Se contem amesmaenferma, ella lherespondera
que Naõ tinha noticia que aditaSuamay tivessecauza que
lheperturbase ojuizo, ou que algum tempo fosse douda,
ou desacizada, oucustumada abebidas.
Perguntado Se percebeo elle dadita enferma, que adita
Sua may estivesse Zombando quando disse, o quetinha
denunciado ou sereferisse aalguma pessoa: ou se o dise
e como quem cria etinha peraSe, queverdade, o que
afirmava.
Disse quenada lhedeclaramais.
Perguntado Seteve alguma cauzamais peravir fazer esta
denunciaçaõ ou Se o faz por odio emavontade, que tenha
adita Angela Macaela: ou por Satisfazer alguma paixaõ,
que nelle percedese outra adita Sua may.
Disse que pelo que aSi toca, quenaõ: E pelo que toca
adita enferma disse q nem lheperceberaodeio nem ma
vontade adita Suamay, eSomente hum grande dezejo de

276
OBRAS DO AU TO R

Livros
A Bahia e a Carreira da índia, Cia. Editora Nacional, São Paulo 1968.
Economia Colonial, Editora Perspectiva, São Paulo 1973.
A História em questão (H istoriografia Brasileira Contemporânea), Edi­
tora Vozes, Petrópolis 1976.

Opúsculos

Coelho Neto em Campinas, São Paulo 1960.


Primeiras notas para uma Bibliografia da História de Campinas, Marília
1966.
O Brasil e a navegação portuguesa para a Ásia, Marília 1968.
Variações triangulares da Rota do Cabo, Sevilha 1969.
O tabaco brasileiro no século XVIII, Lisboa 1970.
Alguns problemas da atual Historiografia Brasileira, São Paulo 1972.
Estadia das tripulações nos portos de escala da rota portuguesa do
Oriente, Bruxelas 1972.
Ciclo vital de um pólo urbano: Vila Bela, São Paulo 1974.
O charme da velha senhora, São Paulo 1976.
História de Campinas: a tarefa para os próximos dez anos, São Paulo 1976.
História do Brasil: problemas e perspectivas, São Paulo 1977.
A geometria do bruxo, Madison, W isconsin (EUA) 1977.

C olaboração em obras coletivas

Pequena Enciclopédia da História do Mundo, Editora Cultrix, São Paulo


1964, 4 vols. Redigiu o capítulo “ Brasil, esboço de sua evolução histórica".
Pequeno Dicionário de Literatura Brasileira, Editora Cultrix, São Paulo
1967.

E m preparo

Tensões religiosas na Colónia.


Pauperismo urbano no Brasil pré-capitalista.

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