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Assistente de produção gráfica - Gl LM AR MIRÂNDOLA Como utilizar este livro .6 Metais .226
Morte ,230
CÍP - BRASIL. CATALOGAÇÂO-N A- FONTE Prefácio „? Musas 231
SINDICATO NACIONAL DOS EDITORES DE LIVROS, Rj' Números ,241
Dicionário de A a Z O Outro Mundo *250
t731 s Tresidder, Jack
O Grande Livro dos Símbolos/ Jack Tresidder ; tradução dc Ricardo
Paixão 258
ínojosa. - Rio de Janeiro : Ediouro, 2003. Quadros Especiais Paz ,262
Animais «27 Peixe *265
Tradução de: Dictionary of symbols
inclui bibliografia Animais Mitológicos «28 Planetas ,273
ISBN 85-00-00884-9 Castidade ,72 Pontos Cardeais «278
1. Sinais e símbolos - Dicionários. 2. Emblemas - Dicionários. Cores ,37 Sabedoria *306
I. Título. Cruz «106 Sete Pecados Capitais *317
Elementos *125 Vaidade
03-0763. CD D 302.2223
Estações *134 Verdade
CDU 003 (038)
Fama *141 Vigilância
03 0 4 0 5 06 0 7 8 76543 2 1 Fidelidade «144 Virtudes
Flores 147 Vitória
Ediouro Publicações S.A. Fortuna »151
Rua Nova Jerusalém, 345 • CEP 21042-230 • Rio de Janeiro • RJ Fruta *152 Sobre o Autor 878
lèl.: (21) 3882-8200 • Fax: (21) 2260-6522 9 e-mail: 1 ivròs@ediouro.com.br Jóias *182
Internet: www.ediouro.corn.br
Liberdade ,200 Agradecimentos
Longevidade *2 ©4
Como utilizar este livro fácio
ste dicionário contém verbetes sobre os principais símbolos encontrados s símbolos tradicionais formam uma simplificação visual de idéias - e ain-
E na mitologia, na literatura e na arte, bem como os que entraram nos as S -Jg'da assim suas funções e significados estendem-se para algo bem mais
pectos mais comuns da vida diária. Estão todos dispostos em ordem de amplo que isso. Por milhares de anos eles têm permitido a escultores, pin
A a Z. Entremeados alfabeticamente com esses verbetes, encontram-se quadros tores e artífices concretizar e reforçar pensamentos e crenças profundos sobre a vida
especiais tanto sobre sistemas coerentes de símbolos (como o Zodíaco) quanto humana em imagens singulares, imediatas e poderosas. A exemplo do haiku,1 suas
sobre categorias genéricas (como as Cores e os Animais Mitológicos); alguns dos mensagens são rápidas, simples e memoráveis. Também não impõem limitações
exemplos mais importantes mencionados nesses quadros também têm seus pró porque cristalizam as idéias sem as confinar.
prios verbetes no dicionário. Outros quadros apresentam símbolos usados para A diferença essencial entre um símbolo e um signo é que os signos têm sig
dar concretude a conceitos abstratos ou qualidades morais (como Paz e Casti nificados práticos e sem ambigüidade: Particular, Proibido Fumar, Perigo. Já os
dade) que sao com freqüência objeto de obras de arte. símbolos têm uma ressonância imaginativa maior e significados mais complexos,
As referências cruzadas fazem alusão a verbetes situados em outros pontos do às vezes ambíguos. Alguns símbolos encapsulam as crenças mais antigas e fun
dicionário, que mencionam os assuntos aos quais se faz referência no texto. damentais que os seres humanos tiveram sobre o cosmo, seu lugar nele, como se
As ilustrações inspiram-se em obras de arte, em artefatos antigos e pinturas do comportar e o que honrar ou reverenciar. Muitos têm implicações psicológicas.
século XIX. Em todos os casos, o artista simplificou com vistas à clareza. Mesmo os que incorporam as idéias mais simples elevam o significado do objeto
O índice de Palavras Suplementares (p. 236) contém símbolos, personagens comum escolhido como símbolo, ampliando-o do particular para o geral: um cora
mitológicos e obras de arte e literatura discutidos no texto, mas que não constituem, ção entalhado numa árvore é um símbolo, não um signo.
propriamente, objetos de verbete no dicionário. Para comunicar idéias amplas, as imagens antecederam em muito a escrita.
Entalhadas, pintadas ou trabalhadas em efígies, vestuário ou ornamentos, as
imagens que se tornaram familiares por intermédio da repetição eram usadas com
finalidades mágicas, para afastar o mal, suplicar aos deuses ou aplacar a sua ira
— e também para controlar as sociedades, mantê-las coesas, inspirar lealdade, obe
1. Haiku é uma forma popularmente conhecida de haicai, poema de origem japonesa que contém 17 sílabas divididas em três
versos de cinco, sete e cinco sílabas. (N. do E.)
8 J a c k Tresidder símbolos y
diência, agressão, amor ou medo. Um sistema coerente de símbolos vivos podería “aço”, como símbolo de força, ou “cortina”, como símbolo de encobrimento. As
fazer com que as pessoas se sentissem em harmonia consigo mesmas, com sua co características familiares da Terra ou do universo visível — animais, aves, peixes,
munidade e o cosmo. Podería inspirar ações coletivas. As pessoas ainda lutam e insetos, plantas ou pedras - estão todas incluídas no repertório simbólico. Essas,
morrem sob emblemas, estandartes ou bandeiras dotados de significado simbólico. assim como os próprios seres humanos, já foram vistas como reflexos de uma
No começo, os símbolos mais importantes representavam tentativas de con realidade maior, dotadas de qualidades que exprimem as leis e “verdades” morais
ferir ordem e significado à vida humana num universo misterioso. Muitas idéias inerentes à ordem cósmica.
fundamentais, e os símbolos que as representavam, eram de uma similaridade De maneira alternativa, os símbolos também podem não ter ícones, com sua
marcante, seja em culturas primitivas, seja em civilizações desenvolvidas da Ásia, forma escolhida de modo mais arbitrário. Podem até basear-se, como ocorre com
índia, Oriente Médio, Europa Ocidental e América Central. No Ocidente, essa freqüência na China, num homônimo — associação puramente fonética com o no
linguagem começou a perder força no Renascimento, quando a ciência, a razão me de outra coisa. Os símbolos sem ícone podem variar de linhas ou formatos grá
e o crescente respeito pela individualidade conduziram a uma perda de interesse ficos até palavras ou atos rituais.
pelas crenças e rituais tradicionais, esvaziando muitos símbolos de sua vida finagi- Os verbetes deste livro foram escolhidos para explicar o significado dos sím
nativa nos costumes civis ou religiosos ou no folclore. bolos visuais ou atos simbólicos, sobretudo os que possam hoje ser enigmáticos,
O simbolismo mantém sua força gráfica e psicológica não apenas em campos tanto para demonstrar a universalidade de muitos símbolos e a variedade cultural
criativos como a arte, a literatura, a música e o cinema, como também na políti de outros, como para mostrar que algumas das coisas mais familiares que nos cer
ca e na publicidade. O simbolismo moderno, com sua ampla gama de novas cam têm, ou já tiveram, significados e associações mais profundos e mais fasci
imagens e ícones passageiros, encontra-se fora do âmbito deste livro. Aqui, o ob nantes do que podemos hoje presumir.
jetivo é proporcionar um dicionário sucinto de símbolos com uma história mais
longa, muitos dos quais importantes para uma compreensão mais harmoniosa
do desenvolvimento do pensamento, da arte, dos costumes, da religião e da mi
tologia humanos. As referências culturais são as mais amplas possíveis dentro de Jack Tresidder
um livro que se destina a leitores ocidentais. Os verbetes primeiro definem e
explicam os significados mais universais de cada símbolo para depois discutirem
significados subsidiários. Identificam-se as culturas particulares quando o uso sim
bólico é mais específico do que geral.
Os mitos, falados ou escritos, são em si mesmos sistemas ampliados de sím
bolos que encapsulam “verdades” religiosas, filosóficas ou psicológicas, em geral
baseadas em recordações tribais. Por exemplo, mito de Édipo, que matou o pai
e se casou com a mãe, simboliza os sentimentos humanos comuns de amor mater
nal e ciúme com relação ao pai. Este livro, porém, é um dicionário de símbolos
individuais, que podem ser objetos ou imagens gráficas que representam uma
idéia, sentimento ou qualidade abstrata ou, ainda, atos rituais que representam
uma experiência interior.
O símbolo tem com freqüência forma de ícone, que imita a forma da coisa à
qual se refere. Seu significado é às vezes inesperado e às vezes auto-evidente por
que se baseia em alguma qualidade que parece ser inerente a, por exemplo, um leão
(coragem) ou uma pedra (solidez). Ao selecionar os verbetes, passei por cima de
assuntos com associações banais ou completamente auto-explicativas, tais como
11
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Abelha — Símbolo notavelmente rico, embora nem tanto na iconografia, de
exemplo de virtudes éticas, sobretudo para os escritores de homilias. Entre as
qualidades atribuídas à abelha estão diligência, organização e habilidades téc
nicas, sociabilidade, pureza, castidade, limpeza, espiritualidade, sabedoria, co
ragem, abstinência, sobriedade, criatividade, desprendimento, eloqüência (por
associação com as palavras “melificadas”) e iluminação (por associação com as
velas de cera de abelha). A abe
lha simbolizava realeza ou o sis
tema monárquico no antigo
Oriente Médio, Grécia e Egito,
onde, por tradição, nasceu das
lágrimas de Rá, deus do Sol.
Na mitologia hitita, uma abe
lha salvou o mundo do afoga
mento ao encontrar o filho per
dido do deus do tempo. A abe
lha selvagem da Idade do Ouro
era associada à ambrosia, o ali
mento dos deuses.
A abelha é atributo de muitos
deuses, incluindo a grande mãe
universal, as deusas classicas Ci- gssa imagemj de um tratado do século XV sobre er-
bele e Ártemis (Diana) e a deusa vas> mostra uma jovem colhendo mel de suas abelhas.
grega da fertilidade, Deméter, cujas sacerdotisas em Elêusis eram chamadas de bernáculo, e, por tradição, a coroa de Cristo era feita de espinhos de acácia.
“abelhas”. Os sacerdotes essênios também eram chamados assim, e a cristanda As flores vermelhas e brancas sugerem a dualidade vida - morte. A franco-ma
de continuou essa tradição ao descrever a comunidade monástica e a própria çonaria utiliza o ramo de acácia como símbolo de iniciação e tributo funerário
Igreja como uma colméia. O mel e o ferrão da abelha representavam a doçura - referência ao galho supostamente colocado no túmulo do mestre construtor
e a dor de Cristo. Para Bernard de Clairvaux, a abelha era o Espírito Santo. Nas bíblico do rei Salomão, Hiram Abif, por colegas de trabalho que o mataram
tradições grega, ariana, do Oriente Médio e islâmica, dizia-se que a abelha repre por não conseguir fazê-lo revelar os mistérios de seu ofício. Acácia: ver Coroa;
sentava a alma. Espinho; Galho, Ramo; Vermelho
Símbolo da reencarnação, a abelha é também atributo dos deuses hindus. Uma
abelha azul na testa representa Krishna; num lótus, Vishnu; sobre um triângu Acanto - Imagem triunfal greco-romana da superação das provações da vida,
lo, Shiva. A abelha é símbolo de ressurreição quando mostrada em túmulos, simbolismo sugerido pelos espinhos e crescimento vigoroso da planta. As folhas
talvez porque sua dormência invernal haja sido interpretada erroneamente como estilizadas de acanto na capital de Corinto podem constituir uma referência ao
uma fase de morte. Por outro erro de interpretação, ela representava a Virgem mito grego do nascimento de um pé de acanto sobre o túmulo de um herói.
Maria porque se pensava que ela se reproduzia de maneira tão casta como as flo Acanto: ver Espinho
res nas quais se nutria. Os chineses associaram-na à volúvel “polinização” das
donzelas. Abelha: ver Alma; Azul; CASTIDADE; Colméia; Lótus; Mel; Mu €h«H INstsl — Parte central de um festival de meio de inverno celta e ger
lher; Triângulo; Vela; Virgindade mânico de 12 dias que influenciou os costumes referentes ao Natal e ao Ano-
Novo. A queima ritual de uma acha de carvalho sagrado simbolizava a morte
Ahetarda - Ave terrestre, grande porém esquiva, que simboliza na África a da luz no solstício de dezembro e celebrava o calor de seu renascimento. Acha
de Natal: ver Árvore de Natal; Carvalho; Solstício
fecundidade polígama e também a procura da alma, ligada tanto à terra quanto
ao ar. Abetarda: ver Alma; Aves
Adaga — ver Faca
AbetO — ver Árvore de Natal; Pinheiro, Pinha
Ãgata - Pedra preciosa da sorte, apreciada desde a Antigüidade. Suas diversas
Abutre — Atualmente é metáfora de cobiça oportunista, mas no antigo Egito era faixas coloridas são às vezes associadas à Lua, às vezes a Mercúrio. As qualidades
símbolo protetor. Nekhbet, a grande deusa do Egito superior, era representada co associadas à ágata incluem a fortaleza, alegria, prosperidade e êxito na vida se
mo abutre em seu papel de guardiã do faraó, cuja rainha usava um adorno de ca xual. O folclore dizia que a pedra preciosa tinha a capacidade de desviar armas.
Ágata: ver PLANETAS
beça em forma de abutre. O fato de que os abutres guardavam ferozmente seus
filhotes levou à lenda de que todos esses animais eram fêmeas - e às analogias for
Água — Símbolo antigo e universal de pureza, fertilidade e da própria fonte de
çadas pelos escritores cristãos antigos entre o aspecto maternal do abutre e a Vir
gem Maria. No antigo Irã, os abutres eram purificadores, por acelerarem os pro vida. Em todas as principais cosmologias, a vida surge das águas primordiais,
cessos de desintegração corporal e renascimento. Os corpos ainda são deixados pa símbolo feminino da potencialidade sem forma. No senso comum, a água é
ra eles nas Torres do Silêncio parses. Os abutres são espíritos tutelares em alguns emblema de toda fluidez no mundo material e dos princípios de circulação lí
mitos indianos. Em Roma, eram consagrados ao deus Marte e acreditava-se que quida (sangue, seiva, sêmen), dissolução, mescla, coesão, nascimento e regene
tinham poderes proféticos. Eram também associados à velhice e, portanto, domi ração. O Rig Veda canta louvores à água como causadora de todas as coisas. As
nados por Saturno. Abutre: ver Aves águas mais puras - sobretudo as do orvalho e da fonte, mas também as da chu
va — eram consideradas como detentoras de propriedades sobrenaturais e cura
Acácia - Imortalidade, em especial no pensamento judaico-cristão. A madei tivas como forma de graça divina, presentes da Mãe Terra (água de fonte) ou
ra de lei de uma espécie de acácia, a shittah, foi utilizada para construir o Ta deuses do céu (chuva e orvalho). A reverência à água doce como elemento pu-
rificador é particularmente marcante Batismo; Chuva; Dilúvio; ELEMENTOS; Fonte; Lago; Mar; Orvalho; Poço;
nas tradições religiosas dos países em Rio, Regato
que a água era escassa, como mos
tram os rituais de limpeza ou batismo Águia - Emblema supremo -
islâmicos, judeus, cristãos e indianos. aquela que tudo vê - dos deuses do
O batismo combina os aspectos de pu céu e do Sol, governantes e guerrei
rificação, dissolução e fertilização do ros. Símbolo de majestade, domi
simbolismo da água: lava os pecados, nação, vitória, valor, inspiração e
apaga a vida velha e dá nascimento a aspiração espiritual. Como senhora
uma vida nova. Os mitos do dilúvio do ar, a águia é um dos símbolos
nos quais uma sociedade pecadora é mais ambíguos e universais, incor
destruída são exemplos do simbolismo porando o poder, a velocidade e a
de limpeza e regeneração. percepção do mundo animal em
A água pode tornar-se metáfora de seu nível mais elevado. Não é ape
nutrição espiritual e salvação, como no nas um atributo dos maiores deu
Evangelho de São João (4:13), quando ses, mas com freqüência a personi Aguia combatendo serpente — símbolo da supera
ção do mal, de um mosaico medieval, Istambul.
Cristo diz à mulher da Samaria: “O ficação direta deles. No mito grego,
que beber da água que eu lhe hei de o belo jovem Ganimedes é seqüestrado por uma águia para ser o copeiro dos
dar, nunca jamais terá sede.” As fontes deuses. Zeus, em diferentes versões, envia a águia como sua mensageira ou se
que fluem da Árvore da Vida no pa transforma, ele mesmo, nela. A ira de Zeus é igualmente personificada pela
raíso são símbolos da salvação. águia que rasga o fígado de Prometeu. Por planar em direção ao Sol com os
O simbolismo da água: mulheres banham-se ^ agua também e igualada a sabedo- olhos abertos, a águia parece ser uma criatura capàz de carregar almas ao pa
numa fonte no Jardim da Juventude, de uma r*a’ como na imagem taoista da agua raíso - a origem do costume romano de libertar uma águia da pira dos impera
pintura italiana do século XV que encontra seu caminho em volta dores. A idéia hebraica de que a águia poderia queimar suas asas no fogo solar e
dos obstáculos, o triunfo da fraqueza cair a prumo no oceano para emergir com um novo par (Salmo 103:5) tornou-
aparente sobre a força. Na psicologia, representa a energia do inconsciente e se um motivo do simbolismo batismal cristão. A águia aparece não só nas pias
também suas profundidades e perigos misteriosos. A água turbulenta é símbolo batismais, mas também nas estantes de coro de igrejas - como atributo de São
budista do agitado fluxo da revelação. Em contraste, a transparência das águas João, o Evangelista, portador da mensagem cristã. Na iconografia medieval, a
plácidas simboliza a percepção contemplativa. Na lenda e no folclore, os lagos águia está associada à ascensão de Cristo, às asas da oração, à descida da graça e
são espelhos de mão dupla que dividem os mundos natural e sobrenatural. As à conquista do mal (águia com uma serpente no bico).
divindades do lago e da fonte, espíritos tradicionalmente jovens e proféticos, ou Em outras tradições, por todo o Egito, Ásia Ocidental, índia e Extremo Orien
então de cura, com freqüência eram dotadas de dons — a origem do costume de te, a ligação entre a águia e os deuses do céu é antiga e uniforme. Uma águia
arremessar moedas nas fontes e fazer pedidos. O simbolismo da transição da com braços humanos era um emblema sírio de adoração do Sol. A águia é em
água é responsável por numerosas mitologias nas quais os rios ou mares dividem geral símbolo do trovão e do relâmpago, bem como solar, sugerindo poder tan
os mundos dos vivos e dos mortos. Muitas divindades nascem na água ou an to de luz quanto de fertilização. Garuda, o corcel misto de águia e homem do
dam nela. Na superstição, o simbolismo da pureza da água era tão forte que ela deus védico Vishnu, é mostrado em combate contra as serpentes do mal. A
era tida como capaz de afastar o mal. Daí o costume de identificar as bruxas jo águia e a serpente representam, de maneira alternada, ar e terra, embora o leão
gando mulheres em lagos para ver se flutuavam de volta à superfície. Agua: ver às vezes substitua a serpente, como na alquimia, que usava a águia e o leão co
roados para representar o dualismo dos princípios volátil e fixo. Na mitologia
Alaúde — Na arte renascentista, símbolo das personificações da música e au
dos nativos da América, a águia tinha simbolismos celestial e solar. A dualida
dição e emblema popular do amor. Aaúdes ou bandolins com cordas quebra
de do céu e da terra é representada na América Central pela águia e pelo jaguar.
das aparecem em naturezas-mortas como símbolos da discórdia.
Entre os nômades, particularmente no norte da Ásia, a águia era símbolo pa
Na China, o alaúde era atributo de eruditos e, em comum com muitos outros
terno xamânico, e suas plumas eram usadas nos ritos de iniciação e ascensão.
instrumentos musicais, de harmonia — no casamento, bem como no governo.
A águia é um dos emblemas mais antigos e mais populares da vitória, seu voo
Alaúde: ver Música; PAZ
considerado augúrio de êxito militar na antiga Pérsia e também em Roma, onde,
desde a época de seus fundadores, Rômulo e Remo, era carregada em estandar
Albatroz - O peso da culpa - simbolismo criado pela balada The Rime ofthe
tes como “a ave de Júpiter”. Os hititas usavam uma ornamentação com uma Ancient Mariner [A balada do velho marinheiro], de Samuel Taylor Coleridge
águia de duas cabeças, aparentemente ainda em uso entre os turcos seljúcidas
(1772-1834), em que a morte a tiros de um albatroz quebrou o tabu de um ma
na época das cruzadas e levada de volta à Europa para tornar-se emblema do rinheiro. Tradicionalmente, a ave era bom presságio; sua força e energia tão ad
Santo Império Romano e depois dos impérios austríaco e russo. O uso da águia
miradas, que no folclore o albatroz encarnava a alma dos marinheiros mortos.
na heráldica era amplo na Polônia, na Alemanha e na França de Napoleão.
Albatroz: ver Aves
A águia americana, de cabeça branca e com as asas abertas, é o emblema dos
Estados Unidos. Na arte, a águia pode ser um atributo do Orgulho. Águia: ver
Alce - ver Cervo
Alma; Alquimia; ANIMAIS MITOLÓGICOS; Ar; Asas; Aves; Batismo; Céu;
Dragão; Fogo, Chama; Jaguar; Leão; Luz; Pena; Serpente; SETE PECADOS
Alcião - Fidelidade, paz - símbolo de graça, nobreza e devoção conjugal na
CAPITAIS; Sol; Tempestade; Trovão; VITÓRIA
China e na Grécia, associado à tranqüilidade melancólica por meio do mito de
Acione, no qual ela e seu marido, Ceix, foram transformados em alcioes por
Agulha — Símbolo yin-yang na China: o buraco, feminino, a ponta, mascu Zeus. Como se acreditava que os alcioes faziam seus ninhos no mar, o pai de A-
lina. A picada da agulha era em geral associada à má sorte nos contos popula
cíone, Éolo, rei dos ventos, mantinha as águas calmas sete dias por ano para que
res, o que levava a superstições contra costurar em certos dias, como na noção
sua filha incubasse seus ovos. Acião: ver Aves; FIDELIDADE
chinesa de que a agulha podia perfurar o olho de Buda se usado nos primeiros
cinco dias do Ano-Novo. Agulha: ver Yin-Yang
Álcool - Energia vital que une os elementos contraditórios do fogo (masculi
no) e da água (feminino), a aqua vitae (“água da vida”) da alquimia. O álcool
Agulha (de torre) — Expressão simbólica do objetivo dos arquitetos góti era também associado à criatividade e à sabedoria. Acool: ver Águia; Aqui-
cos de criar igrejas que parecessem se projetar em direção ao céu. As catedrais gó
mia; Embriaguez; Fogo, Chama; Soma; Vinho
ticas buscam “representar o material como imaterial”. Agulha (de torre): verTorre
Alecrim — “Aqui está, alecrim, para a lembrança”, diz Ofélia em Hamlet (4:5;
Álamo - Símbolo de dualidade na China, pois as folhas do álamo branco são
c. 1600), de Shakespeare. Essa erva aromática foi escolhida como antigo sinal
verde-escuras na face superior (solar), mas parecem brancas na inferior (lunar),
de casamento, talvez por sua fragrância prolongada. Seu nome em inglês (.Ro-
onde são cobertas com penugem.
semary) vem do latim, e em sentido literal significa “orvalho do mar”. O alecrim
Os gregos explicavam essa mudança de cor no mito em que Héracles (Hér
estava, portanto, associado à deusa nascida da espuma, Afrodite (Vénus, na
cules, para os romanos) enrola um galho de álamo em volta da cabeça para des
mitologia romana), e à fidelidade no amor. Aecrim: ver Casamento; FIDELI
cer ao mundo subterrâneo. A fumaça do Hades acaba escurecendo a parte su
DADE; Orvalho
perior das folhas enquanto o suor de Héracles alveja a parte inferior. O álamo
era consagrado a Sabásio e a Zeus (Júpiter), mas costuma ter simbolismo
Alfa 6 Ômega - Totalidade, representada pela primeira e última letras do
funerário. Álamo: ver Árvore; Galho, Ramo
alfabeto grego. Usadas juntas, as letras simbolizam a unicidade e totalidade do
espaço, tempo e espírito. Em cruzes, constituem referência ao Cristo do Apo forços dos não-iniciados. As co
calipse: “Sou Alfa e Omega”, e em túmulos referem-se à aceitação de Deus co res preto, branco, vermelho e
mo começo e fim. Alfa e Ômega: ver CRUZ dourado simbolizavam uma pro
gressão da redução (igualada à
Amuleto - Poder benéfico. O objeto usado como amuleto, às vezes natural, Andorinha — Tradicional mensageiro da primavera e, por isso, símbolo de
às vezes feito, como um medalhão com inscrições, supostamente cria uma co renovação ou ressurreição em muitas tradições. Emblema de parto. Na China,
nexão mágica entre o usuário e a força simbólica que representa. Amuleto: ver onde sua chegada coincidia com os ritos de fecundidade no equinócio de mar
Anel, Aliança ço, a existência de ninhos de andorinha numa casa era presságio de casamento
próximo com muitos filhos. A andorinha era consagrada a ísis no Egito e à
Aüão — Símbolo de proteção, tanto na mitologia (o protetor Bes, do Egito) deusa-mãe em outras regiões. Andorinha: ver Aves; Casamento; ESTAÇÕES
quanto no folclore, no qual atribuem-se aos anões quase universalmente pode
res sobrenaturais. Andrógino — Completude divina - símbolo antigo derivado da adoração ge
Na iconografia indiana, entre outras, os anões são algumas vezes demoníacos, neralizada de deuses primordiais que eram simultaneamente masculinos e fe
sugerindo uma associação de idéias entre o crescimento tolhido e a ignorância mininos. O símbolo chinês do yin-yang resume uma perfeição andrógina em
humana ou instinto cego. Eles também podem ser associados ao simbolismo que todos os opostos se complementam. A filosofia de Platão, o misticismo sufi
do bobo como uma inversão do rei, um papel desempenhado algumas vezes por e a mitologia grega, egípcia, oriental, aborígine e da América Central, todos per
anões na corte. ceberam o estado original do ser como andró
No folclore, são em geral travessos, avarentos ou malignos. São açambarcadores gino. Por implicação, o próprio Adão continha
ciumentos de tesouros ou de conhecimento secreto e amantes de adivinhações e o masculino e o feminino.
enigmas. De acordo com as lendas nórdicas, os deuses determinaram que os anões O andrógino também era um símbolo alquí-
deveriam viver debaixo da terra, pois não eram nascidos do mundo vegetal como mico que corporificava a unicidade, que era o
outros homens, mas do cadáver do gigante Ymir, cujo corpo formou a terra. objetivo da ciência hermética. As pressões so
Os anões estão amplamente associados à vida subterrânea (e, por extensão, à ciais estavam geralmente em conflito com esse
mente inconsciente) ou, na América do Sul, à chuva, às florestas e às cavernas. ideal, sobretudo na prática da circuncisão e
Como resultado, eram considerados trabalhadores peritos em pedras e metais da excisão do clitóris, que representava esfor
preciosos, por natureza suspeitos e astutos, mas fáceis de enganar. Os gnomos ços no sentido de tornar mais claras as dife
de jardim referem-se a um aspecto mais bondoso e ao conhecimento mágico renças sexuais. O amor e o casamento têm sido
das coisas da terra. Anão: ver Bode Expiatório; Caverna; Chuva; Gigante; JÓIAS; vistos como os modos mais práticos de atingir
METAIS; Palhaço; Terra; Rei a unicidade, simbolizada na mitologia grega
pela história de Hermafrodite, tão amado pe
Âncora - Esperança, salvação, segurança, firmeza, fidelidade, prudência. Seu la ninfa Salmacis que acabou por absorvê-la Imagem alquímica do andrógi
simbolismo cristão adveio tanto de sua forma quanto de sua função, uma vez em seu corpo. Daí o termo “hermafrodita” no (século XVII).
(em sentido estrito, na biologia, aquele que tem órgãos incompletos masculi
nos e femininos). Andrógino: ver Alquimia; Casamento; Circuncisão; Homem; MMU :. '■ — Os animais
Mulher; Yin-Yang sempre foram a base mais
imediata, poderosa e impor
Anel* Aliança — Eternidade, unidade, totalidade, compromisso, autorida tante do simbolismo. Ne
de. O simbolismo circular do anel faz dele um emblema de completude, for nhuma outra fonte no mun
ça, proteção e continuidade - que em seu conjunto ajudam a dar significado do natural proporcionou
às alianças de noivado e casamento. Os anéis sobreviventes mais antigos (do uma variedade tão rica de
Egito) são sinetes ou com selos pessoais ou com amuletos, em geral na forma iconografias. Poucas quali
de um escaravelho que simboliza vida eterna. Assim, desde os tempos mais an dades humanas não pode
tigos, o anel tem sido emblema de autoridade ou delegação dela, de poder pro riam ser personificadas no
tetor oculto e de empenho pessoal. Os anéis de noivado romanos eram provas mundo animal a partir da
de voto legal. O costume posterior de dar uma aliança de casamento baseou- observação próxima das for
se provavelmente no uso eclesiástico de anéis com sinetes. A aliança de casa mas, hábitos e características
mento era usada originalmente no terceiro dedo da mão direita, como os dos animais. Detalhe de um tecido decorado, que
anéis episcopais. O Anel de Pescador, do Papa (que mostra Pedro arrastando A psicologia seguiu a reli mostra xamas a apaziguar espíritos
uma rede), quebrado quando de sua morte, é o selo supremo dos católicos ro de animais.
gião ao atribuir aos animais
manos. A aliança de ouro das freiras é símbolo de ligação de seu casamento o simbolismo essencial do “instintivo”, do “inconsciente”, da libido
com Cristo. O anel do Doge, jogado ao Adriático, em Veneza, no Dia da e das emoções. Esse não era, de modo algum, seu significado original.
Ascensão, era um sinal do perpétuo poder do mar veneziano, uma cerimônia A reverência prestada aos animais na maioria das culturas primitivas
mística iniciada pelo Papa Alexandre III depois que a cidade o ajudou a hu tinha a ver com a percepção de que eles estavam mais em contato
milhar o imperador Frederico I Barba-Roxas em 1176. Os anéis estão associa com as forças cósmicas invisíveis do que a humanidade. Suas capaci
dos à força mágica ou a um tesouro escondido em muitas lendas — tema que dades físicas e sensoriais frequentemente superiores levaram à crença
remonta à crença de que o anel de Salomão era a fonte de seus poderes sobre generalizada de que eles possuíam poderes mágicos ou espirituais.
naturais e sabedoria. Anel: ver Amuleto; Casamento; Círculo; Coroa de Flo Para os xamãs, eles constituíam um meio de acesso a esses poderes.
res, Grinalda; Escaravelho Clãs ou tribos adotaram-nos como totens por motivos semelhantes.
Seus couros, peles ou penas eram vestidos para simbolizar alianças
Anémona — Transitoriedade da vida, fragilidade, pesar, morte, virgindade — mágicas nas quais eles eram patronos dos usuários. A maioria dos
símbolos baseados na natureza efêmera dessa flor silvestre, em suas pétalas escar deuses egípcios era personificada por animais - o mesmo acontecia por
lates e em seu nome (que significa “do vento”). As anémonas são identificadas toda parte -, e os de maior prestígio simbolizavam não as paixões brutas,
com as “flores do campo” bíblicas e às vezes aparecem em cenas da crucifica mas sim as qualidades espirituais. Os bestiários medievais partiam do
ção. Também estavam ligadas ao simbolismo do deus agonizante, do mito grego princípio de que seu simbolismo podia ser classificado de maneira es
de que elas nasceram no local em que Adónis morreu. Anémona: ver CRUZ; trita, idéia apoiada por um surpreendente grau de uniformidade en
FLORES; Vermelho; Virgindade tre diferentes culturas no que tange a conceitos personificados pelos
diferentes animais. ANIMAIS - ver ANIMAIS MITOLÓGICOS; Aves;
AMIMAIS - Ver quadro na página 27 PEIXE; Totem; nomes individuais
Asfódeio - Flor greco-romana do Hades e de Perséfone (Prosér Auroque — Boi enorme e extinto da Europa — símbolo nas iconografias assí
pina, na mitologia romana) - lírio de coloração apropriadamente ria e suméria do poder de Enlil, o grande deus do Oriente Médio do cosmo
pálida usado para consolar aqueles escolhidos pelos deuses para en ordenado e da agricultura. Auroque: ver ANIMAIS; Boi
trar nos Campos Elísios. O asfódeio é, portanto,
A flor do asfódeio, associa- um símbolo funerário de pesar. Acreditava-se Aveleira — Fertilidade, água, poderes sobrenaturais de adivinhação e sabe
da ao Hades (inferno), fiue suas raizes’ alimento dos mortos, curavam doria. No norte da Europa e no mundo celta, o bastão de aveleira era instru
tanto na mitologia grega picadas de cobra. Asfodelo: ver Lírio; O OU- mento de magos e fadas, adivinhos e de quem procurava ouro. Uma tradição
quanto na romana. TRO MUNDO clássica sugeria que ela seria o caduceu de Hermes, mensageiro dos deuses.
Seu simbolismo místico pode derivar tanto das profundas raízes da aveleira dos deuses, trazendo o elixir da imortalidade (soma) à humanidade. Nos
(poderes misteriosos do Reino dos Mortos) como dos morangos (sabedoria secre Upanishads, dois pássaros pousados na Arvore Cósmica, um comendo e outro
ta). Além de seu uso no encantamento, a aveleira tinha um forte simbolismo observando, simbolizam as almas individual e universal. Os pássaros desempe
de fertilidade e chuva; pensava-se que trazia sorte para os amantes e, de acordo nham importantes papéis em muitos mitos da criação ou, como o Pássaro do
com o folclore normando, fazia com que as vacas dessem muito leite quan Trovão dos nativos americanos e o Pássaro do Raio do sul da África, contro
do golpeadas com um anel de aveleira. Aveleira: ver Agua; Anel, Aliança; Bas lam os poderes dos elementos. O Quetzalcoatl, pássaro-serpente da América
tão; Chuva; Fadas; Leite; SABEDORIA; Vara Mágica Central, combina poderes celestes e terrenos, em geral separados em outros mi
tos, em que pássaros em luta contra serpentes retratam o conflito fundamental
Ã¥0& - Corporificação do espírito tanto humano quanto cósmico, simbolismo entre luz e escuridão, espírito e carne. Pinturas pré-históricas e egípcias de seres
sugerido por sua leveza e rapidez, liberdade sublime de seu voo e sua mediação humanos com cabeça de pássaro simbolizam o lado espiritual da natureza huma
entre a terra e o céu. No Egito antigo, a alma ou personalidade individual (Ba) na e a promessa de imortalidade.
era mostrada como um falcão com cabeça humana que deixava o corpo na hora Outro simbolismo fundamental incorpora a idéia de que os pássaros se comu
da morte. nicam com as divindades ou, como a pomba da Anunciação, trazem mensagens
O conceito de pássaros como almas é tão difundido quanto a crença de que delas. Os celtas os veneravam por essa razão. Os xamãs equipados com penas
eles representavam divindades, augurando imortalidade e felicidade, idéia ex e máscaras de pássaros podiam voar mais alto nos reinos do conhecimento.
pressa de maneira encantadora pelo dramaturgo Assim, os pássaros tradicionalmente significaram sabedoria, inteligência e o
Maeterlinck, em The Blue Bird ofHappiness [O poder veloz do pensamento - bem longe da moderna palavra pejorativa “avoa-
pássaro azul], de 1908. Numas poucas cultu do”. A arte divinatória romana baseada nos padrões de voo ou canto dos pás
ras, alguns pássaros são vistos como mau saros foi talvez uma tentativa de decodificar seu conhecimento superior. Eles
presságio, sobretudo corvos e urubus. Em confiam segredos úteis aos heróis de muitos contos de fadas. Uma visão abo
geral, os pássaros são auspiciosos, simboli rígine é que os pássaros canoros também podem trazer informações dos ini
zando no pensamento hinduísta o amor migos deles. A expressão “um passarinho me contou” ecoa, pois, antiga idéia.
Na arte ocidental, os pássaros podem simbolizar Ar e Toque. O menino Jesus
é às vezes mostrado com um pássaro numa corda.
Pássaros engaiolados (que, de acordo com Platão, representavam a mente) apa
recem em alegorias da Primavera. Na China, o pássaro é símbolo masculino
(homônimo de “pênis”); no entanto, um “papa-figo selvagem” é uma prostitu
ta. Aves: ver Ar; ANIMAIS MITOLÓGICOS; Áxvore; Asas; Pena; Raio; SA
BEDORIA; Serpente; Soma; Trovão; nomes individuais
braica e à sabedoria no budismo. Nas tradições populares, representa fidelidade, 1, '' 3 ílililll gjj |j | I
na Europa, e erudição e casamento feliz, em partes da China. A associação entre
sangue azul e aristocracia deriva do uso medieval da palavra bleu (azul) como
eufemismo de Dieu (Deus) no juramento “pelo sangue de Deus”, feito com fre
qüência pelos nobres franceses, que com o tempo levou ao termo de gíria un
sang-bleu (“um sangue azul”). Mais recentes ainda são as ligações idiomáticas
com a melancolia, talvez derivadas dos cantos melancólicos feitos na hora do cre i« ■ | 11|§ |
púsculo pelos escravos africanos na América do Norte, e com a pornografia, 7-,
em razão das mostras obscurecidas de filmes explícitos. Azul: ver CASTIDA 11111
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DE; Céu; FIDELIDADE; SABEDORIA;VIRTUDES 11; ;f ^ ■#; 11
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Ba - Símbolo egípcio da alma, em geral re
tratado como um falcão com cabeça hu
mana. Os egípcios tinham uma variedade
de símbolos para o princípio da vida in
dividual, dos quais nem todos, como o
Ba, deixavam o corpo com a morte. Ba:
ver Alma; Falcão, Gavião; Ka
Baleia - Imagem impressionante do colossal na natureza, mas também antigo Bandeira — Originalmente, emblema de um deus ou um soberano levado pa
símbolo da regeneração de arca ou útero, expresso de ra a batalha como símbolo sagrado de supremacia. A bandeira carrega, portanto,
maneira mais clara na história bíblica do profeta imenso significado em termos de avanço triunfal, retirada humilhante ou, pior
Jonas, engolido e regurgitado por um “grande ainda, captura. Além do uso de bandeiras apenas para a identificação ou sinali
peixe”. Alguns pesquisadores têm interpreta zação, a antiga ligação com status, honra e valores espirituais de um clã ou nação
do isso como uma alegoria do cativeiro e li continua a fundamentar o simbolismo individual das bandeiras — uma área de
bertação dos judeus na Babilônia, com ba estudos extensa, mas separada. Bandeira: ver Crescente; Estandarte; Estrela
se nos mitos sumério-semitas da deusa do
Bania - Árvore sagrada da índia, provável modelo do simbolismo da Árvore
caos, Tiamat. Numa versão mais plausível,
o ventre da baleia representa a obscuridade Cósmica invertida, em que por meio de suas raízes aéreas o espírito transcenden
da iniciação, que conduz a um novo estado te pode manifestar-se por todo o universo. Às vezes, construíam-se templos nos
troncos principais. Bania: ver Árvore; Templo
de vida mais esclarecido. No Evangelho de
São Mateus (12:40), Cristo traça um para-
Detalhe de um vitral do século XIII leio entre a experiência de Jonas e sua pró- Barba - Dignidade, soberania, virilidade, coragem e sabedoria. As divindades,
que mostra Jonas ao ser retirado da pna descida iminente ao coração da Terra e reis, heróis e sábios masculinos em geral são barbados na iconografia. No
barriga da baleia. posterior ressurreição. Egito, os governantes sem barba — entre eles as rainhas - eram mostrados com
barbas falsas como marca de status. As tradições semitas e sikhs relacionam a barriga da baleia foi utilizada por Cristo como analogia de sua própria morte e
barba à honra. Barba: ver Cabelo; Rainha; SABEDORIA ressurreição. Os alquimistas usavam a barriga como analogia do laboratório.
Barriga: ver Alquimia; Baleia; Cruzamento do Mar Noturno
Barco - Para muitos povos ribeirinhos ou costeiros, as pequenas embarcações
(em contraste com as grandes) eram percebidas como um meio de transição Basiiisc© - Originalmente uma serpente venenosa coroada egípcia (talvez
do mundo material para o espiritual. Berços simbólicos das almas dos que re uma naja). Com a adição medieval de corpo e asas de galo, tornou-se a amea
nasceriam, os barcos cruzam as regiões perigosas do Reino dos Mortos (como çadora personificação de pecados como a luxúria e portadora de doenças como
na mitologia egípcia) ou são lançados à deriva com os corpos dos chefes, co a sífilis. De acordo com o folclore, foi chocada por um sapo, de um ovo de ser
mo na Amazônia. pente posto por um galo velho numa esterqueira. Ao contrário do dragão, que
Na mitologia grega, um barco impulsionado pelo barqueiro Caronte conduz representava o mal numa escala de heroísmo, o basilisco ameaçava o transgressor
as almas dos mortos na travessia do rio Estige com destino ao Hades. Barco: em nível de vida comum. Basilisco: ver ANIMAIS MITOLÓGICOS; Asas; Dra
ver Arca; Crescente; Mulher; Navio; O OUTRO MUNDO gão; Galo; Naja; Sapo; Serpente; SETE PECADOS CAPITAIS
Barrete - Posto, autoridade, poder, sabedoria. Barretes de vários tipos aparecem Basti© - Antigo emblema de poder sobrenatural, simbolicamente associado à
com freqüência na iconografia antiga e são em geral associados ao status, so força da árvore ou galho, ao falo, à serpente e à mão ou dedo indicador. O sim
bretudo quando altos e cônicos. A tentativa óbvia de conferir a seus usuários uma bolismo de criação e fertilidade do bastão está claro na história bíblica do cajado
aparência mais impressionante pode ter um significado menor do que seu simbo de Aarão, que floresceu e produziu amêndoas como sinal da benção divina sobre
lismo de poder solar e fálico. O barrete pontudo do mago simboliza poder e sa a casa de Levi — endossando a autoridade de Aarão (irmão de Moisés) como o
bedoria sobrenaturais. Os barretes do bobo e do bufão com seus sinos chocalhan- fundador do sacerdócio judeu (Números 17). Na religião, mitologia, lenda e fol
tes constituem inversões zombeteiras dessa tradição. As feiticeiras também podem clore, o bastão, sobretudo de determinadas árvores, como a aveleira, é emblema
ser mostradas com barretes pontudos, numa referência aos chifres de Satã. O bar de autoridade pessoal ou confere a seu proprietário poder sobre o mundo natu
rete sobrevive como símbolo de status no barrete acadêmico (e na 4 coroação” de ral - e para transformar, profetizar, arbitrar, curar feridas, encontrar água e con
membros da equipe em alguns esportes). Barrete: ver Barrete Frígio; Bruxaria; Ca vocar ou dispensar espíritos. Bastão: ver Amêndoa; Aveleira; Báculo; Caduceu;
beça; Chifre; Demônios; Falo; Palhaço; SABEDORIA; Sol Cajado; Cetro; Falo; Galho, Ramo; Mão; Serpente; Vara Mágica
Barrete Frígio - Barrete cônico de feltro macio que se tornou emblema de Batismo - Rito espiritual de passagem que simboliza purificação e regeneração.
liberdade na Revolução Francesa - como na pintura de Delacroix, Liberdade Para os psicólogos, o batismo pela água representa a dissolução do velho ser e o
guiando o povo (1830). Esse estilo de barrete era usado pelos homens livres da renascimento a partir das águas originais da vida. Seu uso em cultos e religiões é
Frigia, na Ásia Menor, no reinado de Midas. antigo e muito disseminado, às vezes como rito de iniciação tanto para os vivos
Na arte, o jovem Páris pode ser mostrado usando-o — talvez numa referência ao quanto para os mortos. Dependendo da confissão religiosa, o batismo cristão
significado fálico de seu cone pontudo. Tradicionalmente, o barrete era vermelho, pode simbolizar entrada para a Igreja, marca adulta de fé, renascimento na graça,
sugerindo simbolismo de sacrifício, bem adequado à época da Revolução Fran expiação de pecados passados ou compartilhamento simbólico da morte e ressur
cesa. Barrete Frígio: ver Barrete; Chifre; LIBERDADE; Sacrifício; Vermelho reição de Cristo. Menos comuns são os batismos pelo vento ou pelo fogo (este úl
timo foi o destino ou a escolha de alguns mártires). Batismo: zwÁgua; Cervo;
Barriga - A sede da vida no pensamento oriental, donde o ritual japonês da Concha; Fogo, Chama; Iniciação; Octógono; PEIXE; Vento; Vieira
estripação, o haraquiri. As imagens orientais gordas e barrigudas são símbolos
de prosperidade e não de gula, como nas representações de Shen Yeh, deus chi Baú - Emblema romano das religiões místicas. Os baús gregos e hebreus
nês da riqueza. A história bíblica em que Jonas passa três dias e três noites na eram receptáculos de mistérios revelados apenas para iniciados escolhidos,
como nos baús carregados nos ritos de deuses gregos, como Dioniso e Deméter, via uma ligação simbólica entre a boca — vermelha e consumidora — e o fogo,
ou o baú com as Tábuas da Lei hebraicas. Na China, os baús constituíam re expressa nas lendas sobre dragões que expeliam fogo. Mais comumente, a bo
licários de tradições antigas ou espíritos ancestrais. Baú: ver Arca
ca é associada à vulva, como no simbolismo chinês. Boca: ver Baleia; Cigarra;
Disco; Dragão; Fogo, Chama; Jade; Ka; Máscara; O OUTRO MUNDO; Res
Beijo - Além do significado óbvio, o beijo é símbolo religioso de união espiritual
piração, Fôlego; Vermelho; Vulva
— significado por trás do costume de beijar as imagens dos santos nas igrejas.
Beijar a mão de alguém era sinal medieval de homenagem. Beijavam-se os pés e
Boda* Cabra - Virilidade, po
as vestes dos reis tanto por homenagem quanto pela crença de que parte da san
tência, luxúria, astúcia e destruti-
tidade deles poderia transferir-se para quem beijasse. Beijo: ver Mão
vidade no bode; fecundidade e
cuidado de nutrição na cabra. A
Bétula - Arvore benéfica e protetora dos povos do norte da Europa e da Ásia,
maior parte do simbolismo ambí
sagrada para os deuses Thor ou Donar e Freia ou Friga, e que constituía o ponto
guo do bode resolve-se ao longo
central dos ritos xamanistas muito mais a leste, como a Árvore da Vida ou Árvore
dessas linhas sexuais. A cabra
Cósmica, que ligava a vida terrestre ao mundo espiritual. Como pólo central das
Amaltéia era, pois, a ama-de-leite
tendas (yurts), tinha significado sagrado nos ritos de iniciação como símbolo de
venerada do deus grego Zeus (Jú
ascensão humana e de descida da energia cósmica. Na Rússia, simbolizava a pri
piter, na mitologia romana), seu
mavera e as mulheres jovens, e era plantada perto das casas para invocar espíritos
chifre, a cornucópia da abundân
protetores. Sua capacidade de expulsar o mal pode ser o motivo pelo qual as
cia - simbolismo profundamente
bruxas eram fustigadas com vara de vidoeiro (ou Bétula alba, espécie de bétula de
baseado na qualidade e adequa
madeira branca) para livrarem-se dos demônios. É o emblema da Estônia, na
ção do leite de cabra para os be
Europa Oriental. Bétula: ver Árvore; Bruxaria; Chicote, Mangual; Eixo
bês. A vitalidade do bode impres
sionou o mundo antigo, como
Bezerro — Pureza no sacrifício — donde, ocasionalmente, símbolo de Cristo
mostra sua relação com diversos
(embora com maior freqüência retratado como cordeiro). Os bezerros também
deuses sumério-semíticos e gregos.
simbolizaram a prosperidade (matando-se o bezerro cevado). O Bezerro de
O bode também era a montaria
Ouro bíblico costuma ser tomado como emblema da adoração dos valores ma
ígnea do deus védico Agni, puxa
teriais, em vez dos espirituais. Bezerro: ver Cordeiro; Sacrifício; Touro
va a carruagem de Thor e estava
estreitamente ligado a Dioniso (Ba
Bobo — ver Palhaço
co, na mitologia romana), além de fornecer muitas das características físicas
de Pã e dos sátiros. O bode é particularmente ativo no inverno (quando a fê
Boca — Na iconografia, bocas abertas podem ser símbolos de devoração (como
mea entra no cio), o que pode ter contribuído para as imagens de bodes de pa
nas muitas imagens de monstros com as mandíbulas escancaradas, represen lha usadas nos festivais de grãos realizados na Escandinávia na época do Natal
tando as portas do inferno) ou de espíritos que falam (como nas máscaras e es
- estação às vezes personificada na arte pelo bode. Contudo, a virilidade do
culturas primitivas). Podem também simbolizar o sopro da vida.
bode era considerada lasciva pelos hebreus. Heródoto relatou práticas sexuais bes
Nos ritos fúnebres egípcios, as bocas dos mortos eram abertas para permitir que
tiais no culto mendesiano do bode entre os egípcios. Isso pode ter influenciado
seu ka prestasse testemunho no tribunal da vida futura - e recebesse o dom de
o simbolismo cristão do bode como personificação da impureza e da luxúria
uma nova vida. Discos solares eram colocados na boca dos mortos, assim co
vil. O bode é análogo aos pecadores no relato do evangelho sobre o Dia do Juízo
mo objetos de jade (simbolizando a imortalidade) na China e no México. Jung
Final, quando Cristo deverá separá-los das ovelhas e entregá-los ao fogo eterno
(Mateus 25:32; 25:41). Daí, provavelmente, as características físicas de bode do BoScl — Símbolo solar em jogos aéreos de antigos festivais de culto, sobretudo
Demônio medieval, uma associação reforçada pela reputação do bode de destru- no México e na Grécia. Os templos da América Central dedicados à adoração
tividade maliciosa. O bode também pode personificar a loucura. Na China, do Sol tinham elaboradas quadras para jogos violentos ou ritualísticos. Em ou
onde “bode” e “yang” são homônimos, esse animal é um símbolo masculino tros lugares, a bola constituiu um dos primeiros brinquedos mais populares.
positivo, como na índia, onde, na qualidade de alpinista de andar seguro, era Bola: ver Sol; Zigurate
associado à superioridade. No zodíaco, Capricórnio é um peixe-bode. Bode,
Cabra: ver Carruagem, Biga; Chifre; Cornucópia; Demônios; Espiral; Grão; Bolha - Evanescência, sobretudo da vida terrena - simbolismo que aparece em
Leite; Ovelha; Sátiro; SETE PECADOS CAPITAIS; Yin-Yang; Zodíaco alegorias da mortalidade, tanto budistas quanto cristãs, em que putú> anjos com
aparência de criança, são mostrados a soprar bolhas que carregam a inscrição
Bode Expiatório — Descarga simbólica dos pecados ou deficiências em ou Homo bulia est (“O homem é uma bolha”). Bolha: ver Anjos; Vento
tra pessoa. O bode expiatório ou “bode de Azazel” (um demônio do deserto) foi
enviado ao deserto pelos hebreus no Dia da Reparação, Yom Kippur, emblema- Borboleta - Agora apenas metáfora de frivolidade, a borboleta é antigo
ticamente levando as transgressões dos israelitas. Na cristandade, Cristo fez-se de símbolo de imortalidade, da qual o ciclo de vida proporciona analogia perfei
bode expiatório ao tomar para si os pecados do mundo. De acordo com J. G. ta: a vida (a rastejante lagarta), a morte (a escura crisálida) e o renascimento
Frazer em The Golden Bough [O ramo de ouro\, de 1890, as tradições antigas da (a alma a flutuar em liberdade). Daí o mito grego de Psique (literalmente
Ásia Menor envolviam o espancamento e a queima de uma vítima humana co “alma”). Retratada na arte com asas de borboleta, ela era uma mortal liber
mo bode expiatório do governante em países afligidos por secas, pragas ou safras tada da morte quando Zeus comoveu-se pelo seu amor por Eros — e pelo dele
ruins. Bode Expiatório: ver Bode, Cabra; Bruxaria; CRUZ; Palhaço; Sacrifício por ela. Como emblemas de alma, as borboletas são encontradas em luga
res tão afastados entre si como o Zaire, Ásia Central, México e Nova Zelândia.
Boi — Força, paciência, submissão, trabalho duro e constante — símbolo bene Aparecem com esse significado em túmulos cristãos, e Cristo é às vezes re
volente em todo o mundo. Como a força que puxava o antigo arado, o boi era tratado a segurar a borboleta da ressurreição. As borboletas representavam
um animal valioso, em geral usado em sacrifícios, sobretudo nos rituais dos as almas dos guerreiros astecas assassinados e eram sagradas para diversas di
cultos ligados à fertilidade agrícola. vindades mexicanas. Suas asas bruxuleantes também simbolizavam o fogo
O boi é símbolo cristão do Cristo sacrificado e também emblema de São Lucas solar, idéia que é evocada na tradição celta. Na China, a borboleta é emble
e do clero em geral. Juntamente com o asno, é o animal mostrado com maior ma de lazer e de um amante jovem; por meio de uma ligação fonética com a
freqüência na Natividade e às vezes aparece sustentando a fonte batismal. Hoje palavra “setenta”, é também, quando ligada à ameixa, metáfora de beleza em
identificado com o indivíduo de muita força muscular, mas de compreensão idade avançada. No Japão, essa criatura representa alegria passageira, vaidade
lenta, o epíteto de “boi mudo” foi aplicado certa vez por Alberto Magno a seu feminina e a gueixa; um par de borboletas representa satisfação conjugal.
aluno corpulento, mas de inteligência formidável, Tomás de Aquino (1225- Nas ilustrações do folclore, as fadas são mostradas com freqüência com asas
74): “Um dia o boi mudo encherá o mundo com seu mugido.” de borboleta. Borboleta: ver Alma; Ameixa; Asas; Escuridão; Fadas; Fogo,
Como uma imagem de domínio da natureza animal da humanidade, o boi é Chama; Lagarto; VAIDADE
atributo taoísta e budista do sábio, e, na China, do aprendizado contempla
tivo. O boi branco era alimento proibido em diversas tradições. No mundo Braço — Força instrumental, protetora ou julgadora. Símbolo de poder sobe
clássico, os bois brancos eram sacrificados para o deus grego Zeus (Júpiter, rano e princípio ativo nas iconografias egípcia, indiana e budista - e de Deus na
na mitologia romana), e os pretos, para Hades (Plutão). Bois pretos puxavam trindade cristã. Os deuses onipresentes em geral têm diversos braços e carregam
as carruagens da Morte na arte e também são atributo da Noite. As associa símbolos específicos de suas várias funções. Para os bambaras, da África Oci
ções lunares distinguem com freqüência o boi do touro solar. Boi: ver Asno; dental, o antebraço é símbolo do espírito, ligação entre a humanidade e Deus.
Batismo; Branco; MORTE; Noite; Preto; Sacrifício; Vaca O gesto simbólico mais universal dos braços é o levantamento submisso de
ambos, o que sinaliza tanto se render quanto um pedido de clemência, justiça Bruxaria — Na Europa Ocidental dos séculos XIII ao XVIII, um símbolo
ou, num contexto religioso, graça divina. Braço: ver Bastão de uso incorreto dos poderes sobrenaturais. Antes dessa época, e nas socie
dades primitivas em geral, as bruxas eram temidas e suspeitas, mas seus ser
Branco — Cor absoluta da luz e, portanto, símbolo de pureza, verdade, inocência viços eram em geral procurados. A bruxaria tornou-se uma ocupação peri
e do sagrado ou divino. Embora tenha algumas conotações negativas - medo, co gosa quando as feiticeiras foram vistas não como agentes livres, mas como
vardia, rendição, frio, espaço vazio e palidez da morte —, o branco é o lado posi serviçais do Diabo. Isso transformou-as no símbolo negativo dos sacerdotes
tivo do preto, a antítese do branco em todos os sistemas de símbolos. Daí o cavalei que serviam a Deus. As tradições de divindades plurais aceitavam deusas
ro branco e o vilão preto. Seu uso como veste de luto — tradicionalmente sem cor bruxas, como a indiana Kali, como parte de uma ordem natural dualista.
na China, branco em Roma e por toda a Europa em geral por muitos anos — era Em contraste, na cristandade monoteísta, Satã era um erro da natureza, cujos
menos emblemático de pesar que de iniciação para a nova vida à espera dos mortos. seguidores tinham de ser queimados. No ápice da histeria de caça às bruxas,
O branco é quase universalmente a cor da iniciação, o noviço ou o neófito. A as “feiticeiras” tornaram-se bodes expiatórios dos infortúnios naturais, como
palavra “candidato” deriva do latim significando “branco brilhante”. É a cor quebras de safra, loucura ou idéias inaceitáveis para a Igreja, como a heresia ou
imaculada cristã do batismo, da crisma, do casamento e outros ritos de passa a luxúria feminina.
gem. Como cor da espiritualidade, santidade, verdade e revelação, era usado No mundo antigo, as bruxas eram mais estreitamente associadas à necromancia.
pelos druidas e por outros tipos de sacerdotes tanto no mundo pagão quanto Saul, por exemplo, consultou a bruxa de Endor, que chamou Samuel dentre
na cristandade. Com o mesmo significado sagrado, o branco também era a cor os mortos para prever que ele seria esmagado pelos filisteus. Segundo descre
das vítimas de sacrifícios. veu Horácio, a necromancia romana envolvia o sacrifício de um cordeiro pre
As ligações entre a luz e a alegria fazem do branco uma cor associada com fes to. Esse simbolismo reverso é típico da maioria dos símbolos tradicionais de
tivais. O ovo branco simboliza a criação; a pomba branca, a paz e o Espírito feitiçaria, que incluem os animais noturnos (como os gatos pretos e as coru
Santo; a ilha branca, o paraíso; o lírio branco, a castidade. O branco simboli jas); sapos; lobos ou (no Japão) raposas; símbolos de luxúria com aparência de
zava a pureza mesmo na China, onde também estava associado com a traição, bode; serpentes; ervas venenosas; e oferendas sacrificiais horríveis, como de be
a morte, o outono e a idade. Os contrastes de valor entre o brilho e a palidez bês mortos. Jung via as bruxas como projeções do lado escu
da morte explicam algumas dessas aparentes ambigüidades. ro da anima ou lado feminino da natureza humana.
No folclore europeu, os fantasmas, os vampiros e outros espíritos do mal têm Bruxaria: ver Bode Expiatório; Cordeiro; Coruja; Demô
as faces com palidez cadavérica, como o nórdico Hei, entre outras deusas da nios; Gato; Lobo; Preto; Raposa; Sapo; Serpente; SETE
morte na mitologia. A morte é um cavalo pálido. Assim como o branco pode PECADOS CAPITAIS; Vassoura
simbolizar tanto a vida quanto a morte, também está associado ao leste e ao oes
te, ao amanhecer e ao entardecer. Búfalo, Bisão - Na índia, Ásia
Na alquimia, o branco (o albedo) está associado ao mercúrio e ao segundo es e América do Norte, símbolo de po
tágio da Grande Obra. Branco: ver Alquimia; Batismo; Casamento; Cavaleiro; der formidável, mas pacato. O bisão
Ilha; Iniciação; Lírio; Mercúrio; MORTE; O OUTRO MUNDO; Ovo; Pom (comumente chamado de búfalo,
ba; Preto; Sacrifício embora constitua espécie diferente) sim
bolizava para os índios americanos nativos
Bronze — Liga de cobre e estanho (muito confundida na Antigüidade com li das planícies não apenas a força do furacão,
gas de cobre com outros metais) que simboliza força, poder e dureza, sagrado pa mas também prosperidade e fartura. O búfalo
ra o ferreiro coxo Hefesto, que, na mitologia grega, moldou com ele o gigante branco era particularmente sagrado para eles. Um dos Oito Imortais, Lao-tsé
Talos. Acreditava-se que os objetos de culto feitos de bronze tinham poder prote À medida que os 60 milhões de cabeças dos monta um búfalo, de uma
tor. Bronze: ver Gigante; METAIS rebanhos foram sendo dizimados pelos caça- aquarela do século XVIII.
dores brancos, orelhas e chifres tornaram-se símbolos substitutos. O elevado
status do búfalo na índia e no Sudeste Asiático fez dele animal sacrificial.
Yama, deus hinduísta e budista da morte, montava um búfalo, e a cabeça do ani
mal era símbolo da morte no Tibete. Os chineses associavam o poder quieto
do búfalo doméstico à vida contemplativa: segundo a lenda, o sábio Lao-tsé
teria deixado a China num búfalo verde. Búfalo, Bisão: ver ANIMAIS; Boi;
Branco; Furacão; Grão; Sacrifício; Touro II Il| ü $ 1
Buraco - Em artefatos religiosos e no pensamento místico, menos um símbo
lo de vacuidade do que de abertura - para a vida física, no nascimento, e para
a vida espiritual, na morte. O significado de antigas pedras perfuradas nem
sempre é explicado pelo simbolismo do sexo feminino e da fertilidade. Na
China, por exemplo, preciosos discos de jade eram perfurados com um buraco
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ocidental, Paz. A associação com a medicina vem
A falsa esperança do rejuvenescimento de seu pai levou as filhas do rei Pélias de
da ligação entre a serpente e o rejuvenescimento:
Iolco, na Tessália, a retalhá-lo e atirar os pedaços num caldeirão para cozê-los, se
um bastão com apenas uma serpente é atributo de
gundo um conselho pérfido da feiticeira Medéia. Também no mito grego, Tétis,
Esculápio, deus da cura. Jung viu o caduceu co
mãe de Aquiles, perdeu vários filhos ao pô-los num caldeirão para descobrir se ha
mo emblema da medicina homeopática — a ser
viam herdado sua imortalidade ou eram mortais como o pai. Um épico quirguiz
O caduceu, numa versão de pente que tanto envenena quanto cura. Caduceu:
broche com diamante incrus
retrata um caldeirão mágico de beber sangue que o herói deve recuperar do fun
ver Alquimia; Arvore; Asas; Bastão; Eixo; Enxo
tado. Como se pode ver, esta do do oceano. Caldeirões sob a água aparecem no mito celta. A posse mais apre
fre; Espiral; Falo; Kundalini; Mercúrio; Serpente;
versão tem asas. ciada pelo deus pai irlandês Dagda era um caldeirão doador de vida (Undry) que
Vara Mágica
nunca poderia ser esvaziado. As bruxas da meia-noite de Macbeth (c.1605), de
Cágado - ver Tartaruga, Cágado Shakespeare, jogaram “olho de salamandra e dedo do pé de sapo” na sua poção
mágica, seguindo assim uma longa tradição de crença nas propriedades mágicas
do caldeirão. Caldeirão: ver Kgua; Bruxaria; Forno, Fornalha; Iniciação; Mar
Caixa, BUXO — Além do óbvio simbolismo feminino de todo receptáculo,
caixa ou porta-jóias — ao encerrar e esconder seu conteúdo —, representa misté
rio e o arriscado drama da surpresa, agradável ou não. “Aquele que me esco Cálice - Copo com pé cerimonial, associado particularmente ao vinho sagra
lheu tem de dar e arriscar tudo que tem”, diz o porta-jóias de chumbo que ga do da Eucaristia Cristã (o sangue de Cristo) e à lenda do Santo Graal. Simbo
nha a mão de Portia, no Mercador de Veneza (c. 1596), de Shakespeare. Menos liza beber a iluminação ou o conhecimento espiritual, a redenção e, assim, a
imortalidade. O cálice aparece na arte como emblema da Fé e é atributo de di
versos santos. Na China e no Japão — bem como nas cerimônias de casamen Camundongo - Timidez — simbolismo antigo, a julgar pelo insulto lendário
to em todo o mundo partilhar um cálice significa fidelidade. Copos com pé do rei egípcio Tachos, decepcionado pelo insignificante aspecto de um aliado es
cerimoniais eram usados no mundo celta para denotar soberania. O cálice tam partano: “A montanha entrou em trabalho de parto, Júpiter ficou estupefato e
bém pode representar destino amargo, como o cálice que Cristo pediu a Deus um camundongo projetou-se para fora.” As devastações secretas dos camun
que afastasse dele (referindo-se à sua crucificação próxima). O chamado cálice dongos tornaram-nos um símbolo judaico da hipocrisia e um símbolo cristão da
envenenado promete esperança, mas entrega desastre. Cálice: ver Casamento; tendência destruidora e perversa. Na superstição popular, os camundongos eram
CRUZ; Graal; PAIXÃO; Sangue; Taça; VIRTUDES almas que haviam escapado da boca dos mortos (vermelhas se fossem boas, pre
tas se fossem corrompidas) - mais ou menos como se dizia que pombas voavam
Ca ma i©ão — Agora simplesmente metáfora de mudança, esse lagarto das ár da boca dos santos quando suas almas partiam. Na África, os camundongos eram
vores tem outras características marcantes (habilidade de escalar, olhos que giram utilizados para predições, pois acreditava-se que compreendessem os mistérios da
de maneira independente e longa língua caçadora), que lhe conferem signifi região dos mortos. Camundongo: ver Alma; Pomba; Rato
cado sagrado e ético em muitas partes da África. Associado ao trovão, ao raio,
à chuva e também ao Sol, aparece amplamente como intermediário entre os Ca Siga — Principalmente um símbolo de opressão e submissão. Os romanos
deuses do céu e a humanidade; e, no folclore dos pigmeus, como um agente utilizavam estruturas em forma de canga para humilhar os exércitos derrota
na criação da humanidade. Na arte ocidental, pode personificar o ar. Cama dos, que tinham de passar por baixo delas, e as cangas constituíam um méto
leão: ver ANIMAIS; Ar; Árvore; Chuva; Raio; Sol; Trovão do tradicional de agrilhoar os escravos em marcha.
O significado mais antigo de canga é “união”, o significado original da palavra
Cambaxisra — Na tradição galesa, o pequeno rei dos pássaros, e na Irlanda, “ioga” como disciplina de união com a essência divina. Na cristandade, a canga
um pássaro associado aos poderes proféticos dos druidas. Como versátil ave ca pode simbolizar a obediência aos votos religiosos.
nora, a cambaxirra também aparece como um emblema de felicidade entre os
nativos da América do Norte. Cambaxirra: ver Aves Canibal is mo — Com freqüência um meio útil de alimentação (os grupos de
guerreiros maoris comiam os prisioneiros ao longo da marcha), o canibalismo
Camélia — Na China, imagem de saúde, beleza e também de firmeza, talvez também já constituiu um costume ritual que simbolizava a absorção do poder
por causa da capacidade desse arbusto de florescer no outono e no inverno. No vital da vítima e visava a qualquer vingança mágica. Antigos medos de ser con
Japão, a flor é associada à morte súbita. Camélia: ver VIRTUDES sumido aparecem em muitas lendas populares de gigantes e feiticeiras e numa
variedade de mitos primitivos, notadamente na história do titã grego Cronos,
Camelo-Sobriedade e obediência dignificada — associações que refletem a apro que engoliu seus filhos ao nascerem. Canibalismo: ver Bruxaria; Gigante
vação cristã da capacidade do camelo de carregar às costas muito peso sem se
queixar (conforme observou Santo Agostinho) e caminhar longas distâncias sem Cão — Lealdade e vigilância protetora — simbolismo herdado principalmente das
beber água. É notável que, dada sua importância como animal de carga no norte tradições celtas e cristãs. No pensamento mais primitivo e antigo, o cão estava
da África e no centro da Ásia e da índia, o camelo desempenhe um papel menor associado quase universalmente ao Reino dos Mortos, no qual atuava como guia
na iconografia e na literatura dessas regiões, embora o zoroastrismo se refira a um e guardião. Daí a imagem grega do Cérbero, o aterrorizante cão de três cabeças
camelo voador como a imagem de um dragão-serpente do paraíso. Cristo usou o na entrada do Hades. Cães de caça do inferno também acompanhavam Hécate,
tamanho do camelo como analogia de dificuldade, quando declarou que seria a deusa da morte que assombrava tumbas e encruzilhadas e para quem os cães
mais fácil um camelo passar pelo buraco de uma agulha do que um homem rico eram sacrificados. Outro símbolo de cachorro agressivo inclui o infernal cão es
entrar no céu (Marcos 10:25). Na arte ocidental (e nas moedas romanas), o ca candinavo Garm e o cão preto de Satã.
melo personifica a Ásia. É um emblema do Natal, na medida em que os reis Em geral, o simbolismo que associa os cães à morte é mais positivo. O com
Magos montaram camelos. Camelo: ver Agulha; ANIMAIS; Dragão; Serpente panheirismo deles na vida e seu suposto conhecimento do mundo dos espíri-
tos sugeriam que eles seriam guias adequados para a vida após a morte. Os cães forma. As capas mágicas aparecem geralmente nas lendas teutônicas e celtas, em
aparecem nesse papel como atributos do Anúbis egípcio, bem como na Amé particular na irlandesa; estão associadas a poderes especiais, como invisibilidade
rica Central, onde carregavam almas através do rio da morte na mitologia maia. e esquecimento. Eram emblema de realeza, fraternidade ou separação do mundo
Xoltl, o deus-cão asteca, levou o Sol pela noite do outro mundo e renasceu materialista, como em algumas ordens monásticas. Também podem ser emble
com ele ao amanhecer. Os cães eram em geral sacrificados como companheiros ma de proteção divina. A capa também representa intriga - por exemplo, o mun
para os mortos ou como intercessores com os deuses, como nos sacrifícios iro- do de capa e punhal da espionagem. Capa: ver Transformação
queses de cães brancos. As almas eram passadas aos cães mais diretamente na
antiga prática da Ásia Central e da Pérsia de alimentá-los com os corpos dos Caracol - Hoje simples metáfora de lentidão, era, nas tradições mais antigas
mortos. Esses costumes podem ter levado à visão de semitas e muçulmanos de — sobretudo da África e América Central -, símbolo lunar e da fertilidade. Por
que os cães eram impuros, vis e cobiçosos - úteis apenas como guardas — com mostrar e esconder periodicamente seus chifres, como a Lua, o caracol também
a exceção do galgo, que tinha status mais elevado. sugeria, por sua concha helicoidal, o processo espiralado da continuidade cíclica.
Os cães são em geral símbolos de desprezo, bem como de lealdade, como é evi Tornou-se, assim, emblema de renascimento ou ressurreição e da fecundidade
dente mesmo no idioma moderno. Essa ambivalência reflete-se na origem da pa em geral, como na iconografia asteca. A concha e o corpo que se desenrola
lavra “cínico”, da palavra grega para cão, kuon, aplicada de maneira injuriosa aos também combinaram simbolismo sexual feminino e masculino. Caracol: ver
seguidores de Diógenes para ilustrar sua rudeza agressiva, mas aceita por eles co Chifre; Espiral; Lua; SETE PECADOS CAPITAIS
mo descrição adequada de seu papel de cães de guarda da moral. O nome “do
minicano” para uma ordem de frades - literalmente “cães de Deus” - enfatiza da Caranguejo — Símbolo lunar, pois, como a Lua com suas fases, descarta sua
mesma forma o simbolismo de guardião. No cristianismo, o cão também se ajus casca por uma nova — analogia ligada ao simbolismo do renascimento na tra
ta ao simbolismo do Bom Pastor e era emblema do clero. Os cães são símbolos dição aborígine e às vezes também na cristã. Além do significado astrológico
benignos na iconografia celta, companheiros de muitas deusas associadas à cura, como o signo zodiacal de Câncer, o caranguejo raramente aparece na iconogra
além de caçadores e guerreiros. São símbolos guardiães no Japão, e também na fia. A mitologia grega diz-nos que Hera colocou o caranguejo nos céus por sua
China, embora de modo menos consistente, pois geralmente têm significado de coragem em morder o calcanhar de Héracles enquanto ele lutava com a Hidra,
moníaco, em especial no simbolismo cósmico dos eclipses e outros fenômenos história que contrasta estranhamente com sua reputação de timidez. Aparece na
destrutivos. Podem aparecer como símbolos do Sol e do vento. O cão obedien tradição inca como devorador, relacionado à Lua minguante, enquanto na
te é símbolo de adesão à lei, embora Buda tenha dito que aqueles que vivessem Tailândia e em outros lugares associa-se às cerimônias da chuva. Ainda em ter
como cães se tornariam um deles. No hinduísmo, os cães mais uma vez apare mos de analogia, seus movimentos para frente e para trás às vezes simbolizaram
cem como atributos de um deus da morte, Yama. desonestidade, como na China. Caranguejo: ver Chuva; Lua; Zodíaco
Em outros lugares, o cão em geral aparece com simbolismo divinatório, sobretu
do na África. Nas lendas da Melanésia, América do Norte e Sibéria, sua inteligên Cardo — Retaliação - o simbolismo do cardo como o emblema heráldico da
cia os tornou símbolo da invenção engenhosa, aquele que origina ou furta o fogo. Escócia e da Lorena. Adão é punido, no Gênesis, com um chão coberto de car
Como todos os heróis dessas culturas, o cão é tanto culpado quanto elogiado: em dos. Entretanto, a exemplo de outras plantas espinhosas, o cardo era associado
muitas versões da lenda, foi por causa da falha de um cão de guarda que os seres à cura ou a poderes talismânicos, e o cardo Lady, de pintas brancas, está ligado
humanos perderam a dádiva da imortalidade. Cão: ver Alma; ANIMAIS MITO ao leite da Virgem Maria. Na arte, os cardos são emblemas do martírio.
LÓGICOS; Branco; Eclipse; Encruzilhada; FIDELIDADE; Fogo; Chama; MOR
TE; O OUTRO MUNDO; Olho; Pastor; Rio, Regato; Sacrifício; Sol Carma — Termo védico e hinduísta para ações; as boas e más ações praticadas
numa vida conduzem de maneira inevitável a boas ou más conseqüências na
Capa - Poder, proteção, separação, metamorfose, ocultação — uma variedade de próxima. O carma, que tem sido descrito como um balanço moral, liga as ações
simbolismos relacionados à rapidez com que a capa pode alterar ou esconder a do indivíduo às forças de causa e efeito do universo.
Carnaval — Tradicionalmente, o último dia de festa para os cristãos na terça- sorte. Imagens da carpa eram colocadas nos mastros ou tetos dos navios para
feira gorda antes da abstinência da Quaresma. O nome (que deriva do latim tar afastar incêndios. Carpa: ver Fogo, Chama; PEIXE; VIRTUDES
dio carne levarium) significa literalmente “privação da carne”. O fato de o carna
val realizar-se às vezes em outras datas, sobretudo após o solstício de dezembro Carruagem, Biga — Imagem dinâmica da condição de governante, ampla
(21 de dezembro), sugere ligações com festas mais primitivas, como as saturnais mente usada na iconografia para ilustrar o domínio e a mobilidade de deuses
(precursoras pagãs do Natal), celebrações de renascimento na natureza e oportu e heróis ou a autoridade espiritual de figuras religiosas e alegóricas. Seu simbo
nidade de diversão, licenciosidade e anarquia moderada. Carnaval: ver Solstício lismo triunfal provavelmente deve muito à força de choque dos guerreiros
em biga que se espalhavam pela Ásia Central a partir do segundo milênio a.C.
Carneiro - Energia solar, ardor impetuoso, virilidade, impetuosidade, obstina A mística indiana (depois sustentada por psicólogos como Jung) via a carruagem
ção — símbolo do fogo como força tanto criativa quanto consumidora, ou de sa como símbolo do Ego: o auriga (pensamento) usa as rédeas (força de vontade
crifício. Seus chifres em espiral eram um emblema do crescente poder solar de e inteligência) para dominar os corcéis (força da vida) que puxam a biga (o cor
Amon-Rá no Egito, que adotou o simbolismo do deus criador Khnum com ca po). Na alegoria moral, a biga tornou-se, assim, a imagem da jornada triunfan
beça de carneiro. Na iconografia, esse animal era símbolo popular de deuses po te do espírito, simbolismo usado pelos realizadores do filme Carruagens de
tentes como Ea e Baal, no Oriente Médio, Zeus e Apoio, na Grécia, Indra e Fogo. Uma carruagem de fogo carregou o profeta Elias ao céu (2 Reis 2:11).
Agni, na índia, e por associação com seu poder de golpear, dos deuses do trovão O simbolismo da roda ajustou-se muito bem às carruagens dos deuses do Sol,
como o escandinavo Thor, cuja carruagem é puxada por carneiros. A serpente como Apoio, ou deusas da Lua, como Ártemis. Do mesmo modo, o som atroa-
com cabeça de carneiro (virilidade e renovação) é a companhia do deus celta
Cernunnos. Como primeiro símbolo do zodíaco, Áries, o carneiro simboliza re
novação da fertilidade e retorno do calor solar no equinócio de março. É signo As Carruagens dos Deuses
astrológico de temperamento colérico e do planeta de fogo, Marte. Nome do deus (os equivalentes romanos Cultura Carruagem
Como emblema do fogo e solar, o carneiro também era um impor dos deuses gregos estão entre parênteses puxada por
tante animal de sacrifício — na tradição hebraica, substituiu Isaac no Clássica Pombas
Afrodite (Vénus)
último minuto, quando Deus tentou Abraão para sacrificar seu Clássica Cavalos brancos
Apoio
filho (Gênesis 22). A iconografia cristã às vezes faz de Cristo o Áries (Marte) Clássica Lobos
carneiro de sacrifício. Com maior freqüência, Cristo acompanhado de Ártemis (Diana) Clássica Cervos
um carneiro tinha significado protetor. Como protetor dos rebanhos, o Cibele Clássica Leões
carneiro era um atributo do deus grego Hermes (Mercúrio, na mitolo Dioniso (Baco) Clássica Tigres, panteras, leopar
gia romana). O Tosão de Ouro vem do maravilhoso carneiro de Her dos, centauros ou bodes
mes, que foi sacrificado para Zeus. O sbofar, ou chifre de carneiro Efesto (Vulcano) Clássica Cães
Freia Nórdica Gatos
sagrado dos hebreus, é emblema protetor. Carneiro: ver Car
Galatéia Romana Golfinhos
ruagem, Biga; Chifre; Fogo, Chama; PLANETAS; Primavera;
Hades (Plutão) Clássica Cavalos negros
Sacrifício; Serpente; Sol; Tosão de Ouro; Trovão; Zodíaco
Hera (Juno) Clássica Pavões
Hermes (Mercúrio) Clássica Galos ou cegonhas'
Carpa - Emblema de coragem, virilidade e erudição aca Clássica Cavalos-marinhos
Posêidon (Netuno)
dêmica na China e de fortaleza samurai no Japão - possi- Indiana Gazelas
Shiva
A carpa, de uma velmente originário do contraste entre seu vigor saltitante Thor Nórdica Carneiros
pintura japonesa do na água e a calma com que é fisgada e morre. Também ad Zeus (Júpiter) Clássica Águias ou touros
século XIX. mirada por sua longevidade, a carpa era símbolo de boa
dor das rodas sugeria as carruagens de Thor e de outros deuses do trovão. Os enxofre e mercúrio) simbolizava igualmente a continuação da ordem cósmica
deuses ou figuras alegóricas são com maior freqüência identificados pelo sim e a fertilidade da natureza, processo em que os casamentos humanos foram
bolismo específico das criaturas que puxam suas carruagens. Assim, a Cas considerados de importância tanto religiosa quanto social. A ideia da união do
tidade e puxada por unicórnios; a Eternidade, por anjos; a Noite, por cavalos humano com o divino foi expressa com freqüência sob o aspecto do casamen
negros; a Morte, por bois negros; e a Fama, por elefantes (ver também tabela to, como na designação das freiras como noivas de Cristo .
na página anterior). A cor da carruagem também pode ser significativa - a de Os costumes matrimoniais, repletos de significados simbólicos hoje bastante
Indra é dourada. No taro, a carta da carruagem simboliza o autocontrole. esquecidos, procuravam garantir que os casamentos fossem de compromisso,
além de frutíferos e felizes. Símbolos de compromisso ainda em uso, incluem
C.&TT tJUCjeiYl, BigJIS* ver Águia; Bode, Cabra; Boi; Branco; Cão; Carneiro; a aliança (símbolo circular de eternidade, união e inteireza), o dar-se as mãos
CASTIDADE; Cavalo; Cegonha; Centauro; Cervo; Dragão; Elefante; FAMA; e o atamento de nós (como no costume indiano pelo qual o noivo amarra uma
Galo; Gato; Golfinho; Leão; Leopardo; Lobo; Lua; Ouro; Pavão; Pomba; Pre fita em torno do pescoço da noiva).
to; Roda; Serpente; Sol; Taro; Tigre; Touro; Trovão; Unicórnio Os símbolos da fertilidade incluem a aspersão de cereal, arroz ou seu substituto,
o confete, sobre o casal; o bolo de casamento (alimento que é tanto um símbolo
Cartas - As cartas de jogar tornaram-se alegoria do vício da preguiça para os sexual como um meio simbólico de unir as duas famílias numa festa partilhada);
puritanos na arte barroca, mas a cristandade medieval encarou o jogo de cartas a presença de criancinhas ao redor da noiva (simpatia de fertilidade); e o quebrar
como um passatempo inofensivo, empregado às vezes pelos clérigos como ins copos ou outros objetos (da defloração bem-sucedida). Uma quantidade enorme
trumento educacional, apoiado em textos adequados. Grande parte do atual de outros costumes foi programada para afastar influências malignas, assegurar
simbolismo das cartas deriva do baralho de taro do século XIV. Cartas: ver Taro boa sorte ou exprimir, de maneira inofensiva, as tensões sociais causadas pelo ca
samento ou pela mudança drástica, em estilo de vida, do ca
CarwaSho - Poder, resistência, longevidade, nobreza. O carvalho era consa sal. Um costume tão característico como o de amarrar latas de
grado aos deuses do trovão na Grécia, Alemanha, Escandinávia e nos países es conserva na traseira do carro do casal pode provir da idéia de
lavos, possivelmente porque se acreditava que suportava o impacto das descar que os maus espíritos podem ser expulsos ao se fazer muito
gas dos raios. barulho. Casamento: ver Andrógino; Anel, Aliança; Arroz;
Nos ritos druidas, servia como símbolo axial e templo natural, associado à po Círculo; Colar; Enxofre; Grilhões; Mercúrio; Nó; Yin-Yang
tência masculina e à sabedoria. Embora predominantemente um emblema mas
culino (a bolota era equivalente para os celtas à glande do pênis), Cibele, Juno e Castelo - Objetivo notável ou desafio amedronta-
outras deusas Grandes Mães também eram associadas a ele, e as Dríades eram dor. Assim, os castelos aparecem em inumeráveis
suas ninfas. Na lenda grega, o porrete de Héracles (Hércules, para os romanos) lendas e contos folclóricos, com o simbolismo
era de carvalho e, de acordo com algumas tradições, Cristo morreu numa cruz em geral a variar com sua cor. O castelo escuro,
de carvalho. Feixes de folha de carvalho são usados como insígnia militar nos talvez escondido numa floresta quase impenetrá
Estados Unidos. Carvalho: ver Árvore; CRUZ; Eixo; Glande (Bolota); LONGE vel e geralmente defendido por um cavaleiro ne
VIDADE; Porrete; Raio; SABEDORIA; Templo; Visco gro, simboliza as forças do mal, o reino dos mor
tos e o medo da morte. Contém um tesouro ou
Casamento - Rito de passagem de significação sagrada nas sociedades mais uma donzela encarcerada para serem arrebatados
antigas. Simbolizava um estado semidivino de plenitude - união entre os prin desses poderes obscuros pela coragem e engenho- Q castdo cQmo baiuarte do
cípios opostos masculino e feminino, necessária à criação e proteção de nova sidade. O castelo brilhante, que pode aparecer e mal dragão respirando fogo
vida. A representação, na mitologia e na arte, do “casamento” de dualidades es desaparecer como uma miragem e é em geral co- entre suas paredes), de uma
senciais (deuses e deusas, Sol e Lua, céu e terra, rei e rainha, ou, na alquimia, locado no alto, simboliza a busca espiritual ou a pintura medieval.
Cidade de Deus, difícil de atingir. Os castelos Castor — Antigamente comum nas florestas da Europa e integrando uma es
no ar simbolizam os objetivos nunca atingidos pécie bem mais ampla, a criatividade atarefada do castor sempre fez dele um
daqueles que pensam que podem obtê-los ape símbolo de esforço e, entre os cristãos, de ascetismo. Castor: ver ANIMAIS
nas pelo desejo, em vez de pelo esforço realista.
Na arte, o castelo pode significar castidade Castração — Perda de poder, simbolizada através da prática da castração no
(pois é bem defendido). Castelo: ver CASTI enforcamento ritualístico dos traidores na Inglaterra elisabetana e nas mutila
DADE; Cavaleiro; Espinho; Floresta; Luz; ções mais difundidas de inimigos assassinados considerados como ameaças sig
Montanha; MORTE; Preto; Virgindade nificativas. A castração era às vezes usada em antigos sacrifícios de fertilidade.
Na mitologia grega, o deus céu Ouranos (Urano, para os romanos) foi castra
Castiçal — O simbolismo geral da vela é com do com uma foice (emblema freqüente de castração) por seu filho mais jovem,
freqüência ampliado pela forma do castiçal, so Cronos. O sangue derramado produziu monstros; o sêmen dos genitais formou
bretudo no menorah, candelabro judeu de sete a nuvem que carrega Afrodite (Vénus). Castração: ver Foice; Gadanha
braços. O menorah original — descrito no Livro
do Êxodo (25:31-40) como feito de Q,uro com Ca uri — A vulva, fonte de vida. Entre os povos primitivos, a bonita concha em
concavidades em forma de amêndoa para lam forma de lábios desse molusco era o amuleto natural mais difundido contra a
parinas a óleo (depois, velas) - alude à Árvore esterilidade e o mau-olhado.
Cósmica ou Árvore da Luz, com seus sete bra O cauri dourado era um emblema de hierarquia em Fiji e
ços a representar o Sol, a Lua e os cinco plane Tonga. Colares de cauri eram usados no comércio por to
tas antigos, os sete dias da semana e os sete níveis do o Pacífico, com significado tanto ritual quanto co
O candelabro judeu menorah, do céu. Castiçal: ver Amêndoa; Árvore; Luz; O mercial. As associações com fecundidade, prazer sexual
de uma ilustração da Bíblia, do e boa sorte também tornaram os cauris amuletos apre
OUTRO MUNDO; Óleo; Ouro; PLANETAS;
século XII. ciados na África e em outros lugares, em geral longe
Sete; Vela
da costa onde eram coletados. Como emblemas fu
CASTIDADE- Com sua personificação mais famosa representada pelo nerários ou decorativos eles também podem signifi
unicórnio, a Castidade também aparece na arte cristã como uma figura ve car vida e morte, com seu poder a persistir depois da
lada, geralmente carregando um escudo (contra as flechas do desejo) ou pi morte do molusco. Cauri: ver Concha; Ouro
sando num porco (luxúria). As representantes notáveis da castidade são a
Virgem Maria, a grega Ártemis (Diana, para os romanos) e a ninfa Dafne, Cavaleiro - Na lenda medieval, símbolo de domínio
que se tornou uma árvore de louro quando fugia de Apoio. Os símbolos das artes de montar cavalos e utilizar armas, das virtudes
tradicionais da castidade incluem: as cores azul e branca, a abelha, castelo, da lealdade e serviço honrado e da sublimação dos dese
castanha, crescente, cristais, diamante, pomba, elefante, jardim fechado, jos animalescos. A dignidade ou classe dos cavaleiros,
arminho, grinalda, pilriteiro, íris, jade, louro, lírio, espelho, palmeira, pé que oferecia aos jovens um ideal simbólico, gerou vas
rola, Fênix, salamandra, safira, poço selado, peneira, prata, torre e violeta. ta literatura de cavalaria. No simbolismo de cores da
CASTIDADE: ver Abelha; Arminho; Azul; Branco; Castelo; Cinturão, cavalaria, o Cavaleiro Verde é o neófito aspirante; o
Cinto; Cristal; Diamante; Elefante; Espelho; Fênix; Flecha; íris; Jade; Cavaleiro Branco é o herói casto e triunfante; o Ca- Lancelote> 0 maisfamoso dos
Jardim; Louro; Palmeira; Peneira; Pilriteiro; Poço; Pomba; Porco; Prata; valeiro Vermelho, o guerreiro já provado em batalha cavaieiros da lenda arturia-
Safira; Salamandra; Torre; Unicórnio; Véu; Violeta; Virgindade e que atingiu a maturidade espiritual. O Cavaleiro na> ^ um vitral de William
Negro é uma figura mais ambivalente, representan- Morris (1834-96).
do ou o mal ou o anonimato do homem que se retirou em austeridade para mesmo modo, um símbolo solar ou espiritual. Cavalos puxam a carruagem do
expiar seus pecados. O simbolismo da cavalaria como missão foi adotado por Sol nas mitologias clássicas iraniana, babilónica, indiana e nórdica e são caval
Santo Inácio de Loiola, fundador dos Jesuítas, como uma ordem dedicada à gados por muitos outros deuses, entreteles Odin, cuja égua de oito pernas,
cavalaria sagrada. Já o Cavaleiro Errante vagueia na esperança de que surja uma Sleipnir, representa os oito ventos. As nuvens são os cavalos das Valquírias, sa
missão de valor. Cavaleiro: ver Branco; Castelo; Graal; Preto; Verde; Vermelho cerdotisas escandinavas da deusa Freia.
Embora ligados predominantemente às forças da natureza ou dos instintos, os ca
Cavalo - Símbolo arquetípico da vitalidade, velocidade e beleza animais. valos podem simbolizar a velocidade do pensamento. As lendas e o folclore con
Com as notáveis exceções da África e das Américas do Norte e do Sul, onde os ferem-lhes com freqüência os poderes mágicos da adivi
cavalos desapareceram misteriosamente até que os espanhóis os trouxeram de nhação. São associados à energia sexual, desejo impe
novo, o cavalo ligava-se por toda parte à ascensão de civilizações dominantes e tuoso ou luxúria — como na pintura de Fuseli The
à superioridade. O cavalo dominado é um dos principais símbolos de poder - Nightmare (Opesadelo), de 1781, fantasia de estupro
donde a popularidade da estátua eqüestre. Na arte das cavernas, bem como na em que um cavalo de olhos esbugalhados vara com a
pintura romântica, os cavalos fluem pela superfície da pintura como encarna cabeça as cortinas da cama da moça. Cavalo: ver
ções da própria força da vida. Eram amplamente associados à força de elemen ANIMAIS; ANIMAIS MITOLÓGICOS; Asas;
tos como o vento, a tempestade, o fogo, as ondas e a água corrente. De todos Branco; Carruagem, Biga; Centauro; Céu; Escu
os animais, seu simbolismo é o menos limitado, indo da luz à escuridão, do céu ridão; Fogo, Chama; Luz; MORTE; Nuvem; O deus nórdico Odin cavalga seu
à terra, da vida à morte. Preto; SETE PECADOS CAPITAIS; Sol; Tem cavalo de oito pernas, Sleipnir, de
pestade; Terra; Vento; VITÓRIA uma gravura em pedra.
Seu papel como emblema da continuidade da vida é sugerido em muitos ritos.
Em todo mês de outubro, os romanos sacrificavam um cavalo para Marte, deus
da guerra e da agricultura, e guardavam sua cauda por todo o inverno como Caveira - Em sua modalidade mais auto-evidente, símbolo de mortalidade,
símbolo de fertilidade. Nas crenças antigas, os cavalos conheciam os mistérios daí ser um atributo freqüente dos santos nas artes medieval e renascentista, a
do outro mundo, da terra e de seus ciclos de germinação. Esse antigo símbolo chamar a atenção para a futilidade das coisas terrestres. A caveira tinha signifi
citônico foi substituído por uma associação mais difundida do cavalo com os cado mais rico em muitas tradições, como o centro da inteligência, espírito,
deuses do Sol e do céu, embora os cavalos continuassem a desempenhar um energia vital e a parte do corpo mais resistente à deterioração - o simbolismo
papel nos ritos funerários como guias ou mensageiros no mundo dos espíritos. subjacente dos cultos pagãos da caveira na Europa.
O cavalo sem cavaleiro ainda é usado como símbolo pungente nos funerais mi A renúncia da vida é simbolizada na iconografia indiana por uma caveira cheia
litares e de Estado. de sangue. A caveira pirata com fêmures cruzados foi projetada para causar ter
A morte é em geral representada por um cavalo negro - mas cavalga um cavalo ror e agora é um sinal de advertência universalmente conhecido. Caveira: ver
descorado no livro do Apocalipse. O cavalo branco é quase invariavelmente Cabeça; Esqueleto; Ossos; SETE PECADOS CAPITAIS
símbolo solar de luz, vida e iluminação espiritual. E um emblema do Buda
(que teria deixado sua vida neste mundo num cavalo branco), do hindu Kalki Caverna — Imagem primária de abrigo — daí símbolo de útero, nascimento e
(a última encarnação de Vishnu), do misericordioso Bato Kannon, do Japão, renascimento, origem, centro e coração do ser. A caverna também podia ter
e do Profeta do Islã (para quem os cavalos são emblemas de felicidade e abastan significados obscuros: o reino dos mortos, a entrada do inferno celta ou, na
ça). Cristo é às vezes mostrado a cavalgar um cavalo branco (a cristandade as psicologia, desejos regressivos e o inconsciente. De maneira mais comum, como
socia, assim, o cavalo à vitória, à elevação e às virtudes da coragem e da gene amplamente expresso nos mitos e ritos iniciáticos, era um local em que se con
rosidade). O cavalo branco - conforme delineado nas terras calcárias do sul da centravam os poderes de germinação da terra, onde falavam os oráculos, onde
Inglaterra - era um padrão saxão, talvez ligado à deusa celta Epona, que foi leva os iniciados renasciam no entendimento espiritual e onde as almas ascendiam
da para o mundo romano como a protetora dos cavalos. O cavalo alado é, do para a luz celeste. Cavernas e grutas sagradas, geralmente em morros ou mon-
tanhas, formavam símbolos axiais da terra ao céu, o foco da força espiritual em (Juno, na mitologia romana) como divindade protetora das mães com filhos
geral representada por uma abóbada em domo, coluna ou linga. O simbolis pequenos — a base da fábula ocidental de que as cegonhas trazem os bebês. Na
mo da fertilidade associado a cavernas e diminutos deuses da chuva também arte, cegonhas puxam a carruagem do deus Hermes (Mercúrio) e são mostradas
aparece no México. Os profetas, bem como os deuses e heróis, eram associa com freqüência a matar serpentes. A iconografia cristã associa a cegonha à pu
dos a cavernas ou fendas, tais como a de Labadéia, descrita pelo geógrafo gre reza, piedade e ressurreição. Cegonha: ver Fogo, Chama; LONGEVIDADE;
go Pausânias no século II d.C. Nesse local, os que consultavam o oráculo (a Mãe; Sol; Vermelho
voz do rei-arquiteto emparedado Trofônio) colocavam seus pés numa fenda e
eram transportados por túneis horripilantes de indagação para reaparecer ilu - Ignorância, auto-engano, a imprudência da “raiva cega” ou do
minados, mas profundamente abalados. A caverna como fonte espiritual tam amor sensual — o deus romano com os olhos vendados. Por outro lado, a ceguei
bém aparece na crença crista: a manjedoura da caverna de Belém foi onde Cris ra simboliza justiça (não influenciada por simples aparências) e a visão interior
to nasceu e foi ainda numa caverna em Patmos que João Evangelista teve sua de videntes e poetas. A dicotomia pode existir lado a lado, como na Grécia, on
visão do apocalipse. Na China, as cavernas tinham significado sagrado como de a deusa Ate representava o mal cego, enquanto o cego Tirésias tinha o dom
locais de sepultamento adequados para imperadores, que nelas poderiam renas da profecia. O próprio Homero era, por tradição, cego - assim como o eram
cer. Na mitologia turca, o primeiro homem nasceu numa caverna. muitos bardos na lenda (inclusive Milton, por grande parte de sua vida criativa).
Os ritos mitraístas, realizados em cavernas com regatos, flores e folhagens repre Na arte, a cegueira é característica da ignorância, justiça, avareza e destino ou
sentando o mundo criado por Mitra, podem ter introduzido na filosofia grega a fortuna. É alegoria medieval cristã da sinagoga. A cegueira era com freqüência
noção da caverna como metáfora do próprio mundo material. Daí a imagem pla o castigo para quem visse (como Tirésias, que viu Atena - Minerva - nua) ou
tônica da humanidade acorrentada numa caverna a ver ilusões - luz refletida de ousasse demais (Sansão, por exemplo). Cegueira: ver FORTUNA; SETE PE
uma realidade maior que só a mente e o espírito poderiam alcançar. No folclo CADOS CAPITAIS; VIRTUDES
re, as cavernas costumam simbolizar objetivos menos éticos — os tesouros de Ala-
dim, por exemplo — protegidos por dragões ou gnomos astutos. Caverna: ver Centauro — Símbolo do ho
Água; Alma; Anão; Bruxaria; Coluna; Domo; Dragão; Eixo; Iniciação; Labirin mem apanhado na armadilha
to; Linga; Luz; Mãe; Mar; Montanha; Mulher; Rio, Regato; Terra de seus impulsos básicos, em
especial a luxúria, a violência
Cedro — A Árvore da Vida na Suméria — símbolo de poder e imortalidade. e a embriaguez. Mostrado pri
A fragrância, a durabilidade e a altura impressionante (acima de 30 metros) des meiro na arte grega como um
se pinheiro fizeram das espécies libanesas um emblema bíblico de majestade e homem com garupa de cava
incorruptibilidade, seu cerne uma metáfora posterior de Cristo. O cedro foi lo, mas depois como um cavalo
usado para construir o Templo de Salomão e esculpir bustos gregos e romanos com torso e cabeça humanos,
de deuses e ancestrais. Sua reputação de longevidade pode explicar o uso de sua o centauro provavelmente con
resina pelos embalsamadores celtas. Cedro: ver Árvore; LONGEVIDADE; verteu em mito bandos de ca
Resina; Templo valeiros sem lei das montanhas Centauros selvagens atormentam uma vítima., de um
da Tessália. De acordo com um vaso PW d° *culo Va. C.
Ceg©üha — No Oriente, emblema popular de longevidade e, no taoísmo, de mito, o mortal Ixion estuprou a nuvem Nefele por acreditar que ela era a
imortalidade. Lá e em outras partes, a cegonha simboliza a devoção filial, pois deusa Hera, esposa de Zeus; Nefele deu à luz o monstro Centauro, cuja bes
acreditava-se que alimentava seus pais velhinhos, bem como seus próprios fi tialidade com as éguas por sua vez produziu os centauros. Com essa lamentá
lhos. Seus cuidados com jovens e velhos e sua associação à vida nova por ser vel linhagem, os centauros tornaram-se saqueadores selvagens e bêbados, em
ave migratória da primavera levaram-na a ser consagrada à deusa grega Hera geral mostrados com rostos angustiados e a combaterem sem êxito as forças da lei
e da ordem. Como tais, eles representam a paixão sensual, o adultério e a he adulto é um emblema solar de fertilidade. Sua galhada em ramos sugeria, nas
resia na iconografia crista. Um mito alternativo e humanizado introduziu uma tradições dos nativos americanos, entre outras, a Árvore da Vida, os raios de
raça de centauros moralmente superiores que descende de Cronos, entre eles sol e, por meio de sua difusão e repetido crescimento, longevidade e renasci
Quíron, professor sábio, médico e amigo de Héracles (Hércules, na mitologia mento. O veado adulto está associado à virilidade e ao ardor, e, na China, à ri
romana), cuja flecha envenenada atingiu esse centauro por acidente. O gesto queza e felicidade — seu nome é homônimo da palavra “abundância”.
de Quíron de sacrificar sua própria imortalidade para libertar o herói Prome A rapidez é um atributo mais óbvio, além da graça e beleza - daí, talvez, a liga
teu valeu-lhe um lugar no firmamento como a constelação polar austral Cen ção do cervo com a poesia e a música. Outro simbolismo tirado da observação
tauro. Isso pode ser interpretado como metáfora do triunfo da mente sobre o de seus hábitos inclui a solidão nas tradições européia e japonesa (pois o cervo
instinto — forças mantidas em tensão dentro da imagem dinâmica do centauro. vermelho adulto geralmente permanece só). A crença celta de que os cervos eram
Esses híbridos aparecem na mitologia védica como os Gandarvas — virilidade o rebanho de fadas ou divindades, algumas das quais são mostradas com chi
física combinada com talento intelectual. Centauro: ver ANIMAIS; ANI fres, pode ter levado à tradição de que as renas puxam o trenó do Papai Noel.
MAIS MITOLÓGICOS; Cavalo; Flecha; Nuvem; SETE PECADOS CAPI Os veados adultos eram os corcéis das divindades hititas, sumério-semitas e
TAIS; Zodíaco xintoístas, e aparecem de maneira mais ampla como mensageiros sobrenaturais
ou guias que mostravam aos heróis a trajetória para alcançar seus objetivos.
Centro — Ponto focal de adoração, essência da divindade, último e eterno esta Também se atribuíram aos cervos poderes curativos, sobretudo a capacidade de
do do ser, perfeição. A maior parte do simbolismo da centralidade é auto-evi descobrir ervas medicinais. Na arte, um cervo perfurado por uma flecha e car
dente graças ao fato de que o centro aparece ou está implícito em quase todos os regando ervas na boca era uma imagem da paixão. A Prudência e a Audição
outros símbolos gráficos; que dinamicamente é o ponto central, pivô ou eixo, o também são personificadas pelo cervo.
ponto sobre o qual as linhas de força convergem ou do qual irradiam; isso pode A ligação do cervo com a piedade provém do simbolismo da água e da ser
simbolizar não só divindade, o objeto do amor ou aspiração, mas também gover pente. Os cervos são mostrados esmagando cobras com as patas — destruindo
no e administração. Menos óbvio, o centro é símbolo de totalidade no conceito o mal — na iconografia cristã, e a Bíblia faz uma forte analogia entre a ânsia
metafísico pelo qual um ponto central concentra e contém a energia e o signifi do veado adulto por água e o anseio da alma por Deus. Com esse significado,
cado de tudo mais. Centro: ver Círculo; Eixo; Ponto; PONTOS CARDEAIS os cervos são mostrados na pia batismal ou
pintados bebendo aos pés da cruz. A corça
Cereja — Emblema samurai, talvez sugerido pela semente dura dentro da cas aparece com menos freqüência, exceto co
ca e pela polpa cor de sangue. Na China, a cerejeira é considerada árvore da mo um atributo da deusa da caça lunar, no
sorte, um símbolo da primavera (por florescer cedo) e virgindade. A vulva é tavelmente a grega Ártemis (Diana, na mi
uma “fonte de cereja”. Na iconografia cristã, a cereja é uma alternativa à maçã tologia de Roma). A corça pode simbolizar
como a fruta do paraíso e às vezes um atributo de Cristo. Cereja: ver Árvore; o princípio feminino nos ritos de passagem
FRUTA; Maçã; Vermelho; Virgindade e era uma figura ancestral popular na Ásia
central — daí a lenda de que os antepassados
CBrVBja — Para os celtas, a cerveja era bebida de governantes e guerreiros, que de Gêngis Khan eram um lobo e uma corça.
se cria ser a bebida dos deuses. No Egito, era dádiva do deus Osíris. Na América Tanto as corças quanto os veados adultos
do Sul, usavam-se cervejas de milho em ritos de passagem para a maturidade. aparecem na mitologia como símbolos de
Cerveja: ver Cevada; Embriaguez; Hidromel transformação. Os alquimistas herdaram es
te significado da história de Ártemis, que
Cef¥0 — Símbolo universalmente benevolente, associado ao Oriente, amanhe transformou o caçador Acteão em cervo pa- Cervo branco, de um painel do
cer, luz, pureza, regeneração, criatividade e espiritualidade. O cervo ou veado ra ser despedaçado por seus próprios cães, Díptico de Wilton (c.1395).
porque este a viu banhar-se. Cervo: ver Água; Alma; Amanhecer; Árvore; Alma; Arco (arma); Arco (arquitetura); Aves; Azul; Chuva; Domo; Estrela; Lua;
Batismo; Chifre; CRUZ; Fadas; Flecha; Galhada; LONGEVIDADE; Luz; Luz; Nuvem; O OUTRO MUNDO; Safira; Sol; Tempestade; Zodíaco
Serpente; Sol; Transformação; VIRTUDES
Cevada - Grão antigo que simboliza fertilidade e vida após a morte, em es
Cesta — Análoga ao corpo protetor materno, associada tanto ao nascimento pecial na iconografia do Oriente Médio. A cevada era associada no Egito à res
quanto ao renascimento. Plintos em forma de cesta para imagens dos deuses surreição do deus Osíris, e na Grécia, a Deméter, deusa da
egípcios também sugerem um simbolismo de alta posição; Moisés e os heróis fecundidade, e sua filha raptada Perséfone. Cevada: ver Cer
bíblicos de outras culturas foram descobertos a flutuar em cestas. Uma cesta de veja; Milho
flores significa esperança, e, na China, longevidade proveitosa. As Três Cestas
(Tripitakd) dividem o cânone budista em regras de disciplina, doutrinas básicas Chá — No zen-budismo, bebida cerimonial associada à medi
e doutrinas mais elevadas. Três cestas de sabedoria também aparecem na mito tação intensa, simbolismo sustentado por uma lenda japo
logia maori, trazidas do céu pelo deus Tane. Cesta: ver FLORES; Mãe; Mulher nesa de que a primeira planta de chá cresceu das pálpebras
do bodhidarma em meditação, que as cortou para permane
Cetro - A exemplo do bastão, emblema de fertilidade do poder criativo e da cer desperto. As qualidades enfatizadas na etiqueta da ceri
autoridade, mas com uma decoração mais ornamentada e associado aos deuses mônia do chá são pureza, harmonia, tranqüilidade e a bele
ou governantes supremos. O cetro geralmente implica poder real ou espiritual za da simplicidade.
para ministrar justiça, inclusive punição. Assim, o cetro do faraó do Egito era
encimado pela cabeça do violento deus Seth. Outros cetros estão ligados espe Chacal — Necrófago que cheira mal, simboliza a destruição ou
cificamente à força criativa e destrutiva do trovão com raio — em particular o o mal na índia, mas no antigo Egito era adorado como Anú-
O deus de cabeça
“cetro diamante” ou vajra das tradições hinduísta e budista e o dorje tibetano. bis, o deus do embalsamento, que levava as almas a julga
de chacal Anúbis,
Esses cetros simbolizam tanto o domínio espiritual indestrutível quanto à sa mento. Anúbis é mostrado como um chacal negro ou como
de um antigo pa
bedoria ou iluminação compassiva. O cetro de ébano de Roma era encimado uma figura humana com cabeça desse animal. Chacal: ver O
piro egípcio.
pela águia da supremacia e imortalidade. Topos esféricos simbolizavam autori rrnn a /n TMnn
dade universal, como no cetro dos monarcas britânicos com orbe e cruz. Na
China, o cetro budista, o ju-i, era considerado símbolo de benção celestial — o Chacra - O poder da consciência interna. Na doutrina tân-
significado de sua apresentação para a família da noiva - ou da reverência de trica, os chacras são “rodas” de energia vital, situadas ao longo
vida aos mais velhos. Cetro: ver Águia; Bastão; CRUZ; Globo, Orbe; Trovão da espinha dorsal. Ativados pela recitação de palavras sagra
das na meditação, eles impulsionam um fluxo de energia psi
Céu — Universalmente associado às forças sobrenaturais, é símbolo de superio cológica e espiritual da base da espinha para cima, para abrir
ridade, domínio, ascensão espiritual e aspiração. A influência fertilizadora do o “lótus de mil pétalas” no alto da cabeça. Chacra: ver Kun-
Sol e da chuva, a eterna presença das estrelas, a maré puxada pela Lua, as for dalini; Lótus; Roda
ças destruidoras das tempestades, tudo isso ajudou a se estabelecer o céu como
a fonte do poder cósmico. Com poucas exceções, sobretudo na mitologia egíp Chaminé — Foco tradicional não só da vida familiar, mas da
cia, o céu era um símbolo masculino ou yang, em geral considerado como tendo comunicação com as forças sobrenaturais. Seu simbolismo axial Os chacras posicio
se separado da terra feminina para permitir o desenvolvimento da vida terrestre. data dos buracos de fumaça abertos das tendas dos nômades. nados ao longo do
O paraíso (em geral, mas nem sempre, imaginado como localizado acima da ter Daí sua importância no folclore como rota de saída da casa pa corpo, de um diagra
ra) era na maioria das tradições uma região do céu arrumada em camadas atra ra as bruxas e de entrada para os espíritos bondosos, como Papai ma indiano do co
vés das quais a alma poderia ascender em direção à luz e à paz últimas. Céu: ver Noel. Chaminé: ver Bruxaria; Eixo; Fogo, Chama; Fumaça meço do século XIX.
Cliawe — Autoridade, poder de escolha, ato de entrar, Chifre — Força, virilidade, fertilidade, supremacia — os potentes símbolos dos
liberdade de ação, conhecimento, iniciação. Chaves deuses, governantes, heróis ou guerreiros bárbaros. Para os antigos, os chifres
de ouro e de prata cruzadas em diagonal constituem de touros, vacas, carneiros, bodes e bisões eram a expressão coroada do espírito
emblema papal de autoridade, as simbólicas “chaves lutador masculino e vitalidade fálica, e também do poder protetor e reprodutor
do reino do céu” que Cristo deu a Pedro. Na tra feminino. Daí a popularidade e o status das divindades com chifres, sobretudo
dição romana, as chaves ficavam de modo seme nas tradições baseadas na criação de gado ou na caça. Representações anterio
lhante na mão esquerda de Jano, guardião das res de figuras com chifres em pinturas nas cavernas provavelmente registram
portas e portões que, segundo se cria, controla invocações xamanistas de êxito na caça. As simpatias também podem ter sido
va a passagem do dia para a noite e do inverno invocadas pelos elmos de guerra com chifres dos nórdicos, teutônicos e gaule
para o verão. Embora as chaves possam tanto ses, destinados a inspirar ferocidade animal e aterrorizar os inimigos. No exér
trancar quanto destrancar, são quase sempre cito romano, concedia-se como prêmio de distinção por bravura uma conde
símbolos visuais de acesso, liberação ou, nas coração com chifres, o corniculum. De maneira semelhante, como ocorria entre
iniciações, progresso de um estágio de vida os povos nativos da América do Norte, penteados decorados com chifres eram
para o próximo (donde a antiga e formal “cha reservados para os líderes corajosos.
ve da porta” que o jovem recebe quando atin Visto como um recipiente, em vez de arma, o chifre se torna feminino, mas re
ge a idade adulta, aos 21 anos). A cruz ansata tém seu simbolismo subjacente de poder. Assim, o lendário Chifre da Abun
(ankh) egípcia, cruz semelhante a uma chave, dância (Cornucópia) não podia ser esvaziado. Acreditava-se que os chifres para
simboliza a passagem para a outra vida. As cha beber, utilizados de maneira ritual para consumir hidromel ou vinho, confe
ves são com freqüência emblemas de cargo ou riam potência. Os chifres em forma de lua crescente com freqüência simboli
de liberdade de uma cidade. No Japão, eram zam as deusas da maternidade, como Hator, do Egito, representada com cabeça
símbolos de prosperidade, ao significarem as São Pedro segura a chave do portão de vaca ou cabeça humana com chifres. Os chifres curvos de touros e vacas que
chaves do celeiro de arroz. Chave: ver Cruz do céu. Detalhe de O sono da abrigam o disco do Sol (representados em Mali por uma abóbora) retratam
Ansata; Iniciação; O OUTRO MUNDO; Ou Virgem (relevo em pedra do século tanto o poder lunar quanto o solar. Os chifres de carneiros são especificamente
ro; Prata XIII, Notre Dame, Paris). solares — como em imagens de Amon, que se tornou o deus governante do Egito
e cujos chifres enrolados foram adotados por Alexandre, o Grande, “Filho de
Chicote, fi/languai - Poder, exorcismo, autoridade - sobretudo judicial. Amon”, como símbolo de seu poder imperial. No Grande Templo de Jerusalém,
No Egito, o mangual, mais uma ferramenta de debulha do que arma de puni chifres sagrados untados com sangue sacrificial guarneciam as quatro extremida
ção, era um emblema de poder, julgamento e também de fertilidade (como um des do altar como emblemas do poder de Jeová, que tudo abrange.
atributo do deus do vento ictiofálico, Min). Todo esse simbolismo, inclusive o O shofar (chifre de carneiro) hebreu, usado como sinal de advertência pelos
sexual, associa-se ao chicote. O festival romano das lupercais caracterizava-se antigos israelitas, era outro símbolo de poder de proteção, e a palavra “chi
pelos sacerdotes jovens que corriam de um lado para o outro golpeando as mu fres” aparece com freqüência na Bíblia como símbolo de força ou, no Novo
lheres com correias para expulsar a esterilidade. Cristo simbolizou sua autori Testamento, de salvação. A cristandade, no entanto, logo voltou-se contra a
dade espiritual usando um chicote para enxotar os vendilhões do templo. (Na adoração pagã do chifre, que se tornou, na arte medieval, a marca de Satã e
arte, o chicote também é emblema da Paixão de Cristo.) seus seguidores chifrudos. Os chifres também identificaram o marido enga
Chicotear era um popular meio medieval de expulsar o demônio das bruxas e nado — possivelmente pela associação com o gamo que perde sua fêmea pa
de mortificar os penitentes. Os reis eram punidos simbolicamente usando um ra um macho mais forte. Em psicologia, os chifres podem ter ligação com a
“bode expiatório” como dublê. O uso moderno de chicote no Islã é em geral divergência — como na expressão inglesa the horns (chifres) of a dilemma,
uma punição mais simbólica que física. Chicote, Mangual: ver Bruxaria; Rei (ou, em português, “nas garras de um dilema”). Chifre: ver Bode, Cabra;
Búfalo; Bisão; Carneiro; Cornucópia; Crescente; Demônios; Elmo; Galha tros anfíbios, criaturas lunares como o caranguejo e a aranha, cães (associados
da; Hidromel; Lua; Mãe; Sol; Touro; Vaca aos deuses do vento) e, de maneira mais estranha, o gato, o camaleão, a vaca, o
elefante, o papagaio e o peru. Chuva: ver Água; Anão; Arco-Íris; Aranha; Ave
Chumbo — Metal básico da alquimia e, portanto, metáfora da humanidade no leira; Camaleão; Cão; Caranguejo; Corda; Dança; Dragão; Elefante; Esmeralda;
nível mais primitivo de desenvolvimento espiritual. Seu simbolismo mais geral Gato; Incenso; Lua; Língua; Maçara; Machado; Martelo; Nuvem; Pandeiro;
de peso bruto está ligado não só ao peso físico, mas à antiga associação com o Papagaio; Pena; Pente; Peru; Preto; Rã; Raio; Sangue; Sapo; Serpente; Tamarga;
deus Cronos (Saturno, para os romanos). Belerofonte jogou chumbo goela abai Tempestade; Touro; Triângulo; Trovão; Vaca; Verde; Yin-Yang
xo do monstro Quimera, que se sufocou quando o metal se derreteu com a res
piração abrasadora da besta, o que talvez tenha resultado na crença de que o Cigarra - Imortalidade - um símbolo provavelmente derivado de sua aparên
chumbo tenha poder protetor. Chumbo: ver Alquimia; METAIS; Quimera cia dessecada e longo período de vida. Na Grécia, onde era consagrada ao deus-
sol Apoio, esses aspectos eram combinados no mito de Titono, um mortal
Chuva - Símbolo vital de fecundidade, em amado por Eos (o amanhecer; Aurora, na mitologia romana), cuja ambrosia o
geral associado nas sociedades agrícolas pri mantinha vivo mas não podia impedir que envelhecesse. Num gesto de pieda
mitivas ao sêmen divino, como no mito grego de, ela o transformou numa cigarra. As cigarras de jade chinesas eram usadas
em que o deus Zeus engravidou Dânae, mãe como amuletos dos mortos. Cigarra: ver Amuleto; Jade; LONGEVIDADE
de Perseu, na forma de chuva dourada. A
crença tradicional de que os deuses decidem Cinco - O número humano — em geral representado de modo gráfico por um
se retêm ou não a chuva, desencadeiam-na homem cuja cabeça e membros estendidos formam uma estrela de cinco pon
com força punitiva ou a borrifam docemente tas ou, de maneira geométrica, pelo pentagrama, também chamado de pentá-
como uma benção nunca desapareceu por in culo, desenhado com linhas que cruzam os cinco pontos. Além de sua associação
teiro. A chuva fraca (comparada à misericór emblemática com o microcosmo humano (e a própria mão), o número cinco
dia por Portia em O Mercador de Veneza, de era importante símbolo de totalidade nas tradições chinesa, japonesa, celta e
Shakespeare, c.1596) era vista pela maioria O deus da chuva asteca, Tlaloc, em outras que incluíam o centro como uma quinta direção de espaço. Outras
de um códice centro-americano.
como sinal de aprovação divina ou, na China, associações são com o amor, saúde, sensualidade, meditação, análise, crítica,
de harmonia entre yin e yang na esfera celestial. O deus supremo da fertilida força, integração, crescimento orgânico e coração. De acordo com o misticis
de dos astecas, Tlaloc (ou Chac, no panteão maia), era um deus da chuva cujo mo pitagórico, o cinco, como o sete, era um número holístico que casa o três
motivo era uma barra com dentes semelhantes aos do pente para representar a (céu) com o dois (terra), e era fundamental na natureza e na arte. No mundo
chuva a cair. Para ele, sacrificavam-se crianças no alto das montanhas; o san clássico, estava em geral associado a Afrodite (Vénus, na mitologia romana),
gue e as lágrimas delas eram interpretados como sinais promissores da chegada deusa do amor e casamento. A associação ao amor e sexo pode basear-se no nú
de chuvas. mero masculino três com o feminino dois. Ou pode derivar de uma tradição
Uma associação semelhante entre o sangue e a chuva aparece na mitologia do mesopotâmica mais antiga na qual a estrela de cinco pontas era um emblema
Irã, onde o deus da chuva Tishtria, na forma de um cavalo branco, é alimen de Ishtar, cujo planeta era Vénus, a estrela primária da manhã e do entardecer.
tado pelos sacrifícios enquanto combate o cavalo negro da seca. A origem celes Ishtar era uma deusa não só do amor mas também da guerra, e a estrela de cinco
te da chuva fez dela emblema de pureza, donde realizavam-se com freqüência pontas permanece proeminente na insígnia militar moderna.
rituais de purificação para invocar sua queda. Na dança da chuva, uma clara Também no México, o deus asteca da estrela-d’alva, Quetzalcoatl, estava asso
simpatia, o bater dos pés imitava o tamborilar das gotas na terra. Além do ma ciado ao número cinco. Ele ascendeu do reino dos mortos (também ligado ao
chado, do martelo e do raio (uma chuva de fogo ou luz), os símbolos da chuva cinco) no quinto dia, tradicionalmente o dia em que os primeiros brotos de
incluem a serpente ou a serpente com chifres, o dragão, na China, sapos e ou grão aparecem depois de semeados. Ampliando o significado desse número, os
astecas viam sua própria era como a do “Quinto Sol”. Na índia, a estrela de
CÍHM — Abnegação, humildade, melancolia, indiferença e, na terminologia
cinco pontas era emblema de Shiva, que às vezes é mostrado com cinco faces.
O cinco era um emblema budista japonês de perfeição. Na China, onde o cinco moderna, sinônimo de monótona sobriedade — possivelmente porque, apesar
de sua beleza sutil, é o matiz em geral mais considerado como sem cor. Só na
era símbolo do centro, seu significado era ainda maior: além das cinco regiões do
tradição hebraica é que parece estar associado à sabedoria da idade. Como a
espaço e cinco sentidos, dizia-se haver cinco elementos, metais, cores, tons e gos
cor das cinzas, era às vezes associado à morte, ao luto e à alma. Nas comuni
tos. Na iconografia crista, o cinco refere-se ao número de chagas de Cristo. Era
dades religiosas cristãs, simboliza a renúncia. Cinza: ver Alma; Cinzas; MOR
um número benéfico e protetor no islã, religião cujos cinco fundamentos são fé,
TE; SABEDORIA
oração, peregrinação, jejum e caridade. Cinco era símbolo de força no judaísmo
e o número da quintessência na alquimia. O número quinhentos também tinha
peso simbólico - como na asserção de São Paulo de que o Cristo ressuscitado re
Cinzas - Extinção, perda, renúncia, penitência e, em algumas culturas, parti
velou-se a mais de 500 pessoas (1 Corindos 15:6). Cinco: ver Centro; ELE cularmente a nativa americana, símbolo que também invoca um renascimento
semelhante ao da Fênix. O ato de untar o corpo com cinzas tem esse significa
MENTOS; Estrela; Homem; Mão; NÚMEROS; Pentagrama, Pentáculo; PLA
do nos ritos de passagem de algumas tribos africanas. Tanto na tradição hebraica
NETAS; PONTOS CARDEAIS; Quintessência; Sete; Três
quanto na árabe, as cinzas constituem uma marca de pesar. Os iogues indianos
untam-se de cinzas para significar sua renúncia às vaidades terrestres. Cinzas:
Cinturão, Cinto - Fidelidade, castidade, força, preparo para a ação. No
ver Fênix; Iniciação
sentido antigo de cinto ou faixa, o cinturão adquiriu um considerável e varia
do simbolismo porque era usado não só para manter juntas as peças de roupa
(daí um emblema da castidade feminina), mas também para carregar armas, Cipreste — Símbolo ocidental enigmático da morte e do pranto. Como outros
tipos de vegetais perenes, na Ásia e em outros lugares é emblema da longevidade,
provisões, dinheiro, ferramentas e outras coisas. Pôr de lado o cinturão impli
resistência e mesmo imortalidade (era a Árvore da Vida dos fenícios). Na Grécia,
cava reforma do serviço militar (em Roma, por exemplo) — o oposto da expres
seu simbolismo dual como atributo do sombrio deus Hades, bem como de divin
são inglesa, aplicada a guerreiros ou viajantes, to gird up one’s loins (literalmente,
“cingir o lombo”, que significa “arregaçar as mangas”, “preparar-se para a luta dades mais alegres como Zeus, Apoio, Afrodite e Hermes, pode não significar
nada mais do que isso: sua forma sombria fez dele uma imagem funerária adequa
ou um empreendimento”). Seu simbolismo sexual variou da fidelidade conju
da de vida depois da morte. Cipreste: ver Árvore; LONGEVIDADE; MORTE
gal (um cinturão de lã de ovelha dado pelos romanos às suas noivas) à sedução
(dizia-se que o cinturão mágico da deusa grega Afrodite, ou Vénus, na mito
logia romana, tornava quem o usasse irresistível aos homens). Os cinturões Círculo — Totalidade, perfeição, unidade, eternidade - símbolo de completude
que pode incluir as idéias tanto de permanência quanto de dinamismo. A corre
mágicos aparecem na mitologia como emblemas de força (o cinto de Thor, que
dobrava o poder de seus músculos). lação entre as descobertas da física atômica e a noção mística do círculo é ad
Originários dos cinturões ornados da cavalaria, os cinturões cerimoniais mirável. Afora o ponto ou o centro, com o qual compartilha a maioria de seu
simbolismo, o círculo é a única forma geométrica sem divisões e semelhante
eram concedidos como emblemas de honra na Inglaterra; daí o “conde cin
gido”. Os cinturões de corda dos monges aludem à amarração e açoite de Cristo; em todas suas partes. Para os neoplatonistas, o círculo incorporava Deus, o
centro incircunscrito do cosmo. Como o círculo, que também pode represen
o cinturão franciscano tem três nós, que significam obediência a Cristo e os
tar uma esfera, é uma forma potencialmente sem começo nem fim, é o mais
votos de pobreza e castidade. O cingulum sacerdotal usado na missa católica
importante e universal dos símbolos geométricos no pensamento místico. E
romana também simboliza castidade. O simbolismo do círculo faz do cintu
rão hindu um emblema dos ciclos de tempo e também pode contribuir para como está implícito em outros símbolos importantes, como a roda, o disco, o
anel, o relógio, o Sol, a Lua, o ouroboros e o zodíaco, seu simbolismo geral di
os cinturões da invisibilidade que às vezes aparecem no folclore mais ampla
ficilmente tem menor significação.
mente. Cinturão, Cinto: ver Anel, Aliança; CASTIDADE; Círculo; Corda;
FIDELIDADE; Nó; Zodíaco Para os antigos, o cosmo observado apresentava-se inescapavelmente como cir
cular - não só por causa dos próprios planetas, incluindo o suposto disco pia-
no da terra cercada por águas, como também por seus movimentos cíclicos e cúpulas circulares incorporam o simbolismo celeste da decoração arredon
pelos ciclos recorrentes das estações. O significado e a função simbólicos com dada nas igrejas românicas ou nos templos pagãos à arquitetura baseada no
binavam-se no uso do círculo para calcular tempo (relógio solar) e espaço (pon quadrado, cruz ou retângulo. “Tornar o círculo quadrado” (a tarefa impos
tos de referência direcional, astrológico ou astronômico). O simbolismo do sível do ponto de vista geométrico de formar um
céu e a crença no poder celeste formaram a base de rituais e arquiteturas pri círculo a partir de uma série de quadrados) era
mitivos em todo o mundo - danças circulares ou caminhada cerimonial em uma alegoria renascentista e alquímica da difi
volta de fogos, altares ou postes, a passagem circular do cachimbo da paz na culdade de construir a perfeição divina com mate
América do Norte, o rodopio dos xamãs, a forma circular de tendas e acampa riais terrestres. Inversamente, a imagem cabalística
mentos, marcos megalíticos circulares e fortificações ou monumentos anelados de um círculo dentro de um quadrado simboli
do período neolítico. Os círculos tinham significado protetor e celeste, nota za a centelha divina dentro do corpo material.
velmente no mundo celta - e ainda o têm no folclore de anéis de cogumelos Círculo: ver Alquimia; Anel, Aliança; Anjos; Asas;
onde supostamente dançavam as fadas e nas especulações acerca dos discos Cachimbo da Paz; Centro; Céu; Chacra; Circun-
voadores. Também representam a harmonia inclusiva, como naTávola Redonda giro; Cruz Ansata (Ankh); Dança; Disco; Domo;
do rei Artur ou o “círculo encantado” (expressão inglesa que significa “grupo Esfera; ESTAÇÕES; Fogo, Chama; Globo, Or
marcado pela exclusividade”) de amizade amplamente usado na linguagem be; Lua; Mandala; Mulher; Ouroboros; O OU Três círculos entrelaçados,
moderna. Círculos entrelaçados (como no emblema olímpico moderno) são TRO MUNDO; PLANETAS; Ponto; Quadrado; de uma ilustração cristã
outro símbolo de união. Relógio; Roda; Sol; Távola Redonda; Trindade; que representa o Pai, o
O dinamismo é acrescentado ao círculo nas muitas imagens de discos com Yin-Yanp: Zodíaco Pilbn 0 n fchiritn S/tnt/i.
Coluna - Símbolo geral óbvio de sustentação, mas também eixo sagrado e Cometa - Presságio de catástrofe. Os astrólogos antigos viam qualquer even
emblema de poder divino, energia vital, ascensão, firmeza, força e estabilidade to celeste incomum com apreensão, e o aparecimento de um cometa agourava
- terrestre e cósmica. Uma coluna ou poste quebrado era símbolo de morte ou desastres como guerras, pragas, seca, fome, incêndios ou a queda de reis. Assim,
caos não só na arte ocidental, mas também entre os aborígines da Austrália. As a personagem Calpúrnia, em Júlio César, de Shakespeare (2:2; c.1600), diz:
colunas soltas tinham em geral no mundo antigo significados emblemáticos es “Quando o indigente morre, não se vêem cometas,/Os próprios céus resplan
pecíficos, o que também ocorria às vezes com as colunas arquitetônicas. Num decem diante da morte dos príncipes.” Cometa: ver Zodíaco
nível primitivo, as colunas de madeira ou pedra costumavam representar as Ár
vores do Mundo (como a Irmensul alemã) ou os deuses supremos. Duas colu Compasso - Emblema da geometria, arquitetura, astronomia e geografia, e
nas gravadas com águias eram foco de adoração a Zeus no monte Licaão, na símbolo muito usado na arte medieval e do Renascimento como resumo visual
Arcadia. No Egito, o poste djed (coluna adornada com quatro capitéis) represen de abordagem raciocinada e medida. O compasso também pode personificar,
tava a coluna vertebral do deus Osíris, canalizando de maneira simbólica seu flu por extensão, virtudes associadas, como justiça, prudência e maturidade. Na
xo de vida imortal. Os deuses mesopotâmicos ou fenícios eram igualmente re China, representava retidão. Como o compasso era usado para delinear círculos
presentados por colunas, às vezes encimadas por emblemas como a cabeça de (de simbolismo celeste), estava em geral associado ao esquadro (que significa
carneiro do grande Ea. Em Cartago, três colunas simbolizavam a Lua e suas fa Terra) em imagens que representam a relação entre espírito e matéria. Deus, co
ses. O papel da coluna como símbolo da comunicação com as forças sobrenatu mo o arquiteto do universo, às vezes aparece com o compasso a estabelecer os
rais também está claro nas culturas pré-colombianas, como em Machu Pichu, limites da Terra ou do tempo. Com o mesmo significado, o compasso é tam
onde os sacerdotes incas ritualmente “atavam” seu deus solar a uma coluna. bém atributo de Saturno, o que leva a uma ligação inesperada entre o compas
No Livro do Êxodo, o Deus dos israelitas guia seu povo através do Sinai como so e a melancolia saturnina. William Blake, em sua famosa pintura Newton, dá
uma coluna de fogo. A coluna de fogo também é símbolo do Buda. No hin- uma torcida no simbolismo do compasso ao usá-lo para atacar a tentativa dos
duísmo, uma coluna com uma coroa simboliza o Caminho. A Sabedoria tinha cientistas de quantificar a criação. Compasso: ver Círculo; VIRTUDES
Concha — Símbolo auspicioso, erótico, lunar e feminino, associado à concep ção transfixado pela flecha de
ção, regeneração, batismo e, em muitas tradições, à prosperidade - talvez por Eros (Cupido) era outro tema
intermédio do simbolismo da fecundidade baseado em sua associação com a renascentista que se tornou o
vulva. Conchas apreciadas eram uma forma de moeda na Oceania. A concha motivo do Dia de São Valentim
é um dos oito símbolos de boa sorte no budismo chinês. Como símbolos do — festival realizado em meados
mundo subterrâneo e da ressurreição, as conchas às vezes foram sinais funerá de fevereiro, de raízes pagãs, e
rios. Mais recentemente, a concha tornou-se símbolo de introspecção ou reco não cristãs. Na iconografia, o co
lhimento. Concha: ver Batismo; Búzio; Cauri; Ostra; Vieira; Vulva ração assume a forma de um
vaso, ou é representado grafica
Cone - Fertilidade - forma geométrica que sugere simbolismo sexual mascu mente por um triângulo inverti
lino e feminino, círculo e triângulo, torre e pirâmide. Era atributo da deusa do, simbolizando algo em que o
semita Astarte. Cone: ver Círculo; Falo; Pirâmide; Torre; Triângulo amor é vertido ou carregado; A pesagem do coração de um morto em comparação
nesse sentido, é ligado ao Santo com uma pluma, de um antigo papiro egípcio.
Contas — ver Rosário Graal. Coração: ver Alma; Cáli
ce; Centro; Flecha; Fogo, Chama; O OUTRO MUNDO; Olho; Prego; San
Coração - Fonte simbólica da afeição — amor, compaixão, caridade, alegria gue; Sol; Taça; Triângulo; Vaso; VERDADE; VIRTUDES
ou pesar mas também iluminação espiritual, verdade e inteligência. Era com
freqüência igualado à alma. Muitas tradições antigas não faziam distinção mui Corai — Poder de cura — simbolismo baseado nos simbolismos da árvore, água e
to precisa entre sentimentos e pensamentos. Uma pessoa que “deixa o coração sangue. Na mitologia clássica, o coral vermelho do Mediterrâneo crescia do san
governar a cabeça” pareceria então sensível, em vez de tola. Simbolicamente, o gue da Medusa. Considerava-se que os amuletos romanos de coral estancavam o
coração era o sol do corpo, animando tudo. A aplicação ritual dessa crença le sangramento e protegiam as crianças das doenças ou da fúria dos elementos, e
vou os astecas a sacrificarem anualmente milhares de corações ao Sol para res os colares de coral também eram talismãs medievais populares para crianças.
taurar seu poder. Como símbolo do que há de mais essencial no ser humano, Às vezes, os corais decoravam as armas e os elmos celtas. Era apreciado na índia,
o coração era deixado nas múmias egípcias evisceradas. Seria pesado no outro onde um coral preto-azeviche era usado para fazer cetros. Coral: ver Água; Amu
mundo para ver se estava pesado com más ações ou se estava leve o suficiente leto; Árvore; Cetro; Sangue; Vermelho
para prosseguir para o paraíso.
Em muitas religiões, o coração é um emblema da verdade, da consciência ou Corda - Servidão, mas também ascensão — o simbolismo espiritual do tru
coragem moral — o templo ou trono de Deus no pensamento islâmico e judaico- que da corda indiano. A idéia de um cabo ou corda que formasse uma escada
cristão; o centro divino, ou atman, e o Terceiro Olho do hinduísmo; o diamante da terra ao céu era muito difundida no mundo antigo e às vezes era associa
da pureza e essência do Buda; o centro taoísta da compreensão. O “Sagrado da ao cordão umbilical - de maneira específica entre os aborígines australia
Coração” de Cristo tornou-se um foco de adoração dos católicos romanos co nos. No misticismo indiano, a corda é emblema do caminho interior para a
mo símbolo do amor divino redentor, às vezes mostrado perfurado por pregos iluminação espiritual. Cordas e serpentes eram com freqüência associadas,
e com uma coroa de espinhos, em referência à crucificação. Um coração com como no mito védico da serpente cósmica que servia de corda para girar a
uma coroa de espinhos também é o emblema do santo jesuíta Inácio de Loiola, montanha que sacudiu a criação do mar de leite. Na arte, o laço da corda é
enquanto um coração em chamas é o atributo dos santos Agostinho e Antônio um atributo sinistro de Nêmese, a deusa da punição, e de Santo André, que
de Pádua. Um coração em chamas é símbolo essencial do cristão ardente, mas estava preso à cruz. Os penitentes medievais usavam cordas em volta do pes
também atributo na arte de caridade e paixão profana - a exemplo das pinturas coço como emblemas de submissão e remorso. Corda: ver Cordão; Gri
renascentistas da deusa grega Afrodite (Vénus, na mitologia romana). O cora lhões; Serpente
Corda© — Ligação (como usavam os monges para prender-se a seus votos) ou
união (os cordões amarrados da maçonaria). No pensamento místico, os cordões CORES - As cores têm uma vasta e complexa faixa de significados simbóli
ligavam os mundos material e espiritual e podiam ascender pela graça. O Cor cos. As generalizações sobre o simbolismo específico de qualquer cor como
dão de Prata liga corpo e espírito. Cordões com simbolismo fertilizador apare se tivesse um significado inerente e fixo, seja na psicologia, seja na natureza,
cem na iconografia da América Central, representando a queda de sementes ou são difíceis de sustentar. Preto e branco (ou cores claras e escuras) evidente
chuva fertilizadoras divinas. Na arte, a Fortuna segura um cordão que repre mente representam dualidade e antítese. No entanto, em algumas tradições,
senta a vida mortal, que ela pode cortar a um simples capricho. No hinduísmo, o negro é a cor da morte e do luto; em outras, o branco. Vermelho, a cor do
os nós em cordões representam atos devocionais. Cordão: ver Chuva; FOR sangue, está em geral associado ao princípio da vida, atividade, fertilidade -
TUNA; Grilhões; Nó mas representava morte no mundo celta e era uma cor ameaçadora no Egito.
Experimentos têm mostrado que algumas associações de cores parecem ser
Cordeiro - Pureza, sacrifício, renovação, redenção, inocência, brandura, verdade. O vermelho é visto como forte, “pesado” e emotivo. O azul é am
humildade, paciência - o símbolo mais antigo de Cristo. O uso emblemá plamente considerado “bom”. As pessoas preferem as cores de tom claro do
tico do cordeiro na iconografia e nas escrituras cristãs ampliou uma tradição que escuro, e as cores mais claras parecem auspiciosas. As cores que atraem
já longa na qual cordeiros recém-nascidos eram sacrificados como símbolos mais a nossa atenção são o vermelho, o amarelo, o verde e o azul (aquelas pre
da renovação primaveril entre as sociedades pastoris do Oriente Médio. O feridas pelas crianças). A extremidade do espectro do vermelho ao amarelo é
sangue do cordeiro pascal era, desde o tempo da Páscoa dos judeus, uma “quente”, a extremidade do azul ao índigo “fria”. A faixa de cores considera
marca particular da salvação hebraica, e profetas como Isaías descreveram o das significativas é muito mais ampla do que era, mas essa é uma questão de
Messias que estava por chegar como um cordeiro. Era com esse sentido que aumento da sofisticação visual.
João Baptista proclamou Jesus “Cordeiro de Deus, que tira os pecados do mun A parte mais fundamental do simbolismo das cores foi tirada da natureza.
do”. João Baptista pode aparecer na arte segurando um cordeiro. Cristo algu Assim, o verde simbolizava potência nas regiões áridas e era uma cor sagrada
mas vezes também carrega um cordeiro em seu papel de Bom Pastor. O Agnus no islã. O ouro estava associado quase universalmente ao Sol, sugerindo,
Dei (“Cordeiro de Deus”) em geral é mostrado com uma cruz ou um halo pois, iluminação e posto ou dignidade de governante. O azul representava o
cruciforme, ou com um estandarte (representando a vitória sobre a morte). céu e, portanto, o espírito e a verdade (donde a expressão inglesa true-blue,
Nas pinturas do início do cristianismo, os discípulos podem aparecer como literalmente “azul verdadeiro”, que significa leal, fiel, genuíno). A religião em
12 ovelhas com o cordeiro no centro. Um cordeiro com um livro ou sinetes geral acrescenta, a esses, outros significados. Assim, o amarelo tem alto valor
refere-se ao Cristo da Revelação, também descrito como um cordeiro com na Tailândia não porque partilhe o simbolismo natural da luz e da chama,
sete chifres e sete olhos (sete espíritos de Deus). O cordeiro do julgamento mas sim porque Buda escolheu o amarelo (usado por indigentes e crimino
do Apocalipse é capaz de demonstrar ira - atitude que aparentemente confli- sos) para simbolizar renúncia ao mundo material. Na cristandade, o branco
ta com o simbolismo geralmente dócil do cordeiro. Em seu aspecto triunfal, - pela simples observação, cor simbólica da morte em muitas culturas - veio
o cordeiro assume o simbolismo solar, intercambiando com seu oposto, o a simbolizar luz, pureza e alegria em oposição ao preto do mal e do luto.
leão solar. O leão, contudo, também é símbolo do Messias. Há uma ligação Muitos sistemas complexos de simbolismo da cor, que cobrem tudo, dos pla
semântica entre o cordeiro e Agni, o deus védico do fogo. As representações netas e forças da natureza aos pontos cardeais, dos metais e substâncias da
iconográficas de Cristo como cordeiro acabaram por ser desaprovadas pela alquimia aos órgãos do corpo, dificilmente são mais do que formas arbitrá
Igreja oriental, talvez para limitar esse tipo de confusão. O cordeiro também rias de identificação. O que parece verdade é que as cores são em geral sím
é importante símbolo de sacrifício e redenção nos ritos islâmicos do Ra- bolos afirmativos de vida de iluminação, como refletido nas glórias dos vitrais
madã. Cordeiro: ver CRUZ; Estandarte; Fogo, Chama; Halo; Leão; Livro; eclesiásticos. CORES: ver Azul; Branco; Cinza; Laranja; Luz; Marrom;
Ovelha; Pastor; Sacrifício; Sangue MORTE; Ouro; Prata; Preto; Púrpura; Sol; Verde; Vermelho; Violeta
Cor nu CÓpia — O “Chifre da Abundância”, a transbordar com frutas, flores a Sabedoria, a Fama, a Verdade e a Igreja —; a sinagoga judia é mostrada com
e grãos, é símbolo não só de abundância, prosperidade e boa sorte, mas tam
uma coroa que tomba. Coroa: ver Chifre; Círculo; Coroa de Flores, Grinal
bém da generosidade divina. Associações antigas entre o chifre e a fertilidade
da; Espinho; Estrela; FAMA; JÓIAS; Lótus; Louro; Mãe; METAIS; Oli
estendem-se desde a história clássica de Zeus (Júpiter, na mitologia romana),
veira; Ouro; Pena; Raio; Rosa; SABEDORIA; Sacrifício; Sol; Tiara; VER
que por acidente quebrou um chifre da cabra que o amamentava. Ele o deu a
DADE; VIRTUDES
sua ama, Amaltéia, depois do que o chifre forneceu uma quantidade inexaurí
vel de alimento e bebida.
Coroa Flores, Grinalda - Na vida, superioridade ou santidade; na
Motivo popular na arte, a cornucópia aparece como atributo não só das divin
morte, ressurreição ou imortalidade. A forma da grinalda combina o simbolismo
dades da vegetação e do vinho, como a clássica Deméter (Ceres, na mitologia
celestial do círculo (perfeição) com o do anel (eternidade, continuidade, união).
romana), Dioniso (Baco), Príapo e Flora, mas também de muitas figuras ale
Feitas de flores ou folhas trançadas e usadas na cabeça, as coroas são vivas, su
góricas positivas, incluindo a Terra, o Outono, a Hospitalidade, a Paz, a For
gerindo vitória e vitalidade. A forma e a posição da coroa na cabeça eram tão
tuna e a Concórdia. Os putti eram em geral pintados a derramar alimento (para
significativas no antigo Egito que ela era usada apenas uma vez por deuses ou reis.
o espírito) de uma cornucópia. Cornucópia: ver Bode, Cabra; FLORES; FOR
Nas tradições clássicas e judaico-cristãs, as coroas de flores também eram origi
TUNA; FRUTA; PAZ; Vinho
nalmente atributos reais ou sagrados, e em geral acreditava-se que tinham po
deres protetores. Os iniciados ou os seguidores se identificavam com um deus
Coroa — Vitória, categoria, mérito ou eleição —
particular pelo uso de coroas feitas da planta ou flor sagrada desse deus. Os sa
emblema supremo de autoridade espiritual ou
crifícios tinham grinaldas como meio de consagração.
As coroas adquiriram significado ce
Os vencedores dos antigos jogos olímpicos também usavam coroas em home
leste, solar, espiritual ou protetor em muitas
nagem aos deuses: de oliveira olímpica ou de salsa neméia para Zeus, de pinho
culturas (por intermédio do simbolismo de cir
do istmo de Corinto para Posêidon, e da coroa de louro pítia para Apoio.
cularidade, raios dispostos como raiação de roda,
As plantas usadas em outras coroas geralmente têm com frequência valor sim
estrelas, espinhos e torreões, entre outros), mas
bólico. As coroas nupciais de flores sugerem novo começo, alegria e fertilida
são em essência formas de cobertura para a ca
A coroa papal, de uma fachada de. As coroas funerárias de flores admitem a mortalidade, mas sua forma de
beça desenhadas para identificar, glorificar ou
de 1619 de Avignon, França. anel implica eternidade e continuidade da recordação. Coroa de Flores, Grinal
consagrar pessoas escolhidas. As coroas origi
da: ver Anel, Aliança; Coroa; Círculo; FLORES; Louro; Oliveira; Pinheiro,
nalmente eram simples grinaldas, em geral de louro trançado ou folhas de oli
Pinha; Sacrifício; VITÓRIA
veira, ervas, juncos ou outras plantas, usadas em casamentos ou ritos funerários
ou conferidas aos vitoriosos nos jogos gregos. Os soberanos se concederam co
Corrente - Servidão, mas também unidade por meio dos laços de amiza
roas mais distintas de ouro ou rosas e diademas de tecido com jóias, ou elmos
de, comunicação ou esforço comunal - um simbolismo negativo e positivo
ornados com chifres, jóias ou penas, e essas várias formas eram gradualmente
agradavelmente confundido no famoso grito marxista de arregimentação:
combinadas em coroas de metal e jóias, com significado mais elaborado.
“Trabalhadores, uni-vos, não há nada a perder, exceto as correntes!” Como
No cristianismo, hinduísmo e budismo, a coroa representa iluminação es
grilhões, as correntes são emblemas de escravidão, e, na arte cristã, do Vício
piritual, a coroa da vida eterna. A coroa de espinhos usada para zombar de
(a humanidade algemada aos desejos mundanos). Correntes quebradas sig
Cristo (que se tornou a coroa dos mártires) tinha precedentes antigos na co
nificam liberdade e salvação. Como emblemas de ligação comunitária, são
roação das vítimas de sacrifício. Muitos deuses usam coroas adequadas aos
exibidas para mostrar status oficial, ou usadas na decoração natalina como
seus atributos (por exemplo, a grega Deméter, com espigas de trigo; o ro
símbolos de coesão social ou familiar. Podem representar casamento no ní
mano Baco, com folhas de videira). Outros que usam coroas na arte ociden
vel social e também casamento dos poderes espirituais e terrenos, simbolismo
tal são poetas, mártires, santos e figuras alegóricas como a Fé, a Esperança,
que data do poeta grego Homero (c. século IX a.C.), que falou de uma cor-
rente dourada pendurada do céu até a Terra pelo deus Zeus. Isso foi depois Munin. Contudo, esses dois, além de relatarem eventos na Terra, simbolizavam
interpretado como metáfora de prece. Corrente: ver Casamento; Cordão; os princípios construtivos da mente e da memória. O simbolismo hebreu também
Grilhões; LIBERDADE; Ouro é ambivalente. Como o escaravelho, o corvo era impuro. Era, porém, a ave astu
ta liberada da arca por Noé que voou em vaivém até a terra secar. Os corvos tam
Coruja - Agora um emblema da sagacidade e bém alimentaram Elias e diversos santos eremitas cristãos. Em geral, o corvo é
erudição livresca, a coruja tinha simbolismo si um símbolo solar e oracular, e sua plumagem negra brilhante talvez sugira a
nistro, feroz mesmo em algumas culturas an capacidade para sobreviver a uma relação estreita com o Sol. Era o pássaro men
tigas, particularmente na China. Seus voos sageiro de Apoio, bem como da deusa Atena na Grécia, e era associado ao cul
noturnos, silenciosos e predatórios, olhar fixo to solar de Mitra. Na China, era o emblema de três pernas da dinastia Chou,
e grito lúgubre ligaram-na em geral à morte e simbolizando a ascensão, o zénite e o pôr-do-sol (no qual, dizia-se, vivia um cor
aos poderes ocultos, sobretudo de profecia — vo lendário). Na China e no Japão, os corvos são emblemas do amor familiar. Ele
talvez por sua capacidade de ver no escuro. Era aparece na África e em outras partes como guia, alertando sobre os perigos e, en
a ave da morte no antigo Egito, índia, Américas tre os nativos norte-americanos, como herói cultural e trapaceiro. Para os inuit,
Central e do Norte, China e Japão, mas em algu a ave é o Pai Corvo, deus criador cuja morte traria mau tempo.
A sábia coruja, atributo da
mas tradições aparece como guardiã da noite ou As espécies carniceiras européias têm sido emblema de guerra, morte, solidão,
deusa Atena, de uma moeda
guia para a outra vida — entre os índios nativos das do mal e de má sorte - simbolismo que aparece também na índia. A espécie
grega antiga.
planícies norte-americanas, por exemplo, onde as americana, que é gregária e se alimenta principalmente de grãos e insetos, tem
imagens de corujas ou o uso ritual de suas penas tinha significado protetor. simbolismo notavelmente diferente — positivo, mesmo heróico, como nos mitos
Na China, as fábulas diziam que as corujas jovens arrancavam com o bico dos tlingites, em que aparece como ave solar, criativa e civilizadora, e nas len
os olhos de suas mães. Era emblema antigo de forças destrutivas yang, asso das dos navajos, onde é o Deus Negro, mantenedor de todos os animais de caça.
ciadas ao trovão e ao solstício de junho. Como uma criatura do escuro, a co Tanto os mitos americanos quanto os aborígines explicam a plumagem negra
ruja era símbolo cristão do Diabo ou de bruxaria e imagem da cegueira e da do corvo como um percalço e não vêem mau augúrio nela. De maneira mais
falta de fé. Sua associação à inteligência vem dos atenienses, que consagra ampla, o corvo aparece como um guia ou voz profética - mesmo na Grécia, on
ram a coruja à sua deusa da sabedoria e do ensino, Athene Pronoia (“a que de era consagrado ao deus-sol Apoio e à deusa Atena (Minerva, na mitologia
antevê”). As moedas gregas de Atena trazem uma coruja no lado reverso. É romana), e em Roma, onde seu grasnido soava parecido à latina eras (“amanhã”),
daí que derivam as corujas sábias das fábulas européias, donde o motivo comum o que o associava à esperança.
das corujas empoleiradas em livros e o uso, na língua inglesa, do adjetivo Na China, o corvo de três pernas num disco solar era o emblema imperial.
owlish (derivado de owl, “coruja”, e que significa “semelhante a ou caracte Também representava o amor filial ou familiar na China e no Japão. O xin-
rístico de coruja”) para descrever os eruditos a piscarem os olhos atrás de toísmo atribui-lhe o papel de mensageiro divino. “Comer corvo” (Eating crow),
seus bifocais. A coruja também aparece como atributo das personificações expressão americana para designar humilhação, refere-se a uma altercação atrás
da Noite e do Sono. Coruja: ver Aves; Bruxaria; Demônios; Lua; MORTE; das linhas britânicas durante uma trégua na guerra de 1812, quando um sol
Noite; O OUTRO MUNDO; SABEDORIA dado americano que invadira território sob controle britânico foi obrigado a
comer um pedaço de um corvo que acabara de abater a tiro, mas quando sua
C0f¥0 - Como sua parente próxima, a gralha, ave associada à morte, perda e arma lhe foi devolvida, forçou seu atormentador inglês a também comer um
guerra na Europa Ocidental, mas amplamente venerada em outros lugares. Sua pedaço. Corvo: ver Arca; Aves; MORTE; Preto; Sol
reputação ocidental foi influenciada por suas associações, como adivinha, com
as deusas da batalha celtas, como Morrigan e Badb, e com os predatórios vi- Coxeadura - Em alguns contextos, símbolo de advertência do poder divi
kings, cujo deus da guerra, Odin, era acompanhado por dois corvos, Hugin e no, marca deixada no corpo de um demiurgo ou herói que chegou muito perto
de competir com um deus em termos de igualdade. Assim, Jacó ficou coxo ao
entrar em luta corporal com o anjo de Deus no Gênesis. O deus ferreiro gre
w Crescente - Emblema do islã, significan
do autoridade divina, aumento, ressurreição
go Hefesto (Vulcano, na mitologia romana) ficou coxo em seu encontro com e, com uma estrela, o paraíso. Antigo sím
Zeus (Júpiter). Deuses ferreiros, mestres dos segredos da criação do fogo, eram bolo do poder cósmico no oeste da Ásia, a
quase sempre representados na mitologia como homens que tinham sido fei Lua crescente era adotada como a embarca
tos coxos (mais uma vez como Hefesto). Coxeadura: ver Ferreiro ção de Sin, o grande deus babilónico da
Lua, quando ele navegava pela vastidão do
Craw0 - Na pintura holandesa, símbolo de noivado, sobretudo quando ver espaço. A etimologia latina de “crescente”
melho. Os cravos cor-de-rosa aparecem às vezes como emblema de amor ma (aumentando) indica por que a imagem do
ternal em pinturas da madona com o menino. Cravo: ver Vermelho crescente depois se desenvolveu como sím
bolo da expansão islâmica. Não só incorpo O crescente e a estrela, emblemas do
Crawci^clü-Osfunto — Flor solar. Na China, é ligada à longevidade, na ín rava a idéia da Lua em constante regenera islã que significam paraíso.
dia, a Krishna, e no Ocidente, à pureza e perfeição da Virgem Maria, de quem ção como também pode ser lido como dois
lhe veio o nome, entre os ingleses Mary-gold. O cravo-de-defunto é, por vezes, chifres de costas um para o outro, eles próprios símbolos de aumento. Desde
apontado como a flor (mais habitualmente o heliotrópio) do mito grego de o tempo das Cruzadas, o crescente tornou-se um emblema oposto ao da cruz,
Clítia, que se apaixonou sem esperança por Apoio. Cravo-de-Defunto: ver e o Crescente Vermelho é a versão islâmica da Cruz Vermelha de hoje. Os países
FLORES; Heliotrópio; Sol; Virgindade atuais que têm em suas bandeiras nacionais o crescente com uma ou mais es
trelas são Turquia, Líbia, Tunísia e Malásia.
Cremação - Purificação, sublimação e ascensão. Os povos indo-iranianos O uso do crescente como emblema antecede em muito o império islâmico. Em
em geral preferiam a cremação ao enterro como resultado dessas associa Bizâncio, as moedas eram estampadas com o crescente e a estrela em 341 a.C.,
ções. Também era usado às vezes na Europa Ocidental da Idade do Bronze, quando, de acordo com uma lenda, a deusa da Lua, Hécate, interveio para sal
espalhando-se depois pelo Império Romano, com freqüência como marca var a cidade das forças macedônias (seu ataque foi revelado pelo aparecimento
de status elevado. A dissolução quase completa do corpo no fogo simboliza repentino de uma Lua crescente). A imagem da Lua crescente como uma taça
a libertação da alma da carne e sua ascensão na fumaça. O enterro era pre que contém o elixir da imortalidade aparece nas tradições indiana, celta e mu
ferido onde as doutrinas da ressurreição do corpo eram populares (por çulmana. No Egito, o crescente e o disco simbolizavam a unidade divina. As
exemplo, no Egito e na Europa cristã), e pelos chineses, que sempre foram deusas lunares grega e romana que usavam um crescente no cabelo simboliza
apegados ao solo nativo. Cremação: ver Alma; Fogo, Chama; Fumaça; O vam castidade e nascimento. A Virgem Maria às vezes aparece na iconografia
OUTRO MUNDO cristã com um crescente a seus pés com semelhante significado de castidade.
Crescente: ver Barco; CASTIDADE; Chifre; CRUZ; Disco; Estrela; Lua; Ta
CrepiJSCySo — A meia-luz do declínio e a borda sombreada da morte. No ça; Touro
norte da Europa, os mitos do crepúsculo dos deuses - o alemão Gõtterdám-
merung e o nórdico Ragnaroc - simbolizam o refluir melancólico do calor Criança - Pureza, potencialidade, inocência, espontaneidade - símbolo do
e da luz solares numa imagem poderosa do final do mundo e do prenúncio de estado natural, paradisíaco, livre de ansiedade. Na iconografia, a criança também
um novo ciclo de manifestação. A ligação entre o crepúsculo e o Ocidente pode representar conhecimento místico, abertura para a fé, como na imagem
contribuiu para muitos mitos em que deuses, heróis ou sábios desapareciam alquímica de uma criança coroada que representava a Pedra Filosofal. Cristo
na direção oeste, como fizeram Quetzalcoatl, no México, e Lao-tsé, na Chi usou o simbolismo da criança quando disse que apenas aqueles que se humi
na. Crepúsculo: ver Escuridão; MORTE; O OUTRO MUNDO; PON lhavam como crianças pequenas poderiam entrar no Reino dos Céus (Mateus
TOS CARDEAIS 18:3). Criança: ver Coroa; Pedra Filosofal; SABEDORIA
tólfii
Crisântemo — Flor imperial e solar do Japão, associada à longevidade e ale cicatrizes da circuncisão são as marcas de um croco
gria. Na China, o crisântemo é emblema da perfeição taoísta, tranqüilidade dilo que engole jovens e os devolve como adultos.
outonal e plenitude — talvez porque sua floração continue no inverno. Crisân No Ocidente, o crocodilo é às vezes interpretado co
temo: ver LONGEVIDADE; Sol mo uma forma de leviatã, uma imagem do caos ou
o dragão que simbolicamente representa o mal.
Cristã - Emblema usado no alto dos elmos dos cavaleiros - escolhido para Com esse significado, aparece na arte vencido pelo
simbolizar seus pensamentos motivadores -, resume o objeto de sua procura romano São Teodoro. A psicologia junguiana tem-
ou proclama sua fidelidade pessoal. no visto como símbolo arquetípico do apático mal-
humorado, interpretação que conflita com seu sim
Cristal - Clarividência, conhecimento sobrenatural, perfeição espiritual, cas bolismo de água e terra em muitas partes da Ásia,
tidade. O cristal, um sólido que a luz pode penetrar, impressionou os antigos como a China, onde aparece como o inventor do
como celeste e mágico. tambor e do canto. Crocodilo: ver Água; ANI
O cristal simbolizou a noção de ultrapassar ou olhar para além do mundo ma MAIS; ANIMAIS MITOLÓGICOS; Cir
terial e era emblema e ferramenta dos poderes xamanistas. Daí os visionários cuncisão; Dragão; Leviatã; Maçara; MOR-
palácios de cristal e os sapatos de cristal (ou vidro) mágicos do folclore. No bu TE; PONTOS CARDEAIS; Sol; Terra Crocodilo, de uma gravura do século
XVII de Benin, África Ocidental’
dismo, ele é o discernimento da mente pura. Cristal: ver CASTIDADE; Estrela;
ma onde se acreditava que as entranhas
JÓIAS; Luz; Trono (assento) CRUZ — ver quadro nas páginas 106, 107 e lua J
do animal tinham poderes mágicos.
Crocodilo - Voracidade destrutiva - agente da punição divina e senhor da água Cruz Ansafa (Âfíkh) - Cruz com um laço no alto, que representa a
e da terra, vida e morte. Para os europeus, não-familiarizados com esse réptil tro imortalidade (e que corresponde ao antigo símbolo egípcio para “vida” ou “al
pical e subtropical, o crocodilo era objeto de reverência ou hostilidade morali- ma”), adotado pela Igreja Cóptica para significar vida eterna por intermédio de
zante desinformadas. O autor Plutarco (46-120 d.C.) considerou que esse animal Cristo. Seu formato geométrico pode ser lido como o nascer do Sol, como a
era venerado no Egito por ter as qualidades divinas do silêncio e a capacidade de união dos princípios masculino e feminino, ou outros contrários, e também
ver tudo com seus olhos cobertos por tecido membranoso. Os bestiários medie como uma chave para o conhecimento esotérico e para o outro mundo do es
vais usaram-no como alegoria da hipocrisia — o lacrimejar dos olhos ao comer a pírito. Cruz Ansata (Ankh): ver Chave; CRUZ; Sol
presa (lágrimas de crocodilo), a mandíbula inferior atolada no lodo enquanto
a superior era alçada numa aparência de elevação moral. Onde era conhecido, foi Cruzamento do Mar iMoturn© - A influente imagem da morte e res
tratado com respeito receoso, como uma criatura de poder primordial e oculto surreição solares expressa em antigas crenças de que o Sol poente mergulhava nas
sobre a água, terra e o mundo subterrâneo. Na índia, era o Maçara, o corcel pei águas do mundo subterrâneo para viajar na direção leste através da noite e depois
xe-crocodilo de Vishnu. Na iconografia egípcia, a morte em geral aparece na renascer. Jung via paralelos entre essa noção primitiva e mitos como o reapareci
forma de crocodilo, e a cidade de Crocodópolis era dedicada ao deus da fecundi mento de Jonas do ventre da baleia ou as jornadas infernais retratadas com fre-
dade crocodilo, Sebek. No imaginário mais monstruoso, Amamet (ou Amemait), qüência em relatos da passagem da alma da morte para o renascimento. Cruza
que devorava os corações de quem praticava o mal, tinha mandíbulas de crocodi mento do Mar Noturno: ver Alma; Baleia; Barriga; Sol
lo, e o deus Seth assumiu a forma de crocodilo para devorar seu irmão, Osíris.
Na iconografia dos nativos norte-americanos, o crocodilo, ou o jacaré, aparece de Cub© - Estabilidade perfeita, terreno firme - símbolo da própria Terra. O •cu-
boca aberta como o engolidor noturno do Sol. Alguns mitos da América Central bo é um quadrado em três dimensões, cada face apresentando a mesma visão,
dizem que o crocodilo deu à luz a Terra ou a amparava nas costas. O simbolismo daí um emblema da verdade, usado na arte como o suporte para os pés da Fé
do renascimento aparece numa tradição iniciática liberiana no sentido de que as e da História.
Dizia-se que a Árvore da Vida maia crescia de um cubo. Para o judaísmo e o
islamismo, o cubo representa o centro da fé. Os peregrinos em Meca circungi- podia significar proteção, unidade cósmica, des
ram um cubo duplo, a Caaba, no centro da mesquita mais sagrada do islã. Cu tino ou (num círculo) soberania. Na Escan
bo: ver Centro; Circungiro; Quadrado; Seis; Terra; VIRTUDES dinávia, as cruzes rúnicas que marcavam
limites e túmulos importantes podem
DÍSUWSO - Transformação pelo meio dissolvente e de nascimento da água. As porje - ver Cetro
histórias ou representações de um grande dilúvio, que aparecem nas mitologias
mais antigas, têm um tema simbólico recorrente de regeneração cíclica. O pe DOU ração - ver Ouro
cado, o destino ou a desordem humanos são submersos, em geral, num cata
clismo de julgamento, o que leva a uma sociedade humana nova, reformada ou POSSel — Símbolo asiático do céu e, portanto, de realeza e poder protetor. Um
mais sábia. Dilúvio: ver Água; Arca; Transformação dos oito emblemas budistas chineses de boa sorte. Ligado ao simbolismo celeste
do guarda-sol, também alude ao paraíso islâmico. No ritual indiano, o dossel
Direita — ver Esquerda e Direita é redondo para os reis e quadrado para os sacerdotes. Dossel: ver Baldaquim;
Céu; Círculo; Guarda-Sol; Quadrado
DISCO — Emblema solar de di
vindade e poder. O disco alado Doze — Número básico de espaço e tempo na astronomia, astrologia e ciên
aparece na iconografia por todo cia calendar antigas e, portanto, de considerável valor simbólico, sobretudo
o Oriente Médio como símbolo na tradição judaico-cristã, na qual era o número dos eleitos. Representava a
dos deuses do Sol, como Rá, no organização cósmica, zonas de influência celeste e um ciclo de tempo com
Egito, Assur, na Síria, e Ahura pleto (os 12 meses do calendário, as 12 horas do dia e da noite, 12 grupos
Mazda, a grande divindade do de anos na China). Como o produto de dois números poderosos - o três e
zoroastrismo, que também era o quatro -, simbolizou a união dos planos espiritual e temporal. Na Bíblia,
chamada de Armuzd, o deus doze é o número de filhos de Jacó e, portanto, das tribos de Israel, das jóias
criador da luz. Por combinar os do peitoral dos sacerdotes, dos principais discípulos de Cristo, das frutas da
simbolismos do Sol e da águia, Árvore da Vida, dos portões da Cidade Sagrada e das estrelas da coroa de
Disco solar encaixado em asas, de um baixo-relevo
o disco alado significa o Sol nas Maria. Doze também era o número de discípulos de Mitra e, para alguns
mesopotâmico do século IX a. C.
cente, ele próprio emblema da muçulmanos, o número de descendentes de Ali, filho de Maomé e também
ressurreição e da energia cósmica. No Egito, o disco com chifres ou um profeta. A astrologia solar baseava-se no movimento do Sol pelos 12 signos
crescente é um símbolo da união solar e lunar. Na índia, um disco irradiado é do zodíaco.
a arma de Vishnu Surya, significando seu poder absoluto, tanto para des O autor grego Hesíodo (c. 700 a.C.) disse que havia 12 titãs e, na tradição gre
truir quanto para criar. Como rodas sólidas (o tipo mais primitivo), os discos ga posterior, 12 deuses governavam o Olimpo. ATávola Redonda também
podem também representar o giro da roda da existência e os pontos de ener tinha 12 cavaleiros principais. O simbolismo calendar é a base dos 12 dias
gia dos chacras. Na China, um disco com um buraco central é a imagem celeste de Natal, uma tradição desenvolvida do período das festividades do Yuletide
(festival que durava da véspera de Natal até depois do dia de Ano-Novo ou, dragão foi emblema popular dos guerreiros, aparecendo nos estandartes par
sobretudo na Inglaterra, até o dia de Reis) e das saturnais no solstício de de tos1 e romanos, nas proas esculpidas dos barcos vikings, no mundo celta, co
zembro - dia que representava todos os meses seguintes. Doze: ver Ano; NÚ mo símbolo de força soberana, e nos estandartes anglo-saxãos da Inglaterra
MEROS; Quatro; Solstício; Três; Zodíaco
e de Gales, onde o dragão vermelho ainda é emblema nacional.
Na Ásia, e particularmente na China, o dragão é símbolo do poder sobre
Dragão - Corporificação réptil do poder primordial, uma criatura tão me natural livre de desaprovação moral. Por ondular sob túnicas, simboliza os
sozoica que a imaginação humana parece haver retrocedido 70 milhões de ritmos geradores dos elementos naturais, sobretudo o poder dos trovões de
anos para lhe dar forma. Como os dragões são em geral símbolos do bem
trazer chuva, com freqüência mostrado como uma pérola na boca ou gargan
no Extremo Oriente e do mal no Ocidente, seu simbolismo não é tão fácil ta do dragão. Daí o simbolismo de chuva dos dragões de papel, carregados
de compreender como pode parecer. No mito e na lenda, o dragão e a ser
em procissões entre fogos de artifício nos festivais da primavera, no segundo
pente eram em geral sinônimos — na China, por exemplo, e também na Gré
dia do segundo mês chinês. O dragão turquesa de cinco patas, Lung., era o
cia, onde as grandes serpentes eram chamadas de drakonates, palavra que su motivo da dinastia Han e simbolizava o princípio ativo yang, o Oriente, o Sol
gere olhar penetrante (de derkomai, “percepção aguçada”)- A associação entre
nascente, a fertilidade, a felicidade e os dons do conhecimento espiritual e
o dragão e a vigilância (que ele pode personificar na arte) é evidenciada por
da imortalidade. O dragão também é o símbolo de três patas do micado no
muitos contos em que os dragões aparecem como guardiães ligados ao Reino Japão, e um importante símbolo da chuva, lá e em outros lugares do sudeste
dos Mortos e com o conhecimento oracular. Na mitologia grega, os dragões
da Ásia; o senhor dos mares e dos rios, mas também uma serpente celestial
guardavam as maçãs douradas das Hespérides e o Tosão de Ouro. O herói
sem asas ligada ao arco-íris. O rei dragão é proeminente no folclore japonês.
de Tebas, Cadmo, só poderia alcançar o vigor de Ares, deus da guerra, se Dragão: zwÁgua; Águia; ANIMAIS MITOLÓGICOS; Ar; Arco-Íris; Ban
matasse o filho-dragão deste. O herói nórdico Sigurd e o anglo-saxão Beowulf
deira; Chifre; Chuva; Demônios; Dente; Fogo, Chama; Maçã; Morcego;
também mataram dragões que guardavam tesouros. Essas histórias levaram
Nó; Pérola; SABEDORIA; Serpente; Terra; Tosão de Ouro; Trovão; Turquesa;
a sugestões historicistas de que nas lendas pagãs o dragão é uma imagem
Vermelho; VIGILÂNCIA
pouco lisonjeira de um soberano poderoso cujas posses lhe foram arrebatadas
pela força. O fato de Cadmo haver semeado os dentes da discórdia do dra
Duende — ver Fadas
gão após sua vitória oferece alguma sustentação a essa teoria. O mais certo
é que o cristianismo foi a influência primária na evolução da figura do dra
Duplas — Os animais são em geral duplicados na iconografia para realçar seu
gão para que ela se tornasse um símbolo generalizado do mal. O Livro da
poder emblemático, mas as duplas também podem simbolizar características
Revelação (12:9) identifica o dragão diretamente com “aquela velha serpen
diferentes, mesmo opostas. Duplas humanas eram mau agouro, significando
te, chamada Diabo” e prossegue associando-o ao pecado da blasfêmia. Os
morte - superstição associada à idéia de corpo e alma como entidades separadas.
dragões subjugados por muitos santos cristãos, notadamente São Miguel,
O fantasmagórico alemão doppelgànger é um símbolo extremo do alter ego.
simbolizam a desordem e a descrença, assim como o mal moral e a bestiali
Duplas: ver Alma; Gêmeos
dade primordial. O dragão da imaginação medieval combina os simbolismos
do ar, fogo, água e terra - uma criatura que respira fogo e tem chifres, fortes
patas de águia, asas de morcego, corpo escamoso e cauda serpenteante e far
pada (algumas vezes mostrada com nós para indicar sua derrota). Por outro
lado, aparece como uma serpente do mar, como em algumas pinturas de
São Jorge, tradição que remonta à iconografia sumério-semítica da deusa do
caos, Tiamat. O herói grego Perseu também combateu um monstro aquáti
co para salvar a princesa Andrômeda. Só por ser uma imagem aterrorizante, o
1. Relativo à Pártia, amiga região correspondente, mais ou menos, ao Irã. (N. do E.)
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Eclipse - Símbolo quase universal de mau agouro - representa a morte da
|f|luz, o que sugere doença ou desordem cósmica. Na China, os eclipses solares
eram interpretados como o domínio indesejável do princípio feminino yin so
bre o masculino yang ou, em nível da família imperial, da imperatriz sobre o
imperador. Outras interpretações eram de que o Sol escondia o rosto de raiva ou
fique ele, a Lua ou as estrelas haviam caído vítimas de um sapo devorador (China),
r-serpente ou jaguar (América Central) cósmicos. No Peru, dizia-se que um
! eclipse agourara a destruição espanhola do império inca. Eclipse: ver Estrela;
i Jaguar; Lua; Luz; Sapo; Serpente; Sol
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Faca - Instrumento ritual de sacrifício, circuncisão e martírio, a faca é em ge
ral símbolo de destruição, sobretudo nas mãos das divindades indianas, embora
no budismo possa significar rompimento com os laços do materialismo. E atri
buto de diversos santos cristãos martirizados, entre eles Sao Bartolomeu, que
teria sido esfolado vivo. Freud associou a faca ao falo em sua interpretação dos
sonhos. Faca: ver Circuncisão; Falo; Sacrifício
Faisão - Emblema imperial e yang na China, associado por sua beleza e cor ao
Sol, à luz, à virtude e à capacidade organizadora dos altos funcionários públicos.
Os chineses também o associavam ao trovão, presumivelmente pela batida de
suas asas. No Japão, era mensageiro da grande deusa-sol, Amaterasu. O faisão
chinês e o pavão indiano (membros da mesma família) eram aves exóticas na
Europa antiga, e sua plumagem brilhante pode ter influenciado as representa Faio - Criação, força geradora, fonte de vida — símbolo solar e de fertilidade
ções artísticas da mitológica Fênix. Faisão: ver Aves; Fênix; Pavão; Sol; Trovão ativa que se acreditava amplamente proporcionar proteção e boa sorte. Na
arte, os falos eretos em escala gigantesca geralmente eram mais simbólicos
Faísca — Símbolo da alma nas tradições órficas, gnósticas e cabalísticas, entre que eróticos. Imagens de Príapo, o hediondo mas gigantescamente bem-do-
outras, concebida como um fragmento da luz divina, separado da divindade tado filho do deus Dioniso (Baco, na mitologia romana) e da deusa Afrodite,
no universo dualista de luz e escuridão, mas capaz de reunir-se a ela uma vez (Vénus) eram colocadas nos jardins, vinhas e pomares gregos e romanos para
libertada do mundo material. Faísca: ver Alma; Fogo, Chama; Luz estimular o crescimento das plantas e espantar ladrões e corvos com seu falo
pintado de vermelho. Muitos objetos voltados para cima ou penetrantes usa
Faicao, Gavião — Superioridade, aspiração, espírito, luz e liberdade - co dos como símbolos no mundo antigo tinham significado fálico. Os objetos
mo a águia, emblema solar de vitória. O falcão é uma espécie muito semelhante funerários fálicos simbolizavam a continuidade da vida após a morte. Os talis
ao gavião (mas com asas maiores e maior alcance), tornando-se difícil distin mãs de formato fálico eram populares entre fazendeiros e pescadores e também
guir na iconografia uma espécie de outra. Portanto, o simbolismo das duas es eram usados como amuleto contra a esterilidade. Falo: ver Bastão; Cabeça;
pécies é discutido junto. No Peru, o falcão aparece com significado solar, como Coluna; Homem; Linga; Ônfalo
companhia ou alma irmã dos Incas e também como ancestral humano. Era o
rei das aves no Egito antigo, onde muitos deuses eram mostrados com o corpo
FAMA - Personificada na arte por uma figura feminina com uma lon
ou a cabeça de um falcão, incluindo Rá, que em geral tinha um disco no lugar
ga trombeta, às vezes alada, a Fama pode aparecer coroada ou carregando
da crista, simbolizando o Sol nascente. Hórus, deus do céu e do dia, é especi
um ramo de palmeira, sentada num globo ou andando numa carruagem
«Si
ficamente um deus-falcão, com seu olho pintado parecido com o do falcão e
puxada por elefantes. Outros símbolos da fama incluem o cavalo alado
que constitui emblema comum nos amuletos egípcios, significando a agudeza
Pégaso e o deus romano Mercúrio. FAMA: ver ANIMAIS MITO
de sua visão protetora. Ba, símbolo do espírito individual, tinha corpo de ga
LÓGICOS; Asas; Coroa; Elefante; Globo, Orbe; Palmeira; Trombeta
vião e cabeça humana. Na tradição ocidental, o falcão é emblema do caçador
e está associado aos deuses do céu germânicos Wodan e Friga, bem como ao
trapaceiro nórdico Loki. O falcão encapuzado representa esperança (de luz e
liberdade). O simbolismo de predador aparece com maior raridade. Como em Fasces - Emblema punitivo do poder do Estado sobre o
blema da família de Ana Bolena (segunda esposa de Henrique VIII), um falcão indivíduo - originalmente de origem etrusca, era um ma
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branco simbolizou de maneira adequada suas aspirações e seu comportamento chado envolvido por varetas de bétula ou olmo do qual a
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predatório em vista daqueles ameaçados pela reforma religiosa de Henrique. cabeça projetava, significativamente, o poder dos magistra
1
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O falcão é agora símbolo da atitude belicosa. Falcão, Gavião: ver Amuleto; dos romanos para açoitar ou decapitar. O machado era re
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Águia; Alma; Aves; Luz; Olho; Sol; Trapaceiro; VIRTUDES movido dos fasces na própria Roma para conhecimento
dos direitos do cidadãos de apelar contra a pena capital.
> Os fasces eram carregados por oficiais (lictores) que acom
panhavam os magistrados romanos, e o número carregado
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Fonte — Força da vida e, por extensão, rejuvenescimento e imortalidade. Tam Forno, Fornalha - Matriz ou útero - instrumento de purificação espiri
bém símbolo do centro cósmico, do espírito divino, da purificação, da inspiração tual ou de regeneração. A “fornalha abrasadora” na qual Nabucodonosor lan
e do conhecimento. As tradições cristãs e islâmicas colocam uma fonte ou nas çou os administradores judeus da Babilônia, Shadrach, Meshach e Abednego
cente no centro do paraíso, aos pés da Arvore da Vida, da qual as correntes fluem é um símbolo bíblico de provação espiritual. Para espanto do rei, eles saíram
para os quatro pontos cardeais — imagem que influenciou os desenhos da futura ilesos, provando a superioridade de seu Deus sobre o ídolo dourado que eles
arquitetura de jardins e igrejas. O “rio de água pura” (Revelação 22:1) das fontes tinham sido ordenados a adorar. O simbolismo de purificação do forno ou da
era igualado ao Pai e ao Filho, de modo que a fonte se tornou símbolo não só da fornalha deriva dos processos de metalúrgicos e alquímicos. Forno, Fornalha:
pureza, mas da revelação e redenção. Na mitologia nórdica, o deus Odin dá um ver Alquimia; Fogo, Chama; Mulher
de seus olhos por um gole de água da Fonte do Conhecimento, que flui do ei
xo do mundo, a árvore Yggdrasil. A tradição órfica grega sustentava que, ao se des
viar da Fonte do Esquecimento e beber da Fonte da Memória na entrada do FORTUNA - A idéia de que o destino é caprichoso costuma ser re
Hades, garantia-se a imortalidade. A Fonte da Juventude, tema popular na arte,
i presentada na arte ocidental por figuras baseadas na deusa romana
remonta no passado pelo menos ao mito romano em que o deus Júpiter transfor Fortuna, originalmente uma divindade da abundância que depois se
ma Juventas numa fonte. Um tema inter-relacionado é o efeito rejuvenescedor do
amor, daí o aparecimento freqüente do Cupido a presidir essa fonte e o simbolis
im tornou mais volúvel. Os atributos comuns são o navio, o leme, a
proa, a vela e a esfera. Alternativamente, a Dama da Fortuna, que era
mo sexual de seu jato d’água. A fonte selada é uma imagem cristã de virgindade. popular na iconografia espanhola, aparece girando uma roda na qual
■St? alguns ascendem enquanto outros são lançados ao solo. FORTUNA:
As lendas orientais localizavam a Fonte da Vida no extremo norte, embora a Fló
rida, nos Estados Unidos, já tenha parecido, para os europeus, um local provável. ver os verbetes individuais
Fonte: ver Agua; Árvore; Nascente (Água); PONTOS CARDEAIS; Virgindade
jjgBggj-
«Freixo - Árvore cósmica escandinava, que liga o inferno, a terra e o céu e
Forasteiro — Na maioria das tradições primitivas, símbolo enigmático da simboliza fecundidade, união de opostos, invencibilidade e continuidade da
mudança iminente - talvez um deus, talvez um rival perigoso. Na lenda grega, vida. Na mitologia grega, o freixo encarna a força (e, portanto, é sagrado pa
um dos inimigos de Héracles (Hércules) é Busíris, rei egípcio que sacrificava ra Zeus), mas no folclore báltico, a árvore é um emblema de simploriedade,
forasteiros, a começar pelo profeta que lhe disse que essa prática poderia aca~ talvez porque suas folhas surgem tardiamente e se desprendem com rapidez.
bar com a fome no país. Freixo: ver Árvore
FRUTA - Abundância, prosperidade, prazeres ou desejos afcl
terrenos - o alimento utilizado com maior freqüência pa-
ra representar o estado paradisíaco da Idade de Ouro da
vida pastoral. Várias frutas (ver os verbetes individuais)
partilham alguns dos simbolismos do ovo. Na ar
te, as frutas são atributos de Ceres e de outras di
vindades agrícolas, além do Verão, do Gosto, da
Caridade e da Gula. FRUTA: ver Ameixa; Cere
ja; Cornucópia; Figueira; Jujubeira; Laranja; O deus do arroz, Inari, mostra
Maçã; Melancia; Morango; Oliveira; Ovo; Pêra; do com duas raposas, que
Pessegueiro; Romã; SETE PECADOS CAPI atuam como seus mensageiros
TAIS; Tâmara; Tamarga; Videira; VIRTUDES e guardam seu saco de arroz.
j| - ; '
I . ■ :■ ■ , ;■ ■■■•;" ; Galhada - Símbolo benigno que representa a fertilidade da primavera, prospe
•• •
... ' V. " « ."•: ■%* ,~4 j ridade e fecundidade. Os deuses celtas com galhadas, como Cernunnos, sim
li .
bolizavam o crescimento das colheitas. A galhada de dez pontas dos xamas era
| considerada um emblema de seus poderes superiores. Galhada: ver Cervo; Chifre
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^Balho, Ramo - Os galhos usados, por exemplo, em ritos de fertilidade na
r primavera assumiram o simbolismo das árvores das quais eram cortados. Assim,
os galhos sacudidos de palmeira ou oliveira eram emblemas triunfais em pro-
I cissões, e os galhos de visco eram símbolos muito difundidos de ressurreição,
sobretudo no mundo celta. Na Eneida de Virgílio (meados do século I a.C.),
Enéias carrega um galho de visco para assegurar uma passagem segura pelos in
mm. fernos. J. G. Frazer deu nome a seu grande estudo de religião comparativa com
t'i base no Ramo de Ouro utilizado no assassinato ritual do sacerdote de Diana
:--1 no lago Nemi por seu sucessor. O galho florido representa a Lógica na icono
#: grafia medieval. Galho, Ramo: ver Acácia; Árvore; Madeira; Oliveira; Pal
% meira; Visco
|f$ :
‘Mf :
f;; Galinha - Na África, um guia para o outro mundo, usada em sacrifícios pa
ra chamar os espíritos. Na Europa é símbolo de cuidados maternais exagera-
dos. Uma galinha com pintinhos era imagem crista da divina providência. as três vêzes que Pedro negou ser discípulo de Jesus. Desde então, o galo tornou-
Mais raramente, a galinha representa a personificação da Caridade. Galinha: se um dos atributos de São Pedro, que é o padroeiro dos relojoeiros. As fábu
ver Galo; Ovo; VIRTUDES las em que os animais arrogantemente gabam-se um dos outros são a origem
da expressão inglesa cock-and-bull (literalmente “galo e touro”), que significa
Galo - Vigilância, coragem, virilidade, presciência, confiabilidade - e, como “lorota”. Galo: ver Amanhecer; ANIMAIS; Basilisco; Branco; Bruxaria; Falo;
arauto do amanhecer, símbolo de ressurreição solar e espiritual. Esses atributos Fogo, Chama; Galinha; Iniciação; Luz; Porco; Serpente; SETE PECADOS
positivos são culturalmente mais difundidos que o orgulho, a arrogância e a lu CAPITAIS; Sol; Vermelho; VIGILÂNCIA
xúria, também associados ao galo. Está associado ao amanhecer, ao Sol e à
iluminação em quase toda parte, exceto nas tradições celtas e nórdicas. Na G3HS0 — Vigilância, loquacidade, amor, felicidade e fidelidade conjugal - sím
China, onde sua crista vermelha também sugeria pôr-do-sol e outono, seu no bolo solar, sobretudo no Egito, e também emblema da liberdade, aspiração e
me é homônimo de boa sorte: o galo vermelho evita o fogo, o branco, os fan (por suas migrações) estações da primavera e outono. O simbolismo solar e be
tasmas. O galo era sacrificado nos rituais de iniciação, mas não comido. néfico do ganso selvagem é próximo daquele do cisne, e os dois são virtual
Exemplificava as cinco virtudes chinesas do mérito civil e militar, coragem,, mente intercambiáveis na tradição celta. O próprio Júlio César observou que
confiabilidade e generosidade (advinda de sua prática de oferecer comida a os gauleses domesticavam o ganso mais por prazer que por alimento. Era sím
suas galinhas). Também era emblema funerário, que afastava o mal. bolo masculino dos guerreiros celtas. Também em Roma era associado ao deus
O galo também era animal sagrado no Japão, motivo pelo qual ficava livre nos da guerra, Marte, e tornou-se emblema celebrado de vigilância depois de um
templos xintoístas. O galo chama os devotos xintoístas para rezar do mesmo incidente em 390 a.C., quando o grasnar dos gansos sagrados no templo de
modo como uma vez chamou a deusa-sol Amaterasu para sair da caverna on Juno alertou os defensores do monte Capitólio para um ataque dos gauleses.
de ela escondia sua luz. No budismo, o galo, que representa os desejos carnais, Os gregos associavam os gansos a Hera, Apoio, Eros e ao deus-mensageiro
junta-se ao porco e à serpente como um dos três animais emblemáticos que Hermes. No Egito, além de mensageiro dos deuses, era a lendária ave que pôs
prendem a humanidade à roda de nascimento e morte. o ovo cósmico. Tornou-se emblema da alma dos faraós (como representantes
O galo também pode representar a luxúria na arte ocidental. No cristianismo, do Sol, nascidos do ovo primevo). Na entronização de um novo faraó, quatro
contudo, seu simbolismo é em geral positivo. Representa a luz e o renascimento, gansos eram despachados como arautos para os pontos cardeais. Os sacrifícios
que põem em fuga a escuridão da ignorância espiritual. Os cata-ventos de igreja de gansos no solstício de dezembro simbolizavam o retorno do Sol. Embora
em forma de galo são emblemas da vigilância contra o mal. O canto do galo faz fosse um emblema solar masculino na China, o ganso selvagem era também
desaparecerem as aparições fantasmagóricas da noite. Esse simbolismo solar e pro um importante símbolo como a ave lunar do outono na arte da China e do Ja
tetor é antigo em todo o Oriente Médio. Na Grécia antiga, o galo era atributo de pão, provavelmente devido a seus voos migratórios. Era a montaria dos xarnãs
muitas divindades, entre elas Zeus, Apoio, Atis e Perséfone (deuses e deusas do re asiáticos e, na índia de Brahma, como o anseio da alma de libertação da roda
nascimento), Ares e Atena (divindades de belicosidade), Hermes (arauto) e Escu incessante da existêrçcia.
lápio (curador). O galo também é venerado no islã: era o pássaro gigante visto por Um tema simbólico secundário, muito difundido na fábula e no folclore, ba
Maomé no Primeiro Céu a cantar — “Não há deus além de Alá”. seia-se no ganso doméstico e remonta à sua associação com a deusa suméria do
O galo é um mensageiro familiar do mundo subterrâneo nas tradições celtas e terreiro de fazenda, Bau. Aqui sua imagem é a de uma criatura tagarela e mater
nórdicas, em que lidera almas, chama os mortos para a batalha ou alerta os nal, às vezes tola. O simbolismo sexual do ganso - associado a Príapo na Grécia
deuses para o perigo. Algumas tradições africanas associam sua reputação de - também era bastante difundido e sobrevive, em inglês, no termo goosing (de
previsão à idéia de conhecimento secreto e, daí, à bruxaria. rivado de goose, ganso, e equivalente à expressão chula brasileira “afogar o ganso”,
O papel do galo como emblema da França parece derivar de um trocadilho ro ou seja, copular), sugerido pelo gesto amoroso do macho de esticar o pescoço
mano, pois o latim gallus pode significar tanto “galo” quanto “gaulês”. Outra para cutucar a fêmea. Ganso: ver Alma; Cisne; FIDELIDADE; Ovo; PONTOS
associação curiosa com o tempo é dada pelos três cantos do galo que contaram CARDEAIS; Sacrifício; Sol; Solstício; VIGILÂNCIA
Garça - Curiosidade, mas também em geral ave de bom augúrio, símbolo ..gêmeos — Dualismo harmonioso - ou tensão dualista. Os gêmeos insepa
do sol matinal no Egito e modelo da Benu, ave semelhante a Fênix, reve ráveis mais famosos, que agem como guias benéficos, são Castor e Pólux, da
renciada como a criadora da luz. A garça era símbolo de ascensão na China mitologia clássica (chamados de dióscuros, “filhos de deus”, pois o pai era,
e às vezes aparecia em alegorias de cristãos elevando-se acima das tempesta em algumas narrativas, o grego Zeus - Júpiter, na mitologia romana). Outra
des da vida, assim como a garça transpõe as nuvens de chuva. Garça: ver dupla benéfica é a dos Asvins védicos, nascidos da deusa do céu e das nu
Aves; Fênix; Sol vens. Ambas as duplas representam os aspectos positivos e poderosos do
simbolismo dos gêmeos. Os Asvins (talvez símbolos da estrela da manhã e
Gato - Habilidade para a atuação furtiva, poder de transformação e clarividên da estrela da tarde) trabalham juntos para introduzir o dia e a noite. Como
cia, agilidade, vigilância, beleza sensual e malícia feminina. Essas associações guerreiros, Castor e Pólux também simbolizam a força da união - e união
quase universais tinham peso e significado simbólicos diferentes nas culturas é o motivo para sua translação ao céu - como constelação de Gêmeos - após
antigas. No Egito, notavelmente no culto da deusa de cabeça felina Bastet ou a morte de Castor em batalha. A desunião dos gêmeos é exemplificada por
Bast, os gatos eram criaturas benignas e sagradas. Bastet, originalmente mos Rômulo e Remo. A história em que Rômulo mata seu irmão simboliza os
trada como uma leoa, era uma deusa lunar tutelar, popularmente associada ao perigos da divisão da responsabilidade. Em algumas sociedades antigas, como
prazer, fertilidade e forças protetoras. Em sua honra, os gatos eram venerados as da China e de parte da África, os gêmeos eram augúrios desfavoráveis, e
e em geral mumificados, juntamente com camundongos para comerem. Na um ou ambos eram deixados morrer. Em outros lugares, geralmente eram
iconografia, o gato aparecia como aliado do Sol, a cortar a cabeça da serpente objeto de estupefação, daí o número de lendas em que um ou ambos os gêmeos
do mundo dos mortos. Os gatos também eram associados a outras deusas lu são filhos de divindades. As tradições nativas da América incluem tanto he
nares, entre elas a grega Artemis (Diana, para os romanos) e a deusa nórdica róis gêmeos quanto gêmeos com caráter radicalmente diferente. Na mitolo
Freia, cuja carruagem puxam. Em Roma, sua liberdade e auto-suficiência tam gia iroquesa, por exemplo, um gêmeo é bom e o outro mau.
bém fizeram deles emblemas de liberdade. Em outros lugares, seu vagar no Os gêmeos podem simbolizar outras dualidades, tais como corpo e espírito,
turno e poder de transformação (dilatação da pupila, desembainhar e recolher pensamento e ação, e, talvez mais comumente, a dualidade da escuridão e da luz.
das garras, mudanças repentinas da indolência à ferocidade) eram vistos com Gêmeos: ver Duplas; Zodíaco
desconfiança. Os gatos negros, em particular, eram associados à astúcia do mal
no mundo celta, aos prejudiciais djins no islã, e à má sorte no Japão, onde as Gigante — Símbolo de adversário, com algumas semelhanças com o dragão
lendas populares descreviam como os gatos poderiam tomar os corpos das mu nas mitologias ocidentais, provavelmente às vezes extraídas de lembranças de
lheres (simbolismo misógino que sobrevive na língua inglesa no epíteto catty, antigos inimigos tribais que se tornavam mais grandiosas à medida que se te
palavra derivada de cat, “gato”, que significa “maldosa, traiçoeira”). Na índia, ciam as lendas sobre eles. Geralmente retratados como brutais, agressivos, es
onde os gatos encarnavam a beleza animal, os budistas parecem ter usado seu túpidos e desajeitados, os gigantes são derrotados nos mitos algumas vezes pela
alheamento contra eles: assim como a serpente, eles não lamentaram a morte combinação de esforços divinos e humanos, outras pela coragem e astúcia de
de Buda. A visão mais negativa de todas aparece no vasto folclore da bruxaria uma figura heróica. As lendas antigas de gigantes podem ser vistas como ale
ocidental, onde os gatos apareciam como amigos demoníacos associados a or gorias da luta pela evolução social e espiritual contra forças bárbaras ou contra
gias satânicas - encarnações lascivas e cruéis do próprio Diabo. Gato: ver ANI as forças dos elementos da natureza. Os gigantes nórdicos, por exemplo, per
MAIS; Bruxaria; Demônios; Leão; LIBERDADE; Preto; Serpente; SETE PE sonificavam diretamente os poderes do fogo e do gelo.
CADOS CAPITAIS; Sol; Transformação Em diversas cosmogonias, a destruição de uma raça de titãs ou gigantes é des
crita como um estágio primevo no processo de criação - simbolismo de sacri
Gavião — ver Falcão, Gavião fício que pode estar na base da queima de figuras gigantes de vime cheias de
vítimas animais e humanas, como era característica de alguns rituais pagãos no
Gazela — ver Antílope solstício de verão. Na psicologia, por seu tamanho físico exagerado, os gigantes
são símbolos da autoridade dos pais, em particular a paterna. Gigante: ver mente da natureza de mamífero marinho amigo, brincalhão e inteligente. As
HF;
Dragão; Fogo, Chama; Herói, Heroína; Fai mitologias grega, cretense e etrusca, em que os golfinhos carregam deuses, sal
vam heróis de se afogarem ou carregam almas para as Ilhas dos Abençoados,
|§gi :
Gínseng - Símbolo oriental de virilidade, seu significado masculino baseia- influenciaram seu simbolismo cristão. Foi um atributo das divindades gregas
jjl ;
se aparentemente no formato fálico que as raízes às vezes apresentam. Usados Posêidon (Netuno, na mitologia romana), Afrodite (Vénus), Eros (Cupido) e
i
há séculos na China como afrodisíacos de grande reputação, os remédios fei Deméter (Ceres). Dizia-se que Dioniso (Baco) havia transformado marinhei
tos de ginseng também desfrutam a fama de possuírem a qualidade “celestial” :
1 ros bêbados e ímpios em golfinhos, e se transformou num deles para carregar
de promover o equilíbrio físico e mental. Ginseng: ver Falo adoradores de golfinhos cretenses para seu santuário em Delfos.
Como emblema do Cristo sacrificado, o golfinho pode aparecer perfurado por
GírâSSOl — Adoração solar - simbolismo usado por Anton van Dyck (1599- um tridente ou com o símbolo secreto da cruz de uma âncora. Entrelaçando uma
1641), que pintou um auto-retrato com um girassol para se insinuar junto a âncora, o golfinho é símbolo de prudência (velocidade
Carlos I da Inglaterra, seu “sol” real. O girassol, planta levada da América do refreada). Os herdeiros do trono francês eram
Norte para a Europa, é às vezes confundido com o heliotrópio, fonte de um chamados de dauphins (delfins), mas
mito grego de fascinação pelo Sol. Girassol: ver Heliotrópio sem o simbolismo do golfinho
- era um nome pessoal que se
Glândô |Boí©tâ)— Fecundidade, prosperidade e poder de crescimento espi tornou título dos governan
ritual do cerne da verdade — simbolismo responsável pela “bolota” no cordão tes da província de Dauphi-
vermelho do chapéu cardinalício. As glandes eram sagradas para o deus rural nór né e que passou para a coroa Hermes (Mercúrio, na mitologia romana) monta golfinhos
dico do trovão, Thor, como parte do culto ao carvalho. Podem ter significado francesa no século XIV. com arreio, do mosaico de um soalho (séculos II - Ia.C.).
fálico em algumas gravuras celtas. Glande (Bolota): ver Carvalho; VERDADE
[Górgona - ver ANIMAIS MITOLÓGICOS
Globo, Ofb€ — Domínio mundial ou autoridade absoluta — emblema de
poder que data pelo menos do Império Romano. Por compartilhar com a esfera ; Gorro - ver Barrete
o simbolismo de totalidade, o globo é um atributo popular na arte das figuras
que representam as qualidades universais da verdade, fama, fortuna e abundân Graal - Símbolo romântico de desejo do coração - de nutrição espiritual
cia, até a justiça, filosofia e artes liberais. O globo também é o atributo dos ou física, integridade psíquica ou imortalidade. Nas lendas medievais elabora
deuses onipresentes, como os gregos Zeus (Júpiter, na mitologia romana), Eros das e encantadoras do Graal, sua natureza física exata é tão indefinível
(Cupido), Apoio e Cibele. Na iconografia cristã, Deus geralmente segura ou quanto o próprio prêmio. Originalmente (na França), o Graal aparece co
está sobre um globo. Um orbe coroado por uma cruz representa o domínio de mo um simples prato de servir com propriedades mágicas, que não difere
Cristo e era um emblema dos imperadores do Sacro Império Romano, como da cornucópia clássica ou do caldeirão mágico celta (a fonte pagã mais pro
ainda é dos soberanos britânicos. Os imperadores, reis ou líderes espirituais, tais vável da lenda). Aqui o Graal parece referir-se à restauração mágica dos pode
como o papa, em geral sustentam o globo na mão esquerda. Um globo coroado res declinantcs de um governante (o Rei Pescador) ou da própria natureza.
representava a pedra filosofal na alquimia. Um globo com estrelas é atributo Também foi identificado com a pedra filosofal procurada pelos alquimistas.
de Urânia, a musa da astronomia. Globo, Orbe: ver Coroa; CRUZ; Esfera; Alternativamente, era uma taça, lança, espada ou livro. Por fim, na versão
Estrela; FAMA; FORTUNA; Pedra Filosofal; VERDADE; VIRTUDES cristã, o Graal era o cálice usado por Cristo na Ultima Ceia, ou a taça da
imortalidade que já pertencera a Adão, que a perdeu, ou o cálice no qual Jo
Golfinho — Salvação, transformação, velocidade, poder do mar, amor — em' sé de Arimatéia disse ter pegado o sangue de Cristo quando Ele foi crucifi-
blema de Cristo como Salvador. O simbolismo do golfinho provém direta- l!’ cado. Como tal, o Graal tornou-se símbolo do sagrado coração de Cristo,
conferindo graça divina. A psicologia junguiana via o Graal como símbolo Grifo — Criatura híbrida solar que combina a cabe
do anseio da humanidade de encontrar seu próprio centro e como um sím ça, as asas e as patas da águia com corpo de leão. Por
bolo essencialmente feminino (o cálice), que dá e recebe. Graal: ver Caldeirão; causa desses dois aspectos (águia e leão), que sim
Cálice; Cavaleiro; Centro; Coração; Cornucópia; CRUZ; Espada; Lança; bolizam o domínio do ar e da terra, e, juntos, for
Livro; Mulher; Pedra Filosofal; Sangue; Taça mam um emblema duplo do poder do Sol,
grifo era um motivo poderoso - popular a
Grade de Presbitério — Partição de madeira ou pedra esculpida e de partir, pelo menos, do segundo milênio an
corada, situada entre o coro e o corpo principal da igreja cristã medieval, e que tes de Cristo na Ásia Ocidental, depois no
originalmente sustentava um crucifixo. Como o véu do templo hebreu, sim Oriente Médio e na Grécia e, por fim, na Eu
bolizava a divisão entre as esferas material e espiritual, terra e céu. Grade de ropa. Símbolo hebreu da Pérsia (os poderes
Presbitério: ver CRUZ; Véu afirmativos do zoroastrismo), tinha signifi
cado demoníaco na Assíria, mas parece que
Gralha - ver Corvo em Creta desempenhava um papel protetor
na decoração dos palácios. Na Grécia, onde
g|,. =
Grão - Fertilidade, crescimento, renascimento, a dádiva divina da vida. Em to o grifo era consagrado a Apoio, a Atena co
das as regiões em que os grãos eram um produto principal, o grão parecia uma mo sabedoria e a Nêmesis como castigo, a
imagem miraculosa e consoladora da continuidade da vida por meio da mor lenda dizia que grifos guardavam o ouro na
O grifo, de uma estatueta de bronze
te, o grão (trigo, cevada ou milho) amadurecendo na terra e reaparecendo na índia e na Cítia. Na iconografia cristã anti
islâmica encontrada em
primavera. Assim disse Cristo no Evangelho de São Joao (12:24): “A menos ga, o grifo era usado para simbolizar as for
Camposanto, Itália.
que um grão de trigo caia na terra e morra, permanece apenas um simples ças da perseguição, vingança ou impedi
grão; mas se morrer, produz muito fruto.” Atributo da Mãe dos Grãos grega, mento. Todavia, no século XIV, emerge como emblema da natureza dual de
Deméter, a espiga de grãos “colhida em silêncio” era o símbolo central dos mis Cristo - humano e divino - e de vigilância corajosa, que era seu significado co
térios eleusinos, que prometiam vida nova, tanto humana quanto vegetal. Os mum na heráldica. Grifo: ver Águia; ANIMAIS MITOLÓGICOS; Asas; Leão;
grãos eram emblema funerário na China, em Roma, no Oriente Médio e, como SABEDORIA; Sol; VIGILÂNCIA
atributo do deus Osíris, no Egito. Na iconografia, espigas de grãos aparecem
como atributos da maioria dos deuses e deusas da terra e no manto da Virgem Grilhões - Além de seu significado óbvio de restrição, os grilhões podem sim
Maria nas artes medieval e renascentista. bolizar na iconografia poder judicial, sobretudo o das divindades ou governan
Os astecas adoravam diversos deuses de grãos, maiores e menores, enquanto no tes, e sua aceitação pelas pessoas obrigadas pela lei. Assim, Varuna, deus védico
Peru a fertilidade era representada por uma mulher feita de hastes de milho, da ordem cósmica, é mostrado segurando cordas. Grilhões: ver Corda; Corrente
ícones de milho pintados de azul na América do Norte simbolizavam a sínte
se fertilizadora da terra vermelha e do céu azul. Grilo — Emblema de felicidade e boa sorte, em especial na China, onde grilos
Na arte, a deusa romana Ceres aparecia coroada com espigas de grãos e segu P cantantes eram em geral mantidos em caixas ou gaiolas ornadas. Simbolizavam
rando um feixe. Uma espiga de trigo com uma relha de arado representa a o período de verão, coragem (eram encorajados a lutarem entre si) e também
Idade da Prata, um feixe atado simboliza a Concórdia, enquanto grãos e videi ressurreição, provavelmente por sua metamorfose a partir do estágio larval.
ras representam a Eucaristia Cristã. Os grãos também podem representar
abundância e prosperidade. É alimento e semente - o sabugo, do qual crescem liproui — Vigilância, longevidade, sabedoria, fidelidade, honra - um simbolismo
os pedacinhos de alimento, uma imagem da ejaculação. Grão: ver Azul; Ceva particularmente importante na China e no Japão. Um simbolismo contrário
da; Mãe; Prata; Terra; Vermelho aparece na índia (onde representa traição) e em algumas regiões celtas (como
IIPjPPPPMMMMBp
íris {flor) — Pureza, proteção, mas também, associado à Virgem Maria, pe
sar - simbolismo baseado nas folhas em forma de espada da variedade gladío-
lo. A íris azul aparece com freqüência nas pinturas da Virgem, simbolizando o
pungente pesar da Paixão de Cristo. Também pode referir-se à Imaculada Con
ceição. No folclore japonês, a íris protegia as causas das influências prejudi
ciais. A íris com praganas é a provável origem do emblema da flor-de-lis, e na
Grécia era consagrada a íris, deusa do arco-íris. íris (flor): ver CASTIDADE;
Espada; Flor-de-Lis; FLORES; PAIXÃO
íiacare - m- Crocodilo
§m-r 1
Jade - Energia cósmica, perfeição, virtude, poder, autoridade, incorruptibili-
p dade, imortalidade - a pedra lapidar do Deus do Paraíso e dos imperadores da
China. A tradição chinesa associava o jade a todo o espectro de virtudes: pureza
moral, justiça, verdade, coragem, harmonia, lealdade e benevolência. O selo de
-mm
lljade imperial simbolizava o mandato celeste. Os muitos matizes do jade, que
§§ü É;variam do branco e do verde, azul e vermelho ao quase preto, permitiram que os
' , -j objetos religiosos fossem distinguidos tanto pela cor quanto pelo formato, os mais
famosos sendo o emblema pi do Portão do Céu (disco azul-esverdeado com
uma perfuração circular) e o tsung da terra (cone amarelo dentro de um corpo
retangular). Embora um emblema solar e yang, a maciez lustrosa do jade fez
com que fosse também associado à beleza macia da carne e do muco (suco de ja
de) femininos e à própria relação sexual (jogo de jade). A dureza e a durabili-
jji dade da nefrita (o material da maioria dos entalhes de jade chineses até o sé
culo XVIII, quando as fontes de jadeíta tornaram-se mais facilmente disponíveis)
levaram à crença de que o jade em pó poderia prolongar a vida e que os amu
letos de jade poderiam preservar o corpo depois da morte - daí o número de
objetos feitos do material encontrado nas tumbas chinesas. Os alquimistas chi
li neses acreditavam que o jade era uma forma aperfeiçoada de pedra e que, nesse
sentido, substituía o ouro como emblema da pureza última.
O jade de nefrita verde era igualmente valorizado no antigo México, onde era
símbolo do coração e do sangue pela associação com as águas fertilizadoras.
Assim como na China, colocavam-se às vezes pedras de jade na boca dos mortos Jardim - Nas tradições antigas, uma imagem de mundo perfeito, ordem cós
para garantir sua ressurreição. Entre os maoris da Nova Zelândia, a bela nefrita mica e harmonia - paraíso perdido e reconquistado. Para todas as principais
verde pounamu, encontrada na Ilha do Sul, era usada par fazer o mere sagrado, culturas mundiais, os jardins representavam a benção visível de Deus (o jardi
porrete de guerra que simbolizava autoridade, e o hei tiki, pingente na forma neiro divino) e a capacidade do próprio homem para obter a harmonia espiri
de figura estilizada do ancestral. Os espanhóis acreditavam que a nefrita (assim tual, o estado de graça ou beatitude. Na paisagem árida do Egito e do Irã, os
chamada pela forma de rim de muitas pedras de jade) curava doenças renais. jardins formais semelhantes a oásis, com suas árvores de sombra, flores, perfu
Jade: ver Água; Amuleto; Buraco; Coração; Ouro; Sangue; Terra; Verde; VIR mes, pássaros e água corrente, tornaram-se símbolos de refugio, beleza, fertili
dade, pureza e frescura primaveril da juventude - um antegozo do regozijo da
TUDES; Yin-Yang
imortalidade. O desenho em forma de cruz do jardim clássico persa, dividido
Jaguar - Animal dominante no simbolismo das Américas Central e Sul, as por quatro correntes a fluir de um manancial ou fonte central, foi modelado
sociado à adivinhação, à realeza, à feitiçaria, às forças do mundo dos espíritos, com base na imagem mítica do paraíso (palavra etimologicamente sinônima de
à terra e à Lua e à fertilidade. A crença de que, ao se transformarem em jagua “jardim”). Na China, vastos jardins com lagos, rochas e montanhas criados pela
res, os xamãs poderiam comandar os poderes ocultos era bem difundida e ex dinastia Han imitavam as míticas Ilhas Místicas às quais os imperadores espe
plica a existência das muitas imagens híbridas de jaguar e homem de dentes a ravam ir como imortais. Quioto, o exemplo perfeito do jardim artístico japo
mostra na arte da América Central do período Olmeca (c. 1500-400 a.C.) em nês, está imbuído de simbolismo espiritual. Alguns jardins indianos tinham a
diante. O olho espelhado do jaguar era uma encarnação medonha do deus forma de mandalas. Os jardins astecas, como imagens do mundo natural no
supremo asteca Tezcatlipoca, cujo espelho mágico revelava todas as coisas, dos microcosmo, incluíam animais selvagens e plantas. Os banquetes romanos man
pensamentos humanos aos mistérios do futuro. A mitologia brasileira tor tidos em jardins funerários simbolizavam a alimentação sociável do Elísio (na
nou o jaguar um herói cultural que trouxe as dádivas do fogo e das armas. mitologia grega, a morada dos heróis e dos justos após a morte).
De maneira mais geral, a reverência ao jaguar era marcada pelo medo. Para Do ponto de vista psicológico, o jardim é símbolo de consciência em oposição
alguns, o jaguar era o engolidor celestial ao deserto da inconsciência e também do envolvente princípio feminino. É
do Sol e da Lua; para outros, uma usado com freqüência como metáfora do paraíso sexual constituído pela pes
assombração predatória das soa amada - a “fonte dos jardins, o poço das águas com vida” (Cânticos de
encruzilhadas. Como a pele Salomão 4:15). A fertilidade selada do jardim cercado tornou-se um símbolo
de jaguar usada pelos xa cristão da Virgem Maria, que em geral é representada dentro de um cenário de
mãs simbolizava seu poder jardim, em pinturas da Anunciação. Jardim: ver Água; ANIMAIS; Árvore;
para proteger sua própria Aves; CRUZ; FLORES; Fonte; ilha; Lago; Mandala; Montanha; Mulher; O
tribo ou destruir outras, OUTRO MUNDO; Rio, Regato; Rocha; Virgindade
ele era uma aparição pe
rigosa, talvez o espírito Jarro - Como outros vasos, símbolo do útero materno, associado na iconogra
de um xamã morto ou fia à fonte da vida ou (no Egito, onde é atributo de ísis e Osíris) às águas fer-
vivo de uma aldeia hostil. tilizadoras. Na arte, a Temperança verte água de um jarro para outro. I lebe,
O jaguar é, em essência, sím criada dos deuses, carrega um jarro. É atributo do signo zodiacal de Aquário,
bolo de poder imprevisível e no baralho do taro, aparece nas cartas da Temperança (Arcano XIV) e da Es
ou caprichoso. Jaguar: ver trela (Arcano XVII). Jarro: ^rÁgua; Mulher; Taro; VIRTUDES; Zodíaco
Encruzilhada; Espelho; Fo
Jejum - Antiga tradição de abnegação - quase generalizada pelo mundo in
Um jaguar xamanista. Os xamãs sul-americanos acre go, Chama; Lua; Pele; Terra;
ditavam que este animal possuía poderes ocultos. Transformação teiro - que pode ter sido usada na religião para simbolizar penitência, purificação
ou adoração, e no campo das relações sociais, para demonstrar protesto ou pesar.
O jejum de protesto moderno é em geral mais uma técnica política que um judaísmo (12 jóias no peitoral do Sumo-Sacerdote); e ao intelecto e à
gesto simbólico, mas no mundo celta o jejum era símbolo da dedicação pes incorruptibilidade no islã.
soal para corrigir injustiças ou reparar danos. Dos grandes jejuns religiosos, o Atribuíram-se virtudes específicas às diferentes pedras (ver tabela). Al
Ramadã islâmico, o Yom Kippur judeu e a Quaresma cristã têm significado de gumas correspondências baseiam-se na cor - sobretudo o azeviche, uma
penitência. No hinduísmo, jainismo e taoísmo, o principal objetivo é a purifi das pouquíssimas pedras associadas ao luto, mas também considerada
cação e a criação de um estado físico de visões espirituais. particularmente protetora contra o mau-olhado, pois reflete a luz. As pe
dras reflexivas ou transparentes são associadas à adivinhação; as vermelhas
Joelho — Ajoelhar ou dobrar o joelho é sinal de submissão e súplica em todas ao ardor e à vitalidade (e, no caso do carbúnculo, a guerra).
as culturas, ou de humildade e homenagem, como o ato de ajoelhar-se para re
zar ou para prestar reverência à realeza. Virtude/Fortuna Jóia
íKa - Símbolo egípcio da energia criativa divina, que se expressa por meio da
personalidade individual e que sobrevive à morte da pessoa. Acreditava-se
que as estátuas funerárias incorporavam o Ka da pessoa que representava. Ka:
íwAlma; Ba
I
Laranja - Fertilidade, esplendor, amor. A florescência da laranja era um antigo Em algumas gravuras, o leão parece ofere
sinal de fertilidade, usado nas grinaldas matrimoniais — costume continuado nos cer-se ao sacrifício, e a própria divindade de
países cristãos mas com o simbolismo direcionado para a pureza. rei é sugerida pelo agarrar deste
As laranjas eram possivelmente as “maças douradas” das Hespérides, uma ligação mido da pata do animal — imagem
com o Sol poente. A cor está associada ao fogo e à luxúria, exceto nos países bu arquetípica da coragem humana
distas, onde as túnicas açafrão dos monges simbolizam humildade. Na arte, o igualando-se à do leão.
Menino Jesus às vezes segura uma laranja, símbolo de redenção, pois ela era con No Egito, a deusa vingativa Sckh-
siderada por alguns a fruta proibida da Arvore do Conhecimento. No segundo met, representada por uma leoa,
dia do ano-novo chinês, comem-se laranjas como emblemas da boa fortuna. simbolizava o calor feroz do Sol,
Laranja: ver Amarelo; CORES; Fogo, Chama; Maçã mas o leão também era um guia
para o reino dos mortos, pelo qual
Lariço - Como um dos mais duros e duráveis de todos os pinhos (estacas de se acreditava que o Sol passava to
lariço sustentam a maioria das construções de Veneza), símbolo de imortali das as noites. Daí as tumbas com
dade. O lariço era a Arvore Centro do Mundo da Sibéria e pode ter simbolismo pegadas de leão encontradas no
funerário como emblema do renascimento. Lariço: ver Arvore Egito e as imagens de múmias car
regadas nas costas de leões. Esses
Lawagem — Importante rito de purificação que simboliza mais uma limpeza eram os guardiões da morte na
interna que externa - como no costume islâmico de lavar o rosto, mãos e pés Grécia (identificados com Dioni-
O Sansão bíblico domina um leão, de um retábulo
antes dos três cultos diários. Nas cerimônias de iniciação do budismo, os mon so, Febo, Ártemis e Cibele) e dos
austríaco do século XII.
ges noviços fazem a lavagem ritual de suas vidas passadas. Ao proceder à lava palácios, tronos, santuários, por
gem cerimonial das mãos depois de julgar Cristo, Pilatos procurou absolver-se tas ou portões em geral - como em Micenas. O grifo, híbrido de leão e águia,
de qualquer culpa pela crucificação. era símbolo guardião alternativo, sobretudo onde os leões eram conhecidos
principalmente por intermédio dos contos de viajantes. Máscaras de leão ou
Leão - Poder solar divino, autoridade real, força, coragem, sabedoria, justiça, batedores de porta anelados de leão (símbolos da eternidade) eram comuns nas
proteção — mas também crueldade, ferocidade devoradora e morte. O leão é portas egípcias. O Egito também foi a origem das torneiras ou fontes de água
uma imagem do grande e do terrível na natureza, uma personificação gran com cabeça de leão, simbolizando a enchente fértil do Nilo quando o Sol esta
diosa do próprio Sol. Como na verdade gosta de sombra, sendo principal va no signo zodiacal de Leão (de 23 de julho a 22 de agosto).
mente um caçador noturno, suas associações solares baseavam-se menos nas Gravuras e selos de um leão devorando um touro, cavalo ou varrão representam
observações de sua natureza do que no esplendor iconográfico de seu pêlo os opostos complementares de vida e morte, Sol e Lua, verão e inverno - tema
dourado, juba radiante e simples presença física. Aparece tanto como des simbólico que aparece na África, na Ásia e no Oriente Médio. A vitória sobre
truidor quanto como salvador, investido de dualismo de tipo divino e capaz a morte é simbolizada por vestir uma pele de leão e por mitos como aquele
de representar o mal e sua destruição. Seu simbolismo de agressão e defesa é em que Hércules mata o leão de Neméia ou Sansão despedaça um leão mem
captado num verso do livro de Joel (3:16): “Deus ruge de Sião e emite sua bro a membro. Alternativamente, no judaísmo, o leão da morte é superado pela
voz de Jerusalém e céus e terra tremem. Mas Deus é o refúgio de seu povo, oração (Daniel na cova dos leões). O leão era o emblema da força de Judá e veio
um baluarte para o povo de Israel.” O tema da caça ao leão real, comum na a ser associado tanto à salvação quanto à morte, e, portanto, ao Messias. Daí a
iconografia antiga da Ásia Ocidental, simbolizava morte e ressurreição - a surpreendente passagem do Apocalipse (5: 5-6), em que o Leão de Judá se
continuação da vida garantida pela morte de um animal divino, ligado tanto transforma no Cordeiro (Cristo) redentor. A serenidade cristã ante a morte está
ao supremo deus mesopotâmico Marduc quanto à deusa da fertilidade Ishtar. expressa em muitas histórias simbólicas que envolvem leões, entre elas a lenda
em que São Jerônimo removeu um espinho da pata de um leão. As ligações wm da lebre para um lugar celestial na Lua. Na arte taoísta, a lebre lunar é repre
entre o leão e a ressurreição foram fortalecidas pelas lendas dos primeiros cris m sentada a misturar com um pilão o elixir da longevidade ou da imortalidade.
i
tãos em que filhotes (cegos na primeira semana) nasciam mortos e eram trazi Na China Imperial, a lebre era um símbolo yin e augúrio de boa sorte. (Na
dos à vida por seus pais depois de três dias. Assim, o leão podia aparecer na arte China também podia simbolizar homossexualidade.)
cristã tanto como adversário quanto como atributo. São Marcos, cujo evan As lebres personificam a astúcia inofensiva em muitas tradições. As histórias do
gelho enfatiza a majestade de Cristo, é identificado como um leão alado (o em Coelho Brer (abreviatura de brother, irmão) do folclore americano derivam
blema de Veneza). provavelmente de lendas africanas, como aquela em que uma lebre induz um
De maneira menos ambivalente, o leão é um símbolo muito difundido de poder hipopótamo e um elefante a jogarem cabo-de-guerra só para limparem a terra
e dominação reais, vitória militar, bravura, vigilância e firmeza, virtude per para ela. Do mesmo modo, no Japão, a Lebre Branca de Oki cruza o mar sobre
sonificada na arte por uma mulher a lutar corpo a corpo com um leão. Os lí crocodilos alinhados do focinho à cauda, que ela finge contar. Diversas tribos
deres identificados com o leão incluem o genro de Maomé, Ali, o “Leão de nativas da América do Norte elevaram a lebre ao status de herói da cultura - os
Alá”, que simboliza a destruição do mal no islã; Ricardo I, o “Coração de Leão” algonquianos, por exemplo, viam a lebre lunar como o filho demiurgo do
(os leões eram usados com freqüência como emblemas funerários de cruzados, Grande Manitou, que desempenha o papel de criador/salvador ao dar forma às
mortos); e os imperadores da Etiópia, que adotaram o Leão de Judá*como sím forças naturais para proveito do homem. Com sua qualidade de reprodutores
bolo nacional. O leão era o emblema real da Escócia e da Inglaterra, e tornou-se prolíficos, as lebres e coelhos eram com freqüência associados nas simpatias às
o símbolo dominante do poder imperial britânico no século XIX. O suave Buda curas da esterilidade ou parto difícil (talismã recomendado pelo poeta latino
é um “leão entre homens”, pois o leão na índia simbolizava coragem e sabedo Plínio). A lebre era um atributo das deusas da Lua e da caça nos mundos clássi
ria, zelo religioso e defesa da lei. Era um avatar hindu de Vishnu, algumas vezes co e celta, e também da grega Afrodite (Vénus, na mitologia romana), Eros
mostrado como um híbrido de homem e leão, e o companheiro da deusa guer (como amor; Cupido) e Hermes (como mensageiro rápido; Mercúrio). Asso
reira matadora de demônios, Durga. O leão também era emblema do grande ciações antigas com a fertilidade e a regeneração em tradições teutônicas e
Ashoka, que unificou a índia no século III a.C. Na China e no Japão, o leão é nórdicas são a base do simbolismo do Coelho da Páscoa (referência a Eostre,
protetor; as danças de máscara de leão têm o mesmo objetivo amedrontador das deusa anglo-saxônica da primavera, que tinha cabeça de lebre). Como criatura
danças de dragão. Na arte asiática, os leões costumam aparecer com uma bola, que divina ou semidivina, a lebre era com freqüência um alimento proibido. Alguns
pode simbolizar o Sol ou o ovo ou vácuo cósmicos. Leão: ver Anel, Aliança; Asas; xiitas acreditam que ela seja a reencarnação de Ali, genro de Maomé. Os he
Bola; Cavalo; Cordeiro; Dragão; Fonte; Grifo; Mar; Máscara; MORTE; O breus consideravam-na impura. Com base nisso, e em seu apetite sexual, ela se
OUTRO MUNDO; Ouro; Ovo; Pele; Raio; SABEDORIA; Serpente; Sol; Tori; tornou um símbolo cristão de luxúria, embora sua expressão às vezes assustada
Touro; Vácuo; Varrão; VIGILÂNCIA; VIRTUDES; Zodíaco de caça em fuga também tenha feito dela uma alegoria do crente em busca de
refúgio em Cristo. Um cavaleiro a fugir de uma tímida lebre constituía uma
Lebre* Coeltl© - O animal mais comumente associado à Lua; também imagem medieval da covardia. A louca lebre de Alice no País das Maravilhas,
símbolo de fertilidade, libido, procriação, renascimento cíclico, astúcia, ligei de Lewis Carroll, é tirada de observações populares de que as lebres se com
reza, vigilância e poderes mágicos. Para os antigos, as manchas sobre a Lua pa portam de maneira desvairada na época do cio, na primavera. A crença popu
reciam lebres ou coelhos (raramente distinguíveis umas dos outros) a pular. O lar de que o pé de uma lebre ou coelho ágil é bom para gota ou reumatismo é
simbolismo lunar da lebre era reforçado pela observação de suas cambalhotas outro exemplo de simpatia. Lebre, Coelho: ver Cavaleiro; LONGEVIDADE;
sob o luar. Nos mitos dos africanos, dos nativos da América do Norte e dos Lua; Sacrifício; SETE PECADOS CAPITAIS; VIGILÂNCIA
celtas, budistas, chineses, egípcios, gregos, hindus e teutônicos, a lebre era asso
ciada aos ciclos de regeneração lunar e feminino. Às vezes, aparecia como uma Leite — O elixir da vida, do renascimento e imortalidade — metáfora de bonda
figura de sacrifício ou salvação, como na lenda budista de uma lebre pulando de, cuidado, compaixão, abundância e fertilidade. Na tradição indiana, o papel
numa fogueira para proporcionar comida ao Buda faminto - donde a elevação fundamental do leite é expresso num mito védico sobre a origem do mundo,
i
quando os deuses e seus opositores agitaram o recipiente cósmico do oceano malfeitores não poderiam mudar seus meios com maior facilidade com que
primitivo para criar o primeiro leite, depois a manteiga, em seguida o Sol e a o leopardo seria capaz de mudar suas pintas (13:23). Daí a ligação entre o leo
Lua e, por fim, o elixir da imortalidade, soma. No paraíso hindu havia uma ár pardo e Satã, o pecado e a luxúria. O animal representava coragem na herál
vore que dava leite. O leite aparece em muitas tradições, inclusive celtas, como dica européia e na China, onde também tinha simbolismo lunar. O nome
a bebida da imortalidade. Além dos elos óbvios com a amamentação e a mater “leopardo” vem de um híbrido fabuloso, situado entre o leão e a pantera (no
nidade ou adoção, o leite representava iniciação ou renascimento simbólicos me agora só aplicado ao leopardo negro ou, na América, ao puma). Leopardo:
nos ritos órficos gregos, no islã e nos primeiros batismos cristãos. Era despeja ver ANIMAIS; Carruagem, Biga; Demônios; Leão; Olho; Pele; SETE PE
do como libação para a ressurreição de Osíris no Egito e em ritos primaveris da CADOS CAPITAIS
fertilidade em outros lugares. De maneira mais generalizada, representava a
absorção do conhecimento ou da alimentação espiritual. Sua cor também o tor Lequ^ - Leques grandes significam autoridade, sobretudo na Ásia e África,
nou um símbolo da pureza: falou-se que leite, e não sangue, jorrou quando San talvez tanto pela associação com o simbolismo do vento quanto por seu poder
ta Catarina de Alexandria foi decapitada. Leite: ver Árvore; Batismo; Bode, Ca de acender o fogo, como ocorre com a mão do deus indiano do fogo, Agni. Os
bra; Branco; Iniciação; Mãe; Nogueira do Japão; Vaca; Via Láctea | leques cerimoniais de penas, como o flabellum carregado nas procissões papais,
certamente parecem ter simbolismo celeste. De maneira mais prosaica, o uso
Leme - Como instrumento de direção, um emblema da autoridade respon de leques para proteger governantes ou objetos sagrados do calor e das moscas
sável, às vezes mostrado em medalhões oficiais. Na arte ocidental é atributo da pode ter contribuído para sua associação a status e dignidade. Um leque em
Fortuna e da Abundância. Leme: ver FORTUNA formato de coração era usado pelo imortal taoísta Chuang-li Chuan para de
volver a vida. O simbolismo do leque era altamente desenvolvido no ritual
Lsopâfd© — Ferocidade, força implacável, coragem, orgulho, velocidade - japonês como analogia para o desdobramento da própria vida - ou o encerra
emblema inglês de batalha, mas associado ao mal nas tradições antigas egípcia mento dela, no caso de homens condenados que carregavam leques nas exe
e cristã. As peles de leopardo usadas pelos xamãs da Ásia e da África simboli cuções. O leque dobrável também estava associado com as fases da Lua e, por
zavam a supremacia deles sobre os poderes demoníacos desse animal. No Egito, extensão, com os humores mutáveis da mulher. Seu uso como um instrumento
onde era igualado a Seth, os sacerdotes vestiam- de flerte espalhou-se da Espanha e Itália para todas as cortes da Europa no sécu
se com peles de leopardo nos ritos funerários lo XVIIL Leque: ver Fogo, Chama; Lua; Mosca, Espanta-Moscas; Pena; Vento
para demonstrar a capacidade de proteger o
morto da influência malévola desses felinos. Leste - ver PONTOS CARDEAIS
No mundo clássico, o leopardo era atribu
to do deus Dioniso (Baco, na mitologia Leviatã - Monstro aquático, símbolo de uma força
romana) como criador e destruidor, en da natureza que apenas um poder sobre-humano po
quanto, na arte, dois leopardos puxam a deria criar ou controlar. Embora empregada com
carruagem de Baco. As pintas do anL freqüência para significar baleia, a palavra hebraica
mal foram associadas ao lendário liviatan refere-se a qualquer monstro das profun-
Argos, de muitos olhos. O simbo I; dezas. jó 41 começa com “Poderia apanhar o leviatã
lismo cristão negativo baseou-se na com um anzol?” e passa a descrever uma criatura com
Leviatã na forma
visão de um leopardo monstruoso características de crocodilo. O simbolismo de uma
de serpente
em Daniel 7:6 e, de maneira ainda criatura tão feroz que “ninguém ousa provocar” deri marinha, de uma
O deus grego Dioniso cavalgando um leopardo, de um mais poderosa, na narrativa de Jere- va de mitos mesopotâmicos e fenícios em que um representação inglesa
mosaico encontrado em Delos, Grécia, c. 180 d. C. mias em que Deus lhe dizia que os deus-herói luta para arrancar a ordem à força de do século XII.
de luz, cujos limites superior e inferior não podem ser
um deus do caos primordial das profundezas. O filósofo inglês Thomas Hobbes
encontrados por Brahma como um ganso selvagem ou
(1588-1679), em seu Leviatã, usou o monstro bíblico como símbolo do
por Vishnu como um varrão — prova do poder de
Estado absoluto ao qual o indivíduo está subordinado. Leviatã: ver ANIMAIS
MITOLÓGICOS; Baleia; Crocodilo Shiva. Embora seja essencial mente símbolo de vi
rilidade, o linga aparece às vezes com um círculo
de pedra em sua base que representa o yoni (vulva)
Libélula - Frivolidade e futilidade, elegância, velocidade. Algumas vezes
como um símbolo do casamento sagrado de ho
divide o simbolismo das borboletas. Diz-se que o herói ancestral imperial
mem e mulher. O keui chinês, um jade oblongo
japonês Jimmu-Tenno deu a Honshu o nome Ilha Libélula. Libélula: ver
com ponta triangular, tem significado semelhante.
Borboleta
O linga enlaçado por uma serpente refere-se à Kundali-
ni, o fluxo serpentino de energia vital. Linga: ver Cir
LIBERDADE - A liberdade é em geral representada na arte por uma cungiro; Coluna; Cone; Falo; Ganso; Jade; Kundalini;
mulher segurando um cetro e usando um barrete frígio - numa refe Ônfalo; Serpente; Triângulo; Varrão; Vulva
rência ao costume romano de presentear barretes aos escravos libertos.
O barrete tornou-se um emblema popular da Revolução Francesa, como ■* ,Língua - Em geral mostrada estendida em entalhes e
na pintura de Delacroix Liberdade Conduzindo o Povo (1830). A própria pinturas, a língua tinha uma variedade de significados
luz é símbolo de libertação (da escuridão) e a Estátua da Liberdade, em simbólicos. Como o único órgão interno do corpo que
Nova York, segura um archote. Outros símbolos de liberdade incluem pode ser exibido de maneira tão surpreendente, a
o acrobata, o sino, as correntes quebradas, o gato, a águia, o falcão, o -A
língua é um símbolo poderoso de agressão e defesa.
peixe, cabelos longos e asas. — LIBERDADE: ver os verbetes individuais A língua projetada nos entalhes e hacas (danças de O linga de Shiva, de uma
escultura de arenito vermelho,
guerra) maoris expressam desafio e provocação
num templo do século XV.
(como o habitual mostrar a língua). O simbolismo
Limeira* Tília - Árvore da amizade ou comunidade, um simbolismo que
sexual é comum na arte primitiva, como nas “imagens mastro” da fertilidade
remonta ao mundo clássico, mas adquire particular relevância na Alemanha,
com línguas estendidas, em Bornéu. O deus protetor egípcio Bes aparece com
onde a tília (limão-doce europeu) constituía o ponto central da vida na aldeia,
língua estendida com a finalidade, conforme em geral se acreditava, de evitar
como o é em algumas cidadezinhas francesas. Suas associações dóceis e benéficas
o mal. Na índia, a língua de Kali, igualmente estendida, simboliza seu poder
podem estar ligadas ao mel feito de suas flores. Limeira, Tília: ver Árvore; Mel
consumidor. O deus do fogo, Agni, é mostrado com sete línguas. Há uma forte
ligação simbólica entre língua e chama - ambas vermelhas, ativas, consumido
Línce — Vigilância. Simbolismo com bases profundas na visão extraordinaria
ras e criadoras-destruidoras (pelo papel poderoso da língua na fala). No Livro
mente aguçada do animal, que a superstição levava a acreditar ser capaz de ver
de Isaías, a língua de Deus é “um fogo devorador”, e nos Atos dos Apóstolos,
através de obstáculos e penetrar segredos. Na arte, o lince representa senso de
recebe a dádiva dos idiomas, na forma de línguas fendidas “como o fogo”. A
visão. Lince: ver VIGILÂNCIA
língua em geral representa o próprio idioma e também eloqüência ou sabedo
ria: a língua de Buda, por exemplo, é longa. Na arte funerária egípcia, as lín
Linga - Força geradora masculina na natureza, simbolizada na arte e arquite
guas estendidas permitiam ao morto falar aos deuses. A exibição da língua
tura hindus por um falo estilizado que representa o deus Shiva como procria-
também pode ter um simbolismo demoníaco, carnívoro ou assustador, como
dor divino. Na caverna de Elephanta, em Bombaim, o linga - um cone de
nas máscaras teatrais da Grécia e outras regiões. Algumas efígies animais com
pedra negra grosso e liso - era o foco dos rituais de circungiro, o que indica seu
línguas estendidas invocam a chuva. Língua: ver Fogo, Chama; SABEDORIA;
papel de símbolo tanto axial quanto fálico, um pouco como o clássico ompha-
Sino; Vermelho
los (umbigo, centro). Num mito, o linga de Shiva aparece como uma coluna
Linha — Continuidade no espaço e tempo, ligação, destino — simbolismo sem res teriam sido anémonas semelhantes à papoula (Anemone coronário). Outra
pre ligado ao delicado tecido da vida humana. Na mitologia grega, as Três Par referência bíblica (Cânticos 1:2) compara os lábios da pessoa amada aos lírios,
cas tecem, medem e cortam a linha da vida. Na tradição oriental, duas linhas ||§ supostamente os vermelhos. O lírio branco pode às vezes simbolizar tanto a
tecidas juntas simbolizavam o destino comum de um casal. morte quanto a pureza, e em geral é visto como presságio da morte. O lótus,
ou nenúfar, é uma flor de características diferentes, com um simbolismo muito
Lira - Harmonia divina, a música das esferas, a mais amplo. Lírio: ver Arcanjos; Branco; Flor-de-Lis; íris (flor); Leite; Lótus; Va-
vibração do cosmo, inspiração musical e poética e so; Via-Láctea
adivinhação. A lira é o instrumento musical mais
plausivelmente ligado à mitologia clássica e, em Livro - Emblema auto-evidente de sabedo
particular, a Orfeu, cuja música encantava ani ria, ciência e erudição, o livro também
mais selvagens e parava o curso dos rios. Uma aparece amplamente na iconografia co
versão grande, chamada de cítara, teria sido mo símbolo de revelação divina, em
feita por Hermes (Mercúrio, na mitologia especial nas fés cristã e islâmica. Pa-
romana) para Apoio. j§ ra os místicos árabes, é metáfora da
Na arte, a lira é o atributo da Poesia personificada de própria vida e de todo o universo,
Erato, musa da poesia lírica, e de Terpsícore, musa p Em algumas lendas do Graal, a
da dança e do som. A lira de sete cordas simbolizava busca é de um livro e da Palavra
os sete planetas; uma versão de 12 cordas representa Um músico caminha com |, Perdida. Na arte, o livro é segurado
va os signos do zodíaco. Lira: ver Música; PLANE uma cítara (lira grande), de por profetas, apóstolos (João Evange
TAS; Zodíaco um antigo vaso grego. lista é visto literalmente engolindo o Livro
B da Revelação), Cristo, a Virgem Maria em pin
Lífio - Um dos mais ambíguos de todos os símbolos florais - identificado com turas da Anunciação e as figuras da História, Filo
a piedade, pureza e inocência cristãs, mas tendo associações com a fecundidade sofia e as Musas. Um livro com uma cruz repre Cristo Pantocrata segura
e o amor erótico em tradições mais antigas, por seu pistilo fálico e fragrância. senta a Fé. A queima de livros simboliza o descarte um livro na mão esquerda,
O lírio encontrado na arte cristã é o tipo branco chamado no século XIX de de velhas crenças e tradições. Livro: ver Graal; Pa de um mosaico grego do
“Madona” devido à sua associação com a Virgem Maria (também era atributo lavra; SABEDORIA; VIRTUDES século XI.
de seu esposo, José, e de muitos santos). É com freqüência mostrado num vaso
ou nas mãos do arcanjo Gabriel nas pinturas da Anunciação. O bonito lírio-do- ILobo — Ferocidade, astúcia, cobiça, crueldade, mal — mas também coragem, vi
vale tem o mesmo simbolismo. Como flor de jardim favorita na Antigüidade, tória, os cuidados com alimentação. Nas sociedades pastoris antigas, sobretudo
rezava a fábula que o lírio surgira do leite da deusa grega Hera e estava ligado na judaico-cristã e em geral nas regiões da Europa com alta densidade de flo
à fecundidade não só na Grécia, mas também no Egito e no Oriente Médio em restas e população, o lobo é um predador famoso na mitologia, no folclore e
geral, onde era motivo de decoração popular. Os lírios simbolizavam prosperi nos contos de fada. O lobo grande e mau era um símbolo tanto de devoração
dade e realeza em Bizâncio, e isso, em vez da ligação com a pureza, pode ter sido quanto de predação sexual. As histórias das bruxas que se transformam em
a razão original para a escolha da flor-de-lis como o emblema da França. Seu lobos e de homens em lobisomens simbolizavam os medos de possessão demo
significado emblemático para os santos cristãos é tirado em grande parte do níaca, bem como do desencadeamento da violência e do sadismo masculino.
Sermão da Montanha, em que Jesus usou o glorioso “lírios do campo” como O simbolismo cristão da ovelha, como paroquiano, fez do lobo predador um sím
alegoria de como Deus provê a subsistência para aqueles que renunciam à per bolo do diabo e da heresia. As pinturas de São Francisco de Assis com um lobo
seguição de riquezas (Mateus 6:28-30). Hoje, porém, acredita-se que essas fio- referem-se à história de que ele domesticou um desses animais. A tradição chi-
nesa associava o lobo à voracidade e à libertinagem. Na mitologia nórdica, o brincalhonas, a um alto impulso sexual, e há contos populares de lontras que
lobo gigante Fenris é símbolo do caos que engole o Sol no fim do mundo. O lobo se disfarçavam de mulher para seduzir os homens.
mm.
também é um engolidor do Sol na mitologia celta.
Em outras partes, esse simbolismo é às vezes invertido, de modo que o lobo Losango — Graficamente, símbolo da matriz da vida, da vulva, da fertilidade
torna-se um símbolo triunfal de inteligência por meio da experiência e emble e, em alguns contextos, da inocência. Adquire imagem dual quando combinado
ma dos guerreiros. Era consagrado a Apoio na Grécia e a Odin (Wodan) na com o simbolismo fálico das serpentes na arte decorativa dos nativos ameri
mitologia nórdica. Consagrado a Marte, era emblema romano de vitória se vis canos. O formato de losango aparece com o simbolismo da fertilidade na saia
to antes da batalha. de jade de Chalchiuhtlicue, consorte do deus Tlaloc, deusa mexicana dos rios
A loba que amamentou Rômulo e Remo (os lendários fundadores de Roma) é e lagos. No Mali, o formato de meio losango com um ponto na outra extremi
uma imagem do cuidado maternal selvagem que reaparece no folclore da índia. dade simbolizava mulher jovem.
Pode explicar as muitas histórias de lobos ancestrais - de Gêngis Na arte cristã, o simbolismo de losango das deusas da fertilidade foi tomado
Khan, para citar um caso. Kemal Atatürk como símbolo de virgindade no culto da Virgem Maria, convencionalmente
ɧH
era chamado de “o Lobo Cinza”. O mostrado dentro de uma mandorla, também conhecida como vesicapiseis (“ve
simbolismo turco do, lobo é positi sícula de peixe”) - formato de losango com auréola. Losango: ver Amêndoa;
vo o suficiente para sugerir que era Auréola; Mandorla; Mulher; Serpente; Virgindade; Vulva
um animal totêmico na Ásia
Central. No México e entre os na LÓtUS - Flor com muitos significados simbólicos, em particular nas tradi
tivos da América do Norte, o lobo ções do Egito, índia, China e Japão. Sua importância singular baseia-se
era símbolo do dançarino, associ tanto na beleza decorativa de suas pétalas radiantes quanto na analogia entre
ado, juntamente com o cão, aos elas e uma forma idealizada da vulva como a divina fonte da vida. Por exten
A estátua de bronze (séculos V-VI a.C.) mostra os fantasmas e ao guia dos espíritos são, o lótus passou a simbolizar, entre outras coisas, nascimento e renasci
gêmeos Rômulo e Remo, fundadores de Roma, na outra vida. Lobo: ver Bruxaria; mento, bem como a origem da vida cósmica e os deuses criadores, ou o Sol
amamentados pela loba. Cao; Demônios; Ovelha e os deuses solares. Também representava o crescimento espiritual humano a
partir do broto, ainda enrolado, do coração e o potencial da alma para al
cançar a perfeição divina.
No Egito, o lótus, ao surgir do fundo lodoso como um nenúfar para desdobrar
suas pétalas imaculadas ao Sol, sugeria a glória da própria emergência do Sol
do lodo primevo. Metáfora da criação, constituía símbolo votivo não só dos
deuses e deusas do Sol e da fecundidade, mas também do Alto Nilo como doa
dor da vida. O lírio azul, mais sagrado que o branco, era emblema de modés
tia e correção no Egito e também no budismo chinês. As grinaldas de lótus para
os mortos adquiriram um simbolismo de renascimento.
Como motivo decorativo funerário simbolizador da ressurreição, esta flor apa
recia na Grécia antiga e na Itália, além de na Ásia Ocidental, onde as formas
decorativas do lótus egípcio deram origem na arquitetura aos capitéis jónicos
(os “comedores de lótus” do mito grego, extasiados em ditoso esquecimento,
Lontra — Animal lunar, associado à fertilidade e aos cultos de iniciação na nada têm a ver com a flor sagrada: o suco fermentado de um arbusto de lótus
África e América do Norte. Os chineses associavam as lontras, amigáveis e africano é a provável fonte dessa referência homérica).
No hinduísmo, o lótus sagrado cresceu do umbigo de Vishnu quando ele des LOiire — Vitória, paz, purificação, proteção, adivinhação, conhecimento secre
cansava nas águas, dando lugar ao nascimento de Brahma (uma representação to e imortalidade. Os lauréis confeccionados com espécies aromáticas de louro
do crescimento espiritual). O lótus é símbolo do que é divino ou imortal na eram o emblema de coroação do mundo greco-romano, não só para guerreiros,
humanidade e é quase sinônimo de perfeição. mas também para poetas, por intermédio de sua associação com o deus Apoio.
A iconografia indiana, tanto hinduísta quanto budista, é cheia de deuses (ou, Dizia-se que ele se purificara com louro nos arvoredos de Tempe, na Tessália,
no budismo, bodisatvas) sentados de pernas cruzadas no centro de pétalas de depois de matar a serpente Píton em Delfos. A sacerdotisa de seu culto em
lótus semelhantes a chamas. O lótus é o atributo dos deuses do Sol e do fogo Delfos, Pítia, mascava louro antes de fazer suas profecias. Considerava-se que
e principal símbolo de Padma, consorte do deus Vishnu. Simboliza a realiza detinha a pestilência e os raios, superstição compartilhada pelo imperador
ção do potencial interno ou, nas tradições tântricas ou iogues, a capacidade Tibério, que costumava usar sua coroa de louro nas tempestades. Associado a
para utilizar o fluxo de energia movendo-se através dos chakras (representados muitas divindades, entre elas Dioniso (Baco), Zeus (Júpiter), Hera (Juno) e
com freqüência como lótus semelhantes a rodas), florescendo como o lótus de Ártemis (Diana), o louro era emblema da trégua ou da paz, bem como do triun
mil pétalas da iluminação no topo do crânio. Um conceito paralelo é a “flores fo. E também um simbolismo secundário de castidade derivado do mito de
cência dourada” do taoísmo chinês, tradição inspirada no budismo, em que o ló Dafne, a ninfa que foi transformada em louro quando fugia da luxúria de Apoio.
tus é mais uma vez símbolo da evolução espiritual. O louro tinha significado de talismã no norte da África, e na China aparece
A veneração do lótus é igualmente marcante, se não mais, nos budismos india como a árvore sob a qual a lebre lunar mistura o elixir da imortalidade. É sím
no, tibetano, chinês e japonês. Ele representa a natureza do próprio Buda e é bolo cristão de vida eterna. Louro: ver Árvore; Cabelo; Coroa; Coroa de Flo
imagem de aspiração ao florescimento espiritual do conhecimento que pode res, Grinalda; Dragão; PAZ; Raio; VIRTUDES; VITÓRIA
levar ao estado de nirvana. As imagens sexuais do lótus, mais marcantes no
budismo tântrico, combinam às vezes a haste masculina e a florescência femi Lua — Fertilidade, renovação cíclica, ressurreição, imortalidade, poder oculto,
nina num símbolo da união e harmonia espiritual. Essa é a “jóia no lótus”, mutabilidade, intuição e as emoções - antiga ordenadora do tempo, das águas,
invocada no mantra Om mani padme hum. do desenvolvimento das colheitas e da vida das mulheres. Os surgimentos e desa
Ecoando o simbolismo egípcio do nascimento dos deuses a partir da vulva pura parecimentos da Lua, assim como suas surpreendentes alterações de forma,
do lótus, dizia-se que o pai do budismo tibetano, Padmasambhava, teria sido proporcionavam uma imagem cósmica impressionante dos ciclos terrenos de
descoberto no coração de um lótus aos oito anos de idade. No budismo chinês, nascimento, desenvolvimento, declínio, morte e renascimento dos animais e
em que o lótus é um dos Oito Sinais Auspiciosos, acrescentaram-se mais associa vegetais. O alcance e a influência do culto e do simbolismo lunares são parcial
ções simbólicas - retidão, firmeza, harmonia conjugal e pros mente explicados pela imensa importância da Lua como fonte de luz para caçadas
peridade —, em especial a bênção de ter muitos filhos, repre noturnas e como a mais antiga medida do tempo - as suas fases constituíram a
sentada por um garoto segurando um lótus. Mistura de sim base dos primeiros calendários conhecidos. Além de exercer influência sobre as
bolismo sagrado e profano na tradição chinesa - a cortesã marés, era amplamente difundida a crença de que a Lua controlava o destino
era conhecida como o “lótus dourado”, embora a flor humano, bem como as chuvas, a neve, as enchentes e os ritmos da vida de ve
esteja em geral mais ligada à pureza, até mesmo à virginda getais e animais em geral e das mulheres, por meio das periodicidades lunares
de também constitui um emblema japonês de do ciclo menstrual.
moralidade incorruptível. O lótus aparece, ainda na Embora fundamentalmente um símbolo do princípio feminino, a Lua foi às
iconografia maia, aparentemente com o simbolismo vezes personificada por deuses do sexo masculino, sobretudo entre culturas
de renascimento. Lótus: ver Água; Alma; Azul; Bran nômades ou de caçadores. O grande deus-lua semita-sumério Sin, cujo emble
co; Chacra; Coração; Coroa de Flores, Grinalda; ma era um crescente em formato de barco, era Senhor dos Meses e do Destino.
O deus hindu Brahma, sentado FLORES; Fogo, Chama; Nirvana; Oito; Ouro; Ro- A Lua era igualmente do sexo masculino no Japão, na Oceania e nos países
numa flor de lótus. da; Sol; Umbigo; Virgindade; Vulva teutônicos, assim também entre algumas tribos africanas e ameríndias. As di-
vindades lunares femininas diferem na índole, variando de grandes deusas- blema da eterna juventude na tradição da Ocea
mães protetoras até ferozes defensoras da própria virgindade, tal como Ártemis, nia e quase universalmente da imortalidade — daí
a deusa-caçadora grega dotada de chifres. Castidade, inconstância, volubilidade sua associação com as árvores, como em alguns
ou “fria” indiferença são características associadas à Lua. Diana, a sua personifi túmulos islâmicos, onde o crescente aparece aci
cação clássica mais conhecida, era uma secundária deusa italiana das florestas, ma da Árvore da Vida. Na iconografia oriental, a
posteriormente identificada com Ártemis, que absorvera elementos dos cultos lebre lunar mistura o elixir da imortalidade sob a
lunares gregos de Selene, amante de Endimião, e com Hécate, representando Árvore da Vida (em outros lugares, a Lua cres
a Lua no seu aspecto fúnebre. A “escuridão da Lua” (a sua ausência durante três cente às vezes aparece como uma taça contendo
dias) tornou a Lua um símbolo da passagem da vida para a morte, bem como da esse elixir). Além dos principais símbolos da fer
morte para a vida. Em algumas tradições, a Lua é o caminho para a vida após a tilidade, como a lebre ou o coelho, os animais lu
morte, ou a morada dos mortos reverenciados. Embora seja em geral um sím nares incluem o urso que hiberna, anfíbios co
bolo benevolente, às vezes pode apresentar-se como um olho maligno, uma pre mo o sapo e a rã, outros animais noturnos como
sença enfeitiçadora, pela associação com a morte e com aspectos sinistros da o gato e a raposa - e o caracol, com as antenas
noite. Tanto o deus egípcio Toth quanto a deusa grega Hécate uniam simbolismõ que surgem e desaparecem (os “chifres” na Lua
lunar e oculto. crescente). A lebre ou o coelho e o sapo eram na
Pictoricamente, com freqüência a Lua aparece na iconografia como um cres maioria das vezes identificados com as manchas
cente (com as pontas para a esquerda), um sinal propício para semear as culturas. da Lua (encaradas, alternativamente, como um
O crescente turco, com as pontas para a direita, era o antigo símbolo protetor velho recolhendo gravetos, um aguadeiro ou - na
de Bizâncio, escolhido em honra de Hécate. Unido à estrela de Ishtar (Vénus, África - a lama atirada pelo invejoso Sol). Com
A carta da Lua, de um baralho
no mito romano), posteriormente ele se tornou o símbolo não só da Turquia maior freqüência no mito (e na alquimia), o Sol e
do taro.
como do islã em geral, significando soberania e o poder de Alá, além de cres a Lua formam uma dualidade necessária como
cimento e prosperidade. O crescente com as pontas para cima une os simbolis marido e mulher, irmão e irmã, quente e frio, fogo e água, masculino e femi
mos lunar e da fertilidade do touro ou da vaca. A estreita faixa da lua nova nino - simbolizada particularmente pelo enfeite de cabeça egípcio que apre
simboliza o nascimento casto, como nas representações cristãs da Virgem senta o disco solar enquadrado pelos chifres da Lua. A astrologia enfatizou os
Maria com a lua nova aos pés (Apocalipse 12:1). A lua cheia partilha o sim aspectos passivos da Lua como mera refletora da luz do Sol, daí sua associação
bolismo do círculo como uma imagem de totalidade ou perfeição. E um símbolo com o pensamento conceptual ou racional mais do que com o conhecimento
budista da beleza e da serenidade, e, na China, da família completa. A lua da direto (embora o taoísmo a considerasse a visão do conhecimento espiritual
colheita (uma lua cheia perto do equinócio de setembro) é, por motivos agrí nas trevas da ignorância).
colas, um símbolo de fertilidade, amplamente associado a amor e casamento. A psicologia a relaciona à subjetividade, intuição e emoções - e às alterações
A festa lunar chinesa, celebrada no equinócio de setembro com frutas, boli de humor, que é um simbolismo recorrente. Lua: ver Agua; Alquimia; Ano; Ár
nhos doces e lanternas, também contém simbolismo de fertilidade. A noção de vore; Barco; Bruxaria; Caracol; CASTIDADE; Chifre; Chuva; Círculo;
que a Lua cheia provoca formas de loucura diferentes do amor é de origem Crescente; Desmembramento; Disco; Escuridão; Espelho; Gato; Lebre, Coe
romana (daí “lunático”). Idiotas de nascença podem ser chamados de “aluados” lho; Lontra; Luz; Mãe; Mulher; O OUTRO MUNDO; Olho; PLANETAS;
pela mesma razão, mas também porque a Lua, que preside os sonhos, está liga Prata; Rã; Raposa; Sabá; Sapo; Semana; Sol; Taça; Taro; Touro; Urso; Vaca;
da à fantasia ou à alienação. Virgindade; Zodíaco
As mudanças de forma da Lua determinam grande parte do seu simbolismo e são
vinculadas, por alguns, a mitos e rituais de deuses desmembrados e ressuscitados, Luva - Símbolo da própria mão executiva, portanto em geral empregada como
como o egípcio Osíris. É um símbolo desintegrador, mediador e unificador, em uma garantia de ação na época em que as luvas eram mais usadas, sobretudo
pelas pessoas de condição social mais elevada. O costume de jogar no chão
uma luva como desafio (posteriormente, de bater com ela na face de alguém)
vem de disputas medievais em que se desafiava para um duelo. Réus que
tivessem perdido casos depositavam uma luva dobrada como garantia de que
cumpririam a ordem do tribunal. As luvas também eram usadas pelos cavalei
ros das justas como garantia de amor, e por governantes para conceder direitos
comerciais ou feudos. No ritual de status, remover a luva direita reconhecia a
superioridade de um senhor feudal ou soberano - e mostrava que não havia
ameaça. Luvas brancas (pontifícias) são usadas na Igreja Católica Romana co
mo símbolos de pureza. Luva: ver Branco; Esquerda e Direita; Mão
JH
nas pinturas das cavernas, por exemplo, ou em fj|tda, três dedos abertos - a trindade cristã; levantada, polegar e dois dedos abertos
pinturas cristãs da mão de Deus saindo das IB - voto ou juramento; ambas levantadas (orante) — adoração, receptividade à gra-
nuvens. No islamismo, a mão aberta de Fáti !§ ça celeste, renúncia (agora, de maneira menos humilde, a receptividade de um
ma (filha de Maomé) proclama os cinco prin vencedor ao aplauso); coberta ou oculta - respeito; dobrada - tranqüilidade; pal
cípios fundamentais: fé, oração, peregrinação, mas para cima, pousadas uma sobre a outra — meditação (a palma da mão para
abstinência e caridade. A Mão de Atum era cima significando tanto dar quanto receber); palmas juntas — oração, humildade;
um emblema da fertilidade no Egito, que es sobre o peito — submissão (também uma atitude de sabedoria). O pulso esquer
timulava o sêmen doador de vida original pro do colocado na mão direita era sinal de submissão em partes da África. Colocar
veniente do corpo do deus criador masculino- ambas as mãos nas mãos de outra pessoa é um gesto mais difundido de confian-
feminino. Como o número cinco era associa I ça ou submissão (como nos contratos feudais para servir a um senhor). O aperto
do ao outro mundo no México antigo, a mão de mãos é um símbolo quase universal de amizade, fraternidade, boa acolhida,
com os dedos abertos era um ícone de morte. acordo, congratulação, reconciliação ou, no casamento, amor fiel.
A Mão Vermelha do Ulster tornou-se insígnia Os quiromantes afirmam ser capazes de ler mais sobre o caráter e o destino de
não apenas da província, como ainda da dig- a Mão de Fãtima, de um pingente uma pessoa nas mãos do que no rosto. Na iconografia, um olho na palma da
nidade de baronete (título de nobreza supe- gravado islâmico. mão é símbolo de clarividência ou, no budismo, de sabedoria piedosa. Mão:
rior ao de cavaleiro e inferior ao de barão, ins ver Cinco; Esquerda e Direita; Luva; Mudras; Olho
tituído para levantar fundos para a defesa do Ulster). A crença de que as mãos
dos reis, líderes religiosos ou fazedores de milagres tinham poder benéfico exis Mar - Em muitas tradições, a fonte primeira da vida - amorfo, ilimitado, ine
tia desde tempos imemoriais; daí a sua aplicação para cura ou bênção religiosa, xaurível e cheio de possibilidades. Na mitologia da Mesopotâmia, a vida surgiu
crisma ou ordenação. O uso talismânico das mãos estendeu-se à pavorosa prá da mescla de Apsu, a água doce sobre a qual a terra flutuava, à água salgada,
tica dos ladrões de carregar a mão decepada de um criminoso enforcado para tra personificada pela deusa do caos, Tiamat, que fez nascer todas as coisas e cuja
zer uma abominável boa sorte. À exceção do Japão e da China, onde a mão destruição levou ao mundo organizado. No Gênesis, Deus movimenta-se so
esquerda significa honra, a mão direita é amplamente favorecida; um gover bre a superfície do mar primordial. O deus criador indiano, Vishnu, dorme
nante celta foi deposto depois de perder a mão direita numa batalha. Cristo está numa serpente enroscada sobre o mar.
sentado à mão direita de Deus, que distribui misericórdia com a direita e justiça O mar é uma imagem maternal mais primária mesmo que a terra, mas também
com a esquerda. Na tradição ocidental, a mão direita simbolizava franqueza e ló implica transformação e renascimento. É ainda símbolo de sabedoria infinita e,
gica, enquanto a esquerda significava duplicidade (mágica branca em oposição na psicologia, do inconsciente. Mar: ver Água; Dilúvio; SABEDORIA; Serpente
à negra). De maneira semelhante, a mão direita abençoa, a esquerda amaldiçoa. m
O lado direito é às vezes ampliado, como no Davi (1501), de Michelangelo. JMarfim — Incorruptibilidade, pureza, hierarquia, proteção. O simbolismo
Embora a ligação conceptual entre mão e poder (palavras sinônimas no hebrai- do alheamento arrogante (torre de marfim) deriva provavelmente do elevado
co antigo) seja de imensa importância no simbolismo pictórico, é apenas um as status do marfim em quase todas as culturas antigas, onde era usado para
pecto do simbolismo muito mais amplo e variado dos gestos com as mãos. Estes produzir alguns dos mais bonitos e duráveis de todos os trabalhos de arte.
formam, nos mudras do hinduísmo e do budismo, toda uma linguagem simbó Ao marfim de morsa eram atribuídos poderes de cura no mundo islâmico,
lica que envolve centenas de formas e posições de mão e dedo utilizadas no ritual na índia e na China, onde era considerado útil como antídoto para veneno.
religioso, na dança e no teatro. Gestos manuais de significado bastante difundi Os funcionários públicos graduados chineses usavam pingentes em faixas
dos (mais sinais que símbolos) incluem os seguintes: fechada — ameaça, força ou carregavam tabuinhas de marfim. Sua associação cristã com a pureza e,
agressiva, segredo, poder (o punho fechado do Black Power); aberta e levantada, em particular, com a Virgem Maria, está ligada à sua brancura. Marfim: ver
com a palma da mão para fora - bênção, paz, proteção, a mão do Buda; levanta- Branco; Virgindade
Marrom - Humildade, renúncia, pobreza - provavelmente simbolismo deri ças, expulsar os espíritos remanescentes dos morros ou proporcionar um obje
vado de associações de sobriedade e modéstia com o solo de argila. Daí as ves to de adoração. A sociedade de mascarados iroqueses era de exorcizadores pro
tes marrons das ordens mendicantes cristãs. Mesmo assim, o marrom também fissionais dos demônios da doença, assim caracterizados para simbolizar o fu
foi a cor da suntuosa dinastia Sung da China. Culturalmente, parece haver nesto irmão gêmeo do deus criador. As máscaras ou acondicionamentos do
poucos indícios antigos ou modernos da visão de Freud de que as associações rosto também foram utilizados em cerimônias de iniciação africanas, de índios
com os excrementos constituem o simbolismo predominante do marrom. Mar americanos e da Oceania, para marcar a transição da aparência infantil para a
rom: ver CORES da idade adulta. As máscaras de sepultamento, representando mortos impor
tantes, eram amplamente usadas não apenas para proteger suas faces decadentes,
Martelo - Símbolo de criação-destruição da força masculina, ligado ao po como no caso das máscaras douradas dos micênicos, mas também para garan
der do Sol e dos trovões, com autoridade soberana, deuses da guerra e benéficos tir que suas almas pudessem achar o caminho de volta para seus corpos, um
deuses artesãos. O martelo raramente aparece como símbolo da pura força ponto de preocupação nos ritos funerários egípcios, entre outros.
bruta (embora Eduardo I fosse chamado de “O Martelo dos Escoceses” pelo As máscaras trágicas e cômicas usadas para identificar diferentes personagens
tratamento cruel que lhes dispensava). Até o poderoso martelo de pedra do no antigo teatro grego se desenvolveram a partir do uso de máscaras religiosas
deus nórdico Thor, que ele podia lançar de modo infalível para matar ou abrir para representar os mitos ou simbolizar a presença de divindades, particular-
vales em cadeias de montanhas, podia ser usado como emblema protetor em mente no culto da fertilidade de Dioniso. As máscaras de afugentar demônios,
lápides ou para sugerir a solenidade com que se celebravam contratos ou casa 1 na Ásia (que sobrevivem em danças processionais de dragões e leões), podem,
mentos. Nas mãos do deus grego Hefesto (Vulcano), o martelo era instrumento da mesma forma, ter dado origem às máscaras de uso posterior, com simbolis
de habilidade divina, emblema do vigor criativo que impulsiona o cinzel ou mo de cores estilizadas no teatro nô japonês: vermelhas para a virtude, brancas
que dá forma ao metal. Esse é o significado de seu uso na maçonaria como atri para a corrupção, pretas para a canalhice. A máscara também pode, de maneira
buto do Mestre da Loja, como símbolo da inteligência criativa. O emblema da mais óbvia, simbolizar o ocultamento ou a ilusão. Nas tradições indianas, a más
foice e martelo da Rússia soviética foi, do mesmo modo, escolhido como ima cara é maya - o mundo como uma ilusão projetada pelo indivíduo que não com
gem vigorosa do trabalho produtivo. Na China, o martelo era símbolo do poder preende a maya divina, ou máscara de Deus. Na arte ocidental, a máscara é um
soberano de moldar a sociedade. Lá, como também na índia, sua destrutivida- atributo do Engano personificado, do Vício e da Noite. Máscara: ver ANIMAIS;
de estava ligada à conquista do mal. Também era símbolo de proteção contra Branco; Dragão; Iniciação; Leão; Noite; Preto; Totem; Transformação; Vermelho
o fogo. Ferramenta que faz barulho, era amplamente associada ao trovão e, por
extensão, à fecundidade - à liberação de chuva ou, no nordeste da Europa, à que Mastro Enfeitado - No hemisfério norte, emblema da primavera, da fer
bra do gelo na primavera. No Japão, o martelo aparece como emblema de rique tilidade e renovação solar, ligado a antigos ritos da agricultura e da ressurrei
za (ligado à recuperação do ouro), atributo do deus da prosperidade, Daikoku. ção, bem como ao simbolismo axial da Árvore do Mundo. Na Inglaterra, o
Martelo: ver Chuva; Ferreiro; Trovão simbolismo fálico dos mastros enfeitados e o comportamento libertino em torno
deles no T de maio deixavam os puritanos ofendidos. As fontes pagãs do mastro
Máscara — Transformação, proteção, identificação ou disfarce. O simbolis enfeitado incluíam os ritos de primavera (gregos e romanos) de Átis, consorte
mo primitivo e antigo da máscara é de que ela encarnava uma força sobrena assassinado da mãe da Terra, Cibele. Seu símbolo era um pinheiro descascado,
tural ou mesmo transformava o xamã seu portador no espírito representado enrolado em faixas de lã e em torno do qual se efetuavam danças, para invocar e
pela máscara. As primeiras máscaras animais parecem ter sido usadas para cap celebrar sua ressurreição. O festival romano de Hilária adaptou essa tradição
turar o espírito de um animal caçado e evitar que prejudicasse o usuário. Mais combinada com outros ritos de primavera existentes no mundo celta. Os mas
tarde, as máscaras primitivas tiveram significado totêmico, identificando a tribo tros enfeitados ingleses ressaltavam o simbolismo da fecundidade ao prender
com um determinado espírito ancestral cujo poder podia então ser empregado um disco feminino no poste masculino. Diz-se que os dançarinos que desem
para proteger a tribo, aterrorizar seus inimigos, exorcizar demônios ou doen baraçam as fitas enquanto giram em torno do mastro simbolizam a criação do
cosmo a partir do centro axial (de maneira semelhante aos ritos de Átis, o que Na Grécia, onde o mel também era usado em ritos de iniciação, poetas como
indica uma fonte romana). Mais exaustivas ou angustiantes, as danças circulares Homero e filósofos como Pitágoras tinham a reputação de não se alimentarem
executadas pelos índios das grandes planícies da América do Norte utilizavam de outra coisa.
um mastro central como símbolo de ligação entre a terra e as forças sobrena Além do uso como bálsamo, era amplamente disseminada a crença sobre seus
turais acima dela. Essas danças invocavam o poder do Sol, às vezes oferecendo poderes afrodisíacos e de promoção da fertilidade (o simbolismo erótico talvez
pedaços sacrificiais de carne arrancados do peito dos guerreiros. Mastro Enfei reforçado pelos efeitos de beber hidromel). O jainismo proibiu seus seguido
tado: ver Árvore; Coluna; Dança do Sol; Eixo; Falo; Pinheiro, Pinha; Sacri res de beber mel por esse motivo. Mel: ver Abelha; Hidromel; Iniciação; Leite;
fício; Sol Nirvana; Ouro; Orvalho; Palavra
Meia-Noite - Na tradição chinesa, o começo das 12 horas da ascensão so Melancia - No Sudeste Asiático, a melancia partilha o simbolismo de fecun
lar — momento carregado de poder e que se acredita ser uma hora propícia didade da romã devido ao número de sementes existentes na fruta. Esse é o sig
à concepção, sobretudo no solstício de dezembro. Foi também, nas lendas nificado emblemático de dar sementes aos noivos nos casamentos vietnamitas.
cristãs, a hora do nascimento de Cristo. A independência da índia, ao bater Melancia: ver Romã
a meia-noite, adquiriu significação simbólica porque, na tradição tântrica, era
uma hora de apogeu espiritual, bem como de iniciação. Meia-Noite: ver "MetldíCfO — Imagem de piedade e espiritualidade em muitas tradições orien-
Iniciação; Solstício f tais e indianas, sobretudo no budismo. Na Tailândia, ainda é costume os rapa-
I zes mendigarem o alimento por algum tempo. O mesmo simbolismo está ligado
Meio-Dia — Hora da revelação nas tradições judaica e islâmica e, de maneira às ordens mendicantes cristãs. Lázaro (num banquete) e o asceta Santo Aleixo
mais geral, o momento de confrontação nua. O significado espiritual positivo aparecem na arte como mendigos. Um mendigo segurando uma pedra pesada
do meio-dia vem da ausência de sombras (simbolicamente consideradas preju representa a Pobreza.
diciais) e dos antigos rituais de adoração do Sol no zénite, quando o astro apa
recia com todo seu poder e glória. Meio-Dia: ver Doze; Sol; Sombra JWSenir - Pedra neolítica vertical, muitas vezes erigida próximo a sítios de se-
pultamento europeus e que alguns acreditam simbolizar a força da vida de uma
Me! - Alimento dos deuses e imortais, videntes e poetas — símbolo de pureza, divindade ou herói masculino e comemorá-lo como uma presença duradoura,
inspiração, eloqüência, da palavra divina e das bênçãos dadas por Deus. O mel f a zelar pelos viventes. As primeiras pedras verticais parecem ser indicadores as-
era uma fonte importante de açúcar no mundo antigo e suas propriedades me tronômicos, mas menires posteriores e menores são às vezes entalhados com
dicinais eram valorizadas. Era também a base do hidromel, bebida sagrada em pormenores figurativos que reforçam a idéia de um papel mais simbólico. Menir:
muitas culturas, igualada à ambrosia dos deuses. Suas qualidades celestiais pa ver Falo; Homem; Pedra
reciam ser corroboradas pela cor dourada e pela idéia de que as abelhas co
lhiam o mel ao sorver o orvalho das flores. Assim, a doçura mística celebrada Mercúrio - Fluidez, ligação, transformação, volatilidade e o intelecto - me
por Coleridge nas linhas finais de Kublae Khan (1797-8): “Ele, que se alimentou tal lunar e feminino, associado pelos alquimistas à energia “fria”. Como único
de mel-orvalho,/Bebeu o leite do Paraíso.” A terra bíblica de Canaã, onde fluíam metal líquido comum em temperaturas regulares, o mercúrio foi de grande
o leite e o mel, era uma imagem de abundância, tanto espiritual quanto física. interesse para os alquimistas, sobretudo por amalgamar-se com facilidade
O mel era usado não só como alimento votivo, mas também como fluido de com outros metais — motivo pelo qual era utilizado para extrair o ouro do
unção e purificação em muitas culturas antigas do Oriente Médio e nos ritos minério. Mercúrio (o metal, o planeta e o deus andrógino) tem um simbo
de iniciação do mitraísmo. Os reis eram embalsamados com ele em Esparta, na lismo universal e de extraordinária coerência em mitologia, astrologia e alquimia.
Cítia e no Egito. Na índia, era igualado à bem-aventurança do nirvana e aos pra Por ser entre todos os planetas o mais próximo do Sol, o que mais rápido gira
zeres celestes tanto na China quanto no Ocidente. em torno da estrela e, portanto, de observação mais esquiva, Mercúrio foi
associado ao mensageiro alado dos deuses (Her mais elevada. A pedra ou metal dos meteoritos tinha, portanto, valor sagrado.
mes/Mercúrio). O metal, também conhecido co A Caaba, santuário situado no centro da Grande Mesquita de Meca, contém
mo azougue ou “prata líquida,” era extraído pe um meteorito. Meteorito: ver Caaba; Estrela; Faísca; Ferro
los antigos do cinábrio calcinado e representa
va o segundo estágio da purificação alquí- iVSÍrrtOSa — A certeza da ressurreição - simbolismo religioso baseado na cor so
mica, após a “conjunção” com seu oposto lar dessas flores douradas e na idéia de que sejam uma imitação da vida sensível,
simbólico, o enxofre. Seu selo planetário, com suas pétalas correspondendo aos estímulos e se desdobrando na eternidade
adotado pelos alquimistas, tem pelo me da luz. Mimosa: ver FLORES; Luz; Ouro
nos três mil anos. Na China, o mercúrio
foi associado ao dragão e aos elementos lí IVSifilOiâUro - Monstro fabuloso dos creten
quidos do corpo - sangue, água e sêmen. Corres ses, com cabeça de touro e corpo de homem,
pondia ao elemento iogue na tradição indiana, simbolizando a tirania - e, num sentido psico-1
associado ao fluxo interno de energia espiritual e lógico, a capacidade de destruição do desejo
ao sêmen de Shiva. Mercúrio: ver Agua; Alqui Mercúrio conduzindo o oculto ou reprimido. No mito grego, Pasífae,
mia; Andrógino; Asas; Caduceu; Dragão; Enxo caduceu, de uma gravura esposa do rei Minos, deu à luz o Minotauro
fre; METAIS; PLANETAS; Sangue; Transformação alquímica de 1666. depois de se acasalar com um touro branco -
ato de vingança preparado pelo deus do mar,
Posêidon (Netuno, na mitologia romana), irri
MET# - Energia cósmica capturada em forma sólida - simbolismo
tado por Minos não haver sacrificado o touro
que explica alguns aspectos enigmáticos das antigas atitudes para com
para ele. Minos escondeu o Minotauro num
os metais. A extração, purificação e técnicas de fusão antigas, bem como,
labirinto e o alimentou com tributos regulares
mais ainda, os esforços dos alquimistas para transmutar metais básicos O homem-touro Minotauro, de
de jovens atenienses, até que o herói Teseu o
em ouro, fizeram da metalurgia uma alegoria da experimentação e pu um antigo vaso grego.
surrou até a morte. A cabeça de touro num
rificação espiritual. Os metais, como os seres humanos, eram coisas ter
corpo humano simbolizava a predominância completa do instinto animal. Mi
renas com potencial celeste. Daí o desenvolvimento de uma hierarquia
notauro: ver ANIMAIS MITOLÓGICOS; Centauro; Labirinto; Sacrifício;
cósmica que equiparava os metais aos sete planetas conhecidos. Em or
SETE PECADOS CAPITAIS; Touro
dem ascendente: o chumbo com Saturno; o estanho com Júpiter; o fer
ro com Marte; o cobre com Vénus; o mercúrio com Mercúrio; a prata
Mirra — ver Incenso
com a Lua; e o ouro com o Sol. Na psicologia, os metais representavam
a sensualidade dos seres humanos, transcendida apenas pelo desenvolvi
mento espiritual. Em alguns ritos iniciáticos, os aspirantes se desfaziam
Monólito — ver Menir; Coluna
de suas posses em metais para significar o abandono das impurezas.
METAIS: ver Alquimia; Bronze; Chumbo; Ferro; Iniciação; Mercúrio; ^Montanha - Cume e centro espiritual do mundo, ponto de encontro da ter
ra e do céu, símbolo de transcendência, eternidade, pureza, estabilidade, ascensão,
PLANETAS; Prata; Ouro
i ambição e desafio. A crença de que as divindades habitavam as montanhas, ou
* manifestavam ali sua presença, foi universal em países com picos suficiente
Meteorito - Centelha ou semente divina. No mundo antigo, achava-se qu< mente altos para serem encobertos por nuvens. Tais montanhas foram muitas
os meteoritos eram fragmentos das estrelas que governavam o cosmo — virtual vezes tão temidas quanto veneradas - como na África. Eram associadas a imor
mente, anjos em forma material, a lembrar os homens da existência de uma vidí tais, heróis, profetas santificados e deuses. A Bíblia está repleta de referências a
montanhas sagradas. As revelações de Deus a Moisés no monte Sinai encon «jyloníe - Na tradição egípcia, o estado intermediário da matéria. Segundo a
traram um paralelo no cristianismo, no Sermão da Montanha, de Jesus Cris mitologia da criação do Egito, a primeira forma a surgir do estado primordial
to. Foi no monte Carmelo que Elias triunfou sobre os sacerdotes de Baal, no do caos (Nun) foi um monte que proporcionou local de pouso para o pássaro
monte Horeb que ele ouviu a palavra de Deus e no monte das Oliveiras que Benu, que personificava o deus-sol criador. Os montes também possuem um
Cristo ascendeu ao céu, segundo os Atos dos Apóstolos. Nas lendas medie simbolismo axial, sagrado para os povos de planície, como locais mediadores
vais do Graal, o elixir da vida é guardado num castelo em Montsalvat. Na entre os mundos natural e sobrenatural. Monte: ver Eixo; Garça; Sol
China, a Montanha Centro do Mundo, Kunlun, considerada a nascente do rio
Amarelo, era símbolo de ordem e harmonia, a morada de imortais e do Ser (Viorango - Símbolo do prazer carnal nas pinturas de Bosch, que mostra mo
Supremo. O Fujiyama, quase um emblema do próprio Japão, foi e é um local rangos gigantes crescendo em O Jardim das Delícias (c. 1495). Frutas comidas na
sagrado de peregrinação xintoísta. No México central, o monte Tlaloc era outra vida podem simbolizar o fim de qualquer possibilidade de retornar ao mun-
uma personificação do grande deus da fertilidade e da chuva. No monte Ifrdo dos vivos, como no mito dos nativos canadenses da tentação dos morangos.
Olimpo, os gregos eram submetidos aos caprichos dos seus conflituosos
deuses. As montanhas sagradas podiam ser tanto figuradas quanto reais, como Morcego - Inimigo da luz - daí conside
a montanha Branca celta, a Qaf do islã, com base de esmeralda, ou o monte rado por toda parte como animal de medo
Meru, a Montanha Centro do Mundo indiana no Pólo Norte. Na cosmo e superstição, em geral associado à morte, à
gonia indiana, o monte Mandara é usado como agente principal para revolver noite e, na tradição judaico-cristã, à idolatria
as águas cósmicas. ou ao satanismo. O morcego também pode signifi
A montanha polar é tanto centro quanto eixo do mundo, estendendo-se de seu car loucura, como na apavorante pintura de Goya do sé-
cume como uma grande Arvore do Mundo invertida. O cume poderia ser con J culo XIX, O Sono da Razão. O morcego é uma (
siderado tanto um umbigo quanto um buraco ou ponto de partida da vida ter poderosa divindade do inferno na mitologia Morcego, de um emblema de ouro do
restre. Às vezes, a montanha era oca e continha imortais adormecidos. As mon da América Central e do Brasil, às vezes mos- Peru pré-colombiano. O morcego, em
tanhas emblemáticas eram em geral vistas como constituídas por camadas, que 1J; trado como um devorador, de mandíbula es- algumas partes deste país, era associado
representavam os progressivos estágios da ascensão espiritual (os riscos de esca cancarada, da luz e do próprio Sol. Foi erro- ^ bruxaria.
lar montanhas sem preparação eram bem conhecidos). Os templos com for neamente considerado como tendo visão aguçada (vigilância, clareza) tanto na
mato de montanha expressam a mesma idéia nos grandes zigurates da Meso- África quanto na Grécia clássica. As almas de Flomero tinham asas de morcego.
potâmia ou da América Central, bem como nas estupas e pagodes da Ásia. Na Europa, os morcegos chegaram a ser pregados nas portas para espantar de-
Psicologicamente, galgar a montanha simboliza um grande desafio, as etapas í mônios. Toda essa tradição é invertida na China, onde fu (morcego) é homôni-
em direção ao autoconhecimento. A verticalidade torna a montanha símbolo sl98-
mo de “boa sorte”. Dois morcegos no cartão de visitas constituem uma previsão
masculino, embora a grande mãe Cibele fosse especificamente uma divindade de riqueza, saúde, virtude, longevidade e morte com dignidade. Morcego: ver
da montanha. Na arte, montanhas com picos geminados simbolizam poderes Asas; Demônios; Eclipse; LONGEVIDADE; Luz; MORTE; Noite; Sol
duais. Outros símbolos da montanha incluem o triângulo, a cruz, a coroa, a
estrela e degraus ou escadas de mão. Maomé, segundo se afirma, usou a imu Morte ver quadro na página 230
tabilidade das montanhas como alegoria da necessidade de humildade, ao or
denar ao monte Safa que se movesse. Quando Safa se recusou a se mexer, SBp-ÒSC&g Espanta-ivioscas “ As moscas simbolizam o mal e a pestilên-
Maomé foi até a montanha para agradecer a Deus que ela houvesse ficado no cia. Eram um problema tão grande no mundo antigo que se invocavam divin
lugar onde estava. Montanha: ver Árvore; Branco; Buraco; Castelo; Caverna; dades para lidar com elas, incluindo Zeus, sob o título Apomyios (“o que im-
Centro; Coroa; CRUZ; Degrau, Escada; Eixo; Esmeralda; Estrela; Estupa; Graal; I pede a mosca”). As moscas eram equiparadas aos demônios e tornaram-se um
Nuvem; Pagode; Pirâmide; Triângulo; Zigurate f: símbolo cristão da corrupção moral e física.
espanca-moscas e símbolo de autoridade na Aírica (pnde provavelmente
ÜORTE — As personificações da Morte como tá relacionado ao mangual de julgamento egípcio), China e índia. Mosca, Es-
algo de absoluto é deliberadamente alarmante. panta-Moscas: ver Chicote, Mangual; Demônios
O simbolismo religioso modifica a imagem
de fim, sugerindo que a morte é um estágio Mudras — Extenso sistema de gestos sutis e simbólicos das mãos, usado na ico-
necessário que resulta na liberação para a Ü nografia hinduísta e budista, na dança religiosa ritual e também, com adaptações,
imortalidade. O simbolismo do medo e espe na dança e no teatro em geral, em grande parte da Ásia. Mudras: ver Dança; Mão
rança algumas vezes aparece lado a lado em
combinação desconfortável. Na arte, a fi SRfluia - ver Asno
gura mais familiar da morte é o cavaleiro
de esqueleto, de manto e capuz, brandindo i lWilIher - Receptora, carregadora, animadora, protetora e nutridora da vida.
impiedosamente uma foice, tridente, espada "t Esse antigo simbolismo domina a representação da mulher na arte, mitologia
ou arco e flecha. Ele segura uma ampulheta Í e religião em todas as tradições antigas e se reflete nos emblemas associados a
significando a medida do período de vida. H elas. Esses emblemas incluem símbolos do útero, como a caverna, o poço ou a
Os deuses do Reino dos Mortos que domi ji fonte; recipientes como o vaso, a jarra, a taça, a urna, a bainha, a cesta, o bar-
navam a morte usavam esses auxiliares impla H co e o crescente lunar em forma de barco; cavidades como o sulco ou o vale;
cáveis para despachar-lhes as almas, embora os símbolos da fecundidade, como as árvores e as frutas; imagens especifica-
não fossem eles próprios necessariamente U mente sexuais, como a concha, o losango ou o triângulo invertido. As qualida-
símbolos de amedrontamento. Os druidas en > des associadas à mulher com maior freqüência no simbolismo tradicional são
sinavam que o deus da morte (Donn, na | a alma, a intuição, a emoção e a inconstância emocional, a passividade e a in
Esqueleto de morto:
Irlanda) era a fonte de toda a vida. Outros consciência, o amor e a pureza. Na arte, a mulher personifica a maioria dos ví-
estatueta xamanista dos
símbolos da morte incluem o esqueleto, a cios e virtudes. Elas também são fortemente identificadas com as artes mágicas,
nativos americanos.
caveira, o túmulo ou uma figura de manto em especial a adivinhação e a profecia. Mulher: ver os verbetes individuais
negro com uma espada, tal como o deus grego Tânatos (o preto está
associado à morte na tradição ocidental; o branco, na oriental). A gJWy ro - Além de sua função óbvia de proteção, símbolo de separação. O Muro
Morte também podia aparecer como um tocador de tambor ou dan / das Lamentações em Jerusalém é consagrado pelos judeus como uma relíquia
çarino. Os símbolos suaves eram uma mulher velada ou um Anjo da do Templo de Herodes, mas também como símbolo da Diáspora e daqueles
Morte, como o Israfil islâmico. Barcos ou barcaças da Morte simbo | que permanecem separados de Israel.
lizavam a jornada para o mundo do além. As flores da Morte incluem
a papoula e o asfódelo. O cipreste e o salgueiro-chorão estão entre as Jfflurta - Amor sensual, felicidade conjugal, longevidade e harmonia. Talvez
árvores associadas. Muitos outros símbolos têm fortes ligações com as devido às suas bagas roxas, esse perfumado arbusto sempre verde, de cresci-
noções de vida após a morte, incluindo a grinalda — símbolo de re | mento espontâneo no Mediterrâneo e às vezes usado para coroas de vence
compensa no paraíso. MORTE: ver Ampulheta; Arco (arma); Asfó dores, foi amplamente associado às deusas do amor, sobretudo à grega
delo; Branco; Cavalo; Caveira; Cipreste; Coroa de Flores, Grinalda; | Afrodite (Vénus, no mito romano), e a rituais que cercavam o casamento e
Dança; Esqueleto; Espada; Flecha; Foice, Gadanha; Manto; Navio; 1 o parto. A murta era reverenciada pela seita dos mandeus como um símbo
O OUTRO MUNDO; Papoula; Preto; Salgueiro; Serpente; Tambor; lo da vida. Era um emblema chinês do sucesso. Acreditava-se que os estali
Tridente; Véu dos das suas folhas indicavam se a pessoa amada seria fiel. Murta: ver Coroa
de Flores, Grinalda; VITÓRIA
S¥ltJ§Â$ — Deusas protetoras da poesia épica
(Calíope), poesia lírica (Érato), história (Clio),
música (Euterpe), tragédia (Melpômene), pan
tomima (Polímnia), comédia (Talia), dança
(Terpsícore) e astronomia (Urânia). Seu simbo
lismo baseava-se na associação entre as fontes
ou nascentes e a inspiração. Daí a sua origem
como ninfas gregas dos rios dos montes, as fi
lhas de Zeus e de seu adultério com Mnemó-
Melpômene e Calíope ladeando
sine. Na arte, elas aparecem como companhei
ras de Apoio ou sozinhas, com uma multiplici
Virgílio, num mosaico. 1181 S SI
dade de atributos, inclusive livros, rolos de pergaminhos, tabuinhas de mar
fim, flautas, violas, pandeiros, trombetas, liras, harpas, trompas, diademas,
coroas de louro, máscaras ou, no caso de Melpômene, uma espada ou pu
nhal. MUSAS: ver Coroa; Coroa de Flores, Grinalda; Espada; Fonte; Harpa; mfò $ ssfp.-í -jm ?
Lira; Livro; Louro; Máscara; Música; Nascente (água); Pandeiro; Rolo de
Pergaminho; Tábua, Trombeta
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Naja - Além do simbolismo geral de serpente, a naja ere
ta e encapuzada tem significado sagrado específico na
| iconografia da índia e do Egito. No Egito, uma na
ja fêmea com o capuz erguido é o Ureus, o bri
lhante olho do deus-sol Rá, usado na cobertu-
I ra de cabeça de reis e deuses e também esculpi
do em templos, como emblema do poder de
dar e tirar a vida. O cajado de Aarão, que se
: transformou numa serpente para impressionar
o faraó no Livro do Êxodo (7:8 12), pode de fa-
| to ter sido o corpo rígido de uma naja. Há me-
| nos dúvida de que o instrumento de suicídio
: escolhido por Cleópatra era uma pequena naja
áspide. A grande naja da índia é a Naga mági-
, i-^i Naja enroscada em torno do Sol, de
ca da mitologia indiana, guardia de tesouro,
um desenho folclórico indiano.
i correspondendo também a Shesha ou Ananta,
a serpente cósmica na qual Vishnu descansa entre eras de criação. No budismo,
a naja é o poder dominado do instinto. No Camboja, a miraculosa Naga de se
te cabeças é símbolo do arco-íris, representando a passagem da terra ao céu. Naja:
ver ANIMAIS MITOLÓGICOS; Arco-Íris; Bastão; Serpente; Sol
Nascente (água) — Pureza e fertilidade - fonte de sabedoria espiritual, Nicho - Na arquitetura cristã, islâmica e indiana, caverna simbólica formada
salvação ou cura. Na mitologia, folclore e religião, as fontes são locais mágicos por um plano horizontal (terra) debaixo de um arco (céu) - o local de residên
ou espiritualmente significativos, idéia baseada, por um lado, no simbolismo ge cia de Deus. Uma lâmpada ou vela num nicho significa a divina presença ou
ral da água e, por outro, na fonte como origem da água pura. Palavra. Nicho: ver Caverna; Lâmpada, Lanterna; Palavra; Vela
Nos cultos pagãos, as fontes eram associadas à sabedoria ou dádivas de espíri
tos benevolentes do mundo subterrâneo. As propriedades de cura das fontes Nimbo - Fulgurância enevoada que envolve a cabeça ou a figura, simbolizan
minerais podem ter contribuído para o simbolismo curativo das fontes em do a energia divina, santidade ou poder. As formas estilizadas de fulgurância
geral. Uma fonte que fluía da Árvore da Vida alimentava os quatro rios do pa usadas na iconografia cristã incluem o halo arqueado ou circular, a auréola
raíso — símbolo cristão da salvação. Nascente (água): ver Água; Árvore; Fonte; raiada e mandorla em forma de amêndoa. Outras convenções eram o uso de
Poço; SABEDORIA um nimbo triangular para Deus ou a Trindade, cruciforme para Cristo, qua
drado para uma pessoa viva e hexágono para figuras alegóricas. As personifica
WâWÍ0 - Símbolo de segurança, representando um útero ou berço feminino ções pagãs dos deuses do Sol às vezes eram envolvidas por um nimbo que, na
(ou lunar). Também símbolo de busca e passagem para outros estados do ser. arte oriental, poderia simbolizar tanto poder quanto divindade. Nas pinturas,
No mundo antigo, os navios em geral simbolizavam a viagem dos corpos ce o nimbo é em geral dourado na arte cristã, vermelho na indiana e azul para os
deuses clássicos do céu. Nimbo: ver Amêndoa; Auréola; Azul; Círculo; Halo; flogueira - Como outras árvores de nozes, fertilidade e sabedoria ou profe
Mandorla; Ouro; Raio; Sol; Triângulo; Trindade; Vermelho cia - o conhecimento escondido dentro da casca externa dura. As nozes eram
alimento tradicional no solstício de dezembro e emblemas da fertilidade nos
m rwana - Símbolo de transcendência no pensamento hinduísta e budista - casamentos romanos. Na China, eram associadas ao namoro. Nogueira: Ár
estado no qual o indivíduo é finalmente liberado da reencamaçao cíclica, ex vore; Solstício
tinto como “eu” mas absorvido na realidade última. Esse estado de bem-aven
turança do ser indiferenciado ou pura iluminação situa-se além da descrição ttogueira-do-japão - Árvore sagrada na China, plantada perto dos tem
objetiva. Sua claridade foi comparada no budismo ao brilho da lua cheia reve plos como símbolo da imortalidade - bastante apropriado devido à história ex
lado pelas nuvens que partem. Nirvana: ver Carma; Roda; Transformação traordinariamente longa dessa espécie e à durabilidade das árvores individuais.
A nogueira-do-japão está particularmente associada a esse país, onde é emblema
MÓ - Os nós apertados são símbolos de união, fixação ou bloqueio, enquan de lealdade - na lenda, às vezes disposta a morrer por seu dono. Como se dizia
to os mostrados como um padrão frouxo e entretecido representam infinida que a nogueira-do-japão ajudava a manter o fluxo do leite materno, era tam
de ou longevidade (uma linha sem começo nem fim). Por incorporar idéias bém considerada árvore da sorte das mães em fase de amamentação. Nogueira-
de atar e desatar, capturar e soltar, o simbolismo do nó é muito complexo. do-japão: ver Árvore; Leite; Templo
Curiosas superstições de pescadores do norte da Europa e da Escócia atribuem
significado mágico aos nós dados em lenços ou cordões, que, segundo acredi JfNoite - A noite é personificada na arte ocidental por uma figura maternal com
tam, influenciam os ventos e as condições meteorológicas. A proibição roma uma criança branca (sono) e uma negra (morte), uma imagem que transmite o
na de usar trajes com nós no templo de Juno Lucina, deusa do parto, reflete simbolismo ambivalente da noite. A exemplo da escuridão, está associada ao me-
uma crença semelhante de simpatia — os nós a representarem bloqueio num do primevo do desconhecido, da ocultação, do mal e dos Poderes da Escuridão,
contexto em que a liberação é essencial. “Atar o nó”, na Inglaterra vitoriana si
nônimo de casamento, constituía um motivo popular em pinturas do deus ro
mano do amor, Cupido. A união é também o simbolismo do cordão com nó
■ bruxaria e espíritos que assombram, desespero, loucura e morte - mas também
com germinação, passividade, o princípio feminino, sexualidade, descanso, paz,
sono, sonhos e renovação. O simbolismo positivo da “noite silenciosa, noite sa
usado pelos brâmanes para vinculá-los a Brahma, do mesmo modo que o cor grada” é tão universal quanto o negativismo da “noite escura das almas”. A noite
dão de três nós dos frades franciscanos os liga a seus votos de pobreza, celiba era geralmente representada como uma figura calma com asas dobradas, embora
to e obediência. a Nyx grega, que usava um manto de estrelas e andava numa carruagem puxada
Por outro lado, o nó tinha com freqüência simbolismo de proteção, prova por cavalos negros, fosse associada ao destino inflexível. Seus filhos incluíam não
velmente com base na idéia da frustração. Assim, no islã, davam-se nós nas só Thanatos (morte) e Hipnos (sono), mas também as Parcas. Nas ilustrações do
barbas para afastar demônios, enquanto na presença do bem eles eram Renascimento, a Noite e o Dia são retratados como dois ratos, um preto e um
proibidos — como na mesquita de Meca. O nó górdio exemplificava o prin branco, que roem o tempo, simbolizando a falta de piedade. Os símbolos associa
cípio da frustração. Ao cortá-lo, Alexandre, o Grande, encontrou uma so dos são a lua crescente, as estrelas, as criaturas noturnas (em especial a coruja), as
lução de curto prazo, mas nunca completou a conquista da Ásia prevista papoulas e as máscaras. Noite: ver Boi; Bruxaria; Carruagem, Biga; Coruja; Cres
para o homem que conseguisse desatá-lo. A lição moral que o budismo re cente; Escuridão; Mãe; Máscara; MORTE; Papoula; PAZ; Rato
tirou desse famoso incidente foi de que é a paciência, não a violência, que
desembaraça os nós, em especial os que prendem a humanidade ao círculo Morte - ver PONTOS CARDEAIS
da existência material. O padrão de nó de tecedura aberta é um dos oito
emblemas de boa sorte do budismo chinês. Padrões ornamentais semelhantes iNov© — Como a tríade tripla, número extremamente poderoso na maioria das
a representar continuidade aparecem nas artes indiana e celta. Nó: ver Gri tradições, sobretudo na China, no budismo e no mundo celta. O número chi
lhões; LONGEVIDADE nês mais auspicioso e o número yang mais potente, era a base da maior parte
do cerimonial taoísta e da divisão ritual na arquitetura e na propriedade. No
misticismo, representava a síntese tripla da mente, corpo e espírito, ou do mun Nü MEROS — Ordem divina, as chaves crípticas da harmonia cósmica.
do subterrâneo, terra e céu. Os matemáticos antigos ficavam impressionados Os maiores filósofos matemáticos da Babilônia e Grécia antigas e, depois,
pelo modo com que a multiplicação por nove produzia sempre dígitos cuja soma da índia, acreditavam que os números poderiam revelar os princípios da
resultava em nove. O nove era símbolo hebreu da verdade e cristão da ordem criação e as leis de espaço e tempo. Na interação dos números ímpares
dentro da ordem - daí, talvez, a organização dos anjos em nove coros. Havia e pares, o filósofo grego Pitágoras (c. 580-500 a.C.) via os trabalhos de
nove céus ou esferas celestiais em muitas tradições e, na América Central, nove um universo dualista de opostos — com limites e ilimitado, reto e cur
infernos. Geralmente associado à coragem ou à resistência masculina, o nove era vo, quadrado e oblongo. “Todas as coisas são números”, dizia ele. No
um número básico nos rituais xamanistas do norte e do centro da Ásia. Os no hinduísmo, os números eram a base do universo material. Já os astecas
ve dias e noites nos quais o deus nórdico Odin (Wodan, na tradição teutôni- designavam, para cada número fundamental, um deus, uma qualidade,
ca) pendurou-se na Árvore do Mundo Yggdrasil simbolizaram o período ritual uma direção e uma cor. Como os números eram usados por deuses pa
necessário para sua ressurreição ou rejuvenescimento mágicos. Nove: ver Anjos; ra regular o mundo, acreditava-se que eles tinham um significado sim
NÚMEROS; O OUTRO MUNDO; Três; VIRTUDES bólico particular. Os números eram considerados fundamentais na mú
sica, poesia, arquitetura e arte.
Nudez - Inocência, liberdade, vulnerabilidade, verdade e, nas idealizações da Os cabalistas judeus atribuíam valores numéricos às letras do alfabe
arte grega, a própria divindade. Embora a nudez também possa simbolizar car- to hebraico e usavam o sistema para reinterpretar o Antigo Testamento,
nalidade, vergonha ou perversão - como nas figuras nuas e amontoadas na re numa técnica precursora da numerologia. A superstição nos números
presentação do inferno de uma pintura de Bosch (c. 1490) - o corpo humano geralmente baseia-se em seu simbolismo tradicional (sete sagrado, 13
sem adornos era, na maioria das tradições, símbolo da sinceridade, simplicida de má sorte). A seqüência 1, 2, 3 representava, quase universalmente,
de e pureza do recém-nascido. Daí o despir dos iniciados e às vezes dos sacer unidade, dualidade e síntese. Em termos pitagóricos, 1, 2, 3, 4 sim
dotes em alguns ritos religiosos antigos. bolizava o fluxo do ponto para a linha, daí para a superfície e então
A descrição bíblica de Adão e Eva como despidos antes do Pecado Original asso para o sólido. Na Grécia, os números ímpares eram masculinos e ati
ciava a nudez com o estado primário de inocência. Os ascetas às vezes ficavam nus vos, os pares femininos e passivos. Na China, os números ímpares
por essa razão. A seita cristã de camponeses russos do século XVIII dos dukho- eram yang, celestes, imutáveis e auspiciosos; os pares eram yin, ter
bors (“lutadores do espírito”) - cujos membros depois emigraram em sua restres, mutáveis e às vezes menos auspiciosos. Os números com sig
maioria para o Canadá - usava a nudez como protesto simbólico contra o mate nificado arquetípico iam de um a dez (ou de um a 12 nos sistemas
rialismo e a autoridade da Igreja e do Estado. Na arte medieval, bruxas nuas sim duodecimais). Os números maiores em que importantes arquétipos
bolizavam as tentações carnais de Satã, mas os modernos grupos de bruxas usam reaparecem (17 na tradição islâmica; 40 no mundo semítico) em geral
o termo “vestidas de céu” (nuas) para sugerir sua abertura às forças sobrenaturais. reforçam seu simbolismo.
Do mesmo modo, os ascetas indianos nus estão “vestidos de ar”. Em muitas tradições, o 13 era considerado de má sorte, possivelmente
Nas civilizações em que era desaprovada, como na China, a nudez simboliza porque os calendários lunares antigos precisavam intercalar um 13° “mês”,
va o primitivo ou a pobreza, como para os romanos. Nudez: ver Bruxaria; Céu; considerado desfavorável; os conselhos para que não se semeie no dia 13
Iniciação; LIBERDADE de qualquer mês remonta, pelo menos, a Hesíodo (século VIII a.C.);
Satã era a “13a figura” nos ritos das bruxas. No taro, a Morte é a 13a
NUMEROS — ver quadro nas páginas 241 e 242 carta do Arcanos Maiores. Na América Central, o 13 era sagrado (sema
nas de 13 dias no calendário religioso). Os cinco dias “restantes” do ca-
Muvens - Fecundidade, das forças da natureza e espiritual. Afora seu simbo
lismo óbvio de fertilidade como precursoras da chuva, as nuvens também re-
lendário solar maia de 20 meses eram de azar. Vinte era um número sa
grado na América Central, associado ao deus-sol. O número 21 era as
sociado à sabedoria na tradição hebraica. Quinze, ano do jubileu, era
abençoado na tradição judaica, pois seguia 49 anos (o sagrado 7 x 7), e
era quando os débitos deviam ser perdoados, os escravos libertados e as
propriedades devolvidas. A Shavuot, Festa das Semanas (no 50° dia
pentecostal), está igualmente associada ao sete porque se segue ao fim
da sétima semana depois da Páscoa judaica. Sessenta era usado como a
base do calendário chinês. Setenta, o período de vida bíblico, represen
tava totalidade ou universalidade. Para muitos, dez mil simbolizava os
números infinitos ou o tempo infinito (como na China). Os gregos cha
mavam de “Imortais” os dez mil guerreiros de elite da Pérsia. NUME
ROS: ver Cinco; Demônios; Dez; Doze; Escuridão; Lua; Luz; Música;
Nove; Oito; Onze; Quarenta; Quatro; Seis; Sete; Sol; Três; Um; Yin-
Yang; Zero
lidade, o número oito representava os quatro pontos cardeais juntamente com O oculto terceiro olho, às ve
seus quatro pontos intermediários. As rodas iconográficas celtas e indianas, en zes chamado o “olho do cora
tre outras, tinham em geral oito braços - como Vishnu na arte indiana. As pias ção”, simboliza o olho da per
batismais octogonais também incorporam o simbolismo de renovação ou re cepção espiritual, associado ao
começo devido ao fato de que o oito se segue ao número simbólico “completo”, poder de Shiva e ao elemento
sete, e dá início a um novo ciclo. Oito era um número de sorte na China, on sintetizador do fogo, no hin-
de havia oito Imortais taoístas, e também no xintoísmo japonês. O lótus cos duísmo, com a visão interna
tuma ser mostrado com oito pétalas - o número de chacras e de símbolos bu no budismo, e com a clarivi
distas de bom augúrio. Oito anjos sustentam o trono de Alá. dência sobre-humana no islã.
A forma do atual numeral arábico “8” foi equiparada à do caduceu, e oito é o Embora representado na testa
número do deus grego Hermes (Thot, na mitologia egípcia) na magia hermé de Shiva, é um olho interno.
tica. A Estrela de Belém é mostrada com freqüência com oito pontas. O octo- Sua antítese é o “olho do mal”, O uedjat, ou olho de Hórus, o deus egípcio do céu, de
grama, formado pelo desenho de bissetrizes entre cada ponto e seu ponto um amuleto antigo. Muitos desses “olhos”foram desen-
que, no pensamento islâmico,
cavados de túmulos egípcios.
oposto, dentro de uma estrela de oito pontas, era um antigo símbolo da deu é um símbolo da força destru
sa romana Vénus, símbolo nórdico de proteção e signo gnóstico da criação. tiva da inveja. A górgona Medusa, cujo olhar fixo podia transformar homens
Oito: ver Anjos; Batismo; Chacra; Círculo; Estrela; Lótus; Octógono; Qua em pedra, era um símbolo grego antigo do mau olhado. Perseu usou um espe
drado; Quatro; Roda lho para acertar o golpe que a matou, e o talismã de olho (ainda pendurado
em cima das portas na Turquia) serve para uma função dobrada similar. Na
Óie© - Graça espiritual, iluminação e bênção - associações tradicionais no Europa medieval, a ferradura era considerada de eficácia particular contra o
Oriente Médio, onde o azeite de oliveira era usado para iluminação e nutrição, mau-olhado da bruxaria ou do próprio Satã, às vezes representado com um
e também como bálsamo medicinal. A unção dos reis simbolizava sua consagra olho deslocado em seu corpo. Múltiplos olhos também podem ter simbolismo
ção como governantes com autoridade divina. Em muitas partes do mundo, o positivo, representando vigilância e a luz das estrelas no céu noturno. O pavão
óleo tinha simbolismo de proteção e fertilidade. Oleo: ver Oliveira; Unção atributo de Amitaba, o meditativo tibetano Buda da Luz Infinita, tinha este
simbolismo (através de sua plumagem de múltiplos olhos). Os olhos de alguns
Olho - Visualmente o símbolo mais constrangedor baseado no corpo huma outros animais tinham significado clarividente. Daí o costume parse de levar
no, geralmente usado para representar a onisciência dos deuses do Sol e, no um cão a um leito de morte para que o moribundo possa ver o outro mundo
início da cristandade, Deus, o Pai (um único olho), ou a Trindade (um olho em seus olhos, e a crença dos xamãs astecas de que eles poderiam ler os misté
dentro de um triângulo). O uedjat egípcio, um olho pintado com uma linha rios do mundo espiritual nos olhos do jaguar. Olho: ver Amuleto; ANIMAIS
espiralada embaixo (tirado das marcas faciais de alguns gaviões), é o emble MI LOLÓGICOS; Bruxaria; Cão; Coração; Demônios; Estrela; Falcão, Ga
ma do deus-falcão do céu, Hórus, e é um símbolo não só do seu poder de vião; Ferradura; Fogo, Chama; Jaguar; Lua; Mão; O OUTRO MUNDO; Pavão;
tudo ver, mas da totalidade cósmica. No simbolismo ocidental, o olho direi SETE PECADOS CAPITAIS; Sol; Trindade; VIGILÂNCIA
to é ativo e solar; o esquerdo passivo e lunar (um sistema reverso na tradição
oriental). A mitologia egípcia dizia que o olho da lua de Hórus tinha sido Oliveira - Árvore abençoada nas tradições judaico-cristã, clássica e islâmica,
restaurado depois de sua destruição na batalha com Seth, uma história que famosa por sua associação com a paz, mas também com a vitória, alegria,
contribui para a popularidade do uedjat como uma ornamentação protetora abundância, pureza, imortalidade e virgindade. Com um tipo de plantação an
nos amuletos. Os olhos também eram pintados ou esculpidos dos túmulos tiga, importante e excepcionalmente durável no mundo mediterrâneo, a oli
egípcios para assistir à morte. Olhos alados na iconografia egípcia represen veira era consagrada na Grécia à deusa guerreira Atena (Minerva, na mitologia
tam norte e sul. romana), que, dizia-se, teria inventado a árvore para a cidade de Atenas, ven-
cendo uma disputa com Posêidon e tornando-se padroeira da cidade. A árvo Onze - Associado por Santo Agostinho ao pecado, pela razão um tanto sofis
re também era associada a Zeus, Apoio, Hera e Cibele. ticada de que sugere excesso - sendo uma unidade a mais que 10, o número
As noivas usavam ou carregavam folhas de oliveira (que significavam virgindade), perfeito -, o número 1 1 era um número também ligado ao perigo, conflito
e os vitoriosos nos Jogos Olímpicos eram coroados com ramos dessa árvore. O ou rebelião. Era às vezes conhecido na Europa como a “dúzia do Demônio”.
simbolismo de paz da oliveira tornou-se dominante sob a Pax Romana, quan Já os xamãs africanos usavam o 11 como número propício à fecundidade. Ser
do os emissários de povos desejosos de submeter-se ao poder imperial apresen salvo na “décima primeira hora” alude à parábola de Cristo sobre os trabalha
tavam seus ramos. Para os estudiosos do simbolismo judaico-cristão, o galho dores que receberam o pagamento de um dia mesmo tendo sido contratados
de oliveira levado a Noé pela pomba (que de início não significava nada mais na última hora do dia de trabalho. Onze: ver Dez; NÚMEROS
que o vigor da árvore) adquiriu depois o significado emblemático romano de
sinal de paz entre Deus e a humanidade. A oliveira é atributo da Paz, Concór O OUTRO W1UNDO - ver quadro nas páginas 250 e 251
dia e Sabedoria na arte ocidental.
Na tradição islâmica é uma Arvore da Vida, associada ao Profeta e também a ; Orbe - ver Globo, Orbe
Abraão - uma das duas árvores proibidas do paraíso. No Japão, é emblema de
amizade e sucesso; na China, de serenidade. Oliveira: ver Arvore; Coroa de Flo I Orelha - Conexão simbólica entre audição e inseminação, aparece tanto em
res, Grinalda; Óleo; PAZ; Pomba; SABEDORIA; Unção algumas tradições africanas, nas quais tinha conotações sexuais, quanto, de
maneira ainda mais curiosa, na noção cristã antiga de que Cristo foi concebi
Om (Aum) - Sílaba sagrada indiana que representa o do pelo Espírito Santo ao entrar na orelha da Virgem Maria; daí a pomba na
som primordial que criou o mundo da existência — a orelha de Maria em algumas cenas da Anunciação. Lóbulos de orelha grandes
Palavra divina ou o mantra dos mantras. Seus três elementos significavam sabedoria ou status na China, índia e no império inca do Peru.
fonéticos (a-u-mm) simbolizam a tríade fundamental, Brah- Orelha: ver Pomba; Virgindade
ma, Vishnu e Shiva, como princípios criador,
tentador e destruidor no ciclo do ser. Om (Aum): Orgia - Símbolo do caos primevo e da supremacia do instinto e da paixão co
ver Mantra; Palavra; Tríade mo forças criadoras elementares. Além dos cultos orgíacos específicos, muitas
culturas antigas institucionalizavam períodos de licença nos quais as normas
Õnfalo - Zona ou objeto sagrado que simboliza sociais eram rejeitadas ou revertidas. Na Babilônia, 12 dias de anarquia repre
o umbigo cósmico ou centro da criação - foco sentavam uma contenda mítica contra a deusa do caos para estabelecer a or
das forças espirituais e físicas e ligação entre o dem cósmica.
Sinal de Om: o som é usado nas As saturnais romanas eram igualmente um carnaval de 12 dias autorizado no
mundo subterrâneo, a terra e o céu. O ônfalo de
práticas de meditação hindus.
Delfos — uma pedra branca em pé com um rendi solstício de dezembro para celebrar o renascimento do deus da vegetação. O
lhado esculpido - era consagrado a Apoio e pode originalmente ter sido foco simbolismo da orgia religiosa, como nos ritos pagãos frenéticos do deus grego
de adoração da Mãe Terra e adivinhação. Num mito, Réia (a terra) embrulhou Dioniso, era o aniquilamento da diferença entre o estado humano - limitado
a pedra em tecido de cueiro e, no lugar de seu filho recém-nascido Zeus, deu-a pelo tempo, moralidade, convenção social ou energia física - e o estado de di
a seu marido Cronos, que devorava seus filhos no nascimento. vindade - eterno, ilimitado e sempre energizado. Orgia: ver Carnaval; Solstí
O símbolo do ônfalo variava de pedras de formato fálico ou ovóide com enta cio; Vinho
lhes em forma serpentina, a simbolizar as forças geradoras, a árvores sagradas
ou montanhas. Os buracos nos discos de jade sagrados chineses têm até certo Orientação - A orientação das mesquitas, templos e igrejas na direção leste
ponto significado similar. Ônfalo: ver Buraco; Centro; Eixo; Falo; Linga; Mãe; está associada quase universalmente ao simbolismo da luz como iluminação di
Pedra; Umbigo vina. Em muitas igrejas cristãs, a janela oriental estava alinhada precisamente
O OUTRO IWIUNDQ - Tema que embora o cristianismo medieval apreciasse o conceito do fogo eterno.
deu origem a alguns dos sistemas de O tipo de paraíso retratado pelos artistas em geral só representava um es
símbolos mais ricos. Os Livros dos tágio de transição para algo inefável, simbolizado pela pura luz. O céu era
Mortos egípcio e tibetano estabelecem construído numa série de camadas ou esferas (daí o Sétimo Céu islâmico,
regras precisas de como se comportar no qual Maomé alcançou o Trono de Alá). De cidades ou jardins celestiais,
durante e após a morte, e os textos es- a alma reta ascendia em direção a uma bênção abstrata, a contemplação
catológicos chineses, japoneses, da do esplendor de Deus. O OUTRO MUNDO: ver Alma; Anjos; Asfóde-
América Central, budistas, muçulma lo; Balança; Branco; Cão; Carma; Céu; Coração; Cremação; Demônios;
nos, hinduístas e cristãos também pro Domo; Esfera; Estupa; Fogo, Chama; ilha; Jardim; Jornada; Luz; Mar;
porcionam orientação, mas de maneira MORTE; Nirvana; Ossos; Pena; Ponte; PONTOS CARDEAIS; Preto;
menos elaborada. Nas tradições pri Purgatório; Querubim; Rio, Regato; Serafim; Sete; Estupa; Transforma
mitivas, o outro mundo não tem jul Figuras egípcias escoltam urça alma ção; Trombeta; Trono (assento); Vácuo; Vermelho; Véu
gamentos — é uma versão mais feliz do para o outro mundo. ■ ■ . .■ M ■ ■ ■-
mundo como o conhecemos. Em ou
tros mundos eticamente distintos, o simbolismo de bênção ou desgraça com o leste para permitir que o sol nascente atingisse o altar. Essa janela pode
é de uma consistência notável: o paraíso está acima do arco do céu (sim ria também estar voltada para a direção do sol nascente no dia do santo a quem
bolizado na arquitetura pelo domo e pela estupa), cintilando de luz e a igreja era dedicada. Os devotos islâmicos voltam-se para o leste para significar
com música harmoniosa; o inferno situa-se embaixo — escuro, desolado, que seus espíritos estão voltados para a fonte divina. Orientação: ver Luz;
fumarento, pútrido e doloroso. A punição é um tema comum, simboli PONTOS CARDEAIS; Sol; Templo
zado pela pesagem das almas. As balanças foram usadas por São Miguel
para pesar as ações boas e más, e também na Sala de Julgamento egípcia, Orquídea — Símbolo chinês de fecundidade e encantamento contra a esteri
onde corações, simbolizando a consciência, eram pesados contra a plu lidade, mas também emblema da beleza, erudição, refinamento e amizade. Nas
ma da verdade da Deusa Ma’at. O julgamento dos budistas tibetanos pinturas chinesas, orquídeas num vaso simbolizam concórdia. Orquídea: ver
era feito com seixos pretos e brancos; o dos budistas japoneses com re FLORES; Vaso
ferência às cabeças decepadas vermelhas e brancas. Outros julgamentos
envolviam jornadas perigosas - talvez transpor uma ponte, estreita e es Orvalho — Pureza, iluminação espiritual, rejuvenescimento — o néctar dos
corregadia para os pecadores, larga para os virtuosos. O outro mundo imortais. O orvalho é o emblema budista da evanescência - símbolo também
era com freqüência alcançado pelo cruzamento de um rio, como o gre usado nas pinturas ocidentais. De maneira mais ampla, associações com o
go Estige, com seu barqueiro sinistro, Caronte. Ou poderia envolver amanhecer e com o céu fizeram do orvalho a mais pura das águas, metáfora
uma jornada marítima, como nas tradições oceânicas e aborígines. Às para a palavra divina no hinduísmo e para o Espírito Santo no cristianismo.
vezes, era um lugar exclusivo (como o escandinavo Valhala, para onde A “Árvore do Orvalho Doce” chinesa, situada no centro do mundo, simboli
iam os guerreiros mortos em combate), às vezes aberto para aqueles cu zava imortalidade. No mundo clássico, o orvalho era associado às deusas da
jos pecados eram expiados no outro mundo, como no Purgatório cató fecundidade. Orvalho: ver Água; Amanhecer; Árvore; Céu; Pérola
lico (lugar doloroso, mas não necessariamente o estágio final para peca
dores mais leves). Os infernos também não eram necessariamente finais, OSS0S - Imagens de mortalidade e morte - mas também do que é menos ca
paz de ser destruído e com maior probabilidade de formar a base da ressurrei
ção do corpo. Por essa razão, os ossos eram cuidadosamente protegidos em cul-
turas antigas, em geral sob megálitos. Os povos do norte da Europa, da Fin Ouroboros
C — A imagem circular de uma serpente
lândia à Sibéria, enterravam os esqueletos de ursos e outros tipos de animais de engolindo
| « sua própria cauda — emblema do eterno
caça, para assegurar seu renascimento. Num mito escandinavo, Thor ficou fu e do indivisível, e do tempo cíclico. A imagem
rioso ao ver coxear um dos bodes que trouxera de volta à vida após um ban tem sido interpretada de várias maneiras, com
quete com a carne deles, porque o filho de seu anfitrião sugara a medula de um binando o simbolismo de criação do ovo (o es
osso da perna. O conceito de coisas criadas ou sentidas “no osso” ecoa antigas paço dentro do círculo), o simbolismo terrestre
crenças de que a essência da pessoa — no Mali, a própria alma — estava conti da serpente e o simbolismo celeste do círculo.
da nos ossos. Ossos: ver Alma; Bode, Cabra; MORTE; Urso Em sua forma original religiosa egípcia, o ourobo
ros é considerado um símbolo do retorno diário do
Ostra - Sexualidade feminina e reprodução - símbolo tirado tanto do simbolis Sol a seu ponto de partida, passando pelo céu e pe
mo de fertilidade geral da água quanto da associação entre os bivalves e a vulva. lo mundo subterrâneo. Na Grécia, o simbolismo O ouroboros, de uma ilustração
A jactância famosa de Pistol, “Assim sendo, o mundo será para mim uma os de morte e renascimento parece indicado por seu encontrada num manuscrito me
tra que abrirei com a espada” (As Alegres Comadres de Windsor, 2:2; c. 1600, uso na iconografia órfica. Os gnósticos viam-no dieval grego de alquimia.
Shakespeare), refere-se não a esse simbolismo específico, mas à idéia de que'a como uma imagem da Natureza auto-sustentada, que se recria eternamente, e
riqueza pode ser encontrada em qualquer lugar, como pérolas nas ostras — con da unidade na dualidade, a unidade essencial da vida, a serpente universal a
ceito errado, pois o molusco que produz as verdadeiras pérolas não é a ostra mover-se através de todas as coisas. A máxima “Um é tudo” às vezes acompa
comestível. Ostra: ver Pérola nha o símbolo. Como emblema da eternidade, estava associado no Império
Romano a Saturno, como o deus do tempo, e Jano, deus do Ano-Novo. Ou
Oyr© — O metal da perfeição, de simbolismo divino por sua associação univer roboros: ver Círculo; Ovo; Roda; Serpente
sal com o Sol no mundo antigo e também por seu extraordinário brilho, resis
tência à ferrugem, durabilidade e maleabilidade. Suas qualidades emblemáti Oval - ver Losango
cas associadas vão da pureza, refinamento, esclarecimento espiritual, verdade,
harmonia e sabedoria ao poder terrestre e glória, majestade, nobreza e riqueza. QveSha - Mansidão - símbolo cristão de laicidade, que precisa de liderança es
O ouro era a Grande Obra da alquimia, o objetivo do processo de transforma piritual e se desencaminha com facilidade. “Apascenta as minhas ovelhas” estava
ção e o metal preferido para os objetos sagrados ou para os reis santificados. entre as ultimas palavras ditas por Cristo ao discípulo Pedro antes de Sua ascen
No império inca, os governantes entronados eram cobertos de resina borrifada são, de acordo com o evangelho de São João (21:15). A “ovelha perdida” é um
com pó de ouro, a origem histórica da lenda do El Dorado (homem dourado). pecador desorientado, a “ovelha negra” incorrigível. Embora as ovelhas estejam
A douração dos ícones da cristandade bizantina e do budismo simbolizava a em geral associadas à obtusidade, os mongóis acreditavam que o seu esterno ti
divindade, como o trabalho de folhear a ouro da arte medieval. Em muitas tradi nha poder divinatório. Ovelha: ver Báculo; Cordeiro; Pastor; Preto
ções, o ouro era identificado como a substância real da divindade — a carne de
Rá no Egito, as fezes do deus-sol Huitzilopochtli no México asteca - ou era I Ovo — Gênese, o microcosmo perfeito - símbolo universal do mistério da cria
considerado um resíduo do próprio Sol, sua iluminação deixada como fios na ção original, a vida a romper o silêncio primordial. Poucos objetos naturais
terra, uma forma mineral de luz, como no pensamento indiano. Também era simples têm um significado tão auto-explicativo, ainda que profundo, e o corpo
símbolo do espírito de esclarecimento, como no budismo, ou da mensagem de dos mitos e do folclore que cerca o ovo é enorme. Em muitos mitos da criação,
Cristo. Pela associação com o Sol, o ouro é símbolo masculino. A maior parte indo do Egito e índia à Ásia e Oceania, um ovo cósmico (às vezes fertilizado
do simbolismo do metal também incorpora-se à cor dourada - Sol, fogo, glória, por uma serpente, mas de maneira mais geral posto nas águas primevas por
divindade, a luz do céu e da verdade. Ouro: ver Alquimia; Amarelo; Fogo, uma ave gigante) dá forma ao caos e disso eclodem o Sol (a gema dourada), a di
Chama; Luz; METAIS; SABEDORIA; Sol; VERDADE visão entre terra e céu e a vida em todas as suas formas, naturais e sobrenaturais.
—
Pai — Dominação, poder solar e celeste, autoridade espiritual, moral e civil, razão
e consciência, lei, os elementos do ar e fogo, espírito bélico e o raio - uma série
de simbolismos que refletem a natureza patriarcal das culturas mais tradicionais.
A maioria, embora não todos, dos deuses supremos dos mitos e religiões é per
sonificada como pai. Pai: ver Ar; Céu; Fogo, Chama; Homem; Sol; Trovão
Posuba - Paz, pureza, amor, ijponte - União. A ponte era metáfora muito difundida da passagem entre
ternura, esperança - o emble os mundos dos vivos e dos mortos, simbolismo talvez sugerido pelo perigo
ma cristão do Espírito Santo. de atravessar pontes estreitas em território não-familiar ou hostil. A antiga
A importância universal da religião indo-iraniana do zoroastrismo, ainda hoje base das crenças parses,
pomba como símbolo da paz confrontava as almas com Chinvat Parvatu, a Ponte do Separador, que só
deve-se menos à sua natureza permitia a passagem para o paraíso aos justos, conceito também encontra
(geralmente briguenta) que à do em algumas iconografias medievais de céu e inferno. De maneira mais
sua beleza como ícone e à in geral, a ponte simboliza transição e ligação. Considerada território neutro,
fluência de referências bí é lugar de reuniões e encontros amorosos, mas também, a exemplo do bai
blicas. A pequena ave branca xio, um contestado local de desafio. O arco-íris era com freqüência visto co
que volta a Noé com uma fo mo ponte celeste, promessa divina de ligação da terra com o céu. O mais al
lha de oliveira colhida das Noé solta a pomba da arca., de um mosaico bizantino to escalão sacerdotal da antiga Roma era o de pontifex (“fazedor de pontes”).
da Basílica de São Marcos, Veneza.
águas do dilúvio tinha o char A construção de pontes era vista como uma habilidade quase mágica, e o fol
me irresistível como a imagem de um Deus colérico que fazia as pazes com clore creditava algumas pontes maravilhosas (como a Valentre, de Cahors)
a humanidade. Aqui, e em outras partes do mito, a pomba atuou como a pactos do arquiteto com o diabo. Ponte: ver Arco-Íris; Baixio; O OUTRO
mensageira. O simbolismo geral da ave, junto com sua pureza branca, tam MUNDO; Rio, Regato
bém fez dela uma incorporação pré-cristã do espírito divino nas tradições
da Ásia Ocidental. João Baptista viu “o espírito de Deus descer como uma Ponto - No pensamento místico, centro e origem da vida - um símbolo do
pomba” sobre Cristo depois de seu batismo em João (1:32) e Mateus (3:16). poder criativo primordial, às vezes concebido como sendo tão concentrado que
A pomba é, portanto, um símbolo do batismo e aparece como o Espírito poderia ser representado apenas de modo não-material - como um buraco.
Santo, especialmente nas cenas da Anunciação. Por extensão, representa a Esse simbolismo antigo de energia infinitamente comprimida, amplamente di
alma purificada e costuma ser mostrada a voar das bocas dos santos marti fundido na escrita mística, aproxima-se das teorias centrais da astronomia e fí
rizados. As pombas algumas vezes podem representar almas no mundo clássi sica modernas. Ponto: ver Buraco; Céu
co e na índia.
Também aparece como emblema cristão de castidade, apesar de ligações : PONTOS CARDEAIS ver quadro nas páginas 278 e 279
mais antigas e compreensíveis com a concupiscência. Era o atributo da deu
sa semita do amor, Astarot (Astartéia), assimilada no mundo clássico como Porco - Glutonaria, egoísmo, luxúria, obstinação e ignorância - mas também
Afrodite (Vénus, na mitologia romana), e também de Adónis, Dioniso (Baco) maternidade, fertilidade, prosperidade e felicidade. A visão afetuosa dos por
e Eros (Cupido). O gemido da pomba estava ligado tanto ao sexo quanto cos em muitos mitos contrasta com seu simbolismo geralmente negativo nas
ao parto. Em Pompéia, encontraram-se falos alados com pombas. Um par de tradições do mundo religioso. Nas culturas mais primitivas, as porcas eram
pombas é antigo símbolo de bem-aventurança sexual; pode ser por isso que veneradas como emblemas de fecundidade da Grande Mãe. A deusa do céu
acabou por personificar a esposa atenciosa e gentil. Na China, a pomba é egípcia, Nut, era às vezes representada como uma porca amamentando seus fi
um dos muitos símbolos de longevidade, como no Japão, onde com uma es lhotes (as estrelas). A porca também estava associada a Isis e às deusas-mães nos
pada é um emblema da paz. A terminologia da política externa americana mundos mesopotâmico, escandinavo e celta, onde Ceridwen era uma deusa-porca.
PONTOS CARDEAIS. — Os quatro pontos cardeais — norte, sul, leste, (o príncipe iraniano da escuridão), Lúcifer e Mictlanteculitli (deus aste
oeste —, representados graficamente como uma cruz, formavam antigo ca da morte). Na iconografia, era mostrado como a águia asteca da guerra,
símbolo do cosmos, com a humanidade ao centro (às vezes tornando-se o boi alado hebraico e o cágado negro chinês.
o quinto ponto). Rituais primitivos, em especial nas Américas do Norte • Sul - na maior parte do mundo, simbolizava fogo, paixão, masculinida
e do Sul, constituem forte sugestão de que os deuses vivem nesses pontos de e energia solar e lunar. O Egito e a índia, mais uma vez, constituem
e controlam a vida humana, o que explica a importância do número exceções: aí, o sul representa a noite, o inferno e o princípio feminino.
quatro na mitologia e nas vidas diária e religiosa. Dessas direções bási
cas, vieram os ventos causadores de chuvas que fertilizam ou destroem as PONTOS CARDEAIS: ver Águia; Alma; Amanhecer; Boi; Cachimbo da
plantações, personificados por deuses, cujos favores eram buscados com Paz; Centro; Chuva; Crocodilo; CRUZ; Demônios; Dragão; Fogo, Cha
libações, sacrifícios ou com o baforar de fumaça. No pensamento chinês, ma; Fumaça; MORTE; Orientação; O OUTRO MUNDO; Quadra
os quatro pontos e o centro eram guardados por tigres simbolizadores de do; Quatro; Sacrifício; Sol; Tartaruga, Cágado; Tigre; Vento
forças protetoras. Como o simbolismo das direções individuais baseava-se
em grande parte no clima e na influência do Sol, as semelhanças entre A lenda celta de Manannan, que tinha um rebanho de porcos miraculosamen
diferentes culturas sao mais marcantes no sentido leste-oeste do que na te auto-renováveis, expressava um simbolismo geral de abundância.
direção norte-sul. Em alguns contos da mitologia grega, uma porca nutriu Zeus (Júpiter, na mito
logia romana) quando criança, e os porcos eram prestigiados animais de sacrifício
• Leste — quase invariavelmente simbolizava a luz, a fonte da vida, o Sol nos ritos de fertilidade oferecidos às divindades da agricultura, Deméter (Ceres),
e os deuses solares, juventude, ressurreição e nova vida. Era o ponto bá Ares (Marte) e Gaia. O porco também era símbolo da fertilidade (e virilidade)
sico da maioria das religiões e, como não é de surpreender, alguns dos na China.
mapas primitivos colocavam o leste no alto do eixo vertical da cruz cós A desconfiança de judeus e muçulmanos com respeito à ingestão da carne de
mica. Lá ficavam o dragão celeste chinês e o crocodilo asteca da criação, necrófagos e as associações mais gerais entre os porcos e a paixão animal (co
o Éden judaico-cristão, o local de nascimento dos heróis, o lar dos an mo no mito grego em que Circe que transforma seus pretendentes em porcos)
cestrais e, em muitas tradições africanas, o lugar para onde iam as boas mudaram tudo isso. Na arte ocidental, o porco simboliza glutonaria e luxúria
almas. As orações cristãs e muçulmanas eram dirigidas para lá, e a na (rejeitada pela figura da castidade), assim como preguiça. A história de como
ção dacota, entre outras, enterrava os mortos com a cabeça voltada pa Cristo expulsa os demônios para dentro dos porcos gadarenos (Mateus 8: 28-34)
ra o leste, fonte do vento do paraíso. simbolizava a necessidade da humanidade de sublimar sua cobiça sensual. Um
• Oeste - simbolizava o sono, o descanso, o mistério da morte, os bons tema semelhante aparece no budismo, onde o porco, que simboliza ignorân
terrenos de caça da América do Norte e o reino dos espíritos indo-irania- cia, é um dos três animais que amarram a humanidade à roda da existência sem
no, egípcio e grego. Em algumas culturas, esse simbolismo tingia-se de fim. Porco: ver ANIMAIS; Céu; Mãe; Roda; Sacrifício; SETE PECADOS CA
medo. A oeste ficava o mar nórdico da destruição, o abismo. São Jerô- PITAIS; Varrão; VIRTUDES
nimo associava o oeste a Satã. Para algumas tribos africanas, era o lugar
para onde iam as almas más. Porco-Espinho — Algo como um herói cultural dos antigos povos nôma
• Norte — simbolizava poder beligerante, escuridão, fome, frio, caos e o mal des da Ásia Central e do Irã, associado às dádivas do fogo e da agricultura.
na maioria das tradições do hemisfério norte, à exceção das do Egito e Ligações semelhantes eram feitas com o porco-espinho na África Oriental.
da índia, onde representava luz e princípio masculino. Associado aos ven Enrolado numa bola dc espinhos, pode ter sugerido uma analogia com os raios
tos furiosos, o norte era o lugar dos deuses poderosos, entre eles Ahriman solares. Associações com a belicosidade podem ser responsáveis pelo uso do
porco-espinho como atributo da deusa babilónica da guerra, Ishtar. Os escri-
tores romanos e primeiros cristãos concederam uma atenção aprovadora à sua sa dissolução primária na alquimia), agouros sinistros. Os pássaros pretos são
gacidade de derrubar as uvas dos vinhedos, rolar sobre elas e carregá-las nos es símbolos cristãos da tentação. Na superstição - e no idioma inglês moderno -
pinhos. Esse hábito parece ser a origem de sua posterior identificação com a Gula preto é sinônimo de desastre: gato preto, dias negros, pontos negros, manchas
na arte cristã. O porco-espinho é também um atributo à personificação do negras, bola preta. Como cor do luto, dramatiza perda e ausência. Como cor
Toque. Porco-Espinho: ver Fogo, Chama; Raio; SETE PECADOS CAPITAIS dos clérigos cristãos e muçulmanos, sinaliza renúncia das vaidades da vida. O
preto também tem sido uma cor de desforra no islã, tradição ecoada pelos ter
Porrete - Símbolo celta da força divina, atributo do supremo deus Dagda, roristas do Setembro Negro nos Jogos Olímpicos de Munique, na Alemanha.
cujo porrete poderia tirar ou restaurar a vida e era pesado bastante para serem Apesar disso, no Egito e em outras antigas tradições, surge um simbolismo mais
necessárias de rodas para deslocá-lo. Esse duplo simbolismo é análogo ao poder positivo. A escuridão da terra e das nuvens de chuva representa a escuridão ma
do relâmpago para fertilizar ou destruir. Na arte, o porrete pode representar ternal da germinação (nesse contexto, os ícones da Virgem Negra não são tão
tanto brutalidade quanto heroísmo. Aparece como um atributo da Fortaleza. Por enigmáticos). Preto é a cor de Anúbis, que levava as almas egípcias para a vida
rete: ver VIRTUDES após a morte, e de Min, deus das colheitas. A caçadora grega Ártemis (Diana, na
mitologia romana) de Efeso era às vezes retratada com mãos e rosto negros. As
Prata - Pureza, castidade e eloqüência. No simbolismo dos metais,-a prata era indianas Kali e Durga podem aparecer como deusas negras, sugerindo a dualida
lunar, feminina e fria e atributo das deusas lunares, em particular da grega de luz-escuridão necessária para a continuação da vida, como expressada pelo
Ártemis (Diana, na mitologia romana), e das rainhas. Por sua ligação com a Lua, símbolo chinês preto-e-branco do yin-yang. Preto: ver Alquimia; Branco; Escu
era também igualada à luz da esperança e à sabedoria - oradores têm língua de ridão; Demônios; Nuvem; Luz; Terra; Virgindade; Yin-Yang
prata. Daí o provérbio oriental: “A palavra é de prata, o silêncio é de ouro.” A
Idade da Prata foi emblemática da perda da inocência, talvez porque, como m Primavera - ver ESTAÇÕES
metal maleável de cunhagem muito antiga, a prata tivesse associações negati
vas — é famosa como símbolo de traição, por ter sido Cristo vendido por “trin Prímula - Prazer libertino - como no aviso de Ofélia a seu irmão para não se
ta moedas de prata”. Prata: ver CASTIDADE; Lua; METAIS; Rainha guir “a trilha do pecado, aberta em primaveras” (Hamlet, de Shakespeare, 1:3;
c.1600). Esse florescimento antigo e perene era emblema europeu de juventude,
Prego — Proteção - no costume chinês de martelar os pregos supérfluos nas SÊm
ligado às “pessoinhas” (fadas e duendes) do folclore celta. Prímula: ver FLORES
casas para afastar os demônios, ou na cerimonia anual de martelar um prego '
no templo de Júpiter na antiga Roma. |PríncÍpe, Princasa — O jovem, ou a jovem, ideal — símbolo persistente
Por tratar-se de simbolismo de união ou fixação, acredita-se que explique o de tudo o que há de mais bonito, gentil ou heróico. O príncipe, em particular,
costume africano de enfiar pregos em alguns fetiches (para manter seus espíri era emblema promissor de renovação do vigor ou fertilidade nacionais. A de
tos residentes fixados nas tarefas para cuja realização se invocou sua ajuda). Na cepção popular com os defeitos visíveis dos príncipes pode ajudar a explicar os
arte, três pregos simbolizam a crucificação. Os pregos também aparecem como •K:
contos de fadas populares da transformação pelo amor de príncipes em forma
i-V;
atributos das figuras associadas às lendas sobre Cristo ou a Cruz - sobretudo de rã em algo mais perto do ideal. Príncipe, Princesa: ver Rã
Helena, mãe de Constantino, o Grande, que diziam ter descoberto a Verdadei
ra Cruz e até seus próprios pregos, reivindicação disputada por outros interes Procissão - Ritual de purificação ou demonstração de poder em muitas tra
sados em possuir a relíquia. Prego: ver CRUZ; PAIXÃO dições antigas. Objetos sagrados e animais de sacrifício eram carregados em
procissões em torno dos campos recém-cultivados para proteger as plantações
Preto - O preto é um símbolo quase inescapável da cor das forças negativas e de doenças e assegurar um crescimento bem-sucedido. Os dragões de papel
dos acontecimentos infelizes. Representa a escuridão da morte, ignorância, de ainda hoje carregados nas procissões chinesas invocavam a chuva. Ás marchas
sespero, dor e mal (cujo Príncipe das Trevas é Satã), níveis inferiores (inferno, processionais em torno do inimigo o amarravam e enfraqueciam simbolicamen-
te, como por exemplo, quando os israelitas marcharam em torno das muralhas
de Jericó com a arca sagrada. As procissões triunfais romanas não só exibiam
ao público os heróis militares, como também afirmavam seu poder sobre os
prisioneiros que conduziam. Procissão: ver Arca; Dragão; Sacrifício
:
céu para limpar a terra (amortecido por Shiva) e também penetrar no mun no Oriente Próximo, na índia e na Ásia. Um simbolismo igualmente difun
do subterrâneo. A purificação no Ganges é ritual básico do hindu&mo. Um dido, em especial nas artes indiana e budista, associava o giro da roda aos ciclos
exemplo mais grosseiro do simbolismo da purificação aparece no mito gre de revelação, nascimento, morte e renascimento, ao zodíaco, ao tempo e ao des
go de Héracles (Hércules, na mitologia romana), que desviou um rio para tino humano.
as cavalariças de Áugias. Como os rios eram imprevisíveis, procurava-se ga Um motivo com duas linhas que se cruzam dentro de um círculo (conhecido
nhar suas boas graças mediante sacrifícios aos deuses locais ou, com maior como cruz de roda, que depois se tornou a cruz gamada dos primeiros cris
freqüência, às deusas. Os rios em geral aparecem como limites, sobretudo a tãos) antecede a invenção da roda e também aparece na América, onde não
dividir os mundos dos vivos e dos mortos. Os celtas consideravam as con se usavam rodas antes da chegada dos espanhóis. Esse ideograma parece ser
fluências de rios particularmente sagradas. Na China, acreditava-se que os um símbolo de totalidade (o círculo) e a divisão do espaço. Os simbolismos
afogados assombravam os rios, na esperança de encontrar corpos vivos em da roda e do espaço são às vezes difíceis de desenredar. Também pode ocor
que pudessem habitar. Rio, Regato: ver Água; Árvore; Baixio; Eixo; PON rer confusão com o sinal de três braços de Taranis, o deus celta do trovão.
TOS CARDEAIS; Sacrifício Os deuses especificamente associados à roda são em geral solares ou todo-
poderosos - Asshur, Shamash e Baal no Oriente Próximo; Zeus, Apoio e às
Rocha - Confiabilidade, integridade, firmeza, estabilidade, permanência, vezes Dioniso na Grécia; Vishnu-Surya na índia. Rodas em chamas eram às
força e, na China, longevidade. Metáfora bíblica mais comum de confiabili vezes jogadas morro abaixo no solstício de junho para encorajar a carrua
dade, a rocha é em geral igualada à força viva de Deus, manifestada pela água gem do Sol a continuar rodando além do horizonte e reaparecer no dia seguin
que minou da rocha atingida pelo cajado de Moisés. Cristo é a “Rocha dos te. Na extraordinária visão bíblica do profeta Ezequiel, as rodas aparecem
Tempos”, a fonte da vida eterna. A própria Igreja foi fundada pelo discípulo repetidas vezes como símbolos da onipotência divina de Jeová, a inexorabi
que Cristo renomeou como Pedro (gregopetros, “pedra”, petra, “rocha”). Na lidade de suas leis morais e o caminho indesviável seguido por seus anjos.
pintura chinesa, a rocha é símbolo yang (masculino e ativo). As esculturas em O simbolismo da roda a girar como uma lei inflexível da vida domina grande
rocha na Ilha de Páscoa, no Egito e, mais recentemente, as figuras monumen parte da iconografia do budismo. A Roda da Existência carrega a humani
tais dos presidentes americanos esculpidas por Borglum no monte Rushmore, dade de uma encarnação à outra em ciclos incessantes enquanto ela se ape
nos Estados Unidos, transmitem o mesmo significado emblemático de poder ga à ilusão. Apenas a Roda da Lei e da Doutrina pode esmagar a ilusão.
atemporal. Em diversas religiões do Oriente Médio, sobretudo no mitraís- O Buda é seu centro imutável. O taoísmo também usa o eixo da roda co
mo, acreditava-se que os deuses nasciam de rochas vivas. Rocha: ver Bastão; mo um símbolo do sábio que atingiu o âmago imóvel do mundo que gira.
LONGEVIDADE; Pedra O simbolismo da roda influenciou de maneira significativa a escolha do ló-
tus e da rosa como as flores simbólicas dominantes do Oriente e do Ocidente. séfone quando ela pediu permissão para retornar à superfície da terra. Ao
Os cbacras a girar, que controlam o fluxo da energia espiritual no budismo comê-la, condenou-se a passar quatro meses de cada ano com seu amo do
tântrico, são mostrados com freqüência como rodas de lótus. As rosáceas mundo subterrâneo — um simbolismo sexual explorado na pintura pré-ra-
das catedrais cristãs são símbolos em forma de roda de evolução espiritual. faelista de Rossetti em que ela segura uma romã mordida (.Prosérpina,
Num plano menos elevado, a roda da Dama da Fortuna é um emblema fa 1874). Dizia-se que a fruta teria surgido do sangue de Dioniso (deus da fer
miliar dos altos e baixos da vida e dos aspectos imprevisíveis do destino. tilidade na primavera). Essa tradição é responsável pelas pinturas nas quais
Roda: ver Carruagem, Biga; Chacra; Círculo; Disco; Espiral; FORTUNA; Cristo segura uma romã como símbolo de ressurreição. Maomé recomen
Lótus; Lua; Luz; Raio; Rosa; Sol; Zodíaco dou a fruta para purgar inveja e ódio. Romã: ver Casamento; FRUTA;
Maçã; Sangue; Vulva
Roda da Existência - ver Roda _
Rosa - Paradigma de flor na tradição ocidental
Rolo d 8 Pergaminho - Na iconografia, geralmente emblema de sabe símbolo místico do coração, o centro e a roda cós
doria, profecia ou lei canônica antigas. Na tradição judaico-cristã, os rolos de mica, e também do amor sagrado, român
pergaminho são atributos não só dos grandes profetas, como Isaías e Jeremias, tico e sensual. A rosa branca é emblema
mas também dos apóstolos, sobretudo Jaime, filho de Zebedeu. Rolo de Per de inocência, pureza e virgindade; a
gaminho: ver Livro; SABEDORIA vermelha simboliza paixão e desejo, be
leza voluptuosa. Ambas são símbolo de
RGIYlã — Fecundidade, abundância, generosidade, perfeição e imagens da taça da vida eter
tentação sexual. A estrutura multicelular da ro na. Com este significado, pétalas de ro
mã, com suas múltiplas sementes assentadas na sas eram espalhadas nas sepulturas do
polpa suculenta dentro de um invólucro rijo, festival romano de Rosária, e os impe
também levou a significados emblemáti radores romanos usavam coroas de rosas. Representação do emblema cabalístico
cos subsidiários - a unidade do di A mortalidade é simbolizada pela rosa rosa-cruz — cruz com símbolo de uma
versificado cosmo, as múltiplas rosa no centro.
desabrochada, e a rosa vermelha pode
bênçãos de Deus, a Igreja Cristã significar sangue derramado, martírio, morte e ressurreição. A mitologia ro
a proteger seus muitos membros. mana associava a rosa vermelha, por sua cor, ao deus da guerra, Marte, e à
Antiga fruta persa, conhecida pe sua consorte, Vénus (Afrodite, na mitologia grega), e ao amante morto dela,
los romanos como “maçã de Carta- Adónis. Segundo uma versão grega do mito, Adónis foi atacado fatalmen
go”, a romã era predominantemente te por um javali. Como Afrodite correu para o lado de seu amante ferido,
Detalhe mostra o Menino Jesus sendo ali
um símbolo de fertilidade associa rasgou seu pé nos espinhos de uma rosa branca, e as gotas de seu sangue
mentado por uma romã, de Madonna
do ao amor e casamento com muitos tornaram-na vermelha. A rosa também era emblema do Sol e do amanhe
Delia Melagrama, de Sandro Botticelli
filhos tanto no mundo mediterrâ (década de 1480). cer, além de ser associada ao deus grego Dioniso, à deusa Hécate, às Graças
neo como na China, onde era uma e às Musas.
das Três Frutas Abençoadas do budismo. Era consagrada a deusas do amor, Para a cristandade, o vermelho-sangue da rosa com seus espinhos era um
como Astarte e Afrodite (Vénus na mitologia romana), e também às deusas símbolo pungente do sofrimento de Cristo e de seu amor pela humanidade.
maternais e agrícolas Hera (Juno), que segurava uma romã como símbolo Isso fez com que ela se tornasse a imagem focal da sociedade oculta e caba
de casamento, e Deméter (Ceres) ou sua filha Perséfone (Prosérpina). Hades lística Rosa-cruz no século XVII, cujo emblema era uma cruz formada pela
deu uma romã (simbolizando a indissolubilidade do matrimônio) para Fer- própria rosa ou uma cruz de madeira com uma rosa ao centro ou nas inter-
seções dos braços. A disposição das pétalas em múltiplas camadas simboli imortal” da Ode to a Nightingale (Ode a um Rouxinol\ de 1819) de Keats, é uma
zava os estágios de iniciação, a rosa central representando o ponto de uni metáfora tanto de cantores quanto de poetas. Seu canto tem sido com freqüên-
dade, o coração de Cristo, a luz divina, o Sol no centro da roda da vida. A cia ligado à dor e à alegria, como no terrível mito grego de Filomela, cuja língua
roseta (a flor vista de cima) e a rosa gótica também têm o simbolismo da roda, foi cortada para que ela não revelasse que seu cunhado Tereu a estuprara; os
conotando o desdobramento do poder gerador - equivalente ocidental do deuses piedosos a transformaram num rouxinol. Em geral, um bom augúrio,
lótus emblemático. No simbolismo relacionado da maçonaria, as três rosas dizia-se que o rouxinol cantava tanto o amor quanto a perda, o anseio pelo pa
de São João representam luz, amor e vida. A Virgem Maria é a Rosa do Céu e raíso ou, no Japão, a Sagrada Escritura. Também já foi comido na crença su
a Rosa Sem Espinhos (sem pecados), uma referência à sua pureza irrepreensí persticiosa de que sua carne poderia conferir uma voz musical ou eloqüente.
vel. As grinaldas de rosas também eram símbolo de virgindade em Roma. Uma Rouxinol: ver Aves
rosa de ouro é o emblema do papa. Um simbolismo secundário importante da
rosa é a discrição. Várias lendas contribuem para isso. Na mitologia romana, IMI KU&i - Amor ardente, vitalidade, realeza, coragem - a pedra da fortuna e da
Cupido cessa os rumores sobre as infidelidades de Vénus ao subornar o deus felicidade (incluindo a longevidade) na índia, Birmânia, China e Japão. Sua
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do silêncio com uma rosa. Outra explicação é que as grinaldas de rosa eram cor varia do vermelho a uma tonalidade purpúrea chamada de “sangue de
usadas nas dionisíacas (festas primaveris em homenagem a Dioniso; bacanais, pombo”, que é a cor dos rubis mais valiosos, associados no mundo clássico
para os romanos) na crença de que poderiam moderar a embriaguez e a taga ao ígneo Ares (Marte, na mitologia romana), mas também a Cronos (Satur
relice. As rosas foram depois penduradas ou pintadas acima das mesas de con no), que controlava a paixão. Acreditava-se que o rubi inflamava os amantes e
selhos ou banquetes como sinais de que a conversação era sub rosa - privada e incandescia no escuro. Sua característica de parecer mais pálido sob algumas
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não pública. Rosa: ver Amanhecer; Branco; Centro; Coração; Coroa; Coroa luzes era interpretada como um aviso - de veneno ou de outros perigos.
de Flores, Grinalda; CRUZ; Espinho; FLORES; Iniciação; Lótus; Roda; Sol; f (dizia-se que o rubi de Catarina de Aragão perdeu a cor quando ela perdeu
Taça; Vermelho o privilégio com Henrique VIII). Na homeopatia, o
|| rubi era jóia medicinal, considerada eficaz contra
Rosário - Literalmente, “jardim de rosas”, nome dado pelos místicos cris perda de sangue e melancolia. O fogo é o simbolis-
tãos no século XIII para uma seqüência de orações contadas numa fileira de mo de sua representação na testa dos dragões len
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contas e dirigidas à Virgem Maria como a Rosa do Céu. As contas dos que dários. Rubi: ver Dragão; Fogo, Chama; JÓIAS;
oram foram usadas muito antes na índia — e com simbolismo mais específi
co. As 50 contas do rosário indiano correspondem ao número de letras no
LONGEVIDADE; Púrpura; Sangue; Vermelho
alfabeto sânscrito, e o rosário está associado ao poder criativo do som e, em
particular, a Brahma e sua consorte, Sarasvati, bem como a Shiva. No bu
dismo, o número de contas é 108 (12x9) — número referente à lenda de que
Ru nas - Letras góticas antigas que adquiri
ram simbolismo quase mágico quando essa
108 brâmanes estavam presentes no nascimento de Buda. O círculo de con
forma de alfabeto espalhou-se do sul da Eu
tas simboliza a Roda da Vida e do Tempo. O rosário islâmico, o mala, tem
ropa para a Escandinávia e Ilhas Britânicas. A
99 contas representando todos os nomes de Deus. Uma centésima conta mís
associação de runas específicas ao Sol, à Lua
tica, sem som e inexistente, simboliza o nome que só é conhecido no paraíso.
e a outros deuses do céu, bem como a arte de
De acordo com a superstição, o rosário teria poderes talismânicos. Rosário:
entalhes funerários de runas levaram à crença
ver Roda; Rosa
de que elas incorporavam poderes sobrenatu
rais - de proteção, vingança e, particularmen-
Rouxinol — A angústia e o êxtase do amor - simbolismo baseado na beleza
te, predição do futuro. As runas inscritas em Símbolos de runas inscritos num
do canto do rouxinol macho na estação de acasalamento na primavera. A “ave
pedra, madeira ou couro eram usadas para lan- bastão, de uma gravura
çar encantamentos ou transmitir mensagens medieval
oraculares. Curiosamente, as linhas bifurcadas dentro do emblema circular
da Campanha para o Desarmamento Nuclear parecem-se muito com a
Todesrune (runa da morte) germânica. O sinal em ziguezague das SS de
Adolf Hitler, baseado no Sigrune (associada ao Sol, vitória e ao teixo, do qual
os arcos eram cortados), constituía um exemplo notório das tentativas nazis
tas e neonazistas de usar letras rúnicas como símbolos “arianos”. RUNAS: ver
Sol; Suástica; Teixo; VITÓRIA; Ziguezague
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Selos — Segurança, proteção, bondade, amor e nutrição mater Sela - Emblema da vida familiar na China antiga, onde a palavra para “sela”
nos. Portanto, em tempos antigos, a nudez dos seios das mulhe era homônimo de “paz”. Daí o costume em que a noiva passa por cima de uma
res de uma tribo derrotada representava um apelo de compaixão. sela colocada no portão de entrada da casa dos pais do marido. Nas estepes da
As deusas com seios exagerados ou múltiplos são imagens de Ásia Central, os xamãs moribundos tinham por travesseiro suas selas — símbo
fertilidade. Seios: ver Leite; Mãe; Mulher los de sua jornada para outra vida celestial. Sela: ver O OUTRO MUNDO
Seis - Número da união e equilíbrio, expresso de manei Semana — Divisão artificial do tempo, provavelmente baseada na divisão
ra gráfica pelo hexagrama, que combina dois triângulos, quádrupla do ciclo lunar e do significado místico do número sete. Esse simbo
um apontando para cima (masculino, fogo, céu), outro lismo, cultuado na semana de sete dias judaico-cristã, teve força suficiente para
para baixo (feminino, água, terra). Essa figura, hoje conheci superar o anterior costume romano de uma semana de oito dias baseada no an
da como Estrela de Davi, simbolizou a união de Israel e Judá tigo intervalo entre os dias de comércio.
e às vezes também é usada como ideograma para a alma hu Uma influência adicional foi o sistema astrológico de sete “planetas”, que deu
mana. Era símbolo grego de androginia. seus nomes aos dias latinos da semana - Lua, Marte, Mercúrio, Júpiter, Vénus,
O Livro das Mutações oracular chinês, o I Ching, baseia-se no Saturno e Sol. Semana: ver PLANETAS; Sabá; Sete
simbolismo unificador de seis linhas interrompidas ou contínuas
que compõem um sistema geral de 64 “hexagramas” lineares. Semente - ver Grão
No sistema pitagórico, o seis representava a oportunidade ou
sorte - como ocorre nos dados modernos. A exemplo do Diana de Éfeso, deusa Serafim - A mais alta das nove ordens de anjos judaico-cristãos, que simbo
cubo com seis superfícies, o número seis representa esta- da fertmdade, com lizam o fogo purificador do espírito. Isaías (6: 2-6) descreveu os serafins como
bilidade e verdade ■, criaturas de seis asas paradas acima do trono de Deus e cantando louvores a
• muitos seios.
Ele. Um deles levou a Isaías uma brasa para purgar seus lábios do pecado cer a cada manhã. No México, Quetzalcoatl, a
Serafim: ver Anjos; Fogo, Chama; Querubim versão asteca das divindades mistas de pássaro e
serpente conhecidas em toda a América Cen
Serpente - O mais significativo e complexo de todos os símbolos animais e, tral, une os poderes da terra e do céu.
talvez, o mais antigo. As serpentes esculpidas em chifres no paleolítico, na África, O simbolismo protetor-destruidor que permeia
ou desenhadas nas paredes das rochas eram basicamente símbolos de fertili esses e outros mitos de serpentes ilustra o grau
dade ou da chuva, e o simbolismo da fertilidade sexual ou agrícola permaneceu em que ela é uma força dualista: uma fonte de
um elemento básico na maioria dos cultos posteriores à serpente. Entretanto, as força quando dominada, mas potencialmente
analogias óbvias entre a serpente e o pênis, o cordão umbilical ou o processo perigosa e em geral fonte emblemática da mor
úmido do nascimento (visto que a serpente combina simbolismo masculino e fe te ou do caos, bem como da vida. A energia
minino) nao explicam a importância quase universal desse animal na mitologia. Kundalini, enroscada na base da espinha, cons
A serpente era, acima de tudo, um símbolo mágico e religioso da força da vida titui um símbolo positivo da força serpentina
primitiva, às vezes uma imagem da própria divindade criadora. O motivo do ou- interior, da energia psíquica e do poder espiri
roboros — uma serpente a engolir a própria cauda - simboliza não só eternidade, tual latente. O domínio da serpente em seu
mas também auto-suficiência divina. aspecto mais perigoso é simbolizado na índia e
Emblematicamente, a serpente estava em contato com os mistérios da terra, das no Egito pela naja ereta e com capuz. No Egi A Naga, modalidade de serpente
águas, da escuridão e do mundo subterrâneo — autocontida, de sangue frio, secre to, isso forma o ureus ou diadema dos faraós, mística provavelmente baseada na
tora, às vezes peçonhenta, óapaz de deslizar com rapidez sem ter pés, de engolir um emblema serpentino protetor do poder naja, de um bronze indiano.
criaturas grandes de maneira mágica e de rejuvenescer ao mudar a própria pele. real para abater inimigos. Imagens do ureus a envolver um disco solar ou de
Sua forma serpentina erja tão alusiva quanto as outras características, sugerindo uma serpente com cabeça de leão também eram emblemas de guardiania so
ondas e paisagens ondulantes, a sinuosidade dos rios, as videiras e raízes de árvo lar. Na índia, as divindades da naja (Nagas) eram símbolos guardiões, em geral
res e, no céu, o arco-íris, o raio que cai, o movimento espiralado do cosmo. benevolentes, como na imagem da naja de sete capuzes que protege o Buda.
Como resultado, a serpente tornou-se um dos mais difundidos de todos os sím As serpentes em geral aparecem lá e em diversos outros lugares como guardiãs
bolos animistas — representada em escala gigantesca no Cômoro da Grande Ser de santuários, de fontes de água ou de tesouros. Essas tradições estavam associa
pente, de 400 metros de comprimento, em Ohio. das tanto ao simbolismo da fecundidade da serpente quanto à superstição de que
A serpente enroscada em torno de seus ovos sugeria a analogia de uma grande ser as pedras preciosas formavam-se sob a terra a partir de saliva de serpente. A naja
pente enrolada em volta do mundo, sustentando-o ou unindo as águas que o indiana em geral é mostrada com uma jóia situada em seu capuz e que simboliza
cercam. Assim, o deus criador indiano, Vishnu, descansa na espiral de uma gran tesouro espiritual. No folclore chinês, as serpentes recompensam os benfeitores
de serpente, Ananta (Shesha); Indra mata a serpente do caos, Vritra, para liberar com pérolas.
as águas fertilizadoras que ela encerra; e a grande serpente do terremoto, Vasuki, Paradoxalmente, a serpente era usada com freqüência como símbolo curativo.
é usada para agitar o mar da criação. Nos mitos africanos, entre outros, uma ser O cajado com serpentes enroladas - o caduceu de Hermes (Mercúrio), que sim
pente do arco-íris vai do mundo inferior aquático ao céu. Na mitologia nórdica, boliza a mediação entre as forças opostas, era interpretado pelo psicólogo Cari
a grande serpente da tempestade de Midgard sustenta o mundo em sua espiral im Jung como emblema da medicina homeopática. A serpente de bronze feita por
previsível (a proa com forma de serpente dos navios vikings tinha simbolismo Moisés por sugestão de Deus para curar mordidas de serpente (Números 21:9)
tanto protetor quanto de agressão). Na América do Sul, a explicação dada para os era um emblema homeopático semelhante e foi depois adotado para prefigurar
eclipses era a de que uma serpente gigantesca havia engolido o Sol ou a Lua. No Cristo na cruz, a curar os pecados do mundo. Uma serpente cravada à cruz na
Egito, a barca do Sol que viaja à noite pelas águas do mundo subterrâneo é amea arte cristã medieval é, pois, símbolo de ressurreição e sublimação espiritual da
çada pela serpente Apep e tem de entrar em outra grande serpente para renas força da vida física. No mundo antigo, o simbolismo de rejuvenescimento da ser-
pente associava-a especificamente ao deus clássico da cura, Esculápio. Por outro te como espíritos de antepassados. O simbolismo ancestral, junto com a crença de
lado, culpava-se a serpente por ter feito com que a humanidade perdesse a dá que as serpentes entendiam os mistérios da terra e podiam ver no escuro, ajuda a
diva da vida imortal - não só na história de Adão e Eva, mas também no babiló explicar a forte ligação entre a serpente e a sabedoria ou profecia. “Sede prudentes
nico Épico de Gilgamesh, que percorreu distâncias sobre-humanas apenas para como as serpentes e simples como as pombas”, disse Cristo a seus discípulos
encontrar a planta mágica do rejuvenescimento roubada por uma serpente. (Mateus 10:16). A palavra grega dracon (“dragão” ou “serpente de olho de conta”)
A dualidade da serpente, o equilíbrio entre medo e veneração que seu simbo estava etimologicamente ligada à visão, e na arte a serpente é atributo da deusa gre
lismo encerra, contribui para sua apresentação como progenitora ou agressora, ga Atena (Minerva), como sabedoria, e de prudência, no sentido de previdência.
heroína cultural ou monstro. Em seu aspecto amedrontador, gerou os dragões Dizia-se que a Cassandra troiana devia seus dons proféticos às serpentes sagradas
e as serpentes marinhas da tradição ocidental e híbridos de serpentes que sim de Apoio, que lamberam suas orelhas quando ela se deitou no templo dele.
bolizavam os múltiplos perigos da existência humana, tipificados pelos filhos Num contexto em que o excesso de conhecimento era ímpio, a sabedoria da ser
de Eqüidna da lenda grega - a Hidra, a Quimera e o Cérbero, cão do inferno pente voltou-se contra ela — como na história bíblica de como Eva foi enganada
com cabeças de serpente no lombo. Uma picada de serpente levou Eurídice, por uma serpente “mais astuta que qualquer outro animal selvagem que Deus fize
esposa de Orfeu, para o mundo subterrâneo, onde Minos, de cauda de serpen ra” (Gênesis 3:1). A serpente enrolada em volta da árvore proibida no Éden tinha
te, julgava os mortos. No âmbito do folclore ocidental, o simbolismo da ser muitos paralelos no Oriente Médio. Na mitologia grega, uma serpente guarda os
pente é em geral negativo, com sua língua bifurcada a sugerir hipocrisia ou pomos de ouro das Hespérides e também a árvore na qual está pendurado o Tosão
fraude, e sua peçonha a trazer morte repentina e traiçoeira. No budismo tibe- de Ouro. Uma árvore com uma serpente enroscada era um emblema específico
tano, a serpente verde do ódio é um dos três instintos básicos. Constitui um dos da deusa da fertilidade do Oriente Próximo, Ishtar. Como mostram muitas ou
cinco animais nocivos da China, embora também apareça em papéis mais po tras deusas da terra descritas a segurar serpentes fálicas, as serpentes desempenha
sitivos. A serpente como Satã foi prenunciada na religião dualista iraniana do vam papéis importantes nos cultos de fertilidade da vegetação do Mediterrâneo e
zoroastrismo, para a qual simbolizava a escuridão do mal. do Oriente Próximo. Os ritos de iniciação de Sabásio, deus da fertilidade da Ásia
Os pássaros associados à luz, tais como a águia, o falcão e o lendário Garuda na Menor, imitavam a passagem de uma serpente pelo corpo de um acólito. As ser
índia, eram em geral mostrados matando serpentes, como faziam muitos deuses pentes enroscadas em volta dos membros dos sátiros nas pinturas de bacanais re
e heróis. Na sabedoria popular alemã, Thor e Beowulf matam e são mortos por ferem-se aos ritos clássicos de fertilidade baseados nesses modelos antigos e asso
dragões-serpentes. É tentador ver o ato de matar serpentes como símbolo de des ciados sobretudo à sinuosidade das videiras. As serpentes são também caracteriza
truição de um poder paternal ou mais velho - como na lenda em que o herói das nos cultos semitas da fertilidade que usavam ritos sexuais para se aproximar
grego Héracles (Hércules) estrangulou duas serpentes em seu berço. Para estabe da divindade. O gesto de Eva de oferecer a Adão o fruto proibido (símbolo de
lecer seu culto em Delfos, Apoio teve de matar a serpente-dragão Píton, que cria uma tentativa sacrílega de adquirir poderes divinos) tem sido interpretado como
ra o terrível monstro Tífon nessa cidade da Grécia antiga — mito que sugere a subs uma advertência hebraica contra as seduções de cultos rivais semelhantes. Daí -
tituição de um culto anterior da serpente maternal. Pode ser esse o significado da de acordo com essa exegese —, o simbolismo judaico-cristão da serpente como ini
destruição, por Baal, da serpente de sete cabeças, Lotan, na mitologia fenícia. Em miga da humanidade e sua identificação posterior com o próprio Satã: “aquela ve
seu aspecto mitológico positivo, existem as serpentes paternas, deuses ou heróis lha serpente chamada Diabo” (Apocalipse 12:9). Na arte ocidental, a serpente tor-
(incluindo Alexandre, o Grande, que se dizia ter sido gerado por Zeus — Júpiter nou-se, assim, um símbolo dominante do mal, pecado, tentação ou engano.
- disfarçado de serpente). Amon e Aton, divindades progenitoras do Egito, eram Aparece nos pés da cruz como um emblema do pecado original, redimido por
ambos deuses serpentes. Na lenda grega, Cadmo, fundador de Tebas, semeia os Cristo, e é mostrada sendo esmagada com os pés pela Virgem Maria. Serpente:
dentes de uma serpente-dragão dos quais surge, então, a nobreza tebana. ver Água; Águia; ANIMAIS MITOLÓGICOS; Arco-Íris; Árvore; Basilisco;
As serpentes aparecem amplamente como figuras ancestrais nas lendas da África, Caduceu; CRUZ; Demônios; Dentes; Dragão; Eclipse; Espiral; Falo; Iniciação;
dos nativos da América e da China, onde Na Gua e Fu Xi eram deuses progeni- JÓIAS; Kundalini; Leão; Maçã; Naja; Ouroboros; Ovo; Pérola; Quimera; Raio;
tores com corpo de serpente, e considerava-se que serpentes em casa traziam sor SABEDORIA; Sete; Sol; Terra; Tosão de Ouro; Videira; VIRTUDES
Sete — Número sagrado, mítico e mágico, especialmente nas tradições da Ásia
Ocidental, que simboliza ordem cósmica e espiritual e a conclusão de um ci SL.TT rO pdHúS CAPE VIL' - Na arte, sobretu
clo natural. do nas pinturas renascentistas e barrocas, os Sete
A importância do número sete baseia-se na astronomia antiga — em particular, Pecados Capitais representam a lição “moral” do
as sete estrelas errantes ou corpos celestes dinâmicos (Sol e Lua, Marte, Mer bem contra o mal.
cúrio, Júpiter, Vénus e Saturno), em homenagem aos quais os dias da semana
receberam seu nome em muitas culturas. Outra influência foram as quatro fa • Ira - Vício que, na arte renascentista, em
ses de sete dias da Lua que compõem os 28 dias do calendário lunar. Os ma é representado como uma mulher arrancando
temáticos notaram depois que a soma dos primeiros sete dígitos dá 28. suas roupas.
O sete foi fundamental no mundo mesopotâmico, que dividiu a terra e o céu • Avareza - Tema favorito dos escultores
em sete zonas e representou a Árvore da Vida com sete galhos. medievais e, depois, dos pintores. A ava
Na Bíblia, à bênção de Deus no sétimo dia, segue-se grande número de outras re reza costuma ser simbolizada por um
ferências ao sete. Era o número de festas, festivais e purificações, e entre cada ano pecador que segura ou usa uma bolsa,
sabático havia um intervalo de sete anos. Sete também foi o número de Pilares ou por uma harpia cujas garras ator
da Sabedoria e, em outras culturas, era em geral associado à mestria intelectual. mentam os sovinas, que podem ser
O sete era consagrado ao deus Osíris, no Egito (símbolo de imortalidade); ao deus mostrados a entesourar dinheiro ou ma
Apoio na Grécia (o número de cordas da lira dele); a Mitra, deus persa da luz (o çãs de ouro. Entre outros símbolos de
número de estágios de iniciação nesse culto); a Buda (seus sete emblemas). avareza, estão o rato e o sapo.
O pecado mortal da luxúria, de
Na tradição indiana, a montanha centro do mundo tinha sete faces, o Sol se • Inveja - Pecado em geral retratado como
um detalhe de Palas expulsando
te raios. O sétimo raio é um símbolo de centro, do poder de Deus. No islã, on uma mulher comendo o coração arran
os Vícios do Jardim da Virtude,
de o número sete simboliza a perfeição, há sete paraísos, terras, mares, infernos cado de seu próprio peito (a origem do de Andréa Mantegna (c.1500).
e portas do paraíso. Os peregrinos andam sete vezes em volta da Caaba sagra coloquialismo inglês eatyour heart out —
da, em Meca. literalmente, “coma seu coração”) ou, às vezes, as próprias vísceras. Seu
Nos costumes populares árabes, entre outros, o sete tinha poder protetor, as atributo familiar é uma serpente, às vezes mostrada com sua língua esti
sociado particularmente ao parto. As lendas estão cheias de setes, como nas cada e venenosa. Outros símbolos de inveja incluem o escorpião, o “mau-
histórias muito difundidas de dragões de sete cabeças ou na dos Sete Ador olhado” e a cor verde (daí a expressão “verde de inveja”).
mecidos de Éfeso — cristãos jovens, que teriam sido emparedados numa caver • Gula - Personificada na arte por suas imagens corpulentas e vorazes ou
na no reinado de Diocleciano e ressuscitados 200 anos depois. Sete: ver Árvo pelos animais associados com maior freqüência a esse vício sensual — o
re; Caaba; Coluna; CORES; Dragão; Iniciação; Lira; Lua; Montanha; Música; porco, o urso, a raposa, o lobo ou o ouriço.
NÚMEROS; O OUTRO MUNDO; PLANETAS; Quadrado; Raio; Sabá; • Luxúria - Esse vício era um assunto popular dos artistas medievais. A
Semana; Triângulo luxúria era representada com freqüência na arte ocidental por serpen
tes ou sapos alimentando-se de seios ou genitais de mulher (cujos im
SETE PECADOS CAPITAIS — Ver quadro nas páginas 317 e 318 pulsos sexuais pareciam mais chocantes à Igreja que os dos homens).
Outros emblemas da luxúria incluem o macaco, o asno, o basilisco, o
Sino - Em muitas religiões, a voz divina que proclama a verdade, em especial urso, o varrão, o gato, o centauro, o galo, o diabo, o bode, a lebre, o ca
nas mensagens budista, hinduísta, islâmica e cristã. Seu som era uma repercus valo, o leopardo, o Minotauro, o espelho, o porco, o coelho, o sátiro,
são do poder da divindade no pensamento islâmico e hinduísta, e de harmo o archote e a bruxa.
nia cósmica na China, onde também representava respeito, obediência e (por
ragem e juventude eternamente renova
• Orgulho — Este pecado geralmente é personificado na arte ocidental da. Como a fonte de luz, em oposição
por uma mulher com um pavão. Ela também pode ser mostrada com à escuridão, simboliza o conheci
um leão e uma águia como emblemas dominantes das naturezas terres mento, o intelecto e a personifica
tre e celestial. O dito bíblico “A soberba precede a ruína: e o espírito ção da Verdade, que, na arte oci
eleva-se antes da queda” (Provérbios 16:18) levou a alegorias medie dental, segura às vezes um sol
vais de orgulho, como um cavaleiro derrubado da sela. Esse simbolis em sua mão. E como o mais
mo influenciou a obra-prima de Carravaggio, A Conversão de São Paulo brilhante dos corpos celestes, é
(c. 1600), que mostra Saulo derrubado do cavalo na estrada para Da emblema da realeza e do es
masco. Outros símbolos de orgulho são o galo, o anjo caído, o leopar plendor imperial.
do, o espelho e o zigurate. O Sol representa o princípio mas
• Preguiça - Pecado geralmente personificado na arte ocidental por um culino na maioria das tradições, mas
homem com excesso de peso ou um porco. A Preguiça geralmente ca era feminino na Alemanha, Japão e
valga ou está acompanhada por um animal de carga, como o asno ou o em muitas tribos do mundo celta,
boi. O caracol também era um emblema cristão da preguiça. da África, de nativos da América, da
Oceania e da Nova Zelândia. Era O Sol, com raios em ziguezague, de uma
SETE PECADOS CAPITAIS: ver ANIMAIS MITOLÓGICOS; Anjos; máscara inca de ouro.
emblema imperial yang na China,
Espelho; Verde; Zigurate; e nomes individuais de animais. mas nunca foi visto como supremo no panteão chinês de deuses. A exemplo de
diversos outros povos, o chinês simbolizou os aspectos destrutivos do poder so
associação fonética) a passagem por provações. Os sinos constituem um lar num mito sobre como os múltiplos sóis fizeram o mundo tão quente. Os
chamado para a adoração e, no Tibete, para ouvir e obedecer às leis de Buda. dez sóis originais recusaram-se a compartilhar seus deveres solares com base
Os sinos de retinido leve podem representar alegria e também prazer sexual, numa escala de serviço e entraram juntos no céu. O arqueiro divino Yi teve en
como nos ritos gregos, onde eram associados ao fálico Príapo. De modo con tão de matar nove deles para restaurar o equilíbrio cósmico. Um emblema solar
trário, eram usados nos vestidos hebraicos como sinal de virgindade. O sino é característico da China é um disco vermelho com um corvo ou gralha pretos
geralmente percebido como um símbolo passivo, feminino, e sua forma como de três patas que simboliza as três fases do Sol (ascensão, zénite, ocaso).
a abóbada celeste. Seu badalo simboliza a língua do pregador. Foi amplamen Os cultos ao Sol mais elaborados eram os do Peru, México e Egito. Para enfa
te visto como protetor, afastando ou exorcizando o mal. De modo mais geral, tizar a pretensão inca de serem os “filhos do Sol”, a divindade solar era repre
marca a passagem do tempo, proclama as boas novas, como casamentos e vi sentada na forma humana com rosto dourado em forma de disco. No culto
tórias (o Sino da Liberdade, dos Estados Unidos), adverte do perigo e, por cau asteca do Quinto Sol, o deus da guerra Huitzilopochtli exigia sacrifícios huma
sa de seu dobre de morte, pode simbolizar a mortalidade humana, como no fa nos contínuos para manter a força do Sol como guardião da era contemporânea.
moso sermão de John Donne, Deattis Duell— O Duelo da Morte, de 1631. Sino: Essa história sem atrativos, que dissimula a sede de sangue asteca, encontra-se
ver Livro; Palavra; Vela; Virgindade no extremo oposto da lenda nórdica da morte do jovem e bonito deus da luz,
Balder, mas é um dos incontáveis mitos e ritos baseados no tema simbólico do
Sol — Símbolo dominante de energia criativa na maioria das tradições, em ge eclipse solar, desaparecimentos noturnos ou poder sazonal de crescer e declinar.
ral adorado como o deus supremo ou como uma manifestação de sua capaci Assim, o mito solar egípcio descreve a viagem da barca do Sol a cada noite pelos
dade de tudo ver. Apesar da base geocêntrica da astronomia antiga, alguns dos perigos do mundo subterrâneo antes de emergir triunfalmente da boca de uma
sinais gráficos mais primitivos do Sol mostram-no como o centro simbólico ou serpente a cada manhã. Numa abordagem cômica do tema, a deusa-sol japo
âmago do cosmo. Como fonte de calor, o Sol representa vitalidade, paixão, co- nesa Amaterasu esconde-se numa caverna e tem de ser enganada para sair no-
vamente. As personificações do Sol são múltiplas em algumas culturas, como morreram, como Osíris no Egito e Balder no norte da Europa. É a origem das
no Egito, onde Khepri é o deus-escaravelho do Sol nascente; Hórus, o olho do saturnais e do festival natalino do norte da Europa, bem como dos 12 dias de
dia; Rá, o zénite; e Osíris, o Sol poente. Na Grécia, Hélio personificava o Sol, Natal. Solstício: ver ESTAÇÕES; Roda; Sol
enquanto o romano Sol era, de maneira incoerente, deslocado por Apoio, que
representava o fulgor de sua luz. Soma - O suco fermentado de uma planta do deserto, que simbolizava nos ri
Alternativamente, o Sol é filho do deus supremo ou simboliza sua visão ou amor tuais védicos e indianos a divina força da vida. Há afinidades estreitas com o sim
radiante. Era o olho de Zeus, na Grécia; de Odin na Escandinávia; de Ahura bolismo da ambrosia, da seiva, do sêmen e do vinho. O soma era personificado
Mazda (também chamado de Ormuzd) no Ira; de Varuna na índia: e de Alá pa por um deus védico, identificado na tradição indiana posterior com a Lua, de
ra Maomé. Era a luz de Buda, do Grande Espírito dos nativos da América do cuja taça os deuses bebiam soma (reabastecida todos os meses de fontes solares).
Norte, de Deus-Pai na cristandade. Cristo, o Sol da Honradez, substituiu Mitra Nos rituais místicos, o soma era bebido como símbolo de comunhão com o po
no Império Romano como símbolo da ressurreição do Sol indómito. der divino. Na iconografia indiana, os emblemas da força estimulante do soma
Na iconografia, o Sol é representado por uma vasta série de emblemas. Entre incluem o touro, a águia e o gigante. Soma: ver Seiva; Videira
eles, figuram o disco dourado, o disco raiado ou alado (mais comum no
Oriente Médio), o meio-disco com raios (Nihon, que significa “fonte solar”, o Sombfâ — Nas tradições primitivas, a alma ou o alter ego, associada em par
emblema do Japão), o círculo com ponto central (símbolo de autoconsciência ticular aos espíritos da morte. Na China, os Imortais, como seres totalmente
na astrologia), a estrela, a espiral, o anel, a roda, a suástica (ou outras formas penetrados pela luz, não tinham sombras, enquanto, no folclore ocidental, as
de cruz que giram), o coração, a roseta, o lótus, o girassol e o crisântemo. pessoas que não projetavam sombra eram suspeitas de ter vendido a alma ao
Também pode ser representado por bronze, ouro, amarelo, vermelho, diaman diabo e de ser, de certo modo, “irreais” (as sombras como prova de realidade
te, rubi, topázio, uma serpente alada ou emplumada, uma águia só ou com material). Como antítese da luz, o diabo era, ele próprio, uma sombra. Na psi
uma serpente, falcão, Fênix, cisne, leão, carneiro, galo ou touro. Cavalos ou cologia, a sombra simboliza o lado intuitivo e egoísta da psique, em geral
cisnes dourados ou brancos puxavam a carruagem solar. O “sol negro” era sím reprimido. Sombra: ver Alma; Demônios; Luz; Preto
bolo alquímico da matéria primeva não-trabalhada. Sol: ver Águia; Amanhe
cer; Amarelo; Anel; Auréola; Bola; Carneiro; Carruagem, Biga; Cavalo; Cen Suástica - Ideograma que representa dina
tauro; Círculo; Cisne; Coração; Corvo; Crisântemo; CRUZ; Cruz Ansata mismo cósmico e energia criativa, um dos
(Ankh); Dança do Sol; Diamante; Disco; Eclipse; Escaravelho; Espiral; Estrela; mais antigos e difundidos de todos os sím
Falcão, Gavião; Fênix; Fogo, Chama; Galo; Girassol; Globo, Orbe; Halo; He- bolos lineares. Denominado com base no
liotrópio; Leão; Lótus; Lua; Luz; Meio-Dia; Olho; Ouro; PLANETAS; Qui- sânscrito su, “bem”, e asti, “estar”, seu signifi
Rô; Raio; Roda; Rosa; Rubi; Serpente; Solstício; Suástica; Touro; VERDADE; cado tradicional sempre foi positivo. O uso
Vermelho; Yin-Yang; Zodíaco pelos nazistas de seu poderoso simbolismo
fez dele o emblema infame mais bem-suce
Solstício — Significativo nos rituais solares, em particular naqueles que mar dido do século XX e um dos mais alterados
cam o solstício de inverno no hemisfério norte em 22 de dezembro, o dia mais com relação a seu significado original. A suás
curto do ano, depois do qual o Sol “renascia” simbolicamente. No ano 274 de tica é uma cruz de braços iguais, com a ponta Suástica, de uma pintura em areia
nossa era, o imperador Aureliano procurou unir o Império Romano em torno de cada braço dobrada em ângulo reto para dos índios navajos.
do culto do “Sol Invicto” (o deus persa da luz, Mitra) e fixou 25 de dezembro proporcionar impressão de giro. Do ponto de
como dia de aniversário do Sol. Cerca de 60 anos depois, a Igreja Cristã ado vista pictórico, pode sugerir uma roda solar com um facho de luz sendo arrasta
tou essa data para comemorar o nascimento de Cristo como o novo príncipe do por cada um dos raios que giram, e seu aparecimento em muitos cultos pri
da luz. O solstício de dezembro era o aniversário de diversos outros deuses que mitivos estava associado aos deuses do Sol ou do céu, sobretudo indo-iranianos.
A suástica pode girar em ambas as direções. Com a barra do alto voltada para a
esquerda — símbolo budista do giro cíclico da existência — é às vezes, mas não
sempre, identificada com o princípio da energia masculina, e era um emblema
usado por Carlos Magno (c. 742 - c.771).
A suástica invertida (usada por Hitler) estava associada ao poder gerador femini
no na Mesopotâmia superior e aparece no púbis da grande deusa semítica Ishtar,
equivalente no mundo clássico à grega Artemis (Diana, na mitologia romana).
Também na China, a suástica invertida é um símbolo yin. O significado essencial
da suástica - força da vida, poder solar e regeneração cíclica - é com freqüência
ampliado para significar o Ser Supremo, sobretudo no jainismo. Aparece na pe
gada ou no peito de Buda (âmago imóvel da Roda do Devir). Também é um si
nal de Cristo (movendo-se no mundo) nas inscrições das catacumbas, dos deuses
védicos e indianos (Agni, Brahma, Surya, Vishnu, Shiva, Ganesha); de Zeus,
Hélio, Hera e Artemis, na Grécia; e de Thor, o deus escandinavo do trovão, cujo
martelo pode aparecer sob diferentes formas de suástica, a sugerir raios duplos. O
disco alado na suástica foi usado como símbolo de energia solar no Egito e na
Babilônia, mas a suástica apareceu de maneira ampla em outras partes, em ícones
ou artefatos e com uma variedade de significados subsidiários.
Além da força giratória, a outra característica gráfica notável da suástica é que
seus braços rodopiam num espaço de quatro partes em torno de um eixo ou
centro estático. No simbolismo dos nativos da América do Norte, a suástica es
tava associada ao número sagrado quatro - os quatro deuses do vento, as qua
tro estações, ou os quatro pontos cardeais, como na China (onde era o símbolo
do número “infinito” 10.000). Seu uso como símbolo polar sobrevive na ma
çonaria. Era símbolo secreto gnóstico e a cruz da seita cristã maniqueísta. O
uso da suástica como emblema da pureza racial “ariana” data de pouco antes
da Primeira Guerra Mundial, entre grupos socialistas anti-semitas da Alema
nha e Áustria. A força aérea finlandesa adotou-a como emblema militar em
1918. Hitler, mestre da psicologia de massa, reconheceu seu dinamismo como
um emblema de partido e a colocou no emblema nazista em agosto de 1920,
inclinando-a para conferir-lhe impulso para a frente. “O efeito era como se ti
véssemos jogado uma bomba”, escreveu. Suástica: ver Centro; Céu; Círculo;
CRUZ; Eixo; Luz; Martelo; NÚMEROS; Pé, Pegada; PONTOS CARDEAIS;
Quatro; Raio; Roda; Sol
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Médio, isso levou à idéia de que os mandamentos divinos deveriam ser entre
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cas e islâmicas sustentavam que nas tábuas da sina ou do destino existentes, es
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ça era raspado para deixar um círculo de cabelo é considerado uma rememo to espiritual e da imortalidade. Como emblema de proteção cavalheiresca, o
ração da coroa de espinhos de Cristo. Tonsura: ver Cabelo; Coroa Tosão de Ouro tornou-se uma ordem de cavaleiros na Borgonha, Áustria e
Espanha. Uma origem sugerida do Tosão de Ouro é que a lã era usada para pe
Tordo - Alternativa para o pintassilgo na lendária história de um pássaro que gar partículas de ouro nas técnicas de mineração antigas. Tosão de Ouro: ver
arrancou uma espinha da coroa de Cristo e foi salpicado com Seu sangue. Isso Carneiro; Cavaleiro; Graal; Ouro; Sol
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pode ter levado às superstições européias de que o tordo anuncia a morte ao
dar batidinhas na vidraça da janela, e que traz má sorte matá-los. Tordo: ver Totem — Animal ou outro objeto natural que age como símbolo de identifi
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Aves; Espinho; Pintassilgo cação de um clã estreitamente unido. Na arte primitiva, os exemplos mais im
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pressionantes são os postes de totem gigantes da costa noroeste da América,
To ri - Em japonês, literalmente “poleiro” - pórtico em forma de canga simpli que servem quase como símbolos heráldicos de status. Os corvos, ursos ou ou
ficada situado na entrada dos templos xintoístas. Símbolo essencialmente so tros animais esculpidos neles representam os espíritos ancestrais místicos na
lar, é identificado como um dos pássaros no mito em que as aves ajudaram a aparência animal ou simbolizam qualidades admiradas pelo clã. Nos rituais de
atrair a deusa solar Amaterasu para fora da caverna em que se escondera (dei iniciação, o totem pode ser um espírito tutelar mais pessoal. Totem: ver ANI
xando o mundo às escuras) e, portanto, a trazer de volta à luz. Também re MAIS; Corvo; Iniciação; Urso
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presenta a entrada para a luz espiritual. Tori: ver Aves; Luz; Sol
T-Oliro — Poder, potência, fecundidade - símbolo multiforme de divindade,
Torre - Ascensão, ambição, força, vigilância, inacessibilidade, castidade. Os realeza e das forças elementares da natureza, mudando de significado entre di
escritores bíblicos sentiram que a Torre de Babel (uma alusão ao zigurate mo ferentes épocas e culturas.
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numental da Babilônia) carregava o simbolismo axial terra-céu da torre para al Como encarnação animal de muitos deuses supremos do Oriente Médio, foi
um dos mais importantes de todos os animais. Tanto no ritual quanto na ico
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turas insolentes. Os mitos de torres que simbolizam a presunção humana tam
bém são comuns no sul da África. Como emblemas de aspiração, as torres fo nografia, o touro representou Lua e Sol, terra e céu, chuva e calor, procriação
ram mantidas como símbolos de status na arquitetura dos castelos do Loire feminina e ardor masculino, matriarca e patriarca, morte e regeneração. Como
muito depois de perderem a função defensiva. No simbolismo cristão medie símbolo de morte e ressurreição, foi central para o mitraísmo, culto persa an
val, a Virgem Maria era a “Torre de Marfim”, terior ao zoroastrismo, absorvido pelo império romano e espalhado por grande
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pura e inexpugnável. Na arte, a figura da Cas parte dele, como rival primitivo do cristianismo. Sacrifícios rituais celebravam
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a matança, por Mitra, deus-sol, de um touro primordial cujo sangue e sêmen
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tidade aparece às vezes numa torre, como ocor
re com as donzelas em situação angustiante fizeram jorrar nova vida, animal e vegetal. No taurobolium romano, os inician-
dos contos de fadas. Torre: ver CASTIDADE; dos passavam por um chuveiro de sangue de touro como um jorro de vida. Um
Eixo; Marfim; Zigurate simbolismo de germinação semelhante aparece em mitos indo-iranianos mui
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to mais antigos. Na arte das cavernas ainda mais primitiva, o touro só perde
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Tosão ÚB Ouro - O famoso símbolo do *
para o cavalo como a imagem de energia vital pintada com maior freqüência.
objetivo quase impossível, combinando dois Ele aparece desde o norte da Europa até a índia como emblema de poder divino,
emblemas do céu ou do Sol de aspiração - o em especial associado a deuses lunares, solares, do céu ou da tempestade, in
cluindo notadamente os deuses nórdicos Thor e Freia; os deuses gregos Zeus
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alegoria da busca pelo tesouro do esclarecimen- figura vermelha. Rudra e Shiva com seu touro de montaria. Ao condenar o Bezerro de Ouro, o
bíblico Moisés procurou ciado em sangue; Cristo é transfigurado num ser de luz sob os olhos dos seus
mudar uma antiga tradição apóstolos, e as almas transmigram para outros corpos depois da morte. O uso de
semita de adoração do tou roupas do sexo oposto (travestismo) simboliza a liberação do constrangimento de
ro. Na índia, o primeiro um único sexo, uma volta à perfeição primária do andrógino. Transformação: ver
santo da seita jainista é re Alma; Alquimia; Andrógino; ANIMAIS; Carnaval; Orgia; Sangue; Vinho
presentado por um touro
dourado. Os atributos físi Trapaceiro - Na mitologia e no folclore, o anti-herói que conta com o pensa
cos deste animal sustentam mento cínico rápido, astúcia e engano no lugar da força moral e física para supe
grande parte de seu sim rar inimigos ou atingir objetivos. Os exemplos incluem o Hermes, na Grécia, o
bolismo — seus chifres são herói cultural Maui, na Oceania, e muitos animais astutos, tais como a lebre,
associados à Lua crescente; o coiote e o corvo, em várias culturas da África, Ásia e entre os nativos da América.
/ _ i Touro, conforme mostrado num alto-relevo de pedra de
so seu tamanho sugere um F Os trapaceiros simbolizam a importância do papel, na evolução humana, do
. c. 500 a. C. do Portão de Ishtar, na Babilônia.
apoio para o mundo nas lado egoísta, subversivo, irreverente e astuto do homem. Trapaceiro: ver Coio
tradições védica e islâmica; seu sêmen prolífico é armazenado pela Lua ha mito te; Corvo; Lebre, Coelho
logia persa; e seu rugido, estampa e a energia que demonstra ao agitar os chifres
são amplamente associados ao trovão e aos terremotos, sobretudo em Creta, lar Três — Síntese, reunião, resolução, criatividade, versatilidade, onisciência, nas
do monstruoso homem-touro mitológico, o Minotauro. cimento e crescimento — o número mais positivo não só no simbolismo, mas
Como o mais formidável dos animais domesticados, o touro dos tempos antigos também no pensamento religioso, na mitologia, na lenda e no folclore, no qual
tornou-se tanto adversário quanto ícone. Desafiar seu poder era tarefa dada a he é muito antiga a tradição de que após fracassar nas duas primeiras tentativas de
róis lendários, como Héracles, e um jogo perigoso para os acrobatas minóicos, fazer algo, na terceira, a pessoa será bem-sucedida. A doutrina cristã da Trinda
que davam saltos mortais sobre os chifres do touro. O ritual orquestrado das de, que permitiu que um Deus monoteísta fosse reverenciado por intermédio
touradas modernas dá continuidade a uma antiga tradição de usar o touro para do Espírito Santo e da pessoa de Cristo, é um exemplo de como o três pode
flertar com a morte. Aqui, o simbolismo direto de enganar a morte talvez seja substituir o um como símbolo de uma unidade mais versátil e poderosa. Deu
mais fundamental que a visão moralizante de Jung, de que a derrota do touro re ses de três cabeças ou desdobrados em três, tais como o grego Hécate ou a celta
presenta o desejo humano de sublimar as paixões animais. O simbolismo sexual Brigite, tinham funções múltiplas ou controlavam diversas esferas. O deus
certamente predomina na mitologia grega testemunhado pela ligação com os ri egípcio das pseudociências ocultas, Toth, foi chamado pelos gregos de Hermes
tos orgíacos de Dioniso e pelo mito em que Zeus aparece para Europa sob a Trismegistos: “Hermes três vezes grande”. As tríades religiosas são comuns - o
forma de um delicado touro branco antes de raptá-la. Diodoro relatou que as mu trimúrti hindu de Brahma (criador), Vishnu (sustentador) e Shiva (destrui
lheres egípcias expunham-se a imagens do deus touro Ápis. Entretanto, o simbo dor); os três irmãos - Zeus (Júpiter, na mitologia romana), Posêidon (Netuno)
lismo de morte e ressurreição, como encontrado no mitraísmo, é mais difundido: e Hades (Plutão) -, que controlavam o mundo grego com o triplo atributo, os
é bem marcado no Egito e também no norte da Ásia, onde a Morte monta um raios trifurcados, o tridente e as três cabeças do cão Cérbero; as três grandes di
touro preto. Touro: ver ANIMAIS; Bezerro; Branco; Búfalo, Bisão; Cavalo; Ca vindades incas do Sol, da Lua e da tempestade; os três irmãos que controlavam
verna; Céu; Chifre; Crescente; Labirinto; Minotauro; MORTE; Preto; Sangue; os paraísos na China. Outras figuras mitológicas e alegóricas ocorrem também
Sacrifício; Sol; Tempestade; Trovão; Zodíaco com freqüência em número de três, como as Parcas (nas tradições grega e nór
dica), as Fúrias, as Graças, as Harpias, as Górgonas, ou as virtudes na teologia
Transformação - As transformações de todos os tipos simbolizam liberação cristã: Fé, Esperança e Caridade. Três é um número muito repetido no Novo
das limitações físicas ou mortais da natureza. Na maioria das mitologias, os seres Testamento: os três Reis Magos; as três negações de Pedro; as três cruzes do
sobrenaturais metamorfoseiam-se à vontade em animais; o vinho é transubstan- Gólgota; a ressurreição depois de três dias.
Três era o número da harmonia para Pitágoras, e da completude para Aristóteles, mo como na trindade cristã. Como ocorre com muitos entalhes celtas de tría
tendo começo, meio e fim. Em outras tradições, entre elas o taoísmo, o três sim des de deuses, eles podem aparecer como uma única figura de três cabeças. Os
bolizava força por implicar um terceiro elemento. Do ponto de vista político, o três artistas medievais às vezes também retratavam a Trindade desse modo, até que
foi o primeiro número a tornar possível a ação executiva por uma maioria, como a Igreja baniu essas imagens. O cágado costuma aparecer como símbolo de
nos triunviratos romanos. Na China, era o número auspicioso que simbolizava tríade, sobretudo na arte taoísta, onde é emblema da terra-homem-céu - sim
santidade, lealdade, respeito e refinamento. Era o número dos “tesouros” sagrados bolismo adotado pelas sociedades secretas chinesas conhecidas como tríades.
japoneses - o espelho, a espada e a jóia. No budismo, era o número de escrituras Tríade: ver Tartaruga, Cágado; Três; Trimúrti; Trindade
sagradas, o Tripitaka. No hinduísmo, era o número de letras da palavra mística
Om (Aum), que expressa o ritmo ternário do cosmo inteiro e da divindade. Triângulo - Um dos símbolos geométricos mais poderosos e versáteis. O
Três é, significativamente, o número da unidade familiar, a menor “tribo”. triângulo equilátero assentado em sua base é signo masculino e solar, que repre
Simbolizava o corpo, a alma e o espírito individuais. Na África, era o número senta a divindade, o fogo, a vida, o coração, a montanha e a ascensão, a prospe
da masculinidade (pênis e testículos). Nas relações entre os sexos, é emblema ridade, a harmonia e a realeza. O triângulo invertido — possivelmente um sig
de conflito (“três é demais”), o eterno triângulo. Por outro lado, três em geral no mais antigo — é feminino e lunar, representando a grande mãe, a água, a
é visto como número de sorte, possivelmente por simbolizar a resolução de um fecundidade, a chuva e a graça celeste. O simbolismo do triângulo púbico fe
conflito — uma ação decisiva que pode levar ao sucesso ou ao desastre. Nas lendas minino e da vulva é às vezes melhor especificado pela adição de uma curta
populares, os desejos são concedidos em três. Heróis e heroínas podem fazer linha interior desenhada a partir do ponto inferior. Na China, o triângulo pa
três escolhas, passar por três provações ou receber três oportunidades de serem rece ser sempre feminino. O encontro dos triângulos masculino e feminino em
bem-sucedidos. As ações rituais costumam ser feitas três vezes, como nas ablu- sua parte pontuda significa união sexual. Interpenetrados para formar um he-
ções diárias islâmicas, nas saudações ou augúrios. O símbolo gráfico de três é xagrama, simbolizam síntese, a união dos opostos. Horizontalmente, com o
o triângulo. Outros símbolos triformes incluem o tríscele (forma de suástica, encontro das bases, dois triângulos representavam a lua nas suas fases crescen
com três pernas, em vez de quatro), o trifólio, o trigrama chinês, o tridente, a te e minguante. Como a figura plana mais simples, baseada no número sagrado
flor-de-lis, três peixes com uma única cabeça (representando a trindade crista) três, o triângulo era o sinal pitagórico da sabedoria, ligado a Atenéia.
e animais lunares de três pernas (que representam as fases da Lua). Três: ver Tanto no judaísmo quanto no cristianismo, o triângulo era o sinal de Deus. Na
Flor-de-Lis; NÚMEROS; Om (Aum); Tríade; Triângulo; Tridente; Trigramas; trindade cristã, Deus é às vezes representado por um olho dentro de um triân
Trimúrti; Trindade; Tríscele gulo ou por uma figura venerável com um halo triangular. A alquimia usava triân
gulos apontados para cima e para baixo como os sinais do fogo e da água. De ma
Trevas — ver Escuridão neira mais geral, os triângulos lineares ou as composições de formato triangular
podem referir-se às tríades de deuses ou outros conceitos tríplices. Triângulo: ver
Trevo - Com suas três folhas, o trevo simboliza a trindade cristã. O uso, pela Alquimia; Coração; Fogo, Chama; Halo; Hexagrama; Homem; Lua; Montanha;
Irlanda, da variedade shamrock como emblema nacional pode referir-se ao res — Mulher; Olho; SABEDORIA; Três; Tríade; Trindade
peito que os celtas nutriam pelo crescimento vigoroso da planta. Trevo: ver
Três; Trindade
Tridente — O poder do mar — emblema da antiga civilização minóica (assim
—
como de Britânia a governar as ondas). O tridente era famoso como símbolo
Tríade — Grupo de três, em geral usado na iconografia para simbolizar idéias da autoridade de Posêidon, deus grego do mar (Netuno, na mitologia roma
— — —
estreitamente ligadas, tais como corpo/alma/espírito ou divindades que parti na). Seu aparecimento nas mãos de alguns deuses das tempestades sustenta a
lham funções, como as Parcas ou Graças na mitologia grega. No hinduísmo, a visão de que seus dentes representam raios ramificados. Entre outras figuras
;
tríade Brahma, Vishnu e Shiva simboliza três aspectos do poder divino repre que na arte carregam tridente, encontram-se Satã (para quem o tridente tem a
sentados por deuses separados que não estão fundidos num único ente supre-
mesma função do forcado) e a figura da Morte.
Na índia, a similar trisula simboliza os três aspectos de Shiva (criador/ mante Triscele - Símbolo da energia dinâmica parecido com a suástica, mas com
nedor/destruidor) e é uma marca na testa de seus seguidores. O uso cristão do três, em vez de quatro, pernas dobradas, que giram em círculo.
tridente como símbolo da Trindade é raro. Tridente: ver Demônios; MORTE; Como motivo, seja na arte celta, seja nas moedas e escudos gregos, parece re-
Raio; Três; Trindade lacionar-se menos aos ciclos solares ou fases lunares (um dos significados suge
ridos) do que ao poder ou à intrepidez física. É ainda hoje o emblema das Ilhas
Trigramas - Estruturas triplas de linhas contí Scilly e da Ilha de Man. Triscele: ver Suástica
nuas (yang) ou interrompidas (yin), oito das
quais (o Pa Kua) formam a base do grande Trombeta - De todos os instrumentos musicais, o mais auspicioso - sím
livro chinês de adivinhação, o I Ching. bolo tradicional de acontecimentos significativos, notícias importantes ou
Essas estruturas simbolizam a crença teoís- ação violenta.
ta de que o cosmo se baseia num fluxo Na arte, a trombeta é o atributo personificador da Fama e dos sete anjos do
constante de forças complementares — o Juízo Final. Os romanos popularizaram o efeito de choque ao soprar as trom
yang, masculino e ativo, a equilibrar o yin, betas antes das cargas de cavalaria, assim como em rituais importantes e ceri
Os oito trigramas usados na adivinha
feminino e passivo, e vice-versa. Grupos mônias de Estado. Nas justas medievais, as trombetas anunciavam notícias tra
ção. Em sentido horário, de cima para
permutáveis de dois trigramas formam os baixo: K*an (o profundo); Chen (o que zidas pelos arautos e introduziam os cavaleiros. Trombeta: ver Cavaleiro; FA
64 hexagramas do I Ching, cuja interpre desperta); Ken (o imóvel); Tui (o jubilo MA; Música
tação fornece um guia de ação sábia. Tri so); Li (o aderente); Kun (o receptivo);
gramas: ver Três; Yin-Yang Sun (o suave); e Ch’ien (o criativo). Trono (assemto) — Poder, estabilidade, esplendor. Psicologicamente, os
governantes sempre projetaram confiança ao se sentarem enquanto os demais
Trisnúrti — Grupo sagrado indiano de Brahma, Vishnu e Shiva que simboli ficavam em pé. Seus tronos, que se tornaram cada vez mais elaborados no de
za os três ciclos de manifestação — criação, preservação e destruição. Apesar de correr da história, tornaram-se símbolos de sua autoridade, tanto que o pró
sua similaridade com a trindade cristã, o trimúrti não é um conceito mono- prio trono tornou-se símbolo de glória, como nas tradições budista, hinduísta e
teísta de três em um. Na tradição hinduísta posterior, Shiva pode representar cristã ortodoxa oriental, que às vezes representavam a presença radiante de
ele próprio os três aspectos do trimúrti. Trimúrti: z^rTrês; Trindade uma divindade pela retratação de um trono vazio. O trono de diamante é uma
imagem budista do centro. Cristo disse a seus discípulos que se sentariam em
Trindade — Na cristandade, as três Pessoas que formam o Deus Supremo 12 tronos para julgar as 12 tribos de Israel. Degraus ou um tablado (elevação)
único - o Deus-Pai, o Deus-Filho e o Deus-Espírito Santo. A doutrina da Trin e um dossel (proteção celestial) em geral sustentam o simbolismo de poder do
dade — que reconciliou o culto do deus-homem Cristo com o monoteísmo — próprio assento. Jóias, metais preciosos e efígies de criaturas solares tais como o
simboliza a essência indivisível de uma divindade que se revela em diferentes leão ou o pavão eram características decorativas muito usadas. Na iconografia
formas. Na arte, a Trindade costuma ser representada pela figura de Deus atrás egípcia, ísis é identificada com o trono como grande mãe. Trono (assento): ver
e acima do Cristo crucificado, com a pomba do Espírito Santo a pairar sobre Cetro; Diamante; Dossel; Doze; JOIAS; Leão; Pavão
Eles, ou ainda pela pomba com duas figuras entronizadas. Outros símbolos in
cluem o trono, o livro e a pomba (poder, intelecto, amor); três peixes entrela Trovão - Vontade divina - equiparado na tradição semita, entre outras, à so
çados ou partilhando uma mesma cabeça; três águias ou leões; três sóis; um norização da palavra de Deus (o raio representava a palavra escrita). “Deus tro
triângulo com um olho ou três estrelas dentro; três círculos ou arcos superpos veja maravilhosamente com sua voz” (Jó 37:5). Os raios acompanhados de trovão
tos dentro de um círculo; um trevo de três folhas ou uma cruz de três lâminas. (em geral representados como flechas dentadas de fogo arremessadas das nu
Trindade: ver Águia; Círculo; CRUZ; Leão; Livro; Três; Trevo; Triângulo; Tri vens) são atributos dos deuses do céu mais poderosos em muitas tradições,
múrti; Trono (assento) notadamente armas do deus grego Zeus (Júpiter, na mitologia romana). O raio
acompanhado de trovão era símbolo de criação e destruição, associado à força
da fecundação, bem como à punição ou justiça. Assim, nas tradições hinduísta e
budista, Indra usa o vajra, raio acompanhado de trovão, na forma de um ce
tro de diamante, para partir as nuvens (que, no simbolismo tântrico, represen
tam a ignorância). O deus inca da chuva, Hiapa, libera as águas celestes com
sua funda de trovão, simbolismo comum com a força impulsora em geral as
sociada ao trovão no mundo antigo. Para os nativos da América do Norte, o
Pássaro do Trovão, ouvido na poderosa concussão de suas asas de águia, é so
bretudo um deus do céu protetor. O simbolismo da ave também aparece na
mitologia siberiana. Embora predominantemente associado em outros lugares
a deuses masculinos, como o Thor escandinavo, ou com ferreiros divinos (em
geral coxos), o trovão era às vezes associado, por seu simbolismo de fecundida
de, a deusas da terra ou lunares. Na Ásia, era ligado ao dragão (em especial na
China), ao tambor, ao vagar ruidoso das almas mortas e à cólera ou gargalhada
dos deuses. Outras associações incluem o martelo, o macete, o cinzel, o ma
chado, o touro a bramir e o zunidor, animais ligados à chuva, como a serpente,
e, na representação gráfica, como a flecha em ziguezague, a flor-de-lis e a espi
ral do trovão a rolar. Alguns deuses do trovão, sobretudo japoneses, eram di
vindades tanto da terra como do céu, cujas vozes provinham do vulcão e das
nuvens. Trovão: ver Águia; Aves; Cetro; Dragão; Eixo; Espiral; Ferreiro; Mar
telo; Palavra; Raio; Serpente; Tambor; Touro; Ziguezague; Zunidor
üfiçã© — Rito originário do Oriente Médio no qual se usa óleo consagrado co
mo símbolo da graça divina para santificar governantes ou pessoas em processo
de ordenação sacerdotal, para conferir autoridade sagrada. Unção: ver Óleo
Unicórnio — Castidade, pureza, poder, virtude — símbolo cortesão de de ra domar e transformar o chifre do desejo sexual. Na arte ocidental, os unicór
sejo sublimado e símbolo cristão da Encarnação. O unicórnio é o mais am nios puxam o carro da Castidade.
bíguo e poético dos animais mitológicos, em geral retratado na arte medie Embora o simbolismo ocidental do unicórnio seja singular, uma criatura len
val como um gracioso animal branco com um só chifre longo e espiralado dária com algumas semelhanças é o Ky-lin, da China — símbolo de fertilida
na testa. Tem corpo, crina e cabeça de cavalo (às vezes com cavanhaque de de yin-yang de sabedoria, delicadeza, e felicidade. Seu(s) chifre(s) (pode ter
bode), casco fendido de antílope e cauda de leão. O médico grego Ctésias até cinco) representa(m) o intelecto. Na alquimia, o unicórnio representa o
menciona os poderes curativos do unicórnio em sua história da Pérsia e mercúrio, juntamente com o emblema de leão, que representa o enxofre. Es
Assíria do século IV a.C. - numa aparente referência aos remédios indianos ses dois animais podem representar outras dualidades, tais como Sol-Lua,
feitos com pó de chifre de rinoceronte. Os primeiros escritores cristãos po além de serem figuras populares na heráldica. Emblema da Escócia, o unicór
dem ter associado esse poder curativo aos chifres de um animal, como o cla nio substituiu um dragão galês quando Jaime VI da Escócia tornou-se Jaime I
ro antílope órix árabe. De acordo com um devaneio teológico, o unicórnio da Escócia e Inglaterra. Unicórnio: ver ANIMAIS MITOLÓGICOS; Antí
poderia purificar água envenenada por peçonha de cobra ao agitá-la com o lope; CASTIDADE; Chifre; CRUZ; Falo; Lança; Leão; Mercúrio; Rinoceron
chifre num movimento em forma do sinal da cruz. te; Serpente; Virgindade
Diversos outros elementos integram o tecido do simbolismo do unicórnio na
arte cristã medieval, sobretudo da tradição pagã, de que essa criatura veloz e Uraeus - ver Naja
bravia só poderia ser capturada por uma virgem - em aparente
referência à associação entre o unicórnio e as deusas virgens Urna - Emblema feminino e de fecundidade da água ou dos deuses dos rios na
lunares da caça, como a grega Ártemis (Diana, na mitologia arte — e de Aquário na astrologia. No budismo chinês, a urna com tampa é um
romana). O simbolismo de falo e lança do chifre, combi dos oito símbolos de boa sorte e pode representar a vitória sobre a morte. Esse
nado com uma mitologia de purificação, fez do unicór é também o simbolismo da urna com uma chama a subir, o que denota ressur
nio um símbolo elegante de penetração espiritual - espe reição na arte funerária ocidental. Urna: ver Água; Fogo, Chama; Zodíaco
cificamente, o mistério da entrada de Cristo no útero
virgem. É esse o significado alegórico das miniaturas UfSO - Força primitiva brutal — emblema de guerreiros em regiões do norte da
góticas e tapeçarias ou pinturas posteriores nas quais Europa e da Ásia. O animal era a encarnação do deus Odin na Escandinávia,
o unicórnio recosta a cabeça no regaço de uma mu onde os ferozes guerreiros berserkes vestiam peles de urso; e também da caçadora
lher, a acompanha num jardim fechado ou pavi Ártemis da Grécia, onde as donzelas que a cultuavam se vestiam como ursos.
lhão de rosas ou é guiado em direção a ela por Está ligado a muitas outras divindades guerreiras, inclusive ao germânico Thor
um caçador (Gabriel, o e ao celta Artio de Berna (a cidade suíça do “urso”). Símbolo de força dos na
anjo da Anunciação). tivos americanos, o urso é emblema de coragem masculina na China, onde os
Na cavalaria, o unicór sonhos com urso pressagiam o nascimento de meninos. O urso, sobretudo a
nio simbolizava a virtu ursa, também aparece como símbolo de força, cuidado e calor maternais (o ur
de do amor puro e o po so Baloo, de Kipling, em TheJungle Book — Mogli, o Menino Lobo, de 1894). Para
der da mulher casta pa- os ainu do norte do Japão e para os índios algonquianos, o urso é uma figura
ancestral. Também está ligado aos simbolismos lunar e da ressurreição, talvez
O unicórnio no regaço de
devido à hibernação. Os xamãs usavam máscaras de urso para se comunicarem
uma mulher, de A Dama do com os espíritos da floresta. Para Jung, o urso simbolizava aspectos perigosos
Unicórnio, de uma tapeçaria do inconsciente, e é visto como poder negro pelas tradições cristã e islâmica:
francesa do século XV cruel, luxurioso, vingativo, cúpido — uma representação do pecado mortal da
glutonaria na arte ocidental. O Davi bíblico realmente combateu com um ur
so, e o disforme filhote de urso “moldado” por sua mae tornou-se a imagem
do pagão que necessitava do socorro da Igreja. Do mesmo modo, o urso é o
■si
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Smêmêm
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símbolo alquímico do primeiro estado da matéria. Urso: ver Alquimia; ANI
MAIS; Floresta; Lua; Máscara; Ossos; SETE PECADOS CAPITAIS
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Útero — ver Mulher
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WpSí»
Vaca — Antigo símbolo de nutrição maternal e, como o touro, imagem do
poder cósmico gerador. Em culturas do Egito à índia, a vaca era uma per
sonificação da Mãe Terra. Também era lunar e astral, com seus chifres em
crescente a representar a Lua; e seu leite abundante, as incontáveis estrelas
da Viâ-Láctea. Nut, deusa egípcia do céu, às vezes aparece com esse simbo
lismo na forma de uma vaca com estrelas no ventre, as patas a simbolizar os
quatro cantos da terra. Hator, a deusa Grande Mãe da alegria e do amor e
alimentadora das coisas vivas, também é representada como uma vaca.
Como emblema protetor da realeza, em geral era mostrada com o disco solar
entre os chifres — referência à idéia de uma vaca celeste e materna a nutrir
o Sol poente com seu calor. Imagem semelhante da vaca como nutridora da
vida original aparece na mitologia do norte da Europa, onde Adumla, ama-
de-leite dos gigantes primordiais, lambe o gelo para expor o primeiro ho
mem ou, alternativamente, os três deuses criadores. Na literatura védica, a
vaca é céu e terra, com seu leite a cair como chuva abundante e fertilizado-
ra. A vaca preta desempenhava um papel nos ritos funerários; a branca era
símbolo da iluminação. Para hinduístas e budistas, o ritmo de vida quieto e pa
ciente da vaca apresentava uma imagem de santidade tão completa que ela se
tornou o animal mais sagrado da índia. Sua imagem é de felicidade em toda a
parte — como nos ritos gregos em que novilhas eram coroadas e levadas em
procissões celebratórias com dança e música. Vaca: ver Branco; Céu; Coroa de
Flores, Grinalda; Crescente; Disco; Gigante; Leite; Lua; Mãe; Preto; Sol; Ter
ra; Touro
Vá CU© — Símbolo budista e místico de fuga da roda da existência, concebido rancar a terra pelas raízes com suas presas, após ter sido capturado pelos de
como a ausência completa de ego, emoção e desejo — um estado de experiência mônios. A brutalidade destrutiva é o outro lado do simbolismo do varrão: era
ilimitada e de revelação espiritual altruísta. Vácuo: ver Nirvana adversário monstruoso de Héracles (Hércules) e também do deus egípcio da
luz do dia, Hórus, cujo olho foi arrancado por seu tio Seth na forma de um var
rão preto. O varrão tornou-se um símbolo judaico-cristão de tirania e luxúria.
VAIDADE - Na arte, a vaidade é em geral representada de maneira
Varrão: ver ANIMAIS; Branco; Floresta; Lua; Olho; Porco; Preto; Sol
alegórica como um nu reclinado preocupado com seus cabelos, com
um espelho a simbolizar sua natureza autocontemplativa. No sentido
Vas© - Em geral, símbolo feminino, sobretudo na arte ocidental, em que um
antigo de futilidade ou vazio, vanitas é um dos maiores campos de
vaso com um lírio refere-se à Virgem Maria. Na arte funerária egípcia, os va
simbolismo nas naturezas-mortas ocidentais. Possessões materiais, co
sos simbolizavam vida eterna. O vaso de flores significa harmonia no budismo
mo moedas, ouro ou jóias, e adornos do poder, como coroas ou cetros,
chinês e aparece como um dos símbolos da pegada do Buda. Vaso: ver FLO
são mostrados com símbolos de vazio, como taças emborcadas ou em
RES; Lírio; Mulher; Pé, Pegada
blemas de mortalidade e evanescência - caveira, relógio ou ampulheta,
flores ou uma vela derretendo. Os animais associados à vaidade são o
Vassoura - Modesto implemento investido com um considerável poder má
macaco, o pavão e, com menor freqüência, a borboleta. VAIDADE: ver
gico desde tempos remotos. Essencialmente símbolo de remoção ( vassoura
os verbetes individuais
nova é que varre melhor”), tinha de ser usada com cuidado para não jogar para
fora os espíritos benignos, como faz com a poeira. Essa crença explica as po
Vara Mágica - Emblema dos poderes sobrenaturais, menos autoritário que pulares proibições de varrer a casa à noite, na Bretanha, e de varrer a casa na
o bastão e mais especificamente associado à bruxaria e aos seres mágicos. A vara qual alguém acabou de morrer, no norte da África. Vassouras sagradas (não
mágica simboliza a facilidade de transformação. Vara Mágica: ver Aveleira; prejudiciais) eram usadas em alguns ritos pelo mesmo motivo. A crença popu
Bastão; Círculo; Fadas; Transformação lar de que as bruxas iam para suas demoníacas assembléias noturnas montadas
em vassouras está ligada à idéia de que os espíritos do mal podem tomar pos
Varra© - Imagem primordial de força, agressão destemida e coragem resolu sessão do implemento mágico utilizado para expulsá-los. Vassoura: ver Bruxaria;
ta, sobretudo no norte da Europa e no mundo celta, onde era o principal sím Demônios; Falo; Madeira; Sabá
bolo dos guerreiros. Também tinha significado sagrado em outros lugares: como
símbolo do Sol no Irã e da Lua no Japão, onde o varrão branco era tabu para ¥ead© - ver Cervo
os caçadores. A ferocidade do varrão selvagem provocou um misto de medo,
admiração e reverência. Seu simbolismo zoomórfico é evidenciado pela desco Vegetação - Em todas as culturas, símbolo fundamental da terra viva e da
berta de pequenos varrões votivos e esculturas de pedra maiores de varrões em natureza cíclica do nascimento, morte e regeneração. Os deuses e as deusas
lugares tão ao sul quanto a península Ibérica. Está associado com os deuses do da vegetação estavam entre as divindades mais antigas geralmente cultuadas
governo, da batalha e da fertilidade, como o teutônico Wodan, os escandinavos como fontes da vida tanto humana quanto vegetal. Os mitos de transforma
Odin, Freir e Freia, o grego Ares (Marte, na mitologia romana) e o deus japo ção de planta para ser humano simbolizam a unidade cósmica; a força da vida
nês da guerra, Hachiman (governante deificado). Para os celtas, ele simboli que anima todas as coisas.
zava autoridade espiritual; sua carne era comida de maneira ritual e enterrada
com o sacrificado. Os druidas, ao se chamarem de “varrões”, identificavam-se com Velâ — Imagem de iluminação espiritual na escuridão da ignorância, a vela é
o conhecimento oculto da floresta. Os elmos de varrão dos guerreiros suecos um símbolo importante no ritual cristão, representando Cristo, a Igreja, ale
tinham simbolismo protetor. O respeito pelo animal estendeu-se à índia, on gria, fé e testemunho. Em nível mais pessoal, individualiza o simbolismo do fo
de, como Vahara, Vishnu assumiu a sua forma para mergulhar no dilúvio e ar go, sendo que a de curta duração e sua chama que se apaga com facilidade tor-
nam-se metáfora da alma humana solitária que aspira ascender ao céu. Aparece um de seus tripulantes abriu desastrosamente. Pensava-se que os demônios
com esse significado nas naturezas-mortas devocionais e no costume mais di montavam os ventos violentos, trazendo o mal e a doença. Na China, o vento
fundido de colocar velas em volta de um caixão. O apagar das velas de um bolo era associado ao rumor, um simbolismo talvez derivado da caça e que na lín
de aniversário desloca o simbolismo para o sopro vital — prova da continuida gua inglesa deu origem à expressão getting wind of(farejar, ter notícia de). Sua
de da vida para além de todos os anos que se acabaram. Vela: ver Alma; Cas importância na polinização o transformou em simbolismo sexual na China.
tiçal; Fogo, Chama; Luz; Respiração, Sopro; VAIDADE; VIRTUDES Geralmente o vento é um símbolo poderoso de mudança, inconstância, jactân
cia vazia e do efêmero, seu significado dominante no século XX. Vento: ver Ar;
Weia Náutica-Na arte, atributo da Fortuna (devido à sua inconstância) e Furacão; Respiração, Sopro
da deusa grega Atena (Minerva, para os romanos). De maneira mais ampla, as
velas eram às vezes usadas por artistas para representar o que de outro modo não Verão — ver ESTAÇÕES
poderia ser mostrado — o elemento ar, o vento, a respiração vital e a alma, co
mo nas pinturas medievais em que as velas representavam o advento do Espírito
Santo. Vela Náutica: ver Alma; Ar; FORTUNA; Respiração, Sopro; Vento - Virtude solar, personificada na arte ocidental por uma fi
*
gura feminina que pode sustentar um disco dourado ou espelho e usar
Ventre - ver Barriga uma coroa de louros. Nas pinturas do Renascimento, ela em geral apa
rece nua ou é revelada pelo Pai Tempo.
Vent© - Imagem poética do espírito animador cujos efeitos podem ser vistos Outros símbolos de verdade incluem uma pêra com uma folha (simbo
e ouvidos mas que permanece invisível. O vento, o ar e a respiração estão es lizando a união do coração com a língua), as cores azul, branco e ouro,
treitamente ligados no simbolismo místico, e a idéia do vento como animador, os números nove e seis, armas como a espada e metais preciosos ou jóias,
organizador ou suporte cósmico era muito difundida. O Gênesis começa com em especial o ouro, o jade, a prata, o diamante, a magnetita, o ônix e a
o Espírito de Deus movendo-se como o vento sobre a face do abismo. O deus safira. A verdade também se identifica de perto com a luz em geral — o
indo-iraniano do vento, Vayu, é a respiração cósmica. O deus-vento asteca dia, o raio, a lâmpada, a lanterna e o archote. Entre outros emblemas
Ehecatl (um aspecto de Quetzalcoatl) coloca o Sol e a Lua em estão a glande (q. v.), a amêndoa, o bambu, o sino, a coroa, o cubo, o
movimento com um sopro. Os ventos também apare globo, o coração, a pena de avestruz, a balança, o esquadro, o poço ou
cem como mensageiros divinos e como as forças que a fonte de água e vinho. VERDADE: ver os verbetes individuais
controlam as direções do espaço - a origem das po
pulares cabeças com a bochecha inflada a soprar
dos antigos criadores de mapas. Abaixo V^rdte — Símbolo em geral positivo, como é evidente até por seu uso como a
do nível elevado desse simbolismo, os cor de “avançar” nos sinais de trânsito modernos. Universalmente associado à
ventos individuais eram em geral per vida vegetal (e, por extensão, à primavera, juventude, renovação, frescor, ferti
sonificados como violentos e impre lidade e esperança), o verde adquiriu ressonância simbólica nova e poderosa
visíveis. Na mitologia grega, para ga como o moderno emblema da ecologia. Tradicionalmente, seu simbolismo es
rantir que o herói da Odisséia tivesse piritual era mais importante no mundo islâmico, onde era a cor sagrada do
uma viagem calma, Eolo, senhor dos Profeta e da divina providência, e na China, onde o jade verde simbolizava per
ventos, deu-lhe vento num saco - que feição, imortalidade ou longevidade, força e poderes mágicos - cor associada
particularmente à dinastia Ming. O verde é também a cor emblemática da
Os deuses dos quatro ventos, de uma ilustração Irlanda, a “Ilha Esmeralda”, epíteto adequadamente associado à tradição celta
da Eneida de Virgílio (século I a. C.). em que as almas boas viajavam para a verde Ilha dos Abençoados, a Terra da
Juventude, Tir nan Og. O verde-esmeralda é emblema cristão de fé, a cor re- Como a cor do despertar, era também associada à sexualidade — ao deus fá
nomada do Santo Graal na versão cristianizada da lenda. O verde também apa lico, Príapo, na Grécia, e à “mulher escarlate” da prostituição. Todavia, com
rece como a cor da Trindade, da revelação e, na arte cristã antiga, da Cruz, e maior freqüência seu simbolismo era positivo. Na China, onde era o emble
às vezes, do manto da Virgem Maria. ma da dinastia Chou e do sul, era a de melhor sorte entre todas as cores, asso
No mundo pagão, o verde está mais amplamente ligado à água, à chuva e à fer ciada à vida, riqueza, energia e verão. O vermelho no branco pode simbolizar
tilidade, a deuses e espíritos da água e a divindades femininas, entre elas a deusa o sangue perdido e a palidez da morte, mas a marca vermelha asiática de bele
romana Vénus. É cor feminina no Mali e também na China. O Dragão Verde za é protetora. No teatro chinês, a pintura vermelha na face do ator atribui-lhe
da alquimia chinesa representava o princípio yin, o mercúrio e a água. Como significado sagrado. O vermelho-ocre era usado nos enterros antigos para
a cor da germinação, o Leão Verde da alquimia ocidental simbolizava o estado “pintar a vida” na morte. Mesmo na cristandade, onde o simbolismo prin
primário da matéria. cipal do vermelho é de sacrifício (a Paixão de Cristo e o martírio dos santos),
Uma corrente secundária de simbolismo é mais ambivalente. Muitas tradições era também o emblema dos soldados de Deus - cruzados, cardeais e peregri
fazem uma distinção entre o verde-escuro (cor da vida budista) e o matiz esver nos. Os calendários que marcam as festas e dias santos em vermelho são a
deado pálido da morte. O verde do deus egípcio Osíris na iconografia simbo origem da expressão inglesa red-letter (literalmente, marcado com letra ver
liza seu papel como deus tanto da morte quanto de uma nova vida. No uso melha no calendário, e, em sentido figurativo, dia ou data memorável, ines
idiomático do inglês, o verde representa não só a imaturidade, mas também a quecível). O vermelho também é tradicionalmente associado às artes ocul
coloração da inveja e do ciúme — o “monstro de olho verde” de lago a alertar tas e é cor dominante no taro. Na alquimia, simboliza o enxofre e o fogo da
Otelo. É cor de doença, mas psicologicamente ocupa uma posição fria e neu purificação. Vermelho: ver Alquimia; CORES; Enxofre; Falo; Fogo, Chama;
tra no espectro e geralmente é vista como uma calmante cor “terapêutica” — daí JÓIAS; MORTE; Sangue; Taro
seu uso como a cor da farmácia. Embora o verde seja a cor predominante da
natureza e do mundo das sensações, está em geral associado a outros mundos Vespa — Em geral associada a uma personalidade mordaz, a vespa em algumas
- a cor mística das fadas e dos homenzinhos do espaço exterior. O próprio Satã tradições africanas simboliza a evolução e o controle sobre outras formas de vida.
às vezes é representado como verde. Talvez isto derive do fato de que o verde No Mali, a vespa-pedreira era o emblema de uma elite de xamãs.
não é a cor de pele da normalidade saudável. Verde: ver Água; Alquimia; Chu
va; CORES; CRUZ; Dragão; Esmeralda; Fadas; Graal; Ilha; Jade; LONGEVI Véu — Separação, reticência, proteção, modés
DADE; Mercúrio; O OUTRO MUNDO; MORTE; SETE PECADOS CA tia, recolhimento, segredo, santidade. Para
PITAIS; Trindade; VIRTUDES as freiras, “tomar o véu” simboliza sua sepa
ração do mundo, embora o costume possa
Verme — Dissolução, mortalidade - simbolismo usado em algumas pinturas ter-se originado no véu protetor das vir
solenes de larvas em flores ou frutos. De maneira mais imprevista, nos mitos gens consagradas. O Véu do Templo, que
de alguns países, entre eles a Irlanda, os vermes aparecem como emblemas an separa o sacrário judeu, marcava uma divi
cestrais, adotando o simbolismo da metamorfose larval. Verme: ver VAIDADE são entre os planos material e espiritual,
terra e céu. O relato do apóstolo Mateus
Vermelho — A cor ativa e masculina da vida, fogo, guerra, energia, agressão, de que o véu “rasgou-se em dois, de alto a
perigo, revolução política, impulso, emoção, paixão, amor, alegria, festividade, baixo”, no momento da morte de Cristo
vitalidade, saúde, força e juventude. O vermelho era a cor emblemática do Sol, simbolizou a visão cristã de que esse aconteci
dos deuses da guerra e do poder em geral. Em seu aspecto destrutivo, estava às ve mento marcava uma ruptura decisiva da antiga Mulher indiana levanta o véu,
zes associado ao mal, sobretudo na mitologia egípcia, na qual era a cor de Seth e Lei Hebraica e um novo começo. No misticismo, num gesto de fim da inocência
da serpente do caos, Apep. A morte era um cavaleiro vermelho na tradição celta. o véu geralmente é usado como metáfora do (de um desenho de vestuário).
ao deus Osíris). As videiras e os grãos são símbolos eucarísticos. Um cordeiro
mundo ilusório da existência - o maya da tradição budista. Por outro lado,
cercado por espinhos e videiras é uma representação de Cristo. Cachos de uvas,
o véu esconde a realidade última, a luz ofuscante da divindade. Na tradição
símbolos de redenção na arte funerária, também são emblemas tradicionais de
islâmica, 70 mil véus de luz e escuridão escondem a face de Deus. Os véus
hospitalidade, juventude, a Idade de Ouro, a generosidade do outono. Asso
da noiva e da viúva simbolizam ambos estados de transição. A morte, como mera
ciada às festas de Baco, Sileno e suas comitivas, a videira pode simbolizar gula
transição, é descrita como ‘além do véu”. A Castidade usa um véu na arte
e embriaguez. Videira: ver Árvore; Cordeiro; Grão; Sangue; Vinho
medieval. Véu: ver CASTIDADE; Luz; MORTE; Tabernáculo
sidão do Menino Jesus. As coroas de violeta eram as flores da lembrança em ouro” mágico do mundo celta. Como um parasita perene que dá flores amare
Roma e eram usadas em banquetes para refrescar a fronte. Violeta: ver Ametista; las e bagas brancas no meio do inverno, o visco simbolizava a potência conti
Azul; CASTIDADE; Coroa de Flores, Grinalda; FLORES; Vermelho nuada das árvores caducas em que foi achado. O visco que adere a um carva-
VIRTUDES buídos à justiça são a pena, o número quatro, o globo, o jade, os instru
• Caridade — Amor dedicado, a maior das mentos matemáticos e de carpintaria, o leão, o cetro e o raio acompa
virtudes paulinas, representada na arte nhado de trovão. A justiça é a oitava carta dos Arcanos maiores do taro.
ocidental por uma mulher jovem. Ela •Prudência - Personificada na arte ocidental como uma mulher com
pode estar segurando uma trouxa de uma serpente ou dragão e carregando um espelho — prudência mais no
roupas para os que não as têm, alimen sentido de sabedoria que de cuidado (o espelho é autoconhecimento).
tos para os famintos ou uma chama, Outros símbolos são a âncora, a bússola, o cervo e o elefante.
vela ou coração flamejante. A Caridade • Temperança - Virtude cardeal representada na arte medieval do Oci
pode também aparecer a amamentar dente por uma mulher a verter água de uma jarra em outra (para diluir o
bebês ou, com menor freqüência, como vinho). A jarra de água também pode aparecer com um archote (extin
um pelicano a alimentar seus filhotes - guindo a luxúria). Os atributos comuns da temperança são a rédea e o
supostamente com seu próprio sangue. freio de cavalo, o relógio ou a espada embainhada. A ametista é jóia
A casula sacerdotal, veste que represen eclesiástica que simboliza a temperança e, assim, o violeta é uma cor as
ta o manto de Cristo, pode significar sociada a essa virtude.
Caridade. É um dos cinco fundamen VIRTUDES: ver Ancora; Aves; Balança; Cálice; Cegueira; Espada; Co
tos do islã. Outros símbolos são a fru- Té, de uma gravura do século XVI ração; Corvo; CRUZ; Dragão; Espelho; Fênix; FLORES; Fogo,
ta, a Fênix e a galinha. ^e Lucas van Leyden. Chama; JÓIAS; Leão; Navio; Pão; PEIXE; Serpente; Taro; Vela; Verde;
• Fé - Virtude paulina personificada na arte cristã por uma mulher com Vinho; e os verbetes individuais.
uma cruz, cálice ou vela. Ela é mostrada com freqüência de pé ao lado
de uma fonte ou com o pé numa cuba. Outros símbolos são a cor azul,
lho (fato raro) era um símbolo de fertilidade feminina para os druidas, que,
a esmeralda e a criança.
conforme o autor romano Plínio (c. 24-79), cortavam-no com uma foice dou
• Fortaleza - Virtude cardeal, representada na arte cristã como uma guer
rada no sexto dia da lua nova (provavelmente no ano-novo celta, em novembro)
reira a usar nada mais que um elmo e um escudo, e com freqüência
e sacrificavam um novilho de touro branco, debaixo da árvore. O sumo das ba
acompanhando um leão ou abrindo a mandíbula dele. Outros símbo
los são a camélia, a carpa, o porrete, a coluna e a espada. gas (que era equiparado ao sêmen da árvore, com suas conotações de poder e
sabedoria) supostamente impedia a esterilidade e a doença do gado, e se acre
• Esperança - Uma das três virtudes paulinas. A esperança é retratada como
ditava possuir outras propriedades curativas.
uma âncora. Ela pode usar na cabeça um barco a vela (viagem esperan
A veneração celta pelo visco, que se pensava fosse suscitada pela iluminação,
çosa), carregar um cesto de flores (promessa de frutos) ou esticar o braço
pode ter influenciado o relato, na Eneida de Virgílio (c. 29-19), da viagem com
para pegar uma coroa. O peixe, o pão e o vinho eram associados à espe
toda segurança de Enéias pelos infernos, carregando um ramo dessa planta. O
rança na tradição hebraica. O corvo pode aparecer como símbolo de es
ramo dourado da vida aparece, mais inesperadamente, como um instrumento
perança, e seu grito sugeria aos romanos a palavra “amanhã” {eras).
da morte no mito nórdico e germânico de Balder, deus da luz, morto por um
• Justiça - Virtude cardeal personificada pela confusa figura de uma mu
dardo inocente feito de visco. Essa manifesta inversão de seu simbolismo talis-
lher com os olhos vendados a segurar a balança do julgamento e a espada
do poder. Os artistas que acrescentaram a venda pretendiam mostrar mânico pode significar a passagem da situação de mortal para a de imortal,
mediante a atuação de uma planta sagrada. A tradição celta parece justificar os
que a justiça não se deixa levar pelas aparências. Outros símbolos atri
beijos de Natal sob um feixe de visco, augúrio de união frutífera. Visco: ver Beijo;
Branco; Carvalho; Foice, Gadanha; Galho, Ramo; Luz; O OUTRO MUN
DO; Ouro; Raio; Sacrifício; Touro
VITÓRIA — Personificada na arte ocidental pela deusa grega Nice (a
Vitória romana), com pés e ombros alados, algumas vezes mostrada co
roando guerreiros, atletas ou poetas com louro. A oliveira, murta, hera ou
salsa também eram coroas dos vitoriosos. Outros símbolos de vitória ^ mm
s
incluem o Arco do Triunfo, o estandarte, a coroa, a águia, o elefante, o ■' âafiSHSsPisffl 1;,
IS 1 ÜÍSI
falcão, o gavião, o cavalo, a lança, o leão, a palmeira, a Fênix, o lobo e
o sinal de ziguezague (o sigrune). VITÓRIA: ver os verbetes individuais §9s:S'3-;;í
-
| ®|i§
WtJicâ© - Ira destrutiva ou força criativa. No Havaí, o vulcão simboliza a mãe
destruidora, personificada pela deusa Pele, cujo temperamento violento está
associado ao comportamento imprevisível da grande cratera ativa Kilauea, seu
lar. Uma deusa feminina vigia os fogos do mundo subterrâneo no mito maori, S I li g, «j
e é dela que o trapaceiro Maui rouba o fogo para a humanidade. Em algumas
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versões, o grego Prometeu rouba o fogo não do céu, mas do ferreiro divino
Hefesto, figura benéfica e criativa. O vulcão era um símbolo mais sinistro no
mito do zoroastrismo, pois Ahriman, o espírito do mal, encontra-se capturado
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na cratera do monte Demavend, perto de Teerã, numa associação germinal do
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Inferno com o fogo eterno. De modo mais geral, a atividade vulcânica está as
sociada à paixão. Vulcão: ver Demônios; Ferreiro; Fogo, Chama; Mãe; Qui
mera; O OUTRO MUNDO A
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¥uiwa - Poder gerador feminino - na iconografia ocidental é mais diretamen
te representada pelo losango. O simbolismo de portão, passagem e nascimento
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que a vulva possui é espiritualizado na arte cristã como a mandorla. Na arte
budista tântrica, o yoni é um motivo importante, descrito como dois arcos
contíguos que simbolizam o portão de entrada do renascimento espiritual. No
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hinduísmo, o yoni pode aparecer como um anel ou anéis na base da linga de
dicada ao deus Shiva como criador. Vulva: ver Linga; Losango; Maçã; Mandorla;
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Pessegueiro; Poço
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mãos em que se usavam dados para iniciar o movimento. Um jogo de duas mãos
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com alguma semelhança existiu na Pérsia, onde a versão indiana (Chaturanga)
era aproveitada e desenvolvida para tornar-se uma disputa mais estrita
mente intelectual (.Shatranj), que entrou pela Espanha e tornou-se extremamen
te popular na Europa medieval. Tabuleiros mágicos nas lendas arturianas
tornaram-se alegorias das provações do amor. Os heróis folclóricos jogavam
xadrez com o diabo. Artífices produziram peças de xadrez maravilhosamente
modeladas, talhadas de acordo com as dramáticas intrigas da política ou ale
gorias morais da luta entre as forças do bem e do mal, luz e escuridão, razão
e paixão, vida e morte, tirania e bom governo. O tabuleiro de 64 quadrados
deriva do mandala quádruplo (8 x 8) do deus indiano Shiva, o campo de
ação das forças cósmicas que ele controlava. Originalmente, as peças-chave
eram elefantes (que também carregavam os reis), carruagens, cavalos e solda
dos a pé. Seu simbolismo é complexo, assim como o status relativo de cada
um, as formas e os padrões de movimento, que foram mudando ao longo
do tempo até chegarem aos valores atuais. A percepção da importância do
peão no século XVIII coincidiu nitidamente com o aumento da importân
cia política do homem comum. Xadrez: ver Carruagem, Biga; Castelo; Ca
valo; Demônios; Elefante; Escuridão; Luz; Mandala; NÚMEROS; Quatro;
Rainha; Rei
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Yantra — z/^rMandala
Jack Tresidder trabalhou em jornais como jornalista, editor internacional e Gostaria de agradecer a todos da Duncan Baird que participaram da pro
crítico de livros e teatro, e, em Londres, como diretor de publicações. Nascido e dução deste livro e ao próprio Duncan, por pedir-me para escrevê-lo. Meus
educado na Nova Zelândia, atualmente mora e trabalha num vale remoto dos agradecimentos vao, em especial, para os editores Judy Dean e Mike Darton
Alpes franceses. e para o designer John Grain. O livro também deve muito a Jane Tresidder e à
London Library.
ISBN' 8 5 -0 0 -0 0 8 8 4 -9
9788500008849
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