Você está na página 1de 248

M SUJEITM

WfcANlAl®
entre
a linguagem
e o gozo

BRUCE FINK

ZAHAR facebook.com/lacanempdf
facebook.com/lacanempdf
Bruce
Bruce Fink
Fink

O Sujeito
SUJEITO Lacaniano
LACANIANO
Entre a linguagem
Entre linguagem e o gozo
gozo

Tradução:
Tradução:
Maria
Maria de Lourdes
Lourdes Sette
Sette Câmara
Câmara

Consultoria:
Consultoria:
Mirian
Mirian Aparecida Nogueira Lima
Aparecida Nogueira

Jorge Zahar Editor


Rio de Janeiro

facebook.com/lacanempdf
Héloise
Para Héloíse

Título original:
Título original:
The lacanian
Lacanian Subject:
Subject:
Between Language and
Between Language and Jouissance
Jouissance

Tradução autorizada da primeira


Tradução autorizada primeira edição
edição norte-americana,
publicada em 1995
1995 por Princeton
Princeton University Press,
Press,
Princeton, Estados Unidos
de Princeton,

Copyright©
Copyright 1995, Princeton
© 1995, Princeton University Press
Copyright©
Copyright I 998 da edição em língua portuguesa:
© 1998
Jorge Zahar Editor Ltda.
rua México 31 sobreloja
3 1 sobreloja
20031-144 Rio de Janeiro, RJ
20031-144
tel: (021)
tel: (02 240-0226/fax: (021)
1) 240-0226/fax: (02 1) 262-5123
262-5 123

Todos os
Todos os direitos
direitos reservados.
reservados.
A reprodução
reprodução não-autorizada desta publicação,
nào-autorizada desta todo
publicação, no todo
ou em parte, constitui violação
violação do Copyright.
copyright. (Lei 5.988)
5.988)
Carol Sá
Capa: Carol Sá

Catalogação-na-fonte
CIP-Brasil. Catalogação-na-fonte
Sindicato Nacional dos
Sindicato dos Editores
Editores de
de Livros,
Livros, RJ.
535a
535a Bruce, 1956—
Fink, Bruce, 1956--
O sujeito
O sujeito lacaniano; entre aa linguagem e o go-
zo/Bruce
zo/Bruce Fink; tradução Maria de Lourdes Sette
tradução de Maria Sette
Câmara; consultoria Mirian
Câmara; Mirian Aparecida Nogueira Li-
Aparecida Nogueira
ma. -— Rio de Janeiro:
Janeiro: Jorge Ed., 11998
Jorge Zahar Ed., 998
Tradução de: The lacanian subject between lan-
Tradução
andjouissance
guage and jouissance
Inclui apêndice e bibliografia
Incluí bibliografia
10-447-6
ISBN 85-71 10447-6
l. Lacan, Jacques, 1901-1981. 2. Psicanálise.
I. Psicanálise. 1.
Título.
CDD 150.195
CDD 150.195
98-0867
98-0867 159.964.2
CDU 159.964.2
Sumário

Prefácio.........................................
Prefácio ............................................................................................. 9

parte 1: Estrutura:
PARTE 1: Alienação E
ESTRUTURA: ALIENAÇÃO eOo OUTRO
Outro

Um
Um
Linguagem e alteridade
Linguagem ................................
alteridade ............................................................. 19
Um lapso de língua do Outro .... ...... ...... ...... .....
Outro ...................................................... 19
O inconsciente .......................................
inconsciente ............................................................................... 24
Corpos estranhos
Coipos .....................................
estranhos ........................................................................... 28

Dois
A natureza pensamento inconsciente,
natureza do pensamento inconsciente,
outra parte
como a outra
ou como parte “pensa” ....... ...... ...... ....
''pensa" ................................................. 32
.......................................
Cara ou coroa ............................................................................... 34
34
O acaso
acaso e a memória ..................................
memória ..................................................................... 38
O inconsciente ajunta .................................
inconsciente ajunta ................................................................... 39
sem um sujeito
saber sem
O saber ...............................
sujeito ................................................................. 42

Três
A função criativa da palavra:
função criativa simbólico e o real
palavra: o simbólico ...........
real ..................... 43
43
............................................
Trauma ......................................................................................... 45
atinge a causa
interpretação atinge
A inteipretação ...........................
causa ...................................................... 48
incompletude da ordem simbólica:
A incompletude simbólica: o furo foro no outro .........
outro ................. 49
ordem simbólica
As torções na ordem ..........................
simbólica .................................................... 50
Estrutura versus causa .................................
causa .................................................................. 51
51
PARTE 2: 0
PARTE 0 SUJEITO LACANIANO
SUJEITO LACANIANO

Quatro
O sujeito
O sujeito lacaniano ....................................
lacaniano ......................................................................... 55
não é o ‘‘indivíduo”
lacaniano não
sujeito lacaniano
O sujeito "indivíduo" ou
o sujeito consciente da filosofia
sujeito consciente anglo-americana .. . . . .........
filosofia anglo-americana ..... 56
O sujeito lacaniano não é o sujeito
sujeito lacaniano ............
enunciado .......................
sujeito do enunciado 58
O sujeito lacaniano não
sujeito lacaniano aparece em
não aparece em nenhum lugar lugar no que que éé dito 59
A transitoriedade
transitoriedade do sujeito .......... ......... ..........
sujeito ........................................................... 62
O sujeito freudiano ...................................
freudiano ....................................................................... 63
O sujeito cartesiano e seu
sujeito cartesiano ........................
inverso ................................................
seu inverso 64
O sujeito . ................. ..... ......
sujeito dividido de Lacan ........................................................... 66
sujeito dividido
Além do sujeito ...............................
dividido ............................................................... 68

Cinco
Cinco
O sujeito
O desejo do
sujeito e o desejo do Outro ............................
Outro ........................................................ 71
71
Alienação
Alienação e separação .................................
separação ................................................................... 71
O vel da alienação
O .................................
alienação ................................................................... 73
O desejo
O falta na separação
desejo e a falta .......................
separação .............................................. 75
introdução de
A introdução de um terceiro termo
um terceiro .............. .......
termo .......................................... 78
O objeto a:
O objeto ........................
Outro ...................................................
a: oo desejo do Outro 82
Uma separação
Uma travessia da
adicional: a travessia
separação adicional: ............
fantasia .......................
da fantasia 84
84
Subjetivando causa: um enigma
Subjetivando aa causa: ..............
temporal ............................
enigma temporal 86
AA alienação, separação e a travessia
alienação, a separação fantasia
travessia da fantasia
na
na situação ................................
analítica .................................................................
situação analítica 90

Seis
Seis
precipitação da
metáfora e a precipitação
A metáfora da subjetividade . . . . . . . . . . . . . . . 93
subjetividade ..............................
O significado . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 95
significado .................................................................................
As duas
duas faces do sujeito . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 96
psicanalítico ..........................................
sujeito psicanalítico
O sujeito
O como significado
sujeito como . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 96
significado ...................................................... 96.
OO sujeito como faro
sujeito como . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 101
juro ................................................................. 1O1

0
3: O OBJETO
PARTE 3:
PARTE LACANIANO:
OBJETO LACANIANO:
Amor, Desejo,
AMOR, Gozo
DESEJO, Gozo

Sete
Sete
Objeto
Objeto (a): causa do
(a): causa do desejo ........................... -·..
desejo ...................................................... 107
“As relações de objeto”
"As relações ................................
objeto" ................................................................. 108
Objetos imaginários, relações
Objetos imaginários, ..............
imaginárias ............................
relações imaginárias 108
O Outro como objeto,
O Outro relações simbólicas
objeto, as relações simbólicas ......... ......
. . . . . .• ........... 111
confronto com
Objetos reais, confronto
Objetos com o real ....................
real ........................................ 115
Objetos perdidos
Objetos .....................................
perdidos ........................................................................... 118
Coisa freudiana
A Coisa ....................................
freudiana ......................................................................... 120
Mais-valia, mais-gozar
Mais-valia, ................................
mais-gozar ................................................................. 122

Oito
Não existe
Não relação sexual
existe a relação . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 124
sexual ...........................................................
A castração .........................................
castração ................................................................................... 125
O falo e a ftmção ................................
função fálica ................................................................. 128
“Não existe
"Não relação sexual"
existe a relação ...........................
sexual” ...................................................... 131
diferenciação entre
A diferenciação os sexos
entre os ........................
sexos ................................................ 132
fórmulas de sexuação
As fórmulas ...........................
sexuação ......................................................... 136
dissimetria de parceiros
Uma dissimetria ........................
parceiros ................................................... 142
#,. mulher não existe
A mulher ................................
existe ................................................................. 144
144
— Significante/Significação ..................
Masculino/Feminino -Significante/Significação
Masculino/Feminino ........ 146
146
Outro mesma, gozo
para ela mesma,
Outro para gozo do Outro ..................
Outro .................................... 148
verdade da psicanálise
A verdade ...........................
psicanálise ......................................................... 151
Existência e ex-sistência
Existência ...............................
ex-sistência ............................................................... 151
Uma nova metáfora
Uma nova diferença sexual
para a diferença
metáfora para ................
sexual ................................ 152

PARTE 0
ESTATUTO DO
PARTE 4: O ESTATUTO DlSCURSO PSICANALÍTICO
DO DISCURSO PSICANALÍTICO

Nove
Nove
Os quatro discursos
Os quatro ....................................
discursos ......................................................................... 159
discurso do mestre
O discurso mestre ............... ..........................
. . . . . . . . .................................................... 160
discurso da universidade
O discurso .............................
universidade ........................................................... 162
discurso da histérica
O discurso ................................
histérica ................................................................. 163
discurso do analista
O discurso .................................
analista ................................................................... 165
A situação social da psicanálise
situação social .........................
psicanálise .................................................. 167
Não há metalinguagem ................................
metalinguagem ...................................... 168

Dez
Dez
Psicanálise e ciência
Psicanálise ciência ....................................................................... 170
ciência como
A ciência como discurso .............................. .
discurso ............................................................... 170
Suturando sujeito ........................................................................
Suturando o sujeito .................................. 171
ciência, o discurso
A ciência, histérica e a teoria
discurso da histérica teoria psicanalítica ..... .
psicanalítica ........... 173
Os três registros
registros e os discursos “polarizados” diferentemente ..
discursos "polarizados" diferentemente .. 175
A formalização
formalização e a transmissibilidade psicanálise ........
transmissibilidade da psicanálise . ................. 177
...............................................................
psicanálise ..............................
estatuto da psicanálise
O estatuto 178
psicanálise lacaniana
ética da psicanálise
A ética ........................ '.
lacaniana .................................................. 179
Posfácio .......................................
Posfácio ...................................................................................... 180

Apêndice
Apêndice 1
A linguagem inconsciente . ..... . .. ... . . ... . . ..... . .. ... . . ... . . .. . . . . . . 187
linguagem do inconsciente 187

Apêndice2
Apêndice 2
Em busca
Em . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 201
Causa .....................................................................
busca da Causa 201

símbolos de Lacan
Glossário dos símbolos
Glossário .....................
Lacan ............................................... 210
..................................
Agradecimentos ...........................................................................
Agradecimentos 213
213

Notas ..........................................
Notas .......................................................................................... 215
215

................
Bibliografia .. . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . .. ....................................
Bibliografia 241
241

Índice remissivo
índice ..................................
remissívo ........................................................................... 245
245
Prefácio
Prefácio

Lacan
Lacan nos apresenta
apresenta uma.teoria
uma teoria da subjetividade
subjetividade radicalmente
radicalmente nova. Ao
contrário
contrário da maioria
maioria dos pós-estrutu!alistas,
pós-estruturalistas, que procuram
procuram desconstruir
desconstruir e
negar
negar aapropria
própria noção de sujeito
sujeito Iiumano,
humano, o psicanalista
psicanalista Lacan
Lacan acredita
acredita que
o conceito subjetividade é indispensável
conceito de subjetividade indispensável e explora
explora o que que significa
significa serser
um sujeito,
sujeito, como
como alguém toma wn
alguém se toma um sujeito,
sujeito, as condições
condições responsáveis
responsáveis
pelo fracasso
fracasso emem tomar-se
tomar-se um sujeito (levando à
sujeito (levando à psicose),
psicose), e as ferramentas
ferramentas
à
à disposição
disposição do analista
analista para
para causar
causar uma "precipitação
“precipitação de subjetividade".
subjetividade”.
Contudo,
Contudo, é extremamente
extremamente difícil
difícil rewtir
reunir a enorme
enorme variedade
variedade de coisas
coisas
que
que Lacan diz sobre sobre o sujeito
sujeito porque
porque suasua teoria do sujeito
sujeito mostra-se
mostra-se tão
"pouco
“pouco intuitiva"
intuitiva” para
para a maioria
maioria de nós ((considere
considere a "definição"
“definição” que que Lacan
reitera com
reitera com tanta freqüência: sujeito é aquilo que um significante
frequência: o sujeito signifícante repre-
repre-
senta
senta para outro significante)
signifícante) e porque
porque elaela evolui
evolui bastante
bastante no curso
curso de suasua
obra. Além
Além disso, no final da décadadécada de 1970 e no começo começo da décadadécada de
1980 nos Estados
Estados Unidos, LacanLacan provavelmente
provavelmente era era mais conhecido
conhecido como como
um estruturalista,
estruturalista, devido
devido aos debates
debates a respeito
respeito de seu trabalho
trabalho sobre
sobre a
linguagem
linguagem e sobresobre "A“A carta
carta roubada"
roubada” de Edgar Allan AUan Poe. Na maioriamaioria das
vezes, os leitores
leitores de língua inglesa familiarizados com
inglesa estão mais familiarizados com um
Lacan
Lacan queque revela o fwtcionamento
funcionamento da estrutura
estrutura a cada
cada momento-
momento — mesmo mesmo
no próprio
próprio centro
centro do que presumimos
presumimos ser ser nosso mais precioso
precioso e inalienável
inalienável
self
self -— aparentemente
aparentemente deixando
deixando de lado, por por completo,
completo, a problemática
problemática da
subjetividade.
subjetividade.
Na parte
parte 1 deste
deste livro, recapitulo
recapitulo o exame
exame extremamente
extremamente abrangente
abrangente
feito põiLacanda"alteridade"
pòf Lacan da “ãlteridade” como aquilo que é estranho
como aquilo estranho ou estrangeiro
estrangeiro
para
para um sujeito
sujeito ainda não especificado.
especificado. Essa àlteridade percorre a iiiáüs-
alteridade percorre iriaüs-
. pfoiosa
piciosa escalada
escalada que vai desde
desde o inconsciente
inconsciente ((oo Outro
Outro como
como linguagem)
linguagem)
e o eu (o outro
outro imaginário
imaginário [eu[eu ideal] e o Outro
Outro como
como desejo [ideal de eu])
desejo [ideal
ao supereu
supereu freudiano (o Outro Outro como
como gozo). Somos~omosalienado~
alienados na mecfüla
medida
em que
que somos
somos falados
falados poruma
por uma linguagem
linguagem que fwtciona,
funciona, de de certa
certa Jorma,
forma,
~-orno
como uma máquina,
máquina, um computador,
computador, ou um dispositivo
dispositivo de gravação/mon-
gravação/mon-
1O
10 O sujeito
O sujeito lacaniano
/acaniano

com vida própria;


tagem com própria; na medida
medida emem que
que nossas
nossas necessidades
necessidades e prazeres
prazeres
organizados e canalizados
são organizados canalizados emem formas
formas socialmente
socialmente aceitáveis
aceitáveis pelas
pelas
demandas de nossosnossos pais (o Outro como
pais (o como demanda);
demanda); e nana medida
medida emem que
nosso desejo surge
nosso desejo surge como
corno o desejo
desejo do
do Outro.
Outro. Embora
Embora Lacan
Lacan invoque
invoque o
sujeito em seus
sujeito seus seminários
seminários e escritos,
escritos, muitas
muitas vezes o Outro parece roubar
parece roubar
aacena.
cena.
No entanto, é precisamente
precisamente ~- extensão
extensão do conceito
co11ceito (le e~t~tµ~11,pu
de estrutura ou
alteridade _n11
ªlteridade na obra
obra de Lacan,
Lªcap, levada
levada àsàs últimas
últimas conseqüências,
conseqüências, que nos nos
permite ver onde a estrutura
ver onde estrutura cessa
cessa e algo mais
mais começa,
começa, algo
algo que
quese op~~,àà
se opõe
estrutura.
estrutura. Na obraobra de Lacan,
Lacan, aquilo que se rebela é duplo:
se rebela p sujeito eC9
duplo: 9~11j~Hó o
o~j~~() ((oo obj
objeto objeto com<> causa
eto a como causa dp
do desejo)
desejo)..

Na parte deste livro,


parte 2 deste livro, demonstro
demonstro que, que, na década
década de 11950, 950, partindo suas
partindo de suas
primeiras noções fenomenológicas,
primeiras noções fenomenológicas, Lacan Lacãn define o -sujeito como uma
sujeito como
posição
posição adotada com com relação
relação ao ao Outro
Outro enquanto
enquanto linguagem
linguagem ou lei; em em
outras palavras,
outras sujeito é uma relação
palavras, o sujeito relação comcom a ordemordem simbólica.
simbólfoit O eu é
definido em
definido em termos
termos do registro
registro imaginário,
imaghiârio, enquanto
enquanto o sujeito
sujeitô'como
como tal é,
essencialmente, um
essencialmente, um posicionamento
posicionamento em relação relação ao Outro.Outro. A À medida em em
noção de Outro
que a noção Outro de Lacan
Lacan evolui,
evolui, o sujeito
sujeito é reconceitualizado
reconceitualizado como como
urna postura
uma adotada com
postura adotada com relação
relação ao desejo
desejo do OutroOutro (o (o desejo
desejo da mãe,
mãe, de
um dos pais ambos), uma vez
pais ou ambos), vez que aquele
aquele desejo
desejo provoca desejo do
provoca o desejo
sujeito, isto é, funciona como
sujeito, como objeto
objeto a.
Cada vez mais
Cada mais influenciado
influenciado pelospelos primeiros
primeiros trabalhos de Freud Freud 11 e por
por
sua prática
prática psicanalítica, Lacan começa
psicanalítica, Lacan começa (numa(numa visão muito resumida resumida de
sua evolução
sua evolução teórica)
teórica) a ver
ver aquele algo em
aquele algo em relação
relação ao ao qual o sujeito
sujeito adota
uma postura como uma experiência
postura como primária de prazer/dor
experiência primária prazer/dor ou trauma.
trauma. O
sujeito advém
sujeito advém como
como uma formaforma de atração
atração na direção
direção de uma uma experiência
experiência
originária e esmagadora
originária esmagadora e como como uma forma forma de defesadefesa contra
contra essa
essa mesma
mesma
experiência de gozo
experiência gozo que em em francês chama-se jouissance:
francês chama-se jouissance: um prazerprazer que
excessivo, que leva a uma sensação
é excessivo, sensação de esmagamento
esmagamento ou nojo nojo e, no
entanto, ao mesmo
entanto, mesmo tempo,
tempo, fornece
fornece uma fonte fonte de fascinação.
fascinação.
Embora no final da década década de 1950 1950 Lacan
Lacan vissevisse o “ser”
"ser" como
como algo
algo
concedido ao
concedido ao sujeito
sujeito humano devido apenas àà sua
devido apenas sua relação
relação fantasiosa
fantasiosa com
com
o objeto
objeto que provocou aquela
que provocou aquela experiência traumática de gozo,
experiência traumática posterior-
gozo, posterior-
mente
mente eleele formula
formula essa ~:,çp~r:iªm·*;1. originária
essa experiência e>ri_gi11~r::ra de gozo 49 sujeito
ge>~e> do l>Uj~ito como
como
derivada de seu
derivada encontro traumático
seu encontro traumático com o desejo desejo do Outro,Outr_o. O sujeito
sujeito -—
falta-a-ser -— éé visto, portanto,
falta-a-ser portanto, como
como consistindo
consistindo numa relação relação com
com o
desejo
desejo do Outro,
Outro, ou como
como uma postura adotada
uma postura adotada com com relação
relação a esse
esse desejo,
desejo,
emocionante, porém
fundamentalmente emocionante, ameaçador, fascinante
porém ameaçador, fascinante e, nono en-
esmagador ou revoltante.
tanto, esmagador revoltante.
Embora
Embora umauma criança
criança deseje
deseje ser reconhecida pelos
ser reconhecida pelos pais
pais como
como merece-
merece-
dora do desejo
dora desejo deles,
deles, esse
esse desejo
desejo é ao mesmo
mesmo tempo hipnotizante e mortal.
tempo hipnotizante mortal.
Prefácio
Prefácio 11

A existência
~xistência precária sujeito é sustentada
precária do sujeito sustentada por fantasías construídas
por fantasias construídas para
para
mantê-lo distância exata
mantê-lo na distância exata daquele
daquele desejo
desejo perigoso, equilibrando delica-
perigoso, equilibrando delica-
damente a atração
damente atração e a repulsa.
repulsa.

Contudo, isso
Contudo, isso é, a meu ver, apenas
meu ver, apenas uma faces do sujeito
uma das faces sujeito lacaniano:
lacaniano: o
sujeito como
sujeito como fixado,
fixado, como
como sintoma,
sintoma, como
como um modo modo repetitivo sintomá-
repetitivo e sintomá-
tfoo de “desfrutar”
tico de "desfrutar" ou de obterobter gozo.
gozo. A sensação
sensação de serser que
que a fantasia
fantasia
oferece é um “falso-ser”,
oferece "falso-ser", como
como Lacan
Lacân a denomina
denomina nos meados
meados da da década
década
sugerindo, desse
de 1960, sugerindo, desse modo,
modo, que existe
existe algo
algo mais.
mais.
Previsivelmente, a segunda
Previsivelmente, segunda face do sujeito
sujeito lacaniano
lacaniano aparece
aparece na supe-
ração daquela
ração daquela fixação,
fixação, na reconfiguração
reconfiguração ou ou travessia
travessia da fantasia,
fantasia, e na
mudança da forma
mudança fonna como
como alguém
alguém se se diverte
diverte ou obtém
obtém gozo: istoisto é, a face
face
da subjetivação,
da subjetivação, um processo tomar “seu”
processo de tomar "seu" algo
algo que
que antes
antes era
era estranho.
estranho.
Através desse processo,
Através desse acontece uma
processo, acontece uma inversão
inversão completa
completa na na posição
posição do
indivíduo com
indivíduo com relação desejo do Outro.
relação ao desejo Outro. Assumimos
Assumimos a responsabilidade
responsabilidade
pelo desejo do Outro,
pelo desejo aq11e:}e:_poder
Qutro, aquele estranho que
poder estranho que nos criou.
criou. Um
Um indivíduo
tomá àquela alteridade
toma aquela alteridade casual
casual para subjetivando o que
para si, subjetivando que antes
antes fora
fora vivido
como uma
como uma causa
causa externa
externa e excêntrica,
excêntrica, uma estranha
estranha jogada dados no
jogada de dados
começo do universo
começo indivíduo: o destino.
universo do indivíduo: destino. Aqui Lacan
Lacan sugere
sugere uma
·mudança
mudança paradoxal realizada pelo
paradoxal realizada analisando, preparado
pelo analisando, preparado por aborda-
por uma aborda-
específica por
gem específica
gem por parte analista, para
parte do analista, subjetivar a causa
para subjetivar causa da existência
existência
dele
dele -— o0 desejo
desejo do
do Outro
Outro queque oo trouxe
trouxe ao ao mundo
mundo -— ee tomar-se
tomar-se oo sujeito
sujeito
do próprio destino. Não
próprio destino. Não mais "me aconteceu”
mais “me aconteceu" mas sim “eu "eu vi", "eu ouvi”,
vi”, “eu ouvi",
"eu fiz”.
“eu fiz".
Portanto, a essência
Portanto, essência dasdas múltiplas traduções realizadas
múltiplas traduções realizadas por Lacan da
por Lacan
máxima Freud: Wo Es
máxima de Freud: soll /eh
Es war, sol/ Ich werden: ondeonde o Outro
Outro segura
segura as
rédeas (agindo como
ré~eas como minha causa), devo
riiiriliacausa), tomar-me minha
devo torriar::.mê minha própria causa.22
própria causa.

No que
que sese refere
refere ao ,objeto (discutido em
objeto (discutido em detalhes
detalhes na parte
parte 33dest\;l livro),
deste livro),
se desenvolve
ele se desenvolve em erri conjunto
conjünto com
com a teoria
teoria do
do sujeito.
sujeito. Da mesma forma,
mesma forma,
por ser o sujeito
por ser sujeito visto
visto primeiro como uma postura
primeiro como adotada com
postura adotada com relação
relação ao
Outro, e depois
Outro, depois com
com relação
relação ao desejo
desejo do Outro, objeto éé visto
Outro, oo·objeto inicial-
visto inicial-
mente como
mente como um outro
outro igual a si mesmo,
mesmo, e comcom o passar do tempo
passar do tempo igualado
igualado
desejo do Outro.
ao desejo Outro. O desejo
desejo dos pais colocou a criança
pais colocou criança no mwido,
mundo, num
sentido bem concreto,
sentido bem concreto, servindo
servindo como
como causa
causa do próprio
próprio ser
ser da criança
criança e
conseqüentemente
conseqüentemente como como causa
causa de seuseu desejo.
desejo. A fantasia
fantasia encena
encena aposição
a posição
na qual a criança
criança gostaria
gostaria de se ver com
se ver aõ objeto
relação ao
com relação objeto queque causa,
cãüsa, faz
surgir e estimula
surgir estimula seu desejo.
desejo;
· É a teoria de Lacan
É a teoria Lacan do objeto
objeto como
como causa
causa do
do desejo,
desejo, não
não como
como algo que
poderia
podería deele alguma
alguma maneira
maneira satisfazer desejo, que
satisfazer o desejo, que nos permite
permite entender
entender
algumas
algumas das das inovações
inovações introduzidas
introduzidas porpor Lacan
Lacan no campo
campo da técnica
analítica.
analítica. Ele reconceitualiza
reconceitualiza a posição
posição do analista emem termos de papéis
papéis
12
12 O sujeito
sujeito lacaniano
lacaniano

que
que este
este deve
deve evitar
evitar (aqueles
(aqueles do outro
outro imaginário
imaginário e do Outro como como juizjuiz
onisciente,
onisciente, implícito
implícito nas
nas abordagens
abordagens da "psicologia
'‘psicologia do ego")
ego”) e o papel
papel que
que
ele deve
deve assumir
assumir parapara tomar
tomar parte
parte na
na fantasia
fantasia do sujeito objeto a)
sujeito ((objeto d) a fim
fim de
causar
causar uma
uma subjetivação
subjetivação cadacada vezvez maior,
maior, pelo
pelo analisando,
analisando, das das causas
causas
estranhas
estranhas que
que lhe
lhe deram
deram origem.
origem»
Na
Na visão
visão dede Lacan
Lacan da situação analítica,
analítica, o analista
analista não
não é chamado
chamado a
encenar
encenar o "objeto
“objeto bom",
bom”, a "mãe
“mãe suficientemente
suficientemente boa", boa”, ou o "ego“ego forte"
forte”
que se alia ao "ego“ego fraco"
fraco” do paciente.
paciente. Ao Ao contrário,
contrário, o analista
analista deve,
deve, ao
manter uma
uma posição
posição de desejo
desejo enigmático,
enigmático, vir servir como.
vir a servir como objeto
objeto na
fantasia
fantasia do sujeito
sujeito a fim
fim de causar
causar uma reconfiguração
reconfiguração da fantasia,
fantasia, umauma
nova postura em relação
nova postura relação aoao gozo,
gozo, uma
uma nova
nova posição
posição do sujeito.
sujeito. Uma das das
ferramentas
ferramentas à disposição
disposição do analista
analista para
para conseguir
conseguir este objetivo é o tempo,
este objetivo tempo,
a sessão
sessão com
com tempo
tempo de duração variável é um meio
duração variável meio de gerar
gerar a tensão
tensão
necessária
necessária para separar
separar o sujeito
sujeito de sua relação fantasiosa
fantasiosa comcom o desejo
desejo do
Outro.
Outro.

O objeto também é elaborado


objeto também elaborado por por Lacan
Lacan como como a causacausa que que perturba
perturba o
funcionamento
funcionamento tranqüilotranquilo dasdas estruturas,
estruturas, dos dos sistemas
sistemas e dos dos campos
campos wo- axio-
máticos,
máticos, levando
levando a aporias,
aporias, paradoxos
paradoxos e enigmas.deenigmas de todos todos os os tipos
tipos. .. Nos
Nos
pontos
pontos em que que a linguagem
linguagem e as redesredes que que usamos
usamos para simbolizar o 'múndO
para simbolizar mundo
ra?ham,.encontramos
racham, encontramos o real. real. É â d letra l
letra ~ue jqüe insiste
insiste sempre
sempre que que tentamos
tentamos usar
o significante
signíficante para para dar
dar conta
conta de tudotudo e dizer tudo. tudo.
Portanto,
Portanto, 9p objeto
objeto tem mais de uma uma função:
função: ~nquanto
enquanto o desejo
desejo do Outro,
Outro,
ele provoca
provoca o desejo desejo do sujeito;
sujeito; mas mas enquanto
enquanto letraletra ou significância
significância
(signifiance) do
(signifiancé) do significante,'
signíficante, ele ele possui
possui uma uma materialidade
materialidade ou ou substância
substância
associada
associada a outro outro tipo
tipo de prazer.
prazer. Em certo certo sentido,
sentido, é a polivalência
polivalência do
obJefo
objeto a que levaLacan
leva Lacan a distinguir o desejo desejo sexual
sexual (o(o prazer do desejo desejo ou ou
de desejar,
desejar, a queque ele
ele se refere
refere como
como "gozo
“gozo fálico",
fálico”, ou mais
mais apropriadamente
apropriadamente
como
como "gozo
“gozo simbólico"),
simbólico”), de outro outro tipotipo de prazer
prazer ("o
(“o gozo
gozo do Outro").
Outro”).
Essas
Essas duas faces objeto, a e S(A),
faces do objeto, S(t), permitem
permitem um entendimento
entendimento da
diferença
diferença sexual
sexual queque ainda nãonão foi expressa
expressa nos nos trabalhos
trabalhos em em língua
língua inglesa
inglesa
sobre
sobre Lacan,
Lacan, entendimento esse esse que vai vai além
além das das "interpretações"
“interpretações” atuais atuais
que
que sugerem
sugerem que, que, dede acordo
acordo com com Lacan,
Lacan, masculino
masculino significa
significa sujeito
sujeito e
feminino
feminino significa
significa objeto,
objeto, ou queque Lacan
Lacan caiu caiu nana velha
velha armadilha
armadilha freudiana
freudiana
de igualar masculinidade
masculinidade com com atividade
atividade e ter, ter, e feminilidade
feminilidade com com pas-pas-
sividade
sividade e não ter. ter.
Duas
Duas faces
faces do sujeito
sujeito e duas faces faces do objeto. objeto. Oposições
Oposições binárias binárias
paralelas? Acredito
Acredito que que não.
não. AoAo contrário,
contrário, uma forma forma de "estruturalismo
“estruturalismo
I gõdeliano"
gõdeliano” como como o chamo,
chamo, em que que cada
cada sistema
sistema não não consegue
consegue se se completar
completar
i pela
pela alteridade
alteridade ou heterogeneidade
heterogeneidade que que contém
contém dentro
dentro de si.
O estatuto do discurso
discurso psicanalítico,
psicanalítico, tratadotratado na na parte
parte 4 deste
deste livro,
livro, é uma
uma
questão
questão inevitável
inevitável para para os clínicos
clínicos praticantes
praticantes num num contexto
contexto cientificista
cientificista
Prefácio
Prefácio 13
13

como os
como os Estados
Estados Unidos.
Unidos. Em Em um
um ambiente
ambiente em em que
que oo diretor
diretor do Instituto
Instituto
Nacional
Nacional de SaúdeSaúde Mental
Mental de Washington
Washington pode declarar abertamente
pode declarar abertamente que
oo meio
meio médico
médico provavelmente "derrotará" virtualmente
provavelmente “derrotará” virtualmente todas
todas as as doenças
3
mentais até
mentais ano 2000
até oo ano 20003; que dia após
; em que após dia,
dia, os
os jornais ammciam oo gene
jornais anunciam gene
"responsável" pelo
“responsável” alcoolismo, pela
pelo alcoolismo, homossexualidade, fobia,
pela homossexualidade, fobia, esquizofre-
esquizofre-
nia, ou seja
nia, ou lá oo que
seja lá que for;
for; ee em
em que
que os
os ingênuos
ingênuos ataques
ataques cientificistas
cientificistas às às bases
bases
da psicanálise
psicanálise podempodem ser ser considerados
considerados como como golpes
golpes importantes
importantes àà sua sua
credibilidade, os
credibilidade, os analistas
analistas ee aqueles favoráveis ààanálise
aqueles favoráveis análise precisam
precisam tomar-se
tomar-se
melhor equipadospara
melhor equipados para discutir inteligentemente
inteligentemente oo estatuto
estatuto epistemológico
epistemológico
de seu
de seu campo.
campo. "
Já que aa psicanálise
Já que psicanálise pode pode não constituir uma
não constituir ciência, da maneira
uma ciência, como
maneira como
entende “ciência”
se entende "ciência" atualmente,
atualmente, ela ela não precisa procurar
não precisa procurar legitimidade
legitimidade no
meio médico ee científico
meio médico científico existentes.

historicamente dependente
historicamente dependente do
existentes. A
para constituir a psicanálise como um discurso que é
para constituir a psicanálise como
A obra
um
do nascimento
obra de Lacan
discurso
Lacan nos
que
ciência e,
nascimento da ciência
é ao
e, no
ªº
nos fornece
fornece meios
mesmo tempo
mesmo
no entanto,
meios
tempo
êâpaz
entanfo, capaz
.de
de se
se sustentar.
sustentar. A A psicanálise,
psicanálise, como como conceitualizada
conceitualizada por Lacan, nãô
por Lâcan; naô éé
apenas um
apenas discurso com
um discurso com um um fundamento específico,
específico, mas também um
mas também
discurso que
discurso que está
está numa
numa posição analisar aa estrutura
posição de analisar estrutura ee oo funcionamento
funcionamento
outras "disciplinas"
de outras (tanto acadêmicas
“disciplinas” (tanto acadêmicas quanto
quanto científicas),
científicas), apresentando
apresentando
uma
uma visão
visão nova
nova de suassuas molas
molas mestras
mestras ee pontos cegos.
pontos cegos.
Lacan aponta
Lacan aponta para aa possibilidade radicalizar ou revolucionar
possibilidade de radicalizar revolucionar aa
ciência, como
ciência, como éé em em geral
geral entendida,
entendida, introduzindo nela nela noções
noções psicanalíti-
psicanalíti-
cas-
cas - portanto,
portanto, de certacerta forma,
forma, ampliando
ampliando as as fronteiras
fronteiras da ciência
ciência de modomodo
aa redefinir
redefinir oo objeto
objeto da investigação
investigação científica. Ao invés
científica..Ao invés de afirmar,
afirmar, como
como
fazem alguns,
fazem alguns, que aa psicanálise
psicanálise estáestá fadada aa permanecer
permanecer para sem.pie fora
para sempre fora
do campo
do campo da ciência,
ciência, aa questão
questão de Lacan é, é, ao
ao contrário,
contrário, queque aa ciência
ciêneia
ainda não
ainda não tem
tem capacidade
capacidade de de acomodar psicanálise, 4 O
acomodar aa psicanálise.4 O discurso
discurso cien-
cien-
tífico
tífico pode, algum dia,
pode, algum dia, ser
ser remodelado
remodelado de modo modo aa abranger
abranger aa psicanálise
psicanálise
âmbito, mas
em seu âmbito, por enquanto
mas por enquanto estaesta pode
pode continuar aa elaborar
elaborar sua sua própria
própria
praxis distinta: aa práticà
praxis distinta: clínica ee oo edifício
práticá clínica edificio teórico.
teórico.

Este breve
Este esboço indica
breve esboço indica aa· trajetória geral de minha
trajetória geral minha argumentação
argumentação e, e,
espero, servirá
espero, servirá ao
ao leitor
leitor como
como umum mapa durante aa leitura
mapa durante leitura deste deste livro
livro ee como como
referência ocasional, se necessário.
referência ocasional, necessário. Enquanto, sujeito, sµjeit<>, objeto, 9bjeto, {)t1tro Outro ee
_discurso
discurso são são os
os principais conceitos desenvolvidos
principais conceitos desenvolvidos aqui; aqui; discuti-los
discuti-los em em
contexto requer
contexto requer uma explicação
explicação de muitos
muitos outros
outros conceitos
conceitos básicos básicos de
Lacan ee de suas primeiras
Lacan primeiras ee posteriores tentativas de usá-los
posteriores tentativas usá-los na na formulação
fonnulação
da experiência
da experiência psicanalítica.
psicanalítica.
Alguns dos dos conceitos
conceitos que
que Lacan
Lacan formulou
formulou ee reformulou
refonnulou durante durante sua
carreira, ee que
carreira, que sou
sou levado
levado aa discutir
discutir aqui, incluem
incluem 2o imaginário,
imaginário, oo simbólico ~irn,l><>ljço
ee.9 real; aa necessidade,
p real; necessidade, aa demanda,
demanda,<> desejo ee oo gozo;
o desejo gozo; oo sujeito sujeito do enunciado
enunciado
ee oo sujeito
sujeito dada enunciação
enunciação (ou(ou sujeito
sujeito falante),
falante), oo. -~·-·
sujeite>
sujeito d<>iriconscientê,
do
,. ... . . .
~
inconsciente,
.. ·.·, •····· .
oo
14 O
O sujeito
sujeito lacaniano
lacaniano

suj_eito dividido, 9o sujeito


sujeito dividido, sujeito co010 uma defesa, e o sujeito
comoumadefesa, sujeito como
como metáfora;
metáfora; a
metáfora
metáfora paterna;
paterna; o recalque
recalque originário
originário e o recalque
recalque secundário;
secundário; a neurose,
neurose,
a psicose
psicose e a perversão;
perversão; o significante
signifícante (o significante
significante mestre
mestre ou unáriC>ce
unário e o
significante
significante binário), a letra e a significância;
significância; o falo ((comocomo o significante
significante
do desejo),
desejo), a função
função fálica, a diferença
diferença sexual, gozo fálico, o gozcuio
sexual, o gozo gozo do
Outro, a estrutura
estrutura masculina
masculina e a estrutura
estrutura fe11Únina;
feminina; a alienação,
alienação, a separa-
separa-
ção, a travessia da fantasia e o "passe";
“passe”; pontuação,
pontuação, interpretação,
interpretação, a sessão
sessão
de duração
duração variável, e o papel do analista
analista como
como pura capacidade
capacidade de desejar;
existência
existência e ex-sistência;
ex-sistência; os quatro discursos discurso do mestre, da
discursos (o discurso
analista e da universidade),
histérica, do analista universidade), suas
suas molas mestras,
mestras, e os sacrificios
sacrifícios
que eles impõem;
impõem; o conhecimento,
conhecimento, o reconhecimento
reconhecimento equivocado
equivocado e a
verdade; discurso,
discurso, metalinguagem
metalinguagem e sutura; formalização,
formalização, polarização
polarização e
transmissão.
transmissão. Espero que o mapa mapa fornecido neste neste prefácio
prefácio ajude
ajude o leitor
leitor a
distinguir a floresta das árvores
árvores em minha
minha exposição
exposição desta amplaampla gama
gama de
conceitos.
conceitos.
Os capítulos
capítulos da parte
parte 1 têm como
como objetivo
objetivo a simplicidade,
simplicidade, presumindo
presumindo
pouco
pouco ou nenhum conhecimento
conhecimento prévioprévio da obra de Lacan. As partes partes 2, 3 e
4 tornam-se
tomam-se progressivamente
progressivamente mais complexas,
complexas, apoiando-se
apoiando-se nas fundações
fundações
estabelecidas
estabelecidas nas primeiras
primeiras partes do livro. CertosCertos leitores
leitores podem
podem desejar
desejar
pular, na primeira
primeira leitura, alguns
alguns dos capítulos
capítulos mais densos (taiscompJ)S
mais densos (tais como ps
capítulos
capítulos 5, 6 e 8) dirigindo-se,
dirigindo-se, por exemplo,
exemplo, diretamente
diretamente do capítulo 7,
sobre objeto a, para
sobre o objeto para os capítulos
capítulos 9 e 10,1O, sobre
sobre o discurso.
discurso. Muitos dos
capítulos
capítulos podem
podem ser lidos em separado,
separado, embora
embora eles tenham fundamento
fundamento
e, ocasionalmente,
ocasionalmente, um faça referência
referência ao outro. Os leitores
leitores com
com um bom bom
conhecimento
conhecimento prévio
prévio da obra de Lacan talvez desejemdesejem pular o capítulo 1 e
ir diretamente para
para o capítulo 5, apenas
apenas folheando
folheando os capítulos
capítulos anteriores.
anteriores.

Um dos meusmeus objetivos


objetivos gerais
gerais neste livro é começar
começar a situar
situar de novo
novo a
discussão da obra
discussão obra de Lacan
Lacan em um contexto
contexto que
que não seja
seja divorciado
divorciado das
considerações clínicas. Na América
considerações clínicas. América do Norte, a comunidade
comunidade psicanalítica
psicanalítica
vem resistindo ao pensamento
pensamento de LacanLacan por várias décadas,
décadas, enquanto que
os mais
mais interessados
interessados na literatura
literatura e na lingüística
lingüística têm demonstrado
demonstrado uma
apreciação
apreciação maior e mais duradoura por sua sua obra. As razões históricas
históricas e
intelectuais
intelectuais para
para essa
essa situação
situação são por demais
demais conhecidas
conhecidas para
para serem
serem
reiteradas
reiteradas aqui, mas, na minha opinião,
opinião, o resultado
resultado tem sidosido uma
uma repre-
repre-
sentação
sentação parcial ou distorcida
distorcida dede seu pensamento.
pensamento. Embora
Embora este
este livro
livro não
tenha sido
sido escrito
escrito especificamente
especifícamente para clínicos 5 , minha
para clínicosS, minha experiência
experiência com
a praxis
praxis da psicanálise
psicanálise forma, acredito,
acredito, seu
seu pano
pano de fundo.
fundo.

Não tenho a menor


menor pretensão
pretensão de apresentar
apresentar uma visão
visão "equilibrada"
“equilibrada” da
obra de Lacan.
Lacan. Uma
Uma visão
visão equilibrada
equilibrada teria que
que fornecer
fornecer uma grande
grande parte
da perspectiva
perspectiva histórica
histórica sobre
sobre o desenvolvimento
desenvolvimento de Lacan
Lacan -— explicando
explicando
Prefácio
Prefácio 15
15

suas variadas
suas variadas influências
influências surrealistas,
surrealistas, freudianas,
freudianas, fenomenológicas,
fenomenológicas, exis- exis-
tencialistas,
tencialistas, pós-freudianas, saussurianas, jakobsonianas
pós-freudianas, saussurianas, lévi-straus-
jakobsonianas e lévi-straus-
sianas (apenas
sianas (apenas para começar)-
para começar) — ee situar
situar as
as incursões
incursões de LacanLacan na teoria
na teoria
psicanalítica
psicanalítica no contexto
contexto de de debates
debates queque aconteciam
aconteciam na França e em
na França em outros
outros
lugares naquela
lugares época.
naquela época.
Ao disso, tento apresentar
Ao invés disso, apresentar umauma visão
visão da obra
obra de Lacan
Lacan que muitos,
muitos,
com certeza,
com certeza, acharão
acharão por demais estática
por demais estática ee fechada,
fechada,já que uma
já que uma das muitas
muitas
fascinações de seu
fascinações seu trabalho
trabalho estáestá precisamente
precisamente em em suas
suas transformações
transformações
constantes, autocorreções
constantes, autocorreções e inversões
inversões de perspectiva. Empenhei-me em
perspectiva. Empenhei-me em
oferecer uma visão
oferecer visão dosdos principais
principais conceitos Lacan, não
conceitos de Lacan, não de de como
como se se
·aesenvolveia111
desenvolveram da década década de 1930 1930 em diante,
diante, mas a partir
partir da perspectiva
perspectiva
década de 1970. Às vezes, tento
da década guiar oo leitor
tento guiar leitor por
por alguns dos dos primeiros
primeiros
passos Lacan na formulação
passos de Lacan formulação da experiência
experiência psicanalítica
psicanalítica pela "tradu-
pela “tradu-
ção" deles
ção” deles nos
nos termos posteriores do próprio
termos posteriores Lacan, mas
próprio Lacan, mas em em geral
geral apre-
apre-
sento um corte
sento corte da teoria
teoria lacaniana
lacaniana queque considero
considero especialmente
especialmente poderoso
poderoso
ee útil tanto
tanto para oo clínico
clínico quanto
quanto para
para o teórico. Oposições
Oposições como como aquela
aquela
entre palavra
entre palavra “plena”
"plena" ee palavra "vazia", encontradas
palavra “vazia”, encontradas nos nos primeiros semi-
primeiros semi-
nários Lacan, são,
nários de Lacan, são, nono meu
meu modomodo de pensar, suplantadas em seus
pensar, suplantadas seus
trabalhos posteriores;
trabalhos posteriores; portanto,
portanto, porpor mais interessantes que
mais interessantes que possam
possam serser emem
si, prefiro deixar que
prefiro deixar que outros apresentem.66
outros as apresentem.
Espero que
Espero que minha
minha pontuação
pontuação do pensamento
pensamento de Lacan, que que enfatiza
enfatiza
certos desdobramentos
certos desdobramentos e não enfatiza enfatiza outros,
outros, permita leitor orientar-se
permita ao leitor orientar-se
melhor em meio
melhor meio à massa
massa volwnosa
volumosa de trabalhos
trabalhos publicados
publicados sobresobre Lacan
Lacan e
os ainda aa serem
serem publicados. Depois de lecionar
publicados. Depois lecionar por
por vários anos alguns
vários anos alguns de de
seus seminários,
seus seminários, seguindo
seguindo o desenvolvimento
desenvolvimento passo passo a passo conceito
passo de um conceito
específico (como
específico (como aquele
aquele da ética
ética psicanalítica
psicanalítica no Seminário 7 ou da trans-
no Seminário trans-
ferência Seminário 8),
ferência no Seminário 8), a emoção
emoção de ver essa essa mente
mente trabalhando
trabalhando de t.al tal
maneira ativa ee criativa
maneira ativa criativa é, é, com
com freqüência,
freqüência, obscurecida
obscurecida pela dificuldade
pela dificuldade
envolvida em isolar isolar uma tese identificável.
identificável. O O estudo
estudo dos seminários
seminários de
Lacan é uma tarefa
Lacan importante para
tarefa importante para todos estudam a sério
todos os que estudam sério a psica-
psica-
entanto, em
nálise e, no entanto, em minha
minha experiência,
experiência, éé útil ter algumas
algumas orientações
orientações
no que pode, outra forma,
pode, de outra forma, serser percebido como um campo
percebido como campo algoalgo amorfo.
amorfo.
A tarefa interpretar a obra
tarefa de interpretar obra de Lacan,
Lacan, assim
assim como
como a de de interpretar
interpretar as
obras de Platão
obras Platão ee Freud, interminável, e não
Freud, é interminável, não pretendo
pretendo ter a última palavra.
palavra.
Deveria estar
Deveria estar claro
claro queque aquilo que que ofereço
ofereço aqui é uma interpretação;
interpretação; em
especial, a teoria
especial, teoria dodo sujeito
sujeito lacaniano
lacaniano apresentada
apresentada nosnos capítulos
capítulos 5 e 6 é
minha, assim como
minha, assim como minha
minha leitura da obra de Lacan
da obra Lacan sobre
sobre a diferença
diferença sexual
sexual
no capítulo 88 é também original.
também original.

Os apêndices
Os apêndices incluem
incluem material por demais técnico
por demais técnico para
para manter
manter o fluxo
discussão aqui apresentada.
geral da discussão apresentada. Eles
Eles envolvem,
envolvem, em
em detalhes, os
16 O sujeito
O sujeito lacaniano
/acaniano

modelos de Lacan da estrutura da linguagem e os efeitos efeitos gerados


gerados pela
anomalia surge dentro
anomalia que surge dentro dela
dela (objeto
(objeto d).
a).
No glossário
glossário apresentado
apresentado no final deste
deste livro,
livro, o leitor
leitor encontrará
encontrará expli-
expli-
cações sucintas dos
cações dos principais símbolos (conhecidos
principais símbolos (conhecidos comocomo "maternas")
“maternas”)
discutidos nestas páginas.
discutidos Os maternas
páginas. Os Lacan condensam
maternas de Lacan condensam e incorporam
incorporam
um volume considerável
considerável de conceitualizações
conceitualizações e, embora
embora eu tenha
tenha tentado
tentado
resumir no glossário
glossário seus aspectos
aspectos mais relevantes, seu uso correto
relevantes, seu correto requer
requer
compreensão profunda da estrutura
uma compreensão estrutura teórica
teórica de Lacan.
obra de Lacan,
Quando cito a obra Lacan, sempre que que possível, forneço as
possível, forneço as referên-
referên-
cias das edições
edições em inglês, mas tomei liberdades
liberdades consideráveis
consideráveis para com com
traduções existentes:
as traduções existentes: seus
seus defeitos
defeitos estão
estão se
se tomando cada vez
tomando cada vez mais
aparentes. “Écrits
aparentes. 1966" se
"Écrits 1966” refere àà edição
se refere edição francesa
francesa dos
dos Écrits
Écrits publicados
publicados
pela
pela Seuil emem Paris, mas “Écrits”, apenas, se
"Écrits", apenas, se refere
refere à seleção
seleção emem inglês
inglês
feita por Sheridan publicada pela
por Alan Sheridan Norton 7 em
pela Norton? em 1977.
1977. As referências
referências
de páginas dos Seminários
Seminários 1, 2, 7 e 1111 sempre
sempre correspondem
correspondem às traduções
traduções
em inglês publicadas
publicadas pela
pela Norton. Refiro-me aos Seminários
Norton. Refiro-me Seminários * apenas
apenas porpor
seus números;
seus números; a bibliografia contém referências
bibliografia contém completas. Quando
referências completas. Quando cito a
obra Freud, forneço
obra de Freud, forneço os números
números dosdos volumes
volumes e das páginas Standard
páginas da Standard
(abreviada SE),**
Edition (abreviada SE),•• mas muitas vezes
mas muitas vezes modifico
modifico a tradução com com base
base
em traduções "fora
“fora do padrão"
padrão” que julgo
julgo mais interessantes.
interessantes.
Abril /994
Abril 1994

** As referências aos Seminários foram extraídas


referências aos extraídas das
das traduções em português
português das obras
obras de
Lacan publicadas
publicadas por
por Jorge Zahar Editor. (N.T.)
Jorge Zahar (N.T .)
** As citações
** citações foram extraídas
extraídas da
da tradução Obras completas
das Obras
tradução das completas publicadas
publicadas pela
pela Imago
(N.T.)
Editora. (N.T.)
PARTE UM

Estrutura:
Alienação e o Outro

O Eu é um Outro
capítulo um

Linguagem e alteridade

Um lapso de língua do Outro

Um paciente entra no consultório de seu analista e senta na poltrona. Olha


nos olhos do analista, retoma do ponto onde parara na última sessão e,
imediatamente, comete um disparate, dizendo: “Sei que na minha relação
com meu pai havia muita tensão, e acho que isso se devia ao fato de que
ele trabalhava duro num schnob* que não suportava e desforrava em cima
de mim.” Ele queria dizerjoú [significa “emprego” em inglês] mas schnob
foi o que escapou.
/O discurso nunca possui uma só dimensão. Um lapso de língua nos
lembra imediatamente que vários discursos podem usar o mesmo porta-voz
ao mesmo tempo. .
Dois níveis distintos podem ser identificados aqui: um discurso inten-
cional consistindo no que o falante tentava dizer ou queria dizer e um
discurso sem intenção que, neste caso,' assume a forma de uma palavra
deformada ou truncada, um tipo de fusão de job [emprego] com snob
[esnobe] e talvez com outras palavras também. O analista pode já saber,
por exemplo, que o falante considera o primogênito da família, ou seja, seu
irmão ou irmã mais velha, um esnobe e sente que o pai admirava demais
este último, ao ponto de constituir um defeito na opinião do paciente ou
analisando (isto é, a pessoa no processo de análise). O analisando também
pode associar a palavra schnoz [nariz], e recordar-se de que, quando
criança, tinha medo do nariz do pai que parecia com o nariz de uma bruxa;
a palavra schmuck [tolo] pode também passar por sua cabeça.
Esse exemplo simples já nos permite distinguir entre dois tipos dife-
rentes de discurso ou, mais simples ainda, dois tipos diferentes de fala: 1

* Schnob não tem significado algum na língua inglesa. (N.T.)

19
20 O sujeito lacaniano

o a fala do eu: fala corriqueira sobre o que conscientemente pensamos


e acreditamos sobre nós mesmos
o e algum outro tipo de fala,

O Outro de Lacan está, em seu nível mais básico, relacionado com aquele
outro tipo de fala. 2 Experimentalmente, podemos presumir que não so-
mente existem dois tipos diferentes de fala, mas que eles surgem, grosso
modo, de dois lugares psicológicos diferentes: o eu (ou self) e o Outro.
A psicanálise começa com a pressuposição de que aquele Outro tipo de
fala origina-se de um outro que é de alguma forma localizável. Ela afirma
que as palavras faladas sem intenção, escapadas, murmuradas ou truncadas
surgem de algum outro lugar, alguma outra instância que não o ,eu. Freud
chamou aquele Outro lugar de inconsciente, e Lacan afirma em termos
categóricos que “o inconsciente é o discurso do Outro” 3 , jstoé,jqmçons-
ciente consiste naquelas palavras que surgem de algum outro lugar que não
da fala do eu. Portanto, nesse nível mais básico, o inconsciente é o discurso
do Outro (Tabela 1.1).

Tabela 1.1
DISCURSO DO EU/SH.F OUTRO DISCURSO/
0 DISCURSO D O OUTRO

consciente inconsciente
intencional involuntário

Então, como esse Outro discurso conseguiu se insinuar “dentro” de nós?


Nossa tendência é acreditar que estamos no controle, e no entanto, às vezes
algo excêntrico e estranho fala, digamos assim, por intermédio de nossas
bocas. Do ponto de vista do self ou do eu, o “Eu” é quem dá as cartas:
aquele nosso aspecto que chamamos de “Eu” acredita que sabe o que pensa
e sente, e acredita que sabe por que faz o que faz. O elemento intruso —
aquele Outro tipo de fala — é deixado de lado, considerado aleatório e,
portanto, sem nenhuma importância. As pessoas que tendem a fazer lapsos
de língua acreditam, com freqüência, que apenas se confundem de vez em
quando ou que seus cérebros são simplesmente mais rápidos do que suas
bocas e soltam duas palavras ao mesmo tempo por uma boca lenta. Embora
em tais casos os lapsos de língua sejam reconhecidos como estranhos ao
eu ou self, sua importância é desconsiderada. Ao mesmo tempo em que,
na maioria dos casos, uma pessoa que acaba de cometer um lapso prova-
velmente endossaria a seguinte afirmação: “Cometi um erro sem sentido
e por acaso”, Freud replicaria: “A verdade falou”.

Inconsciente e Verdade!
Linguagem e atteridacte 21

Enquanto a maioria das pessoas não atribui importância alguma ao


Outro discurso que irrompe e interrompe o discurso do eu, os psicanalistas
afirmam que existe método nesta aparente loucura, uma lógica bastante
identificável por trás destas interrupções; em outras palavras, que não há
nada de acaso nelas. Os analistas procuram descobrir o método por trás
daquela loucura, pois é apenas trocando a lógica que governa essas
interrupções, somente afetando o Outro discurso, que a mudança pode
acontecer.
Freud, em A interpretação dos sonhos, Os chistes e sua relação com o
inconsciente e A psicopatologia da vida cotidiana, dedicou grande parte
de sua atenção a desvendar os mecanismos que governam o que ele chamou
ousadamente de “pensamento inconsciente”. 4 Em seu artigo amplamente
difundido “A instância da letra no inconsciente” (Ècrits), Lacan assinala a
relação entre os conceitos freudianos de deslocamento e condensação,
típicos do trabalho do sonho, e as noções linguísticas de metonímia e
metáfora. Porém, Lacan de maneira alguma se deteve aí; ele continuou a
buscar modelos para decifrar os mecanismos inconscientes no campo
emergente da cibernética. No capítulo 2 , examino em detalhes a jus-
taposição, feita por Lacan, das idéias contidas na história de Edgar Allan
Poe “A carta xqubada” e as idéias inspiradas pela cibernética da década de
1950. O trabalho de Lacan sobre Poe foi comentado por diversos críticos
literários 5 , porém poucos autores acompanharam as especulações de Lacan
sobre o funcionamento do inconsciente, derivadas desse trabalho.
Neste capítulo, enfoco não tanto como esse Outro discurso funciona
mas como chegou onde chegou: Como “entrou” em nós? Como é que algo
que parece tão excêntrico ou estranho acaba sendo dito por nossas bocas?
Lacan explica a estranheza dessa forma: nascemos em um mundo dè
discurso, um discurso ou linguagem que precede nosso nascimento e que
continuará após a nossa morte. Muito antes de uma criança nascer, um
lugar já está preparado para ela no universo linguístico dos pais: os pais
falam da criança que vai nascer, tentam escolher o nome perfeito para ela,
preparam-lhe um quarto, e começam a imaginar como suas vidas serão
com uma pessoa a mais no lar. As palavras que usam para falar da criança
têm sido usadas, com fr eqüência, por décadas, se não séculos e, geralmente,
os pais nem as definiram e nem as redefiniram, apesar dos muitos anos de
uso. Essas palavras lhes são conferidas por; séculos dertradição: elas
constituemíò Outro da linguagem, como Lacan chama em francês (TAutre
du langage), mas que podemos tentar converter em o Outro da lingüística,
ou o Outro como linguagem.
Se desenharmos um círculo e convencionarmos que ele representa o
conjunto de todas as palavras numa língua, então podemos associá-lo ao
22 O sujeito lacaniano

que Lacan chama de Outro (Figura 1 .1). É o Outro enquanto a coleção de


todas as palavras e expressões numa língua. TEssa é uma visão um tanto
estática, já que uma língua como a inglesa está sempre em evolução, novas
palavras são acrescentadas diariamente e velhas palavras caem em desuso,
mas como uma primeira explicação serve a nossos propósitos muito bem. 6

Figura 1.1

Outro

Uma criança nasce, então, num lugar preestabelecido dentro do universo


lingüístico dos pais, um espaço muitas vezes preparado muitos meses, se
não anos, antes que ela veja a luz do dia. E a maioria das crianças é obrigada
a aprender a língua falada pelos pais, o que significa dizer que, a fim de
expressar seus desejos, elas são virtualmente obrigadas a irem além do
estágio do choro — um estágio no qual os pais são forçados a adivinhar o
que seus filhos desejam ou precisam — e tentar dizer o que querem em
palavras, isto é, de uma forma que seja compreensível aos principais
responsáveis por elas. No entanto, seus desejos são moldados naquele
mesmo processo, já que as palavras que são obrigadas a usar não são suas
e não correspondem necessariamente às suas demandas específicas: seus
desejos são moldados na fôrma da língua ou línguas que aprendem (Ta-
bela 1.2).

Tabela 1 .2
NECESSIDADE O OUTRO COMO LINGUAGEM -> DESEJO

O aporte realizado por Lacan é mais radical ainda quando diz que não
se pode dizer que uma criança sabe o que quer antes da assimilação da
linguagem: quando um bebê chora, o sentido desse ato é dado pelos pais
ou pelas pessoas que cuidam dele que tentam nomear a dor que a criança
parece estar expressando (por exemplo : “ela deve estar com fome”) . T alvez
haja um tipo de desconforto geral, frio ou dor, mas seu sentido é como que
imposto pela forma como é interpretado pelos pais. Se um deles responde
ao choro do bebê com comida, o desconforto, o frio ou a dor, será
determinado retroativamente como tendo “significado” fome, como as
dores da fome. Não se pode dizer que o verdadeiro sentido por trás do choro
; era que a criança sentia frio, porque sentido é um produto posterior:
Linguagem e alteridade 23

respondendo constantemente aos gritos do bebê com comida pode-se


transformar todos os seus desconfortes, o frio e a dor, em fome. Nessa
situação, o sentido é determinado não pelo bebê mas por outras pessoas, e
com base na linguagem que elas falam. Voltarei a esse ponto mais tarde.
O Outro como linguagem é assimilado pela maioria das crianças (as
autistas são as exceções mais notáveis à regra) à me
preencher o vácuo entre o desejo inarticulado, que só pode ser expresso no
choro e interpretado para o que der e vier, e a articulação do desejo em
termos socialmente compreensíveis, se não aceitáveis. Nesse sentido, o
Outro pode ser visto como um intruso traiçoeiro e não convidado que, sem
cerimônia e de maneira desfavorável, transforma nossos desejos, mas é,
ao mesmo tempo, aquilo que nos capacita a revelar uns aos outros nossos
desejos e a nos “comunicarmos”.
Há muito tempo, as pessoas expressam uma nostalgia por uma época
anterior ao desenvolvimento da linguagem, por um tempo imaginário em
que os homo sapiens viviam como animais, /sem íinguagem e, portanto,
sem o que pudesse contaminar ou complicar às necessidades e desejos do
homem. A glorificação e exaltação por Rousseau das virtudes do homem
primitivo e da vida antes da influência corruptora da linguagem é um dos
exercícios de nostalgia mais bem conhecidos.
Em tais visões nostálgicas, a linguagem é considerada a fonte de uma
grande variedade de males. As pessoas são tidas como naturalmente boas,
amorosas e generosas, sendo a linguagem o que permite a perfídia, a
falsidade, a mentira, a traição e quase todos os outros defeitos atribuídos
aos seres humanos e hipotéticos extraterrestres. Deste_ponto de vista, a
linguagem é percebida como um elemento estranho, impingido de maneira
inoportuna e enxertado numa natureza humana essencialmente saudável.
.Escritores como Rousseau expressaram com brilhantismo o que Lacan
chama deJá alienação do homemnalinguagem.DQ acordo com a teoria
íacaniana, todo ser humano que aprende a falar é, dessa forma, um alienado
— pois é a linguagem que, embora permita que o desejo se realize, dá um
nó nesse lugar, e nos faz de tal forma que podemos desejar e não desejar a
mesma coisa e nunca nos satisfazermos quando conseguimos o que pen-
sávamos desejar, e assim por diante.
O Outro parece então esgueirar-se pela porta dos fundos enquanto as
crianças aprendem uma língua que é virtualmente indispensável para sua
sobrevivência no mundo como o conhecemos. Embora considerada, em
geral, inócua e puramente utilitária por natureza, a linguagem traz com ela
uma forma fundamental de alienação que é um aspecto essencial da
aprendizagem da língua materna do indivíduo. A própria expressão que
usamos para falar a respeito dela — “língua materna” — é indicativa do
24 O sujeito lacaniano

fato de que é a língua de algum Outro antes, a língua do Outro materno,


isto é, a linguagem da mãeOutro,” e ao falar da experiência da infância,
Lacan, muitas vezes, como que iguala o Outro à mãe. (A alienação será
discutida com maiores detalhes no capítulo 5.)

O inconsciente

Enquanto isso explica a estranheza das línguas maternas que, em geral,


consideramos inteiramente nossas, e que temos, em outras palavras, ten-
tado tomar, na medida do possível, nossas próprias línguas, — e essas
línguas maternas são componentes do discurso do eu, que por sua vez acaba
sendo mais estranho e alienado do que se pensa em geral (Tabela 1.3) —
ainda não explicamos esse Outro discurso que, de alguma forma, parece
ainda mais estranho: o inconsciente. Observamos que esse discurso do eu,
aquele discurso que temos sobre nós mesmos nas conversas corriqueiras
conosco e com outras pessoas, está muito mais longe do que acreditamos
ser um reflexo verdadeiro de nós mesmos, permeado como é por essa Outra
presença que é a linguagem. Lacan faz essa colocação em termos categó-
ricos: o self é um outro, o eu é um outro. 7 j

Tabela 1 .3
DISCURSO D O EU/ SELF OUTRO DISCURSO/
0 DISCURSO DO OUTRO

consciente inconsciente
intencional involuntário
alienado devido à linguagem

Em sua essência? será que o inconsciente é menos estranho para o


indivíduo em questão do que para uma pessoa de fora, uma outra pessoa?
O que pensamos conhecer sobre nossos mais íntimos eus (selves) pode na
realidade estar tão longe da verdade quanto nossas suposições mais des-
vairadas sobre outras pessoas. A compreensão que temos de nós mesmos
pode ser quase tão ignorante, quase tão distante da realidade, quanto as
opiniões dos outros sobre nós. Os outros podem, de fato, conhecer-nos
muito melhor do que nós realmente nos conhecemos. A simples noção do
self, como algum tipo de parte mais íntima de uma pessoa, parece se

* No original, “mOther”. O autor joga com as palavras mãe e Outro, “mother” e “Other”
(N.R.)
Linguagem e alteridade 25

decompor aqui; retomaremos a este ponto sobre a estranheza ou diferença


do eu, ou self como o denomino, no capítulo 4. Vamos tentar explicar esse
“mais estranho” de todos os outros: o inconsciente.
Lacan declara de forma muito simples que o inconsciente é linguagem,
referindo-se à linguagem como aquilo que constitui o inconsciente. 8 Mui-
tos, eiro amente, consideram Freud como tendo sustentado que os senti-
mentos são inconscientes, enquanto que na maior parte do tempo ele
afirmou que o reçalçado. é o que.çhamou de VorsteUungsreprase
em geral traduzido para o inglês como representantes ideativos 9 Com base
na tradição filosófica alemã, que fundamenta os trabalhos de Freud, e em
estudos detalhados dos textos freudianos, Lacan traduziu o termo para o
francês como représentants de la représentation, representantes de(a)
representação, e concluiu que esses representantes podem ser igualados ao
que na lingüística se denominam significantes. 1 0
Logo, dê acordo cbfrí ã lacaniana de Freud, quando o :
recalque ocorre, uma palavra, ou alguma parte de uma palavra, “cai em:
baixo”, metaforicamente falando. 11 Neste processo, a palavra não se toma j
inacessível ao consciente e pode ser, delato, uma palavra que uma pessoa
j usa perfeitàmente bem na sua conversação cotidiana. Mas pelo simples
j fato de ter sido recalcada, aquela palavra, ou alguma parte dela, começa a
exercer um novo papel. Ela estabelece relações com outros elementos
\ recalcados, desenvolvendo um conjunto complexo de ligações com eles.
Como Lacan repete diversas vezes, o inconsciente é estruturado como
uma linguagem) 2,' em outras palavras, ocorrem os mesmos tipos de relação
entre os elementos inconscientes que existem entre os elementos cons-
tituintes de qualquer linguagem. Voltando ao nosso exemplo inicial: job
[emprego] e snob [esnobe] estão relacionados porque contêm um certo
número de fonemas e letrasjdênticas, os blocos básicos de_ constjjição da
fala e da escrita, respèctivamente. Portanto, essas palavras podem estar
associadas no inconsciente, mesmo que não estejam associadas conscien-
temente pelo indivíduo cujo inconsciente estamos examinando. Analise as
palavras “conservação” e “conversação”. Elas são anagramas: elas contêm
as mesmas'letras, somente a ordem em que aparecem é que é diferente.
Enquanto o discurso do eu pôde desprezar fotalmente(áe fyaZénç/ã literal
de tais termos — o fato de que eles contêm as mesnxas-íetras — , o
inconsciente presta atenção a detalhes como esse na substituição de uma
palavra por outra nçs sonhos e nas fantasias.
Ao dizer que o inconsciente é estniturado como uma linguagem, La-
can não afirmou que o inconsciente é estniturado exatamente da mesma
forma como o inglês, digamos, ou qualquer outra língua antiga ou moder-
na, mas que a linguagem, da forma como opera a nível do inconsciente,
26 O sujeito lacaniano

obedece a um tipo de gramática, ou seja, a um conjunto de regras que


comandam a transformação e o deslizamento que existe dentro dela. O
inconsciente, por exemplo, tem urna tendência a quebrar as palavras em
suas mínimas unidades — fonemas e letras — e a recombiná-ías como
pareça adequado: expressando as idéias de job [emprego], snob [esnobe],
schnoz [nariz] e schmuck [tolo] todas ao mesmo tempo, por exemplo, como
vimos na palavra schnob acima.
Como veremos no próximo capítulo, o inconsciente nada mais é do que J
uma “cadeia” de significantes, tais como palavras, fonemas e letras, que í
se “desdobra” de acordo com regras muito precisas sobre as quais o eu ou ;
self não possui qualquer tipo de controle; Mais do que ser o lugar privile-
giado da subjetividade, o inconsciente, como concebido por Lacan (exceto
na expressão “sujeito do inconsciente”, à qual retomaremos mais tarde), é
em si Outro, estranho, e inassimilável. A maioria de nós provavelmente
pensaria, como o fez Freud, que o analisando que deixa escapar schnob ao
invés de job [emprego] está revelando seus verdadeiros sentimentos: uma
queixa contra um pai que deu muita atenção para um irmão(a) mais
velho(a) mas não o suficiente para o analisando, e um desejo de que tivesse
acontecido o contrário. E, no entanto, embora esse desejo possa ser
considerado como mais verdadeiro, de certa forma, do que os outros
desejos expressos pelo analisando no “modo ego” (por exemplo: “Eu
realmente desejo me tomar uma pessoa melhor”), ele pode, entretanto, ser
um desejo estranho: o desejo do Outro. O analisandojque diz schnob pode
continuar e dizer que era, na verdade, sua mãe quem considerava seu pai
um schmuck [tolo] e que repetidas vezes lhe dizia que seu pai o estava
desprezando; ele pode vir a perceber que parou de amar o pai e começou
a ter um ressentimento em relação a ele somente para agradar a mãe, “Não
era eu que queria cènsurá-lo”, pode concluir, “era ela ” Nesse sentido,
podemos pensar o inconsciente como expressão, através de suas irrupções
na fala cotidiana, de um desejo que é em si mesmo estranho e inassimilável.
Na medida em que o desejo habita a linguagem — e em uma estrutura
lacaniana não há, a rigor, desejo sem linguagem — podemos dizer que o
inconsciente está repleto de tais desejos estranhos. Às vezes, muitas
pessoas sentem que estão trabalhando em algo que nem sequer realmente
desejam, empenhando-se para corresponder a expectativas que nem mes-
mo endossam, ou declarando objetivos que sabem perfeitamente bem que
têm pouca ou nenhuma motivação para alcançar. O inconsciente está, nesse
sentido, transbordando de desejos de outras pessoas: o desejo de seus pais,
talvez, de que você estude nesta õu naquela universidade e siga esta ou
aquela carreira; o desejo dos seus avôs de que você tome juízo e se case e
lhes dê bisnetos; ou a pressão dos companheiros de que você se envolva
Linguagem e alteridade 27

em determinadas atividades nas quais não está realmente interessado. Em


tais casos, há um desejo que você considera como “seu”, e um outro com
o qual se debate e que parece estar no controle, e algumas vezes o força a
agir, mas você não sente ser inteiramente seu.
:
As opiniões e desejos de outras pessoas fluem para dentro de nós através
do discurso. Nesse sentido, podemos interpretar o enunciado de Lacan de
que o inconsciente é o discurso do Outro, de uma maneira muito direta: o
inconsciente está repleto da fala de outras pessoas, das conversas de
outras pessoas, e dos objetivos, aspirações e fantasias de outras pessoas
(na medida em que estes são expressos em palavras).
Essa fala assume um tipo de existência independente dentro dos “nossos
eus”, digamos assim. Exemplos claros da intemalização do discurso do
Outro — a fala de outras pessoas — são encontrados no que é comumente
chamado de consciência ou consciência culpada, e no que Freud chamou
desupereu. Vamos imaginar, e esta é uma história puramente fictícia, que
Albert Einstein ouviu por acaso uma conversa, que talvez não fosse para
ser ouvida por ele, onde o pai dizia para a mãe, “Ele nunca será nada”1 3, e
sua mãe concordava, dizendo, “É verdade; ele é preguiçoso como o pai
dele”. Podemos imaginar que Albert não era ainda crescido o suficiente
para entender todo o significado das palavras ou adivinhar seu sentido. No
entanto, elas acabaram sendo armazenadas em algum lugar e ficaram
adormecidas por muitos anos, para somente serem reativadas e atormen-
tá-lo de forma implacável quando ele tentava progredir na escola secun-
dária. Por fim, as palavras adquiriram sentido e causaram sua reprovação
em matemática na escola secundária — esta parte da história é aparente-
mente verdadeira — embora a ele não faltasse, com certeza, capacidade
para compreender a matéria.
Podemos imaginar duas situações diferentes. Na primeira, sempre que
Albert se sentava para fazer um teste, ele ouvia as vozes dos pais dizendo:
“Ele nunca será nada” e “É verdade; ele é preguiçoso como o pai dele” e
ficava tão distraído, agora que finalmente já entendia o que todas as
palavras significavam, que nunca conseguia responder a quaisquer das
perguntas do teste. Na segunda situação, nada dessa fala seria consciente-
mente lembrada, mas, no entanto, teria um efeito semelhante em Albert.
Em outras palavras, aqueles comentários depreciativos permaneceríam
circulando no seu inconsciente, trabalhando, distraindo e torturando o
jovem Einstein, causando um curto-circuito em sua consciência. Albert
veria o teste à sua frente, em cima da mesa, e de repente se sentiría confuso
sem ter idéia do porquê. Talvez ele soubesse a matéria de trás para a frente
cinco minutos antes do teste e, ainda assim, ficaria repentina e inexplica-
velmente incapacitado de se concentrar em qualquer coisa que fosse. Dessa
28 O sujeito lacaniano

forma, ele, sem saber, cumpria uma profecia que o pai havia feito e da qual
nada sabia conscientemente: “Ele nunca será nada”. E, ironia das ironias,
suponhamos que, nessa história fictícia, seu pai tivesse, na verdade, dito
aquilo naquele dia a respeito do filho do vizinho!
Lacan procura explicar como tais situações são possíveis: o inconsciente
como uma cadeia de significantes que se desdobra de acordo com regras
muito precisas (regras essas que serão abordadas no capítulo seguinte)
constitui üm instrumento defmèmóriá tal que, embora Albert seja incapaz
de lembrar quantas vezes seu pai disse “Não, o menino nunca será nada”,
ela é lembrada para “ele”. Ele pode não se lembrar do pai ter, algum dia,
dito isso a respeito de qualquer pessoa que seja, mas a cadeia de signifi-
cantes lembra para ele. O inconsciente conta, registra, anota tudo, armazena
e pode resgatar aquela “informação” a qualquer momento. É aqui que
entram as analogias cibernéticas de Lacan. 1 4 Freud diz que elementos
inconscientes são indestrutíveis. São estes elementos uma massa cinzenta
constituída de tal maneira que certos caminhos neuronais, uma vez es-
tabelecidos, nunca podem ser erradicados? A resposta de Lacan é que
k
apenas a ordem simbólica, através de suas regras combinatórias, tem meios
para captar os fragmentos das conversações para sempre; 1 '7.?, ; t
Nesse nível bastante básico, portanto, o Outro é essa linguagem estranha
que devemos aprender a falar e que é eufemisticamente referida como
nossa “língua materna”, mas que seria melhor ser chamada nossa “ língua
do Outro materno”: são o discurso e os desejos dos outros a nossa volta,
na medida em que estes são internalizados. Por “internalizados” não quero
sugerir que eles se tomam nossos; ao contrário, não obstante internaliza-
dos, eles permanecem corpos estranhos em certo sentido. Éles podem
muito bem permanecer tão estranhos, tão alienados, tão desligados da
subjetividade que um indivíduo escolhe tirar a própria vida a fim de
livrar-se de tal presença, estranha. Este é, obviamente, um caso extremo,
mas indica a extraordinária importância do Outro dentro de um indivíduo.

Corpos estranhos

Aquilo OutrqcorTgsponde ao que é chamado por estrutura’no movimento


conhecido como estruturalismo. Gostaria de analisar o termo estrutura
assim como o encontramos em funcionamento no corpo, não no sentido
de estrutura óssea ou da organização envolvida no sistema nervoso, mas
naquele sentido que prova que o corpo está à mercê da linguagem, à mercê
da ordem simbólica. Um dos meus últimos analisandos reclamou de uma
abundância de sintomas psicossomáticos que mudavam o tempo todo,
embora tão devagar que cada sintoma tinha tempo suficiente para fazer
Linguagem e aíteridade 29

com que ficasse muito preocupado e fosse ao médico imediatamente. Em


dado momento, esse analisando ouviu um de seus amigos dizer que tivera,
de repente, um caso agudo de apendicite, que o havia levado a uma
operação de emergência. O analisando perguntou a sua esposa qual era o
lado do corpo onde ficava o apêndice, e ela informou. Algum tempo depois,
o analisando, muito estranhamente, começou a sentir dores nesse mesmo
lugar de seu corpo. As dores persistiram; o analisando ficou cada vez mais
convencido de que seu apêndice iria romper em breve e, por fim, decidiu
ir ao médico. Quando o analisando mostrou ao médico o lugar da dor, este
começou a rir e disse: “Mas o apêndice é do outro lado: seu apêndice está
na direita, não na esquerda!” A dor sumiu de imediato e o analisando
sentiu-se obrigado a explicar que sua esposa certamente havia se enganado
ao dizer-lhe que o apêndice ficava do lado esquerdo. Saiu da sala de exames
se sentindo um tanto bobo.
A moral da história é que o conhecimento, conhecimento conforme
incorporado nas palavras “apêndice”, “esquerda”, e assim por diante,
permitiu que um sintoma psicossomático se desenvolvesse num lado do
corpo onde mesmo um médico mal informado descobriría o erro. O corpo
é escrito çpm signifiçantes. Se você acredita que o apêndice está do lado
esquerdo, e pondentificãção com alguém ou como parte de uma vasta série
de sintomas psicossomáticos — que são tão comuns hoje em dia como
eram na Viena do século dezenove, embora com freqüência tomem formas
diferentes — você acaba tendo uma apendicite, vai doer, não no órgão
biológico, mas onde você acredita que o órgão esteja localizado.
Muitas vezes, os analistas da geração de Freud relatavam casos de
anestesia — entorpecimento ou insensibilidade em certas partes do corpo
\ — que de nenhuma maneira, aspecto ou forma regulavam com a localiza-
ção de uma extremidade nervosa específica localizada em certa parte do
corpo, mas que claramente obedeciam a idéias populares sobre onde uma
parte do corpo, como definido na fala popular, começava e terminava.
Enquanto um e o mesmo nervo podia fluir por todo o braço de uma pessoa
até às pontas dos dedos, outros podiam não sentir absolutamente nada em
um determinado ponto no braço, ou podiam sentir uma dor aguda (pseu-
doneúralgia) nesse ponto, sem nenhuma razão de ordem fisiológica apa-
rente. É possível que, durante uma guerra, o pai dessa pessoa tivesse sido
ferido por uma bala exatamente nesse ponto do braço. E seria possível
imaginar que, quando criança, a pessoa fora informada, de forma equivo-
cada, sobre o braço em que seu pai fora ferido e que a falta de sensibilidade
ou dor aguda aparecesse no braço errado!
Esses casos ilustram a idéia de que o corpo é escrito com significantes
e é, portanto, estranho, Outro. A linguagem é “cravada nos viventes” para
30 O sujeito lacaniano

usar a expressão de Bergson. O corpo é sobrescrito/superado pela lingua-


gem.
Freud nos mostra como a libido da criança perversa polimorfa é progres-
sivamente canalizada para (desse modo criando) zonas erógenas es-
pecíficas — oral, anal e genital — através da socialização e do controle
dos esfíncteres, isto é, através de demandas, expressas verbalmente, feitas
à criança por seus pais e/ou figuras paternas. O corpo da criança é
subordinado de forma progressiva a essas demandas (talvez nunca total-
mente, mas a revolta contra elas demonstra, ao mesmo tempo, sua impor-
tância), as partes diferentes do corpo tomam sentidos determinados pela
sociedade e pelas figuras paternas. Q corpo é subjugado; “a letra mata” 1 6
o corpo. O “vivente” (le vivanf) — nossa natureza animal — morre e a
linguagem surge em seu lugar, vivendo-nos. O corpo é reescrito, de certa
maneira, a fisiologia dá lugar ao significante, e todos os nossos prazeres
corporais acabam por implicar/envolver uma relação com o Outro.
Dessa maneira, nossos prazeres sexuais estão também intimamente
ligados ao Outro. Não necessariamente aos outros “indivíduos”; de fato,
existem muitas pessoas que sentem que são incapazes de ter relações
íntimas com outras pessoas. Essas outras pessoas constituem pouco mais
do que sustentáculos periféricos para suas fantasias, cenários, e assim por
diante, ou manifestações materiais dos tipos específicos de corpos que os
excitam. Quando falamos de tipos, cenários q\i fantasias de corpo, estamos
falando sobre entidades estruturadas lingüisticaniente. Elas podem tomar
a forma de imagens na mente de alguém, mas são, pelo menos em parte,
controladas peío significante e, portanto, ao menos potencialmente signi-
ficantes e com sentido. (Nos capítulos adiante, explicarei em profundidade
por que as imagens e o imaginário em geral quase nunca funcionam
independentes do simbólico nos falantes.)
Nossas próprias fantasias podem ser estranhas para nós, pois são
estruturadas por uma linguagem que é apenas assintótica ou tangencial-
mente nossa e, no início, elas podem até ser fantasias de outras pessoas:
uma pessoa pode achar que tem uma fantasia que é na realidade a fantasia
da sua mãe ou do seu pai, e que ela nem mesmo sabe como apareceu na
sua cabeça. Essa é uma das coisas que as pessoas acreditam ser mais
alienante: mesmo as suas fantasias não parecem pertencer-lhes.
De todo, não desejo sugerir que elas, necessariamente, surgem na
cabeça sem qualquer intervenção própria. Parece-me que não existe sintp-
ma ou fantasia sem algum envolvimento subjetivo, em outras palavras,
sem o sujeito estar de alguma forma comprometido, sem o sujeito influen-
ciar de alguma forma o resultado Conduzir o analisando até o ponto dele
perceber a sua participação na “escolha” do sintoma é, com freqüêncià,
Linguagem e alteridade 31

uma grande proeza. De fato, às vezes parece não haver nenhum envolvi-
mento subjetivo em certos sintomas e fantasias anteriores à análise a
subjetivação somente é efetuada após o fato. Esse quebra-cabeça será
discutido em profundidade nos capítulos 5 e 6.

Já se pode começar a distinguir possíveis posições subjetivas .diferentes 1 7,


isto é, as estruturas clínicas diferentes (neurose, psicose e perversão) e suas
subcategorias (por exemplo: histeria, obsessão e fobia, sob neuroses),
baseadas em relações diferentes com o Outro. Na verdade, nos primeiros
trabalhos de Lacan, o sujeito é essencialmehte uma relação com a ordem
simbólica, isto é, a postura que uma pessoa adota com relação ao Outro
como linguagem ou lei. Mas, uma vez que o Outro, como concebido por
Lacan, tem muitas faces ou avatares —

« O Outro como linguagem (isto é, como conjunto de todos os signifi-


carites)
o O Outro como demanda
© O Outro como desejo (objeto ã)
© O Outro como gozo

— e uma vez que a demanda, o desejo e o gozo não serão examinados em


profundidade até as partes 2 e 3 deste livro, é melhor deixarmos de lado
tal esquematização por enquanto. 1 8 As diferentes faces do Outro não
deveriàm ser vistas como separadas ou não relacionadas, embora sua
articulação seja uma tarefa complexa que não deve ser realizada nesta
etapa.
Farei agora um exame do funcionamento da linguagem no inconsciente.
capítulo dois

A natureza do pensamento
inconsciente, ou como
a outra parte “pensa”

A linguagem funciona. A linguagem “vive” e “respira”, independentemen-


te de qualquer sujeito humano. Os falantes, para além de simplesmente
usarem a linguagem como um instrumento, também são usados por ela;
eles são os joguetes da linguagem e são ludibriados por ela.
A linguagem tem vida própria. A linguagem como Outro traz consigo
leis, exceções, expressões e léxicos (vocabulários e jargões padrões, dia-
letos, tecnofala especializada e dialetos subculturais). Ela evolui com o
tempo, sua história se relaciona com a dos seres que a falam, que não são
simplesmente moldados e remoldados por ela mas também lhe causam um
impacto, introduzindo termos, expressões, construções novas, e assim por
diante. Atribui-se a Shakespeare a introdução na língua inglesa de centenas
de novas metáforas e expressões, e o próprio Lacan causou um impacto
substancial no francês falado, pelo menos naquele falado por uma porcen-
tagem significativa dos intelectuais franceses, foijando traduções originais
de muitos dos termos de Freud e introduzindo muitos termos e expressões
novas de sua autoria no discurso psicanalítico francês.
No entanto, a linguagem também opera de maneira independente, fora
de nosso controle. Muitas vezes temos a sensação de que escolhémos
nossas palavras, outras vezes elas são escolhidas para nós. Talvez sejamos
incapazes de pensar e expressar algo a não ser que de forma muito
específica (sendo essa a única formulação que nossa linguagem — ou pelo
menos aquela parte da linguagem que assimilamos e temos, digamos
assim, à nossa disposição — nos oferece); e ocasionalmente algumas
palavras irrompem e nos dão a impressão de não as termos escolhido (longe
disso!). Certas palavras e expressões se apresentam enquanto falamos ou
escrevemos — nem sempre as que queremos —, às vezes com tanta
persistência que somos quase forçados a falar ou escrevê-las antes de

32
A natureza
A natureza do
do pensamento
pensamento inconsciente
inconsciente 33
33

sermos capazes
sermos capazes de
de prosseguir:
prosseguir. Ulllaçerta imagem ou metáfora
Uma certa imagem metáfora pode
pode surgir
surgir
nossa mente
em nossa mente semsem queq11e procuremos qualquer foriijã
procuremos ou de qualquer te~fomos
forma tentemos
córistriií~fa
construí-la ee se
se atirar emem nós com
com tanta
tlltlta violência que nada
violência que nada podemos fazer
podemos fazer
senão reproduzi-la ee depois
senão reproduzi-la depo,is,apem1sJentar caçoar de seu
apenas tentar caçoar seu significado.
sigllifi~lld(?,, - -
- Tais
Tais expressões
expressões ee metáforas
metáforas são
são selecionadas
selecionadas em em um Outro lugar lugar que
que
não a consciência.
corisciêncfa. Lacan
I..acan sugere
sugere que
que.abordemos
abordemos oo processô'cômo
processo como aquele aquele
em que há
érri que há d11âs_cadeias
duas cadeias de __discurso
di~curs~ queque caminham
caminham aproximadamente
aproximadamente
paralelas uma à outra
paralelas uma outra (num
(num sentido
sentido figurado),
figurado), cada
cada uma
uma sese "desdobrando"
“desdobrando”
se desenvolvendo
ee se desenvolvendo ao ao longo
longo de uma linha temporal,
temporal, digamos
digamos assim,
assim, uma
das quais
das quais às vezes
vezes interrompe
interrompe ou ou intervém
intervém na outra,
outra.

--------------------------------->
- - - - - - - - - - - fala fala
---------------------------------*
- - - - - - - - - - pensamento inconsciente
/
Podertfos nos referir
Poderiíos referir à linha
linha superior
superior comocomo uma cadeia cadeia de palavras palavras
faladas, isto é, uma
faladas, cadeia da fala, gmgiçiação
uma cadeia Êll@<:ia~o ou ot1_ doato
do ato de de enunciar.
emmciar. Lacan Lacan
usa a pal11v:r.1:1
~a palavra “cadeia” para nos lembrar das ligações
'~çªdeía'.' Pªrnµos}i;:n1~~-~~ gramaticais e~ contex-
ligaçõ~s-gi:~l:l.t.i.C?~i.s ~o.11tex-
tuais entre cada cadapalavraJªlªda
palavra falada e aquelasaquelas_queque yêm
vêm antes antes e depois:
depois: nenhuma
palavra numa
· p~lavra numa afirmação tem qualquer
afirma,9~<>.Jeni valor fixo,
qualqller__y:tlor fi;o, exceto se ela for j,fii~da
e_,c:c€i:{º-j~:~t~Jof usada
contexto específico.
num contexto especí,fico. (A abordagem
abordagem de de Lacan
Lacan da linguística lingüística refuta reflita
qüalquer teoria estritamente
qualquer estritamente referencial
referencial da linguagem
linguagem por por meio meio da qual
cada palavra
cada palavra falada teria uma relação relação biunívoca
biunívoca rigorosa rigorosa com com uma coisa coisa
existentena"realidade".)1.,,~
existente na “realidade”.) 1 vv-1 <">,_·: ______, . -.,,,v _ ?:--',,,,
V •
inferior da figura
A linha inferior figura representa
representa oo movimento
movimento dos do~_.m-oce.ss.os_de
proc sso de
pensamento inconsciente, que ocorre
,'.pens11me11~0,_inç_Qnscieute, simultaneamente ao movimento da
ocorre -ª@ll!!a,!!:~~-1!!!?.~!~--?.:.Q..illQ.Yim'::~!~ª
fala
fala, 11:noC> ~~lllp~, mas é~-m:1,!it.ªª-.
tempo, llla§_ muitas .Y.e.ze.s.Jtldepen.d.~n!!tJ!~.§ta. -~~a conversa, conversa,
podemos
podemos falar a falar a um amigo
a~g~g~e;,que fizemos uma blister
fi~elTlc:>i; UI11a blister [bolha] nópe aõ correr,
[l,C>lhél] ~~pf~oc.<>n:t:~,
'.òõ" fapifo
lapso parapraxal
parapraxal parapara sist~rjir:mã]
sister [irmã] indica indica queque outro pe;,nsamento pensamento nós nos
preocupa
preocupa em em algum 011tr:<t_nível
algwn outro nível -~ — ao ao.nível
nível dodoincon,i;c:ie11te:
inconsciente. Algo que quê o
iiiteí:focutor
interlocutor nos nos disse
disse pode
pode nos lembrar de uma
nos fazer lembrar uma irmã, mas mas também também
pode
pode ser que nada na atual situação
ser que situação de fala provocou-os
provocou os pensamentos pensamentos sobre sobre
ela, e que que uma certa certa reflexão inconsciente estava
reflexão inconsciente estava acontecendo
acontecendo desde desde oo
começo do
começo do dia quando
quando falamos
falamos com com ela ela ao telefone ou sonhamos sonhamos
/!':-..,_,_, __ ,
com
com ela. ,
... , ..... , ....

Como oo pensamento
Como pensamento se se processa
processa no nível inconsciente??
inconsciente?3,E E queque tipo de
processos de pensamento
processos ocorrem lá? Em
pensamento ocorrem Em A interpretação
interpretação dos dos sonhos,sonhos,
Freud mostrou que
Freud mostrou que a condensação
condensação ee oo deslocamento
deslocamento são são características
características
fundamentais dos
fundamentais dos processos
processos de :eensamento inconscientes, e Lacan
pensamento inconscientes, Lacan em em "A “A
instância da letra
instância letra no inconsciente
inconsdente ou A razao razão desSê desãe Freud” Freud" (Écrits) (Écrits)
demonstrou a relação
demonstrou relação entre
entre a condensação
condensação e a metáfora metáfora por por um lado, e entre entre
oo deslocamento
deslocamento ee a metonímiametonímia por outro, metáfora
por outro, metáfora ee metonímiametonímia constituin- cons_tituin-
tropas lingüísticos
do tropos li:niüísticos exaustivamente
exaustivamente discutidosdiscutidos há séculos séculos em em trabalhos
-· -··-·••,...,w ·----•"'""""•
34
34 o sujeito lacaniano
O sujeito /acaniano

sobre retórica
sobre retórica (Gracian,
(Gracían, Perelman,
Perelman, etc.). etc.). Potencialmente,
Potencialmente, todo todo analisando
surpreendido, no
é surpreendido, começo do processo
no começo processo analítico, analítico, em em suas
suas tentativas
tentativas
iniciais de entender
iniciais entender os os sonhos
sonhos e as as fantasias,
fantasias, pela complexidade do proces-
pela complexidade proces-
so que cria
so tais P!'
cria tais .O~ll!<>S inconscientes
produtos incor1sc;ientes (ou (ou “formações "fonnações inconscientes”,
inconscientes",
como Lacan
como Lacan os chama).33 -
os chama). - ----
No entanto, Lacan
No entanto, Lacan foi foi mais
mais além
além ao ao explorarexplorar o que que ocorre
ocorre aoao nível
nível do
do
inconsciente, tentando
inconsciente, tentando fornecer
fornecer modelos
modelos que que conceitualizassem
conceitualizassem o funcio-
namento autônomo
namento autônomo da Jit1gµªg~;tJLP-O
linguagem no inconsciente inconsciente e a estranha estranhá ''ind~-
“indes-
-trutibilidade"
trutibilidade” _dos
cl9s conteúdosinconsçientes.
çqpteúdQ.~j!!..~Q!l.$.9Íentes.
Esses modelos
Esses modelos foram
foram desenvolvidos
desenvolvidos primeiro primeiro durante seu seu seminário
seminário de
954-55, 0O eu
11954-55, eu na
na teoria
teoria de de Freud
Freud e na na técnicatécnica da da psicanálise, expandidos
psicanálise, e expandidos
forma considerável
de forma considerável no posfácioposfácio do "Seminário “Seminário sobre sobre a ‘A'A carta
carta rouba-
rouba-
da”’ (Écrits, 1966).
da'" (Écrits, 1966). Até agora,
agora, poucas
poucas tentativas tentativas foram foram feitas
feitas para delinear
para delinear
as ramificações
as desses modelos,
ramificações desses modelos, e de fato, fato, eles eles apresentamapresentam uma concepção
uma concepção
do funcionamento linguagem que éé totalmente
funcionamento da linguagem totalmente estranha estranha àqueles
àqueles que não não
estão familiarizados
estão familiarizados com com a linguagem da dª _i_r1fonn~tica
informática ou com com as as combina-
combina-
tórias usadas na
tórias usadas na matemática.
matemática. Os Os modelos de Lacan
modelos
-.·,··----·--···-·············-··-···········-·······
Lacari começam
começam aqui, aqui, ..
,.,.
não
não
com “linguagens
com "linguagens naturais”
naturais''.((conforme
conforme denominadas d~nominaclas na linguística: lingiiística:)i.!!gua-
lingua-
gens como elas
gens como elas são
são realmente
realmente faladas),
faladas), 111,ª~ mas com com linguagens artificiais
linguagens artificiais
(especialmente suas
(especialmente
sobre
sobre a ordem
suas regras sintáticas). As
regras sintáticas).
simbólica em si: sobre
orc,lem_simbólicª-~m
As últimas têm
sobre sua “matéria” i•matêna" ou
ª
têm muito a llQ~ ensinar
nos ensinar
ou substância,
~ul:>~tândã, sua
'refação coin a realidade
relação com realidade que que ostensivamente
ostens1va111ente descreve, descreve, e com com seus subpro-
subpro-
dutos.
dutos.
Os modelos
Os modelos de Lacan exigem exigem de de nós nós wn um pouco pouco de de ginástica
ginástica mental, o
deveria ser
que não deveria ser visto
visto como
como supérfluo supérfluo nem nem gratuito.
gratuito. Pois
Pois está em
está em
sintonia perfeita com a concepção
perfeita com concepção de Lacan Lacan sobre sobre a natureza dos processos
natureza dos processos
de
4e pensamento inconscientes:
inC_()t).Scientes: como
COIDO veremos, veremos, eles eles envolvem
envolvem vários gfáus
vá.rios]fáus
cifragem.4 Ã
de cifragem A seção “Cara ou
seção "Cara ou coroa”, coroa", abaixo, abaixo, apresenta apresenta um um modelo
modelo
"simplíficado "linguagem" que
simplificado da “linguagem” que Lacan Lacan desenvolve, desenvolve, e esse modelo éé
esse modelo
suficiente para
para uma
uma análise
análise mais conceituai na seção seção subseqüente.
subseqüente.

Cara ou
Cara ou coroa
coroa

Os modelos
Os modelos de LacanLacan podem
podem ser ser entendidos
entendidos comcom um simples
simples exemplo.
exemplo. Os Os
interessados em saber
leitores interessados saber por Lacan escolheu
por que Lacan escolheu esses
esses tipos es-
tipos es-
pecíficos de
pecíficos de modelos
modelos devemdevem consultar
consultar os os capítulos
capítulos 15JS _ee 16
16 d.o.S.emi11ªrio
do Seminário
4
assim como
2, assim como o "Seminário
“Seminário sobre sobre 'A carta roubada'"
A carta roubada’” e seu seu posfácio.
posfácio.
Alinguagem
P... artificial _qu.~
Ii!!gtt~g~!!!.~ifi:i::ial que Lacan
Lacan desenvolve toma um “acontecimento
4~s.-~~ygb~~--t<>.1!1!._~m'.'ac_ont~cim~m.to
real” como
___ real'' ponto de
c()moponto partida: jogªr
d1;1 part,i4R: j ogar pai:aciroa,_µma_rn.2~4~.eqµfül:>ro~.e.se.m
para cima uma moeda equilibrada e sem
· estar
estar viciada. (Como
(Como veremos,
veremos, esteeste "acontecimento
“acontecimento real"real” poderia igual-
poderia igual-
-mente ser as idas vindas~ alternando presença ausênc_~a =~~-1_11-~e de
mente ser as idas e vindas — alternando presença e ausência — da mãe
A natureza
natureza do
do pensamento
pensamento inconsciente
inconsciente 35
35

uma criança
uma criança e está, portanto, mais
está, portanto, mais do que tangencialmente
tangencialmente relacionado
relacionado ao
jogo F9.!1_-Da praticado
jogo do Fort-Z>a pelo neto de Freud,
praticado pelo Freud, descrito em Mais-além
descrito em Mais-além do
princípio
princípio do prazer). Com_tal_moeda,
prazer). Com __ não..há.como
tal moeda, ..não. há como ..preyer, em qualquer
prever, em qualquer
jogada, se o resultado
jogada, resultado será
será cara ou coroa.
coroa. Seguindo a escolha
escolha deliberada
de Lacan
Lacan de~e+ + e - para.,_çara
para cara e çºroa,
coroa, respectivamente, uma seqüência
seqüência
aleatória
aleatória de resultados
resüitados de jogadas pode
pode ser ser dividida de várias
várias formas.
formas.
Considere,
Considere, porpor exemplo,
exemplo, a seguinte
seguinte cadeia:

1 2233445 5
6 768798 9 Números da
Números da jogada
jogada
++ ++ - - - +
+ -------
- - - ++ Cadeia cara/coroa
Cadeia cara/coroa

Os “números
"números da jogada"
jogada” referem-se primeira, à segunda, à terceira
referem-se à primeira, terceira
jogada _ . da moeda
jogada moeda e assim por diante, enquanto
assim por enquanto a “cadeia
"cadeia cara/coroa”
cara/coroa"
apresenta
apresénta o resultado de cada jogada: + significa
cada jogada: significa cara e - significa
significa coroa,
coroa.
O fundamento lógico referente
referente a essa
essa seqüência
seqüência de jogadas joga
joga como
como
uma cadeia, enquanto seus
seus resultados são
são a priori totalmente independentes
(a
(a segunda jogada tem os mesmos
segunda jogada mesmos cinqüenta por por cento
cento de chances
chances de
mostrar
mostrar cara
cara ou coroa,
coroa, independente
independente do resultado
resultado da primeira
primeira jogada),
jogada), e
deriva do fato de que
deriva que passamos agrupar os sinais
passamos a agrupar sinais em
em pares longo
pares ao longo
da cadeia. Existem
Existem quatro pares de combinações
quatro pares possíveis: + +, -—-,, + -,
combinações possíveis: -
ee-+. .

11 2 3344556 6
7 8798 9 Números da
Números da jogada
jogada
+
+ +
+ -— -— +
4- -— -— -— +
+ Cadeia cara/coroa
Cadeia cara/coroa
13 3 2 2 Categoria da
Categoria matriz numérica
da matriz numérica

Designemos
~~1:_~mos. os pares + + como número 1 (ver
O!_Pare~~~omonúmero (ver a linha de “categoria
"categoria da
matriz
matriz numérica”
numérica" acima).
acima). Este é o primeiro primeiro nível de codificação_que
codificação que
introduziremos,
Íl!!!°Q9W:~r~~9S, e ele
el~__marca
':1.1,ê:1-1'.Ça_aa ofigenídõ
Óngem---:-do sistema simbólico que estamos
SÍStemasimbólico-queestamos
criando aqui.
priando aqui. Refiro-me
Refiro-me a esse primeiro nível como
esse primeiro nossa matriz
como nossa matriz numérica.
numérica.
As duas combinações
combinações alternativas
alternativas(+- (+ - ee-+)
- +) serão
serão designadas pelo número
designadas pelo
2. E o par-
par —-receberá designação 3 (Tabela
receberá a designação (Tabela 2.1),
2.1).

Tabela2.1
Tabela 2.1
2 3
++ +-
-+

No entanto, um
No entanto, aspecto ainda
um aspecto ainda mais parecido com uma cadeia se
parecido com se revelará
revelará
ao agruparmos
agruparmos os resultados da jogada
os resultados pares superpostos.
jogada em pares superpostos.
36
36 O sujeito
O sujeito lacaniano
lacaniano

2
2
+ ++ -—-
+ +
+ - - - ++
------- Cadeia cara/coroa
Cadeia cara/coroa
-1
~~i
~ 3

Na cadeia
cadeia acima, vemos
vemos que o primeiro elemento éé++,
primeiro elemento + +, uma combinação
uma combinação
que decidimos designar como 11;; tomando os resultados
designar como segunda e da
resultados da segunda
terceira jogadas,
terceira jogadas, temos ++ -, a ser designado
designado como
como 2; os resultados
resultados da
terceira e da quarta
terceira quarta jogadas,
jogadas, -— -,, constituem
constituem uma combinação 3; os
uma combinação
resultados
resultados da quarta e quinta jogadas,
jogadas, - +, um 2, e assim
assim por
por diante.
Seguindo as anotações
Seguindo anotações de Lacan (Écrits 1966, p.47, n.l), podemos
Lacan (Écrits podemos
escrever essas
escrever essas figuras imediatamente abaixo cadeia cara/coroa;
abaixo da cadeia cara/coroa; aqui
categoria de matriz
cada categoria matriz numérica
numérica (1, 2 ou 3) refere-se
refere-se ao sinal mais ou
acima dela, tomado
menos diretamente acima tomado em conjunto
conjunto com
com oo sinal mais
mais
ou menos à sua esquerda.
esquerda.

+ + -- + - r - + Cadeia cara/coroa
Cadeia cara/coroa
12322332 Categoria de
Categoria matriz numérica
de matriz numérica

Fica claro,
claro, nesse
nesse momento,
momento, que que um conjunto
ç<>11j\!11tQ de
9ejqgadas.dacategor-ia-l
jogadas da categoria !
(+ +) não pode
(+ pode serser imediª~ªrne11te
imediatamente seguidoseguido na_ inferior (isto é, a linha
na linha inferior
que represe.rifa
representa os números categoria) por
números de categoria) por um conjunto categoria 3,
conjunto de categoria
uma vez segundo lançamento
vez que o segundo lançamento na categoria
categoria 11 é necessariamente
necessariamente um
mais, enquanto o primeiro
sinal mais, lançamento na categoria
primeiro lançamento categoria 3 tem que ser um um
sinal menos. Da mesmamesma forma,
fonna, embora
embora uma categoria
categoria 2 possa ser seguida
possa ser seguida
por um 11,, 2 ou 3, uma categoria
categoria 3 não pode pode serser imediatamente
imediatamente seguida
seguida por por
categoria 1, uma vez que a primeira
uma categoria primeira termina
termina em um sinal sinal menos
menos
enquanto a última deve
enquanto deve começar
começar com com um sinalsinal mais.
Portanto, e.§ta)2ele_çemos.ummodo.de.agrnparjogada$.
Portanto, já estabelecemos um modo de agrupar jogadas _ (uma (u.IP.ª.~'.m.att:i?
‘‘matriz
simhoXica yijueiprõibèbèrt
~imbólfoã;j combinãpõç Ça. saber, J1 seguido
__q:y~)érê;iJ~f".P!lrtas.:'çqi.!!k(i!ª'~qg~r(a_saber, segt,tido por 3, e 3
seguido.por
seguido por 1). E obv10 qÜe.issonãÕ.exígê,
É obvio que isso não exige, de fonna alguma, que
forma alguma, que uma
jogada seja seguida
jogada cara seja seguida por qualquer específico de jogada:
qualquer outro tipo específico jogada: na na
realidade,
realidade, uma caracara pode tão facilmente
facilmente ser ser seguida
seguida por caras quanto
por outras caras quanto
por
por coroas. Gerªmos. uma _iTf!possibif,idade
coroas. Geramos impossibilidade . em ..nossa nossa. cadeia
cadeia s._i.g'!ifJC4J'.l.te,
signifiçante,
muito embora
embora não tenhªmos deterrni11ªdo o resultªgQ_de
tenhamos determinado resultado de qualquerjogada
qualquer jogada
específica. Isso equivale a uma regra de ortografia:
específica. ortografia: não se s~ usa lllltes de ee
usa çç antes
(com a diferença
e i (com diferença de que que esta
esta regra
regra não
não possui
possui nenhuma exceç~p);
nenhuma exceção);
observe que muitas
observe muitas regras de ortografia
ortografia e gramática
gramática se i:eferemao
referem ao modo modo
natureza do
A natureza do pensamento inconsciente
pensamento inconsciente 37

t ' \.......~
como
como
.,
letras ee palavras
letras palavras são
......•.... ······ ........... . . .. ,.... ... .
~ão .enfileiradas
enfileiradas ou encadeadas umas
ou encadeadas ap(>s as
umas após a,s outras,
outras,
dit.a!:l~C>. o9 que
· . ditando que: pode pode ou ou não
não preceder
preceder ou vir após
ou vir após _uma letrn_oµJermo.
uma letra pu termo.
Agora,
Agora, suponhamos suponhamos que que oo primeiro
primeiro par par de jogadas caiu na
jogadas caiu categoria 1I
na categoria
ee que oo terceiro terceiro foi foi umauma categoria
categoria 33.. A série pode
A série pode ser ser facilmente
facilmente recompos-
recompos-
ta: + ++ + -—-,, ee não não temostemos dúvida
dúvida alguma
alguma de de que
que oo segundo
segundo par par de jogadas
jogadas
caiu na
caiu na categoria
categoria 22.. Se Se supomos
supomos maismais uma
uma vez começamos com
vez que começamos com um 11
(isto e,
(isto ç, um um par categoria 1)
par de categoria 1) ee que
que a posição
posição quatro quatro (isto
(isto é, oo quarto
quarto par
par
sobreRosto) foi
sobreposto) foi ocupada
ocupada por por um 1, l, temos
temos claramente
claramente apenas apenas duas pos- pos-
sibilid~çles
sibilidàdes ·,
(Figura 2,1).
(Figura 2.1). . ..,,, , . . u- ·
..... m

Figura 2.1
Figura
.. '.,
+
+ +
+ -- +
+ +
+ e Cadeia cara/coroa
++ ++ ++ ++ ++ Cadeia cara/coroa
1 22 2
2 1 11 1 11 11 Categoria
Categoria
t
1 it
1 i t
I l i
posição posição
posição posição posição posição
posição posição
·um
um quatro
quatro um
um quatro
quatro

E em ..IJ~nhurºª
E -~ª1: nenhuma __delas
de.las.éé possív.etver uma combinação
possível ver uma combinação d.e categotja 33:: um
de categoria um
tipo de combinação
tipo de combinação 33 é, é, na
na verdade,
verdade, impossível
impossível aqui. Também
Também ficafica claro
claro
que, se
que, se não existirem
existirem apenas
apenas Is ls na "cadeia numérica",
na “cadeia deve existir
numérica”, deve um
existir um
número
número par de 2s
par de quisermos encontrar
2s se quisermos encontrar um
um 11 na cadeia
cadeia em algum lugar
lugar
após aa primeira,
após primeira, oo primeiro introduz um
primeiro 22 introduz um sinal
sinal menos (+ -), oo segundo
menos (+ segundo
(ou 2 de número
(ou número par)
par) muda aa cadeia
cadeia de volta menos para
volta do menos para oo mais
mais (-
(- +).
+).

+ + — +- + +
++--+-++
11 22 33 22 22 2
2 ;11 = 2s.
quatro 2s.
- quatro
++---+--+----+-+---++
+ + -------- + ----- + ----------- + - + -------- + +
112332232233322223321
233223223332222332 =dez2s.
1 = dez2s.

Aqui, aa cadeia
cadeia proíbe surgimento de
proíbe oo surgimento de um
um segundo
segundo 11 até
até que
que um
um número
número
par 2s apareça.
par de 2s apareça. Nesse sentido, podemos
Nesse sentido, que aa cadeia
dizer que
podemos dizer cadeia lembra
lembra ouou
acompanha oo movimento
acompanha movimento de de seus componentes anteriores.
seus componentes anteriores.
exemplo encontrado
O exemplo
O encontrado no no posfácio Lacan éé bem
posfácio de Lacan bem mais complicado
mais complicado
do que
dó que este,
este, wna vez que ele
uma vez ele agrupa
agrupa asas jogadas moeda em trincas
jogadas da moeda trincas em
em
vez de pares,
vez pares, ee continua
continua adicionando aa elaselas uma segunda matriz
uma segunda simbólica.
matriz simbólica.
A matriz mais
A matriz mais simples
simples 1, 2,
2, 33 descrita
descrita acima
acima
• resulta
© impossibilidades relacionadas
resulta em impossibilidades ordem na
relacionadas com aa ordem os
na qual os
nume~ºül~~-ç:ategõnaiõdem~parecer,
nümems tie’categoria, podem aparecer, assimassiriicomoaj:ireiençá'deles
como a pr esença deles
quando aa matriz
matriz tem
tem certas
certas posições
posições predefinidas,
predefinidas, ee
38 O sujeito
sujeito lacaniano
lacaniano

..ô grava
grava dentro
dentro de si ou "lembra"
“lembra” seus componentes
componentes anteriores.
anteriores. Portanto,
Portanto,
temos à nossa
nossa disposição
disposição uma_grade_
uma grade simbólica
simbólica simples
simples élejogadas
de jogadas de
moeda
moeda que atende
atende às nossas
nossas necessidades.
necessidades. Ela não só abrangeuma
abrange uma
gramática
gramática elementar
elementar embora
embora lógica, como
como também possui uma fi.m-
também possui fun-
ção
ção de memória
memória embutida,
embutida, por mais primitiva seja. 5
primitiva que seja.5
Uma restrição
restrição em tennos
termos de possibilidade
possibilidade e impossibilidade.parece
impossibilidadeparece que
surgiu ex nihilo. Entretanto,
Entretanto, a sintaxe
sintaxe produzida também é importante
produzida também importante e
permite
permite certas combinações, "proibínêfüóutrás:As
certas combinações, sêirielhançás enfrê'
esse
proibindo outras. As semelhanças entrèesse
tipo de aparelho eè ãà linguagem serão exploradâá
linguagem serão exploradas mais tarde.
tarde.

O acaso
acaso e a memória
memória

Qual é a questão
questão da cifragem
cifragem de Lacan?
Lacan? Como
Como mencionei
mencionei antes, Lacan está
interessado,
interessado, no Seminário posfácio ao "Seminário
Seminário 2 e no posfácio “Seminário da ‘Carta
'Carta rouba-
rouba-
da’”, em construir
da"', construir Wll
um sist~11111
sistema siml>óhco
simbólico qµe
que traga em si
si uma sintaxe
sintaxe -—
um conjunto
conjunto de regras ou leis -— que não seja inerente à
seja inerente à "realidade
“realidade
preexistente".
preexistente”. Portanto, as possibilidades
possibilidades impossibilidades resultantês
e impossibilidades resultantes
podem derivando do modo
podem ser vistas derivando modo como
como a matriz
matriz simbólica
simbólica é construída,
construída,
modo como
isto é, o modo como cifra o acont~cip:1e11to.
acontecimento em em q11e~tão.
questão. Neste exemplo
exemplo
específico, não é tanto Ó
específico, o fato de cifrar, mas otnétodo
o método de cifrag€:m
cifragem que gera
gera
leis -— leis sintáticas -que
— que "não
“não existiam
existiam antes".
antes”. O método
método de cifragem
cifragem
que Lacan
Lacan emprega
emprega aqui não é, com com certeza,
certeza, o mais simples,
simples, já que um
método
método muito simples
simples não gera sintaxe alguma; mas seu
sintaxe alguma; seu método
método parece
parece
simular, de maneira
maneira significativa,
significativa, a cifragem
cifragem das linguagens
linguagens naturaise;:
naturais e dos
processos oníricos. 6
processos oníricos.6
Observemos
Observemos outra
outra característica
característica do sistema
sistema simbólico desenvolvido por
simbólico desenvolvido
Lacan. Mostrei
Mostrei acima
acima que as cadeias
cadeias numéricas
numéricas "lembram"
“lembram” os números
números
sentido, contam,
que, em certo sentido, contam, não permitindo
permitindo que que wnum número
número apareça
apareça
suficientes de outros,
antes que quantidades suficientes outros, ou certas
certas combinações
combinações de
juntado à cadeiaJi:!_~l~ml:>r,a,nç.a
outros, tenham se juntado cadeia..Essa lembrança _ ou.contagem_ç_Qºstitui
ou contagem constitui
de memória: opassagQ_~fil"<lY!lQ()l!ª
um tipo dememóda: o passado é gravado na própriaprópria c:a,deiª,Jletenninando
cadeia, determinando
·õo qÜe~â1nda
que ainda está
está por
por vir.
vir. Lacan salienta
salienta que
que "a recordação [mémoration]
“a recordação
·em
em questão
questão nono inconsciente
inconsciente -— e quero
quero dizer o inconsciente
inconsciente freudiano
freudiano -—
não é a mesma que se supõe estar envolvida envolvida na memória,
memória, na medida
medida em
esta última seria
. que esta seria uma propriedade
propriedade de um vivente" (Écrits 11966,
vivente” (Écrits 966, p.42).
implicação aqui é dupla: em
A implicação em primeiro
primeiro lugar, a massa massa cinzenta,
cinzenta, ou o
sistema nervoso
sistema nervoso como
como um todo, é incapaz
incapaz de dar contaconta da natureza
natureza eterna
eterna
indestrutível dos conteúdos
e indestrutível conteúdos incons,cie_ntes:
inconscientes, A massa massa pareêêsec:omporiar
parece sê comportar
forma a conduzir necessariamente
de tal forma necessariamente a um declínio declínio ou diminuição
qualidade das impressões.
gradual da amplitude ou da qualidade impressões. Ela não pode ser ser a
A natureza do pensamento
natureza do inconsciente
pensamento inconsciente 39
39

garantia de
garantia de sua eternidade.
eternidade. Eem segundo lugar,
E em segundo lugar,..emvezde
em vez de seremserem lembradas
lembradas
pelo
pelo indivíduo (de (de forma
fo~~-Ji.Hv.a,_isto
ativa, isto é,é,_ com
com algum
algum tipo tipo de partícípãção
participação
'subjetiva),
subjetivo), as as coisas
coisas sãosão lc:m,},ra@sjjó,i"êle
lembradas por ele atravésatravés da da"cádefa-s1gnHicáftte
cadeia signifícante. .
. Como
Como diz diz Lacan
Lacan no “Seminário
''Seminário sobresobre ‘A
'A carta
carta roubada;;,: ''Taié o
roubada”’: “Tal é o caso caso.do
do
homem
homem que se recolhe em em uma ilha ilha para
para esquecer,
esquecer, oo quê?quê? ele
ele esqueceu
esqueceu -—
tal éé oo caso
caso dodo ministro
ministro que, ao ao não usar
usar a carta,
carta, acaba
acaba por esquecê-la...
por esquecê-la...
Mas a carta, . assim
Mas_~c~, as1>i.mçQ~Q o inconsciente -º~~1'
como Q_~_C.:Qºll~!~~-t-~ .§~~-c;<>,. ~Q.Q~~q~~~e"
neurótico, não o esquece” {Écrits(Écrits
p.34;-Tne
1966, p.34;
1966, The Purloined
Purloined Poe, [O [O Poe
Poe roubado],
roubado], p.47).
p.47).
Vemos
Vemos aqui uma ligação explícita entre
ligação explícita entre aa letra
letra (ou
(ou cadeia
cadeia signifícante)
significante)
ee oo inconsciente._
inconsciente. O O inconsciente
inç.9_p~çj~Q!~.Jit.lo..p_ade
não. pode ..esquecer,
e.squecer,.sendo ...ç_QJJ!P.QStQ.de
sendoxompQStQ.de
"letras"* trabalhando, como,
“letras”* fazem,, d~mo<i.o.
coll}_Q_J~z~rn,. ª~tfü!QffiQ, .automático;
de modo autônomo, automático; ele
preserva
preserva noiírêsenteo.:iiue
no presente o que o afetou afetou no
no passado,
passado, segurando cada cada e todo oo
eternamente, permanecendo
elemento êtemamente, permanecendo marcadomarcado por todos eles eles para
para sempre.
''No momento,
“No momento, os os vínculos desta [ordem
vínculos desta [ordem constituinte que que é oo simbólico]
simbólico]
são-no
são refere àà elaboração
— no que se refere elaboração por Freud indestrutibilidade daquilo
Freud da indestrutibilidade
que oo inconsciente
inconsciente conserva
conserva -— apenasapenas aqueles
aqueles que que podem
podem ser ser suspeitos
suspeitos
de realizar aa proeza,;
de realizar 1966, p.42), isto
(Écrits 1966,
proeza” {Écrits isto é, garantir indes-
é, de garantir indes-
trutibilidade.

O inconsciente
O inconsciente ajunta
ajunta

Esta caracterização
Esta caracterização do pensamento inconsciente77 não
pensamento inconsciente foi, de
não foi, de forma
forma alguma,
uma fantasia
fantasia passageira
passageira de Lacan,
Lacan, representativa,
representativa, na na melhor
melhor das hipóteses,
hipóteses,
de seus anos como como "estruturalista".
“estruturalista”. No ~~~inário 20, Lacan
No Seminário Lacan diz que, que, em
vocabulário, "as
seu vocabulário, “as letras constituem
constituem os os ajuntamentos [ou [ou melhor]
melhoriasas
Jc:tras _ são, . ee µão.
.letras ªP~n~.c;l~~igQ~!!1,,.,
não apenas designam, .1:1.~~~§.
esses ·ªJ~~~t.os,
ajuntamentos, elas são tomadas
~l.~"~íi,Qj9~!_~as
como funcionando
como funcionando como como_essesajwitamentos
esses ajuntamentos mesmos" (p.65). Mais
mesmos” (p.65). Mais tarde
tarde
ele acrescenta,
ele acres'êentã;···o·iiicoiiscientéé.estruturad.o.:C.omo_ºs..ajuntame.nto.s_de,_que
“O inconsciente é estruturado como os ajuntamentos de .que
--~e
re tratam.na.teoria
tratam na teoria dos. conj,untos..como
dos conjuntos co.mo_s_endoJetrns"
sendo letras” (p.66).
(p.66).
Freud habituou os
Freud os psicanalistas
psicanalistas à noção "pensar", como
noção de que “pensar”, como em em geral
geral
éé entendida, tem tem .um
um papel muito menormenor na na determinação da ação ação humana
do
do que se acreditava.
acreditava. Podemos pensar, sentir, e reivindicar
pensar, sentir, reivindicar queque fizemos
fizemos A A
por causa de B; ou
por ou quando parecemos incapazes de
parecemos incapazes de explicar
explicar de imediato
imediato
nosso comportamento, tecemos
nosso comportamento, tecemos nebulosas
nebulosas explicações
explicações ad hoc: racionali-
ad hoc: racionali-
zações. De certa
zações. certa forma,
forma, aa psicanálise
psicanálise parece
parece intervir afirmando
afirmando a existência
da razão
razão CC que nem sequer havíamos
nem sequer considerado ou
havíamos considerado ou aa qual havíamos
havíamos
deliberadamente ignorado.
deliberadamente ignorado. E E nem consideramos oo fluxo de
nem consideramos de razões
razões pos-
pos-

*"' As palavras “letter”


"letter'' em inglês ee “lettre”
"lettre" em francês
francês tanto podem significar letra quanto
podem significar
carta. (N.T.)
carta. (N.T.)
40
40 O sujeito
O sujeito lacaníano
lacaniano

teriores D, E e F, que lentas porém porém certas, apresentam


apresentam as suas suas cabeças
cabeças de
Medusa
Medusa no curso do trabalho trabalho analítico.
Mas isso significa
significa associar
associar os processos
processos de pensamento
pensamento inconscien-
inconscien-
tes comcom os conscientes,
conscientes, enquantoenquanto que,que, ao contrário,
contrário, Lacan insiste em em
dicotomia, o
uma dicotomia. O pensamentoconsciente
pensamento consciente se baseianodornínio
baseia no domínio do senti- senti- 1\
:do, numanuma busca
busca 'parapara fázer
fazer sentido
sentido do mundo.
mundo. _J.' .:,aça.11 pr<>p§e
Lacan propõe que ()~ pro- ij
os pro-
Ccessos
cessos inconscientes
inconscientes têm pouca pouca ou nenhuma
nenhuma relação relação com sentido. l
com o se11tido.
) Parece
Parece ser ser possível
possível ignorar
ignorar completamente
completamente toda a questão questão de senHdo,
sentido, isto r
\ é, tudo o que que Lacan chama chama de significado
significado ou significação
significação ao. ao discutir
discutir oj o
1inconsciente.
inconsciente. ·· ·· ·
De acordo
acordo com inconsciente é estruturado
com Lacan, o inconsciente estruturado como como uma uma lingua-
lingua-
gem, e uma linguagem
linguagem natural ((diferente diferente da fala) é estruturada como como uma uma
linguagem formal. Como
linguagem Como diz Jacques-Alain
Jacques-Alain Miller, '.~~~Jrnlw.:~-~a
“a estrutura da lingua-
__gem ~. é, num sentido
~~Et~Q_rad_i2 radical, cifragem” 88 ,, o tipo d~,5~!~g~!!};9'll.ÇQgigo
__~L.~!frªgw" de cifragem ou código que
Lacan emprega
emprega quando superpõe superpõe matrizes
matrizes numéricas
numéricas e alfabéticas
alfabéticas nas
cadeias
cadeias de sinaissinais mais e menos menos (muito
(muito parecido
parecido com o tipo de de cifragem
cifragem
usada na linguagem
linguagem de máquina máquina assembler
assembler para transformar
transformar caminhoscaminhos de
circuitos
circuitos abertos
abertos e fechados
fechados em algo algo qu~
que sese assernelh~a
assemelha a uma_linguagem
uma linguagem t
1
com
com a qual se pode programar) . l'Ná
pode programar). fNã opinião
opinião de de Lacan,
Lacan, o incónsciente
inconsciente j \

consiste
consiste em·cadeiãs" ae
em cadeias dê inscrições inscrições quase
quase matemáticas,
matemáticas, e -— tomando; tomando j
emprestada
emprestada uma uma noçãonoção de Bertrand
Bertrand Russell,
Russell, que ao falar dos matemáticosmatemáticos í.
disse que os símbolos
símbolos com com os quais
quais eles operam
operam não significam nada 9 -— ·,\
significam nada9
portanto,
portanto, não faz faz senti<[o
sentido discutir
discutir o significado
significado das fonnaçqes formações ou pro.- pro- /·
duções inconscientes. {1
duções inconscientes.
·Otipó
O tipo dfverdade
dç verdade ''desyelada"
“desvelada” pelo trabalho
trabalho psicanalítico
psicanalítico pode, pode, então,
ser entendido
entendido como como não não tendo
tendo relação
relação alg1.1tna
alguma com significado,
significado, e embora
embora
os
08 .'..J.Qgs,~('.rri,i:ite:rn~ticgs de Lacan possam parecer meramente Íúdicos, ele
.32825’’ de Lacan possam parecer meramente lúdicos, ele
;= acredita
acredita que um analista analista ganha
ganha uma certa certa agilidade
agilidade ao trabalhar com eles,
ao decifrá-los,
decifrá-los, e ao descobrir a
descobrir lógicalógica que há por
por trás deles.deles. É o tipo de
atividade de decifração
decifração exigidaexigida por por qualquer
qualquer e todo encontro encontro com com o
inconsciente. A
inconsciente. A lµ1guªgeII1
linguagem no inconsciente,
inconsciente, e como como o inconsciente,
inconsciente, c.i.fra cifra..
.A A a11álise,
análise, então,
então, implica
implica em em um processo
processo significativo
significativo de decifração
decifração que que
.re,sulta
resulta em em verdade,
verdade, não e,m em sentid9.
sentido.
Considere,
Considere, por por exemplo,
exemplo, o entusiasmo
entusiasmo de Lacan no Seminário Seminário 1111 com com
a reconstrução
reconstrução do ajuntamentoajuntamento "Poordjeli"
“Poordjeli” feita
feita por Serge Leclaire
por Serge Leclaire comocomo a
chave
chave para toda a configuração
configuração do desejo desejo e identificação
identificação inconscientes
inconscientes em em
um de seus pacientes. Embora as letras em
seus pacientes. em si não sejam
sejam decompostas
decompostas neste neste
exemplo,
exemplo, fica claro claro que, enquanto
enquanto podemos
podemos fornecer
fornecer explicações
explicações "que “que
dêem
dêem conta"
conta” de elementos
elementos específicos,
específicos, o ajuntamento
ajuntamento como como um todo todo -—
por exemplo,
exemplo, a ordem ordem de seus seus componentes
componentes e a lógica de sua sua construção
construção
-— permanece
permanece tão impenetrável
impenetrável quantoquanto o umbigo de um sonho. sonho. De acordoacordo
A natureza do pensamento
natureza do inconsciente
pensamento inconsciente 41

com Lacan,
com Lacan, Leclaire
Leclaire foi capaz
capaz de “isolar
"isolar a seqüência
seqüência unicórnia [Poordjeli],
unicómia [Poordjeli],
não como
como foi sugerido
sugerido na discussão
discussão [após [após seuseu discurso],
discurso], em em sua sua depen-
depen-
dência do sentido,
dência sentido, mas precisamente
precisamente emjeu em seu caráter caráter jrredutível
irredutível e insanq insanq .
, como
como uma cadeiacadiia de de significantes” (Sel1Üõârio 11Í7p.236).
signtficantes'; (Seminário f,p~236). Aqui, como como·~ eni
; outrõitrechos
outros trechos rio n'o-)!lesmõsemTnário,
xmesmo seminário, Lacan
Lacan observa
observa que
que a interpretação
interpretação nã<:,
não
objetiva tanto revelar o sentido mas “reduzir os significantes ao não sen-
Jdo (falta de sentido) a fim de encontrar os determinantes da totalidade do
comportamento do sujeito” (p,236). A interpretação produz um signifi-
l cante
cante irredutível,
irredutível, “elementos
"elementos significantes
significantes irredutíveis”
irredutíveis" (p.236). (p.236). O ffi1.ue
que ·
\ .deve
deve ser vislumbrado pêlo
ser.vislumbrado ânalísando, além da
pelo analisando, da significação
significação inerente inerente à l
interpretação
interpretação em em si, é "o
-— ele
ele está,_como_sujeito
estã como su1e1to .“o significante
significante-
. .
assu3e1tado
assu[eka
.— não-senso,
,, não-senso,
2 (p.237);10,·-·-
.
irredutível
irredutível e traumático
traumático,; .;·•
\
7). . -__1·.../ .................................................. ·
:_

Consideremos um exemplo
Consideremos exemplo mais mais conhecido:
conhecido:
Homem dos O Homem dos Ratos Ratos de .· ·
Freud. Quando criança,
Freud. Quando criança, o Homem
Homem dos Ratos Ratos identificou-se
identificou-se com com ratos·,\(
ratos
(Ratteri) comocomo criaturas
criaturas roedoras
roedoras que muitas muitas vezes vezes são são tratadas
tratadas com com ·
crueldade
crueldade pelospelos humanos,
humanos, ele ele mesmo
mesmo havia havia sido severamente severamente espancado espancado
pelo pai por
pelo por ter mordido
mordido a babá. babá. Certas
Certas idéias tomam-se, tomam-se, então, então, parte do
“complexo
"complexo rato” rato" devido
devido ao ao sentido:
sentido: ratos podem podem disseminar disseminar doenças doenças como como
a sífilis,
sífilis, assim
assim como
como o pênis
pênis do homem.
homem. Logo, rato rato -= pênis.pênis. Porém,
Porém, outras outras
idéias
idéias são enxertadas
enxertadas no complexo
complexo rato devido devido à palavra.J.Jqtt.e,11..
palavra Ratten_ em si, si, je
ª
não a §~~
seus ~eQti.dos:
sentidos: Raten significa prestações e leva
significa pr~sta,ç.§es leva à equação de ratos ratosee
ügm Spielrqtte 'significa jogador, e o paiA<>.!!.C!.l!l..e!!tJ,lº$.__.Bg!os
_flprins.;§..ef~?rt.11(~-ª-~@ificajogador, pai do Homemdos Ratos é incluído"” incIÜídõ-
no complexo rato por-tercontraíaouma.dívida
cornpl~:,cqi::ato por ter contraído uma dívida de jogo. jogo. Freud se refere a
Freudse'refere
essas ligações
'essas ligações como “ppntesyerbais” (vóLX7pT86); elas não
como::••p_9.iijesi:er6~Is';-{võrX~p:T86);elas não têmtêm sentido 1~
algum
~lgum em em si,si, derivando
derivando inteiramente
inteiramente das relações literais entre
da~ rel~9.i5~~H!çl]~ entre as palavras.
palavras. ,(
À medida
A medida que que causam
causam atos atos sintomáticos
sintomáticos envolvendo
envolvendo pagamento pagamento (pelo
pince-nez/dívida do pai),
pince-nez/dívida pai), éé o significante
significante em em si que subjuga subjuga o Homem Homem dos dos
sentido.
Ratos, não o sentido. ·
..-- Presuma
Presuma que que o Homem
Homem dos Ratos Ratos ouviu por por acaso acaso uma parte parte da
conversa
conversa dos pais pais incluindo
incluindo a palavra
palavra Spielratte e, embora embora fosse fosse jovem jovem
demais
demais para para entendê-la,
entendê-la, foi contudo registrada e indelevelmente
contudo registradà indelevelmente gravada gravada
em
em sua memória.
memória. Lá, ganhouganhou vida própria,própria, formando
formando vínculos vínculos com com outras C>utras
"~artas/letras roubadas”
“cartas/letras roúbadâs" -~·cenas testemunhadas e palavras
— cenas testemunhadas e
palavras ºouvidas
ouvidas por por
aêâso;·nãOâiiigidas.aos
acaso, não dirigidas aos seus seus olhos
olhos ou ouvidos
ouvidos de propósito. propósito. Seu Seu incons-
incons-
ciente
ciente foi transformado
transformado de maneira irremediável
de maneira irremediável pelo pelo que que ele ouviu,
ouviu, e "o “o
,,que
z que se ouve éé o significante”,
se ouve significante", não significado (Seminário
não o significado (Seminário 20, 20, p.47).
p.47). Aqui AquC
"d significante não está tanto significando
está tanto significando -— dedicado dedicado a fazer fazer sentido
sentido -—
como
como uma substância não-senso (ver
substância não-senso (ver capítulo
capítulo 3). 3).
Neste exemplo, o ...signifícado,
Nes!!?_e:i.c~m.plo,_.o significado,. da..mesma mesma . forma forma que o envolvimento
q:ue . p_env91vimento
subjetivo
~u6Jêtlvo 11a na escolha
escollla de d~ umum sintoma
sintoma (como (como tratado tratado no cªpíJltlo 1), éé
no capítulo
.constituído
constituído “só-depois”.
"só-depois". ....... .

,1S~~iii:iiil;~1~
1--------=>-·-··--=-~-----·---·-----·-----,
(Ratten)
~1-ll
Qãq
Raten
egtfação
.11,0
õ·srgníficãrite.iião
42
42 O sujeito lacaniano
/acaniano

······· .. . ·.\
O saber
O saber sem
sem um
um sujeito
su1e1to )J
Uma vez
vez que a estrutura
estrutura da linguagem
linguagem é reconhecida
reconhecida
inconsciente, que tipo de
no inconsciente, de sujeito
sujeito
podemos conceber para
podemos conceber ele?
para ele?
Lacan, Écrits, p.298
Lacan, Écrits,

Há um saber
saber perfeitamente articulado, pelo
perfeitamente articulado, pelo qual,
falando propriamente,
falando sujeito éé responsável.
propriamente, nenhum sujeito responsável.
Lacan, Seminário 117,
Lacan, 7, p.73

maneira de conceitualizar
Essa maneira conceitualízar o inconsciente
inconsciente parece espaço
deixar espaço
parece não deixar
para nenhum tipo de sujeito. Existe
para nenhum Existe um tipo
tipo de estrutura
estrutura se
se desdobrando
desdobrando
automática e autonomamente
automática autonomamente no/como inconsciente, e não há neces-
no/como o inconsciente, neces-
sidade alguma de postular
sidade qualquer tipo de consciência
postular qualquer consciência deste
deste movimento
movimento
automático (de
automático (de qualquer
qualquer forma,
forma, Lacan rompe com
Lacan rompe com a associação,
associação, feita
feita por
por
tantos filósofos, entre a subjetividade
tantos filósofos, subjetividade e a consciência).
consciência). O inconsciente
inconsciente
contém “saber
contém "saber indelével”
indelével" queque ao mesmo tempo é “absolutamente
mesmo tempo "absolutamente não
subjetivado" (Seminário
subjetivado” fevereiro de 1974).
(Seminário 21, 12 de fevereiro 1974).
inconsciente não é algo
O inconsciente algo que se conhece
conhece mas algo que
mas algo que é sabido.
sabido. O
inconsciente sabido sem
inconsciente é sabido sem o saber "pessoa" em
saber da “pessoa” em questão:
questão: não algo que
não é algo
apreende “ativamente”,
se apreende "ativamente", conscientemente,
conscientemente, mas, contrário, algo
mas, ao contrário, algo que
que é
registrado “passivamente”,
registrado "passivamente", inscrito
inscrito ou contado.
contado. E esse
esse saber desconhecido
desconhecido
faz parte da conexão
conexão entre
entre significantes;
significantes; ele
ele consiste
consiste nessa mesma conexão.
nessa mesma conexão.
Esse tipo de saber
Esse tipo não tem
saber não tem sujeito,
sujeito, nem
nem precisa
precisa de
de um.
No entanto,
entanto, Lacan
Lacan fala
fala constantemente
constantemente sobresobre o sujeito:
sujeito: o sujeito
sujeito do
inconsciente, do desejo
inconsciente, desejo inconsciente,
inconsciente, o sujeito
sujeito na relação
relação fantasmática
fantasmática comcom
o objeto assim por
objeto a, e assim diante. Onde
por diante. Onde é possível.encaixar sujeito?
possível, encaixar o sujeito?
Antes de voltarmos
Antes voltarmos a essa pergunta, a ser tratada
essa pergunta, tratada na parte
parte 2 deste
deste livro,
retomo no próximo capítulo
retomo capítulo a importância
importância avassaladora
avassaladora da ordem
ordem simbó-
simbó-
lica para os falantes.
capítulo três
capítulo três

A/unção criativa da palavra:


A função criativa palavra:
simbólico ee oo real
o simbólico
',,,.o real

O pensamento
pensamento começa começa sempre
sempre a partir de noss~osição
partirde dentro da ordem
nossa posição dentro 9rdem
simbólica; em
simbólica; em outras
outras palãvras:-nãõpodemos
palavras, não podemos deixar deixar de considerar
considerarÜsiipõsto
osuposto
"tempo antes
“tempo antes da palavra" dentro da nossa
palavra"’ de dentro nossa ordem
ordem simbólica,
simbólica, usando
usando as
categorias e os filtros que
categorias que ela
ela fornece,
fornece. Podemos
Podemos tentar
tentar pensar
pensar emem um tempo
um tempo
anterior às palavras,
anterior palavras, em em um certocerto tipo de momento
momento pré-simbélico
pré-simbólico ou
pré-lingüístico desenvolvimento do
pré-lingüístico no desenvolvimento do homo
homo sapiens
sapiens ou ou no nosso desen-
desen-
volvimento individual,
volvimento individual, mas enquanto
enquanto pensarmos, linguagem permanece
pensarmos, a linguagem permanece
essencial.
essencial.
Para imaginar aquele
Para imaginar aquele tempo, demos a ele um nome: o real. Lacan
tempo, demos Lacan nos
diz que “a'.~ªJ~.!@._mata":
letra mata”: ela matamata o real que que havia antes
antes da da letra,
letra, antes
antes das
palavras, antes da
palavras, antes dâffnguagem. verdade, a letra em si
linguagem. É, na verdade, si-que,
— que, no estágio
estágio
em que
em que Lacan
Lacan fez fez essa
essa afirmação
afirmação (1956,
(1956, “Seminário
"Seminário sobre sobre ‘A 'A carta
roubada"'),
roubada’”), não está está diferenciado
diferenciado do significante,
significante, das palavras
palavras ou ou da
linguagem-
linguagem que nos informa
— que informa sobre
sobre suas
suas propriedades mortais 11 e, portan-
propriedades mortais portan-
.to, do real que teria ocorrido
ocorrido caso não acontecesse
caso não acontecesse o advento
advento da letra.
O
O real é, por
por exemplo,
exe111pJQ,..o9 corpo
c<>rp<> de
<ie uma criança
criança “antes”
"antes" do domínio
domínio da
|i ordem
ordem simbólica,
simbólica, antesantes de controlar
controlar os esfíncteres
esfíncteres e aprender
aprender os costumes
costumes
:J do mundo,
mundo. No curso curso dada socialização,
socialização,o corpo é progressivamente
o corpo e~crito
progressivamente escrito
:· ou sobrescrito com
; ou sobrescrito com significantes;
significantes; o prazer está localizado em
prazer está em determinadas
<ieterminadas
Ii zonas,
zonas, enquanto
enquanto outras são são neutralizadas
neutralizadas pelapela palavra
palavra e persuadidas
persuadidas a se ~e
confortllafêm com
!l conformarem c:om as normas
normas sociais
sociais e comportamentais.
comportamentais. Levando Levando a idéia
idéia
>de Freud Freud sobre
sobre a perversidade
perversidade polimorfa
polimorfa às últimas
últimas conseqüências,
conseqüências, é
possível ver
possível ver o corpo
corpo de uma criança criança como
como apenas
apenas uma uma zona
zona erógena
erógena
contínua, no qual não
contínua, não haveria
haveria zonas
zonas privilegiadas,
privilegiadas, nenhuma
nenhuma área área na qual
o prazer estivesse circunscrito
prazer estivesse circunscrito de início.
início.
Da mesma
mesma maneira, <:l~-~ªçªº
maneira, o real de Lacan éé sem sem zonas,
z~mas, subdivisões,
subdivisões, altos e
· baixos localizados ou lacunas
baixos localizados Iàciiíias e totalidades:
totalidades: o real é um um tipo de tecido

43
43
44 O sujeito
O sujeito lacaniano
/acaniano

indiferenciado, entrelaçado
inteiro, indiferenciado, entrelaçado de forma forma a ser ser completo
completo em em todos os
lugares, não
lugares, não havendo espaço entre os fios
havendo espaço fios que
que são sua sua "matéria".
“matéria”? 2 É um
surpefície ou espaço
tipo de surpeficie espaço plano
plano e sem sem emenda
emenda que se aplica aplica tanto ao
corpo de uma criança
corpo criança quanto
quanto a todo
todo o universo.
universo. A divisão
divisão do real real emem zonas
zonas
separadas, características
separadas, características distintas estl'l!Wras contrastantes,
distintas e estruturas c.ontrastantes_t r~~!lJ!ªdo
é oQ__resultado
ordem simbólica,
da ordem simbólica, que de certa certa forma, corta a fachada
forma, corta fachada'plana plana do real,
~riando divisões,
criando divisões, lacunas e entidades
entidades distintas
distintas e elimina
elimina o real, isto isto é, puxa
puxa
OU o suga
ou suga para dentro dos símbolos
para dentro símbolos usados
usados para descrevê-lo, e desse
para descrevê-lo, desS~l'l1C>~O
modo
aniquila.
o aniquila.
· Ao neutralizar simbólico cria
neutralizar o real, o simbólico cria a “realidade”,
"realidade", a realidade enten-
realidade enten-
did;· como
dida corno·-~quilo
aquilo queque'ênorneado.
é nomeado pel~ lingÜageme
pela linguagem e pode, portanto,
portanto, ser ser
pensado falado.33 A “construção
pensado e falado. "construção social realidade"44 implica
social da realidade” implica em em um um
mundo que pode ser ser designado
designado e falado
falado com com as as palavras fornecidas pela
palavras fornecidas pela
linguagem de um grupo
linguagem grupo social
social (ou
(ou subgrupo).
subgrupo). O que não não puder
puder ser ser dito nana
linguagem não é~ parte
sua linguagem parte da realidade desse
gaJ~aliclacle desse grupo; não existe, exis~E!, aarigor.
rigoi. Na
terminologia de Lacan,
terminologia Lacan, a existência
existência é um produto linguagem: a lingua-
produto da linguagem: lingua-
gem criacria coisas
coisas (tomando-as
(tomando-as parte parte da realidade humana) que
realidade humana) que nãonão tinham
tinham
existência antes
existência antes de serem
serem cifradas,
cifradas, simbolizadas verbalizadas. 5 - --
simbolizadas ou verbalizadãs.5
O real, então, existe, uma
então, não existe, uma vez que que ele
ele precede linguagem. Lacan
precede a linguagem. Lacan
reserva um termo separado para ele,
termo separado ele, emprestado
emprestado de Heidegger:
Heidegger: ele ele “ex-sis-
"ex-sis-
te”. 6 Ele
te".6 Ele existe
existe fora
fora ou ou separado
separado da nossa nossa realidade.
realidade. Obviamente,
Obviamente, na
medida
medida em em queque nomeamos
nomeamos e falamos a
falamos a respeito incorporamos
respeito do real e o incorporamos
em um discurso
em discurso teórico
teórico sobre
sobre a linguagem
linguagem e sobre sobre oo_ “tempo
"tempo anterior
anterior à
palavra", empurramo-lo para dentro
palavra”, empurramo-lo dentro da linguagem
lip.guagem e, dessedesse modo,
modo, damosdamos
existência àquilo que,
um tipo de existência que, emem seuseu próprio conceito, somente
próprio conceito, somente tem tem
ex-sistência (explorarei
ex-sistência (explorarei mais
mais este
este assunto
assunto no capítulo
capítulo 8). 8).
Mas, não precisamos
precisamos pensar
pensar em em termos
termos estritamente temporais: o real
estritamente temporais:
não necessita
necessita ser ser entendido
entendido como como meramente
meramente anterioranterior àà letra,
letra, no sentido
sentido
de desaparecer
desaparecer por por completo
completo quando
quando uma uma criança
criança assimila
assimila a linguagem
linguagem
(como se
(como se uma
uma criança
criança pudesse
pudesse de algumaalguma forma forma assimilar
assimilar toda toda a lingua-
gem, ou toda tóda elaela ao mesmo tempo). 9
mesmo tempo). O r~al
real talvez
talvez seja
seja melhor
melhor compreen-
compreen-
dido como aquilo que ainda
como aquilo ainda não foi simbolizado,
simbolizado, ~sta resta ser
ser simbolizado, ou
resiste à simbolização;
até resiste simbolização; pode pode perf eitamentê existir
perfeitamente ''lado a
existir “lado fadêt. eea
a lado”
despeito da considerável
despeito considerável habilidade
habilidade lingüística
lingüística de um falante.falante. Nesse
Nesse sen-sen-
parte do processo
tido, parte processo psicanalítico
psicanalítico envolve
envolve claramente permitir a um
claramente permitir
analisando
analisando colocar
colocar em palavras aquilo
em palavras aquilo que permanece não
que permanece não simbolizado
simbolizado
para ele,
para verbalizar as
ele, verbalizar as experiências
experiências que podem ter ocorrido
que podem ocorrido antes antes do
analisando ter sido capaz capaz de pensar sobre
de pensar sobre elas,
elas, falar
falar delas,
delas, ou formulá-las
formulá-las
de qualquer maneira
maneira que seja. 0 aparelho
que seja./0 aparelho verbalverbal à disposição
disposição do analisan-
analisan-
do, mais tarde em em sua vida, o capacita
capacita a transfonnar
transformar aquelas primeiras
aquelas primeiras
experiências
experiências não verbalizadas,
verbalizadas, nuncanunca conceitualizadas
conceitualizadas ou conceitualizadas
conceitualizadas
função criativa
A função criativa da
da palavra
palavra 45
45

forma incompleta
de forma incompl~ta pela pela fala -— daí a "cura “cura pela fala”,
fala", como
como Anna
Anna O.
chamou-a nos prim'órçlios
chamou-a primórdios da psicanálise.
psicanálise.
A distinção
distinção de LacanLacan entre
entre a realidade
realidade e oo real permite-nos isolar uma
permite-nos isolar
diferença ideológica
diferença ideológica ou ética entre entre determinadas
determinadas formasformas de psicanálise
psicanálise ee a
psicanálise lacaniana. A
psicanálise lacaniana. realidade de cada
A realidade cada pessoa difere pelo
pessoa difere pelo mero fato de
mero fato
cada grupo
que cada grupo cultural
cultural ee religioso, subcultura, família
religioso, subcultura, família e grupo
grupo de amigos
amigos
desenvolve suas
desenvolve suas próprias
próprias palavras, expressões e sentidos
palavras, expressões sentidos idiossincráticos.
idiossincráticos.
E a realidade
E realidade de cada cada analisando
analisando éé colorida
colorida ouou impregnada
impregnada por idéias sobre
por idéias sobre
oo mundo -— sobre sobre a natureza humana, os deuses,
natureza humana, deuses, a mágica,
mágica, os negócios,
negócios, a
educação, a música
educação, assim por
música e assim diante-que
por diante — que podem
podem não coincidir de forma
não coincidir forma
alguma com com qualquer
qualquer idéia específica do analista. Portanto,
idéia específica Portanto, enquanto
determinados psicanalistas
determinados psicanalistas tomaram
tomaram para si a responsabilidade
para si responsabilidade de de “corrigir
"corrigir
seus pacientes"
seus pacientes” com com relação à realidade
realidade -— tentando influenciar ou mudar
tentando influenciar mudar
crenças deles
as crenças deles a respeito
respeito de uma uma grande
grande variedade assuntos-,
variedade de assuntos Lacan
— , Lacan
insiste inúmeras
insiste inúmeras vezes vezes que éé dever analista intervir
dever do analista intervir no real
real do paciente,
paciente,
não na visão
nãona visão de de realidade deste:,-------··-----··-----------
realidade deste. 7
~ "
- · · A partird~-Üma perspectiva lacaniana,
partir de umaperspectiva Iãcaniana, oo pressuposto
pressuposto da psicanálise tem
psicanálise tem
sempre de que oo simbólico
sido sempre simb91ic.9_pode,,ter
pode ter um impactojio
im_p_acto no real, cifrando
cifrando ee
desse. modo
desse t:rarisforriiiú1Qg __Q~.X~-ººz.t114.Q:O.
mod() transformando Esquemàticâmente-repre-
ou reduzindc o. Esquematicamente repre-
sentado, oo simbólico
sentado, simbólico anula
anula oo real, sobrescrevendo-o
sobrescrevendo-o e apagando-o:
apagando-o:
Simbólico
Simbólico
__.B.ear'

Trauma
Trauma

Uma
Uma das faces faces dodo real com com que que lidamos
lidamos na psicanálise
psicanálise é oo trauma.
trauma. Se
pemirmos'õ"rêãl"êômo
pensarmos o real corno tudo tudo que
que ainda
ainda não
não foi simbolizado,
simbolizado, aâlingüãgem
linguagem
sem dúvida
sem dúvida nunca
nunca transforma
trans'rorma completamente
completamente oo real, nunca
nunca suga
suga tudo
tudo do
real para dentro da ordem
para dentro ordem simbólica;
simbólica; fica sempre
sem:ere um resto.
resto. Na análise,
análise, não
estamos
estamos interessados
interessados em um resto . . qualquér, ~ªi:jiªqµªª . :~~p~r"iêriéia
qualquer, ·mas naquèTá”experiência
··residtiãlqiié
residual que fümoü::seüiffóbstácufüpãra
tomou-sé üm obstáculo pára o() pãcíêrite.
pacient O o objetivo
objetivo da análise
anâlise
, ri~fo simbolizai ààéxaüstãõ
não éé simbolizar exaustão cada câdiúíltimagofa
última gota do real, uma
uma vez queque isso
isso faria
faria
da análise um processo verdadeiramente infinito,
processo verdadeiramente infinito, mas concentrar-se na-
mas concentrar-se
queles ·-fy~gi:ri~~!<>~
.9.ll~)l;ls c10 . rn!!.l.J1ue
fragmentos . .do real que _ podem
podem .ser_ç.Q.nsid~rn4ºs.
ser çonsiderados com@.ID§I~~ª§~:~E!<:>
_ tra,umático,s,,Ao conseguirmos que
traumáticos, Ão conseguirmos que oo analisando
analisando sonhe,
sonhe, tenha devaneios e ,v
tenha devaneios
· 'fale
fàíe por mais incoerente
por mais incoerente que que seja
seja sobre
sobre um “evento”
"evento" traumático
traumático, fazemos
fazemos --">)
com que ele
com ele articule-o
articul~-0 em e..m.palavras,_ç_riandorelaç§es
palavras, criando relações com um númerõ"càoa
omjmniúmérõ cada z/
yez maior
vez maior de signiftça,JJt~s.
significantes. ---·--
.. Para queque fim?
fim? O O trauma
trauma sugeresugere fixação
fixação ou bloqueio.
bloqueio. A fixação
fixação sempre
sempre
e,nv<>l_ve algo
envolve: que não é simbolizado, sendo
gp_quenao£simtojizado, linguagem ãquüoque
sendo a linguagem aquilo que pennite
permite
46
46 O sujeito
O sujeito lacaniano
/acaniano

a substituição e o deslocamento
deslocamento -— a própria fixação.s8 Para
antítese da fixação.
própria antítese
simplificar, momentaneamente,
simplificar, momentaneamente, imagineimagine um homem fascinado por
homem fascinado olhos
por olhos
azuis, cuja
azuis, cuja mãe
mãe tinha olhos azuis: embora
tinha olhos embora dois
dois pares olhos nunca
pares de olhos sejam
nunca sejam
absolutamente idênticos,
absolutamente idênticos, e duas tonalidades azul também
tonalidades de azul também nunca sejam
nunca sejam
iguais, para ser preciso, a palavra "azul"
ser mais preciso, “azul” permite que ele iguale os
permite que
olhos da mãe comcom os olhos azuis de uma parceira
parceira e, portanto,
portanto, transfira
transfira sua
fascinação com
fascinação com a primeira
primeira para a segunda.
segunda. A linguagem
linguagem permite
permite tais
equações, e portanto,
equações, substituição de um objeto
portanto, a substituição objeto amado
amado por
por outro ou o
deslocamento catexia de um objeto
deslocamento da catexia objeto para o outro.
outro. Quando,
Quando, como
como é o caso
caso
melancolia, tal substituição
na melancolia, substituição ouou deslocamento
deslocamento não é possível,_a
possível, a ..fixação
:fixação
alguma parte
está funcionando e alguma real continua
parte do real continua aâ" não ser
ser simbolizado.
simb()lizado.
analisando a dizê-lo
Estimulando o analisando dizê-lo e relacionando-o
relacionando-o comcom um número
número cadacâcfa ·
vez maior de “dialetização”9 , sendo
significantes, o real é submetido à "dialetização"9,
de significantes, sendo
incluído na dialética ou no movimento
na dialética discurso do analisando
movimento do discurso analisando e posto
posto
em funcionamento.
em funcionamento.
Esta é uma exposição
exposição bastante
bastante simplista que não procura explicar a
procura explicar
trauma ex postfacto
constituição do trauma entre a fixação
facto ou distinguir entre fixação e a fantasia
fantasia
fundamental mas pode talvez servir servir aos nossos
nossos propósitos
propósitos no momento,
momento,
permitindo-nos começar com
permitindo-nos começar com o modelo simples apresentado
modelo simples apresentado na Tabela
Tabela 3.1.

Tabela3.1
Tabela 3.1
Reali SIMBÓLICO _
----------------------------------» Simbólico _ _ _ _ _ _.. Real
-----------------------------> AEAL2
2
I
É possível
possível pensar
pensar o real comocom() simbplizado
simbolizado progessivamente
progessivamente durante durante a
vida de uma criança.
criança. Cada
Cada vezvez.fuéhôs'desse
menos desse real “primeiro”
"primeiro" e “original” "original"
(que denominaremos
(que denominaremos R Ri) abandonado,. embora
| ) é abandonado, embora nunca possa possa ser total-
mente
mente removido, morto. Existe, então, sempre
neutralizado ou morto'.
removido, neutralizado sempre um resto resto
que persiste
que persiste lado aa lado
lado lado com
com o simbólico.
o simbólico. · ·· · ·· · · · · · · · ·· · · ·· · ······ ············
.. . >
Entretanto, também éé possível
Entretanto, também possível demonstrar
demonstrar que q\!.e a ordem
ordem simbólicasimbólica em em
origina um
si origina um real de "segunda-ordem".
“segunda-ordem”. Uma Uma forma forma de descreverdescrever esse esse
processo éé encontrada
processo encontrada em em umauma parte
parte do posfácio
posfácio de Lacan Lacan no no "Seminário
“Seminário
sobre ‘A
sobre 'A carta
carta roubada"'
roubada’” que que foi deixada
deixada de lado no no capítulo
capítulo anterior, anterior,
10
aquela parte
parte onde Lacan
Lacan introduz a causa. causa.10 Pois a ordem ordem simbólica,
conforme formulada pelas
conforme pelas matrizes numéricas e alfabéticas
matrizes numéricas alfabéticas de Lacan, Lacan,
algo, no curso
produz algo, curso de sua operação
operação autônoma,
autônoma, que vai além além da ordem ordem
simbólica em
simbólica em si.
si.
Tentarei explicar
Tentarei explicar este
este processo
processo posteriormente,
posteriormente, porém observe primeiro
porém observe primeiro
que nos é permitido
permitido postular dois níveis
postular dois niveis diferentes
diferentes do real: ( 1) l) um real antes antes
da letra, isto é, um real pré-simbólico,
pré-simbólico, que, em em última análise, é tão-somente tão-somente
nossa hipótese (R1), e (2)
hipótese (Rj), (2) um real apósapós a letra que que é caracterizado
caracterizado por por
A função
função criativa
criativa da
da palavra
palavra 47
47

impasses e impossibilidades
impasses impossibilldades devido devido às relações
relações entreentre os elementos
elementos da
ordem simbólica
ordem simbólica em em si (R2), isto é, um real gerado gerado pelo simbólico. 1I 11
pelo simbólico.
Em que
Em que consiste
consiste esseesse real "após letra"? Ele tem
“após a letra”? várias faces, uma das
tem várias das
quais ilustrarei
ilustrarei baseado na cadeia
baseado na cadeia 1,2,3 tratada
tratada no capítulo 2. No
capítulo No modelo modelo
simplificado aplicações de símbolos
simplificado de aplicações símbolos superpostos,
superpostos, vimos vimos que um um 33 não
não
pode seguir diretamente
pode seguir diretamente um um 1. Então, na na posição imediatamente seguinte
posição imediatamente seguinte
a um 11,, é possível
possível ver oo 33 como
como um tipo tipo de resíduo: ele ele não
não pode ser usado
pode ser usado
no circuito
circuito e equivale
equivale a um simples resíduo
um simples resíduo ou resto. A cada cada passo,
passo, ao
menos
menos um númeronúmero é excluído
excluído ou ou colocado
colocado de lado: logo, logo, éé possível dizer
possível dizer
cadeia trabalha
que a cadeia trabalha em em tomo
tomo dele,
dele, isto é, que que a cadeia
cadeia se se forma
forma circun-
circun-
dando-o, dessa
dando-o, dessa forma desenhando seu
forma desenhando seu contorno.
contorno. Lacan Lacan chama
chama a esses
esses
números símbolos excluídos
números ou símbolos excluídos oo caput mortuum do processo,
caput mortuum igualando-
processo, igualando-
desse modo
os desse modo ao ao resto deixado
deixado no fundo fundo do tubo de ensaio ensaio quando
quando um um
alquimista tenta
alquimista tenta criar
criar algo
algo valioso
valioso a partir algo inferior.
partir de algo inferior.
caput mortuum
O caput mortuum contémcontém oo que
que a cadeia
cadeia não contém; é em
não contém; em certo
certo sentido
oo outro da cadeia.
cadeia. A cadeia éé inequivocamente
A cadeia inequivocamente determinada
determinada tanto pelo pelo que
exclui quanto pelo
exclui que inclui, pelo
pelo que que há dentro
pelo que dentro dela
dela como
como pelo está
pelo que está
cadeia nunca cessa
fora. A cadeia cessa de não escrever os números
não escrever números que que constituem
constituem 0o
caput mortuum
caput mortuum em em determinadas
determinadas posições,
posições, sendo sendo condenada
condenada a escrever
escrever
eternamente alguma outra
eternamente outra coisa dizer algo que
coisa ou dizer que continue
continue evitando
evitando esse
esse
ponto,
ponto, comocomo se se esse
esse ponto fosse a verdade
ponto fosse verdade de tudo tudo queque aa cadeia
cadeia produz na na
medida em que
medida em que anda em círculos. _J>oder-se-i~ at~ ~i~~r _q11e <> q11~, ~e
em círculos. Poder-se-ia até dizer que p que, de
necessidade,
necessidade, pennanece
permanece fora da cadeia, ·causá
cadeia, causa o que está está dentro;
dentro; do pQn,!o
ponto
de vista estrutural, algo
vista estrutural, algo deve
deve ser
ser empurrado
empurrado para para fora até atê parii'que exista
para que exista
um interior.12
um interior. 12 . . . ...
. Os símbolos
sí~bÔlos ou ou letras
letras excluídos
excluídos que que compõem
compõem oo caput caput mortuum
mortuum as- as-
sumem uma
sumem uma certa
certa materialidade
materialidade afimafim com com aquela
aquela da cartacarta que
que oo ministro
ministro
rouba da rainha
rouba rainha na na_história
história “A"A carta
carta roubada”,
roubada", ee importa
importa menos
menos oo que as
letras dizem -— e na medida
letras medida em que que são letras não
são letras não dizem
dizem nada
nada -— do que
natureza de matéria
sua natureza matéria ou de objeto
objeto que tem um efeito efeito em um personagem
personagem
após oo outro
após outro na narrativa.
narrativa. No conto,
conto, a cartacarta fixa um pers<>i:iagem
personagem após após oo
..outro
<>utro emem umauma posição
posição específica: um
específica: éé um objeto
objeto real que que não
não significa
significa nada.
nii.d~. '
Q "primeiro"
Ç> “primeiro” real, aquele aquelé do trauma
trauma ee fixação,
fixação, retoma
retoma de certo
certo modo
modo ".>
~a fomiade
na forma de uni centro de
um centro de' gravidade
wavidade ao redor redor do qual
qual a ordem
orde1t1 simbólica
simbólica~é '
~~~ªetjádit ia circular,
condenada circular,. sem
sem nunca
nunca serser capaz
capaz. de de atingi-lo.
atingi-lo. ,;!.e.J>.Jjgh:i.!LªS
Ele origina as
)tnpossibfüqad~~
impossibilidades dentro dentro da cadeia
cadeia (uma
(urna dadadada palavra
palavra n,ª9,podeJlpªf~cer
não pode aparecer
~leatoriamente mas
aleatoriamente SC>lllente após
mas somente após determinadas
determinadas outras palavras) e~ cria um
OU.traspªJams)
. tipo de de.:êaroçg·'que
caroço que a cadeiacadefa éé forçada
forçada aa·çontomar: Isto constituirá para
contornar. Isto constituirá para nós
primeira abordagem
uma primeira
. tlllia abordagem do ..“segundo”
segundo" real e do conceito conceito ·dedê causa
causa. de
J.acan
Lacan...
48 O sujeito
O lacaniano
sujeito lacaniano

A interpretação
interpretação atinge
atinge aa causa
causa

A teoria interpretação de Lacan


teoria de interpretação Lacan baseia-se,
baseia-se, até até certo
certo ponto,
ponto, em em uma
formulação semelhante
formulação semelhante àquela caput mortuum:
àquela do caput mortuum: um um analisando
analisando falando
falando
numa situação
situação analítica
analítica muitas vezes é incapaz incapaz de dizer, dizer, formular ou
extravasar certas
extravasar certas coisas;
coisas; certas palavras,
palavras, expressões
expressões ou pensamentq_~
pensamentos se se
encontram indisponíveis
encontram 'pará eltrem
indisponíveis para èlé em um determinado determinado momentomomento e ele ele éé
·rôrçadó continuarrodêàndo-as,
forçado a continuar divagando, digamos
rodeando-as, divagando, digamos assim,
assim, nunca enun-
nunca enun-
ciando o que sente sente serser a questão.
questão. O discurso
discurso do analisando
analisando traçatraça um
contorno ao
contorno ao redor daquilo que
redor daquilo que ele ronda circunda. :Essa~p~lavras
ronda e circunda. Essas palavras ou
pensamentos podeni
- pensamentos podem ton:tw'."se
tomar-se acessíveis
acessíveis ao analisando ao longo do
mialisando.aolongc:> ~o tempo,
nõ pefoiirso
iiõ da anãlise, mas
percurso da análise, mas também
também podem
podem ser ser introduzidos
introduzidos pelo analista
pelo analista
forma de
ha forma
ria de uma interpretação. Isso é ooque
interpretação. Isso que Lacan
Lacan propõe quando diz
propõe quando diz que
a “interpretação
"i~!~_q,retação atinge a causa”: _<::la
ath~g~--ª._ç:au~": ela atinge
ating<:: aquilo
aquilo ao ªO redor
redor _do qualqual o
anaÜsa~d0.estãgir3ndo
analisando está girando sem sem ser
ser capaz
capaz de “colocar
"colocai;_em::pafavras;•:····
em palavras”. ···- -
- Oo que qüe é indizível do ponto ponto de observação
observação ou ()~ posição analisando não
posição do analisando não
é necessariamente indizível do ponto
necessariamente indizível observação do analista.
ponto de observação analista. ParaPara
através da intervenção
Lacan, através intervenção do analista,
analista, o analisando pode pode ser ser capaz
capaz de
nomear o signifícante
nomear significante ao ao qual ele,
ele, enquanto
enquanto sujeito,
sujeito, está
está assujeitado.
assujeitado. Ao
interpolar ou fazer
interpolar fazer o analisando
analisando pronunciar
pronunciar a palavra palavra ou palavras
palavras (ou (ou
combinação de palavras:
combinação ajuntamento) ao
palavras: ajuntamento) ao redor
redor da qual ou das das quais
quais ele ele
tem circulado,
circulado, aquela
aquela causa
causa inatingível,
inatingível, intocável
intocável e imóvel
imóvel é impactada,
impactada, a
daquele centro
fuga daquele centro de d~ ausência
ausência é atenuada,
atenuada; e a causa ca11sa toma
toma _o o iµm.9
rumo da
''subjetivaçã.<>"{este
“subjetivação” termo será
(este termo será explicado
explicado no capítulo
capítulo 5). 5).
Isto não sugere
sugere necessariamente
necessariamente que a causa causa -— a causacausa traumática
traumática -—
tenha sido uma uma palavra
palavra ou uma expressão
expressão (embora
(embora esta esta possa
possa serser umauma
formulação que
formulação que o analisando
analisando resiste
resiste emem expressar);
expressar); mesmomesmo assim, assim, o
analista pode
analista acossar o analisando para
pode acossar dar um salto
para dar salto na direção da palavra:
na direção palavra:
talvez apenas
apenas um um somsom truncado
truncado ouou murmurado
murmurado a princípio,
princípio, um discurso
um discurso
sem nenhum
sem nenhum significado
significado aparente,
aparente, mas, ainda
ainda assim,
assim, um primeiro
primeiro passo
passo na na
direção da simbolização.
direção simbolização.
O discurso
discurso truncado
truncado e as palavras combinadas trazem-nos
palavras combinadas trazem-nos mais mais perto
perto
' matéria;;
da “matéria” da iin.guagem do que as frases bem artici.dâdâs,
linguagem do que as frases bem articuladas, e funcionam e funcionam
· _ .._como
como um tipo de ponte enire o simbólico
ponte entre simbólico e o real. Por mais
real. Por mais que os humanos
humanos
'possam
possam produzir muitos sons
muitos sons que que não possuem nenhum
possuem nenhum sentido sentido social-
social-
mente reconhecido,
mente reconhecido, estes estes podem, entretanto, causar
podem, entretanto, causar um impacto:impacto: eles eles
podem
podem ser ser catexizados
catexizados libidinalmente
Iibidinalmente e ter ter um efeito
efeito mais
mais profundo sobre
profiindo sobre
13
sujeito do que as palavras
o sujeito palavras jamais
jamais poderiam expressar.13
poderíam expressar. Esses sons
Esses sons
podem ter
podem ter um determinado
determinado peso peso e materialidade,
materialidade, e Lacan, Lacan, na na verdade,
verdade,
fonemas em sua
inclui fonemas sua lista
lista variada
variada de causas.
causas.
função criativa
A função criativa da palavra
da palavra 49
\,"'
A incompletude da
A incompletude da ordèm
ordém simbólica:
simbólica: oo furo no Outro*
furo no Outro*
Consideremos outra
Consideremos outra abordagem
abordagem que que Lacan faz faz com com relação relação ao "segun-
“segun-
do”
do" real descrito
descrito acima.
acima. Lacan também 11r,~º-çjªor.eaJªp~4oxosJ<'.lgicos,
Lacan também associa o real a paradoxos lógiçps,
_tais como catálogo anômalo _clefoéfos
c:01110 oo.catálogo.anômalo 0$ catálogos_
de todos os catálogos que qll~ 11ªº
não j11çlµt":m_i_~i
incluem a si
mesmos,
mesmos, oO qual examinaremos
examinaremos em breve. 1 4
em breve,14 ·'
- Deve-se
Deve-se primeiro salientar, entretanto,
primeiro salientar, entretanto, que a imagem
imagem fornecida fornecida para
para a
ordem simbólica
ordem simbólica no capítulo
capítulo 11,, um círculo,
círculo, éé apenas
apenas um tipo de abreviação, abreviação,
e como enganosa. Afinal de contas,
como tal, enganosa. contas,, o que
g~e significa
significa_fü_l,ª1"_do co.njunto
falar do conjunto
de todos
de os significantes?
todos os sig11i:ficantes? ,---- --- ·------- ---- ----- - , ·· ·
Quando tentamos designar !ªL~Q11j~~<>,
·--- .QU.J!!l49J~~~~<>~-~~~-m!.l;!I" Ul conjunto, _adic:ionamos
adicionamos um_~QYO um novo signifi-
(,jgµifi-
cante à lista: oo_ "Qµ~o''
-~atitt": “Outro” (com “O” majW!cµlo
(çom.~'Q" Esr.~. significante
maiusculo).) •. Esse r,ig11i:tfoimt~ ainda não
aimtª_llão
_está
~s~á,i11cJµso
incluso dentro
dentro do conjunto
conjunto deJodos
de todos os. signincimt~s (Figura
os significantes 3.11).
(Figura 3. ).
Figura 3.1
Figura3.1

Adicionemos
Adicionemos esse
Outro
Oulm l

novo significante
esse novo
O
significante ao conjunto.
I

Fazendo-o, mudamos
conjunto. Fazendo-o,
oo conjunto
conjunto e agora
agora podemos justificadamente renomeá·lo,
podemos justificadamente renomeá-lo, uma
uma vez que
que ele
ele
não é mais o mesmo
mesmo conjunto.
conjunto. Suponha
Suponha que
que oo chamemos
chamemos de o "Outro
“Outro
completo" (Figura
completo” (Figura 3.2).
Figura 3.2
Figura3.2

Ou,
!'° |8utro
Outro Outro )
completo \
completo J

Esse novo nome, entretanto, ainda não faz parte


nome, entretanto, conjunto. Para
parte do conjunto. Para
incluí-lo implicaria
incluí-lo implicaria mudar o conjunto,
conjunto, e mais
mais uma vez exigiría
exigiria um novo
nome para (Figura 3.3).
para si (Figura
Figura 3.3

Outro
Outro [ Outro \
completo2
completo 2 \ completo j

* No
No original,
original, “(W)hole”,
"(W)hole", oo autor
autor joga whole ~= todo
com as palavras whole
joga com todo e hole == furo (N.R.)
(N.R.)
50
50 O sujeito
O sujeito lacaniano
facaniano

O processo
processo pode pode ser repetido infinitamente, contanto
repetido infinitamente, contanto que que__oq__ .s:upq.s:tQ_
suposto
conjunto de todos
conjunto toe/os os os significante.s nunca possa
significantes nunca estar completo.
possa estar cq.,npleto. ·Se Se não
não
houver mais mais nada, haverá sempre o próprio
haverá sempre nome daquele
próprio nome daquele conjunto
conjunto que
permanecerá
permanecerá fora dele dele etemamente.
eternamente. Se Se tentarmos
tentarmos imaginar um conjunto conjunto
que inclua
que inclua seu seu próprio próprio nome, nos encontraremos
encontraremos em em uma situação
situação em em que
conjunto inclui
o conjunto inclui a si mesmo como um de seus
mesmo como seus próprios elementos, o que
próprios elementos, que
resultado paradoxal,
é um resultado paradoxal, ao menos menos àà primeira
primeira vista.
O argumento aqui pode ser relacionado
pode ser com o teorema
relacionado com teorema de Gõdel Gõdel acerca
acerca
incompletude da aritmética,
da incompletude aritmética, que pode ser generalizado
pode ser generalizado (em (em teoria)
teoria) a
todos os
todos os sistemas axiomáticos: axiomáticos: um sistema
sistema axiomático
axiomático nunca nunca poderá
poderá
decidir sobre
decidir sobre a validade validade de determinadas
determinadas afirmações
afirmações que podem podem ser
formalmente expressas
formalmente expressas dentro dentro dele
dele usando
usando as as definições
definições e axiomas
axiomas que que o
consituem. Tais
consituem. Tais sistemassistemas são, são, portanto, estruturalmente não totalizáveis,
portanto, estruturalmente totalizáveis,
como
como é a linguagem linguagem (isto (isto é, o Outro) para Lacan,
Outro) para pois o conjunto
Lacan, pois.,o cl~ todos
co:rijtll1,t<> de t<>d,os
significantes não
os significantes existe. A tentativa de axiomatizar
não existe. axiomatizar diversos
diversos camposcampos (e
é possível
possível ver ver Lacan Lacan dando dando os primeiros
primeiros passos direção de uma
passos na direção
axiomatização em
axiomatização introdução dos maternas SS1,
em sua introdução S2, $$,, aa,9 S(A),
i, S2, S(A(.), etc.) é,
em geral, realizada
em realizada para conta de todas as afirmações
para dar conta afirmações possíveis
possíveis queque
possam
possam ser ser feitas nesses campos. A posição
nesses campos. Lacan aqui é a de
posição de Lacan de que algo
anômalo sempre sempre transparece transparece na linguagem,
linguagem, algo inexplicável:
inexplicável: uma aporia. aporia.
Essas aporias aporias apontam apontam para para a presença
presença do real no simbólico
simbólicQ. ou <>u para
para a
influência do real sobre
influência sobre 0o simbólico.
simbólico. Refiro-me
Refiro-me a elas elas como
como )torçõiffnã
porções na
Õrdêni.simbo1ica.-·1
ordem ,
simbólica7\
.··-, ...... ..,,..~····· ..·.·-··· -,, .. -
....
" -

As torções na ordem
torções na ordem simbólica
simbólica

Uma argumentação
Uma argumentação que Bertrand
Bertrand Russell
Russell analisou
analisou no início do século
século XXXX
exatamente um exemplo
constitui exatamente exemplo de tal aporia.
aporia. Ele tentou examinar 0o
tentou examinar
status de um catálogo
status catálogo de todos catálogos que não
todos os catálogos incluíam a si
não incluíam si mesmos
mesmos
como verbetes. 1 5 Um catálogo
como verbetes.IS catálogo de artearte que menciona
menciona a si mesmo
mesmo em em uma
uma
lista longa
longa de outros
outros catálogos
catálogos de arte arte é perfeitamente
perfeitamente imaginável, por
imaginável, por
exemplo, e sem
exemplo, sem dúvida alguns
alguns o fazem.
fazem. Considere,
Considere, entretanto,
entretanto, o dilema de
alguém tentando criar
alguém criar um catálogo que inclua somente
um catálogo somente aqueles
aqueles catálogos
catálogos
que não fazem nenhuma
não fazem menção de si mesmos
nenhuma menção mesmos dentro de suas suas próprias
próprias
capas (em
capas (em outras
outras palavras, um catálogo
catálogo seria
seria escolhido
escolhido somente
somente sese ele
ele não
íncluísse seu
incluísse seu próprio lista que fomece
próprio título na lista fornece de outros
outros catálogos).
catálogos). Essa
Essa
pessoa deveria incluir o título do catálogo
pessoa deveria está fazendo
catálogo que está fazendo em
em seu próprio
próprio
catálogo? Se
catálogo? Se então
então decidir
decidir não incluí-lo,
incluí-lo, ele também
também seráserá um catálogo
catálogo que
não contém
contém a si mesmo
mesmo como
como verbete que, conseqüentemente,
verbete e que, conseqüentemente, deveria
deveria
ser incluído. Se, por outro
ser outro lado, ele decidir
decidir incluí-lo,
incluí-lo, então
então ele
ele será um
será um
A função
função criativa
criativa da
da palavra
palavra 51
51

catálogo que
catálogo que inclui
inclui a si mesmo
mesmo como como verbete
verbete e que, conseqüentemente,
conseqüentemente,
não deveria
deveria ser incluído. 1t 66 O que
ser incluído. que o elaborador
elaborador do catálogo
catálogo deve
deve fazer?
fazer?
status exato
O status exato do catálogo
catálogo de todos catálogos que não
todos os catálogos não incluem
incluem a si
mesmos
mesmos permanece paradoxal: éé impossível
essencialmente paradoxal:
permanece essencialmente impossível apurar
apurar o que
contém e o que não contém.
ele contém contém. O realeal dee segunda
segµnda ordem
ordem - a causa
causa
lacaniana ::-
— é precisamente
precisamente dessa nãtüréia::s~~ st;i;·:f:s~µipre
dessa natureza. Seu status é sempre pãrê,çido
parecido
,-êoii:fo.(kuma exceção da
com o de uma exceção da lógica ou de um pl:lrac:l()xo.
lógica ou paradoxo.

Estrutura versus
Estrutura causa
versus causa

aspectos da causa
Os aspectos causa esboçados
esboçados acimaacima constituem
constituem apenas
apenas uma abordagem
abordagem
conceito de causa
do conceito objeto ag como
causa (e do objeto como causa)
causa) na teoria
teoria lacaniana.
lacaniana.
Fornecerei várias outras
Fornecerei várias outras nono decorrer
decorrer deste
deste livro. No
No momento, gostaria de
momento, gostaria
assegurar que dois níveis
assegurar níveis estão
estão cuidadosamente
cuidadosamente diferenciados,
diferenciados, aqueles
aqueles da
“estrutura” "causação". É
"estrutura" e da “causação”. É possível considerá-los, com
possível considerá-los, com certeza,
certeza, como
como
essencialmente equivalentes
essencialmente equivalentes a dois níveis diferentes estrutura ou dois
diferentes de estrutura dois
níveis separados de causação,
níveis separados causação, mas então é possível
mas então possível perder-se
perder-se o ponto
ponto de
heterogeneidade radical.
sua heterogeneidade radical.
Há, de um lado, o nível de funcionamentofuncionamento automático
autorrzático da cadeia
cadeia
significante, exemplificãdõ pêlã..iiiatríil,2;3
significante, exemplificado pela matriz 1,2,3 ·examinada acima. (Observe
examinada acima. (Observe
'aqui que Lacan
aqui que Lacan traduz o termo Wiederholungszwang-
termo freudiano Wiederholungszwang — tradu-
tradu- .
ct
zido emem geral
geral como
comc('coriipü1são
compulsão âtêpétição" (repetition compulsiori)
à repetição” (repetition compulsion) em em ·
comô automãfisme
inglês, como automàti$me··de de répétition
répétition em em· francês, automatismo
automatismo de
repetição ou repetição
repetição repetição autômata).
autômata).
Há, por outro
~á, por. outro lado, aquilo que interrompe
aql!i!9 __que interrompe o funcionamento
funcionamento tranquilo
trarzqiiilo <
desse automatismo,, a saber,
desse automatismo saber, a causa.
causa. Trabalhando
Trabalhando isolada,
isolada, a cadeia
cadeia signi-
signi-r:.
· ·ficante
:ficante parece
parece não necessitar
necessitar de um um sujeito
sujeito ou de um objeto;
objeto; mas,
mas, quase
quase
17
apesar de si mesma, ela produz
mesma, ela produz um objetoobjeto e subjulga
subjulga um sujeito.17
um sujeito.
Aqui, Lacan
Aqui, Lacan diverge
diverge dodo estruturalismo,
estruturalismo, uma vez que os estruturalistas
estruturalistas
tentam explicar
explicar tudo em em termos
termos do primeiro
primeiro nivel, isto é, em termos de
em termos
uma
uma combinação
combinação maismais ou ou menos matematicamente determinada
menos matematicamente determinada que se se
desdobra
desdobra sem sem qualquer
qualquer referência
referência a sujeitos
sujeitos ou objetos.
objetos. Enquanto
Enquanto a es-
trutura representa
representa um papel muito importanteimportante na obra de Lacan -— e já já
começamos
começamos a ver até que que ponto ela permeia “processos
ela permeia "processos de pensamento”
de pensamento"
conscientes
conscientes e inconscientes
inconscientes - —,, ela
ela nunca representa tudo no desenvolvi-
nunca representa desenvolvi-
mento idéias.
mento de suas idéias.
No Seminário
Seminário 10, Lacan
Lacan associa
associa o suposto progresso da
suposto progresso da ciência
ciência (e o
estruturalismo
estruturalismo nunca escondeu
escondeu suas pretensões científicas)
suas pretensões científicas) com nossa
com nossa
crescente
crescente incapacidade
incapacidade de pensar
pensar a categoria
categoria “causa”.
"causa". Ao preencher
preencher a
“lacuna”
"lacuna" entre
entre a causa
causa e o() efeito, a ciência
ciência eliminou progressivamente oó
eliminou progressi.vameüte
conteúdo
~onteúdo do conceito
ccmceito “causa”.
"ca~sa". Os eventos
eventos são
são vistos como
como causadores,
causadore~, de
52
52 OOsujeito
sujeito lacaniano
lacaniano

uma
umafonnasuave
forma suaveeede deacorcloço111''Ieis"conheddas,de.outros
acordo com “leis” conhecidas, de outros eventos.
eventos. AA
ciêriéia, ao tentar suturar o sujeito ( como veremos no capítulo
ciência, ao tentar suturar o sujeito (como veremos no capítulo ÍÕ) 1 O) ..:._
— isto
isto
é,é,tentar
tentarexpulsar
expulsar aasubjetividade
subjetividade de deseu
seu campo
campo -—tende
tende também
também aasuturar
suturar
causa. OO desafio
aacausa. desafio da
dapsicanálise
psicanálise lacaniana
lacaniana é,é,em
emparte,
parte, manter
manter eeexplorar
explorar
em
em detalhes
detalhes esses
esses dois
dois conceitos
conceitos primordiais,
primordiais, por
por mais
mais paradoxais
paradoxais que que
possam
possam parecer.
parecer.
Voltarei,
Voltarei, na
naparte
parte2,2,ao
aopapel atribuído por
papelatribuído porLacan
Lacan ao sujeito eeààsituação
aosujeito situação
do sujeito "fora" da significação.
do sujeito “fora” da significação. · · -
PARTE DOIS
PARTE DOIS

O Sujeito
O SUJEITO Lacaniano
LACANIANO

com aa propriedade
Algo com essencial de
propriedade essencial de definir
definir aa
conjunção de identidade
conjunção identidade ee diferença
diferença -—
isso é oo que me parece mais apropriado
parece mais apropriado
para explicar aa função do sujeito
sujeito estruturalmente.
estruturalmente.
Lacan, Seminário 13, 12
Lacan, Seminário 12 de
de janeiro 1966
janeiro de 1966

Logo
Logo que oo próprio sujeíto chega
próprio sujeito chega aa ser,
ser, ele oo deve
deve a
um certo
certo não-ser sobre oo qual ele ergue
não-ser sobre ergue seu
seu ser.
ser.
Lacan, Seminário
Lacan, Seminário 2, p.242
p.242
capítulo quatro
capítulo quatro

sujeito lacaniano
O sujeito
O /acaniano

Mesmo quando
Mesmo quando oo estruturalismo
estruturalismo estava
estava no auge,
auge, a subjetividade
subjetividade muitas
vezes
vezes foi considerada
considerada incompatível
incompatível com com a noção
noção' de estrutura.
estrutura. A A. estrutura
es'tni,fura
parecia excluir a própria possibilidade
parecia excluir a própria possibilidade da existência
existência de um
um sujeito, eê 'aa
sujeito,
ptôcfarnaçãô.
proclamação da dâ subjetividade
sUbjetivídade pareda minar aa posiçãO
parecia minar estruturalista. Com
posição estruturalista. Çom,
oo advento
advento do "pós-estruturalismo",
“pós-estruturalismo”, oq próprio conceito. de subjetividade
próprio conceito subjetividade
parecê estar ultrapassado;
parece estar ultrapassado, eêlacan um
Lacan é um dos cios poucos
poucos perii;'adõres"'êoiitem-
pensadores contem-
porâneos dedicar esforços
porâneos a dedicar esforços consideráveis
considerá.veis à suasua elaboração.
elaboração:
Lacan, batizado Ae“estruttiralista” por alguns
·1,ac~l-ºªtiil!.d.o..cJ~.~'.~~~~.9:!~~~ª~:,por e de
alg!ll'.ls .e. “pós-estra
<l~'.'Í?§~:~~~a.li.~tª:'
por outros,
outros, mantém e defende
defende ambos conceitos -— estrutura
ambos os conceitos estrutura e sujeito
sujeito -—
êfüümâ abordagem teórica
em uma abordagem te6rlciúigorosa:
rigorosa. Nó entanto, à medida que
No entanto, qüe despoja
despoja oo
.. sujeito
sujeito cie muitas
de muitas das características em geral atribuídas ele pelo pensa-
características em geral atribuídas a ele pelo pensa-
.mento ocidental e expõe
mento ocidental expõe de formaforma implacável
implacável os os funcionamentos
func:!on.ameptos da
estrutura nos
estrutura nos contextos
contextos psicanalíticos literários, iiêm
psicanalíticos e literários, nem sempre
sempre éé fácil
:fãcirver
ver
qualoo pâpefdo
qual sujefro'nâ"õbrâdê'L"ãcãn.'Aãífi'culdade
papel do sujeito nâ obra de Lacan7A"dificuldade em ler os textos textos de
Lacan toma-se
Lacan toma-se maior devido ao fato
maior devido fato de que
que sua
sua tentativa
tentativa de isolar
isolar o sujeito
sujeito
assume muitas
assume muitas formas
formas diferentes
diferentes emem pontos diferentes do seu
pontos diferentes seu ensino,
ensino, e
nem todas
nem essas formas
todas essas formas parecem convergir para
parecem convergir qualquer conceito
para qualquer conceito de
subjetividade facilmente
subjetividade facilmente identificável.
identificável.
Não
Não tentarei demonstrar a existência
tentarei demonstrar existência do sujeito
sujeito lacaniano,
lacaniano, umauma vezvez que
tal demonstração
demonstração é impossível.
impossível. Como Como diz diz Lacan
Lacan no Seminário
Seminário 223, 3 , “"o
o |"\"
sujeito nunca é mais do
sujeito do que
que suposto”;
suposto"; em outras
outras palavras,
palavras, o sujeito
sujeito nunca"
nuncã'"'' v
. éé rnã'fs"dõqüe
mais do qüe lfil!.ª-Jl.YP.Q§.l,ção
SJu£osiç|o de nossa
nossa parte. Entretanto,
Entretanto, parece ser uma
parece ser uma
suposição necessária
suposição necessária para Lacan, uma construção
para Lacan, construção sem sem a qual a experiência
experiência
psicanalítica não pode ser explicada.
pode ser explicada. Nesse sentido, seu
Nesse sentido, seu status
status é semelhante
semelhante
àquele
àquele que Freud chamou
Freud chamou de "segunda fase"
“segunda fase” da fantasia em "Bate·se
fantasia em “Bate-se numa numa
criança"; a “segunda
criança”; "segunda fase” refere-se ao pensamento
fase" refere-se pensamento "Estou sendo es-
“Estou sendo es-
pancada
pancada pelo pelo meumeu pai". Observa Freud,
pai”. Observa Freud, “Essa
"Essa segunda
segunda fase é a mais mais
importante ee a mais significativa
significativa de todas.
todas. Pode-se
Pode-se dizer, porém, porém, que, num

55
55
56 O sujeito
sujeito lacaniano
lacaniano

certo
certo sentido,
sentido, jamais
jamais teve
teve existência
existência real. Nunca é lembrada,
real. Nunca lembrada, jamais
jamais
conseguiu
conseguiu tomar-se consciente. É uma construção
tomar-se consciente. construção da análise,
análise, mas
mas nem
nem por
por
isso
isso é menos
menos uma necessidade"
necessidade” (vol.(vol. XVII,
XVII, p.201
p.201).).
Minha esperança
esperança é dar dar crédito
crédito a essa
essa construção
construção lacaniana
lacaniana através
através da
discussão
discussão de umauma série
série de rumos
rumos que que Lacan
Lacan tomou
tomou em em sua tentativa
tentativa de se
aproximar
aproximar dela
dela a partir
partir da década
década de 50, iµdicando
de 119950, indicando assim
assim onde
onde a estrutura
estrutura
cessa
cessa e a subjetividade
subjetividade começa.
começa. Vários
Vários ex'einplõs'éfüêtáfórâ.S'sérãõfóme-
exemplos e metáforas serão Forne-
cidos, os quais,
.cidõs, quais, espero,
espero, suprirão
suprirão uma uma compreensão
compreensão básica básica da noção;
noção; suasua
base
base mais
mais teórica
teórica será
será explicada
explicada mais
mais tarde.
tarde. Começarei
Começarei minhaminha argumenta-
argumenta-
ção
ção com
com uma indicação
indicação do do que nãonão constitui
constitui o sujeito
sujeito lacaniano,
lacaniano, uma
uma vezvez
que,
que, em
em minha opinião,
opinião, nada
nada deve
deve serser considerado
considerado comocomo dado na com- com-
preensão
preensão do usouso do termo
termo por
por Lacan.
Lacan.

O sujeito
sujeito lacaniano não é o "indivíduo"
lacaniano não “indivíduo”
ou
ou o sujeito
sujeito consciente
consciente da
da filosofia
filosofia anglo-americana
anglo-americana

Desde
Desde o início,
início, deve
deve ser
ser mencionado
mencionado que que na língua
língua inglesa,
inglesa, em em geral,
geral, nos
nos
referimos
referimos ao analisando
analisando como como um "paciente", um "indivíduo",
um ‘‘paciente”, “indivíduo”, ou ou (em
(em
determinadas escolas
escolas de de psicologia)
psicologia) um "cliente",
“cliente”, e na na língua francesa
francesa é
possível naturalmente nos nos referirmos
referirmos a ele ele como
como um um "sujeito".
“sujeito”, Não Não há há nada
conceitua!
conceituai ou teórico em especial
teórico em especial respeito a respeito do uso do termo “sujeito” em
uso do termo "sujeito"
tais
tais contextos;
contextos; ele ele se refere
refere tanto
tanto ao sujeito
sujeito lacaniano
lacaniano que que tentarei
tentarei isolar
isolar
aqui, quanto à designação malade, o paciente ((ou
designação le malade, ou traduzido
traduzido literalmente
literalmente
como
como o doente,
doente, a pessoa
pessoa queque está
está doente).
doente). Tais
Tais termos
termos não não teóricos
teóricos são são
usados
usados mais
mais ou menosmenos alternadamente
altemadamente nas nas primeiras
primeiras obras obras de Lacan Lacan em em
especial.
especial.
O sujeito
sujeito lacaniano
lacaniano não não é o indivíduo nem o que que poderíamos
poderiamos chamar chamar de de
sujeito
sujeito consciente
consciente (ou (ou o sujeito
sujeito pensante
pensante consciente),
consciente), em em outras
outras palavras,
palavras,
o sujeito a que
que sese refere
refere a maioria
maioria da filosofia
filosofia analítica.
analítica. O sujeitosujeito pensante
pensante
consciente
consciente é, de modo geral, geral, indistinguível
indistinguível do eu como como entende
entende a escolaescola
de psicologia do ego, que é dominante
ego, que dominante nos nos mesmos
mesmos países países nos nos quais a
filosofia
filosofia analítica
analítica predomina.
predomina. Isso Isso não
não deveria
deveria nos
nos surpreender:
surpreender: os concei- concei-
dominantes na
tos dominantes na maioria
maioria das das culturas ultrapassam
ultrapassam as fronteiras
fronteiras discipli-
discipli-
· nares.
nares.
Ora,
Ora, o eu, de acordo acordo COITILacan,
com Lacan, surge surge como
como uma uma cristalização
cristalização ou ou
sedimentação
sedimentação de unagens imagens ideais,
ideais, equivalente
equivalente a um um objeto
objeto fixo fixo e reificado
reificado
com
com o qual
qual a criança
criança aprende identificar, cóm
aprende a identificar, com o qualqual a criança
criança aprende
aprende a
se identificar.
identificar. Essas
Essas imagens
imagens ideais
ideais podem
podem serser constituídas
constituídas daquelasdaquelas que que a
criança
criança vêvê de si mesma
mesma no espelho,
espelho, e elas
elas são ideais no no sentido
sentido de que, que, no
estágio em que que as imagens
imagens no espelhoespelho começam
começam a assumir assumir um um papel
papel
importante
importante (seis
(seis a dezoito meses) 1 , a criança
dezoito meses)I, criança ainda
ainda é bastante
bastante descoorde-
descoorde-
O sujeito
O sujeíto lacaniano
lacaníano 57
57

nada e, na
nada na verdade,verdade, apenas apenas uma mistura mistura desorganizada desorganizada de de sensações
sensações ee
impulsos. A imagem
impulsos. imagem do espelho espellio apresenta, apresenta, nesse nesse momento, momento, uma aparência aparência
superficial unificada
superficial unificada semelhante semelhante àquela àquela imagem imagem dos pais pais muito muito mais mais
capazes, coordenados
capazes, coordenados ee poderosos poderosos. .
._Tais
.... Tais imagens imagens são investidas, investidas, catexizadas, catexizadas, e internalizadas intemalizadas pela criança criança
põfq1ie·-·seus:pafa""
porquê Teus pais atribuem atríbuem" nj~ha muita 'lmportâiicfa"j1.
importância a • elas, elas~. afirmando iinimruido"c~m com
msistência _qt1~
insistência
võc~r·~
vÕce!’\ Outras
que aªj11,1,ªg~111
õütras imagens
imagem n,º
imagens ideais
np espelho
ideais são
ǧp_~Ihg_é.é a criança; ª cri~ça; “Simfneném,
são igualmente assimiladas
''Sim,neném,. aquela é
assimiiacfas pêlâ pela 'êriãnç'á,
criança,
-iinagens
imagens essas essas que que são são derivadas
derivadas da imagem imagem dela dela refletida refletida pelo pelo Outro Outro
parental:
parental: “uma "uma boa menina” menina" ou uma uma “menina "menina má", má”, "um “um filho filho modelo” modelo" ee
assim por
assim por diante. diante. Tais Tais “imagens”
"il1lagens» derivam deriv11111 de como como o Outro Outro parental parental “vê” "vê"
criança e são,
a criança são, portanto,
portanto, estruturados estruturados lingüisticamente. iingüisticamente.]"axe11füiacl_ç, Na realidade, A,ª' éa
Õid~m
ordem
\ . .. .
sinibóliéa
simbólica que
que realiza
realiza
.... ····· ... , ..............., ., ... ,. ..... .
a intemalização
intemalizaçao das imagens
imagens especulares
especulares e
e de -:
··w, ·•······ ...... • , .. , ·• ..., . "'"" ... , ···••••••••·, .. , .... ·.··, "" .-, '' ''" "' ·~,~'"""'•....,.,_.~,,.....,::.,_,,_..,
outrasj11,1,agens.
outras imagens (por (por exemplo, exemplo~ imagens imagens fotográficas), fotográficas), uma uma vez vez~ que' que éé -'
essencialmentejievido à reaçao dos pais a tais imagens que elas se_tomam
'esse11ciatmen~~ª~~1-~2:Ii~~çfüf4º~:i?iij.J1.t!!,i_$_@àge~_:qií.~úifoiiifor.iiam
carregadas de
carregadas de interesse
interesse ou ou valorHbidinal
valor libidinal aos olhos ollios da eia criança
~tiança- — razão razão pela pela
qual ás as imagens
imãgens.especu.lares especulares não são são de grande grànde interesse interesse para para ela antes àntes dos
seis meses
seis meses de idade, idade, em em outras outras palavras, palavras, antes antes do do funcionamento
funcionamento da
linguagem (que
linguagem (que ocorre ocorre bem bem antes antes da criança criança ser ser capaz capaz de falar), falar).22
.Uma
Uma vez internalizadas, internalizadas, essas essas várias imagens imagens fundem-se, fundem-se, digamos digamos
ass1m, em
assim, em uma. uma imagem imâgein global global 'imensa· imensa que aacriança criança vem vem aa. considerar considerar o
seu self
seu self. É É claroclaro que essa essa auto-imagem
auto-imagem pode ser ser incrementada
incrementada ao .longo longo da
vida da criança, criança, à medida medida que que novas novas imagens imagens são são enxertadasenxertadas sobre sobre as as
velhas. Em geral,
velhas. geral, éé essa essa cristalização
cr~stali?;ação de imagens imagens que que permite permite um "sentido “sentido
do eu” eu" coerente
coerente (ou (ou não não oo permite permite naqueles naqueles casos casos em em que as imagens imagens 'são são
demasiadamente contraditórias
demasiadamente contraditórias para para se fundirem de alguma alguma forma) forma) ee uma
grande parte
grande parte de nossas nossas tentativas tentativas de “compreender” "compreender" oo mundo mundo ao redor redor de
nós envolve
envolve a justaposição justaposição do que vemos vemos e ouvimos ouvimos com com essa essa auto-imagem
auto-imagem
intemalizada: Como
internalizada: Como os acontecimentos acontecimentos se se refletem
refletem em em nós? nós? Onde nos
encaixamos? Esses
encaixamos? Esses acontecimentos
acontecimentos constituem constituem um desafio desafio para para aa visão visão de
nós mesmos?
nós mesmos?
/; ..S..S.f? .•.!~lf..
Esse self .pu 911:.. eu ~µ_Jé então, então, como como a f~losofia filosofia oriental orientaLnosJem_clitQ.há nos tem dito há
milênios, uma construção, c<>!)$.mtção,.:iim um objeto objet<> 111,ental,
mental, ee embora embora Freud Freud confira cc:>nfii:a a ele ele
9ºesfatüfõdeüma
p estatuto de uma instância instância (Jnstcmz), (lnstanz), Il~ na versãoversão da psicat1álise psicanálise lacaniana lacanianâ oo
.eu
eu claramente
claramente não não fé um um agente agente ativo, ativo, sendo sendo oo inconsciente inconsciente oo agente agente que que
·-~esperta
desperta interesse. interesse. ;Em Em yez vez de de. ser ser umJ~gar
um lugar de instância instância ou a.tívidade, p9. eu
ou atividade, ~u
é, na na visão
visão de Lacan, Lacan, oo lugar lugar de fixação fixação e de ligação ligação narcisística. narcisística. Além
dissõ;ele
disso, ele inevitavelmente ínêvitavelmente contém contém "imagens “imagens falsas”, falsas'', no sentidono sêiiticlô de que as
'imagens
imagens do espelho espellio são são sempre
sempre frnagens imagens illvertidas invertidas (envolvendo (envolvendo uma
ínversão direita-esquerda),
inversão direita-esquerda), e na medida medida em em que que a "comunicação",
“comunicação”, que que leva leva
àà intemalizaçao
intemalização de "imagens" “imagens” ideais ideais estruturadas
estruturadas lingüisticamente lingüisticamente -— tais
58 O sujeito
O sujeito lacaniano
lacaniano

como “Você
como "Você é um filho
filho modelo"
modelo” -— está,
está, comocomo toda toda a comunicação,
comunicação, sujeita sujeita
mal-entendidos: o filho
a mal-entendidos: filho pode entender
entender mal mal aquelaaquela avaliação
avaliação em em termos
termos
de modelos de carros carros ou aviões, vendo-se daí em diante como
aviões, vendo-se como apenas apenas uma
versão miniaturizada
miniaturizada e plástica da coisa coisa real, em em lugar de um filho filho autên-
autên-
; tico. O objetivo da análise análise não é procurar dar ao analisando uma imagem im~gem
l “verdadeira”
"verdadeira" ou correta coITeta do seu self,
elo seu self uma
uma vez que o eu é, por por sua própria
sua própria
1
natureza, uma distorção,
natureza, distorção, um erro, Um um depósito
depósito de mal-entendidos.
mal-entendidos.
Quando,
Quando, de maneira
maneira geral, nosnos referimos
referimos ao ao eu ou self self ao dizermos dizermos “Eu "Eu
acho que...” "Eu sou
que ... " ou “Eu sou o tipo de pessoa
pessoa que. que ... . ", esse
esse “Eu” "Eu" é tudo menos menos
o·.,._ sujeito lacaniano: não não é mais do que
que;op.............sujeito
suj_~HQ. ····--·····--.,~
dcitrtúriêfado;i

., ..--..,.-.,.,..,,,.~,--.., ..,•... · · · ·· ·
enunciado,

O sujeito
O sujeito lacaniano
lacaniano não
não é o sujeito
sujeito do enunciado
do enunciado

No final da década
década de 1950
1950 e começo
começo da de 1960,1960, Lacan
Lacan buscou definir o
buscou definir
sujeito da forma
sujeito forma mais
mais precisa
precisa possível,
possível, e parecia manter firme
parecia manter firme uma
esperança de que um significante
esperança significante de um sujeitápoderia
sujeito podería serser encontrado
enconfra:dónos nos
enunciados, dito. Ele procurava
enunciados, isto é, no que éé dito. procurava no discurso uma matiif'és;:;
manifes-
tação precisa sujeito e começou
precisa do sujeito começou analisando o trabalho gramáticos e
trabalho de gramáticos
com relação
lingüistas com sujeito de uma oração.
relação ao sujeito oração.
Em várias ocasiões,
ocasiões, Lacan faz referência explícita
faz referência explícita a um ensaio ensaio de
3
Roman _Jakobson sobre shifters"
Jakobson sobre shifters* [indicativos]
[indicativos]3. . Nesse
Nesse ensaio, Jakobson
ensaio,_Jakobson
1
apresenta
apresentá oó conceito código como
coiiceito de código como o conjunto
conjunto de significantes
significantes usados
i na fala ou na escrita -— de
na escrita dê..certa
certà~Lacan
forma o que Lacan chá.máchama oo“tesouro*
''tésouro" ou
1----..----------·-
('/-rãa "batena"
“batería” dos significantes
significan.l~s -— ee_ o conceito
conceito de mensagem como como aquilo
que um falante de fato diz. ·· ·· ··
Jakobson
Jakobson salienta
salienta que há: (1) mensagens que se referem a outras
se referem outras
mensagens -— citações,
mensagens citações, por exemplo,
exemplo, nas quais uma mensagem anterior
uma mensagem anterior é
em uiii:a·ffiifüsagem
incluída em (mensagem ~
unia mensagem atual (mensagem —> mensagem);
mensagem); (2) (2) mensa-
mensa-
gens
gens que
que se
se referem
referem ao código -— como como por por exemplo,
exemplo, “’ filhote’ significa
'"filhote' significa
um “cão
"cão pequeno", atribui o sentido de um elemento
pequeno”, que atribui elemento do código,
código; em
outras palavras, sua definição (mensagem~
definição (mensagem código); (3) elementos do
—> código);
código que se referemaocoãigo
se referem ao cóàigo emem si, tais como
como os nomes
nomes próprios,
próprios, uma
que “’Jerry’
vez que '"Jerry' se refere pessoa chamada :Térry"
refere a uma pessoa Jèffy” -=-esse
— esse nome
quer que
designa quem quer que carregue
carregue ou seja
seja chamado
chamado por por esse nome (código(código
~ código).44 Finalmente,
—> código). Finalmente, Jakobson
Jakobson salienta
salienta que pode-se encontrar
que pode-se encontrar (4)

** R. Jakobson chama de “shifters”


"shifters" as
as expressões
expressões cujo referente só
cujo referente só pode ser detenninado
determinado em
relação aos
aos interlocutores. Diz, também, “embrayeurs”
"embrayeurs" (embreagens
(embreagens ou ou câmbio), ou seja,
seja, os
"dêíticos" cujo emprego
“dêiticos” cujo emprego é necessário,
necessário, explicitamente ou não, para
para um ato de referência. Cf.
referência. Cf.
Ducrot, O. ee Todorov,
Todorov, T., Dicionário
Dicionário enciclopédico
enciclopédico das ciências da linguagem,
ciências da São Paulo,
linguagem, São Paulo,
Ed. Perspectiva
Perspectiva S/A, p.232, 1988 (N.R.)
p.232, 1988
O sujeito
O sujeito lacaniano
lacaniano 59
59

elementos em
elementos em um código
código que se se referem
referem à mensagem,
mensagem, oo exemploexemplo que que ele
ele
fornece é o dos
fornece dos pronomes
pronomes pessoais,
pessoais, tais comocomo “eu”,
"eu", “você”,
"você", "ele",“ele”, "ela"
“ela” e
assim por
assim por diante (código~
diante (código —> mensagem).
mensagem). O sentido desses desses últimos
últimos elemen-
elemen-
tos não
não pode ser definido
pode ser definido sem
sem referência
referência às às mensagens
mensagens em que aparecem, aparecem,
"eu" designando
“eu” designando o remetente
remetente da mensagem,
mensagem, ee “você” "você" oo receptorreceptor ou
5
destinatário. Tomando
destinatário. Tomando emprestado
emprestado um termo termo de Jespersen
Jespersen5, Jakobson se
, Jakobson se
esses elementos
refere a esses como shifters,
elementos como uma vez que
shifters, uma que o queque designam
designam muda
se desloca
ou se desloca a cada
cada nova mensagem~·
mensagem. ~-
--As quatro combinações
Asquàtro combinaçõef.de Jãlfobson -— citações,
dê Jakobson citações, definições,
definições, nomes nomes
Rróprios, e shifters-esgotam
próprios, Qshifters — esgotam as possibilidades oferecidas pelos
possibilidades oferecidas conceitos
pelos conceitos
rde códigoemensagem,
de código e mensagem, mas mas não pretendem englobar todas as partes
pretendem englobar partes do
discurso, uma
discurso, uma vez que que a grande
grande maioria
maioria dessas
dessas partes
partes são são simplesmente
simplesmente
elementos do
elementos do·código.
código. Substantivos,
Substantivos, verbos, preposições,
preposições, e assim assim por diante
por diante
são partes
são essenciais do código.
partes essenciais código.
Passível qualificação como
Passível de qualificação como um shifter,
shifter, oo sujeito
sujeito gramatical
gramatical de uma
frase, tal como
frase, “Eu sou oo tino
como "Eu tipo de pessoa que...", designa
pessoa que...”, designa o remetente
remetente da
mensagem, ee n~~dida
mensagem, na medida em que gue eoge
pode ser ser visto
visto~ significando esse
como significando esse
j eito-emíssordemensagem, ele significa o eu: o sujeito conscienteque
~~t~~:s~:ud:e!T~-~g~~~
acredtta_ser_seu
intolerante, e assim
intolerante, assim por diante. O
por diante.
e~. s;~:~~~=oº
generoso e não s:~~Ji'a~~::::.n:
O pronome
pronome pessoal
pessoal "eu"
:~ã~
sovina, liberal e não
designa a pessoa
“eu” designa pessoa
~~~
identifica o seu
que identifica seu self com uma
selj com imagem""i<leafespecffíCã.-Dessãmãne"íra,
uma imagem
ó eeué
u é .ãqu1Ió.que'lrepresêntadopelos11Je1tOdo"
aquilo que é representado pêlo sujeito dó énünciado ênúnc1ado. pQ.51!!~--~ que é. ~1:1t_~o
então
,~a instância ou agencia
agª-11~ia que
que interrompe
interrompe os enunciados
enunciados precisos óu I '
i!;s···éstiaga''t _ _ _ _ _ _ · - - - · · · -----------· - - - - - -· ·- - - -.- . , · · · ·
.da instância
os “estraga”?
precisos do eu, ou
' ’ ......". .. ..... ...........................
·- - -· ·
*
........._. _

O sujeito
O sujeito lacaniano
lacaniano não
não aparece
aparece
em nenhum
em nenhum lugar
lugar no
no que dito
que é dito

Sempre buscando
Sempre buscando uma manifestação
manifestação precisa sujeito no discurso,
precisa do sujeito discurso, no
década de 1960, Lacan
início da década Lacan muitas
muitas vezes tentou aparecimento
tentou ligar o aparecimento
sujeito à palavra
do sujeito literalmente “não”,
palavra francesa ne, líteralmente "não"·, metade
metade da expressão
expressão
francesa ne pas, porém
francesa porém usado
usado em muitos em
muitos casos
casos sozinha,
sozinha, não
não tanto
tanto como
como
uma negação
negação peremptória (embora um
peremptória (embora um ne sozinho
sozinho seja
seja suficiente
suficiente para
para
significar aa negação
significar negação quando
quando usada com pouvoir)
usada com pouvoir) mas parapara funcionar de
uma forma um pouco
uma forma pouco mais Damourette e Pichon
mais vaga, a qual Damourette denominam
Pichon denominam
a introdução "discordância".66 Em determinadas
introdução da “discordância”. determinadas expressões,
expressões, o uso
isolado desse
isolado desse suposto
suposto expletivo
expletivo ne éé gramaticalmente
gramaticalmente necessário
necessário ou, ao
menos, correto e mais poderoso
menos, mais correto poderoso do que sua sua omissão
omissão (exemplo, avant
(exemplo, avant
qu’il
· qu 'il n 'arrive,
'arrive, pourvu 'il ne soit arrivé,
pourvu qu 'íl arrivé, craindre
craindre qu
qu’il vienne), mas
'íl ne vienne),
ele parece
ele introduzir uma certa
parece introduzir certa hesitação, ambigüidade, ou incerteza
hesitação, ambigüidade, incerteza na
declaração em
declaração em que aparece,
aparece, como
como que sugerindo
sugerindo que oo falante
falante está negando
negando
60
60 O sujeito facaniano
O sujeito lacaniano

a própria
3. coisa que
própria coisa que afirma,
afinna, temendo
temendo a coisacoisa em em si que afirma afirma desejar,
desejar, ou
desejando a própria
desejando própria coisa coisa que pareceparece temer. Em Em tais casos, casos, temos
temos a
impressão de que o falante
impressão falante tanto deseja como não
deseja como deseja que o evento
não deseja evento em
questão aconteça
questão aconteça ou que a pessoa pessoa em em questão
questão apareça.
apareça.
Na
Na língua inglesa, temos uma situação situação parecida
parecida com com a palavra "but"*
palavra “but”*
expressões como
em expressões como “I "! can ’t't help but
but think
thínk that.
that...
. . ”" [Não
[Não posso deixar de
posso deixar
não pensar
pensar que que .....
. . .]] significando
significando"! can ’t't help
“Zcan help thinking
thinking that. that.... . ”"[Não
[Não posso
deixar de não não pensar que. que ...
. . ] onde but
but parece quase supérfluo
parece quase supérfluo -— embora embora
expressão como
se traduzirmos a expressão como"/ “Zcan 'tstop myselffrom
can ‘tstop myselffrom thinking thinking that.
that...
. . ”"
[Não posso
[Não posso parar
parar de pensar
pensar que ...... ] ela ela desliza
desliza. para a dupla dupla negativa
negativa “Z "/
can ’t't not
not think
think that...
that... ”" [Não
[Não posso
posso nãonão pensar que ...
pensar que. . .].]. But
But muitas
muitas vezes
tem o sentido
sentido de onlyonly [somente],
[somente], simply [simplesmente] ou
simply [simplesmente] oujust [apenas],
just [apenas],
embora em
embora em determinadas
determinadas expressões
expressões pareça pareça ir alémalém dessesdesses sentidos,
sentidos, as-
sumindo uma conotaçãoconotação de negação negação que pode gerar confusão em determi-
pode gerar determi-
nadas circunstâncias
circunstâncias até até mesmo
mesmo para falantes nativos,
para os falantes nativos, por exemplo, "!
por exemplo, “Z
can ’t't ·but not wonder
but not wonder at his complacencycomplacency" [Não posso
” [Não posso deixardeixar de me me
espantar
espantar com com a complacência
complacência dele], dele], "!"Z can ’t't but
but not suspect him ofhaving
not suspect ofhaving
done it; ít; after
after all
all he
he is my my best
best friend"
jriend” [Só não não posso
posso não suspeitar suspeitar que
tenha feito isso; afinal afinal de contascontas é o meu meu melhor amigo], amigo], "Z "! can ’t but
't but
imagine he won ’t't call
imagine cal/" ” [Só posso
posso imaginar que ele telefonará]. O que
ele não telefonará]. que
nos permite claramente distinguir o sentido
permite claramente sentido de "! “Z cancan but but hope
hope he won won ’t't
cal!"
call [Só posso
” [Só esperar que ele não
posso esperar chame] de "!
não chame] cannot but
“Zcannot but hope
hope he he won ’t't
cal!" [Só
call” [Só espero
espero queque ele ele não chame]. O The Oxford
não chame]. Oxford EnglishEnglish Dictionary
Dictionary
fornece uma grande variedade de exemplos
fornece exemplos desse desse significante
significante com com três
letras altamente polivalente, que pode ser ser usado comocomo uma conjunção, conjunção, uma
preposição,
preposição, um advérbio,
advérbio, um adjetivo adjetivo ou um substantivo.
substantivo. Entre aqueles aqueles
que nos interessam
interessam aqui, podemos encontrar:
podemos encontrar:
"You are tied hand and foot. You will never be but
“You say you are but that in London".
London”.
mãos atadas. É
[Você diz que está de pés e mãos só oo que você
É só será em Londres.]
você será Londres.]
"Not
“Not but that I should have gone if
have gone if I had hàd chance".
had the chance”.
[Não teria deixado de ir se tivesse tido chance.]
chance.]
"I will not deny but that it is a difficult thing".
“I thing”.
[Não vou negar
[Não seja difícil.]
negar que seja dificil.]
"I
“I cannot deny but that it would be easy”.easy".
[Não vou negar
[Não seria fácil.]
negar que seria fácil.]
"She cannot miss but see us".
“She us”.
[Ela não pode deixar de nos ver.]
recover”. .17
“I do not fear but that my grandfather will recover''
"T
[Tenho certeza de que meu avó ficará
[Tenho ficará bom.]

** But significa "mas",


But significa “mas”, "porém", "contudo" (N.T.)
“porém”, “contudo” (N.T.)
O sujeito
O sujeito lacaniano
lacaniano 61

Um conflito parece
Um conflito parece se se desenrolar
desenrolar emem tais expressões
expressões entre entre um discurso
um discurso
consciente ou do eu, e uma outra
do consciente outra “instância”
"instância" que se se beneficia
beneficia da
"possibílídade" oferecida
“possibilidade” oferecida pela gramática inglesa
pela gramática inglesa (e (e pela gramática francesa
pela gramática francesa
caso do ne) para manifestar-se.
no caso Essa outra
manifestar-se. Essa outra instância,
instância, esse
esse “discurso”
"~iscurso>)_do do
[flªº~"õu
pãoHBÜJõuxtorirodoj1rt::_()1lS~l~~ interrompe Oprimeiro- — quase
qUase dizendo
dizendo “Não!”
"Não!"
· ..:.._
— da mesma maneira que
mesma maneira que um lapso
lapso de língua.
língua. Lacan
Lacan propõe que, em
propõe que, em tais
casos, podemos tomar
casos, podemos tomar ofnê)em
o::ne)em francês
francês -— e sugeriría
sugeriria queque emem inglês
inglês
podemos
podemos pegar pegar o uso, algoalgÕ ·ambíguo
ambíguo ou, ao menos menos de vez em em quando,
quando,
confuso do but but [mas]
[mas] -'-- como significando
— como significando o sujeitosujeito falante
falante ou do
enunciado. 88 Por
enunciado. Por que
que como "significando"? But
como “significando”? aqui não éé o nome
But aqui nome do sujeito
sujeito
.. da enunciação;
enunciação; ao ao contrário,
contrário, ele aponta
aponta para
para um tipo tipo de “não-dizer”,
"não-dizer", um
dizer-"Não'; (o termo
dizer-“Não” tenno usado
üsado por dit-que-non).
Lacan é dit-que-non).
por Lacan ·
Esse but é um “tipo”
Esse but "tipo'' muito
muito estranho,
estranho, tão estranho
estranho na realidade
realidade queque éé
possível
possível queque não
não haja
haja outro
outro exemplo
exemplo como
como ele em em toda a língua inglesa,
inglesa,
tampouco nenhum
tampouco outro exemplo
nenhum outro exemplo como
como ne na na língua
língua francesa
francesa (cf. non na
(cf. non na
língua italiana).
língua italiana).
É possível encontrar alguma
possível encontrar alguma forma
forma de categorizar
categorizar a palavra "but" da
palavra “but”
forma como
forma como é usada
usada nesse "não-dizer"? A palavra
nesse tipo de “não-dizer”? faz claramente
palavra faz claramente
parte código e àà medida
parte do código aparece na mensagem,
medida que aparece mensagem, parece dizer algo
parece dizer algo a
respeito desta e, mais
respeito desta mais precisamente,
precisamente, a respeito falante. Mas,
respeito do falante. Mas, emem vez de
simplesmente designar
simplesmente quem está falando, parece
designar quem dizer algo
parece nos dizer algo a respeito
respeito
do falante, em em outras
outras palavras, que ele não está
palavras, que está completamente
completamente de acordo acordo
com o queque está
está dizendo.
dízendo. Parece apontar
apontar para falante ambivalente
para um falante ambivalente que
diz sim e não ao mesmo
não ao mesmo tempo, enquanto diz uma
tempo, que enquanto uma coisa,
coisa, insinua
insinua outra.
outra.
Enquanto wn
Enquanto um shifter sujeito gramatical
shifter é o sujeito gramatical do enunciado,
enunciado, a palavra
palavra
"but" é wn
“but” um tipo de “não-dizer
"não-dizer" ” que ocorre no ato da fala, isto é, durante a
ocorre no
enunciação.
enunciação. Um “Não!” "Não!" é dito, e é possível
possível verLacan,
verXãcan, de certa maneira,
certa maneira,
decomponao tais mensagens
decompondo enunciados em
mensagens ou enunciados em duas
duas partes (Figura 4.1). i/
partes (Figura

Figura4.1
Figura 4.1
afirmação
afirmação
(enunciado)
(enunciado)
— lIcannotdeny {§0
cannot deny (but) thatitwouldbeeasy.
that it would be easy.
!
fala
fala — [Não vou
[Não vou negar
negar que
que seria
seria fácil]
fácil]
(enunciação)
(enunciação)

Os conceitos
conceitos “código”
"código" e “mensagem”
"mensagem" não não sãosão suficientes
suficientes aqui. Para ·
aqui. Para:
qualificar "but" nesse
qualificar o termo “but” nesse exemplo,
exemplo, somos
somos forçados
forçados a nos referir
referir a um
tipo de interferência
tipo interferência entre
entre o enunciado
enunciado ee.13:.e.~llnc:i~çfü:>,
a enunciação, em em outras palavras,
outras palavras,
entre
~11tre aquilo que éé declarado
declarado (o ''c:onteóclÓ") e o próprio
(o “conteúdo”) próprio ato
at<> de
de. declaração
4e.çJ~rnção
ou enunciação.
ou enuncíação. ·
62 O sujeito
O sujeito tacaniano
lacaniano

O único sujeito ao qual Lacan Lacan atribui


atribui o enunciado
enunciado é o sujeito sujeito consciente
consciente
do enunciado, representado
representado aquiaqui pelo
pelo pronome
pronome pessoal
pessoal “Eu”. "Eu". Para
Para quali-
ficar esse
esse sujeito,
sujeito, não precisamos ir além
não precisamos além das categorias
categorias lingüísticas
lingüísticas do
código e da mensagem,
código mensagem, ou seja, não ir além além das categorias
categorias rigorosamente
rigorosamente
estruturais. O sujeito
estruturais. sujeito do enunciado,
enunciado, “Eu”,
"Eu", é um shifter:
shifter. um um elemento
elemento do
código que
código que.se refere àà mensagem.
se refere mensagem. . ··········
· A palavra "but""permanece
palavra “but permanece em uma classe classe isolada, anunciando ò9sujeito
isolada, anunciando sujeito
· da enunciação inconsciente
daenunciação é, dessa,
inconsc:~~I.JJ~-'J:, forma, most,:rando
4t,"ssaJorma, mostrando que o sujeito sujeito está
está
.dl.vídiclo em
dividido — em dois, dois, digámos
digâmos assim,assim, a favor e
favor e contra,
éontra, ºéoiiscieiifo
consciente e
· fricôn.sciente.
inconsciente. Os lapsos de língualíngua também
também provam
provam que existem existem dois níveis,
niveis,
Lacan do início dos anos
mas o Lacan anos sessenta
sessenta propõe
propõe queque é somente
somente no no caso
éaso de
(e but)
ne (e but) que
que encontramos
encontramos significantes
significantes do sujeito
sujeito constantes
constantes ou regulares
regulares
-— regulares
regulares no sentido
sentido em
em que
que eles
eles aparecem regularmente e muitas
aparecem regularmente muitas vezes
vezes
acompanhando
acompanhando esse “outro” "outro" sujeito.
sujeito. ÉÉ desnecessário
desnecessário dizer dizer que,
que, muitas
expressões em
expressões em francês
francês e inglês
inglês que m p r e g a m1-!e.
que eempregam / i e.. e but
but tomaram-se
tomaram-se
fórmulas fixadas com
fórmulas com o tempo, a tal ponto que que sômós'potencialmente
somos potencialmente
forçados a usá-las
forçados usá-las em companhia
companhia de outras determinadas
determinadas palavras (em
palavras (em
francês, por
francês, exemplo, o verbo
por exemplo, verbo craindre
craindre quase
quase sempre
sempre exige exige que sese use
us_e ne
mesmo tempo).
ao mesmo Entretanto;·cadã
tempo). Entretanto, faíánte, de alguma forma,
cada falante, forma, escolhe
escolhe tais
expressões entre
expressões entre uma variedade de formas formas de “dizer
"dizer a mesma coisa"
mesma coisa”
fornecidas pela língua em
fornecidas em questão.
questão.
transitoriedade
A

A transítoriedade do
do sujeito
sujeito

Pois esse
Pois esse “outro”
"outro" sujeito
sujeito -— esse
esse sujeito enunciante
enunciante do significado
significado através
através
but em determinadas
do but determinadas afirmações
afirmações -— não algo ou alguém
não é algo alguém que tenha
tenha
existência permanente;
algum tipo de existência permanente; só aparece ocasião
aparece quando uma ocasião
favorável se
favorável se apresenta.
apresenta. Não é algum tipo tipo de substancia
substância ouou substrato
substrato
subjacente Qiupokeimenon
subjacente (hupokeimenon ou subjectum).9
subjectum)?
inconsciente como
O inconsciente como um desenrolar
desenrolar contínuo
contínuo de uma cadeia
cadeia signifi-
cante excluída
cante excluída da consciência
consciência (como
(como descrito
descrito no capítulo
capítulo 2 e Apêndices
Apêndices 1
e 2), no qual o saber
saber de um determinado incorporado, possui
determinado tipo é incorporado, possui uma
natureza permanente;
permanente; em em outras palavras, ele subsiste
outras palavras, subsiste ao longo
longo da vida de
um indivíduo. Contudo,
Çontudo, seu
seu sujeito
sujeito não é, de forma alguma, permanente
deJ01111a permanente
constante. O inconsciente
ou constante. inconsciente como
como cadeia
cadeia nãonão é a mesma coisa que o
mesma coisa
sujeito do inconsciente.
inconsciente. ·· · ·
No “Seminário sobre
No"Semi11ário sobre'‘AA carta roubada”’,
roubada"', Lacan
Lacan afirma
afirma que
que um signifi-
signifi-
cante marca
cante cancelamento do que ele
marca o cancelamento ele. significa:
significa: ne e butbut assinam a
sentença
sentença de morte
morte do sujeito
sujeito do inconsciente.
inconsciente. O último pennanece
permanece apenas
apenas
o tempo
tempo suficiente para protestar,
suficiente para protestar, para
para dizer
dizer “Não”. Uma vez
"Não". Uma vez que
que o sujeito
sujeito
tenha feito uma declaração,
declaração, o que ele disse
disse usurpa
usurpa seu lugar; o significante
significante
-=<.:'1

ir
=
do
dos
um
O sujeito
O sujeito lacaniano
lacaniano 63substitui;
o eledesa

o substitui; ele desaparece. É nesse sentido que podemos dizer que ne e but but
do sujeito. Oosujeito,
são significantes do sujeito,conforme
conformerepresentado
representado pelo símbolo
pelo símbolo
$$ de Lacan (S(S para "sujeito",I/ para
para “sujeito”, para"barrado": o sujeito
“barrado”: enquanto
o sujeito barrado
enquanto barrado
pelalinguagem,
pela linguagem, alienado
alienado dentro
dentrododoOutro),
Outro),desaparece
desaparece"debaixo"
“debaixo” ou ou
"detrás"do significante
“detrás” significantene (designado
(designado aqui por — um primeiro
S1 -um
por Si signi-
primeiro signi-
ficante):
ficante):

~ 1 (substituição de um
de um significante,
significante,Sj
Si,, no lugar do sujeito
no lugar sujeitobarrado, $)
barrado, $)

Esse significante toma o lugar do sujeito, ocupando o lugar do sujeito sujeito


que agoradesapareceu.,gss~§1.1.j~it.º!}g_q_!~11JO.U!1:_r1,~tsJ~rz_qJq/!.J?1!1: deum
que agora desapareceu. sujeito não tem outra existência além de um
faro
furo no discurso. 9 sujeito do inconsciente
discurso. O inconsciente manifesta-se
manifesta-::~er10 c:<>ti4.~~-~ç,mo
no cotidiano como
ll11la irrupção transitóriá
uma irrupção de algo
transitória de estranho ou extrínseco.
algo· estranho extrínseco.Em Em termos
tennostem-
tem-
porais,
porais, oo sujeito
sujeitoaparece
aparece jpenasapenas comocomo Üma uma p:ulsação,
pulsação, :ur.ii}ijjpµl~º
um impulso ,ou ou
fo.terrupção ocasional_ql.l~
interrupção ocasional i~i41fitfirµ~tese
que imediatamente se _ desvanece çµ
ciesya11t:C:c:l_ou se apaga, “ex-
·~ex-
pressândô~se'',-desta
pressando-se”, desta maneira,
maneira,
.... ,.,
por meio. do
por meio do
....
significante
significante.
. ·······-
.
c-h
e~ ~
Çí ;í tf. I .
O sujeito
O sujeito freudiano
freudiano
~
"r"l 3✢✭-⸮⸮ⴭ尭㰮縠_:·:-4/\J.../·,/\.J \.:\Q,A../· cft;/(
. . _; I
,,. .,.........
_, . . ' . " .' -~--' /_,_\ ( /:..... ,\) : i':
Essa “definição” provisória do do{~~J~!!QC,Qll:l,Çfijro.
sujeito corno fu?o'se 1~~--ªPli!.:m,.~ntr.etantQ,.ID.íiis
aplica, entretanto mais
_especificamente
especificamente ao ao que
quese
ao ''sujeitolacãniãnó". ' .
sepoderia
podería chamar chamarde
. ' . ..
clt: “sujeito
''sujeitofreudiano”freudiano"do que
.. · · · ,,,, .. . . . '• .. --.. ,.,,,,,,,
que
ao “sujeito lácãniãnó”.
. . . Aó começarâa estudar
Aó começar estudarA interpretação
interpretação dos sonhos, sonhos, A psicopatologia
psicopatologia da
cotidiana e Os chistes
vida cotidiana chistes ee sua relação relação comcom oo inconsciente
inconsciente de Freud,
de Freud,
Lacan nos familiariza
Lacan familiariza com aa idéia idéia de algo que que "desponta",
“desponta”, como como ele ele diz,
em uma conjuntura
em conjuntura específica.
específica. Nos lapsos lapsos de língua, assim assim como nos nos atosatos
falhos e parapraxes
parapraxes de todos os os tipos, algÜm tüi,õ"
tipos, algum tipo de de'iniénçãõ"'ê~tranhâ}
intenção estranhai
parece entrarem
parece entrar em cena
cena ou forçar
forçar uma entrada. entrada. Freud
Freud nos orienta onenta aa associar
associar"
tais intrusões
tais intrusões com
com oo inconsciente
inconsciente e, portanto, portanto, é muito natural natural queque se se atribua
atribua
algum tipo intencionalidade, instância,
tipo de intencionalidade, instância, ou até subjetividade subjetividade aa ele.
Poderíamos provisoriamente
Poderiamos consideraresse intruso
provisoriamente considerar intruso como sendo, sendo, de certa certa
forma, “o
forma, sÚjeito freudiano”.
"o sujeito freudiano". Freud,
Freud, claro, claro, nunca
nunca formula tal categoria, categoria,mas mas
aa usarei
usarei aqui
aqui como
como ürri
um tipo de de abreviação
abreviaçãopara falar aa respeito
para falar respeitoda daaborda-
aborda-
gemfreudiana
gem sujeitodo
freudianado sujeito do inconsciente.
inconsciente.
PoisFreud,
Pois Freud,ememumaumadeterminada
determinadaépoca, época,apresenta
apresenta oo inconsciente
inconscientecomo como
umainstância
uma instânciacompleta
completa(Instanz),
(Instanz),
instância uma
uma aparentemente
instância aparentemente dotada dotada de
suas próprias
suas intenções e vontades
próprias intenções vontades -— um tipo de segunda segunda consciência
consciência
cónstruída, de alguma forma,
construída, forma, de acordoacordocom com oo modelo
modelo da da primeira.
primeira. EmboraEmbora
certamente apresente
certamente apresente o inconsciente
inconsciente como como aquele
aquele que que interrompe
interrompe o fluxo
acontecimentos, Lacan
normal dos acontecimentos, Lacan nunca nunca faz do inconsciente inconsciente uma uma ins-
":"-"-.,.-~-~···--··············.···


sujeito.
de
(substituição
'Esse
óri
~t:-ªpJ~gª,
..
Essa
tipoLacan
''definição''
significanteprovisória
',sãósignxficaniês
sujeito
.\/ toma o lugar do sujeito, ocupandoo lugar
64 O sujeito
sujeito lacaniano
lacaniano

tâncía;
tância; este permanece
permanece um discurso divorciado d,o
discurso divorci.ªçio do consciente
consciente e do envol-
envol-
. vimento
vimento subjetivo
subjetivo -— o discurso
discurso do Outro-
Outro — mesmo
mesmo quando
quando ele interrompe
interrompe
o discurso
discurso do eu que está baseado emem um falso sentido de self. Ao encarar
falso sentido encarar
a subjetividade
subjetividade no inconsciente como um furo,
inconsciente de Freud como furo, interrupção
interrupção ou
irrupção no discurso
discurso e em outras
outras atividades
atividades "intencíonais",
“intencionais”, de forma
forma
alguma trata-se da especificidade
especificidade do sujeito Lacan, 1100 Quem
sujeito de Lacan. Quem é então
então o
sujeito
sujeito do inconsciente, como pode
inconsciente, e como pode ser localizado?
localizado?
Antes de responder
responder a essa
essa pergunta
pergunta diretamente,
diretamente, vamos continuar a
mostrar sujeito não é.
mostrar o que o sujeito

O sujeito
sujeito cartesiano
cartesiano e seu inverso
inverso

O que é mais notável


Q notável a respeito do sujeito
sujeito freudiano
freudiano é quede
que ele desponta
desponta
apenas
apenas para desaparecer
desaparecer quase instantaneamente. Não há nada sübstancial
quase instantaneamente. substancial
a respeito sujeito; não há
respeito desse sujeito; nenhum ser,
há nenhum ser, nenhum
nenhum substrato
substrato ou perma-
perma-
nência no tempo,
tempo, em resumo,
resumo, nada com com que estejamos
estejamos acostumados
acostumados a
procurar
procurar quando falamos sujeitos. Há um
falamos dos sujeitos. um tipo de fogo
fogo de palha
palha e tudo
então se acaba.
Lacan
Lacan ressalta que que o sujeito Descartes -— o cogito
sujeito de Descartes cogito -— tem uma
existência igualmente e~mera.
existência igualment\': efêmera, O sujeito
sujeito cartesiano conclui que ele é toda
cartesiano conclui
vez que ele diz para
para si mesmo,
mesmo, "Eu penso”. 1 1 Ele precisa
“Eu penso".11 precisa repetir
repetir para
para si
mesmo palavras "Eu
mesmo as palavras “Eu penso"
penso” para
para convencer-se
convencer-se de que existe. E, tão logo
pare de repetir essas palavras,
palavras, sua convicção
convicção inevitavelmente
inevitavelmente se evapora.
evapora.
,\ Descartes
Descartes é capaz de assegurar
assegurar uma existência
existência mais permanente
permanente parapara o
!}{) sujeito através da introdução
introdução de Deus -— a garantia garantia de tantas coisas
coisas no
Uuniverso
[/ universo cartesiano
cartesiano -— mas Lacan Lacan concentra
concentra sua análise
análise na natureza
''J pontual e evanescentedo
evanescente do sujeito cartesiano.
s1:1J1eitÕ-~~rt~~i~no.
Aqui, usarei dois círculos
círculos para
para ilustrar
ilustrar a proposta Descartes. 1 2 Ele
proposta de Descartes.12
conceitualiza
conceitualiza um ponto no qual o pensamento
pensamento e a existência
existência sese sobrepõem:
sobrepõem:
quando o sujeito
sujeito cartesiano
cartesiano diz para mesmo: "Eu
para si mesmo: “Eu penso",
penso”, ser e pensar
pensar
coincidem naquele momento
momento (Figura 4.2), É o fato dele pensar
(Figura 4.2). pensar que serve
serve
como base de sua existência;
existência; nesse lugar, ele liga o pensamento
pensamento ao sujeito
sujeito
falante "Eu".
“Eu”.

Figura 4.2
Figura ,
7
Pensar
Pensar Ser
Ser

f A x
O
O sujeito
sujeito iacaniano
lacaniano 65

Na
Na opinião de Lacan,Lacan, tal visão é wn
um tanto utópica.
utópica: O sujeito,
sujeito, da maneira
da maneira
como
çomo compreende
compreende ootermo,
termo, não pode
pode sese abrigar
abrigar em
em wnum momento
momento idílico
idífü::o
onde
onde pensar
pensar e ser
ser coincidem. Mas, em
coincidem. Mas, em lugar
lugar disso,
disso, é forçado
forçado a escolher um
escoll1.er Úm
ou p outro. Ele pode “ter”
oü qoutro. pensamentos ou ser,
"ter" pensamentos mas nunca
ser, mas nunca ambos
ambos ao mesmo
mesmo
tempo.
tempo. A FiguraFigura 4.3 mostra
mostra como
como é possível
possível esquematizar
esquematizar o sujeito
sujeito
lacaniano.
Iacaniano.
.. -•....
~: ',,_.-
"
Figura 4.3
Figura 4.3
Pensar
Pensar Ser
Ser

Por que então Lacan


.Por Lacan virn
vira do avesso
avesso o sujeito
sujeito de Descartes,
Descartes, empregando
elll)'.)regando
tudoo
tudo que o cogito
o que cogito não é? Bem,Bem, em em primeiro lugar, o ponto
primeiro lugar, ponto de vistavista de
.Lacan
Lacan sobre
sobre o pensamento,
pensamento, assimassim como
como o de Freud, Freud, gira em em tomo
tomo do
pensamento inconsciente,
pensamento inconsciente, não do pensamento
pensamento consciente
consciente estudado
estudado por por
Descartes,
Descartes, o filósofo.
filósofo. EmEm geral,
geral, Freud associa pensamento consciente à
associa o pensamento à
racionalização, e Lacan
racionalização, Lacan atribui ao pensamento
pensamento um estatuto estatuto igualmente
igualmente
pouco elevado.
pouco elevado.
Em segundo
Em segundo lugar
lugar o sujeito
sujeito de Descartes
Descartes que que diz “Eu”
"Eu" corresponde
corresponde ao
nivel do eu, um self construído que é visto
self construído como sendo
visto como sendo senhor
senhor de seus
próprios pensamentos,
próprios pensamentos, os quais acredita-se corresponderem àà "realidade
acredita-se corresponderem “realidade
externa". Tal
externa”. Tal selfunidimensional acredita que é o autor de suas próprias
self unidimensional acredita próprias
idéias e portanto não teme teme em
em afirmar "Eu penso,,.
afinnar “Eu penso”. Esse Esse sujeito
sujeitocartesiano
cartesiano
éé caracterizado
caracterizado pelo
pelo que Lacan
Lacan chama
chama de "falso ser" (Seminário
“falso ser” (Seminário 15), 15), e esse
esse
manifesta-se a cada momento em que wn
falso ser manifesta-se um analisando diz, “Sou "Sou o
tipo de pessoa
tipo pessoa que é independente
independente e liberal”;
liberal"; ou “Fiz"Fiz o que fiz porque
porque eraera
coisa mais
a coisa mais magnânima a ser sempre me empenho
ser feita, e eu sempre empenho em em ser não
apenas justo mas generoso.”
apenas justo generoso." µm Um selffi.xo
self fixo é postulado em em tais afirmações,
afiilllações,
inconsciente é rejeitado;
o ser inconsciente rejeitado; é como
como.se analisando estivesse
se tal analisando estivesse dizendo
dizep:do
seu analista,
a seu analista, “Posso
"Posso contar
contar para você tudo sobre
para você sobre mim porqueporque eu sei. Não Não
l!le Hudo, eu me
me iludo, me conheço.”
conheço." · ···
Portanto,
Portanto, após
após começar
começar comcom<? o sujeito
sujeHo cartesiano pontual (ou
cartesianopoiltual (ou semelhante
semelhante
a um ponto),
ponto), isto é, aa.coincidêndâ trânsitórí~ entre
coincidência transitória eíiti:i pensar
p~~s_i:iteser, Lacan vira
e ser, Lacan.
Descartes cabeça'i,arab?ixci:
l)escartes de cabeça para baixo: oopensãmênto
pensamento do eu é tneri'racíõnâlb:ação
mera racionalização
consciente ((aa: tentativa
:consciente tenfat1vá aô'eu.de declarações erradas e involuntá- ~
l~gfümãr'declaraçõesºerradasº·i,invôlüntá-
do eu de legitimai
niisatravês
rias através ··de expliciç§ç$]5êis'::f;,itq.que
de explicações pós-fato que se ~nquadram ~á
se . enquadram aüt?~1mâ.~em
na auto-imagem
.. ideal), e ser
ideal), ê o ser então
então gerado
gerado pode ser ser categorizado
categorizado apenas éomo
apenas como falso fàlsó òuou
.· como
como fraude.
fraude. ·Dessa
Dessa maneira,
m@s:irª'-1,acan
Lacan parece oferecer algum
parece nos oferecer algum tipo de
---·-.-.- .. :-·<l ---------·--··-------------"·-·· -.-----~----~----·-
66 O sujeito
O sujeito lacaniano
lacaniano

perspectiva de um sujeito
sujeito com
com existência
existência verdadeira
verdadeira ou real
real que seria
que seria
diametralmente oposto
diametralmente oposto ao falso
falso ser eu mas,
ser do eu êm últiina
mas, em análise,isto
última análise, não
isto não
acontece. O
acontece. O sujeito lacaniano
lacaniano permanece separado dq
permanece separado do, ser,
ser, exceto
exceto em
em um
um
sentido ao qual voltarei
sentido voltarei mais
mais tarde.
tarde.

O sujeito
O sujeito dividido
dividido de
de Lacan
Lacan

Considerando o uso pelo


Considerando pelo pz:ópriº
próprio Lacan
Lacan dod9 .termo ','pens~' para
termo “pensar” se referir
para se referir
pensamento iri:conscierite;
ao pensamento como:este.sedesdobra
inconsciente, como. isolado da
este se desdobra isolado dasu6Jétivi-
subjetivi-
...dade
dâde (conforme
(conforme tratado no capítulo
tratado no capítulo 2), consideremos umádãs-in.ais
2), consideremos claras
uma das mais claras
· ilustrações
Ílustrações gráficas
gráficas de Lacan
Lacan daquilo
daquilo que
que ele
ele chama
chama de sujeito
sujeito fendido
fendido ou
Ele aparece
dividido. Ele aparece nos
nos Seminários
Seminários 14 e 15 15 e éé apresentado
apresentado aqui na
Figura 4.4
Figura 4.4 ·,;>
V '■

Figura4.4
Figura 4.4

(falso ser)
(falso ser) Ou não
Ou não penso
penso, ou não sou
ou não sou .

Não
Não
penso
penso
(-T)
(~T)
Ser
Ser Pensar
Pensar
Ser
(pensamento inconsciente)
(pensamento inconsciente)

Não sou
Não {-8}
sou (~B)

Pensar
Pensar
Este grafo
Este grafo será
será tratado
tratado em detalhe durante este este capítulo
capítulo e o capítulo 6. Aqui,
me limitarei a observar
me limitarei observar algumas
algumas de suas suas características
características mais notáveis. A
mais notáveis.
posição inicial do esquema
posição inicial esquema (canto
(canto direito superior)
superior) fornece
fornece uma das
"definições" de
“definições” de Lacan
Lacan do seuseu sujeito;
sujeito; "ou
“ou não
não penso
penso ou não não sou”
sou" -— o
segundo “sou”
segundo "sou" a serser considerado
considerado no absoluto de "eu
no sentido absoluto sem-ser''.
“eu sou sem-ser”.
ou/ou significa
A alternativa ou/ou significa que
que somos
somos obrigados
obrigados a nosnos situar emem algum
algum
outro canto
outro canto deste
deste grafo.
grafo. O
O caminho
caminho da da mínima
mínima resistência, digamos assim,
resistência, digamos assim,
é negar
negar oo inconsciente
inconsciente (negar
(negar atenção
atenção aos
aos pensamentos
pensamentos que estão estão se
desenvolvendo no
desenvolvendo inconscient(:), um
no inconsciente), tipo de
um tipo de prazer
prazer no falso ser (canto
no falso (canto
esquerdo superior). A análise,
esquerdo análise, entretanto,
entretanto, exige que oo indivíduo se
exige que se prive,
prive,
tanto
tanto quanto possível, desse falso
possível, desse falso ser,
ser, para
para deixar oo pensamento incons-
pensamento incons-
completa ascendência.
ciente ter completa ascendência.
O sujeito éé dividido
O sujeito dividido entre
entre oo eu
eu (canto
(canto esquerdo
esquerdo superior)
superior) e o inconsciente
inconsciente
(canto
(canto direito
direito inferior),
inferior), entre
entre consciente
consciente e inconsciente, entre um
inconsciente, entre um sentido
sentido
O sujeito
O sujeito lacaniano
lacaniano 67
67

inevitavelmente falso
inevitavelmente falso de self funcionamento automático
self e o funcionamento automático da linguagem
linguagem
cadeia significante)
(a cadeia significante) no no inconsciente.
inconsciente.
Nossa
Nossa primeira
primeira tentativa,
tentativa, então,então, para sujeito lacaniano
para definir o sujeito lacaniano é a
segui_nte..{ó
seguinte: [ Ó ·stijeito
sujeito iiãonão ·e~ senão
senão essa própria <iiyisãf!}
l!S§q pr6p1'ia divisãd A variedade
variedade de
expressões como
“expressões como “sujeito
"sujeito fendido”,
fendido", “sujeito
"sujeito dividido”
dividido" oúou “sujeito
"sujeito barrado"
barrado”
cunhadas por
cunhadas Lacan-
por Lacan — todas escritas com
todas escritas com o mesmo símbolo $$ -— consiste
mesmo símbolo consiste
inteiramente no fato de
inteiramente de que
que as duas duas “partes”
''partes" ou ou avatares
avatares de um um ser ser falante
falante
. não
não têm
têm nenhum
nenhum traço traço em em comum:
comum: elas elas estão
estão separadas
separadas de forma forma radical
'·(oeu·o-u--ra~ pensameritòs inconscientesr o I
tj(õ~êu òü falsõ ser
4pensamento
pensamento inconsciente
--ºP.IDiãO..I!Q~itiva
t-oginião
ser exige

positiva do
ex~ge üma
mconsc1ente sem
do eu sobre
negaçãKdos peiisamêfi~õs·trrcons~íeutes,
uma negaçaõclOs
sem nenhuma preocupação que
nenhuma preocupaçao
sobre si ~esmo)r-----··-·--
mesmo)./ —— —
que sejaseJa comcom a 1

]

Essa divisão
Essa divisão significativa
significativa é produto produto do do funcionamento
funcionamento da tia linguagem
linguagem
em
em nós
nós quando
quando começamos
começamos a falar falar ainda crianças.
crianças. Ela é equivalente
equivalente ao que
tenho me me referido
referido comocomo nossa
nossa alienação
alienação na linguagem
linguagem (tratada
(tratada em em detalhes
detalhes
capítulo 5)
no capítulo S) e Lacan
Lacan segue
segue essa essa idéia
idéia partindo conceito de Freud
partindo do conceito Freud de
Spaltung,
Spaltung, exposto
exposto em em seuseu ensaio
ensaio de 11938 "Die Ichspaltung
938 “Die Ichspaltung im im Abwehrvor-
Abwehrvor-
.gang ;,.
gang ”, traduzido
traduzido na edição edição brasíleira como “Clivagem
brasileira como "Clivagem do do ego
ego no processo
processo
defesa", mas
de defesa”, mas melhor traduzido como
melhor traduzido como “Clivagem
"Clivagem do eu”. ~u".
clivagem do Eu em
A clivagem (falso sei[)
em eu (falso setfjz e inconsciente
inconsciente gera
gera uma
uma superfície
superficie
,,num
num certocerto sentido
sentido com corri°dc>is wn
Íados: um que
dois lados: que é exposto
exposto e um que éé escondido.
um que esêoridido.
Embora os dois lados
Èmbora fadôS possam
possam não ser ser constituídos,
constituídos, em em essência,
essência, de
materiais radicalmente diferentes
materiais radicalmente diferentes -— lingüísticos
lingüísticos por natureza -— em
por natureza em
qualquer ponto
qualquer ponto ao ao longo superficie há uma
longo da superfície uma frente
frente e um verso,
verso, uma face face
visível
visível e uma invisível. Seus Seus valores
valores podem ser apenas apenas locais,
locais, como
como no no
caso da banda
caso banda de de Moebius,
Moebius, onde, se se desenharmos
desenharmos uma longa linha
uma longa linha por
por
qualquer dos lados, lados, eventualmente terminaremos no reverso
eventualmente terminaremos devido àà
reverso devido
dobra na banda
dobra Moebius. Porém,
banda de Moebius. Porém, existe
existe uma clivagem
clivagem válidaválida pelopelo
menos no local
menos local entre
entre a frente
frente e o verso,
verso, entre
entre o consciente
consciente e o inconsciente.
inconsciente.
~ A
G A_c:liy_agem, enqµat:1tQ traumática
clivagem, enquanto tr.~U111*1ica para cada novo ser ser falante
falante não não é, de
_modo
modo algum,algum, um indício indício de loucura.
loucura. Ao contrário, Lacan
Ao contrário, Lacan afirma
afinna que qu~ nana
psicose
psicose não não é possível
possível presumir
presumir que que essaessa clivagem
clivagem tenha
tenha ocorrido
ocorrido em em
absoluto, o “inconsciente”
absoluto, "inconsciente" está está "à ciel ouvert”,
“d ciei ouvert", exposto
exposto parapara queque todo o -~
mundo o veja. Os Os processos
processos de pensamento
pensamento do do tipo inconsciente não
tipo inconsciente ficam
não ficam
-ocultos
ocultos na psicose
psicose comocomo ficam
ficam nas neuroses, demonstrando que
neuroses, demonstrando que a clivagem
clivagem
causada, em
causada, em geral,
geral, pela assimilação da linguagem,
pela assimilação linguagem, não não ocorreu,
ocorreu, e que qu~)1;L

~!~1?
algo . _ diferente
ºife~~P;!fl._ _com relação aq ser do . P~!ÇQ~!~~---~!
~9-~E1::J~2ªg,!.~t~t?.r.QP psicótico na ..!~fil!~~~m. A A própria···
própria
idéia de clivagem produzida por
clivagem produzida por nossa
nossa alienação
alienação na linguagem
linguagem pode pode servir
servir
como uma
como ferramenta de diagnóstico,
uma ferramenta diagnóstico, permitindo clínico distinguir,
permitindo ao clínico distinguir, em
determinados casos,
determinados casos, a neurose
neurose da psicose.
psicose,
Embora
Embora essa essa clivagem
clivagem não possua possua nenhumfraçoem
nenh~____!!a~m comum comum com com o tipo
de instância
instância que tendemos tendemos a associar à sübjetividade) já é, no entanto,
associarJ:·subjetivida4~ entanto, um
.. ···········-········-·"·-·-···
68 O sujeito
O sujeito Jacaniano
lacaniano

primeiro
primeiro passoalém
passo além da4a.estnitura~
estrutura. A linguagem
ling11agem comocomo Outro
Outro não traI1~fQn.na
não transforma
automaticamente uma criança
automaticamente criança homohomo sapiens
sapiens numnum sujeito;
süjeito; ela pode falhar,
ela pode falhw,
como falha
como falha na psicose.
psicose. Essa êlivagêm riãôé
Essa divagem algo que
não é algo que possa
possa ser ser explicado
expli,cado
termos estritamente
em termos estritamente lingüísticos
lingüísticos ou combinatórios.
combinatórios. l>ortaritô, elª está
Portanto, ela .está
além
além da estrutura. Embora aqui oo suJ.l!_i.~<?.f!ª<J_~ejfl_YJª-efq§_e11iJ<2.Ú.iiJ..qiJiJER.em'
estrutura. Embora sujeito não seja nada senão uma clivagem
.· entre
entre duas formas de altéridadê— ' . oe>_iet1
d_u._q~formas.dealteriâi:iil.i..:: eu como outro et, oe> jriçe>11~~i~1!~€?-~_mo
ÇC>ll],C>Q.lltr<>. inconsciente como
·odiscürno.doOutro,-
o discurso do Outro clivagem em
a clivagem em si permanece
permanece além além do Outro.
Outro. Como
Como
veremos no próximo capítulo o advento do sujeito dividido sinaliza uma
correspondente divisão ou esfacelamento no Outrof 1 )
;~~:;;:e~~!;\;;[;~:~;;f.~~~~;~rõi~~~;t;r~:~;d;;:~Í,Il~l~~~ ~a
·C_J fJ cc,(.p.
Além do sujeito
Aiém do sujeito dividido
dividido

Contudo, o sujeitosujeito dividido não éé de forma


dividido não alguma a última
forma alguma última palavra
palavra de
Lacan a respeito subjetividade, e há ainda
respeito da subjetividade, ainda um aspecto
aspecto adicional
adicional que que
tentarei primeiro ilustrar graficamente
primeiro ilustrar graficamente e depois
depois explicar nos próximos
próximos dois dois
capítulos. Retomemos ilustração do sujeito
Retomemos à ilustração sujeito dividido apresentada
apresentada na
Figura 4.4
Figura 4.4 e observemos,
obsen;emos, em em primeiro lugar, que
primeiro lugar, que não apenas
apenas o sujeito
sujeito está
está
inconsciente, mas
aqui dividido entre o eu e o inconsciente, mas também está adicionalmente
também está adicionalmente
dividido em cada um dos dois cantos cantos opostos
opostos do grafo
grafo (canto
(canto esquerdo
esquerdo
superior e direito
superior direito inferior).
inferior). No momento, comecemos tratando
momento, comecemos apenas da
tratando apenas
divisão a nível inconsciente.
nível do inconsciente.
Na parte excluída (sem (sem sombra)
sombra) do círculo
círculo no canto
canto direito
direito inferior,
inferior,
escreve “Eu”.
Lacan escreve "Eu". Nesse caso, não é o "Eu"
Nesse caso, “Eu” reificado
reificado do discursodiscurso
consciente, encontrado em afirmações
consciente, afirmações do tipo “Eu "Eu sou
sou dessa
dessa forma
forma e não
daquela"; nem
daquela”; shifter vazio, um significante
nem é o shifter significante cujos
cujos referentes
referentes mudam
a cada nova pessoa pessoa que pronuncia. 1 4 Ao contrário,
que o pronuncia.14 contrário, é o Eu* do “Wb "Wo Es
war, sol! werden ” de Freud
soll Ich werden" Freud umum verdadeiro
verdadeiro motivo condutor nas
motivo condutor obras
nas obras
de Lacan. essência dos
Lacan. A essência dos escritos
escritos de Lacan
Lacan sobre
sobre o assunto
assunto envolve
envolve um
movimento
movimento ditado moralmente moralmente a partir da forma forma impessoal
impessoal “it” "it'' (e
(e não
não do
id por
por si próprio
próprio -— pois Freud não diz das
pois Freud Es nem
das Es nem das lch
Ich aqui, como como em em
geral o faz quando designa designa as instâncias
instâncias do id e do ego)
ego) para
para o Eu. Eu devo devo
tomar-me Eu onde onde o [isso]
[isso] se encontrava; Eu devo
se encontrava; devo advir,
advir, devo
devo assumir
assumir o
1 'seu lugar, aquele lugar onde
seu lugar, onde o isso se
se. encontrava.
encontrava. PEuâqüiaparece
O Éu aqui aparece como como ;
ij /oo sujeito
sujeito que a análise trazer àà tona: um
análise procura trazer um Eu que que assume
assume a
íi iresponsabilidade
responsabilidade pelo inconsciente, que
pelo inconsciente, que surge
surge lá na associação
associa9ão inconsci-
inconsci-
)j ,ente
~1_1fe.__dos pensamêntosque
~~~-Pe.:11Séllllentos parece ocorrer
que paréce oco_rrer por sí mesmo, sem a intervenção
símesmõ-:-se~~I~I~fy~ção
í. ',?e coisa pãfecid:fcóin
~ualquer coisa
de qualquer parecida com üm süj"~~tõ (Figura
um sujeito 4·:sr- 7\
(Figura 4.5)7" -,::.__________....
..

Esse “Eu”
* Esse "Eu" corresponde ao Je tradução de Lacan
Je da tradução Lacan para
para a palavra alemã /eh,
palavra alemã afinnação
Ich, da afirmação
"Wo Es War
de Freud “Wo War soll Ich Werden". francês, "Lá
Werden”. Em francês, ou c’était
“Lá oü c'était dois Je advenir”.
advenir". (N.R.)
(N.R.}
O sujeito
O sujeito lacaníano
/acaniano 69
69

Esse Eu, ou _sujeitodoinconscieqte,


sujeito do inconsciente, como
como podemos
podemos chamá-lo,
chamá-lo, é em em
geral excluído a
excluído a nível do pensamento inconsciente.
do pensamento inconsciente. Ele
~le advem, digamos
11:qvélll, digamos
assim,
assim, apenas
apenas momentaneamente,
momentaneamente, como
como um tipo de movimento intermi-
demovimento intermi-
tente na direção
tente na direção do canto
canto esquerdo
esquerdo inferior
inferior do grafo
grafo(Figura
(Figura 4.6).
4.6).

Pensamento
Pensamento
Figura
Figura 4.5
4.5

Figura 4.6

Mas embora
embora ele
OÇJ
ele seja
seja um sujeito
,,sujeitº tão evanescente
evanescente ou de vida efêmera
efêt?:era
quanto
quanto. aquelas
aquelas interrupções conhecidas
conhecidas comocomo lapsos de lín~~-
língua e atos afos
ésse sujeito especificamente
,falhos, esse especificamente lacaniano não éétanto
lacaniano não tanto uma
uma interrupção
iriteróii.Ç.ão
mas oo ato de assumir
mas assumir isso, no sentido francês do termo
sentido francês assompticm, isto é,
termo assomption,
uma
proa aceitação
aceitação de responsabilidade
responsabilidade.
responsabilidade.
responsabilidade por por aquilo que
que interrompe,
interrompe, assumir
assooifr a
······ ·
ª
Pois Lacan
Lacan sustenta
sustenta que “sempre
"semere se é resp_onsáyel_por
responsáyel.por suaposição como
sua_posição.como
15
sujeito".15
sujeito”. Seu conceito
Seu conceito de sujeito-então
sujeito então possui
possui um componente
componente ético que
teíncõmo
tem como seu princípio básico
seu princípio "Wo Es
básico o “Wo soll lch werden
Es war, solllch werden" ” de Freud.
Portanto,
Portanto, começamos
começamos com com um sujeito
sujeito alienado que
que não
não é outro
outro senão a
em si (Figura
divisão em (Figura 4.7).
4.7).

Figura
Figura 4.7

Ser

Pensar
70
70 O sujeito
O sujeito lacaniano
lacaníano

Mas existe
existe um sentido
sentido no qual
qual o sujeito
sujeito dividido,
dividido, o sujeito
sujeito como
como "aliena-
“aliena-
do", é capaz
do”, capaz de ir “além”
"além" ou "superar" essa divisão
“superar” essa divisão através
através de um um
deslocamento ou movimento na direção
t deslocamento direção do canto esquerdo
esquerdo inferior
inferior do
grafo (ver
I grafo (ver Figura divisão é, em certo sentido,
Figura 4.6). A divisão condição da
sentido, a condição
!P ossibilidade da existência
possibilidade déüm
existêncfri de um iuFelio e() deslocameniÕ
sujeito e o deslocamento 1niermitente
intermitente
parece
parece ser
ser s_u,qfeatização
sua realização, ...Embora ·:c1ív1são
Emb~r; a divisão êôrrêspondâ'àâU~iiâ,çãõ,
corresponda à alienação, o
'segürido aspecto do
segundo aspecto süjêito lacaniano, da forma
do sujeito forma que
que estou
estou apresentando
aprêsêiiiando
corresponde àà separação.
aqui, corresponde seE~?.:Ç_iio. Essas
Essas duas operações
operações serão
serão exploradas
exploradas em
no próximo
detalhes no capítulo.
próximo capítulo.
capítulo cinco
capítulo cinco

sujeito ee oo desejo
O sujeito
O desejo do
do Outro
Outro

)'

No
No capítulo 1, abordei,
abordei, em
em termos
termos muito gerais,
gerais, nossa alien.~ç,_pa.~..ru:Ja
nossa alienação na e pela
~~~-gyl!g~m,.. ~JiP:S!l.ªg;mJ.I!l~ a,!!tec:e9s.,_µºª·ª·Q,.Qa~~jm,~1;1to, ·
linguagem, a linguagem jjue antecede nosso nascimento, fluindo em nós
em nós
através do discurso
através discurso que nos nos circunda
circunda enquanto
enquanto crianças,
crianças, ee queque molda
molda
nossos desejos ee fantasias.
nossos desejos Sem aa linguagem não
fantasias. Sem não haveria
haveria oo desejo forma
desejo da forma
como oo conhecemos
como conhecemos -— estimulante
estimulante e, e, ao mesmo
mesmo tempo, contorcido,
tempo, contorcido,
contraditório insaciável-
contraditório ee insaciável — nem haveria qualquer
nem haveria qualquer sujeito
sujeito como
como tal.
Neste capítulo, descrevo
Neste capítulo, descrevo em linhas gerais
em linhas gerais o ponto de vista vista de Lacan
sobre oo advento
sobre advento do sujeito em termos termos mais teóricos. Começo com
teóricos. Começo com umauma
geral ee breve
análise geral dos dois processos
breve dos processos denominados por Lacan como
por Lacan como
"alienação" e "separação"
“alienação” “separação” ee depois
depois continuo
continuo descrevendo-os
descrevendo-os com com mais
detalhes emerr{termos
termos do desejo Outro. Mais
desejo do Outro. Mais tarde,
tarde, passoii"âpêraçãô"que
passo à operação que
:Lacan considera como
Lacan considera corrio rimá separação adicional,
uma separação adicional, ou uniirâlêrii
um ir além da ºª'~separa-
fü~ãra-
'çâo:
ção: aa travessia fantasia fündamental.
travessia da fantasia fundamental. Por Por último, ilustro oo funciona-
mento.
mento dessas
dessas três operações na situação
três operações situação analítica.
analítica.

Alienação
Alienação ee separação
separação

No conceito lacaniano
No conceito lacaniano de de alienação,
alienação, as duas partes
as duas envolvidas, aa criança
partes envolvidas, criança ee oo
Outro, têm
Outro, têm pesos
pesos muito desiguais ee aa criança
muito desiguais criança quase
quase que
que inevitavelmente
inevitavelmente perde perde
na luta entre
na luta eles.!1 No
entre eles. entanto, ao
No entanto, ao assujeitar-se
assujeitar-se ao Outro,
Outro, aa criança
criança ganha
ganha algo: algo: 1
.·ela ~~1:"11l3,-:se,.em .certQ.s~r:i.Mº, ~jl,<:i~)fü~!~<>.~ ~J~~ll:g_~~. ~:~~J~~tô_"da
ela toma-se, em certo sentido, um dos sujeitos da linguagem, um sujeito “da
"liiiguagem" ou
linguagem” ou "na
“na linguag~". Rep:r:esentado esquematicamente,
linguagem”. Representado esquematicamente, aa· criãriça,criança,
iissujêitada aó.
. . assujeitada óutro, permite
ao Outro, que oo significante
permite que significante aa substitua.
sub~~§a ......... ······ ........ "

Outro
Outro
criança
criança

71
72
72 O sujeito
O sujeito lacaniano
lacanisno

A criança,
criança, advindo
advindo na forma
forma de um sujeito
sujeito dividido
dividido (como
(como ilustrado
ilustrado no
capítulo 4), desaparece
capítulo desaparece debaixo
debaixo ou atrás
atrás do significante,
significante, S.

x.f S ;1
$

A criança
criança não necessita ser
não necessita ser totalmente
totalmente derrotada
derrotada em em sua
sua "luta" com oo
“luta” com
l::' Outro,
Outro, podendo
podendo a psicose
psicose ser ser entendida
entendida como
como uma formaforma de vitória da
1\1 criança
criança sobre
sobre oo Outro,
Outro, a criança abre mão de seu
criança abre seu advento
advento como
corno um
urn sujeito
s#jeitõ
dividido para não se se sujeitar
sujeitar ao Outro
Outro como
como linguagem.
linguagem. Freud esco-
Freud fala da esco-
lha ou eleição neurose 2 , e Lacan
eleição da neurose2, Lacan sugere
sugere que
que háhá sempre
sempre algum tipo dè de
escolha envolvida
escolha envolvida na aceitação
aceitação da criança
criança àà sujeição
sujeição a esse
esse Outro
Outro -— uma
uma
"escolha
“escolha forçada”, como ele a nomeia
forçada", como (que éé quase
nomeia (que quase uma
uma contradição
contradição emem
termos), a decisão
termos), decisão de não se se permitir ser sujeitado
permitir ser sujeitado pelo Outro acarretando
pelo Outro acarretando
necessariamente a perda
necessariamente perda de si mesmo. Esta decisão
mesmo. Esta decisão exclui
exclui a possibilidade
possibilidade
advento do indivíduo
do advento indivíduo como como um sujeito. A escolha
sÚje1Jo. À escolha de sujeição necês-
sujeição éé neces-
sãriáJúirá
sária qué oo indivíduo
para que indivíduo advenha
advenha como
como um sujeito,
sujeit<>,_ITlas
mas mantém
mantém seuseu
estatuto escolha já
estatuto de escolha já que é possível, obstante, negar
possível, não obstante, subjetividade.
negar a subjetividade.
Portanto, conceito de alienação
Portanto, no conceito alienação postulâdo
postulado porpor Lacan,
Lacan, é possível
possível
entender a criança,
§ entender criança, de certa forma,forma, como
como tendo
tendo _escolhidQ.Ji sujeiçãQ_ àà
escolhido a sujeição
linguagem, como
[ linguagem, co~<>..te.JJgo_concordado
tendo_concordado_em em expressar
expre~~ªr:_§_µ_as.necessidades..a..tra-
suas~necessidades_atra-
; vés -de
de Ütn,
um ine1<>
meio distorcido
ciis_t<>rc:j4<> ou cl~ camisa-de-força
()U da da linguagem e_çomo
camis~".cle~for.ç_ª--ºªJingµag~~mo
ten~o permitido ser representada
I tendo representada por por palavras.
palavras.

segunda operação
A segunda Lacan, a separação,
operação de Lacan, envolve oo confronto
separação, envolve con.f!onto do sujeito
sujeito
~l!enado com
alienado com oo Outro, dessa
dessa vez
vezitaôêómo°Iinguagem;
não como linguagem, mascomOdêsejo.
mas como desejo.
causa da presença
A causa presença tisica sujeito no mundo foi um desejo
física do sujeito clesejopor
por algo
algo
(pí:ãzêr, vingança,
(prazer, vingança, satisfação,
satisfação, poder, imortalidade ee assim
poder, imortalidade assirn por diante) por
por diante) por ·-,\
dos pais
parte dos criança. Um ou ambos
pais da criança. ambos desejaram
desejaram algo,
algo, e a criança
criança resulta
resulta I
desejo. As motivações
desse desejo. motivações para se ter filhos são freqüentemente
para se freqüentemente muito
complexas e sobredeterminadas,
complexas sobredeterminadas, e os pais de uma criança
pais de criança podem muito
podem muito
bem discordar um do outro outro com
com relação aósaós seus
seus motivos.
motivos. Um ou ambos ambos
podem
podem atéaté nem ter desejado
desejado um filho, ou podem desejado apenas
podem ter desejado apenas umum
determinado sexo.
filho de determinado sexo.
Quaisquer que
Quaisquer que sejam
sejam os complexos
complexos motivos
motivos dos pais, eles funcionam, •
pais, eles
uma forma
de uma forma muito direta, como
muito direta, como a causa
causa da presença fisica da criança
presença física criança no
mundo. Esses
mundo. Esses motivos
motivos continuam
continuam a agir
agir sobre
sobre a criança
criança após
após oo seu
seu nas-
nas-
cimento, sendo
cimento, sendo responsáveis,
responsáveis, em em grande
grande parte, pelo seu advento
pelo seu advento enquanto
enquanto
um sujeito dentro
dentro da linguagem.
linguagem. Nesse sentido, oo sujeito
Nesse sentido, causado pelo
sujeito é causado
desejo do Outro.
desejo ~ possível
Outr_o. É compreender tal afirmação
possível compreender afümaçãÔ como cÓmci"umadescri-
uma descri-
ção da alienação
ção alienação emem termos desejo, não
termos do desejo, apenas em
não apenas em termos linguagem,
termos de linguagem,
embora oo desejo
embora desejo ee a linguagem
linguagem sejam
sejam somente
somente a urdidura e a trama trama dodo
.. l

O sujeito
O sujeito e o desejo
desejo do
do Outro
Outro 7~/
73
· ... /

mesmo tecido;
mesmo tecido; aa linguagem
linguagem éé perD1eada
permeada pelo desejo ee oo desejo
pelo desejo desejo inconcebível
inconcebíyel
sem aa linguagem,
sem linguagem, ee feitofeito dada própria
própria matéria-prima linguagem. ·
matéria-prima da linguagem.
Se, então,
Se, então, aa alienação
alienação consiste
consiste na causação do sujeito
na causação sujeito pelo desejo do
pelo desejo
-, Outro
Outro que
que précedeu
precedeu seu seu nascimento,
nascimento, por algum desejo
por algum desejo que que não
não partiÚ
partiu do
.sujeito,
sujeito, aa separação
separação consiste
consiste na tentativa por parte
na tentativa parte dodo sujeito
sujeito alienado
alienado de
·lidar com esse
lidar com esse desejo
desejo do do Outro
Outro na na maneira como ele
maneira como ele se
se manifesta
manifesta no no mund<>
mundo
·ao sujeito. Enquanto
do sujeito. Enquanto aa criança
criança tenta sondar oo desejo
tenta sondar desejo do Outro matemo ~
Outro materno —
_que está em
que está em constante
constante mudança,
mudança, desejodesejo entendido
entendido essencialmente
essencialmente como como
,desejo
desejo porpor algo maismais -— ela ela éé forçada
forçada aa aceitar
aceitar oo fato
fato dede que
que não
não éé o<> lÍnico
único
interesse da mãe
interesse mãe (na (namaioria
maioria dos dos casos,
casos, pe«.> menos), seu
pelo menos), seu tnundo
mundo ou ou
universo. É
universo. É raro existir, se
raro existir, se éé que
que existe,
existe, uma
uma unidade
unidade total
total mãe-criança.por
mãe-criançapor
meio da qual
meio quàiestaesta possâ satisfazer todos
possa satisfazer toclos os
os desejos daquela, eé vice~y~rsa.
desejos daquela, vice-versa.
Na verdade, aa mãe
Na verdade, mãe é, é, muitas
muitas vezes, levada aa negligenciar
vezes, levada negligenciar os <>s desejos
desej<>s.Jlada
criança em
criança em alguns
alguns momentos,
momentos, justamente
justamente porque
porque sua atenção está
sua atenção está v<>lta4a
voltada
para outras fontes
para outras fontes de interesse;
interesse; às às vezes
vezes aa criança
criança éé obrigada esperar p~lo
obrigaci::i aª-~~perai- pelo
retomo
retomo da da mãe,
mãe, não apenas por
não apenas causa das
por causa das exigências
~xigênci::is daci11 realidade
~~11Itd.11de (ela
(ela tem
tem
que comprar
que comprar comida
comida ee outras
outras necessidades
necessidades parapara aa criança,
criança, sem sem falar
falar nana
obtenção do
obtenção do dinheiro
dinheiro necessário
necessário para para as as compras),
compras), mas mas tatnbém
também p~l<Js pelos
próprios
fracasso da
fracasso
desejos ee prioridades
próprios desejos
da criança
criança em
prioridades da mãe
em tentar
mãe que não
complementar com
tentar complementar
envolvem a criança.
não envolvem
com perfeição
perfeição aa mãe
criança. O
mãeJêyfã
leva ã
a o
expulsão do sujeito
expulsão sujeito da posição
posição de de desejar-ser
desejar-ser ee aoao mesmo
mesmo tempo fracas-
tempo fracas-
sar-em-ser oo único
sar-em-ser único objeto
objeto do do desejo
desejo do Outro.
Outro. O O porquê
porquê ee aa formaf<>rma.4i~~a
dessa
expulsão, dessa
expulsão, dessa separação,
separação, será será descrita
descrita emem detalhes
detalhes maismais tarde.
tarde. · ··

O vel
O vel da
da alienação
alienação

iA-ãlfenação
(A aliehãçaonãonãoéé um u~ estado
estãdopermanente{ao contrário, ééwn
permanente;ao contrário, um processo,
processo, uma
--~peração
operação queque ocorre
ocorre emem determinados
get~rrrii:ifai:l§fmomento~~
momentos. Em Em lugar
lugar de traçarmos
de traçarmos
oo desenvolvimento
desenvolvimento histórico
histórico dodo conceito
conceito de alienação
alienação dede Lacan
Lacan através
através de
seus escritos
seus escritos -— esse
esse teimo
termo já aparece em seu
já aparece seu artigo
artigo de
de 1936/1949 sobre oo
1936/1949 sobre
estádio do
estádio do espelho
espelho -— eu oo apresentarei
apresentarei aqui
aqui enquanto
enquanto umauma idéia
idéia comple-
comple-
desenvolvida.33
tamente desenvolvida,
tamente
'Poderíamos imaginar um
Poderiamos imaginar conceito de alienação
um conceito alienação envolvendo
envolvendo um um ou/ou
ou/ou
-— umy~f. como 119..J~tjQl
um vel, como no latim -— equivalendo
equival~11do aa uma escolha ~q!~~fyq,_~ptr~
esc<>l~a exclusiva entre
duas partes,
duas partes, aa ser
ser decidida pela luta at(
4~.çicfül::i,.pela]úia até ::tJnoi;te.
a morte. TalTal vel
vel admitiría
admitiria aa
· possibilidade sobrevivência de apenas
possibilidade de sobrevivência apenas uma das das partes (mas apenas
partes (mas apenas
uma), talvez também
uma), ou talvez possibilidade de nenhuma
também aa possibilidade nenhuma das das partes sobreviver.
partes sobreviver.
Contudo, oo "vel alienação" de Lacan sempre exclui
exclui aa sobrevivência
sobrevivência.de de
e
“vel da alienação”
. wna das partes sempre a
uma das partes e sempre a mesma.
mesma:···.. . . . . . . . . . . .... .. . . . . . -· . · · . · ·- - - .
Lacan sempre

O exemplo
O exemplo clássico
clássico de
de Lacan de seu
Lacan de seu vel da alienação
vel da alienação éé aa ameaça
ameaça do
assaltante: "A
assaltante: “A bolsa
bolsa ou aa vida!” (Seminário 111~
vida!" (Seminário 1, p,201):Assim que se
p.201). Assim que se ouve
ouve
.......,.. .,...•.,....., ..... ,. ...............................................
74
74 O sujeito
O sujeito lacaniano
lacaniano

essas palavras,
essas palavras, fica fica claro
claro queque seu seu dinheiro
dinheiro já foi. Caso
já se foi. Caso você
você seja
seja tãotão
imprudente aa ponto
imprudente ponto dede tentar manter aa bolsa,
tentar manter bolsa, oo assaltante,
assaltante, "cumprindo
“cumprindo aa
palavra", tirará
palavra”, vida, ee sem
tirará sua vida, sem dúvida, logo logo após,
após, tirará
tirará seu
seu dinheiro
dinheiro da
mesma forma.
mesma forma. (E (E mesmo
mesmo que que nãonão oo faça,
faça, você
você não estará aí
não estará aí para gastá-lo).
para gastá-lo).
Portanto, você
Portanto, certamente será
você certamente será mais
mais prudente
prudente ee dará
dará aa suasua carteira
carteira ou bolsa;
bolsa;
mas você,
mas você, no no entanto, sofrerá
sofrerá uma uma restrição
restrição de de seu
seu prazer,
prazer, na medida
medida em em
que oo dinheiro
que dinheiro compra
compra oo prazer.
prazer. Só Só resta
resta uma únicaúnica dúvida:
dúvida: se vocêvocê lutará
lutará
com ele
com ele ee talvez
talvez morra
morra na na barganha.
barganha.
As partes
As integrantes do
partes integrantes do vel
vel da da alienação
alienação que que nos interessam aqui
nos interessam aqui não são
não são
sua bolsa
sua bolsa ee sua
sua vida, mas
mas oo sujeito
sujeito ee oo Outro,
Outro, atribuindo-se
atribuindo-se ao sujeitosujeito aposição
a posição
de perdedor(comõ
perdedor (como no exemplo dá
no exemplo da bolsa que você
bolsa que não teve
você não escolha aa não
teve escolha não serser
perder).
perder). No No vel de Lacan,
Lacan, os os lados
lados nãonão são
são dede modo
modo algumalgum equilibrados:
equilibrados: no
confrontação com
confrontação com oo Outro,
Outro, oo sujeito Ílllediatl.ul1en1e sai
sujeito imediatamente sai dede cena.
cenaJ~nqJ,)linto
Enquanto a a
alienação "primeiro passo''
âliêrià.ção éé oo “primeiro imprescindível para.ascerideià
passo” imprescindível subjetividade,
para ascender à subjetividade,
esse passo
esse envolve]êscollier"Õpróp#o',-desãp"ãrecimenfc:;,;.
passo envolve/escolher “o próprio” desãp iiSènto; .....
o conceito lacaniano
O conceito lacaniano de sujeito
sujeito como falta·a·ser éé útil aqui: oo sujeito
como falta-a-ser sujeito fra-
fra.
cassa em
cassa em se se desenvolver
desenvolver comocomo um alguém, como
um alguém, corrioumserespecífico;
um ser específico; no no sentido
sentido
mais radicà.l, ele
mais radical, ele não ele éé bã'.0:sér,
não é, ele não-ser. O O sujeito existe-
sujeito existe — na na medida
medida em em que
que aa
palavra
palavra oo moldou
moldou do nada, nada, ee éé possível ou
falar ou discursar
possível falar discursar sobresobre oo sujeito
sujeito.-:-—
embora permaneça
embora sem-ser. Antes
permaneça sem-ser. Arites da da alienação
alienação não não havia
havia aa menor
menor pos· pos-
sibilidade de
sibilidade de ser:
ser: “é
"é oo próprio sujeito que
próprio sujeito que não está lá
não está lá no
no começo”
começo" (Seminário
(Seminário
14, 1166 de novembro
novembro de de 1966);
1966); postenonnente,
posteriormente, seu seu ser
ser éé apenas
apenas potencial.
potencial. A
alienação dá
alienação dá origem
origemaa umaumapossibilidade
possibilidade pura pura de de ser,
ser, umum lugar
lugar onde
onde espera-se
espera-se
encontrar um sujeito,
encontrar sujeito, mas
mas que,
que, no no entanto,
entanto, permanece
permanece vazio. vazio. A A alienação
alienação
engendra, de certa
engendra, certa maneira,
maneira, um um lugar
lugar no no qual
qual está
está claro
claro que
que não
não há,há, por
por
enquanto, nenhum
enquanto, sujeito: um
nenhum sujeito: um lugar
lugar emem que
que algo
algo está
está visivelmente faltando.
visivelmente faltando.
O primeiro
O vislumbre do sujeito
primeiro vislumbre sujeito ééjustamente
justamente essa essa falta.
falta.
No trabalho de Lacan,,a
No trabalho Lacan, a faltafà.lta tem,
tem, atéaté um certo
certo ponto,
ponto, um statusstatus onto-
onto·
4
. lógico
lógico4: : éé oo primeiro
primeiro passÓalém~º11~da.·Qualificar
passo além do nada. Qualificar algo algo como
como vaziovazio éé
usar
usar uma
uma metáfora espâc:fal que implica que ele
metáfora espacial ele poderia estar estar completa-
completa·
cheio, isto
mente cheio, é, que ele
isto é, ele tem à.lgum tipo de existência
tem algum existência acimaacima ou ou além de
ser cheio
ser cheio ou vazio.
vazio. UmaUma metáfora
metáfora muitasmuitas vezes
vezes usada
usada por por Lacan
Lacan éé aquela
aquela
que ,!!g.Q
de C(\iq aXgoqui qui manque
manque àà sqJ!.[(!._C.!!,
sa place. que q!Je está
estáJora lugar, não
fora de lugar, não se encon-
encon·
tra onde deveria
tra onde deveria estar
estar ou
ou emem geral
geral está;
está; emem outras
outras pá.lavras,
palavras, algo algo que estáestá
faltando. Para
faltando. Para queque algo esteja
esteja faltando,
faltando, éé necessário
necessário primeiro
primeiro que que ele
ele tenha
tenha
estado presente
presente ee localizado;
localizado; ele ele deverá
deverá ter tido um lugar lugar antes.
antes:J~_algo
E algo
somente tem
somente tem um lugar dentro
um lugar dentrode de um sistema ordenado
um sistema ordenado -— as as coordenadas
coordenadas
espaço-tempo ou oo sistema
espaço-tempo sistema de catálogo
catálogo de de uma
uma biblioteca,
biblioteca, por por exemplo
exemplo -—
outras palavras,
em outras dentro de
palavras, dentro de algum tipo tipo dede estrutura
estrutura simbólica.
simbólica.
alienação representa
A alienação representa aa instituição
instituição da ordem simbólica-
da ordem simbólica — que que deverá
deverá
ser realizada
ser realizada novamente por cada novo
por cada sujeito -— ee aa atribuição
novo sujeito atribuição de de umum
O sujeito
O sujeito e o desejo
desejo do
do Outro
Outro 75
75

fE.gf!:!P(}__s.u}e.}t<LIJ.'!~S.ª-ºref..!m·
lugar ao sujeito nessa ordem. Um lugar lugar que
que ele
ele não "detém''
“detém” ainda, mas mas
um lugar designado para
íugar designado para ele, e para apenas. Quando
para ele apenas. QuandoLacan Lacan diz (no
diz (no
Seminário 111)
Seminário quero ser do sujeito
1) quefiTser su3e1to esfã-eclíps1rdo1rehrti:rrgrr-agem,
ê ips'ado ela4iirguagem, que que o
rsujeifo aqui desliza
ísujeito desíiza para
para ba1xõ-õupãrã"lfás""âo sígiiífic:ãnlê, éé. em
baixofoiTpãrãffãs dõ"sígni'ficant'ê, em pârte
parte
devido
devido ao ao fato de queque o sujeito
sujeito está
está completamente
completamente submerso
submerso na lingua-
:gem, sendo seu
gem, sendo seu único traçoum
único traço marcador de lugar ou um sinal
um marcador sinal na ordêm
ordem
.·sirnbólica (Figura 5.
simbólica (Figura 5.11).
).
Figura 5.1
Figura **

Outro

Como proposto por


Como proposto por J.-A. Miller, é pos~ível..yi;::r...Q.P!:QC.;~~9
J'.::A,Miller, possível ver o processo d~!!i~~~_ção,.
de alienação z
produzindo oo sujeito
sujeito como
c<>tn<> conjunto vazio, {0}, àn outras palavras,.~tn
conJ11i:i!<>.Y~~o?J~J,.~)n palavras, um
conjunto que
conjunto que não
não tem
tem elementos,
elementos, um símbolo
símbolo queqúe transformll
transforma o nada
nada em ~lll
'algo marcá-lo ou representá::lo.
algo ao marcá-lo representá-lo. A A teoria dos conjuntos
conjuntos geragera seu
seufotêfro
inteiro ·.
\ domínio com base nesse nesse único símbolo
símbolo e em em um determinado número número de
i axiomas.
axiomas. De maneira análoga, o sujeito
maneira análoga, sujeito lacaniano
lacaniano está ~stá baseadº-pª·ººmea-
baseado na nomea-
j ção do vazio. OQ signifícante quê füridà. o sujeito;
significat1te _éé o que funda o
sujeito; o significante {o_:
s1gnific~t(: é o que
que:
! tem força
força ôntica extraindo existência que assinala e anula. O.
extraindo do real a existência O que ,
I forja,
ele fbrj entretanto, não possui
a, entretanto, possui nenhum substancial ou matê~·àL
sentido substancial
nenhum sentido material. ,
I OO conjunto
conjunto vazio corno o sinal do
vazio como do sujeito
sujeito dentro
dentro da ordem Slllll>Qlica ·.
ordem simbólica
I está
está relacionado
relacionado ao ~orne
home próprio sujeit~l Muitas
próprio do sujeitd Muitas vezes, esse esse nome
nome é ·
I escolhido
escolhido muito antes
antes do nascimento
nascimento da criança,
criança, inscrevendo::.a
inscrevendo-a no simbó-sirnbó-
Iico. A priori,
/ lico. esse nome
priori, esse nome não tem absolutamente
não tem absolutamente nada em em comum
comum com ce>nt o
sujeito; ele é tão estranho
sujeito; estranho para ele quanto
quanto qualquer
qualquer outro
outro significante.
significante. Mas
Mas
com o tempo
\I com tempo esse
esse significante
significante -— mais, talvez,
talvez, do que qualquer outro outro -—
irá até a raiz
jirá seu ser
raiz do seu ser e tomar-se-á
tomar-se-á inextricavelmente
inextricavélmente ligado ligado·. a sua
sua
\f;~~:;~::~;i~=;~:~;~~í-~~~~~t~--d·~--~-~~--~~-~~~-~--~~-~!~~~~-=~~~~~~---·
subjetividade. Ele se tomará o significante de sua própria ausência enquan-
to sujeito, substituindo-o. 5
· Abordemos,
---------
agora~ uma operação
Abordemos, agora, que “complementa”
operação que
------------------------
"complementa" a alienação.
alienação.

O desejo
O desejo ee aa falta
falta na
na separação
separação

A alienação éé_ essencialmente


A.~li~n;ição caracterizada p~~
essencial111ç~~~_Ç,?;~'?~~x.j:zada por ~a
uma escolha “forçada” que
escol~~'.'.f<?.!S:!4.t: que
descarta o ser
.descarta ser para
para o sujeito,
sujeitq, instituindo
instituindo em seuem lugar a ordem simbólica
seuh.igâràõrdetn simbólica e
:~~~~~~~do
relegando oo sujeito
sujeito àà mer~~~~~~~~~~.:~§~unfin~~~?rcle··r~gíil_~-~~tro
mera existência comotum marcador dê lugar dentro
76
76 O sujeito
O sujeito lacaniano
lacaniano

dessa ordem.
dessa ordem. ÂTseparação,
~paraçã4, por outr<> lado,
por outro lado, dáíorigem
dá(origem a,o ~•. mas
ao sei, mas esse ~~s~_~er
ser
éé eminentemente
eminentemente evanescente
evanescente e·evasiw.
e evasivo. Enquanto
Enquanto aa alienação
alienação está(:lstálJ~~~da
baseada
em umum tipo
tipo muito
muito desequilibrado
desequilibrado de ou/ou, aa separação
de ou/ou, separação estáflstá l:>a~e~~!.~m
baseada em
·umnem/m.
um nem/nem.
A separação implica
A separação situação naquaHaritp
implica uma situação na qual tanto oo sujeito
sujeit<> ql,l_l:lilt<><>,
quanto o Outro 9!1.!rº
estão excluídos.
estão excluídos. O 9 ser sujeito deve
ser do sujeito deve então
então vir, vir, de certa
certa forma,
forma, de ~e “fora”,
'.~f.çra",
alguma coisa
de alguma coisa outra
outra que
que não
não oo sujeito
sujeito ee oo Outro,Outro, algo
algo que que não não éé
exatamente nem
exatamente nem um nem outro.
um nem outro. ',,,,, ,,, '' ' " ', '; .,
· · Uma das
das idéias
idéias essenciais
essenciais contida na separação
contida na separação éé aa de uma umajustaposição,
justaposição,
superposição coincidência de
superposição ou coincidência de duas
duas faltas. Isso não
faltas. Isso deve ser
não deve sercônfunclido
confundido
com uma
com falta da falta:
uma falta falta: uma
uma situação
situação em
em que
que aa falta
falta está
está faltando.
faltando. Considere
Considere
oo seguinte trecho
trecho do Seminário
Seminário 10: 10:
O que provoca
O ansiedade? Ao contrário
provoca a ansiedade? contrário do que dizem as as pessoas,
pessoas, não é nem
alternância da
o ritmo nem a alternância ela presença-ausência mãe. o
presença-ausência da mãe. O que provoca
provoca isso isso é
criança delicia-se
que a criança delicia-se em repetir
repetir os jogos de presença-ausência:
jogos de segurança
presença-ausência: a segurança
presença éé encontrada na
da presença na possibilidade ausência. O
possibilidade da ausência. O que mais causa causa
ansiedade na
ansiedade criança éé quando aa relação
na criança relação através
através da qual vem àáser·:.:.:.
qual ela vém ser — baseada
baseada
na falta que a faz
faz desejar
desejar -— é mais perturbada: quando não há nenhuma
falta, quando aa mãe está constantemente
possibilidade de falta, constantemente antecipando
antecipando suas suas
necessidades. dezembro de
necessidades. (5 de dezembro de 1962)
1962) · ·····

Este exemplo
Este exemplo não não sese adapta
adapta àà noção
noção de separação
separação de de Lacan,
Lacan, pois pois as as
negativas aqui (as (as faltas)
faltas) ambas
ambas se se aplicam
aplicam ao mesmo
mesmo termo:
termo: aa mãe,mãe, em em
outras palavras,
palavras, oo Outro.
Outro. O O Outro
Outro materno
matemo precisa mostrar algum
precisa mostrar algum sinalsinal de
incompletude, falibilidade,
incompletude, falibilidade, ouou deficiência
deficiência para
para aa separação
separação se se concretizar
concretizar
ee para
para oo sujeito
sujeito vir aa ser como
como $;$; em outras
outras palavras,
palavras, oo Outro matemo
materno deve deve
demonstrar que éé um sujeito
demonstrar sujeito desejante
desejante (e (e dessa
dessa forma
forma também
também faltante
faltante ee
alienado), que
alienado), que também
também se se sujeitou ação da
sujeitou à ação da divisão
divisão da linguagem, para para
que testemunhemos
que testemunhemos oo advento sujeito. A
advento do sujeito. A mãe
mãe no exemplo do Seminário
no exemplo Seminário
10 monopoliza oo campo:
1Omonopoliza campo: nãonão fica
fica claro se ela
claro se ela mesma tornou-se um
mesma tomou-se um sujeito
sujeito
dividido.
Na separação começamos
Na separação começamos aa partir de um
partir de Outro barrado,
um Outro isto é,
barrado, isto é, um
um ge- ge-
nitor que é por
por si mesmo dividido: que
mesmo dividido: que nem sempre está
nem sempre está ciente
ciente (consciente)
(consciente)
do que
do que deseja
deseja (inconsciente)
(inconsciente) ee cujo
cujo desejo
desejo éé ambíguo,
ambíguo, contraditório,
contraditório, ee em em
constante. O
fluxo constante. O sujeito
sujeito ganhou
ganhou -— mudando
mudando um pouco pouco as as metáforas
metáforas -—
através alienação uma base
através da alienação dentro desse
base dentro desse genitor dividido:,,.o
genitor dividido: o . sujeito
.~ujeito
instalou sua
instalou sua falta
falta aa ser (W<lnque-à~être) 11aquele
ser (manque-à-être) "lugar>' onde
naquele “lugar” onde oo Outro
Outro es- es-
.ft:zvCLfaltando.
tavafaltando. Na separação,<>
Na separação, suje~to tenta
o sujeito tenta preencher
preencher aa falta
falta do
do Outro
Outro matemo
materno
-— demonstrado
demonstrado pelas várias manifestações
pelas várias manifestações de seu desejo
de seu desejo por algo mais
por algo mais -—
com sua
com sua própria
própria falta aa ser, seu
seu self ou ser
self ou ser ainda
ainda não existente. O
não existente. Q sujeito
si,!iei!<> !~11ta
tenta
desenterrar' explorar,
desenterrar, explorar, alinhar
alinhar ee conjugar
conjugar essas
essas duas
duas faltas,
faltas, buscando
buscando os os limites
limites
precisos falta do
precisos da falta do Outro
Outro aa fim dede preenchê-la
preenchê-la comcom seu
seu self.
self ··
'\
O sujeito
O sujeito e o desejo
desejo do Outro
do Outro 77

A criança
criança compreende
compreende o que que é indecifrável
indecifrável no discurso dos.pais.
no discurso dos pais. Ela Ela
está interessada
está interessada naquela determinada coisa
naquela determinada coisa que
que se encontra
encontra no intervalo
intervalo do
discurso parental. A criança
discurso criança tenta ler entre entre as linhas para decifrar
decifrar por por quê:
Ela diz X, mas por
Ela por que seráserá queque ela
ela está
está me dizendo
dizendo isso?
isso?,Q que ela quer
O que qµer
.de mim?
mim? O queque ela
ela deseja
deseja em em geral?
geral? Os Os porquês intermináveis das
porquês intermináveis das crianças
cria~ças
não são,
são, na opinião
opinião de Lacan,
Lacan, o sinalsinal dede 1'ma curiosidade insaciáyelcom
üma curiosidade insaciável com
relação ao funcionamento das coisas
relação coisas mas
mas mostram
mostram umapreocupação.
uma preocupação com ~!?m
.o
o lugar emem que elaselas sese encaixam,
encaixam, que posição.ocupam,.que
posição ocupam, que _ importância
imp()~~cia
Jêm
têm para seus pais.
para seus pais. ,As crianças estão
As crianças estão preocupadas
preocupadas em em assegurar
asseglll'ar um lugarlugar
(para
(Para si mesmas),
mesmas), tentar
tentar sers<::r o objeto
objeto do desejo
desejo de seus pais -_em
seusp!li~ — em ocupar ocupar
aquele “espaço”
"espaço" entre
entre as linhas,
linhas, onde
onde o desejo
desejo mostra
mostra sua face, as palavraspalavras
sendo
sendo usadas tentativa de expressar
usadas na tentativa expressar o desejo,
desejo, e :meimo
mesmo assim sempre
ElSSitn ~empre
.fracassando
fracassando em em fazê-lo
fazê:·:l() adequadamente.
adequada:men~e. ·· ·· · .,.
A falta
falta e o desejo
desejo são co-extensivos
co-extensivos para Lacan. A criança
para Lacan. esforça-se
criança esforça-se
forma considerável
de forma considerável para preencherpreencher toda a falta da mãe, espaço total
mãe, seu espaço
de desejo;
desejo; a!l criança
criança deseja
de~(;:Ja...ser tudo para ela.
~er.m.dQ.,pJ1r.a. eJ~. As crianças
crianças se se atribuem
atribuem a
tarefa
tarefa de escavação
eséavação do elo lugar
lugar do desejo
desejo da mãe,mãe, correspondendo
correspondendo a cada
capricho
capricho e fantasia
fantasia dela. O 9 desejo
d~~ü<> da qa._ mãe_é
mãe é uma ordemordem...para e!?~i. éé a
parn elas,
_clemanda delas.66 Lacan
demanda delas. Lacan reffêrá
reitera repetidas
repetidas vezes que o desejo crianças
desejo das crianças
nasce completamente
completamente subordinado ao desejo desejo da mãe:mãe: “Le "Le désir
désir de
'homme, ce 'est
l 'homme, 'est le
/e désir
désir de l 'Autre
Autre "d ".1 Tomando segunde, de
Tomando o segundo de como
como genitivo
genitivo
subjetivo (Écrits, p. 3312)
subjetivo 12) em uma primeiraprimeira instância, as traduções
traduções a seguirseguir
são possíveis:
possíveis: “O"O desejo
desejo do homem homem é o desejo desejo do Outro”,
Outro", “O "O desejo
desejo do
homem é o mesmo
homem mesmo que o desejo desejo do Outro”,
Outro", e "O homem deseja
“O homem deseja o que o
Outro
Outro deseja”, todas comunicam
deseja", todas comunicam parte parte do sentido.
sentido. Pois o homem homem não
somente
somente deseja
deseja o que que o Outro deseja, deseja da mesma
deseja, mas deseja mesma forma;
forma; em em
outras palavras, seu desejo
outras palavras, desejo é estruturado exatamente como como o do Outro. O
homem
homem aprende desejar como
aprende a desejar como um outro,outro, como
como sese ele fosse alguma
alguma outraoutra
pessoa.
pessoa.
Ç> que é postulado
O postulado aqui é uma tendência tendência a sobrepor
sobrepor totalmente
totalmente a falta I
da mãe e a da criança,
criança, o que significa
significa tentar fazer com com que os seus seus desejos
desejos
coincidam completamente
coincidam completamente (Figura (Figura 5.2).
5.2). ·
Figúra5.2
Figura 5.2

o
Outro
Outro

Sujeito
Sujeito

)'lo
No entanto,
entanto, esse
esse é um momento
momento quimérico
quimérico e irrealizável. Pois o fato é
irreaji~ável. Pois
que, por mais
que, por mais que tente, a
tente, a criança raramente poderá
criança raramente poderá e raramente
raramente será
será
78
78 O sujeito
O sujeito lacaniano
lacaniano

autorizada (ou
autorizada (ou forçada)
forçada) aa monopolizar
monopolizar por completo oo espaço
por completo espaço do desejo desejo da
t.~Q ª crian~ ser
mãe. É raro a criança interesse da..mije_
secoo único interesse mãe ee. as
1:t~ -~.!!a§_fuJJa$,_JLU!_l:~li
duasLfalUs nunca
poderão sobrepor inteiramente:
poderão se sobrepor inteiramente: o sujeito
sujeito é impedido
impedido ouou barrado tolllar
barrado de tomar
conta, ao menos
conta, menos em
em parte, do "espaço"
parte, do desejo.
“espaço” do desejo.

A introduça.o de
A introdução de um
um terceiro
terceiro termo
termo

f.:A separação pode .seryista.aqui


sep~raçiop.o.<:le como.eµy_0,Jvendo.
ser vista aqui como envolvendo, µmaJ~m~tiYa.49
uma tentativa dp. sujeito s,iJe.i.!~
_ de fazer
fazer essas
essas duas
duas faltas coincidirem
coincidirem totalmente.
totalmente. No entanto, essa
No entanto, essa tentativa
tentativa
é frustrada modo
frustrada de modo abrupto.abrupt~: :fpossivêiêômeçar
É possível começar aa entender entender como como e por por
que essaessa tentativa frustrada através
tentativa é frustrada através do exameexame da reconceitualização
reconceitualização da
psicose elaborada por
psicose elaborada por Lacan no Seminário
Seminário 3 ee em em “De "De umauma questão questão
preliminar
preliminar a qualquer tratamentotratamento possível
possível da psicose" psicose” nos nos Escritos.
Escritos. Pa-
rece-me que
rece-me que sua noção
noção de de separação,
separação, formulada
formulada em em 1964, é em em alguns
alguns
aspectos equivalente
aspectos equivaiênte ao aó que
qi.ie Lacan
Lacan-em 1956 se
em 1956 se referiu como a operação
referiu como operação da
"metáfora
“metáfora paterna" paterna”. 8s
''.~S:.i!Q..Pa.terna".
paterna” ou “fimção
.:segiiridol:acan,
Segundo Lacan, a psicoseres11lta
psicose resulta do <i<> fracasso
f!acasso por por parte
parte da _cr~lil'
criança l_Ǫ de
assimilar um
assimilar significante “primordial”
um signifícante ~'prim<>rclia}" que estrutúrarfa de
que estruturaria outro q10Q9
de outro modo oo
universosimbólico
universo simbólico dela.dela. Esse fracasso
fracasso deixadeíxa aa· criança
criança sem sem âncora âncora na na
·'linguagem,
linguagem, sem sem uma bússola
bússola _que oriente. Uma
que a oriente. Uma criança
criança psicótica
psicótica pode pode
assimilar a linguagem,
muito bem assimilar linguagem, mas mas nãonão pode pode vir aa ser linguagem
ser na linguagem
da mesma forma que uma criança
mesma forma criança neurótica.
neurótica. Carecendo
Carecendo desse desse fundamental
fundamental
ponto ancoragem, oº··!:_~S~l'lte
ponto de ancoragem, dos significantes
restante dos significant~~-assnn.Ua<;l<>s
assimilados estão estão con-
<ienaçl9s.a.navegar-à.deri:v.a.
denados a navegar à_deriva. ------- · · ·-·-··-· .. . ·-- -·--- - -
significante''primordial"
· Esse signifícante instalado através
“primordial” é instalado através da operação
operação do que
Lacan chama de metáfora metáfora paterna função paterna.
paterna ou função paterna. Se Se postularmos
postularmos
hipoteticamente uma unidade
hipoteticamente inicial mãe-criança
unidade inicial mãe~criança (como (como wn um momentomomento
lógico, isto
lógico, estrutural, se
isto é, estrutural, se não wn momento temporal),
um momento temporal), oo pai, pai, na família
na família
nuclear ocidental,
nuclear ocidental, atuaatua tipicamente
tipicamente de tal forma forma a romper romper essa essa unidade,
unidade,
intervindo nesse lugar
intervindo como um terceiro
lugar como terceiro termo
termo -— muitas muitas vezes
vezes percebido
percebido
como estranho
como estranho e até indesejável.
indesejável. A criança,
crial)_çª,__,aj__nda
_ajnda um um tipo
tipo de pacote pacote
indiferenciado sensações, carente
indiferenciado de sensações, carente de
de"coordenação
coordenação psicomotorapsicomotora e e . qual-
qual-
quer sentido de 5C
quer sentido self, não pode ainda ser
pode ainda ser distinguida
distinguida de sua sua mãe,
mãe, e considera
considera
corpo desta
o corpo desta como
como uma simples extensão extensão do seu, seu, estando
estando em em um tipo tipo de
"contato direto e desimpedido”
“contato direto desimpedido" com com ele. E a mãe pode estar inclinada a
pode estar
dedicar quase
dedicar quase toda a sua atenção para a criança,
sua atenção criança, antecipando
antecipando cada neces- neces-
sidade, tomando-se
sidade, tomando-se acessível e disponíveldisponível o tempo tempo todo todo... Em tal situação,
situação,
o pai
pai ou algum outrooutro membro
membro da família
família ou algum algum outrooutro interesse
interesse da mãe mãe
pode desempenhar uma função muito
pode desempenhar muito específica:
específica: a de anular anular aa unidade
_µiãe-criança,
mãe-criança, criandocriando um espaço espaço ou umauma lacuna
lacuna essencial
essenêial"entre-elãs:·No
entre elas. No
càso. dá'
caso da mãe.
mãe nãb atenção alguma ao pai
dedícãf"áfênção"'âigiim.a
nãó dedicar pai -ou
01.l âa outro
oufro membro
membro da
O sujeito e o desejo do
do Outro 79
79

família, não
família, não conferindo
conferindo aa ele ele importância
importância alguma, alguma, oo relacionamento
relacionamento mãe- mãe-
criança nunca
criança nunca poderá
poderá se se tomar
tomar triangular.
triangular. Ou Ou ainda,
ainda, quando
quando oo pai pai ou outro outro
membro ·da
membro família éé indiferente,
da família indiferente, permitindo
permitindo tacitamente
tacitamente que que aa unidade unidade
ininterrupta, um
continue ininterrupta, wn terceiro
terceiro termotermo nunca
nunca poderá
poderá ser introduzido.
Lacan chama
Lacan chama esseesse terceiro termo de oo Nome-do-Pai,
terceiro termo Nome-do-Pai, mas mas ao ao formalizar
formalizar
ação através
sua ação através da metáfora
metáfora ou função paterna, paterna, torna claro que
toma claro que po nome- n()tn~-
..do-pai
do:-paí não esbí inevitavelmente
não está inevitavelmente Hga40 ligado aos ap~ pais
pais biológicos
biológicos ou aos aos pais pais em em
ou ainda aos
si ou aos seus
seüs nomes
nomes pr6priôs.
próprios. No Seminário 4,
No Seminário tãcan
4, Lacan vai vai mais mats alémalém
ao sugerir
ao sugerir que
que oo único
único significante
significante que que éé capaz
capaz de de desempenhar
desempenhar uma uma função
paterna
paterna no caso do
no caso do ·~pçqueno.H~s"
“pequeno Hans” de de Freud
Freud éé oo significante
significante “cavalo”. "cavalo".
Nesse caso,_"CayitJQ~~-~çt~~~p._t~gm_p,Q.P.J.~-~opai,
Nesse caso, “Cavalo* é çlaramente nq mas com
pai, mas com certeza
certeza não não
éé seu
seu nome “próprio”.
"próprio". Ele substitui oQ. pai
Ele substitui pai .de Hans,
Hans, que que éé incapaz
incapaz de
desempenhar uma
desempenhar uma função paterna paterna porque
porque éé incapaz
incapaz de de separar
sçparar seu seu filho filho dede
sµa esposa.
sua esposa.99 ·
Conforme indicado
Conforme indicado no no capítulo
capítulo 3, 3, aa ordem
ordem simbólica
simbólicaserve para neutra-
serve para neutra-
lizar oo real,
lizar real, para
para transformá-lo
transformá-lo em em urna realidade social,
uma realidade social, embora
embora não não
''lócfalri:ierite• âceitá~ei, ee aqui
sócialmente aceitável, aqui oo nome
nome que serve à
que serve função
à função paterna
paterna barra. barra ee
transforma
transforma aa unidade mãe-criança real
unidade mãe-criança real ee indiferenciada:
indiferenciada. Efabârii
Ela barra ooâcêsso acesso
·.fácil criança ao contato
fácil da criança confatoprazêrôso
prazeroso ºêom com aamãe:'exigindo
mãe, exigindo que que aa criança criança
busque
busque oo prazer através de
prazer através de vias aceitáveis para
vias mais aceitáveis para aa figura
figura paterna
paterna e/ou e/ou
Outro matemo
Outro materno (na (na medida
medida em em queque é somente
somente atravésatravés da da importância
importância que
mãe atribui
aa mãe atribui ao pai pai que este este pode desempenhar sua
pode desempenhar sua função).
função))~·osJNos . tennos tç~os
freudianos, aa ordem
.freudianos, or<:11::zn .~J~~-~fü:~-~
simbólica é -~ um correlato
~()l!~lat<>JI<>do princíp~<>,
princípio da realidade,
~~--I~~fül!~e;--
que não _nega
_q1:1,~_!!!() nega __p9_r
por __completo
çomple.to.os_9l,j~t.!Y.C?~.!:lo_p_rincípi()
os objetivos do princípio _ do <:lc:>prazer
prazer mas mas ·os ós
'canalizaparacatninhos
canaliza para caminhos socialmente socialmente estabelecidos.
estabeiecidos.10 10 ·····-·········· ··--·-
-.. . A função pa,rern~
A função leva
paterna leva àà assimilação ou
assimilação ou instalação histâláção de de um nome nome (que, (que,
como veremos,
como veremos, não não éé ainda
airicfaºu,_1!1 ''sigtifüêa11te pleilamente
um “significante desenvolvido",
plenamente desenvolvido”,
uma
uma vez vez que
que nãonão éé deslocável)
deslocável) que que neutraliza
neutraliza oo desejo
desejo do õüti:o;--visto
Outro, visto por
Lacan
Lacan como como potencialmente
potencialmente muito muito.perigoso
perigoso para para aa criança,
criança, ameaçando
ameaçando
tragá-la engoli-la. Em
tragá-la ou engoli-la. Em um um trecho
trecho notável
notável no Seminário 17,
no Seminário 17, Lacan Lacan
resume
resume em em termos
termos muito esquemáticos
esquemáticos oo que que vinha
vinha dizendo
dizendo há anos: anos:
O desejo da mãe. É
O papel da mãe éé oo desejo É capital. OO desejo
desejo da mãe não éé algo que
mãe não que
se
se possa assim, que lhes
possa suportar assim, lhes seja
seja indiferente.
indiferente. Carreia
Caneia sempre
sempre estragos.
estragos. Um
crocodilo em cuja
grande crocodilo cuja boca vocês estão
boca vocês estão -— a mãe
mãe é isso. Não se sabe
sabe oo que
lhe pode
pode dar na telha, de estalo
telha, de estalo fechar
fechar sua bocarra. desejo da mãe éé isso.
O desejo
bocarra. O isso.
tentei explicar que havia algo de tranqüilizador. Digo-lhes
Então, tentei Digo-lhes coisas
coisas
simples, estou
simples, estou improvisando,
improvisando, devodevo dizer.
dizer. Há
Há um rolo, pedra, éé claro,
de pedra,
rolo, de claro, que
que lá
está em potência,
está potência, no nível da bocarra,
bocarra, ee isso
isso retém, emperra. É
retém, isso emperra. É oo que sese
falo. É
chama falo. É oo rolo
rolo que os
os põe salvo se, de repente, aquilo se
põe a salvo se fecha
fecha (p. 105).
l 05).

Não
Não podemos esquecer que
podemos esquecer que as
as palavras francesas que traduzi
palavras francesas traduzi por desejo
por desejo
mãe (désir
da mãe (désir de
de la
la mère)
mere) são
são inevitavelmente
inevitavelmente ambíguas,
ambíguas, sugerindo
sugerindo tanto
tanto
80
80 O sujeito
O sujeito lacaníano
/acaníano

desejo da criança
o desejo criança por sua mãe
por sua quanto o desejo
mãe quanto desejo da iriãe
mãe em si.si. Seja
Seja qual
nossa escolha,
for a nossa escolha, se
se preferirmos encarar a situação
preferirmos encarar situação como
corno umum todo, a
questão mesma:_ a linguagem
questão é a mesma: linguagem protege
protege a criança ele ~-li
crianç1:1 de situação dual
uma situação dual
potencialmente
potencialmente perigosa, e
fori:riâ como
perigosa, e a forma como isso
isso sese dá éé .através
através da subs- da 5-ubs·
tituição desejo da mãe
tituição do desejo mãe por um nome.
por um nome, . - --

Nome-do-Pai
Nome-do-Pai
Desejo da mãe
Desejo da mãe

Em uma leitura leitura literal,


literal, esse
esse tipo de formulação
formulação (Écrits,
(Écrits, p.200) sugere que
p.200) sugere
desejo da m
o desejo mãe.é
ã e é pelo
pelo pai (ou
(ou qualquer
qualquer coisa
coisa que
que possa
possa preencher
preencher oo lugar
lugar
dele na família),
dele família), ee queque éé então
então o nome dele que
nome dele que desempenha
desempenha essa essa função
paterna
paterna protetora através da nomeação
protetora através nomeação do desejodesejo do Outro
Outro matemo.
matemo.
JÇtejiçprdo com Saul Kripke, um nome é um designadpr rígido 1 1 , em
I>~--ª'ç__Qfº2. ..~~-~-~al!l Kripke, um_l_!~~e..-~.-~-~~S.!@~.9-9LtigJ.<!.2.~.~, en;i
_outras
c:>l:1:tras palavras,
palavras, eleele_ semprej
semp1"e e inflexivelmente
infl~~Y~Imente designará
designará aa mesma
mesma coisaTÉ
coisa:-:E
possível referirmos a um nome
possível nos referirmos nome como
como um significantê,
significante;·mas"ãpefiãS
más ápênãs com com
advertência de que
a advertência que é um tipo extraordinário
extraordinário de significantê,
significante, um signifi-
signifi·
cante “primordial”. É
cante "primordial". necessário dar um passo
É necessário passo àà frente
frente para que aquilo.que
para que aquilo que
substitui ..ou
·substitui óúõêupa
ocupa o lugar do desejo desejo do Outro
Outro matemo
matemo passe
passe aa füncionar
funci9nar
como wn
como significante “plenamente
um significantê "plenamente desenvolvido”:
desenvolvido": ele deve deve tomar-se
tomar.se parte
parte
essencial do movimento
essencial movimento dialético
dialético_ dos significantes,'ístò
significantes:-ísto·e,é, foriiar.::se··aeslo-
tòmáf-sêdeslo-
cável, ocupando
cável, ocupando üma uma posição significante que pode
posição significantê incluir uma
pode incluir uma série
série de
significantes diferentes
significantes diferentes comcom o passar
passar do tempo.
tempo. Isso
Isso exige
exige uma "separação
uma “separação
adicional" que será
adicional” será tratada
tratada mais adiante
adiante neste capítulo, ee é somente
neste capítulo, somente essa essa
separação adicional que pennite
separação permite queque Lacan
Lacan sese refira elemento simbólico
refira ao elemento simbólico
função paterna
ativo na função formas variadas:
paterna de formas como o Nome-do-pai
variadas: como Nome-do-pai (le (/e nom
nom
du pere),
père) y pg nãon~g___do
clo pai (Ze non du pere)
(/e non père) ou proibição,
proibição, o falofalo (como
(como
significani~dô
significantê dese}o);··e-·Õ-signi]iêãn1e·o.,i
do desejo), e g significãnté áG desejo do Outro, Outro, S(A).
S(l).

Significante
Significantê
Desejo
Desejo da mãe
mãe

A substituição
substituição subentendida
subentendida pela metáfora paterna
pela metáfora somente se
paterna somente torna pos·
se toma pos-
sível pela
sível pela linguagem e é, portanto, somente na medida
portanto, somente em que um "segun-
medida em “segun-
do" significantê,
do” for instalado
significante, S2, for instalado (o
(o Nome-do-Pai,
Nome-do-Pai, no início,
início, e depois
depois mais
mais
amplamente o significantê
amplamente desejo do Outro)
significante do desejo Outro) que
que o desejo
desejo da mãe éé
retroativamente simbolizado ou transformado
retroativamente simbolizado transformado emem um "primeiro" signifi-
“primeiro” signifi-
(Si):
cante (Sj):

S2
Si
O sujeito
O sujeito e o desejo
desejo do
do Outro
Outro 81

Aqui, oo S2 é, portanto,
Aqui, portanto, umum significante
significante que que representa
representa um um papel
papel muito
preciso: ele simboliza
preciso: ele simboliza 0o desejo
desejo do Outro
Outro matemo,
matemo, transformando-o
transformando-o em sig- sig-
nificantes. Ao fazê-lo,
nificantes. fazê-lo, cria
cria uma
uma fratura
fratura na unidade Outro
na unidade Outro matemo-criança
matemo-criança
permite àà criança
e permite criança um espaço onde
um espaço onde pode
pode respirar
respirar mais
mais tranqüilamente,
tranqüilamente, um um
espaço próprio.
espaço próprio. ÉÉ através
através da linguagem
linguagem que uma criança pode tentar
uma criança tentar mediar
mediar
desejo do Outro,
o desejo mantendo-o àà distância
Outro, mantendo-o distância e simbolizando-o
simbolizando-o cada cada vez
vez mais
completamente. Quando
completamente. década de
Quando na década de 1950,
1950, Lacan
Lacan falava
falava do do S2, acima
descrito, como
descrito, Nome-do-Pai e na
como 0o Nome-do-Pai década de 1960
na década 1960 como
como o0 falo,falo, podemos
podemos
ent~ndê-lo mais
entendê-lo mais genericamente
genericamente como como 0o significante
significante que que vem significar
vem a significar
(ou seja,
(ou seja, substituir,
substituir, simbolizar,
simbolizar, ou neutralizar)
neutralizar) o desejo desejo do Outro.Outro. O O sím-
sím-
bolo que
bolo que Lacan
Lacan nos nos fornece
fornece para
para representá-lo
representá-lo (ver, (ver, em especial,
especial, os os Semi-
Semi-
nários 66 e 20)
nários 20) éé 0~~2,
S(A), que em geral é .interpretado como
em geraLéJnJ~_IJ)retado “0 significante
como ':<>signillcante
dafalta no..Outro”, mas como falta e desejo são co-extensivos.
~Jt·ª·º-º-Q11.!iÕ'',P}~8-.~~mQ.fül1a_~.Q~§~j_9_~ão ele também
c.o.::e~t~n§jygs,.~l~..f~!!lE.ém
pode ser
· pode interpretado, .. como
ser . . interprtltacd9 ~Q... ~.ignifü:_a_JJ.1(LQ..Q ..9!l~t;:fa... QQ.__Q_gp:o". (O
çQmo__ “o.,signifi,cante„._do_desejp (O
·significante
significante fálico fálico e 0o S(A)
S(l) são
são analisados
analisados em em detalhes
detalhes no no capítulo
capítulo 8).8).
O
O resultado
resultado dessadessa substituição
substitui~ão ou q_u metáfora
m~~~f<_>rai.? a~~~~~o
é o advento do sujeito como~2!Pº
tal, o sujeito
tal, suieito como não não mais apenas uma
mais apenas potenciaiidãqe, Üm-mero
umapotencialidade, um mero marcador
marcador
de
de lugar
lugar no
no simbólico, esperando ser ~reenchido,
simbóliCQ,Ji.$P~!ªJ!d<>_~er preenchido, mas mas umum sujeito
sujeito desejante.
desejªnte.
(No próximo
(No capítulo, veremos
próximo capítulo, veremos no no exame
exame-díismemfôras"sUl,stítütlvasqUê
das mètafórâssubstítutivas que
cada uma delas tem tem um
um efeito
efeito semelhante
semelhante de de subjetivação).
subjetivação). Em análise
Em uma análise
gráfica, a separação
gráfica, separação leva à expulsão do sujeito sujeito do (campo)
(campo) Outro, Outro, no qual
ele
ele não
não era
era nada mais mais do que
que umum marcador
marcador de de lugar. Descrevendo de uma
lugar. Descrevendo uma
forma mais simples,
forma simples, isso
isso pode serser associado
associado ao que que Freud
Freud postulou sobre
postulou sobre
a resolução
resolução do complexocomplexo de Édipo Édipo (pelo
(pelo menos
menos para para osos meninos),
meninos), através
através
ameaça de
da ameaça de castração
castração porpor parte
parte do pai pai -— “Fique
"Fique longelonge da mamãemamãe ou vai vai
arrepender!" -— e eventualmente
se arrepender!” eventuahnente provoca provoca 0o afastamento
afastamento do Outro Outro
matemo
matemo por por parte
parte dada criança.
criança. EmEm tal situação,
situação, a criança
criança é, de certo certo modo,
expulsa do Outro
expulsa Outro matemo
matemo (Figura
(Figura 5.3).
5.3).

Figura 5.3
Figura 5.3

criança

Esse momento
Esse momento percebível
percebível pela lógica (que
pela lógica (que é em geral
geral muito difícil
difícil de
isolar em
isolar em qualquer
qualquer momento cronológico específico
momento cronológico específico da história
história de um
indivíduo e que
indivíduo que provavelmente
provavehnente exigeexige muitos desses momentos
muitos desses momentos parapara acon-
acon-
tecer, cada
tecer, cada momento
momento se se construindo
construindo sobre
sobre os
os outros
outros anteriores)
anteriores). é umum
momento fundamental
momento fundamental na na metapsicologia
metapsicologia de Lacan.
Lacan. Todos
Todos os
os elementos
elementos
cruciais de sua álgebra
cruciais álgebra- — S j , S2, $$ e a
S1, a -— surgem
surgem simultaneamente
simultaneamente aqui.aqui.
82
82 O sujeito
O sujeito lacaniano
lacaniano

Ao se S1j é determinado
se instalar o S2, 0o S retroativamente, 0o$
determinado retroativamente, $ é precipitado
precipitado
desejo do Outro assume
e o desejo assume um um novo
novo papel: aquele objeto aa.,
aquele do objeto

O objeto a: 0o desejo do Outro


O

Na tentativa criança de compreender


tentativa da criança compreender o que que permanece essencialmente
permanece essencialmente
indecifrável no desejo desejo do Outro Outro -— 0o que Lacan Lacan chama
chama de X, X, 0o y~tj~vel,
variável,
ou
OU (melhor)
(melhor) oO desconhecido,
d~scollheç_i9Jt::::: — .encontta-sej) própno desejo
~!1Ç_ontra-Sl? opróprio desejó-cfâ da criança;
cria_IlÇ~;-~ 0
jdêsêjqjo
Essa causãélpor
Outro começa
um lado,
a funcionarcomoaj:.aus_a„dodesejoda„criança.
jdCsefoi!~~<?,~~~-~-~~~~-~~11.~-~~!lr. çºmº~__c.aus..a_@_des_ejo da
causa e, por üm Iaclo, o desejo
deseJO do Outro
Outro (baseado
(baseado na falta) em
ctians:-:J
em relaçao
relação
sujeito -— e aqui nos deparamos
ao sujeito deparamos com com o outro
outro sentido
sentido da máxima máxima de
Lacan “Le
Lacan "Le désir
désir de 1’homme,
l'~omme, c'est c'est le désir
désir de l’Autre”,
l'Autre", o qual qual podemos
podemos
1r, traduzir agora como,
traduzir agora como, por exemplo, “O
por exemplo, "O desejo homem éé que
desejo do homem que o Outro
Outro o
i.ii deseje”
deseje" ou “O "O homem
homem deseja deseja o desejo do Outro Outro porpor ele”.
ele". A causa causa de seu seu
f/ desejo
desejo podepode tomar
tomar a formaforma da voz voz de alguéniou
alguém ou de um olhar que alguem alguem
dirija:.··Mas
lhe dirija, Mas ·sua causa também
sua causa tambern origina-se
ofigina-se na_9!:!~la p-arte
naquela parte djoÀeseiododo dêseJõ(io
Outro materno que
Outro matemo parece não-ter
que parec~-~!Q relaçãqalguma com -~e,
..!~t.~lª_ç·ª~~!.1]~_?2_m ele, que que o afasta
afasta
dele (fisfoâriiêriti':'ou"·ae-õutra
dele (fisicamente õu dê outra forma), forma), levando-o
levando-o a canalizar
canãlizar sua sua preciosa
preciosa
atenção para
atenção outros.
para outros.
certa forma,
De certa forma, é possível dizer gue éé a própria
possível dizerjiue capacidade dedesej
própria capacidade de desejar ar
da mãe que que a criança
criança acha acha desejáyef
<l:~!yef. No Semínário Lacan
Seminário 8, Lacan aponta apontãparapara
afascinação
a fascinação dê de Alcibíades
Ãlcibíades por "uma certa
por “uma certa coisa”
coisa" emem Sócrates
Sócrates que que Platão
Platão
(no Banquete) denomina “agalma”:
Banquete) denomina "agalma": algo algo precioso, reluzente, vislumbrante
precioso, reluzente, vislumbrante
que
que é interpretado
interpretado por por Lacan Lacãií~conío
como o p~9pri9
próprio desejo
deseJQ. de Sócrates, o ato
ó~--S.Q~rª-tes, ato de
desejar ou
desejar ou a capacidade
capacidade de desejar desejar de de Sócrates.
Sócrates. Esse
Esse “agalma”
"agalma" altamentealtamente
valioso
valioso- — inspirador
inspirador de desejo naqueles que
desejo naqueles que o detectam
detectam-pode— pode nos nos servir
servir
aqui comocomo uma abordagem
abordagem do que Lacan Lacan chama de objeto objeto a, a causa causa do
desejo (que
desejo (que será
será tratada em em detalhes
detalhes no capítulo 7).-
capítulo 7).' . . . ···
Essa segunda
Essa segunda formulação
formulação da máxima máxima de Lacan,Lacan, envolvendo
envolvendo 0o desejo desejo do
homem de ser
homem ser desejado
desejado pelo pelo Outro,
Outro, revela o~-~~~~j.2~~2.Ql!!E..2..~2.2gj_eto
desejo dojOufrqjTgwo objeto
,a. A criança
criança gostaria
gostaria de ser ser o único objeto
objeto de afeto
afeto da mãe, mas mas 0o desejo
desejo
desta quase
desta quase sempre vai além além da criança:
criança: há algo
algo sobre
sobre 0o desejo
desejo da mãe mãe queque
criança, que
escapa à criança,
escapa que estáestá alémalém do controle
controle desta.JUma
desta. Uma identidade
identidade estreita estreita
entre
entre o desejo criança e o d..a.mã..e_ºªp
desejo da criançaeojjAmle não J:)Ode
pode ser
ser mantida;
mantida; a independência
ind9?~dência
~~wda
_do
~P desejo da mãe mãe do desejo
desejo da criança énãui:nêõrte'eiitréeiãs,'
criansa cria um corte entre elas, uma lacuna Iàcüna
desej~-~~ ~ã~--~~E~mpr~l!!1stvçlp;1ra ~ çri.t~Ç!t.,JimQ!Q!!!~ª
na qual 0o desejo da mãe, incompreensível para a criança, funciona de uma
~~~í:'~~:~i~@l-~.
m fã~Mn ar7 Esse Esse resumoresumo superficial separação ~
sobre a,,.,~eparação
!iUp_erficiaLsobre postula que que
um corte é induzido na unidade hipotética
.~.-~<?.~~--~)Eduzido,~~~j~a~~~potétiç_a mãe-criança devido à propna mãe-criança devidoTpropna
n~!~~~~~.A~
.natureza desejo, . . e~ . é~...esse
do -~~s,~JQ, corte que Ie_Ya_ao
ǧ.~.!t2ortç_,9,'\!e advento do objeto
l~vuº-fil!vento objeto aa.1) ?!' O
Q•.
, objeto a pode ser
(?.~j_~~9 ,a_pg_Q~. ~~~-~~~~~i_do
entendido aqui aqui. como o resto produzido 9-µa11do
como~2-!:'z.f.9_R~2...<!Y~~o quando essa e~sa
unidade hipotética se rompe, . como
.W!!Q.ªge_ll_ipot~ti,ça_se.i:omp.e, um último indício daquela unidade, um
ç.Qm,Q_~-~!,!.~2.!P:~tçJ,2,g!_quell!Jm.idad.Lum
O Slljeíto
O desejo do
sujeito e o desejo do Outro
Outro 83
83

último resto
resto dessa
dessa unidade.
unidade. _Ao Ao clivar-se clivar-se desse desse resto, o sujeito sujeito dividido,
dividido,
emboraexcluidodoOutro,
embora excluído _do .Outr(?, pode pode sustentar sustentar a ilusão da totalidade;~ªº totalidade;ao
apegarjg ao objeto
<aQegar-se objeto g, a, oo_~_µjeito_é_capaz
siijeito é capaz de de~or~r ignorar sua ~!.d.ivisã~.13 divisão, 1 3 Isso
Isso é
precisamente
precisamente o que Lacan Lacan classifica
classifica como como fantasia, fantasia, e ele ele a formaliza formaliza com com
o ~atemaj
materna $ 0Oa, a, que deve
deve serser lido: oQ..sujeito ~~J~i~~ dividido cfivi<!ido em em relação relação ao ao objeto
objeto
. <l,
a, ÉE na relação complexa do sujeito
relação complexa sujeito com com o objeto objeto aa (Lacan (Lacan descreve descreve essa essa
relação
relação comocomo “envolvimento-desenvolvimento-conjunção-disjunção”
"envolvimento-desenvolvimento-conjunção-disjunção"
[Écrits,
[Écrits, p.280])
p.280]) que o sujeitosujeito obtém obtém uma uma sensação sensação fantasmática fantasmática de com- com-
pletude,
pletude, preenchimento, satisfação e bem-estar.
preenchimento, satisfação bem-estar.
Ao
Ao contarem
contarem suas fantasias .P.~
suas fantasias para seus se,~~nalistas, analistas, os analisandos analisandos infor- i~or-
mam sobre
sobre o modo
modo como
como desejam
desejam esfar
estar relàciOnados
relacionados com
cóín o obieto
objeto a;
a; em
em
- - - - - - - - . ,.......,-~---~-_... ...,...._,,,_,....,.,.,...._,,......,... __ .,.,,.........,....,~-··--"1~,....,.,.,.,.,,._.,,.,,,.,,..,,.~ ....- ~ . . , - - - - - ~
outras palavras, a forma
outras palavras, forma como como eles eles gostariam ~ostariam de estar estar posicionados posicionados com com
,!!!~s:!~o 9.~~-ÇJ.Q~,Q~tQY.ttQ,;,.p
do Qutrâ Qobjeto obJeto a, na medida medida êm em qúê"èhfrã'Snque entra ~~su~ as
fàntasias, é um instrumento
fantru,iª~•.f_µlll instrum~nto ou joguete _com.
oujoguete com o qual_ qual os sujeitos fazem o que
o~s!i,ieito~~.0,9.~e

diia~~;~!~~~~Fo:~
querem, manipulando-p a seu bel-pr er combina
da fantasia de tal forma :~Q~~e~~~:::;~4~~::~t:;lfsri~~~s.n.?.~~E!rio
a obter o máximo de.
as coisas no cenário

·Dado, entretanto, que
Dado, entretanto, que o sujeito
sujeito expressa expressa o desejo desejo do outro outro no papel mais
papel mais
emocionante
emocionante de si mesmo, mesmo, este este prazer prazer pode pode transformar-se transformar-se em nojo e até
em nojo
horror, não
horror, não existindo
existindo nenhuma
nenhuma garantia garantia de que que aquilo aquilo que é mais emocio- emocio-
para o sujeito
nante para sujeito seja também altamente
seja também altamente prazeroso. prazeroso. Essa Essa emoção, emoção, estejaesteja
ela relacionada a wn um sentimento consciente consciente de prazer prazer ou de dor, é o que os os
franceses denominam
franceses denominam de dejouissance
jouissance [gozo]. Freud Freud detectou detectou isso isso no rosto
de seu flomem
de Homem dos dos Ratos,
Ra_!os, interpretando-o
interpretando-o como como “horror "horror ao prazer todo
prazer todo
~~.<!..<?
seu rnesmo
q_ual ele mesmo n
não° estava_çif!.nte"
tava ciente ” (vol. X, p.171 p.17 1). ). E FreudFreud declara
declara
de maneira
mane.ira categórica
categórica que que os “pacientes
','.pacientes derivam alguma satisfação ~eus
<!e::.tivE!ffi~l!!Slill!.~~.tisfa_çã9 d eseus
sofrimentos”
sofiimentos" (p.l 87). Esse
(p.187). prazer -— essa
Esse prazer essa emoção emoção relacionada relacionada ao sexo, sexo, àà
-\risão
visão ê/oui
e/ou à violência
violência quer quer seja
seja vista pela pela consciência consciência de forma forma positiva
positiva
ou negativa
ou negativa ou considerada
considerada inocentemente
inocentemente prazerosa prazerosa ou ou repugnanterepugnante -— é
chamadogpzoe
chamado,.g.Q,?O e é o que o sujeito suj~to constrói cE~~-~~!J~-~-~~.t!!!~!!!Q. paraji mesmo ..!1.!J:~~sia. na fantasia.
,O gozo
gozo é então
então o quegue vemvem para
parasubstitujr substi_filÍf.ªE.~ a perda,da midade mãe-crian-
d~ "~idad:.,1E_~~an-
~ ça”, unidade que talvez nunca
. uma unidade nunca tenha sido sido tão unida unida assim, assim, wnauma vez vez
que
que sese constituía
constituía somente
somente devido
devido ao sacrifício sacrificio da criança criança ou a sua sua abdicação
abdicação
à sujetividade. Podemos imaginar um tipo de gozo
sujetividade. Podemos gozo antes antes da letra, letra, antes
antes do
estabelecimento
estabelecimento da ordem ordem simbólica
simbólica (J 1]) )— - correspondendo
correspondendo a wna uma relação
relação
sem
sem mediadores
mediadores entre a mãe e a criança, criança, uma ligação ligação real real entre entre elaselas- — que
cede
cede ante o signifícante,
significante, sendo sendo anulada anulada pela pela operação operação da função paterna.
função paterna.
Uma porção
_um~ porção ou ou quantidade
quantidade módica módica dessa dessa ligação ligação Jeal real §é re~~contrada reencontrada na
fantasia (um gozo
fatjtasia" (um após aáletra,
gó:io após letra, 12), J2), ria na refação relação do sujeito sujeito com o com o "iesídrio'ôu
resíduo ou
o subproduto
.·<? subpf~ª~to. da -~imbóli:iaçãô
simbolização (ta.bela (Tabela 5.1); 5.1 ); o objeto o objeto ga""(aqüeiê""gerãâo (aquele gerado
quando S2 determina
detennina retroativamente
retroativamente Si S1 e produz produz l.llll. um sujeito, sujeito, como comove- ve-
remos mais
remos adiante).
mais adiante). ·
84 O
O sujeito
sujeito lacaniano
lacaniano

Tabela 5.
5.11

I J1 - - - - - - - - - - + Simbólico
J1 SIMBÓLICO - - - - - - - - - J2

'~ _g~~e
Esse gozo
g9.~Q.J!~ segunda n~ão
de .. segunda mão toma
"preenchimento'' anterior,, e :i:Jiµit~~"ia
“preenchimento”
toma .o() ..lugar
lu~l!r da
:antií:iºi=;~:e
a fantasia — que
~a “completude”
:=
"c<>mpletud1;:" ()U
qu~ organiza
or~~.iza esseesse gozo
ou do
gozõ,:_de
segunda ordem
existência
··sensação
ordem -— leva leva o<J sujeito
existência como um marcador
sensação de ser. É, _portanto,
~ujeito além de seu
marcador ao nivetumnivel .da
somente através
portanto, somente atràvésdá
seu nada, além
da . alienação, ªº de .st1·ª···IIJ.era
alétn Ae
aJienaçã(), e oferece
da :fantasia,
sua mera
oferece uma
fantasia, possibilita.da
possibilitadapela pela
separação' que. ó"SllféTfo p<>cfe'éí&tér parasi ümá
separação, que o sujeito pode obter para si uma quantidade rnõalca'do que
módica do que
t~ca.n çfoµpª “ser”.
Lacan chama ''ser": Enquanto
Énquantô é somente
somén.te através
atràvés da dâ.Õrdêin simôôlicâ~que
ordem simbólica que
garantida (na
a existência é garantida (na qual ao sujeito alienado se se atribui
atribui umum lugar),
lugar), o
I
. ser
ser é gerado
gerado somente
somente pela divagemclivagem do real.
'- Assim,
Assim, vemos
vemos comocomo éé essaessa separação,
separação, um ou/ou envolvendo
um ou/ou envolvendo 0o sujeito
sujeito
e o Outro, que produz oo ser: criandocriando um corte
corte na unidade sujeito-Outro, 0o
unidade sujeito-Outro,
desejo Outro se
desejo do Outro se livra
livra do sujeito
sujeito -— sempre
sempre buscando, como como é seu
costume, algo
costume, algo mais
mais -— embora
embora o sujeito
sujeito seja
seja capaz
capaz de recuperar
recuperar um resto
sustenta-se em ser,
disso, pelo qual sustenta-se ser, como
como um ser de desejo, um ser
um ser ser
desejante. Oobjeto
O objeto aa éé oo complemento
complement~_ do sujeito, um parceiro fantasma-
su~i!_o_1__~.Qªrç~irQ.f®tª~má-
14
tico que sempre
sempre desperta o desejo do__sujeito.
despC?r.t!1.Q_g~s~j9_4Q ~t1je~!o.1 4 A separação resulta na
s~p<1rnçf!qz:ç:5-t1l!ª
_divfaªõ"'do~ufríio em
divisão do sujeito em eu ee inconsciente,
inconsciente, e em uma divisão divisão_COITespondente
correspondente
ciô Outro em
do em Outro fiiftante (A)
6ütro faltante o objeto a. Nenhuma·
(A)ee o·abJeioa. Nenhuma dessasdessas “partes
"p.àrtê?'7’
início e no entanto
estava lá no início entanto a separação
separação resulta
resulta emem um tipo de interseção
interseção
por meio da qual algo do Outro Outro (o (o desejo
desejo do Outro neste caso) que o sujeito
neste caso) sujeito
considera propriedade, essencial j:íarájiüa
considern sua pró~nédaêie;·essençiâI existêriêiá,. éé. arrancado
para sua existência, arraIÍ~-ª~Q~f!o do
Outro ee conservado
conservado na fantasia
fantasia pelo sujeito agora
pelo sujeito agora dividido (Figura
(Figura 5.4).
5.4).

Figura
Figura 5.4
5.4

Sujeito Outro

/ ~$oa/ ~a

Uma
Uma separação
separação adicional:
adicional: aa travessia
travessia da
da fantasia
fantasia

Em larga escala, a idéia de separaçãoseparação desaparece


des~ai:ece. da d~ obra
obra de
de).,'.1~an após
Lacan após
1964,
1964, dando
d23,9do lug f lllal.da
r npfinai
I~~!lf,_n9. ela década de.l 960, a~ uma
dé?,i.da g5rJ9§(}, ulll3: teoria
te(}ria mais elaborada
mais ~!~!Jsir~pa
sobre oo efeito
sobre efeito da análise. Nos Seminários 14 e 15,
Nos Seminários Í5, o termo
termo "alienação"vem
,.., .. ·_,,,~-.,,,._._.;,; ,,·.,,;.,;:,;~..,·-·.,;,,--;:,?!
“alienação” vem
o sujet1o e oo desejo
O sujeito desejo do
do Outro
Outro 85
85

aa significar
sigp.íficar tanto tanto a alienação alienaçãoqµa,t~JQ quanto aa, separação sepal,<\ção desenvolvidas desen.Y-olv.idas__ entre e»tre
1960-64, acrescido
1960-64, acrescido de uma uma noção noção dinâmica dinâmica ee nova: nova: la Za traverséetraversée dufantas- dufantas-
.jne me, a passag~!!:1,!!~Y.~.~~.!~,,.Q:i!.~.!':l:!!~Y~~~~~g!2,
passagem, a travessia, ou o atravessamento da 4a,Jimµ1§,i,a,Jw1.Q.~~~-
fantesia Tfim entól.
Essa reformulação começa,
Essa reformulação começa, de certa certa forma, forma, com com aa elaboração elaboração por Lacan
por Lacan
noção de que
da noção que oo analista analista deve deve assumir assumir oo papel papel de objeto objeto a, a, oo Outro Outro comocomo
~sejo, . nã? . com~:-H#ij[~i.~m:·o:1á~Hifu:.:,4iii:::.~0.iii:. 2:::iiiPi.Liúi~:2s
desejo, não como linguagem. O_analisU deve evitar o p a p e l . q u e o s
ãnafisãnâos
anaíisandos müifas muitas vezes vezes lhe iheatribuem, atribuem, esse esse papel papel de de um um Outro Outro onisciente onisciente
e·~vi~~~~~~::~ée.::é:§Fi~--iííá~~ç;:·:4e:·~~~--v~r0r:·c~§?,·~~~ef·~~~§:~§§':ê
e vidente, que é o juiz máximo de seu valor como seres humanos e aa
'autoridade
autoridade final final sobre
• .,..,.......~,.,..,,~-., •••• •• :, , •• < ,.,.,
sobre'·•··-··.,•r·.,.,,....,....,...,.,,....-,.•,.,-:-
todas as> questões
todasas
e"'"-:: ·· ·.·· :· ,. · :·:· ·~-~··•·.-·.,·•
guestões relativas
relativas àà verdade. verdade. O O anàlistâanalista deve
--,·..,..~,-,.•• ,,.•• ,.,.,_.,,,:.,.·;,;,,·,-.~.·,, :,•.,•, ,~,·,:,,,--.,·!.•:•··~.,.· ;~-;~-~'-<'<-' '· ·,, ·, ,.:.·.,....
~
eve
,.,..,,w.~.:.,;p;.;,:.;.:~;.1.;.::;.:."\.".;i.

evitar servir
evitar servir como como um um Outro aa ser ser imitado imitado pelo pelo analisando, analisando, deve deve evitar evitar que
que

~l!.~IJ:;~~iii~IC:
este tente ser semelhante a ele, deseje da mesma maneira (a tendência do
desejo sendo módélár-sè no desejo do Outro), em resumo, um Outrqcom
quem sé identificar, cujos ideais possam ser adotados, cujas oginiões
possam
possam ser
Tmpenhãf
ser assumidas
···em'"êiih:âi.êrrCéiiêãmár'i ém
assumidas como
encarnar
C(!~9... P!Qprjas.
a ca
capacidade
próprias. Ao
acidade de
de
Ao contrário, contrário,_9,~~,E~!,~
dese·ar,
desejar, revelando
revelando
··--·J'...........,. . , . .,.•. ,. ,., . . . . . ," '.,. ,·,.,. ·.· ·• . ,. . . . . .,,.,.,,. J;>... ".... ,.·. .,, ., ... ,. . ........ . ) . •.,. ,. •.,.•.,.,. .,,. .,~,â."".""'"'"'"'""~·~·-"~
o analista ••deve
o
2~~~L~e
mínimo
ormnimo
se

possível
possível de seus seus gostos gostos ee aversões, aversões, ideais ideais ee opiniões, opiniões, ee fornecendo fornecendo jio ao

-!~Jt::4:~:rit--~~t:t!tt~~!1:}~:fr;rt~t~~[~~~~~~~;~:~
analisando muito pouca informação concreta sobre o seu caráter' as-
pirações e gostos, uma vez que todos estes constituem um terreno muito
. fértil
fértil nono qual aa identificação identificação pode pode criar criar raizes. raizes.
A identificação
A identificação com com os os ideais ideais ee os desejos desejos do analista analista éé uma uma solução pa- pa-
ra aa neurose
ra neurose postulada postulada por certos certos analistas analistas da tradição tradição anglo-americana: anglo-americana: oo
analisando deve deve tomar tomar oo "ego “ego forte” forte" dõ do analista analista como como um um modelo modelo no no qual
apoiar seu “ego
apoiar "ego fraco”, fraco", ee oo final final bem-sucedido bem-sucedido de uma uma análise análise se dá quando quando
oo analisando
analisando for for capaz capaz de de se identificar identificar suficientemente suficientemente com com oo analista. analista. NaNa
psicanáli~e
psicanálise lacaniana, lacaniana, aa identificação identificação com com oo analista analista éé considerada considerada uma ar-
uma ar-
madilha,
madilha, levando levando oo analisando, analisando, como como oo faz, faz, aa se alienar ainda ainda mais mais dentro
dentro
do Outro
do Outro como como linguagem linguagem ee como como desejo. desejo. ~:Q._lE,~nter Ao manter constante con~~~u desejoo
seu desej
enigmático por algo mais,
enigmá\ico.P~!!!g:O_JnaiSz.9.,~tt~!~.~~_l,ac~~~Prn!YP-.4~..PªPJD.QJE!r.2~<!,:se- o analista lacaniano pretende não rnoldar o ciese-
jo do do analisando
analisando em em seu seu próprio; próprio, ma~::fil>.ijaj- más abalar aaconfiguração çQiwgµraç~o da ela fantasia fantasia dodo
analisando, mudando á
-~~!~âiid?i~º9ªn49lré1ã'.çl1?.Jõ·~-~J~ifos~.9.ma.ça~!.ª-~:-ª~-~~J~I~~~õã. relação do sujeito com a causa do desejo: o òQefoa.
Essa reconfíguração
Essa reconfiguração de de fantasia fantasia implica implica uni um 1nfaierô' número de dê "êôfsâsãire-côísár®e-
rentes: aa construção
rentes: construção no no curso da da análise análise de de uma uma nova nova "fantasia “fantasia fun-
damental" (esta
damental” (esta sendo sendo aa que que está está subjacente subjacente às às diversas diversas fantasias fantasias in- in-
dividuais do analisando
dividuais analisando ee que que constitui constitui aa relação relação mais mais intensa intensa do sujeito sujeito
com oo desejo
com desejo do Outro); Outro); aa travessia travessia do do quadrado, quadrado, no no diagrama diagrama do sujeito sujeito
dividido mostrado
dividido mostrado no no capítulocapítulo 4, 4, em em direção direção ao ao canto canto esquerdo esquerdo inferior; inferior; ee
um “atravessamento”
um '.'atravessamento" de de posiçõesposições dentro dentro da fantasia fantasia fundamental fundamental através através

·f:rn~u:~,:;;;t;.:;::i}1t~:f:Jt::P~~;~~s=~~:~tü!8!~t~V:::~:
do qual o sujeito dividido assume o lugar da causa, em outras palavras,
toma subjetiva a causa traumática de seu próprio advento como sujeito,
.yiricl<>
vindo aa ser ser nesseJ:tigar
nesse lugar onde onde oo desejo desejo do do Outro Outro ::=:: — um üm desejo desejo estrârigeifo estrangeiro
ee estranho
estranho---: — havia ~-~yia estado esiadõ'(F1güiãS:s):··· (Figura 5.5). ········· · · · · ...
86 O sujeito
O lacaniano
sujeito lacaniano

Figura 5.5
Figura 5.5

$0a
A travessia fantasia envolve
travessia da fantasia envolve que o sujeito sujeito assuma
assuma uma nova nova posição
posição
em relação
em Outro como
relação ao Outro como linguagemlinguagem e ao Outro Outro como
como desejo.
desejo. Trata-se
Trata-se de
investir
investir ou habitar
habitar aquilo que o trouxe trouxe à existência existência como
como sujeito dividido,
sujeito dívididõ,
.para
para ~jf:§é ~Ei]ue·o caüf!?ü: &uitiiiliiil~~~!il~~~:..ig:f~~ô
tõmaf-se aquilo que o causou. Onde uma vez reinou o discurso do
Outro, dominado pelo pelo dc1esejõdo
s oÕutro Outro o7ujeito sujeito e càpaz ãe dtzer"Eu".~ão
àpãz"ded r“Eif\
“Aconteceu
,IÂcontecetÍ comigo”,,
comigo~'' ouou “Éles fizeram isso comigo” óu “Õ destino
''.~.!:.~.r~~f~iff)~!Ç?~,o_~g,o'~l!..:<?. Ô~!!~~ tinha
issõ"guãtêiirdtrpar!rmífü":füas
issõ>íârdãdoparã mifn”, mas “Eu "Eu fur fue, ''Eµfü;'', "Eu vi", "Eu gritei".
··· EssaEssíi.sepârãçãó."ãâíêíõnãt;,··cÕnsistê no
separação “adícionaf’ consiste .. no movimeiitcnernpÕrâlmente movimento temporãlmente
paradoxal realizado
paradoxal pelo sujeito
realizado pelo sujeito alienado para para tomar-se
tomar-se a própria
própria causa,
causa,
para
para tomar-se sujeito no lugar de causa.
tomar-se sujeito causa. A causa causa estranha,
estranha, aquele
aquele Outro
Outro
desejÕ que
desejo trouxe ao
que o trouxe mundo, é internalizada,
ao mundo, intemalizada, de deCêrtãforma, assume-se
certa forma, assume-se
J!.Jsl§P-Q.1J.§.ª-Qfü.4~fl:..~~da
ajesppnsabihd (no sentido
(no sentido da palavrafrancesa
palavra francesa
15
assomptionY é subjetivada, toma-se “própria”..1s
assomption), !_s~j.~.ti~Q~.,J,2m_~~~,,::r!?J!ia"
Se pensarmos
Se pensarmos no trauma
trauma como como o encontro encontro da criança
criança com
com o desejo
desejo do
Outro -— e muitos dos casos casos de Freud Freud sustentam sustentam essa
essa visão (considere, para
visão (considere,
citar apenas
apenas um exemplo,
exemplo, o encontro encontro traumático do pequeno Hans com com o .
desejo de sua mãe)
desejo mãe)-o trauma funciona como
— o trauma como a causa
causa da criança:
criança: a causa
causa
de seu seu advento
advento como
como sujeito
sujeito e da da posição criança assume
posição que a criança assume comocomo
sujeito em
sujeito em relação desejo do Outro.
relação ao desejo Outro. O encontro encontro com
com o desejo
desejo do Outro
Outro
constitui uma experiência traumática de pr~~:r/çl.ºi:_
constitui uma.~x..P.~tjª:ri~~i:t.J~umática prazer/dor ou gozo, .. que
Q~t~m.zQ, Freud
gue Freud
dêscfêvecom.o
descreve como um sexual
sexual z7Ãer,umasobrecarga
über;·ümásob~e_~Íjt;g~$~Xll~,.9 sexual, o..sujeito
16
$:tlJ~ito advindo
advíndo
êórifü ütfia
como defesa contra
uma defesa córitrâ. essa
essa experiênciatraumática.
experiência-traumática.16
.... -A fravessfa dâfãiitasiã-ê-·o-·processo
A Travessia dá fáhtãsiã é ò processo pelo.· pelo qual Ô sujeho subjetiva o
o sujeito
·f:S~Jia~tf:1f;~:•J!!f!!~~i~~~de-.:~~
trauma, chama a si a responsabilidade do evento traumático, e assume a
responsabilidade por aquele gozo.
... ·...:.·.,, ......... ,......,, .... :.,:.,
:~Y.itô.ira~niã.!i,~~;,::~:~~~~ a

Subjetivando aa causa:
Subjetivando causa: um
um enigma
enigma temporal
temporal
Do ponto de vista do tempo,
tempo, essa
essa operação colocar o Eu
operação de colocar volta na
Eu de volta
i: causa
causa traumática
traumática é paradoxal.
paradoxal Houve envolvimento subjetivo
Houve envolvimento subjetivo no(s) mo-
mo-
/( mento(s)
mento(s) do trauma que o sujeito sti]efio precisá
precisa reconhecer
reconhecer ee·ãssüiriirares-
assumir Res-
i ··porisabilÍclade?
ponsabilidade? Sim, certa
Sim, de certa rnanefrá.
maneira. No entanto,
entanto, o envolvimento
envolvimerifosripje-
subje-
·tivó
tivo parêce.ser·caüsãdo.áposterioif.Essaopiníãõriecessariameiite cõntra-
parece ser causado a posteriorj. Essa opinião necessariamente contra-
-diZa
diz a linha dotempõ··aa·lógfoicíãssica,
linha do onde o efeito
tempo da lógica clássica, onde segue-se àà causa
efeito segue-se causa de
uma forma
forma agradável
agradável e sistemática.
sistemática. No entanto, a separação
No entanto, separação obedece
obedece ao
funcionamento do significante,
funcionamento significante, pelo qual o efeito
pelo qual efeito da primeira
primeira palavra emem
.uma frase somente
uma frase somente pode surgir após
pode surgir após a última palavra sido ouvida
palavra ter sido ouvida ou
lida, e pelo
pelo qual seu
seu sentido
sentido somente
somente é estabelecido
estabelecido retroativamente por
retroativamente por
'\
O sujeito
O sujeito e o desejo
desejo do
do Outro
Outro 87
87

um contexto
contexto semântico
semântico fornecido
fornecido apósapós sua
sua expressão
expressão vocal, seu sentido
vocal, seu sentido
“completo”
"completo" toma-se produto histórico.
toma-se um produto histórico. Da mesma forma
Da mesma forma queque os
os diálo-
diálo-
gos de Platão
Platão assumem primeiro sentido
assumem um primeiro para os estudantes
sentido para iniciantes
estudantes iniciantes
em filosofia,
em filosofia, e adquirem múltiplos sentidos na medida em
múltiplos sentidos em que
que se
se aprofun-
estudos, o Banquete
dam nos estudos, Banquete de Platão tem mostrado
Platão tem mostrado significar
significar algo mais
algo mais
desde leitura por
desde a sua leitura Lacan no Seminário
por Lacan Seminário 8, e continuará
continuará a assumir
assumir novos
novos
sentidos
sentidos à medida
medida que for interpretado
interpretado e reinterpretado próximos
reinterpretado nos próximos
séculos
séculos e milênios.
milênios. O sentido não é criado instantaneamente,
sentido não instantaneamente, mas mas somente
somente
ex post
post facto:
facto'. após
após o evento
evento em questão.
questão. Tal é a lógica
lógica temporal
temporal -— um
anátema parapara a lógica
lógica clássica
clássica -— em em funcionamento nos processos processos e
teorias psicanalíticas.
teorias psicanalíticas.
Lacan
Lacan nunca aponta aponta com precisão o aparecimento
com precisão cronológico do
aparecimento cronológico
sujeito
sujeito na cena: ele ele está sempre quase
está sempre chegando -— está
quase chegando está a ponto
ponto de chegar
chegar
-— ou
oujájá terá
terá chegado
chegado em em algum momento
momento mais mais adiante
adiante no tempo.
tempo. Lacan
Lacan
usa a ambiguidade
ambigüidade do modo modo imperfeito
imperfeito do francês para ilustrar
francês para ilustrar a posição
posição
temporal do sujeito.
temporal sujeito. Ele dá como como exemplo a frase “Deux "Deux secondes
secondes plusplus
bombe éclatatf',
tard, la bombe éclataif', que pode
pode significar
significar “Dois
"Dois segundos
segundos mais tarde, a
bomba explodiu", ou “A
bomba explodiu”, "A bomba
bomba teria explodido dois segundos
teria explodido segundos maismais tarde”,
tarde",
existindo um "se, “se, e, ou mas"
mas” implícito:
implícito: elaela teria explodido
explodido doisdois segundos
segundos
mais tarde se se o detonador
detonador não não tivesse desativado. Uma
tivesse sido desativado. Uma ambigüidade
ambigüidade
semelhante
semelhante é sugerida
sugerida pelapela seguinte
seguinte redação na na língua portuguesa: "A
língua portuguesa: "A
bomba explodiría
bomba explodiria dois dois segundos
segundos mais .tarde".
tarde”.
Aplicado ao sujeito,
Aplicado sujeito, o modo imperfeito
imperfeito do francês
francês deixa-nos
deixa-nos incertos
incertos
quanto a se se o sujeito
sujeito emergiu
emergiu ou não. 1 7 Sua existência
ou não.17 existência sempre-tão-fugaz
sempre-tão-fugaz
permanece em
permanece em suspense
suspense ou em em dormência.
dormência. Aqui, pareceparece nãonão haver
haver forma
forma
alguma
alguma'de de determinar realmente se
determinar realmente se o sujeito
sujeito foi ou não.
Em geral, Lacan
Lacan usa o futuro do pretéritopretérito (também
(também conhecido
conhecido comocomo o
futuro perfeito)
perfeito) para
para discutir
discutir o lugar
lugar temporal
temporal do sujeito.
sujeito. “Quando
"Quando você
voltar, eu jájá terei ido embora”:
embora": tal afirmação
afirmação nos diz diz que, em um determi-
determi-
nado momento
nado momento do futuro, alguma coisa coisa já terá ocorrido,
ocorrido, semsem especificar
especificar
exatamente
exatamente quando.
quando. EsteEste sentido
sentido gramatical
gramatical está relacionado com
está relacionado com o Na-
chtrãglichkeit
chtrâglichkeit de Freud, a ação ação adiada, retroação
retroação ou ação
ação ex post
post facto:JJm_
facto\ um
primeiro evento
J?_rimeiro evento (Ei)(E1) acontece
acontece mas não não produz
produz frutos
frutos até
até que um segundo
evento
evento (E2) ocorra. Retroativamente,
Retroativamente, Ei E 1é constituído,
constituído, porpor exemplo,
exemplo, comocomo
um trauma;
trauma; em outras palavras, ele
outras palavras, ele assume
assume a significância
significância de um traumatrauma
(T). Ele vem a significar algo que, de forma
Ele vem forma alguma,
alguma, significava
significava antes;
antes;seuseu
sentido
sentido e eficácia
eficácia mudaram
mudaram (Figura
(Figura 5.6).

Figura
Figura 5.6

Ei —> E2 E] —» E2
(significação)
(significação) y
88
88 O sujeito
O sujeito lacaniano
lacaniano

Na afirmação
afirmação "Quando voltar, eu já
“Quando você voltar, já terei ido embora”,
embora", minha
minha
partida é determinada retroativamente como
partida como sendo
sendo anterior.
anterior. Sem
Sem o seu
retomo, havería tal status.
retomo, não haveria status. São precisos dois
São precisos momentos para
dois momentos para criar um
antes e um depois.
antes depois. O significado
significado do primeiro
primeiro momento
momento niuda acordo
muda de acordo
com o que vem depois.
com depois.
Da mesma
mesma forma, um primeiro significante não
primeiro significante não é suficiente,
suficiente, como
como
veremos seguir, para
veremos a seguir, criar um efeito
para criar efeito de subjetivação que um
subjetivação até que um segundo
significante tenha
significante aparecido em
tenha aparecido em cena
cena (Figura 5.7). Uma
(Figura 5.7). Uma relação entre dois
relação entre dois
significantes nos prova que um sujeito
significantes sujeito passou
passou por caminho, mas
esse caminho,
por esse mas não
podemos de maneira
podemos maneira alguma
alguma localizar
localizar precisamente sujeito no tempo
precisamente o sujeito tempo ouou
no espaço
espaço (esta
(esta questão será
será mais desenvolvida
desenvolvida no próximo capítulo).
no próximo capítulo).
Figura 5.7
Figura 5.7

S i —> S2 S i —> S2
$
artigo de Lacan
O artigo sobre "O
Lacan sobre “O tempo
tempo lógico asserção de certeza
lógico e a asserção certeza
antecipada" tem a intenção
antecipada” intenção de assinalar
assinalar a emergência
emergência do sujeito
sujeito em uma
18
situação muito precisa
situação precisa com uma série série de limitações.
limitações.18 Os momentos
momentos
elaborados nesse trabalho
elaborados nesse trabalho -— 0o instante
instante de ver,
ver, o tempo
tempo de compreender
compreender e
0o momento
momento de concluir
concluir -— foram relacionados mais
foram relacionados mais tarde por
por Lacan
Lacan com
com
os momentos
momentos do processo
processo analítico em em si.
Assim como
como o tempo compreender éé indeterminado
tempo de compreender indeterminado parapara um estranho
estranho
no problema dos três prisioneiros
problema dos exposto naquele
prisioneiros exposto artigo, 0o tempo
naquele artigo, tempo neces-
neces-
sário para
para compreender
compreender na análise
análise é indeterminado;
indeterminado; em em outras palavras,
outras palavras,
calculável a priori.
não é calculável priori. Contudo,
Contudo, ao associar
associar o fim da análise com com o
morpento
moITJ,ento de conclusão
conclusão dos prisioneiros
prisioneiros (Seminário
(Seminário 20),20), Lacan propõe um
Lacan propõe
momento subjetivação que pode ser forçado
momento final de subjetivação forçado a acontecer
acontecer através
através
de uma combinação propícia de condições
combinação propícia condições lógicas
lógicas e/ou
e/ou analíticas.
analíticas.
Portanto, enquanto
Portanto, enquanto parece eternamente supenso
parece eternamente supenso no futuro do pretérito,
pretérito,
Lacan, ainda
ainda assim,
assim, nos oferece a perspectiva
nos oferece perspectiva de uma subjetivação da
um~,subjet_ivação 4ª ca.11sa
causa
em um momento
momento lógico específico, porém cronologicamente
específico, porém cronologicamente incalculável.
incalculável.

Podemos,
Podemos, de certa maneira, pensar
certa maneira, pensar na alienação
alienação como
como a abertura
abertura dessa
dessa
possibilidade, e nessa
possibilidade, nessa “separação
"separação adicional”
adicional" como
como a marca
marca do fim do
processo. Entretanto,
processo. Entretanto, como veremos, a separação
como veremos, pode ser
separação pode promovida em
ser promovida em
determinadas
determinadas situações, por exemplo,
situações, por exemplo, no momento
momento do corte
corte ou escansão
escansão
de uma sessão
sessão analítica,
analítica, um momento que é tanto
tanto lógico
lógico quanto
quanto cronoló-
cronoló-
gico.

Não surpreende que a traJ,~si~


travessia . da
~a fantasia também .P.9-ª.~-ª.§.~f__fQ.i:;m.tJ1ªºª
fantasia também possa ser formulada
em termos
termos de uma “significantização” progressiva — uma transformação
"sigrnficantização'' progressiva~ transformação
"·· ········· ... ... .. ····-·············--·
·····--....
O sujeito
O sujeito e o desejo
desejo do
do Outro
Outro .139
89 )

em significantes
em significantes -— do desejo desejo do Outro.
Outro. Na medida medida em em que
que o sujeito
sujeito
encontra, nessa
encontra, separação adicionai,
nessa separação adicional, uma uma nova posiçãoposição em em relação
relação aoao
objeto a (o desejo
objeto desejo do Outro),
Outro), o desejo
desejo do OutroOutro não
não é mais simplesmente
simplesmente
nomeado, como
nomeado, como o foi atravésatravés da ação
ação da metáfora
metáfora paterna. Quando a causa
paterna. Quando causa
subjetivada, o desejo
é subjetivada, desejo do Outro
Outro éLaojnesmo
é ao mesmo tempo plenamente inserido
plenamente inserido
no movimento
movimento dos; dos significantes-e--f~e;;~-iiõiiiõ:
si ificantes e énesse ponto, como como podeniõ~a
podemosj/erjta
-argumenfação
argumentação de Eãcan sobrt
âê-Lãêãii sobre HamÍei°-nÕ Seminário-!(
Hamíet no Seminário qu;-Õ
6, que o sú]eito
sujeito

~i~~!!5!~
finalmehte adquire acesso aõ~sz£«p
outras palavras, embora o_desej o simplesmente sido
nomeado atravessa separação, esse nome era fixo, eTtafíco êaI m£còlsa
seu efeito
em seu efeito inalterável,
inalterável; rígida em em seu poder limitado-ae
poder limitado designação .
dê designação.
’~Nã neurose, o nome ainda têm que se separar, de maneira 'adequada, jio
. desejo
d:s~!~~~Ji!.~~m!i!ª!}~ci1~~~:i,!~!!!ªne!r!~~Ii~~i~d;
dojputro. O nome não é a morte da coisa — o signtôcanteTé.
EnquantcF&bsistir
Enqiiant~lll5sistir uma uma conexão
conexão rígida
rígida entre
entre o desejo
desejo do Outro
Outro e umum nome
nome
do pai, sujeito é incapaz
pai, o sujeito incapaz de agir. De acordo com
De acordo com Lacan,
Lacan, Hamlet
Hamlet não tem tem
acesso algum
acesso algum ao ao significante fálico antes
significante fálico antes de seuseu duelo
duelo com
com Laerte final
Laerte no final
da peça
da Shakespeare, e essa
peça de Shakespeare, essa é a razão
razão pela incapaz de
pela qual ele é incapaz de qualquer
qualquer
somente durante
ação. É somente durante o duelo
duelo que ele ele é capaz
capaz de perceber
perceber “o "o falo atrás
atrás
do rei”,
do rei", de dar-se
dar-se conta de que que o rei é apenas
apenas um substituto do falo falo (o
(o falo
20
sendo o significante
sendo significante do desejo desejo20, isto é, do desejo
, isto desejo do do Outro)
Outro) e pode ser
pode ser
atacado sem
atacado sem colocar
colocar tudo em em questão.
questão. Até que Hamlet
Até que Hamlet conseguisse
conseguisse final-
final-
mente dissociar
mente dissociar o rei rei do falo (“o("o rei é uma coisa coisa de nada”),
nada"), a ação
ação era
era
impossível, pois
impossível, vingar-se do rei representaria
pois vingar-se representaria uma ameaça de desmoro-
uma ameaça desmoro-
namento de todo
namento todo o mundo de Hamlet. Hamlet. É somentesomente quando
quando o rei (o (o objeto
objeto do
desejo da rainha)
desejo rainha) é significantízado
significantizado que que um poderpoder alémalém do rei pode ser
pode ser
discernido, wna
discernido, legitimidade ou autoridade
uma legitimidade autoridade que não está está encarnada
encarnada apenas
apenas
no rei mas perdura
perdura na na ordem
ordem simbólica
simbólica além além do rei, acima
acima do rei.
O nome
nome do desejo
desejo do do Outro
Outro devedeve ser posto em
ser posto movimento -— desde
em movimento desde o
parceiro
parceiro da mãe,
mãe, até até o professor, escola, o policial,
professor, a escola, legislação, a religião,
policial, a legislação, religião,
morais, e assim
as leis morais, assim por diante -— e ceder
por diante ante o significante
ceder ante desejo
significante do desejo
do Outro para que a subjetivação
para que subjetivação possa acontecer, isto é, para
possa acontecer, que o sujeito
para que sujeito
se tome
se torne o desejo
desejo do do Outro,
Outro, abandonando
abandonando o significante
significante ao seu seu próprio
próprio
destino. Nesse
Nesse sentido,
sentido, a travessia
travessia da fantasia
fantasia acarreta
acarreta necessariamente
necessariamente
uma separação
separação da próprfa
própria linguagem,
linguagem, uma uma separação
separa~ do do sujeito — que terá
sujeito-que terá
se tornado
.se to.~do a causa — do próprio discurso
causa----.dcrnróprio di~curs.9 sobre seu problema com
sobre~UP!!->Plema com o desejo
desejo
~o QJ!tr.Q1 a in~~~acidade ddee lidar lidar çomco111i falta
falta jíetectada
detectada no no Outro,
Outro, a falta
falta
de sucesso em manter aa distancia
~e ~uc~so_én_manter qis~ correta c~~J!<> q~1!~ii.~in
do Outro ê em r,e!~'i.~ª
relação a ~e,ele, ee
assim por diante.
~ss1m por. diante. .
-A
Á neurose
neurose é mantida discurso eé vemos
mantida no discurso vemos na noçãonoção de LacanLacan sobre
sobre a
travessia da
tràvessia cla'fªn,ws~a proposição de ~
fantasia a eroposi_ção,2_e um algo além da neurose 21 no qual oO
al~2~~]!,~_ItQ!~~~~l!l'J>~:~~
sujeito é __capaz
~~toJ ç-ª_P;g__de
<;t_~ agir (enquanto causa, enquanto deseiante). e está
ªgir.C~Jiqµª°tº'-ç;,ªµªª",-~n4µª1:!tQA~~~J.~i~1: e êsta pelo
pêlo
90
9 0 O sujeito
O sujeito lacaniano
lacaniano

menos discurso, separado


menos momentaneamente fora do discurso, separado do discurso:
discurso: livre do
peso do Outro.
peso Outro. Essa éâ liberdade do
Essa não é~ãTiberdade psicótico que
d0 psicótico que Lacan menciona
Lacan menciona
em um de seus
em seus primeiros
primeiros trabalhos,
trabalhos, "A agressividade em
“A agressividade em psicanálise"
psicanálise”
(Escritos); nã~
(Escritos)} não é uma liberdade
li~erdade “antes” da letra
"ante~''.da mas “após”
letra más a letra.
"após'':a.letra.

A alienação, aa separação
A alienação, separação ee aa travessia
travessia
da fantasia
da na situação
fantasia na situação analítica
analítica

Imagine, por
Imagine, por um momento,
momento, um um analisando
analisando -— deitadodeitado no diva
divã do analista,
analista,
falando sobre seu sonho
sobre seu sonho da noite anterior, enchendo
anterior, enchendo sala a sala com
com seu
seu
discurso, esperando
discurso, esperando que este
este seja interessante e satisfatório para
interessante satisfatório para analista, o analista,
portanto
portanto em um modo fantasia ($
modo de fantasia ($ 0<> a)
d) -— sendo subitamente inter- inter-
rompido por
rompido por uma palavra pronunciada
pronunciada pelo pelo analista
analista (não pelo
pelo Outro
Outro do do
saber para quem esse esse discurso
discurso foi de alguma forma forma dirigido), uma palavra
dirigido), uma palavra
que o analisando pode ter ouvido ouvido de passagem considerado como
passagem ou considerado como sendo
sendo
de pouca importância ou interesse
pouca importância interesse tanto
tanto para quanto para
para ele quanto analista.
para o analista.
Muitas vezes, analisandos elaboram
vezes, os analisandos elaboram seus seus discursos,
discursos, devido
devido ao amoramor de
transferência, na esperança
transferência, esperança de dizerdizer o que seus seus analistas
analistas desejam
desejam que que
digam, o que pensam pensam que seus seus analistas
analistas desejam
desejam ouvir
ouvir e atéaté que tal
interrupção ocorra
ocorra -— sejaseja por meio
meio de uma tosse, tosse, um grunhido,
grunhido, uma
palavra ou o término sessão -— eles podem
término da sessão continuar acreditando
podem continuar acreditando que
estão alcançando
estão alcançando seu objetivo. Muitas
objetivo. Muitas vezes, tais interrupções servem para
interrupções servem para
sacudir os analisandos,
analisandos, repentinamente trazendo-os
repentinamente trazendo-os de volta à percepção
volta percepção
de que não sabem o que seus
não sabem seus analistas
analistas desejam
desejam ou pretendem,
pretendem, que que estes
estes
estão procurando algo mais
estão procurando mais do qüeque o pretendido
pretendido nos discursos
discursos dos
dos analisan-
analisan-
que eles
dos, que eles desejam
desejam algo mais do discurso,
discurso, algoalgo mais.
22
É nesse sentido que a prática
nesse sentido lacaniana de “pontuar”
prática lacaniana "pontuar" e “escandir”
"escandir"22 o
discurso do analisando
discurso analisando serve
serve para desatrelá-lo de seu
para desatrelá-lo seu discurso,
discurso, confrontan-
confrontan-
analisando com
do o analisando com o enigma
enigma do desejo analista. É
desejo do analista. É na
na medida
medida em que que
desejo permanece
esse desejo enigmático, nunca
permanece enigmático, estando precisamente
nunca estando precisamente onde onde o
analisando acredita
analisando estar-
acredita estar — e osos analisandos
analisandos fazem fazem um esforço
esforço considerá-
considerá-
vel para descobrir
descobrir esse desejo
desejo -— que a fantasia
fantasia do do analisando é sacudida
23
repetidas
repetidas vezes na situação
situação analítica
analítica23. desejo do Outro,
. O desejo Outro, na forma
forma de
objeto a,
objeto a, nunca está
está precisamente
precisamente onde onde o analisando
analisando pensa deseja em
pensa ou deseja
1 fantasia. O analista,
sua fantasia. analista, servindo
servindo como
como uma imitação ou uma simulação
uma imitação simulação
1! objeto a, como
do objeto como um substituto
substituto ou comocomo o semblante objeto a, introduz
semblante do objeto
! uma lacuna
lacuna adicional entre $$ e a, rompendo
adicional entre rompendo o relacionamento fantasístico,
relacionamento fantasístico,
1 O. O analista toma
0. toma esse relacionamento
relacionamento insustentável provocando provocando uma uma
t
j mudança a esse respeito.
O sujeito
O sujeito e o desejo
desejo do
do Outro
Outro 91

A alienação
alienação e a separação
separação estão
estão envolvidas
envolvidas o tempo tempo todo na situação
na situação
analítica. O analisando
analítica. analisando aliena-se
aliena-se quando
quando tenta falar falar coerentemente,
coerentemente, em em
outras palavras,
palavras, de uma forma forma queque irá “fazer
"fazer sentido”
sentido" para analista; o
para o analista;
considerado aqui
analista considerado aqui pelo analisando como
pelo analisando como a fonte de todo o sentido, sentido,
o Outro que sabe sabe o sentido todas as falas. Na
sentido de todas tentativa
Na tentativa de fazer sentido,
fazer sentido,
analisando foge
o analisando foge ou
ou se esconde
esconde atrásatrás das
das palavras
palavras queque diz. Por causa da
Por causa
própria natureza da linguagem,
própria natureza linguagem, essas’
essas· palavras sempre e inevitavelmente
palavras sempre inevitavelmente
dizem mais ou menoso
dizem mais menosfb queque o analisando
analisando conscientemente
conscientemente tenciona tenciona dizer
dizer
selecioná-las. O sentido
ao selecioná-las. sentido é sempre
sempre ambíguo,
ambíguo, polivalente,
polivalente, denunciando
algo que se
algo se deseja
deseja manter oculto, escondendo
manter oculto, escondendo algo que que se pretende expres-
pretende expres-
sar.
sar.
Essa tentativa fazer sentido
tentativa de fazer sentido situa
situa o analisando
analisando no registro Outro
registro do Outro
como
como sentido:
sentido: o analisando
analisando desaparece
desaparece atrásatrás de umum discurso
discurso cujocujo “sentido
"sentido
verdadeiro”
verdadeiro" pode pode apenas
apenas ser
ser determinado
determinado e julgado
julgado pelo
pelo Outro
Outro (seja
(seja ele os
pais, o analista
analista ou Deus).
Deus). Esse
Esse tipo de alienação
alienação é inevitável
inevitável e não não é
(diferentemente da
(diferentemente da alienação
alienação conforme
conforme entendida
entendida pelos marxistas e teóri-
pelos marxistas teóri-
cos críticos)
cos críticos) condenada
condenada na análise
análise lacaniana.
lacaniana.
No entanto, recomenda-se
No entanto, recomenda-se ao analistaanalista não fomentar
fomentar etemamente
eternamente esse esse
\ tipo de alienação.
~lienação. Embora
Embora o analista,
analista, ao trabalhar
trabalhar comcom neuróticos, tente
neuróticos, tente

)-~~!~~:~~~a:e.1.:~!°n::an:~l, d~~!:da &s~e~~~;i~~~~t~~~~ao~~:n~


í enfocar a relação do analisando com o Outro, íivrando-se, durante o

!\ dódõcõfü outros como


com outros
1
como 0o·próprió"ãiiãlistâ
0
| procêssõ, dá 'interferência” derivada dás relações imaginárias do analisan-
próprio analista {ver ca:pítülõ".7);
(ver capítulo 7), ·isfô"nãêfê;'âêrorma
isto não efdelbrma
\j alguma,
alguma; o fim processo e pode
fim do processo pode levar,
levar, sese deixado nesse ponto,
deixado nesse ponto, a um tipo
solução à
\ de solução "psicologia do
à la “psicologia do ego”
ego" americana
americana em em que o analisando se se
'\ identifica
identifica comcom o analista enquanto
enquanto Outro.
Outro.
analista lacaniano
O analista lacaniano adota
adota um discurso
discurso radicalmente
radicalmente diferente
diferente daquele
daquele
do"'analisando:
do analisando: um discurso
discurso de separação
separação. [Se [Se o analista
analista oferece
oferece algo
algo como
como
umsentido
um sentido para analisando, ele, no entanto,
para o analisando, entanto, visa algoalgo capaz
capaz dede explodir]
explodir]
matriz “analista-fomece-o-sentido-do-discurso-do-analisando”
a matriz "analista-fornece-o-sentido-do-discurso-do-analisando" através através
equivocada, em
de uma fala equivocada, em diversos
diversos níveis ao .mesmo mesmo tempo, tempo, usando
usando
termos que
termos que conduzem
conduzem a vários vários caminhos diferentes. Ao
caminhos diferentes. sugerir uma
Ao sugerir uma
infinidade de sentidos
infinidade sentidos sucessivos,
sucessivos, o registro
registro dodo sentido
sentido é problematizado.
problematizado.
A
À medida que o analisandoanalisando tenta
tenta compreender
compreender a significação da {&
significação daffãET
4
Õracular do anãhstjl4, suas palavras polivalentes,
~oracular analistffi , suas palavras polivalentes, ou a razão pela
razão pela qual este
este
Terminou a sessão naquele momento
terminou sessão naquele momento preciso, preciso, ele é separado
separado do sentido
sentido e
confrontado com
confrontado com o enigma
enigma do desejodesejo do analista.
analista. Esse enigmaenigma tem tem um
efeito na relação
efeito fantasia, profundamente
relação da fantasia, enraizada, do analisando
profundamente enraizada, analisando comcom
· o desejo
desejo do Outro.
Outro. Enquanto
Enquanto a regra
regra fundamental
fundamental da associação
associação livrelivre exige
exige
analisando tente cada
que o analisando cada vez mais mais articular,
articular, colocar
colocar em em palavras,
palavras,
simbolizar,
simbolizar, signifícantizar
significantizar essa relação com
essa relação com o desejo
desejo do do Outro,
Outro, a ação
ação do
92 O sujeito
O sujeito lacaniano
lacaniano

serve para separar


analista serve separar o sujeito
sujeito cada
cada vez mais do próprio
vez mais discurso que
próprio discurso
analisando precisa
o analisando forjar sobre
precisa forjar sobre essa
essa relação
relação com
com o desejo
desejo do Outro.

Cada indivíduo é o sujeito


Cada sujeito de umum destino
destino particular,
particular, um destino
destino que
que não\
não \
escolheu mas que,
escolheu que, por mais
mais aleatório
aleatório ou acidental
acidental que que possa
possa parecer
parecer no -
deve, entretanto,
início, deve, entretanto, subjetivar.
subjetivar. O indivíduo
indivíduo deve, deve, na opinião
opinião dede Freud,
Freud,
tornar-se um sujeito.
tomar-se sujeito. O recalque
recalque primário
primário é, de de certa
certa forma,
fonna, o jogar dos
jogar dos
dados no começo
dados começo do universo cada um que
universo de cada que cria
cria uma
uma divisão
divisão e põepõe a
estrutura em movimento.
estrutura movimento. O indivíduo precisa enfrentar essa
precisa enfrentar essa jogada alea-
jogada alea-
tória
tória-— essa
essa configuração
configuração específica
específica do desejo
desejo de seus pais — e de alguma
seus pais-
fonna tomar-se
forma tomar-se um sujeito. "Wo Es war, sol/
sujeito. “Wo soll Ich werden
werden ". Eu devo
devo vir a
ser onde
onde as forças
forças estranhas
estranhas -— o Outro como como linguagem e o Outro como como
desejo -— uma vez dominaram.
desejo dominaram. Eu Eu preciso subjetivar essa
preciso subjetivar essa alteridade.
alteridade.
É por
por essa
essa razão que podemos dizer
que podemos dizer queque o sujeito
sujeito lacaniano
lacaniano é eticamente
eticamente
motivado,
motivado, baseado
baseado como está nessa
como está injunção freudiana
nessa injunçao freudiana tão repetida diver-
repetida diver-
vezes nas obras
sas vezes obras de Lacan.
Lacan. A injunção
injunção de Freud Freud é inerentemente
inerentemente
paradoxal, aconselhando-nos
paradoxal, aconselhando-nos aa_ colocar o .. Eu
~<>,l<:>i::~i:: J>. (de volta) l!ª---ç~sa,
~"ll (4~.Y91~~) na causa, de
tornarmo-nos nossa
tomarmo-nos nossa própria causa; mas ao invés de descartar
própria causa; descartar esse
esse para-
para-
doxo, Lacan
doxo, Lacan tenta teorizar
teorizar o movimento
movimento inferido inferido nesse encontrar
nesse dito e encontrar
· técnicas
técnicas através
através das
das quais
quais induzi-lo.
induzi-lo. O Eu não não está
está desde
desde sempre
sempre no
inconsciente. Pode
í inconsciente. Pode ser
ser que suapresença
sua presença seja pressuposta
pressuposta lá, mas mas ele precisa
precisa
íser revelado. Pode
ser revelado. Pode ser
ser que
que esteja
esteja lá desde
desde sempre,sempre, de certa certa forma, mas a~
fonna, mas
tarefa clínica essencial
clínica essencial é é_!~~-~!~
fazê-lo aparecer lá onde
~~_arecer onde ele es!ll:".ª· ele estava. '
capítulo seis
capítulo seis

A metáfora ee aa precipitação
A metáfora precipitação
subjetividade
da subjetividade

Os três momentos
Os constitutivos da
momentos constitutivos da subjetividade
subjetividade descritos
descritos no último úitimo
capítulo podem
capítulo ser esquematizados
podem ser esquematizados como como três substituições
substituições ou metáforas metáforas
substitutivas.Na
substitutivas. alienação, o Outro
Na alienação, Outro domina
domina ou tomatoma o lugar do sujeito; sujeito; na
na
separação, objeto a enquanto
separação, o objeto enquanto desejo
desejo do Outro toma toma a frente frente e tem
tem
precedência sobre o sujeito
precedência sobre sujeito ou ou o assujeita;
assujeita; e na travessia
travessia da da fantasia,
fantasia, o
sujeito subjetiva
sujeito causa dê
subjetiva a causa de sua
sua existência
existência (o desejo
desejo do Outro:
Outro: o objeto
objeto a)
e é caracterizado por uin
caracterizado por um tipo de desejo
desejo purosemum objeto:a capacidade
~uro sem umybjetoc~a~acidadt
de desejar.
-~~~esej~~-
-- ------
~
,J ,.
y\\;,_;.:~,,;\ .> sSf ç,,~. ')/\/><) /' '·\WIK,, v:J.:,
n
es >Si; i~
fobjeto aa
Outro {Objeto
Outro $$ >'\
-$-
$ > $$
',.°\ objeto aa
objeto

Apresentados
Apresentados dessa dessa forma,
forma, é possível
possível ver esses três momentos
ver esses momentos fundamen-
fundamen-
tais de constituição
constituição do sujeito
sujeito como
como três momentos
momentos de metaforização;
metaforização; a
anulação de uma coisa
anulação coisa pela outra nas
pela outra nas metáforas substitutivas de Lacan
metáforas substitutivas Lacan está
está
metapsicologia lacaniana.
na raiz da metapsicologia lacaniana. O sujeito
sujeito aqui pode ser compreendido
pode ser compreendido
como o resultado
como resultado de uma metáfora (ou de uma
metáfora (ou uma série
série de metáforas).
metáforas).
Mas,
Mas, em em geral,
geral, a metáfora
metáfora é compreendida
compreendida comocomo origem
origem de um um novo
novo
sentido; em
sentido; em outras
outras palavras,
palavras, uma nova significação e não
nova significação não um
um sujeito
sujeito novo
radicalmente diferente.
ou radicalmente diferente. Uma
Uma dede minhas
minhas teses principais
rinci ais neste livro éé a )
neste livro
de que o sujeito_.psicanalítico~Iêm
dejjue syjci.to_.psicw.alítico em essencialmente
essencialmente duasduas faces: o sujeito
sujeito I
,'?O,TJJ.Oprecipi,t,qqg_~<;?_
como precipitado su~ito como
como furo. Nesse
Nesse primeiro sujeito éé
caso, o sujeito
primeiro caso,
apenas uma
apenas uma sedimentação
sedimentação de de sentidos
senfüfos determinada
determinada pela substituição de um
pela substituição
significante pelo
significante outro ou o efeito
pelo outro efeito retroativo
retroativo de um significante
significante sobre
sobre outro
outro
(ou de um evento
(ou evento simbolizado
simbolizado sobre
sobre outro), correspondendo à “definição”
outro), correspondendo "definição"
usada
usada por Lacan do sujeito
por Lacan sujeito como
como “aquilo
"aquilo que
que um significante
significante representa
representa
para
para outro significante".!1 No segundo,
outro significante”. segundo, o sujeito
sujeito é aquilo que
que cria
cria um furo
no real quando estabelece
estabelece um elo entre dois
dois significantes,
significantes, o sujeito
sujeito (como
(como

93
93
94 sujeito lacaniano
O sujeito
O facaniano

precipitação dessa vez,


precipitação dessa vez, não como precipitado)
não como precipitado) éé nada mais mais nada menos menos que que
oo próprio furo.
próprio furo.
Portanto, há
Portanto, há urna face do sujeito que
uma_Jaçe_do_sujeito que éé quasequase exclusívamente
~_ç.lusiv.am.@Jsuun um
significado ou uma
significado uma significação
significação =o--sujeito
— o sujeito da castração çi~.tra~Q.(um-sujeito
(um-sujeito
'-ãffenaciõ~ c~pturado, absorvido
alienado, capturado, a6sõrvI4:õ::i,:etc:> sentid<>,_.~;ntido.
pelo sentido,, "morto'') ---e-ma
sentido “morto"’) e-4im
ºóiitro-·q~e ~oristitüi ºuni
outro que constitui furo_entr~
um foro dois.. signifiçantes
entre dois s.~miifi,çantes{como (como um..laml,l~jo
um lampejo
passando
passando de um significante. para
um sígnificante para O:Utl'.Q,
outro, criando umaJigação
Çrj._ll!)gQ uma .entre. eles).
jigação .entre e\~~).
Essa
Essa noção
noção dupla do sujeito sujeito é concretizada
concretizada de maneira maneira exemplarexemplar na na
expressão “precipitação
expressão ''precipitação de subjetividade”,
subjetividade", encontrada
encontrada em em uma
uma obraobra inicial
"Tempo lógico ee aa asserção
“Tempo asserção de de certeza
certeza antecipada”
antecipada" (1946), (1946), onde onde encontra-
encontra-
mos
mos oo sujeito
sujeito como
como precipitado
precipitado e, e, também, como como "movimento
“movimento impetuoso impetuoso
arrojado". 22
arrojado”.
Como movimento
Como movimento arrojadoarrojado ou ou precipitação,
precipitação, oo sujeitosujeito surge surge entre dois dois
significantes da mesma
signifiçantes mesma formaforma que que oo "lampejo
“lampejo criativocriativo da metáfora metáfora [ .... . .]
entre dois
irrompe entre dois signifiçantes”
significantes" no no processo metaforização. 33 Em
processo de metaforização. Em outrasoutras
palavras, oo lampejo
lampejo criativo
criativo da metá(o~a
metáfora éé oo sujeito;
sujeito; aa metáfora
metáfora cria cria oo
sujeitg. TodcTó
sujeito. Toãõõefeito metafóricoêé então
"efeito metafórico então um efeito Um
êfêífo de cfê subjêSvida3F(e
suõjêiivfüãêfe(e
vice-versa). Não existe metáfüfif"Sempânícípãção
Vicê~Versa). Nãoººêxistê metáfôrãsempariicipãção SUbJêiiva,
übj e não há ê-não

-~~t~:1!~i i~Th~~ii~~W~%~~;: -~:~~·:~:;:;~: : : :.~u


subjetivação sem metaforização.
Como lampejo criativo da metáfora, o sujeito não tem continuidade ou
persistência; ele
.Pe!S.IS.~~11çia; ele surge como utn
surge. como um lampejo
lan1pejo irrompendo
irrompendo entre
-

entre dois.
- —

4Ql\L~~-~ifi-
signifi-
cantes. Entretanto,
cantes. Entretanto, como como resultado
resultadq_ do dQ...!1-º.Y9 sentido trazido
novo sentido trazido ao mundo, mrndo, oo
sujeito _::_
sujeito — oo sujeito
sujeito dividido
dividido encontrado
encontrado sob sob abãrrinas·j;ômêiras.dÜas
a barra nas primeiras duas
'metâfurãsmõstradâsº"ãclmã=-pennanece-fixãâ.õoiisúbjügâclõ:'ê"ãêfqúire
metáforas mostradas acima— péfmãnêEe fixado ou subjugado, ê adquire
’·:··~~-c~~~-~?:ttt:~U,iªade
ümácêrtãcontinm c<>i!i§..tªJ;·AJ'i~ªçªi:i.:##foJriáticido·:~:uJ#~t.~:!~fü.ii.!na
A fixação sintomática
_éstni~ra
estrutura metafórica,,J1,qµ~lª··º-~
metafórica, aquela de . µm._~jgojfi,ç~p,t~_~ão~sens9
um signifiçantenão-senso _ _substituindo-o,
~ºº~tjMni:!9.~o,
9Ü se áo
suj~iJq: .s.tl$.
ajünfandô ao sujeito:
ou se ajüntando Sj/M. ·. ..... · · . . . ·. ···.
. õê""fõmiâ"ºi>rovisória,
Dê forma provisória, éé possível considerar os
possível considerar os sintomas
sintomas como como pos- pos-
suidores de
suidores de tal
tal estrutura
estrutura substitutiva,
substitutiva, na qual oo sujeito
na qual sujeito como como sentido
sentido persiste
persiste
indefinidamente em seu
indefinidamente seu estado
estado assujeitado
assujeitado aa menos menos que que uma nova nova metá- metá~
fora seja
fora seja consumada.
consumada. Nesse sentido, aa análise
Nesse sentido, análise pode pode ser vista, vista, na teoria
teoria de
Lacan, como
Lacan, como aa exigência
'•
exigência de forjar forjar novas
novas metáforas
o•••••""HH_,~-""_ _ _ _
metáforas.. Pois, Pois, cada
-·---~··..,.....,..,...····,·······----
cada nqya
'••,_
nova
....:...---:-----

metáf'?!ª
metáfqra_traz~ consigo
consigo uma uma preciP-!!!ç_ijg_Qª-~º~j~tJY.i~ade
precipitação Jajsubjetívidad qúe pode
pode alterar alterar
~ !=!@ç_ã.g_~~-~~~Iªto·: DadÕ-que'õ
sujeito. Dado que o sintoma sintoma em em sisi éé uma"inêtáfo~;~~-~~-!ªE.
uma metáfora, a criaçao
de uma
de uma nova metáfora-iictdecórrer
metáfora no decorrer da análise análise causacãüsa rião não aa dissolução
díssolução dê de
todosº os
todos os sintomas mas a
sfotonias mas a reconfiguração
reconfiguração do do sintoma,
sintonia, aa criação
criação de de"iíni'iiõvo
um novo
sintoma, ou uma
sintoma, uma posição subjetiva modificada
posição subjetiva modificada com corri relação
réla.ção ao ao sintoma.
sintoma.JO o
fimfim da análise pode ser visto visto como
como aa efetivação
efetivação da da substituição
substituição 'inostra.dã
mostrada
nã-terêeira.iriefáfóra
nàTõfceira acmia~ $/a,
metáfora acima, $/a, por.meio
por meio da qual qual oo sujeito
sujeito assumeàssüinêº o lugar o
do Outro
do Outro ee oo desejo
desejo do Outi:o(objeto
Outro (objeto à), a), não
não mais assujéitâcl.Õp~1_;'êleou
mais assujeitado por ele ou
fixado nele.
fixado nele.
·· . . ··. " · · · · .·. · · · ' ··
A metáfora
metáfora e a precipitação da subjetividade
precipitação da subjetividade 95
95

O significado
Vocês não devem
Vocês não devem dar tratos
tratos à bola
bola para
para tentar compreender isso
tentar compreender
buscando compará-lo com
buscando compará-lo com algo
algo semelhante
semelhante aoao que é familiar aa vocês;
vocês;
vocês devem reconhecer
vocês devem reconhecer nele fato novo
nele um fato novo fundamental.
Freud, Conferências
Freud, Conferências introdutórias
introdutórias sobre
sobre psicanálise
psicanálise

Urna nova
Uma nova metáfora
metáfora traz traz um novo novo sentido sentido ao mundo. mundo. Ela altera altera o sujeito sujeito
como sentido.
como sentido. Mas Mas o que éé oo sentido sentido no esquema esquema lacaniano lacaniano de de coisas?
coisas? O O
que éé exatamente
que exatamente que que a metáfora metáfora cria, cria, afeta afeta ou modifica? modifica?
( qyeé o signifiça comumente chamamos de pensamen-
tos~;ieêt;~if~J}~~º~!!?.~!iis~~ii~~~iii~'~~~1iiií~~~H:n:~~~~
tos ou jdéias o que são.pens entos à não ser combinações específicas
-oesfgnfu~~i~;:-i!~-i-~fitiri;mii~;ãHnliaêiõs·-aé-únià-·rfmía-esNecrnca?
"3T gn c t .isto
-·-------···----·- é, significantes
--------------------·"''@.,. ,_.,. ,', ----' .....,...alinhados de uma forma específica?
«•--- -·-····---·--- ------.,. ·' ---,,-,_. ___ ,--- ------------ _ , , . . , . . . _ ~
«--

"Q'üaiido você
guando ''pega" o sentido
você "pega” sentido de algo algo que que alguém alguém diz, oo que ocórre ocorre alêm alem
localização da
de uma localização afirmação no contexto
da afirmação contexto de outras outras afirmações, afirmações, pensa- pensa-
mentos e termos?
mentos termos? Compreender
Compreender significa localizar localizar ou encaixar uma
(?U encaixar uma confi- confi-
guração significan.:te_s_dentro'
guração de significantes dentro de õüirã:·'Na"ináiôrfa"í.iõsêàsõs:·êõmprêen-
outra. Na maioria dós casos, cómpreen-
der umprocesso
der um processo não tão êorisêieritê-quanto
consciente quanto se poderia podería desejar, desejar, e que que não não
exige nenhuma
exige nenhuma ação ação da parte parte do sujeito: sujeito: as coisas coisas se se encaixam
encaixam dentro dentro da
conexões variadas
teia de conexões variadas entre entre pensamentospensamentos já "assimilados".
já "assimilados”.
De acordo
acordo com Lacan, Lacan, algo algo faz sentido sentido quando quando se se encaixaencaixa na cadeia cadeia
preexistente.
preexistente. Este Este algo pode pode ser ser acrescentado
acrescentado àà cadeia cadeia sem sem alterá-laalterá-la fun- fim-
damentalmente ou pôr
damentalmente pôr em em risco risco a boa ordem ordem ou harmonia. harmonia.
Por outro lado, a metáfora
Por outro metáfora induz induz aa uma nova nova configuração configuração de pensa- pensa-
mentos, estabelecendo
mentos, estabelecendo urna uma nova nova combinação combinação ou permuta, uma uma nova nova
ordem na
ordem na cadeia
cadeia significante,
significante, um um teste da ordem ordem antiga. antiga. As conexões conexões entre entre
significantes são mudadas em
os significantes em definitivo.
definitivo. Esse Esse tipo tipo de modificação modificação não não
pode ocorrer
ocorrer sem sem comprometer
comprometer o sujeito. sujeito.
Como disse
Como disse antes,
antes, é precisamente
precisamente na medida medida em em que que aa compreensãocompreensão
envolve nada
envolve nada mais
mais do que que aa localização
localização de de uma configuração de signifi-
uma configuração signifi-
cantes dentro
cantes dentro de outraoutra que que Lacan Lacan éé tão inflexível inflexível a respeito respeito da recusa recusa de
compreender, de empenhar-se
compreender, empenhar-se em em adiar adiar a compreensão,
compreensão, porque, porque, no proces- proces-
so dessa compreensão, tudo éé trazido
dessa compreensão, trazido de volta ao nível do status status quo, quo, ao
nível do que já conhecido .. Os próprios
já é conhecido,. próprios escritos escritos de Lacan Lacan transbordam transbordam de
metáforas extravagantes, absurdas
metáforas extravagantes, absurdas e mistas, precisamente precisamente para tirar o leitor
de um reducionismo complacente inerente
reducionismo complacente inerente a todo todo oo processo processo de compreen- compreen-
são. contraste àà grande
são. Em contraste grande atenção atenção dedicada dedicada ao ao processo
processo por determinados
por determinados
4
pensadores alemães4,
pensadores alemães , na estrutura lacaniana,
na estrutura lacaniana, verstehen verstehen pode igualmente
pode igualmente
ser traduzido
ser traduzido como como "assimilar”.
"assimilar". Portanto, Portanto, confirmando confirmando o ponto ponto principalprincipal
da proposição
proposição de Lacan Lacan de que oo sentido sentido (sentido (sentido como como aquilo que que você você
entendeu) é imaginário.
imagina que entendeu) imaginário. Ao assimilar assimilar algo, você se sente sente
alguém, imagina*se como
alguém, ou imagina-se como alguém alguém (um (um eu eu ou self) self) que que cumpriu cumpriu uma
96 O sujeito
O sujeito lacaniano
lacaniano

determinada tarefa
determinada tarefa difícil;
dificil; você
você sese imagina
imagina um pensador.
pensador. PorPor outro
outro lado,
lado, a
expressão "compreensão
expressão verdadeira" -— que
“compreensão verdadeira” que poderia
podería talvez
talvez serser traduzida
traduzida
em francês por se saisir
francês por saisir de
de que/que chose, enfatizando
quelque chose, enfatizando o reflexivo
reflexivo -— é, é,
realmente,
realmente, um um processo
processo que que vaivai além
além do funcionamento
funcionamento automático
automático da
ordem simbólica
ordem simbólica e envolve
envolve uma uma incursão
incursão do simbólico
simbólico no real: o signifi-
no real: signifi-
cante produz
cante produz algo novo
novo no no real suga mais
real ou suga mais do real
real para simbólico.
para o simbólico.
"compreensão verdadeira"
A “compreensão verdadeira” é, é, decerto,
decerto, um nome inapropriado na
nome inapropriado na
medida em
medida em que
que essa compreensão éé interrompida
essa compreensão interrompida de de forma
forma precisa,
precisa,
desnecessária e irrelevante
desnecessária irrelevante parapara o processo.
processo. O que éé realmente
O que inferido éé
realmente inferido
que algo muda,
que muda, e essaessa é a questão
questão da
da análise
análise lacaniana
lacaniana também:
também: algo algo
acontece na
acontece fronteira entre
na fronteira entre o simbólico
simbólico e o real que não
real que não tem relação
relação alguma
alguma
com a compreensão,
com compreensão, do do modo
modo comocomo elaela éé comumente
comumente entendida.
entendida. Daí Daí a
irrelevância do termo
irrelevância insight no processo
termo insight analítico: a frustação
processo analítico: frustação subjetiva
subjetiva
do analisando com com a não compreensão do que está
não compreensão está acontecendo,
acontecendo, com com a
maneira como
maneira como o processo analítico deve
processo analítico fwicionar, com
deve funcionar, com o que que está
está real-
real-
mente na raiz
mente raiz da neurose dele, etc.,
neurose dele, etc., de
de forma
forma alguma
alguma atrapalha
atrapalha a eficácia
eficácia
da psicanálise.
psicanálise. EmEm algumas
algumas ocasiões,
ocasiões, Freud comenta que
Freud comenta que o analisando
analisando que que
atinge o ponto
atinge ponto máximo
máximo no no curso
curso de sua análise
análise muitas vezes lembra
muitas vezes lembra pouco,
pouco,
se éé que
. se que lembra
lembra algo,
àlgo, e não
não tem compreensão do
tem compreensão do que
que ocorreu
ocorreu no no processo.
processo.

As duas
duas faces
faces do
do sujeito
sujeito psicanalítico
psicanalítico

As duas faces
As duas faces do sujeito
sujeito psicanalítico (precipitado de sentidos
psicanalítico (precipitado sentidos e furos)
furos)
correspondem, em
correspondem, em certos aspectos, àà divisão
certos aspectos, divisão tratada no capítulo
tratada no capítulo 4 entre
entre o
ser. Aqui,
sentido e o ser. Aqui, entretanto,
entretanto, a divisão não éé entre
divisão não entre o sentido
sentido inconsciente
inconsciente
e o falso ser do eu,
falso ser eu, mas entre o sentido
mas entre sentido inconsciente
inconsciente e um tipo de de
"ser-no-furo", ou, como
“ser-no-furo”, como Lacan
Lacan diz
diz emem algum
algum lugar,
lugar, um
um "sujeito real".55
no real”.
“sujeito no

O sujeito
O sujeito como
como significado
significado

O sujeito
O sujeito no
no real não éé a pessoa
real não descrita pelo
pessoa descrita analisando, limitada
pelo analisando, limitada em
em suas
suas
capacidades, incapaz
capacidades, incapaz de decidir
decidir entre
entre cursos
cursos de ação
ação diferentes,
diferentes, sujeita
sajeita aos
aos
caprichos do
caprichos Outro, àà mercê
do Outro, mercê de seusseus amigos,
amigos, amores,
amores, ambiente
ambiente ins-
ins-
titucional, educação cultural-religiosa,
titucional, educação cultural-religiosa, e assim
assim por diante. Essa
por diante. pessoa éé o
Essa pessoa
que poderemos chamar, tomando
poderemos chamar, emprestado um
tomando emprestado conceito de
um conceito de Lacan
Lacan e
Freud, altamente
Freud, altamente ambíguo
ambíguo (a (a ser
ser explicado
explicado em em detalhes
detalhes no capítulo
capítulo 8),
8), o
sujeito "castrado".
sujeito “castrado”. OO conceito
conceito de castração
castração abrange
abrange uma quantidade enor-
uma quantidade enor-
me de elementos
me elementos na na psicanálise
psicanálise e nono uso corrente, e o usarei
uso corrente, aqui apenas
usarei aqui apenas
de uma forma
de forma muito precisa:
precisa: como referência àà alienação
como referência alienação do sujeito
sujeito pelo
pelo
Outro e àà separação
e no Outro separação dodo Outro.
A metáfora
metáfora ee aa precipitação da subjetividade
precipitação da subjetividade 97 97

0 sujeito
sujeito castrado
castradoéé um um sujeito su~ito que adveio na linguagem. O sujeito
gue_JJº-.Y~io_~~.l!!.1gua_8~~·,·º
castrá3o Hnad.equada”...ou ou “insuficie
"ins_1:1:f.icientemente" ..c::9rre~p<mde.,a.umum sujj eito
suJ~!!º
x
'cuja separaçãonão
cuja separação não éé completa
completa-— nos nos termos
termos usados usadospor Lacanno
por Lacan no início
rufãécãda
da década . de dé. T960;
1960, um sujeito que
um sujeito que “confunde”
"confunde"aa demanda demandado do Outro
Outro (D) (D)
com o desejo
com desejodo Outro Outro (a) (a) na fantasia(sua
na fantasia (suafantasia fantasiacorrespondendo
correspondendo aa $$ 0
D em vez de $$ 0 a).6 O sujeito sujeitoque quese serecusa
recusa aa "sacrificar“sacrificar suasuacastração
castração ao ao
gozo
gozo do Outro” Outro" (Écrits,
(Écrits, p.323) p.323) é o sujeito que não passou passou pela separação
separação
adicional
adicional conhecida
conhecida como travessia travessia da fantasia; fantasia; pois ele deve se se sacrificar
sacrificar
àà castração,
castração,renunciarrenunciar ou ceder ceder para para que ocorra subjetivação da causa.
ocorra a subjetivação causa. O
sujeito deve
sujeito deve renunciar
renunciar a sua sua posição
posição mais mais ou menos confortável, compla-
confortável, compla-
. centemente
centemente miserável, miserável, como como assujeitado assujeitado pelo pelo Outro
Outro -— como como castrado
castrado-—
para tomar
para tomar o desejodesejo do Outro Outro como como causa causa para para si. Portanto,
Portanto, a travessia
travessia da
fantasia
fantasia envolve envolve ir além além da castração castraçãoe é um momento momento utópico
utópico num mais mais
além da neurose. neurose.

10%:ig,i~. ~::~;:::n~~:~~ig~;~~r~~k~:~~-s~:.t:!~~~
Ojujeito castrado é, portanto, um sujeito que não subjetivou o desejo)
do Outro e que permanece afligido por ele e ainda obtém um “ganho
secundário” de sua submissão sintomática ao Outro. Esse
_se~~11,4~rj9':,.4e.§µ~t~µkmi~§J!R~.~~t~m~!!Q~A29!!tro. Esse sujeito
0··!~~\

pode ser(
sujeito pode serf
caracterizado
caracterizado pelas pelas duas
duas primeiras primeiras metáforas metáforas apresentadas apresentadas no começo começo
capítulo, mas não
deste capítulo, não pela pela terceira.terceira. Os Os sintomas sintomas podempodem serser entendidos
entendidos
como
como mensagens
mensagens sobre sobre o sujeito sujeito que que são
são designadas designadas pelo Outro,Outro, e até que
sujeito consiga
o sujeito consiga se se separar
separardesse locus/destino no qual sua mensagem
desse locus/destino mensagem e
seu ser ser adquirem
adquirem sentido,
sentido, ele permanece castrado.
ele permanece castrado.
evidente que
É evidente que aa castração,
castração,nesse nesse contextocontexto lacaniano, lacaníano, não tem nenhumanenhuma
relaçãocom
relação com os os órgãos
órgãosbiológicos
biológicos ou ameaças ameaças aa estes. estes. Tais
Tais ameaças
ameaças podem,
podem,
no entanto,
entanto, funcionar em contextos contextos específicos específicos para separarum menino
para separar menino de de
sua
sua ligaçãoligação ao Outro Outro materno
matemo enquanto enquanto objeto preferido de prazer,
objeto preferido prazer, mas mas
parece incapaz
parece incapaz de causar causar aa separação separação.adicional .adicional necessária necessária para
para superar
superar a
7
castração.
castração.?
Surge
Surge um tipo tipo de ser ser através
através da da primeira
primeira forma de separação: separação: aquelaaquela
fornecida pela
fornecida fantasia. No entanto,
pela fantasia. entanto, Lacan Lacan fala fala mais uma vez de maneira maneira
geral "atãnise" ou
geral da “afanise” ou desaparecimento
desaparecimento gradual gradual do sujeito sujeito neurótico
neurótico na na sua
fantasia àà medida
fantasia medida que que o objeto-causa
objeto-causa adquire adquire mais mais visibilidade,
visibilidade. O objetoobjeto
a vem àà tona tona e ganhaganha o papel papel principal principal na fantasia, fantasia, e o sujeito
sujeito é, desse
desse
eclipsado ou ofuscado.
modo, eclipsado ofuscado.
Portanto,
Portanto, o falso ser ser do eu e o ser ser ilusório
ilusório oferecido oferecido pela pela fantasia
fantasia são
rejeitados
rejeitados por Lacan, um após após o outro, outro, por por serem serem incompletos:
incompletos: nenhumnenhum
dos
dos dois pode pode levar
levar o sujeito
sujeito além além da neurose. neurose. Em ambos ambos os os casos,
casos, o sujeito
sujeito
permanece castrado,
permanece castrado, assujeitado
assujeitado ao ao Outro.
Outro. No entanto, entanto, Lacan
Lacan mantém a
idéia de um ser
idéia ser além
além da neurose.neurose. 88 ·
bOsujeito castrado é oõsujeito que é representado: o
suJeffO-queérepresentado: O sujeito
sujeito castrado
castradoestá está
sempre
s~~pr~
··· .
.. se
§e apresentandoaõOüfro
. ........,~,·=~~,,,........ ,,.. , .... ,,... ..
á atenção é ó reco-
... · .. ·..... ,.

,O
~ãaõ.:3nadequada':
-~~j_~j!,ç
O
6
~f(;:
sujeito
atençãõeõréco-
,·ªP.~~~1-!~~§aõ-Oütrõ;-procurãõãõãtrairã
...
..,-.,.,
,,,:.,:, castrado
98 O sujeito
O sujeito lacaníano
lacaníano

nhecimento do do Outro,
Outro, e~. quanto mais se
quantomais se apresenta,
apresenta,. mais inevitavelmente
mais inevitaveh11e.l_!te
castradose
castrado se toma
tornâna
na medidáem
medida em que que éé representado
representadopelopelo ee no Outro. O
no Outro. O
sujeitocastrado
sujeito castradoéé oosujeito
sujeitobarrado, debaixoda
barrado, debaixo dabarra:
barra: éé um
um produto decada
produto de cada
tentativaee intenção
tentativa intençãode
de significar
significar para
para oo Outro.
Outro. Esse “sujeito éé constituído
Esse"sujeito constituído
pela
pela mensagem" (Écrits, p.305) recebida
mensagem” (Écrits, recebida por ele, de uma
por ele, forma invertida
uma forma invertida
aa partir
partir do Outro.
Outro.
Paraentender
Para entender esse
esse sujeito
sujeito barrado,
barrado, necessitamos examinar mais
necessitamos examinar mais profun-
profun-
damente
damente o processo
processo de criação
criação de
de sentido através do efeito de um
sentido ·através um signifí-
signifi-
cante
cante (S2)
(S2) sobre
sobre outro
outro (Si).
(S1).

Sobre significantes,
Sobre significantes, unários
unários e binários
binários
inauguração
A do sujeito através

A inauguração do sujeito através da separação está relacionada àà noção noção


freudiana de recalque originário. De acordo
freudianade recalqueoriginário. De acordo com Freud, o inconsciente com Freud, o inconsciente
Vorstellungsrepriisentanzen,
contém Vorstellungsreprâsentanzen,
contém "representantes literalmente
iiteralmente “representantes da
(re)presentação ou idéia”,
(re)presentação idéia", mas em em geral
geral traduzida
traduzida comocomo “representantes
"representantes
ídeacionais”.
ideacionais". Eles Eles são
são os representantes psíquicos das
representantespsíquicos Triebe, pulsões.
das Triebe, pulsoes. Na
visão de Freud,
visão Freud, sãosão tais representantes
representantes (e não não as percepções ou os
as percepções afetos)99
os afetos)
que são recalcados.
que recalcados. Mas Mas Freud
Freud nunca, determinou precisamente
nunca, de fato, determinou precisamente o
estatuto desses
estatuto desses representantes. inconsciente, escreve
representantes. O inconsciente, escreve Freud, constituído
Freud, é constituído
através de "um
através recalque originário,
“wm recalque originário,
primeirauma
uma fase de recalque,
primeira que
fase de recalque, que
consiste no representante
siste no representante (ideacional) psíquico (ideacional) psíquico da
da pulsão
pulsão [Trieb]
[Trieb] sendo
sendo
negada suanegada sua entrada na
entrada na consciência.
consciência. Com constitui-se uma fixação;
Com isso constitui-se fixação o
representante em questão persiste inalterado
questão persiste inalterado daí em diante diante e a pulsão
pulsão
10
[Trieb]
[Trieb] permanece ligada ligada aa ele”.
ele".10 recalque originário
O recalque originário cria núcleo do
cria o núcleo
onsciente, inconsciente, com com 0o qual outros
outros representantes
representantes (de (de representações)
representações) es- es-
tabelecem
tabelecem ligações
ligações que podempodem eventualmente
eventualmente levá-los
levá-los a serem
serem sugados
sugados
para dentro do inconsciente.
para dentro inconsciente.
Lacan propõe que
Lacan propõe que igualemos
igualemos esses representantes aos
esses representantes aos significantes,
significantes,
palavras
palavras substituindo pulsões
pulsões (isto é, funcionando como os representantes
funcionando como os representantes
das pulsões) no nivel do ideacional:
das pulsões) ideacional: o nível da representação
representação ou do
pensamento. significantes são
pensamento. Os significantes são aquilo que que permite
permite que as as pulsões sejam
pulsões sejam
representadas: apresentados a nós como
representadas: apresentados seres
como linguagem. Começando
seres da linguagem. Começando
aa partir
partir dessa
dessa equação Vorstellungsreprâsentanzen com
equação de Vorstellungsreprãsentanzen com os os signifi-
signifi-
cantes11
cantes 11,, 0o recalque
recalque é conceitualizado
conceitualizado por por Lacan
Lacan comocomo algo
algo que levaleva àà
criação do inconsciente
criação inconsciente com base base emem um wn casal dede significantes:
significantes:oo “signi-
"signi-
ficante unário”,
ficante unário", que que Lacan
Lacanrepresenta
representacomo como S>Si,, ee oo “signifícante
"significantebinário"
binário”
S2 (Seminário
(Seminário11, p.208).
11, O significante
p.208). binário
O signifícante binário éé oo que
que éé recalcado
recalcado no no
recalqueoriginário.
recalque originário. ··

}!h~f~~!?-to
casal
op.305)
permanece
A metáfora
metáfora e a precipitação da subjetividade
precipitação da subjetividade 99
99

O significante
O significante para
para oo qual
qual todos
todos os outros
outros significantes
significantes
representam um
representam um sujeito
sujeito

'·l~~~fJ~~fi~a~i_tff~~:~~~;~.2.N9.m~=ºç=P~~._§9._~ig!!i!i_~~1~JJ.in~t~
O significante do desejo do Outro, o Npme
que foi recalcado
· Esse
Esse significante
significan~~-éé singular:
sJ!!~la~: _éé o~si8~!.f!c!lnte
significante parapara oo qual todos os outros
todos_<?,~_?-1!-!t°ºs
sia~~representam-:um·siij~ito~
nific t representam um sujpito. Caso CãsO'esse·'sigi'ií'ficaí:ite'êstêja'fà1tân-
esse sigmficãnte esteja faltan-
do, nenhum
do, nenhum dos dos outros
outros significantes
significantes representa
representa coisacoisa alguma.
alguma. Essa
Essa idéiaidéia éé
exposta de forma
exposta forma muito esquemática
esquemática em em “Subversão
"Subversão do sujeito
sujeito ee dialética
do desejo”
do (Escritos), ee tentarei
desejo" (Escritos), tentarei expô-la
expô-la aqui.
Como vimos
Como vimos no capítulo anterior,
no capítulo anterior, Lacan
Lacan postula significante pri-
postula um significante pri-
mordial que que pode ou ou não
não existir.
existir. SeSe não existe, falamos
não existe, falamos dede foraclusão
foraclusão e, e,
portanto,
portanto, de de psicose, não havendo
psicose, não qualquer possibilidade
havendo qualquer existência de
possibilidade de existência
wn sujeito como
um sujeito tal-esse
como tal significante primordial
— esse significante constituindo aa condição
primordial constituindo condição
sine
sine qua
qua non subjetividade.
non da subjetividade.
ON
O orne-do-Pai é,
Nome-do-Pai é, portanto,
portanto, nosso Rochedo de Gibraltar.
nosso Rochedo Gibraltar. Lacan
Lacan diz diz que
que
oo Nome-do-Pai
Nome-do-Pai éé um significante, mas
um significante, mas está
está muito
muito claro
claro que
que éé diferente
diferente da
maioria
maioria ou até de todos
até de todos osos outros.
outros. Se
Se uma
uma palavra
palavra em em uma língua
língua toma-se
toma-se
antiquada, outrosoutros termos
termos afins
afins tendem
tendem aa preencher
preencher oo vazio;
vazio; emem outras
palavras,
palavras, seusseus sentidos
sentidos são são ampliados
ampliados para incluir oo sentido
para incluir sentido daquelas
daquelas
palavras
palavras que que desapareceram.
desapareceram. O O Nome-de-Pai,
Nome-de-Pai, ao ao contrário,
contrário, não
não éé subs-
subs-
tituível nem
tituível nem pronunciável.
pronunciável.
Na psicose, aa barreira
Na psicose, barreira entre
entre aa mãe
mãe ee aa criança
criança causada
causada por
por esse
esse nomenome
não éé erguida
não erguida_ de wna fonna suficientemente
uma forma suficientemente sólida.
sólida. A figura
figura do pai pai nãonão
consegue limitar oo acesso
consegue criança àà mãe;
acesso da criança mãe; oo significante
significante não
não éé capaz
capaz de
neutralizar oo gozo
neutralizar gozo da criança,
criança, ee esse gozo irrompe
esse gozo irrompe na na sua vida, dominan-
dominan-
do-a ee invadindo-a.
do-a invadindo-a. Formas diferentes de psicose
Formas diferentes estão relacionadas
psicose estão relacionadas às às
diferentes formas
diferentes formas nas quais oo gozo
nas quais gozo invade
invade oo paciente;, gçzo invade
paciente; oQgozo inyªlie oo corpo
cC>rpo
~~~~quizofrenill_e
na esquizofrenia e o<>lt1Wlflugar do lÍ<> Outro,
Qutr<>, como
como tal,tal, na
na paran6fa:t2'·'"
paranóia. 1 ··· ,., · .., -

O Nome-do-Pai
O Nome-do-Pai nãonão consegue
consegue se se manter
manter na psicose.
psicose.
Voltando
Voltando aoao caso
caso da neurose,
neurose, vemos
vemos que
que para
para oo Nome-do-Pai,
Nome-do-Pai, todos os
todos os
significantes representam
significantes representam um um sujeito.
sujeito..Cada
Cada significante
significante usado
usado por um
por_um
1,1.e11~ótico.{~\.~:',_S'", etc.) está,
neurótico (S\ S ” , S ” \ etc.) está, de
de algumãfõnna, vinculaâo _ao Norile-
alguma forma, vmculã3ó"aó~Ncme-
do-Pai (Figura 6.1), e o neurótico esta assim implicado, em grau maior ou
.:~~:~~!ff~g~~-~~!)~--~·<>·~e.ÚÍ'Q~~ccfe~t-f#.sim.implicado,·érn.gr~~.~~~~?~
Figura6.1
Figura 6.1

S'
S’

----$"'
Nome-do-Pai - - - - - S”
S"
100
100 O sujeito
O sujeíto lacaniano
lacaniano

menor,
menor, em cada palavra que ele ele pronuncia
pronuncia ou __ ouve. ouve. ,Nada Nada éé inocente:
inocente:
_mesJ:!!~
mesmo oo seu seu tão
tão► chamado "àtscurso vãzí0"1mpli~.a
chamado;‘dÍscurs(Tvazio” implica uma uma J_}osiçãod_::
posiçãode suj sujeito
eito
com relaçjo_ao.
com relação apÕutroeOutro.e_cadacada termo
tenno de alguma alguma forma forma contribuiu
contribuiu para para tomar
tornar
~~i~~íii?~Õ.~i.ç_ã,?__<:>_qlJ,~.,Ç,,
essa jjosição o que é.
.·-..---------·-···------·-,, .....................-.. ,................... .0 .........., , _ , , . - -

Continuamente somos
Continuamente somos reconduzidos
reconduzidos ao ao caso caso da psicose psicose ao ao revelarrevelar o fun- fim-
cionamento essencial
cionamento essencial do do signifícante
significante na na neurose.
neurose. Chamaremos Ç,h~aremos cada cada um desses
um desses
"putros" significantes
“outros” significantes de SS2, como Lacan
2 , como Lacan oo faz faz muitas muitas vézês.llNo vezes. 1 3 No final fmal da
década de
década l 96ó eecomeço
de. 1960 começô da da de 1970, 1970, ao ao Si S1 éé atribuído
atribuído um um papel papel de "signi- “signi-
ficante mestre",
ficante mestre”, o
o si "ficante
signifícante não-senso
não-senso "des=
desprovido iovtdo.dé i de sentido,·
sentido, que ue
............... ·....gni .·..-., ....·, ...... ,. ·_, .......... -.......,..,,,............J?. . . . . . .,. . . .,·-··.,. . .-. .................... -H--.. ·. ··-·-··- somefite
somente
.'é'incõrpofado
é incorporado ao ao movimento
movimento da linguagem linguagem -— em em outras outras palavras, palavras, "dialetiza- “dialetiza-
'dô"
dó”,' üriúenno
um termo que que explicarei
e-··
xp ucarêiàse·· a seguir gu··'ir='ãtravés — ------- através ,.,. . ,. ,...,da a,.,Ç,,_ão
...........ação ..,. ,....de
de,.,.....vários
vários S2s.
,......... ,. . ·.·.,,.....S 2 s.
~.-"
De acordo
De acordo com com oo uso uso posterior
posterior por por Lacan, Lacan, oo Nome-do-Pai Nome-do-Pai parece, parece, então, então,
estar correlacionado
estar correlacionado ao ao SS1, i , 0o signifícante
significante mestre. mestre. Se Se oo SSij não não estiver estiver no no
lugar, cada
cada S2 é, é, de alguma forma, forma, desatado. desatado. Os Os S2S S2s se se relacionam
relacionam entre
si; eles podem
si; podem ser ser alinhados
alinhados de formas formas perfeitamente perfeitamente normais normais por um um
psicótico,
psicótico, mas não não parecem
parecem afetá-lo afetá-lo em em sentido sentido algum; eles ele~ são ~ã<:> de ~.e..~~a alguma
forma
forma independentes
independentes dele. dele. Enquanto um um neurótico neurótico pode, pode, ao ao ouvir um um
teI1llo incomürh—
termo incornfüfi :.:;:::"digâmos, digamos, "inconstitucionalissimamente"
“inconstitucionalissimamente” -— se lembrar lembrar
da primeira
primeira vez vez em que ouviu ouviu aa palavra, palavra, com com quem quem foi foi que que ele ele aa aprendeu aprendeu
e assim
assim por por diante, um um psicótico
psicótico pode pode enfocar enfocar seu seu aspecto estritamente estritamente
fonético ou
fonético ou sônico.
sônico. Ele Ele pode
pode ver ver oo sentido sentido no no nada ou encontrar encontrar um sentido sentido
simplesmente pessoal
simplesmente pessoal em em quase tudo. As palavras palavras são são tomadas tomadas como como
coisas, como
coisas, como objetos objetos reais. reais.
Para um
Para um neurótico, cada cada S2 está está vinculado individualmente a um SS1. O
i. O
S1 não
Si não éé 0o sujeito
sujeito nem nem oo éé S2. Um sujeito sujeito éé aquilo que um signifícante significante
representa para
representa para outro. outro. O O que
que se se supõe que aa representação representação consista consista aqui?
Q
O .S.1. representa . µ~n.
S2 ~epr.~s~ntª um . sujeito
~J:Ij_~it9.Pªrn- para Si porque . . $.i
S1,.por_que ªtri:b1Ji,.re.truat.iY.a.ml:l11:!e,
S 2 .. atribui, retroativamente,
-~entido
sentido aa Si St,, Ulll
um sentido ~~p,tjdo que que.este.n~QHm!.ª--ªP,!~s
este não tinha antes (Figura (Figura 6.2). 6.2). Esse Esse sentido, sentido,
escdfo “s”
escrito ''s" (com
(com urna uma letra minúscula) quando quando Lacan formula formula sua sua versão versão
saussuriano, éé substituído
do signo saussuriano, substituído por$ por $ na na versão
versão mais completa completa do do efeito
efeito
retroativo
retroativo do signifícante significante (ver, (ver, por por exemplo, exemplo, oo Seminário Seminário 17) 17) que que éé
esquematizado na Figura Figura 6.3. 6.3. O O sujeitosujeito aqui aqui éé apenas apenas uma uma constelação constelação ou
conglomerado de de sentidos,
sentidos. Seosujeíto s-;;'osuJeffo-'consísfe"iiõ"'confüniÕtÕ'iãlde consiste no conjunto total de
senfíâos gerado pefa relâçãõ.entre
sentidos gerado pela relação entre todos todos os S 2:Se os 2 s e õo· Si, s1; o õ süjeifü'pãreceser
sujeito parece ser
um
um tipõ.de.sedi111,e11taçã<>-.~~~ênt1cfos·fomeciêiõsi,elo·oufüj'(ósenüncfaclos
tipo de sedimentação de sentidos fornecidos pelo Outro (os enunciados
do sujeito somente
do sómente adquirindo sentido. sentido rio no Outro Outro ou ou teridô' tendo oo·seiiffcíô sentido confe- confe-
rido
rido pelo Outro).
pelo Outro). . . .·. .. . ·· · . ..___ _

Figura
Figura 6.2
6.2

sf T s2
s
A metáfora
metáfora e a precipitação
precipitação da
da subjetividade
subjetividade 101

Figura 6.3
Figura
O.
Si Sg
$ a

O sujeito
O sujeito enquanto sentido que é depositado
enquanto sentido depositado como
como sedimento,
sedimento, de certa
maneira
maneira aa partir efeito de um significante
partir do efeito significante sobre
sobre outro,
outro, corresponde
corresponde ao
sujeito como
sujeito como eclipsado
eclipsado pelo sentido, que
pelo sentido, que está sempre no
está sempre campo do Outro.
no campo Outro.
O sujeito como
O como sentido
sentido -— sentido inconsciente sentido no Outro -—
inconsciente ou sentido
pode ser situado no esquema sujeito dividido (Figura
esquema do sujeito (Figura 6.4).
6.4). No canto
No canto
inferior esquerdo éé criado
inferior esquerdo criado o sentido
sentido inconsciente,
inconsciente, mas o sujeito
sujeito é privado
privado
ser.
de ser.

Figura 6.4
Figura 6.4

Não penso
Não penso

Não sou
Não sou
(sentido
(sentido
inconsciente)
inconsciente)

O sujeito
O sujeito como
como furo
furo

Embora pareça
Embora pareça haver
haver pouca expressão de
pouca expressão de subjetividade em
em tal interpreta-
interpreta-
çãc.\ o sujeito
ção, sujeito é, entretanto,
entretanto, realizado
realizado no foijamento
forjamento de vínculos
vínculos entre
entre o Sj
S1
O sujeito
S2. O
e o S2. sujeito não apenas a sedimentação
não é apenas sedimentação de sentidos
sentidos (embaixo
(embaixo da
barra no seguinte
seguinte materna),

S£ -» S2
s

mas também
também ojorjament
~/2.ri.f!.1!1<!.Jl{!l de /jggÇ,§ft,!Jl}!.1:.~,~!g,~,ifl.~!},!es. Em seu “Projeto
seu "Projeto
14
· para uma psicologia científlca"I4,
psicologia científica” Freud denomina
, Freud denomina de Bahnung (insatisfa-
Bahnung (insatisfa-
.toriamente
toriamente vertido nas nas traduções
traduções em em inglês
inglês para "facilitação") os
para “facilitação”) os caminhos
caminhos
.• formados
formados entre
entre os neurônios
neurônios no esboço esboço psicanalítico
psicanalítico da psique. Esse tenno
psique. Esse termo
Lacan
Lacan traduziu como frayage,
traduziu como frayage, um tipo de furo ou desbravamento desbravamento de
caminhos. Ele toma
caminhos. toma a idéiaidéia de Freud
Freud como
como sendo
sendo a de um rompimento
rompimento que
estabelece uma ligação (ou
estabelece (ou articulação)
articulação) entre as assimassim chamadas memórias
memórias
102
102 O sujeito
O lacaniano
sujeito lacaniano

conceituais,
conceituais, e prontamente
prontamente associa
associa essas
essas ligações neuronais às ligações
ligações neuronais ligações
entre
entre os significantes. O sujeito
sujeito é o caminho
caminho foijado
forjado entre
entre significantes;
significantes;
em outras
em outras palavras, sujeito é, de certa
palavras, o sujeito certa forma, que liga
forma, o que liga os os significantes
significantes
uns aos
uns aos outros.
outros. , - --- __ .,,_. ·· ·· -----
~?.~
Quando Laca_!}
Lacan elabora os quatro discursos (Seminário
el~bor~-()~-q~!r,~_c:li~c1:1rso~ (Semi11~rio _17), .fü..!2~-se
Si toma-se
noção ~omiCNão.
_ uma noção posicionai? Não existe
existe . um SiSt_ simples ou únic<>;
simples_ou. único; Si St simples-
simples-
-~~1!.!~-~~~~~3.:-~-~ig1_1.i,ª~ru1Je.,qµ~ do r~~t<>
isolado cio
mente designa um signifícante que éé _ii.o,Iiide> resto 4'?4i§cw.:~l:õü;-cõmo
do discursp"(òü, como
Freud diz em
em A interpretação
interpretação dos sonhos, que éé desmembrado
dos sonhos, desmembrado da “cadeia "cadeia
15
psíquica”
psíquica" dos pensamentos
pensamentos conscientes
conscientes do indivíduo).
indivíduo).15 Um S] Sr pode
pode ser,
ser,
vezes, reconhecido
muitas vezes, reconhecido na análise pelo pelo fato
fato de que
que o analisando esbarra esbarra
diversas vezes com
diversas vezes com o termo; pode pode serser um termo
termo como
como “morte”, por
"morte", por
exemplo,
exemplo, ou qualquer outro termo que pareça
qualquer outro pareça opaco
opaco ao analisando
analisando e que que
sempre parece colocar
sempre parece colocar um fim às associações
associações em vez de desenrolar
em vez desenrolar asas
coisas. Aqui, o analisando
analisando está,
está, de certa
certa forma,
forma, enfrentando
enfrentando uma uma opacidade
opacidade
total de sentido;
sentido; ele pode muito
muito bem
bem saber palavras significam
saber o que as palavras significam emem
sua
sua língua materna,
materna, enquanto permanece ignorante
enquanto permanece ignorante quanto ao que que signifi-
signifi-
cam
cam para ele, aquele sentido especialespecial e pessoal
pessoal que tem tem algumalgum tipotipo de
implicação subjetiva. O
implicação subjetiva. O sujeito
sujeito aqui é eclipsado
eclipsado porpor um signifícante
significante mestremestre
sem sentido:
sentido:

S1
Si.
$$
Dessa
Dessa forma,
forma, ...o~·-·-·~···~·
signifícante
significante mestre é não-senso
mestre não-senso..
..-, .... ··- ........... ··-. ...... .. ·······--········ •... •....,..---········•'"""'"'" .. ··-·
, ._.

A precipitação
precipitação da
da subjetividade:
subjetividade:
dialetizando um signifícante
dialetizando um significante mestre
mestre

Um dos objetivos
objetivos dada análise
análise é "dialetizar" termos isolados,
“dialetizar” tais termos isolados, essas
essas
palavras que acabam
palavras com o fluxo de associações
acabam com associações do paciente,
paciente, queque parali-
parali-
sam
sam o sujeito
sujeito -— ou, para
para ser preciso, o anulam.
ser mais preciso, anulam. “Dialetizar”
"Dialetizar" aqui
aqui é o
termo
termo que Lacan usa
que Lacan usa para indicar que tentou-se
para indicar tentou-se introduzir
introduzir wn exterior
um exterior
desse Si, ou seja, estabelecer
desse Sj, estabelecer wnauma oposição
oposição entre
entre ele
ele e um outro signifí-
um outro signifi-
cante,
cante, S2.
S2. Se pudermos trazer
~e pudelll:los tl"azer esse S1 p~~
esse Si para dentro de algum tipo de
dentr9.A~.
relacionamento com
_relacionamento com um outro signifícante,
significânte, então
então seu estatuto dé
seu~statllto desigi:iifi-
signifi-
cante
~aritêfuestiê;'qiie assujeita o
mestre, que assüjêifa 0 sujeito, muda. Uma pónte
sujeito, müd.a:U111á ponte éé-construídâ'
construída entre
éntre
ôütrô elemento
ele e um outro lingüístico eê uma perda
elemento lingüístico ocorre: - .... '
perda ocorre: uma
S1 -> S2
$ a
A metáfora
metáfora e a precipitação da subjetividade
precipitação da subjetividade 103

(Não examinarei
(Não examinarei as complexidades
complexidades da “perda”
''perda" -— objeto
objeto a -— aqui;
aqui;
ver capítulo 7). Falando
ver capítulo claramente, o analisando
Falando claramente, analisando não estáestá mais parali-
parali-
sado nesse
nesse ponto específico suas associações;
específico de suas associações; após defrontar-se
defrontar-se com
com o
mesmo tenno de vez
mesmo termo vez emem quando por por um período
período que pode chegar
chegar a
levar meses,
levar começa a ceder. Um
meses, começa sentido é criado
Um sentido criado para esse signifí-
para esse signifi-
cante
cante mestre
mestre do sujeito
sujeito e o sujeito
sujeito é, mais
mais uma vez,
vez, dividido
dividido entre
entre o sentido
sentido
e o ser,
ser,

S
Si -> S2
sentido $ a ser

surgindo momentaneamente no forjamento


surgindo momentaneamente forjamento de de um vínculo
vínculo entre
entre SS1j e S2,.
S2,i~A ..
CJÍ35ª9~.9x
çría ãpjte um.,a ºp_o~ÍÇ~<,?. e~tre A~.
um S;S t e(!,~.
um outro
outr9, elemento
~lell}ento significante
si~~fis_3!1te é
0o que
que possibilita uma posiçªCJ .~Yal?J~tjya.
possib.il.i_~~-u.~a subjetiva. Observe
Observe a opôsíçãõ aqui entre
oposiçãõ-aqui entre 0o
suJê1tO
sujeito queque vem a ser ser na construção
construção da ponteponte entre Si S1 e S2 -— ao longo
longo da
seta, de certa
seta, forma1166 -— e o sujeito
certa forma barrado ou alienado
sujeito barrado sentido, $$
alienado do sentido,
(relegado a um lugar
(relegado lugar abaixo
abaixo da barra).
barra).
Cada S
Cada S1| isolado
isolado é, no momento
momento em em que aparece,
aparece, não-senso.
não-senso. O Sj, Si, ao
contrário de S(A),
contrário S(~), não
não é impronunciável.
impronunciável. Não é algum significantesignificante mis-
mis-
terioso, oculto,
terioso, oculto, que
que um certo
certo dia finalmente
finalmente brota das profundezas;
brota das profundezas; podepode
muito bem
muito bem serser uma palavra
palavra ou nome
nome queque o analisando usa todos todos os os dias.
O SiS1 insiste,
insiste, entretanto,
entretanto, no campo sem-sentido quando
campo do sem-sentido quando vemvem à baila em em
um contexto
contexto queqúe parece envolver o analisando,
parece envolver analisando, embora
embora esteeste não
não saiba
saiba como
como
ou por quê. O não-senso
por quê. não-senso pode
pode tomar outras formas
tomar outras fonnas também:
também: pode aparecer
pode aparecer
em uma pronúncia
em pronúncia ininteligível
ininteligível de palavras
palavras para quais nenhum
para as quais sentido
nenhum sentido
.pode
pode serser atribuído, uma vez vez que os sonssons resultantes
resultantes não sugerem nada nada na
forma de wnjogo
um jogo de palavras.
palavras.
De qualquer maneira, ênfase de
maneira, a ênfase de Lacan
Lacan na importância
importância do não-senso
não-senso
está relacionada
está relacionada com com 0o objetivo
objetivo analítico da dialetização
dialetização dosdos signifícantes
significantes
. que, no decurso
decurso do tratamento analítico, vêm à tona como
tratamento analítico, como signifícantes
significantes
mestres
mestres isolados, p
isolados. O autismo podería ser
autismo P2.~~~a considerado um caso
ser _consjderach caso no qual
qual há
um ou apenas
... 1:!ffi alguns poucos signifícantes mestres .9.~e.
apenas_alg~~_pouco~s~~ificànt~~--Il'.1.e~tr~~ que são virtualmente
~ão ~irt1ud.!!1ente
.··. impossíveis
impossíyeis de dialetizar. Na
d~_4i~l~!i.~ar. NáThéurose
neurose há, em em geral,
geral, uma série
série de signifí-
signifi-
. ·cãntés
cãnfos mestres
mestres que se manifestam
manifestam no decorrer do tratamento
no decorrer tratamento e que atraem
nossa atenção
nossa atenção como
como algum tipo de pontos pontos de parada
parada ou becos sem saída.
esses becos
São esses sem saída que a análise tenciona
becos sem tenciona transformar
transformar em em ruas com
ruas com
saída. O sujeito
saída. sujeito aparece
aparece no processo
processo de remoção obstáculo que o
remoção do obstáculo
colocou no
colocou no impasse, criando, desse
impasse, criando, desse modo,
modo, uma saída.
saída. O o sujeito
sujeito é, de certa
forma, a divisão desse obstáculo em
desse obstáculo em duas partes
partes separadas:
separadas: S S1j e S2
·.... (Figura
(Figura 6.5).
6.5).
104
104 O sujeito
O sujeito tacaniano
lacaniano

Figura 6.5
Figura

S 1 - - - S2
$/ ~a

esse ponto
Até esse ponto da minha argwnentação, fomeci
minha argumentação, forneci ao ao menos
menos quatro
quatro
caminhos separados
caminhos separados para compreender os objetivos
para compreender objetivos da psicanálise:
psicanálise: a
dialetização dos significantes
dialetização significantes mestres,
mestres, a precipitação subjetividade, a
precipitação da subjetividade,
criação de uma
criação urna nova
nova metáfora
metáfora e a subjetivação
subjetivação ou “assunção”
"assunção" da causa.
causa. O O
leitor agora
leitor agora familiarizado
familiarizado comcom a “álgebra”
"álgebra" cadacada vez mais
mais polivalente
polivalente de
Lacan está,
Lacan está, sem
sem dúvida,
dúvida, preparado
preparado para ser informado
para ser infonnado de que todos
todos sãosão wn
um
e o mesmo caminho, isto
mesmo caminho, isto é, que todos são
são formas
formas parciais caracterização
parciais de caracterização
.da
1 mesma meta
da mesma básica, Quando um significante
meta básica. signific~mestre mestre é dialetizado,
dialetizado,

&;7~;;~f~~J::ªf~~~~j~~º~~~f~~~t~~º!~~~::~wµ~p;~~~~:~ç~~
pcorrejy o sujeito é precipitada
fgmreíag à xcausa. Todos os caminhos se enquadram no processo de
separação e na separação
separação separação adicional
adicional à qual
qual Lacan
Lacan sese refere corno aa._!ravessia
refere como travessia
da fantasia.
da fantasia. · - - ···· ·
· A anâlise com neuróticos
à analise separação. Além
neuróticos visa a separação, Além dosdos sintomas
sintomas psicos-
psicos-
somáticos ou “simplesmente”
somáticos "simplesmente" físicos
fisicos apresentados
apresentados pelospelos neuróticos
neuróticos que
derivam da identificação
derivam identificação com pais,pais, parentes outros, e que
parentes e outros, que devem
devem ser ser
obviamente trabalhados por
obviamente trabalhados por completo,
completo, uma grande parte do trabalho
grande parte trabalho
com neuróticos
analítico com neuróticos gira
gira em
em torno finalização da separação.
tomo da finalização separação. En-
quanto Freud
Freud propõe análise, quando levada
propõe que a análise, levada até
até ao fim, sempre
sempre se se
17
depara com
depara com o “rochedo
"rochedo da castração”
castração"17 intransponível, Lacan
intransponível, sugere que
Lacan sugere que
separação pode
a separação levar o sujeito
pode levar sujeito além
além desse
desse ponto.
ponto. Ao subjetivar
subjetivar seuseu
destino, aquela
destino, aquela causa estranha
estranha (o(o desejo
desejo do Outro)
Outro) que o trouxe ao ao mundo,
a alienação podepode ser
ser superada.
superada. EstaEsta afirmação
afirmação constitui
constitui um momento
momento
utópico
utópico nas obras
obras de Lacan.
Lacan. Esta passagem castração nunca
passagem além da castração nunca foi,
até onde
onde eu sei,
sei, renegada
renegada nas obras posteriores de Lacan,
obras posteriores Lacan, ao
ao contrário
contrário de
outros momentos utópicos
outros momentos utópicos (por
(por exemplo:
exemplo: a fala plena)
plena) que
que foram
foram implici-
implici-
tamente
tamente criticados
criticados em vários exemplos
em vários exemplos de “Lacan
"Lacan contra
contra Lacan”
Lacan" (o Lacan
Lacan
contra o Lacan
do final contra Lacan do início). Dessa
Dessa forma, ela ela se destaca
destaca como
como umauma
18
pedra angular da da réplica
réplica ou superação
superação de Freud
Freud feita por Lacan.18
por Lacan.
PARTE TRÊS
PARTE TRÊS

O
O Objeto
OBJETO Lacaniano:
LACANIANO:
Amor, Desejo,
AMOR, Gozo
DESEJO, Gozo
capítulo sete
capítulo sete

Objeto a:
Objeto a: causa
causa do
do desejo
desejo

Ao criar oo objeto
Ao criar objeto a, Lacan
Lacan sentiu
sentiu que
que havia feito a contribuição
contribuição mais
mais
importante psicanálise 1 . Poucos
importante àà psicanálise!. conceitos na obra
Poucos conceitos obra lacaniana
lacaniana foram
foram
elaborados de forma
elaborados forma tãotão ampla,
ampla, revistos
revistos de maneira
maneira tão significativa
significativa da
década 1950 à década
década de 1950 década de 1970, examinados
examinados em em minúcias
minúcias aa partir de
partir de
perspectivas
perspectivas muito diferentes,
diferentes, e exigem
exigem tantas modificações em
tantas modificações em nossa
nossa
forma habitual
forma de pensar
habitual de pensar oo desejo,
desejo, a transferência,
transferência, ee a ciência.
ciência. EE poucos
poucos
conceitos têm tantos
conceitos avatares nas
tantos avatares obras de Lacan:
nas obras Lacan: oo Outro,
Outro, oo açaima,
aga/ma, o
número Coisa Freudiana,
número de ouro, a Coisa Freudiana, oo real, a anomalia,
anomalia, a causa
causa do desejo,
desejo,
oo mais-gozar,
mais-gozar, a materialidade
materialidade da linguagem,
linguagem, o desejo desejo do analista,
analista, aa
consistência lógica,
consistência lógica, oo desejo Outro, oo semblante/simulacro,
desejo do Outro, semblante/simulacro, o objetoobjeto
perdido assim por
perdido e assim diante. Uma
por diante. Uma vez que que literalmente
literalmente milhares
milhares de páginas
páginas
na obra
na obra de Lacan,
Lacan, aa maioria
maioria delas ainda
ainda não publicadas, são dedicadas
publicadas, são dedicadas ao
2
desenvolvimento desse
desenvolvimento desse conceito
conceito2, , não
não posso maneira alguma
posso de maneira alguma esperar
esperar
fornecer uma
fornecer uma explicação
explicação satisfatória
satisfatória para objeto a que explique
para o objeto explique ou
. abranja
abranja de maneira adequada todas
maneira adequada todas asas teorias Lacan. Além
teorias de Lacan. Além disso,
disso, muitas
muitas
suas elaborações
de suas elaborações envolvem
envolvem formulações
formulações algébricas,
algébricas, topológicas
topológicas e lógi-
que exigiríam
cas que exigiriam comentários
comentários prolongados
prolongados e seriam seriam de
de pouco interesse
pouco interesse
para a maioria
maioria dos leitores.33 Embora
dos leitores. Embora o assunto
assunto mereça
mereça um livro por 4
só4,
por si só ,
limitar-me-ei aqui ao que
limitar-me-ei aqui que considero
considero alguns
alguns dos aspectos
aspectos mais
mais notáveis
notáveis da
principal Lacan àà psicanálise.
contribuição de Lacan
principal contribuição psicanálise.
Nos capítulos anteriores
Nos capítulos deste livro,
anteriores deste livro, fui obrigado
obrigado a apresentar
apresentar o objeto
objeto
n eem
ti uma série
m uma série de contextos
contextos diferentes
diferentes para explicar oo advento
para explicar advento do sujeito
sujeito
ee- as mudanças correspondentes no Outro.
mudanças correspondentes Outro. ComoComo éé de de se
se esperar,
esperar, os
conceitos de objeto e de sujeito
conceitos sujeito formulados
formulados por Lacan foram
por Lacan foram revisados
revisados ao
Jortgo tempo e não éé possível
longo do tempo entender aa teoria
possível entender teoria de Lacan,
Lacan, emem qualquer
qualquer
momento específico, sem
momento específico, sem considerarmos
considerarmos ambos conceitos. No
ambos os conceitos. capítulo
No capítulo
3; referi-me ao
3, referi-me ao objeto
objeto aa como
como oo resto
resto· da simbolização
simbolização -— oo real (R2) que
permanece, insiste e ex-siste
permanece, insiste ex-siste após
após ouou apesar
apesar da simbolização
simbolização- como a
— como

107
108
108 O
O sujeito
sujeito lacaniano
lacaniano

causa traumática ee como como aquilo que interrompe


interrompe oo funcionamento
funcionamento tranqüilo
lei ee oo desdobramento
da lei desdobramento automático
automático da da cadeia
cadeia significante.
significante. No capítulo 5,
tratei
tratei oo objeto
objeto aa como
como uma última lembrança
uma última lembrança ou ou resto da unidade hipotética
resto da hipotética
mãe-criança ao
mãe-criança ao qual oo sujeito se se apega na na fantasia
fantasia para atingir um
para atingir senti-
um senti-
mento de totalidade,
mento como oo desejo
totalidade, como desejo do Outro,
Outro, como
como oo objeto
objeto dodo gozo, como
gozo, como
aquela "parte" Outro matemo
“parte” do Outro materno que a criança
criança leva consigo na
leva consigo separação,
na separação,
corno aa causa
ee como causa estranha
estranha ee decisiva
decisiva da existência
existência do do sujeito
sujeito que
que ele
ele deve
deve
vir a ser
ser ou subjetivar na análise.
ou subjetivar análise. No
No capítulo
capítulo 6,6, mencionei
mencionei brevemente
brevemente oo
objeto a no contexto
objeto contexto dodo objeto
objeto perdido
perdido de Freud, como oo ser
Freud, como ser do sujeito
sujeito ee
como
como um um produto
produto da dialetização
dialetização de um significante
significante mestre.
mestre.
A tarefa do
A tarefa do leitor
leitor em
em “pensar
"pensar junto"
junto” todas essas maneiras
todas essas maneiras de falarfalar aa
respeito
respeito do objetoobjeto a nãonão éé fácil
fácil ee espero
espero facilitá-la
facilitá-la parcialmente
parcialmente nesteneste
capítulo. No
capítulo. entanto, como
No entanto, como na na parte 22 deste
deste livro nem sempre
sempre foifoi possível
possível
pensar em conjuntoconjunto todas
todas asas formulações
formulações lacanianas
lacanianas com com relação
relação ao
sujeito, não
sujeito, questão simples reconciliar
não éé uma questão reconciliar todas as suas formulações
todas as formulações
relação ao objeto.
com relação objeto. Sem
Sem dúvida, isto isto éé parte
parte do que toma
toma oo conceito
conceito tão
fértil
fértil para elaborações adicionais,
adicionais, mas tão enervante para para o sistematizador
sistematizador
ee tão entediante
entediante parapara "os espíritos científicos”.
“os espíritos científicos". PodePode um conceito
conceito tão
polivalente ser ser de algum valor para a constituição
constituição da da psicanálise
psicanálise comocomo umum
discurso significativo
discurso significativo ee principalmente
principalmente como como uma ciência? Analisarei
uma ciência? Analisarei aa
relação entre
entre psicanálise ciência no
psicanálise ee ciência no capítulo 10.
Retomemos
Retomemos ao ao conceito
conceito do do objeto
objeto para considerá-lo aa partir
para considerá-lo partir da perspectiva
perspectiva
imaginário, do
do imaginário, do simbólico
simbólico ee do real. Isto fornecerá
fornecerá umauma visão da evolução
visão da evolução
da noção
da noção de de objeto
objeto concebida
concebida porpor Lacan
Lacan aa partir
partir da década de 1930.
da década 1930.

"As relações
“As relações de
de objeto”
objeto"
Objetos imaginários,
Objetos imaginários, relações
relações imaginárias
imaginárias

O
O primeiro
primeiro objeto imaginário éé oo eu.
objeto imaginário expliquei na primeira
eu. Como expliquei subseção
primeira subseção
5
do capítulo
do capítulo 4,4, oo eu éé uma
uma produção imaginárias,
produção imaginária , uma cristalização
cristalização ou
sedimentação de imagens
sedimentação imagens dodo próprio
próprio corpo do indivíduo e de auto-imagens
auto-imagens
refletidas
refletidas para ele por
para ele outros. Em
por outros. Em contraposição
contraposição aa Freud, LacanLacan mantém
mantém
que aa cristalização
cristalização do
do eu não constitui uma
não constitui instância, mas um objeto.
uma instância, objeto. Esse
Esse
objeto catexizado ou investido,
objeto éé catexizado como outros
investido, como outros objetos,
objetos, com libido e,
portanto,
portanto, oo "próprio"
“próprio” eueu do infante"
infante* não éé necessariamente
necessariamente mais catexizado
mais catexizado
do que
que outros
outros objetos
objetos (ou
(ou eus)
eus) em
em seu ambiente.
ambiente. O O objeto,
objeto, compreendido
compreendido
nesse nível
nesse nível imaginário, aquele para
imaginário, éé aquele para oo qual aa libido
libido é dirigida
dirigida ou dodo qual
como é oo caso
éé retirada, como dos objetos
caso dos objetos de amor
amor encontrados
encontrados na na obra Freud.
obra de Freud.

** No original: “infant‘s
Nooriginal: "ínfant's ego”,
ego", próximo do termo "infans"
“infans” empregado
empregado por Lacan para se referir
parase referir
àà criança sua aquisição
criança antes de sua aquisição da linguagem falada,
falada, articulada.
articulada. (N.R.)
(N.R.)
Objeto a:
Objeto a: causa
causa do
do desejo
desejo 109

Fazendo wnjogo
Fazendo um jogo de de palavras
palavras comcom a natureza inerentemente estranha
natureza inerentemente estranha e
objetal do eu, Lacan
objetai Lacan se se refere a ele, no início início da década
década de 1950, como um
1950, como
outro (autre em
outro em francês),
francês), daí sua sua abreviação
abreviação a para para oo eu,
eu, que emem geral
geral éé
apresentada em
apresentada em itálico,
itálico, indicando
indicando (de acordo acordo com
com as convenções
convenções tipográ-
tipográ-
ficas gerais
ficas gerais de Lacan)Lacan) que éé imaginário.
imaginário. O eu de wna uma pessoa designado
pessoa é designado
a ee oo eu eu de
de outra
outra como como a'. Tais designações
a \ Tais designações salientam
salientam a semelhança
semelhança entre
entre
eles .
eles.
./\s
As "relações
'\;;,;,·
“relações imaginárias"
imaginárias” não
- - .. - ~ ™ - f " ' h ' - = ~ ~ ~ ~. 3~ relacionamentos
não --·são ilusórios-relacio-
relacionamentos ilusórios — relacio-
namentos
nameníosqurnao que nao existem existem realmente
realmente -— mas mas relações entre.,e.~__on
relações epfrgeus ond.eJ:q.do

{~:~~;J;~~;e~i>ii~~~j~i~~-~~~~~~i~~~~~~~~;!~;s~~=l~~~
se passa apenas em termos de uma oposição: i Elas en-
võlvemoütras pessoas quê julgamos ser como nós por várias razões. Talvez
porque
porque os dois se se parecem
parecem muito, são semelhantes semelhantes na altura
altura ou na idade
idade e
assim por
assim diante. No caso
por diante. caso de wna criança, é geralmente
uma criança, geralmente umauma outra
outra criança
criança
família, na família
da família, família extensiva,
extensiva, ou ou no círculocírculo de amigos,
amigos, que
que tenha
tenha maior
maior
semelhança com
semelhança com ela ela em em termos de altura, idade, idade, interesses
interesses e habilidades
habilidades ee
que também
que compartilhe da mesma
também compartilhe mesma relação com com uma figura
figura parental
parental ou de
autoridade (Figura
autoridade (Figura 7. 7.1). Dessa maneira,
1). Dessa maneira, a determinação
determinação de quemquem é seme-
seme-
lhante ee quem
lhante quem não é também também envolveenvolve componentes simbólicos. 66
componentes simbólicos.

Figura 7.1
Figura

Dois irmãos
Dois irmãos na
na Duas crianças
Duas crianças nana
mesma situação
mesma situação com
com mesma situação
mesma situação com
com
relação aa uma
relação uma ee aa relação aa duas
relação duas figuras
figuras
mesma figura
mesma parental
figura parental parentais diferentes
parentais diferentes

··figura parental
figura parental figura parental
figura parental figura parental'
figura parental'

1aa - al'
►a’
1 a + - - - - - - --------►
- - - a’ a'
I
Igual (amor),
Igual (amor), diferente
diferente (ódio)

Correspondendo àà principal
Correspondendo oposição imaginária
principal oposição imaginária entre
entre igual
igual e diferente,
diferen!tl,"a~
as ,..
. relações imaginárias são
relações imaginárias são definidas
defmidas por duas características
por duas çaract~stica~ pr9en1ineriiês:
proeminentes:
·:'ãffiór (identificação)ee ódio
ãrriõf (idêritificaçãò) ódiô'(rivâiíclacle).
(rivalidade). Na medida
medida emem qüe
que oo outro
ouirô'é1gual
é igual
variiirii~'"eií"âmo"e·me
a mim, êü amo e me ''idêiififü:o êom'eie,
identifico com sinto seu
ele, e sinto seu prazer
prazer ou dordor como
como
· meus.
meus. No caso de
No caso de gêmeos idênticos, éé comum
gêmeos idênticos, comum depararmo-nos
depararmo-nos com com si-si-
tuações
tuações onde gêmeo catexiza
onde um gêmeo catexiza oo eu
eu do outro
outro gêmeo
gêmeo quase
quase tanto
tanto quanto
quanto
dele próprio.
óô dele próprio. Isto é verdade, sem nenhuma
verdade, sem nenhuma dúvida,
dúvida, em
em um grau menor,
um grau menor,
11 O
110 O sujeito
O sujeito iacaniano
lacaniano

em muitas
em famílias próximas
muitas famílias próximas onde onde existe
existe uma grande dose
uma grande dose de solidariedade
solidariedade
entre as as crianças.
crianças. Em tais casos, casos, vemosvemos o raro cumprimento da injunção
raro cumprimento injunção
bíblica de amar amar o próximo próximo como como a si si mesmo.
mesmo. Na medida medida em em queque amo
amo meu
eu, um outro outro eu eu como como eu mesmo igualmente merecedor
mesmo é igualmente merecedor de amor. amor.
Isto também
também explica, explica, de certa certa forma, o outro outro lado de de tal identificação
identificação
fechada: a tensão
fechada: tensão gerada gerada por por la petite différence. A diferença
petite différence. diferença se se insinua
insinua
inevitavelmente até mesmo
inevitavelmente mesmo entre entre os gêmeos
gêmeos maismais idênticos,
idênticos, seja seja devido
devido ao
tratamento diferencial
tratamento diferencial dado pelos pelos paispais ou às às mudanças
mudanças na aparência aparência com com
o passar
passar do tempo,tempo, e~_quanto quanto maismais próxiil'.I<>
próximo o<> relacionamen!<>
relacionamento _t:19 no pr,i,!}_gípio,
princípio,
maior ~~!~. em
ma~C>f. o<:i ódio r~lã~(<>-~á."dííereijças,
e::Il'.I relação às diferenças, p<>rtnenores
por menores que que sejam.
sej~:. ..
·A rivalidade fü1terna
à rivalidade fraterna é oo exemplo
exemplo mais mais conhecido
conhecido de de relações imaginá-
relações imaginá-
rias que que envolvem
envolvem oo ódio. ódio. Considerando
Considerando que as crianças crianças muito muir<, pequenas
pequenas
questionem de maneira'gerãTsifasúbordií:iàçãÔaos
não questionem maneira geral suá subordinação aos pais,;_percê6eii~ô pais— percebendo
unia
uma nítida diferença
diferença entre entre os pais
pais ee elaselas-,
— elaselas estão
estão sempre sempré questionan-
questionan~
do, desdedesde muito
muito jovens, jovens, sua posição posição e seu status status entre entre_ os <>s. irmãos.
irmãos. Às As
crianças geralmente
crianças geralmente consideram consideram que que seus
seus irmãos pertencem àà mesma
irmãos pertencem mesma
categoria que elas,
categoria elas, e não suportam suportam um tratamento
tratamento abertamente
abertamente preferencial
preferencial
pelos
pelos pais qualquer outro, a não ser
pais a qualquer ser elas
elas mesmas,
mesmas, padrões duplos, etc.
padrões duplos,
Acabam odiando
Acabam odiando os irmãos irmãos por por tirarem
tirarem seuseu lugar
lugar especial
especial na família,família, por
por
roubarem-lhes as luzes da ribalta ee por
roubarem-lhes desempenharem melhor
por desempenharem melhor do que que elas
elas
atividades que os
as atividades os pais apreciam. Com
pais apreciam. Com o passar
passar do tempo, esse esse mesmo
mesmo
tipo de rivalidade,
rivalidade, em em geral,
geral, se se estende
estende aos aos colegas
colegas de classe, classe, primos,
primos,
amigos e assim
amigos assim por diante. Muitos
por diante. Muitos vezes, vezes, a rivalidade em em tais relaciona-
relaciona-
mentos
mentos gira gira emem tomo tomo de símbolos
símbolos de status status ee envolve
envolve uma uma variedade
variedade de
outros elementos
outros elementos simbólicossimbólicos e linguísticos também. Q
lingüísticos também. O _ quequ~_Ç!}!:3:çI~!k;ª--~Js
caracteriza tais
relacionamentos éé que
relacionamentos que as duas partes partes se se vêem como como mais mais ou oumem?ªJgwi)§.
menos iguais
...:.: índêpên<iente de pequenas
— independente diferenças de idade,
pequenas diferenças idade, notas escolares, escolares, sucesso
sucesso
social,
social, etc. -
— e podem se
podem se imaginar no lugar do outro c<>tn JacHídà<l~.:Jt
com facilidade. É
dessas comparações
dessas comparações que que surgem
surgem aa rivalidade
rivaÜclade e o ciúme. dt1n1e.
Aqueles consideramós parecidos
Aqueles que consideramos conosco, de
parecidos conosco, d.e certa
cert; forma,
forma, compar-
compar-
tilham.de
tilham de uma uma relação
relação com com oô ·outro semelhante ·a
Outro semelhante à nossa. È Ê Umàvêi'qtie
uma vez que o
Outro generaliza
Outro generaliza -'--- — dê de nossos
nossos pais pais ao Outro acàdêmiêo, a lei, a religião,
Outro acadêmico, religião,
Deus, a tradição
tradição e assim assim por diante
por diante — - as relações imaginárias, não
relações imaginárias, são
não são
apenas características
apenas características da primeira infiincia e, de alguma
primeira infancia alguma forma, forma, superadas
superadas
psicologicamente
psicologicamente com com o tempo.
tempo. Elas Elas pennanecem
permanecem importantes importantes durante durante
toda a nossa vida.
nossa vida.
Do início até at~ _m.~~4.Q~
meados _da.déc.aqª
da década de 41:l.J9.?~,
1950, o outro,
Olltro,a,J QpfaJQ1a_ç_ani!ID9.
q, é oQ__pbjçtolapanianp.
ee não·
não há há ólifro
outro . ·objeto
objeto.visível--
visível nas nas. obras ele . Lacan.
obras_ de Lacan.. ,~ome!lte,,,ª.,-,pa.ttir.
Somente a partir . . do
Seminário 7, onde
Seminário onde Lacan Lacan explora
explora das Ding, Seminário 88 onde
Ding, do Seminário onde isola o
âgalina rió
àgalma nó Bãnquêie
Banquete de Platão, e
d.e 'I>tât~õ, e dodo:S~ritihârio
Seminário 9, 9~-~è que qµ~(êíê êõmêçãaa
ele ..começa
conceitualizar
conceitualizar um tipo tipo
.
totalmente
tÔtalment~ .··
diferente
di~r~ntê de objeto:
objeto:
....•
um
um objetpreal,
----
causa
<>6jçtqr~it::Ǫ-\ISª···-.·.. ,...
Objeto
Objeto a: causa do
a: causa do desejo
desejo 111
111

do desejo.
desejo. Daí
Daí emem diante,
diante, Lacan
Lacan dedica
dedica quase
quase todo seu interesse
todo seu interesse a este
este
<uffiiiio.porém
últimõTpõfém de forma forma alguma
algwna invalida
invalida a importância
importância do objeto
objeto situado
situado
a nível
nível imaginário. Considere, por
imaginário. Considere, exemplo, a situação
por exemplo, situação analítica.
analítica.
Na análise,
análise, o analista
analista é, muitas
muitas vezes,
vezes, visto
visto pelo analisando (especial-
pelo analisando (especial-
mente no início) como
mente como um substituto
substituto do outro
outro,imaginário; isso é percebido
imaginário; isso percebido
nas tentativas
tentativas do analisando
analisando de identificar-se
identificar-se com
com o analista
analista como igual a
como igual
em termos
ele, igual em termos de de nível cultural,
cultural, interesses,
interesses, orientação
orientação psicanalítica,
psicanalítica,
religião, etc. Na
religião, minha prática,
Na minha prática, é muito comum que
muito comum que os
os analisandos
analisandos men-
men-
cionem,
cionem, após
após duas
duas ou três sessões,
sessões, que temos os mesmos
que temos mesmos livros
livros na
na estante,
estante,
sugerindo assim
sugerindo assim que
que nossos interesses e perspectivas
nossos interesses perspectivas sãosão os mesmos.
mesmos. Essa
Essa
tentativa encontrar semelhanças,
tentativa de encontrar semelhanças, de identificar-se
identificar-se comigo
comigo como
como um um
outro, pode, a princípio, dar
outro, pode, princípio, dar origem origem ao amor,
amor, mas em último caso leva àà
em último caso leva
rivalidade: analisando pode, no
rivalidade: o analisando no começo,
começo, considerar-me
considerar-me semelhante
semelhante a ele,
mas é em
mas em seguida
seguida levado
levado a procurar
procurar áreas
áreas nas quais
quais ele
ele é diferente,
diferente, isto é,
superior ou inferior.
superior inferior.
nível de rivalidade
Esse nível aquele em
rivalidade é aquele em que
que Lacan
Lacan situa
situa o que a maioria
maioria
analistas americanos
dos analistas americanos chama
chama “contratransferência”:
"contratransferência": é o nível nível no qual
qual o
analista se
analista se envolve
envolve no no mesmo
mesmo jogo comparação com
jogo de comparação com seus
seus analisandos,
analisandos,
avaliando os discursos
avaliando discursos deles
deles segundo
segundo o seu seu próprio discurso. “Eles
próprio discurso. "Eles estão
estão
adiantados ou
adiantados ou atrasados relação àà compreensão
atrasados em relação compreensão do que acontece acontece na
situação analítica
situação analítica ou emem outro
outro lugar?
lugar? Eles
Eles são
são submissos
submissos aosaos meus
meus desejos?
desejos?
Tenho algum
Tenho algum controle
controle sobre
sobre a situação?
situação? Estou
Estou levando
levando vantagem?
vantagem? ComoComo
pode essa pessoa
pode essa pessoa meme irritar
irritar e me
me fazer
fazer sentir
sentir tão mal comigo mesmo?” A
comigo mesmo?"
perspectiva
perspectiva de de Lacan
Lacan nãonão é queque os os sentimentos
sentimentos de contratransferência
contratransferência .
.inexistam,
inexistam, mas que eles
mas que eles estão
estão sempre
sempre e inescapavelmente
inescapavelmente situados
situados no nível
nível
· imaginário
imaginário e, portanto, devem ser
portanto, devem ser descartados
descartados pelo analista. Eles
pelo analista. Eles não
não
devem ser
devem ser revelados
revelados ao analisando,
analisando, pois isso colocaria
pois isso colocaria o analista
analista e o
analisando no mesmo
analisando mesmo nível, como como outros imaginários um para
outros imaginários para o outro,
capazes de ter sentimentos,
capazes sentimentos, aflições
aflições e inseguranças
inseguranças semelhantes.
semelhantes. TaisTais
posicionamentos
posicionamentos evitamevitam queque o analisando
analisando coloque
coloque o analista
analista emem algum
algum
papel Outro.
papel de Outro.

O Outro
O Outro como
como objeto,
objeto, as
as relações
relações simbólicas
simbólicas
· [[...]
.•• ] tudo isso uma outra
isso uma outra pessoa
pessoa -— mas, sobretudo
sobretudo uma outra pessoa
uma outra pessoa pré-histórica,
pré-histórica,
inesquecível, que nunca é igualada
inesquecível, igualada por
por nenhuma outra posterior.
nenhuma outra posterior.
Freud,
Freud, vol. 1,
I, p.324
p.324

As relações simbólicas são


relações simbólicas são aquelas
aquelas que
que ocorrem
ocorrem com
com o Outro
Outro como
como
linguagem, conhecimento,
linguagem, conhecimento, lei, carreira,
carreira, academia,
academia, autoridade,
autoridade, moral,
moral,
ideais, e assim
assim por diante, e com
por diante, com os
os objetos
obj~tos designados
designados (ou,
(ou, em
em termos
termos
112
112 O sujeito lacaniano
O sujeito /acaniano

exigidos) pelo Outro:


mais fortes, exigidos) Outro: notas, diplomas, sucesso,
notas, diplomas, sucesso, casamento,
casamento,
crianças
crianças -— todas
todas essas
essas coisas
coisas em
em geral associadas àà angústia
geral associadas angústia na neurose.
neurose.
"objeto" verdadeiramente
Entretanto, o único “objeto” verdadeiramente importante (se é que pode
importante (se pode
assim) no nível
ser chamado assim) nível das relações
relações simbólicas,
simbólicas, na situação
situação analítica,
analítica,
como Outro,
é o analista como Outro, como
como avatar
avatar ou representante
representante do Outro.?7
do Outro.
No modelo
modelo de dois
dois níveis (o(o imaginário
imaginário e o simbólico)
simbólico) do enquadre
enquadre
analítico elaborado
analítico elaborado por Lacan e característico
por Lacan característico de suasua obra
obra do
do início
início até
até
meados década de 1950, o objetivo
meados da década objetivo ao analisar
analisar os neuróticos eliminar
neuróticos é eliminar
interferência, nas relações
a interferência, relações simbólicas,
simbólicas, criadas
criadas pelas
pelas relações imaginárias,
relações imaginárias,
em outras
em outras palavras, retirar as relações
palavras, retirar imaginárias do caminho
relações imaginárias caminho para con-con-
analisando com
frontar o analisando com seus
seus problemas
problemas com com o Outro como
como tal. No caso
No caso
neuróticos heterossexuais,
de neuróticos heterossexuais, por exemplo, isso em
por exemplo, em geral envolve,
envolve, entre
entre
coisas, elaborar
outras coisas, elaborar e, assim,
assim, dissipar
dissipar as identificações
identificações imaginárias
imaginárias com
com
membros do mesmo
membros sexo (Figura
mesmo sexo 7.2).
(Figura 7.2).

Figura 7.2
Figura 7.2

Sujeito eu' Sujeito eu'

eu ~~ eu
~I~
Outro

Nesse estágio inicial da obra


Nesse estágio Lacan, o sujeito
obra de Lacan, consiste em
sujeito consiste em uma
uma
postura adotada com
postura adotada com relação
relação a esse
esse Outro, uma postura
postura sintomática
sintomática nana
sujeito procura
qual o sujeito procura manter distância “correta”
manter a distância "correta" do Outro,
Outro, nunca
nunca
satisfazendo por
satisfazendo completo as
por completo as demandas
demandas do Outro,
Outro, porém, também nunca
porém, também nunca
frustrando todas
frustrando todas de uma
uma sósó vez, nunca
nunca chegando
chegando perto alcançar os
perto de alcançar
objetivos proclamados pelo
objetivos proclamados pelo Outro mas também
Outro mas nunca se
também nunca se afastando
afastando total-
total-
mente
mente da possibilidade
possibilidade de alcançá-los.
alcançá-los.
Os analistas
Os analistas são
são freqüentemente
freqüentemente colocados
colocados na na posição do Outro
posição do Outro por seus
por seus
analisandos. Lacan
analisandos. Lacan formula
formula isso
isso ao
ao dizer analista éé visto
dizer que o analista visto pelo
pelo
analisando como
analisando como o sujeito
sujeito suposto
suposto saber:
saber: saber
saber qual
qual é o problema quando
problema quando
dificuldades psicológicas
as dificuldades surgem, quando
psicológicas surgem, quando os os sintomas
sintomas aparecem
aparecem e assim
assim
por diante. Nas sociedades
por sociedades ocidentais,
ocidentais, até pessoas
pessoas queque nunca
nunca consultaram
consultaram
wn
um analista emem suas
suas vidas presumem,
presumem, com com freqüência,
freqüência, queque eles tenham tal
eles tenham
saber.
saber. Essa
Essa suposição
suposição está relacionada àà função
está relacionada função social
social da psicanálise
psicanálise em
em
determinadas partes
determinadas mm1do na atualidade.
partes do mundo atualidade.
Objeto a;
Objeto a: causa
causa do
do desejo
desejo 113

Entretanto, problemas
Entretanto, surgirão se
problemas surgirão se o analista
analista concordar
concordar em em assumir
assumir o
papel sujeito suposto
papel do sujeito suposto saber
saber e cair
cair na armadilha de acreditar acreditar que que ele
ele
realmente
realmente sabe sabe aquilo que que nunca
nunca poderá
poderá ser ser sabido
sabido antes,
antes, mas
mas somente
somente
·construído
construído no no curso
curso da análise.
análise. Dessa forma, o analista
Dessa forma, analista sese deixa
deixa levar
levar por
por
um falso
um falso sentimento
sentimento de mestriamestria- que.gera
— que uma relação
gera uma imaginária com
relação imaginária com
analisando. A análise
o analisando. análise assumiu
assumiu para muitos o papel
para muitos antes desempenhado
papel antes desempenhado
pela confissão e pela
pela confissão pela prece/expiação, situando o analista
prece/expiação, situando analista na posição
posição de um
Deus
Deus do Outro Outro onisciente,
onisciente, capaz
capaz de deliberar
deliberar sobre
sobre tudo que é normal normal ou
anormal, certo
anormal, certo ou errado,
errado, bom
bom ou ruim. Em Em um determinado
determinado ponto, Lacan
ponto, Lacan
identifica a suposição
identifica suposição do do analisando
analisando de que que o analista
analista possui
possui um determi-
determi-
nado sabersaber sobre
sobre os os seus
seus sintomas,
sintomas, desejos,
desejos, fantasias
fantasias e prazeres
prazeres comocomo a
mola mestra
mola mestra da transferência
transferência (a (a projeção saber em
projeção do saber em um outro
outro faz
faz surgir
surgir
amor,
amor, o amor transferência).88 Mas
amor de transferência). Mas enquanto
enquanto todos
todos esses
esses fatores predes-
fatores predes-
tinam analista ao papel
tinam o analista Outro, ele não
papel do Outro, deve cair
não deve cair na armadilha de
na armadilha
interpretar a partir
interpretar dessa posição.
partir dessa posição.
É claro
claro que Freud exatamente isso no início: durante
Freud fez exatamente durante anos,
anos, ele
ele
explicou aos seus
explicou seus analisandos
analisandos suassuas teorias sobre o inconsciente,
teorias sobre inconsciente, recalque,
recalque,
a formação
formação do sintomasintoma e assim
assim por por diante, interpretando
interpretando o que eles eles lhe
contavam nessas
contavam nessas bases,
bases, e tentando extrair deles
tentando extrair deles uma concordância ou
uma concordância
crença.99 Felizmente,
crença. Felizmente, ele ele não
não sese preocupava
preocupava muito concordância não
muito se a concordância não
ocorresse,
ocorresse, e aos poucos deixou
aos poucos deixou de explicar
explicar tudo que pensava -— sua
que pensava sua
maneira geral
maneira geral de compreender
compreender a situação
situação -— para seus analisandos.
para seus analisandos. Pois, Pois,
advogar uma teoria
advogar teoria na situação
situação analítica
analítica provavehnente
provavelmente levará levará os analisan-
analisan-
dos a procurarem
procurarem formas formas de negá-la
negá-la (como
(como o fez fez a mulher
mulher do açougueiro
açougueiro
mencionada
mencionada por Freud Freud em em A interpretação
interpretação dos sonhos, afmnava ter
sonhos, que afirmava
· tido um sonho sonho que
que negava
negavaaa teoria
teoria de Freud
Freud dede que todo sonho é arealização
todo sonho a realização
10
de um desejo)
desejo)IO, apresentar uma teoria melhor
, de apresentar melhor do que que a do do analista,
analista,
.desse modo, modo, removendo
removendo o analistaanalista da posição sujeito suposto
posição de sujeito suposto saber,
saber,
• cõnsiderando-o,
considerando-o, ao contrário,contrário, uma pessoa comum
uma pessoa comum como como o analisando,
analisando, que que
.não
rião está
está sempre
sempre certocerto e que pode até revelar-se
que pode revelar-se mais
mais ignorante
ignorante do que que o
·•• analisando.
analisando .
Não se trata de que
. ·. · • Não que o analista
analista deva permanecer na posição
deva permanecer posição de sujeito
sujeito
.• suposto
suposto sabersaber a qualquer preço -— muito
qualquer preço muito pelo contrário.
contrário. Ao explicitamente
explicitamente
se posicionar
posicionar comocomo se se fosse
fosse tal sujeito,
sujeito, o analista
analista tende
tende a evocar relações
evocar relações
. imaginárias
imaginárias de rivalidaderivalidade porpor parte
parte do analisando,
analisando, as piores piores relações
relações
possíveis entre
possíveis entre analista e analisando.
analisando. Isto Isto constitui a armadilha
armadilha 1. A
. armadilha 2: se se os analistas
analistas acreditam
acreditam que realmente
realmente possuem
possuem esse esse suposto
suposto
•saber, estãoestão fadados
fadados a fornecer
fornecer interpretações
interpretações comocomo se se fossem
fossem conferencis-
conferencis-
•.· . tas em em um púlpito,
púlpito, as as quais podem
podem ter poucopouco ou nenhum
nenhum efeito benéfico
efeito benéfico
.· em em seus seus analisandos,
analisandos, e apenas apenas servirem
servirem parapara aumentar
aumentar a dependência
dependência
destes em
.·.·destes relação àqueles.
em relação àqueles. Pois,
Pois, ao responder à demanda
ao responder demanda do analisando
analisando por por
114 O sujeito
O sujeito lacaniano
lacaniano

conselho e interpretação,
conselho intetpretação, pela "compreensão" de seus
pela “compreensão” seus sintomas,
sintomas, o analista
analista
que possui
dá o que ("saber''), ao
possui (“saber”), ao invés do que que nãonão possui
possui (a (a falta, em
em outras
outras
palavras, desejo) e incentiva
palavras, o desejo) incentiva o analisando
analisando a demandar
demandar mais mais do que que a
desejar, a permanecer
desejar, alienado em
permanecer alienado em vez de separado,
separado.
analista, em
O analista, em lugar de se se considerar
considerar o representante
representante do saber saber nana
situação analítica,
situação analítica, deve
deve tomar inconsciente do analisando
tomar o inconsciente analisando comocomo o repre-
repre-
sentante
sentante do saber.
saber. O inconsciente
inconsciente -— quando quando fala ou se se manifesta
manifesta através
através
interrupções, lapsos
de interrupções, lapsos e pronúncias ininteligíveis da fala
pronúncias ininteligíveis fala do analisando,
analisando,
falhos, compromissos
atos falhos, compromissos esquecidos,
esquecidos, erroserros emem transações
transações financeiras
fmanceiras -—
deve
deve ser considerado,
considerado, pelo pelo analista,
analista, como
como a autoridade
autoridade essencial,
essencial, o Outro,
sujeito suposto
o sujeito suposto saber
saber.
No entanto,
entanto, no início, o analisando
analisando coloca
coloca o analista
analista na posição Outro
posição do Outro
demanda111,
da demanda 1
em outras
, em outras palavras, Outro (geralmente
palavras, o Outro (geralmente um dos pais) pais) para
para
quem o analisando
quem analisando sempre
sempre direcionou
direcionou suas suas demandas
demandas de saber, saber, ajuda,
ajuda,
alimentação, reconhecimento,
alimentação, reconhecimento, atenção, atenção, afeto,
afeto, aprovação
aprovação e desaprovação.
desaprovação.
De acordo
acordo comcom Lacan,
Lacan, todastodas essas
essas demandas resumem-se em
demandas resumem-se em umauma ou ou a
12
mesma coisa:
mesma coisa: a demanda
demanda de de amor.
amor.12 Acima
Acima e além além de todas
todas asas demandas
demandas
específicas formuladas
específicas formuladas pelo indivíduo, éé. sempre
pelo indivíduo, sempre o amor amor queque ele
ele procura.
procura.
Determinados analistas
Determinados analistas (incluindo,
(incluindo, por exemplo, Winnicott)
por exemplo, Winnicott) acreditam
acreditam
que é tarefa
tarefa do analista representar a mãe
analista representar para o analisando,
mãe para analisando, quando
quando a
neurose do analisando
neurose analisando é indicativa de “matemagem"maternagem inadequada”.
inadequada". Segundo
Segundo
eles, o analista
analista tem que que tentar
tentar ser
ser uma
uma “mãe
"mãe suficientemente
suficientemente boa", boa”, com-
com-
pensando a atenção,
atenção, aprovação,
aprovação, desaprovação,
desaprovação, amor amor e disciplina
disciplina inadequa-
inadequa-
dos que
que o analisando recebeu na infância.
analisando recebeu infância. O analista precisa ser
analista precisa ser o objeto
objeto '
amor perfeito,
de amor perfeito, nemnem sufocante
sufocante nem ausente. De acordo
nem ausente. acordo comcom Lacan,
Lacan, o
problema é que
problema que o analisando
analisando fica fica cada
cada vez mais mais dependente
dependente do do analista
analista e
desejo do analisando
o desejo analisando (expresso
(expresso em em sua
sua fantasia)
fantasia) vem girar somente
vem a girar somente em em
tomo da demanda
demanda do analista
analista($ ($ 0OD)-
D) — que que o analisando
analisando melhore, sonhe,
melhore, sonhe,
que quer
reflita, ou o que quer que
que seja
seja que
que o analista
analista demande
demande ou que o analisando
analisando
acredite
acredite que o analista
analista está demandando.
demandando.
analistas sempre
Os analistas sempre fazem fazem alguma
alguma demanda
demanda aos aos analisandos
analisandos com com
relação
relação ao horário
horário de de seus
seus compromissos,
compromissos, ao calendáriocalendário das sessões,
sessões, ao ao
pagamento (exigindo que
pagamento e à fala (exigindo que o analisando
analisando diga diga qualquer
qualquer coisa
coisa queque lhe
Jhe
venha àà cabeça,
venha cabeça, porpor exemplo).
exemplo). Mas Mas quando
quando o analista
analista é tomado
tomado comocomo o
Outro parental,
Outro demandas são
parental, tais demandas são entendidas
entendidas como como sinais
sinais de
de amor,
amor, que que por
por
sua vez reforçam
sua reforçam as demandas
demandas do analisando,
analisando, fixando-o
fixando-o em em um objeto de
um objeto de
13
amor. Pois o amor amor (correlacionado
(correlacionado com com demanda)
demanda) tem um objeto. objeto.13 Ao
falar em
em “escolha
"escoJha de objeto”, Freud a relaciona
objeto", Freud relaciona com com a demanda repetitiva
repetitiva
do sujeito
sujeito pelo mesmomesmo tipo de objeto objeto de amor,amor, ou pelo pelo mesmo
mesmo tipo tipo de
relação
relação comcom esse
esse objeto.
objeto. E quando
quando Lacan,
Lacan, em em seus
seus primeiros trabalhos,
primeiros trabalhos,
objetos "de
fala de objetos desejo" ou “em
“de desejo” "em desejo”
desejo'' (ver
(ver emem especial
especial o Seminário
Objeto a
Objeto a:: causa
causa do
do desejo
desejo 115
115

6), tais objetos


objetos sào nitidamente objetos
são nitidamente objetos de amor,
amor, em
em outras palavras,
outras palavras,
objetos aos
objetos aos quais o sujeito
sujeito dirige
dirige sua demanda
demanda de amor.

demanda ~ objeto
demanda -» objeto

Do início até meados


meados da década
década de 11950,
950, Lacan
Lacan concebe
concebe a análise
análise como
como
envolvendo
envolvendo uma uma dissipação progressiva das relações
dissipação progressiva relações imaginárias
imaginárias do do ana-
lisando
lisando e um um enfoque progressivo de suas
enfoque progressivo suas relações
relações simbólicas,
simbólicas, isto
isto é, sua
sua
relação
relação còm com o Outro. Nesse ponto
Outro. Nesse ponto da sua teoria, a análiseanálise consiste
consiste es-
es-
sencialmente
sencialmente em em uma “retificação”
"retificação" da posição
posição do do sujeito
sujeito com
com relação
relação ao
Outro, wn
Outro, um Outro
Outro não personificado pelo
não personificado pelo analista.
analista. Lacan
Lacan acreditava,
acreditava, na-
quele
quele momento,
momento, que reposicionamento causava
que tal reposicionamento causava um tipo tipo de desejo
desejo
plenamente desenvolvido,
plenamente desenvolvido, livre
livre dodo domínio
domínio do Outro.
Outro. Entretanto, mais
Entretanto, mais
tarde,
tarde, Lacan passa a pensar
Lacan passa pensar que uma uma análise
análise nesse nível não
nesse nível não vai longe
longe o
bastante na
bastante constituição do sujeito
na constituição sujeito como
como desejo
desejo e o deixa
deixa preso nível
preso no nível
da demanda,
demanda, dependente
dependente da demanda
demanda do Outro.
Outro. No Seminário
Seminário 1, Lacan
Lacan jájá
situaíõ"UütrO-(como-ffllgiijgem;·trad1ção,
situafo Outro (como linguagem, tradição, etc.\entreetc.}_ entre o analista
analista e o analisan-
analisan-
do1t4~mas
4
, mas o papel ex-cêntrico
ex-cêntrico do do analista
analistà-iiãó está especificado
não está especificado em em lugar
.algum nessenesse momento.
momento. TudoTudo queque Lacan
Lacan enfatiza
enfatiza a essa altura éé a relação
essa altura relação
analisando com
do analisando com o Outro,
Outro, e como
como vimos,
vimos, se se o analista
analista não abandona
abandona ou
renuncia verdadeiramente
renuncia verdadeiramente ao ao papel Outro assumindo
papel de Outro assumindo alguma outra
alguma outra
posição, o analisando
posição, permanece encalhado
analisando permanece encalhado ou atolado
atolado no nível da deman-
da, preso demanda do Outro,
preso à demanda Outro, incapaz
incapaz de desejar
desejar de maneira
maneira verdadeira.
verdadeira.
Examinando
Examinando os diversos papéis do
diversos papéis do analista
analista como
como objeto
objeto do analisando
analisando
—outro (a
· .:.:_outro 1ou
(a ") ou Outro (A) — vimos que o analista
(A)-vimos analista deve
deve evitar
evitar as
as armadilhas
armadilhas
do imaginário
imaginário (pensando-se
(pensando-se semelhante
semelhante ao analisando
analisando por por mais verdadeiro
mais verdadeiro
que isto possa ser
isto possa ser em muitos
muitos aspectos)
aspectos) e não deve deve interpretar
interpretar a partir
partir da
posição
posição do Outro Outro onisciente.
onisciente. Onde
Onde então
então o analista
analista deve
deve situar-se?
situar-se? Se Se o
analista não deve
analista deve ser
ser nem rival imaginário
imaginário nem nem representante Outro,
representante do Outro,
que tipo objeto lhe resta ser?
tipo de objeto ser? Que
Que papel deixado ao analista?
papel é deixado analista? Que
Que parte
parte
o analista
analista deve
deve assumir
assumir nana economia analisando? É
psíquica do analisando?
economia psíquica É a elabora-
elabora-
ção por Lacan da natureza
por Lacan natureza do desejo
desejo que lhelhe permite responder a essas
permite responder essas
perguntas.
perguntas. Vamos direto às suas conclusões
Vamos direto conclusões comcom relação
relação ao desejo.
desejo.

Objetos reais,
Objetos reais, confronto
confronto com
com oo real
real

O desejo
O desejo não
não éé oo apetite
apetite por satisfação nem
por satisfação nem aa demanda
demanda por amor,
por amor,
mas
mas aa diferença
diferença que resulta subtração do
resulta da subtração do primeiro do segundo
primeiro do segundo
-— justamente
justamente oo fenômeno
fenômeno de
de suas
suas divisões.
divisões.
Lacan, Écrits, p.287
Lacan, Ècrits,
116
116 O sujeito
O sujeito lacaniano
lacaniano

Je de refuser
Je te demande de ce que je t’offre
refuser ce t' offie
15
parce que
que ce
ce n’est
n'est pas ça!
ça!IS
Lacan
Lacan

Só porque
Só porque as pessoas
pessoas pedem
pedem a você coisa /
você alguma coisa
significa que elas realmente
não significa realmente desejam
desejam que você dê. 1166 }
você lhes dê,
Lacan,
Lacan, Seminário 13, 23 de marçÕde-Í966
março de 1966

O desejo,
O desejo, a rigor, não tem tem objeto.
objeto. Na essência, o desejo
Na sua essência, desejo é wna uma busca
busca
constante
constante por algo
por algo mais, não há
mais, e não objeto passível
há objeto ser especificado
passível de ser especificado que que
seja
seja capaz
capaz de satisfazê-lo,
satisfazê-lo, em
em outras palavras, extingui-lo,
outras palavras, extingui-lo. O desejo
desejo está
está
fundamentalmente preso ao /ggwngg/g. dialétiçode
_fundamentalm~_!,lte_pi:_~~~-~~--!1wvimento dialétic~. wn um significante
significante para para
ó<5-proxinio
próximo significante diametralmente oposto
significante e é diametralmente oposto àà fixação.
fixação. Elêriãõ*
Ele nao
. procura satisfação, más sua própria coiitíriuaçãõ'eprõiiioçâõ:'fuais
procura satisfação, rifas sua própria' continuação é promoção: mais desejo, desejo,
maior desejo! Ele deseja
maior desejo! deseja meramente desejando . .P.ortanto......d~
continuar desejando.
meramente continuar Portauto de,
acordo com
J1._cordo com Lacan,
Lacan, o desejo não é tud<>.
d~sejo nªº tudo que
qy~-~é çonhe_çi<iQ
conhecido .. P.QL~§..s~_nom~o
ppr_essenomêjio
_linguajar
linguajar comum,
comum, pois ele ele é ~ig<>r<>s~~11~~-<iisti~to
rigorosamente, distinto da _demanda.
Àª-º-~W-ª.1.!.~.~-
O lÍnico objeto envolvido
único objeto envolvido no desejo
desejo é aquele
aquele “objeto”
"objeto" (se
(se podemos
podemos ainda
nos referir
referir a ele como um
ele como ÕbjefofqÜe
um objeto) que. cãÜYâ-des"ejÕ:-·o-deseJO
causa desejo. O desejo não não tenf
tem-
17
-"objeto"
“objeto” comocomo tal.
ta1.11 Ele'teriiúmaéâusâ;-umã·c-ãüsã-que
EÍe tem uma causa, uma causa que o traz traz ao mundo,
mundo,
aquilo queque Lacan
Lacan denominou
denominou objeto
o~leto_a,_causa_de_de§ejo.
a, causa des desejo. A colocação
colocação do
objeto entre
objeto entre colchetes
colchetes ouou parênteses
parênteses -visto
— visto muito claramente no posfácio
muito claramente posfácio
Lacan de 1966
de Lacan 1966 (simplesmente
(simplesmente chamado
chamado Suíte) ao “Seminário
"Seminário sobre sobre 5'A A
carta roubada'" (Écrits 1I 966)
roubada”’ (Ècrits 966)-é
— é um sinal de sua
um sinal sua transposição
transposição do registro
registro
imaginário para
imaginário para o real: Lacan
Lacan não mais escreve objeto
mais escreve ( com o “a”
objeto a (com "a" emem f,
objeto a. É, sem
itálico), mas objeto sem dúvida, muito enganador
enganador até mesmo
mesmo mantermanter
o termo
termo “objeto”
"objeto" quando falamosfalamos da causa. Mas ao manter
causa. Mas manter o teimo~ termo,
enquanto muda
enquanto muda seu seu sentido,
sentido, Lacan,
Lacan, de certacerta forma,
forma, procura
procura ir além da
discussão do que é mais
discussão mais comumente
comumente conhecido
conhecido pelo
pelo nome "objeto" na
nome de “objeto” na
teoria psicanalítica,
teoria sugerindo de forma
psicanalítica, sugerindo forma implícita
implícita que
que elaela possui
possui uma uma
18
importância apenas
importância apenas secundária.
secundária.IS
O objeto aa como
Oobjeto como causa
causa de desejo
desejo é aquilo
aquilo que
que evoca
evoca o desejo:
desejo: é o
responsãvéfpêlõ''ãdvénfo
responsável éfo'.ciêseJõ,
pelo advento do desejo, pêiâ]'orniâ. especHfoa
pela forma específica -assumida
assumida pelo pelo
desejo
desejo em questão e por por sua
sua intensidade.
intensidade. Desenhado
Desenhado de forma
forma esquemática,
esquemática,
temos:
temos:
causa ~ desejo
causa desejo ->~ deslizamento
deslizamento metonímico
metonímico
de um objeto
objeto para próximo 1 9
para o próximo19
Vamos
Vamos agora
agora nos
nos deter por um
deter por ummomento.
momento. O que que causa
causa desejo
desejo na
na criança
criança
é o desejo do Outro,
J_.9..Q~~jgdo Outro, não a demanda
<lemanda do <f.o Outro, nem mesmo o desejo
()utro;)ie}ifiiie.smo~odestjQ...qo
Outro por esta
Q!]:tfO por e~t~ ou aquela coisa qu
~lJ.:-~q_~~!~.~~~-~-- pessoa específica. O _desejp_dpllutto,
Ql,1.pç_~~~ª--~~p~Çm~li.:.--Q_g~s.tjQ_g_Q..Q.UJIO,
enquanto recai sobre
enquanto recai sobre objetos
objetos e pessoas
pessoas específicas,
específicas, direciona
direçiona. p_desejo_da
o des.ejo da
criança
ciiança. mas nao
não o causa. o' desejo dõ
causa.:· É o desejo do Outro~~trC>_ enquanto pura capacidade
~nquanto ptu:a capa,ç:idade
Objeto a:
Objeto a: causa do desejo
causa do desejo 117
117

d~ç!~~-~j~!:_-:-1:!!!!nif
dg desejar r: -manifestado estadQ.!!Q...O.lli~ no olhar do Outro para para alguma alfil!ma coisa coisa ou ou alguém,
ma~_
mas diferente 4if~r~~~~-~?:9~~1~. ~Q.iª~-Q:ti..~~9,~~!~.!!gY..~ID.-::Jl!!~~ir o~t!ejo
daquela coisa ou daquele • alguém uefo surgir desejo
_nã: c:_1}c1J:1çll_'. ~~º tt~!C?.9. p_b.j_e~(:)-"~~-~~~~~}!1-ª..~.QJ>J~~ sf,o desejo
na criança. Não é tanto o objeto observado mas o olhar em sTTó e_sêjo
manifestado
manifestado no próprio próprio ato ato de olhar,. olhar,_por ppr exempj exemplo.,, que.faz surgir o desejo
'edaçriança.
la cria11ça. .. . . . . '.. .-·- .. ·- .. ' . ···-·-·--·-----------~
~Além Alémdas diversas diversas qualidades qualidades ou atributos atributos que que os analisandos analisandos mencio- mencio-
nam
nam aos aos seus seus analistas analistas como como os que que desempenham desempenham um wn papel papel na sua sua
"escolha de objeto”
“escolha objeto" -— cor cor do cabelo, cabelo, cor cor dos dos olhos olhos e assim assim por por diante diante -—
analisandos, muitas vezes,
os analisandos, vezes, relatam relatam algo muito muito mais mais difícil dificil de captar captar ou
colocar em
colocar em palavras: palavras: uma determinada determinada maneira maneira que que um homem homem tem de
olhar para para uma mulher pode pode resumir, resumir, para para ela, ela, tudo oo que que realmente realmente deseja deseja
de um homem. homem. (Não (Não oo que que ela ela diz diz que deseja deseja em em um homem, homem, recorrendo recorrendo
ao discurso discurso tipicamente tipicamente americano americano sobre ~obre as necessidades: necessidades: “Preciso "Preciso de
afeto, apoio
afeto, apoio e estímulo.” estímulo." Pois, Pois, tudo isso é oQ___discurso çfü;curso do d<>_eu eu consciente:consciente:
verdadeira e sinceramente
verdadeira sinceramente .Q..Qjs_çurs9_9<>_Qt1tl"o, o discurso do Outro, oo Outro óutro social social norte-ame-· norte-ame-
ricano). Aquela
ricano). Aquela maneira maneira específica específica de olhar olhar -— para para dar dar um um exemplo exemplo -, —,
~-ªf9rm!!
uma forma de ºllia.r impertinente
~~ olhy impertinente.eefixa, fixa,,podeserfüJ.Ue
pode ser Q.qu.emo no fiindQ fundosausa§eu causa seu
desejo, estimulando . nela.um
_Q~_~j_Q,._.e.stimulando n~Jª.Y.m.-.4~~ejp_qµe_im<tPQ.d..!;t§.~!"-.~.?!Ji.nJQ_p_o.r..w..d-ªfills
qualidades
qualidades superiores
superiores reivindicadas pelo
reivindicadas pelo eu: eu: um um.homem homein cari carinhoso bom
, ........ ·······-···-··· ... ······· . ····· .. ., ......... , ........·.. ·····!·" .......,,.••...• ·,---····'" '.,, .....•. ,,,,.,•• " ,,,.••. ,.,..•. , ...•. ,.-·.,··.•·.,:·.,·.,,,...,,, .•,,_.,,." ...,..., ,._,-.,.......~ .....,~ ~,.,,_., ....................... ~,J..-.. _

pai,
pai, bomprc:>v~~(?r.,
bom provedor, etc. É E o olhar olhar causador causador de desejo desejo que que determina determina para para
elá·o
ela o que que Freud Freud chamou chamou "escolha “escolha de objeto” objeto" e que que chamarei chamarei de de. aa escolha escolha
de parceiros.
parceiros. Pois esse esse olhar, olhar, da forma forma como como éé encontrado encontrado no mundo, mundo, está está
·associado
associado aa alguém: alguém: um "indivíduo". “indivíduo”. Esse Esse indivíduo indivíduo é adotado adotado como como oo
parceiro
parceiro do do sujeito sujeito na esperança esperança de de permanecer
permanecer muito muito próximo próximo do olhar olhar
que inspira inspira oo desejo. desejo.
Objeto como causa
Objeto como causa ~
-> desejo
desejo ~
—> parceiro
parceiro
olhar fixo/contemplação
olhar fixo/contemplação (a) $$
voz (a)
voz

Mas a realidade
realidade _da questão éé que oo parceiro
da questão (com todas
parceiro (com todas as suas
suas
características individuais,
características individuais, fraquezas,
fraquezas, qualidades
qualidades especiais, tem pouco
especiais, etc) tem pouco
nenhum valor
ou nenhum valor para oo desejo
desejo comparado
comparado com com aa causa.
causa. A mulher
mulher pode
pode
estar interessada
estar interessada em
em pouco mais do
pouco mais do que
que na capacidade
capacidade de seuseu parceiro em
parceiro em
dar-lhe aquele
dar-lhe aquele olhar.
olhar. No caso de que
No caso que ele
ele se
se tome
tome incapaz
incapaz de
de fazê-lo,
fazê-lo, devido
devido
áa uma mudança no relacionamento
uma mudança deles, ela
relacionamento deles, ela pode ir adiante,
pode ir adiante, procurando
procurando
:situar-se
situar-se novamente
novamente numanuma relação
relação que
que evoque
evoque oo desejo
desejo causado
causado por aquele
por aquele
determinado tipo de olhar.
determinado
No caso
caso de certos
certos homens,
homens, éé a voz de uma mulher
mulher que é de importância
importância
càpital; não éé tanto oo que
capital; que ela diz
diz mas a forma
forma como
como diz, oo tom ee timbre
timbre da
voz, que
que despertam
despertam seu desejo. Quando
Quando um homemhomem encontra
encontra alguém
alguém cuja
cuja
voz expressa desejo
voz expressa desejo da mesma
mesma forma
forma como
como fazia
fazia a voz de sua mãe, por por
11 B
118 O sujeito
O sujeito lacaniano
/acaniano

exemplo, ele
exemplo, ele pode contrariar aa opinião
pode contrariar opinião pública, aa pressão
pressão social
social ee aa
moralidade convencional,
convencional, abandonando
abandonando sua procura por uma
procura por uma mulher com
mulher com
as qualidades
as qualidades que
que lhe
lhe ensinaram
ensinaram aa buscar.
buscar.
Não
Não necessariamente
necessariamente por amor, como
por amor, como emem geral
geral se
se pensa, mas por
pensa, mas desejo
por desejo
-— aa fim de ser
ser capaz
capaz de
de manter uma posição
manter uma como sujeito
posição como sujeito desejante.
desejante.

Observe que
Observe que osos dois
dois exemplos
exemplos que que eu dei, até aqui, de objeto objeto a, a, oo desejo
desejo
manifesta na voz
do Outro manifesta voz ee no
no olhar,
olhar, são
são ambos
ambos não especularizáveis: não
não especularizáveis: não
podem
podem serser vistos
vistos em si; si; não têm nenhuma
não têm nenhuma imagem
imagem especular
especular ee são são muito
muito
dificeis de simbolizar
difíceis simbolizar ou formalizar.
formalizar. Eles
Eles pertencem registro do que
pertencem ao registro que
Lacan chama
Lacan chama oo real resistem àà imaginarização
real ee resistem imaginarização ee àà simbolização.
simbolização. Eles Eles
possuem, entretanto, um
possuem, entretanto, um relacionamento estreito com
relacionamento estreito com as as mais importantes
importantes
experiências do
experiências do sujeito
sujeito de prazer
prazer ee dor,
dor, excitação
excitação ee decepção,
decepção, emoção emoção ee
horror. Eles resistem
horror. Eles resistem àà ação
ação analítica
analítica- envolve aa fala,
-— que envolve fala, aa verbalização,
verbalização,
aa tentativa
tentativa de falar sobre
sobre oo problema
problema -— ee estão
estão relacionados
relacionados ao a~_ gozo
go:z(?__que
q1:1e
define oo próprio
define próprio serser do sujeito.
sujeito.
O real
O em essência
real éé em essência aquilo que resiste ààsimbolização
que resiste simbolização e, e, portanto,
portanto, resiste
resiste
àà dialetizaçao
dialetização característica
característica da ordem
ordem simbólica,
simbólica, na na qual umauma coisacoisa pode
pode
ser substituída por outra.
ser outra. Nem
Nem tudo éé substituível;
substituível; algumas coisas coisas não não são
são
intercambiáveis pela
intercambiáveis simplesl'azão
pela simples de.que::elas
razão de riªP-P-9.Q.Çffi_§.t;'J_:~§.!&nifjf~-
que elas nao pjidem
tizadas''. Elas
tizadas”. Elas nãopodelll§er.enc:onti::adasem.outrolµgªr,_µm~.Y.~?.;.9."!!~1~-m
não podem ser encontradas em outro lugar, uma vez: que têm
oo estatuto
estatuto dede Coisa,
Çoisa, exigindo
e~igin~o que oo sujeito volte a elas repetidas vezes.
suj_~~_to Y.C?.l!~_./!_~L~.I~.P-~ti.c!ª-&...Y~Ze~-
O desafio
O desafio que aa psicanálíse lacaniana aceita
psicanálise lacaniana aceita éé oo dede inventar
inventar formas
formas de
atingir oo real, frustrar a repetição
real, frustrar repetição que eleele propicia, dialetizar a Coisa
propicia, dialetizar Coisa isolada*
isolada•
ee abalar
abalar aa fantasia
fantasia fundamental na na qual oo sujeito
sujeito se se constitui
constitui em em relação
relação àà
causa.
causa.

Objetos perdidos
Objetos perdidos

Lacan reconhece explicitamente


Lacan reconhece explicitamente sua dívida com com alguns
alguns psicanalistas
psicanalistas que
oo ajudaram
ajudaram no no caminho
caminho emem direção
direção ao conceito
conceito de objeto a: Karl
objeto a: Karl Abraham,
Abraham,
("objetos parciais"),
Melanie Klein (“objetos parciais”), ee Donald
Donald Winnicott
Winnicott (“objetos
("objetos trans-
trans-
20
icionais").20
icionais”). Entretanto, éé nitidamente
Entretanto, nitidamente em em relação
relação aa Freud
Freud que aa dívida de
Lacan éé maior,
Lacan maior, devido
devido àà formulação
formulação da noção "objeto perdido".
noção de “objeto Como
perdido”. Como
ocorre com
ocorre com muito freqüência, entretanto,
muito freqüência, entretanto, oo “objeto
..objeto perdido"
perdido” de Lacan vai
Lacan vai
muito qualquer coisa
muito além de qualquer coisa “encontrada”
"encontrada" na na obra
obra de Freud.
Freud. Examinado
Examinado
no contexto, Freud
no contexto, Freud nunca sustenta
sustenta que os os objetos
objetos estão
estão inexorável
inexorável ouou
irremediavelmente perdidos,
irremediavelmente perdidos, ouou que aa “redescoberta”
"redescoberta" ou ou “reencontro”
"reencontro" de
um objeto implica
um objeto implica umum objeto
objeto que já está perdido desde
já está desde sempre.
sempre.
Considere, por
Considere, exemplo, oo que Freud
por exemplo, diz em “A
Freud diz "A denegaçao”:
denegação":
Objeto a: causa
Objeto ar causa do
do desejo
desejo 119
119

A experiência
experiência tem ensinado
ensinado que não basta coisa [ein
basta uma coisa [ein Ding] ( em objeto
Ding] (em objeto que
traz satisfação)
traz satisfação) possuir atributo de ser
possuir o atributo ser “boa”
"boa" para merecer
merecer ser
ser integrada
integrada ao
eu; é preciso
eu; esteja, no mundo
preciso que ela esteja, externo, pronta
mundo externo, pronta para serser apreendida
quando necessitada.
necessitada. A fim de de entender
entender esse
esse passo frente [a
passo à frente [a partir do simples
juízo de
de atribuição
atribuição dada qualidade “bom”
"bom" ou "mau"
“mau” ao juízo
juízo dede existência],
existência], temos
temos
de relembrar todas as
relembrar que todas as representações
representações [imagens
[imagens mentais] originam de
mentais] se originam
percepções
percepções e sãosão repetições destas. Assim,
repetições destas. Assim, originalmente
originalmente a mera existência
existência de
uma representação constituía uma garantia
representação constituía garantia de de realidade
realidade [a[a existência
existência no mundo
externo] daquilo que
extemo] que era
era representado
representado [imaginado ou criado criado na mente].
mente]. A
antítese entre subjetivo
antítese subjetivo e objetivo
objetivo não
não existe
existe desde
desde o início. Surge
Surge apenas
apenas do
fato de que o pensamento
pensamento tem a capacidade
capacidade de presente, wna
de tomar presente, segunda
uma segunda
vez, algo
vez, algo outrora
outrora percebido, reproduzindo-o como representação
percebido, reproduzindo-o representação sem sem que o
objeto extemo
objeto externo tenha de estar
estar ainda lá. Portanto, objetivo primeiro e imediato
Portanto, o objetivo
realidade não éé encontrar
do teste de realidade encontrar na percepção
percepção real um objetoobjeto que corres-
corres-
ponda ao que está está representado
representado (na mente),
mente), mas reencontrar objeto -—
reencontrar tal objeto
convencer-se de que ele ainda está
convencer-se está lá.
lá.[[...]
... ] Uma precondição essencial para
precondição essencial para o
estabelecimento do teste de realidade
estabelecimento consiste em que objetos,
realidade consiste objetos, que outrora
outrora
trouxeram satisfação
trouxeram satisfação real, tenham
tenham sidosido perdidos. (Vol. XIX, pp. 298-99,
perdidos. (Vol. 298-99,
tradução
tradução modificada.)
modificada.)

Freud não
Freud não afirma
afirma aí, que
que o objeto
objeto é, por
por sua própria natureza, perdido
própria natureza, perdido
num sentido absoluto.
num sentido absoluto. Um objeto encontrado inicialmente
objeto é encontrado inicialmente e não ativa-
não ativa-
mente procurado
mente procurado pela criança, porque
pela criança, criança não é capaz
porque a criança capaz de procurar
procurar
um objeto depois de tal encontro.
objeto até depois encontro. Posteriormente,
Posteriormente, a memória
memória da da expe-
expe-
riência de satisfação
riência satisfação é trazida
trazida de volta mente (reativada,
volta à mente (reativada, por assim dizer,
por assim dizer,
ou recatexizada) satisfação tanto
recatexizada) e a satisfação tanto pode ser alucinada
pode ser alucinada (processo
(processo primário)
primário)
quanto buscada
quanto buscada no mundomundo "externo" (processo secundário).
“extemo” (processo secundário). Então,
Então, não
não
·existe Objekfindung inicial
existe o Objekfindung inicial mas Wiederzufindung, nenhuma
somente um Wiederzufindung,
mas somente nenhuma
busca deliberada
busca deliberada de um objeto,
objeto, somente reencontro de
somente um reencontro de um objeto no
um objeto
•.· mundo
mundo “extemo” corresponde àà memória
"externo" que corresponde memória do indivíduo
indivíduo dede uma
uma expe-
expe-
riência de satisfação vivenciada uma vez
satisfação vivenciada Contrariamente, os
(tuX'IÍ), Contrariamente,
vez (tu/T]). os
animais
animais sãosão levados encontrar o que
levados. a encontrar que o instinto
instinto (como
(como um tipo tipo de
de
>conhecimento
conhecimento fixo, pré-gravado, cifrado) os instrui
pré-gravado, cifrado) instrui a procurar. 21
procurar.21 Os hu-
Os hu-
manos, que não
·•· manos, possuem tal conhecimento
não possuem conhecimento inato do do que proporcionará
proporcionará
· satisfação,
satisfação, devem
devem primeiro encontrá-la através
primeiro encontrá-la através das
das boas graças da sorte
boas graças sorte e
· somente
somente então
então podem iniciar uma
podem iniciar ação para
uma ação para repetir experiência satisfa-
repetir a experiência satisfa-
tória.
tória.
Da mesma
Da mesma forma,
fonna, quando Freud ensaios sobre
Freud diz nos Três ensaios sobre aa teoria
teoria da
sexualidade
sexualidade que “o "o encontro
encontro de um objetoobjeto é, na verdade, reencontro
verdade, um reencontro
dele" (vol.
dele” (vol. VII, p.229), está se
p.229), ele está se referindo
referindo ao fato de que que a escolha
escolha de
.· objeto após o período
objeto após latência repete
período de latência repete a primeira escolha de objeto
primeira escolha objeto da
·· criança: o seio.
seio. Aqui também, encontrado no início éé reencon-
objeto encontrado
também, um objeto reencon-
trado em
em algum ponto
ponto posteriorno
posterior no tempo.
tempo.
120
120 O sujeito
O sujeito lacaniano
lacaniano

Entretanto, a linguagem
Entretanto, linguagem de Freud éé altamente
de Freud altamente sugestiva,
sugestiva, e Lacan fornece
Lacan fornece
wn tipo de leitura
um tipo leitura talmúdica (como ele
talmúdica (como ele mesmo
mesmo diz no Seminário 7, p.76)
no Seminário p.76)
dos textos
dos textos dede Freud,
Freud, dando mais importância à letra
mais importância letra do texto do que ao seu
texto do seu
sentido bastante óbvio. Se
bastante óbvio. Se o objeto,
objeto, a rigor,
rigor, nunca
nunca foifoi encontrado,
encontrado, talvez
talvez
seja porque
seja porque ele ele éé essencialmente
essencialmente fantasmático
fantasmático por natureza
natureza e não não corres-
corres-
ponde
ponde a uma experiência
experiência de satisfação lembrada. Em
satisfação lembrada. Em primeiro
primeiro lugar, nuncanunca
houve
houve tal objeto:
objeto: o "objeto
“objeto perdido" existiu; ele é somente
perdido” nunca existiu', somente cons-cons-
como perdido
tituído como perdido apósapós o fato,
fato, na
na medida
medida em sujeito éé incapaz
em que o sujeito incapaz de de
encontrá-lo em qualquer
encontrá-lo qualquer outro
outro lugar
lugar que
que não
não na fantasia ou na
na fantasia onírica.
na vida onírica.
Usando
Usando o textotexto dede Freud como um trampolim,
Freud como trampolim, o objeto
objeto pode ser visto
pode ser como
visto como
22
perdido desde sempre.
perdido desde sempre.22
Poderíamos considerar
Poderiamos considerar o objeto
objeto perdido ainda de
perdido ainda de uma outra forma.
uma outra fonna. O O
seio não é,
seio é, durante
durante a primeira experiência de satisfação,
primeira experiência satisfação, de modo algum,
modo algum,
constituído como
constituído como um objeto, muito
um objeto, muito menos
menos comocomo um objeto que
um objeto não éé parte
que não parte
corpo da criança
do corpo criança e que está está em grande
grande parte além do controle
parte além controle dela.
dela. Ele
Ele
somente constituído
é somente constituído apósapós o fato,
fato, após
após numerosas tentativas vãs
numerosas tentativas vãs realizadas
realizadas
pela criança de repetir
pela criança repetir essa
essa primeira experiência de
primeira experiência de satisfação
satisfação quando
quando a
mãe
mãe não está presente
não está presente ou se se recusa
recusa a amamentá-la.
amamentá-la. É É a ausência
ausência do do seio
seio e
depois o fracasso
depois fracasso em obter obter a satisfação
satisfação que levaleva àà sua constituição
constituição comocomo
objeto, um objeto
objeto, objeto separado
separado e fora fora dodo controle
controle da da criança.
criança. UmaUma vez vez
constituído (isto é, simbolizado,
(isto é, simbolizado, embora
embora a criança
criança possa, nesse momento,
possa, nesse momento,
ainda serser incapaz
incapaz de falarfalar de qualquer
qualquer forma
forma inteligível),
inteligível), a criança
criança nunca
nunca
pode
pode reencontrar
reencontrar o seio seio como
como experimentado
experimentado na na primeira
primeira vez: como não
vez: como não
separado
separado dos dos seus
seus lábios,
lábios, língua, bocaboca ou de de seuse/f.
seuself. UmaUma vez constituído
vez constituído
objeto, o “estado
o objeto, "estado original”
original" no no qual
qual não
não háhá nenhuma distinção entre
nenhuma distinção entre a
criança e o seio
criança seio ou entre
entre o sujeito
sujeito e o objeto
objeto (pois
(pois o sujeito
sujeito somente
somente vem vem
ser quando o seio
a ser seio faltante
faltante é constituído
constituído comocomo objeto,
objeto, e na relação com
na relação com
esse" objeto),
esse objeto), nunca
nunca poderá
poderá serser reexperimentado.
reexperimentado. Portanto, a satisfação
Portanto, satisfação
23
obtida na na primeira
primeira vez vez nunca poderá
poderá serser repetida.
repetida.23 Um tipotipo de inocência
inocência
é perdida para sempre, e o seio de
para sempre, dç fato
fato encontrado
encontrado daí em em diante
diante nunca
nunca é
aquilo. O
exatamente aquilo.
exatamente O objeto
objeto a ééoo resto
resto desse
desse processo
processo de constituição de
de constituição de
um objeto,
um objeto, os os restos
restos que escapam ao
que escapam ao domínio
domínio da simbolização 2* É
da simbolização.24 É wna
uma
lembrança de
lembrança de que existe
existe algo
algo mais, talvez alguma
mais, talvez algwna coisa
coisa perdida, talvez
perdida, talvez
ainda a ser
ainda ser encontrada.
encontrada.
Isso é precisamente
Isso precisamente o que que afirmei do objeto aa no
do objeto no capítulo
capítulo 5: 5: ele
ele é o resto
resto
da perdida hipotética unidade mãe-criança.
hipotética unidade mãe-criança.

A Coisa freudiana
freudiana

De forma
De forma parecida, outros aspectos
parecida, outros aspectos do
do objeto
objeto lacaniano
lacaniano são
são “derivados”
"derivados"
das obras
das obras de Freud. Das
de Freud. Das Ding, Coisa, já
Ding, a Coisa, encontrada no
já encontrada no trecho "A
trecho de “A
Objeto ar
Objeto a: causa
causa do
do desejo
desejo 121

denegação" citado
denegação” anteriormente, éé tratada
citado anteriormente, em profundidade
tratada em profundidade por Lacan no
por Lacan no
Seminário 7 que se
Seminário se baseia "Projeto para
baseia no “Projeto para uma
uma psicologia científica" de
psicologia científica”
Freud. Nesse
Freud. Nesse texto, Freud descreve
texto, Freud descreve a Coisa Coisa emem termos
termos neuronais
neuronais comocomo
aquilo que
aquilo que é invariável
invariável nas diversas
diversas percepções
percepções que que a criança
criança temtem do seio:
seio:
neurônio (“neurônio
o neurônio ("neurônio a”, a", como
como é apropriadamente
apropriadamente chamadochamado nos nos manus-
manus-
critos de Freud)
critos Freud) no “complexo
"complexo neuronal" correspondendo àà “parte
neuronal” correspondendo "parte cons-
cons-
tante complexo perceptivo"
tante do complexo perceptivo” (vol. 1, I, p.434).
p.434). Aquilo
Aquilo que que é variável
variável
·(“neurônio
("neurônio ó”) b") se associa
associa a outros
outros neurônios
neurônios (o (o lugar
lugar dasdas memórias
memórias de
outras percepções
outras específicas), estabelecendo
percepções específicas), estabelecendo ligações
ligações com com eles. Na "tra-
Na “tra-
dução" de Lacan
dução” Lacan dos neurônios
neurônios de Freud Freud para significantes
significantes e dos assim assim
chamados trilhamentos
chamados (Bahnungen, caminhos)
trilhamentos (Bahnungen, caminhos) entre entre eles para articu-
para articu-
lações ou
lações ou ligações
ligações entre significantes
significantes (Seminário
(Seminário 7, 7, p.53), encontramos
p.53), encontramos
alguma, coisa
alguma coisa (o(o neurônio
neurônio ã) a) que permanece
permanece isolada ou sem sem contato
contato com
com o
resto da cadeia
cadeia significante,
significante, embora
embora a cadeia
cadeia necessariamente
necessariamente circule circule aoao
redor dela: a Coisa, apelidada
redor dela: apelidada objeto
objeto a.
Freud estende sua
Freud estende sua descrição
descrição ao outro: outro: o serser humano companheiro,
companheiro,
criatura semelhante
criatura semelhante ou vizinho vizinho (Nebenmensch}
(Nebenmensch) que que primeiro cuida da
primeiro cuida
criança em seu
criança seu desamparo.
desamparo. “O "O complexo
complexo de um semelhante
semelhante se se divide
divide emem
duas partes.
duas Uma delas
partes. Uma delas dádá a impressão
impressão de ser ser uma estrutura
estrutura constante
constante e
permanece
permanece comocomo uma ‘coisa’'coisa' coerente”
coerente" (vol. I, p.438).
p.438). Na medida
medida em em que
essa parte
essa constante permanece
parte constante permanece isolada isolada das ligações
ligações associativas
associativas com com
outros neurônios
outros neurônios -— em em outras
outras palavras, significantes -— Lacan
palavras, significantes Lacan pode
pode
continuar sua
continuar sua “tradução”:
"tradução": “Das "Das Dmg originalmente, o que chamaremos
Ding é, originalmente, chamaremos
fora-do-significado [ou
de o fora-do-signifícado [ou além-do-significado:
além-do-significado: hors-signifié}.
hors-signifié]. O O sujeito
sujeito
conserva
conserva suasua distância
distância e constitui-se
constituí-se num mundo de relação, relação, de afeto
afeto
primário, anterior a todo recalque”
primário, anterior recalque" (Seminário
(Seminário 7, p.71).
p.71).
Aqui, das Ding aparece
das Ding aparece como
como o objeto
objeto não-significado
não-significado e não-significá-
não-significá-
vel dentro
•· ··vel dentro do Outro
Outro (ou "complexo-Outro")-no
“complexo-Outro”) — no Outro, porém, mais
Outro, porém, mais do
25
. que que ou além do Outro. Outro.25 É aquele objeto do qual o sujeito mantém
É aquele mantém sua
.· distância, nem se
distância, nem se aproximando
aproximando muito, nem nem se afastando
afastando muito.
muito. O sujeito
O sujeito
· vem a ser como uma
ser como uma defesa
defesa contra
contra esseesse objeto,
objeto, contra
contra a experiência
experiência
• originária
originária de de prazer/dor associada a ele. A relação
prazer/dor associada relação do do sujeito
sujeito com
com dasdas
Ding é caracterizada
Ding caracterizada por por um afeto primário, seja
afeto primário, nojo, revolta
seja nojo, revolta ou aversão,
aversão,
26
como na histeria,
histeria, ou um sentimento de ser
um sentimento ser dominado
dominado26 ou superado,
ou superado,
>levando
levando à evitação,
evitação, comocomo na na obsessão.
obsessão. Na realidade,
realidade, essesesses diferentes
diferentes
}'afetos
“afetos primários",
primários”, posições
posições primárias adotadas com
primárias adotadas relação àà “coisa”
com relação "coisa"
(objeto a) encontrados pela
d) encontrados criança nas
pela criança nas suas
suas relações
relações comcom um semelhante
semelhante
(Outro
(Outro parental), constituem critérios
parental), constituem critérios diagnósticos
diagnósticos estruturais
estruturais pelos quais
pelos quais
. se distingue
distingue a histeria obsessão. Nas cartas
histeria da obsessão. cartas de Freud
Freud para Fliess, em
para Fliess, em
<especial, vemos que
especial, vemos que a histeria
histeria é definida
definida como
como um um tipotipo específico
específico de
resposta afetiva
/ J:esposta afetiva a um encontro
encontro “primordial”
"primordial" imbuído
imbuído de conteúdo
conteúdo sexual
122
122 O sujeito
O sujeito lacaniano
lacaniano

coin uma outra


com outra pessoa,
pessoa, um encontro
encontro dede desprazer
desprazer ouou nojo;
nojo; enquanto
enquanto a
obsessão definida de forma
obsessão é definida forma diversa
diversa em
em termos uma resposta
termos de uma resposta diferente:
diferente:
27
prazer, sentimento de
prazer, sentimento de ser
ser dominado,
dominado, e culpa.
culpa.27
É possível
possível ver aqui queque aquilo
aquilo que Lacan
Lacan denominou
denominou de “Coisa
"Coisa freu-
freu-
díana" éé uma
diana” uma versão
versão anterior
anterior do
do objeto
objeto a e que a relação
relação primária com este,
primária com este,
descrita por
descrita Freud, é a mesma
por Freud, que aquela
mesma que aquela constituída
constituída pela fi.m-
fantasia fun-
pela fantasia
damental, como
damental, como descrito
descrito nos capítulos
capítulos 5 e 6.

Mais-valia, mais-gozar
Mais-valia, mais-gozar

No Seminário
Seminário 16, Lacan Lacan iguala
iguala o objeto
objeto a ao conceito
conceito de mais-valia
mais-valia de
28
Marx.28
Marx Como algo
Como algo muito
muito estimado
estimado ou valorizado
valorizado pelo sujeito, o objeto
pelo sujeito, objeto a
é comparado
comparado ao padrão ouro no passado,
padrão ouro passado, o valor
valor com
com que se se media
media todos
todos
outros valores
os outros (por exemplo,
valores (por exemplo, moedas, metais preciosos,
moedas, metais preciosos, pedras
pedras precio-
precio-
etc.). Para
sas, etc.). Para o sujeito,
sujeito, ele
ele é aquele
aquele valor
valor procurado
procurado em em todas as as suas
suas
atividades e relações.
atividades relações.
A mais-valia
mais-valia corresponde
corresponde em em quantidade
quantidade ao que, que, no capitalismo,
capitalismo, é
denominado “juros”
denominado "lucro": ela éé aquilo
"juros" ou “lucro”: aquilo que
que o capitalista
capitalista toma
toma para
para si,
em vez de pagá-lo empregados. (É
pagá-lo aos empregados. (É também
também conhecido
conhecido comocomo “capital
"capital
de reinvestimento"
reinvestimento” e por por muitos outros eufemismos).
muitos outros eufemismos). Ela é, de maneira maneira
geral, o fruto trabalho dos empregados.
fruto do trabalho empregados. QuandoQuando em em documentos
documentos legais,
legais,
escritos em
escritos em inglês
inglês americano,
americano, diz-sediz-se que
que alguém
alguém temtem o direito
direito ao
ao fruto ou ou ,
"usufruto" de uma
“usufruto” uma parcela específica de propriedade
parcela específica propriedade ou soma soma de dinheiro,
dinheiro,
significa _dizer
significa aquela pessoa
dizer que aquela pessoa tem um direito direito ao lucro
lucro gerado
gerado porpor umum
deles, embora
deles, embora não necessariamente
necessariamente tenha direito àà propriedade
tenha direito propriedade ou ou ao
dinheiro em
dinheiro Em outras palavras,
em si. Em palavras, éé um direito
direito não de propriedade,
propriedade, mas mas
"desfrute". No francês
de “desfrute”. francês cotidiano,
cotidiano, é possível dizer que
possível dizer que essa
essa pessoa
pessoa tem tem
la jouissance
jouissance de tal propriedade
propriedade ou dinheiro.dinheiro. Em termostermos financeiros
financeiros
franceses mais
franceses mais precisos, isso significaria
precisos, isso significaria que ela ela desfruta,
desfruta, não
não da terra,
edificações ou do capital
edificações capital emem si (la(la nue-propriété\
nue-propriété; literalmente,
literalmente, “proprie-
''proprie-
dade nua"),
nua”), mas apenas de de seus
seus frutos
frutos excedentes,
excedentes, seuseu produto acima e
produto acima
daquele necessário
além daquele necessário para reembolsar seu
para reembolsar seu custo
custo de manutenção,
manutenção, cultivo,
cultivo,
etc -— emem outras
outras palavras,
palavras, suassuas despesas
despesas operacionais.
operacionais. (Observe
(Observe que que no
jargão francês,jouissance
jargão legal francês, jouissance estáestá mais possessão). 29
relacionada à possessão).29
mais relacionada
empregado nunca
O empregado nunca desfruta
desfruta desse
desse produto excedente: ele
produto excedente: ele o “perde”.
"perde". O
processo
processo de trabalho
trabalho produz empregado como
produz o empregado como um sujeito
sujeito “alienado”
"alienado"($), ($),
simultaneamente produzindo
simultaneamente produzindo uma uma perda,
perda, a,a. O capitalista,
capitalista, como
como Outro,
Outro,
desfruta desse
desfruta desse produto excedente; logo,
produto excedente; logo, o sujeito
sujeito encontra-se
encontra-se em em umauma
situação nada
situação nada invejável
invejável de trabalhar
trabalhar para desfrute do Outro,
para o desfrute Outro, sacrifican-
sacrifican-
do-se pelo gozo
do-se pelo gozo do Outro — precisamente o que
Outro-precisamente que o neurótico
neurótico mais
mais abomina!
abomina!
Objeto a:
Objeto a: causa
causa do
do desejo
desejo 123
123

Da mesma
Da mesma forma que a mais-valia, esse mais-gozar
mais-valia, esse mais-gozar pode ser visto
pode ser como
visto como
circulando “fora”
circulando "fora" do sujeito, Outro. É uma parte
sujeito, no Outro. libido que
parte da libido que circula
circula
hors cor
hors corps.
ps *• (Ver
(Ver a seção
seção sobre
sobre "Castração"
“Castração” no capítulo
capítulo 8 para
para um
um exame
mais detalhado desse
mais detalhado desse ponto).
ponto).
distinção entre
A distinção objeto de desejo
entre um objeto desejo e um objeto
objeto que
que causa desejo é
causa desejo
de fato uma diferença
diferença crucial.
crucial. Infelizmente,
Infelizmente, as explicações
explicações do objeto
objeto a na
na
literatura são
são muitas
muitas vezes
vezes expressas mesma linguagem
expressas na mesma básica como
linguagem básica como a
usada nos debates
usada nos debates sobre
sobre os objetos
objetos freudianos:
freudianos: a mãe
mãe é o primeiro
primeiro objeto
objeto
da criança; wnum menino deve,
deve, ao longo
longo do tempo, encontrar
encontrar outro
outro objeto
objeto de
amor
amor do mesmo
mesmo sexosexo da mãe;
mãe; uma menina
menina deve
deve aoao longo
longo do tempo
tempo
encontrar um
encontrar objeto de amor
um objeto amor do sexo
sexo oposto seu primeiro
oposto ao seu primeiro objeto
objeto
importante; e assim
importante; assim por
por diante. Isto dificulta
dificulta ainda mais
mais o entendimento
entendimento da
parte
parte da teoria
teoria de Lacan que já
Lacan que já é bastante complexa.
bastante complexa.
O exame
exame que fomeci
forneci aqui
aqui não é de forma
forma alguma
alguma completo.
completo. Outras
Outras
facetas objeto a serão
facetas do objeto serão expostas
expostas nos capítulos
capítulos seguintes,
seguintes, assim
assim como
como nos
Apêndices.
Apêndices.

I/

*
* «Fora
“Fora do corpo”
corpo" em francês (N.T.)
francês (N.T.)
capítulo oito
capítulo oito

"Não existe
“Não existe aa relação
relação sexual”
sexual"

A dialética da parte todo é crucial


parte e do todo crucial para
para a formulação,
formulação, por por Lacan,
Lacan, da
diferença sexual
diferença sexual ou “sexuação”,
"sexuação", comocomo ele
ele a chama.
chama. NasNas literaturas
literaturas francesa
francesa
inglesa sobre
e inglesa sobre o assunto,
assunto, as argumentações
argumentações de Lacan Lacan são muitas vezes
muitas vezes
compreendidas, de forma
compreendidas, forma equivocada,
equivocada, comocomo centralizadas
centralizadas em tomo tomo da
dialética de todos e alguns;
dialética alguns; esse
esse mal-entendido
mal-entendido é especialmente
especialmente flagrante
flagrante
nos capítulos traduzidos de Mais, ainda
capítulos traduzidos ainda (Seminário
(Seminário 20) que que aparecem
aparecem em em
Sexualidade feminina.
Sexualidade feminina.
Em geral,
Em geral, a dialética
dialética de todos
todos e alguns
alguns é, correta
correta ou incorretamente
incorretamente
atribuída a Aristóteles,
Aristóteles, enquanto a dialética
dialética da parte
parte e do todo é geralmente
geralmente
creditada aos
creditada aos pré-socráticos
pré-socráticos e a Hegel.
Hegel. No entanto, para Lacan
entanto, para Lacan a dialética
da parte
parte e do todo
todo possui
possui uma peculiaridade:
peculiaridade: o todo nuncanunca é todo (o (o Outro (•
não existe)
existe) e a parte é indefinível,
indefinível, não localizável, inespecificável 11,, e “não
localizável, inespecificável "não
2
tem relação
relação com todo".2 É provável
com o todo”. provável que sua sua dialética
dialética seja
seja mais com- com-
preensível
preensível para matemáticos familiarizados
para os matemáticos familiarizados comcom as novidades
novidades na teoriateoria
conjuntos e para os pós-estruturalistas
dos conjuntos pós-estruturalistas do que para aqueles com
para aqueles com
formação filosófica
formação filosófica tradicional.
Há muitas
Há muitas barreiras
barreiras a serem
serem vencidas
vencidas na apresentação
apresentação das das idéias
idéias de
Lacan sobre
sobre a diferença
diferença sexual. Alguns autores de língua língua inglesa
inglesa (ou(ou cujo
cujo
trabalho tem sido
sido traduzido
traduzido para o inglês)
inglês) têm analisado
analisado as obras
obras de Lacan
Lacan
sexuação sem
sobre sexuação sem possuírem
possuírem um donúnio total de outros aspectos
um domínio aspectos do seu seu
pensamento;
pensamento; portanto, eles oferecem
portanto, eles oferecem aosaos leitores
leitores interpretações
interpretações patentes
patentes
ou parcialmente criticam opiniões
parcialmente falsas, e criticam opiniões que Lacan
Lacan nunca advogou.33
nunca advogou.
Não é uma tarefa difícildificil interpretar
interpretar uma das máximas
máximas de Lacan Lacan queque mais
mais
soa metafisica
soa ("Uma carta
metafísica (“Uma carta sempre
sempre chega
chega aoao seu
seu destino”),
destino"), retirá-la seu
retirá-la de seu
criticá-Ia pelo que
contexto e criticá-la que ela
ela não
não significa
significa (como
(como Derrida
Derrida fazfaz em The
Purveyor ofTruth;
Purveyor ofTruth; e qualquer
qualquer um podepode localizar
localizar a palavra
palavra “falo”
"falo" nos textos
textos
falocentrismo. É uma questão
acusá-lo de falocentrismo.
de Lacan e acusá-lo questão muito mais mais difícil
dificil
peneirar suas volumosas
volumosas explicações
explicações sobre
sobre a diferença
diferença sexual
sexual (Seminários
(Seminários

124
"Não existe
“Não existe aa relação
relação sexual”
sexual" 125

18-21 e alhures),
alhures), distinguir suas preocupações
preocupações centrais,
centrais, e isolar
isolar suas teses
suas teses
principais.
principais.
O que proponho que
que proponho que façamos
façamos aqui (1) explicar
aqui é (1) explicar o que
que Lacan
Lacan quer
quer dizer
dizer
por castração,
por castração, por por falo e por
por função fálica; (2) explicar
explicar o que
que Lacan
pretende dizer com
pretende dizer com a idéia de
de que não há a relação sexual; (3)
relação sexual; (3) expor
expor suas
suas
“fórmulas
"fórmulas de sexuação”,
sexuação", em
em alguma,
alguma, embora
embora não
não toda, complexidade
complexidade e
colocar
colocamo no centro
centro da discussão
discussão o que Lacan
Lacan realmente
realmente diz sobre
sobre a diferença
diferença
4
sexual
sexual4; ; e (4)
(4) abordar
abordar determinadas
determinadas questões
questões mais
mais amplas
amplas originadas por
originadas por
suas
suas idéias. Lacan
Lacan fornece-nos
fornece-nos claramente
claramente os meios para olhar
meios para olhar além
além dos
termos freudianos
termos freudianos usados em em algumas
algumas de suas
suas formulações:
formulações: ao considerar
considerar
a castração
castração comocomo alienação,
alienação, o falo como
como o significante
significante do desejo
desejo e o
Nome-do-Pai como
Nome-do-Pai como S(A),
S(~), é possível
possível esboçar
esboçar uma teoria
teoria da sexuação
sexuação queque
vai além
além dos termos,
termos, específicos
específicos de uma certa
certa cultura, usados por
cultura, usados por Freud.
Freud.

A castração
A castração

No Seminário 14, Lacan


No Seminário Lacan pergunta:
pergunta:

O que é aa castração?
castração? Certamente não como as formulações
não é como fonnulações que o pequeno
pequeno
Hans apresenta, que
Hans apresenta, que alguém
alguém desatarraxa
desatarraxa a pequena
pequena bica embora ela
bica embora ela pennaneça
permaneça
no lugar. O que está
lugar. O jogo éé que ele não
está em jogo não pode
pode tomar seu
seu gozo
gozo dentro de si.
si.
1967)
(12 de abril de 1967)

A castração está
Á castração está relacionada com o fato
relacionada com fato de
de que,
que, em
em um determinado ponto,
um determinado ponto,
.somos
somos forçados
forçados a renunciar algum gozo. A implicação
renunciar a algum implicação imediata
imediata dessa
dessa
afirmação éé que a noção
afirmação noção de
de castração,
castração, como
como usada por Lacan, enfoca
por Lacan, enfoca
essencialmente a renúncia
essencialmente gozo e não
renúncia ao gozo não ao pênis
pênis e, portanto, essa noção
portanto, essa
aplica tanto
se aplica tanto aos homens mulheres na
homens quanto às mulheres na medida
medida em em que
que eles
eles
"alienam" (no
“alienam” (no sentido
sentido marxista
marxista do termo)
termo) umauma parte seu gozo.
parte de seu gozo.
Nas obras de Lacan,
Nas obras Lacan, a castração
castração está
está intimamente
intimamente relacionada aliena-
relacionada à aliena-
ção e à separação.
ção separação. Como
Como vimos,
vimos, na alienação o ser
na alienação ser falante
falante emerge
emerge e é
forçado
forçado a renunciar
renunciar a alguma coisa coisa na medida
medida em em que ele vem vem a serser na
na
Iinguagem.s5 A separação
linguagem. separação requer
requer uma segunda renúncia:
uma segunda renúncia: o prazer derivado
prazer derivado
do Outro
Outro como
como demanda, moldar a demanda
demanda, de moldar demanda do Outro como como o objeto
objeto
fantasia($
na fantasia ($ 0OD em de $$ 0Oa),
em vez de a), isto é, o prazer obtido das
prazer obtido das pulsões.
pulsões.
que acontece
O que acontece comcom o gozo
gozo que é sacrificado?
sacrificado? Para ondeonde vai? Ele Ele é
. simplesmente
simplesmente destruído?
destruído? Simplesmente
Simplesmente desaparece?
desaparece? Ou Ou se desloca
desloca para
para
••. ·um nível ou local
local diferente?
diferente? A resposta
resposta parece clara: ele
parece clara: ele se
se desloca
desloca para
para o
.•.··Outro; certa forma,
Outro; de certa forma, ele
ele é transferido
transferido para Outro.66 O que isso
conta do Outro.
para a conta
·· . significaria
significaria na verdade?
verdade? Um determinado
determinado gozo gozo que é “expelido”
"expelido" do corpo
corpo
.... éé reencontrado
reencontrado na fala. O Outro
Outro como
como linguagem
linguagem desfruta
desfruta em
em nosso
nosso lugar.
De outra forma,
forma, é somente
somente na medida
medida em em que
que. nos alienamos
alienamos no Outro e
126
126 O sujeito
O sujeito lacaniano
lacaniano

nos oferecemos
oferecemos como como suporte
suporte do discurso
discurso do Outro que que podemos compar-
podemos compar-
tilhar alguma parteparte do gozo
gozo circulante
circulante no Outro.
Outro.
Ao lermos
lermos Finnegans encontramos o sentimento
Finnegans Wake, encontramos sentimento de gozo gozo acu-
acu-
mulado no sígnificante,
significante, no OutroOutro como
como linguagem.
linguagem. Os Os ajuntamentos
ajuntamentos
de letras e as “descobertas”
"descobertas" da lingüística,
lingüística, aparentemente
aparentemente apenas
apenas aguardan-
aguardan-
do na linguagem o momento momento certo para serem
certo para serem explorados,
explorados, sugerem
sugerem uma uma
vida da linguagem
linguagem independente
independente da nossa. nossa. A rigor, a linguagem
linguagem obvia-obvia-
mente
mente não existe por
não existe por si mesma,
mesma, mas apenas na medida
mas é apenas medida em em que o Outro
Outro
como linguagem
como linguagem está está “dentro”
"dentro" de nós que que podemos
podemos extrair um determina-
determina-
gozo daí.
do gozo
sacrificio envolvido
O sacrifício envolvido na castração
castração é ceder
ceder um determinado
detenninado gozo gozo ao
deixá-lo circular
Outro e deixá-lo circular no Outro,
Outro, isto é, deixá-lo
deixá-lo circular
circular de alguma
alguma forma
fonna
"fora" de nós. Isso
“fora” Isso pode
pode tomar forma da escrita,
tomar a forma escrita, por exemplo, ou do
por exemplo,
estabelecimento de um
estabelecimento "cotpo de conhecimento”,
um “corpo conhecimento", conhecimento
conhecimento que ad-
quire “vida
quire "vida própria", independente de seu
própria”, independente seu criador, já que pode pode receber
receber
acréscimos
acréscimos ou modificações
modificações de terceiros.
terceiros.
A castração
castração pode,pode, portanto, associada a outros
portanto, ser associada outros processos
processos em em outros
outros
campos: no registro
campos: registro econômico,
econômico, o capitalismo
capitalismo exigeexige do trabalhador
trabalhador a
extração ou subtração
extração subtração de umauma determinada
determinada quantia
quantia de valor, "mais-valia".
valor, a “mais-valia”.
Esse valor
Esse ( que, do ponto
valor (que, ponto dede vista do trabalhador,
trabalhador, não tanto um mais
não é tanto mais ou
um excesso,
excesso, masmas um menos) tirado do trabalhador
menos) é tirado trabalhador- — o trabalhador está
trabalhador está
assujeitado a uma experiência
assujeitado experiência de perdaperda -— e transferido
transferido para
para o Outro, na
fonna do mercado
forma "livre". A mais-valia,
mercado “livre”. mais-valia, comparada
comparada no último capítulo ao
último capítulo ao <
,
mais-gozar
mais-gozar (o (o plus-de-jouir Lacan), circula
plus-de-jouir de Lacan), circula emem um mundo “estranho”
"estranho"
"forças de mercado
de “forças mercado abstratas”.
abstratas". O capitalismo
capitalismo cria cria uma
uma perda
perda em em seu
seu
campo, que permite
campo, permite queque um enorme
enorme mecanismo
mecanismo de mercado
mercado se se desenvolva.
desenvolva.
Da mesma
mesma forma, nosso nosso advento
advento comocomo seres
seres falantes
falantes cria
cria uma perda, essa
perda, e essa
perda está no centro
perda está centro da civilização
civilização e da cultura.
cultura.
Freud fala a respeito
Freud respeito dessa
dessa perda
perda emem termos "renúncia pulsional"
termos da “renúncia pulsional” queque
considera necessária
considera necessária para qualquer realização
para qualquer cultural. Em
realização cultural. Em geral, ele ele a
associava ao complexo
associava complexo de de Édipo
Édipo e sua sua resolução (desistindo de um objeto
resolução (desistindo objeto
amor e tendo que
de amor que buscar
buscar um outrooutro alhures)
alhures) e acreditava
acreditava queque a renúncia
renúncia
exigida das
exigida meninas éé menor
das meninas menor do que que a exigida
exigida dos meninos-o
meninos — o que explicaexplica
contribuição supostamente
a contribuição supostamente menor mulheres àà cultura como
menor das mulheres como um todo.todo.
Nas obras de Lacan,
Nas obras Lacan, o sacrifício
sacrificio de de gozo
gozo -— e a extensão sacrificio
extensão do sacrifício
não deve ser ser subestimada,
subestimada, pois ele deixa
pois ele deixa uma “mera
"mera bagatela
bagatela de de prazer"
prazer”
-— é requisitado
requisitado pela demanda do
pela demanda do Outro
Outro de que que falamos
falamos e é frustrado
frustrado
somente pelo autista. Essa
somente Essa demanda
demanda está está obviamente
obviamente vinculada
vinculada a toda a
cultura,
cultura, todos os corpos
cotpos de conhecimento,
conhecimento, uma uma vez que que sem
sem a linguagem
linguagem
não poderíamos
poderiamos ter ter acesso
acesso a nenhum deles. deles.
"Não existe
"Não existe a relação sexual"
relação sexual’ 127
127

É
É possível
possível compreender Claude Lévi-Strauss
Lévi-Strauss como
como tendo
tendo sugerido que
uma estrutura
estrutura semelhante
semelhante está
está em
em funcionamento nas nas regras
regras de parentesco:
parentesco :
a troca comunicação de mulheres
troca ou comunicação mulheres está baseada
baseada emem uma
uma perda
perda fun-
damental
damental produzida
produzida pelo incesto. 77 Analise
pelo tabu do incesto. Analise o que ele diz em em
Antropologia estrutural:
Antropologia estrutural:
Sem reduzir sociedade ou a cultura à língua,
reduzir a sociedade língua, podemos
podemos estimular esta "revo-
“revo-
lução copémica" [...]
lução copémica” [... ] que consistirá
consistirá em interpretar a sociedade
sociedade no seu todo,
todo,
uma teoria
em função de uma teoria da comunicação.
comunicação. Já agora essa tentativa éé possível
agora essa possível em
três níveis;
níveis; pois
pois as regras de parentesco e matrimônio servem para para assegurar a
comunicação de mulheres
mulheres entre os grupos,
grupos, como asas regras econômicas garan-
regras econômicas garan-
comunicação de bens e serviços,
tem a comunicação serviços, ee as regras lingüísticas, a circulação
regras lingüísticas, circulação de
mensagens*.
mensagens ?8

Se
Se fizermos uma ligeira
fizermos uma ligeira alteração nessa citação,
alteração nessa mudando a teoria
citação, mudando teoria de
trocas para uma
trocas para significantes, a troca
uma teoria de significantes, troca de mulheres
mulheres para
para a troca
troca do
significante do desejo,
significante desejo, a troca
troca de
de bens serviços para
bens e serviços para a troca
troca da mais-valia
mais- valia
troca de mensagens
e a troca mensagens para a troca falta de gozo
troca da falta gozo (e(e um mais-gozar
mais-gozar
correspondente), encontramos
correspondente), encontramos a mesma
mesma estrutura "sistemas": uma
estrutura nos três “sistemas”:
falta ou perda
perda é gerada, a qual então circula
circula no Outro.
Outro.
O próprio fornece um exemplo
próprio Lacan fornece exemplo comcom base
base na política:
política:
Nenhum gozo gozo me éé dado ou poderia
podería me ser dado não ser aquele do meu corpo.
dado a não corpo.
· Isso não está claro
não está claro imediatamente, mas se suspeita, e as pessoas
mas se se estabelecem
pessoas se estabelecem
torno desse
em tomo gozo, que éé bom,
desse gozo, bom, que é então
então meu único bem, uma cerca cerca
protetora de uma lei conhecida
protetora conhecida como
como universal chamada
chamada de direitos
direitos humanos:
·· ninguém pode me impedir de usar meu corpo corpo como
como eu quiser.
quiser. O
O resultado do
limite ... éé que o gozo
limite... gozo cessa
cessa completamente para todos.
todos. (Seminário 14, 22 de
fevereiro de 1967)
fevereiro 1967)

Cria-se uma
Cria-se uma limitação em em forma de lei, que
que é inicialmente
inicialmente projetada
projetada para
para
·· me dar dar o direito
direito ao gozo exclusivo de meu corpo
gozo exclusivo corpo (proibindo
(proibindo os outros
outros de
usá-lo
usá-lo como eles quiserem),
como eles quiserem), embora
embora essa
essa mesma limitação, entretanto,
mesma limitação, entretanto,
.· resulte
i;esulte na destruição
destruição de meu próprio gozo.
próprio gozo.
·. ·.· .Tal idéia é fundamental
Tal idéia fundamental para leitura de Freud
para a leitura Freud por
por Lacan
Lacan no Seminário
Seminário
7,
7, por exemplo. O princípio
por exemplo. princípio _da
da realidade coloca
coloca limites ao princípio
princípio do
prazer que,
prazer que, em última análise,
em última análise, serve
serve ao próprio
próprio princípio
princípio do prazer,
prazer, mas
mas
vai muito além. A renúncia imposta pelo
renúncia imposta pelo princípio realidade é des-
princípio da realidade des-
>proporcional
proporcional à função à qual o princípio princípio da realidade
realidade deve
deve servir:
servir: a
manuntenção tortuosa
manuntenção tortuosa ou postergada
postergada do princípio
princípio do prazer.
prazer. Da
Da mesma
mesma
•.· forma que o supereu definido por
supereu definido por Freud
Freud ultrapassa
ultrapassa suas
suas fronteiras
fronteiras -— de

** Esta citação
citação encontra-se
encontra-se na página 103 da tradução
tradução da obra
obra citada,
citada, edições Tempo
edições Tempo
l3iasileiro,
Brasileiro, 1975, tradução
tradução de Samuel Katz
de Chaim Samuel Katz ee Eguinardo Pires. {N.R.)
Eguinardo Pires. (N.R.)
128
128 O sujeito
O lacaniano
sujeito lacaniano

certa maneira
certa impondo o castigo
maneira impondo castigo mais
mais severo
severo precisamente àqueles que
precisamente àqueles que
agem mais
agem eticamente99 -— inevitavelmente,
mais eticamente inevitavelmente, a leilei excede
excede sua
sua autoridade:
autoridade: a
ordem simbólica
ordem simbólica mata organismo que
mata o vivente ou o organismo que existe
existe em
em nós,
nós,
rcescrevendo-o ou
reescrevendo-o ou sobrescrevendo-o
sobrescrevendo-o com com significantes,
significantes, dede tal
tal forma
forma que
u
esse ser
esse morre (("a
ser morre letra mata”)
a letra mata") e somente
somente o significante
significante sobrevive.
sobrevive.
O limite, a falta,
O falta, a perda: esses conceitos
perda: esses conceitos são
são centrais
centrais para lógica
para a lógica
lacaniana e Lacan se se refere
refere a eles
eles enquanto
enquanto castração.
castração. Eles podem, em
Eles podem, em
casos históricos
casos históricos particulares setores específicos
particulares e setores específicos e fases
fases da cultura
cultura ociden-
ociden-
tal, muitas vezes,
vezes, estar
estar associados
associados aosaos órgãos
órgãos genitais,
genitais, a tumescêncía
tumescência e a
não
não tumescência
tumescência do órgão órgão sexual
sexual masculino
masculino e asas teorias sexuais infantis
teorias sexuais infantis e
de onde vêm os
onde vêm Tais particularidades
bebês. Tais
os bebês. particularidades são, entretanto, contingentes
são, entretanto, contingentes
comparados com
comparados com aa estrutura
estrutura dede falta/perda
falta/perda emem si mesma.
si mesma.

O falo e a função fálica


O

Em sua busca
Em busca por amor e atenção,
por amor atenção, a criança
criança é confrontada
confrontada mais cedo ou
mais cedo ou
mais tarde
mais com o fato
tarde com fato de que não éé o único
que não único objeto
objeto dede interesse
interesse dos dos pais.
pais.
Seus múltiplos,
Seus múltiplos, e sem sem dúvida
dúvida variados, objetos de interesse
variados, objetos interesse têm
têm todos
todos umum
traço comum: desviam
traço em comum: desviam a atenção
atenção dada
dada pelos
pelos pais criança. A atenção
pais à criança. atenção
dos pais
dos coisa mais
pais é a coisa valiosa no
mais valiosa no universo
universo da da criança:
criança: é o padrão-ouro,
padrão-ouro, a
saber, aquele
saber, aquele valor
valor pelo qual todos
pelo qual todos os
os outros
outros valores
valores sãosão medidos.
medidos. TodosTodos
objetos ou atividades que atraem
os objetos atraem a atenção
atenção deles
deles para além da criança
para além criança
adquirem uma importância que
uma importância que de outra
outra forma
forma nunca
nunca teriam.
teriam. Não surpreen- '
Não surpreen-
dentemente, um
dentemente, um significante
significante vemvem a significar
significar aquela
aquela parte
parte dodo desejo
desejo dosdos
pais que vai além
pais que além da criança
criança (e (e por extensão, o desejo
por extensão, desejo deles
deles emem geral).
geral).
Lacan se
Lacan se refere
refere a ele
ele como
como o "significante desejo", ee-como
“significante do desejo”, — como “o "o desejo
desejo
homem éé o desejo
do homem desejo do Outro”
Outro" -também
— também como como o “significante
••significante do desejo
desejo
do Outro". É
do Outro”. significante daquele
É o significante daquele que
que é digno
digno de desejo,
desejo, daquilo
daquilo que que éé
desejável.
desejável.
A prática
prática psicanalítica
psicanalítica propõe, como o fazem
propõe, como fazem outras
outras práticas,
práticas, queque na
cultura ocidental
cultura ocidental em em geral
geral este
este significante
significante é o falo.falo. Embora
Embora muitos
muitos
afirmem tratar-se
afirmem tão-somente de uma
tratar-se tão-somente uma noção
noção preconceituosa,
preconceituosa, a psicanálise
psicanálise
sustenta que
sustenta que sese trata de uma observação
trata de observação clínica,
clínica, e como contingente.!1 o0
como tal contingente.
É
É possível comprová-lo, diversas
possível comprová-lo, diversas vezes,
vezes, nana prática clínica e,
prática clínica e, portanto,
portanto,
constitui uma
constitui generalização, não
uma generalização, uma regra
não uma regra necessária universal. Não
necessária e universal. Não há
razão
razão teórica
teórica alguma para seja outra
para que seja outra coisa,
coisa, e talvez existam (e
talvez existam (e tenham
tenham
existido) sociedades
existido) sociedades nas quais algum
nas quais algum outro
outro significante
significante exerça
exerça (ou
(ou tenha
tenha
exercido) o papel
exercido) significante do desejo.
papel de significante desejo.
Por que
Por que o falo
falo veio assumir esse
veio a assumir esse papel
papel na nossa sociedade?
na nossa sociedade? Lacan
propõe várias razões
propõe várias razões possíveis:
possíveis:
''Não existe
"Não existe a relação
relação sexual"
sexual" 129
129

Uma podería ser ser a de


de que esse significante
significante é escolhido
escolhido como
como aquele que éé oo
aquele que
mais notável (ou saliente [salliant
mais notável significa ambos])
[salliant significa ambos]) daquilo que pode ser
apreendido na relação
apreendido sexual como
relação sexual como real [como
[como uma atividade real, não não imagi-
nária simbólica], e,
nária ou simbólica], como aquilo que éé oo mais
e, também, como mais simbólico, no sentido
(tipográfico) do termo,
literal (tipográfico) termo, uma vez que ele éé equivalente
vez que equivalente na
na relação sexual
relação sexual
à (lógica) cópula. E possível dizer que,
possível dizer que, devido a sua
sua turgescência
turgescência (tumescência),
(tumescência),
ele éé a imagem do fluxo
ele fluxo vital como éé transmitido na procriação.
procriação. (Écrits, p.287;
p.287;
Sexualidade feminina, p.83)
Sexualidadefemmina, p.83)

Quaisquer que
Quaisquer que sejam
sejam asas razões
razões propostas
propostas para status de
para o status de facto falo -—
facto do falo
todas essas
e todas essas razões
razões sãosão “antropológicas”
"antropológicas" ou ou imaginárias
imaginárias por por natureza,
natureza, nãonão
estruturais -— o fato
estruturais fato é que,
que, na nossa cultura, o falo
na nossa falo em
em geral
geral desempenha
desempenha
o papel de significante
papel de significante do desejol1 1,
do desejo L
Porém, o significante
Porém, significante do desejodesejo não
não é a mesma
mesma coisacoisa que
que a causa
causa do do
desejo. A
desejo. A causa
causa do do desejo
desejo permanece
permanece além além da significação,
significação, insignificável.
insignificável.
Na teoria psicanalítica
Na teoria lacaniana, o termo
psicanalítica lacaniana, termo "objeto
“objeto a”a" é obviamente
obviamente um
significante que
significante que significa
significa o desejo
desejo do Outro na
do Outro na medida
medida em em que
que ele
ele serve
serve
de causa
de causa dodo desejo
desejo do sujeito;
sujeito; mas objeto a, visto
mas o objeto como exercendo
visto como exercendo um
papel
papel "fora
“fora dada teoria",
teoria’’, isto é, como
isto é, como real,
real, não significa nada:
não significa ele éé o desejo
nada: ele desejo
·do
do Outro,
Outro, eleele éé a capacidade
capacidade de desejar
desejar como
como real,
real, não significado.
não significado.
O falo,
O falo, por outro lado,
por outro lado, nunca
nunca é nada exceto um significante:
nada exceto significante: na teoria,
na teoria,
assim como
assim como na linguagem cotidiana,
na linguagem ele éé o significante
cotidiana, ele significante do do desejo.
desejo. O O objeto
objeto
aa éé então
então a causa
causa real indizível do
real e indizívei do desejo,
desejo, enquanto
enquanto o falofalo é “o
"o nome
nome do do
desejo" e,
desejo” e, portanto,
portanto, pronunciável.
pronunciável.

Na medida em
Na medida em que
que o desejo
desejo sempre
sempre está
está correlacionado
correlacionado com com a falta,
falta, o falo
falo
éé o significante
significante da da falta. Seus deslocamentos
falta. Seus deslocamentos e suas suas mudanças indicam o
mudanças indicam
·. movimento
movimento da falta falta dentro
dentro da da estrutura
estrutura como
como umum todo.
todo. Enquanto
Enquanto a cas- cas-
.· .· tração
tração se se refere
refere a uma
uma perda
perda primordial
primordial queque coloca
coloca a estrutura
estrutura em em movi-
movi-
·.·. mento,
mento, o falo falo éé o significante
significante dessa
dessa perda. Como Lacan
perda. Como Lacan dizdiz em
em seu
seu ensaio
ensaio
de 1959,
de 1959, "Sobre
“Sobre a teoria simbolismo de
teoria do simbolismo de Ernest Jones", “o
Emest Jones”, falo ... éé o
"o falo...
· • significante
significante da própria
própria perda que o sujeito
perda que sujeito sofre
sofre devido
devido ao ao esfacelamento
esfacelamento
acarretado
acarretado pelo significante [morcellement
pelo significante [morcellement du du signifiant]"
signifiant (Écrits 1966,
{Écrits 1966,
p.715). Em outro
p.7 1 5). Em outro trecho
trecho no mesmo artigo, Lacan
mesmo artigo, Lacan diz que que "o falo funciona
“o falo funciona
·.•como significante da falta
como o significante falta a ser
ser [carência
[carência no ser ou carência
no ser carência a serser {manque
(manque
être sem
à être sem osos hífens
hifens de hábito)] determina o sujeito
hábito)] que determina sujeito na suasua relação
relação com
oo siginificante”.
siginificante". Ele Ele é, é, portanto,
portanto, o significante dessa dessa perda dessa
perda ou dessa
ausência de
ausência de ser
ser que
que está
está por trás da própria
por trás relação do
própria relação do sujeito
sujeito com
com o
. significante:
significante: não existe
existe sujeito
sujeito no início e o significante
no início significante nomeia espaço
nomeia o espaço
vazio no
ainda vazio qual o sujeito
no qual sujeito virá
virá a ser. 1966, em
ser. Em 1966, em seu
seu posfácio esse
posfácio a esse
artigo, Lacan escreve
artigo, Lacan escreve “Um "Um símbolo
súnbolo vemvem nono lugar
lugar da falta
falta constituído
constituído pelo
pelo
'não no
‘não no seu
seu lugar’
lugar' [ou[ou ausente
ausente de seuseu lugar; manque àà sa
lugar; manque place] que éé
sa place]
130 O sujeito
O sujeito lacaniano
lacaniano

necessário
necessário para a iniciação
iniciação da dimensão
dimensão do deslocamento
deslocamento do qual o
desempenho do símbolo
desempenho símbolo na sua totalidade
totalidade sese origina (Écrits 1966,
origina (Écrits 1966, p.722;
p.722;
ele usa a palavra “símbolo”
"símbolo" aquiaqui emem lugar
lugar dede “significante”
"significante" já queque está
está
tecendo comentários
tecendo comentários sobre
sobre a teoria simbolismo de Jones).
teoria de simbolismo Jones). Fica
Fica claro
claro
aqui que uma falta ou ou perda
perda de algo é necessária
necessária para colocar o simbólico
para colocar simbólico
movimentoJ 2
em movimento.12
em
Talvez a maneira
Talvez maneira mais simples
simples de apresentar
apresentar o exposto
exposto acima
acima seja
seja a
seguinte: Por que uma
seguinte: criança se
uma criança se importaria
importaria em em aprender
aprender a falar
falar se
se todas
todas
suas necessidades
as suas necessidades fossem
fossem antecipadas,
antecipadas, se se seus
seus pais alimentassem,
pais a alimentassem,
trocassem as fraldas,
trocassem fraldas, a agasalhassem,
agasalhassem, e assimassim por diante antes
por diante antes mesmo
mesmo que que
tivesse a oportunidade
ela tivesse oportunidade de de sentir
sentir fome, as fraldas
fraldas molhadas,
molhadas, frio ou ou
desconforto? Ou
qualquer outro desconforto? Ou sese o peito
peito ou a mamadeira sempre fossem
mamadeira sempre fossem
imediatamente
imediatamente colocados
colocados em em sua boca
boca tão logo
logo ela começasse
começasse a chorar?
chorar?
alimento nunca
Se o alimento nunca falta, se se o calor
calor desejado
desejado nunca
nunca falta, por criança
por que a criança
daria ao trabalho
se daria trabalho de falar?
falar? Como
Como Lacan
Lacan diz
diz no contexto
contexto dede sua
sua análise
análise
sobre a ansiedade,
sobre ansiedade, “O "O queque gera
gera mais
mais ansiedade
ansiedade na criança
criança é quando
quando o
relacionamento através do qual ela vem a ser
relacionamento através ser -— baseado
baseado na falta
falta que
que a faz
desejar-
desejar está mais
— está mais perturbado: quando não
perturbado: quando não há
há nenhuma
nenhuma possibilidade
possibilidade de
falta, quando
quando a mãemãe está constantemente àà sua disposição
está constantemente disposição (Seminário
(Seminário 10, 1O,
dezembro de 1962).
5 de dezembro 1962). SemSem a falta, o sujeito
sujeito nunca
nunca pode ser e a
pode vir a ser
florescência da dialética
florescência dialética do desejo esmagada. 1133
desejo é esmagada.
A falta
falta em
em questão
questão no no caso do falo é a “falta
"falta de ter [fracasso
[fracasso em
em ter ou ou
manque à avoir] causada
possuir: manque causada porpor qualquer frustração demanda
frustração de demanda
específica ou global”
específica (Écrits 1966,
global" (Écrits 1966, p.730; Sexualidade
Sexualidade feminina,
feminina, p.91;,
p.91; (
minha ênfase) -— a saber,
minha ênfase) saber, precisamente aquela falta
precisamente aquela falta que
que faz comcom que o
sujeito deseje,
sujeito deseje, não
não demande
demande simplesmente.
simplesmente.

Portanto, a "função
"função fálica" como Lacan
fálica” como denomina, é a função
Lacan a denomina, função queque
institui a falta,
institui isto é, a função alienante
falta, isto alienante da linguagem.
linguagem. ComoComo veremos,
veremos, a
fálica desempenha
função fálica desempenha um papel crucial na definição
papel crucial definição de estrutura
estrutura
masculina e feminina
masculina feminina usada
usada por
por Lacan,
Lacan, pois
pois os últimos
últimos são
são definidos
definidos de
forma diferente
forma diferente emem termos
termos daquela
daquela perda, daquela falta
perda, daquela falta instituída
instituída pela
pela
alienação, pela divisão
alienação, pela divisão causada por nosso
causada por nosso uso da -— ou ao ao contrário
contrário uso
uso
14
pela
pela -— linguagem.
linguagem.14
Como também
Como também veremos,
veremos, a falta (como
(como apresentada
apresentada pela fálica)
pela função fálica)
e sua circulação
circulação nãonão são, de forma
forma alguma, a história
história toda: a economia
economia de
mencionada por
gozo mencionada por Lacan nãonão é uma economia fechada
uma economia fechada governada
governada pela
pela
"Conservação de Gozo”,
lei da “Conservação Gozo", de modo
modo queque o que é sacrificado
sacrificado emem um
momento é reencontrado
momento reencontrado em em outro, nem mais, nem
nem mais, nem menos.
menos. Assim
Assim como
como
economia mencionada
na economia mencionada por Freud, a libido
por Freud, libido parece ser conservada
parece ser exceto
conservada exceto
quando ele fala a respeito
respeito da repetição
repetição e da natureza excessiva
da natureza excessiva e incomen-
incomen-
surável
surável do supereu. Na economia
supereu. Na mencionada por
economia mencionada por Lacan, parece haver
Lacan, parece haver umum
"Não existe
"Não existe a relação
relação sexual”
sexual" 131
131

deslocamento suave
deslocamento apenas da falta
suave apenas falta e do
do desejo,
desejo, contanto
contanto que que limitemos
limitemos
nossa atenção para
nossa atenção para o universo simbólico definido
universo simbólico definido pelo significante na
pelo significante na
qualidade de
qualidade de significado.
significado. Tudo
Todo muda ampliamos nossa
muda quando ampliamos nossa perspectiva
perspectiva
· para
para incluir o real significante. 1IS5
significância do significante.
real e a significância

"Não existe
“Não existe aa relação
relação sexual”
sexual"
LL ’être
'être sexué ne s ’autor
'autorise que de
ise que de lui-même.
lui-même.
16
Lacan, Seminário
Lacan, Seminário 21,
21, 99 de abril
abril de J97416
de 1974

Tendo dedicado
Tendo dedicado metade
metade de de wn século ao
um século ao estudo
estudo do do amor,
amor, do do sexo
sexo e da
linguagem, Lacan
linguagem, apareceu, no
Lacan apareceu, no final
final da década
década de 1960,1960, com
com wna dessas
uma dessas
expressões-bomba pelas
expressões-bomba quais era
pelas quais tão bem
era tão conhecido: “não
bem conhecido: "não existe
existe a relação
relação
17
sexual" (“tf
sexual” n'ya
("i/ n’y a pas
pas de
de rapport
rapport sexuel"J.11
sexuel
redação em
A redação em francês
francês é ambígua
ambígua na medida em
na medida em que expressão rapports
que a expressão rapports
.sexuels
sexuels pode
pode serser usada
usada para simplesmente se
para simplesmente se referir
referir ao ato
ato sexual.
sexual. Entre-
Entre-
tanto,
tanto, Lacan
Lacan não estava afirmando
não estava afumando que que asas pessoas
pessoas nãonão tinham
tinham relações
relações
sexuais -— uma alegação
sexuais alegação no mínimo
mínimo ridícula;
ridícula; o uso palavra rapport
uso da palavra aqui
rapport aqui
sugere uma
sugere esfera mais
uma esfera mais "abstrata"
“abstrata” de de idéias:
idéias: relação,
relação, relacionamento,
relacionamento,
.· proporção,
proporção, razão, fração e assim
razão, fração assim por diante.
por diante.
De acordo
De acordo comcom Lacan,
Lacan, não
não há nenhuma relação
há nenhuma relação direta
direta entre
entre homens
homens e
1T1ulheres
mulheres uma uma vezvez que são
são homens
homens e mulheres.
mulheres. Em outras palavras,
Em outras eles não
palavras, eles não
"interagem"
“interagem” uns com com os os outros
outros como
como homemhomem para para mulher
mulher e mulher
mulher para
para
•homem. Alguma coisa
homem. Alguma coisa impede
impede tais
tais relações; algo desvia
relações; algo desvia essas
essas interações.
interações.
·. · . Existem
Existem muitas
muitas maneiras
maneiras diferentes
diferentes de de sese refletir
refletir a respeito
respeito do do que tal
relação -— se
relação se ela
ela existisse
existisse -— poderia envolver. É
podería envolver. É possível
possível pensar
pensar que
teríamos
teríamos algo algo parecido
parecido comcom umauma relação
relação entre
entre homens
homens e mulheres
mulheres se se
pudéssemos defmi-los em
pudéssemos defini-los em tennos
termos um do do outro,
outro, digamos,
digamos, comocomo opostos,
opostos,
Yin
yin eê yang,
yang, ou ou em
em termos
termos de de uma
uma inversão
inversão complementar
complementar simplessimples como
como
âtividade/{'assividade (o
átividade/passividade (o modelo
modelo de de Freud,
Freud, se se bem
bem queque insatisfatório
insatisfatório atéaté
>pàra ele). E
para ele). E possível
possível atéaté mesmo
mesmo associar
associar a masculinidade
masculinidade a uma curva curva seno
seno
e à·a feminilidade
feminilidade a uma uma curva
curva co-seno,
co-seno, wna uma vez vez que isto nos permitiria
isto nos permitiría
formular
formular algoalgo que
que poderíamos tomar como
poderiamos tomar como uma relação sexual
uma relação sexual da seguinte
seguinte
forma: seno22 x +
forma: seno co-seno22 x -=11 (Figura
+ co-seno (Figura 8. 8.1)
1)

Figura 8.1
Figura
132
132 O sujeito
O sujeito lacaniano
lacaniano

A vantagem
vantagem dessa
dessa fórmula
fórmula específica
específica é que que ela parece explicar,
ela parece explicar, de forma
forma
gráfica,
gráfica, a descrição
descrição de Freud
Freud dos diferentes
diferentes tipos de coisas
coisas que
que osos homens
homens
e as mulheres
mulheres procuram
procuram um no no outro:
outro: “Têm-se
"Têm-se a impressão
impressão de que que o amor
amor
homem e o amor
do homem amor da mulher psicologicamente
psicologicamente sofrem sofrem de de uma diferença
diferença
fase" (vol.
de fase” (vol. XXII,
XXII, p.164).
p. 164). Aqui, apesar da heterogeneidade
Aqui, apesar heterogeneidade aparente
aparente das das
curvas masculina
curvas feminina, apesar
masculina e feminina, apesar de seusseus tempos
tempos distintos,
distintos, seria
seria pos-
pos-
sível combiná-los
combiná-los de tal formaforma a tomá-los
tomá-los um.
Mas, de acordo
acordo com Lacan,
Lacan, tal igualdade
igualdade é impossível:
impossível: nadanada queque sese
pudesse qualificar
pudesse qualificar como
como umauma relação
relação verdadeira
verdadeira entre
entre os sexos pode ser
sexos pode ser
falado
falado ou escrito. Não existe
escrito. Não nada complementar
existe nada complementar a respeitorespeito dessa relação,
dessa relação,
nem existe
nem existe uma relação
relação inversa
inversa simples
simples ou algum tipo de paralelismo
algum tipo paralelismo entreentre
eles. Ao contrário, cada sexo
contrário, cada definido separadamente
sexo é definido separadamente com com relação
relação aa um um
terceiro termo. Conseqüentemente,
terceiro Conseqüentemente, só só existe
existe uma não-relação, uma
umanão-relação, ausên-
uma ausên-
cia de qualquer relação
relação direta
direta imaginável
imaginável entre entre os sexos.
sexos.
Lacan procura
Lacan procura mostrar
mostrar (1)( 1) que os sexos sexos são definidos
defitúdos separada
separada e
diferentemente,
diferentemente, e (2) (2) que
que seus
seus “parceiros”
''parceiros" não não são
são simétricos
simétricos nemnem sobre-
sobre-
postos. Os analisandos
postos. Os analisandos demonstram
demonstram dia dia após
após dia
dia que
que seus
seus sexos
sexos biomédi-
biomédi-
ca/geneticamente determinados
ca/geneticamente determinados (órgãos
(órgãos genitais,
genitais, cromossomos,
cromossomos, etc.) po- po-
estar em
dem estar em conflito comcom conceitos
conceitos socialmente
socialmente definidos
definidos de masculini-
masculini-
. dade
dade e feminilidade
feminilidade e com com suas
suas escolhas
escolhas de parceiros
parceiros sexuais
sexuais (ainda
(ainda
· concebidas
concebidas por muitas pessoas
por muitas como estando
pessoas como estando baseadas
baseadas nos instintos
instintos repro-
repro-
dutivos).
dutivos). OsOs analistas
analistas são, portanto, diariamente
são, portanto, diariamente confrontados
confrontados com a
inadequação de definir
inadequação definir a diferença
diferença sexual
sexual emem termos
termos biológicos. Lacan
biológicos. Lacan
começa a explorar
começa explorar uma
uma abordagem
abordagem estritamente
estritamente psicanalítica definição
psicanalítica da definição
de homens mulheres no
homens e mulheres Seminário 18, e continua
no Seminário continua a fazê-lo
fazê-lo até meados
meados
década de 1970.
da década 1970.
De início, sua tentativa
De início, tentativa pode
pode parecer desnecessariamente complexa
parecer desnecessariamente complexa e
incluir
incluir uma
uma grande
grande quantidade
quantidade de “material
"material extrinseco”
extrínseco" à origem
origem freudia-
freudia-
entretanto, devemos
na; entretanto, devemos lembrar
lembrar que que Lacan
Lacan estava
estava inventando
inventando enquanto
enquanto
desenvolvia essa
desenvolvia essa nova
nova maneira distinguir os
maneira de distinguir os sexos
sexos e nem nem sempre
sempre tinha
necessariamente uma idéia
necessariamente idéia cristalina
cristalina de onde onde iria
iria chegar.
chegar. Em Em primeiro
primeiro
tentarei resumir
lugar, tentarei aspectos principais
resumir os aspectos principais de sua sua teoria,
teoria, para
para só só então
então
prosseguir analisando os maternas
prosseguir analisando constituem um
maternas que constituem sério obstáculo
um sério obstáculo a
determinados leitores
determinados início. 1IS8
leitores no início.

A diferenciação entre
A diferenciação entre os
os sexos
sexos

A masculinidade ee aa feminilidade puras


puras permanecem
permanecem
sendo construções
sendo construções teóricas
teóricas de
de conteúdo
conteúdo incerto.
incerto.
Freud, vol. XIX, p.320
Freud,
"Não existe
"Não existe a relação
relação sexual”
sexuar 133
133

De acordo
acordo com
com Lacan,
Lacan, os homens e as mulheres
os homens mulheres são
são definidos
definidos dede formas
formas
diferentes
diferentes com
com relação
relação à linguagem,
linguagem, isto é, com relação àà ordem
com relação ordem simbólica.
simbólica.
Da
Da mesma
mesma forma
forma que
que a contribuição
contribuição de Lacan
Lacan para o entendimento
entendimento da
neurose e da psicose
neurose psicose sugere
sugere que
que a última
última envolve
envolve uma parte do simbólico
uma parte simbólico
que
que é foracluído
foracluído e que retoma no
que retorna no real enquanto
enquanto a primeira
primeira não, a masculi-
masculi-
nidade e a feminilidade
feminilidade sãosão definidas
definidas como
como tipos diferentes
diferentes de relações
relações
com a ordem
com ordem simbólica,
simbólica, diferentes
diferentes formas
formas dede ser
ser dividido pela linguagem.
pela linguagem.
Suas
Suas fórmulas
fórmulas de sexuação, portanto, dizem respeito
sexuação, portanto, respeito somente
somente aosaos sujeitos
sujeitos
falantes,
falantes, e, eu proporia,
proporia, somente
somente aosaos sujeitos neuróticos: os homens
sujeitos neuróticos: homens e as
mulheres
mulheres definidos nessas fórmulas
definidos nessas fórmulas são neuróticos, do ponto
são neuróticos, ponto de vista
vista
clínico; os homens
clínico; homens neuróticos diferem das
neuróticos diferem das mulheres neuróticas pela
mulheres neuróticas forma
pela forma
com
com que
que são
são alienados pela/na ordem
alienados pela/na ordem simbólica.
simbólica.

Os homens
Os homens

Aqueles que,
Aqueles que, a partir uma perspectiva
partir de uma perspectiva psicanalítica, são considerados
psicanalítica, são considerados
homens
homens -— independente
independente da suasua constituição
constituição biológica/genética
biológica/genética -— são
são
totalmente determinados
totalmente pela “função
determinados pela "função fálica”.
fálica''. Um vez que a função fálica
fálica
refere àà alienação
se refere alienação causada
causada pela linguagem, a questão
pela linguagem, questão principal Lacan
principal de Lacan
respeito dos
a respeito dos homens
homens pode ser expressa
pode ser expressa de formas
formas variadas:

©
• Os homens são
Os homens totalmente alienados
são totalmente na linguagem.
alienados na linguagem.
•<» Os homens
homens estão
estão todos assujeitados à castração
todos assujeitados castração simbólica.
simbólica.
e• OsOs homens são completamente
homens são completamente determinados
determinados pela função fálica.
pela função

Apésar das infinitas permutações


Apesar das permutações permitidas
permitidas pela linguagem na cons-
pela linguagem cons-
tituição desejo, o homem
tituição do desejo, homem pode ser visto
pode ser como limitado
visto como limitado ou finito comcom
.relação
relação aoao registro simbólico. Traduzido
registro simbólico. Traduzido em termos
termos de de desejo, limite éé o
desejo, o limite
pai e o tabu
tabu do incesto: o desejodesejo do homem
homem nunca
nunca vai além além do
do desejo
desejo
incestuoso, impossível
incestuoso, impossível de realizar,
realizar, uma
uma vez envolveria infringir
vez que isto envolvería infringir
os limites do pai, assim
assim erradicando
erradicando o próprio ''ponto de
próprio “ponto de ancoragem”
ancoragem" da
nom du pere,
neurose: le nom père t o nome-do-pai,
nome-do-pai, mas tambémtambém le non du pere, père y o
"Não!" do pai (nom e non
“Não!” non sendo
sendo homófonos
homófonos em em francês).
francês). É aqui que
aparece com nitidez
aparece com idéia de
nitidez a idéia de que
que a estrutura
estrutura masculina
masculina é, em em determina-
determina-
dos aspectos,
aspectos, sinônimo
sinônimo da neurose obsessiva nas obras
neurose obsessiva obras de Lacan.
Lacan.
> Do ponto
ponto de vista lingüístico, o limite
vista lingüístico, limite do homem
homem é aqueleaquele que
que institui
>aptópria ordem simbólica,
apropria ordem simbólica, aquele
aquele primeiro (Si)-
significante (Si)
primeiro significante ''Não!"
— o “Não!”
ido
do pai
pai -— que
que é o ponto origem da
ponto de origem da cadeia
cadeia significante
significante e que está está
envolvido
envolvido no recalque
recalque originário:
originário: a instituição
instituição do inconsciente
inconsciente e de de um
<tugar
lugar para neurótico. 1 9
para oO objeto neurótico.19
134
134 O sujeito
O sujeito lacaniano
lacaniano

De forma
forma semelhante,
semelhante, o prazer
prazer do homem
homem é limitado, seusseus limites são
são
determinados pela pela função fálica.
fálica. Os prazeres
prazeres do homem
homem são limitados
àqueles permitidos
àqueles permitidos pela ação significante em
ação do signifícante em si -— ao que Lacan
Lacan chama
chama
de gozo
gozo fálico, e ao que podería ser
que poderia ser igualmente
igualmente chamado
chamado de gozogozo simbó-
simbó"
20
lico.20
lico. Aqui, pensamento em si éé carregado
Aqui, o pensamento carregado gozo*
gozo'" (ver
(ver Seminário 20, p.
96), uma conclusão
conclusão amplamente
amplamente comprovada pelas pelas obras de Freud
obras ·de Freud sobre
sobre
a dúvida obsessiva
obsessiva (considere
(considere o caso caso do Homem
Homem dos Ratos)Ratos) e depois
depois
exitosamente refletida na expressão
exitosamente expressão “masturbação
"masturbação mental".
mental”. Na
Na medida
medida emem
que está
está relacionado
relacionado comcom o corpo,
corpo, o gozo
gozo fálico
fálico ou simbólico
simbólico envolve
envolve
somente
somente o órgão
órgão designado pelo pelo signifícante,
significante, que, portanto, serve
que, portanto, serve como
como
uma mera
mera extensão
extensão ou instrumento
instrumento do do signifícante.
significante. Esta
Esta é a razão
razão pelá
pela qual
Lacan
Lacan algumas vezes se se refere ao gozo fálico como
ao gozo como “prazer
''prazer do órgão".**
órgão”.**
As fantasias
fantasias dos homens estão
dos homens estão ligadas
ligadas àquele aspecto
aspecto do real que,que,
digamos assim,
assim, subscreve
subscreve a ordem ordem simbólica:
simbólica: o objeto a. a. O objeto
objeto aa
mantém
mantém o simbólico
simbólico em movimento nos
em movimento nos mesmos
mesmos caminhos
caminhos tortuosos,
tortuosos, em
em
constante
constante evitação real. 2 1 Para
evitação do reaI.21 Para aqueles
aqueles que se se enquadram
enquadram na na categoria
categoria
de “Homens”,
"Homens", existe
existe um tipo de simbiose
simbiose entre
entre o sujeito
sujeito e o objeto,
objeto, o
simbólico e o real, desde
simbólico desde queque a distância
distância adequada sejaseja mantida entre
entre eles.
O objeto
objeto aqui está apenas perifericamente relacionado
apenas perifericamente relacionado a outra pessoa, e
outra pessoa,
Lacan assim
assim se
se refere
refere ao gozogozo daí derivado
derivado como masturbatório por
como masturbatório por
natureza (Seminário 20, p. p.109).
I 09).

As mulheres
mulheres

Enquanto
Enquanto os homens são
os homens são definidos
defmidos como totalmente circunscritos
como totalmente pela
circunscritos pela
função fálica, totalmente sob
fálica, totalmente sob o domínio do signifícante,
significante, as mulheres
mulheres (isto
é, aquelas
aquelas que,
que, a partir
partir de uma perspectiva
perspectiva psicanalítica,
psicanalítica, são
são consideradas
consideradas
mulheres, independente
mulheres, independente de sua sua constituição biológica/genética) são
constituição biológica/genética) são defi-
nidas como
como não
não sendo totalmente
totalmente circunscritos.
circunscritos. A mulher
mulher não é dividida
da mesma
mesma forma
forma que o homem:
homem: embora
embora alienada, ela não é toda assujeitada
alienada, ela assujeitada
22
simbólica.22
à ordem simbólica. A função fálica,
fálica, por
por mais operante que
mais operante que seja
seja no caso
dela, não reina
dela, reina de modo absoluto. Com
modo absoluto, Com relação à ordem simbólica, a mulher
ordem simbólica, mulher
é nãowtoda, demarcada ou limitada.
não-toda, demarcada limitada.
Enquanto o prazer
Enquanto dos homens
prazer dos determinado por
homens é determinado completo pelo
por completo pelo
signifícante,
significante, o prazer mulheres éé determinado
prazer das mulheres determinado em parte pelo
em parte pelo signifí-
signifi-
cante, Enquanto os
cante, mas não totalmente. Enquanto homens estão
os homens estão limitados
limitados ao que
denomina de gozo fálico, as mulheres
Lacan denomina mulheres podem experimentar tanto
podem experimentar
quanto um
esse quanto um outro tipo que ele chama
tipo de gozo, que chama de gozo do Outro.
Outro. Isso

** No original:
original:jouissance-/aden. (N.R.)
jouissance-laden. (N.R.)
** Em
** Em alemão:
alemão: Organlust,
Organlust, termo
termo empregado
empregado por Freud
Freud (cf.
(cf. vol. XVI, 379)
379) (N.R.)
(N.R.)
"Não existe
“Não existe aa relação
relação sexual”
sexual" 135
135

não significa que todo


nao significa todo sujeito
sujeito passível
passível de serser situado na categoria
categoria de
"Mulheres" o experimente
'‘Mulheres” experimente -— longe longe disso,
disso, como
como muitas vezesvezes sese pode
pode
comprovar -— mas,
comprovar mas, de acordo
acordo com Lacan, ele éé uma potencialidade
com Lacan, potencialidade
estrutural.
estrutural.
que vem
O que ser esse
vem a ser esse gozo
gozo do do Outro
Outro que
que aqueles
aqueles classificados
classificados como
como
mulheres, do
mulheres, do ponto de vista psicanalítico,
ponto de psicanalítico, sãosão capazes?
capazes? O próprio
próprio fato de
que Lacan
que Lacan escreve
escreve "Outro”
«outro" com
com O maiúsculo indica a conexão
maiúsculo indica conexão do gozo gozo do
Outro com o significante,
Outro com significante, mas está ligado
mas ele está ligado ao
ao Si
S1 não
não ao
ao S2 -— nãonão com
com
"simplesmente qualquer”
"simplesmente qualquer" significante,
significante, mas com o "Outro
mas com "Outro significante”
significante"
(para cunhar uma
(para uma sentença):
sentença): o significante
significante unário, o significante
significante queque
pennanece radicalmente Outro,
permanece radicalmente Outro, radicalmente diferente de
radicalmente diferente de todos outros
todos os outros
significantes. Enquanto
significantes. Enquanto S S1j (o
(o "Não!”
"Não!" do pai) funciona para para o homem
homem comocomo
um limite àà sua
sua gama
gama de movimentos
movimentos e prazeres, S1 é um
prazeres, o Si "parceiro"
um "parceiro”
eletivo para
eletivo para a mulher, sua relação
mulher, sua relação comcom eleele permite-lhe ultrapassar as
permite-lhe ultrapassar as
fronteiras estabelecidas
fronteiras estabelecidas pela linguagem e a insignificância
pela linguagem insignificância de prazer que a
prazer que
permite. Um
linguagem permite.
linguagem Um ponto
ponto final para homens, o Si
para os homens, S 1 serve
serve como
como uma
uma
porta aberta para
porta aberta mulheres. 23
para as mulheres. 23
estrutura feminina
A estrutura feminina prova que a função
prova que função fálica tem seus
seus limites
limites e que 0o
significante não é tudo. A estrutura
significante estrutura feminina,
feminina, portanto,
portanto, possui
possui relações
relações
estreitas com
estreitas com a histeria
histeria conforme
conforme definida
definida no discurso
discurso da
da histérica (ver
histérica (ver
Seminário capítulo 9 deste
Seminário 17 e capítulo deste livro).

Atém da
Além da biologia

• .•· A forma
forma como
como Lacan
Lacan define
define o homem
homem e a mulher não tem
tem relação
relação alguma
com a biologia,
biologia, e pode ser entendida
pode ser entendida como
como uma explicação
explicação para exis-
para a exis-
Jência
tência de histéricos (geneticamente) masculinos
histéricos (geneticamente) obsessivas-compulsivas
masculinos e obsessivas-compulsivas
> (geneticamente)
(geneticamente) femininas.
femininas. O histérico
histérico é, se
se é que a minha
minha interpretação
interpretação
i de Lacan
Lacan está
está correta
correta neste
neste ponto, caracterizado por
ponto, caracterizado estrutura femini-
por uma estrutura femini-
na: ele pode
na: ele experimentarpotencialmente tanto o gozo
pode experimentarpotencialmente gozo fálico
fálico quanto o gozo
gozo
· do Outro. obsessiva-compulsiva éé caracterizada
Outro. A obsessiva-compulsiva caracterizada porpor uma
uma estrutura
estrutura
foâsculina, seu gozo
masculina, seu gozo sendo
sendo exclusivamente
exclusivamente simbólico
simbólico porpor natureza.
natureza.
( i A A partir de um ponto
ponto de vista clínico,
clínico, uma grande
grande quantidade de de seres
seres
(biologicamente femininos apresentam
biologicamente femininos apresentam uma masculina, e uma
uma estrutura masculina,
/grânde quantidade de seres
gránde quantidade seres biologicamente
biologicamente masculinos
masculinos revelam uma es-
revelam uma es-
itrutüra feminina. 24
trutura feminina. Parte do treinamento
24 Parte analítico deve,
treinamento analítico deve, portanto, consistir
portanto, consistir
/ria com os hábitos
ná ruptura com hábitos arraigados
arraigados de pensamento através dos
pensamento através dos quais
quais 0o
analista imediatamente
\iânâlistâ presume que uma
imediatamente presume uma mulher
mulher é histérica
histérica e, desta
desta forma,
<:pbd.e
pode ser
ser definida como possuidora de uma
como possuidora uma estrutura
estrutura feminina. relação
feminina. A relação
de cada
?d.é pessoa com
ba:da pessoa com o significante
significante e o modo
modo de gozo precisa ser
gozo precisa ser examinada
examinada
136
136 O sujeito
O sujeito lacaniano
lacaniano

com muito cuidado:


com cuidado: não sese pode
pode tirar conclusões precipitadas
tirar conclusões precipitadas comcom base
base no
biológico. 25
sexo biológico.25
sexo
O fato de que muitas pessoas
pessoas passam por por cima
cima das diferenças
diferenças es-
tritamente biológicas
biológicas talvez explique, em
talvez explique, em parte,
parte, o uso muito comum na
muito comum
América da categoria
América categoria de "limítrofe". Com fteqüência,
“limítrofe”. Com freqüência, os pacientes
pacientes que
ultrapassam taistais limites são aqueles diagnosticados 'por por psiquiatras,
psicanalístas
psicanalistas e psicólogos como limítrofes.
psicólogos como limítrofes. (Lacan
(Lacan rejeita
rejeita por completo a
por completo
categoria de limítrofe.)
categoria limítrofe.)
maneira distinta de Lacan
A maneira definir masculinidade
Lacan de definir feminilidade
masculinidade e feminilidade
mostra por
mostra por que não há a relação entre entre os
os sexos,
sexos, porém este tema
porém este tema deve
deve
aguardar por esclarecimentos
esclarecimentos mais
mais detalhados
detalhados até que a parceira
parceira dodo homem
homem
os parceiros
e os parceiros da mulher sejam
sejam articulados
articulados a seguir.
seguir. Aqueles
Aqueles totalmente
totalmente
avessos às
avessos às divagações
divagações lógicas
lógicas de Lacan
Lacan podem dirigir-se à seção
podem dirigir-se seção intitulada
intitulada
“Uma dissimetría de parceiros".
"Uma dissimetria parceiros”.

As fórmulas de
As fórmulas de sexuação
sexuação

No Seminário
Seminário 20, Lacan
Lacan propõe
propõe um esquema
esquema (Figura
(Figura 8.2),
8.2), que
que em
em parte
parte
através dos anos e a outra
foi elaborado através outra parte ele
ele alega
alega ter inventado
inventado às
pressas
pressas naquela
naquela mesma
mesma manhã quando o desenhou
desenhou no quadro-negro du-
no quadro-negro du-
rante seu
seu seminário.
seminário.
Figura 8.2
Figura
Homens
Homens Mulheres
Mulheres
'.!Ixifix
Sx$x 3x<l>x
SxW
Vx<l>x
Vxd>x Vx<l>x
Vxd>x
$\ S(~)
S(A)
aa ")A
<I>

Começarei a minha interpretação


Começarei interpretação desse esquema com
desse esquema com comentários
comentários
sobre diversos
sobre diversos trechos
trechos do Seminário
Seminário 20.

estrutura masculina
A estrutura masculina

Primeiro,
Primeiro, as proposicionais, em cima, duas à esquerda, duas àà
as quatro fórmulas proposicionais,
direíta. Quem
direita. seja ser falante se
Quem quer que seja se inscreve de um lado ou de outro.
outro. À
esquerda, a linha inferior,
inferior, Vx<l>x,
Vx<X>x, indica que éé pela função fálica
pela função fálica que oo homem
homem
todo toma inscrição,
como todo inscrição. (p.107,
(p.107, grifo
grifo meu).
meu).
"Não existe
“Não existe a relação sexual"
sexual” 137
137

A fórmula
fórmula Vx<I>x,
VxOx, portanto, que oo todo de um
significa que
portanto, significa um homem
homem recai
recai
sob junção fálica (x significando
sob a Junção significando qualquer
qualquer sujeito
sujeito determinado
determinado ou parte
parte
deste, <I>x para
deste, fálica como
para a função fálica como aplicável
aplicável àquele
àquele sujeito
sujeito ou parte
parte dele,
e Vx para x). 26 Parafraseando
para o todo de x).26 Parafraseando essa
essa fórmula,
fórmula, o homem
homem éé com-
com-
pletamente determinado pela
pletamente determinado castração simbólica,
pela castração simbólica, isto é, cada
cada pedaço dele
pedaço dele
sob o domínio
recai sob do significante.
domínio do significante. Voltando
Voltando à citação,
citação, vemos
vemos que, no
entanto, há wna
entanto, exceção:
uma exceção:
[O] homem como
[O] como todo inscrição, [conforme
todo toma inscrição, [confonne determinado
detenninado pela função
fálica], exceto
fálica], exceto que essaessa função
função encontra
encontra seu
seu limite na existência
existência de
de um xx pelo
pelo
qual aa função <Ê>x
«l>x éé negada,
negada, Sx<J>x.
:ilx<Px. Aí está
está oo que chamamos
chamamos função do do pai. [...]
[... ]
O todo repousa
O repousa portanto,
portanto, aqui, na exceção
exceção colocada,
colocada, como
como termo, sobre
sobre aquilo
que nega
nega esse
esse C>x
«l>x (p.
(p.107, grifo meu).
107, grifo

O homem
O homem pode ser considerado
pode ser considerado como
como wnum todo, porque existe algo
porque existe algo que
que
o delimita (3'.x: lá existe
delimita (3x: existe algum x [algum
[algum sujeito
sujeito ou
ou parte desteJtal que
parte deste] que êl>x,
<Èx,
função fálica é foracluída).
a função foracluída). Ele pode ser tomado
pode ser tomado como
como um todo
todo porque
existe uma
existe fronteira definível
uma fronteira definível para conjunto (Figura'8.3).
para seu conjunto (Figura·8.3).
Figura8.3
Figura 8.3

Pai

Devemos lembrar
Devemos lembrar que
que asas obras
obras de Lacan
Lacan sobre
sobre a diferença
diferença sexual
sexual estão
estão
baseadas
baseadas e sãosão co-extensívas
co-extensivas à sua sua reelaboração
reelaboração da lógica
lógica tradicional
tradicional em
em
termos
termos de suasua própria lógica do
própria lógica do significante.
significante. Um significante
significante nunca estáestá
só. Nunca falaríamos sobre
Nunca falaríamos sobre o preto se só
preto se só houvesse
houvesse escuridão
escuridão a nossa
nossa volta,
nenhum caso
isto é, nenhum caso em
em queque o preto não
não fosse
fosse encontrado.
encontrado. É É porque às vezes
porque às vezes
aparece alguma
aparece alguma outra
outra coisa
coisa diferente
diferente do preto que
que este
este adquire
adquire significado.
significado.
.É na oposição
oposição com
com o “branco”
"branco'' ee com
com todas outras cores
todas as outras cores que
que a palavra
palavra
·"preto" ganha sentido.
“preto” ganha sentido.
. Embora
Embora usando
usando aa linguagem
linguagem da da teoria classes no início
teoria das classes início da década
década de
1960, Lacan
1960, Lacan continua
continua desenvolvendo
desenvolvendo a mesma idéia no início
mesma idéia início da
da década
década
1970 relativa
de 1970 singular dos símbolos
relativa ao uso singular símbolos da lógica
lógica clássica.
clássica. Em
Em
L'Étourdit,
'Étourdit, por exemplo,
exemplo, diz que "não “não há declaração
declaração universal que possa
universal que possa
senão ser
senão ser controlada
controlada através
através da existência
existência que nega”. 27 Em
que a nega".27 Em outras
outras pala-
pala-
.· vtas, toda declaração
vras, toda declaração universal
universal está
está baseada
baseada na ex-sistência de uma
na ex-sistência uma exce-
exce-
ção que
ção que conjirma
confirma aa regra,
regra, parafraseando
parafraseando uma uma famosa
famosa máxima francesa. 28
máxima francesa. 28
.A essência
essência do homem
homem (como(como totalidade,
totalidade, universalmente
universalmente definido
definido pela
pela
138
138 O sujeito
O sujeito lacaniano
lacaniano

fálica) implica
função fálica) implica portanto
portanto necessariamente
necessariamente aa existência existência do pai. Sem
pai. Sem
oo pai,
pai, oo homem
homem não não seria
seria nada, sem forma
nada, sem forma (informe). Portanto, oo pai
(informe). Portanto, como
pai como
fronteira (para
fronteira (para continuar
continuar com com aa comparação)
comparação) não ocupa nenhuma
não ocupa nenhuma área: área: ele
ele
define uma superfície
define superficie de de duas
duas dimensões
dimensões dentro dentro de de suas
suas fronteiras,
fronteiras, mas mas
não preenche
não nenhum espaço.
preenche nenhum espaço. EsseEsse pai que marca
pai que marca oo limitelimite da masculini-
masculini-
dade do do homem
homem não não éé qualquer
qualquer pai: pai: Lacan
Lacan oo associa
associa com com oo pai originá-
pai originá-
rio apresentado em
rio apresentado em Totem
Totem e tabu Freud, oo pai
tabu de Freud, originário da horda,
pai originário horda, queque
não sucumbiu àà castração
não sucumbiu castração ee supostamente
supostamente controla controla cada cada mulher
mulher solteira
solteira nana
horda. Embora
horda. Embora todos todos osos homens
homens sejamsejam marcados
marcados pela castração simbólica,
pela castração simbólica,
existe ou persiste
existe entretanto um homem
persiste entretanto homem aa quem quem aa função fálica fálica nãonão se se
aplica, um
aplica, um homem
homem que nunca nunca foi colocado
colocado no lugar lugar que ocupa ocupa pela rendição
pela rendição
castração simbólica.
à castração simbólica. Ele Ele não estáestá sujeito
sujeito àà lei: ele éé a sua
lei: ele sua própria
própria lei. lei.
Existe no sentido
Existe sentido comum
comum esse esse pai originário, aparentemente
pai originário, aparentemente afirmado afirmado
existir na
existir na fórmula lacaniana, acima, da estrutura
lacaniana, acima, estrutura masculina
masculina (3x<J>x)?
(3:x<I>x)? Não,Não,
ele ex-siste:
ele ex-siste: aa função fálica fálica não éé simplesmente
simplesmente ee moderadamente
moderadamente negada negada
em seu caso; caso; elaela éé foracluída
foracluída (Lacan
(Lacan indica
indica queque aa barra
barra de negação
negação sobre sobre
oo quantificador
quantificador representa
representa aa discordância,
discordância, enquantoenquanto aa barra barra de de negação
negação
29
sobre aa função fálica
sobre fálica representa
representa aa foraclusão)
foraclusão )29 ee aa foraclusão
foraclusão implica aa
exclusão absoluta
exclusão absoluta ee completa
completa de algo algo do do registro
registro simbólico.
simbólico. ÉÉ apenas apenas
aquilo que
aquilo que não está foracluído
não está foracluido da da ordem
ordem simbólica
simbólica que que pode
pode serser conside-
conside-
rado
rado comocomo existindo,
existindo, aa existência
existência está está estreitamente
estreitamente ligada ligada àà linguagem,
linguagem, oo
pai originário -— sugerindo
pai originário sugerindo tal foraclusão-deve
tal foraclusão ex-sistir, localizando-se
— deve ex-sistir, localizando-se
fora da castração
fora castração simbólica.
simbólica. Obviamente
Obviamente temos temos um um nomenome para para eleele e,
portanto,
portanto, de certa forma ele existe dentro de nossa ordem simbólica; por
certa forma ele existe dentro de nossa ordem simbólica;
lado, sua
outro lado, sua própria
própria definição implica uma rejeição
definição implica rejeição dessadessa ordem,
ordem, ee então
então
por definição ele ele ex-siste.
ex-siste. SeuSeu status
status éé problemático;
problemático; ele ele éé oo que
que Lacan,
Lacan, na na
década de 1950,
década 1950, teria
teria qualificado
qualificado como como "extimo": excluído de dentro.
“extimo”: excluído dentro. Ele
Ele
pode, entretanto, ser
pode, entretanto, ser considerado
considerado ex-sistindo,
ex-sistindo, porque,
porque, da mesma mesma forma forma que
oo objeto
objeto a, a, oo pai originário pode
pai originário pode serser escrito: :ilx<l>x;
escrito: 3x3>x.
Porém
Porém oo pai pai mítico
mítico da horda primitiva
da horda primitiva não não é considerado
considerado como como tendotendo
sucumbido
sucumbido à castração, e o que é a castração simbólica
castração, e o que é a castração simbólica senão um limite ou senão um limite ou
uma limitação?
uma limitação? Ele Ele portanto
portanto não não conhece
conhece nenhum
nenhum limite. limite. De De acordo
acordo com com
Lacan, oo pai
Lacan, originário engloba
pai originário engloba todastodas as mulheres
mulheres na na mesma categoria:
mesma categoria:
acessíveis. O conjunto
acessíveis. O conjunto de todas de todas as mulheres existe para ele e
mulheres existe para ele para ele apenaspara ele apenas
8.4). A
(Figura 8.4).
(Figura A mãe
mãe ee asas irmãs são alvos
innãs são alvos tanto
tanto quanto
quanto as as vizinhas
vizinhas ee primas
primas em em
segundo grau.
segundo grau. O O efeito
efeito da castração
castração (o (o tabu
tabu dodo incesto,
incesto, nesse caso) éé dividir
nesse caso) dividir
esse conjunto
esse conjunto mítico em pelo menos
mítico empelo menos duasduas categorias:
categorias: acessíveis
acessíveis ee inacessíveis.
inacessíveis.
A castração
A castração causa
causa umauma exclusão:
exclusão: mãesmães ee irmãs estão interditadas
innãs estão interditadas (Figura
(Figura 8.5).
8.5).
Entretanto, aa castração
Entretanto, castração também
também muda muda aa relação
relação do homem homem até até mesmo
mesmo
com aquelas
com aquelas mulheres que que permanecem
permanecem acessíveis:acessíveis: elas elas passam
passam aa ser ser
definidas, de certa
definidas, certa forma,
fonna, como simplesmente não
como simplesmente interditadas.
não interditadas.
"Não existe
"Não existe a relação
relação sexual”
sexuat• 139
139

Figura 8.4
Figura 6.4

todas as
mulheres

Figura 8.5
as l _
outras l ma(
iulheres\ j

No Seminário 20,
No Seminário 20, Lacan
Lacan dizdiz que
que um homem apenas poderia
homem apenas poderia realmente
realmente jouirjouir
d'une femme
cTune femme aa partir
partir da posição não-castração. Jouir
posição de não-castração. Jouir dd'une
"une femme
femme
significa gozar
significa gozar de de uma mulher, realmente
uma mulher, realmente tirar satisfação dela,
tirar satisfação dela, tirar
tirar vanta-
vanta-
gem dela,
gem dela, implicando
implicando que que oo prazer dele realmente
prazer dele realmente vem vem dela,
dela, não
não dede algo
algo
que ele
que ele imagina que que ela
ela seja,
seja, deseja
deseja queque ela
ela seja,
seja, acredita
acredita que elaela é ou
ou tem,
tem,
ou seja
ou seja lá
lá oo que
que for.
for. Apenas
Apenas oo pai originário pode
pai originário realmente gozar
pode realmente gozar dasdas
mulheres em
mulheres em si.
si. Os
Os mortais masculinos normais
mortais masculinos devem se
normais devem se resignar
resignar aa gozar
gozar
de seus
de seus parceiros,
parceiros, oo objeto
objeto a.
Portanto, apenas
Portanto, apenas oo pai pai mítico originário pode
mítico originário pode ter umauma relação sexual
relação sexual
verdadeira
verdadeira com com umauma mulher.
mulher. ParaPara eleele existe
existe aa relação
relação sexual.
sexual. Todos
Todos os os
outros homens
outros homens têm uma “relação”
têm uma "relação" com objeto a-
com oo objeto a — aa saber,
saber, aa fantasia
fantasia- —
.. não
não com com uma
uma mulher em em si,
si.
O fato de
O fato de que
que cada
cada homem
homem é, entretanto, definido
é, entretanto, definido por ambas as
por ambas as fórmulas
fórmulas
;.;.:..
— uma que que estipula
estipula que ele éé completamente
que ele completamente castradocastrado ee aa outra
outra que
que alguma
alguma
·.·. · instância
instância (Instanz)
(lnstanz) nega
nega ou recusa
recusa aa castração
castração-demonstra
— demonstra que os os desejos
desejos
·. ·• incestuosos
incestuosos mantêm-semantêm-se para sempre no
para sempre no inconsciente.
inconsciente. Cada Cada homem,
homem, apesar
apesar
< da castração castração (essa
(essa divisão
divisão da da categoria
categoria das das mulheres
mulheres em em dois
dois grupos
grupos
>distintos), continua aa ter
distintos), continua ter sonhos
sonhos incestuosos
incestuosos nos nos quais
quais concede
concede aa si mesmo
mesmo
• .•· osos privilégios
privilégios do pai imaginário que
pai imaginário que encontra
encontra prazer
prazer ee desconhece
desconhece limites.
limites.
·.· · · ·· Falando
Falando em em termos quantitativos por
termos quantitativos um momento,
por um momento, também
também éé possível
possível
ver
ver Lacan dizendo aqui
Lacan dizendo aqui que
que embora
embora tenha existido, uma vez,
tenha existido, vez, urna exceção àà
uma exceção
. regra regra da da castração,
castração, pode-se
pode-se estarestar absolutamente
absolutamente certo certo agora,
agora, queque sempre
sempre
: ique encontra um
que se encontra homem, ele
um homem, ele éé castrado.
castrado. Então,
Então, éé possível afirmar com
possível afirmar com
< segurança
segurança que que todos
todos osos indivíduos
indivíduos que que são
são homens,
homens, não não em
em termos
termos biológi-
biológi-
> cos cos mas mas em termos
termos psicanalíticos,
psicanalíticos, são são castrados.
castrados. Porém,
Porém, embora
embora os os homens
homens
sejam totalmente
sejam castrados há,
totalmente castrados há, entretanto,
entretanto, uma uma contradição:
contradição: aquele
aquele ideal
ideal
140
140 O sujeito
O sujeito lacaniano
lacaniano

não-castração-de
de não-castração conhecer quaisquer
— de não conhecer quaisquer limites,
limites, nenhuma
nenhuma limitação
limitação
-— subsiste
subsiste alhures,
alhures, de alguma
algwna forma, em
em todo e qualquer
qualquer homem.
homem.
Figura 8.6
Figura

St

Modificando a Figura
Modificando Figura 8.3, a estrutura
estrutura masculina
masculina pode ser representada
pode ser representada
como na Figura
como Figura 8.6, S2 corresponde
corresponde a VxOxVx<l>x e aqui
aqui representa
representa o filho,
enquanto Si
S1 corresponde
corresponde a 3x<í>x
3:x<l>x e representa
representa o pai.

Pai 3x3>x
3x<l>x Si
S1
Filho
Filho Vx<E>x
Vx<l>x S2

Essa representação
Essa representação parcial fónnulas da sexuação
parcial das fórmulas sexuação já deveria ter
já deveria ter
esclarecido até que ponto a análise
esclarecido análise de Lacan
Lacan destas
destas fórmulas
fónnulas é sobredeter-
sobredeter-
minada, e envolve
minada, envolve material
material derivado
derivado da lógica
lógica e da lingüística,
lingüística, assim
assim como
como
Freud.
de Freud.

A estrutura feminina
A estrutura feminina

Quanto às às duas
duas fórmulas
fórmulas que definem
definem a feminilidade,
feminilidade·, encontramos
encontramos em em
primeiro
primeiro lugar que nem toda toda pessoa independente da anatomia,
pessoa que, independente anatomia,
enquadra-se na categoria
enquadra-se categoria psicanalítica "Mulheres", é definida
psicanalítica de “Mulheres”, definida pela
pela
(Vx<I>x): nem
função fálica (Vx0x): nem tudo
tudo de uma mulher sujeito à lei do
mulher está sujeito
30
significante30
significante (Vx, a não
(Vx, não totalidade
totalidade dede x [um
[um determinado
determinado sujeito],
sujeito], ou não
não
toda parte
parte de x, tal que <l>x, isto é, tal que
que Ox, que a função fálica
fálica se
se aplica
aplica ao x).
Lacannão
Lacan elabora essa
não elabora essa idéia em
em termos
termos positivos, afinnando, por
positivos, afirmando, exemplo,
por exemplo,
alguma parte
que alguma parte de cada
cada mulher
mulher escapa
escapa ao domínio do falo. Ele Ele admite
essa idéia
essa idéia como
como uma
uma possibilidade,
possibilidade, nãonão uma necessidade; entretanto, essa
necessidade; entretanto, essa
possibilidade decisiva na determinação
possibilidade é decisiva determinação da estrutura
estrutura sexual.
sexual.
A segunda fórmula (3x @x éI>x) afirma que
<í>x) afirma que não
não é possível encontrar nem
possível encontrar nem
mesmo
mesmo wnauma mulher
mulher para quem a função fálica seja seja totalmente
totalmente inoperante:
inoperante:
cada mulher é pelo menos
cada mulher menos emem parte determinada pela
parte determinada Tx não
fálica 3x
pela função fálica não
existe nem
nem mesmo
mesmo wn um x [um
[um sujeito
sujeito ou parte deste]
ou parte deste] tal que x isto
que <l>x é, tal
isto é,
que a função
função fálica é inaplicável
inaplicável a ele). Fosse
Fosse a função fálica totalmente
fálica totalmente
inoperante para um sujeito,
inoperante para sujeito, ele
ele seria psicótico, a barra
seria psicótico, barra sobre
sobre a função fálica
fálica
31
designaria a foraclusão.
designaria foraclusão.31
"Não existe
"Não existe a relação
relação sexual"
sexual" 141

O tipo
O tipo de imagem considero útil como
imagem que considero como uma ilustração preliminar
uma ilustração preliminar
das fórmulas para a estrutura feminina
das duas fórmulas feminina é a curva tangente (Figura 88..7),
tangente (Figura 7),
em 1C/2,
onde, em curva sai
tc/2, a curva sai do quadro e depois
depois misteriosamente reaparece
misteriosamente reaparece
outro lado. Não é possível
do outro possível atribuir
atribuir nenhum valor a ela ela em
em 1C/2, somos
tc/2, e somos
forçados aa lançar mão
forçados expressões como
mão de expressões como "O “O valor aproxima da
valor de y se aproxima
infinidade positiva
infinidade positiva à medida
medida que x vai dede 1t/2 se aproxima
tc/2 a 0Oe se aproxima da infinidade
infinidade
negativa à medida
medida que x vai de it 7t para 1t/2".
tc/2”. Na realidade,
realidade, ninguém sabe
como os dois lados da curva se
como se encontram,
encontram, mas adotamos um sistema
mas adotamos sistema de
símbolos com
símbolos com o qual
qual é possível falar a respeito
possível falar respeito de seuseu valor
valor nesse
nesse ponto.
O status do gozo do Outro,
O Outro, associado
associado com
com a fórmula feminina,
fórmula da estrutura feminina,
abaixo (Vx<I>x,
abaixo (V x<I>x, ver Figura 8.2),
ver Figura 8.2), potencialmente experimentável por aque-
potencialmente experimentável aque-
se enquadram na
les que se categoria de “Mulheres”,
na categoria "Mulheres", é semelhante
semelhante àquele
àquele do
valor da
da curva tangente
tangente em 1C/2. sai da escala,
tc/2. Ela sai escala, para fora
fora do mapa
mapa da
representação.
representação. Seu àquele de uma
Seu status é semelhante àquele exceção lógica, um
uma exceção
caso que coloca
caso coloca oo todo em questão.
questão.
Figura 8.7
Figura 8.7
y

X
2n;

A fórmula
fórmula3xSx êl>x
d>x resume,
resume, emem certo
certo sentido,
sentido, o fato dede que
que enquanto
enquanto nemnem
tudo de uma mulher é determinado pela função fálica, afirmar afirmar a existência
existência
alguma parte dela
de alguma dela que rejeita a função fálica significaria
que rejeita significaria sustentar
sustentar que
alguma coisa que diz não àà função fálica
alguma coisa fálica está, entretanto,
entretanto, sujeita
sujeita a ela,
ela,
situada dentro da ordem simbólica -— pois
ordem simbólica existir é ter
pois existir ter um lugar
lugar dentro
dentro do
registro simbólico. Por
registro simbólico. essa razão,
Por essa Lacan nunca
razão, Lacan nunca afirma
afirma queque a instância
instância
feminina postulada como
como indo além do falo existe: ele mantém a alteridade
mantém alteridade
radical do falo na relação
radical relação comcom o logos,
logos, com
com a ordem
ordem simbólica
simbólica conforme
conforme
estruturada pelo
estruturada significante do desejo.
pelo significante desejo. Embora
Embora negue
negue a existência desse
existência desse
22
“reino além do falo”,
"reino além Txclix
falo", Sx <Fx de forma
forma alguma
alguma nega sua sua ex-sistência
ex-sistência32, ,
como veremos
como veremos adiante.
adiante.
A mulher não é, portanto, de alguma forma menos “completa” "completa'' do que o
homem, pois o homem é todo somente com relação à à função fálica 22.
função fálica. 33 As
mulheres não são menos “todas”
''todas" do que os homens exceto quando conside-
em termos da função fálica; as mulheres não são mais “não
radas em ''não definidas”
definidas"
ou "indefinidas" do que os homens exceto em relação à função fálica.
“indefinidas” do fálica.
142
142 O sujeito lacaniano
/acaniano

Uma dissimetría
Uma dissimetria de
de parceiros
parceiros

O falo: um
O um dos
dos parceiros
parceiros da
da mulher-
m.ufRer-

Considere agora
Considere símbolos, ou maternas, como
agora os símbolos, como Lacan
Lacan os os chama,
chama, locali-
locali-
zados entre
zados fórmulas de sexuação.
entre as fórmulas sexuação. NaNa Figura vemos que o Jf..
8.8, vemos
Figura 8.8, A -—
simbolizando, de certa forma,
simbolizando, forma, que a mulher
mulher não
não é toda-
toda — ao ao mesmo
mesmo tempo
que, por wn está ligado (por
um lado, está (por setas indicando
indicando os parceiros
parceiros da !J).Ulher)
mulher)
cf> (phi, oo falo como
ao C> significante), por outro,
como significante), outro, está
está ligado
ligado ao
ao S(A),
S(./f..), o
significante da falta no Outro.
significante
Abordei com
Abordei com detalhes
detalhes o falo como
como significante
significante do desejo
desejo no início
início deste
deste
capítulo. O
capítulo. que Lacan
O que Lacan acrescenta
acrescenta aqui é a noção de que que uma mulher
geralmente ganha acesso significante do desejo
acesso ao significante desejo na nossa cultura através
nossa cultura através
de um homem
homem ou uma uma "instância
“instância masculina", isto é, alguém enquadrado
masculina”, isto enquadrado
categoria psicanalítica
na categoria "Homens".
psicanalítica de “Homens”.
Figura
Figura 8.8
Homem .MulAer

S(4X.) oo outro
S(A) outro parceiro
parceiro dA
d4X. mulher
mulher
Si que/que chose ex-siste
quelque chose ex-siste à que/que
quelque chose,
chose, ec ’est
'est
tres
très précisément
précisément de '.Y être
de n’y être pas couplé, d‘en
pas couplé, d'en être
être
"troisé”,
“troisé ", si vous
vous me
me permettez ce néologisme.
permettez ce néologisme.
Lacan,
Lacan, Seminário 21, 119 9 de março 974 3 4
março de 1197434

Voltando àà nossa
Voltando nossa tabela, vemos
vemos que as mulheres,
mulheres, enquanto "formam
“formam wn um
par"
par” por
por um lado, com
com o falo, também formam ínextricavelmente
também formam inextricavelmente "um“um trio"
trio”
com o significante
(troisées) com
(troisées) significante da falta ou do furo no Outro.
Essa
Essa falta não simplesmente a falta
não é simplesmente falta-diretamente correlacionada com
— diretamente correlacionada com
oo desejo
desejo -que
— que mostra que a linguagem
mostra que linguagem estáestá repleta de desejo
repleta de desejo e que a mãe
mãe
como um avatar
ou o pai, como avatar do Outro,
Outro, não completo e, portanto,
não é completo anseia (por)
portanto, anseia (por)
algo mais. Pois o significante
significante dessa
dessa falta que implica
implica desejo
desejo (ou
(ou desejo-
desejo-
implicando falta) é o próprio significante fálico. Na década
próprio significante década de 11970,
970, Lacan
não aborda detalhes o S(A)
aborda em detalhes S(./f..) e, portanto, oferecerei minha interpretação
portanto, oferecerei interpretação
dessa aqui. 35
dessa função aqui. 35
No capítulo 5, falei do S(A)
S(./f..) como
como “o"o significante
significante do desejo
desejo do Outro",
Outro”,
no contexto
contexto da abordagem de Lacan sobre sobre Hamlet
Hamlet no Seminário 6. Nesse
Nesse
"Não existe a relação
"Não existe relação sexual”
sexuaf' 143
143

ponto
ponto da obra obra de Lacan,
Lacan, o S(A)S(4'.) parece
parece ser ser o termo
termo lacaniano
lacaniano para falo
para o falo
como significante,
como significante, e portanto,
portanto, de de certa
certa forma,
forma, ele ele éé o que
que pennite
permite a Lacan Lacan
separar primeiro
separar primeiro o falo falo como imaginário(-$)
como imaginário do falo
(-({>) do falo como
como simbólico
simbólico (<I>).((t>).
Os sentidos
Os sentidos dosdos símbolos
símbolos muitas
muitas vezes
vezes mudam de forma forma significativa
significativa no
curso dos
curso dos textos
textos dede Lacan,
Lacan, e eu proporia
proporia que que o S(A)S(.4<.) muda,
muda, entreentre osos Seminá-
Seminá-
rios
rios 6 e 20, 20, dada designação
designação do do significante
significante da falta falta ouou do desejo
desejo do do Outro
Outro
para designação do
para a designação do significante
significante da da “primeira”
''primeira" perda. perda. 36 (Essa mudança
36 (Essa mudança
corresponde a uma
corresponde alteração no
uma alteração no registro, como acontece
registro, como acontece váriasvárias vezes
vezes na na obra
obra
de Lacan:
de Lacah: do do simbólico
simbólico para real. Observe
para o real Observe que que todos
todos os os elementos
elementos encon-encon-
trados
trados na categoria “Homens”
na categoria "Homens" estão estão relacionados
relacionados ao simbólico, simbólico, enquanto
enquanto
todos aqueles
todos aqueles na categoria "Mulheres"
na categoria “Mulheres” estão estão relacionados
relacionados com com o real.)
real.)
Essa primeira
Essa primeira perdaperda pode
pode serser compreendida
compreendida de muitas muitas formas
formas dife- dife-
rentes.
rentes. Pode Pode serser entendida
entendida na fronteira do simbólico
na fronteira simbólico com com o real real como
como a
perda
perda de um significante significante "primeiro"
“primeiro” (Sj, ($1, o desejodesejo do Outro Outro materno),
matemo),
quando o recalque
quando recalque originário
originário ocorre.
ocorre. O O “desaparecimento”
"desaparecimento" desse desse primeiro
primeiro
significante éé necessário
significante necessário para instituição da ordem
para a instituição ordem significante
significante como como tal:tal:
uma exclusão
uma exclusão precisa ocorrer para
precisa ocorrer para que alguma outra
que alguma outra coisa
coisa venha
venha aa ser.ser.
O status
O status desse
desse primeiro significante excluído
primeiro significante excluído é obviamente
obviamente muito muito diferente
diferente
do de outros
do outros significantes
significantes -— sendo sendo maismais um fenômeno de limite
um fenômeno limite (entre
(entre o
simbólico e o real)
simbólico real) -— e possui afinidades muito grandes
possui afinidades grandes com com aquele
aquele status
status
da perda perda primordial
primordial ou falta falta na
na origem
origem do sujeito. sujeito. Eu sugeriria que
Eu sugeriría que a
primeira
primeira exclusãoexclusão ou perda perda de de alguma
alguma forma encontra um representante
forma encontra representante
ou significante:
ou significante: S($).
S(4'.).
. Então, o que significa
Então, significa algo
algo real
real (uma
(uma perdaperda ou ou exclusão
exclusão real) encontrar
real) encontrar
.· · um significante? Pois
um significante? Pois que real éé em
que o real em geral
geral considerado
considerado como como insignificá-
insignificá-
vel.
vel. Se Se o real encontrar um significante,
real encontrar significante, esse esse significante
significante deve deve estarestar
·· operando
operando de uma forma forma queque éé muito incomum. Pois
muito incomum. Pois o significante
significante geral- geral-
. ·mente
mente substitui,
substitui, barra
barra e anula o real; real; ele
ele significa
significa um sujeito para
um sujeito outro
para outro
·· significante,
significante, mas mas nãonão significa
significa o real como tal
real como tal..
.· .. Minha opinião aqui
Minha opinião aqui éé que
que o S(A)
S(.4(.) na
na Figura
Figura 8.8, 8.8, que
que Lacan associa no
Lacan associa no
·. Seminário
Seminário 20 20 com
com o gozogozo especificamente
especificamente feminino, feminino, designadesigna um tipo tipo de
\ sublimação sublimação freudiana freudiana das das pulsões
pulsões na qual estas
na qual estas sãosão completamente
completamente satis- satis-
> feitas
feitas (esse outro tipo
(esse outro satisfação éé o que
tipo de satisfação que estáestá por
por trástrás da expressão
expressão
> ]acaniana lacaniana “gozo "gozo do do Outro”),
Outro"), e um tipo tipo de de sublimação
sublimação lacanianalacaníana onde onde um
>
i objeto objeto comum comum éé elevado
elevado ao status
status da da Coisa
Coisa (ver (ver Seminário
Seminário 7). 37
7).37 A Coisa
Coisa
/ freudiana
freudiana encontraencontra um um significante,
significante, exemplos
exemplos simples simples dos dos quais
quais podem
podem
>><incluir "Deus", “Jesus”,
incluir “Deus”, "Jesus", “Maria”,
••Maria", “a "a Virgem",
Virgem”, “arte”, "arte", “música”,
••música", e assim assim
por diante,
.••·.·•·•· · . ·por descoberta do
diante, e a descoberta do significante
significante deve deve serser compreendida
compreendida como corno um
•i . encontro encontro (to%T|),(tu;ic1Í), isto é, como
isto é, como fortuito
fortuito em em certo
certo sentido.
sentido.
/> •. • •·.··À
À parte satisfação imaginária que
parte a satisfação que talvez
talvez possamos
possamos associar associar ao ao êxtase
êxtase
< ou óu enlevoenlevo religioso
religioso ou ou àà obra
obra de um um artista
artista ou ou músico,
músico, existe,
existe, entretanto,
entretanto,
144
144 O sujeito
O sujeito lacaniano
lacaniano

uma satisfação real obtida,


satisfação real obtida, e isso me
me parece com o “além
parece com "além da neurose"
neurose” de
Lacan para
Lacan aqueles com
para aqueles com uma estrutura
estrutura feminina,
feminina. Nos
Nos capítulos 6, des-
capítulos 5 e 6, des-
crevi a primeira
creví conceitualização de Lacan
primeira conceitualização Lacan de um alémalém da neurose como
neurose como
uma subjetivação
subjetivação da causa,
causa, tomando-se
tomando-se a própria causa da pessoa,
própria causa pessoa, por
por mais
mais
paradoxal
paradoxal que possa
possa parecer princípio, Na época
parecer a princípio. época do
do Seminário
Seminário 20, Lacan
Lacan
parece
parece ver isso como caminho além
corno um caminho além da neurose, caminho daqueles
neurose, o caminho daqueles
caracterizados pela
caracterizados estrutura masculina,
pela estrutura masculina. O O outro
outro caminho
caminho -— oo da subli-
subli-
mação -— é especifico
mação específico daqueles
daqueles caracterizados
caracterizados pela estruturafeminina.38
pela estrutura feminina?*
caminho masculino
O caminho masculino poderia então ser
podería então ser classificado
classificado como
como aquele
aquele do do
desejo (tomando-se
desejo (tomando-se a própria causa do
própria causa do desejo),
desejo), enquanto
enquanto o caminho
caminho
feminino seria
feminino seria aquele
aquele do amor.
amor. E como
como veremos, subjetivação masculina
veremos, a subjetivação masculina
poderia
podería então ser considerada
então ser considerada como
corno envolvendo
envolvendo a produção/criação
produção/ criação de sua sua
39
própria alteridade na qualidade
própria alteridade qualidade de causa
causa eficiente
eficiente (o significante)
significante)39, , en-
subjetivação feminina
quanto a subjetivação feminina envolvería
envolveria a produção/criação
produção/criação de sua
própria alteridade
própria alteridade na qualidade
qualidade de causa
causa material letra).40
material (a letra). º
4 Ambos,
Ambos, então,
então,
exigiriam a subjetivação
exigiríam subjetivação da causa
causa ou da alteridade,
alteridade, porém
porém em em diferentes
diferentes
Retomarei a esse
facetas. Retomarei esse assunto
assunto em seguida.
seguida.

Jf,. mulher não


A mulher não existe
existe

OA Jf,. na
na tabela das fórmulas
tabela das fórmulas de sexuação
sexuação é a abreviação
abreviação usadapor
usada por Lacan
Lacan pa-
pa-
noção de que
ra a noção que a “Mulher
"Mulher não existe": não
não existe”: não há significante
significante algum
algum ou
essência da Mulher
essência Mulher como
como tal. A Mulher,
Mulher, então,
então, pode ser escrita
pode ser escrita somente
somente
sob rasura: A
sob Mulher. Se,
Jf,. Mulher. Se, como
como Lacan
Lacan sugere,
sugere, não existe
existe tal significante
significante
-— a idéia
idéia subjacente presumível é aquela
subjacente presumível aquela de que o falo é, de alguma
alguma forma,
forma,
o significante essência do Homem,
significante ou a essência Homem, uma uma vez que a função fálica
vez que fálica é o
define-o
que o define S(.6{) ser
— o fato de S(A) ser um dos parceiros d.6{ Mulher
parceiros dA Mulher sugere
sugere que
que
significante pode
um significante ser encontrado
pode ser encontrado e adotado,
adotado, de alguma
alguma forma
forma vindo
vindo a
ocupar o lugar
ocupar lugar daquela
daquela definição
definição ou ou essência
essência que
que falta. O S(A)
S(.6{) substitui
substitui
um significante
significante que não está pronto
não está nem é prêt
pronto nem à porter,
prêt à porter, e representa
representa o
forjamento de um novo
forjamento novo significante embora uma
(S1), embora
significante (Si), uma mulher
mulher nãonão esteja
esteja
assujeitada a ele. Enquanto
assujeitada Enquanto o homemhomem estáestá sempre
sempre assujeitado
assujeitado a um sig- sig-
nificante mestre, a relação
nificante mestre, relação da mulher
mulher comcom este significante
significante parece radical-
parece radical-
mente diferente.
diferente. Um significante
significante mestre
mestre serve
serve como
como um um limite para o
limite para
homem; o S(A)
homem; S(~) não desempenha
desempenha esta esta mesma
mesma função em relação a uma
em relação uma
mulher.
mulher,
Do ponto de vista social,
social, a afirmação
afinnação de Lacan
Lacan de que
que não
não háhá nenhum
nenhum
significante de/para
significante de/para a Mulher
Mulher está, sem sem dúvida,
dúvida, relacionada
relacionada comcom o fato
fato de
que a posição
posição da da mulher
mulher na nossa cultura
na nossa cultura é definida
definida automaticamente
automaticamente pelo pelo
homem que ela
homem ela adota
adota como parceiro ou
como parceiro ou é definida
definida somente
somente com com grande
grande
dificuldade.
dificuldade. Em outras outras palavras, a busca
busca por
por um outro
outro caminho
caminho para para a
"Não existe a relação
"Não existe sexuar
relação sexual" 145
145

41
mulher definir-se é longa
mulher definir-se longa e repleta obstáculos.41
repleta de obstáculos. O Outro
O Outro social
social ociden-
ociden-
tal jamais
tal jamais vê vê tais
tais tentativas
tentativas de de modo
modo muito favorável e,
muito favorável e, assim,
assim. a satisfação
satisfação
que poderia
que poderia ser ser derivada
derivada daí daí é muitas
muitas vezes frustrada. A música, a arte,
vezes frustrada. arte, a
· ópera,
ópera, o teatro, dança e outras "artes
teatro, a dança refinadas" são
“artes refinadas” são provavelmente
provavelmente aceitasaceitas
por aquele Outro, entretanto,
por aquele entretanto, são são menos
menos aceitas
aceitas quando a relação com um
relação com um
homem não
homem não éé prioritária.
prioritária. E enquanto
enquanto no no passado aceitávamos que
passado aceitávamos que asas
mulheres
mulheres se dedicassem àà vida religiosa
se dedicassem religiosa em em conventos,
conventos, evitando
evitando a relação
relação
definidora com
definidora com um um homem,
homem, hoje hoje até mesmo
mesmo esse esse recurso
recurso é mal visto, o que
malvisto, que
significa dizer
significa dizer que que o Outro
Outro está está tomando
tomando determinados
determinados significantes
significantes
religiosos
religiosos cada cada vez mais difíceis
vez mais difíceis de seremserem adotados.
adotados. Pois, enquanto a
Pois, enquanto
relação
relação com com o S(A) S(,$() pode
pode ser ser estabelecida
estabelecida pelo encontro, este
pelo encontro, este pode
pode serser
facilitado ou frustrado
facilitado frustrado pela cultura e pela(s)
pela cultura subcultura(s) nas quais
pela(s) subcultura(s) quais a
mulher se
mulher se insere.
insere.
Isto de
Isto de forma
forma alguma
alguma implica
implica que que nunca haverá um
nunca haverá um significado
significado "auto-
“auto-
mático"
mático” ou ou pronto
pronto parapara asas mulheres.
mulheres. Se Se aceitarmos
aceitarmos o diagnóstico
diagnóstico de LacanLacan
neste ponto,
neste esse estado
ponto, esse estado de de coisas
coisas é contingente,
contingente, não não necessário.
necessário.
Da mesma
Da mesma forma, forma, Lacan
Lacan de de maneira
maneira alguma
alguma sugeresugere que que asas mulheres
mulheres
não
não têm identidade sexual
têm identidade sexual própria;
própria; ele ele não
não define
define as as mulheres,
mulheres, como como
algumas vezes
algumas vezes se diz em em literatura,
literatura, simplesmente
simplesmente como como homens
homens em em que
que
42
falta algo.
falta algo.42 A identidade
A identidade sexual,
sexual, nos nos termos lacanianos, constitui-se
termos lacanianos, constitui-se de de
pelo menos
menos dois dois níveis
níveis diferentes:
diferentes: (1) (1) asas identificações
identificações sucessivas
sucessivas que que
constituem o eu (em
constituem (em geral
geral identificações
identificações com com um um ou _ambos
ambos os os pais),
pais),
respondendo por
respondendo por umum nível
nível dede identidade
identidade sexual imaginário,, um
sexual imaginário um nível
nível rígido
que muitas
que muitas vezes entra em
vezes entra em sério
sério conflito
conflito comcom (2)(2) estruturas
estruturas masculina ou
feminina conforme
feminina conforme definidas
definidas anteriormente,
anteriormente, conforme
conforme relacionadas
relacionadas com com
os diferentes
os diferentes lados lados das
das fórmulas
fórmulas da sexuação
sexuação inventadas
inventadas por por Lacan,
Lacan, dado
um sujeito
um qualquer capaz
sujeito qualquer capaz de situar-se
situar-se em em ambos
ambos os os lados.
lados. Portanto,
Portanto, esses
esses
43
.· dois
dois lados,
lados, queque muitas
muitas vezes
vezes entram
entram em em conflito
conflito43, correspondem ao
, correspondem ao eu e
·· aoao sujeito.
sujeito. Ao nível das
Ao nível das identificações
identificações do eu, eu, é possível
possível uma mulher
uma mulher
identificar-se com
identificar-se com o pai (ou uma figura
pai (ou figura que
que seja
seja socialmente
socialmente considerada
considerada
.. · "masculina"),
“masculina”), enquantoenquanto ao ao nível
nível do desejo
desejo e de sua sua capacidade
capacidade subjetiva
subjetiva
·•··•para gozo, ela
para o gozo, ela pode ser caracterizada
pode ser caracterizada pela estrutura feminina.
pela estrutura feminina.
A identidade
identidade sexualsexual de uma uma mulher
mulher pode,
pode, de fato,fato, envolver
envolver uma grandegrande
. quantidade
quantidade possível
possível de de combinações
combinações diferentes,
diferentes, pois,pois, ao ao contrário
contrário da es- es-
> trutura masculina feminina, que
masculina e feminina, que na opinião de
na opinião de Lacan
Lacan constitui
constitui um ou/ou,
ou/ou,
"(ou
(ou isto
isto ou
ou aquilo),
aquilo), não existindo um
não existindo um terreno comum entre
terreno comum entre eles,
eles, as
as iden-
iden-
( tificações
tificações do do eueu podem incluir elementos
podem incluir elementos de váriasvárias pessoas diferentes, tanto
pessoas diferentes, tanto
> masculinas
masculinas· quantoquanto femininas.
femininas. Em outras palavras,
Em outras palavras, o nível nível imaginário
imaginário de de
/identidade sexual pode
identidade sexual pode serser emem sisi e de
de si
si extremamente
extremamente autocontraditório.
autocontraditório.
> AA própria existência da identidade
própria existência identidade sexual
sexual (sexuação,
(sexuação, para usar o termo
para usar termo
>deLacan)
de Lacan) a um um nível outro que
nível outro que não aquele do eu, ao nível
não aquele nível dada subjetividade,
subjetividade,
146
146 O sujeito
O sujeito lacaniano
lacaniano

deveria eliminar
deveria eliminar a noção
noção equivocada
equivocada que que prevalece nos países
prevalece nos língua
países de língua
inglesa de que
inglesa mulher não éé considerada,
que uma mulher considerada, de forma
forma alguma,
alguma, um suj sujeito
eito
lacaniana. A estrutura
teoria lacaniana.
na teoria estrutura feminina
feminina significa
significa a subjetividade
subjetividade femini-
femini-
na. Na medida
medida em em que wna uma mulher estabelece
estabelece uma relaçãorelação comcom um
homem, é provável
homem, provável queque ela
ela seja
seja reduzida objeto-o
reduzida a um objeto objeto (a)
— o objeto (a)-na
— na
fantasia dele; e na medida
fantasia medida em que ela ela é vista
vista a partir
partir da perspectiva
perspectiva da
masculina, é provável
cultura masculina, provável que que ela
ela seja
seja reduzida
reduzida a nada
nada alémalém de uma
mera coleção de objetos
mera coleção objetos na fantasia
fantasia masculina estereotipada:
masculina culturalmente estereotipada:
i(a), isto é, uma imagem que contém
uma imagem contém e, no entanto,
entanto, dissimula
dissimula o objeto
objeto (a).
Isso pode muito bem implicarimplicar em em uma
uma perda subjetividade no sentido
perda de subjetividade sentido
comum cotidiano da palavra-
comum e cotidiano palavra — "de estar no controle
“de estar controle de sua sua vida”,
vida", “ser
"ser
44
um fator
fator a ser
ser levado
levado consideração”,
consideração", e assim assim por
por diante — porém, de
diante44 - porém,
forma alguma implica
forma implica emem uma perda subjetividade no sentido
perda de subjetividade sentido lacaniano
lacaniano
do termo.
termo. A própria
própria adoção
adoção de uma posição posição ou postura com
ou postura com relação
relação ao
fuma experiência de) gozo
(uma experiência envolve e implica
gozo envolve implica subjetividade.
subjetividade. Uma Uma vezvez
adotada essa
adotada essa posição, sujeito feminino
posição, um sujeito feminino terá vindo a ser. ser. Até que ponto
Até que ponto
sujeito específico
esse sujeito específico subjetiva seu seu mundo é uma questão.
uma outra questão.
É possível entender algumas
possível entender algumas obras
obras contemporâneas
contemporâneas de determinadas
deternúnadas
feministas como
feministas como envolvendo
envolvendo uma tentativa apresentar, representar,
tentativa de apresentar, representar,
simbolizar, e, desse
simbolizar, desse modo, subjetivar
subjetivar um determinado
determinado real nas suas suas expe-
expe-
riências
riências que
que antes
antes nunca havia
havia sido representado,
representado, simbolizado
simbolizado ou subjeti-subjeti-
vado. Talvez
Talvez esse
esse real anteriormente
anteriormente não dito e não escrito escrito esteja
esteja relacio-
relacio-
nado comcom o que Lacan
Lacan denomina
denomina o gozo gozo do Outro
Outro e o Outro sexo sexo (a
(a Mulher
Outro sexo,
constituindo o Outro sexo, mesmo
mesmo parapara uma mulher; este ponto
mulher; este analisado
ponto é analisado
em mais detalhes
em detalhes a seguir).
seguir). Estes
Estes últimos
últimos sãosão Outro
Outro (estrangeiros
(estrangeiros ou
estranhos para alguém) somente
estranhos somente na medida
medida em em que
que eles
eles não foram falados,
não foram falados,
escritos, representados
escritos, subjetivados. Embora
representados ou subjetivados. Embora muitas feministas
feministas vejam
vejam
suas
suas obras
obras emem outros termos -— como
outros termos como relacionadas
relacionadas a um imaginário
imaginário
especificamente feminino
especificamente feminino ou a um nível de experiência
experiência pré-tético/semíóti-
pré-tético/semióti-
co -— estas
estas poderiam,
poderíam, em em termos mais estritamente
estritamente lacanianos,
lacanianos, e correndo
correndo
o risco sermos reducionistas,
risco de sermos reducionistas, ser ser entendidas como uma tentativa
entendidas como tentativa de
45
subjetivar o real (o
subjetivar (o Outro
Outro real ou o OutroOutro como gozo)45.
como gozo) .

Masculino/Feminino -— Significante/Significação
Masculino/Feminino Significante/Significação

Permitam-me prosseguir
Permitam-me prosseguir na minha interpretação
interpretação fornecendo
fornecendo mais alguns
mais alguns
detalhes.
detalhes. Embora
Embora Lacan
Lacan nunca
nunca diga
diga com
com clareza
clareza que
que o Homem
Homem é definido
definido
pelo significante
significante do desejo (<l>), suponhamos,
desejo (í>), suponhamos, porpor um
um momento,
momento, queque ele
seja
seja assim
assim definido.
definido. Isso
Isso implica
implica necessariamente
necessariamente que
que a Mulher nuncapode
Mulher nunca pode
ser
ser definida
definida antes
antes do Homem
Homem ser ser definido?
definido? E, por
por sua vez, isso
sua vez, isso implica
implica que
se a Mulher
Mulher fosse
fosse identificada
identificada com
com o significante
significante do desejo,
desejo, o Homem
Homem não
não
"Não existe
“Não existe aa relação
relação sexual"
sexual" 147
147

poderia
podería serser definido?
definido? Há alguma razão
Há alguma estrutural pela
razão estrutural qual o significante
pela qual significante
do desejo
do desejo possa ser identificado
possa ser identificado comcom apenas
apenas um sexosexo por vez, mesmo
por vez, mesmo
teoricamente sendo um dos
teoricamente sendo dos dois?
dois? Se
Se isso verdade, o sexo
isso é verdade, sexo oposto
oposto está
está
então necessariamente
então associado com
necessariamente associado com o objeto
objeto como
como causa
causa do desejo?
desejo? Há

alguma razão
alguma razão teórica
teórica para que um sexo
para que sexo deva
deva ser
ser definido
definido como
como um
significante e o outro
significante outro como
como um objeto?
objeto?
Talvez
Talvez haja. Na Na medida
medida em em que
que a separação conduz àà divisão
separação conduz divisão do
do Outro
Outro
em Outro
em Outro barrado objeto a, o Outro (por
barrado e objeto (por exemplo,
exemplo, o Outro genitor:
genitor: na
família nuclear,
família nuclear, a mãe
mãe e o pai) divide-se em
pai) divide-se em duas
duas “partes”,
"partes", uma
uma dasdas quais
(4'.) pode
(A) certamente ser
pode certamente ser associada
associada comcom o significante
significante e a outra
outra com
com um
objeto (Figura
objeto (Figura 8.9). Nos termos da dialética
Nos termos dialética lacaniana
lacaniana do
do desejo,
desejo, como
como ela
ela
opera nas sociedades
opera nas sociedades organizadas
organizadas como
como a nossa, haja uma
nossa, talvez haja uma razão
razão
teórica
teórica para que os papéis
para que significante e do
papéis do significante do objeto
objeto sejam
sejam corporifícados
corporificados
em
em sexos
sexos diferentes.
diferentes.
Figura 8.9
Figura 8.9

a
/~ /1,.

trabalho de Lacan sobre


O trabalho sobre a sexuação
sexuação parece implicar que a subjetiva-
parece implicar subjetiva-
ção ocorre
ção ocorre emem vários
vários níveis em seres
níveis em seres sexuados
sexuados de forma
forma diferente:
diferente: aqueles
aqueles
com estrutura
com estrutura masculina
masculina devem
devem subjetivar
subjetivar ou encontrar
encontrar uma nova nova relação
relação
com
com o objeto,
objeto, enquanto
enquanto aqueles
aqueles com
com estrutura
estrutura feminina
feminina devem
devem subjetivar
subjetivar
encontrar uma
ou encontrar uma novanova relação com o significante.
relação com significante. Ambos
Ambos os sexossexos
subjetivam
subjetivam aquilo que é o Outro Outro no princípio,
princípio, embora
embora suassuas abordagens
abordagens
desse Outro,
desse Outro, o aspecto
aspecto dodo Outro
Outro com
com o qual lidam, difira. É como
difira. É como sese o
Outro fosse
fosse instalado por completo
instalado por completo nos homens, seus
nos homens, seus “problemas”
"problemas'' sãosão com
com
relação
relação aoao objeto;
objeto; ao passo
passo que nas
nas mulheres Outro nunca
mulheres o Outro nunca está
está comple-
comple-
tamente instalado
tamente instalado como
como tal. O “problema”
"problema" da Mulher
Mulher então
então não seria fazer
não seria fazer
o Outro
Outro existir
existir ou completá-lo
completá-lo -— o queque é, afinal, o projeto
projeto do perverso
perverso -—
mas ao contrário
contrário subjetivá-lo,
subjetivá-lo, constituí-lo
constituí-lo dentro
dentro dela.
dela. A subjetivação para
subjetivação para
aqueles caracterizados
aqueles caracterizados pela estrutura feminina
pela estrutura feminina seria
seria então
então bastante dife-
bastante dife-
rente daquela
rente daquela descrita capítulos 55 e 6, e requereria
descrita nos capítulos requerería um encontro
encontro com
com
um significante46.
um significante 46
.
Os homens
Os homens e as as mulheres são alienados
mulheres são alienados na e pela linguagem de formas
pela linguagem formas
radicalmente diferentes,
·radicalmente diferentes, como
como comprovado
comprovado por por suas relações distintas
suas relações distintas com
com
o Outro,
Outro, e comcom o Sj SI e S2.
S2. Como
Como sujeitos,
sujeitos, eles estão
estão divididos
divididos de formas
formas
diferença na
diferentes e essa diferença
diferentes na divisão
divisão é responsável
responsável pela diferença
diferença sexual.
A diferença
diferença sexual
sexual então
então se
se origina
origina das
das relações
relações divergentes
divergentes dosdos homens
homens
das mulheres
e das mulheres com com o significante.
significante.
148
148 O sujeito
O sujeito iacaniano
lacaniano

Cada sexo parece ser


sexo parece ser chamado
chamado a desempenhar
desempenhar uma uma parte
parte relacionada
relacionada
com os próprios
próprios fundamentos
fundamentos da linguagem:linguagem: os os homens
homens desempenham
desempenham a
parte do signifícante,
significante, enquanto
enquanto as mulheres representam aparte
mulheres representam "l'être
a parte de‘Têtre
de la signifiance",
signifiance’\ como como Lacan Lacan coloca
coloca (Seminário
(Senúnário 20, p.103). p.103). Até Até o
momento,
momento, nenhum outro outro falante
falante inglês tentou, até
inglês tentou, até onde
onde eu eu sei, traduzir
sei, traduzir
signifiancef 1 embora
signifiance,41 embora esteja bastante claro
esteja bastante claro o que
que Lacan
Lacan está tentando dizer
está tentando
quando usa esse esse termo
termo extraído lingüística. (É
extraído da linguística. (É extraído
extraído no sentido
sentido de
que,
que, nana lingüística,
lingüística, ele ele se refere meramente
se refere meramente ao ao “fato
"fato de terter significado”,
significado",
enquanto
enquanto LacanLacan o vira vira de de cabeça
cabeça para para baixo).
baixo). Sugeri traduzi-lo como
Sugeri traduzi-lo como
"significância",
“significánctá”, isto é, o fato fato de ser ser um signifícante,
significante, o fato de que que os
signifícantes
significantes ex-sistem,
ex-sistem, a subsistência
subsistência de significantes,
significantes, a natureza
natureza signifí-
signifi-
48
cante dos significantes
significantes48, . Quando
Quando Lacan Lacan usa o termotermo é parapara enfatizar
enfatizar a
natureza absurda
absurda do signifícante,
significante, a própriaprópria existência
existência de significantes
significantes à
parte e separada
parte separada de qualquer
qualquer sentido possível ou significação
sentido possível significação que porven-
que porven-
tura tenham; é para ressaltar
ressaltar o fato de que que a própria
própria existência
existência do signifí-
signifi-
cante
cante ultrapassa
ultrapassa seu papel significativo,
seu papel significativo, que sua sua substância
substância ultrapassa
ultrapassa suasua
função simbólica.
simbólica. O ser ser do signifícante
significante vaivai além
além de seuseu “papel
"papel designado”,
designado",
seu papel logos, que
papel no logos, que é o de significar.
significar. Portanto,
Portanto, emem vez de se se referir
referir ao
“fato
"fato de ter significado”,
significado", Lacan Lacan o usa para para se
se referir
referir ao “fato
''fato de ter efeitos
efeitos
Outros
Outros que não os os efeitos
efeitos de significado”.
significado".
Deveríamos
Deveriamos sentir sentir um ar de rebeldia rebeldia na “significância”
"significância" usada usada porpor
Lacan! O signifícante
significante desafia
desafia o papelpapel que
que lhe é atribuído,
atribuído, recusando
recusando ser ser
inteiramente relegado à tarefa
inteiramente relegado tarefa de significação.
significação. EleEle tem uma uma ex-sistência
ex-sistência
além e fora do fazer-sentido,
fazer-sentido, fazer-senso/sentido.
fazer-senso/sentido.
ser, nas obras
O ser, obras de Lacan, está está associado
associado com letra-a
com a letra letra, na
— a letra, na década
década
de 1970,
1970, eraera a face material
material e não signifícante
significante do signifícante,
significante, a parte
parte que
que
tem efeitos
efeitos sem
sem significar:
significar: efeitos
efeitos de gozo. A letra letra esta relacionada com
está relacionada com a
materialidade linguagem, a “substance
materialidade da linguagem, "substance jouissant
jouissant”,", como
como Lacan
Lacan a
49
postula no Seminário
postula Seminário 20 20 (p.35)
(p.35)49: : a substância
substância gozante
gozante ou “gozando”,
"gozando", a
substância que
substância que goza
goza ou desfruta. Associar Associar o masculino
masculino com com o signifícante
significante
feminino com
e o feminino com a letra
letra pode
pode parecer equivalente a um retorno
parecer equivalente antiga
retomo à antiga
metáfora fonna e da substância
metáfora da forma substância datada pelo pelo menos tempos de
menos dos tempos de Platão,
Platão,
mas nas obras
obras de Lacan sempre sempre há há uma
uma torção no retorno: substância
retomo: a substância
vence
vence a forma e lhe ensina ensina um ou ou dois truques.
truques.

Outro para
Outro ela mesma,
para ela mesma, gozo
gozo do
do Outro
Outro

Em que sentido
Em sentido pode
pode uma mulher ser
uma mulher ser considerada
considerada um Outro
Outro para ela mes-
para ela mes-
ma, como
como Lacan
Lacan sugere? medida em
sugere? Na medida em que
que ela
ela se
se define em
em termos
termos de um
homem (em
homem (em termos
termos do falo, através
através de um
um homem),
homem), esse
esse outro
outro aspecto
aspecto-—a
relação
relação potencial
potencial com S(!) -— pennanece
com o S(A) opaco, estrangeiro,
permanece opaco, estrangeiro, Outro.
Outro.
"Não existe
“Não existe aa relação
relação sexual”
sexual" 149
149

Considere o que
Considere que Lacan
Lacan diz em em 1958/1962:
1958/1962: "O homem funciona
“O homem funciona aqui aqui [em
[em
relação à castração]
relação castração] como como uma ponte ponte para
para que a mulher
mulher se se tome
tome um Outro Outro
para ela mesma,
para ela exatamente como
mesma, exatamente como ela ela é para (Écrits 1966,
ele" (Écrits
para ele” 1966, p. 732). Ao
p.732).
se ver
se apenas em
ver apenas em termos
termos do falo, falo, isto
isto é, em
em termos
termos de sua sua posição
posição tal como como
definida na relação
definida relação com com um homem,homem, outras outras mulheres
mulheres que que não
não parecem
parecem ser ser
definidas desse
definidas desse modo
modo são são consideradas
consideradas como como Outro.
Outro. Se,
Se, entretanto,
entretanto, esse esse
Outro potencial
Outro potencial for realizado, isto é, wna
for realizado, uma relação com S(A)
relação com S(~) forfor estabele-
estabele-
cida, a mulher não será mais wn
não será Outro para
um Outro para sisi mesma.
mesma. E se se não
não for rea-
lizada, ela
lizada, ela permanecerá
permanecerá uma hommosexuelle,
hommosexuelle, como como Lacan
Lacan assim
assim escreve,
escreve,
uma fusão de homem
uma homem (homme)(homme) e homossexual:
homossexual: ela ela amará
amará homens,
homens, ela ela
amará como
amará como um homem homem e seu seu desejo
desejo seráserá estruturado,
estruturado, na fantasia,
fantasia, como
como
o dele.
Para aqueles
Para aqueles caracterizados
caracterizados pela estrutura masculina,
pela estrutura masculina, uma uma mulher
mulher é
como Outro
vista como Outro -— como como radicalmente
radicalmente Outro, Outro, como
como o Outro
Outro do/como
do/como
gozo-na
gozo medida em
— na medida em que ela corporifica
corporifica ou é vista como um
vista como um representante
representante
gozo do Outro
do gozo Outro que que Lacan
Lacan chamachama indecente.
indecente. Por que que “indecente”?
"indecente"?
Porque ele
Porque ele não necessita de nenhuma
não necessita nenhuma relação relação comcom o falo e salientasalienta a
exigüidade do gozo
exigüidade gozo fálico, que que é a meramera insignificância
insignificância de prazer remanes-
prazer remanes-
cente após
cente após as pulsões
pulsões teremterem sidosido totalmente assujeitadas
assujeitadas (no caso caso da
estrutura masculina)
estrutura masculina) ao simbólico.
simbólico. Essa Essa sujeição
sujeição das
das pulsões corresponde
pulsões corresponde
a uma determinada forma
uma determinada forma freudiana
freudiana de sublimação,
sublimação, aquelaaquela onde
onde o real é
50
sugado pelo
sugado simbólico50,
pelo simbólico gozo é transferido
, o gozo transferido para Outro.
para o Outro.
gozo do Outro envolve
O gozo envolve uma uma forma
forma de sublimação
sublimação através
através do amoramor que
proporciona satisfação total das pulsões. O gozo
proporciona satisfação gozo do do Outro
Outro é um gozo gozo dede
51
amor5I,
amor Lacan o associa
, e Lacan associa ao êxtaseêxtase religioso
religioso e ao tipo tipo de gozo
gozo material,
material,
corporal que não está localizado
corporal localizado nos órgãos órgãos genitais
genitais como
como o gozogozo fálico
fálico (o
(o
. primeiro
primeiro nãonão é, eleele afirma
afirma claramente,
claramente, o assim assim chamado
chamado orgasmo
orgasmo vaginalvaginal
definido como oposto
definido como oposto ao do clitóris).
clitóris). De De acordo
acordo comcom Lacan,
Lacan, o gozo gozo do
• Outro é ossexual
assexual (enquanto
(enquanto o gozo gozo fálico é sexual),
sexual), porém
porém ele ele é do ce no
52
corpo52
corpo gozo fálico
(o gozo fálico envolve
envolve apenasapenas o orgasmo
orgasmo como como instrumento
instrwnento do
significante).
significante).
· .. · • O pouco
pouco que que Lacan
Lacan afirma
afirma diretamente
diretamente a respeitorespeito do S(A)
S(~) propõe
propõe queque
{ôo gozogozo do Outro,
Outro, simbolizado
simbolizado por este, tem a ver com
por este, com a radicalidade
radicalidade ou
\ álteridade absoluta do Outro:
aZíemfaáfe absoluta Outro: não não há nenhum
nenhum Outro Outro (isto
(isto é, nenhum
nenhum
)exterior) Outro. O Outro
exterior) do Outro. Outro não éé apenas apenas um exterior
exterior relativo
relativo a um interior
interior
<específico, determinado; ele éé sempre
específico, determinado; sempre e inescapavelmente
inescapavelmente. Outro, Outro, “exte-
"exte-
>rior”
riór" a todo e qualquer
qualquer sistema
sistema53. 53
.
( / Deixarei
Deixarei uma explicação
explicação mais detalhada detalhada do gozo gozo do Outro
Outro parapara uma
54
} outra
Ótitra ocasião
ocasião54, , proponho
proponho apenasapenas que ele ele está relacionado à
está relacionado idéia de Freud
à idéia Freud
>i<lfde que a satisfação
satisfação completa
completa das pulsões proporcionada
das pulsões proporcionada por por uma forma de
55
/ sublimação
sublimação é “dessexualizada”
"dessexualizada"55. . A “libido
"libido dessexualizada”
dessexualizada" parece parece es-es-
150
150 O sujeito
O sujeito lacaniano
lacaniano

treitamente relacionada ao gozo


relacionada ao gozo assexual
assexual proposto
proposto por
por Lacan,
Lacan, o gozo
gozo do
do
sublimação está,
Outro. A sublimação está, acidentalmente,
acidentalmente, situada por Lacan (em um
Lacan (em um
contexto de
contexto de certa
certa forma
forma diferente)
diferente) no canto inferior
no canto esquerdo do
inferior esquerdo do quadrado
quadrado
que apresentei
lógico que apresentei nos
nos capítulos
capítulos 4 e 66 (ver
(ver Figura 8.10).
Figura 8.10).
Figura 8.10
Figura 8.10

Passagem ao ato
Passagem ao ato Repetição
Repetição

Sublimação
Sublimação Atuação
Atuação

Meus comentários aqui se


Meus comentários se limitam
limitam apenas
apenas ao começo
começo de uma interpre-
uma interpre-
tação, mas
tação, mas isso
isso me
me parece
parece uma interpretação
interpretação geral
geral da maneira como a
maneira como
8.8 poderia
Figura 8.8 ser compreendida.
poderia ser

Como assinalei
Como assinalei anteriormente,
anteriormente, Lacan procura demonstrar (1)
procura demonstrar ( 1) que os
os sexos
sexos
são definidos
definidos de formas
formas separadas e diferentes,
diferentes, e (2) que que seus
seus parceiros
parceiros
não são simétricos
não são simétricos nem sobrepostos. O
nem sobrepostos. O parceiro
parceiro do homem,
homem, comocomo visto na na
8.8, é o objeto
Figura 8.8, objeto a, não
não uma mulher como tal. Um
mulher como Um homem
homem pode então
pode então
derivar algum prazer
derivar alguma coisa
prazer de alguma coisa que eleele recebe
recebe de uma uma mulher:
mulher: a
forma
forma dela falar, uma determinada
determinada maneira
maneira de de olhar para ele, assim por
ele, e assim por
diante, mas somente na medida
mas é somente medida em em que
que ele
ele a investiu
investiu com
com aquele precioso
precioso
objeto que
objeto que desperta
desperta seu
seu desejo.
desejo. Ele
Ele então pode necessitar de uma mulher
pode necessitar mulher
(biologicamente definida)
definida) como
como o substrato, suporte ou ou meio do do objeto
objeto a,
mas ela nunca
mas ela será sua
nunca será sua parceira.
parceira.
Tampouco será
Tampouco será o parceiro dela também.
parceiro dela também. Ela pode pode necessitar
necessitar de de umum
homem
homem (biologicamente definido)definido) para corporificar, encarnar
para corporifícar, encarnar ou servir
como suporte
como suporte do falo
falo para ela, mas falo e não
mas é o falo não o homem
homem que será será seu
seu
parceiro. quebra ou
parceiro. A quebra dissimetria éé ainda mais
ou dissimetria mais radical
radical no caso do Outro
no caso Outro
parceiro
parceiro dela, S(A),
S(.«.),já
já que aquele
aquele parceiro
parceiro não estáestá na categoria
categoria "Homem"
“Homem”
de forma
forma alguma, e, portanto, a mulher não necessita necessita recorrer
recorrer a um homem
para "relacionar-se" ou "concordar"
para “relacionar-se” “concordar” com com esse
esse parceiro.
parceiro.
Se os
Se os parceiros
parceiros sexuais dosdos homens
homens e das mulheres idênticos -■—
fossem idênticos
mulheres fossem
tivessem, digamos, oo objetoobjeto a funcionado como como o único parceiro
parceiro para
ambos -— ao menos
ambos desejo deles
menos o desejo deles como
como seres
seres sexuados
sexuadas seria
seria· estruturado
estruturado
de alguma forma
de forma paralela (hommosexuelle), e poderíamos
paralela (hommosexuellé), poderiamos imaginar uma uma
entre eles
relação sexual entre eles nessa
nessa base. Mas a dissimetria
base. Mas dissimetria de seus
seus parceiros
parceiros é
absoluta e completa, e nenhuma
absoluta nenhuma relação concebível entre
relação concebível entre os sexos pode
os sexos
então ser
então ser postulada, articulada, ou escrita
postulada, articulada, escrita de
de qualquer
qualquer forma
forma que
que seja.
seja.
"Não existe
“Não existe aa relação
relação sexual*
sexuar 151

A verdade da
A verdade da psicanálise
psicanálise

Isso éé oo que
Isso que Lacan
Lacan em em geral
geral qualifica
qualifica como
como aa verdade
verdade da da psicanálise.
psicanálise. É É
· certo
certo que
que ele
ele algumas
algumas vezes
vezes propõe
propõe queque toda
toda aa verdade
verdade éé matematizável:
matematizável:
"Não
“Não há há verdade
verdade queque não seja ‘matematizada’,
não seja 'matematizada', isto isto é, escrita, isto
é, escrita, isto é, que
é, que
não esteja
não esteja baseada,
baseada, na na qualidade
qualidade de de Verdade, somente sobre
Verdade, somente sobre axiomas.
axiomas. O O
que equivale
que equivale aa dizer
dizer que
que existe verdade mas
existe verdade daquilo que
mas daquilo que não
não temtem sentido,
sentido,
isto é,
isto daquilo relativo
é, daquilo relativo aoao qual
qual não
não háhá outras
outras conseqüências
conseqüências aa seremserem
elaboradas senão
elaboradas senão dentro [do registro]
dentro [do registro] da
da dedução
dedução matemática”
matemática" (Seminário
(Seminário
21, 1111 de dezembro
dezembro de de 1973).
1973).
Porém, esse comentário
Porém, esse comentário se se aplica
aplica apenas
apenas àà verdade (le vrai)
verdade (le que vemos,
vrai) que vemos,
por exemplo, nas
por exemplo, nas "tabelas de verdade”
“tabelas de verdade" ee na lógica simbólica
na lógica simbólica (ver
(ver capítulo
capítulo 10).
1O).
A
A única verdade da
única verdade da psicanálise,
psicanálise, dede acordo
acordo com
com Lacan,
Lacan, éé que
que não
não háhá relação
relação
sexual, aa questão
sexual, questão éé induzir
induzir oo sujeito
sujeito aa encontrar-se
encontrar-se comcom essa
essa verdade.
verdade.

Existência ee ex-sistência
Existência ex-sistência
N'existe
N*existe que ce qui
que ce qui peut se dire.
N'ex-siste
N 'ex-síste que ce qui
que ce qui peut s 'écrire.
'écrire.
·.··

< · · Segundo
Segundo as
as muitas declarações aparentemente
muitas declarações aparentemente paradoxais de Lacan
paradoxais de Lacan acerca
acerca
.•· • .•. • da existência
existência -— aa “Mulher
"Mulher não
não existe”,
existe", “O
"O gozo
gozo do
do Outro
Outro não
não existe”
existe" -—
i ·. ee envolvendo il y aaze ilil n ’'.Yy aa pas
envolvendo ily pas -— “Não
'"Não há
há aa relação
relação sexual”, "li y aa de
sexual", “II de
f
/ l'Un,
rUn, li n '.Y
II n y aa pas
pas d'Autre
d’Áutre de l'Autre "* -— gostaria
de 1’Autre”* gostaria de acrescentar
acrescentar umas
i\ palavras aqui aa respeito
palavras aqui respeito da da noção
noção de de Lacan
Lacan de de ex-sistência.
ex-sistência.
( •.... Ao que me
Ao que me éé dado
dado saber,
saber, aa palavra
palavra "ex-sistência"
“ex-sistência” foi pelapela primeira vez
primeira vez
/ . apresentada
apresentada .no francês nas
no francês traduções de
nas traduções de Heidegger
Heidegger (por (por exemplo,
exemplo, de de Ser
Ser ee
\ tempo).
tempo), como
como uma uma tradução
tradução parapara oo grego
grego ekstasis
ekstasis ee oo alemão
alemão Ekstase.
Ekstase. A A raiz
raiz
>>do significado
significado do do tenno
termo emem grego
grego éé “ficar
"ficar do
do lado
lado de fora
fora de”
de" ou “ficar
"ficar aparte
a parte
/ Ode" alguma coisa.
de” alguma coisa. Em
Em grego,
grego, esseesse termo era usado,
termo era usado, dede maneira geral, para
maneira geral, para aa
{ remoção
reinação ou ou deslocamento
deslocamento de alguma alguma coisa,
coisa, mas
mas também
também veio
veio aa ser
ser aplicado
aplicado
>aosaos estados
estados mentais que chamaríamos
mentais que chamaríamos hoje hoje emem dia
dia de "extáticos". Assim, um
“extáticos”. Assim, um
.< sentido derivado da
sentido derivado da palavra
palavra éé "êxtase",
“êxtase”, daídaí sua
sua relação
relação com
com oo gozo
gozo dodo Outro.
Outro.
/ Heidegger
Heidegger muitas vezes fez
muitas vezes fez jogos
jogos de de palavras com oo sentido
palavras com sentido da
da raiz
raiz da
da palavra,
palavra,
C.\ ·~ficando
“ficando do do lado
lado de
de fora”
fora" ouou "saindo
“saindo para fora" de
para fora” de si
si mesmo,
mesmo, masmas também
também
.< com com sua
sua ligação
ligação próxima
próxima em em grego
grego comcom aa raiz
raiz da
da palavra
palavra para
para "existência",
“existência”,
/(iLacan
Lacan aa usa
usa para falar aa respeito
para falar respeito de de que
que “uma
''uma existência
existência separada
separada de”,
de", que
que
/ : insiste, digamos
digamos assim,
assim, dodo lado
lado de de fora;
fora; alguma
alguma coisa
coisa não incluída no
não incluída interior,
no interior,
/ algo
algo que,
que, ao contrário
contrário dede ser
ser íntimo,
íntimo, éé "extimo".
“extimo”.

~
\)/ * "Há
“Há oo Um, não há oo Outro do
do Outro”.
Outro". (N.R.)
(N.R.)
152
152 O sujeito
O lacaniano
sujeito lacaniano

O gozo
O gozo do Outro
Outro estáestá além
além dodo simbólico, colocando-se àà parte
simbólico, colocando-se parte da
castração simbólica.
castração simbólica. EleEle ex-siste.
ex-siste. Podemos
Podemos vislumbrar
vislumbrar um lugar para
um lugar ele
para ele
nossa ordem
dentro de nossa ordem simbólica,
simbólica, e atéaté nomeá-lo,
nomeá-lo, masmas ele
ele entretanto
entretanto
permanece inefável, indizível.
permanece inefável, indizível. Podemos considerá-lo como
Podemos considerá-lo como ex-sistindo
ex-sistindo
porque
porque eleele pode ser escrito:
pode ser escrito: Vx<l>x.
Vxd>x.
As relações
As relações sexuais,
sexuais, entretanto,
entretanto, diferem
diferem a esse
esse respeito: elas não
respeito: elas não podem
ser escritas
ser escritas e,
e, portanto,
portanto, nemnem existem
existem nem ex-sistem.
ex-sistem. Simplesmente,
Simplesmente, não há
não há
relação sexual.
relação sexual.
A própria noção de
própria noção de ex-sistência
ex-sistência e dede gozo
gozo do
do Outro
Outro como
como ex-sistindo,
ex-sistindo,
faz da "economia
faz “economia de de gozo”
gozo" ou da "economia libidinal" de Lacan
“economia libidinal” Lacan uma
uma
economia aberta,
economia aberta, incomensurável.
incomensurável. Não Não háhá nenhuma conservação de gozo,
nenhuma conservação gozo,
nenhuma relação
nenhuma relação propoicional entre gozo
proporcional entre gozo sacrificado
sacrificado e gozo
gozo ganho,
ganho, ne-
ne-
nhum sentido no no qual o gozogozo do Outro
Outro compense
compense a exigüidade
exigüidade do gozo
gozo
fálico -— em uma uma palavra, nenhum complemento
palavra, nenhum complemento ou ou medida.
medida. O O gozo
gozo do
Outro é fundamentalmente
Outro fundamentalmente incomensurável,
incomensurável, não quantificável, despropor-
não quantificável, despropor-
cional e indecente
cional indecente para
para a "sociedade educada". Nunca
“sociedade educada”. Nunca poderá ser recupe-
poderá ser recupe-
rado dentro de uma "economia
rado dentro “economia -fálica" estruturalismo simples.
fálica” ou estruturalismo simples. DaDa
mesma forma
mesma forma que objeto aa como
que o objeto como ex-sistência,
ex-sistência, o gozo
gozo do Outro
Outro tem um
tem um
efeito irremediável
efeito irremediável sobre
sobre o “funcionamento
"funcionamento ordeiro
ordeiro da estrutura”.
estrutura".

Uma nova
Uma nova metáfora
metáfora para
para aa diferença
diferença sexual
sexual
O significante.
O significante ... deve ser
. . deve ser estruturado
estruturado em termos topológicos.
topológicos.
Lacan, Seminário 20, p.29
Lacan, Seminário p,29

O que
O que devemos
devemos entender
entender dasdas opiniões
opiniões de de Lacan
Lacan sobre
sobre a diferença
diferença sexual
sexual
conforme tentei mostrar
conforme aqui? Devem
mostrar aqui? Devem serser levadas
levadas a sério?
sério? São
São úteis
úteis para nós?
para nós?
Lacan fornece
Lacan fornece explicitamente
explicitamente uma uma nova
nova metáfora diferença sexual,
metáfora da diferença sexual,
uma que vai
uma além da dialética
vai além dialética de ativo e passivo (com a qual o próprio
passivo (com próprio
Freud ficou
Freud ficou insatisfeito),
insatisfeito), de ter ser (muito
ter e ser (muito mais
mais interessante,
interessante, aoao menos
menos
56
do ponto
do vista gramatical/lingüístico),
ponto de vista gramatical/lingüístico), e assimassim por dianteS6.
por diante Um ponto
. Um ponto
no qual osos críticos
críticos e psicanalistas contemporâneos concordariam
psicanalistas contemporâneos concordariam é que que as
as
diferenciações biológicas
diferenciações biológicas sãosão inadequadas,
inadequadas, diversas
diversas pessoas
pessoas parecem atra-
parecem atra-
vessar, a nível
vessar, nível psíquico,
psíquico, as as linhas
linhas "rígidas invariáveis" da diferença
“rígidas e invariáveis” diferença
sexual determinada
sexual determinada pelapela biologia. Assim, começamos
biologia. Assim, começamos com com a hipótese
hipótese de
que há homens
que homens com com estrutura
estrutura feminina
feminina (defmida
(definida de de alguma forma)
forma) e
mulheres
mulheres comcom estrutura
estrutura masculina (definida de uma outra
masculina (definida outra forma).
forma).
O que
O que nos
nos interessa
interessa na forma lacaniana
na forma lacaniana dede definir
definir a estrutura
estrutura masculina
masculina
e feminina? EmEm primeiro lugar, ela
primeiro lugar, ela envolve
envolve uma nova topologia: ela
nova topologia: ela rompe
rompe
com a antiga
com antiga concepção
concepção ocidental
ocidental do do mundo
mundo comocomo umauma série
série de círculos
círculos
esferas concêntricas,
ou esferas concêntricas, e por por sua vez toma como
vez toma como modelo tais superfícies
modelo tais superficies
"Não existe
“Nao existe aa relação sexual"
relação sexual" 153
153

topológicas paradoxais
topológicas paradoxais comocomo a banda
banda de Moebius,
Moebius, a garrafa Klein, e o
garrafa de Klein,
cross-cap. O último,
cross-cap. último, emem especial,
especial, é uma superfície
superficie fértil para
para revolucionar
revolucionar
a forma com
com que pensamos.
pensamos. Se Se há umauma "estrita
“estrita equivalência
equivalência de topologia
topologia
estrutura" (Seminário
e estrutura” (Semínário 20, p. 117), então novos
7), então novos modelos
modelos topológicos
topológicos podem
ser úteis no pensamento
pensamento a respeito
respeito dos sistemas.
sistemas.
cross-cap é uma
essência, o cross-cap
Em essência, semí-esfera com
uma semi-esfera com uma torção: a torçãotorção
lacaniana, como
lacaniana, como se se diz. Aquela
Aquela pequena
pequena voltavolta muda todas
todas as propriedades
propriedades
topológicas esfera, nada
topológicas da esfera, retorna sobre
nada retoma sobre si si mesmo
mesmo como como na na antiga
antiga e
familiar concepção
concepção das das coisas. É talvez mesma torção
talvez a mesma torção lacaniana que, no
fim das décadas
décadas de 1950 1950 e 1960, mudou muitos muitos dos termos lacanianos
dos termos lacanianos de
simbólico
simbólico para real. (Esse processo finalmente
(Esse processo finalmente acaba,
acaba, de certa
certa forma,
quando Lacan
Lacan descobre
descobre o nó borromeano
borromeano que que engloba
engloba os três resgistros
resgistros -—
imaginário, o simbólico
o imaginário, simbólico e o real real- como igualmente
— como igualmente importantes).
importantes). A
volta
volta lacaniana
lacaniana é, talvez, a capacidade
capacidade de ver alguma coisa além
alguma coisa além do
simbólico onde
simbólico onde a filosofia
filosofia e o estruturalismo não enxergam nada exceto exceto a
mesma coisa de sempre.
mesma coisa sempre.
Ao contrário
contrário da banda Moebius, o cross-cap
banda de Moebius, cross-cap é uma uma superfície
superficie
impossível. O primeiro
impossível. primeiro pode ser construído;
pode ser construído; portanto, ele é imaginável
portanto, ele imaginável (ou(ou
“imaginarizável”)
"imaginarizável") -— ele pode pode ser mente. O cross-cap,
retratado na mente.
ser retratado cross-cap, por
por
outro lado, é uma superfície
outro superficie que pode ser descrita da mesma mesma formaforma como
como
o são várias outras
outras superfícies
superficies na topologia,
topologia, com pequenos retângulos com
com pequenos com
setas
setas ao longo
longo das margens indicando como
das margens como os lados opostos
opostos se se encaixam,
encaixam,
seja impossível
embora seja impossível de ser ser construído.
construído. Considere
Considere as superfícies
superficies repre-
repre-
sentadas Figura 8.1
sentadas na Figura 8.11,1, com suas representações simbólicas:
suas representações simbólicas:
Todas essas
Todas essas superfícies, exceto o cross-cap,
superficies, exceto cross-cap, são passíveis
passíveis de repre-
repre-
.. sentação
sentação visual correta. cross-cap pode ser expresso
correta. Enquanto o cross-cap expresso simboli-
camente
camente em termos topológicos
em termos topológicos (ver
(ver o retângulo acima
acima da palavra),
palavra), ele
ele não
pode ser
.. pode ser visualizado nem construído
construído de maneira
maneira correta. Para tentar tentar
imaginá-lo,
imaginá-lo, você deve visualizar uma esfera
você deve esfera que é cortada em um lugar
·····determinado,
determinado, cadacada ponto ambos os lados do corte
ponto de ambos corte é religado,
religado, não comcom

Figura 8.11

.______.J l..._~J l.____J l_ ____.J


Banda simples Banda de Moebius
Moebius Toro
Toro Cross-cap

.·.E§}
154 O sujeito
O sujeito lacaniano
lacaniano

o ponto diretamente oposto,


oposto, como
como na sutura de uma
uma ferida, mas com com o
ponto simétrico
simétrico do lado oposto,
oposto, como
como na Figura
Figura 8. 12, onde
8.12, onde a’
a' seria
seria ligada
ligada
a bb'’ e aa"” a bb".
”.
Figura 8.12
Figura 8.12

a'
a’ a"
a”

b"
b” b'
b’

cross-cap é, nesse
O cross-cap nesse sentido,
sentido, impossível.
impossível. Contudo, ele pode ser
ele pode ser escrito;
escrito;
ele
ele é susceptível
susceptível de inscrição
inscrição simbólica.
simbólica. O simbólico pode ser
simbólico pode ser usado aqui
para descrever alguma coisa
para descrever coisa real, alguma
alguma coisa
coisa extra-simbólica.
extra-simbólica.
Se é que a velha
velha noção de círculos
círculos ou esferas
esferas concêntricas
concêntricas pode
pode ser
Lacan parece
aplicada a alguma coisa, Lacan parece sugerir aplica à estrutura
sugerir que ela se aplica estrutura
masculina, limitada como é pela
limitada como pela função paterna (Figura 8.13).
paterna (Figura 8.13). Freud
sugere

Figura 8.13
Figura 8.13

Pai

que as mulheres têm uma relação


relação diferente
diferente com ele relaciona
com a lei, a qual ele relaciona
com um ideal de eu ou supereu menos menos desenvolvido, mas isto talvez possa possa
ser melhor
ser entendido como
melhor entendido como uma sugestão
sugestão de que as relações com os limites
relações com
dos sujeitos,
sujeitos, caracterizados
caracterizados pela estrutura,
estrutura, são
são fundamentalmente
fundamentalmente dife-
rentes: a oposição
oposição entre
entre interior
interior e exterior
exterior não aplica. Dessa
não se aplica. forma, a
Dessa forma,
superficie do cross-cap
superfície cross-cap não constitui um limite hermético e existe existe apenas
apenas
uma noção localmente
localmente válida de interior
interior e exterior,
exterior, não
não uma noção
noção defini-
defini-
tiva. Esse pequeno rasgo anômalo em
pequeno rasgo em sua “superfície”
"superficie" muda todas suas
todas as suas
propriedades. Uma outra maneira
Uma outra maneira de formular
formular a nova
nova metáfora
metáfora de Lacan
Lacan é
com
com os termos
termos “aberto”
"aberto" e “fechado”,
''fechado", conforme
conforme derivados
derivados da teoria
teoria dos
conjuntos e da topologia.
conjuntos topologia. De maneira semelhante ao conjunto
maneira semelhante conjúnto constituído
constituído
pelo Homem, um “conjunto
"conjunto fechado”
fechado" inclui seus
seus próprios limites ou
próprios limites
fronteiras; da mesma
fronteiras; mesma forma que Jf,. A Mulher, um “conjunto
"conjunto aberto”,
aberto", não
inclui seus próprios limites ou barreiras.
próprios limites barreiras. Pode-se
Pode-se dizer
dizer que é, ao menos
menos em em
parte, graças ao trabalho de
graças trabalho Lacan comLacan com a teoria dos
dos.conjuntos, lógica e a
conjuntos, a lógica
topologia
topologia -— campos de estudoestudo bastante incomuns para
bastante incomuns maioria dos
para a maioria
"Não existe
“Não existe aa relação
relação sexual”
sexual" 155
155

psicanalistas
psicanalistas -— que ele ele é capaz
capaz de formular
formular a diferença
diferença sexual
sexual de uma
uma
maneira5577.•
nova maneira
nova
A nova metáfora de Lacan
nova metáfora Lacan para a diferença
diferença sexual
sexual constitui
constitui um
um novo
· sintoma:
sintoma: umauma nova
nova forma
fonna sintomática
sintomática de ver
ver a diferença
diferença sexual
sexual que não éé
mais
mais nem
nem menos sintomática do que as
menos sintomática as formas anteriores.
anteriores. UmUm sintoma
sintoma
sempre permite
sempre permite queque certa
certa pessoa veja determinadas
pessoa veja determinadas coisas
coisas ee a impede
impede de
ver outras.
ver
Se a mim coubesse
Se coubesse qualificar
qualificar essa
essa forma
forma sintomática
sintomática de ver, seriaseria
tentado
tentado a chamá-la "estruturalismo gõdeliano”,
chamá-la de “estruturalismo gõdeliano", na medida
medida em em que
que
mantém a importância
mantém importância da estrutura,
estrutura, enquanto
enquanto continua
continua a apontar
apontar para
para uma
incompletude necessária
incompletude necessária nela ee para indecodibilidade de
para a fundamental indecodibilidade
determinadas afirmações
determinadas afirmações feitas dentrodentro dela. Lacan
Lacan adota
adota claramente
claramente as
noções
noções de Gõdel
Gõdel de que todo sistema
sistema formal
formal significativo
significativo contém
contém algumas
algumas
declarações que não
declarações não são passíveis decisão e que é impossível
passíveis de decisão impossível definir
definir a
verdade de uma
verdade linguagem naquela
uma linguagem naquela mesma linguagem. Nas obras
mesma linguagem. obras de Lacan
Lacan
não é apenas
apenas a exceção
exceção que prova prova a regra, porém
porém mais radicalmente,
radicalmente, a
exceção que
exceção que nos força
força a redefinir
redefinir as regras. Seus trabalhos corporificam a
trabalhos corporificam
própria estrutura da histeria:
própria histeria: quanto mais
mais próximo chega de formular
próximo ele chega fonnular
sistema, mais
um sistema, mais vigorosamente
vigorosamente oo reexamina
reexamina ee o questiona.
questiona. Se Se éé “um
"um
sistema para acabar com
sistema com todos os sistemas”,
sistemas", éé Lacan
Lacan que nos ensina a ler
nos ensina
expressão de uma
essa expressão uma forma
forma nova.
PARTE QUATRO
PARTE QUATRO

O Estatuto do
ESTATUTO DO
DISCURSO Psicanalítico
Discurso PSICANALÍTICO
capítulo nove
capítulo nove

Os quatro
Os quatro discursos
discursos

Não existe
existe oo todo. Nada todo.
Nada éé todo.
Lacan, Scilicet
Lacan, (1970): 93
Scilicet 2/3 (1970):

Não
Não há universo do
do discurso.
discurso.
Lacan, Seminário
Lacan, Seminário 14,
14,
novembro de 1966
16 de novembro 1966

Não
Não há metalinguagem.
metalinguagem.
Lacan, Seminário
Lacan, Seminário 14,
14,
de novembro
23 de novembro de
de 1966
1966

A
A psicanálise lacaniana constitui
psicanálise lacaniana constitui uma teoria
teoria muito
muito poderosa
poderosa ee uma
uma prática
prática
socialmente significativa.
socialmente significativa. No entanto, ela
No entanto, não éé wna
ela não Weltanschauung, uma
uma Weltanschauung, uma
1
visão de
visão de mundo
mundo totalizada
totalizada ouou totalizante
totalizante!, embora muitos
, embora gostassem de
muitos gostassem
transformá-la
transformá-la em tal. É
em tal. um discurso
É um discurso e, e, portanto,
portanto, tem efeitos no
tem efeitos mundo. É
no mundo. É
· apenas
apenas um discurso entre
um discurso entre muitos, não oo discurso
muitos, não discurso final,
final, essencial.
essencial.
>·· · O discurso
O discurso dominante
dominante no no mundo atual é, sem
mundo atual sem dúvida,
dúvida, oo discurso
discurso dodo poder:
poder:
\ • ·oo poder como meio
poder como meio de
de alcançar
alcançar x, y ee z, mas
mas em em última instância, oo poder
última instância, poder pelo
pelo
</ · poder.
poder. A A psicanálise lacaniana não
psicanálise lacaniana não é, emem si si ee de
de si mesma,
mesma, um um discurso
discurso de
•••>·. ·.·.·poder. Ela utiliza
poder. Ela utiliza um detenninado tipo
um determinado de podema
tipo de situação analítica,
poder na situação analítica, um
um poder
poder
</..·que injustificável de
que é injustificável de acordo
acordo com
com muitas escolas de
muitas escolas de psicologia americanas
psicologia americanas
) onde onde aa autonomia
autonomia (leia-se:
(leia-se: eu)
eu) do
do "cliente" sacrossanta ee deve
“cliente” é sacrossanta deve pennanecer
permanecer
/ \ desimpedida
desimpedida ee incontestada.
incontestada. AA psicanálise
psicanálise utiliza
utiliza oo poder
poder dada causa
causa do desejo
desejo
. ( para para provocar
provocar uma uma reconfiguração
reconfiguração do do desejo
desejo do do analisando,
analisando. Como
Como tal, oo
> discurso analítico éé estruturado
discurso analítico estruturado dede forma
fonna diferente
diferente do do discurso
discurso dodo poder.
poder. AA
e· teoria dos dos “quatro
"quatro discursos”
discursos" dede Lacan
Lacan procura explicar as
procura explicar as diferenças
diferenças es-es-
) truturaís entre os
truturais entre os discursos
discursos ee voltarei
voltarei aa esse
esse assunto
assunto em em breve.
breve.
)/ · Primeiramente,
Primeiramente, permitam-me levantar aa questão
permitam-me levantar questão do relativismo.
relativismo. SSee aa
.\ psicanálise
psicanálise não não éé de
de alguma
alguma forma
forma oo discurso
discurso essencial,
essencial, sendo
sendo apenas
apenas um
> discurso entre outros,
discurso entre outros, por que razão
por que razão ela ela atrai
atrai nossa
nossa atenção?
atenção? Por que
Por que
/ deveríamos
deveriamos nos nos preocupar
preocupar comcom oo discurso
discurso analítico
analítíco se se ele
ele é apenas
apenas um

159
159
160
160 O sujeito
O sujeito lacaniano
lacaniano

vários ou um entre
entre vários entre muitos discursos? Darei
muitos discursos? apenas uma
Darei apenas resposta
uma resposta
simples: porque ele nos permite
porque ele compreender o funcionamento
permite compreender dife-
funcionamento dos dife-
rentes discursos
rentes discursos de um modo singular 2
modo singular.2

Antes de abordar
abordar os pontos específicos dos quatro
pontos específicos quatro discursos
discursos de Lacan,
Lacan,
salientarei embora Lacan
salientarei que embora Lacan denomine
denomine um de seus seus discursos
discursos dede o "dis-
“dis-
curso histérica", com
curso da histérica”, com isso eleele não sugere
sugere que uma uma determinada
determinada histérica
histérica
sempre e indubitavelmente
sempre indubitavelmente adote adote ou funcione
funcione dentro
dentro desse
desse discurso.
discurso. TalTal
como um analista,
como analista, a histérica
histérica pode
pode funcionar no discursodiscurso do analista;
analista; tal
como um acadêmico,
como acadêmico, a histérica
histérica pode
pode funcionar no discursodiscurso da universi-
universi-
dade. A estrutura
estrutura psíquica
psíquica da histérica não se se altera
altera quando
quando ela troca
troca de
discursos, mas
discursos, mas aa sua
sua eficácia
eficácia muda. Ao situar-se
situar-se nono discurso
discurso do analista,
analista, oo
efeito dela
efeito dela sobre outros corresponde
sobre os outros corresponde ao efeito efeito permitido
permitido por aquele
por aquele
discurso, e sofre
discurso, dos obstáculos
sofre dos obstáculos e falhas
falhas endêmicas
endêmicas daquele
daquele discurso.
discurso. Um Um
discurso específico
discurso específico facilita determinadas
determinadas coisascoisas e dificulta
dificulta outras,
outras, permite
permite
se veja
que se veja determinadas
determinadas coisas
coisas enquanto
enquanto impede
impede que que se
se vejam
vejam outras.
Os discursos,
Os discursos, por outro lado, não
por outro são como
não são como chapéus
chapéus queque podem
podem ser ser
colocados e retirados à
colocados retirados vontade. vontade. A mudança de discursos, em geral, requer
discursos, em geral, requer
que determinadas
que determinadas condições
condições sejamsejam atendidas.
atendidas. O O analista nem sempresempre
funciona no discurso
funciona discurso analítico;
analítico; por exemplo,
exemplo, na medida
medida em em que ensina,
ensina, oo
analista pode
pode muito bem adotar o discurso
bem adotar universidade ou o discurso
discurso da universidade discurso
do mestre
mestre ou até o discurso da histérica
histérica (o(o próprio ensinamento de Lacan
próprio ensinamento Lacan
muitas vezes parece
muitas parece passível classificação sob
passível de classificação sob esse
esse último
último cabeçalho).
cabeçalho).
O que éé possível
O notar imediatamente
possível notar imediatamente éé que, que, embora
embora Lacan
Lacan construa
construa oo
discurso da histérica,
discurso histérica, não existe discurso do neurótico
existe oo discurso obsessivo, fóbico,
neurótico obsessivo, fóbico,
perverso,
perverso, ou psicótico. Seus discursos
psicótico. Seus discursos podem
podem ser,ser, sem
sem dúvida,
dúvida, formaliza-
formaliza-
certo ponto,
dos até certo Lacan dedicou-se
ponto, e Lacan dedicou-se a definir
definir a estrutura
estrutura da
da fantasia
fantasia na
fobia, na perversão, assim por
perversão, e assim diante.33 Entretanto,
por diante. Entretanto, eleseles não são
são focos
focos
primários
primários dosdos quatro
quatro principais discursos que
principais discursos que esboçou.
esboçou. Não examinarei
Não examinarei
complexidades dos quatro
todas as complexidades quatro discursos,
discursos, especialmente
especialmente no que que diz
respeito seu desenvolvimento
respeito ao seu desenvolvimento ao ao longo
longo do tempo, desde oo Seminário
tempo, desde Seminário
apresentados, até
17, onde são apresentados, até o Seminário
Seminário 20 20 ee além,
além, onde
onde são, de alguma
alguma
forma, reelaborados. apresentar as características
reelaborados. Prefiro apresentar características básicas cada
básicas de cada
quatro discursos
um dos quatro discursos e, no próximo capítulo, analisarei
próximo capítulo, analisarei uma
uma segunda
segunda
falar a respeito
forma de falar dos diferentes
respeito dos diferentes tipos
tipos de discursos
discursos que LacanLacan
apresenta no Seminário 21.
apresenta

O discurso
O discurso do
do mestre
mestre

forma, os discursos
De certa forma, discursos de Lacan
Lacan começam
começam com
com o do mestre,
mestre, tanto
por
por razões
razões históricas quanto pelo fato
históricas quanto fato de que
que esse
esse discurso
discurso incorpora
incorpora a
Os quatro
Os quatro discursos
discursos 161

alienadora do significante
função alienadora significante ao qual estamos
estamos todos assujeitados.
todos assujeitados.
Como tal,
Como ele ocupa
tal, ele ocupa um lugar privilegiado
um lugar privilegiado nos discursos, constituin-
nos quatro discursos, constituin-
do um discurso primário
um tipo de discurso (tanto filogenética
primário (tanto filogenética quanto
quanto ontogenetica-
ontogenetica-
mente).). E
mente E a matriz fundamental do
matriz fundamental do vir ser do sujeito
vir a ser sujeito através
através da
da alienação
alienação
(como vimos nos
(como nos capítulos
capítulos 4-6),
4-6), porém Lacan atribui
porém Lacan ele uma
atribui a ele uma função de
forma diferente
certa forma diferente no
no contexto dos seus
contexto dos seus quatro
quatro discursos:
discursos:

S i ~> S2
$ a

No discurso
discurso do mestre,
mestre, a posição predominante
predominante ou dominantedominante (no (no canto
canto
esquerdo superior)
esquerdo preenchida por S
superior) é preenchida S1, significante não-senso,
j , o significante não-senso, o signi-
.ficante
ficante sem sem nexo
nexo ou razão,
razão, emem outras
outras palavras, o significante
significante mestre.
mestre. O O
mestre deve
mestre deve serser obedecido
obedecido- — não porque
porque nos nos beneficiaremos
beneficiaremos com isso ou
com isso
por
por alguma outra outra razão desse tipo
razão desse tipo -— masmas porque
porque eleele assim diz.44 Não há
assim o diz. há
razão para
razão que ele
para que ele tenha
tenha poder:
poder: eleele simplesmente
simplesmente tem. tem.
O mestre
O (representado aqui
mestre (representado aqui por
por SSI) dirige-se (essa
j ) dirige-se direção éé represen-
(essa direção represen-
tada por setas)
tada setas) ao ao escravo
escravo (S2), que que está
está situado
situado na na posição
posição dodo trabalhador
trabalhador
(no canto
(no canto direito superior, também
direito superior, denominado por Lacan como
também denominado como a posição
posição
do outro).
do escravo, ao
outro). O escravo, ao trabalhar duro para
trabalhar duro para o mestre,
mestre, aprende algo: algo: ele
vem encarnar 0o saber
vem encarnar saber (saber
(saber entendido como como algoalgo produtivo),
produtivo), representado
representado
aqui por por S2. 0O mestre
mestre não se preocupa
preocupa com com o saber:
saber: contanto
contanto que tudo fun-
cione, contanto
cione, contanto que que seu poder seja mantido ou
poder seja ou aumente,
aumente, tudo está bem.
tudo está Ele
bem. Ele
não tem
não interesse algum em
tem interesse saber como
em saber como ou por por que as coisas
coisas funcionam.
funcionam .
.··Considerando capitalista como
Considerando o capitalista como mestre
mestre e o trabalhador
trabalhador como escravo, o
como escravo,
objeto (a)
objeto (a) que
que aparece
aparece no canto direito
no canto direito inferior
inferior representa excedente pro-
representa o excedente pro-
•··• duzido:
duzido: a mais-valia. Esse excedente,
mais- valia. Esse excedente, derivado
derivado da da atividade
atividade do trabalhador,
trabalhador,
· é apropriado
apropriado pelo capitalista e poderíamos
pelo capitalista poderiamos presumirpresumir queque ele,
ele, direta
direta ou in-
in-
diretamente,
diretamente, proporciona algum tipo
proporciona algum de prazer
tipo de este último:
prazer a este último: o mais-gozar.
mais-gozar.
O mestre
O mestre não não pode mostrar
mostrar nenhuma
nenhuma fraquezafraqueza e, e, conseqüentemente,
conseqüentemente,
oculta com com cuidado o0 fato fato de que ele, ele, como qualquer um, éé um
como qualquer ser da
um ser
< linguagem que que sucumbiu àà castração
castração simbólica:
simbólica: a divisão
divisão entre
entre o cons-
cons-
>ciente
ciente e o inconsciente($)
inconsciente ($) acarretada
acarretada pelo significante éé velada no
pelo significante no discurso
discurso
<do dó mestre aparece na posição
mestre e aparece posição de verdade:
verdade: a verdade dissimulada.
verdade dissimulada.
· . •··•· i As
As diversas posições em
diversas posições em cada um um dos dos quatro discursos podem ser
discursos podem ser
designadas agora
"/designadas agora da seguinte
seguinte forma:
forma:

agente
agente ~ _ _outro
o_u_tr_o_ _
verdade
verdade produto/perda
produto/perda
:-.·::>
• Seja
Seja qual for
for o materna
materna que Lacan coloca em uma dessas
Lacan coloca dessas quatro
\ posições, assume o papel
posições, ele assume papel atribuído essa posição.
atribuído a essa posição.
162
162 O sujeito
O sujeito lacaniano
lacaniano

Os
Os outros
outros três discursos
discursos são
são gerados
gérados a partir
partir do primeiro
primeiro pela
pela rotação,
rotação,
em
em seqüência,
seqüência, de cada
cada elemento
elemento no sentido
sentido contrário
contrário aos ponteiros do
aos ponteiros
relógio, um quarto "rotação".55 É
quarto de giro ou “rotação”. É possível supor que
possível supor que esses
esses
discursos adicionais
discursos adicionais ou “derivados”
"derivados" surgiram,
surgiram, ouou pelo
pelo menos foram enten-
menos foram enten-
didos, posteriormente;
didos, posteriormente; isso parece verdadeiro com
parece verdadeiro com relação
relação a, pelo menos,
pelo menos,
os dois
dois últimos
últimos dos quatro
quatro discursos,
discursos, uma vez queque o discurso
discurso do analis-
analis-
ta somente
somente apareceu
apareceu no final do século
século dezenove
dezenove e foi o discurso
discurso do analista
analista
finalmente permitiu
que finalmente entendimento do discurso
permitiu o entendimento discurso da histérica. (O dis-
histérica. (O dis-
curso mestre havia sido, há
curso do mestre muito, reconhecido
há muito, reconhecido por Hegel.)
por Hegel.)

O discurso
O discurso da
da universidade
universidade
Há séculos,
Há séculos, oo saber
saber vem sendo
sendo perseguido
perseguido
como uma defesa
como defesa contra
contra aa verdade.
verdade.
Lacan, Seminário
Lacan, Seminário 13,
13, 19 de
de janeiro 1966
janeiro de 1966

No discurso
discurso da universidade,
universidade,

S2 —* a
S1 $

"saber'' substitui
o “saber” substitui o significante
significante mestre
mestre não-senso
não-senso na posição
posição predomi-
predomi-
nante dominadora. O saber
nante dominadora. saber sistemático
sistemático é a autoridade
autoridade máxima,
máxima, reinando
reinando
no lugar da vontade cega, e tudo tem
vontade cega, sua razão. Lacan
tem sua Lacan chega
chega aoao ponto
ponto de
sugerir um tipo de movimento
sugerir histórico desde
movimento histórico desde o discurso
discurso do mestre
mestre até até o
discurso da universidade
discurso universidade que que fornece
fornece umauma forma
forma de legitimidade
legitimidade ou
racionalização da vontade
racionalização vontade dodo mestre.
mestre. Nesse sentido, ele parece
Nesse sentido, concordar
parece concordar
com a alegação
com alegação apresentada
apresentada nas décadas
décadas de 1960 1960 e de 19701970 de que que a
universidade
universidade é um braçobraço da produção capitalista (ou
produção capitalista (ou do “complexo
"complexo indus-
indus-
trial-militar", como era
trial-militar”, como era chamado
chamado naquele sugerindo que
naquele tempo), sugerindo que a verdade
verdade
atrás do discurso
oculta atrás discurso da universidade
universidade é, afinal
afinal de contas,
contas, o significante
significante
mestre. <
saber aqui interroga
O saber interroga a mais-valia
mais-valia (o (o produto
produto dasdas economias
economias capitalis-
capitalis~ \
assume a forma
tas, que assume forma de umaperda
uma perda ou ou subtração
subtração do do valor trabalhador) i )
valor do trabalhador)
racionaliza ou a justifica.
e a racionaliza justifica. O produto
produto ou perda significa o sujeito
perda significa sujeito dividido
dividido·.·.·.·. ·.
e alienado.
alienado. Uma vez vez que o
que o agente
agentê nono discurso universidade éé o sujeito / .
discurso da universidade
sapiente,
sapiente, o sujeito
sujeito desconhecido
desconhecido ou sujeito
sujeito do inconsciente éé produzido,\
do inconsciente produzido, .•·•
mas ao mesmo
mesmo tempo
tempo excluído.
excluído. A filosofia,
filosofia, diz Lacan,
Lacan, sempre serviu ao /<
sempre serviu
mestre, sempre
mestre, sempre se se colocou
colocou a serviço
serviço da racionalização
racionalização e do apoio apoio ao <
discurso
discurso do mestre
mestre da mesma
mesma forma
forma que
que o pior
pior tipo de ciência.
ciência. ><
Observe
Observe que embora
embora Lacan, a princípio,
princípio, associe
associe o discurso
discurso da univer-
univer-' )
sidade
sidade à formalização
formalização científica,
científica, com
com a matematização
matematização cada vez maior
cada vez maior da /
Os
Os quatro
quatro discursos
discursos 163
163

ciência,
ciência, mais
mais tarde ele
ele dissocia
dissocia a verdadeira
verdadeira obra
obra científica
científica do discurso
discurso da
universidade, associando-a, ao contrário,
universidade, associando-a, contrário, ao discurso
discurso da histérica.
histérica. Por
Por mais
mais
suipreendente
sutpreendente que possapossa parecer
parecer a princípio,
princípio, a visão
visão de Lacan
Lacan sobre
sobre a
atividade científica
científica genuína
genufua (explicada
(explicada em em “Ciência
"Ciência e Verdade”,
Verdade", por por
exemplo)66 realmente
exemplo) corresponde àà estrutura
realmente corresponde estrutura do discurso
discurso da histérica,
histérica,
como tentarei
como tentarei explicar
explicar mais adiante.
mais adiante.
Essa
Essa mudança
mudança é apresentada
apresentada em Televisão através
em Televisão através de wna
uma associação
associação
entre o discurso
entre discurso científico
científico e o da histérica, uma igualdade
histérica, e uma igualdade total entre
entre eles
eles
em
em “Propos
"Propos sur
sur 1’hystérie”, uma palestra
l'hystérie", uma palestra proferida
proferida na Bélgica
Bélgica em 1975.
1975.
Ela
Ela sugere
sugere que
que o tipo de saber
saber envolvido
envolvido no discurso
discurso da universidade
universidade
significa uma mera
significa wna mera racionalização,
racionalização, no sentido
sentido freudiano
freudiano mais pejorativo
mais pejorativo
do termo.
termo. Podemos
Podemos imaginá-la,
imaginá-la, nãonão como
como o tipo de pensamento
pensamento que que
procura
procura lidar com com o real para manter as dificuldades
para manter dificuldades apresentadas
apresentadas porpor
· aparentes
aparentes contradições
contradições lógicas
lógicas e/ou
e/ou físicas,
fisicas, mas como um tipo
mas como tipo de esforço
esforço
enciclopédico para
enciclopédico esgotar um campo
para esgotar campo (considerem-se
(considerem-se os 810 81 O tipos
tipos dede
personalidades de Charles
personalidades Fourier?7 e a meta
Charles Fourier meta de Auguste
Auguste Comte
Comte de chegar
chegar
a uma
uma sociologia
sociologia total).
> .· Trabalhando
Trabalhando a serviço
serviço do
do signifícante
significante mestre,
mestre, mais ou menos qualquer
menos qualquer
tipo de
·.·. <tipo de argumentação
argumentação servirá,
servirá, contanto
contanto queque ela assuma
assuma o disfarce
disfarce da razão
razão
>.·.·ee da racionalidade.
racionalidade.

>O6discurso da histérica
discurso da histérica

•> ~Ô
No discurso
discurso da histérica
histérica (que
(que é,
é, na verdade,
verdade, o quarto
quarto gerado pela sucessão
gerado pela sucessão
'(dê
de giros, e não terceiro, como
não o terceiro, como estou
estou apresentando
apresentando aqui),
aqui),

_!-?~
$ Si
S
a S22

/>dsuj~ito dividido ocupaaposição


ò sujeito dividido ocupa a posição dominante
dominante e se
se dirige
dirige ao Si,
S 1, colocando-o
colocando-o
( èm
é111 questão.
questão. Enquanto
Enquanto o discurso
discurso da
da universidade segue o exemplo
universidade segue exemplo do
i significante mestre,
signifícante desfarçando-o com
mestre, desfarçando-o com algum
algum tipo
tipo de sistema
sistema fabricado,
fabricado,
; )ihistérica
a histérica vai aoao mestre
mestre e demanda
demanda que eleele mostre substância, prove
mostre sua substância, prove
:<·suâfudole através da produção
sua índole através coisa séria
produção de alguma coisa séria em
em tetmos saber.88
termos de saber.
): :óÕ discurso histérica é exatamente
discurso da histérica exatamente o oposto
oposto do discurso
discurso da universidade,
universidade,
}; todas
tc,das· as posições são invertidas.
posições são invertidas. A histérica
histérica mantém
mantém a primazia divisão
primazia da divisão
; )subjetiva, contradição entre
subjetiva, a contradição entre o consciente
consciente e o inconsciente
inconsciente e, portanto,
portanto, a
{ riátu:reza conflitante ou
natureza conflitante ou autocontraditória
autocontraditória do desejo
desejo em
em si.
/ No canto canto direito
direito inferior,
inferior, encontramos
encontramos o saber (S2). Essa
saber (S2). Essa posição
posição
/.fli.11lbém aquela em
também é aquela em que Lacan
Lacan situa 0o gozo,
gozo, o prazer
prazer produzido
produzido por
por um
/. discurso e, portanto,
portanto, propõe
propõe que a histérica obtém prazer
histérica obtém saber. O saber
prazer do saber. saber
164
164 O sujeito
O sujeito tacaniano
lacaniano

talvez seja
talvez seja muito mais mais erotizado
erotizado no no discurso
discurso da histérica
histérica do que em em
qualquer outro
outro lugar. No discurso
discurso do mestre,
mestre, o saber
saber é valorizado
valorizado apenas
apenas
na medida em em que pode produzir
que pode produzir algo diferente, somente
algo diferente, somente enquanto
enquanto puder
ser colocado para funcionar a serviço
colocado para serviço do mestre;
mestre; no
no entanto,
entanto, o saber
saber emem si
permanece inacessível
permanece inacessível ao mestre.
mestre. No discurso
discurso da universidade, o saber
da universidade, não
saber não
é tanto um fim
fim em
em si mesmo, como
si mesmo, como aquele
aquele que justifica
justifica a própria
própria existência
existência
academia.99 A histeria,
e atividade da academia. histeria, fornece,
fornece, assim,
assim, umauma configuração
configuração
singular
singular com
com relação
relação ao saber,
saber, e acredito
acredito que essaessa seja
seja a razão
razão pela
pela qual
Lacan finalmente
Lacan finalmente identifica
identifica o discurso
discurso da ciência
ciência com
com aquele
aquele da histeria.
histeria.
Em 1970, no Seminário
Seminário 17, Lacan Lacan pensa
pensa a ciência como possuidora
ciência como possuidora da
mesma estrutura do discurso
mesma mestre. 1!O0 Ele parece
discurso do mestre. parece pensá-la
pensá-la a serviço
serviço do
mestre, como
mestre, como o faz a filosofia
filosofia clássica.
clássica. Em 1973,1973, emem Televisão,
Televisão, LacanLacan
afirma
afirma que o discurso
discurso da ciênciaciência e o discurso
discurso da histérica
histérica sãosão quase
quase
idênticos
idênticos (p.40),
(p.40), e em
em 1975
1975 ele os equipara sem reservas. 1t 11 O que
sem reservas. que o leva
leva a
fazê-lo?
Analisemos o princípio
Analisemos princípio da incerteza
incerteza de Heisenberg.
Heisenberg. Em termos simples,
Em termos
esse princípio
princípio afirma
afirma que não é possível
possível conhecer precisamente a posição
conhecer precisamente posição
de uma partícula e o seu seu momento* ao ao mesmo
mesmo tempo.
tempo. Se Se conseguirmos
conseguirmos
verificar
verificar um parâmetro,
parâmetro, o outro outro deve
deve necessariamente
necessariamente permanecer
permanecer desco-desco-
nhecido.
nhecido. Em si mesmo, suxpreendente que
mesmo, é surpreendente que tal proposição
proposição tenha tenha sido
formulada
formulada por por um cientista.
cientista. Inocentemente,
Inocentemente, muitasmuitas vezes pensamos que
vezes pensamos
cientistas são
os cientistas são pessoas
pessoas que, de forma fonna inexorável,
inexorável, aferem
aferem seus seus ins-
trumentos
trumentos até que possampossam medirmedir tudo, independente
independente de tamanhos
tamanhos minús-minús-
culos ou velocidades ofuscantes. Heisenberg,
velocidades ofuscantes. entretanto, postula um limite
Heisenberg, entretanto, limite
para nossa capacidade de medir
nossa capacidade medir e, conseqüentemente,
conseqüentemente, um limite limite verdadeiro
verdadeiro
para o conhecimento
conhecimento científico,
científico.
Se, por
por um momento, consideramos o conhecimento
momento, consideramos conhecimento científico como
científico como
um todo ou um conjunto,
conjunto, embora
embora em em expansão
expansão (poderiamos
(poderíamos imaginá-lo
imaginá-lo
como o conjunto
como conjunto ideal de todo o conhecimento
conhecimento científico,
científico, presente
presente e
futuro), então é possível inferir que Heisenberg
possível inferir afirmou que
Heisenberg afirmou conjunto é
que o conjunto
incompleto,
incompleto, o todo não
não é todo, pois existe
pois existe um buraco
buraco “impreenchível” no
"impreenchível"
12
conjunto
conjunto (Figura 9.1).12
9. 1).
Isto é similar ao que Lacan Lacan disse a respeito
respeito da histérica:
histérica: a histérica
histérica
instiga o mestre-personificado
mestre — personificado em em um parceiro, professor,
parceiro, professor, ou ou quem
quem quer
que seja
seja -— até ao ponto
ponto em em que
que ela
ela passa
passa a considerar
considerar que que falta saber
saber ao
mestre.
mestre. OuOu o mestre
mestre nãonão tem a explicação
explicação para tudo, ou seu seu raciocínio
raciocínio não
lógico. Ao dirigir-se
é lógico. dirigir-se ao mestre,
mestre, a histérica demanda que ele produza
histérica demanda produza saber
depois tenta invalidar
e depois invalidar suas suas teorias. Do ponto de vista histórico, histórico, as

** No original:
original: "momentum", significa impulso,
“momentum”, que significa impulso, ímpeto,
ímpeto, ee também
também momento (mec.) no
momento (mec.)
sentido de quantidade de movimento. (N.R.)
movimento. (N.R.)
Os quatro
Os quatro discursos
discursos 165

Figura 9.1
Figura

histéricas
00
representam uma verdadeira
histéricas representam força motriz
verdadeira força trás da
motriz por trás da elaboração
elaboração
médica,
médica, psiquiátrica
psiquiátrica e psicanalítica
psicanalítica das das teorias
teorias relativas
relativas à histeria.
histeria. As
As
histéricas levaram Freud
histéricas levaram desenvolver a teoria
Freud a desenvolver teoria e a prática
prática psicanalítica,
psicanalítica, aoao
mesmo tempo
mesmo tempo provando
provando a ele,ele, em
em seu
seu consultório,
consultório, a inadequabilidade
inadequabilidade de
seu saber e know-how.
seu saber know-how.
As histéricas,
As histéricas, como
como os os bons cientistas, não partem
bons cientistas, partem para explicar tudo,
para explicar tudo,
desesperadamente, com
desesperadamente, com o saber que já
saber que já possuem
possuem -— este este é o trabalho
trabalho do
sistematizador
sistematizador ou até até do
do compilador
compilador de enciclopédias
enciclopédias -— tampouco
tampouco dão dão
por certas que
por certas que todas
todas asas soluções
soluções serão
serão alcançadas
alcançadas algum dia. dia. Heisenberg
Heisenberg
chocou a comunidade
chocou comunidade de de físicos
fisicos quando
quando afirmou
afirmou que
que havia
havia algo,
algo, do ponto
ponto
de vista
de estrutural, que
vista estruturai, que não
não poderia ser conhecido:
poderia ser conhecido: algo
algo queque é impossível
impossível
/ ••···. conhecermos,
conhecermos, um tipo de anomalia
tipo de anomalia conceituai.
conceituai. ·
/ Problemas e paradoxos
Problemas semelhantes surgiram
paradoxos semelhantes surgiram na lógica
lógica e na na matemáti-
matemáti-
( •.· ca, ca, como
como vimos
vimos nos capítulos 3 e 7.
nos capítulos 7. Na terminologia usada
Na terminologia usadapor por Lacan,
Lacan, essas
essas
> impossibilidades
impossibilidades estão estão relacionadas
relacionadas ao ao real
real que
que é conhecido
conhecido pelo pelo nome
nome dede
i< objeto
objeto a.
< .. ·.. Portanto,
Portanto, no discurso da histérica,
no discurso objeto a aparece
histérica, o objeto aparece na na posição
posição de
/ .·• .. verdade.
verdade. IssoIsso significa
significa que
que a verdade do do discurso
discurso da histérica, sua
da histérica, sua força
força
·. ·.·•·. •·•. ·•· · motriz
motriz oculta,
oculta, é o real.
real. A
A física,
fisica, quando praticada
praticada com
com o verdadeiro
verdadeiro espírito
espírito
/ científico, também
científico, também é ordenada
ordenada e comandada
comandada pelo pelo real, isto é,
real, isto é, por aquilo
por aquilo
) que não
que não funciona, por por aquilo queque não
não sese encaixa.
encaixa. Ela
Ela não busca cuidado-
busca cuidado-
) samente sarnente reconciliar
reconciliar os os paradoxos
paradoxos e as as contradições,
contradições, numa tentativa
tentativa de
> provar que a teoria
provar que teoria não
não tem
tem lacunas
lacunas- que funciona em
— que em todas
todas asas instâncias
instâncias
.· > -mas —mas procura
procura levar essesesses paradoxos
paradoxos e contradições
contradições o mais longe longe possível.
possível.

{. Ó discurso do
O discurso do analista
analista

? Analisemos discurso analítico:


Analisemos o discurso analítico:

~.1.
aa —> $
SS22 Si
S1

{ •1 Aqui, o objeto
objeto a, como
como causa
causa do desejo, é o agente
agente que
que ocupa
ocupa a posição
posição
. •<predominante dominadora. O
predominante ou dominadora. O analista
analista desempenha
desempenha a função
função de
de pura
pura
166
166 O sujeito
O sujeito lacaniano
lacaniano

condição desejante
condição desejante (puro
(puro sujeito
sujeito desejante),
desejante), e interroga
interroga o sujeito
sujeito na suasua
divisão, precisamente
divisão, precisamente naqueles
naqueles pontos onde a divagem
pontos onde clivagem entre
entre o consciente
consciente
inconsciente aparece:
e o inconsciente aparece: lapsos
lapsos de de língua,
língua, atos falhos
falhos e involuntários,
involuntários, fala fala
ininteligível, sonhos,
ininteligível, sonhos, etc. Dessa
Dessa forma,
forma, o analista
analista leva
leva o paciente traba-
paciente a traba-
associar, e o produto
lhar, a associar, dessa associação
produto dessa associação árduaárdua é um novo significante
novo significante
mestre. O paciente, certa forma,
paciente, de certa forma, “expele”
"expele" wn significante mestre
um significante mestre queque
ainda não se se relacionou
relacionou comcom qualquer
qualquer outrooutro significante.
significante.
Na análise
análise do discurso
discurso do mestre,
mestre, referi-me
referi-me ao S Sij como
como o significante
significante
sem nenhwn
sem nenhum nexonexo ou razão. Quando aparece
razão. Quando concretamente na
aparece concretamente situação
na situação
analítica, um significante
analítica, significante mestre apresenta-se como
mestre apresenta-se como um um beco
beco semsem saída,
saída,
um ponto entrave, um termo, uma
ponto de entrave, uma palavra
palavra ou ou uma
uma frase
frase que
que coloca
coloca um
fim àà associação,
associação, que gera
gera uma interrupção
interrupção do do discurso
discurso do do paciente. Como
paciente. Como
vimos
vimos no capítulo
capítulo 6, pode
pode serser um nome própriopróprio (o(o nome
nome do paciente
paciente ou do do
analista), uma
analista), uma referência
referência à morte
morte de uma uma pessoa amada, o nome
pessoa amada, nome de uma uma
doença (AIDS, câncer,
doença {AIDS, psoríase, cegueira)
câncer, psoríase, cegueira) ou várias
várias outras
outras coisas. tarefa
coisas. A tarefa
análise é levar
da análise levar tais significantes
significantes mestres
mestres a se se relacionarem
relacionarem com com outros
outros
significantes, isto é, a dialetizar
significantes, dialetizar os significantes
significantes mestres
mestres queque ela
ela produz.
produz.
envolve confiança
Isso envolve confiança no discurso
discurso do mestre,
mestre, ou ou como
como é possível
possível
visualízá-}Q
visualizá-lo aqui, recurso àà estrutura
aqui, o recurso estrutura fundamental da significação:
significação: um um
vínculo precisa
vínculo ser estabelecido
precisa ser estabelecido entre entre cada
cada significante
significante mestre
mestre e um um
significante binário
significante forma que a subjetivação
binário de tal forma subjetivação ocorra.
ocorra. O sintoma
sintoma em em
si pode apresentar-se como
pode apresentar-se como um significante
significante mestre;
mestre; de fato, à medida
medida que que
a análise continua
continua e quantos
quantos maismais aspectos
aspectos da vidavida de uma pessoa vão
uma pessoa vão sendo
sendo
vistos como
como sintomas,
sintomas, cada
cada atividade
atividade ou dor dor sintomática
sintomática pode pode apresentar-
apresentar-
trabalho analítico
se no trabalho analítico como
como umauma palavra
palavra ou frasefrase que
que simplesmente
simplesmente é, é,
que parece
parece não significar
significar nada para para o sujeito.
sujeito. No Seminário
Seminário 20, Lacan Lacan se se
refere
refere ao S SIj no discurso
discurso analítico
analítico como
como la bêtise (estupidez ou “besteira”),
bêtise (estupidez "besteira"),
referência ao caso do pequeno
uma referência Hans, que
pequeno Hans, que fala
fala de sua
sua fobia por cavalos
por cavalos
como
como la bêtise.
bêtise, como Lacan a traduz
como Lacan (p.211). É
traduz (p.2 É um pedaço
pedaço de não-senso
não-senso
13
produzido
produzido pelopelo processo analítico em
processo analítico em si.
si.13
O S2S2 aparece
aparece no discurso
discurso analítico
analítico no lugar
lugar da verdade
verdade (posição
(posição esquer-
esquer-
inferior). O S2
da inferior). S2 representa
representa aqui o saber, saber, mas obviamente
obviamente não não o tipo de
saber
saber que
que ocupa
ocupa a posição
posição predominante
predominante no discursodiscurso da universidade.
universidade. O
saber em
saber em questão
questão aqui é o saber saber inconsciente,
inconsciente, aqueleaquele saber
saber queque está
está
imbricado
imbricado na na cadeia
cadeia significante
significante e que que ainda precisa ser
ainda precisa ser subjetivado.
subjetivado. Onde Onde
esse saber
esse saber estava,
estava, o sujeito
sujeito deve
deve vir ser.
vir a ser.
Contudo, de acordo
Contudo, acordo comcom Lacan, enquanto
enquanto o analista
analista adota
adota o discurso
discurso
analítico, o analisando
analisando é inevitavelmente histericizado, no decorrer
inevitavelmente histericizado, decorrer da
análise. O analisando,
analisando, independente
independente de sua estruturaestrutura clínica
clínica- — seja
seja fóbica,
fóbica,
perversa, ou obsessivo-compulsiva
perversa, obsessivo-compulsiva-é — é empurrado
empurrado de volta para o discurso
volta para discurso
histérica.
da histérica.
Os quatro
Os quatro discursos
discursos 167
167

1 -> Si
a S2

Por
Por que isso
isso acontece?
acontece? Porque
Porque 0o analista
analista coloca
coloca o sujeito
sujeito como
como dividido,
dividido,
como contraditório,
como contraditório, na linhalinha de fogo, digamos assim. O analista
digamos assim. analista não
questiona
questiona as teorias
teorias do neurótico
neurótico obsessivo
obsessivo a respeito
respeito da poética
poética de
Dostoievski,
Dostoievski, por por exemplo, mostrar ao neurótico
exemplo, tentando mostrar neurótico onde suas suas opi-
opi-
niões
niões intelectuais
intelectuais sãosão inconsistentes.
inconsistentes. Esse tipo de obsessivo
obsessivo podepode tentar
tentar
falar
falar durante
durante suas
suas sessões
sessões de análise partir da
análise a partir posição de S2
da posição 82 no discurso
discurso
da universidade
universidade (acadêmico), porém engajar
(acadêmico), porém engajar o analisando
analisando a esse esse nível
permite que ele permaneça
permite permaneça nessa postura específica.
nessa postura Em lugar
específica. Em lugar disso,
disso, é
possível imaginarmos
possível imaginarmos que o analista
analista ignore
ignore uma crítica
critica de meia
meia hora sobre
sobre
as opiniões
opiniões de de Bakhtin a respeito
respeito do estilo dialógico de Dostoievski
estilo dialógico Dostoievski e
concentre-se lapso de língua ou na ambigüidade por
concentre-se no lapso por menor
menor que que seja,
seja, da
fala do analisando.
analisando. PorPor exemplo,
exemplo, uma analisanda usa a metáforametáfora gráfica
gráfica
“near misses”*
"near para descrever
misses"" para momentos difíceis
descrever momentos dificeis durante a publicação
publicação de
seu artigo
seu artigo sobre
sobre Bakhtin, e o analista
analista sabe
sabe que ela
ela fugira dede seu país
país de
origem logo após
origem logo após ter rejeitado
rejeitado uma proposta
proposta de casamento inesperada
inesperada e
indesejada
indesejada (“near
("near Mrs”).
Mrs").
Portanto, o analista,
Portanto, analista, apontando para o fato de que 0o analisando
analisando não nao é o
0
mestre
mestre de seu próprio discurso, instala-o
próprio discurso, como dividido
instala-o como dividido entre
entre sujeito
sujeito
consciente e algum outro (sujeito)
falante consciente (sujeito) falante ao mesmo
mesmo tempo, através
tempo, através
. do mesmo
mesmo porta-voz,
porta-voz, como
como agente de um discurso
discurso onde os 81 produzidos
os Si produzidos
durante a análise
análise são
são interrogados
interrogados e forçados
forçados a revelar seus vínculos
revelar seus com
vínculos com
S2 (como
S2 (como no discurso
discurso da histérica). Está claro
histérica). Está claro que a força motriz do
força motriz
processo objeto a -— o analista
processo é o objeto analista operando como como pura capacidade
14
desejante.14
desejante.

} .· A situação social
A situação da psicanálise
social da psicanálise
< ·. Referi-me anteriormente ao
Referi-me anteriormente ao fato de que a psicanálise
psicanálise não em si mesma,
não é, em mesma,
) •.·• um discurso de poder:
um discurso ela não se integra
poder: ela integra ao discurso
discurso do mestre. Contudo,
mestre. Contudo,
< .• . a opinião dos americanos sobre a cena
americanos sobre cena psicanalítica lacaniana -na
psicanalítica lacaniana — na França
França
< ou alhures -— muitas vezes
vezes engloba
engloba pouco que as lutas de poder
pouco mais do que poder
• / ·• ·• em que se se engajam analistas individualmente e escolasescolas de psicanálise
psicanálise
) •.• •· contra outros escolas.!15s Uma vez que a psicanálise é uma prática
outros analistas e escolas. prática
·< social, ela
social, ela obviamente opera em ambientes
opera em ambientes sociais
sociais e políticos
políticos que contêm
contêm
· / discursos
discursos rivais e muitas
muitas vezes antagônicos:
antagônicos: o discurso
discurso médico
médico que pro-
pro-

:j> ** Significa "erros


“erros pequenos".
final do parágrafo.
pequenos”. O
(N.T.)
parágrafo. (N.T.)
O autor faz um trocadilho com “near
"near Mrs" [quase senhora]
Mrs” [quase senhora] no
168
168 O sujeito Jacaniano
O sujeito lacaniano

move as as bases
bases e osos tratamentos fisiológicos de “desordens”
tratamentos fisiológicos "desordens" mentais,
mentais, os
discursos “científicos”
discursos "científicos" e filosóficos
filosóficos queque procuram
procuram minar as as fundações
fundações
clínicas da psicanálise,
teóricas e clínicas psicanálise, osos discursos
discursos políticos econômicos que
políticos e econômicos que
buscam
buscam reduzir extensão e o custo
reduzir a extensão custo da terapia
terapia psicanalítica, discurso
psicanalítica, o discurso
psicológico que
psicológico busca atrair pacientes
que busca pacientes como
como adeptos
adeptos e assim por diante.
assim por
circunstâncias, a psicanálise
Em tais circunstâncias, psicanálise toma-se
toma-se mais uma uma política lobista
política lobista
outras e não
entre tantas outras não pode fazer mais do que
pode fazer que tentar
tentar defender
defender seu
seu direito
direito
existir nos contextos
de existir contextos políticos
políticos emem constante
constante evolução.
evolução.
Em Paris
Paris e outras
outras cidades
cidades onde
onde a psicanálise lacaniana tornou-se
psicanálise lacaniana tomou-se um um
movimento significativo,
movimento significativo, asas pessoas escolas competem
pessoas e as escolas competem pelo domínio
pelo domínio
teórico e/ou
teórico e/ou clínico,
clínico, pela influência política,
pela influência política, pelo apoio universitário,
pelo apoio universitário, pelos
pelos
cargos em
cargos em hospitais,
hospitais, pelos
pelos pacientes,
pacientes, e pela
pela popularidade
popularidade pura simples.
pura e simples.
esse um
Será esse
Será um produto necessário do discurso
produto necessário discurso psicanalítico como o vemos
psicanalítico como vemos
operando na situação
operando situação analítica?
analítica? Não acredito. Ele pode
Não acredito. certamente ter um
pode certamente um
impacto negativo
impacto negativo sobre
sobre a capacidade
capacidade de um analista
analista dede aderir
aderir completa-
completa-
mente discurso analítico
mente ao discurso analítico na situação de análise,
na situação análise, mas
mas não parece ser
parece ser
inerente ao discurso
inerente discurso analítico
analítico como
como tal. Essa
Essa alegação
alegação será,
será, sem
sem dúvida,
questionada por muitos,
questionada devido àà longa
muitos, devido longa história
história de dissidências
dissidências e disputas
disputas
na psicanálise. Porém, eu sustentaria
psicanálise. Porém, sustentaria que estas
estas últimas
últimas resultam
resultam da adoção
adoção
de outros discursos por
outros discursos por parte dos analistas,
analistas, tão logologo começa
começa a ins- ins-
titucionalização (a formação
formação das das escolas,
escolas, a consolidação
consolidação da doutrina,
doutrina, o
treinamento
treinamento de novos
novos analistas,
analistas, a estipulação
estipulação de exigências
exigências de licencia-
licencia-
mento, etc.), não discurso analítico
não do discurso analítico em Há limites
em si. Há limites quando
quando sese trata
trata de
poder dever aderir
poder e dever aderir ao discurso
discurso analítico
analítico emem contextos
contextos diferentes
diferentes da
situação de análise!
situação análise!

Não há
Não há metalinguagem
metalinguagem

Não
Não há
há uma metalinguagem
metalinguagem ou metadiscurso
metadiscurso que de alguma forma forma consiga
consiga
escapar às limitações
escapar limitações dos
dos discursos
discursos abordados
abordados acima,
acima, uma
uma vez
vez que o
indivíduo está
indivíduo está sempre
sempre operando
operando dentro de um discurso
de um discurso específico,
específico, mesmo
mesmo
sobre o discurso
quando fala sobre discurso em
em termos
termos gerais.
gerais. O ponto forte da psicanálise
ponto forte psicanálise
não reside
reside no fornecimento
fornecimento de um ponto
ponto arquimediano
arquimediano forafora do
do discurso,
discurso,
mas simplesmente na elucidação
mas simplesmente elucidação da estrutura
estrutura do discurso
discurso emem si. Todo
Todo
16
discurso
discurso requer perda de
requer uma perda de gozo
gozol6 (ver
(ver capítulo
capítulo 8) e tem
tem sua própria
sua própria
mola
mola mestra
mestra ou verdade
verdade (com
(com freqüência,
freqüência, cuidadosamente
cuidadosamente dissimulada).
dissimulada).
Cada
Cada discurso
discurso define
define essa perda de formas
essa perda fonnas diferentes,
diferentes, começando
começando a partir
de uma
uma mola mestra
mestra diferente. Marx elucidou
elucidou determinadas
determinadas características
características
discurso capitalista,
do discurso capitalista, e Lacan também
também elucida
elucida as características
características de outros
outros
discursos. É
discursos. É somente
somente após
após identificarmos
identificarmos as características
características específicas
específicas de
um discurso que podemos
um discurso como ele funciona.
podemos saber como funciona.
Os quatro
Os quatro discursos
discursos 169
169

primeira vez que Lacan


A primeira Lacan apresenta
apresenta os quatro
quatro discursos,
discursos, parece
parece sugerir
sugerir
que não
não existem
existem outros.
outros. Isso significa
significa que
que toda forma
forma de atividade
atividade discur-
discur-
siva concebível
concebível se enquadra em um desses quatro discursos?
discursos? Deixarei
Deixarei essa
essa
pergunta sem
pergunta sem resposta
resposta até o próximo
próximo capítulo,
capítulo, no qual examinarei
examinarei a questão
questão
da ciência.
ciência.
capítulo dez
capítulo dez

Psicanálise ee ciência
Psicanálise ciência

O status da psicanálise
psicanálise comcom relação
relação à ciência
ciência é, em
em geral, tratado
tratado nos
nos
Estados Unidos da América
Estados maneira ingênua.
América de maneira ingênua. Presume-se
Presume-se que que a Ciência
Ciência
maiúsculo) é um
(com C maiúsculo) conjunto auto-evidente
um conjunto auto-evidente de “corpos
"corpos dede conheci-
conheci-
mento” (em
mento" (em contraste
contraste comcom um grupo
grupo variado
variado de práticas
práticas sociais
sociais contes-
contes-
tadas calorosamente),
calorosamente), um conjunto
conjunto fixo
fixo de procedimentos
procedimentos de de verificação
verificação
e refutação,
refutação, métodos
métodos de de construção
construção de modelos,
modelos, processos formulação
processos de formulação
de conceitos, assim por
conceitos, e assim diante -— isto é, quando
por diante quando aqueles
aqueles que debatem
debatem a
ciência conhecem
ciência conhecem algo algo do trabalho
trabalho científico.
científico.
Entretanto, a ciência
Entretanto, ciência não é o edifício
edifício monolítico
monolítico que os positivistas
positivistas e o
senso comum
senso comum americano
americano entendem
entendem ser. Pesquisas
Pesquisas em história
história e filosofia
filosofia
ciência, na última parte
da ciência, século vinte, assim
parte do século assim como
como nas ciências
ciências
individuais em si 1I,, têm
individuais têm refutado
refutado decisivamente
decisivamente a noção cada ciência
noção de que cada ciência
está baseada
baseada em em um conjunto
conjunto de proposições axiomáticas “matematizá-
proposições axiomáticas "matematizá-
veis'', entidades
veis”, entidades empíricas
empíricas mensuráveis conceitos puros.
mensuráveis e conceitos puros. Não existe,
Não existe,
potencialmente, nenhum consenso
potencialmente, nenhum consenso entre
entre cientistas,
cientistas, filósofos
filósofos e historiado-
historiado-
com relação
res com relação ao queque constitui
constitui ou não uma ciência.
ciência. No entanto
entanto isso
isso não
não
tem, de forma
forma alguma,
alguma, desencorajado
desencorajado o respeito ciência nos
respeito à ciência Estados
nos Estados
Unidos, onde toda afirmação
Unidos, onde afirmação deve
deve buscar aprovação das
buscar a aprovação das Autoridades
Autoridades
Científicas reconhecidas,
Científicas reconhecidas, e onde onde espera-se
espera-se que
que a solução
solução para
para todos
todos os
problemas seja fornecida
problemas seja fornecida pela "ciência exata”.
pela “ciência exata".

A ciência
ciência como
como discurso
discurso

O fato é que ciência é um discurso.


que a ciência discurso. Embora possa parecer
Embora possa parecer banal,
banal, essa
essa
afirmação implica
afirmação implica o destronamento
destronamento da Ciência
Ciência e sua
sua reavaliação
reavaliação emem termos
termos
discurso entre
de um discurso entre muitos. Freud pode ser
muitos. Freud ser interpretado
interpretado como
como tendo
traduzido “racionalidade”
"racionalidade" como
como “racionalização”,
"racionalização", e a teoria
teoria do
do discurso
discurso de
de
Lacan
Lacan sugere
sugere que existem
existem tantas definições
definições com relação àà racionalidade
com relação racionalidade

170
170
Psicanálise ee ciência
Psicanálise ciência 171
171

quanto háhá discursos


discursos diferentes.
diferentes. Cada
Cada discurso,
discurso, ao ao buscar seus próprios
buscar seus fins
próprios fins
e suas próprias
próprias molas
molas mestras,
mestras, tenta fazer com
tenta fazer com que
que sua
sua forma
fonna dede raciona-
raciona-
lidade prevaleça.
prevaleça.
Sem dúvida,
Sem dúvida, há há muitas formas de
muitas formas de discurso
discurso científico
científico na atualidade,
na atualidade,
algumas das
algumas das quais
quais (as
(as piores)
piores) podem
podem serser incluídas
incluídas no discurso da univer-
no discurso univer-
sidade, analisado
sidade, analisado no no último
último capítulo (a ciência
capítulo (a ciência como
como uma justificativa
justificativa e
como um meio
como meio de de aumentar
aumentar cada
cada vez
vez mais
mais o poder mestre), outras
poder do mestre), outras
podem
podem serser incluídas
incluídas no no discurso
discurso da
da histérica, assim por
histérica, e assim diante.
por diante.
Parece-me
Parece-me que que uma maneira útil de
uma maneira de compreender
compreender a relação
relação entre
entre oo
discurso psicanalítico
discurso discurso científico,
psicanalítico e o discurso científico, em termos
termos da contribuição
contribuição
de Lacan
de Lacan para
para a teoria do discurso
teoria do discurso na
na década
década de de 11970, começa no
970, começa Seminário
no Seminário
221. Entretanto, antes
1. Entretanto, antes de nos dirigirmos a esta
nos dirigirmos esta relação,
relação, resumirei aborda-
resumirei a aborda-
gem de Lacan
gem sobre a relação
Lacan sobre relação entre
entre psicanálise ciência em
psicanálise e ciência em meados
meados da
década de
década de 1960.
1960.

Suturando o sujeito
Suturando sujeito

Lacan, muito interessado,


Lacan, muito interessado, naquela
naquela época,
época, em estabelecer
estabelecer a psicanálise
psicanálise
como uma
como uma ciência,
ciência, coloca
coloca a seguinte
seguinte questão:
questão: Todos
Todos os os discursos
discursos científi-
científi-
cos atualmente
cos atualmente existentes
existentes têmtêm alguma
alguma coisacoisa em comum? Já
em comum? discuti sua
Já discuti
resposta essa pergunta
resposta a essa pergunta em outro outro lugar,
lugar, em um ensaioensaio sobre
sobre “Ciência
"Ciência e
verdade” 2 , e a resumirei
verdade"2, resumirei bastante aqui: a ciência
bastante aqui: ciência “sutura”
"sutura" o sujeito,
sujeito, isto
isto é,
é,
· . despreza
despreza o sujeito,
sujeito, excluindo-o
excluindo-o de seu seu campo.
campo. PeloPelo menos
menos ela ela tenta fazê-lo
tenta fazê-lo
. ·· ao
ao máximo, nunca conseguindo
máximo, nunca completamente.33 Isto
conseguindo completamente. Isto éé verdade
verdade no no que sese
refere àà escola
refere escola estruturalista
estruturalista de Lévi-Strauss
Lévi-Strauss assim como àà física
assim como física de
·· . Newton; sujeito falante
Newton; o sujeito falante é considerado
considerado irrelevante
irrelevante para
para oo campo.
campo. Enquan-
Enquan-
to estava,
to estava, a princípio, animado pela
princípio, animado pela perspectiva
perspectiva de de fundar
fundar a psicanálise
psicanálise
> como uma
como ciência em
uma ciência em bases semelhantes àquelas
bases semelhantes àquelas da lingüística
lingüística e da
· antropologia estrutural, mais
antropologia estrutural, mais tarde Lacan diferencia
tarde Lacan diferencia a psicanálise
psicanálise das das
· últimas duas duas disciplinas
disciplinas na na medida
medida em em que
que elas
elas não levam em
não levam em consideração
consideração
verdade: a causa
••· a verdade', causa e, portanto, oo sujeito
e, portanto, sujeito que resulta dessa
que resulta dessa causa.
causa.
· Se Se podemos afirmar que a ciência
podemos afirmar ciência lida comcom a verdade, somente porque
verdade, é somente porque
ela a reduz a um
ela um tipo
tipo dede valor.
valor. Nas
Nas tabelas verdade, as
tabelas de verdade, as letras
letras V
(verdadeiro) e FF (falso)
(verdadeiro) (falso) são
são atribuídas
atribuídas a diversas
diversas combinações
combinações possíveis
possíveis de
proposições, como na
proposições, como Tabela 10.1.
na Tabela 10.1. SeSe eu
eu declaro
declaro que LacanLacan foi foi francês
francês
>(proposição
(proposição A) A) e que
que ele
ele nunca
nunca pôs
pôs osos pés fora da
pés fora da França (proposição B),
França (proposição B),
?parapara que a minha afirmação como
minha afirmação como um todo seja verdade, ambos, A
verdade, ambos, A e B,
B,
/devem
devem serser verdadeiros individualmente.
verdadeiros individualmente.
/ quatro linhas na tabela
As quatro tabela da verdade representam todas
verdade representam todas asas quatro
>combinações
combinações possíveis consideradas por
possíveis consideradas esse tipo
por esse tipo de
de lógica
lógica proposicional.
proposicional.
\ Apode
A pode serser tanto
tanto verdadeiro
verdadeiro quanto
quanto falso,
falso, e B pode
pode serser tanto
tanto verdadeiro
verdadeiro
172 O sujeito
O sujeito lacaniano
lacaniano

Tabela 10.1
A B
B AeB
AeB
V V V linha 11
linha
V F.
F F
F linha2
linha 2
F
F V F
F linha3
linha 3
FF F
F F
F !inha4
linha 4

quanto falso; portanto qualquer combinação


portanto qualquer combinação desses
desses valores
valores de verdade
verdade é
teoricamente possível.
teoricamente apenas um deles
possível. Se apenas deles for verdade,
verdade, minha afirmação
afirmação
como um todo
como todo é falsa. É somente quando ambos
É somente ambos são verdadeiros
verdadeiros que minha
minha
afirmação como
afirmação como um todotodo é verdadeira (linha superior).
verdadeira (linha superior).
ciência confia
A ciência confia nas denominações de “verdadeiro”
nas denominações "verdadeiro" e “falso”,
"falso", mas estas
estas
assumem
assumem um sentidosentido somente
somente dentro
dentro de uma lógica proposicional ou
lógica proposicional
simbólica: elas são valores
simbólica: compreensíveis dentro
valores compreensíveis dentro do campo
campo definido
definido por
por
aquela ciência
aquela ciência e não pretendem independente. 4
validade independente.4
pretendem uma validade
"Verdadeiro" e "falso"
“Verdadeiro” são, portanto,
“falso” são, portanto, valores
valores simples no discurso
discurso
científico,
científico, como
como mais e menos,
menos, 0O e 1: eles
eles são
são opostos binários que
opostos binários
representam
representam um papel em em um contexto
contexto específico.
específico. A Verdade
Verdade comcom V
maiusculo, por
maiúsculo, outro lado, é colocada de lado, relegada
por outro relegada a outras disciplinas,
disciplinas,
como poesia
como literatura ou religião
poesia e literatura religião e filosofia.
psicanálise, ao contrário,
A psicanálise, contrário, dá precedência
precedência àquilo que que coloca
coloca em em
natureza autoconfirmadora
questão a natureza autoconfirmadora de seus seus próprios axiomas: o real,
próprios axiomas: real, o
impossível, aquilo
aquilo que
que não funciona.
funciona. Essa
Essa é a Verdade pela
pela qual a psica-
psica-
nálise se
nálise se responsabiliza.
responsabiliza. A principal forma que
principal forma que ela toma impossibilidade
toma é a impossibilidade
da relação sexual.
relação sexual.

Se a ciência lida com


Se com um sujeito, este é apenas
um sujeito, apenas o sujeito
sujeito cartesiano
cartesiano
consciente, senhor
consciente, senhor de seus
seus próprios
próprios pensamentos,
pensamentos, os quais sãosão um correlato
correlato
de seu ser. As ciências existentes
As ciências existentes certamente
certamente não consideram
consideram o sujeito
sujeito
dividido de afirmações
afirmações como: “Eu "Eu sou não penso"
sou onde não penso” e "Eu
“Eu penso
penso onde
não sou”.
sou".
A ciência,
ciência, a principal
principal metalinguagem
metalinguagem da América,
América, sutura
sutura o sujeito
sujeito
lacaniano, suturando
lacaniano, suturando suasua causa
causa (como
(como Verdade)
Verdade) no mesmo gesto.55 Na
mesmo gesto. Na
medida em
medida em que elaela exclui
exclui o sujeito
sujeito e o objeto
objeto psicanalítico, opinião de
psicanalítico, a opinião
Lacan na década
década de 1960 é de que a ciência terá que sofrer
ciência terá sofrer algumas
mudanças significativas
significativas antes
antes que a psicanálise
psicanálise possa ser incluída
possa ser incluída em seu
seu
escopo.
escopo. EmEm outras palavras, a formalização
outras palavras, formalização da psicanálise
psicanálise em maternas e
em maternas
estruturas
estruturas clínicas
clínicas rigorosamentes
rigorosamentes definidas
definidas -— tão característica
característica das obras
obras
de Lacan nesse estágio -— não é suficiente
nesse estágio para tomar
suficiente para tomar a psicanálise
psicanálise uma
ciência, pois esta
esta ainda
ainda não é capaz de abrangê-la.
abrangê-la. A ciência
ciência deve primeiro
deve primeiro
Psicanálise ee ciência
Psicanálise ciência 173
173

conseguir lidar
conseguir lidar com
com a especificidade
especificidade do objeto psicanalítico. 66 Naquele
objeto psicanalítico. Naquele
momento, então,
momento, então, a opinião
opinião de Lacan ciência ainda
Lacan é que a ciência ainda não
não está
está à altura
altura
tarefa de acomodar
da tarefa acomodar a psicanálise.
psicanálise.

No Seminário
Seminário 10, Lacan associa
associa o suposto
suposto progresso ciência com
progresso da ciência com a
nossa incapacidade
nossa incapacidade crescente
crescente dede pensar categoria de
pensar a categoria de “causa”.
"causa". AoAo preen-
preen-
cher continuamente
cher continuamente a “lacuna”
"lacuna" entre
entre causa
causa e efeito,
efeito, a ciência,
ciência, dede forma
forma
progressiva, elimina o conteúdo
progressiva, elimina conteúdo do conceito
conceito de “causa”,
"causa", e os
os acontecimen-
acontecimen-
tos são
tos são entendidos
entendidos evoluindo
evoluindo harmoniosamente
harmoniosamente para outros acontecimen-
para outros acontecimen-
tos, de
de acordo
acordo comcom “leis”
"leis" de conhecimento
conhecimento geral.
geral. Lacan
Lacan compreende
compreende a
causa em
causa em um um sentido
sentido mais radical, como
mais radical, como aquilo
aquilo que rompe
rompe o suave suave
interações do tipo legais.
funcionamento das interações legais. A causalidade
causalidade na ciência
ciência é
absorvida no que
absorvida que éé possível chamar de estrutura
possível chamar estrutura -— a causa
causa leva
leva ao
ao efeito
efeito
coajunto de leis cada
dentro de um conjunto cada vez
vez mais
mais completo.
completo. A causa
causa como
como algo
algo
que não
que obedece às leis e que permanece
não obedece inexplicável do
permanece inexplicável do ponto vista do
ponto de vista
conhecimento científico,
conhecimento científico, tomou-se
tornou-se inconcebível.
inconcebível. A tendência
tendência geral
geral é pre-
pre-
que será
sumir que será apenas
apenas uma questão de tempo
uma questão até que
tempo até que a ciência
ciência possa
possa
explicá-la.
explicá-la.
diferencia a psicanálise
O que diferencia psicanálise das ciências éé que
das ciências que ela considera
considera a causa,
causa,
e o sujeito
sujeito em
em sua
sua relação
relação libidinal com a causa, enquanto a linguística,
lingüística, por
por
exemplo, considera
exemplo, considera o sujeito
sujeito somente
somente comocomo determinado
determinado pela ordem
pela ordem
simbólica, a saber,
simbólica, saber, pelo significante. A psicanálise,
pelo significante. psicanálise, portanto,
portanto, trabalha com
trabalha com
duas faces
as duas faces do
do sujeito:
sujeito: (1) o “sujeito
"sujeito puro" combinatória ou
puro” da combinatória ou da matriz
matriz
-— o sujeito
sujeito sem
sem causa,
causa, digamos
digamos assim,
assim, e (2) o “sujeito
"sujeito saturado”,
saturado", comocomo
Lacan chama77 -— isto é, o sujeito
Lacan o chama sujeito em
em relação
relação a um objeto
objeto de gozo
gozo (um
(um
objeto libidinal),
objeto Iibidinal), o sujeito
sujeito enquanto
enquanto uma postura adotada com
postura adotada com relação
relação ao
gozo.
Na década de 1960,
Na década 1960, o projeto
projeto da psicanálise lacaniana é manter
psicanálise lacaniana manter e
explorar em
explorar em profundidade esses dois
profundidade esses dois conceitos
conceitos primordiais
primordiais -— a causa
causa e o
sujeito-por
sujeito mais paradoxal
— por mais que pareçam.
paradoxal que pareçam. Nesse
Nesse ponto obra de Lacan,
ponto da obra Lacan,
··as diferenças entre
as diferenças entre a ciência
ciência e a psicanálise
psicanálise parecem completamente
parecem completamente
intransponíveis.
intransponíveis.

A ciência, oo discurso
A ciência, discurso da
da histérica
histérica ee aa teoria psicanalítica
teoria psicanalítica

·• Essa situação
situação muda, até certo
certo ponto, quando Lacan
ponto, quando Lacan identifica
identifica o verdadeiro
verdadeiro
.·. .· discurso
discurso científico
cientítico com
com o discurso
discurso da histérica,
histérica, como
como mencionei
mencionei no último
último
capítulo. A obra
obra científica
científica genuína
genuína não
não exclui
exclui a causa
causa como
como aquilo
aquilo que
>interrompe
interrompe o funcionamento normal da atividade
funcionamento normal regida por
atividade regida por leis, mas
mas tenta
tenta
considerá-la, de alguma
considerá-la, alguma forma, como
como no caso
caso dodo princípio incerteza de
princípio de incerteza
•·····Heisenberg. real que
Heisenberg. O real que a ciência
ciência confronta
confronta não é precisamente contornado
precisamente contornado
174
174 O sujeito
O sujeito lacaniano
/acaniano

mas trazido
trazido para dentro da teoria
para dentro que ele
teoria que ele contraria.
contraria. A verdade,
verdade, enquanto
enquanto
encontro
encontro com o real, não é eliminada,eliminada, mas confrontada.
confrontada. NesteNeste caso,
caso, é
possível considerar o físico como permitindo-se
possível considerar permitindo-se ser ser ludibriado,
ludibriado, funcionan-
funcionan-
8
do como
como algo que que não o diferecia
diferecia do sujeito
sujeito do conhecimento.
conhecimento. 8 Nesse Nesse
sentido, o discurso
sentido, discurso científico
científico e o discurso
discurso da da histérica
histérica coincidem.
coincidem.
Mas qual é o lugar
lugar da psicanálise?
psicanálise? O discurso psicanalítico, da maneira
discurso psicanalítico, maneira
como
como opera
opera na situação
situação analítica,
analítica, é claramente
claramente distinto
distinto do discurso
discurso da
histérica
histérica e não
não está
está envolvido
envolvido no edifício
edifício teórico,
teórico, mas
mas em uma práxis práxis
definida por fins psicanalíticos
definida por psicanalíticos específicos; baseada no desejo
específicos; baseada desejo enigmático
enigmático
do analista, a psicanálise
psicanálise tem comocomo objetivo
objetivo a subjetivação,
subjetivação, a separação,
separação, a
travessia
travessia da fantasia,
fantasia, etc. Não
Não é wnauma prática
prática baseada
baseada na na compreensão
compreensão,, nem nem
para analista nem
para o analista nem para analisando, mas está
para o analisando, está baseada
baseada em em uma
uma determi-
detenni-
nada
nada eficiência
eficiência (no sentido
sentido da palavra
palavra usada por Aristóteles).
usada por Aristóteles).
discurso psicanalítico,
O discurso maneira como
psicanalítico, da maneira como opera
opera no edifício
edifício teórico,
por outro
por outro lado, na medida
medida em em que
que trata com seriedade
seriedade a Verdade
Verdade -— ao
tentar
tentar formular
fonnular o encontro
encontro com a causacausa real -— funciona
funciona de forma
fonna seme-
seme-
lhante ao discurso
discurso da histérica
histérica e, portanto,
portanto, como
como o discurso
discurso científico.
científico.
Parece-me que,
Parece-me que, assim
assim como
como é importante
importante- embora envolva
— embora envolva uma extrema
extrema
simplificação -— diferenciar
simplificação diferenciar a “ciência
"ciência básica" "ciência aplicada”
básica” da “ciência aplicada" (isto(isto
ciência orientada
é, a ciência orientada para objetivo), éé também
para um objetivo), também importante
importante diferenciar
diferenciar
os aspectos
aspectos estritamente teóricos dos
estritamente teóricos dos aspectos
aspectos clínicos
clínicos da psicanálise.
psicanálise.
A psicanálise como um todo é uma
psicanálise como uma práxis.
práxis. No entanto,
entanto, suas
suas diferentes
diferentes
facetas podem
facetas podem ser ser examinadas
examinadas separadamente
separadamente em em termos
termos da teoria
teoria do
discurso. A prática
discurso. prática psicanalítica, outras palavras,
psicanalítico, em outras palavras, nono enquadre
enquadre analíti-
analíti-
adota o discurso
co, adota discurso analítico
analítico -— na melhor das hipóteses,
melhor das hipóteses, pois muitos
pois muitos
analistas possuem
possuem um discursodiscurso bastante
bastante parecido
parecido com com o discurso
discurso da
universidade. A teoria
universidade. teoria e o ensinamento
ensinamento da psicanálise adotam o discurso
psicanálise adotam discurso
histérica -— mais
da histérica mais wna
uma vez, na melhor
melhor das das hipóteses,
hipóteses, pois vezes
pois muitas vezes
tornam nada
se tomam nada mais do que empreendimentos
empreendimentos doutrinais
doutrinais projetados
projetados para para
abordar, de maneira superficial, todas
maneira superficial, todas as perguntas
perguntas sem respostas.99 As
sem respostas. As
associações psicanalíticas,
associações psicanalíticas, comocomo instituições
instituições sociais-políticas,
sociais-políticas, podem podem
adotar vários
adotar discursos (o discurso
vários discursos discurso da histérica,
histérica, do mestre,
mestre, ou da universi-
universi-
embora Lacan acreditasse
dade), e embora acreditasse queque elas
elas devessem
devessem funcionar
funcionar de uma
maneira específica,
maneira específica, deixarei para wn
deixarei para outro momento
um outro análise do discurso
momento a análise discurso
que deveríam
que deveriam idealmente
idealmente adotar,
adotar, de acordo
acordo com
com Lacan,
Lacan, e o(s)
o(s) discurso(s)
discurso(s)
fato adotam.
que de fato adotam.
Essa multiplicidade
Essa discursos adotados
multiplicidade de discursos adotados pelos analistas não deveria
pelos analistas deveria
surpreender-nos, pois
surpreender-nos, pois isto éé verdadeiro
verdadeiro também
também em em outras
outras praxis:
práxis:

o• Na prática médico pode


prática clínica, o médico fazer sugestões,
pode fazer sugestões, ameaças,
ameaças, utilizar
placebos, cobrar honorários
placebos, cobrar caros, dizer mentiras
honorários caros, "brancas", e o que
mentiras “brancas”, que
for necessário
necessário para que seus
para fazer com que seus pacientes recuperem a saúde.
pacientes recuperem saúde.
Psicanálise e ciência
Psicanálise ciência 175
175

suas investidas
Em suas investidas mais
mais teóricas,
teóricas, o médico
médico pode adotar o discurso
pode adotar discurso
científico aceito
científico aceito em
em um momento
momento histórico específico. E em
histórico específico. em sua
sua busca
de poder,
poder, prestígio, mera sobrevivência,
prestígio, ou mera sobrevivência, o médico
médico pode converter-
pode converter-
se
se em um lobista
em um politiqueiro, adotando
lobista politiqueiro, adotando o discurso
discurso do oportunismo
oportunismo
discurso do mestre).
(o discurso mestre).
0• O político
político adota o discurso
discurso do poder
poder (o(o discurso
discurso do do mestre)
mestre) na “sala
"sala
guerra", o discurso
de guerra”, democracia e da justiça
discurso da democracia (o discurso
justiça (o discurso da
universidade) diante
universidade) diante dos
dos olhos
olhos do público,
público, e talvez até o discurso
talvez até discurso da
histérica em suas
histérica em suas discussões
discussões investigativas com conselheiros.
investigativas com conselheiros.
«• Até mesmo os físicos
Até mesmo fisicos mais
mais teóricos,
teóricos, cujo
cujo campo
campo não constituído
não é constituído
como uma práxis
como práxis no meu
meu sentido da palavra
sentido da (uma práxis
palavra (uma objetive
práxis que objetive
mudar o real, não estudá-lo
mudar simplesmente)!1 o,
estudá-lo simplesmente) 0
adotam discursos
, adotam discursos dife-
dife-
rentes dependendo
rentes dependendo se estãoestão no laboratório,
laboratório, na sala de aula,aula, em
em uma
reunião
reunião de departamento,
departamento, discutindo
discutindo com
com uma
uma fonte
fonte de financiamen-
financiamen-
to, como
como a Fundação
Fundação Nacional Ciência, ou em
Nacional de Ciência, em uma entrevista com
uma entrevista com
agentes oficiais
agentes oficiais do Pentágono.
Pentágono.
qualquer práxis
Em qualquer práxis e praticamente em qualquer
praticamente em qualquer campo,
campo, discursos
discursos
diferentes são
diferentes são ajustados
ajustados para
para momentos diferentes, e em
momentos diferentes, em contextos
contextos his-
his-
tóricos, sociais, políticos,
tóricos, sociais, econômicos e religiosos
políticos, econômicos religiosos diferentes.
diferentes.

Os três
Os registros e os
três registros os discursos
discursos "polarizados”
"polarizados" diferentemente
diferentemente

O real éé oo que não


O não depende
depende da
da minha idéia
idéia sobre
sobre ele.
ele.
Lacan, Seminário
Lacan, Seminário 221, 23 de
1, 23 de abril de 11974
974

Você não pode


Você fazer tudo oo que deseja
pode fazer deseja com
com ele.
ele.
Lacan, Seminário
Seminário 113, de janeiro
3 , 5 de de 11966
janeiro de 966

Como mencionei antes,


Como mencionei antes, uma outra
outra forma
forma útil de
de compreender
compreender a relação
relação
...· entre
entre o discurso
discurso da psicanálise
psicanálise e o discurso
discurso científico
científico é a contribuição
contribuição feita
< por Lacan
por Lacan nana década
década de 11970
970 à teoria
teoria do
do discurso.
discurso. No Seminário
Seminário 221,1, Lacan
Lacan
·sugere
sugere uma maneira
maneira de pensar discursos que é ligeiramente
pensar os discursos ligeiramente diferente
diferente
daquela proposta
>< daquela "quatro .discursos”
proposta nos “quatro discursos" e que convive
convive com
com a última,
última,
. . . .·.. embora
embora talvez apenas no começo
talvez apenas começo desse
desse seminário.
seminário.
> Essa
Essa nova
nova forma
forma de pensar
pensar osos diferentes
diferentes discursos
discursos define
define cada
cada discurso
discurso
··· de acordo acordo com ordem na qual
com a ordem qual os três registros
registros -— imaginário,
imaginário, simbólico
simbólico
> eereal real-— são
são incluídos nela (Figura
incluídos nela (Figura 10.1).
10.1 ). Os
Os discursos
discursos que
que giram
giram em
em tomo
torno
\ido do círculo
círculo na direção horária (RSI,
direção horária (RSI, SIR e IRS) devem
devem ser
ser diferenciados
diferenciados
/ daqueles
daqueles que giram
giram em tomo dele na direção
em torno direção anti-horária
anti-horária (RIS,
(RIS, ISR
ISR e SRI).
SRI) .
../LacanLacan adota
adota o termo "polarização àà direita”
termo “polarização direita" (dextrogyre) para as direções
(dextrogyre) para direções
horárias ''polarização àà esquerda”
horárias e “polarização esquerda" para direções anti-horárias
para as direções (lévo*
anti-horárias (lévo~
176 O sujeito
O sujeito lacaniano
lacaniano

gyre
gyre),), termos
termos usados
usados para descrever a “orientação”
para descrever "orientação" dos
dos nós como
como o nó
borromeano (ver Seminário
borromeano (ver novembro de 1973).
Seminário 21, 3 de novembro 1973).
Figura 10.1
Figura

Real (R)
Real (R)

Ao que me
Imaginário (1)
Imaginário (I)

me é dado saber,
o
saber, Lacan
Lacan nunca
Simbólico (S)
Simbólico

nunca apresentou
(S)

apresentou uma exposição


exposição
detalhada todos os discursos
detalhada de todos discursos abrangidos
abrangidos por essa essa combinatória
combinatória es-
pecífica. Ele menciona
pecifica. Ele apenas dois: o discurso
menciona apenas discurso religioso,
religioso, queque realiza
realiza o
simbólico
simbólico do imaginário
imaginário (RSI),
(RSI), e o discurso psicanalítico, que
discurso psicanalítico, que imagina
imagina o
real do simbólico
simbólico (IRS).
(IRS). De acordo
acordo com
com Lacan,
Lacan, esses
esses dois discursos
discursos têm
têm
um traço em comum,
traço em comum, uma vez que ambos
vez que ambos são "polarizados àà direita”.
são “polarizados direita". Mas
Mas
em vez de analisar
analisar suas possíveis semelhanças,
suas possíveis semelhanças, o que que eu gostaria
gostaria de fazer
fazer
aqui é esclarecer
esclarecer o que que Lacan
Lacan quer
quer dizer por “imaginando
dizer por "imaginando o real do do
simbólico", e sugerir
simbólico”, sugerir como
como a ciência
ciência poderia ser situada
podería ser situada em em termos
termos dessa
dessa
nova combinatória.
combinatória.
A matemática, acordo com
matemática, de acordo com Lacan,
Lacan, foi o primeiro discurso a imaginar
primeiro discurso imaginar
-— isto é, vislumbrar,
vislumbrar, perceber, conceber -— que
perceber, conceber que a ordem
ordem simbólica
simbólica emem si
contém elementos
contém elementos do real. Existem ressaltos na ordem
Existem ressaltos ordem simbólica
simbólica queque
constituem
constituem aporias
aporias ou paradoxos
paradoxos lógicos,
lógicos, e que são são inextirpáveis:
inextirpáveis: um
sistema simbólico
sistema simbólico mais “puro” "puro" e melhor
melhor não os os elimina.
elimina. Há impos-
Há impos-
sibilidades na ordem
sibilidades ordem simbólica
simbólica- como aquelas
— tais como aquelas reveladas
reveladas por Gõdel
por Gõdel
(sucintamente
(sucintamente analisado
analisado nos capítulos
capítulos 3 e 7) -— e os matemáticos
matemáticos foram
foram
uns dos primeiros
primeiros a imaginá-las
imaginá-las e a tentar conceitualizá-las.
conceitualizá-las.
psicanálise segue
A psicanálise segue os passos
passos da matemática
matemática -— a primeira,
primeira, portanto,
portanto,
também constituindo
também constituindo um discurso
discurso IRS -— ao “expandir
"expandir o processo
processo mate-
mate-
mático" (Seminário
mático” (Seminário 21, 13 de novembro novembro de 1973).1973). Através
Através do reco-
nhecimento objeto (a), a psicanálise
nhecimento do objeto imagina, ou conhece
psicanálise imagina, conhece o real do/no
do/no
simbólico.
simbólico.
Esta é uma outra
outra forma edifício teórico
forma de dizer que o edificio teórico da psicanálise
psicanálise sese
enquadra idealmente
idealmente no discurso
discurso da da histérica,
histérica, como
como eu eu disse
disse antes. Porém,
Porém,
ela também permite falar ao
também nos pennite ao mesmo respeito do processo
tempo a respeito
mesmo tempo processo
psicanalítico: o analista,
psicanalítico: analista, na situação
situação analítica, procura ouvir
analítica, procura ouvir o real
real (impos-
(impos-
sibilidades)
sibilidades) no simbólico
simbólico do analisando
analisando e tenta
tenta atingir
atingir esse
esse real com
com
11
interpretação.
interpretação.11 A classificação
classificação de IRS, portanto, permite-nos
IRS, portanto, permite-nos falar
falar a
respeito da teoria e da prática
respeito prática psicanalítica
psicanalítica nos mesmos termos; ela
mesmos termos; ela
caracteriza a psicanálise
caracteriza como uma
psicanálise como uma praxis.
Psicanálise ee ciência
Psicanálise ciência 1 n
177

Lacan nunca
Lacan disse como
nunca disse como ele classificaria
classificaria a ciência
ciência em
em termos dessa nova
termos dessa nova
combinatória, mas eu
combinatória, eu me
me aventuraria
aventuraria a propor ciência da mais
propor que a ciência alta
mais alta
qualidade, como
qualidade, como. a lógica
lógica matemática
matemática à la Gõdel,
Gõdel, poderia ser considerada
podería ser considerada
um discurso
um IRs.122 O princípio
discurso IRSJ incerteza de Heisenberg
princípio de incerteza Heisenberg certamente
certamente
reconhece e lida com
reconhece com o real da ordem
ordem simbólica
simbólica constituída pela física
constituída pela fisica
moderna, como
moderna, como o fazem
fazem outras
outras obras
obras científicas.
científicas.
tisica nunca
A física nunca será
será uma
uma práxis como a psicanálise.
práxis como Enquanto os
psicanálise. Enquanto
psicanalistas objetivam não o bem
psicanalistas objetivam analisando (como
bem do analisando (como entendido
entendido pela
pela
maioria discursos sociais
maioria dos discursos sociais e politicos atuais) mas
políticos atuais) seu Eros
mas o seu maior 1 3, a
Eros maior13,
física não procura
tisica não procura mudar o real que
que estuda:
estuda: ela
ela não
não tem nenhuma
nenhuma meta para
meta para
espaço, tempo e substância.
espaço, tempo substância. No entanto,
entanto, ambos
ambos constituem
constituem discursos
discursos IRS
e, portanto, têm uma certa
portanto, têm orientação em
certa orientação em comum.
comum.

A
A formalização
formalização ee aa transmissibilidade
transmissibilidade da
da psicanálise
psicanálise

No década de 1950 e da de 1960,


No final da década 1960, Lacan
Lacan esforça-se
esforça-se de maneira
maneira
notável para
notável formular e abreviar
para formular abreviar os conceitos psicanalíticos na forma
conceitos psicanalíticos forma de
símbolos ou “maternas”,
símbolos "maternas", como
como ele
ele os
os chama.
chama. O termo "materna" tem
termo “materna” tem como
como
modelo fonema, o semantema
modelo o fonema, semantema e o mitema,
mitema, as menores
menores unidades
unidades da fala,
significado
significado e mito,
mito, respectivamente,
respectivamente, e os os símbolos
símbolos queque Lacan
Lacan criacria são por
por
natureza semelhantes aos
natureza semelhantes aos da matemática,
matemática, gerando
gerando expressões
expressões semelhantes
semelhantes
a fórmulas.
fórmulas.
Na década
Na década de 1960,
1960, Lacan toma a formalização/matematização
Lacan toma formalização/matematização como como
uma
uma das principais
principais características
características da ciência;
ciência; esta
esta é uma
uma chave para a plena
chave para plena
.. transmissibilidade, capacidade de transmitir
transmissibilidade, a capacidade integralmente algo de uma
transmitir integralmente
pessoa para
.. pessoa para outra.
outra. Cada
Cada materna
materna condensa
condensa e corporifica,
coxporifica, em em um certocerto
sentido, uma
sentido, uma quantidade
quantidade considerável
considerável de conceitualizações,
conceitualizações, embora embora cada
cada
. um seja
seja também
também altamente
altamente polivalente, como o leitor
polivalente, como leitor terá observado
observado ao ao
· longo
longo deste
deste livro. Embora
Embora os maternas fórmulas não
maternas ou as fórmulas não possam,
possam, em si si
···ee de sisi mesmos, garantir a transmissão
mesmos, garantir integral de uma
transmissão integral uma idéia
idéia ou conceito
conceito
.· _<de de uma pessoa para
uma pessoa para outra
outra-— um tipotipo de comunicação
comunicação ideal (“Percebo("Percebo o
•-• - . ·. . que você
você quer
quer dizer”)
dizer") que Lacan
Lacan critica
critica de maneira
maneira decisiva, pois a essência
decisiva, pois essência
) de toda "comunicação" é um mal-entendido
toda “comunicação” mal-entendido -— o que que é transmitido
transmitido é o
< próprio materna. materna. Como
Como um pedaço
pedaço de escrita,
escrita, como
como um um traço
traço escrito,
escrito, os
os
> maternas podem podem serser transmitidos
transmitidos de geração
geração a geração
geração ou até enterrados
enterrados
> na areia, areia, desenterrados
desenterrados de novonovo milênios
milênios maismais tarde,
tarde, e interpretados
interpretados comocomo
.) significando
significando um wn sujeito
sujeito para
para umwn outro
outro significante.
significante.
> No começo,
começo, o interesse
interesse de
de Lacan
Lacan comcom relação
relação à transmissibilidade
transmissibilidade da
•\ >psicanálise
psicanálise estava baseado apenas
estava baseado apenas nas
nas interpretações
intexpretações equivocadas,
equivocadas, por por
> parte dos
dos ingleses
ingleses e americanos,
americanos, dasdas obras
obras de Freud. Sua Sua esperança
esperança era era que
·i tais equívocos pudessem ser
equívocos pudessem ser evitados
evitados através
através de formulações
formulações e formali-
formali-
178
178 O sujeito lacaniano
O sujeito /acaniano

zações afins às
zações afins às das "ciências exatas". Ao
“ciências exatas”. mesmo tempo,
Ao mesmo tempo, entretanto,
entretanto, ele ele
tentava evitar
evitar dizer
dizer coisas
coisas de forma
forma simples
simples e desestimulava
desestimulava seus seus es-es-
tudantes concluírem precipitadamente
tudantes a concluírem precipitadamente que que haviam entendido
entendido os os textos
textos
de Freud, fala de
Freud, a fala de seus
seus analisandos
analisandos ou suassuas (dele,
(dele, Lacan)
Lacan) próprias
próprias palavras.
palavras.
Se, por um
Se, lado, Lacan
um lado, Lacan se se vangloria
vangloria de terter reduzido
reduzido a psicanálise
psicanálise à teoria
teoria
dos conjuntos,
dos conjuntos, isto é, um
isto é, discurso integralmente
um discurso integralmente transmissível,
transmissível, a psicaná-
psicaná-
lise lacaniana continua sendo
lise sendo tudo
tudo menos
menos um sistema finito
um sistema fmito de definições
definições
axiomas. No
e axiomas. entanto, ela
No entanto, ela realmente caminha na
realmente caminha na direção
direção de de uma “litera-
"litera-
14
lização" crescente
lização” crescentel4 -— as as formulações
formulações envolvem
envolvem letras
letras e símbolos,
símbolos, em
outras palavras,
palavras, maternas
maternas -— um processo simbolização que
processo de simbolização que inscreve
inscreve
relações
relações qualitativas, não quantitativas. Como
não quantitativas. Como as as figuras
figuras queque analisamos
analisamos
no fim
fim do capítulo 8, cujas cujas dimensões
dimensões podem variar indefinidamente
podem variar indefinidamente sem sem
nunca mudar
mudar suas
suas propriedades
propriedades topológicas
topológicas fundamentais, as as relações
relações
escritas ou cifradas
escritas cifradas que que usam
usam a álgebra
álgebra de Lacan
Lacan são são qualitativas
qualitativas e
estruturais.
estruturais.
A procura
procura de Lacan
Lacan por por um tipo de formalização
formalização não não quantitativa
quantitativa pode
pode
ser vista
ser vista no que ele
no que ele denomina
denomina o "passe".
“passe”. O passe éé um
O passe um processo
processo onde
alguém que que já fez análise
já fez análise falafala a respeito
respeito de sua análise
análise em detalhes
detalhes comcom
outras pessoas
duas outras (passadores) que,
pessoas (passadores) que, por
por sua vez,
vez, relatam
relatam oo que ouviram
ouviram
para um comitê
para (Cartel do
comitê {Cartel do passe). O O processo
processo foifoi criado,
criado, emem parte,
parte, para
para
reunir informações
reunir informações sobre sobre o processo analítico independentes
processo analítico independentes daquelas
daquelas
fornecidas pelo próprio
fornecidas analista e, então,
próprio analista então, confirmar
confirmar ou purificar
purificar asas idéias
sobre o que
sobre que realmente
realmente ocorreocorre na análise. É
na análise. É possível compreender o passe
possível compreender passe
como uma
como forma de estabelecer
uma forma estabelecer a psicanálise
psicanálise comocomo uma prática prática queque
envolve uma quantidade de “procedimentos
envolve "procedimentos genéricos”,
genéricos", como como Alain Ba- Ba-
15
diou osos chamou
chamoulS, , procedimentos
procedimentos que que são
são repetidos
repetidos renovadamente
renovadamente com com
analisandos diferentes.
analisandos diferentes. AssimAssim entendido,
entendido, o passe
passe poderia
podería serser considerado
considerado
parte
parte de uma tentativa
tentativa maior estabelecer um tipo de
maior de estabelecer de cientificidade
científicidade
específica àà psicanálise.
específica psicanálise.

O estatuto
O estatuto da
da psicanálise
psicanálise

A psicanálise deve ser


psicanálise deve ser levada
levada aa sério,
sério,
embora não
embora seja wna
não seja ciência.
uma ciência.
Lacan, Seminário
Lacan, Seminário 25, 15 de
25, 15 de novembro
novembro de 19771977

A análise
análise de
de Lacan
Lacan dos
dos discursos polarizados àà direita
discursos polarizados direita e àà esquerda
esquerda sugere
sugere
que "os discursos" não
“os quatro discursos” não são
são os
os únicos
únicos imagináveis.
imagináveis. Estes,
Estes, entretanto,
entretanto,
cobrem uma
cobrem uma vasta gama e são extremamente
vasta gama extremamente úteis
úteis aoao exame
exame das
das molas
molas
mestras e dos
mestras dos objetivos
objetivos dos
dos diversos
diversos discursos.
discursos. Para nossos propósitos
Para nossos propósitos
Psicanálise e ciência
Psicanálise ciência 179
179

aqui, o mais importante éé que


mais importante que eles
eles permitem-nos situar o esforço
permitem-nos situar esforço científico
científico
"verdadeiro" como
‘‘verdadeiro*’ como parte essencial do discurso
parte essencial histérica.
discurso da histérica.
Embora a ciência
Embora ciência e o edifício
edificio teórico
teórico da psicanálise tenham muito
psicanálise tenham muito emem
comum,
comwn, e embora
embora ambos
ambos sejam
sejam discursos
discursos IRS,
IRS, a psicanálise não éé uma
psicanálise não
ciência, mas
ciência, discurso que
mas um discurso que permite-nos compreender a estrutura
permite-nos compreender estrutura e a
operação do
operação do discurso
discurso científico em um determinado
científico em determinado nívelnível fundamental
fundamental.
Portanto, enquanto a psicanálise,
Portanto, enquanto psicanálise, emem sua
sua versão
versão lacaniana,
lacaniana, busca suas
busca suas
próprias formas de cientifícidade
próprias formas científicidade -— formalização
formalização (“matematização”),
(''matematização"),
procedimentos genéricos,
procedimentos genéricos, diferenciações
diferenciações clínicas rigorosas, e assim
clínicas rigorosas, por
assim por
diante -— ela entanto, um discurso
ela é, no entanto, discurso independente
independente que que não
não requer
requer
nenhuma validação da ciência.
nenhuma validação ciência. Afinal,
Afinal, a Ciência
Ciência com C maiúsculo
maiusculo não
16
existe: "é apenas wna
“é apenas fantasia".16
uma fantasia”. A ciência
ciência é apenas
apenas um discurso
discurso entre
outros.
outros.

A ética da
A ética da psicanálise
psicanálise lacaniana
lacaniana
Os limites
Os limites éticos
éticos da análise
análise coincidem
coincidem
com os
com os limites de sua práxis.
práxis.
Lacan, Seminário
Lacan, Seminário 7, p. 32

Lacan faz uma tentativa


Lacan constante de examinar
tentativa constante examinar emem detalhes
detalhes os objetivos
objetivos
análise com
da análise com base avanços da teoria, e desenvolve
base nos avanços desenvolve uma uma teorização
teorização
baseada
baseada em em opiniões
opiniões revisadas objetivos da análise.
revisadas dos objetivos análise. A análise
análise não
não é
pragmática
pragmática em em seus
seus objetivos,
objetivos, sese pragmatismo significa estar
pragmatismo significa estar de acordo
acordo
com as normas
com normas e realidades
realidades sociais,
sociais, econômicas políticas. É
econômicas e políticas. uma práxis
É uma práxis
de gozo, gozo éé tudo menos
gozo, e o gozo prático. Ele ignora
menos prático. ignora as necessidades
necessidades do
· capital,
capital, das companhias
companhias de seguro-saúde,
seguro-saúde, assistência
assistência médica
médica pública,
pública,
ordem pública,
ordem "as relações
pública, e “as relações maduras
maduras entre
entre adultos”.
adultos". As técnicas
técnicas que
que os
psicanalistas devem usar
psicanalistas devem usar para com o gozo
para lidar com gozo destroem
destroem o princípio
princípio de
que tempo
tempo é dinheiro
dinheiro e as idéias
idéias dominantes
dominantes de "conduta
“conduta profissional"
profissional”. .
.. .. Enquanto espera-se
espera-se que
que os terapeutas
terapeutas em nossa
nossa sociedade
sociedade interajam
interajam com
com
· seus
seus pacientes formas que
pacientes nas formas que são
são consideradas
consideradas pelos discursos sociais,
pelos discursos sociais,
·· .··políticos
políticos e psicológicos contemporâneos dominantes
psicológicos contemporâneos dominantes comocomo sendo
sendo para
para o
·· próprio
próprio bemP analisandos, ao invés
bem17 dos analisandos, invés disso,
disso, os analistas
analistas agem
agem para
para
. desenvolver
desenvolver melhor
melhor o Eros de seus
seus analisandos.
analisandos. Esse é o objetivo
objetivo da práxis
práxis
· · queque é a psicanálise.
psicanálise.
Posfácio

sistema capitalista,
Ao falar do sistema capitalista, Marx
Marx nos diz que é possível começar a
possível começar
analisá-lo a partir
analisá-lo partir de qualquer ponto, sem perder
ponto, sem perder nenhuma
nenhuma de suas suas carac-
carac-
terísticas. A ordem
ordem que o estudo
estudo segue
segue não
não tem importância;
importância; pode-se pode-se pegar
pegar
meada do capitalismo
o fio da meada capitalismo emem qualquer
qualquer lugar.
lugar. O mesmomesmo é, sem sem dúvida,
dúvida,
válido a respeito
respeito da psicanálise lacaniana e a lógica
psicanálise lacaniana lógica de minha minha apresentação
apresentação
aqui é certamente
dela aqui certamente contingente
contingente e se se baseia apenas na ordem
baseia apenas ordem que deter-
deter-
núnadas noções de Lacan
minadas noções Lacan possuem
possuem em em minha
minha mente.
mente,
livro nunca foi concebido
Este livro concebido comocomo um todo. Ele Ele representa,
representa, ao
contrário, uma
contrário, compilação de ensaios
wna compilação ensaios ou palestras
palestras sobresobre temas
temas específicos
específicos
preparados
preparados para
para um público
público muito
muito variado, foram reunidos
variado, que foram reunidos após
após esses
esses
eventos para estabelecer
eventos estabelecer uma unidade. Essa unidade permanece
unidade. Essa permanece de certacerta
maneira ad ad hoc,
hoc, mas precisava existir para
precisava existir satisfazer os
para satisfazer os requisitos
requisitos do Outro
Outro
1
(nesse caso,
(nesse caso, a indústria
indústria editorial
editorial americana)
americana)!. Os melhores
. Os momentos do
melhores momentos
são, assim
livro são, assim me parece, inseridos em
parece, inseridos em determinadas
determinadas subseções subseções e notas
notas
onde fiz algumas associações
onde associações extensas
extensas sem
sem considerar
considerar se se tais ponderações
ponderações
seriam adequadas
seriam adequadas nos pontos específicos no corpo
pontos específicos corpo do livro livro onde
onde elas
elas
aparecem.
aparecem.
A natureza
natureza semsem unidade
unidade dodo todo pode, entretanto, ser
pode, entretanto, ser problemática
problemática parapara
alguns
alguns leitores
leitores emem determinados
determinados aspectos.
aspectos. Nas minhasminhas primeiras
primeiras obras
obras
sobre Lacan, eu
sobre eu estava
estava bastante
bastante preocupado
preocupado em em compreender
compreender as “verda- "verda-
deiras
deiras distinções”
distinções" entre
entre o Nome-do-Pai,
Nome-do-Pai, S(A),S(!), <E\<I>, SSi,j, e assim
assim porpor diante,
diante, e
seus sentidos
seus sentidos e usos múltiplos incomodavam. A introdução
múltiplos me incomodavam. introdução constante
constante
de homônimos
homônimos (le non non du pere,
père, o “Não”
"Não" dodo Pai, como
como um homônimohomônimo para para
le nom du pêre,
père. o Nome-do-Pai), ambigüidades gramaticais
Nome-do-Pai), as ambiguidades gramaticais que apare-apare-
cem emem toda a obra
obra lacaniana
lacaniana (le
(le désir de la mere,
désir de desejo da mãe
mère f o desejo mãe ou o
desejo para
desejo para a mãe).
mãe). Aqui, por outro lado, refleti livremente
por outro livremente sobre sobre muitos
muitos
desses
desses termos,
termos, interpretando-os
interpretando-os comocomo me pareciam adequados
me pareciam adequados em em cada
cada
contexto
contexto diferente.
diferente. Isso permite
permite uma certa fluidez no uso dos dos conceitos,
conceitos,

180
Posfácio 181

mas,
mas, por outro lado, posso
por outro ser acusado
posso ser acusado talvez
talvez de uma
wna falta
falta de rigor,
rigor. Se
Se os
matemáticos usam
matemáticos símbolos que não significam
usam símbolos significam nada, a psicanálise
psicanálise usausa
símbolos que
símbolos que podem significar muitas
podem significar muitas coisas
coisas diferentes,
diferentes, e os positivistas
positivistas
tentam, sem
tentam, sem sucesso, atribuir wn
sucesso, atribuir simples significado
um simples significado não ambíguo para
não ambíguo para
cada termo,
cada termo, o que deve
deve ser feito?
feito?
Urna observação
Uma observação mais
mais apurada
apurada da obra
obra dos matemáticos,
matemáticos, entretanto,
entretanto,
sugere que,
sugere que, como
como o conhecido
conhecido provérbio
provérbio dos três rabinos com quatro
rabinos com quatro
opiniões diferentes,
opiniões há quase
diferentes, há quase tantas
tantas teorias diferentes das
teorias diferentes das fundações
fundações da
matemática
matemática quanto para para o Big Bang, origem da vida na
Bang, a origem na Terra,
Terra, e assim
assim
por diante. Talvez
por diante. símbolos usados
Talvez os símbolos usados pelos matemáticos, que
pelos matemáticos, que nada
nada signi-
signi-
estejam abertos
ficam, estejam abertos para quaisquer
quaisquer e todas
todas as interpretações.
interpretações.
certamente não
Isto certamente que acontece
não é o que acontece com
com os símbolos
símbolos de Lacan,
Lacan. Seus
Seus
significados podem
significados podem ser ser múltiplos,
múltiplos, mas
mas há uma lógicalógica clara
clara em
em suas
suas
transformações
transformações ou mudanças
mudanças de significado,
significado. O objeto
objeto a começa
começa como
como
imaginário e se
imaginário se desloca
desloca para
para dentro do real no final da década
década dede 1950 e
início da de 1960;
início 1960; o S(A)
S(4{.) começa
começa no simbólico
simbólico e sese desloca
desloca na direção do
na direção
real. A mudança sempre na
mudança é sempre na direção
direção do real. Cada símbolo,
símbolo, portanto,
portanto, tem
tem
seu próprio
seu contexto histórico/conceitual
próprio contexto histórico/conceituai e sofre
sofre transformações
transformações perceptí-
perceptí-
veis.
veis.

Em última
Em última análise,
análise, ninguém
ninguém vai ficar
ficar satisfeito
satisfeito com
com este livro, wnauma vez que
todos
todos pensarão
pensarão queque não tratei adequadamente
não tratei adequadamente as as questões
questões teóricas
teóricas mais
mais
importantes em
importantes em seus
seus respectivos campos. O crítico
respectivos campos. crítico literário
literário achará
achará que
que não
explorei o estilo
explorei estilo e a retórica Lacan e sua
retórica de Lacan sua noção metáfora; o filósofo,
noção de metáfora; filósofo,
que abordei
que abordei superficialmente
superficialmente questões
questões tremendas
tremendas na na lógica
lógica e na teoria
teoria dos
dos
conjuntos,
conjuntos, apresentando
apresentando formulações
formulações antigas
antigas como
como se se fossem
fossem os últimos
últimos
avanços;
avanços; o psicanalista,
psicanalista, que a atenção
atenção que
que dedico
dedico aosaos sistemas
sistemas es-
peculativos lógicos é maior
peculativos e lógicos maior do que
que a dedicada
dedicada a assuntos
assuntos clínicos,
clínicos, e que
assuntos tais
assuntos tais como
como a morte gozo receberam
morte e o gozo receberam pouco espaço; a feminista,
pouco espaço; feminista,
que não desenvolvi suficientemente
não desenvolví suficientemente as as opiniões
opiniões de Lacan
Lacan sobre
sobre a diferença
diferença
sexual
sexual e, portanto,
portanto, não
não expus
expus asas deficiências
deficiências a esse
esse respeito; o estudante,
estudante,
que forneci comentários
que fomeci comentários desnecessários
desnecessários sobre
sobre as origens,
origens, muitas vezesvezes
abstratas,
abstratas, das noções de Lacan em
das noções em vez de apresentar uma versão
apresentar wna versão mais
mais clara
clara
mais direta delas; o acadêmico,
e mais acadêmico, que que dediquei
dediquei wn espaço por
um espaço demais
por demais
.. exíguo
exíguo para situar minhas
para situar minhas opiniões
opiniões comparadas
comparadas às apresentadas
apresentadas por outros
por outros
· que escrevem
escrevem sobre
sobre Lacan
Lacan nana atualidade.
atualidade.
A essas
essas críticas,
criticas, que
que sem
sem dúvida
dúvida são
são em parte justificadas,
em parte justificadas, posso
posso
somente responder que
somente responder que Lacan
Lacan interessa
interessa a estudiosos
estudiosos e profissionais
profissionais em em
muitos
muitos mais campos
campos do que eu podería esperar
eu poderia esperar familiarizar-me.
familiarizar-me. Como Como
analista,
analista, somente
somente compreendo
compreendo o que Lacan Lacan quis dizer na minha experiên-
experiên-
cia, quando sousou inevitavelmente
inevitavelmente levado
levado a entender
entender determinadas
determinadas noções
noções
através
através de meus
meus analisandos.
analisandos. Muitas
Muitas vezes
vezes é a minha prática
prática clínica
clínica que
que
182 O sujeito
O sujeito lacaniano
lacaniano

me permite
permite vislumbrar
vislumbrar uma interpretação
interpretação de um trecho
trecho especialmente
especialmente
notável, porém
notável, obscuro, nas obras
porém obscuro, obras de Lacan.
Lacan. Espero
Espero retificar, em obras
retificar, em obras
algumas das inadequações
futuras, algumas inadequações e desequilíbrios
desequilíbrios óbvios
óbvios da presente.
presente.
Entretanto, suspeito
Entretanto, suspeito que
que determinados
determinados leitores
leitores ainda
ainda sentirão
sentirão que
que estou
estou
abordando, de forma
abordando, forma superficial,
superficial, as questões
questões mais importantes. Mas
mais importantes. Mas é
tarefa dos mais
mais instruídos
instruídos em
em um determinado
detenninado campo
campo tecer
tecer as implicações
implicações
obras de Lacan
que as obras Lacan tiveram
tiveram para esse campo
para esse campo (ou
(ou as
as obras
obras de quaisquer
quaisquer
outros).
outros).

A própria
própria idéia livro era bastante
idéia de um livro estranha para
bastante estranha Lacan. Os
para Lacan. Os escritos
escritos
eram, muitas vezes,
de sua lavra eram, vezes, publicados
publicados com com relutância,
relutância, a pedido
pedido de
outros. Ele estava
outros. estava simplesmente
simplesmente “fazendo
"fazendo charme”?
charme"? Em Em parte,
parte, talvez;
talvez; mas,
mas,
no fundo, ele ele parece
parece ter desejado
desejado queque seu
seu “sistema”
"sistema" permanecesse
permanecesse aberto,aberto,
quase um
quase anti-sistema. Publicar
um anti-sistema. Publicar significa
significa estabilidade,
estabilidade, a formação
formação da
doutrina e, essencialmente,
doutrina essencialmente, uma abordagem da psicanálise
uma abordagem psicanálise que que começa
começa
com nada além de idéias
nada além idéias preconcebidas,
preconcebidas, noções estabelecidas sobre
noções estabelecidas sobre o que
encontraria na análise
se encontraria análise e o queque deveria
deveria ocorrer
ocorrer no processo
processo -— em em uma
uma
palavra,
palavra, padronização. Exatamente como
padronização. Exatamente como Freud,
Freud, em
em seusseus ensaios
ensaios sobre
sobre a
"Técnica", recomendava
“Técnica”, recomendava aos aos profissionais
profissionais não encher
encher suas suas mentes
mentes comcom
sobre seus analisandos
idéias sobre analisandos e com objetivosobjetivos para eles, mas estarem
para eles, estarem
abertos
abertos a tudo que que eles dizem
dizem e fazem
fazem- — dedicando
dedicando uma atenção atenção flutuante
flutuante
ou igualmente
igualmente vacilante
vacilante ao ao analisando
analisando -— LacanLacan lembra
lembra aos aos seus
seus alunos
alunos
repetidas vezes que
repetidas vezes parem de tentar
que parem tentar compreender
compreender tudo,tudo, porque
porque compreen-
compreen-
der é basicamente
der basicamente uma forma forma de defesa,
defesa, de trazer
trazer tudo
tudo de volta
volta ao queque jájá
conhecido. Quanto
é conhecido. Quanto mais
mais sese tenta compreender, menos
tenta compreender, menos se ouve ouve -— menos
menos
se consegue
se consegue ouvir
ouvir alguma
alguma coisa
coisa nova diferente.
nova e diferente.
explícito em
Fica explícito em suas
suas obras
obras que
que Freud
Freud e Lacan
Lacan fizeram
fizeram experiências
experiências
com a prática
com prática e a teoria
teoria psicanalíticas durante suas
psicanalíticas durante suas vidas. Lacan Lacan é, na na
realidade,
realidade, um dos dos poucos analistas que seguiu
poucos analistas seguiu o espírito
espírito da obraobra de Freud,
Freud,
ao mesmo
mesmo tempotempo que
que dedicou
dedicou enorme
enorme atenção
atenção à letra dela dela também.
também. Esse Esse
espírito exige
espírito exige uma determinada abertura-não
determinada abertura incompatível com
— não incompatível com a crítica
crítica
mordaz às
mordaz às obras
obras de outros
outros que voltaram noções pré-analíticas
voltaram a noções pré-analíticas -— que que
poderíamos associar com
poderiamos associar com o próprio estilo de
próprio estilo de ensino
ensino de Lacan: atacar a
Lacan: atacar
ortodoxia, explodir
ortodoxia, explodir sua
sua própria ortodoxia emergente,
própria ortodoxia emergente, desafiar
desafiar os signifi-
signifi-
cantes mestres
cantes mestres de seu seu próprio campo, alguns
próprio campo, alguns dos
dos quais
quais criados
criados por ele
por ele
mesmo. 22 O
mesmo. O discurso
discurso de Lacan
Lacan comocomo professor
professor parece
parece estarestar contido
contido no
discurso da histérica,
discurso histérica, um discurso
discurso queque nunca aceita autoridade
nunca aceita autoridade pela simples
pela simples
autoridade. Lacan
autoridade. toma Freud
Lacan toma muito seriamente,
Freud muito seriamente, no entanto, por
no entanto, vezes o
por vezes
contradiz após
contradiz após estudá-lo
estudá-lo comcom cuidado.
cuidado. A questão
questão nãonão é meramente
meramente evitar
evitar
crítica sem
a crítica sem reflexões
reflexões prévias
prévias comcom base em noções
base em noções preconcebidas,
preconcebidas, mas mas
também não estar
também estar obcecado
obcecado com com a formulação
formulação de um sistema sistema queque explica
explica
(como é exigido
tudo (como exigido pelo discurso da universidade).
pelo discurso universidade). O O melhor discurso
melhor discurso
Posfácio
Posfácio 183
183

ensino é o discurso
de ensino discurso da histérica, Lacan associa
histérica, que Lacan associa com
com a melhor
melhor
atividade científica.
atividade científica. Nem sempre é um discurso
Nem sempre discurso fácil de ser
ser mantido
mantido para
para
aqueles que não
aqueles não o adotam
adotam espontaneamente,
espontaneamente, nem para aqueles
aqueles que fazem
fazem
parte do mundo altamente competitivo
mundo altamente acadelllia americana.
competitivo da academia an.iericana.

) Ler não
não nos obriga de modo
nos obriga modo algum a compreender.
compreender.
•' É
É preciso ler primeiro.
preciso ler primeiro.
Lacan, Seminário
Lacan, 20, p'.88
Seminário 20, p.88

Minha leitura das


Minha leitura das obras
obras de Lacan
Lacan parece exigir algumas
parece exigir algumas explicações
explicações no
contexto das tendências
contexto tendências intelectuais
intelectuais americanas
americanas contemporâneas.
contemporâneas. Enquan-
Enquan-
to este
este livro ainda era era um manuscrito,
manuscrito, quasequase todas as pessoas
pessoas selecionadas
selecionadas
pelos editores para
pelos editores para lê-lo comentaram
comentaram que que eueu não havia sido crítico
havia sido critico o
suficiente com
suficiente com relação
relação a Lacan, sugerindo
sugerindo que não não era
era suficiente
suficiente fornecer
fornecer
uma leitura
leitura rigorosa suas obras,
rigorosa de suas obras, ou umauma explicação
explicação detalhada
detalhada delas,
delas, sem
sem
imediatamente criticá-las.
imediatamente criticá-las. Por fim, comecei
Por fim, comecei a ver a situação
situação como
como bastante
bastante
cômica,
cômica, por por mais
mais irritante
irritante que
que fosse: tomava-se
tomava-se muito
muito evidente
evidente que,
que, no
mundo editorial da academia
mundo editorial academia americana,
americana, fora-se
fora-se o tempo
tempo em em que
que alguém
alguém
podia estudar seriamente
podia estudar seriamente um pensador menos um pensador
pensador (ao menos contempo-
pensador contempo-
râneo)
râneo) semsem simultaneamente
simultaneamente “corrigir”
"corrigir" suas
suas opiniões.
opiniões. Entretanto,
Entretanto, esseesse
privilégio específico está
privilégio específico está acima
acima de tudo indisponível
indisponível parapara os estudiosos
estudiosos
escrevem sobre
que escrevem sobre Lacan,
Lacan, não
não tanto
tanto para aqueles que estão
para aqueles estão escrevendo
escrevendo
sobre Derrida,
sobre Derrida, Kristeva,
Kristeva, Foucault,
Foucault, e outros
outros personagens contemporâneos.
personagens contemporâneos.
Por quê?
Porquê?
Lacan éé uma
Ler Lacan experiência exasperante!
uma experiência exasperante! Quase
Quase nunca
nunca ele diz de formaforma
direta
direta o que pretende, e há
que pretende, há uma
uma gama
gama de explicações para isso: “O
explicações para "O homem
homem
não sabia
sabia escrever,
escrever, muito menos m.enos pensar direito", “Ele
pensar direito”, "Ele nunca
nunca quer
quer serser
obrigado assumir um
obrigado a assumir compromisso ou estabelecer
um compromisso estabelecer umauma posição teórica
posição teórica
específica", “Ele
específica”, "Ele o fez
fez de propósito, deliberado, tornando
propósito, deliberado, dificil, senão
tomando difícil, senão
claramente impossível,
claramente impossível, entender
entender o que que estava
estava querendo
querendo dizer”,
dizer", “Seus
"Seus
· escritos
escritos operam
operam em em tantos níveis
níveis ao mesmo tempo e exigem
mesmo tempo exigem conhecimento
conhecimento
de tantas áreas da filosofia,
tantas áreas filosofia, literatura,
literatura, religião,
religião, matemática,
matemática, etc.,
etc., que
somente
Somente se pode compreender
se pode compreender o que que ele está
está dizendo
dizendo após
após ter lido todo
todo o
material de base"'
material base”, e assim por diante.
assim por diante.
Todas essas
..... Todas essas afirmações
afirmações são são verdadeiras
verdadeiras e falsas ao mesmo mesmo tempo.
tempo.
Tendo traduzido
Tendo cinco de seus
traduzido cinco Écrits, considero-o
seusÉcrits, considero-o um escritor
escritor insuportável
insuportável
ser traduzido,
de ser traduzido, mas mas prazeroso
prazeroso de ser ser lido em
em francês.
francês. O O que
que não significa
não significa
dizer que
que ele não me
ele não me deixa
deixa exasperado,
exasperado, algumas
algumas vezes, com com suas
suas ambigüi-
ambigüi-
dades e formulações
formulações vagas, mas mas queque suas
suas obras
obras são
são tão evocativas
evocativas e
provocativas
provocativas que que háhá poucos
poucos textos
textos que me me dão tanto
tanto prazer
prazer de ler. É
possível que ele
possível ele fosse
fosse incapaz
incapaz de expressar
expressar seus pensamentos com
seus pensamentos com clareza
clareza
em certos
iem momentos, mas
certos momentos, não éé verdade
mas não verdade que issoisso não se estendia
estendia a todos
todos
184
184 O sujeito
O sujeito lacaniano
lacaniano

os momentos.
momentos» O que que é desmentido
desmentido pelapela magnífica clareza de algumas
magnífica clareza algumas
formulações suas?
formulações suas? Suas
Suas múltiplas alusões e referências
múltiplas alusões referências podem atrapalhar
podem atrapalhar
determinados leitores,
determinados leitores, mas
mas a chave
chave para compreendê-lo não
para compreendê-lo não é ler
ler todo o
material
material de base antes; isto
base antes; isto apenas
apenas gera
gera mais
mais confusão.
confusão.
Não, o problema
problema é a lógicalógica temporal
temporal peculiar envolvida na
peculiar envolvida na leitura
leitura dede
Lacan;
Lacan\ você não não pode ler seus
pode ler seus escritos
escritos (especialmente
(especialmente os Écrits) menos
Écrits) a menos
que já conheça mais
já conheça mais ou menos
menos o queque ele
ele quis
quis dizer
dizer (isso não éé tão válido
(isso não válido a
respeito seus seminários).
respeito de seus seminários). Em outrasoutras palavras,
palavras, para absorver qualquer
para absorver qualquer
parte de seus
seus escritos,
escritos, tem-se
tem-se que entendido uma boa
que ter entendido boa parte
parte do que que ele
discute. E nemnem assim!
assim!
Conseqüentemente, há que
Conseqüentemente, que se
se aprender
aprender Lacan
Lacan com
com outra
outra pessoa-
pessoa — com com
todos os
todos os preconceitos implícitos -— e depois
preconceitos implícitos depois tentar
tentar verificar desmentir
verificar ou desmentir
que se
o que se aprendeu
aprendeu ao examinar
examinar seus seus textos. suas obras
textos. Ou suas obras terão
terão que
que ser
ser
relidas e relidas
lidas, e relidas relidas até que se possa começar a formular
possa começar formular as próprias
próprias
hipóteses, depois reler
hipóteses, e depois reler mais uma vez
mais uma com aquelas
vez com aquelas hipóteses
hipóteses emem mente,
mente,
e assim por diante. Isso é um problema
assim por problema em em termos
termos da realidade
realidade dodo “publicar
"publicar
morrer" da maioria
ou morrer” acadêmicos -— levando
maioria dos acadêmicos levando a tensões
tensões temporais
temporais
com relação
sérias com compreensão e à “produção”
relação à compreensão "produção" -— mas mas essa
essa realidade
realidade
também
também está está na
na contramão
contramão de um determinado pragmatismo
um determinado indepen-
pragmatismo e indepen-
dência americanos.
dência americanos. Se Se não consigo
consigo aproveitar
aproveitar as as obras
obras de alguma
alguma pessoa
pessoa
em um espaço
em espaço de tempo
tempo relativamente
relativamente curto,
curto, qual seria
seria a serventia?
serventia? Acima
Acima
de tudo,
tudo, preciso
preciso provar
provar que sou um pensador independente e em
pensador independente em seguida
seguida
criticar, tão
criticar, logo acredite
tão logo acredite que
que comecei
comecei a entender.
entender. Conseqüentemente,
Conseqüentemente, devo devo
com intenção de criticar,
ler com criticar, abreviando
abreviando assim
assim o “tempo
"tempo de compreensão”
compreensão"
diretamente para
e indo diretamente "momento de concluir.”
para o “momento concluir."

Na década
década de 1960,
1960, Lacan
Lacan ridicularizou
ridicularizou aqueles
aqueles que falavam
falavam sobre
sobre com-
com-
preender Freud
preender Freud antes
antes de traduzir
traduzir suas
suas obras
obras (o
(o que
que é apenas
apenas senso
senso comum,
comum,
afinal) -— como
como sese se
se pudesse compreender tudo
pudesse compreender respeito de Freud
tudo a respeito Freud antes
antes
se envolver
de se envolver na complicada
complicada tarefa
tarefa de traduzi-lo.
traduzi-lo. O mesmo
mesmo se se aplica
aplica a
Lacan: a tradução
tradução tem
tem que vir primeiro, em certo
primeiro, em certo sentido,
sentido, para entendê-lo,
para entendê-lo,
mas
mas não se se pode
pode nem
nem mesmo começar a traduzi-lo
mesmo começar traduzi-lo sem
sem determinados
determinados
pontos
pontos e referências-chave. Acreditamos que
referências-chave. Acreditamos que começamos
começamos a compreender
compreender
enquanto traduzimos, e àà medida
enquanto traduzimos, medida que
que a compreensão
compreensão aumenta,
aumenta, a tradução
tradução
evolui
evolui -— embora,
embora, inevitavelmente, nem sempre
inevitavelmente, nem sempre nana direção
direção correta. Preci-
correta. Preci-
samos tirar conclusões
samos conclusões precipitadas
precipitadas a respeito obras e formular
respeito das obras fonnular hipó-
hipó-
teses para extrair sentido
para extrair sentido dos textos, embora,
embora, aoao mesmo
mesmo tempo
tempo “o "o que
[você] compreende éé um pouco
[você] compreende pouco precipitado" (Seminário 20, p.93).
precipitado” (Seminário Toda a
p.93). Toda
compreensão envolve
compreensão envolve precipitação,
precipitação, tirar conclusões, porém
tirar conclusões, isso não toma
porém isso torna
todas as conclusões
conclusões corretas!
A reação Estados Unidos para com um autor
reação nos Estados autor como
como Lacan
Lacan é:
Posfácio
Posfácio 185

1~ Se não consigo
1. consigo entendê-lo,
entendê-lo, então
então não
não vale a pena
pena pensar
pensar a respeito
respeito
dele.
2. Se ele não consegue
consegue se
se expressar
expressar claramente,
claramente, então
então seu
seu pensamento
pensamento
deve ser
deve ser confuso.
confuso.
3. Nunca muito valor
Nunca dei muito valor à “teoria”
"teoria" francesa
francesa de qualquer
qualquer forma.
forma.

Esta reação
Esta lembra as três negações
reação lembra inventadas pelo
negações inventadas homem acusado
pelo homem acusado por
por
seu vizinho de ter devolvido
seu vizinho uma chaleira
devolvido uma chaleira danificada:
danificada:

devolvi em
1. Eu a devolvi em perfeito estado.
perfeito estado.
2. A chaleira
chaleira já
já tinha
tinha um furo quando
quando eu a peguei.
peguei.
Em primeiro
3. Em lugar eu nunca
primeiro lugar nunca pedi emprestado chaleira. 33
emprestado a chaleira.
Se
Se vale a pena
pena ler um autor
autor seriamente,
seriamente, tem-se
tem-se queque assumir
assumir a princípio
princípio
que embora
que embora determinadas
determinadas idéias possam possam parecer malucas, quando
parecer malucas, quando exami-
exami-
nadas
nadas emem profundidade
profundidade podempodem se tomartomar mais convincentes, ou
mais convincentes, ou ao
ao menos
menos
levar a compreender
levar compreender as as aporias
aporias queque as originaram.
originaram. PoucasPoucas pessoas estão
pessoas estão
dispostas a dar tanto
dispostas tanto crédito
crédito a um autor
autor e uma ambivalência
ambivalência de amor e ódio
desenvolve com
se desenvolve relação àà leitura.
com relação leitura. Presumir
Presumir que que isso
isso não seja tão louco
não seja louco
quanto parece
parece é amar o autor (“Aquele
("Aquele a quem quem eu suponho
suponho o saber,
saber, eu o
amo", Seminário
amo”, Seminário 20, p.91), enquanto lê-lo criticamente
p.91), enquanto criticamente parece que se
parece que se o
(Você
odeia. (V está contra
ocê está favor dele?)
contra ou a favor dele?) Talvez
Talvez o ódio sejaseja uma
uma condição
condição
para uma leitura séria:
séria: ‘Talvez
''Talvez eu lesse [Aristóteles]
[Aristóteles] melhor medida em
melhor na medida em
esse saber,
que, esse saber, eu lhe supusesse
supusesse menos" (ibid.).. Se
menos” (ibid.) Se isso
isso na realidade
realidade é uma
condição, seria
condição, seria melhor
melhor serser precedida
precedida por por um período
período prolongado
prolongado no qual qual
o leitor ama o autor
leitor ama autor e presume
presume que que ele
ele tenha
tenha conhecimento!
conhecimento!
Esse amor
Esse amor é difícil
dificil de sese sustentar
sustentar nosnos Estados
Estados Unidos.
Unidos. As obras de
As obras
Lacan publicadas hoje em
publicadas até hoje em inglês
inglês têm, na na maioria
maioria dasdas vezes, sido mal
vezes, sido mal
.. · traduzidas.
traduzidas. Não existe qualquer
Não existe qualquer contexto
contexto psicanalítico
psicanalítico no qual os clínicos
clínicos
possam observar
\ possam profissionais lacanianos
observar profissionais trabalhando e ver
lacanianos trabalhando ver os beneficios
benefícios
<imediatos,
imediatos, a nível clínico,
clínico, dasdas distinções
distinções e formulações
formulações de de Lacan.
Lacan. E
·<aprender
aprender sobre
sobre Lacan
Lacan com com outra pessoa nos Estados
outra pessoa Estados Unidos
Unidos em em geral
geral
<< significa
significa aprender
aprender com alguém
alguém que que começou
começou a ler ler esses
esses textos
textos herméticos
herméticos
··.· . poucos anos antes
poucos anos antes de você
você..
.·•· · O homemhomem ou a mulher
mulher francesa
francesa comuns
comuns não entendem
entendem nada nada sobre
sobre Lacan
Lacan
i e e não
não podem explicar sequer
podem explicar sequer umauma de suassuas formulações.
formulações. Lacan Lacan pode
pode serser
tipicamente francês,
• · \tipicamente francês, e mais
mais próximo
próximo em em espírito
espírito àà “mente
"mente francesa”
francesa" do queque
>à americana,
americana, mas quasequase ninguém na França França entende
entende Lacan
Lacan através
através da
< leitura dos Écrits!
foitura Écrits\ Como
Como diz Lacan, Lacan, “Eles
"Eles nãonão eram para ser
eram para ser lidos”
lidos"
) (Seminário
(Seminário 20, p. 38). Os Os franceses
franceses aprendem
aprendem sobresobre Lacan
Lacan emem contextos
contextos
\ acadêmicos
acadêmicos e/oue/ou clínicos,
clínicos, onde
onde sãosão ensinados
ensinados por por umum dos milhares
milhares de
· ·•·.• lacanianos
lacanianos que trabalharam com
que trabalharam com Lacan
Lacan e seus
seus associados,
associados, compareceram
compareceram
186
186 O sujeito
O sujeito lacaniano
lacaniano

a palestras,
palestras, assistiram
assistiram a apresentações
apresentações de casoscasos em
em hospitais, passaram
hospitais, passaram
anos no diva,
anos divã, e assim
assim por diante. Eles
por diante. Eles aprenderam
aprenderam a obraobra de Lacan
Lacan emem
primeira
primeira mão
mão -— como
corno urna
uma práxis.
práxis.
Nos Estados
Estados Unidos,
Unidos, a psicanálise lacaniana éé apenas
psicanálise lacaniana apenas um conjunto
conjunto de
textos, um discurso
discurso morto
morto desenterrado,
desenterrado, como
como os textos antigos em
textos antigos em desco-
desco-
bertas arqueológicas,
bertas arqueológicas, o contexto
contexto dodo qual
qual já foi desgastado
desgastado ou corroído.
corroído.
Poucas publicações
Poucas publicações podem alterar
alterar isso.
isso. Para
Para o discurso
discurso de Lacan
Lacan ter vida
vida
aqui, sua abordagem
abordagem clínica
clínica terá
terá que
que ser
ser introduzida juntamente com
introduzida juntamente com seus
seus
textos, através
textos, através da análise,
análise, supervisão
supervisão e trabalho
trabalho clínico,
clínico, isto
isto é, através
através da
experiência subjetiva.
experiência subjetiva.
apêndice 11
apêndice

A linguagem do
A linguagem do inconsciente
inconsciente

Neste apêndice, examino


Neste apêndice, examino a elaborada
elaborada “linguagem”
"linguagem" de de quatro
quatro símbolos
símbolos
4
apresentada no
apresentada no posfácio
posfácio de Lacan
Lacan ao "Seminário
“Seminário sobresobre 'A carta roubada’”
A carta roubada'"
(Écrits 1966,
(Ècrits 1966, pp.41-61
pp.41-61). ). Um
Um modelo
modelo muito mais simples
muito mais simples dessa
dessa linguagem
linguagem
foi fornecido
foi fornecido no no capítulo
capítulo 2, que
que me me permitiu levantar uma
permitiu levantar série de
uma série
características essenciais
características essenciais de tais linguagens. A análise
tais linguagens, análise do modelo
modelo maismais
complexo de
complexo de Lacan,
Lacan, elaborada
elaborada neste
neste apêndice,
apêndice, é um pré-requisito
pré-requisito para para a
exploração do caput
exploração caput mortuum
mortuum mencionado
mencionado no no Apêndice
Apêndice 2, sendo caput
sendo o caput
mortuum um
mortuum um avatar
avatar (um
(um dos
dos mais dificeis de revelar,
mais difíceis ousaria dizer)
revelar, ousaria dizer) do
do
objeto a.
objeto
obra incluída
A obra incluída nestes dois apêndices
nestes dois apêndices deveria
deveria ser ser vista
vista como
como uma uma
tentativa de ler
tentativa ler Lacan
Lacan literalmente,
literalmente, em outras palavras,
palavras, prestar-se
prestar-se uma uma tão
tão
grande, se não
grande, até maior,
não até atenção àà letra
maior, atenção letra desse
desse posfácio quanto já
posfácio quanto se prestou
já se prestou
ao "Seminário
ao “Seminário sobresobre ‘A'A carta roubada’”. 1 De
carta roubada"'.! De fato,
fato, quase
quase ninguém
ninguém nuncanunca
leu o posfácio
leu Lacan a esse
posfácio de Lacan seminário. 22 Porém,
esse seminário. apresentar um
Porém, ao apresentar modelo
um modelo
relativamente simples
relativamente simples dede linguagem
linguagem que que inclui símbolos sobredetermina-
inclui símbolos sobredetermina-
dos, Lacan é capaz
dos, Lacan capaz de mostrar
mostrar como
como e onde
onde o real
real se
se manifesta
manifesta dentro
dentro dodo
simbólico e,
simbólico e, portanto, apontar os
portanto, apontar os limites
limites da "literalização".
“literalização”.

''Matemática recreacional”
“Matemática recreacional"

A exposição de Lacan
À exposição Lacan aqui (ÉcrÚs 1966,
aqui (Ècrits 1966, pp.41-61) lacônica a ponto
pp.41-61) é lacônica ponto de
Ser confusa, mas
ser seus passos
mas seus passos podem,
podem, nono entanto,
entanto, ser
ser apresentados
apresentados de forma
forma
·simples:
simples:
Primeiro
Primeiro passo: as jogadas
passo: as da moeda
jogadas da moeda sãosão agrupadas
agrupadas em
em três,
três, cada
cada grupo
grupo
caindo em
caindo em uma das
das categorias
categorias representadas
representadas na Tabela A
na Tabela All ..1.
1.

Lacan se
Lacan se refere às trincas
refere às trincas enquadradas
enquadradas na na categoria
categoria 11 e 3 como “simétri-
como "simétri-
cas", e àquelas
cas”, àquelas enquadradas
enquadradas nana categoria
categoria 2 como
como “assimétricas”
"assimétricas" (portanto,
(portanto,

187
187
188
188 O sujeito
O sujeito lacaniano
lacaniano

TabelaA1.1
Tabela A1.1
11 22 3
(idêntico)
(idêntico) (ímpar) (alternado)
(alternado)
+++
+++ ++---+
++ ------- + +-+
+ - +
---
---- +---++
+ ------- ++ - +-
-+-

"ímpar" para
a denominação de “ímpar” para a última).
última). Essas designações
designações serão
serão impor-
impor-
tantes mais tarde.
tantes
Tomando como
Tomando como base
base uma seqüência
seqüência de resultados de jogadas,
resultados de jogadas, as
agrupamos e rotulamos
agrupamos como indicado
rotulamos como indicado na
na figura A 1.1.

Figura
Figura A1.1
+
+ +
+ +
+ - +
+ +
+ -- - +
+ -- - -
T í

2 I

--33

O resultado
resultado das primeíras
primeiras três jogadas(+++) se enquadra na categoria
jogadas (+ + +) se categoria
l; o próximo
1; grupo sobreposto
próximo grupo sobreposto de três (+
(+ + -)
-) se
se enquadra
enquadra no grupo
grupo 2; o
terceiro (+--+•) éé do tipo 3; e assim
terceiro(+-+) por diante.
assim por Abreviarei isso conforme
diante. Abreviarei conforme
abaixo:
abaixo:

+ + + - + + - - + - -
112 322 232 223 221 2 2 3 2 1...
1 1...

observa claramente
| O leitor observa claramente que
que não
não é possível se deslocar
possível se deslocar diretamente
diretarn~nte de
! um 1l para um 3 (ou(ou de um 3 parapara um 1) l) sem
sem que um 2 intervenha para
intervenha para
iniciar (ou remover) alterriância de sinais.
remover) a alternância sinais. Todas
Todas as outras
outras sucessões
sucessões
combinatórias diretas
combinatórias diretas são
são possíveis. Lacán fornece
possíveis. Lacan fornece um grafo
grafo na Figura
Figura
Al.2 (chamado de “Rede
A1.2 (chamado "Rede 1-3”,
1-3", Écrits
Écrits 1996, p.48) para visualizar todas
para visualizar todas os
movimentos permitidos:
movimentos permitidos:
(Observe que
(Observe que esse
esse mesmo
mesmo grafo
grafo sese aplica
aplica em
em todos sentidos à matriz
todos os sentidos matriz
simplificada de grupos
simplificada grupos de jogadas
jogadas de dois sinais
sinais descrita
descrita no capítulo
capítulo 2).
Segundo
Segundo passo: Agora colocamos uma
Agora colocamos matriz simbólica
uma matriz simbólica sobre
sobre essa
essa
matriz numérica (Tabela A1.2).
numérica (Tabela
Aqui o espaço
espaço em branco entre os pares
em branco pares de números
números deve
deve ser preenchido
ser preenchido
por um terceiro número.
terceiro número. CadaCada letra grega então reagrupa
grega então reagrupa os grupos
grupos de
A linguagem
linguagem do
do inconsciente
inconsciente 189
189

Figura A
Figura 1.2:
A1. Rede 1-3
2: Rede 1-3

Tabela A1.2: Matriz 1 de Letras Gregas


a P y
Y S
1_1, 1_3 1_2 2_2
2_2 2_1
3_3, 3_1 3_2 2_3
2_3

primeiro
primeiro nível em três. Por
em três. exemplo, aa cobre
Por exemplo, cobre os
os casos onde encontramos
casos onde encontramos
dois 1I s (sob
dois mais/menos) separados
(sob a linha mais/menos) separados por outro número.
por outro número.

+ ++ ++ ++ ++ -— — — ++ -— -—
+ — — —
11 11 11 22 2 1 2 3 2 11 11 1...
1...
aex

Nesse caso, o número


Nesse caso, número do meio deve ser
meio deve ser um 1l ,,já que, como
já que, como vimos acima,
vimos acima,
não
não pode serser um 3,
3, sendo
sendo impossível diretamente de
impossível ir diretamente de uma configuração
uma configuração
11 para
para uma configuração
configuração 3 (deve
(deve haver
haver um
um 2 no meio);
meio); também
também não não pode
ser um
ser um 2,já que necessitamos
2, já que dois 2s
necessitamos dois em seguida
2s em seguida para ser possível
para ser possível retomar
retomar
a um (um único 2 não é suficiente).
um 1 (um suficiente). Se
Se preenchermos
preenchermos os os espaços
espaços em
branco corretamente, podemos
branco corretamente, agora fornecer
podemos agora fornecer uma tabela mais detalhada
uma tabela
(Tabela Al.3).
(Tabela A 1.3). Para
Para o momento,
momento, no entanto, as
no entanto, as coisas
coisas mais importantes a
seguir são
seguir são os
os primeiros terceiros números
primeiros e terceiros números de cada cada trinca.
trinca.

Tabela A
Tabela A1.3: Matriz IIli de Letras
1.3: Matriz Letras Gregas
Gregas
aot P
!} yY õ5
123
111, 123 112, 122
112,122 212,232
212, 232 221, 211
221,211
333,321
333, 321 332,322
332, 322 222
222 223,233
223, 233

Lacan não não diz isso em muitas


isso em muitas palavras
palavras (ou(ou não suficientemente
não é suficientemente
3
explícito, de alguma
explícito, alguma forma,
forma, para ser facihnente
para ser facilmente entendido
entendido) )3,, mas qualquer
mas qualquer
outro meio
outro meio de de reagrupar esses símbolos
reagrupar esses símbolos de de primeira ordem reduz
primeira ordem reduz o resto
resto
.· do que
que sese segue para
para total não-senso.
não-senso. As seqüências de números
As seqüências devem ser
números devem ser
190 suieito lacaniano
O sujeito
O /acaniano

reagrupadas
reagrupadas como
como sese segue.
segue. Considerando,
Considerando, mais uma uma vez,
vez, nossa
nossa linha
linha de
resultados de jogada
jogada (isto é,
é, a linha +/-) e a linha dos
linha+/-) números de
dos números de código
código
(segunda linha),
linha), primeiro
primeiro agrupamos
agrupamos o primeiro
primeiro e o terceiro
terceiro número,
número,
depois oo segundo
segundo e oo quarto,
quarto, depois
depois o terceiro
terceiro e oo quinto,
quinto, e assim por diante,
assim por diante,
acrescentando
acrescentando um símbolo
símbolo abaixo
abaixo de cada par par ligado para representá-lo,
ligado para representá-lo,
como na
como Tabela A
na Tabela Al.4.
1.4.
TabelaA1.4
Tabela A 1.4
Números...
Números ...
1 2 3 4 5..
5 ...
+ + + - + + +...
1 2 3 2 2 2 2..
2 ...
a
2 3 2
'Y
Y
3 2 2
J3
P
2 2 22
Y

esse esquema
Abreviarei esse esquema como
como segue:
segue:

+ + + - + + -- + -
1 2 33 22 22 2 2 33 2 1 11 11
y P
aa Y J3 Y y 8õ y
y Y y a 8õ a

Observe que
Observe que ao definir
definir a Matriz
Matriz de
de Letras
Letras Gregas,
Gregas, Lacan diz que
Lacan diz que um aex
desde um grupo de três jogadas
abrange desde simétricas (isto
jogadas simétricas (isto é, categoria
categoria 1 ouou
3) a outro grupo simétrico;
3) simétrico; um
um~p abrange
abrange de
de um
um simétrico
simétrico a um assimétrico
um assimétrico
(isto categoria 2); um y abrange de um
(isto é, categoria um assimétrico
assimétrico a outro
outro assimétrico;
assimétrico;
um Ô
e um õ abrange
abrange de um um assimétrico
assimétrico a um
um simétrico.
simétrico. Voltarei
Voltarei a esse
esse ponto
ponto
mais tarde.
mais tarde.
O que
O que precisa destacado a seguir é que
precisa ser destacado que enquanto qualquer letra letra pode
seguir diretamente
seguir diretamente uma outra (isso(isso pode ser verificado
pode ser verificado pela inspeção da
pela inspeção
Tabela A
Tabela All ..3,
3, Matriz Gregas), nem
Matriz II de Letras Gregas), nem toda
toda letra pode
pode seguir
indiretamente qualquer outra. O
indiretamente O caso
caso que
que veremos
veremos aqui, para começar, éé
para começar,
determinação ou limitação
a determinação limitação imposta sobre
sobre aa terceira
terceira posição.
posição.
Suponhamos que
Suponhamos que comecemos
comecemos comcom a letra
letra a;
ex; a próxima letra pode ser
próxima letra ser
a, P,
a, ~' y ou
ou Ôô mas,
mas, sempre
sempre temos um aa ou um ~
temos um p na terceira vaga.
na terceira vaga. Por
Por quê?
quê?
linguagem do
A linguagem
A do inconsciente
inconsciente 191

As quatro combinações
As quatro combinaçõesapossíveis(asaber,
a possíveis (asaber, 111, 123, 123, 333,
333, 321) terminam
tenninam
em 11 ou 3. 3. Como
Como o últimoúltimo número
número dessas
dessas trincas
trincas se se tomará
tomará o primeiro
primeiro
número
número dasdas trincas
trincas da terceira
terceira vaga, como a<X e f3
vaga, e como são as
p são as únicas letras que
únicas letras que
abrangem combinações
abrangem combinações começando
começando com com 11 e 3, apenas a<X e Pf3 podem
3, apenas podem
preencher terceira vaga,
preencher a terceira vaga.
Todo esse
Todo esse processo
processo de raciocínio
raciocínio pode ser repetido
pode ser repetido se, se, em
em lugar
lugar de
de a,
<X,
começarmos com
começarmos com a letra õ, porque
letra 8, todas as
porque todas as combinações
combinações 8õ também também
terminam em
terminam em 1 ou 3. 3.
outro lado, todas
Por outro lado, todas as combinações f3p e y terminam
as combinações terminam em em 2,
2, e como
como
apenas as
apenas combinações 8õ e y começam
as combinações começam com com 2, estas
estas sósó podem
podem preencher
preencher
a vaga
vaga três se um
três se um f3p ou umum yy estiver
estiver na
na vaga
vaga um.
um.
Isso explica
Isso explica a fórmula
fórmula emblematicamente
emblematicamente lacônica lacônica que que aparece
aparece emem
Êcrits (1966, p. 49)
Ècrits (1966, 49) e que que reproduzo
reproduzo na na Tabela
Tabela A Al.5. Vemos na
1.5. Vemos na linha
linha
superior que
superior que nono caso
caso de a<X e 8,
õ, não
não obstante
obstante qual
qual seja
seja a letra
letra que
que colocarmos
colocarmos
etapa 2,
na etapa 2, ainda temos a<X ou f3p na
ainda temos na etapa
etapa 3;
3; e a linha inferior
inferior mostra que, no
mostra que, no
caso de
caso de y e f3, qualquer letra
p, qualquer letra que
que tentarmos encaixar na
tentarmos encaixar etapa 2 nos
na etapa nos dá y ou
8õnaetapa3.
na etapa 3.

Tabela A
Tabela A11.5: Uma distribuição
.5: Uma distribuição 8S
IX,S
a, 8 «x,13
a,P
~-> a,l3;y,6
a,p,y,8 —>
'Y,13 y,6
y,ô

Etapas
Etapas 11 22 3

O que
O que significa
significa dizer
dizer que a terceira
terceira vaga
vaga já é, até certo
já é, certo ponto, determi-
ponto, determi-
nada pela
nada pela primeira-
primeira — a primeira
primeira "carregando dentro de
“carregando dentro de si”
si" a "semente"
“semente” da
terceira.
terceira. Antes desenvolver com
Antes de desenvolver com mais
mais profundidade
profundidade essa essa noção,
noção, exami-
exami-
nemos
nemos o esquema quatro-etapas de
esquema quatro-etapas de Lacan
Lacan na na página
página 50 50 do Écrits 1966.
Ècrits 1966.
Observemos a Tabela
Observemos Tabela O, O, onde
onde asas vagas estão numeradas
vagas estão numeradas na linha linha
superior e uma
superior uma linha
linha de
de números
números de amostragem
amostragem (codificando
(codificando os os resultados
resultados
de jogadas
de jogadas de de moeda)
moeda) é apresentada
apresentada na segunda linha embaixo
na segunda embaixo (Tabela
(Tabela
A l1.6).
.6). Lacan
Lacan não afinna que
não afirma que o único
único caminho
caminho parapara ir dede 86 na vaga
vaga um até
um até
f3 na
P na vaga quatro é inserir
vaga quatro inserir dois
dois as entre eles.
<Xs entre eles. Existe,
Existe, nana verdade,
verdade, uma uma
variedade caminhos para
variedade de caminhos se deslocar
para se deslocar dede 86 até f3; questão de
p; a questão de Lacan aqui
Lacan aqui
éé que
que nenhum
nenhum deles
deles inclui letra y (letra
inclui a letra (letra grega
grega linha
linha 2),
2), um fato que
um fato que pode
pode
se verificar
se verificar aoao tentar
tentar todas as variadas
todas as variadas combinações
combinações possíveis (uma tarefa
possíveis (uma tarefa
cansativa
cansativa na na melhor
melhor das das hipóteses), simplesmente observar
hipóteses), ou simplesmente observar que,
que, como
como
todos os
todos õs terminam
os 8s terminam em em 1l ou
ou 3,
3, um
um ynão
y não é possível terceira vaga
possível na terceira vaga (vimos
(vimos
acima, na
acima, na Tabela
Tabela A A 11.5, distribuição Aõ,
.5, a distribuição apenas a<X e f3p podem
que apenas
AS, que seguir
podem seguir
86 na
na terceira vaga), e que
terceira vaga), que um yna segunda vaga
y na segunda vaga automaticamente
automaticamente significa
significa
192 sujeito lacaniano
O sujeito
O /acaniano

que a trinca
que trinca da vaga
vaga 4 começará
começará com
com um 2, enquanto
enquanto nenhum J3p começa
começa
comum
com um 2,2.
Tabela A1
A1 .6: Tabela O de Lacan
N9 de vaga
N9devaga
1 2 3 4
Exemplo de
Exemplo de linhas
linhas de
de números
números Linha de
Linha de letras
letras gregas
gregas
2 111 1 1 22

6a a(X a(X 13
p y
'Y y
'Y 8a 1
'Y
Y ao: 2

13
P 8a 8a 13p 3

A linha
linha 3 de letras gregas
gregas da tabela mostra que
tabela mostra que se
se for colocado
colocado um J3p na na
vaga 2, nunca se
vaga se consegue
consegue um J3p na vaga (pois um J3p coloca
vaga 4 (pois coloca um 2 no
começo da trinca
começo trinca da vaga
vaga 4, ee nenhum
nenhum J3p começa
começa com com um 2); ee que que se
se
formos tolos ao ponto
formos tolos ponto de tentar colocar um Sô na vaga
tentar colocar vaga 3,3, deparamo-nos
deparamo-nos com com
oo que já
já vimos
vimos no exemplo
exemplo de três etapas:
etapas: um 8ô nunca
nunca pode ser encontrado
pode ser encontrado
na vaga
vaga 33 se existe um 8ô na vaga
se existe vaga 11..
O resto
O resto da linha 11 de letras
letras gregas
gregas à direita
direita de Saap
õcxcxJ3 nos mostra
mostra os
termos excluídos para
termos excluídos série J3yyõ,
para a série funciona exatamente
py/8, que funciona exatamente como como o lado
esquerdo.44
esquerdo.
Nas páginas após a Tabela
páginas após Tabela O, Lacan
Lacan menciona
menciona outras
outras características
características
sobreposição de letras gregas.
sintáticas da sobreposição gregas. Por exemplo,
exemplo, se se alguém se se
depara com dois J3s
depara seguindo um ao
ps seguindo ao outro sem um 8ô no meio,
outro sem meio, ou eles eles
seguiram um após
seguiram após o outro
outro imediatamente
imediatamente (isto(isto é, J3J3) estão separados
pp) ou estão separados
por
por um ou ou mais
mais pares cxy(por
pares ay exemplo, J3cxy13,
(por exemplo, payp, J3cx')'(l'Yf3,
payayp, J3aycx ... 'yP).
payoc... Yf3). O
O que
que
observamos de imediato aqui é que
observamos que.embora seja teoricamente
embora seja teoricamente possível
possível para para
uma série
série aleatória
aleatória de jogadas
jogadas dede moeda
moeda reproduzir
reproduzir indefinidamente
indefinidamente cxs exs ou
ou
como nos dois
ys, como dois exemplos
exemplos a seguir
seguir- —

+ + +
+ + + + ++ + + + + + +
+
1 1 1 1 1 1
(X aexa a
a (X a a.
a a(X a (Xa (X a. a.

- - + + - - + + - - + + -
2 222 22 2 22 22 2 22 222 2 2 2 2
'Y y'Yy y"( y'YY Y"( Y "(y
y "( "( "(

-— nenhuma série
série aleatória
aleatória conseguiría
conseguiria produzir sem fim
produzir sem fim 8s
õs ou J3s dessa
ps dessa
forma, pois
pois os & sempre
os 8s sempre vão
vão de números
números pares começo das trincas
pares no começo trincas para
para
números
números ímpares (por exemplo,
ímpares no final (por exemplo, 223) e, portanto,
223) e, esgotam-se após
portanto, esgotam-se após
apenas duas repetições,
apenas duas repetições, e J3s exatamente o oposto
ps fazem exatamente oposto (indo
(indo de ímpar
ímpar
A linguagem do
A linguagem do inconsciente
inconsciente 193

para
para par) e, portanto, esgotam-se da mesma
portanto, esgotam-se forma. Em
mesma forma. Em outras
outras palavras,
palavras,
eles podem
eles apenas reabastecer-se
podem apenas através da interpolação
reabastecer-se através interpolação dede outras
outras letras
letras
e, na
na verdade, par f3p exige
verdade, cada par exige pelo menos duas
pelo menos duas outras
outras letras
letras sucessivas
sucessivas
.antes de poder
antes de aparecer novamente.
poder aparecer novamente. O mesmo
mesmo sese aplica
aplica ao par
par ô.
Õ.

Probabilidade ee Possibilidade
Probabilidade Possibilidade

Uma
Uma dasdas conclusões
conclusões queque podem
podem ser ser tiradas dada matriz segunda ordem
matriz de segunda ordem
Lacan é que, por
de Lacan por mais que se
mais que se tente, independente da moeda
tente, independente moeda Usada estar
usada estar
viciada
viciada ou de quanto se se trapaceie, algumas das
trapaceie, algumas das letras definidas, saber f3p
definidas, a saber
õ, nunca
e 8, nunca podem acontecer em mais
podem acontecer mais de 50%50% das
das vezes. Contrariamente,
Contrariamente,
com uma
com uma grande
grande dose
dose dede sorte com uma moeda
sorte ou com viciada, a,
moeda viciada, ex, assim
assim como
como
y,poderia
y, ser o resultado
poderia ser resultado emem mais
mais da metade
metade das vezes. Embora esta
vezes. Embora esta matriz
matriz
simbólica de duas camadas
simbólica camadas fosse
fosse projetada modo a dar
projetada de tal modo dar a cada
cada letra
letra
5
grega exatamente a mesma
grega exatamente mesma probabilidade aparecer quanto
probabilidade de aparecer quanto as as outras
outras5, ,
surgiu uma restrição
surgiu restrição nos termos de possibilidade impossibilidade, diga-
possibilidade e impossibilidade, diga-
mos ex nihilo.
assim, ex
mos assim, nihilo.
Probabilidade
Probabilidade ee possibilidade
possibilidade não não são uma e aa mesma
são uma coisa. Portanto,
mesma coisa. Portanto,
afirmativa de Lacan
a afirmativa Lacan de queque combinações
combinações prodigiosamente favoráveis de
prodigiosamente favoráveis de
jogadas moeda poderiam
jogadas de moeda poderiam levar ou 'yY a tomar
levar aex ou tomar conta
conta da série,
série, enquanto
enquanto
mesmo as
mesmo as combinações
combinações mais absurdamente favoráveis
mais absurdamente nunca poderiam
favoráveis nunca poderiam
levar f3
levar P ou 8õ a fazê-lo,
fazê-lo, refere-se
refere-se a um resultado significativo da combina-
resultado significativo combina-
tória, superando todas as considerações
tória, superando considerações de probabilidade.
probabilidade.
Porém, o resultado
Porém, resultado mais importante,
importante, a meu meu ver, é a sintaxe
sintaxe produzida,
produzida,
que permite certas combinações
permite certas combinações e proíbe Vemos aqui
proíbe outras. Vemos aqui que
que as leis
leis
geradas por
geradas nossa sobreposição
por nossa sobreposição numérica (barrando movimentos
numérica (barrando movimentos diretos
diretos
de 1 a 3 e de 3 a 1) florescem
florescem num aparelho
aparelho complexo
complexo com
com a introdução
introdução
da matriz alfabética. No capítulo
matriz alfabética. capítulo 2, nota exploro algumas
nota 6, exploro algumas semelhanças
semelhanças
esse tipo de aparelho
entre esse aparelho e a linguagem.
linguagem. A gramática
gramática gerada
gerada aqui
aqui pode
pode
ser representada
ser representada em em um grafografo semelhante
semelhante à Rede 1-3 de Lacan, Lacan, como
como
demonstrado
demonstrado na próxima subseção.
próxima subseção.

Mapeamentos de redes
Mapeamentos de redes

No resto deste
No resto deste apêndice
apêndice e no Apêndice examino o “Parêntese
Apêndice 2, examino "Parêntese de
parênteses” acrescentado
parênteses" por Lacan
acrescentado por Lacan emem 1966,
1966, que
que divide
divide esta
esta introdu-
introdu-
·_·. ção/posfácio
ção/posfácio ao
ao “Seminário
"Seminário sobre
sobre ‘A
'A carta
carta roubada’”,
roubada"', em em duas
duas partes.
partes.
·.· Começarei
Começarei minha
minha análise
análise desta
desta seção
seção com
com a nota
nota de rodapé
rodapé que que a termina,
termina,
na qual vemos a Rede
qual vemos Rede 11-3
-3 transformada,
transformada, e a Rede
Rede a,ex, 'p,
3, y, 8õ elaborada pela
elaborada pela
primeira e única
primeira única vez. A nova
nova rede
rede é mostrada
mostrada nana Figura
Figura Al.3.
A l .3.
194 O sujeito
O sujeito lacaniano
lacaniano

retranscriçao da Rede
Nesta retranscrição Rede 1-3, todas
todas as setas mudaram de direção
setas mudaram direção e,
em vez de encontrar
em encontrar os números 1, 2 e 3, encontramos
os números encontramos as quatro
quatro seguintes
seguintes
combinações: diagrama foi, portanto,
combinações: 00, 01, 10 e 11. O diagrama invertido, e o
portanto, invertido,
sistema de codificação
sistema codificação mais uma vez alterado
alterado -— ao
ao ponto
ponto de ser
ser irreco-
irreco-
nhecível!
nhecível!
Figura A
Figura 1.3:
A1. Rede 1-3
3: Rede 1-3 (ligeiramente
(ligeiramente modificada)
modificada)
10

01
Somos retomar àà tabela
Somos obrigados a retornar tabela mostrando combinações de
mostrando quais combinações
resultados
resultados de jogada são
são agrupadas
agrupadas sob
sob cada
cada número (Tabela AI
número (Tabela A l .7) para
para
descobrir por trás do novo código.
descobrir a lógica por código.

TabelaA1.7
Tabela A 1.7
11 2 3
(idêntico)
(idêntico) (ímpar}
(ímpar) (alternante)
(alternante)
++++
++ +++---+
+ ------- + ++-+
- +
---
— ++---++
------- + + “-+-
+—

simplificou esse
Lacan não simplificou esse diagrama
diagrama para
para uma matriz de dois
uma matriz dois sinais
sinais
é,++,
(isto é, + +-, - +,e--) como se poderia
e — ) como podería pensar
pensar à primeira
primeira vista (embora,
(embora,
como mencionado
como anteriormente, a Rede 1-3 seja
mencionado anteriormente, seja uma esquematização
uma esquematização
perfeitamente adequada desta
perfeitamente adequada desta matriz
matriz simplificada
simplificada de dois
dois sinais).
sinais). A com-
com-
binação evidentemente, à antiga categoria
binação 1111 se refere, evidentemente, categoria um, enquadrando
enquadrando
+++e-
+ + + e - -.. Como
Como isso é possível? Suponhamos que
possível? Suponhamos que 1 denote
denote "o“o mesmo",
mesmo”,
em outras
em outras palavras,
palavras, que os resultados
resultados das
das duas primeiras
primeiras jogadas são,
jogadas são,
ambos, mais ou menos;
ambos, menos; 1111 então
então implica que
que os resultados
resultados dodo segundo par
par
sobreposto jogadas são
sobreposto de jogadas são também os mesmos; dessa
os mesmos; dessa forma podemos
forma podemos
representar ambas
representar ambas as combinações
combinações que previamente
previamente se se enquadravam
enquadravam sob sob
categoria um. Dessa
a categoria símbolo O
Dessa mesma maneira, o símbolo denotará, é obvio,
0 denotará, obvio, “o
"o
diferente”,
diferente", e 00 representará
representará então
então ambos
ambos+ + - + e - + -, os resultados
+e-+-, resultados das
duas jogadas aí incluídos,
incluídos, ambos envolvendo sinais
ambos envolvendo sinais diferentes.
diferentes. E embora
embora
A linguagem
linguagem do
do inconsciente
inconsciente 195
195

10 enquadre ++ + - e - - +
1Oenquadre (igual e, posteriormente,
+ (igual diferente), 01
posteriormente, diferente), O1 cobrirá
cobrirá
+- - e - +
+ ++ posteriormente igual). 66
(diferente e posteriormente
+ (diferente
Se esse novo
Se novo código
código funciona no modo sugeri, há um erro
modo que sugeri, erro tipográ-
tipográ-
fico· no grafo
fico grafo apresentado
apresentado na página
página 56 Écrits. Pois presumindo
56 dos Écrits. presumindo que oo
resultado cadeia de jogadas
resultado da cadeia caminha da esquerda
jogadas caminha esquerda para direita (e
para a direita (e esse
esse
caminho que
é o caminho que ela
ela toma
toma no próprio exemplo de Lacan
próprio exemplo Lacan nana nota de roda-
nota de roda-
pé da página cada novo termo
47), cada
página 47), será acrescentado
termo será acrescentado àà direita
direita e, portanto,
portanto,
+++e---se
++ + e se transformará
transformará em em+++ + --ee --+, respectivamente, à medida
— +, respectivamente, medida
que sese deslocam
deslocam em em direção
direção à parte superior do círculo,
parte superior círculo, ambos
ambos devendo
devendo
ser codificados
ser codificados como como 10. As combinações
combinações 01 OI e 10 estão,
estão, então,
então, invertidas
invertidas
equivocadamente na página
equivocadamente página 56 e, portanto, as modificações
portanto, fiz as modificações necessárias
necessárias
A 1.3. 7
FiguraAl.3.7
na Figura
Em seguida,
Em seguida, Lacan
Lacan estabelece
estabelece um grafo-de-alta-ordem
grafo-de-alta-ordem que ele alegre-
alegre-
mente afirma que todos
mente todos os matemáticos sabem como
matemáticos sabem como calcular
calcular -— como
como se se
seu texto, agora aparecendo
texto, agora aparecendo na coleção
coleção dede seus
seus escritos
escritos “psicanalíticos”
"psicanalíticos"
conhecidos como
conhecidos Écrits, tivesse
como Êcrits, ser primeiramente
tivesse que ser primeiramente lido com com cuidado
cuidado
por matemáticos
matemáticos de alto alto nível! Tentemos
Tentemos “decifrar”
"decifrar" esse
esse grafo
grafo por
por partes.
partes.
Ao cortar
cortar pela metade os
pela metade os quatro arcos
arcos que
que compõem
compõem os os quadrantes
quadrantes do
círculo principal
círculo principal na Rede
Rede 1-3 e colocar
colocar um ponto (ou vértice)
ponto (ou em cada
vértice) em cada um
cortes, obtemos
dos cortes, obtemos um um quadrado
quadrado definido
definido por esses quatro
por esses quatro novos
novos pontos
pontos
(Figura Al.4).
(Figura A 1,4).

· Figura
Figura A
A11.4
.4

(10)
(10)
• o

(00)
(00) ((11)
U)

• •
(OI)
(01)
·:.·:.

\ . Então,
Êntão, definimos
definimos dois
dois pontos adicionais cortando
pontos adicionais cortando os loops
loops da direita
direita e
\ da esquerda
esquerda ao redor de 00 00 e de
de 1111 no meio, dois pontos
meio, e dois pontos a mais cortando
mais cortando
>
; aalinha
linha reta central entre
reta central entre 10
1Oe 01
O1 (o(o qual,
qual, como
como lembramos
lembramos ao consultar
consultar a
:<i antiga Rede
Rede 1-3, na verdade consistia em
verdade consistia em duas
duas setas).
setas). Depois
Depois voltamos
voltamos a
/ conectar
conectar esses
esses pontos entre si com
pontos entre com novas setas, orientadas
novas setas, orientadas como
como nana Rede
Rede
: (1-3 (Figura Al.5).
1-3 (Figura A l .5). Portanto, explicamos aaforma
Portanto, explicamos forma dodo grafo
grafo dividindo
dividindo cada
cada
/ipasso
passo da Rede 1-3 em
Rede 1-3 em duas
duas etapas
etapas separadas.
separadas.
196
196 O sujeito
O sujeito Jacaniano
lacaniano

FiguraA1.5
Figura A 1.5

números com
Os números com os quais Lacan Lacan em seguida
seguida designa
designa cadacada um dos novos
um dos novos
pontos, embora pareçam
pontos, embora semelhantes àqueles
pareçam semelhantes àqueles encontrados
encontrados na na Rede
Rede 1-3,
derivam ded.e mªjs códig<>, ainda
mais um código, ainda que tenham
tenham relação
relação comcom a Rede! Tivesse
Rede! Tivesse
Lac;:in mantido
Lacan o"i:nesmo
mmitido o mesmo código, código, suasua nova
nova Rede
Rede a, ex, f3,
p, y, 5ô correspondería
corresponderia
seqüências de quatro sinais
a seqüências sinais (isto é, sinais
sinais mais e menos) menos) e não não a
seqüências de cinco,
seqüências cinco, comocomo é, na verdade,
verdade, o caso.caso.
grafo de ordem-superior,
O grafo ordem-superior, entendido entendido comocomo dividindo
dividindo cadacada passo
passo da
Rede 1-3 em dois passos
Rede separados, representa
passos separados, representa duas duas vezes mais combi- combi-
nações de sinais.
nações sinais. No casocaso de uma combinação
combinação binária casas-
binária de três casas — uma
que toma
que toma três sinais
sinais de maismais ou de menosmenos consecutivos
consecutivos como como seu
seu bloco
bloco ouou
unidade
unidade básica construção -— existem
básica de construção existem 2233 (a (a saber,
saber, 8) combinações
combinações
possíveis
possíveis mas, se se acrescentarmos
acrescentarmos uma casa casa adicional, temos 2244 (a
adicional, temos (a saber,
saber,
combinações possíveis.
16) combinações Contudo, como
possíveis. Contudo, como vimos antes, ao
vimos antes, ao usar super-
usar a super-
posição (igual/diferente), cada
posição 1/0 (igual/diferente), cada ponto
ponto na Rede corresponde a duas
Rede 1-3 corresponde duas
combinações diferentes:
combinações diferentes: por exemplo, 10
por exemplo, 1Ocorresponde
corresponde a + + - e -—- +, os
primeiros sinais sendo
primeiros dois sinais sendo iguais,
iguais, os dois segundos
segundos diferentes.
diferentes. Portanto,
Portanto,
caso de uma combinatória
no caso combinatória de três casas casas (tal
(tal como
como a Rede existem
Rede 1-3), existem
combinações possíveis
8 combinações correspondendo a quatro pontos
possíveis correspondendo pontos ou vértices
vértices
(numerados 111,
(numerados O, 0O1 e 00). No caso
1, 10, caso de uma combinatória
combinatória de de quatro
quatro casas,
casas,
temos combinações possíveis
temos 16 combinações associadas com
possíveis associadas com 8 vértices:
vértices: e na na combi-
combi-
natória de cinco
cinco casas
casas temos
temos 32 32 combinações
combinações possíveis vértices (cuja
possíveis e 16 vértices (cuja
melhor visualização seria
melhor visualização seria através
através de um grafo grafo de três dimensões).
dimensões).
Logo, a Rede a, ex, f3,
p, y,
y, 8ô de Lacan tem tem 88 vértices
vértices e assim
assim correspondería
corresponderia
normalmente seqüências de sinais
normalmente a seqüências sinais de quatro
quatro casas.
casas. E o fatofato de que ele
numera esses
numera esses vértices
vértices com com seqüências
seqüências 1/0 com com três casas
casas cada
cada (isto
(isto é, 000,
000,
001, 010, 011, 100, 101, 110
001,010,011, H O e 1111)
11) parece confirmara
parece confirmar a idéia de que a RedeRede
mapeia seqüências de quatro
mapeia seqüências quatro sinais
sinais de mais/menos.
mais/menos. Mas Mas então
então como
como
explicar
explicar o fato de que que a, ex, f3,
p, y, 8ô todos
todos se referem a seqüências
se referem seqüências de de cinco
cinco
sinais?
sinais?
Isso pode ser feito
pode ser feito de três maneiras:
maneiras:
A linguagem
A linguagem do inconsciente
inconsciente 197
197

I. Enquanto na Rede
1. Rede 1-3, o 1l e o 0O se referemreferem ao igualigual ee diferente,
diferente, res-
pectivamente,
pectivamente, aqui eleseles se
se referem ímpar e par.
referem a ímpar Em outras
par?8 Em outras palavras, vez
palavras, em vez
de seqüências
de seqüências em código
código de resultados
resultados de quatro jogadas (por exemplo,
jogadas (por exemplo, 111
denotando ++++++++ e ---------,
- - -, 000
000 denotando
denotando+ + --++-
- + -+-
+ - + -, e assim
assim por diante),
por diante),
eles recodificam
eles recodificam nossa
nossa matriz numérica antiga:
matriz numérica antiga: 1 substituiría
substituiria nossas categorias
nossas categorias
de matriz
matriz numérica
numérica um e trêstrês (as categorias números
(as categorias ímpares na
números impares na Tabela
Tabela A 1.7)
e 0O substituiría
substituiria a categoria
categoria dois da matriz numérica (a categoria
matriz numérica número par).
categoria número
2. Altemativamente,
2. Alternativamente, poderíamos
poderiamos dizerdizer que o 1I se se refere
refere a todas as configu-
rações simétricas
rações (agrupadas sob
simétricas (agrupadas sob categorias
categorias de matriz
matriz numérica
numérica um e trêstrês na
Tabela Al.7)
Tabela A1.7) e 0O para
para todas assimétricas (agrupadas
configurações assimétricas
todas as configurações (agrupadas sobsob a
categoria Tabela A
categoria dois na Tabela Al.7).
l .7). Isto é, 0O se referiría
referiria a todas
todas as categorias
categorias que
Lacan denomina como como "ímpar''
“ímpar” (aqui no sentido de “bizarro”). "bizarro"}. Portanto,
Portanto, ao
recodificar
recodi ficar a matriz numérica,
numérica, também simplifica-se o código código de seqüências
seqüências de
resultados jogadas. 9
resultados de três jogadas.9

Mencionei
Mencionei acima acima que ao ao definir
definir sua MatrizMatriz de Letras
Letras Gregas
Gregas Lacan
Lacan
estipula que um a<X vai de uma seqüência
estipula que seqüência simétrica
simétrica de trêstrês jogadas (isto é,
jogadas (isto
categoria um ou
categoria ou três) para
para outra simétrica; um f3
outra simétrica; p vai de umauma simétrica
simétrica para
para
uma assimétrica
uma categoria dois);
assimétrica (isto é, categoria dois); um yde uma assimétrica
y de uma assimétrica para outra
para outra
assimétrica; e um 86 de uma assimétrica
assimétrica; assimétrica para para uma simétrica. A Rede
uma simétrica. Rede a,ex, p,
p,
y, 86 pode
pode serser reescrita
reescrita preenchendo
preenchendo as trincastrincas diferentes
diferentes designadas
designadas por por
cada uma das
cada das novas
novas trincas
trincas empregando
empregando apenas apenas Os Os e Ilss (Figura
(Figura A Al.6).
1.6).
De qualquer
qualquer ponto grafo pode-se
ponto no grafo seguir a cadeia
pode-se seguir cadeia nas duasduas direções
direções
diferentes apontadas
diferentes apontadas pelo acréscimo de um número
pelo acréscimo número ímpar ímpar ou par (e,
par (e,
portanto, um 0O ou um 1) ao final da trinca, ou, em
portanto, em última hipótese
hipótese (se(se
tivermos entusiasmo bastante
tivermos entusiasmo bastante para resolver todas
para resolver todas as combinações),
combinações), um
mais
mais ou um menos no final de uma seqüência seqüência de cinco cinco sinais.
sinais. O grafo
grafo tem
tem
vantagem de apontar
a vantagem apontar todos os os caminhos
caminhos pennitidos
permitidos (e portanto, implici-
portanto, implici-
tamente, todos os proibidos),
tamente, todos proibidos), e o códigocódigo 1/0 utilizado reduz todas as
utilizado reduz as
combinações dç mais/menos
combinações trincas a uma
mais/menos e trincas combinatória 1/0 de três casas.
uma combinatória casas.
Observe
Observe aquiaqui que
que asas anotações para a,
anotações para a, P,
~' y e 86 fornecidas
fornecidas por por Lacan
Lacan
com essa
com essa Tabela
Tabela (p. 57)57) são mais uma uma vez lacônicas ao ponto
vez lacônicas serem
ponto de serem
crípticas.
crípticas. Os períodos funcionam
Os períodos fimcionam comocomo espaços
espaços em branco a serem
em branco preen-
serem preen-
chidos por
chidos por um dos dos símbolos,
símbolos, 1 ou ou 0:
O: 11.1 deve, portanto,
. 1 deve, portanto, serser lido
lido como
como 1111 11
ou 101,
10 l, 1.0 como
como 11011 O ou 100, e assimassim por por diante.
diante. Aqui
Aqui vemos muito
vemos muito
claramente
claramente que cada cada letra
letra grega
grega é definida
definida em termos
termos de sua sua configuração
configuração
simétrica-assimétrica.
simétrica-assimétrica. ObserveObserve também
também que embora pareça, agora,
embora pareça, pos-
agora, pos-
sível que a antiga
sível antiga Rede
Rede 1-3, incluindo
incluindo 111, 1, 10, 01OI e 00 como
como seusseus vértices,
vértices,
pudesse representar
pudesse representar de forma
forma adequada
adequada o sistema
sistema a, a, ~.
p, y, 8,
6, esta
esta Rede
Rede seria
seria
incapaz de representar
incapaz representar os movimentos
movimentos proibidos
proibidos e os os circuitos
circuitos de de memória.
memória.
Lacan parece
Lacan chegado à forma
parece ter chegado forma final dessadessa rede
rede complexa
complexa colocando,
colocando,
primeiro as oito
primeiro possíveis trincas 1/0 nos
oito possíveis nos cantos
cantos de um cubo cubo (ou paralele-
paralele-
pípedo). Como
pípedo). Como um cubo cubo tem exatamente
exatamente oito oito cantos,
cantos, sem
sem dúvida Lacan Lacan o
198 O
O sujeito lacaniano
sujeito lacaniano

pensou como um provável


provável meio
meio de representação
representação (ver
(ver Seminário
Seminário 4, 20 de
março de 1957). Se colocarmos
colocarmos 000 000 numa extremidade
extremidade e 111 na outra,
acrescentando sucessivamente
acrescentando sucessivamente Os Os circulando em uma direção
direção e 1I s circulan-
circulan-
do na outra (Figura
(Figura A 11..7),
7), precisamos apenas preencher
precisamos apenas preencher as as setas,
setas, achatando
achatando
em duas direções,
o cubo em direções, e arredondar
arredondar as terminações
terminações quadradas
quadradas para
para
encontrar o grafo Lacan (Figura
grafo final de Lacan (Figura A 1.6). 1 0
Al.6).10
FiguraA1.6
Figura A1.6
100
100 110
110
13 13
122 112
322 332

000 111
'Y (X
222 111
333

001 011
ô ô
223
223 233
233
221 211
211

Observe para futuras referências


Observe trincas numéricas
referências que as trincas numéricas situadas nos
níveis superior
superior e inferior
inferior da Rede
Rede a, a, p,
p, y, Ôô são imagens especulares:
são imagens especulares:
322/223, 122/221, 233/332,
322/223, 233/332, 211/112. O mesmo acontece com
mesmo acontece com as novas
novas
trincas binárias 1-0: 100/001, 1110/011. Todas essas
10/01 1. Todas essas imagens
imagens especulares
especulares
incluem a necessária
incluem inversão da direita
necessária inversão direita para esquerda implicada pelo
para a esquerda
estádio do espelho Lacan. P
espelho de Lacan. p ee 5ô são, portanto, imagens especulares
portanto, imagens especulares uma
outra. (Elas
da outra. (Elas são,
são, sobretudo,
sobretudo, definidas
definidas como
como indo
indo de simétrica para
simétrica para
FiguraA1.7
Figura A1.7

001
110

........
····-;?.•
.......
000
A linguagem
A linguagem do inconsciente
inconsciente 199
199

assimétrica e de assimétrica
assimétrica assimétrica para simétrica, respectivamente.)
para simétrica, respectivamente.) Isso
Isso será
será
importante na análise
importante "Esquema L”
análise do “Esquema L" de Lacan
Lacan no Apêndice
Apêndice 2.2.·
3. Existe,
Existe, ainda, outra maneira de explicar como como a Rede ex, 13,
Rede a, P, y, 86 cobre
cobre as as
seqüências de cinco sinais de mais e menos:
seqüências menos: primeiro codificamos essas essas
seqüências usando
seqüências código de Rede
usando o código Rede 1-3, e depois recodificamos o código
depois recodificamos
usando
usando o mesmo código! código! Explico:
Explico:
O código
O código 1/01/0 mesmo/diferente
mesmo/diferente pode pode ser aplicado duas
ser aplicado duas vezes:
vezes: primeiro
primeiro para
para uma
seqüência de cinco
seqüência cinco sinais (por exemplo: ++
(por exemplo: + + - +++) depois para
+ ) e depois para o código 1/0
correspondente (por
correspondente (por exemplo:
exemplo: 1001).
1001). Pois,
Pois, tomando pares pares de sobrepostos
sobrepostos na
seqüência
seqüência de números, podemos
de números, podemos recodificá-los
recodifícá-los caso caso identifiquemos dois nú- nú-
meros idênticos,
meros idênticos, queque serão
serão codificados
codificados como
corno 1l,, ou dois
dois números
números diferentes
diferentes que
serão codificados
serão codificados como como 0. O. No exemplo
exemplo acima acima(++ (++ - -h-,++, para o qual 1001
corresponde), recodificamos
corresponde), recodificamos 1001 como como diferente-igual-diferente,
diferente-igual-diferente, em outras outras
palavras,
palavras, comocomo 010.010. Isso
Isso nos permite
permite reduzir seqüências de
reduzir as seqüências de cinco
cinco sinais
mais/menos para
mais/menos para três seqüências
seqüências 1/0l/0 de três
três sinais
sinais e, mais estranho
estranho ainda, cada cada
seqüência então codificada
seqüência codificada se se enquadra com precisãoprecisão no esquema
esquema a, 13, y, 8:6:
<X, (3,
cada seqüência
cada seqüência+/- agrupada (pelo
+/- que é agrupada (pelo código
código igual/diferente aplicado duas
vezes)
vezes) sobsob 1111 l O1,, por exemplo, é,
11 e 101 é, na verdade,
verdade, uma seqüência
seqüência a<X (indo
( indo dede 1I
H
para
para 1, 1 para
para 3, 3 para
para 3 ou 3 para l ).11
para I).
Isso sese explica comcom facilidade
facilidade observando-se
observando-se que um 1l na segunda segunda aplicação
aplicação
do código
do código representa
representa todastodas as combinações
combinações simétricas
simétricas mais/menos de três
(isto é, cobre
sinais (isto cobre 00 00 e 1111 na primeira aplícação, que
primeira aplicação, que por sua vez
por sua cobriu + -
vez cobriu
+ e e ++
+ e ~- ++--, + + e ------
- - - respectivamente).
respectivamente). Um 0Ona segunda segunda aplicação
aplicação designa
designa
todas as
todas as combinações
combinações assimétricas
assimétricas de três sinais (designado
(designado por 10 e 01 na
primeira aplicação, eles
primeira aplicação, eles por
por sua vez designam +
vez designam +++ --e e -—- +, e + -—- e - ++ ++
respectivamente).
respectivamente).
Portanto,
Portanto, uma aplicação
aplicação dupla do códigocódigo igual/diferente
igual/diferente tem exatamente o
mesmo efeito
mesmo efeito que o código
código simétrico/assimétrico,
simétrico/assimétrico, designando
designando como corno o fazfaz um
1 ou um 0Opara cada conjunto
para cada conjunto sucessivo
sucessivo de trincas simétricas ou assimétricas.
trincas simétricas assimétricas.

mesmo tipo
O mesmo
O tipo de diagrama
diagrama pode ser construído
pode ser construído com
com a ajuda
ajuda de um um
fluxograma. Começa-se
fluxograma. Começa-se comcom um +++ +++ e mapeia-se
mapeia-se as diferentes
diferentes direções
direções
na qual sese é levado
levado aa acrescentar
acrescentar um+
um + ou umum- - no final
fmal da série.
série. Isso
Isso divide
o fluxograma em em dois
dois ramos
ramos com
com cada
cada acréscimo,
acréscimo, como
como vemos
vemos na na Tabela
Tabela
Al.8.
A observamos que a linha
1.8. Aqui, observamos linha 2 do fluxograma fornece
fornece o círculo
círculo à
direita Figura A1.6, aa conexão
direita da Figura conexão entre as linhas 14 ee 15 (211 ~
as linhas —» 112)
fornecendo o diâmetro
fornecendo diâmetro orientado
orientado desse
desse mesmo círculo; a linha
mesmo círculo; linha 10
1Ofornece
fornece
círculo da
o círculo esquerda, a linha 8 fornece
da esquerda, fornece seu
seu diâmetro;
diâmetro; a linha 66 apresenta
apresenta
pulsação que une os
a pulsação os dois círculos;
círculos; as
as linhas
linhas 11 e 8 nos fornecem
fornecem os loops
os loops
cx:cxcx e m;
aaa assim por
yyy; e assim por diante.
Para construir,
Para construir, de fato, esse
esse grafo,
grafo, devemos
devemos seguir
seguir todos
todos os passos
passos da
Tabela 1.8, recodificar
Tabela recodificar as trincas
trincas nwnéricas
numéricas em em ímpares
ímpares (Is)
(Is) ee pares (Os),
pares (Os),
depois ligar
e depois ligar todas
todas as entradas
entradas idênticas
idênticas (novas
(novas trincas), desenhando todos
trincas), desenhando todos
os passos
passos possíveis. Dado que,
possíveis. Dado que, em
em wna combinatória de três casas
uma combinatória casas com
com
200
200 O sujeito
O sujeito lacaniano
lacaniano

Tabela A1 .8
TabelaA1.8
Linha
Linha de
de números
números
++++--+ +++++--+
11 ++++—> Loopa
Loopa
111
2
2 --+ ++++---+ +++-+--+ ++-+---+ +-+-+--+ -- ++ -- ++ -- círculo
círculo da direita
direita
112 123 233 333 333
333
33 --+ -+-++
332
332
4 -+ +-+----+ - ++ - - + linha
linha superior
superior
332 332
332
5 -+ “-+---
+ ------
321
66 -+ ++-++ +-+++--+ --++++
+ + - - conecta os dois
conecta os dois
232 321 círculos
212 círculos
77 -+ -++++
211
88 --+ +-++--+ - +++
+-+- + diâmetro
diâmetro
322 223 esquerdo
223 esquerdo
99 --+ -++--
222
222
10
10 -+ +++---+ ++--+-+ +--+--+ - - +-- círculo
círculo da
122 222 223 232
232 esquerda
esquerda
11
11 -+ --+-+
- + —+
233
233
12 -+ +--++ -+ --++- /oopy
— + + - loopy
222 222
222
13
13 --+ --+++
221
14
14 --+ ++----+ + -----+ -------------
- - - - linha
linha inferior
inferior
221 211 111
111
15
15 --+ ----+
112
112
16
16 -+ ++---+ _ > --------
------- + -+ - - ++-
- conecta
conecta os
os dois
dois
212
212 123 círculos
123 círculos
17
17 -+ ---++
122

apenas
apenas duas escolhas para cada
escolhas para cada casa,
casa, sabemos
sabemos que
que existem oito pontos
existem oito pontos a
serem ligados (000, 001, 010,
serem 010, 01
011,
1, 100, 101, 1110 111),
10 e 11 ainda que
1), ainda que exista
exista
uma variedade enorme
wna variedade enonne de modos
modos de desenhar
desenhar esse
esse tipo de
de “Rede”,
"Rede", o de
Lacan é um dos mais elegantes. Como J.-A.
elegantes. Como J.-A. Miller
Miller salientou,
salientou, essa Rede
essa Rede
está relacionada com
está intimamente relacionada com o “grafo
"grafo do desejo”
desejo" de Lacan (Écrits,
Lacan (Écrits,
p.315).
p.315).
apêndice 22
apêndice

Em busca
Em busca da
da Causa
Causa

Lacan começa
Lacan começa uma uma parte
parte do do posfácio
posfácio ao ao “Seminário
"Seminário sobresobre ‘A'A carta
carta
roubada”’,
roubada'", o “Parêntese
"Parêntese dos parênteses” (acrescentado
dos parênteses" (acrescentado em em 1966),
1966), com
com um
comentário
comentário um tanto tanto dissimulado
dissimulado de que estava “perplexo” com
estava "perplexo" com o fato de
nenhuma das pessoas
que nenhuma que tentaram
pessoas que tentaram decifrar
decifrar suas
suas matrizes
mátrizes alfabética
alfabética e
numérica
numérica “claramente
"claramente enunciadas”
enunciadas" sequersequer haviam
haviam “sonhado”
"sonhado" em traduzi-
em traduzi-
em termos
las em tennos de de parêntese.s
parêntesqs -— como como se se isso fosse
fosse a primeira coisa que
primeira coisa
ocorreria.
lhes ocorrería.
Sua
Sua intenção
intenção pareceparece ser
ser a de retranscrever seu
de retranscrever seu conhecido Esquema V,
conhecido Esquema L 1,
ao mesmo
mesmo tempo atualizando-o para
tempo atualizando-o para ressaltar
ressaltar o papel
papel do objeto a, um
do objeto um
conceito
conceito queque levou
levou um bom bom tempo
tempo para
para ser
ser elaborado,
elaborado, entre
entre 1956
1956 e 1966.
Sigamos
Sigamos sua retradução
retradução passopasso a passo;
passo; sósó depois
depois será possível ver
será possível ver como
como o
objeto aa,t enquanto
objeto enquanto causa,causa, é introduzido.
introduzido.
Mencionei
Mencionei no Apêndice 11 que para
no Apêndice para se deslocar de 13
se deslocar £ a um 13,p, pode-se
pode-se
prosseguir diretamente
prosseguir diretamente ou, a não não ser
ser que
que apareça
apareça um 6, através
um 8, através da interpo-
interpo-
lação de pares
pares de a:y. O exemplo
de ay. exemplo fornecido
fornecido por Lacan na
por Lacan na página
página 51 dos dos
Ècrits, 1966, (paya
Écrits, (j}aycx ... 1'13),
yp), é totalmente recodifícado no
totalmente recodificado no curso
curso desta
retranscrição. Tomemos
retranscrição. Tomemos a seguinte seguinte estrutura parentética, que não
estrutura parentética, foi
não foi
modificada teoricamente
modificada teoricamente pelo pelo texto
texto de Lacan,
Lacan, mas simplesmente
simplesmente es- es-
tipulada, ( (() onde 13
) (() ) ,), onde p e 86 foram
foram transfonnados
transformados em em parênteses
parênteses (P ((3 sendo
sendo
um parêntese abertura, 86 um parêntese
parêntese de abertura, parêntese de fechamento,
fechamento, como
como demons-
demons-
trarei a seguir),
trarei seguir), e prossigamos
prossigamos preenchendo
preenchendo os vários vários espaços
espaços em branco.
em branco.
Numerando
Numerando os os espaços
espaços em em branco como abaixo,
branco como abaixo,

(1 (3)2(3)
(3) 2 (3) la)

vemos
vemos que
que Lacan
Lacan coloca
coloca um número indefinido
um número indefinido de pares
pares ay
aynono espaço
espaço em
em
branco 1, e de pares
branco pares "((1.
ya no espaço
espaço em branco la. Lacan
em branco Lacan sese refere a essas
essas
primeiras seqüências
primeiras como o forro
seqüências como forro de um casaco, mas o francês
casaco, mas doublure
francês doublure
sugere
sugere um
um tipo de
de duplicação também; parece
duplicação também; parece claro
claro que
que é essa
essa estrutura
estrutura

201
202 O sujeito
O sujeito lacaniano
/acaniano

dupla-
dupla — em outras outras palavras,
palavras, os parênteses duplos de abertura
parênteses duplos abertura e fechamen-
fechamen-
to, ( (()) ) -— que
que é crucial
crucial aqui,
aqui, já recheio (os
já que o recheio (os pares a:y e -ycx)
pares ay ya) podem,
podem,
acordo com
de acordo com Lacan,
Lacan, ser
ser reduzidos nada. Lacan
reduzidos a nada. Lacan também
também sese refere
refere a esses
esses
parênteses duplos como
parênteses duplos como aspas citações, uma nomenclatura,
aspas ou citações, nomenclatura, no mínimo,
mínimo,
sugestiva. -
Na posição colocamos um número
posição 2 colocamos pares -ycx,
indefinido de pares
número indefinido com um yy
ya, com
adicional no fim fun com
com o intuito de fazer comcom que o número
número total de sinais
sinais
seja ímpar
seja ímpar (também
(também pode
pode não haver
haver sequer
sequer signo
signo que seja).
seja). Nas duas
duas
posições-3, colocamos zero
posições-3, colocamos mais ys; em
zero ou mais em outras
outras palavras, tantos quantos
palavras, tantos quantos
quisermos. Portanto,
quisermos. Portanto, temos
temos

(ayay... (yy...
(ayay... (yy.. . y)
y) yaya...
ya-ycx... y (yy...
(yy... y)...
y) ... -ycxya)
yaya)

que,
que, se
se não escolhermos
escolhermos sinal algum quando possível, pode
quando possível, pode ser reduzido
ser reduzido
para(()()).
para(()O).
No próximo
próximo passo,
passo, do lado
lado de fora do primeiro
primeiro e do último
último parênteses
parênteses
colocamos uma série
colocamos as, mais
série de as, mais wna quantos quisermos,
uma vez quantos quisermos, engolfando
engolfando
mais parênteses
zero ou mais vazios ou preenchidos
parênteses vazios com seqüências
preenchidos com ay termi-
seqüências ay termi-
nando em
nando em aa para
para produzir número ímpar
produzir um número ímpar de sinais.
sinais. Essas
Essas seqüências
seqüências
podem
podem serser situadas
situadas num lado
lado ou nos dois lados
lados da seqüência
seqüência principal
principal
mostrada acima. Por
mostrada acima. exemplo:
Por exemplo:

(a-ycxy... (yy...
(ayay... (yy... y) yaya...... 'Y
y) ya-ycx (yy... y)...
y (yy... y) ... yaya)
yr,:ya) aaaaa
a<X<Xacx (ayay...
(a-ycxy... a) mxa...
ex) aaa...

Agora, substituímos os as
Agora, substituímos exs e ys com
com Is e Os
Os respectivamente:
respectivamente:

(1010 ... (00...0) 010101


(1010...(00...0) 010101 (00...0)
(00 ...0) ...0101)
...0101) 11111 (1010...
(1010... 1) 111
l ll

Na Cadeia
Cadeia L (correspondente
(correspondente ao
ao “Esquema
"Esquema L”),
L"), Lacan
Lacan escreve
escreve isso
isso um
pouco diferente:
pouco diferente:

Cadeia
Cadeia L: (10...(00...0)
(10 ... (00...0) 0101...0
0101 ...0 (00...0)
(00...0) ...01)
...OI) 1111
111111...
... (1010...
(1010 ... 1) 111...
111 ...

De acordo
acordo com
com Lacan, uma
uma condição
condição a mais necessária para
mais é necessária fazer a
para fazer
Cadeia
Cadeia L corresponder
corresponder ao Esquema
Esquema L: as seqüências
seqüências 000 000 em parênteses
em parênteses
deverão ser interpretadas
deverão interpretadas como
como momentos silêncio, enquanto
momentos de silêncio, enquanto que
que os
os Os
Os
encontrados nas
encontrados seqüências altemantes
nas seqüências alternantes deverão
deverão ser
ser vistos como escanções
vistos como escanções
ou cortes; pois o 0O não assume
cortes; pois assume o mesmo papel nessas
mesmo papel nessas duas posições.
duas posições.
Causa perplexidade, de fato,
Causa perplexidade, fato, que
que nós nem
nem por
por um um instante tenhamos
instante tenhamos
sonhado em reescrever a cadeia
em reescrever cadeia de Lacan
Lacan a, p, 'Y,y, 8ô nesse
a, £, nesse modo!
modo! Antes
Antes de
de
prosseguir atribuindo
prosseguir parte do Esquema
atribuindo uma parte Esquema L lacaniano
lacaniano a cada parte da
cada parte
Cadeia
Cadeia L, tentemos
tentemos dissecar,
dissecar, um pouco, a Cadeia
Cadeia como como está.
Em busca
Em busca da
da Causa
Causa 203
203

Fora
Fora do do principal conjunto duplo
principal conjunto duplo de parênteses
parênteses (ou(ou aspas:
aspas: "“ ”)
") encon-
encon-
tramos
tramos uma seqüênciaseqüência que que podemos simplificar da seguinte
podemos simplificar forma:
seguinte forma:
1111(101)111. Sabendo (pois
1 1(101)1 1 1 . Sabendo (pois Lacan estipula pelo
Lacan estipula pelo menos esse tanto)
menos esse que 1I
tanto) que
=
= aex ee 0O=
= y, podemos unilateralmente determinar
podemos unilateralmente determinar que
que oo sinal para
para aa abertura
abertura
dos parênteses éé P
dos parênteses p ee que
que oo de fechamento éé 5.
de fechamento ô. Pois
Pois aa primeira
primeira parte
parte da
seqüência, aaa,
seqüência, cxcxcx, só
só é possível
possível baseada
baseada em em uma seqüência
seqüência onde
onde sejam
sejam todos
todos
mais, todos menos,
mais, todos menos, ou ou uma seqüência
seqüência uniformemente alternante (corres-
uniformemente altemante (corres-
pondendo
pondendo aa todostodos osos 1l ssou todos os
ou todos os 3s
3s em
em nossa
nossa primeira matriz numérica).
primeira matriz numérica).
Uma vez
Uma vez que
que aa próxima
próxima parte, (cx-ya), mostra
parte, (aya), mostra um ynayna segunda
segunda posição após
posição após
aa abertura
abertura dos dos parênteses,
parênteses, ee comocomo um yy designa
designa passos
passos 22 aa 2, oo parêntese
parêntese
começa necessariamente
começa necessariamente uma urna alternância
alternância(+ (+ para-,
para -, ouou vice
vice versa), indo
versa), indo
dede um 11 aa wn interrompe aa alternância
um 2, ou interrompe alternância uniforme
uniforme (colocando
(colocando dois
dois mais
ee dois
dois menos
menos em em seqüência), levando-nos de um 33 aa um
seqüência), levando-nos um 2, ambos sendo
2, ambos sendo
configurações p.
configurações Por exemplo
p. Por exemplo2: 2
:

+
+ +
+ +
+ +
+ ++ ++ ++ “ + +’
111112 1 2 3 2
• a a
a a a
a ~p a y
a y
1111
(10 1 ( 1 O

O fechamento
O fechamento do do parêntese
parêntese pode ser determinado
pode ser determinado do do mesmo
mesmo modo,
modo, pois
pois
sabemos que
sabemos que um ysempre
ysempre termina com um2
termina com um 2 ee que,
que, se
se duas
duas posições depois,
posições depois,
tivermos
tivermos um outro
outro sinal que não um deverá ser
um y, deverá ser um ô, já
um 5, dois espaços
já dois espaços
após um
após um y só
só pode
pode ser ou 8ô (cf.
ser um yy ou (cf. Distribuição
Distribuição A A 8ô no
no apêndice
apêndice 1).
1). Isso
Isso
pode ser visto
pode ser visto ao
ao prosseguir com aa seqüência
prosseguir com seqüência abaixo:
abaixo:

+ ++ ++ -— ++ ++ ++ ++ ++ ++ ++
++ ++ + ++ +
1 1 1 1 1 213 2 1 121 131 2 1 1 1 1
a a a 0~ a 'Y
y a 5
õ a a·a
a o:
1
1 1
11 ( 11
0 (101
1 ))
1 11
1 11

A equação
A equação de P
de p ee 8ô com
com osos parênteses
parênteses de de abertura
abertura"("
“(” ee de fechamento
fechamento ")”")"
éé mais tarde confirmada
mais tarde confirmada pelo fato de
pelo fato de que,
que, descoberto
descoberto durante
durante aa discussão
discussão
da Rede
da Rede a,ex, p,
p, y, 8ô no apêndice 1,
no apêndice 1, p
p ee 8ô são
são imagens
imagens especulares
especulares uma da
outra.
outra.
Observe-se aqui
Observe-se aqui que
que asas seqüências
seqüências ay cxy de números ímpares sempre
números ímpares sempre
resultam
resultam emem padrões cíclicos 12321.
padrões cíclicos 12321. Considere,
Considere, por exemplo, aa seqüência
por exemplo, seqüência
abaixo:
abaixo:
204
204 O sujeito
O sujeito lacaniano
lacaniano

+ + + + + + + -— + + ++ + +
+ ++ ++ -— ++ + + -— *F 4* ++ ++ +
+
. 11 1 1 111 213 211 223 231 223 211 121 1 31 2 2 3 2 1 1 1 1
13 aa y a(Xy y a(Xy y a y y aex y Y a(X Ô
a(X a(X ao: P õ aex a aex a
o o
1 1 11( 110 1 (0 1 011 0 1 011 ) 1 1 11 o 1 o 1 o 1 ) 1 1 1

Aqui, na linha mais/menos,


mais/menos, vemos vemos uma alternância
alternância de de três sinais com
três sinais com um
oposto.33
sinal oposto.
esses grupos
Logo, esses grupos (10...
(10... 1) -— sobre
sobre os quais
quais Lacan
Lacan diz que que podemos
podemos
mais deles,
ter zero ou mais deles, de qualquer
qualquer comprimento,
comprimento, inseridos
inseridos na na cadeia
cadeia 1111,
colocados (no
colocados (no exemplo
exemplo de Lacan)
Lacan) apósapós as aspas
aspas principais
principais -— são são conside-
conside-
rados, juntamente com essa cadeia
rados, cadeia 1111, como como correspondendo
correspondendo ao ao Outro
Outro
Esquema L. O
no Esquema O Outro
Outro aqui
aqui é, portanto,
portanto, representado
representado como como uma
uma sequência
seqüêriêia
homogênea
homogênea de mais mais ou menos
menos (ou (ou uma seqüência alternada
uma seqüência alternada uniformemente
uniformemente
mais e menos
de mais menos interrompida,
interrompida, se se quisermos
quisermos assim,assim, por s~qüências 'dê.três
por sequências de três
de um sinal e uma uma dede outro
outro sinal que que assume
assume a formaforma de curvas
curyas seriòidais
~êiióidais
matriz numérica:
na matriz numérica: 1111232123212321
11232123212321 1l 1. l. Na camada aa.=
Na camada ~ 1, y= O, esses
y = Õ, esses
grupos (10 ....0)
grupos (10.. 0) só
só quebram
quebram por por momentos
momentos a repetição
repetição semsem fim de Is, ls, essa
essa
repetição
repetição dodo “traço
"traço unário", como Lacan
unário”, como Lacan denomina einziger Zug
denomina o einziger Freud
Zug de Freud
sobre “Identificação”
(no capítulo sobre "Identificação" em em Psicologia
Psicologia de grupo ee Análise
de grupo Análise do
ego).. O
ego) O 11 aqui, portanto,
portanto, parece aquele da pura
parece ser aquele diferença, de uma
pura diferença, uma marca
marca
ainda indiferenciada, e os parênteses
ainda indiferenciada, engolfados neles, se
parênteses engolfados se éé que
que existe
existe
algum, são suspensões
algum, suspensões simplesmente
simplesmente momentâneas, aparentemente sem
momentâneas, aparentemente sem
importância, que,
importância, que, começando
começando do 1, retoma retoma a cadeia
cadeia ao mesmo
mesmo ponto,
ponto, 1,
após uma
após uma série
série mais longa ou mais
mais longa mais curta
curta de ciclos.
ciclos.
Se voltarmos
Se voltarmos por por um momento
momento à Rede Rede a,a;, f3,
p, y, ôô no apêndice
apêndice 11,, notamos
notamos
extremidade direita
que na extremidade direita temos 111, enquanto
temos 111, enquanto na extremidade
extremidade esquerda
esquerda
000. O
temos 000. O código
código binário
binário 0-1 usado
usado nessa
nessa Rede (onde 11 -= simétrico,
Rede (onde simétrico, ee
0O=assimétrico)
= assimétrico) não não deveria
deveria serser combinado
combinado com com oo código
código binário
binário 0- 0-11 que
que
Cadeia L (onde
gera a Cadeia a, ee 0O== 1).
(onde 1l == a, y). AA Rede, entretanto,
entretanto, fornece
fornece um apoioapoio
interessante, pois
visual interessante, se nos permitirmos
pois se permitirmos misturar,
misturar, por momento, as
por um momento, as
duas matrizes
duas matrizes binárias, substituindo o sujeito
binárias, substituindo sujeito não
não barrado
barrado por 000, o Outro
por 000, Outro
por 1111,
por os parênteses
11, e os parênteses porpor f3s
ps ee Ss,
õs, teremos
teremos a configuração
configuração da da Figura
Figura A2. 1l
ou aquela da FiguraFigura A2.2.
A2.2.

FiguraA2..1
Figura A2.1

( (
000
000 111
111
Em busca
Em busca da
da Causa
Causa 205

FiguraA2.2
Figura A2.2

000
000 111

Girando a Rede
Girando Rede em 45 graus, chegamos àà Figura
graus, chegamos Figura A2.3,
A2.3,
FiguraA2.3
Figura A2.3

Sujeito
Sujeito ) outro aa'1
outro
))

(
um ego
um ego ( Outro
Outro

onde os parênteses
onde espelhados poderiam
parênteses espelhados poderíam representar com facilidade
representar com facilidade o ego
ego
(pequeno a)
(pequeno outro (a
ã) e o outro (a'). Esse esquema
'). Esse esquema é, obviamente,
obviamente, muito
muito semelhante
semelhante
ao Esquema
Esquema L de de Lacan.
Lacan.
alternância y-a
A alternância y-a no meio meio da rede
rede -— nãonão mostrada
mostrada aqui -— talveztalvez
pudesse
pudesse ser igualada àà pulsão
ser igualada pulsão na medida
medida em em que se se coloca
coloca do ladolado do
avesso (indo
avesso (indo dede 123 no passo passo um para 232 no passo
para 232 dois, e para
passo dois, para 321 no
passo três; ou simplesmente
passo simplesmente indo e voltando voltando dede 101 para
para 010).
010). Lacan
Lacan
menciona,
menciona, por exemplo, que
por exemplo, que as pulsões são uma
pulsões são forma de pulsão
uma forma incotpo-
pulsão incoipo-
rativa, em
rativa, em outras
outras palavras,
palavras, a pulsão de devoração,
pulsão de devoração, pode
pode sese transformar
transformar no
terror de ser
terror de ser devorado
devorado (ele (ele associa
associa isso
isso ao
ao lado
lado dodo avesso
avesso de uma luva e
uma luva
aos “lados”
aos "lados" jamais distintos da banda
jamais distintos banda de Moebius).44
de Moebius)
intetpretação da
Essa interpretação da pulsação êmbolo y-a
pulsação tipo êmbolo como representativa
y-a como representativa da
pulsão ganha um peso
pulsão ganha adicional pela
peso adicional afirmação de Lacan
pela afirmação Lacan dede que
que o que
que está
está
entre as
entre as “aspas”
"aspas" (os parênteses duplos)-por
parênteses duplos) exemplo, 000)010(000
— por exemplo, 000)010(000- —
é um acréscimo
acréscimo ao ao S(Es)
S(Es) no Esquema
Esquema L, isto é, o sujeito
sujeito completado
completado pelopelo
acréscimo
acréscimo do do Es ouou id freudiano,
freudiano, o id sendo
sendo o lugar
lugar das pulsões
pulsões (a palavra
(apalavra
francesa para
francesa pulsão é pulsion).
para pulsão pulsion). No entanto,
entanto, ele
ele iguala
iguala a alternância
alternância 01
entre a seqüência
entre seqüência 00...
00 ... 0Ocom
com o eixo
eixo imaginário
imaginário a-a' do Esquema
a-a ’ do Esquema L.
Examinemos agora
Examinemos agora em em detalhes
detalhes o que encontramos
encontramos dentro
dentro das “aspas”
"aspas"
da Cadeia
da Cadeia L de Lacan:
Lacan:

(10 ...(00 ...0) 0101...0(00 ...0) ...01)


(10...(00...0)0101...0(00...0)...01)

Os entre
Os Os entre parênteses correspondem a uma
parênteses correspondem seqüência indefínidamente
uma seqüência indefitúdamente
longa
longa de ys, em
em outras palavras, 2s e, portanto,
outras palavras, portanto, as
as séries
séries repetidas
repetidas de dois
206
206 O sujeito lacaniano
sujeito iacaniano

mais ee dois menos.


mais Enquanto que os
menos. Enquanto ys ou
os 7S ou 2s
2s que examinamos
examinamos antes antes (nas
(nas
cadeias 1O1O.... 1) faziam
cadeias 1010». faziam parte de padrões
parte de ondas senoidais,
padrões de ondas senoidais, números
números pa- pa-
res cercados por
res cercados por todos
todos osos lados
lados por números
números ímpares
ímpares (na
(na matriz
matriz numérica)
numérica)
ou Os
ou Os sempre
sempre mantidos
mantidos separados
separados por ls (na
por Is (na matriz
matriz binária aqui aa cadeia
1/0), aqui
binária 1/0), cadeia
monótona, as barreiras
é monótona, constituídas por parênteses
barreiras constituídas em ambas
parênteses em ambas asas terminações
terminações
apresentam oo único
apresentam (em ambos
alívio (em
único alívio ambos osos sentidos
sentidos do termo)
termo) ouou heteroge-
heteroge-
neidade. Simplificando
neidade. Simplificando as aspas acima para
as aspas (1 O(000)
para (10 (000) 0O110O(000)
(000) 0O11),), vemos
vemos
que podemos
que designar uma
podemos designar amostra de
uma amostra de linha
linha numérica abaixo dela:
numérica abaixo dela:

f3 a yap Y'Y Y f3y Y'YÔ y'Ya Y'Yp YyY YôS Y'Y a Ô


P a 'Y f3 y y y ô 'Y ex 6
( 10
1 0 ( 0 0 0 00
) 00
1 0 (0
0 00
0 ))
0 10
) 10(000 O)
(.,.1 1) 2 3 23 2 222 222 322 12 2 2 3 2 1 2 2 2 2 2 1 223 32
(... 11) 2 3 3

Os Os
Os Os ee Ilss alternados
alternados no centro representam
no centro representam aa gradegrade imaginária
imaginária a-a do
a-a'’ do
Esquema L; tudo que está
Esquema está do lado
lado de fora dos dois
fora dos dois principais conjuntos de
principais conjuntos
parênteses
parênteses representa
representa oo campo
campo do Outro
Outro (o (o A A maiúsculo), claramente
maiúsculo), claramente
dominado aquiaqui pela
pela repetição traço wiário;
repetição do traço unário; ee os os pares
pares 101Oee 01 no “forro”
"forro"
direita ee da esquerda
da direita esquerda sese referem
referem aoao status
status privilegiado
privilegiado -— que que Lacan
Lacan
alega ter explicado
alega explicado de maneira
maneira maismais adequada
adequada em em suas investigações
investigações
topológicas posteriores
topológicas posteriores -— dosdos próprios
próprios aa ee aa'.\

a-a'
a-a’
(10...
(10... (000) 01010 (000)
(000)01010(000) ...01)
...01) 1111 (10101) 111...
a S(Es)
S(Es) a'
a’ A

As partes
As da direita
partes da direita ee da esquerda
esquerda do forro
forro tomadas
tomadas em em conjunto,
conjwito, (10.....
(10.....01),
01),
isoladas do resto
isoladas resto da cadeia,
cadeia, representam
representam oo eu
eu psicológico cógito, em
psicológico do cogito, em outras
outras
palavras,
palavras, oo que Lacan chama de oo falso
Lacan chama falso cogito.
cógito. O
O eueu éé aqui equiparado
equiparado aa um um
tipo de forro
tipo de ou tela
forro ou tela -— dodo qual
qual 0o sujeito
sujeito está
está momentaneamente
momentaneamente sendo sendo
subtraído (para
subtraído (para propósitos
propósitos teóricos)
teóricos) -— que
que isola
isola oo sujeito
sujeito do Outro.
Outro.
Após colocar
Após colocar essas
essas relações entre aa Cadeia
relações entre Cadeia LL ee oo Esquema
Esquema L,L, Lacan
Lacan diz:
O único resto
O resto que sese impõe nessa
nessa tentativa [de
[de reformular Esquema L
refonnular o Esquema
como
como Cadeia
Cadeia L]LJ é 0o formalismo de uma certa
certa lembrança [mémoration] ligada
lembrança [mémoration] ligada
cadeia simbólica, cuja
à cadeia cuja lei pode ser
ser facilmente
facilmente formulada usando a CadeiaCadeia L.
([Essa lei é] essencialmente
([Essa essencialmente definidapela
definida pela substituição
substituição (ou
(ou troca)
troca) constituída
constituída na
alternância de Os
alternância Os e Is
ls através da superação transposição [franchissement]
superação ou transposição [franchissement]
de um ou vários
vários sinais parentéticos [parênteses de
parentéticos [parênteses de abertura ou
ou fechamento,
fechamento,
tomados
tomados um a um ou em conjunto,
conjunto, e assim por diante]).
diante]).
O que se
O se deve ter em mente aqui é a rapidez com com que se se alcança
alcança uma
formalização que é sugestiva tanto da lembrança primordial
formalização primordial no sujeito quanto
da estruturação
estruturação na qual é notável
notável que
que disparidades
disparidades estáveis possam ser
estáveis possam ser dis-
dis-
Em busca da Causa
ém 207
207

tinguidas (na prática,


prática, aa mesma
mesma estrutura dissimétrica
dissimétrica persiste se, por
persiste se, exemplo,
por exemplo,
todas as
invertermos todas as aspas).
aspas).
Isso não é mais
mais que um exercício
exercício mas
mas atende
atende à minha intenção
intenção de inscrever
inscrever
contorno no qual oo que chamei
aqui oo tipo de contorno caput mortuum
chamei de caput mortuum do do signifí
significante
cante
assume seu
assume seu aspecto causal.
aspecto causaL
efeito que é manifesto
Um efeito manifesto aqui tanto quanto na ficção
ficção da
da carta
carta roubada.
roubada.
1966, p.56;
(Écrits 1966,
(Écrits p.56; grifo meu).
grifo meu).

Portanto,
Portanto, há
há um resto ser considerado
resto a ser considerado aqui, e Lacan
Lacan com
com freqüência
freqüência
fala de seu
fala seu objeto
objeto a, causa
causa do
do desejo,
desejo, como
como umum resto, fragmentos,
fragmentos, sobras
sobras
ou resíduos.
ou resíduos. Observemos
Observemos mais uma uma vez
vez aa Tabela
Tabela O
O (aqui
(aqui Tabela
Tabela A2.1)
A2.1)
TabelaA2.1
Tabela A2.1
Números
Números
11 2 3 4
Exemplo de
Exemplo de linha
linha números
números Unha de
Linha de letras
letras gregas
gregas

2 11 11 1 1 2
8õ a aa p
P yY yY 8 1
yY aa: 2
p
P 8õ õ
8 pp 33

Observamos no Apêndice
Observamos Apêndice 11 que
que ao
ao se
se deslocar para ~
deslocar de 86 para em quatro
p em quatro
passos, y
passos, ser completamente
y tinha que ser completamente barrado circuito, £~ a partir
barrado do circuito, partir do
segundo passo,
segundo passo, ee 86 a partir do terceiro.
partir do Essas letras
terceiro. Essas letras barradas constituem
barradas constituem
um resíduo,
resíduo, de certa
certa forma,
forma, já que não podem
já que podem serser usadas neste circuito.
usadas neste circuito.
devem ser
Elas devem ser abandonadas
abandonadas ee podemos então dizer
podemos então dizer que a cadeia
cadeia funciona
ao redor
ao delas, em
redor delas, em outras
outras palavras, cadeia se
palavras, que a cadeia se forma
forma rodeando-as,
rodeando-as,
portanto traçando seu
portanto traçando seu contorno.
contorno. Elas
Elas são que Lacan
são oo que Lacan chama
chama de caput
caput
mortuum
mortuum dodo processo (ver capítulo
processo (ver capítulo 2).

Estruturas parentéticas
Estruturas parentéticas

Voltando àcitação traduzida


Voltando àcitação acima, vemos
traduzida acima, vemos que
que a lei em
em questão
questão no segundo
segundo
parágrafo
parágrafo éé aquela
aquela encarnada
encarnada pelas combinações sinais necessários
combinações de sinais necessários para
"cercar"
“cercar” os os parênteses Cadeia L
parênteses da Cadeia L cada
cada vez que
que surgem.
surgem. Por exemplo,
Por exemplo,
após uma
após série de Os
uma série Os ee um parêntese fechado, necessitamos
parêntese fechado, necessitamos de pares pares de
sinais 01
sinais Ol sese quisermos
quisermos cercar
cercar o próximo
próximo parêntese fechado e obter
parêntese fechado obter uma
uma
longa série
longa l s. Precisamente
série de Is. conjuntos de pares
Precisamente os conjuntos pares dede 01
O1 e 10 encontra-
encontra-
entre os conjuntos
dos entre conjuntos de parênteses
parênteses -— por exemplo, (10...
por exemplo, ( 10 ... (—
(-que fazem
que fazem
todo o trabalho coordenar ee cercar
trabalho de coordenar cercar aqui,
aqui, para série ininterrupta de Os
para a série Os
208 O sujeito
O sujeíto lacaniano
lacaniano

entre parênteses
parênteses -— por exemplo, (00000)
por exemplo, (00000) -— podem qualquer
podem ser de qualquer
comprimento; enquanto
comprimento; enquanto queque o número
número de alternâncias sempre
alternâncias de 0-1 é sempre
crucial: deve
crucial: deve existir
existir um número ímpar de
número ímpar de signos
signos entre
entre os dois
dois conjuntos
conjuntos
Os-
de Os — por exemplo, (000) 01010
por exemplo, 01010 (00)
(00)-e— e um número par
um número deles entre
par deles entre
conjuntos de “aspas”,
os conjuntos "aspas".
acontece se, como
O que acontece como Lacan
Lacan sugere
sugere no texto
texto citado
citado acima,
acima, reverter-
reverter-
mos todas as “aspas”?
mos "aspas"? Temos:
Temos:
) 11 0O ..)
..) 0O 0O 0O ({ O11
0 O11
0 O))0 0O0O O (..
0 (.. O11
0 ( 111 11) 1 0) 110 O
1 (11 O
1 11 ( 1 1 1
õa
ôa yõ
y 8 yyyp
y y 7 P ya
y a 7 a
yo. yõyyyp
7 8 y 7 YP 7 a
ya P <xaa8 ay ay a P aaa
paaaõayayapcxaa.

Essa seqüência éé proibida


Essa seqüência proibida pelas
pelas próprias definições das
próprias definições das letras gregas.
gregas. Qual
Qual
é então
então a “dissimetria”
"dissimetria" que
que Lacan
Lacan tem emem mente
mente no quarto
quarto parágrafo? Se
parágrafo? Se
apenas revertermos
não apenas revertermos os parênteses também trocarmos
parênteses mas também Os por
trocarmos Os por 1I s -—

))01
01 ...
„.)) 1111
1 1 (10101) 1111 ( ... 10
11 (... 10(000)01010(000 ...
(000) 01010 (000...

-obtemos
— obtemos uma sériesérie que
que é possível onde vemos
possível e onde vemos (trivialmente)
(trivialmente) a mesma
mesma
simetria da Cadeia
falta de simetria Cadeia L: o que
que está
está à esquerda
esquerda não
não pode
pode "equilibrar"
“equilibrar”
está à direita.
o que está
Esquerda:
Esquerda: ... ) 111
)01 ...) 111 (10101)
(10101) 111
111 (...
(.•• 10
10 ( Sujeito
Sujeito
Direita:
Direita: 010 (000) 01010
010 01010 (000) 010
010 ... Outro
Outro
ou
ou 000) 01 0O(00000)
000) (00000) 01 0O(000
(000 .....•

De uma certa
certa forma,
forma, podemos equiparar o lado
podemos equiparar lado esquerdo
esquerdo com
com o sujeito
sujeito
direito com
e o direito com o Outro
Outro -— sendo
sendo o desfecho
desfecho a não existência
existência de uma
simetria simples
simetria simples e,
e, portanto,
portanto, poderíamos arriscar o termo,
poderiamos arriscar nenhuma har-
termo, nenhuma har-
monia, entre eles.
monia, eles. Sendo
Sendo assim,
assim, devemos
devemos nosnos perguntar "Por quê?”.
perguntar “Por quê?". A
resposta
resposta aqui parece ser “Por
parece ser "Por causa
causa da
da causa”
causa" -— a causa aqui éé identificada
causa aqui identificada
com caput mortuum,
com o caput mortuum, asas letras
letras descartadas
descartadas em
em qualquer
qualquer deslocamento
deslocamento de
uma letra
uma letra predefinida
predefmida para outra (de
para outra (de um 5,
ó, por exemplo, para
por exemplo, outro Ô).
para outro ó).

Consideremos novamente
Consideremos novamente por
por um momento
momento os
os lados
lados direito
direito e esquerdo
esquerdo da
cadeia não
cadeia invertida:
não invertida:
Esquerda:
Esquerda: (10 ... (000)
(10 (000) 01010(000)
01010(000) ...01)
••. 01) Sujeito
Sujeito
Direita:
Direita: •. 111 (101) 11111
..111 11111 (101)
(101) 111
111 ...
..• Outro
Outro

No lado
lado esquerdo,
esquerdo, encontramos
encontramos um conjunto
conjunto extra
extra de
de parênteses,
parênteses, e es-
truturalmente necessário, ( ), a saber,
truturalmente necessário, saber, aqueles
aqueles nos extremos.
extremos. Ora,
Ora, Lacan
Lacan
escreve com
não escreve com freqüência
freqüência objeto
objeto a como
como “objeto
"objeto (a)”?
(a)"? Isso
Isso pode
pode parecer
parecer
um pouco
pouco forçado,
forçado, mas
mas Lacan
Lacan afirma
afirma que o lado
lado esquerdo
esquerdo corresponde
corresponde ao
Em busca
Em busca da
da Causa
Causa 209
209

sujeito (completado
sujeito (completado pelo id freudiano)
pelo id freudiano) em em acréscimo
acréscimo ao ao aa ee aa'.\ O
O status
status dodo
aa ee a'
a ' não estava ainda
não estava ainda completamente
completamente explicitado
explicitado nono estágio
estágio do do Esquema
Esquema
L ao desenvolvê-lo,
L ao desenvolvê-lo, mas Lacan afirma
mas Lacan afirnia que
que sua
sua topologia
topologia posterior
posterior dá dá conta
conta
delas. Essa
delas. Essa topologia
topologia situa objeto aa através
situa oo objeto através do uso
uso do cross-cap (cf.,
do cross-cap (cf., por
exemplo, Seminário
exemplo, Seminário 9). A partir
9). A das imagens
partir das imagens especulares
especulares 10/01
10/01 relaciona-
relaciona-
com oo próprio
das com
das status de
próprio status de aa ee a', Lacan parece
a Lacan dirigir sua
parece dirigir sua atenção
atenção apenas
apenas
para
para os os parênteses.
parênteses.
Por que
Por que Lacan envolve os
Lacan envolve os parênteses
parênteses em em tal conceitualização?
conceitualização? Algo está está
sendo posto
sendo em parênteses
posto em claramente aqui:
parênteses claramente aqui: oo sujeito
sujeito éé duplamente
duplamente colo- colo-
cado em parênteses
cado Cadeia L,
parênteses na Cadeia L, ee oo mesmo ocorre com
mesmo ocorre com oo objeto
objeto (a)
(a) emem
uma série de
uma série de maternas
maternas ee grafos.
grafos. Algo sendo mis
está sendo
Algo está entre parentheses,
mis entre parenthèses, isto isto
suspenso ou colocado
é, suspenso
é, colocado em em suspensão.
suspensão.
Consideremos por um
Consideremos um momento
momento aa funçãofunção dede um parêntese
parêntese de de abertura,
abertura,
numa variante
(, numa Cadeia L:
variante da Cadeia

1111111 1111111 111111 1 1 ( 101 O10........ )


(101010........) 1111111 1111111 1111 1 1
A
A aa A

Os Ilss àà esquerda
Os correspondem àà repetição
esquerda correspondem repetição do do traço
traço unário que Lacan Lacan
associa com
associa com oo Outro. Sem oo parêntese
Outro. Sem parêntese -— em em outras palavras, 013 na
outras palavras, na matriz
matriz
alfabética de
alfabética de Lacan
Lacan -— um 0O nunca nunca poderia intervir na
podería intervir cadeia: nenhuma
na cadeia: nenhuma
variação seria
variação seria possível.
possível. Uma cadeia de
Uma cadeia de as<XS pode
pode serser interrompida
interrompida apenas
apenas
por um
por um 013 (se
(se pensarmos
pensarmos em em nossa
nossa matriz numérica, uma
matriz numérica, uma cadeia
cadeia dede IIss ou
ou
3s pode
3s ser interrompida
pode ser interrompida apenas
apenas por por um 2, 2, já que trocas
já que trocas diretas
diretas 1-3
1-3 ee 3-1
3-1
são proibidas).
são proibidas).
Portanto, apenas um
Portanto, apenas um parêntese
parêntese pode introduzir heterogeneidade
pode introduzir heterogeneidade na
na
monotonia de outra
monotonia outra forma
fonna ininterrupta
ininterrupta da da repetição
repetição do do traço
traço unário.
unário. Apenas
Apenas
com aa intervenção
com intervenção de um um parêntese
parêntese algo algo pode
pode se se rachar
rachar ou separar
separar do Outro;
Outro;
só com
só com aparecimento
aparecimento éé que que oo Outro
Outro éé mantido
mantido acuado
acuado (apenas
(apenas esperando
esperando
reassumir,
reassumir, reafirmando
reafirmando seus seus direitos,
direitos, do lado lado longínquo
longínquo do parêntese
parêntese
duplo), durando apenas o bastante para que
duplo), durando apenas o bastante para que algo cave uma algo cave uma espécie
espécie de furo
no Outro
no Outro (a (a Cadeia
Cadeia 11 sem
sem fim).
fim).
Esse
Esse tipo
tipo dede imagem
imagem se se ajusta
ajusta muito
muito bem bem às às noções lacanianas de
noções lacanianas
alienação ee separação,
alienação separação, pelas qua~~oo sujeito
pelas quais sujeito.vema habitar oo Outro,
vem a habitar Qutro, cavando
cayan4_0
um lugar para
um lugar si na
para si falta do
na falta do Outro
Outro (cf.(cf. Seminário
Seminário 111). Esta, éé claro,
1). Esta, claro, éé uma
uma
'"imagem aproximada, com
imagem aproximada, comi a qual poderíamos discordar com
poderiamos discordar com facilidade,
facilidade, sese
quiséssemos, mas
quiséssemos, mas parece explicar algumas
parece explicar algumas das das afirmações
afirmações de de Lacan
Làcan acerca
acerca
ponto. 5
deste ponto.5
deste
-~Jetra
_ A letra ..p.o_q~_então
pode_então ser ser yjª1ª...,.ç__ÇW.Q,1QtÇ_~d~
vista como forçando uma uma estrutura
estrutura__p~entética
parentética
no sujeito: ,ôsfunê1ônarrieiitõs"autônomos
no sujeito: ós funcionamentos autônomos da da letra — "a
ietrâ'~-- Íetra
a letra pãrecê11â9
parecendo
derivar do,
derivar e
do, e ser
sernecessáriáe totalmente situada
necessária e totalmente situadano campo do
no campo do Outro
Outro-não
— não
deixa outra
lhe deixa outra alternativa.
alternativa.
Glossário dos
Glossário dos símbolos
símbolos de
de Lacan
Lacan

$$ -— (lê-se
(lê-se “S barrado”) O sujeito
"S barrado") tem, como
sujeito tem, como afirmei,
afinnei, duas faces: (1) o
sujeito como
sujeito como alienado na/pela linguagem, como
na/pela linguagem, como castrado
castrado(= alienado),
(~ alienado),
como precipitado
como sentido “morto”;
precipitado de sentido "morto"; o sujeito
sujeito aqui
aqui é falta
falta a ser,
ser, wna
uma
vez que é eclipsado
eclipsado pelo Outro,
pelo Outro, isto é, pela ordem simbólica;
pela ordem simbólica; (2) o
sujeito como
sujeito como centelha
centelha queque surge
surge entre
entre dois
dois significantes
significantes no processo
processo de
subjetivação, pelo
subjetivação, qual aquilo que éé outro
pelo qual outro é tomado
tornado “dele
"dele próprio".
próprio”.
a — Escrito objeto
a-Escrito objeto a,
a, objeto (a),petit a, objet
objeto(a),petita, objeta,a, ou objet petit a. No começo
ou.objetpetita. começo
década de 1950, o outro
da década outro imaginário
imaginário comocomo nós. Na década de
Na década de 1960
1960 e
daí em
em diante,
diante, ele
ele tem pelo menos
tem pelo menos duasduas faces: (1) (1) o desejo
desejo do Outro,
Outro,
que serve
serve como
como a causacausa do desejo
desejo do sujeito
sujeito e está
está intimamente
intimamente
relacionado com
relacionado com as experiências
experiências de gozo gozo e perda oriundas dele (por
perda oriundas (por
exemplo:
exemplo: o seio,
seio, o olhar,
olhar, a voz, as fezes, o fonema,
fonema, a letra,
letra, nada, etc.);
resíduo do processo
(2) o resíduo simbolização que
processo de simbolizaçao que está
está situado
situado no registro
no registro
do real; analogias
analogias e paradoxos lógicos; a letra ou significância da
paradoxos lógicos;
linguagem.
S 1 -— O significante
51 significante mestre significante unário;
mestre ou significante unário; o signifícante
significante queque éé
comando ou mandamento.
comando mandamento. Quando Quando isolado,
isolado, eleele subjuga
subjuga o sujeito;
sujeito;
quando ligado
quando ligado a outro significante, ocorreocorre a subjetivação,
subjetivação, e resulta
resulta um
sujeito de/como
sujeito de/como sentido.
sentido.
5S22 -— Qualquer
Qualquer outro
outro significante,
significante, ou todos
todos os outros
outros significantes.
significantes. NosNos
quatro discursos,
quatro discursos, ele
ele representa saber como
representa o saber como um todo.
A -— O Outro,
Outro, que pode assumir
que pode assumir várias
várias formas:
formas: a tesouraria
tesouraria ouou depositário
depositário
de todos
todos os significantes;
significantes; a língua do do Outro
Outro materno;
matemo; o Outro como como
demanda,
demanda, desejo
desejo ou gozo;
gozo; o inconsciente;
inconsciente; Deus.Deus.
1/,.
A -— (lê-se
(lê-se “A
"A barrado")
barrado”) O outro
outro como
como falta, incompleto
incompleto estruturalmente,
estruturalmente,
ou experimentado
experimentado como como incompleto
incompleto pelo pelo sujeito
sujeito que
que vem
vem a serser nessa
nessa
falta.

210
Glossário dos
Glossário dos símbolos
símbolos de
de Lacan
Lacan 211
211

S(4'.) -— Significante
S(A) Significante da falta falta no Outro.
Outro. Como
Como o Outro Outro é estruturalmente
estruturalmente
incompleto, a falta é uma
incompleto, característica inerente
uma característica inerente ao Outro,
Outro, mas essa falta
mas essa
nem sempre
sempre estáestá visível para o sujeito, sujeito, e mesmo
mesmo quando visível, visível, nem
sempre pode
sempre ser nomeada.
pode ser nomeada. Aqui temos significante que
temos um significante que nomeia
nomeia essa essa
falta; é o ponto ancoragem da ordem
ponto de ancoragem ordem simbólica
simbólica inteira,
inteira, relacionada
relacionada
todos os
a todos os outros
outros significantes
significantes {$2), (S2), mas foracluído {(enquanto
mas foracluído enquanto Nome- Nome-
do-Pai) na psicose.
do-Pai) psicose. ~~_filláHst>:_por
Na análise por Lacan Lacan da estrutura
estrutura feminina,
feminina, parece parece
estar relacionado com
-~*1r.r,~lacionado com a materialidade
materialidade ou substância
substância da linguagem (e,
4a.lingµl!lgem (e,
portanto,
portanto, está está relacionado
relacionado ao objeto como significânçia).
objeto aa como significância).
<I> ~
—O Ofalo comocomo significante
significante do desejo desejo ou
ou gozo;
gozo; não não negativizável.
negativizável.
<l>x-A
<&x — A função associada àà castração
função fálica, associada castração simbólica:
simbólica: a alienação
alienação na qual
falantes estão
os falantes estão assujeitados
assujeitados por estarem na linguagem.
por estarem linguagem.
3x -— Quantificador
Sx Quantificador lógico lógico significando
significando “Existe
"Existe pelo menos um
pelo menos um x”. x". EmEm
seguido na
geral seguido na obra
obra de Lacan
Lacan por uma função,
por uma função, por exemplo, <I>x,
por exemplo, <l>x, que
que
pode
pode serser lido como:
como: “Existe
"Existe pelo menosmenos um x de forma forma tal que que a função
fálica seja
fálica seja operante”
operante".
Ex-Na
Ex — Na lógica lógica clássica,
clássica, o signo
signo de negação(-)
negação (~) precede quantificador.
precede o quantificador.
Lacan,
Lacan, no entanto,
entanto, cria cria um tipotipo diferente
diferente de negação
negação ao colocarcolocar uma
barra sobre o quantificador
barra sobre quantificador (uma (uma negação relacionada àà discordância);
negação relacionada discordância);
em geral indicaindica “Não
"Não existe
existe nemnem mesmo
mesmo um x" x” {(de
de forma
fonna tal que...).
que...).
Dizer
Dizer que não existe existe tal x, no entanto,
entanto, não implica
implica de formafonna alguma
alguma que que
não ex-sista
ex-sista tal x.
Vx -— Quantificador
Quantificador lógico lógico significando
significando “para
"para cadacada x” x" (seja
(seja este
este uma uma
maçã,
maçã, uma pessoa, um elemento,
uma pessoa, elemento, ou qualquer
qualquer coisa)
coisa) ou “para
"para (qualquer
(qualquer
e) todos
todos os xs”. Lacan
os xs". permite um novo
Lacan permite novo entendimento
entendimento sobre sobre esse
esse velho
velho
quantificador:
quantificador: “para "para o todotodo do x”. x".
Vx
Vx -— De De acordo
acordo com a renovaçãorenovação da negação
negação porpor Lacan,
Lacan, quando
quando a barra barra
da negação
negação é colocada
colocada sobre sobre esse
esse quantificador,
quantificador, significa
significa “não
"não o x todo"todo”
(uma mulher, por
(uma mulher, por exemplo)
exemplo) ou ou “não
"não todo 0o x”,x", assim
assim como
como “não "não todos
todos
os xs".
xs”. Esse materna é, com
Esse materna com freqüência,
freqüência, usado
usado de formaforma independente
independente
para
para sese referir
referir ao gozogozo do Outro que que pode
pode potencialmente
potencialmente ser experi- experi-
mentado
mentado por aqueles com
por aqueles com estrutura
estrutura feminina.
feminina.
0O-— Este Este diamante
diamante ou losango losango (punçãó)
(punção) designa
designa as seguintes relações:
seguintes relações:
"envolvimento-desenvolvimento-conjunção-disjunção" (Écrits,
“envolvimento-desenvolvimento-conjunção-disjunção” (Écrits,
p.280), alienação (v)
p.280), alienação (v) e separação
separação (a), (A), maior
maior queque (>),
(>), menos
menos do do que
que (<),( <),
assim por
e assim diante. É
por diante. È mais simplesmente entendido
mais simplesmente entendido como como “em "em relação
relação
a”,
a", ou “desejo por”, como
"desejo por", como em em $$ 0Oa, o sujeito
sujeito em relação ao objeto,
em relação objeto, ou ou
desejo do sujeito
o desejo sujeito pelo objeto.
pelo objeto.
$$ 0O a - Materna
Materna ou ou fórmula
fórmula para para a fantasia,
fantasia, emem geral a “fantasia
"fantasia fun- fim-
damental”.
damental". Pode Pode serser lido como
como "o “o sujeito barrado em
sujeito barrado em relação
relação ao objeto objeto
a," essa
a,” relação éé definida
essa relação definida por por todos os os significados
significados que o losângo losângo
212
212 sujeito lacaniano
O sujeito
O /acaniano

assume. Sendo
assume. Sendo o objeto
objeto aa entendido
entendido como
como a experiência
experiência traumática
traumática do
gozo que
gozo que leva o sujeito
sujeito a ser
ser no encontro
encontro com
com o desejo
desejo do Outro,
Outro, a
fórmula da fantasia
fórmula fantasia sugere
sugere que o sujeito
sujeito tenta manter a distância
tenta manter distância certa
certa
desejo perigoso,
do desejo equilibrando delicadamente
perigoso, equilibrando delicadamente a atração
atração e a repulsa.
repulsa.
$$ 0<> D -— Materna
Materna para
para pulsões (com freqüência
pulsões (com freqüência referido
referido como
como “instintos”
"instintos"
nas traduções obras de Freud)
traduções das obras Freud) que envolve sujeito na
envolve o sujeito relação com
na relação com
demanda (não
a demanda (não necessidade desejo). A fórmula
necessidade ou desejo). fórmula da fantasia
fantasia -—
implicando desejo
implicando desejo- está freqüentemente
— está freqüentemente reduzida
reduzida àquela
àquela da pulsão
pulsão na
neurose.já que o neurótico
neurose, já que neurótico toma (ou interpreta
toma (ou interpreta erroneamente)
erroneamente) a deman-
deman-
Outro por
da do Outro seu desejo.
por seu desejo.
Agradecimentos
Agradecimentos

Jacques-Alain Miller
Jacques-Alain Miller ensinou-me
ensinou-me grande
grande parte sobre psicanálise
parte do que sei sobre psicanálise
lacaniana, ee tenho
lacaniana, tenho umauma grande
grande dívida
dívida de gratidão
gratidão com Orientation
com a Orientation
/acanienne, seu
lacanienne, seu seminário
seminário semanal
semanal realizado
realizado sob sob os auspícios
auspícios da Univer-
Univer-
sidade de Paris
sidade VIII, Saint-Denis,
Paris VIII, Saint-Denis, que que freqüentei
freqüentei de 19831983 a 1989. As
diversas explicações
diversas explicações de Miller
Miller meme permitiram começar a leitura
permitiram começar dos Écrits
leitura dos Ècrits
de Lacan, e muitas
muitas das das formulações
formulações encontradas
encontradas no meu meu livro
livro representam
representam
minha interpretação
minha interpretação do que que ele disse
disse sobre
sobre Lacan
Lacan emem sua Orientation
sua Orientation
/acanienne. Os capítulos
lacanienne. capítulos 2, 3, 4, 55 e 10, assim assim como
como os apêndices,
apêndices,
baseiam-se muito especialmente
baseiam-se muito especialmente em em seus
seus seminários
seminários inéditos.
inéditos. Além disso,
Além disso,
referências sua obra
referências à sua obra podem
podem ser ser encontradas
encontradas em todos os capítulos
em todos capítulos -— em em
geral indicadas
geral indicadas nas notasnotas -— na medida
medida em em queque ela
ela constitui
constitui oo panopano dede
fundo da perspectiva
perspectiva da obra obra de Lacan
Lacan que que apresento
apresento aqui.
aqui.
Entre outros
Entre outros professores
professores queque influenciaram
influenciaram minha compreensão
compreensão da da obra
obra
Lacan incluo
de Lacan incluo Collete
Collete Soler,
Soler, uma das das psicanalistas lacanianas mais
psicanalistas lacanianas mais
experientes afiliada àà École
experientes afiliada École de la CausaCausa freudienne,
freudienne, e Alain Alain Badiou,
Badiou,
professor filosofia da Universidade
professor de filosofia Universidade de Paris VIII, Saint-Denis.
Paris VIII, Saint-Denis. EsteEste livro
livro
não é de forma
não forma alguma
alguma um resumoresumo das das opiniões
opiniões deles: indubitavelmente,
indubitavelmente,
eles discordariam de várias
eles discordariam interpretações apresentadas
várias interpretações apresentadas aqui.
aqui.
Jim Ovitt
Jim Ovitt apresentou-me
apresentou-me à obra obra de
de Lacan
Lacan no começo
começo da década de
da década de 1980
1980
ee Richard
Richard Klein,
Klein, professor estudos literários
professor de estudos literários na Comell
Comell University,
University, comcom
quem primeiro
quem saboreei os
primeiro saboreei os prazeres
prazeres ee horrores lacaniano.
horrores do texto lacaniano.
Marc Silver tem
Marc Silver tem a honra dúbia de
honra dúbia de· haver
haver me envolvido
envolvido na tradução
tradução da
obra
obra de Lacan e me encorajado a dedicar
Lacan me encorajado dedicar horas infindáveis horas infindáveis na decifração
decifração
modelo após
de um modelo após o outro
outro de Lacan.
Lacan.
Kenneth Reinhard
Kenneth Reinhard (professor inglês na
(professor de inglês na UCLA), Julia Lupton
UCL A), Julia Lupton (profes-
(profes-
sora literatura comparada
sora de literatura comparada ee inglês
inglês na UC lrvine), e John
UC Irvine), John Smith
Smith (profes-
(profes-
sor alemão na UC Irvine)
sor de alemão Irvine) apoiaram
apoiaram com com entusiasmo
entusiasmo meumeu trabalho sobre
trabalho sobre
Lacan enquanto
Lacan enquanto escrevia
escrevia este
este livro
livro ee foram
foram interlocutores
interlocutores valiosos. Sempre
valiosos. Sempre

213
213
214 O sujeito
sujeito lacaniano
lacaniano

lembrarei
lembrarei com
com gratidão
gratidão da ajuda
ajuda que
que me deram
deram ao constituírem
constituírem um fórum
fórum
no qual desenvolvemos
desenvolvemos interpretações
interpretações de certos
certos textos de Lacan
Lacan e apren-
apren-
demos algo sobre
sobre ensinar.
ensinar.
Howard Kushner, professor
professor de história
história na San Diego
Diego Universíty,
University,
apoiou-me
apoiou-me na parte
parte crucial do processo
processo de publicação
publicação e convidou-me
convidou-me para
escrever
escrever um ensaio introdutório que levou à
ensaio introdutório à redação
redação do primeiro
primeiro capítulo
capítulo
deste livro.
Richard
Richard Knowles,
Knowles, chefe
chefe do Departamento
Departamento de Psicologia
Psicologia na Duquesne
Duquesne
Uníversity,
University, gentilmente
gentilmente abrandou
abrandou minha
minha carga docente
docente para
para permitir-me
permitir-me
finalizar
finalizar este livro.
livro.
Notas
Notas

Prefácio
Prefácio

1. Por
1. exemplo, suas
Por exemplo, suas cartas
cartas aa Fliess
Fliess ee oo “Projeto
"Projeto para uma psicologia científica",
psicologia científica’*,
primeiramente
primeiramente publicado
publicado em em 1950,
1950, nas ObrasObras completas
completas de Sigmund Freud Freud da Standard
Standard
Edition (SE), editado
Edition (SE), editado por James Strachey
por James Strachey (Nova(Nova York:
York: Norton, 1953-74), vol.
Norton, 1953’74), voL I. Algumas
das cartas
das cartas mais importantes somente
mais importantes somente se se tomaram
tomaram disponíveis
disponíveis em 11954, em particular
954, em as cartas
particular as cartas
29 ee 30; ver The Òrigins
ver The Origins ofPsychoanalysis
ofPsychoanalysis [As [As origens
origens da
da psicanálise] (Nova York:
psicanálise] (Nova York: Basic
Basic
Books, 1954).
Books, 1954).
2. Duas
2. Duas faces
faces dodo sujeito,
sujeito, duas
duas referências
referências aa Freud:
Freud: oo Freud
Freud de de 1895-96
1895-96 (partes
(partes da
correspondência com
correspondência com Fliess [vol. I], ee oo Freud
Fliess [vol. de 1933 (Novas
Freud de (Novas conferências
conferências introdutórias
introdutórias àà
psicanálise [vol. XXII,
psicanálise [vol. XXII, p.102] Imago).
p. 102] Imago).
3. The San Diego
3. Union, 12
Diego Union, 12dejulho
de julho de de 1990.
1990.
4. "A
“A psicanálise
psicanálise ..... . pode
pode mesmo
mesmo nos esclarecer sobre
nos esclarecer sobre oo que devemos
devemos entender
entender por uma
por uma
'ciência"' (Seminário
‘ciência’” (Seminário 111, 1, p. 14,
14, Rio
Rio de de Janeiro: Zahar, 2211a ed.
Jorge Zahar,
Janeiro: Jorge ed. rev. 1995.).
1995.).
S. Ver
5. Ver meu
meu próximo
próximo trabalho,
trabalho, ainda no prelo, prelo, intitulado A Clinicai
Clinica[ lntroduction
Introduction to to
Lacanian
Lacanian Psychoanalysis
Psychoanalysis [Uma [Uma introdução clínica clínica à psicanálise lacaniana] (Cambridge:
psicanálise lacaniana] (Cambridge:
Harvard University Press,
Harvard University Press, 1996).
1996).
6. Ver, por exemplo, a discussão
por exemplo, discussão de de Colette
Colette Soler
Soler sobre
sobre elas
elas na coleção de palestras
na coleção palestras do
primeiro Seminário de
primeiro Seminário de Lacan
Lacan em em inglês,
inglês, Reading Seminars I & II: Lacan
Reading Seminars Lacan ‘s's Return
Return to Freud
Freud
[Lendo os
[Lendo os Seminários
Seminários 1I & II: O O retomo
retomo de de Lacan
Lacan aa Freud],
Freud], editado
editado por Bruce Fink, Richard
Bruce Fink, Richard
Feldstein
Feldstein ee Maire Jaanus
Jaanus (Albany:
(Albany: SUNY Press, 1995).
Press, 1995).
7. OO presente livro foi escrito
presente livro escrito antes
antes que aa nova
nova tradução
tradução em inglês
inglês dos
dos Écrits completos
Écrits completos
fosse publicada.
fosse publicada. O O leitor
leitor deve
deve consultar
consultar os os Écrits, traduzidos por
Écrits, traduzidos por Bruce
Bruce Fink em colaboração
Fink em colaboração
com Héloíse
com Hélorse Fink,
Fink, com
com assessoria
assessoria de de Russell Grigg ee Henry
Russell Grigg Henry Sullivan
Sullivan (Nova
(Nova York:
York: Norton,
Norton,
ainda no prelo).
ainda prelo).

capítulo um
capítulo um
Linguagem ee alteridade
Linguagem alteridade

1. O O termo
tenno francês
francês discours
discours tem usos usos na conversação
conversação comum
comum francesa
francesa que
que oo termo
tenno
discourse
discourse em inglês inglês não possui. "Ça c’est
possui. “Ça c'est ton
ton discours",
discours", alguém
alguém poderia dizer-lhe em
podería dizer-lhe em
francês: este
francês: este éé oo seu
seu lado
lado da
da história, aquela éé aa sua
história, aquela sua versão que aconteceu.
versão do que aconteceu. “Son
"Son discours
discours
.à /ui, cc'est
à lui, 'est qu'e//e
qu 'elle ne Taime
l'aime pas
pas assez
assez ": sua história que ela
história é que ela não oo ama
ama o suficiente.
suficiente. Aqui,
Aqui,
podemos
podemos ir além além ee dizer
dizer que
que éé seu
seu “papo-furado”;
''papo-furado"; na década
década de sessenta
sessenta poderíamos
poderiamos ter
traduzido
traduzido comocomo seu seu “lero-lero”
"lero-lero" ou
ou sua
sua “onda”,
"onda", entendendo-se
entendendo-se que oo mesmo
mesmo ponto
ponto de vista
vista
tem sido
tem sido expresso
expresso por aquela pessoa
por aquela muitas vezes. É oo mesmo
pessoa muitas mesmo “papo-furado”
"papo-furado" ou “onda
"onda de
sempre", aa mesma
sempre”, mesma velha reclamação
reclamação sobresobre uma situação
situação bloqueada onde oo falante
bloqueada onde falante não está
está

215
215
216 O sujeito
sujeito lacaniano
lacaniano

conseguindo deseja, É
conseguindo o que deseja. É quase uma
uma "neura", uma frustração
“neura”, uma frustração que ele continua
continua a martelar.
martelar.
É claro
claro que
que oo termo
termo francês discours também
francês discours também temtem os
os sentidos mais acadêmicos
sentidos mais acadêmicos e e filosóficos
filosóficos
de discourse
discourse em inglês.
inglês. Ver
Ver o capítulo
capítulo 9 para uma análíse
para uma análise mais
mais detalhada
detalhada das várias
várias formas
formas
de discurso.
discurso.
2. A relação
relação entre a fala
fala do
do eu e o Outro
Outro será
será esclarecida
esclarecida mais
mais adiante.
adiante,
Esta frase é repetida
3. Esta repetida inúmeras
inúmeras vezes na obra obra de Lacan;
Lacan; ver,
ver, por
por exemplo, Ècrits, p.312.
exemplo, Écrits, p.3 12.
4. Ou
Ou "pensamento
“pensamento inconsciente"
inconsciente” [unconscious thinking]; ver,
[unconscious thinking]; ver, por
por exemplo,
exemplo, vol.V, pp.
vol.V, pp.
500, 528 e 651,
SOO, Imago Editora,
651, Imago Editora.
5. Ver,
Ver, porpor exemplo,
exemplo, The Purloined
Purloined Poe Poe [O[O Poe roubado],
roubado), editado
editado por
por John
John Muller
Muller e
William
William Richardson
Richardson (Baltimore:
(Baltimore: Johns Hopkins University Press,
Hopkins University Press, 1988).
1988).
6. AA incompletude
incompletude fundamental
fundamental do Outro Outro - isto
isto é, sua natureza última como
natureza última faltante - e
como faltante e
a lógica
lógica geralgeral por
por trás de algunsalguns dos conceitos
conceitos cruciais
cruciais de LacanLacan serão tratadas
tratadas em em
profundidade nos capftulos
profundidade capítulos 3 e 8.
7. Ver
Ver as as várias
várias formulações
formulações de LacanLacan no.Seminário
no Seminário 2: ".fe “Je est un autre “Eu é
", "Eu
autre ", um outro"
éum outro”
(p.15);
(p. 15); "le
“Ze moi
moi est un objet”, '.:o
un objet", “ o eeu
u é umobjeto”
um ol?jeto" (p.63)·
(p.63 e assim por diante.
assim por diante. "Je
“Je est un
un autre"
autre ”
éé també'rri
também encontrado
encontrado em em ÉcritsT9õõ,na
Ècrits 1966/na páginapágina 1118 (Ecrits, p.23).
18 (Ècrits, p.23). As múltiplas
múltiplas implicações
implicações
dessas
dessas frases serão esclarecidas
esclarecidas maismais adiante.
adiante.
8. Isso
Isso está implícito
implícito em em todo
todo o trabalho
trabalho de LacanLacan sobre a Vorstellungsreprãsentanz
Vorstellungsrepriis'entanz de
Freud; ver,
Freud; ver, por
por exemplo,
exemplo, Écrits 1996, p.714,
Ècrits 1996, p.714, e Seminário
Seminário 1 11,
1, pp.205-210.
pp.205-210.
9. Análises
Análises maismais detalhadas
detalhadas deste termo termo são encontradas
encontradas nos nos capítulos
capítulos 2, 4 e 5.
10. Ver, por exemplo,
Ver, por exemplo, Seminário
Seminário 7, p.80. p.80.
I l. O
11. O termo
termo freudiano
freudiano é é unterdrückt,
unterdrückt, literalmente,
literalmente, reprimido,
reprimido, suprimido,
suprimido, esmagado,
esmagado,
restrito, retido, etc. Ver
restrito, retido, Ver Seminário
Seminário 111, 1, p. 208,
208, e Seminário
Seminário 3, p. 57, 57, onde
onde Lacan
Lacan o traduz
traduz como
como
chú
chü en dessous.
dessous,
12. Ver,
Ver, porpor exemplo,
exemplo, Seminário
Seminário 1 1, pp.142
li, pp.142 e 193.193.
13. Cf.
13. Cf. as palavras
palavras ditas
ditas pelo
pelo paipai de Freud:
Freud: "Esse menino não
“Esse menino não vai
vai dar
dar para
para nada",
nada“, emem A
Interpretação
Interpretação sonhos, vol.
dos sonhos, IV, p.245.
vol. IV, p.245.
14. J4. Ver
Ver Seminário
Seminário 2, pp. pp. 225-258,
225-258, e ÉcrilsÈcrits 1996,
1996, pp.41-61.
pp.41-61.
",< @LacanQJpLacan denomina
denomina "carta“carta roubada''.
roubada” essencialmente
essencialmente uma uma parte
parte de uma
uma C()nversaq,tie.pão
conversa que não
;deveríamos
devênamos ter ter ouvido,
ouvido, ou uma cena
ou uma cena que se dá à revelia
revelia de nossos
nossos olhos,
olhos, que ficafica gravada
gravada de
fonna indelével
,a'/forma indelével em em nossa memória.
memória. IncapazIncapaz de "ler"“ler” tais
tais cartas,
cartas, o analisando.
analisando as traz p;ira
traz para
-'análise.Ver
• análise. Ver A carta roubada de Edgar
carta roubada Edgar Allan
Allan Poe, p.172,
p.172, tradução
tradução de Oscar Mendes das
Oscar Mendes
Obras
Obras Completas
Completas de Edgar Edgar Allan Poe, Nova
Allan Poe, Nova Aguilar, 1997.
Aguilar, 1997.
16. Ver
Ver A carta roubada de Poe,
carta roubada Poe, p.173.
p. 173.
17. A
17. A expressão "posição
“posição do do sujeito"
sujeito” (position
(position de sujet) pode ser encontrada
sujet) pode encontrada em Science
em Science
and Truth [Ciência
and Truth [Ciência e Verdade],
Verdade], traduzido
traduzido por por Bruce
Bruce Fink,
Fink, Newsletter
Newsletter of of the Freudian
Preudian Fie/dField
3 (1989);
(1989); 5; Ècrits 1996,
5 ; Écrits 1996, p.856.
p.856.
18. O O leitor interessado em
leitor interessado em uma uma análise
análise aprofundada
aprofundada das categoriascategorias e dos critérios
critérios
lacanianos
lacanianos de diagnóstico
diagnóstico deve deve consultar
consultar meu meu próximo
próximo livro,.
livro, A Clinicai lnlroduction
J Clinicai Introduction to
Laca~fuchoanal)!!is (Cambridge:
Lacanian_Psychoanalysis (Cambridge: Harvard Harvard University
University Press,
Press, 1996),
1996), e o artigo
artigo de
Jacques-Alain
Jacques-Alain Miller Miller "An Introduction to Lacan’s
“An Introduction Lacan's Clinicai
Clinicai Perspectives"
Perspectives” [limajntrodução
[Uma introdução
às perspectivas clínicas
às perspectivas clínicas de Lacan]
Lacan] em em Reading
Reading Seminars
Seminars lI & & II:
II: Lacan
Lacan ’s Retum tÓ
's Retum to Freud,
Freud,
editado
editado por
por Bruce
Bruce Fink, Richard Feldstein,
Fink, Richard Feldstein, e Maire
Maire Jaanus (Albany:
(Albany: SUNY
SUNY Press,Press, 1995).
1995). NoNo
presente estudo,
presente estudo, nãonão expus sistematicamente
sistematicamente as diferentes
diferentes estruturas
estruturas clínicas,
clínicas, embora
embora indique
indique
de forma
forma sucinta
sucinta comocomo Lacan
Lacan diferencia neurose e psicose
diferencia neurose psicose (capítulo
(capítulo 5),
5), e obsessão e histeria
histeria
(capítulo 7).
(capítulo 7).

capítulo
capítulo dois
dois
A natureza
natureza do
do pensamento
pensamento inconsciente,
inconsciente, ou como
como a outra parte
parte "pensa"
“pensa”
. f..,.·."·:-,,_
..
!)Assim
1 . Assim como Freud descarta a noção
como Freud noção de que cada elemento
elemento cm um sonho
em um sonho tem
tem uma
uma
relação biunívoca
relação biunívoca com
com cada pensamento
pensamento onírico.
onírico.
Notas
Notas 217
217
_;··.:.........

/2)<\ maioria dos


/2.X maioria dos processos de pensamento
processos de pensamento. não-conscientes
não,.conscientes ocorre
ocorre no
no que
que Freud
Freud chama
chama
de nível
de nível "pré-consciente",
4<
pré-consciente”, mas mas não não estou
estou preocupado
preocupado com com eles
eles aqui.
aqui. ·· · · ·· · · ·
· ·3: Ver Seminário
3? Ver Seminário 5, 5, Formations
Fonnalions de de Finconscient,
l'inconscient, aindaainda nãonão publicado,
publicado, 1957-58. 1957-58.
4. Esta
4. Esta ciftagem
cifragem deve deve ser comparada
comparada de deforma com a distorção,
formaútilútil com distorção, comocomo Freud Freud adescreve
a descreve
em AA Interpretação
em Interpretação dos dos sonhos.
sonhos.
,5, Não devemos
5 V Nao devemos perder perder de de vista
vista oo que
que Lacan
Lacan diz diz no
no Seminário
Seminário 4: "há um
4: “há um mínimode
minimo de
te~J>,~~ecessários
fermósnecessários ao funcionamento
funcionamento de um um .S.!~~!<1.muii.efi~'6.l.~QdeL~~iijn~iii::nijg.]"ão
sistema simbólico,.. v _{e]v cerimênte3êlsão
··a~_nas
apenas tres”três" (27
(27 dêde·março
março dê de 11957).Umâqüestão
957). Unia questão semelhantesemelhante foi abordada de
foi abordada de formadiferénte
forma diferente
em Écrits'.
èm Écrits: "Urna estrutura quadrípode
“Uma estrutura quadripode pode pode sempre
sempre ser exigida
exigida -— do do ponto
ponto de vista vista do
do
inconsciente-
inconsciente — nana construção
construção de de uma ordem subjetiva"(Écrits
urna ordem subjetiva”(Ácrz7s 1966, 1966, p.774).
p.774). Isso Isso sugere que
sugere que
nosso sistema
nosso sistema de três três sinais
sinais (1,(1, 2, 3) não é, em
3) não em última
última instância,
instância, adequado.
adequado. No No Apêndice
Apêndice 1, l,
forneço
forneço uma uma explicação
explicação detalhada
detalhada dos dos funcionamentos
funcionamentos da da matriz
matriz numérica
numérica encontradaencontrada no no
4
posfácio ao "Seminário
posfácio “Seminário sobre sobre 'A carta roubada’”,
A carta roubada'", assimassim como
como a lacônica
lacônica exposição
exposição de de Lacan
Lacan
sobre segunda camada
sobre a segunda camada alfabética, revelando as características
alfabética, revelando características pertinentes
pertinentes deste sistema sistema de
quatro sinais
quatro sinais (juntamente
(juntamente com com algunsalguns erros
erros tipográficos
tipográficos no no texto
texto francês).
francês). Ver Ver oo final do
final do
. /capítulo
/‘capítulo 66 para para umauma análise
análise da da importância
importância de de estruturas
estruturas quadrípodes
quadripodes (com (com quatro quatro termos)
termos)
. ):-'.$;- nax
na.metáfora,
táfora, e o capítulo 99 para
o capitulo para uma uma explicação
explicação de algumasalgumas das estruturas
estruturas de de quatro
quatro partes
partes
7
1 rnaissõtísticadas
• mais sofisticadas de Lacan. Lacan.
e._ \VJ . /f.1>ara chegar oo mais
ô. ara chegar mais próximo
próximo possível
possível do do que exatamente
exatamente fez surgir surgir a sintaxe Lacan,
sintaxe de Lacan,
/''-· 'vejamos
vejamos em em detalhes
detalhes oo que que colocamos
colocamos nesse modelo modelo quando
quando oo construímos:
construímos:..E!esumimos
jpresumimos que que
o evento “rear em questão = a joga
--~-~-Y~m9.'.'.~ªr.;~.l!l.9.f~ft.~P.=.!j2_g~~-~IE.~ de uma _l!,l~ª--:-:::::
moeda — ..seja ~!:git?r!~!.
s~J~ afeatónq, .i.~?_é.)r~~~~..P..Q~õs
istb é, prèssüpõmÓs
que a moeda
que moeda não nao está viciada.
v1c1ada. Mas Mas oo quêque s1gmfica
significa uma uma moeda
moeda não v1c1aõâ? De maneira
estar vicíada?I5e
nao estar maneira
'geral;sígníflcã.qüe.eiãtem
geral, significa que ela tem exatamente exatamente aa mesma mesma probabilidade
probabilidade de de dar cara ou
dar cara ou coroa.
coroa. Como
Como
que isso
é que isso é determinado?
determinado? Jogando-aJogando-a várias várias vezes e contando
contando oo número
número de de vezes que que cada
possibilidade acontece;
possibilidade acontece; uma uma moeda
moeda aceitável
aceitável é aquela
aquela que,
que, em
em milmil jogadas
jogadas nos nos dá quinhentas
quinhentas
quinhentas coroas.
caras e quinhentas coroas. Isso
Isso equivale
equivale a dizer
dizer queque é oo nosso
nosso sistema
sistema simbólico
simbólico já existente
já existente
:que determina se oo evento
que determina evento em questão é considerado
em· questão considerado aleatório
aleatório ou iião. Aqiliilificação
oü nao. A qualificação
"aleatório" é, portanto,
“aleatório” portantç,, atribuída
a~riQuícia através
através do do usode::wna iria.mi símbôlfoâ
uso de jima matriz simbólica quê qúe envolve
erivõlvi:"üma
uma
forma rudimentar da
forma rudimentar dateoi:ia
teoria dada probabilidade. Lo~. nada
pró~i1i:íílldade. Logo, nada pode
pode ser considerado
considerado aleatório aleatóriô'semsem
ter sido testado
ter sido testado primeiro
primeiro e de. de fonna sàtisfatóriã"pêIO:sistemà
forma satisfatória simbólfooitNã'i.,erdadê,
pelo sistema simbólico. (Nã verdade, os
resultados quase
resultados quase nunca
nunca mostram
mostram exatamente
exatamente 50% 50% caracara e 50%
50% coroa:
coroa: aaleatoriedade
aaleatoriedade refere-se refere-se
mais a um
mais um limite,
limite, algo
algo para
para oo qual
qual umauma moeda
moeda ou ou um
um evento
evento se dirige
dirige à medida
medida que que oo número
número
de tentativas
de tentativas se se aproxima
aproxima do do infinito).
infinito).
.Q_qt1e
.0 sign~fü,i1.d~erqµe_
que significa dizer que oo..“evento
''.eyet1,toçru»com
cru” com oo qual qual começamos
começamos já estava simbolicamente
já estava simbolicamente

fÉ:il.:.~~~~~~~=
determinado, e que as matrizes simbólicas nunca sãõ “ínõcèhtês”, isto é, húhca deixam cie
incidir sobre a nossa “realidade supostamente dada”. Portanto, o evento é retròãtivamente
constituído como aleatório pelo significante (isto é, pelas palavras que usamos para falar
sobre ele).
· ..... Não Não há há moeda
moeda idealideal que
que tenha
tenha oo mesmo
mesmo peso peso de de ambos
ambos os os lados
lados de de umum cortecorte imaginário
imaginário
no meio
no meio dela,dela, e que que então
então forneça resultados “absolutamente
fomeça resultados "absolutamente aleatórios”.
aleatórios". Talvez Talvez um um
" computador
computador possa fornecer resultados 50/50
fornecer resultados 50/50 perfeitos
perfeitos (embora
(embora apenas após após um um número
número par par
"jogadas": isto
de 'jogadas”: isto é, gerações de caras ou ou coroas).
coroas). De De qualquer
qualquer forma, questão é simples-
forma, a questão simples-
mente reconhecer
mente reconhecer as entradasentradas simbólicas
simbólicas que que fornecemos
fornecemos no no começo.
começo.
Para nossos
Para nossos propósitos,
propósitos, potencialmente
potencialmente qualquer qualquer moedamoeda serve,
serve, assim
assim como como qualquer
qualquer
outro método
outro método de escolha escolha de mais mais e menos.
menos. Podemos
Podemos começar
começar de qualquer
qualquer série série dede mais
mais e
menos, e ao
menos, ao agrupá-las
agrupá-las de de certas
certas maneiras
maneiras -— encadeando-as
encadeando-as juntas de fonna simbólica
juntas deforma simbólica -—
regras são geradas com
as regras com relação
relação à ordem ordem dos símbolos
símbolos usados
usados parapara agrupá-las.
agrupá-las. A sintaxe
A sintaxe
parece já
parece estar lá
já estar lá in statu nascendi
in statu estratégias de
nascendi nas estratégias de agrupamento
agrupamento adotadasadotadas -- pois, pois, de fato,
fato,
.· -· se os os grupos
grupos não
agrupamento hãò
agrupamento
não se superpuserem,
não superposta:
superposta:
ª.
sup(!rpust!,:t!_m,.. a sinS.lfJlaxe
taxe ddesaparece. Considere a seguinte
a arece. Considere
· · ··· ·
estratégia de
seguinte estratégia

·· l
..,. -···
++
+ + ---
- - - +- +-
- + - --+
- - + ++
4- +
-
11 33 22 22 22 11
218
218 O
O sujeito
sujeito lacaniano
lacaniano

Aqui não surge


surge nenhuma regra
regra com
com relação
relação aa que símbolo pode
que símbolo pode ou
ou não seguir outro
outro símbolo.
Os símbolos são
Os são totalmente
totalmente independentes
independentes uns dos dos outros
outros em termos quais sinais eles
termos de quais eles
Por exemplo, oo 33 na cadeia
cifram. Por cadeia acima
acima não mais cifra aa metade
mais cifra metade do que o 1I precedente
precedente
cifrado, ee pode
havia cifrado, então facilmente seguir aquele
pode então aquele 11 imediatamente semsem um 22 interveniente.
interveniente.
No sistema
sistema superposto, cadeia é formada
superposto, uma cadeia formada (Figura
(Figura 2.2),
2.2), enquanto
enquanto estiver no sistema sem
sem
superposição, nenhum vínculo será estabelecido entre as unidades
será estabelecido unidades aa serem agrupadas:
agrupadas: elas
permanecem totalmente independentes (Figura 2.3). 2.3).

Figura 2.2
Figura 2.2

Figura 2.3

00
A superposição
SUJ>C?qJO~i~(l..significa
00
que não há correspondência ~i!lllÍY.(lt:a,
~ignif1~1_1_q!l~-~ii<:>.M.P.Q!!~~l?.Qll_~ª-11·~i.a._ ou _ ~~-~~o
biunívoca, <,:11 mesmo correspon-
correspon-
dêrlciá.de
dência dois para
de dois para um, entre os elementos
elementos de de um evento
evento aa serser cifrado
cifrado ou simbolizado
smibólizãdo (a(a
série dê mais ee de meJios)ê
de mais menos) e os símbolos eiiipi:êgadôi Em
símbolos empregados. Em vezvez de uiiia situaçãô'onde
uma situação onde cada
cada
conjunto de
conjunto de dois
dois sinais seria
seria designado
designado por wii um eiriesino símbolo (aquele
e mesmo símbolo (aquele conjunto seria seu
conjunto seria seu
único “referente”,
"referente", vagamente falando),
vagamente falando),

++ — + —
~~~2~ Situação A
Situação A

mais de um símbolo
símbolo é usado para designar
designar cada
cada conjunto
conjunto de sinais mais
de sinais mais e menos.
menos. No exemplo
exemplo
I/ da Figura
da Figura 2.4, três símbolos representam
três símbolos representam os os dois menos,,f.obr_(!·ree1:·
os dois sinais mais ee os menos, sobre-repre-
'., // .senJgndg:,.,QS.,
sentandp gs x ao ao que parece,
parece, na medida emem que dois suficientes para
dois símbolos foram suficientes pára
"ç/ ·desempenhar
desempenhar oo mesmomesmo trabalho na “Situação
"Situação A" acima.
A” acima.

Figura 2.4
Figura 2.4

++-~-+-
+ + ----- + - SituaçãoB
Situação B

11 2 3

Se, no entanto,
Se, entanto, considerarmos
considerarmos que oo símbolo
símbolo 22 designa duas combinações
designa duas diferentes, +
combinações diferentes, + -- ee
--+,
+, vemos superposição éé necessária
vemos que aa superposição necessária para representar completamente
para representar completamente aa série
série de mais/
mais/
menos, isto
menos, isto é, combinação +
é, distinguir uma combinação uma + (Figura
+ de uma (Figura 2.5). O
O sistema
sistema de
de simboli-
zação superposto éé capaz
zação capaz de distinguir entre
entre séries
séries 11 e 2, enquanto o sistema
sistema de não-super-
posição
posição não é.
Notas
Notas 219
219

Figura2.5
Figura 2.5

++
±± -+ ++ ++ -- ++
11 22 Série 11
Série

11 22
2 2
Situação A
Situação SituaçãoB
Situação B
+ ++ --
++ +
++
+ + +-
+
~ O
Série2 _____
—1 2
T* ~~2 00/70 2
12
11 1 2
Tivéssemos,
Tivéssemos, no no entanto,
entanto, atribuído
atribuído números
números distintos
distintos às duas combinações
combinações diferentes diferentes+ + --
e-+,
e ~ tal problema não
tal problema não teria
teria ocorrido,
ocorrido, em em primeiro
primeiro lugar,lugar, e parece
parece que que é oo dupltisentido
</Jtplru.entido (ou (ou
cl<>is referentes
dois referent~ diferentes)
clifer~11.t.~$) do~o símbolo
símbolo 22 que que fazfaz surgir
surgir duasduas situações:
situações: áa Situação Situação A, A,
sub-representação
sub-representaçao ou ou representação
representação ambígua,ambígua, e a situação
situação B, B, representação
representação completa. completa.
Logo, se não
Logo, não mais
mais atribuirmos
atribuirmos duas combinações
combinações diferentes
diferentes ao ao mesmo
mesmo símbolo,
símbolo,podemos podemos
maneira mais
de maneira mais exaustiva
exaustiva representar
representar a série mais/menos como
de mais/menos
série de como uma urna seqüência
seqüência superposta superposta
letras que
de letras que não
não gera
gera leis,
leis, sintaxe
sintaxe ou memória discemíveis.
ou memória discerníveis. A A ·ªin.taxe
sintaxe, ..e e_a_memória
a memória então então
parecem surgir
parecem surgir somente
somente de de um
um modo
modo específico
específico de de aplicação
aplicação de de símbo!Õii'
símbolos "à'"sêrie, à série, e a
gramática da "linguagem"
gramática “linguagem” Lacan origina-se,
de Lacan origina-se, portanto,
portanto, não não tanto
tanto do do material
material simbólico simbólico ou ou
coisa em
da coisa
da em sisi mas
mas desse modo modo específico
específico de aplicação.
aplicação.
Mas até que
Mas que ponto
ponto aa série mais/menos éé um
série mais/menos um modelo
modelo apropriado
apropriado da da "realidade"?
“realidade”? Já que, que,
afinal, ojnodelo
afinal, Q..mQ<i~l<>__!1:1~~9.!Q9!!!.~.Y-ª19t.!l.9
lacanianc adquire valocao ..l?!:1.~~ar estabelç~r.1:1m.JiP<>..c!eanalogiaent~.Ps
buscar estabelecer um tipo de analogia entre ps
~·e~ntos__aleatórios”
“eventos aleatórios" das . primeiras,
primei™ __experiência
ç;p~rj~_c;iª(iiiJ.'.@!Íll.~---ª·f.?.<!ç\1t
inj 1:1!ç_a.,tó.i.:i.!!.. fQ!.'
a.cadeia aleatória ffiª_da.,__pç!a
fonnada pela
_reqüência
sequência de de mais
mais. e. .menos.
men<>s. Se a criançacriança fosse um um computador,
computador, tal analogia podería
tal analogia poderia ser ser
suficiente,
suficiente, mas mas já que aa experiência
já que experiência infantil
infantil não
não é simbolizada
simbolizada de de forma
forma algumaalguma no no início,
início,
aquilo que
aquilo que será
será simbolizado
simbolizado aparentemente
aparentemente não não se assemelha
assemelha à alternância
alternância bem bem delineada
delineada de
mais e menos.
mais menos.
Mas considere
Mas considere a brincadeira
brincadeira Fort~Da
Fort-Da (ausência-presença)
(ausência-presença) do do neto
neto de Freud Freud- descrita
— descrita
em Mais
em Mais-além
-além do do princípio
princípio do do prazer
prazer,, èmque
em qüe ás as primeiras
primeiras duas palavras palavras que que a criança criança fala fala
parecem, na
parecem, na interpretação
inte!'Pretaçã~ do do avô,
avô, s!mbolizar
simbolizar as aj~!_yin~
idas e i fed.ajHãe, ,;l~l_!l~':! --:::
—- urnum acontecimento
ac!ll:lt('i;itn~~t_o
importante na
importante na vida
v,da da da criança.
cnança. Dois Dois termos
termos (“foí”
("foi" ee “aqui”)
''ãqu1'') qúeque sao mterdependentes ria
são interdependentes na
medida em
medida em queque a mãemãe pode
pode ser designada
designada como como “aqui”
"aqui" pela pela própria
própria possibilidade
possibilidade de de que
que elaela
"foi"
“foi” ee vice.versa
vice-versa -— codificam
codificam ou ou cifram
cifram seus desaparecimentos
desaparecimentos ee reaparecimentos,
reaparecimentos, cons- cons-
tituindo “a
tituindo "a seqüência
seqüência simbólica
simbólica mais mais simples,
simples, umauma série linear de sinais
série linear sinais que denotam denotam a
alternativa, ausência
alternativa, ausência ou ou presença”
presença" (Écrits,
(Écrits, p.p.141 ).
141 ).
O modelo
O modelo lacaniano,
lacaniano, por por outro
outro lado,
lado, pressupõe
pressupõe essa codificação
codificação de de primeiro
primeiro nível. nível. Talvez
Talvez
ele possa
ele possa ser visto
visto como
como uma uma elaboração,
elaboração, em em sua
sua estratégia
estratégia de de aplicação
aplicação simbólica,
simbólica, do do que
que
~ lhe falta
lhe através de
falta através de uma
uma "realidade complexa" para
“realidade complexa” para se se basear.
basear.
Como vimos,
Como podemos cifrara
vimos, podemos cifrara "realidade"
“realidade” da jogada
jogada da da moeda
moeda de uma uma formaforma que que pareça
pareça
nada acrescentar
nada acrescentar ao ao evento
evento inicial
inicial masmas que, de qualquer
que, de qualquer forma, acrescenta outro
forma, acrescenta outro nível nível de
sentido aos
sentido aos números
números inteiros
inteiros (1,(1, 22 ee 3)
3) que
que usamos
usamos para para cifrá-lo.
cifrá-lo.
No posfácio
No posfácio ao ao “Seminário
"Seminário ‘'A roubada"',
carta roubada
A carta 7
Lacan propõe
”, Lacan propõe um um método
método de de cifragem
cifragem
que designa
que designa sentidos/referências
sentidos/referências duplos duplos (e (e às vezes quádruplos)
quádruplos) a todos todos os símbolos, símbolos,
portanto, exigindo
portanto, exigindo superposição
superposição para para umauma representação
representação completa completa -— uma uma forma forma de sobre- sobre-
detenninação, talvez.
determinação, talvez. A esse respeito,
A esse respeito, sua sua matriz
matriz simbólica
simbólica parece
parece imitar
imitar por por completo
completo as
linguagens naturais,
linguagens naturais, queque comumente
comumente atribuem atribuem mais
mais do do que
que umum sentido
sentido à mesma mesma palavra palavra e,
em geral,
em geral, exigem
exigem um um excesso
excesso de de palavras
palavras parapara representarem
representarem qualquer qualquer coisacoisa com com precisão.
precisão.
Discu~o essa linguagem
Discuto linguagem mais mais complexa
complexa em em detalhes
detalhes no no Apêndice
Apêndice 1. 1.
•-iiFreud
7. Freud nos nos leva
leva aa pensar
pensar se as as expressões
expressões "pensamento inconsciente" ee "idéia
“pensamento inconsciente” incons-
“idéia incons-
ciente"77não
ciente não são simplesmente
simplesmente oximoros: "?
oximoros: “O processo
~r()cess<> da <ia elaboração
elab<>rllÇão onírica, portanto, é algo
onírica, portanto, algo
220
220 O sujeito
O sujeito lacaniano
lacaníano

novo e diferente,
inteiramente novo diferente, não se se assemelhando
assemelhando aa nada conhecido anteriormente.
nada conhecido anteriormente. Ele
Ele nos
dêU ãà oportunidade
deu ôportúri1dâde de entrevermos,
entrevêrríiôs, pela
pela primeira vez; os
primeira vez, <is processos sê realizam
que se
processos que realizam nono
sistema inconsciente,
sistema inconsciente,{[...]
...] não nos aventuramos
aventuramos a dizer
dizer ‘processos
'processos pensamento"'. (vol. XXII,
pensamento’”, (vol. XXII,
pp.29-30).
pp.29-30).
8. Jacques-Alain
Jacques-Alain Miller, J, /, 22,t 3, seminário não publicado,
3, 4 seminário aula de 27 de fevereiro
publicado, aula fevereiro de
1985.
9. Ver Écmy,
Écrits, p.150.
p.150.
O sentido éé fornecido
10. O fornecido retroativamente,
retroativamente, como
como indicado
indicado nos capítulos
capítulos posteriores.
posteriores.

capítulo três
três
A função
função criativa
críativa da
da palavra:
palavra: oo simbólico
simbólico ee oo real
real

letra mata
1. A letra mata mas aprendemos isso
mas aprendemos isso da
da própria letra" (Écrits
própria letra” 1966, p.848).
(Écrits 1966, p.848). A noção de
que a letra mata encontrada primeiro
mata éé encontrada Écrits 11966,
primeiro nos Écrits 966, p.24, inglês, em The
p.24, e, em inglês, The Purloined
Purloined
editado por John
Poe editado John Muller ee William Richardson Richardson (Baltimore:
(Baltimore: Johns Johns Hopkins University
Press,
Press, 1988, p.38).
2. ‘Leréel
'Le réel est
estsansfissure
sans fissure ”, ", "O
“O real fissuras": não tem quebras,
real é sem fissuras”: quebras, espaços
espaços ouou buracos;
buracos;
não tem
tem rasgos.
rasgos. A mesma questão questão é abordada
abordada no Seminário
Seminário 2, p. 390. 390. “Não
"Não há há ausência
ausência no
real."
real.” Ver
Ver também Seminário 4, p.224: "Por
também o Seminário definição, oo real é pleno".
“Por definição, pleno”.
3. A noção Jacaniana de realidade
noção lacaniana realidade não necessariamente
necessariamente coincide coincide em em todos os os aspectos
aspectos
com a de Freud.
com Freud.
4. Ver
Ver Peter Berger ee Thomas
Peter Berger Thomas Luckmann,
Luckmann, The The Social
Social Construction
Construction of of Reality (Garden
Reality (Garden
City: Doubleday,
Doubleday, 1966).
Lacan vai tão longe aa ponto
5. Lacan ponto de dizer que não existiríaexistiria ser
ser nenhum
nenhwn se se não fosse
fosse pelo
pelo
verbo “ser”
verbo "ser" “‘Ser
'"Ser falante’
falante' ..... . é um pleonasmo,
pleonasmo, porque existe apenas
porque existe apenas ser ser devido
devido à fala;
fala; se
se não
não
fosse pelo verbo ‘ser’,
pelo verbo 'ser', não existiría
existiria nenhum ser”’ ser"'. (Seminário
(Seminário 21, 21, 15 de janeiro
janeiro dede 1974).
1974).
Com relação
6. Com relação aa este
este termo
termo de Heidegger,
Heidegger, ver capítulo 88 do presente livro.
presente livro.
7)
7 •O O último sempre
sempre e inescapavelmente
inescapavelmente comporta um grau de de fantasia, ee se não for for aa
fantasia do paciente, então será será apenas a do analista.
analista. A questão
questão não é substituir a realidade
realidade
do paciente
paciente baseada
baseada na na fantasia
fantasia pelapela realidade
realidade baseada fantasia do
baseada na fantasia do analista,
analista, mas
mas levar oo
paciente
paciente a simbolizar oo real dele. dele.
Sobre metaforização
8. Sobre metaforização ee substituição em em relação subjetividade, vero
relação à subjetividade, ver o final do capítulo
capítulo 6.
9. A dialetização
dialetização éé analisada em detalhes detalhes no final do capítulo 5.
10. Ver apêndices
apêndices 11 ee 2 do presente livro.
presente livro.
1l B
l\ Devo
Devo esta
esta teorização
teorizaçao à aula aula de Jacques
Jacques Alain Orienlation lacanienne.
Alain Miller, Orientation /acanienne.
12'. Formulações
12. Fonnulações desse desse tipotipo são
são extremamente
extremamente comuns comuns na obra obra de Lacan:
Lacan: uma aula éé
uma aula
distinguida não em
distínguida em tennos
termos do do que contém
contém (como Bertrand Russell aa concebe;
Bertrand Russell concebe; ver capítulo
capítulo 2
seu lntroduction
de seu Introduction to Mathematical
Mathematical Philosophy),
Philosophy), mas mas em em termos
tennos do que que exclui (ver (ver
Seminário 9);
Seminário 9); oo recalque originário de um significante éé oo que
recalque originário que sustenta
sustenta todo oo sistema
sistema de
significantes; oô sujeito
signifícantes; sujeito tem uma uma relação exclusão interna
relação de exclusão interna comcom seu objeto ~
seü objeto — oo objeto
objeto
enquanto aquilo que éé excluído,
excluído, mas dentro, de de certa
certa forma
fonna (é (é oo que éé mais
mais íntimo,
íntimo, mas ao ao
mesmo tempo ejetado ejetado para
para fora de si, si, portanto extimado; logo,
portanto extimado; logo, é exterior
exterior enquanto
enquanto perma-
perma-
nece, ao mesmo tempo, terrivelmente
mesmo tempo, íntimo, e interior
terrivelmente íntimo, interior embora
embora permaneça completamente
permaneça completamente
estranho). Examinaremos
estranho). Examinaremos esta esta lógica detalhes mais
lógica em detalhes adiante.
mais adiante.
113. está relacionado
3 . Isso está relacionado à noção noção lacaniana
lacaniana de/a/g
d~/a/fl.1;Jgµ..§, introduzida em
gwe, introduzida em sua
sua obra
obra posterior.
posterior.
14; Uma de suas
14. suas análises
análises destedeste paradoxo
paradoxo podepode ser ser encontrada
encontrada no Seminário 9, 24 de
janeiro de 1962.
15. Bertrand Russell e Alfred
Bertrand Russell Alfred North Whitehead,
Whitehead, Principia Mathematica, vol. 11 (Cam-
Principia Mathematica, (Cam-
bridge: Cambridge UniversityPress,
bridge: Cambridge University Press, 1910). 1910).
116. Isso poderia
6. Isso podería serser entendido em termos de lógica lógica recursiva/altemativa
recursiva/alternativa introduzindo um
componente temporaltemporal. Ver, por exemplo, Raymond Kurzweil, The Age
por exemplo, Age of of lntelligent
Intelligent
Machines
Machines (Cambridge: MIT MIT Press,
Press, 1990).
1990).
Notas
Notas 221

117. Existe sempre


7. Existe sempre um
um excesso
excesso ou ou excedente
excedente dodo funcionamento autônomo do
funcionamento autônomo do significante,
significante,
relacionado, Lacan
relacionado, Lacan sugere, à sua essência,
essência, sua
sua natureza
natureza "material'':
“material”: algo inerente
algo inerente aoao signifi-
signifi-
cante, algo
cante, algo "dentro" do significante
“dentro” do significante emem si (seja som
si (seja ou letra),
som ou letra), leva-o
leva-o aa uma
urna ultrapassagem,
ultrapassagem,
transcedendo
transcedendo a si mesmo.
mesmo.

capítulo quatro
capítulo quatro
O sujeito
O sujeito lacaniano
lacaniano

Ver ensaio
1.. Ver
1 ensaio de de Lacan
Lacan “O estádio do
"O estádio do espelho
espelho comocomo formador formador da da função
função do do Eu Eu tal
tal como
como
nos é revelado
nos revelado na na experiência
experiência psicanalítica”,
psicanalítica", Escritos,
Ver capítulos
2. Ver capítul<>s 23-2423-24 do do Seminário
Seminário 8. As imagens imagens visuais visuais correspondem
correspondem ao enten- enten-
dimento de
dimento
-língüisticamentê
de.Lacan
Lacan de de ''eü
“eu ideal”,
estruturadas)
como
ideal"; como elaborado
àõ "ídeãfde eu•·:·
por Freud, é ás imagens figüiãtivas
elaboraifopÕrFrciuiÇeiiflmâgens
'.. . . . . . . ...... . .....
figurativas {isto
. .... .
(isto é,
Imguisticamente estruturadas) ao “ideal de eu”.
33.. "Shifters, Verbal Categories,
“Shifters, Verbal Categories, and and the Russian Verb”
the Russian Verb" (1957) (1957) em em RomanRoman Jakobson,
Jakobson, Selected
Writings, vol.2
Selected Writings, (The Hague:
vol.2 (The Hague: Mouton, Mouton, 11971),97 1), pp. pp.130-147.
13 0- 1 47.
4. Este
Este é umum ponto
ponto bastante
bastante complexo
complexo que não não aprofundarei
aprofundarei aqui. aqui. ÉÉ suficiente
suficiente dizer dizer que
grande parte
grande parte do
do estudo
estudo fui dedicado ao papel
foi dedicado papel dos
dos nomes
nomes próprios, próprios, e as opiniões opiniões de Lacan Lacan são
parecidas com
parecidas com aquelas
aquelas de Kripke Kripke and and Jakobson,
Jakobson, que que afirmam
afirmam que um um nome
nome não significa
não significa
nada mais
nada mais do do que
que a pessoa
pessoa queque é reconhecida
reconhecida por por aquele
aquele nome. nome. Minha Minha discussão
discussão aqui aqui
assemelha-se à de J.-A.
assemelha-se Miller em
J.-A. Miller em seus seminários
seminários não não publicados.
publicados. 5.
Otto Jespersen, Language:
5. Otto Language: Its Its Nature,
Nature, Development
Development and and Origin
Origin (Nova (Nova York: 1923).
York: 1923).
Damourette and
6. Jacques Damourette and Edouard
Edouard Pichon, Pichon, Des mots mots à la la pensée:
pensée: Essai Essai de de grammaire
grammaire
de la
de la langue française, vol.7
languefrançaise, (Paris: Bibliothèque
vol.7 (Paris: Bibliotheque du du français
français modeme, moderne, 1932-51).
1932-51).
1. Este último
7. Este último é particularmente
particularmente semellhante conotação com
semellhante à conotação com oo uso uso em em francês
francês do do ne
com craindre.
com craindre.
8. Ver Seminário 99 e "Subversão
Ver Seminário “Subversão do do sujeito
sujeito e a dialética
dialética do do desejo”,
desejo", nos nos Escritos.
9. A
9. referência aqui
A referência aqui é ao Ser Heidegger, embora
tempo de Heidegger,
Ser ee· tempo embora Heidegger
Heidegger tàle fale sobre
sobre hupokeimenon
hupokeimenon em em muitos
muitos outros
outros trabalhos também. Lacan
trabalhos também. Lacan sofreu sofreu alguma
alguma influência
influência de
Heidegger e até traduziu
Heidegger traduziu seu artigo artigo intitulado
intitulado "Logos"
“Logos” para para oo francês.
francês. Parece Parece claro claro queque a
critica de Heidegger
crítica Heidegger do do sujeito reificado teve
sujeito reificado influência no
teve influência no pensamento
pensamento de de Lacan,
Lacan, es-
pecialmente na
peciajmente na década
década de 1950 1950 (a (a época
época de sua tradução)
tradução). .
.. ..----(f'ó.JMelhor
ÍU/Melhor definido como
definido como um um furo furo (não
(não no no discurso
discurso ou ou em outrasoutras atividades
atividades mas mas entre
entre
,... um significante
significante ee outro,
outro, istoisto é,forjamento
oo forjamento de de uma
uma ligação ligação entre entre dois dois significantes.
significantes.A A
especificidade de
especificidade de seu sujeito
sujeito deriva
deriva do do trabalho
trabalho sobre
sobre o significante, ao
o significante, ao qual
qual voltarei
voltarei maismais
tarde.
tarde.
111. Ver aa tradução
1. Ver tradução mais mais recente
recente para para oo inglês
inglês de Philosophical
Philosophical Writings Wrilings de Descartes Descartes por por
Cottingham (Cambridge:
J. Cottingham (Cambridge: CambridgeCambridge UniversityUniversity Press, 1986): 1986): "Penso,
“Penso, logo logo sou”.
sou".
Explico oo uso
12. Explico uso de tais diagramas Venn
tais diagramas Venn em em detalhes
detalhes em em meu meu ensaio
ensaio “Alienation
"Alienation and and
Separation: Logical
Separation: Logical Moments
Moments of ofLacan
Lacan ’'ss Dialectic
Dialectic of ofDesire"
Desire”ememNewsletterofthe
Newsletter of the Freudian Freudian
Fie/d 4.
Field 4. Aqui, deveria simplesmente
Aqui, deveria simplesmente ser observado observado que que as as partes
partes sombreadas
sombreadas são considera- considera-
das válidas
válidas ou ou verdadeiras,
verdadeiras, enquanto
enquanto as partes partes deixadas
deixadas em em branco
branco são excluídas.excluídas.
13 De certa forma, é possível considerar o Outro como tendo sido dividido em outro
imdgmário ce~ — o ;~:'!;êiéi:~~=~t~}~t1~i~~~i~
eu como uma cristalização de imagens internalizadas i~~;n;a;f:attd?e~~::;:r~;Jj;~;;
—é õ Oütfó símód/rco .\. \/.
{não completo). No
(não completo). No capítulo
capítulo 5, no no entanto,
entanto, consideraremos
consideraremos a barreira barreira do ein
do OutroOutro em .teini.Qsr·
termos
.:de
de umalima clivágem
clivagem entreentre .<>C>.lltr.c:,
o Outro desejante §.l>jefü:~;
9e~~t~ êe oo objetq a, causa ê~üsâ do <iodesc:jo.
desejo. · ·-· '
14. Observe
14. que
Observe que ocorre õêorrê uma uina mudança
mudança notacional
notacional significante
significante nos nós Escritos de Lacan Lacan em em
·seu artigo
artigo "O estádio do
“O estádio do espelho”
espelho" para para "Subversão
“Subversão do do sujeito”
sujeito" que que está relacionada
relacionada ao
pronome pessoal
pronome pessoal francêsje.
francês je. Em Em inglês,
inglês, quando
quando falamos
falamos sobre sobre uma uma palavra
palavra enquanto
enquanto palavra,
palavra,
tendemos
tendemos aa colocá-la
colocá-la entreentre aspas.
aspas. "Eu"“Eu” éé oo pronome
pronome pessoal pessoal na na primeira
primeira pessoa; pessoa; “eu” "eu" aqui
aqui·
fica entre aspas. O
fica entre O francês raramente oo faz;
francês raramente digo raramente,
faz; digo raramente, porque porque existe existe sempre sempre uma uma
variedade
variedade de estilos estilos tipográficos
tipográficos e escritores
escritores franceses que lêem lêem muitos
muitos livros livros em em inglês
inglês e
tendem desenvolver uma
tendem a desenvolver uma pontuação
pontuação idiossincrática.
idiossincrática. De De qualquer
qualquer fonna, forma, Lacan, Lacan, em em seu

Escrilos.
Des
Escritos.
um
/Jmi,:J\J:~
Escritos
222 O sujeito
O sujeito lacaniano
lacaniano

"O estádio do
artigo “O do espelho”,
espelho", começa com com aa função do eu, mas nesse ponto de sua sua obra
obra
raramente escreve
raramente escreve comcom maiúscula
maiuscula o Jj de je. analisa a obra
je. Quando analisa obra de Jakobson sobre shiflers
Jakobson sobre shifters
[indicativos], Lacan mantém o je
[indicativos], sugerindo que se trata
je em itálico sugerindo trata de uma citação
citação -— em
francês põem-se itálico quaisquer
põem-se em itálico quaisquer palavras
palavras que
que estão
estão sendo
sendo citadas
citadas ee também o que é
considerado imaginário
considerado imaginário (Lacan,
(Lacan, com com frequência,
freqüência, coloca
coloca em itálico os elementos
elementos imaginários,
imaginários,
tais
tais como oo aa para
para outro, e \(a) i(a) para
para aa imagem do outro,
outro, e assim
assim por diante). No entanto, ao
traduzir ee retraduzir a mâxima
máxima de de Freud
Freud "Wo Es Es war, so/1
solllch werden ",", je
Ich werden escrito com letra
je é escrito letra
maiuscula colocado em
maiúscula e não é colocado em itálico.
itálico. Sempre encontra um “Je”
Sempre que se encontra "Je" com letra maiúscula,
pode-se ficar bem certo de que Lacan
bem certo Lacan tem em mentemente seuseu sujeito
sujeito do inconsciente;
inconsciente; que "Je"
“Je” é,
em
em certo sentido, oo_ signifícante
c;f!Q$lltido, significante faltante:faltante: é oo significante, mas permanece impronunciável
signific:_!!11~·--~~12.~m:!!1_11ece impronunciável
como tal.
como tal. · ··-· ·· -·····----
······ ---------------····--
------------------------ - --------
"Ciência ee verdade”,
15. “Ciência verdade", Escritos.Escritos,

cinco
capítulo cinco
O sujeito
O sujeito e oo desejo
desejo do Outro
Outro

Estou usando
11.. Estou usando oo termo "criança"
“criança” aqui em vez de "sujeito",
“sujeito”, já esse termo
já que esse termo não
pressupõe subjetividade por parte
pressupõe parte da
da criança,
criança, subjetividade
subjetividade entendida comocomo resultado
resultado da
alienação ee da separação.
separação. “Criança”
"Criança" tem a desvantagem de sugerir sugerir apenas
apenas um estágio
estágio do
qualifico a seguir.
desenvolvimento o qual qualifico seguir.
"Formulações sobre os
2. Em “Formulações os dois princípios do funcionamento mental" mental” (1911),
(1911 ), vol. XII,
XII,
mesma expressão éé encontrada
p.284. A mesma encontrada no casocaso do Homem
Homem dos Ratos Ratos (vol. X).
33.. O
O leitor interessado na tentativa de Lacan
Lacan de de formalizar
formalizar a alienação
alienação e a separação
separação deve
deve
ler meu artigo no Newsletter
Newsletter of of the Freudían
Freudian Fie/dField 4 (1990), "Alienation and
(1990), intitulado “Alienation
Logical Moments
Separation: Logical Moments of ofLacan's Dialectic of
Lacan’s Dialectic ofDesire".
Desire”.
4. Semelhante àquele designado
designado [ilustração]
[ilustração] na teoria
teoria dos
dos conjuntos.
conjuntos.
5. O sujeito éé chamado a assumir ou subjetivarsubjetivar aquele
aquele nome,
nome, torná-lo
tomá-lo seu; a freqüência
frequência
com que as pessoas fazê-lo é testemunhada
pessoas deixam de fazê-lo testemunhada pelo grande número daquelas que
trocam seus nomes (quando (quando isso não não é feito
feito por
por propósitos
propósitos estritamente políticos ou
comerciais).
comerciais).
6. No Seminário 9, Lacan exemplifica aa ligação
Lacan exemplifica ligação entre a demanda e o desejo com dois
desejo com dois
toros entrelaçados
toros entrelaçados (Figura
(Figura 5.8),
5.8), onde
onde um círculo desenhado
desenhado ao redor
redor de uma superfície
superficie em
forma de tubo de toro
forma toro (o
(o círculo da coincide com
da demanda) coincide com o círculo menor ao redorredor do vazio
vazio
central no outro (o
central (o círculo do desejo).
desejo).
7. Ver, por exemplo, Seminário
por exemplo, Seminário 111, p.41..
1, p.41
termo “função
8. O termo "função paterna" pode ser encontrado
paterna” pode encontrado em “Sexualidade
"Sexualidade feminina”
feminina" de Freud,
Freud,
vo!.XXI.
vol. XXI.

Figura 5.8
Figura 5.8

9. No caso
caso de
de pais solteiros,
solteiros, um amante
amante (passado
(passado ou presente)
presente) ou mesmo um amigo ou
parente pode, às vezes, assumir o~ papel
papel de pai, significando aquela parte desejo de um
parte do desejo
dos pais que vai além
dos além da criança.
criança. ÉE certamente concebível que um
certamente concebível um dos parceiros
parceiros de um casal
um casal
possa preencher
homosexual possa preencher esse
esse papel também, um dos parceiros adotandoopapelde
parceiros adotando o papel de
provedor, o outro
provedor, outro intervindo na relação criança-mãe
criança-mãe como terceiro
terceiro termo.
termo. Nos casais
Nos casais
Notas 223 223

"heterossexuais" encontram-se
“heterossexuais” encontram-se ocasionalmente
ocasionalmente homens
homens agindoagindo como
como mães
mães ee mulheres
mulheres
como a lei, mas
agindo como claro que as
mas fica claro as nonnas
normas sociais não estimulam atualmente
atualmente aa eficácia
eficácia
de tais reversões
reversões em substituir o Nome-do-Pai
Nome-do-Pai ou aa função paterna.
IO. Aqui,
10. estou obviamente
Aqui, estou obviamente interpretando
interpretando aa noção freudiana de realidade como implican-
realidade como
do uma realidade
realidade socialmente definida constnúda.
definida e construída.
11. Ver seu
seu Naming
Naming and and Necessity (Cambridge: Harvard
Necessity (Cambridge: Harvard University Press, 1972),
University Press, 1972), que
que
Lacan discute no Seminário
Lacan Seminário 21.
12. Não
Não sese pode deixar de de lembrar aqui do papel papel do pai no rompimento da díade díade
mãe-criança.
mãe-criança. Mencionei
Mencionei aa introdução
introdução de um terceiro
terceiro elemento,
elemento, mas aqueleaquele elemento
elemento já está,
está,
na verdade, sempre lá, estruturando
verdade, sempre estruturando a privacidade aparente da relação
privacidade aparente relação inicial. A criança
criança
experimenta uma
experimenta uma intrusão
intrusão de fora,
fora, uma intrusão -— efetuada
efetuada pelo que se se pode caracterizar
caracterizar
várias formas
de várias fonnas como
como oo pai, oo Nome-do-Pai,
Nome-do-Pai, ou oo falo -— deslocando-o
deslocando-o de uma interseção
uma interseção
total com a mãe,
mãe, impedindo um tipo de imbricação
imbricaçao total.
total.
A intrusão pode assumir aa formaforma de uma proibição
proibição de seusseus direitos
direitos de monopólio sobre
monopólio sobre
a mãe,
mãe, que força
força seu interesse
interesse aa ir buscar
buscar para além dela a fonte
para além fonte da
da proibição,
proibição, a fonte
fonte da
da
fascinação da
fascinação da mãe-
mãe — seu namorado, amante, marido,
namorado, amante, marido, família,
família, vizinhos, estado,
estado, lei, religião,
religião,
Deus: algo
Deus: algo que
que pode
pode ser totalmente indefinido e, no entanto,
totalmente indefinido entanto, tremendamente fascinante.
tremendamente fascinante.
13. Lacan
Lacan sese refere
refere a isso
isso como um “[sentimento
"[sentimento dede]Jcompletude falaciosa" no Seminário
completude falaciosa”
12de
12 16dejunhode
de 16 1965.
de junho de 1965.
14. Se
14. Se pensarmos
pensarmos oo Outro
Outro como
como uma simples (de
uma tira simples (de papel,
papel, por
por exemplo) cujas duas
exemplo) cujas duas
estão ligadas
pontas estão diretamente, podemos
ligadas diretamente, podemos pensar
pensar oo sujeito
sujeito como
como oo Outro comcom urna
uma torção
(Figura 5.9).
(Figura 5.9). A superfície
superfície que preencheria
preenchería oo buraco ou falta criado criado pela
pela primeira
primeira tira éé um
círculo simples;
círculo simples; a superfície
superfície que preencheria
preenchería oo buraco
buraco ouou falta criado
criado pela segunda éé uma
pela segunda
superfície topológica
superfície topológica mais complexa;
complexa; um “oito"oito interior”
interior" (ver
(ver Seminário
Seminário 111,1, p.148).
p.148). Figura

Figura 5.9
a a

1 1b b
....
ab

b
1 1
a
~
...
15. A análise
análise deve
deve envolver
envolver "essa
“essa reposição
reposição do ego
ego como
como sujeito
sujeito no a que eu eu era
era para
para oo
~., desejodooutro"(Seminário
desejo do outro” (Seminário 12, 12, 116dejunhode
6 de junho de 11965).
965).
16. Sexual über éé geralmente
Sexual über geralmente traduzido como "excesso
traduzido como sexualidade"; ver,
“excesso de sexualidade"; ver, por
exemplo, vol. I,1, p.312. Ver oo capítulo
exemplo, capítulo 77 sobre
sobre aa opinião dede Freud
Freud a respeito
respeito da reação da da
criança ao seu
criança seu encontro sexual com
com a pessoa
pessoa estranha
estranha que satisfaz
satisfaz suas necessidades.
necessidades.
17• .O
17. inglês exige,
O inglês exige, portanto,
portanto, uma combinação
combinação de de um passado simples e um infinitivo
passado simples infinitivo
para atingir o mesmo efeito.
efeito. Sobre
Sobre oo imperfeito no francês, ver Écrits 1966, p.840.
Écrits 1966, p.840.
118.
8. Écrits
Écrits 11966.
966. Para uma análise
análise detalhada daquele
daquele artigo,
artigo, ver
ver meu ensaio
ensaio “Logical
"Logical Time
Time
and the Precipitation of
and ofSubjectivity" em Reading Seminars I &
Subjectivity” emReadingSeminarsI & li:
II: Lacan '.s Return
Lacan ‘s Return to Freud
Freud
(Albany: SUNY Press, 1995).
Press, 1995).
19. A análise
análise de Lacan sobre Hamlet
Lacan sobre Hamlet pode ser encontrada
pode ser encontrada emem inglês
inglês emem Yale
Yale French
Studies 55166 (1977):
Studies 55/66 (1977): 111-52.
1-52. Ver
Ver também
também meu artigo
artigo "Reading
“Reading Hamlet
Hamlet with Lacan”
Lacan" emem
Lacan,
Lacan, Politics,
Politics, Aesthetics
Aesthetics organizado
organizado por Richard Feldstein
Feldstein ee Willy Apollon
Apollon (Albany:
Press, 1995).
SUNY Press, 1995).

@
224 O sujeito
O sujeito lacaníano
lacaníano

20. Écrits,
20. Écrits, p.p. 289;
289; oo falo
falo ouou significante
significante fálico
fálico será tratado
tratado em em detalhes
detalhes no no capítulo
capítulo 8. 8.
21.. Podemos,
21 Podemos, claro,claro, situar
situar aa que
que estou
estou meme referindo
referindo aqui
aqui como
como separação ee como como umauma
"separação posterior”
"separação posterior" nos nos tennos
termos de de Lacan
Lacan em em 1964
1964 sobre articulação da
sobre a articulação da alienação
alienação e da da
separação. Em Em lugar
lugar de dizer
dizer que oo neurótico
neurótico necessita
necl'.ssita de
de uma
uma separação posterior
posterior -— isto isto
necessita atravessar
é, necessita atravessaraa fantasia-Lacan,
fantasia — Lacan, no no final da década
final da década de 1950 e começo
de 1950 começo da década década
de 1 1960, diz que
960, diz que oo neurótico
neurótico confunde
confunde "a “a falta
falta dodo Outro
Outro [isto
[isto é, oo desejo]
desejo] comcom a demanda
demanda do do
Outro. A
Outro. demanda do
A demanda do Outro
Outro assume
assume aa função
função do do objeto
objeto nana fantasia
fantasia do do neurótico”
neurótico" (Écrits, p.
(Écrits, p,
321 ).). A
321 idéia aqui
A idéia aqui é que,
que, nana fantasia
fantasia dodo neurótico,
neurótico,($<> D) em
($ 0 D) em vez ( $ 0Oa),
de($
vez de a), oo sujeito adota
sujeito adota
como seu ‘‘parceiro”
como "parceiro" a demanda
demanda do do Outro
Outro- isto é, algo
— isto que éé estático,
algo que estático, imutável,
imutável, que que sempre
sempre
gira em
gira em tomo
tomo da mesma mesma coisacoisa (amor)
(amor) -— em em vez do do desejo
desejo do do Outro,
Outro, que que está fim- fün-
damentalmente em
damentalmente em movimento,
movimento, sempre sempre buscando
buscando algo algo mais.
mais. Essencialmente,
Essencialmente, isso isso significa
significa
que oo sujeito
que sujeito não
não tem
tem acesso total
total ao terceiro
terceiro termo,
tenno, ao ao ponto
ponto fora
fora dada relação
relação dual
dual mãe-criança.
mãe-criança.
A
A separação seria então entendida
seria então entendida como como oo processo
processo onde onde a demanda
demanda do do Outro
Outro (D) (D) éé
substituída
substituída na na fantasia
fantasia do do neurótico
neurótico pelopelo desejo
desejo do do Outro
Outro (objeto
(objeto a). O sujeito
à). O neurótico já
sujeito neurótico já
teria advindo,
teria advindo, de alguma
alguma maneira,
maneira, em em sua fantasia truncada($
fantasia truncada ( $ 0OD),
D), mas
mas atingiría
atingiria um um grau
grau
maior de subjetividade
maior através da
subjetividade através da separação.
22. Prefiro
22. Prefiro usar
usar oo “escandindo”
"escandindo" neologístico
neologístico como como a fonna verbal de escansão,
forma verbal escansão, uma uma vez
que "escanear",
que “escanear”, a forma aceitável do
forma aceitável do verbo,
verbo, tem tem conotações
conotações um um pouco
pouco diferentes
diferentes que que
poderiam levar
poderíam levar a considerável
considerável confusão
confusão aqui:
aqui: escrutinar
escrutinar rapidamente
rapidamente uma uma lista,
lista, tirar
tirar fotogra-
fotogra-
fias extrafinas do
fias extrafinas do corpo
corpo comcom um um scanner,
scanner, ouou “alimentar”
"alimentar'' texto imagens em
texto e imagens em forma digital
forma digital
num computador.
num computador. Todo Todo oo últimoúltimo deveria
deveria ser distinguido
distinguido da da idéia
idéia Jacaniana
lacaniana de corte, corte,
pontuação ou
pontuação ou interrupção
interrupção de de algo
algo (geralmente
(geralmente oo discurso
discurso do do analisando
analisando ou ou a sessão analítica).
analítica).
23. Ver
23. Ver capítulos
capítulos 17 e 18 do do Seminário
Seminário 1111 sobre
sobre esse
esse assunto.
assunto.
24. Sobre
24. Sobre a interpretação
interpretação analítica
analítica como
como oracular
oracular porpor natureza,
natureza, ver Seminário 18,
ver Seminário 18, 13 de
janeiro
janeiro de 1971 1971 ee Écrits,
Écrits, p.p.13.
13.

capítulo seis
capítulo metáfora
seis A e a precipitação
subjetividade
A metáfora e a precipitação da subjetividade

11.. Repetidas
Repetidas inúmeras
inúmeras vezes na na obra
obra de
de Lacan;
Lacan; ver, por exemplo,
ver, por ~xemplo, p. p.187
187 dodo Seminário
Seminário 111. 1.
2. News/etterofthe
Newsletter of the Freudian
Freudian Fie/d
Field 2 (1988).
2 (1988).
3. Écrits, p. 157.
Écrits, p. 157.
4. Por
Por exemplo,
exemplo, Max Max Weber; consulte também
Weber, consulte também oo próprio
próprio título do teórico
título do critico John
teórico crítico John
O'Neill, Making
0’Neill, MakingSenseSense Toge
Together(Nova
ther (Nova York: Harperand
York: Harper Row, 1974),
and Row, 1974), uma
uma contradição
contradição clara
clara
vista de
vista de uma
uma perspectiva
perspectiva lacaniana,
lacaniana, dado
dado que
que a essência
essência dada comunicação
comunicação é oo mal-entendido.
mal-entendido.
Sobre verstehen,
Sobre verstehen, ver Seminário 3,
ver Seminário 3, p.21
p.218.
8.
5. Écrits 1966, p.
Écrits 1966, p. 835.
835.
Sobre a substituição
6. Sobre substituição do do desejo
desejo pela
pela demanda
demanda na na fantasia
fantasia do do neurótico,
neurótico, ver nota 2211 do
ver nota do
capítulo 5.
capítulo
Eles também
7. Eles também servem para separar oo órgão
servem para órgão que
que fornece estímulo prazeroso
fornece estímulo prazeroso do do símbolo
símbolo
usado para
usado para descrevê-lo,
descrevê-lo, em em outras
outras palavras,
palavras, gozo
gozo real
real a partir
partir da letra
letra morta.
morta.
Observe oo que
8. Observe que ele
ele diz
diz sobre Alcibíades
Alcibíades nos nos Écrits,
Écrits, p.p. 323:
323: Certamente,
Certamente, “Alcibíades
"Alcibíades
neurótico".
não é um neurótico”.
9;,Culpa
9< única exceção
Culpa é a única exceção queque Freud
Freud faz quando fala
faz quando de sentimentos
fala de sentimentos de culpa culpa inconsci-
inconsci-
entes: Parece,
entes. Parece, no no entanto,
entanto, mais
mais consistente
consistente falar de pensamentos
falar de pensamentos inconscientes
inconscientes que que são
associados com
associados com sentimentos
sentimentos de de culpa.
culpa. Ver,
Ver, em
em particular,
particular, "Recalque",
“Recalque”, vol. vol. XIV.
XIV.
1 O. Vol.
10. XIV, p.
Vol. XIV, p.153,
153, tradução modificada; Trieb
tradução modificada; na edição
Trieb na edição inglesa
inglesa foi tratada da
foi tratada da mesma
mesma
forma geral que
forma geral que Instinkt (instinto), mas
Instinkl (instinto), mas Lacan
Lacan oo traduz
traduz para
para oo francês como pulsão
francês como para oo
pulsão e para
inglês como
inglês como "drive" (como em
“drive” (como em “death-drive”)
"death-drive") [em [em português
português comocomo pulsão
pulsão (como
(como emem pulsão
pulsão
morte)].
de morte)].
11.
1 Dessa maneira,
1. Dessa maneira, Lacan
Lacan elimina
elimina explicitamente
explícitamente um um elemento
elemento do do pensamento
pensamento de de Freud
Freud
permanece atado,
que permanece atado, em
em certo
certo sentido,
sentido, à cosmologia
cosmologia antiga:
antiga: a noção
noção de esferas concêntricas,
concêntricas,

wn
Notas 225
225

urna esfera
uma esfera sendo
sendo embutida
embutida em em outra.
outra. O O termo
tenno freudiano Vorstellungsrepriisentanz, que
freudiano Vbrstellungsreprasentanz, que
Lacan traduz
Lacan primeiro por
traduz primeiro por représentant
représentant de de la
la représentation, representante de
représentation, representante de (a)
(a) repre-
repre-
sentação, sugere
sugere que que existe,
existe, primeiro,
primeiro, um um nível
nível ou
ou esfera
esfera do pensamento ou
do pensamento da representação
ou da representação
(que está,
(que está, sem
sem dúvida,
dúvida, maismais próximo
próximo da da realidade,
realidade, do do fenômeno,
fenômeno, ou ou da da coisa-em-si)
coisa-em-si) e, e, depois,
depois,
um nível
um nível ou ou uma
uma esfera
esfera dede representantes
representantes ideacionais
ideacionais derivados
derivados dela. dela. Isso
Isso implica
implica queque
podemos, de alguma
podemos, alguma fonna, pensar ou
forma, pensar representar coisas
ou representar coisas para
para nós
nós mesmos
mesmos sem sem a ajuda
ajuda de
quaisquer representantes,
quaisquer representantes, de de um
um modo modo puro,
puro, semsem mediação
mediação- — umauma implicação
implicação que, que, do
do ponto
ponto
de vista lingüístico, éé patentemente
vista linguístico, patentemente absurda.absurda. O O tenno
termo freudiano
freudiano pode pode ser mais mais utilmente
utilmente
entendido em
entendido em termos
termos da da distinção
distinção entre entre oo significante (representante) e oo significado
signifícante (representante) significado
(representação), mas
(representação), mas sugere
sugere algumalgum tipotipo de distinção
distinção radical
radical entre
entre os dois, dois, como
como jese oo
significado
significado não não fosse, de de alguma
alguma forma,
forma, feito do sigiiificante
feito do signifícante ou ou constituído
con~ituído por por el'ê.-"""'-
eíeT~
-QüãiídõP'Orsiellungsrepfasentâ11Z.é'traduzídÔ.pof
Cfx í rsl lüngsr é traduzido por úmje£iuin··representanteps{qt{iêàaa pulsao,
as coisas
as coisas parecem
parecem ficar mais claras,
ficar mais claras, porque
porque não não pensamos ã'pulsãÕcomo
pensamos a pulsão como consistindo consistindo apenas
apenas
em palavras
em palavras ou ou significantes
significantes mas mas comocomo aquilo
aquilo que cruzacruza oo golfo
golfo ou ou oo contínuo
contínuo entre
entre mente
mente
ee corpo.
corpo. No No entanto,
entanto, Lacan
Lacan enfatiza
enfati:za que que a pulsão
pulsão está relacionada
relacionada à linguagem:
linguagem: ao ao contrário
contrário
do “instinto”,
do "instinto", as pulsõespulsões estão, de alguma alguma fonna, embutidas na
forma, embutidas na linguagem.
linguagem. Porém, Porém, quando
quando
Vorste/lungsrepriisentanz é usado
Vorstellungsreprâsentanz usado em em outros
outros casos, oo que que seria
seria oo representante
representante psíquico?
psíqtúco?
Pulsões, instintos,
Pulsões, instintos, ee seusseus representantes,
representantes, todos precisam, parece-me,
todos precisam, parece-me, ser melhor melhor elucidados.
elucidados.
Para uma
12. Para uma discussão
discussão maismais aprofundada
aprofundada de psicose psicose (isto
(isto é, oo fracasso
fracasso da da metáfora
metáfora
paterna ee suas consequências),
paterna conseqüências), ver ver meu
meu ensaio
ensaio A Clinicai Introduction
A Clinicai Introduction to to Lacanian
Lacanian Psychoa-
Psychoa-
(Cambridge: Harvard
nalysis (Cambridge:
nalysis Harvard University
University Press, 1996). 1996).
13.
1 Na década
3. Na década de de 11960, Lacan diz
960, Lacan diz que
que S2 Sz é aquilo
aquilo queque é recalcado
recalcado primeiro,
primeiro, pois pois ele
ele pensa
pensa
que não
que não há há recalque
recalque e, e, portanto,
portanto, subjetividade,
subjetividade, sem dois dois significantes.
significantes. É É apenas
apenas comcom 0o
surgimento do
surgimento do segundo
segundo que que oo primeiro
primeiro se toma operacional enquanto
toma operacional enquanto signifícante
significante (fazendo
(fazendo
surgir
surgir 0o sentido).
sentido). No No entanto,
entanto, oo status preciso
preciso de SSi1naquele
naquele estágio
estágio de sua sua obra
obra parece
parece pouco
pouco
claro. Como
claro. Como mencionei
mencionei no no capítulo
capitulo 5, parece estar
5, parece estar relacionado
relacionado com com oo desejo
desejo da da mãe.
mãe.
~Vol.
14 Vol. I,l, pp.395-506.
pp.395-506.
~JJVer,
jVer, por por exemplo,
exemplo, vol.vol. IV,IV, p.
p.108.
108, No No Seminário
Seminário 111, 1, oo S 1j ee o S2 são introduzidos
o S2 introduzidos na na
anáJThe do recalque
análWdo recalque primário,
primário, St S1designando
designando oo desejo desejo da da mãe
mãe ee SS22 oo Nome-do-Pai,
Nome-do-Pai, que que éé
primariamente recalcado
primariamente recalcado através
através do do funcionamento
funcionamento metáfora paterna.
da metáfora paterna. Na Na época
época do do
Seminário 117,
Seminário potencialmente qualquer
7, potencialmente qualquer significante pode, em
signifícante pode, em algum
algum momento,
momento, desempenhar
desempenhar
oo papel
papel de de um um signifícante
significante mestre
mestre (Si (S1),), e oo Nome-do-Pai
Nome-do-Pai pode pode ser visto como um
visto como um S entre
Si1 entre
outros, como
outros, como opostooposto aa um um SS22 , oo último
último sendo “apenas
"apenas qualquer
qualquer significante".
signifícante”.
J6. Deve-se
16. Deve-se observar
observar que que esta
esta nota
nota éé minha:
minha: Lacan
Lacan nunca
nunca situou
situou oo sujeito
sujeito aoao longo
longo dada
entre SS1j e SS2.2>
seta entre
17. Ver
17. Ver as as últimas
últimas páginas
páginas de de “Análise
"Análise terminável
tenninável ee interminável”,
interminável", vol. XXIII.
vol. XXIII.
18. O
18. O "além
“além da da castração”
castração" éé mais mais detalhado
detalhado nos nos Seminários
Seminários 17, 17, 19
19 ee 2121.no decurso da
no decurso da
obra de Lacan
obra Lacan sobresobre aadirerençasexual.
diferença sexual. No No capítulo
capítulo 8, sugiro
sugiro queque existem
existem diferentes caminhos
diferentes caminhos
para homens
para homens e mulheresmulheres que que levam
levam alémalém da da castração.
castração.

capítulo sete
capítulo sete
Objeto a: causa
Objeto causa de
de desejo
desejo

Ver, por
1. Ver, por exemplo,
exemplo, seus comentários
comentários no no Seminário
Seminário 21,
21, 99 de
de abril
abril de
de 1974.
1974.
2. Elaborações
2. Elaborações significativas
significativas do conceito
do conceito são encontradas
encontradas nosnos Seminários
Seminários 4, 4, 9,
9, 10,
10, 11,
11,
13, 14,
13, 14, 15,
15, 16,
16, 17,
17, 18,
18, aa Suíte para oo "Seminário
Suite para “Seminário ‘'A carta roubada”’
A carta roubada"' que que aparece
aparece no
no Ècrits
Écrits
1966,
1 em outros
966, e em outros lugares.
lugares.
3. Outros
3. Outros leitores
leitores devem
devem ler ler meu
meu artigo
artigo “The
"The Nature
Nature of
of Unconscious
Unconscious Thought
Thought or Why
or Why
No One
No One Ever
Ever Reads
Reads Lacan’s
Lacan 's Postface
Postface to the
the ‘Seminar
'Seminar on
on “The
''The Purloined
Purloined Letter”
Letter" (em
(emReadíng
Reading
Seminars II && II:
Seminars II: Lacan
Lacan >'s Return
Return toto Freud organizado por
Freud organizado por Bruce
Bruce Fink,
Fink, Richard
Richard Feldstein
Feldstein e
Maire Jaanus [Albany:
Maire [Albany: SUNYSUNY Press, 1995]),
1995]), que
que fornece uma descrição
fornece uma descrição detalhada
detalhada do
do objeto
objeto
226
226 O sujeito lacaniano
O sujeito /acaniano

(a) como
(a) como aquiloaquilo que que determina
detennina os os nós
nós da ordem simbólica.
da ordem simbólica. Ver Ver também
também os os Apêndices
Apêndices deste deste
livro, “A
livro, "A linguagem
linguagem do do inconsciente’'
inconsciente" e "‘Em "Em busca
busca da Causa".
da Causa”.
4. Ver
Vemo livro de J.-D
no livro Nasio Les
J.-D Nasio Les Yeux de Laure, Laure, Le Le concept
concept d’object
d'object “a dans la
"a"" dans la théorie
théorie
Lacan oo conceito
de J. Lacan
deJ. conceito de objeto
objeto aa na na teoria
teoria de LacanLacan (Paris:
(Paris: Aubier,
Aubier, 1987)1987) para
para umauma análise
análise
do objeto
do objeto a, que que acredito
acredito ser insatisfatória
insatisfatória de vários vários pontos
pontos de vista.
vista.
No caso de seres humanos,
S. No
5. humanos, isto isto é, falantes, sempre difícil
falantes, é sempre dificil separar
separar porpor completo
completo oo
imaginário do
imaginário do simbólico,
simbólico, no no sentido
sentido de que que muitas
muitas das imagens
imagens que que chegam
chegam_ até nós nós através
através
911s
das fantasias,
fantasias, dos devaneiosdevaneios e dos dos sonhos
sonhos já já são simbolicamente
simbolicamente determinadas
detenninadas ou ou es-
es-
truturadas.
truturadas. O O mesmo
mesmo se aplica
aplica aos “objetos
"objetos imaginários”
imaginários" (ou (ou objetos
objetos que que desempenham
desempenham um um
papel ao
papel ao nível
nível do do imaginário),
imaginário), oo mais mais importante
importante dos quais quais é oo eu.eu. NaNa primeira
primeira subseção do do
capítulo 4,
capítulo 4, descreví
descrevi a formação
formação do do egoego como como Lacan
Lacan oo entende,
entende, referindo-me
referindo-me ao final final dodo
Seminário 8, no
Seminário no qual
qual Lacan
Lacan relê relê oo estádio
estádio do do espelho
espelho a partir
partir de uma uma perspectiva
perspectiva simbólica.
simbólica.
Os objetos
Os objetos imaginários
imaginários assim assim como como as relaçõesrelações imaginárias
imaginárias são, portanto,
portanto, sempre
sempre simboli-
simboli-
camente constituídos,
camente constituídos, pelo pelo menos
menos em em parte.
parte.
Embora Saussure nos
6. Embora nos ensine
ensine que a linguagem linguagem é essencialmente
essencialmente estruturada
estruturada pela pela
diferença, não
diferença, não podemos
podemos presumir
presumir que toda toda diferença
diferença é percebida
percebida graças
graças apenas âà linguagem.
linguagem.
O reino
O reino animal
animal -— no no qual
qual oo imaginário
imaginário predominapredomina e oo simbólico,
simbólico, em em geral,
geral, tem pouco ou
tem pouco ou
nenhum papel
nenhum papel -— provaprova queque a diferença
diferença já operante no
já é operante no nível
nível dodo imaginário.
imaginário.
7. O O "objeto" crucial aqui
“objeto” crucial aqui é oo analista
analista como como um um avatar
avatar do do Outro
Outro paterno,
paterno, oo Outro
Outro da da (ou
(ou
como) demanda.
como) demanda. Observe Observe que que Lacan
Lacan nuncanunca fala sobre "objetos
fala sobre simbólicos": ele nunca
“objetos simbólicos”: nunca situa
situa
o objeto psicanalítico
o objeto psicanalítico no no nível
nível simbólico.
simbólico. O O objeto
objeto muda,
muda, em em sua teoria,
teoria, dodo outro imaginário
outro imaginário
para a causa real,
para real, nunca
nunca recaindo,
recaindo, mesmo mesmo que que porpor um
um minuto,
minuto, no no registro
registro simbólico.
simbólico, Não Não é
portanto estritamente
portanto estritamente correto
correto falar outra coisa
falar de outra coisa que
que de objetos
objetos constituídos
constituídos simbolicamente,
simbolicamente,
ou objetos
ou objetos qua constituídos pelo
qua constituídos pelo significante.
signifícante.
Muitas vezes, esses
Muitas esses objetos
objetos são objetos objetos da da demanda
demanda do do Outro.
Outro. Eles Eles desempenham
desempenham um um
papel nas demandas
papel demandas feitas pelo Outro
feitas pelo Outro ao ao sujeito, por exemplo,
sujeito, por exemplo, pelos pelos pais
pais aos filhos
filhos e, com com
freqüência envolvem oo alcance
frequência envolvem alcance de de posições
posições valorizadas
valorizadas socialmente
socialmente (começando
(começando com com coisas
coisas
básicas como como oo controle
controle dos esfíncteres),
esfincteres), diplomas,
diplomas, salários,
salários, reconhecimento,
reconhecimento, fuma fama e assim assim
por diante.
por diante. Esses são objetos objetos a seremserem conseguidos,
conseguidos, conquistados
conquistados ou ou obtidos,
obtidos, como
como um um pedaço
pedaço
papel (diploma,
de papel (diploma, licença,
licença, prêmio
prêmio Nobel),Nobel), objetos
objetos valorizados
valorizados pelo pelo Outro,
Outro, associados
associados com com
aprovação ou
a aprovação ou desaprovação
desaprovação do do Outro.
Outro. Eles Eles são objetos
objetos em em relação
relação aos quaisquais a criança
criança pode pode
ficar
ficar fixada, pennanecendo alienada
fixada, permanecendo alienada com com relação
relação a eles
eles e com
com relação
relação aos seus esforços
esforços para para
obtê-los. Se nos
obtê-los. nos referirmos
referirmos a eles como como objetos
objetos de desejo,
desejo, de maneira
maneira alguma
alguma os mesmos mesmos
provocam desejo
provocam desejo mas,mas, com
com bastante
bastante freqüência,
freqüência, medo medo ou ou angústia.
angústia. O O desejo
desejo do do sujeito
sujeito porpor
lhe é estranho,
eles lhe estranho, não não lhe lhe pertence.
pertence. Em Em última
última análise,
análise, eles também também não não podem
podem ser
considerados satisfatórios.
considerados satisfatórios.
Em, por
8. Em, por exemplo,
exemplo, "A direção do
“A direção do tratamento",
tratamento”, nos nos Escritos
Escritos e no no Seminário
Seminário 8.
9. Ver,
Ver, porpor exemplo,
exemplo, oo caso do do Homem
Homem dos Ratos Ratos (vol.
(vol. X).
X).
IO. Seu
10. Seu célebre
célebre sonho,
sonho, usado para para ilustrar
ilustrar oo desejo
desejo na na histeria
histeria por
por um um desejo
desejo insatisfeito,
insatisfeito,
pode ser encontrado
pode encontrado no no vol.
vol. IV,IV, p. p.156-62.
156-62.
111.
1. LL 'Autre
'Autre de de la
la demande
demande é tanto tanto oo OutroOutro parapara quem
quem oo sujeito
sujeito dirige
dirige suas
suas demandas
demandas
quanto oo Outro
quanto Outro que que demanda
demanda certas certas coisas
coisas do do sujeito;
sujeito; emem geral,
geral, traduzo
traduzo oo primeiro
primeiro como como oo
Outro da
Outro demanda e oo último
da demanda último como como oo Outro Outro como demanda.
como demanda.
12. DeDe fato, toda fala,
fato, toda fala, segundo
segundo Lacan, Lacan, constitui
constitui umauma demanda
demanda de amor. amor.
Observe que
13. Observe que Lacan
Lacan nem nem sempre
sempre associa
associa amoramor e demanda.
demanda. No No Seminário
Seminário 8, 8, ele
ele começa
começa
esboçando oo objeto
esboçando objeto aa como
como agalma,
agalma, e o que ele denomina
o que denomina amor, amor, nessa época, época, está muito muito
mais próximo
mais próximo do do que
que ele maismais tarde
tarde chama
chama de desejo. desejo. Cf.Cf. sua discussão
discussão de amor amor no no Semi-
Semi-
nário 20.
nário 20.
Ver, em
14. Ver, em especial,
especial, pp.pp.128-134.
128-134.
15. "Estou pedindo que
“Estou pedindo que recusem
recusem oo que que estou
estou oferecendo
oferecendo porqueporque não não é isso!”
isso!" (repetido
(repetido
durante oo final
durante final dada década
década de 1960 1960 e começo
começo da 1970 nos
da de 1970 nos seminários Lacan).
seminários de Lacan).
116. Isso também
6. Isso poderia ser traduzido:
também podería traduzido: Nem Nem sempre aquilo que
sempre aquilo que alguém
alguém lhelhe pede
pede é aquilo
aquilo
ele deseja
que ele deseja que você você lhelhe dê.
Notas
Notas 227
227

17. Lacan
17. Lacan mesmo
mesmo podería
J!Oderia ter
ter dito:
dito: “O
"O desejojnlojLsgm
des~i<Lnão...é..s~m um um objeto”
Q!;>jçto" (Le (Le désir
désir nn *est
'est pas
pas
sans o&jet),
sans assim como
olijet), assim como ele ele fez
fez nono caso
caso da da angústia
an~stia (L 'angoisse n’est
(L 'angoisse n 'est pas
pas sanssans objet”
objet"
[Seminário 10]),
[Seminário mas
1O]), mas aquele
aquele objeto
objêfo)~ria,
sériã, nono entanto,
ênii:i11~<>,J> <>J>jeto .entendidQ_
o objeto entendido çomo çg!!I<> causa.
18. Em
18. Em outras
outras palavras,
palavras, Lacan
Lacanclaramente
claramente sugeresugere que que aa <4"teoria relações objetais”
teoria das relações oojetãis" estáestá
enganada.
enganada.
Ci2}os objetos
(19/Os objetos em em questão
questão aquiaqui são,
são, em
em geral,
geral, objetos
objetos simbolicamente
simbolicamente constituídos,
constitµidos, em em
outras palavras,
outras palavras, objetos
~etos demandados
demandados pelo pelo Outro
Outro na na-f.i.1ãou deseJados pêlo
fala õu desejados pelo Outro
Outro na na medida
medida
em que
em que esse
esse desejo
desejo éé revelado
revelado através
através da da fala.
faía. ’ ' ·----
.· - --zo:
?
Ver, por
“ 207 Vêr, por' éxêmplõ7“
exemplo, "A d1reçao ao tratamento”
A direçãÕdó tratamento" nos nos Escritos,
Escritos.
21. Esta éé uma
21. Esta wna visão
visão porpor demais
demais simplificada.
simplificada. Muitos Muitos etnólogos
etnólogos agora agora adotam
adotam uma wna
perspectiva mais
perspectiva mais interativa
interativa queque ainda
ainda nos
nos permite
pennite estabelecer
estabelecer uma uma distinção
distinção bastante
bastante claraclara aa
esse respeito
esse respeito entre
entre homo sapiens ee outras
homo sapiens outras espécies
espécies animais.
animais.
22. Deliberadamente
22. Deliberadamente deixei deixei no no trecho
trecho da da tradução inglesa de
tradução inglesa de “A"A denegaçao”
denegação" de de Freud
Freud
algo não
algo não encontrado
encontrado no no alemão
alemão mas mas reproduzido
reproduzido na na tradução publicada nos
tradução publicada nos Collected
Collected PapersPapers
(Nova York:
(Nova Basic Books,
York: Basic Books, 1959):
1959): um um futuro perfeito. “Uma
futuro perfeito. "Uma precondiçao
precondição essencialessencial éé que que os os
objetos deverão
objetos deverão terter sido perdidos". (Realmente
sido perdidos”. (Realmente ele ele éé também
também um um futuro perfeito eeum
futuro perfeito passado
um passado
do subjuntivo,
do subjuntivo, acrescentando
acrescentando oo tipo tipo dede ambiguidade
ambigüídade que que Lacan
Lacan aprecia.)
aprecia.) Colocado
Colocado dessa dessa
forma,
forma, oo objeto
objeto só é constituído
constituído como como perdido
perdido ex post facto.
a post Sobre reencontro,
jacto, Sobre reencontro, ver também
ver também
1966, p.
Écrits 1966,
Écrfts p. 389.
389.
23. Uma
23. Uma vezvez que objeto aa desempenha
que oo objeto desempenha uma wna parte
parte visual
visual nasnas fantasias
fantasias das pessoas pessoas na na
forma
forma do do seio,
seio, emem geral
geral aparece revestido
revestido ou ou vestido: asswne uma
vestido: assume uma forma
forma ou ou imagem
imagem visual visual
específica que
específica que Lacan
Lacan denomina
denomina como como ia, imagem de aa.. Não
ia, imagem Não é oo seio
seio fantasmâtico
fantasmático como como tal tal
que aparece,
que aparece, mas mas uma uma versão revestida
revestida dele.
dele. “O"O queque há há sob
sob oo hábito,
hábito, ee que que chamamos
chamamos de de
corpo, talvez
corpo, talvez seja apenas
apenas esse
esse resto
resto que
que chamo
chamo de de objeto
objeto a” a" (Seminário
(Seminário 20, 20, p.p. 14).
14).
24. Ver,
24. esse respeito,
Ver, a esse respeito, oo capítulo
capítulo 10 10 sobre constituição do
sobre a constituição do “objeto
"objeto da da ciência”.
ciência".
25. Ver
25. Ver aa expressão
expressão de de Lacan,
Lacan, "Em“Em tu tu algo
algo que
que é maismais do do que
que tu"
tu” (En(En toitoi plus
plus queque toi) no
toi} no
Seminário 11,
Seminário p.254.
li, p.254.
26. O
26. O termo
termo freudiano Überwiiltigung: ver
freudiano é Überwàltigung: vol. XIX,
ver vol. XIX, p. p. 74.
74.
27. Ver,
Ver, sobretudo,
sobretudo, as cartas cartas 2929 e 30
30 e aquelas
aquelas de de 1896.
1896. UmaUma abordagem
abordagem posterior posterior desses
pontos pode
pontos pode ser
ser encontrada
encontrada em em meumeu futuro livro, AA Clinicai
futuro livro, Clinicai Introduction
lntroduction to to Lacanian
Lacanian
(Cambridge: Harvard
Psychoanalysis (Cambridge:
Psychoanalysis Harvard University
University Press,Press, 1996).
1996).
28. Isso
28. Isso destaca
destaca uma uma dasdas "deficiências"
“deficiências” do uso
do uso dede "over-come''
“over-come” como uma
como wna tradução
tradução para para
[mais-gozar], usado
plus-de-jouir [mais-gozar],
plus-de-jouir usado pelos
pelos tradutores
tradutores da edição edição americana
americana de de Télêvision
Télévision (An- (An-
nette Michelson,
nette Michelson, Denis Denis Hollier
Hollier ee Rosalínd
Rosalínd Krauss
Krauss (Nova (Nova York: Norton, 1989])
York: Norton, 1989)) (p.32).
(p.32).
Jonathan Scott
Jonathan Scott Lee,
Lee, em em sua análise
análise bastante
bastante convincente
convincente do do gozo
gozo em em Jacques
Jacques Lacan (Boston:
Lacan (Boston:
Twayne Publishers, 1990),
Twayne Publishers, 1990), estranhamente
estranhamente acreditaacredita ser ser essa
essa uma
wna tradução
tradução "maravilhosa"
“maravilhosa”
(p.185).
(p. Embora se
185). Embora se possa
possa interpretar
interpretar oo plus
plus nono sentido
sentido do do non
non plus (não mais;
plus (não mais; então,
então, "over")
“over”)
a expressão plus-de-jouir
a expressão construída sobre
plus-de-jouir é construída sobre oo modelo
modelo de de plus-value
plus-value, aa traduçãotradução francesa
francesa
tradicional
tradicional de de Mehrwert
Mehrwert de de Marx
Marx (mais-valia).
(mais-valia). EmboraEmbora Lacan Lacan gostasse
gostasse de de brincar
brincar com com
equivalências literais
equivalências literais de palavras
palavras (plus [não mais]
(plus [não mais] eeplus [extra ou
plus [extra ou bônus]
bônus] são literalmente
literalmente oo
mesmo e com
mesmo com frequência pronunciadas de
frequência pronunciadas de forma idêntica), “over-come”
forma idêntica), "over-come" não não comunica
comunica oo uso uso
que Lacan
que Lacan fez da da palavra
palavra de de 11967
967 aa 11980:
980: umum gozo
gozo aa mais,
mais, extra
extra ouou suplementar,
suplementar, não não um wn fim
fim
para oo gozo
para gozo ou ou excesso
excesso de gozo. gozo. Plus-de-jouir
Plus-de-jouir não não sugere, de fonna alguma, que
forma alguma, que oo gozo
gozo está
chegando ao
chegando ao fim;
fim; o deveria, ao
plus deveria,
o plus ao contrário,
contrário, ser ser entendido
entendido como como quasequase um wn sinônimo
sinônimo para para
Encare! -- Mais!
Encore! Mais! Dê-me
Dê-me mais!mais! Plus-de-jouir
Plus-de-jouir é também também uma uma das traduções
traduções de Lacan Lacan para para
Lustgewinn de Freud
Lustgewinn Freud (ver(ver oo Seminário
Seminário 21, 21, 2020 dede novembro
novembro de 1973), 1973), traduzido
traduzido na na edição
edição
brasileira das Obras
brasileira Obras Completas
Completas de de Freud
Freud como
como “bônus
"bônus de prazer”prazer" ou ou "rendimento
“rendimento de de prazer”
prazer"
(ver vol.
(ver vol. XIX,
XIX, p. p. 159).
159). Observe
Observe que que nono Seminário
Seminário 17 17 (p.
(p. 48)
48) Lacan
Lacan fornecefornece sua própriaprópria
tradução
tradução alemãalemã de de plus-de-jouir:
plus-de-jouir: Mehrlust (obviamente parafraseando
Mehrlust (obviamente parafraseando aalflehrwertfyíehrwert de Marx). Marx).
O sentido
O sentido maismais sensual
sensual de de ser “over-come”
"over-come" com com ou ou “esmagado”
"esmagado" pelo pelo prazer
prazer parece
parece maismais
relacionado com
relacionado com oo gozogozo do do Outro
Outro (ver(ver capítulo
capítulo 8), que tem
8), que pouca, se alguma,
tem pouca, alguma, relação
relação com com
oo plus-de-jouir.
plus-de-jouir. De De fato, plus-de-:1ouir não
fato, plus-de-jouir não possui
possui nenhuma
nenhuma das conotações conotações da palavra palavra
"overcome" sem
“overcome” hífen: estar
sem hífen: estar "esmagado" (accablé, dépassé, excédé),
“esmagado” (accablé, excédé), superar (franchir,
superar (franchir,
228 O
O sujeito
sujeito tacaniano
lacaniano

surmonter), dominar,
surmonter), dominar, derrotar,
derrotar, derrocar
derrocar e assim
assim por diante. Embora
Embora "over-coming''
“over-coming” tenha tenha
uma certa polissemia
polissemia interessante,
interessante, ela traduz
traduz pouco
pouco do termo
termo francês de Lacan. Coerente-
Coerente-
mente,
mente, uso “surplus jouissancé” para traduzi-lo;
"surplus jouissance" traduzi-lo; como
como a mais-valia,
mais-valia, para ser considerada
considerada
positiva em um registro, deve
deve ser
ser considerada
considerada negativa
negativa em outro.
29. Nesse ponto, ver Seminário
Seminário 14, 12 de abril de 1967. 1967. Observe
Observe que Lacan
Lacan diz quase
quase
exatamente
exatamente a mesma
mesma coisa
coisa no Seminário
Seminário 20, Mais, ainda,
ainda, traduzido
traduzido no Brasil
Brasil por
por MD MD Magno
Magno
[Jorge Zahar
[Jorge Zahar Editor, 1985]:
1985]; Enfocarei
Enfocarei brevemente
brevemente a relação
relação entre
entre lei [droil]
[droit] e gozo.
gozo.
"Usufruto"
“Usufruto” -— essa
essa é uma noção legal, certo?-trazjunto
certo? — traz junto em wna uma palavra
palavra o que o
que já mencionei
mencionei
em meu seminário
seminário sobre
sobre ética,
ética, a saber
saber a diferença
diferença entre utilidade
utilidade e gozo. [[...]
... ] "Usufruto"
“Usufruto”
significa que se pode
significa pode gozar
gozar [iouir de] seus meios,
[jouir de] meios, mas não se se pode gastá-los.
gastá-los. Quando se tem tem
o usufruto de uma herança,
herança, goza-se jouir] contanto
[enjouir]
goza-se \en contanto que não se use demaisdemais o bem. bem. Essa
Essa
é a clara essência
essência da lei - dividir, distribuir
distribuir e "retribuir"
“retribuir” tudo
tudo queque conta
conta como
como gozo.
gozo.
O que é o gozo?
gozo? Está aqui reduzido
reduzido a ser
ser nada mais
mais que uma instância
instância negativa.
negativa. Gozo
Gozo é
aquilo que não serve
serve a propósito
propósito algum.
algum.

oito
capítulo oito
"Não
“Não existe
existe a relação
relação sexual"
sexual"

11.. Uma
Uma referência
referência ao "axioma
“axioma de especificação"
especificação” na teoria
teoria dos
dos conjuntos.
conjuntos. Deve-se
Deve-se ressaltar
ressaltar
que estou
estou generalizando
generalizando demais
demais a questão
questão da parte
parte e do todo, mas o faço para levantar levantar um
problema. Lacan realmente fala, em
Lacan realmente em muitos
muitos lugares, sobre
sobre a inexistência
inexistência do do conjunto
conjunto de todas
todas
as mulheres,
mulheres, o fato de que as mulheres mulheres podem
podem ser ser consideradas
consideradas apenas
apenas uma uma, não como
uma a uma, como
uma classe,
classe, etc. No No entanto,
entanto, considero
considero o mais importante aqui aqui enfatizar
enfatizar a dialética
dialética da
parte/todo,
parte/todo, uma vez que o que Lacan Lacan diz sobre as mulheres se se aplica
aplica também
também a cada cada sujeito
sujeito
caracterizado
caracterizado pela estrutura
estrutura feminina.
feminina.
2. Écrits
Ècrits 1966, p.843.
3. Ver, por exemplo, Jane Gallop, Reading Reading Lacan [Lendo Lacan]
Lacan [Lendo Lacan] (Ithaca:
(Ithaca: Comell
Comell
University Press, 1982), e Nancy Chodorow,
University Chodorow, Femínism
Feminism and and Psychoanalytic
Psychoanalytic Theo,yTheory (New(New
Haven;
Haven: Yale University
University Press, 1989).
4. Parte do material contido contido neste
neste capítulo serviu
serviu como
como base para palestras
palestras proferidas
proferidas
desde 1987 em Comell, Comell, Yale, UCLA UCLA e UC lrvine,Irvine, e em Londres
Londres e Melbourne;
Melboume; uma versão versão
bem anterior
anterior desse
desse material
material foi publicado
publicado em Newsletter
Newsletter of of the
the Centre
Centre for
for Freudian
Freudian Ana/ysis
Analysis
and Research (Londres)
and (Londres) 1O 0 (1988);
(1988); uma versão
versão posterior
posterior foi publicada
publicada em Newsletter
Newsletter of of the
the
Freudian
Freudian Fie/d Field 5 (1991).
(1991). Essas versões
versões (sobretudo
(sobretudo a primeira)
primeira) incluem certoscertos níveis de
interpretação das fónnulas
interpretação fórmulas de sexuação
sexuaçao de de Lacan que não são apresentadas
apresentadas aqui.
5. "Castração
“Castração significa
significa o gozo
gozo que deve
deve serrecusado
ser recusado a fim de ser ser alcançado
alcançado sobre
sobre a escala
escala
inversa da Lei do desejo" (Ècrits 1966, p.827; Écrits,
desejo” (Écrits Ècrits, p.324).
6. Jacques-Alain
Jacques-AIain Miller usa expressões
expressões deste
deste tipo em
em sua
sua obra
obra sobre
sobre o Homem dos Ratos; Ratos:
"H 20", em
“H2O”, em Hystoria [História] (Nova
Hystoria [História] (Nova York: LacanLacan StudyNotes,
Study Notes, 1988).
7. Ver, por exemplo,
exemplo, seu seu prefácio
prefácio às SixSix Lectures
Lectures on Sound
Sound and Meaning (Cambridge;
and Meaníng (Cambridge:
MIT Press, 1978), p. xviii.
8. Claude
Claude Uvi-Strauss,
Lévi-Strauss, Structural Anthropology (Nova
Structural Anthropology (Nova York: BasicBasic Books, 1963 ), p.83.
Books, 1963),
9. Ver O Oeeu isso, vol. XIX, p.71.
u eeoo isso, p.71 .
1O. Como
10. Como diz Lacan no SeminárioSeminário 20; 20: "A
“A aparente
aparente necessidade
necessidade da funçãofunção fálica
fálica se
descobre
descobre ser ser apenas
apenas contingência"
contingência” (p.127).
(p.127).
11. E, salvo uma revolução
revolução social significativa,
significativa, parece
parece que o 0 falo continuará
continuará a servir
servir
como,
como, pelo menos, menos, um significante do desejo desejo por algum
algum tempo.
tempo. Talvez
Talvez outros
outros surjam
surjam
também;
também; talveztalvez até
até já tenham surgido.
surgido.
112.
2. Ver seu comentário
comentário sobre a impotência
impotência do pai de Dora Dora e o papel que que exerce
exerce na troca
das mulheres na complexacomplexa configuração
configuração familiar/extrafamiliar
familiar/extrafamiliardede Dora Dora (Ecríts 1966, p.219;
(Ècrits 1966,
Feminine Sexuality, pp. 65-66).
Feminine Sexuality, 65-66). Considere
Considere também
também o funcionamento de certos certos quebra-cabe-
quebra-cabe-
ças feitos de pequenos
pequenos quadrados
quadrados com com letras, números
números ou imagens,
imagens, em que que um quadrado
quadrado está
Notas 229
229

faltando, permitindo ao
faltando, permitindo ao jogador recolocar todos
jogador recolocar todos os os outros,
outros, umum de de cada
cada vez,vez, na na tentativa
tentativa de de
conseguir uma
conseguir uma frase, configuração
configuração ou ou figura predeterminada (Écrits
figura predeterminada (Écrits 1966,1966, pp. pp.722-23).
722-23).
13. Esta
Esta estrutura
estrutura de de falta
falta está na na raiz
raiz de de toda
toda a teoria
teoria lacaniana
lacaniana do do significante
significante -— este
se originando
originando como como aa marca
marca de de um
um lugar
lugar onde onde algo
algo desapareceu
desapareceu (ver (ver Seminário
Seminário 9, 9, no
no qual
qual aa
lógica do
lógica do advento
advento do do significante
significante éé desenvolvida
desenvolvida em em profundidade)
profundidade) -— ee explica explica oo grande
grande
interesse de
interesse de Lacan
Lacan no no trabalho
trabalho de de Frege
Frege sobresobre aa lógica
lógica dos
dos números
números (0 (O ee 11,, em
em especial),
especial), pois pois
mesma estrutura
a mesma estrutura básica
básica podepode ser vista vista funcionando
funcionando lá lá também.
também.
deveria estar
14. Já deveria estar claro
claro atéaté que
que ponto
ponto a maioriamaioria dasdas leituras
leituras contemporâneas
contemporâneas de de Lacan
Lacan
sobre diferença sexual
sobre a diferença equivocadas, confundindo
sexual são equivocadas, confundindo oo pai pai e oo falo,
falo, oo falo
falo e o pênis e assim
o pênis assim
por diante.
por diante. Citarei
Citarei um um exemplo
exemplo aqui, aqui, oo de Nancy Nancy Chodorow
Chodorow em em seu livrolivro Feminism
Feminism and and
Psychoanalytic
Psychoanalytic Theory (New Haven: Yale
Theory (NewHaven: University Press,
Yale University Press, 1989).
1989). Chodorow
Chodorow tem tem o mérito
o mérito
indicar que
de indicar que sua análise
análise se refere
refere às "feministas lacanianas", não
“feministas lacanianas”, não a Lacan
Lacan (o (o qual
qual nãonão cita
cita
nem uma
nem uma vez).
vez). Suas fontes, mencionadas na
fontes, mencionadas na nota
nota de rodapé
rodapé (p.264),
(p.264), são Juliet Juliet Mitchell,
Mitchell,
Jacqueline Rose,
Jacqueline Rose, JaneJane Gallop,
Gallop, Shoshana
Shoshana Felman, Felman, Toril Toril Moi,
Moi, Naomi
Naomi Shore Shor e outras.
outras. Baseada
Baseada
em sua leitura
em dos
leitura dos trabalhos
trabalhos dessasdessas autoras,
autoras, Chodorow
Chodorow escreveescreve que que osos lacanianos
lacanianos afirmam afirmam
oo seguinte:
seguinte:
O pai
O pai [é]
[éJ simbolizado
simbolizado por por seu fàlofalo. .....
A constituição sexual
A constituição sexual e a subjetividade
subjetividade são diferentes diferentes parapara aquele
aquele que que possui
possui oo falo para
falo e para
aquela que não
aquela não oo possui.
possui. Na Na medida
medida em em que que oo falo
falo vem representar a si
vem a representar mesmo na
si mesmo na teoria
teoria
desejo ee não
do desejo
do não está
está representado
representado em em relação
relação ao ao desejo
desejo da da mãe,
mãe, aa mulher
mulher não não se se toma
toma um um
sujeito por
sujeito por si mesma-
si mesma mesmo aquele
— mesmo aquele que que nuncanunca poderá
poderá terter oo falo-mas simplesmente um
falo — mas simplesmente wn
símbolo
símbolo ou ou umum sintoma
sintoma na na psique
psique masculina
masculina (p. (p.188).
188).
Parece-me que
Parece-me que aa confusão
confusão com com relação
relação àà postura
postura de de Lacan
Lacan éé tão grande que
tão grande que preferi
preferi colocar
colocar
aa posição
posição dele dele como
como aa entendo
entendo nesteneste capítulo
capítulo ao ao invés
invés de
de criticar
criticar as as interpretações
interpretações de de outros
outros
autores.
autores.
1IS.
5. Assim
Assim como como tudotudo mudamuda na na visão
visão estreita
estreita do do capitalismo,
capitalismo, como como um um sistema
sistema fechado,
fechado,
quando fenômenos
quando fenômenos de de mudanças
mudanças de preços preços de ações na na Bolsa
Bolsa devidos
devidos à natureza
natureza subjetiva
subjetiva
''valor" são considerados.
de “valor” considerados.
16. Esta
16. Esta oração,
oração, baseada
baseada no no conhecido
conhecido enunciado enunciado ‘Tanalyste
"l'analyste ne s'autorise s'autorise que que de de
lui-méme" (a
lui-même” (a autorização
autorização para para serser um um analista
analista éé dada dada apenas
apenas por por ele
ele mesmo,
mesmo, ou ou aa única
única
autorização para
autorização para queque alguém
alguém seja seja analista
analista derivaderiva deledele mesmo),
mesmo), pode pode ser ser lida
lida como:
como: “a "a única
única
autorização para
autorização para alguém
alguém ser um um serser sexuado
sexuado (homem (homem ou ou mulher)
mulher) vem vem dele
dele mesmo”.
mesmo".
117. Observe que fui
7. Observe incapaz de
fui incapaz de encontrar
encontrar uma uma maneira
maneira em em inglês
inglês de resolver
resolver oo problema
problema
do uso
do uso do do verbo
verbo "to be" [ser]
“to be” [serJ para
para traduzir
traduzir esta esta frase. A oração de
A oração Lacan iill nn' y
de Lacan y aa pas mais
pas é mais
forte
forte do do que
que dizer
dizer"As relações sexuais
“As relações sexuais não não existem”,
existem", pois pois ela
ela implica
implica que que "as relações sexuais
“as relações sexuais
não ex-sistem”
não ex-sistem" também;
também; de de fato, ''Não há
feto, “Não hã taltal coisa”.
coisa". Esse
Esse ponto
ponto é retomado
retomado mais mais tarde
tarde nono
capítulo; aqui
capítulo; aqui permitam-me
permitam-me dizer dizer que que Lacan
Lacan usa usa dois
dois tipos
tipos diferentes
diferentes de de formulações
formulações para para
duas noções
duas noções diferentes:
diferentes: quando
quando diz diz“L "L "Autre 'existe pas
'Autre n "existe podemos ainda
", podemos
pas ”, ainda supor
supor queque oo Outro
Outro
talvez ex-sista,
talvez ex-sista, mas mas quando
quando ele ele diz:
diz:"// y
“7/ 11n’y a pas pas d'Autre
dÃutre de /'Autre", ele
de VAutre”, ele não
não nosnos dá opção
opção
de especular
de especular se esse esse Outro
Outro do do Outro
Outro (além (além ou ou fora
fora dodo Outro)
Outro) passa,
passa, na na verdade,
verdade, a a ex-sistir
ex-sistir
ou não;
ou não; ele ele não
não existe
existe ee também
também não não ex-siste.
ex-siste. Observe
Observe que que Lacan
Lacan diz diz quase
quase aa mesmamesma coisa coisa

já em em 1967:1967: "o grande segredo da
“o grande da psicanálise
psicanálise é que não não háhá tal
tal coisa
coisa comocomo um um ato
ato sexual”
sexual"
(Seminário 114,
(Seminário 4, 1122 de
de abril
abril de de 11967).
967). O Oqueelequerdizerpor"ato
que ele quer dizer por “ato sexual"nãoestárelacionado
sexual” não está relacionado
relação sexual;
à relação sexual; em em vezvez dede ser uma uma ação autêntica autêntica ou ou uma
uma ação no no sentido
sentido "completo"
“completo” do
do
termo,
termo, oo ato ato sexual
sexual éé sempre
sempre uma uma açãoação malfeita,
malfeita, um um acte
ade manqué.
manqué.
Estou deixando
18. Estou deixando de lado lado aqui
aqui uma uma questãoquestão paralela
paralela que Lacan Lacan coloca
coloca sobre sobre suas
fórmulas
fórmulas de sexuaçao sexuação que que me me parece
parece ((1) desviar a atenção
1) desviar atenção de suas conclusões
conclusões mais mais incisivas
incisivas
abrangentes sobre
e abrangentes sobre a diferença
diferença sexualsexual e, (2) (2) terter sido suplantada durante
sido suplantada durante sua obra. obra. Sua questão
questão
paralela tem
paralela tem um um certo
certo interesse
interesse (e oo leitorleitor devedeve consultar
consultar meumeu primeiro
primeiro ensaio,
ensaio, mencionado
mencionado
na nota
na nota 44 deste capítulo,
capítulo, para para uma
uma análise
análise detalhada
detalhada dele) dele) porém
porém me me chama
chama a atençãoatenção como como
algo de
algo de menos
menos importância
importância do do que
que aquele
aquele que que enfoquei
enfoquei nesteneste livro.
livro.
19. No
19. No Seminário
Seminário 111, Lacan associa
1, Lacan associa oo S com oo desejo
Si1 com desejo da mãe, mãe, que que é barrado
banado pelo pelo Sz,S2, oo
Nome-do-Pai, no
Nome-do-Pai, no recalque
recalque originário.
originãrio. Aqui, Aqui, estou estou associando
associando S] S1 com
com oo recalque
recalque originário
originário
230
230 O sujeito Jacaniano
O sujeito lacaniano

com oo recalque
e S22 com recalque secundário.
secundário. No No entanto,
entanto, isso isso éé apenas uma uma convenção
convenção adotadaadotada com com oo
objetivo de ser claro.
objetivo claro. Como
Como mencionei
mencionei na na nota
nota 15 do do capítulo
capítulo 6, 6, oo St passa, na
S1 passa, na teoria
teoria
lacaniana, de designar
lacaniana, designar oo desejodesejo da da mãe
mãe na na metáfora
metáfora paterna
paterna para para designar
designar qualquer
qualquer signifi-
signifi-
cante que
cante que venha
venha a servir
servir comocomo um um significante
significante mestre,mestre. .
Ou, como
20. Ou, como LacanLacan diz diz no
no Seminário
Seminário 21, 21, "gozo
“gozo semíótico"
semiótico” (1 (111 de junho 1974): oo
junho de 1974):
gozo do
gozo do sentido (jouis-sense) derivado
sentido (jouis-sense) derivado da lalangue. /alangue.
21.. Essa
21 Essa visão
visão do do objeto
objeto (a)(a) é trabalhada
trabalhada na na seqüência
seqüência de Lacan Lacan parapara “O "O Seminário
Seminário sobre sobre
‘'A carta roubada”’
A carta roubada"' {Écríts(tcrits 1966);
1966); analiso-o
analiso-o em em detalhes
detalhes nos nos Apêndices
Apêndices 1I ê abaixo e em
é 22 abaixo em
profundidade em
profundidade em “The
"The Nature
Nature of ofUnconscious
Unconscious Thought Thought or or Why
Why No No OneOne EverReads
Ever Reads Lacan’s
Lacan's
Postface to
Postface 'Seminar on
to the ‘Seminar on The
The Purloined
Purloined Letter”’,
Letter"', uma uma palestra
palestra proferida
proferida no no Seminário
Seminário de
Lacan em
Lacan em inglês,
inglês, em em Paris,
Paris, em em junho
junho de de 1989
1989 e publicada
publicada em Reading Seminars
em Reading Seminars Il && II: li:
Lacan 's Return
Lacan Retum to Freud, Freud, organizado
organizado por por Bruce
Bruce Fink,
Fink, Richard
Richard Feldstein
Feldstein e Maire Maire Jaanus
(Albany: SUNY
(Albany: SUNY Press, 1995). 1995).
22. Isso
22. Isso talvez
talvez pudesse
pudesse ser escrito escrito assim:
assim: "não“não totalmente"
totalmente” sujeito sujeito à ordemordem simbólica.
simbólica.
23. A dificuldade que
A dificuldade que se encontra
encontra em em tentar
tentar caracterizar
caracterizar oo gozo gozo do do Outro
Outro numa
numa forma
forma
mais concreta
mais concreta derivaderiva do do fato
fato de que que S $ 1i éé indizível
indizível e inacessível
inacessível qua qua ponto
ponto de origem
origem que que não
não
pode ser apreendido
pode apreendido diretamente
diretamente de qualquer qualquer forma articulável e discursiva.
forma articulável discursiva. Em Em vezvez de verver
oo S 1j aqui
aqui como
como oo “Não!”
"Não!" do do pai,
pai, na na verdade,
verdade, pense-opense-o como como oo desejodesejo da da mãe
mãe queque éé barrado
barrado
pelo "Não!"
pelo “Não!” do do pai
pai (S(Si). Entendido dessa forma,
2). Entendido forma, oo gozogozo do do Outro,
Outro, de certacerta maneira,
maneira, “lembra”
"lembra"
um prazer
um prazer anterior
anterior ao ao estabelecimento
estabelecimento da da linguagem
linguagem (Jj portanto, "realizando
(J 1),), portanto, “realizando oo simbólico".
simbólico”.
24. No
24. No restante
restante deste livro, livro, “masculino”
"masculino" e “feminino” "feminino" sempre sempre se referirão
referirão às determi-
determi-
biológicas/genéticas, enquanto
nações biológicas/genéticas, enquanto que que "homem"
“homem” e “mulher”, ''mulher", “homens”
"homens" e “mulheres”,
"mulheres",
sempre
sempre se referirão
referirão às determinações
determinações psicanalíticas.
psicanalíticas.
25. Uma
25. Uma conclusão interessante éé que
conclusão interessante que pode-se
pode-se chegar
chegar ao ponto ponto de dizer dizer que
que oo analista,
analista,
enquanto analista,
enquanto analista, é assexuado.
assexuado. Diz-se Diz-se oo mesmo mesmo do do mestre.
mestre.
26. Os
26. Os leitores
leitores familiarizados
familiarizados com com quantificadores
quantificadores zz e yy devem devem perceber
perceber desdedesde oo início
início
que o o uso
uso do do termo
termo por por Lacan
Lacan se desvia desvia significativamente
significativamente do uso
do uso corrente
corrente na na lógica;
lógica; em em
especial, ele
especial, ele usa usa Vx Vx diversifícadamente
diversificadamente para para significar
significar todos todos os x's x ’ s e oo todo
todo do do xx emem
momentos diferentes.
momentos diferentes. Sua adoção adoção de um um simbolismo
simbolismo diferente diferente para para a negação
negação também
também
deveria ser entendida
deveria entendida como como implicando
implicando algo algo outro
outro queque não
não oo simples
simples til til (~)
(-) usado
usado na na lógica
lógica
simbólica.
simbólica. Os Os sentidos
sentidos diferentes
diferentes da da barra
barra de negação
negação quando
quando colocada
colocada sobre sobre oo quantificador
quantificador
sobre a função
e sobre brevemente resumidos
função são brevemente resumidos abaixo. abaixo.
27. Scilicet 44 (Paris:
27. Scilicet (Paris: Seuil,
Seuil, 1973);
1973); 7. 7.
28. E,
28. E, portanto,
portanto, pareceparece que que deve
deve existir
existir uma uma exceção
exceção à lei lei universal
universal há hâ pouco
pouco enunciada!
enunciada!
Lacan parafraseia
Lacan parafraseia CharlesCharles Sanders
Sanders Peirce
Peirce aqui: aqui: “uma
''uma regra
regra não não tem sentido sem
tem sentido sem umum limite”.
limite".
Sobre discórdia
29. Sobre discórdia e foraclusão
foraclusão na na gramática,
gramática, ver ver Jacques Damourette
Damourette eEdouarde Edouard Pichon,
Pichon,
Des mots
Des mots àà la la pensée:
pensée: EssaiEssai degrammairede
de grammaire de la la languefrançaise,
languefrançaise, 77 vols.
vols. (Paris:
(Paris: Bibliothèque
Bibliothêque
du français
du trançais modeme,
modeme, 1932-51),1932-51), principalmente
principalmente oo vol. vol. 1; I; oo vol.
vol. 66 é útil útil para
para entender
entender a
distinção que
distinção que Lacan
Lacan faz entreentre oo sujeito
sujeito do do enunciado
enunciado e oo sujeito sujeito da enunciação.
enunciação.
"Comes" deveria
30. “Comes”
30. deveria se entendido
entendido aqui aqui nosnos dois
dois sentidos
sentidos {come (come é igual igual a virvir e gozar).
gozar).
31.
3 1. OO pai
pai dada horda
horda primitiva
ert_mitiva deve deve ser considerado,
considerado, neste neste sentido,
sentido, psicótico.
psicótico.
32. Assim
32. Assim como como 3xd>x,
3x<I>x, no no caso
caso da estrutura
estrutura masculina,
masculina, não não postula,
postula, em em última
última instância,
instância,
uma existência
uma existência mas, mas, ao contrário,
contrário, uma uma ex-sistência.
ex-sistência. Poder-se-ia
Poder-se-ia então então afirmar
afirmar que que no no
simbolismo de Lacan,
simbolismo Lacan, ao ao contrario
contrário da lógica lógica clássica,
clássica, 3x 3x significa
significa "ex-siste
“ex-siste um um x”,
x", enquanto
enquanto
:ilx simplesmente
simplesmente nega nega a possibilidade
possibilidade da da existência
existência de xx,, sem sem estipular
estipular qualquer
qualquer coisa
coisa sobre
sobre
ex-sistência.
sua ex-sistência.
Certamente ele
33. Certamente
33. ele não
não é todotodo em em qualquer
qualquer outro outro sentido
sentido sem sem seu companheiro,
companheiro, objeto objeto
a, e a plenitude
a, plenitude alcançada
alcançada quando quando ele ele está unido
unido com com sua companheira
companheira permanecepermanece fantasmá-
fantasmá-
tica na
tica na melhor
melhor das hipóteses
hipóteses($ ( $ 0Oa).a).
34. "Se
34. ex-siste algo
“Se ex-siste algo com
com relação
relação a algumaalguma outra outra coisa,
coisa, é precisamente
precisamente porque porque nãonão é duplo
duplo
mas, ao contrário,
mas, contrário, ‘triplo’,
'triplo', se me me permitem
permitem este neologismo.”
neologismo."
Quando escrevi
35. Quando escrevi este capítulo,
capítulo, não não conhecia
conhecia a ediçãoedição do do periódico
periódico La La Cause
Cause Freu-
Freu-
die1111e (impresso
dienne (impresso pela pela École
École de la la Cause Freudienne) devotado a LL 'Autre
Freudienne) devotado 'Autre sexe
sexe 2424 [junho
(junho de
Notas
Notas 231

1993]. Vários
1993]. comentários são feitos
Vários comentários feitos sobre
sobre o S(') que
o S(A) que sugerem
sugerem outras outras interpretações
interpretações
possíveis além
possíveis além da da fornecida aqui.
fornecida aqui.
36. Isso
36. Isso podería
poderia ser escrito
escrito S(a).
S(a). Notemos
Notemos que, que, pelo
pelo menos
menos uma uma das das coisas
coisas que
que Lacan
Lacan diz diz
sobre oo S(t)
sobre S(A) podepode nãonão confirmar
confinnar minha minha interpretação:
interpretação: “S "S 15 ee S2
S2 são precisamente
precisamente oo que que
designo pelo
designo pelo A dividido, 0o qual
A dividido, qual transfonno
transformo em em um um significante
significante separado,
separado, S(A)” S(.I.)" (Seminário
(Seminário
24, 10
24, 10 de maiomaio de 1977).
1977). Essa citaçãocitação pelo pelo menos
menos esclarece
esclarece que que S(A)S(.I.) é, nesse ponto ponto do do
pensamento de Lacan,
pensamento Lacan, oo significante
significante do do Outro
Outro dividido
dividido ou ou barrado,
barrado, isto isto é, oo Outro
Outro como como
incompleto. Na
incompleto. Na medida
medida em em que,que, nono entanto,
entanto, aquilo
aquilo iguala
iguala S(A)
S(.I.) ao
ao signifi.cante
significante do do Outro
Outro como como
faltante
faltante ou ou desejante,
desejante, ele ele sese relaciona
relaciona ao ao significante
significante do do desejo
desejo do Outro, 0o qual
do Outro, qual podería,
poderia,
como estou
como estou sugerindo,
sugerindo, ser escritoescrito S(a).
S(a). Assim
Assim posto,posto, nono entanto,
entanto, ele ele podia
podia ser igualado
igualado ao ao
falo(<!>), enquanto que
falo (O), enquanto que minha
minha sensação é de que que 0o queque está em em questão
questão aqui aqui é 0o desejo
desejo do do
Outro materno
Outro matemo como perdido, ou
como perdido, ou aa perdida
perdida unidade
unidade mãe-criança.
mãe-criança.
37. Sobre
37. Sobre sublimação,
sublimação, ver recente edição
ver a recente edição de La La Cause
Cause Freudienne
Freudienne dedicado dedicado à sublima-
sublima-
ção (Critique
ção (Critique de la sublimation. 25 [de
la sublimation, [de setembro
setembro de 1993]), 1993]), que que saiu
saiu após este capítulocapitulo ter ter
sido escrito.
sido escrito.
38. Isso
38. Isso não
não deveria
deveria ser entendido
entendido como como implicando
implicando que que aa sublimação
sublimação das das pulsões
pulsões nunca nunca
ocorre naquelas
ocorre naquelas pessoas
pessoas caracterizadas
caracterizadas pela pela estrutura
estrutura masculina.
masculina. De De acordo
acordo comcom Freud,
Freud, todatoda
aa dessexualização
dessexualização implica implica em em sublimação
sublimação das das pulsões,
pulsões, embora
embora ele ele nãonão afirme
afirme queque todas
todas asas
funções
funções do do eueu e dodo supereu
supereu -— que que exigem
exigem dessexualização
dessexualização -— forneçam forneçam plena plena satisfação.
satisfação. A A
observação podería
observação poderia ser caracterizada,
caracterizada, grosso grosso modo,
modo, como como a categoria
categoria em em que
que as pulsões
pulsões são
inteira e completamente
inteira completamente dessexualizadas
dessexualizadas (apenas oo pensamento, pensamento, talvez, talvez, permanecendo
permanecendo
sexualizado). No
sexualízado). No entanto,
entanto, obviamente
obviamente existe existe algo
algo diferente
diferente sobre
sobre a sublimação
sublimação envolvida
envolvida em em
transformar
transformar o id em
o id em eueu ou
ou supereu
supereu (isto (isto é, passar do
é, passar do “prazer”
''prazer'' parapara “realidade”)
"realidade") ee aquela aquela
envolvida na
envolvida na sublimação
sublimação que que leva
leva à satisfação
satisfação total pulsões.
total das pulsões.
39. Ver
39. Ver Écrits 1966, p.
AcríZs 1966, p.839.
839.
40.
40. Ver Écrits 11966,
Ver Écrits p. 875
966, p. (em inglês,
875 (em inglês,NewsletteroftheFreudian
Newsletter of the Freudian Field Fie/d 33 (1989):
(1989): 22), 22),
e "Masculine/Feminine
“Masculine/Feminine -— Signifier/Signifiemess”
Sígnifier/Signifiemess" no no capítulo
capítulo 88..
41.
4 1. A definição mais
A definição mais comum
comum adotadaadotada através
através da história
história temtem sido "maternidade", porém
sido “maternidade”, porém
esse tenno adquire sentido,
termo adquire sentido, de certacerta fonna, somente através
forma, somente através do do significante
significante fálico.félico. O O que
faremos
faremos de de nomes
nomes que que assumem
assumem um um certo
certo status social como
status social como “Madonna”
"Madonna" ou ou “Marilyn
"Marilyn
· Monroe”?
Monroe"? Os Os nomes
nomes próprios
próprios da da Madonna
Madonna e de Marilyn Marilyn (que (que são nomes nomes adotados,
adotados, afinal)afinal)
funcionam
funcionam como como S(A)S(.Q.) para
para elas? Nesse Nesse ponto,
ponto, ver ver meu
meu livro
livro sobre Modern Day
sobre Modern Day Hysteria
Hysteria
(Albany: SUNY
(Albany: SUNY Press,Press, no
no prelo).
prelo).
42. Luce
42. Luce Irigaray
Jrigaray expressa vigorosamente
vigorosamente a opinião opinião de que que as mulheres
mulheres foram definidas
foram definidas
como não-homens
como não-homens em em nossa cultura,
cultura, embora
embora ela ela não
não atribua
atribua issoisso a Lacan:
Lacan: “Em "Em vez vez de
pennanecer um
permanecer um gênero
gênero diferente,
diferente, oo feminino
feminino se tomou, tomou, nas nossas línguas, línguas, oo não-masculino,
não-masculino,
ou seja,
ou seja, uma
uma realidade
realidade abstrata
abstrata inexistente
inexistente[[...] .••] oo gênero
gênero gramatical
gramatical femininofeminino em em si si é forçado
forçado
desaparecer como
a desaparecer como expressão
expressão subjetiva
subjetiva e o o vocabulário
vocabulário associado
associado às mulheresmulheres muitasmuitas vezes
consiste em...
consiste em ... termos
tennos queque as definem
definem como como objeto
objeto em em relação
relação ao sujeitosujeito masculino”
masculino" (Je, tu, tu,
nous: Towards
nous: Towards a Culture
Culture ofDifference
ofDijference traduzidotraduzido por por Alison Martin [Nova
Alison Martin [Nova York: Routledge,
York: Routledge,
1993 ], p.20).
1993], p.20).
43. Poder-se-ia afirmar,
43. Poder-se-ia afinnar, de fato, que existem
fato, que existem três três níveis
níveis separados: amor, amor, desejo
desejo e gozo. gozo.
44. Esse conceito
44. Esse conceito de subjetividade
subjetividade é extremamente
extremamente comum comum e leva leva a umauma grande
grande confusão
confusão
entre os leitores
entre leitores de LacanLacan que que pensam
pensam em em tennos
termos que são talvez talvez mais mais políticos
políticos do do que
que
lacanianos. O
lacànianos. O conceito
conceito mais
mais conhecido
conhecido de “sujeito”
"sujeito" nos estudosestudos culturais,
culturais, estudos
estudos de filmes,filmes,
literatura comparada
literatura comparada e na na filosofia
filosofia é, me me parece,
parece, oo de um um agente
agente ativoativo queque toma
toma a iniciativa
iniciativa
controla a própria
e controla própria vida, define oo próprio
vida, define próprio universo
universo e se (re)presenta
(re)presenta em em seus próprios
próprios termos.
termos.
Tais caracterizações
Tais caracterizações são todas todas terrivelmente
terrivelmente problemáticas a partir
problemáticas partir de uma uma perspectiva
perspectiva
psicanalítica (negando
psicanalítica (negando a alienação,
alienação, oo inconsciente,
inconsciente, a natureza
natureza do do eu,
eu, oo desejo
desejo comocomo oo desejo
desejo
do Outro
do Outro e assimassim por por diante),
diante), e oo abismo
abismo entre entre tais
tais noções
noções e a noção noção lacaniana
lacaniana de sujeitosujeito
deveria ser bastante
deveria bastante evidente
evidente atualmente.
atualmente. No No entanto,
entanto, uma uma ponte
ponte entreentre essas
essas duas visões visões
poderia, talvez,
podería, talvez, ser construída
construída através
através da noção noção te de subjetivação\
subjetivação: oo sujeito vindo a ser
sujeito vindo ser com
com a
simbolização
simbolizaçao de de um
um certo
certo real.
real. ·
232
232 O sujeito
O sujeito lacaniano
lacaniano

45. O
45. O que
que eu eu estou
estou me me referindo
referindo como subjetivação éé muito
como subjetivação muito bembem expresso
expresso por por Luce
Luce
Irigaray quando
Irigaray quando diz diz que
que umauma mulher
mulher na na cultura
cultura patriarcal
patriarcal "deve passar por
“deve passar por um processo
wn processo
complexo e doloroso,
complexo doloroso, uma uma conversão
conversão real real aoao gênero
gênero feminino"
feminino” (meu (meu grifo;
grifo; Je, tu,tu, nous:
nous:
Towards aa Culture
Towards Culture ofDifference,
ofDifference, traduzido
traduzido por por Alison Martin [Nova
Alison Martin [Nova York: Routledge, 11993],
York: Routledge, 993],
p.211).). A
p.2 subjetivação daquilo
A subjetivação daquilo que que é especificamente
especificamente femininofeminino (ou (ou Outro
Outro sexo)
sexo) é talvez
talvez mais
mais
díficil e dolorosa
difícil dolorosa no no ocidente
ocidente do do que
que emem certas
certas sociedades
sociedades não não ocidentais.
ocidentais.
46.
46. SemSem dúvida
dúvida esta afirmação
afirmação deve deve ser qualificada
qualificada até certo certo ponto:
ponto: a subjetivação
subjetivação
feminina
feminina funciona muito da
funciona muito da mesma
mesma maneira
maneira que a subjetivação masculina na
subjetivação masculina na medida
medida em em que
que
mulher não
a mulher não realiza
realiza sua relação
relação potencial
potencial comcom S(A),
S(,9l), isto
isto é, permanece
permanece como como homosexuelle,
homosexuel/e,
não uma
não uma hétérosexuelle
hétérosexuelle (alguém(alguém com com umauma relação
relação comcom oo Outro
Outro sexo).
sexo).
47. Jacquelíne Rose
47. Jacqueline Rose deixa
deixá oo termo
tenno em em francês, como fazem
francês, como muitos outros
fazem muitos outros tradutores.
tradutores. A A
explicação de Rose
explicação Rose dodo termo
termo é maismais confusa
confusa do do que
que qualquer
qualquer coisa,
coisa, enquanto
enquanto a discussão
discussão de de
Jean-Luc Nancy
Jean-Luc Nancy e Philippe
Philippe Lacoue-Labarthe
Lacoue-Labarthe no no The
l'he Title
Tiíle of
ofthe
the Letter,
Letter, traduzido
traduzido por por David
David
Pettigrew e François
Pettigrew François Raffoul
Raffoul (Albany:
(Albany; SUNY SUNY Press, 1992), 1992), éé muito
muito útil,
útil, mostrando
mostrando a tensão tensão
implícita no
implícita no primeiro
primeiro uso uso dodo conceito
conceito por por Lacan.
Lacan. EsteEste último
último trabalho infelizmente não
trabalho infelizmente não
considera oo uso
considera uso mais
mais explícito
explicito do do conceito
conceito por por Lacan
Lacan na na década
década de de 1970,
1970.
48. Ver Newsletter
48. Ver Newsletter of ofthe Centrefor
the Centre for Freudian
Freudian Analysis
Analysis and and Research
Research 10 10 (1988).
(1988).
49.
49. Ver dialética total
Ver a dialética total dodo significante
significante e as quatro
quatro causas aristotélicas
aristotélicas que que se seguem
seguem nas
páginas 35-36.
páginas
50. OuOu oo iidd éé retirado
retirado do do ego,
ego, como
como Freud
Freud dizdiz emem O O eu e oo isso
isso (Vol.
(Vol. XIX, pp.72-73),
XIX, pp.72-73),
onde (ao
onde (ao contrário
contrário das Novas Novas conferências
conferências sobre sobre aa psicanálise,
psicanálise, a tradução
tradução da da qual
qual Lacan
Lacan
critica em
critica em todo
todo oo Écrits)
Écrits) ele ele escreve,
escreve, **[...]
"[...] welches
we/ches dem Ich /eh die
die fortschreitende
fortschreitende Eroberung
Eroberung
des EsEs ermoglichen
ermõglichen solT solf' (Studienausgabe,
(Studienausgabe, vol. vol. 33 [Frankfurt:
[Frankfurt: Fischer
Fischer Taschenbuch
Taschenbuch Verlag, Verlag,
1975], p.322).
1975], p.322).
"[...] só oo amor
51. “[...] amor permite
permite que que oo gozo
gozo digne-se
digne-se a desejar”
desejar" (Seminário
(Seminário 10, 10, 13 de março
março
1963).
de 1963).
52. Jouissance
52. Jouissance du du corps
corps (Seminário
(Seminário 20, 20, p,p. 35)
35) sugere
sugere tanto
tanto oo gozo
gozo do do corpo
corpo (de(de outra
outra
quanto gozo
pessoa) quanto gozo experimentado
experimentado no no corpo
corpo (o (o próprio
próprio corpo
corpo da da pessoa
pessoa ou ou oo corpo
corpo do do
Outro).
Outro).
53. Essa
53. Essa descrição
descrição do do Outro
Outro comocomo radicalmente
radicalmente heterogêneo,
heterogêneo, obviamente
obviamente iguala-o
iguala-o ao ao
objeto (a)
objeto (a) em
em muitos
muitos aspectos.
54. Ver
Ver meumeu livro
livro Modern
Modern Day Day Hysteria
Hysteria (Albany:
(Albany: SUNY SUNY Press,Press, nono prelo);
prelo); retomo
retomo aí a
conexão que Lacan
conexão Lacan esboça
esboça entreentre oo gozo
gozo do do Outro
Outro e oo amor:
amor: oo amoramor de Deus,
Deus, “amor"amor divino”
divino"
e "religiões particulares".
“religiões particulares”.
55. Se a "sublimação masculina" pode
“sublimação masculina” pode ser caracterizada
caracterizada como como simbolizando
simbolizando oo objetoobjeto real,
real,
“sublimação feminina"
a "sublimação feminina” pode pode ser caracterizada
caracterizada como como realizando
realizando oo significante.
significante. Conforme
Conforme
formulado
formulado nos nos termos
termos lacanianos
lacanianos do do Seminário
Seminário 21, 21, aqueles
aqueles com com estrutura
estrutura masculina
masculina podem podem
considerados como
ser considerados como simbolizando
simbolizando oo real real (objeto)
(objeto) do do imaginário
imaginário (fantasia),
(fantasia), que que correspon-
correspon-
de ao SRI, SRI, enquanto
enquanto aqueles
aqueles com com estrutura
estrutura feminina realizam oo simbólico
feminina realizam simbólico do do imaginário,
imaginário,
corresponde ao
que corresponde ao RSI,
RSI, associado
associado por por Lacan
Lacan com com a religião
religião naquele
naquele seminário.
seminário. O O primeiro
primeiro
envolveria um
envolvería um discurso
discurso “no "no sentido
sentido horário”
horârio" e "polarizado
“polarizado direita", enquanto
à direita”, enquanto oo outro outro
envolveria um
envolvería um discurso
discurso “no "no sentido anti-horârio" ou
sentido anti-horário” ou "polarizado esquerda".
“polarizado à esquerda”.
56. Muitos
56. Muitos escritores
escritores contemporâneos,
contemporâneos, no no entanto,
entanto, continuam
continuam a criticarcriticar Lacan
Lacan por por
pennanecer dentro
permanecer dentro dodo velho
velho modelo
modelo freudiano. Considere, por
freudiano. Considere, por exemplo,
exemplo, os comentários
comentários de de
Elizabeth Grosz
Elizabeth Grosz emJem A Reader
Reader in in Feminist
Feminist Knowledge,
Knowledge, editadoeditado por por Sueja
Sueja Gunew
Gunew (Nova(Nova York:
York:
Routledge, 1991):
Routledge, 1991 ): “[Na
"[Na obraobra dede Lacan],
Lacan], masculino
masculino e feminino permanecem, como
feminino permanecem, como na na obra
obra
Freud, definidos
de Freud, definidos pelas
pelas relações
relações entre
entre ativo
ativo e passivo,
passivo, subjeito
subjeito e objeto
objeto e fálico castrado"
fálico e castrado”
86). O
(p. 86).
(p. O leitor
leitor do
do presente
presente livro livro já terá percebido,
já terá percebido, espero,
espero, que que isso
isso equivale
equivale a dizer dizer que
que
Lacan morreu
Lacan morreu por por volta 1960.
volta de 1960.
Considere, por
Considere, por exemplo,
exemplo, oo seguinte trecho de
seguinte trecho de "Posição
“Posição do do inconsciente”,
inconsciente", escrito
escrito emem 1964:
1964:
"A
“A vacilação
vacilação que que a experiência
experiência psicanalítica
psicanalítica revela
revela no no sujeito
sujeito comcom relação
relação ao ao seu ser mas-mas-
culino ou
culino ou feminino
feminino não não está tãotão relacionada
relacionada à bissexualidade
bissexualidade biológica
biológica quanto
quanto ao fato que
fato de que
não há há nada
nada em em sua dialética
dialética queque represente
represente a bipolaridade
bipolaridade do do sexo a não não ser atividade e a
ser a atividade
Notas
Notas 233
233

passividade, isto
passividade, isto é, uma
uma pulsao
pulsão versus
versus aa polaridade
polaridade ação-
ação-fora, que não
fora, que não se
se presta
presta de
de nenhuma
nenhuma
forma para
forma para representar
representar aa basebase verdadeira
verdadeira daquela
daquela polaridade”
polaridade" (Ècrits 1966, p.849).
(Écrits 1966, p.849).
57. De
57, muitas maneiras,
De muitas maneiras, Lacan
Lacan permanece
pennanece um um pensador
pensador estruturalista
estruturalista ee seu modo
modo de de
entender as estruturas
entender estruturas masculina
masculina e feminina (como limitada/ilimitada,
feminina (como limitada/ilimitada, fechada/aberta, fim-
fechada/aberta, fmi-
ta/infinita) as tomam
ta/infinita) tornam estritamente
estritamente contraditórias,
contraditórias, nãonão simples contrários: não
simples contrários: não há
há meio
meio termo
tenno
entre elas
entre elas (como
(como nãonão existe
existe nenhuma
nenhuma categoria
categoria "fronteiriça"
“fronteiriça” entre neurose
entre neurose ee psicose
psicose emem sua
sua
versão da
versão da psicanálise).
psicanálise). Sem Sem dúvida,
dúvida, issoisso deixa
deixa Lacan
Lacan suscetível
suscetível às ao pensamento
criticas ao
ás críticas pensamento
binário por
binário por parte
parte dede feministas desconstrutivistas. Uma
feministas e desconstrutivistas. Uma das expressões mais mais claras
claras dessas
criticas, na
críticas, na minha
minha experiência,
experiência, encontra-se
encontra-se no no valioso ensaio de
valioso ensaio de Nancy
Nancy Jay Jay sobre "Gender
sobre “Gender
and Dichotomy”
and Dichotomy" (em (em A Reader in
A Reader in Feminist
Feminist Knowledge, organizado por
Knowledge, organizado por Sueja
Sueja Gunew
Gunew [Nova
[Nova
York: Routledge, 1991],
York: Routledge, p.95). ÉÉ bastante
1991], p.95), bastante interessante
interessante que,que, para
para expressar
expressar seuseu ponto,
ponto, Jay
utiliza as categorias
utiliza categorias lógicas
lógicas aristotélicas
aristotélicas “contraditórias”
"contraditórias" e “contrárias”
"contrárias" (as(as mesmas
mesmas catego-
catego-
rias que
rias que Apuleo
Apuleo situou
situou sobre
sobre oo “quadrado
"quadrado lógico”
lógico" aoao qual
qual Lacan,
Lacan, muitas
muitas vezes, se se refere
refere ee
usa como
usa como modelo)
modelo) entre
entre as quais
quais não não existe
existe um
um meio
meio tenno
termo -— istoisto é,
é, aa dicotomia
dicotomia entreentre
aquelas duas
aquelas duas categorias
categorias é em em sisi uma
uma oposição
oposição binária
binária ou ou contraditória. Será que
contraditória. Será que oo objetivo
objetivo
eliminar todas
de eliminar contradições ou
todas as contradições ou binaridades
binaridades acarreta,
acarreta, porpor exemplo,
exemplo, veraver a psicopatologia
psicopatologia
como um
como um contínuo,
contínuo, não não havendo
havendo linhalinha divisória
divisória clara
clara entre
entre neurose
neurose e psicose?
psicose? Do Do ponto
ponto de
vista clínico, esta
vista clínico, esta é umauma abordagem
abordagem que que Lacan
Lacan não estaria inclinado
não estaria inclinado a aceitar.
aceitar. Cf.
Cf. a
interessante análise
interessante análise de Roland
Roland Barthes
Barthes sobre
sobre binários
binários em
em Elements
Elements ofSemiology
o/Semio/ogy(Nova(Nova York:
York:
and Wang,
Hill and
Hill Wang, 1967), pp. 80-82.
1967), pp. 80-82.

capítulo nove
capítulo nove
Os quatro
Os quatro discursos
discursos

11.. Ver
Ver os comentários
comentários de de Lacan
Lacan sobre
sobre essa questão
questão nono Seminário
Seminário 111, p.78.
1, p.78.
2. Sem
2. Sem que
que constitua
constitua em
em sisi uma
uma “metalinguagem”.
''metalinguagem".
3. Ver,
3. Ver, em
em especial,
especial, oo Seminário
Seminário 6, 6.
4. De
4. De fato, Lacan diz
fato, Lacan diz que
que aa primeira
primeira função
fimção dada linguagem
linguagem éé oo “imperativo”.
"imperativo".
Observe que
5. Observe
5. que outros
outros discursos
discursos queque não
não os quatro
quatro analisados
analisados poderíam
poderiam ser gerados pela
ser gerados pela
mudança na
mudança na ordem
ordem dos
dos quatro
quatro maternas
maternas usados aqui,
aqui. Se, emem vez
vez de
de mantê-los
mantê-los na na ordem
ordem nana
qual são encontrados
qual encontrados no no discurso
discurso dodo mestre
mestre (Figura
(Figura 9,2),
9.2), mudássemos
mudássemos a ordemordem para
para aquela
aquela
da Figura
da Figura 9.3,9.3, quatro
quatro discursos
discursos poderíam
poderiam ser gerados.
gerados. NaNa verdade,
verdade, seriam possíveis vinte
seriam possíveis vinte e
quatro discursos
quatro discursos diferentes
diferentes usando
usando esses
esses quatro
quatro maternas
maternas nas quatro
quatro posições
posições diferentes
diferentes e oo
fàto Lacan mencionar
fato de Lacan mencionar apenas quatro quatro discursos
discursos sugere
sugere que
que ele
ele considera
considera a ordem dos
ordem dos
elementos algo
elementos algo particularmente
particulannente importante.
importante. Como
Como é verdade
verdade com
com relação
relação a várias
várias de suas
Figura 9,2
Figura 9.2

o
S1
Si

$ S2

s,
S2
o a
$
234
234 O sujeito
O lacaniano
sujeito lacaniano

estruturas quadrípodes,
estruturas quadrípodes, éé essaessa configuração
configuração específica,
específica, ee não apenas
apenas qualquer
qualquer combinação
combinação
seus elementos
de seus elementos constitutivos,
constitutivos, que Lacan Lacan considera
considera de valor ee interesse
interesse para
para aa psicanálise.
psicanálise.
6. Neswsletter
Neswsletter of ofthe
the Freudian
Freudian Fie/dField 33 (1989).
(1989).
Ver Charles
7. Ver Charles Fourier. The Passions of
Fourier. ThePassions ofthe Human Soul
theHuman (Nova York:
Sou/ (Nova York:.Augustus
Augustus M. Kelley
Kelley
Publishers, 1968),
Publishers, 1968), p.312.
p.3 12.
8. Ver Scilicet 213 (1970):
Scilicet 2/3 (1970): 89. 89.
9. Na verdade,
verdade, oo acadêmico,
acadêmico, ao ao invés
invés de de tirar
tirar prazer saber, parece
prazer do saber, parece tirar prazer
prazer da
alienação.
alienação.
coloca aa mesma
10. Ele coloca questão no Scílicet
mesma questão Scilicet '113 (1970): 395-96.
2/3 (1970): 395-96.
111. Scilicet 55 (1975):
l. Scilicet (1975): 7, 7, ee “Propos
"Propos sur
sur l'hystérie" (1977).
Quarto (1977).
rhystérie” Quarto
Isso poderia
12. Isso ser associado
podería ser associado com com S(A),
S(~). que Lacan, Seminário 20 (p.I74),
Lacan, no Seminário (p. l 74), qualifica
qualifica
como “um-a-menos”
como "um-a-menos" (Tun-en-moins).
(l'un-en-moins).
Lembre-se que
13. Lembre-se que no caso caso do Pequeno
Pequeno Hans,Hans, Hans sofre de um tipo de
Hans sofre de angústia
angústia
generalizada antes
generalizada agarrar-se àà fobia de
antes de agarrar-se de cavalos
cavalos que
que aparece
aparece depois
depois dede eleja
ele já ter começado
ter começado
um tipo de tratamento
tratamento analítico com com oo pai, sobsob aa supervisão
supervisão dede Freud.
Freud.
14. O O objeto
objeto aa como
como causa
causa ocupa
ocupa quatro
quatro posições diferentes nos quatro
posições diferentes quatro discursos
discursos ee no
final de "Ciência
“Ciência ee verdade”
verdade" Lacan associa quatro
Lacan associa quatro outros
outros discursos
discursos às quatro
quatro causas
causas
aristotélicas:
aristotélicas:
Ciência: causa
Ciência: causa formal
formal
Religião: causa
Religião: causa final
Mágica:
Mágica: causacausa eficiente
eficiente
Psicanálise:
Psicanálise: causacausa material
Parece-me útil comparar
Parece-me comparar as as quatro
quatro disciplinas, analisadas
analisadas dessa
dessa maneira nesteneste texto de
texto de
1965 ee suassuas causas,
causas, com
com os os quatro
quatro discursos
discursos descritos
descritos em 1969
1969 ee aa posição
posição do objeto a
do objeto em
a em
cada um deles.
cada deles. Os
Os quatro
quatro componentes
componentes da pulsão freudiana poderiam
pulsão freudiana ajudar aa situar
poderíam ajudar situar os
os
objetos em questão
diferentes objetos questão em níveis diferentes.
diferentes.
15. Fornecido
Fornecido porpor vários livros, incluindo
vários livros, incluindo oo de Sheny
Sheny Turkle
Turkle intitulado
intitulado Psychoanalytic
Psychoanalytic
Politics:
Politics: Freud's
Freud ’s French
French Revolution
Revolution (Nova(Nova York:
York: Basic Books, 1978)
Basic Books, 1978) ee A história
história dada
psicanálise
psicanálise na na França, 1925-1985,
1925-1985, de de Elizabeth
Elizabeth Roudinesco,
Roudinesco, RioRio de Janeiro,
Janeiro, Jorge Zahar
Jorge Zahar
Editor, 1988,
1988.
116.
6. 0O discurso
discurso analítico,
analítico, por exemplo, exige
por exemplo, exige que
que oo analisando
analisando desista
desista do gozo
gozo associado
associado
significantes mestre.
aos seus sintomas ou significantes mestre.

capítulo dez
capítulo dez
Psicanálise ee ciência
Psicanálise ciência

11.. Não é possível


possível resumir essaessa volumosa
volumosa literatura.
literatura. O
O leitor
leitor deve
deve consultar os
os trabalhos
trabalhos
de autores
de autores tais como Alexandre
tais como Koyré, Thomas
Alexandre Koyré, Thomas Kuhn,
Kuhn, Paul Feyerabend
Feyerabend ee Imre
Imre Lakatos.
Lakatos.
2. “Ciência
"Ciência ee psicanálise",
psicanálise”, in Para
Para ler oo Seminário
Seminário 1111 de Lacan, Rio
de Lacan, Rio de Janeiro,
Janeiro, Jorge
Jorge
Zahar, 1998.
Zahar, 1998.
fato, oo que permanece
3. De fato, permanece é oo “sujeito
"sujeito da ciência”
ciência" que,
que, na metade década de
metade da década de 11960,
960,
Lacan equipara ao
Lacan equipara ao “sujeito
"sujeito da
da psicanálise".
psicanálise”.
4. A A distinção
distinção entre verdade
verdade ee verdadeiro
verdadeiro como
como um valor
valor já pode ser encontrada
pode ser encontrada em
Pensées de de Pascal,
Pascal, p.233.
p.233.
Certas ciências
5. Certas ciências consideram
consideram oo sujeito
sujeito posicional (por exemplo,
posicionai (por exemplo, aa teoria
teoria do jogo la von
jogo àà la
Neumann), que, que, nos termos de Gottlob
Gottlob Frege, poderia ser descrito
podería ser descrito como função “insaturada”,
"insaturada",
isto é, uma função cuja cuja lacuna nãonão éé preenchida
preenchida por objeto. Lacan
por um objeto. Lacan adota
adota oo termo
termo
"insaturada" em
“insaturada” em “Ciência
"Ciência ee verdade".
verdade”.
6. Uma maneira útil de
6. de se
se pensar
pensar aa diferença
diferença entre "objetos científicos" ee oo "objeto
“objetos científicos” “objeto
psicanalítico” éé proposto
psicanalítico" proposto emem um trecho
trecho no capítulo
capítulo muito interessante de
muito interessante de Jonathan
Jonathan Scott
Scott Lee
Lee
em "Sexuality
“Sexuality and and Science”
Science" em seuseu livro
livro Jacques
Jacques Lacan (Boston: Twayne
Lacan (Boston: Twayne Publishers, 1990):
Publishers, 1990):
"Onde
“Onde oo positivismo define uma ciência
positivismo define ciência em termos dos objetos
termos dos objetos preexistentes estudados por
preexistentes estudados por
Notas
Notas 235

aquela ciência,
aquela ciência, Lacan
Lacan oferece
oferece uma uma definição
definição da da mesma
mesma em em termos
termos dos
dos tipos
tipos de
de significantes,
significantes,
vocabulários fonnais,
de vocabulários formais, que que acrescenta
acrescenta aos objetos objetos que
que estuda
estuda e que,
que, por
por sua vez, transfonna
vez, transforma
esses objetos
objetos em em objetos
objetos da ciência”
ciência" (p. (p. 188).
188). Como
Como tal,tal, os "objetos científicos" são retirados
“objetos científicos” retirados
do real,
do real, ouou cortados
cortados dele,dele, pela
pela “linguagem
"linguagem científica”.
científica". Na Na psicanálise,
psicanálise, porpor outro
outro lado,
lado, oo objeto
objeto
aa é oo resto
resto daquele
daquele processo,
processo, em em outras
outras palavras,
palavras, oo que que sobra "após" a constituição
sobra “após” constituição dos dos objetos
objetos
da ciência. Sempre
da ciência. Sempre existeexiste um wn limite
limite para para a formalização: simbolização progressiva
formalização: a simbolização progressiva do do real
real
sempre
sempre deixadeixa um um resto.
resto. Como
Como Lacan Lacan diz diz nono Seminário
Seminário 25, 25, “as
"as palavras
palavras fazem coisa. [...]
fazem a coisa. [...]
Mas nossa
Mas nossa preocupação
preocupação [como [como analistas]
analistas] é precisamente
precisamente com com a falta
falta dede correspondência
correspondência
[inadéquationJ entre
[inadéquation] entre as palavras
palavras e as coisas” coisas" (15 novembro de 1977).
(IS de novembro 1977).
7. “Science
7. "Science and and Truth", Newsletter of
Truth”, Newsletter ofthe
lhe Freudian
Freudian Field ( 1989). ÉÉ bem
Fie/d 33 (1989). bem possível
possível queque
Lacan tenha
Lacan tomado emprestado
tenha tomado emprestado este termo termo de Frege.Frege.
Embora, sem dúvida,
8. Embora, dúvida, oo sujeito
sujeito especificamente
especificamente psicanalítico
psicanalítico continue
continue a ser suturado.
suturado.
De acordo
De acordo com com alguns,
alguns, oo princípio
princípio da incerteza incerteza de Heisenberg
Heisenberg marcoumarcou oo retomoretomo da da
importância dada à atividade
importância atividade do do sujeito
sujeito e do cientista no
do cientista no encontro
encontro com com os trabalhos
trabalhos da da
Natureza e com
Natureza com sua formulação;
formulação; no no entanto,
entanto, oo cientista,
cientista, conforme
conforme entendido
entendido em em tais relatos,
tais relatos,
não parece
não parece ser mais mais do do que
que uma
uma noçãonoção posicionai.
posicional.
.9. "Aoenvolver-senoensino,odiscursoanalíticolevaoanalistaàposiçãodeanalisando",
9. “Ao envolver-se no ensino, o discurso analítico leva o analista à posição de analisando”,
o que, como
o que, como mencionei
mencionei no no capítulo
capítulo 9, 9, exige
exige a adoção
adoção do do discurso
discurso da histérica
histérica (Scilicet
(Scilicet 2/3
213
{1970):
[1970]: 399). 399).
10. "O
10. “O queque é uma uma práxis?
práxis?[[...] ••. ] ÉÉ oo termo
termo maismais amplo
amplo para para designar
designar uma uma ação
ação realizada
realizada
pelo homem,
pelo homem, qualquer
qualquer que que seja
seja ela,ela, queque oo poe põe emem condição
condição de tratartratar oo real
real através
através dodo
simbólico" (Seminário 111,
simbólico” (Seminário p. 14).
1, p. 14).
11. "L "L 'interprétation
'interprétation porte porte sur sur la cause du
la cause du désir”
désír" (“Interpretação
("Interpretação incideincide sobre
sobre a causa
do desejo”),
do desejo"), “L "L ‘Étourdit
'Étourdit ",", Scilicet
Scilicet 44 (1973):
(1973): 30. 30.
12. UmUm discurso
discurso difícil
dificil de apoiar,
apoiar, para para dizer
dizer oo mínimo!
mínimo!
Ver Seminário
13. Ver Seminário 8 (Jorge (Jorge Zahar,
Zahar, Rio Rio de Janeiro,
Janeiro, 1992).
1992).
14. Estou
14. Estou pegando
pegando emprestado
emprestado esse termo Jean-Claude Milner,
termo de Jean-Claude Milner, um um dos
dos mais
mais astutos
astutos
escritores contemporâneos sobre
escritores contemporâneos lingüística, psicanálise
sobre linguística, psicanálise e ciência.
ciência. Ver,
Ver, emem especial,
especial, seu
valioso artigo
valioso artigo "Lacan
“Lacan and and the Ideal Ideal of of Science”
Science" em em Lacan
Lacan andand thethe Hwnan
Human Sciences
Sciences
organizado por
organizado por Alexandre
Alexandre Leupin Leupin (Lincoln:
(Lincoln: University
University of ofNebraskaPress,
Nebraska Press, 1991),1991), p.36,
p.36, e sua
análise muitíssimo
análise muitíssimo mais mais aprofündada
aprofundada em emlntroduction
Introduction àà une une Science
science du du langage (Paris: Seuil,
langage (Paris: Seuil,
1989), pp.
1989), pp. 9292 ee seguintes.
seguintes.
Ver, por
15. Ver, por exemplo,
exemplo, seu Manifeste
Manifeste pour pour la philosophie (Paris: Seuil,
la philosophie Seuil, 1989). O O relato
relato mais
mais
completo que conheço, no
completo no entanto, foi apresentado na
foi apresentado na aula
aula que ele deu deu sob os auspícios da
Universidade de Paris VIII,
Universidade Saint-Denis e no
VIII, Saint-Denis College International
no Collège Intemational de Philosophie
Philosophie de 1987 a 1989.
Seminário 25,
16. Seminário novembro de
25, 15 de novembro de 1977.
1977.
Dentre as coisas
17. Dentre coisas queque alguns
alguns dessesdesses discursos
discursos veemvêem comocomo sendo em em prol
prol dodo próprio
próprio
bem do
bem do paciente,
paciente, encontra-se:
encontra-se: transformar
transfonnaroo paciente paciente numnum "membro produtivo da
“membro produtivo da sociedade”,
sociedade",
eliminar suas “tendências
eliminar anti-sociais", fazer
''tendências anti-sociais”, fazer comcom que seja mais mais reflexivo,
reflexivo, perceptivo
perceptivo e
capacitá-lo a encontrar
capacitá-lo encontrar oo amor, amor, oo desejo
desejo e a satisfação
satisfação sexual
sexual comcom um
um e oo mesmo
mesmo parceiro.
parceiro.

Posfácio
Posfácio

11.. Na
Na verdade, levei cinco
verdade, levei cinco anos para
para superar meus receios
superar meus receios de apresentar
apresentar meu
meu trabalho
trabalho aos
olhos de um
olhos um tipo
tipo de “sistema”
"sistema" acabado
acabado e unificado,
unificado, comparado
comparado a uma uma série leituras
série de leituras
profundas da
profundas da obra
obra de Lacan,
Lacan, e fornecer
fornecer oo que
que aquele
aquele Outro
Outro solicitava,
solicitava, explicitamente,
explicitamente, no no
caso de um
caso um autor
autor previamente
previamente desconhecido.
desconhecido. Embora
Embora os esboços
esboços principais
principais do
do que
que apresentei
apresentei
neste livro já
neste livro estivessem prontos
já estivessem prontos quando
quando deixei
deixei a França
França em
em 1989,
1989, após terter sido
sido treinado
treinado
como analista
como analísta na
na École
École de la
la Cause
Cause Freudienne,
Freudienne, somente em 11994
somente em me foi
994 me possível formatá-lo
foi possível formatá-lo
para que
para que um um editor
editor concordasse
concordasse em em publicá-lo!
publicá-lo!
2. "Ensino
2. “Ensino de verdade, isto é, ensino
verdade, isto ensino que
que nunca
nunca cessa de
de·submeter-se
submeter-se ao queque se denomina
denomina
como inovação”
como inovação" (Ècrits,
(Écrits, p.145).
p.145).
236
236 O sujeito
O sujeito lacaniano
lacaniano

3. Ver
3. Ver vol. IV.
vol. IV.

apêndice11
apêndice
A linguagem
linguagem do
do inconsciente
inconsciente

1.. Cf.
1 Cf. The
11ze Purloined
Purloined Poe: Poe: Lacan,
Lacan, Derrida
Derrida && Psychoanalytic
Psychoanalytic Reading, orgs. John
Reading, orgs. John Muller
Muller
e William
William Richardson
Richardson (Baltimore:
(Baltimore: Johns Hopkins Hopkins University
University Press, 1988). 1988).
2. Uma
2. Uma exceção significativa éé Jacques-Alain
exceção significativa Jacques-Alain Miller, Miller, queque forneceu
forneceu uma uma leitura
leitura apurada
apurada
em seus seminários
em seminários ainda ainda não não publicadados
publicadados J, 2, 3,
l t 2, 3, 4, 4, realizados
realizados sob os auspíciosauspícios da da
Universidade de Paris
Universidade Paris VIII,
VIII, Saint-Denis,
Saint-Denis, em em 11984-85.
984-85.
3. Na
3. Na primeira
primeira publicação
publicação do do “Seminário
"Seminário sobre sobre ‘'A carta roubada’”
A carta roubada"' (La Psychana[yse 22
(La Psychanalyse
[1956]), as coisas
[1956]), coisas são apresentadas com com mais
mais clareza.
clareza. NessaNessa publicação
publicação LacanLacan escreve
escreve queque
"A consideração da
“ A consideração da Rede
Rede 1-3 por por sisi éé suficiente
suficiente para para mostrar
mostrar que, que, de acordo
acordo comcom os termos
termos
cuja sucessão ela
cuja ela fixa,
fixa, oo termo [intermediário] será
termo [intermediário] detenninado inequivocamente
será determinado inequivocamente- dito de
— dito
outra forma,
outra forma, oo tal grupo será suficientemente
tal grupo sufícientemente definidodefinido pelos pelos seus dois dois extremos.
extremos. Portanto,
Portanto,
vamos postular os seguintes
vamos postular seguintes extremos
extremos (1) (1) e (3)
(3) nono grupo
grupo [(1)[(I) (2)
(2) (3)]”
(3)]" (p.
(p. 5).
5).
No entanto,
No entanto, ao afirmar
afirmar de maneira
maneiram ais clara
mais clara como
como os termos devem ser agrupados,
termos devem agrupados, Lacan
Lacan
comete erros:
comete erros: fixar termos extremos
fixar os termos extremos não determina, em
não determina, em todos
todos os os casos, inequivocamente
inequivocamente
oo termo
termo do do meio
meio (por(por exemplo,
exemplo, como como vimosvimos na na Matriz
Matriz IIII de Letras Gregas, oo espaço em
Letras Gregas, em
branco na
branco na configuração .Ll
configuração 2 2 pode pode ser preenchido
preenchido por por 11,, 22 ou
ou 3 3..
4. Observe
Obsetve aqui,aqui, nono entanto,
entanto, queque esta última
última série não pode
série não pode seguir
seguir diretamente
diretamente a anterior
anterior
sem a interpelação
interpolação de um um segundo
segundo P, pois P,
pois dois
dois ys em seguida
')'S em necessitam dois
seguida necessitam dois 2s logo
logo após,
após,
podem ser gerados
e eles só podem gerados aquiaqui por
por dois
dois ps.
ps. Cf.
Cf. a Rede
Rede a, p, "/,
a, P, y, Ô 6 na
na página
página 57 57 dos
dos Écríts
Écrits
I966, reproduzida
1966, reproduzida adiante
adiante neste
neste apêndice.
apêndice.
Nota importante:
Nota importante: existem
existem erroserros nesta
nesta parte
parte dos dos Ècrits
Écrits de de Lacan
Lacan e eles podem podem nos nos
confundir bastante.
confundir bastante.
A
A tabela que encontramos
tabela que encontramos bem bem acima
acima desta, na na página
página 50 50 dos Écrits (aqui Tabela
Écrits (aqui Tabela A A l1.9),
.9),
nos confunde
confunde na na medida
medida em em que
que (1(1)) contém
contém claramente
claramente um um erro
erro tipográfico,
tipográfico, e (2)(2) embora
embora oo
resultado da jogada
resultado jogada e as linhas linhas dede código
código de número
número conam corram da da esquerda
esquerda para
para a direita
direita e,
portanto, a linha
portanto, linha de letras
letras gregas noimalmente
normalmente também também corram corram nestanesta direção,
direção, Lacan
Lacan parece
parece
escrevendo esta última
estar escrevendo última da direita
direita para
para a esquerda
esquerda aqui.aqui. Vimos
Vimos acimaacima que,
que, por
por exemplo
exemplo
Lacan menciona
(e Lacan menciona isso isso explicitamente),
explicitamente), nunca nunca se pode pode encontrar
encontrar um um Ô 6 na
na vaga
vaga três se existir
existir
um aex na
um na vaga
vaga umum -— mas mas a tabela abaixo parece
tabela abaixo parece sugerir
sugerir queque isso
isso é totalmente possível!
totalmente possível!

Tabela A
A11.9: Tabela n
.9: Tabela Lacan
Q de Lacan
Números
Números
11 2 33 4
Exemplo de
Exemplo de linha
linha de
de números
números Linha de
Unha de letras
letras gregas
gregas
12 2 33 33 ?? ? ? ? ?
aex Ô6 6 "/y p
P p
P a 11
6
Ô ~
P 2
aa. 7"( y aa. 33

Observe que
Observe que esse erro
erro tipográfico também aparece
tipográfico também aparece na
na tabela mais simples
tabela mais simples encontrada
encontrada na
na
versão de 1956
versão 1956 de
de Lacan:
Lacan:

aa. 6
ô 6
$ y p pp a(X
S
6 ô
6 Ô p p p
~
Notas
Notas 237
237

Agora, se
Agora, se corremos
corremosacadeianaoutradireção,
a cadeia na outra direção, vemos que funciona muito
vemos que muito bem (fabelaA
bem (Tabela A 1.10).
l .10).
O leitor pode
O notar que não
pode notar não inverti os termos excluídos nas linhas
termos excluídos linhas de letras
letras gregas
gregas 22 ee 3,
3, já
eles são patentemente não-senso
que eles não-senso quando
quando estão
estão na tabela em francês
tabela em francês dos
dos Ecrits: antes da
Ecríts: antes
mudança, aa Tabela Q sugere, sugere, por exemplo,
exemplo, que podemos usar dois 8s
podemos usar õs para
para nos deslocarmos
deslocarmos
de aex. pata
para y, sugere que 5ô nunca pode
y, ee na linha abaixo ela sugere ser uma
pode ser uma parte
parte de tal progressão!
progressão!

Tabela A
Tabela 1.1 O: Tabela n
A1.10: (modificada)
Q (modificada)
Números
Números
1 22 33 4
Exemplo de
Exemplo de linha
linha de
de números
números Linha de
Linha letras gregas
de letras gregas

1112 2 22 2 33 3 3
a
(X.
J3
P 13
P y ô
8 ô
8 a(X. 1
8ô 13
P 22
a 'YY y a(X. 33

Portanto, ou
Portanto, ou Lacan
Lacan pretendia correr essa
pretendia correr essa série
série de letras
letras gregas
gregas dada direta
direta para aa esquerda
esquerda
ao invés
ao invés dede da
da esquerda
esquerda para direita mas
para a direita mas não detectou
detectou oo erro erro de inversão de para 13
de 8ô para P na
linha 22 (que
(que talvez
talvez pudesse
pudesse explicar algumasalgumas combinações
combinações proibidas
proibidas que Lacan
Lacan apresentou
apresentou
na parte
na parte superior
superior da da página 51), ou talvez
página 51), talvez a inversão
inversão tenha acontecido
acontecido na linha 11 mesmo,mesmo,
onde os os 8s
ôs ee ps
J3s foram
foram trocados
trocados um pelo outro.outro. (Também
(fambém se se pode
pode imaginar que os os termos
termos
extremos, 8ô ee y, foram foram inadvertidamente
inadvertidamente invertidos.
invertidos. As duas duas séries
séries que funcionam, de
forma, ssão
qualquer forma, o c1313
ã o IX P P"(y S
ôÕô IX
a eeaa mesma
mesma série
série se lê da direita para a esquerda, aIX 8ô 8ô y 13p
direita para
13 aa [o
P [o que,
que, para
para todas
todas as intenções propósitos, éé equivalente aa yy 1313
intenções ee propósitos, a 8ô 8ô y]. De qualquer
P p IX
forma, aa versão
forma, versão àà qual me refirorefiro éé aquela
aquela apresentada
apresentada na tabela modificada
modificada acima.
Essa tabela
Essa deveria, agora,
tabela deveria, agora, ser
ser bastante entender: 8ô não pode
bastante fácil de entender pode ser
ser usado em em uma
combinação de quatro passos
combinação passos aa-y,— y, aa não
não pode aparecer na vaga
pode aparecer vaga 2 nem
nem yyna 3; 13p está
vaga 3;
na vaga está
excluído das
excluído das combinações
combinações de quatro quatro passos
passos yy- ex, "(y sendo
— a, sendo barrado
barrado da vagavaga 2 ee aex da
da vaga
vaga
razões para
3. As razões essas exclusões
para essas exclusões podem deduzidas da mesma maneira
podem ser deduzidas deduzimos
maneira que deduzimos
listadas na Tabela
aquelas listadas Tabela O. O. (Observe
(Observe que as as duas
duas séries
séries de quatro passos
passos aqui podem
podem de
fato seguir
fato seguiruma
uma a outra imediatamente. Cf. Cf. aa Rede ex, J3,
Rede a, p, y, 8,ô, Écrits,
Écrits, p. 57, reproduzida
reproduzida adiante
neste apêndice).
neste apêndice).
exista um desequilíbrio
5. Embora exista desequilíbrio na matriz
matriz de primeiro
primeiro nível com com aa existência
existência do do dobro
combinações 22 com
de combinações com relação
relação àsàs combinações
combinações 1I ee 3, 3, aa matriz segundo nível retifica
matriz de segundo retifica essa
essa
situação (Tabela
situação (rabeia A 1.12).
l . 12).
TabelaA1.11
Tabela A1. 11

11 2 33
idêntico
idêntico ímpar
ímpar alternante
altemante
+++
+++ ++-
++ --+
-------- + +-+
+ —+
---
”” — ++--
— — -++
— ++ — +
-+- —

A1.12
Tabela A 1.1 2
a(X ~
P yY ô
8
1_1, 1_3
1_1, 1_3 1_2
1_2 2_2
2_2 2_1
2_1
3_3, 3_1
3_3, 3_2
3_2 2_3
2_3
238
238 O sujeito
O sujeito lacaniano
/acaniano

tomannos essa
Se tomarmos essa matriz pelo valor superficial,
superficial, somos
somos inclinados aa pensar sempre que
pensar que sempre
encontrannos um 2, aa combinação que o inclui
encontrarmos inclui é duas vezes mais privilegiada
vezes mais privilegiada do que as
não-2; portanto,
combinações não-2; portanto, uma letra
letra que não agrupe
agrupe combinações
combinações 22 deveria
deveria ter
ter duas
duas vezes
tantas combinações ordinárias
ordinárias quanto
quanto uma queque agrupe (ex, por
agrupe (a, por exemplo, agrupa duas
duas vezes
tantas trincas
trincas como
como P). E se
p). E se uma trinca
trinca inclui
inclui dois
dois 2s, é duas
duas vezes
vezes mais provável
provável que apareça
apareça
como uma trinca
como com apenas
trinca com apenas um 2.
A probabilidade, de fato, sustenta
sustenta esse
esse cálculo
cálculo mas
mas não exatamente
exatamente dessa
dessa forma. Primeiro
Primeiro
Matriz II de
retomemos à Matriz de letras
letras gregas
gregas onde
onde listamos
listamos a combinação
combinação inteira
inteira (Tabela
(Tabela Al.13).
A 1. 13).
A 1.13
Tabela A1. 13
aa P
13 'YY ô
111, 123
111, 123 122
112, 122 212,232
212, 232 221, 211
221,211
333,321
333, 321 332,322
332, 322 222
222 223,233
223, 233

Normalmente
Normalmente existiriam vinte ee sete sete trincas
trincas possíveis
possíveis para
para tal combinatória
combinatória de trêstrês vagas,
três números (3 33), mas doze delas foram
três números foram eliminadas
eliminadas aqui por causa de nossa restrição restrição 1-3,
(isto é, 11 e 3 não
3-1 (istoé, não podem sucessores imediatos),
podem ser sucessores imediatos), e porque 33 não pode ser imediatamente
pode ser
seguido por um 2 e depois 33 (dois
seguido (dois 2s necessariamente
necessariamente sendo sendo interpolado entre
entre dois
dois 3s);
3s); nem
1I pode
pode ser imediatamente seguido por 2 ee depois depois 11 novamente.
Para dar um exemplo, aa probabilidade
Para probabilidade de trincastrincas 1111 deve ser calculada
1 1 deve calculada como
como segue:
segue: o
primeiro 1I tem uma chance em quatro de acontecer
primeiro acontecer (1/4). O O segundo
segundo 1,!, no entanto,
entanto, ocupa
ocupa
uma vagavaga que somente pode ser ocupada por 11 ou 2, 33 sendo barrado agora 2 pode
barrado aqui; agora
aparecer tão
aparecer tão freqüentemente quanto 11 (no caso combinação 11 + + +, um + tem chances
caso da combinação chances
iguais de seguir um um-) e, portanto,
-) e, portanto, aa probabilidade
probabilidade de de 1 aqui,
aqui, é uma emem duas.
duas. O terceiro 1,
como também segue segue diretamente
diretamente um 11,, também tem uma uma emem duas
duas chances aparecer.
chances de aparecer.
Então, temos
Então, temos ’/4 ~ x ’/?
l/4 x '/2 112 = 1/16.
1/16.
Na verdade,
verdade, todastodas menos
menos umauma trinca
trinca na matriz completa tem uma
matriz completa uma probabilidade de 1/1 1116.6.
A trinca 222 222 sobsob y, no entanto,
entanto, tem uma probabilidade
probabilidade de 1/8, portanto
portanto equilibrando a
aparentemente desigual
distribuição aparentemente desigual de de trincas.
trincas. Isso
[sso pode serser verificado
verificado com
com um fluxograma
fluxograma
que, começando com com dois
dois ramos
ramos (+ ee-), expandido pela divisão de cada
-), é expandido cada ramo
ramo continua-
mente em dois, dois, acrescentando
acrescentando um mais a um ramo ramo e um menos menos ao outro
outro (ver Tabela AI A l .8).
.8).
Verifica-se que combinações
Verifica-se combinações 222 222 ocorrem
ocorrem duas vezes vezes mais do que que qualquer outra,
outra, e queque as as
várias letras
várias letras gregas
gregas têm, na verdade,
verdade, exatamente
exatamente a mesma mesma probabilidade de aparecerem.
6. Devo muito aa Thijs Thijs Berman por por ajudar-me
ajudar-me a decifrar
decifrar este
este código adicional.
adicional.
7. Observe
7. Observe aqui que mesmo mesmo se se tomássemos
tomássemos oo 11 como "diferente" e oo O
como “diferente” 0 como "igual", 01
como “igual”, OI
e 110Oainda seriam invertidos.
invertidos. A A única
única maneira em que podemos podemos supô-los corretos como eles
corretos como eles
se encontram seria
se seria assumir que a cadeia de resultados da jogada jogada vai da
da direita para esquerda,
para a esquerda,
cada novo mais ou menos sendo acrescentado
cada acrescentado à esquerda
esquerda em vez vez de à direita.
8. Poderíamos, realmente quiséssemos,
Poderiamos, se realmente quiséssemos, também fazer fazer uma Rede 1-3 funcionar de
acordo com uma interpretação
acordo interpretação par-ímpar;
par-ímpar; agrupando sinais de mais e menos menos em dois, dois,
denominamos “par” "par" qualquer exemplo
exemplo no qual dois dois sinais idênticos aparecem
aparecem lado a lado, lado,
"ímpar" aa qualquer exemplo
“ímpar” exemplo que inclua um sinal (isto é, um número número ímpar) de cada cada tipo. O O
código ímpar-par
código ímpar-par seria,
seria, é óbvio, improvável neste caso. caso.
simplificar as
9. Se continuarmos a simplificar as denominações
denominações “simétrico”
"simétrico" e “assimétrico”
"assimétrico" parapara nos
referirmos a pares (em lugar de trincas) trincas) de de sinais
sinais idênticos
idênticos ee pares
pares de sinais diferentes,
diferentes,
respectivamente, por certo certo encontraremos,
encontraremos, ao ao examinarmos
examinarmos a Rede Rede 1-3, osos mesmos
mesmos resulta-
resulta-
dos que encontramos acima ao definir definir 11 como "igual" e 0Ocomo
como “igual” como “diferente”.
"diferente".
10. Ver oo fluxograma fornecidofornecido na Tabela
TabelaAl.8,A l .8, que pode também gerar gerar aa Rede
Rede ex, 13, "(,y,
a, 0,
5odede Lacan.
111.
1. Mas, por incrível que pareça, pareça, oo processo
processo não pode ser repetido
pode ser repetido novamente: não se se
pode mais
pode mais uma vez recodificar
recodificar as sequências
seqüências 1/0 1/0 de três vagas em seqüências 1/0 1/0 de duas
vagas para tentar situar
vagas situar tudo na velha Rede Rede 1-3.1-3. Duas aplicações são oo máximo permitido
aqui. ·
Notas
Notas 239
239

apêndice2
apêndice 2
Em busca
Em busca da
da Causa
Causa

1. Ver Écn"ts, p.193


Ver Écrits, p.193 e Seminário
Seminário 2,2, p.142.
p.142.
2. Se fôssemos apresentados
apresentados a uma
wna seqüência
seqüência de menos,
menos, a linha
linha da
da matriz
matriz numérica
nwnérica seria
seria
lida exatamente
lida exatamente como
como nono exemplo
exemplo acima.
acima. OO leitor
leitor pode
pode também
também confirmar
confirmar comcom facilidade
facilidade
que se
que se começarmos
começarmos com com umauma seqüência uniformemente altemante,
seqüência uniformemente alternante, aa linha
linha da
da matriz
matriz
numérica sera 3333
numérica será 33333212, como todas
32 12, e como todas as letras
letras gregas são, de qualquer
qualquer forma, aqui definidas
forma, aqui definidas
como indo
como indo de ímpar
ímpar para
para ímpar,
ímpar, ímpar
ímpar para
para par,
par, par
par para
para ímpar
ímpar ou
ou par
par para
para par,
par, a linha
linha da
da
matriz de
matriz de letras
letras gregas
gregas sempre
sempre será a mesma.
mesma. Isso
Isso também
também é verdade nos exemplos
verdade nos exemplos que que se
seguem.
seguem.
3. Como
3. Como Lacan
Lacan diz
diz que os parênteses podem
podem ser totalmente
totalmente vazios,
vazios, podemos
podemos acreditar
acreditar
que precisamos
que precisamos considerar
considerar a situação
situação abaixo:
abaixo:
+ ++ ++ ++ ++ ++ --
++ +
1 1 1 111 21 1 2
a a a p ô a a aõ (X(X(X
<X<X<Xj3
11 11 11 ( ) ) 11 11 11

Mas como
Mas como esta seqüência proibida pela
seqüência é proibida pela sintaxe gerada -— õ
sintaxe gerada não pode
ô não pode estar
estar na
na posição
posição três
três
se existe
existe umum a<X na
na posição
posição um wn -— podemos
podemos deixá-la
deixá-la de
de lado
lado aqui.
aqui.
4. ‘‘Não
"Não há há funtasia
fantasia dededevoração
devoração que que não
não possamos
possamos considerar
considerar como
como resultante,
resultante, emem algum
algum
momento em
momento em sua própria
própria inversão,
inversão, da...da... fantasia devorado" (Seminário
fantasia de ser devorado” (Seminário 12, 12, 20
20 de
janeiro 1965).
janeiro de 1965).
5. A cadeia LL também
A cadeia indica claiamente
também indica claramente que que oo objeto
objeto aqui
aqui está contido
contido dentro
dentro dodo sujeito,
sujeito,
pelo menos dentro
pelo menos dentro de suas dobras
dobras e forros. Cf. a alegação
forros. Cf. alegação de Lacan
Lacan de queque oo objeto a, enquanto
objeto a, enquanto
seio por
seio exemplo, pertence
por exemplo, pertence à criança
criança e não não à mãe,
mãe, sendo,
sendo, de certa
certa forma, parte do
forma, parte corpo da
do corpo da
criança que
criança que está anexada
anexada ou ou “colada”
"colada" na na mãe.
mãe.
O uso
O uso do
do termo
termo "aspas" (guil/emets) por
“aspas” (guillemets) por Lacan
Lacan para
para designar
designar os parênteses duplos duplos dentro
dentro
quais encontramos
dos quais encontramos oo sujeito
sujeito (“sujeito”)
("sujeito") nos nos lembra
lembra de que,que, para
para Lacan,
Lacan, “o"o sujeito nunca
sujeito nunca
mais do
é mais do que
que suposto”
suposto" (Seminário
(Seminário 23, 23, 1616 de
de dezembro
dezembro de 1975).1975). O O sujeito
sujeito não
não é algo
algo que
que
pode, de qualquer
pode, qualquer forma,
forma, ser observado
observado diretamente;
diretamente; ao ao contrário,
contrário, é umawna presunção
presunção ou ou
suposição
suposição de nossa parte parte (não
(não obstante
obstante uma wna presunção
presunção necessária),
necessária), e sempre
sempre se deve
deve examinar
examinar
para ver
para algo realmente
ver se algo realmente corresponde
corresponde a este suposto suposto sujeito.
sujeito.
Porém essas
Porém essas aspas vão mais além
vão mais além também, sugerindo tanto
também, sugerindo os registros
tanto os registros dada fala quanto os
fala quanto
escrita. O
da escrita. O sujeito
sujeito é falado
falado e as aspas, com com freqüência, designam algo
frequência, designam algo previamente
previamente dito,dito,
algo enunciado
algo enunciado alhures
alhures em em algum
algum momento
momento - e geralmente
geralmente por por outrem.
outrem. O O sujeito então
sujeito é então
dependente do
dependente do que
que algum
algum outro
outro já disse sobre
já disse sobre ele.
ele. Além disso, as aspas nao
Além disso, não podem
podem ser vistas
vistas
na fala
na (embora elas sejam,
fala (embora sejam, comcom freqüência, imitadas com
freqüência, imitadas com gestos, indicadas
indicadas pela
pela ênfase
específica colocada
específica colocada na na palavra,
palavra, ou ou explicitamente
explicitamente anunciadas
anunciadas “abre
'!abre aspas, sujeito,
sujeito, fecha
fecha
aspas"), sendo essencialmente
aspas”), essencialmente tipográficas
tipográficas por por natureza.
natureza. Para
Para Lacan,
Lacan, a relação
relação entre
entre escrever
escrever
-— a letra
letra -— e ser é da maior importância,
da maior importância, e nosso nosso entre
entre parênteses ser do do sujeito
sujeito parece
parece
totalmente dependente dessas
totalmente dependente dessas marcas
marcas.que que "o causam"; pode-se
“o causam”; pode-se irir além
além e dizer
dizer que
que oo sujeito
sujeito
não tem
nao tem outro
outro ser senão enquanto
enquanto marca,
marca, ou ou como
como sendo causado.
causado.
Bibliografia
Bibliografia

Jacques Lacan
Jacques

Escritos(Paris, Janeiro, Jorge Zahar, 11998


966), Rio de Janeiro,JorgeZahar,
Escritos (Paris, Seuil, 11966), [Ècrits: A Selection,
998 [Écrits: Selection,
York, Norton,
Sheridan, Nova York,
trad. Alan Sheridan, completa em inglês por John
977. Trad. completa
Norton, 11977.
Nova York, Norton,
Forrester, Nova
Forrester, 1988.)
Norton, 1988.]

Jacques-Alain Miller
estabelecido por Jacques-Alain
O Seminário, texto estabelecido Millere publicado na coleção
e publicado coleção
Campo Freudiano no Brasil, por
Campo Zahar Editor
Jorge Zahar
por Jorge Editor
1953-54
1953- 54 Seminário, livro 1, Os
O Seminário,
O técnicos de Freud,
escritos técnicos
Os escritos 1979
Freud, 1979
11954-55
954- 55 Seminário, livro 2, O
O Seminário, 0 eu teoria de Freud
eu na teoria técnica psicanalí-
Freud e na técnica psicanalí-
tica, 1985
tica, 1985
56 O Seminário, livro 3, As psicoses,
1955-56
1955- 1985, 2ª
psicoses, 1985, 2a ed.rev., 1988
ed.rev., 1988
1956-57
1956- 57 Seminário, livro 4, A relação
O Seminário, objeto, 11995
relação de objeto, 995
11957-58
957- 5 8 Séminaire, livre V, Lesfonnations
Le Séminaire, l 'inconscient, inédito
Les formations de l'inconscient, inédito
Séminaire, livre VI, Le désir
1958-59 Le Séminaire, Omicar?, 24,
interprétation, Ornicar?,
désir et son interprétation,
1981, 7-31;25,
1981, 1982, 13-36;
7-31; 25, 1982, 26/27, 1983, 7-44.Astrêssessõesfinais
13-36;26/27, 7-44. As três sessões finais
James Hulbert como
por James
trad. por como "Desire interpretation of desire
"Desire and the intetpretation desire
in Hamlet", Yale French Studies,
Hamlet”, YaleFrench Studies, 55/56, 1957, 111-52
55156, 1957, 1-52
11959-60
959- 60 Seminário, livro 7, A ética
O Seminário, ética da psicanálise,
psicanálise, 1988
1960-61
1960- 61 Seminário, livro 8, A transferência,
O Seminário, transferência, 1992
11962
962 'identification, inédito
Le Séminaire, livre IX, L 'Identification,
11962-63
962-63 Le Séminaire, livre 'angoisse, inédito
livre X, L 'angoisse,
11964
964 livro !1 11,, Os quatro
O Seminário, lívro fundamentais da psicaná-
conceitos fundamentais
quatro conceitos psicaná-
lise,
lise, 1979, 2a ed.rev.,
1979, 2ª ed.rev., 1995
1964- 65 Séminaire, livre XII, Problemes
Le Séminaire, cruciaux pour
Problèmes cruciaux pour la psychanalyse,
psychanalyse,
inédito
inédito
1965-66
1965- 66 Séminaire, livre XIII,
Le Séminaire, psychanalyse, inédito
'objet de la psychanalyse,
XIII, L 'objet
1966-67
1966- 67 Le Séminaire, livre XIV, La logique du fantasme, inédito
logique dufantasme, inédito
1967-68
1967- 68 Séminaire, livre XV, L 'acte
Le Séminaire, psychanalytique, inédito
'acte psychanalytique,
11968-69
968- 69 Séminaire, livre XVI, D'un
Le Séminaire, D 'un Autre l 'autre, inédito
Autre à l'autre,
1969-70
1969- 70 O Seminário, livro 17, O avesso
O Seminário, avesso da psicanálise, 1992
da psicanálise,

241
242 O sujeito
sujeito lacaniano
lacaniano

1970-71 Le Séminaire, livre XVIII, D u'un n discours qui ne serait


discours qui serait pas
pas du sem-
sem-
blant, inédito
blant,
11971-72
97 1-72 Le Séminaire, livre XIX, ... ou pire,
pire, inédito
1972-73
1972- 73 Seminário, livro 20, Mais, ainda,
O Seminário, 1982, 22ªa ed.rev.,
ainda, 1982, ed.rev., 1989
1989
1973-74 Le Séminaire, livre XXI, Les
Les non-dupes errent, inédito
non-dupes errent,
1974-75
1974- 75 Séminaíre, livre XXII, R.S.I.,
Le Séminaire, Ornicar?, 2, 1975,
R.S.L, Ornicar?, 1975, 87-105;
87-105; 3,
3, 1975,
1975,
95-110; 4, 1975,
95-110; 1975, 91-106; 1975, 15-66.
91-l06; 5, 1975, 15-66.
1975-76
1975-76 Séminaire, livre XXIII, Le sinthome,
Le Séminaire, Ornicar?, 6, 1976,
sinthome, Ornicar?, 1976, 3-20;
3-20; 7,
1976,3-18;8,1976,3-20;7,1976,3-18;8,l976,6-20;9,l977,32-40;
1976,3-18; 8, 1976,3-20; 7, 1976,3-18; 8, 1976,6-20;9, 1977,32-40;
lo, 1977, 5-12; 11,1977,2-9
10,1977,5-12; 11, 1977, 2-9
1976-77
1976- 77 XXIV, L'insu
Le Séminaire, livre XXIV, que sait
L’insu que de l'une-bévue,
sait de Fune-bévue, s'ai/e
s’aile à
mourre, Ornicar?,
mourre, Ornicar?, 12/13, 1977,
1977, 4-16; 1978, 5-9;
4-16; 14, 1978, 5-9; 16,
16, 1978,
1978, 7-13,
7-13,
17/18, 1979,
17/18, 1979, 7-23
7-23
1977-78
1977- 78 XXV, Le moment
Séminaire, livre XXV,
Le Séminaire, moment de de conclure,
conclure, Ornicar?,
Ornicar?, 19,
19, 5-9
5-9
1978-79
1978- 79 Le Séminaire, livre XXVI, La
Le topologie et le
La topologie /e temps,
temps, inédito
inédito
1980 Le Séminaire, livre XXVII, Dissolution!, Ornicar?, 20/21,
Dissolutionl, Ornicar?, 20/21, 9-20;
9-20;
22/23, 1981,714
22/23, 1981, 714

Da psicose
psicose paranóica
paranóica em suas relações com
suas relações com aa personalidade ( 1932), Rio de
personalidade (1932),
Forense Universitária,
Janeiro, Forense Universitária, 1987
"L'étourdit" (1972), Scilicet,
“L’étourdit” Scilicet, 4, Paris,
Paris, Seuil, 1973
Feminine Sexuality, org.
Feminine Sexuality, org. Juliet Mitchell e Jacqueline Rose,
Rose, Nova York, Norton,
Nova York,
1982
1982
"Joyce le
“Joyce lesymptôme
symptôme I” (1915),JoyceavecLacan,
I" (1975), Paris, Navarin,
Joyce avec Lacan, Paris, 1987, p.24
Navarin, 1987, p.24
"O tempo lógico
“O tempo lógico e a asserção
asserção de certeza antecipada", in Escritos,
certeza antecipada”, op.cit.
Escritos, op.cit.
"A metáfora do
“A metáfora sujeito", in Escritos,
do sujeito”, op.cit.
Escritos, op.cit.
"Posição inconsciente", in Escritos,
“Posição do inconsciente”, op.cit.
Escritos, op.cit.
"Proposition du 9 octobre
“Proposition octobre 1967
1967 sur le psychanalyste (Iªa versão),
l'École" (I
psychanalyste de 1’École” versão),
Analytica,
Analytica, 8, Paris,
Paris, Lyse, 1978
1978
"Propos sur 1’hystérie”,
“Propos Quarto, 2,
l'hystérie", Quarto, 2, 1981
"Radiophonie", Sei/icei,
“Radiophonie”, 2/3, 1970
Scilicet, 2/3, 1970
"A ciência
“A ciência e a verdade",
verdade”, in inEscritos, op.cit.
Escritos, op.cit.
"O seminário
“O seminário sobre
sobre ‘A'A carta roubada"', in Escritos, op.cit.
carta roubada’”, op.cit.
Televisão, Rio de Janeiro, Jorge
Televisão, Jorge Zahar,
Zahar, 1993
1993

Jacques-Alain Miller
Jacques-Alain Miller
Orientation lacanienne,
Orientation lacanienne, seminários inéditos ministrados sobsob osos auspícios
auspícios da
Universidade de Paris VIII -— Saint-Denis,
Saint·Denis, iniciados em 1981
"H20", trad. Bruce
“H2O”, Bruce Fink, in Hystoria,
Hystoria, org.
org. Helena
Helena Schulz-Keil, Nova
Nova York, Lacan
Lacan
Study Notes,
Study 1988
Notes, 1988
"An introduction to Lacan’s
“An perspectives”, in Reading
Lacan's clinicai perspectives", Seminars I & II:
Reading Seminars
Lacan 'ss Return
Retum to Freud, org. Bruce
Freud, org. Bruce Fink,
Fink, Richard
Richard Feldstein
Feldstein e Maire Jaanus,
Jaanus,
Albany, SUNY Press,
Press, 1995
Bibliografia
Bibliografia 243
243

Sigmund
Sigmund Freud
Edição standard das
Edição standard das obras
obras psicológicas
psicológicas completas
completas de Sigmund
Sigmund Freud,
Freud, Rio de
Janeiro, Imago,
Janeiro, Imago, 1976
1976
Papers, Nova York, Basic
Col/ected Papers,
Collected Basic Books,
Books, 11959
959
Origins of
The Origins of Psychoanalysis, org. Marie
Psychoanalysis, org. Bonaparte, Anna Freud
Marie Bonaparte, Freud e Ernst Kris,
Emst Kris,
Nova York, Basic
Nova York, Basic Books, 1954
Books, 1954
Standard Edition
The Standard ofthe
Edition of the Works
Works of
o/Sigmund Freud, Nova
Sigmund Freud, Nova York,
York, Norton,
Norton, 11953-74
953-74
vol.3, Frankfurt, Fischer,
Studienausgabe, vol.3,
Studienausgabe, Fischer, 1975
1975

Outros autores
Outros autores
Badiou, Alain, Manifeste
Manifeste pour
pour la philosophie,
philosophie, Paris, Seuil, 19891989
Elements ofSemiology, Nova
Roland,ElementsofSemiology,
Barthes, Roland, Nova York, Hill and Wang, Wang, 1967
1967
Berger, Peter
Berger, Peter ee Thomas Luckmann, The Social Social Construction
Construction of ofReality,
Reality, Garden
City, Doubleday,
Doubleday, 1966 1966
Bergson, Henri,
Bergson, "Laughter", in Comedy,
Henri, “Laughter”, org. Wylie Sypher, Nova York, Double-
Comedy, org. Double-
1956
day, 1956
Chodorow, Nancy,Nancy, Feminism
Feminism and and Psychoanalytic Theory, New Haven,
Psychoanalytic Theory, Haven, Yale
University Press, 1989
University Press, 1989
Damourette, Jacques
Damourette, Jacques e Edouard
Edouard Pichon,
Pichon,Des mots àà la pensée:
Des mots pensée: Essai de grammaire
Essai degrammaire
langue française,
de la langue Paris, Bibliothèque
française, 7 vols., Paris, Bibliotheque du Français
Français Modeme,
Modeme,
1932-51
1932-51
Descartes, René,
Descartes, René, Philosophica/ Cambridge, Cambridge
Writings, Cambridge,
Philosophical Writings, Cambridge University
University
Press, 1986
Press, 1986
Eink, Bruce, "Alienation
Fink, “Alienation and and separation:
separation: logical moments of ofLacan's of
Lacan’s dialectic of
desire", Newsletter
desire”, Newsletter of ofthe Field, 4, 1990,
the Fredian Fie/d, 1990, 78-119
78-119
- - , A Clinicai
------, Clinicai lntroduction
Introduction to Lacanian
Lacanian Psychoanalysis, Cambridge, Harvard
Psychoanalysis, Cambridge,
University Press,
Press, 1996
1996
- - , “Logical
------, "Logical time and and the precipitation ofof subjectivity”,
subjectivity", in Reading Seminars I
Reading Seminars
& II: Lacan
Lacan ’s 's Retum
Retum to Freud, org. Bruce
Freud, org. Bruce Fink, Richard Feldstein
Feldstein e Maire
Jaanus, Albany, SUNY Press,
Jaanus, 1995
Press, 1995
-· - , Modem
------, Modem Day Albany, SUNY
Hysteria, Albany,
DayHysteria, SUNY Press, em em preparação
preparação
- - , “The
------, "The nature
nature of of unconscious
unconscious thought or or why no one one ever
ever reads Lacan's
reads Lacan ’s
postface
postface to the ‘Seminar
'Seminar on The Purloined Letter"',
Letter”’, in Reading
Reading Seminars &
Seminars I <&
II: Lacan
Lacan 's's Return
Return to Freud, op.cit.
Freud, op.cit
--·-----,
- , “Reading
"Reading Hamlet
Hamlet with Lacan",
Lacan”, in Lacan,
Lacan, Politics, Aesthetics, org. Richard
Aesthetics, org. Richard
Feldstein ee Willy Appolon,
Feldstein Appolon, Albany, Press, 1995
Albany, SUNY Press, 1995
-·-, "Ciência ee psicanálise",
—— , “Ciência psicanálise’*, in Para lerler o Seminário
Seminário 11 de de Lacan:
Lacan: Os
Os quatro
quatro
conceitos fundamentais
conceitos fundamentais da da psicanálise, Janeiro, Jorge
psicanálise, Rio de Janeiro, Jorge Zahar,
Zahar, 11998
998
- - , "There's
------, “There’s no suchsuch thing as a sexual
thing as sexual relationship:
relationship: Existence
Existence and the formulas
formulas
ofsexuation",
of sexuation”, Newsletterofthe
Newsletter of the Freudian
Freudian Fie/d, 1991,, 59-85
Field, 55,, 1991 59-85
Fourier, Charles, The The Passions
Passions of of the Human Sou/, Nova
Human Soul, Nova York,
York, Augustus M.
Kelley, 1968
Gallop, Jane,
Jane, Reading
Reading Lacan, Ithaca, Comell
Lacan, Ithaca, Comell University
University Press, 19821982
244 O sujeito
sujeito lacaniano
lacaniano

Grosz,
Grosz, Elizabeth, in A Reader
Reader in Feminist Knowledge, org. Sueja
Feminist Knowledge, Sueja Gunew,
Gunew, Nova
Nova
York, Routledge, 1991 1991
Heidegger,
Heidegger, Martin,
Martin, Being and Time, Oxford,
Being and Oxford, Basíl
Basil Blackwell, 1980
lrigaray,
Irigaray, Luce,
Luce, Je,
Je> tu,
tu, nous: Towards
Towards a Cu/ture
Culture of Difference, Nova York,
of Difference,
Routledge,
Routledge, 1993
Jakobson,
Jakobson, Roman,
Roman, Selected Writings, vol. 2, Haia,
Selected Writings, Haia, Mouton,
Mouton, 1971
- - , Six Lectures
------, Lectures on Sound
Sound and Meaning, Cambridge,
and Meaning, Cambridge, MIT Press, 1978 1978
Jay, Nancy, "Gender
“Gender and dichotomy",
dichotomy”, inA in/í Reader
Reader in Feminist Knowledge, op.cit.
Feminist Knowledge, op.cit.
Jespersen,
Jespersen, Otto, Language:
Language: lts Nature, Development
ItsNature, Development and and Origin, Nova York, 11923
Origin, Nova 923
Joyce,
Joyce, James,
James, Finnegans Wake, Londres,
Finnegans Wake, Londres, Faber
Faber and Faber, 1939
Faber, 1939
Krípke,
Kripke, Saul, Naming
Naming and Necessity, Cambridge,
and Necessity, Cambridge, Harvard University Press, Press, 1972
Kurzweil, Raymond,
Raymond, The Age Age ofof Intelligent Machines, Cambridge,
Intelligent Machines, Cambridge, MIT Press,
1990
Lee, Jonathan Scott, Jacques Lacan, Boston,
Jacques Lacan, Boston, Twayne, 1990
Twayne, 1990
Lévi-Strauss,
Lévi-Strauss, Claude, Structural Anthropology, Nova
Structural Anthropology, Nova York,
York, Basic
Basic Books, I 963
Books, 1963
Milner, Jean-Claude, lntroduction
Introduction à une science langage, Paris, Seuil, 1989
Science du Zangage, 1989
- - , "Lacan
------, “Lacan and the ideal of of science",
Science*’, ínin Lacan
Lacan and
and the
the Human Sciences, org.
Human Sciences,
Alexandre
Alexandre Leupin, Lincoln, University ofNebraskaof Nebraska Press,
Press, 1991
Nancy, Jean-Luc e Philippe Lacoue-Labarthe,
Lacoue-Labarthe, The The Title ofof the Letter, Albany,
the Letter, Albany,
SUNY Press, 1992
Nasio, J.-D.,
J.-D., Les yeux de Laure. Le concept
Lesyeux concept d'objet
d’objet a dans
dans la théorie
théorie de J.
J, Lacan,
Lacan,
Paris, Aubier, 1987
1987
O'Neill,
O’Neill, John, Making
Making Sense Together, Nova York, Harper and Row,
Sense Together, 1974
Row, 1974
Pascal, Pensées, Paris, Flammarion, 1976
Pascal, Pensées, 1976
l'he Purloined
The Letter, org. John Muller e William Richardson,
Purloined Letter, Richardson, Baltimore, Johns
Hopkins University
University Press, 1988
1988
Para ler o Seminário
Seminário 11 11 de Lacan:
Lacan: Os Os quatro
quatro conceitos
conceitos fundamentais
fundamentais da psica-
psica-
nálise, org. Bruce Fink, Richard
nálise, Richard Feldstein
Feldstein e Maire Jaanus,
Jaanus, Rio de Janeiro,
Janeiro, Jorge
Jorge
1998
Zahar, 1998
Reading Seminars lI & II:
Reading Seminars II: Lacan ’s's Return Freud, org. Bruce
Retum to Freud, Bruce Fink, Richard
Richard
Feldstein e Maire Jaanus,
Jaanus, Albany, SUNY Press, Press, 1995
Roudinesco,
Roudinesco, Elisabeth, História
História da psicanálise 1925-1985, Rio de
psicanálise na França, 1925-1985,
Janeiro, Jorge Zahar, vol. 2, 1988
Russell, Bertrand,
Bertrand, lntroduction
Introduction to Mathematica/ Philosophy, Londres,
Mathematical Phi/osophy, Londres, Allen and
Unwin, 1919
1919
Russell, Bertrand
Bertrand e Alfred North Whitehead,
Whitehead, Principia Mathematica, vol.
Principia Mathematica, vol. 1,
Cambridge, Cambridge
Cambridge Uníversity 191 O
University Press, 1910
Soler, Colette,
Colette, "The
“The symbolic order (I)”, in Reading
order (I)", Seminars lI &
Reading Seminars & II: Lacan's
Lacan’s
Return Freud, op.cit.
Retum to Freud,
Turkle, Sherry,
Sheny, Psychoanalytic
Psychoanalytic Politics:
Politics: Freud's
Freud' s French Revolution, Nova
French Revolution, Nova York,
York,
Basic
Basic Books,
Books, 1978
,
lndice remissivo
índice remissivo

A barrado(~)
barrado (A) ver ver Outro;
Outro; falta verdade
verdade de,de, 151-2;
151-2; compreensão
compreensão
Abraham, K., 1118 18 em; 95;
em; 95; verbalização
verbalização em,em, 44; ver
44; ver
afãnise, 97
afanise, 97 também analista
também
agalma, 11110,
agalma, O, 227n.
227n.13,
13, 82 analista, autorização de,
analista, 91; autorização de, 230nJ6;
230n. l 6;
ajuntamentos, 39-41
ajuntamentos, 39-41,, 48 desejo e,
desejo e, 84,
84, 89-90,
89-90, 174;
174; discurso
discurso
Alcibíades, 225n.8, 82
Alcibíades, 225n.8, 165-6; identificação
de, 165-6; identificação com,
com, 85,
85,
aleatoriedade ee memória,
aleatoriedade memória, 38-938-9 interrupção por, 89, 90-1
por, 89, 90-1;; dever
dever
alienação, 23-76;
alienação, 23-76; castração 125-6;
castração e, 125-6; do, 45; saber
do, saber de,
de, 1112; Outro,
12; como Outro,
fantasia e, 71,
fantasia 89-92; linguagem
71, 89-92; linguagem e, e, 111-3;
11 1-3; papel de,de, 11-2,
11-2, 44, 85, 111;
44, 85,
23, 67-8,
23, 67-8, 72;
72; estádio do espelho
espelho e,e, assexuado, 231n.25;
assexuado, 231 n.25; falando
falando
73; necessidade
73; necessidade e, e, 72;
72; separação
separação e, equivocadamente, 91;
equivocadamente, sujeito
91; sujeito
70, 71,
70, 71, 84,
84, 222n.l2;
222n.12; sujeito
sujeito e, 69,
69, suposto saber,
suposto saber, 112;
112; término
término da
161, 210; vel do,
161, 73-4
do, 73-4 sessão, 89,
sessão, 89, 91
alteridade ver
alteridade ver diferença
diferença angústia, 76,
angústia, 76, 130
130
ambigüidade, 87
ambiguidade, 87 anomalia, 40-52,
40-52, 164
amor, 107-23,
amor, 107-23, 149-50,
149-50, 227nsJ2
227ns.12 ee 13,13, Antropologia estrutural
Antropologia estrutural
233n.54
233n.54 (Lévi-Strauss), 127
(Lévi-Strauss), 127
anagramas, 25
anagramas, antropologia estrutural,
antropologia estrutural, 171
análise: aporia
análise: aporia em, 176,176, 50;
50; aporia, 12,
aporia, 12,50,176, 185
50, 176, 185
associação em, 174;
associação 174; causa
causa na, 172,
172, assexual, 150,
assexual, 150, 231n.25
23ln.25
173; confissão
173; confissão e, 1113; desejo e,
13; desejo associação livre,
associação livre, 92
92
1ll5, 174; discurso
15, 174; discurso de, 48, 159-62,
48, 159-62, 23, 99-100,
autismo, 23, 99-100, 103103
165-67; ética
165-67; ética e,
e, 179;
179; formalização
formalização
177-8; linguística
e, 177-8; lingüística e,
e, 171;
171; Badiou,
Badiou, A., 178, 214
significantes-mestres, 166;
significantes-mestres, 166; banda Moebius, 67,
banda de Moebius, 67, 153
·matemática e, 176; metáforas
metáforas de,de, Banquete 82, 1110,
Banquete (Platão), 82, 87
10, 87
94; propósito
94; propósito de,de, 45,
45, 104,
104, 1114,
14, "Bate-se numa criança”
“Bate-se criança" (Freud),
(Freud), 55
II 7, 151, 166; ciência
117, ciência e, 123,
123, 170,
170, Berman, Tbijs, 239n.6
Berman, Thijs, 239n.6
177-9, 216n.4;
177-9, 216n.4; situação
situação de,de, 12, bissexualidade, 233n.56
bissexualidade, 233n.56
167-8; status
167-8; status de,
de, 178-9;
178-9; sujeito
sujeito
56; relações
em, 56; simbólicas, 115;
relações simbólicas, capitalismo, 126,
capitalismo, 126, 161,
161, 162,
162, 168,
168, 180,
180,
cura pela fala, 44-5;
pela fala, 44-5; termos
termos de,de, 56;
56; 230n.15
230nJ5
transmissibilidade
transmissibilidade de, de, 177-8;
177-8; Caput mortuum,
Caput mortuum, 47,
41, 48, 187
48, 187

245
245
246 O sujeíto
sujeito lacaniano
lacaniano

carta/letra, 12, 25, 36, 39, 43-7,43-7, quê?"


quê?” e, 77; experiência
experiência aleatória
aleatória
187,211,221n.1,240n.5
148-9, 187, 21 1, 221n.l, 240n.5 220; ver também
e, 220; também pai; mãe
"Carta
“Carta roubada,
roubada, A" A” ver "O “O seminário
seminário cross-cap,
cross-cap, 153
sobre 'A carta roubada"'
sobre ‘A roubada*” culpa, 225n.9
225n.9
castração:
castração: alienação
alienação e, 125; além da, cura pela fala, 44-5
226n. l 8; tabu do incesto
226n.l8; incesto e, 138; curva
curva tangente,
tangente, 141
gozo e, 125,
125, 229n.5;
229n,5; estrutura
masculina e, 136-7;
136-7; subjetividade
subjetividade demanda, 9, 22; análise e, 114; desejo desejo
e, 93, 97-8; simbólico, 126, 161 e, 1116;
16; pulsão
pulsão e, 225n.21;
225n.21 ;
categoria
categoria de limítrofe,
limítrofe, 136 linguagem e, 72; amor e, 114;
linguagem
causa,
causa, 47; aristotélica, 233n.49; caput
aristotélica, 233n.49; caput Outro
Outro e, 227n.7,
227n.7, 1111 ·
mortuum
mortuum e, 208; desejodesejo e, 82, 116, “Denegação, A"
"Denegação, A” (Freud),
(Freud), 1118,
18, 228n.22
228n.22
128; interpretação de, 48; dentro/fora,
dentro/fora, 155
psicanálise e, 172-3;
172-3; ciência
ciência e, Derrida,
Derrida, J., 183
172-3 significante como,
172-3 como, 207;
207; Descartes, R., 64-5
Descartes, 64-5
estruturalismo
estrutural ismo e, 51; estrutura vs., uy., desconstrução, 182-3, 234n.57
desconstrução, 182-3, 234n.57
51, 173; subjetivação e, 48, 86-90, 86-90, desejo, 10,
1O, 26, 72; análise e, 84,
174 89-90,
89-90, 115, 174; causacausa de, 82, l 16,
82, 116,
Chistes
Chistes e sua relação
relação com o 144; demanda e, 1116; 16; falta
falta e, 76-7,
76-7,
inconsciente
inconsciente (Freud), 63 129; linguagem
linguagem e, 71-2;
71-2; amor e
Chodorow,
Chodorow, N., 230n. 230nJ4 14 118, 227n.13;
227n.l3; mãe e, 180-1;
180-1; objeto
objeto
cibernética, 21, 28 a e, 107-23,
107-23, 165; objeto
objeto de,
de, 111,
1,
ciência, 170-9;
170-9; causa
causa e, 172; discurso
discurso 115-6; Outro
115-6; Outro e, 77; satisfação
satisfação e,
da, 170-1;
170-1; discurso
discurso da histérica
histérica e, 116; separação
separação e, 73, 76; 76;
173-7; psicanálise
163, 173-7; psicanálise e, 13, significante 128-9, 142; ver
significante de, 128-9,
170-1, 178,
170-1, 178, 216n.4;
216n.4; sujeito da, também
também demanda;
demanda; gozo;
gozo; objeto
objeto a
235n.3; sutura e, 52, 171, 172;
235n.3; desejo
desejo do Outro, 77, 211; 21 1; causa
causa e,
discurso
discurso universitário
universitário e, 142 116; definido,
definido, 211; demanda e,
"Ciência
“Ciência e verdade"
verdade” (Lacan), 163, 163, 171
171 227n.7; indecifrável, 82; nome do,
227n.7; indecifrável,
cifragem, 34, 40, 44-6, 187-210
44-6, 187-210 89; Nome-do-Pai
Nome-do-Pai e, 99;
código,
código, 57-9,
57-9,61,61, 187-210
187-210 responsabilidade
responsabilidade para,para, 111;
1;
cogito,
cogito, 64, 206 significantização
significantização e, 89; 89; ver
combinatórias, 34-8, 187-210
34-8, 187-210 também
também desejo
desejo do Outro,
Outro,
comida, 22 significante
significante do
complexo
complexo militar-industrial,
militar-industrial, 162 deslocamento,
deslocamento, 21, 21 , 33, 46
compreensão, 40-1, 101-4, 101-4, 113, destino, 111,
destino, 1, 92
182-3, 184-5,
182-3, 184-5, 225n.4
225 n.4 dialética da parte/todo, 124, 229n. 1l
Comte, A., 1163 63 dialetização,
dialetizaçao, 46
comunicação errônea,
errônea, 27-8, 225n.4
225n.4 diferença, 109, 227n.6
diferença, 109, 227n.6
condensação,21,33
condensação, 21, 33 "Direção
“Direção do tratamento, A" A” (Lacan),
contradições,
contradições, 165 228n.20
228n.2O
contratransferência,
contratransferência, 1111 11 discordância,
discordância, 59, 138, 138, 23 ln.29
231n.29
controle dos esfincteres,
esfíncteres, 43 discurso, 19-24, 58, 66, 234n.5;
discurso, 19-24, 234n.5; do
cosmologia, 226n.14
226n.l4 analista, 48; analítico, 48, 159-62,
159-62,
criança:
criança: corpo de, 43, ideal do eu, 165-7, 174-5; furo
165-7,174-5; foro no, 63;
56-7; aprendizagem da linguagem,
56-7; aprendizagem linguagem, oportunismo e, 175;
oportunismo 175; quatro tipos,
22-3; Outro e, 71; discurso
discurso 19-20, 159-68,
19-20, 159-68, 234n.5;
234n.5; da
parental e, 110,0, 21,
2 1, 217n.15;
2 17nJ 5; "por
“por histérica, 160,
160, 163-5;
163-5; da criança
criança e,
Índice remissivo
índice remissivo 247
247

71 ; gozo
71 gozo e,e, 163;
163; significado
significado e,e, ver discurso
fala ver discurso
2216-7n.
16-7n. 1I;; do mestre, 160-1; da
mestre, 160-1; da 128-55; definido,
falo, 128-55; definido, 212;
universidade, 162-3;
162-3; polarizado,
polarizado, imaginário, 142-3;
imaginário, 142-3; gozo
gozo e,e, 133-5;
133-5;
175-7; poder
175-7; registros e,
poder e, 175; registros e, 130; desejo
falta e, 130; desejo da mãeOutro
mãeOutro e, e,
175-6; ciência
175-6; ciência e, 164;
164; sujeito
sujeito no,
no, 80; Nome-do-Pai
80; Nome-do-Pai e, e, 81, 223n.9;
223n.9;
59; ver também
59; ver também linguagem fálica e,
função fálica e, 126-31;
126-31;
discurso da histérica,
discurso 160, 163-7,
histérica, 160, 163-7, significante do desejo,
significante desejo, 89,
89, 129,
129,
173-9
173-9 229n.l 1; mulheres
mulheres e, e, 142; ver
142; ver
discurso da universidade,
discurso 162-3, 182
universidade, 162-3, 182 função fálica
também função
também fálica
discurso do mestre,
discurso 160-3, 174-5
mestre, 160-3, 174-5 falocentrismo, 124
falocentrismo, 124
discurso religioso,
discurso religioso, 176
176 cogito, 206
falso cogito, 206
dit-que-non, 61
dit-que-non, ser, 65,
falso ser, 66-7
65, 66-7
falta: desejo
falta: desejo e,e, 76-7,
76-7, 129;
129; lógica
lógica da,
École de
École de la Cause
Cause Freudienne,
Freudienne, 128, 230n.l3;
128, 230n.13; no Outro,Outro, 76-7,
76-7,
232n.35, 236-7n.l
232n.35, 236-7n.l 84-5,, 147-8,
84-5 147-8, 212,
212, 21217n.6;
7n.6;
Écrits
Écrits (Lacan) ver ver resumos
resumos ee superposição, 76;
superposição, 76; função fálica
fálica e,
e,
conceitos específicos
conceitos específicos separação e,
130; separação e, 76; ver também
76; ver também
Einstein,
Einstein, A,,A., 27-8 Outro; significante
falta no Outro; significante de
eros, 177,
eros, 177, 179
179 (S(~)
(S(A)
escansão, 90-2,
escansão, 90-2, 225n.22
225n.22 falta no Outro/desejo
falta Outro/desejo do do Outro:
Outro:
escravo/mestre, 161
escravo/mestre, significante de (S(A),
significante 73-4;
(S(~), 73-4;
escrita, 240n.5
escrita, 240n.5 ambigüidade na, 180,
ambiguidade 180, 232n.36;
232n.36;
espelho, 73,
estádio do espelho, 198, 227n.5
73, 198, 227n.5 definida, 21
definida, 211, 81; gozo
1, 81; gozo feminino
estrutura feminina, 132, 132, 134-5,
134-5, 144,
144, 143-4, 149, 150-1;
e, 143-4, 150-1; "primeira"
“primeira”
154-5, 233n.45;
146, 154-5, 233n.45; verver também
também perda
perda e, e, 143; Hamlet e, 89, 89, 143;
mulheres significante mestre
significante mestre e, e, 145; falo e,e,
estrutura masculina
masculina verver homens
homens 142, 232n.36;
142, 232n.36; mudança no
estruturalismo, 28; 28; causalidade
causalidade e, e, 51, sentido,81,
sentido, 142-3; ver
81 , 142-3; ver também
também
171-2; ex-sistência
171-2; ex-sistência e, 151; teoria
teoria Outro: como falta
Outro: falta
gõdeliana e, e, 155; Lacan
Lacan e,e, 51,
Sl, fantasia: na análise,
fantasia: análise, 221n.7;
221 n. 7; ser
ser e,
e, 84;
84;
153; Outro
153; Outro e,e, 28;
28; fixação na, 45-6; fórmula
fixação fórmula da, 174;
pós-estruturalismo,
pós-estruturalismo, 9, 9, 55,
55, 124; fundamental, 122; 122; inversão
inversão da,
subjetividade e, e, 55
55 240n.4; gozo
240n,4; gozo e, 83-4;
83-4; materna
materna
ética: e psicanálise,
ética: psicanálise, 179179 para, 225n.21;
225n.21; neurose
neurose e, e, 225n,6;
225n.6;
Étourdit, (Lacan), 137
Ètourdit, L' (Lacan), 137 objeto a e,
objeto e, 82,
82, 83-4,
83-4, 120,
120, 139,
139,
eu: cogito e,
eu: cogito e, 65,
65, 206; 146; reconfiguração
146; reconfiguração da, 85, 85, 111;
1;
desenvolvimento do, do, 56;
56; discurso
discurso separação e, 97; travessia
separação da, 97-8,
travessia da, 97-8,
e, 24; distorção
e, distorção e, 57-8;
57-8; falso ser,
ser, 174
174
97; teoria freudiana, 34;
97; 34; isso
isso e,
e, feministas, 146,
feministas, 146, 181
233n.50; identificação
233n.5O; identificação e,e, 145-6;
145-6; filosofia, 162
filosofia, 162
109; produção
outro e, 109; produção de, de, 108,
108, filosofia oriental,
filosofia oriental, 57 57
selfe,
self 24-5; sujeito
e, 24-5; sujeito e,
e, 145 Fink, Héloise, 216n.7
Héloíse, 216n.7
como shifter,
eu como 59-62, 222n,14
shifier, 59-62, 222n.l 4 Finnegans Wake
Finnegans (Joyce), 126
Fftráe (Joyce), 126
ex-sistência, 44, 137-8,
ex-sistência, 137-8, 141-2,
141-2, 151-2,
151-2, física newtoniana, 171
23In.32
231n.32 física: ee psicanálise,
psicanálise, 177 177
êxtase, 152
êxtase, fixação, 45-6,
fixação, 45-6, 9898
êxtase religioso,
êxtase 144
religioso, 144 foraclusão, 99,
foraclusão, 99, 138,
138, 141,
141, 231n.29
231n.29
extimo, 152,
152, 138 forma/substância, 149
forma/substância, 149
248
248 oOsujeito
sujeitolacaniano
lacaniano

fonnalização,
formalização, 236n.6 236n,6 homens,
homens, 133-4,
133-4, 154,
154, 231n.24;
231n.24; desejo
desejo
Fort-Da,jogo
Forl-Da, jogo do, do,35,
35,220220 e,e, 144,
144, 146;
146; histeria
histeria masculina,
masculina,
Foucault,
Foucault,M., M., 183
183 135;
135; estrutura
estrutura masculina,
masculina, 136-40;
136-40;
Fourier, e.,
Fourier, C., 163,
163, 235n.
235n«7 7 subjetivação,
subjetivação, 144;
144; ordem
ordem
Frege,
Frege, G.,G., 230n.13,
230n.l3,235n.5,
235n.5, 236n.7
236n.7 simbólica 143; ver
simbólicae,e, 143; ver também
também
Freud,
Freud, S.:S.: método
método analítico
analítico de,de,104,
104, castração;
castração; pai
pai
113;das
113; das Ding,
Ding,120-1,
120-1, 144;
144; ideal
ideal homônimos,
homônimos,180 1 80
do
doeu,eu,68,
68, 222n.2;
222n.2; Flíess
Flíesse,e,216n.2;
216n,2; homossexualidade,
homossexualidade, 223n.9223n.9
jogo
jogo dodoFort-Da,
Fort-Da, 35, 35, 220;
220; Lacan
Lacan e,e, horda
hordaprimitiva,
primitiva, 23ln.31
231n.31
127,
127, 182;
182;sobre
sobre realidade,
realidade, 22ln.3;
221n.3;
divisão
divisãodo doeu,eu, 67;
67; sublimação,
sublimação, identificação,109,
identificação, 109, 145 145
149;
149;sobre
sobre técnica,
técnica, 182;
182; tradução,
tradução, igual/diferente,
igual/diferente, 84 84
184; ver
184; ver também
também obra obra ee conceitos
conceitos imagem
imagem corporal, 29-30, 43
corporal, 29-30, 43
específicos
específicos impotência,
impotência, 230n.12
230n,12
função
funçãofálica,
fálica,128-55;
128-55; contingente,
contingente, incompletude,
incompletude,49-50 49-50
229n.1
229nJ0; O; definida,
definida,212; 212; foraclusão
foraclusão inconsciente,
inconsciente, 21, 21,24-9;
24-9; como
como
e,e, 140-4
140-41;I; falta
faltae,e, 130;
130; falo
faloe,e, instância,
instância, 63;
63; desejo
desejo e,e, 26;
26;
128-31;
128-31; prazer
prazer e,e,133-5,
133-5, 149-50;
149-50; freudiano,
freudiano, 63;63; como
como linguagem,
linguagem,
mulher
mulhere,e, 135,135, 140, 141;ver
140, 141; ver 21-6;
21-6; linguagem
linguagemdo, do, 187-200;
187-200;
também
também falo falo sentido
sentidoe,e, 40;
40; memória
memória e,e,39; 39;
função
funçãoparental,
parental,78-80,
78-80, 223n.8
223n.8 cadeia
cadeia significante
signifícante e,e, 39;
39; sujeito
sujeito e,e,
furo,
foro,96,96, 101-4,
101-4, 222n.10
222n.l0 26,
26, 41,
41, 62;
62; sujeito
sujeito suposto
supostosaber,
saber,
foturo do
futuro dopretérito/futuro
pretérito/foturo perfeito,
perfeito, 87,
87, 113,
113, 114;
1 14; pensamento
pensamento e,e, 65-6,
65-6,
88,
88, 228n.22
228n.22 221n.7
221n,7
indecidibilidade,
indecidibilidade, 155 155
gênero,
gênero, 121-36,
121-36, 152 152 indestrutibilidade,
indestrutibilidade, 38-9 38-9
Gõdel,
Gõdel,teorema
teorema de, de,50,
50, 155,
155, 177
177 "Instância
“Instância da daletra
letranonoinconsciente,
inconsciente,
gozo,
gozo, 1 1, 83, 124-52; castração e,e,
11, 83, 124-52; castração A"A”(Lacan),
(Lacan), 21-7,
21-7, 33
33
125;
125;desejo
desejoe,e, 12,
12, 107-15,
107-15, 122,
122, intemalização,
125; intemalização, 27 27
125; discurso
discurso e,e, 163;
163; economia
economia de, de, interpretação,
interpretação, 41-2,
41-2, 4848
130,
130, 152;
152; fantasia
fantasia e,e, 83;
83; lei
leie,e, 229;
229; Interpretação
"masturbação Interpretação dos dos sonhos,
sonhos, AA(Freud),
(Freud),
“masturbação mental",
mental”,134-5;
134-5; da da 33, 63, 113
unidade 33,63, 113
unidademãe-criança,
mãe-criança, 83; 83; fálico,
fálico, Irigaray,
134; L., 232n.45,
Irigaray, L., 232n.45, 233n.45
233n.45
134;prazer
prazer e,e, 12;
12; mais-gozar,
mais-gozar, isso,
228n.28, isso, 233n.50,
233n.50, 205205
228n.28, 126;
126; sacrificio
sacrifício de,
de, 126;
126;
de
desegunda
segunda ordem,
ordem,84; 84; semiótico,
semiótico,
23 ln.20; subjetividade Jakobson,
Jakobson, R.,R.,58-9,
58-9, 222n.3,
222n.3, 222-3n.14
222-3n.l4
231n.20; subjetividade e,e, 146;146;
mais-valia, Jay, N.,
Jay, N„ 234n.57
234n.57
mais-valia,122-3;
122-3; simbólico,
simbólico, 12, 12,
134;
134; trauma
traumae,e, 86 86 jogos de
jogos de presença-ausência,
presença-ausência, 76 76
gozo
gozo do
doOutro,
Outro, 12,
12, 134,
134, 141,
141, 149149 Jones, E.,
Jones, E., 129-30
129-30
Grigg, Russel, 2 l
Grigg, Russel, 216n.7 6n. 7
Kemel,
Kemel, 156
156
Hamlet
Hamlet(Shakespeare},
(Shakespeare), 89,89, 143,
143, Klein,
Klein,R.,
R., 214
214
225n.19
225n.l9 Klein,M.,
Klein, M., 118
118
Hegel, G.F.W., 162
Hegel, G.F.W., 162 Kripke,
Kripke, S.,
S., 80,
80, 222n.4
222n,4
Heidegger,
Heidegger, M.,
M., 44,
44, 152,
152, 222n.9
222n.9 Kristeva, J., 183
Kristeva, J., 183
histeria,
histeria,121,
121, 135,
135, 155
155 Kurzweil,
Kurzweil, R.,R.,222n. I6
222n.l6
Homem
Homemdos dos Ratos,
Ratos, caso
caso do,
do, 41
41 Kushner, Howard,
Kushner, Howard, 215 215
Índice remissivo
índice remissivo 249

conceitos básicos
Lacan, J.: conceitos
Lacan, básicos de, 13-4,
de, 13*4, mãe-criança,
mãe-criança, 79, 120, 220;
82-3, 120,
79, 82-3, 220;
abordagem clínica de,
32; abordagem
32; 90-2,
de, 90-2, nome
nome e, 80; objeto a e, 82;
80; objeto Outro
82; Outro
sobre cogito,
185-6; sobre
185-6; crítica de,
cogito, 65; crítica 23-4, 76; voz da,
e, 23-4, 117-8
da, 117-8
sobre Descartes,
182; sobre
182; 64-5; final
Descartes, 64-5; ainda (Lacan),
Mais, ainda 124-53
(Lacan), 124-53
início, 104; sobre
vs. início, Freud, 104,
sobre Freud, 104, mais-gozar, 161, 224n.l6,
mais-gozar, 161, 228n.28,
224n.16, 228n.28,
182; sobre 222n.9;
Heidegger, 222n.9;
sobre Heidegger, 122
122
pós-estruturalismo e, 9,
pós-estruturalismo 55; sobre
9, 55; sobre além do princípio
Mais além principio de de prazer
prazer
recalque,
recalque, 25;25; leitura de, 184;
de, 184; 35, 220
(Freud), 35,220
(Freud),
sujeito dividido, 66-7;
sujeito dividido, como
66-7; como mais-valia, 122-3, 228n.28
mais-valia, 161, 122-3, 228n,28
estruturalista, 9,
estmturalista, 234n.57;
9, 51, 234n,57; Marx, 180, 228n.28
122, 180,228n.28
Marx, K., 122,
como professor,
como 82; traduções,
professor, 1182; traduções, significante), 60
(como significante),
"mas" (como
“mas” 60
16; trabalhos de,
16; 184-5; ver
181-2, 184-5;
de, 181-2, ver 134-5
masturbatório, 134-5
masturbatório,
também trabalhos
também conceitos
trabalhos e conceitos maternas, 17, 50,
maternas, 16, 17, 172,
132, 172,
83, 132,
50, 83,
específicos
específicos tambémfonnas
ver também
211-2; ver formas
lalangue, 221 n.13
lalangue, 221n.l3 específicas
específicas
lampejo, como, 94
lampejo, sujeito como, 94 matemática, 124, 162, 176-7_
162, 176-7
19,20,62,63,69,
lapso, 19,
lapso, 20, 62, 63, 69, 166 166 linguagem, 148,
materialidade de linguagem, 148, 151
Leclair, S., 40
Leclair, S., meio médico
médico e, 13, 28
e, 13, 28
229n.29, 173
154, 229n.29,
lei, 154, 173 memória, 38-40, 1119
memória, 38-40, 19
lembrando ver
lembrando ver memória metáfora, 33, 81,
metáfora, 21, 33, 181,
93-5, 181,
81, 93-5,
lendo entendendo, 182-3
lendo e entendendo, 22ln.8
221n.8
Lévi-Strauss, C.,
Lévi-Strauss, 127, 171
C., 127, metalinguagem,
metal inguagem, 159, 168
159, 168
libido, economia da, 130 130 metonímia,
metonímia, 21, 33 33
linguagem, 26, 34; alienação e,
34; alienação e, 23-4, J.-A., 15,
Miller, L-A., 200, 214, 217n.18,
75, 200, 217n.l8,
67-8, assimilação de, 23,
67-8, 72; assimilação 78;
23, 78; 221n.l
221n.l 1,l, 222n,21, 237n.2
229n.6, 237n.2
222n.21, 229m6,
cifragem, e, 71
desejo e,
cifragem, 40; desejo 71;; vida de,
vida de, Milner, J.-C,
Milner, 236n.14
J.-C., 236n.l4
126; materialidade da, 149;
32, 126;
32, 149; imperfeito, 87,
modo imperfeito,
modo 224n.17
87, 224n.l7
desejo da mãe e, 80;
desejo 80; língua mulheres, 124-55;
mulheres, 229n. l;
classe de, 229n.l;
124-55; classe
materna do do Outro, como
23-4, 24; como
Outro, 23-4, desejo e,
desejo e, 142, de,
troca de,
146; troca
142, 146;
Outro, 68; psicose
32, 68;
21-2, 32,
Outro, 21-2, psicose e, e, 78; 230n.12; 154-5;
230nJ2; lei e, 154-5;
inconsciente e,
inconsciente 21-6; ver
e, 21-6; também
ver também não-existência
não-existência da mulher, 144-5; 144-5;
discurso; significante; ordem
discurso; ordem aberto, 155; gozo
como conjunto aberto,
como gozo
simbólica Outro para
Outro, 135; Outro
do Outro, para ela
artificiais, 33-40,
linguagens artificiais, 187-210
33-40, 187-210 função fálica
135; função
mesma, 135; e,
fálica e,
57-62, 171, 172
lingüística, 57-62, significante da
143; significante
140-2; real, 143;
140-2;
literalização, 178, 187
Iiteralização, 178, 145; subjetivação
Mulher, 145; subjetivação e, e,
lógica, símbolos
lógica, 137-8, 155
símbolos da, 137-8, simbólica e,
ordem simbólica
144-8; ordem
144-8; 134;
e, 134;
137-8
clássica, 137-8
lógica clássica,
lógica também estrutura feminina;
ver também
lógica recursiva, 222n.16
lógica recursiva, 222n.l6 sexuação
sexuação
logos, 141
logos,
91, 212
losango, 91,212
losango, Nachtrãglichkeit,
Nachtràglichkeit, 8781
Lupton,
Lupton, Julia, 214 nada, 74
nada, 74
lutas de poder, 167
poder, 167 não-senso,
não-senso, 41, 103, 161
41, 103,
ofUnconscious
"Nature of
“Nature Thought or
Unconscious Thought
mãe, desejo da, 72, 76-81,
73; desejo
mãe, 73; 180,
76-81, 180, Why No One Ever Lacan's
Reads Lacan’s
Ever Reads
231n,19; 79, 224n.l
e, 79,
231 n.19; pai e, 8;
224n.l8; Postface Seminar'on
Postface to the Seminar The
on The
Fort-Da
Fort-Da e, 220; gozo
e, 220; 83;
gozo e, 83; Purloined Letter" 227n.3
Letter” (Fink), 227n.3
linguagem da, 81;81; díade alienação, 72
necessidade, ee alienação,
necessidade,
250
250 sujeito lacaniano
O sujeito lacaniano

negação, 59, 76, 138,


negação, 138, 231n.29
231 n.29 olhar, 117,118
olhar, 117, 118
nem/nem, 76 ordem simbólica, 34,
ordem 34, 79;
79; aporias
aporias da,
definida, 225n.21;
neurose, 100; definida, 50, 176; causa
50, causa na, 48; cadeia, 39,
48; cadeia, 39,
discurso da, 90; fantasia e,
discurso e, 225n.6;
22Sn.6; 46-7, cifragem, 44-6;
46-7, 51, 67; cifragem, 44-6;
interesses imaginários,
interesses imaginários, 1112;
12; extra-simbólica, 153-4;
extra-simbólica, 153-4;
significante-mestre e,
significante-mestre e, 103; nome
nome e,e, incompletude da, 49-50;
incompletude 49-50; gozogozo e,e,
89; caminho além,aléin, 102-4,
102-4, 144
144 linguagem e,
133; linguagem e, 75, matemática
matemática
nó borromeano,
borromeano, 1153 53 176; memória e, 38; Outro e,
e, 176; e, 28;
28;
nome,
nome, 75, 80,80, 89,
89, 222n.4;
222n.4; ver
ver também
também paradoxos
paradoxos da, 176; 176; real e, e, 43-7,
43-7,
significante
signifi cante 187; auto-excedente
187; auto-excedente de, 47; 47; sujeito
sujeito
Nome-do-Pai: ambiguidade
ambigüidadeno, 180;
no, 180; 30-1, 173;
e, 30-1, 173; mulheres e, e, 134;
134; ver
ver
180;
definido, 79, 180; também linguagem; letra;
também letra;
significante-mestre, 79, 166,
significante-mestre, 166, 21
211;
1; significante(s)
significante(s)
desejo do Outro e, 99,
desejo 99, 231n.l9;
231 n.19; orgasmo, 149-50
orgasmo, 149-50
falo e,
falo e, 881;
1; psicose e, 99;
psicose e, 99; ou/ou, 73
ou/ou,
significante e, 99,
significante 99, 226n.l5,
226n.15, 21 211;
1; Outro, 9, 19-101,
Outro, 19-101, 206;
206; representação
representação
também pai; falo
ver também
ver binária do, 204;
binária do, 204; demanda
demanda e, 1O,
e, 10,
nomes
nomes próprios,
próprios, 75 31; desejo
31; desejo e, 9,9, 31,
31, 76-7;
76-7; discurso
discurso
do, 20, 21;
do, 21; fala
fala do eu
eu e,e, 216n.2;
216n.2;
teoria de
O eu na teoria de Freud (Lacan), 34
Freud (Lacan), faces do, 31
faces 31;; como
corno gozo,
gozo, 31,9;
31, 9;
objeto, 107-23;
objeto, I07-23; análise e, e, 1112; desejo
12; desejo objeto e,
objeto e, 227n.7,
227n. 7, 111-2;
111-2; comocomo
e, 111, 107-23; letra
1, 107-23; letra e, 12; perda,
perda, falta, 21
falta, 211, 217n.6;
1, 21 linguagem
7n.6; linguagem
1118-20; Outro e,
18-20; Outro e, 11
111-16, 228n.19;
1’16, 228n.l9; como, 9-10,
como, 9-10, 21; objeto
objeto a, a, e, 147,
147,
satisfação e, 120;120; significante do, 233n.53; diferença,
233n.53; diferença, 9, 12, 149; 149;
ver também
147; ver objeto a
também objeto parental, 57,
57, 227n.7;
227n.7; separação
separação e, e,
objeto a, 107-23;
objeto 107-23; seio
seio e,
e, 240n.5;
240n.5; sajeito e,
147; estrutura e, 143; sujeito e, 10;
caput mortuum
caput mortuum e, e, 187;
187; como
como ordem simbólica e,
ordem e, 28;
28; ver
ver
causa, 201,
causa, 201, 235n.l4;
235n.14; definido, também falta no Outro;
também falta Outro; desejo
desejo do
desejo e, 107-21, 165-6,
211; desejo 165-6, Outro
222n.13; exemplos de,
222nJ3; de, 18;
18; Outro, falta(~).
Outro, falta 217n.6; definido,
(A), 217n.6;
ex-sistente, 151-2;
ex-sistente, 151-2; fantasia e, e, 83,
83, 211; família e, e, 77,
77, 147;
147; objeto
objeto a e, e,
97, 146,
97, 146, 228n.23;
228n.23; discurso da separação e, 85
147; separação 85
histérica e,
histérica e, 164-5; gozo
gozo e, 212; sobredetenninação, 26,
sobredeterminação, 26, 221n.6
22ln.6
perda
perda e, e, 102; mãe-criança
mãe-criança e, e, 82, Jim, 214
Ovitt, Jim, 214
1120; Outro
1120; Outro e, 82-5,
82-5, 147,212,
147, 212,
233n.53; polivalência do,
233n.53; do, 12;
12; real pai: família e, 78; díade
díade criança-mãe,
criança-mãe,
129, 134,
e, 129, 134, 165,
165, 176, 181;
18l;resto,
resto, 224n.12; originário,
224nJ2; originário, 138;
138;
relação sexual
200; relação sexual e, 151,
151, significante primordial, 20, 78;
primordial, 20,
231ln.33;
23 n.33; fontes para, 118-9;
118-9; relação sexual e, 139; ver
relação sexual ver também
também
sujeito e, 82; mais-valia e, 122, 122, Nome-do-Pai;
Nome-do-Pai; função paterna
228n.28; movimento
161, 228n.28; palavras portmanteau, 99
palavras portmanteau,
simbólico e, e, 134; verdade
verdade e, e, 164-5
164-5 paradoxo,
paradoxo, 49-52, 164~5, 176,
49-52, 164-5, 176, 21
2111
teoria relações objetais,
teoria das relações objetais, parapraxis, 19, 33
parapraxis, 19, 33
227n.7, 228n.18
227n.7,228n.l8 "Parêntese dos parênteses"
“Parêntese dos parênteses” (Lacan),
objetos perdidos,
objetos perdidos, 1118-20
18-20 193,201
obsessão, 121, 134-6
obsessão, 134-6 complexo
complexo de 235n.4
Pascal, 235n.4
Édipo, 81, 126 178
passe, 178
ódio, 109 Peirce, C.S., 231 n.28
Peirce, C.S.,231n,28
Índice remrssivo
índice remissivo 251

pênis,
pênis, 125 recalque,
recalque, 25, 98-9,
98-9, 143,
143, 226ns.13
226ns,13 e
pensamento e ser, ser, 64-6
64-6 231n.19
15, 231n.l9
Pequeno Hans,
Pequeno Hans, caso
caso do,
do, 79,
79, 166
166 registros, 175-7; ver
registros, 175-7; ver também
também registros
registros
percepção, irrelevância
percepção, irrelevância da, 96 96 específicos
específicos
Petit ver objeto
Petit a ver objeto a registro imaginário: diferença
registro imaginário: diferença e,
e,
Platão, 82,
Platão, 82, 87,
87, 1110, 149
10, 149 227n.5; estádio
227n.5; estádio do
do espelho,
espelho, 73,
73,
poder, discurso de, 159
poder, discurso 159 198, 227n.5;
198, 227n.5; relações 108;
relações em, 108;
Poe, Edgar Allan, 9
Poe, 145-7
identidade sexual, 145-7
polarização: de discurso,
discurso, 174-77,
174-77, 178 Reinhard, Kenneth, 214
pontuar, 90 relações simbólicas,
relações simbólicas, 111-6
pós-estruturalismo,
pós-estruturalismo, 9, 9, 55,
55, 124 relativismo, 159
"Posição do inconsciente”
“Posição inconsciente" (Lacan),
(Lacan), repetição, 119-20, 204
repetição, 119-20, 204
233-4n.56
233-4n.56 resto, 46
46
positivismo, 236n.6
236n.6 rivalidade, 11 O
rivalidade, 110
prazer órgão, 134
prazer do órgão, 134 rivalidade fraternal, 109
rivalidade fraternal, 109
precipitação, 83-92, 93-4,
precipitação, 83-92, 93-4, 102-4
102-4 romance: entendimento, 183
romance: e entendimento,
princípio da incerteza
incerteza de Heisenberg,
Heisenberg, Rose, J.-J., 233n.47
233n.47
164-5, 173-4,
164-5, 173-4, 177,
177, 236n.8
236n.8 Rousseau, J-J., 23
Rousseau,
Russell, B., 40, 29,
Russell, 29, 50,
50, 221ns.l2
221ns.12 e 15
15
principio de realidade,
princípio realidade, 79,
79, 127
127
princípio de prazer, 12, 79, 127
prazer, 12, 127
S(l) ver
S(A) ver falta no Outro/desejo
Outro/desejo do
procedimentos genéricos, 178
procedimentos genéricos, Outro, significante
Outro, significante
proibição,
proibição, 80 saber, 42, 162-3
saber, 162-3
Projeto
Projeto para
para uma psicologia
psicologia satisfação, e desejo,
satisfação, desejo, 1116
16
cientifica (Freud),
cientifica (Freud), 120
120 Saussure, F., 227n,6
Saussure, 227n.6
pronome pessoal, 59, 61
pessoal, 59, seio, 120,
seio, 120, 228n.23,
228n.23, 240n.5
240n.5
"Propos sur l'hystérie"
“Propos (Lacan), 163
Phystérie” (Lacan), 163 Self, como eu, 24-524-5
Psicologia
Psicologia de de grupo análise do ego,
grupo e análise "Seminário sobre
“Seminário sobre ‘A carta roubada”’
'A carta roubada"'
204 (Freud),
204 (Freud), (Lacan): posfácio
(Lacan): do, 1187-209,
posfácio do, 87-209,
psicologia
psicologia do ego,ego, 56,
56, 85,
85, 91 218n.5,
21 colocação de
8n.5, 220; colocação
Psicopatologia
Psicopatologia da vida vida cotidiana,
cotidiana, A parênteses,
parênteses, 1116; causa e, 47;
16; causa 47;
(Freud), 63 desejo e, 1116;
desejo carta/letra e, 43;
16; carta/letra 43;
psicose, 67, 71, 78,
psicose, 67, 78, 99,
99, 100,
100, 226n.l2
226n.12 cadeiasigníficante
cadeia signifícante e,e, 39,
39, 46-7;
46-7;
publicação, 237n,3,
publicação, 237n.3, 186186 inconsciente e,
inconsciente e, 33-4
33-4
pulsão, 1119, 213, 225-6n.l0,
19, 213, 225-6n.10, 226n.l
226n.111 interpretação e,
sentido, interpretação e, 40-1,
40-1, 95
95
pulsões, 98, 213, 226n.l
pulsoes, 98, 226n.l 1l separação: alienação
separação: alienação e, 70,70, 71; desejo
desejo
"Purveyor
“Purveyor of ofTruth, The" (Derrida),
Truth, The” (Derrida), fantasia e,
e, 73, 76; fantasia
e, 90-2;
e, 90-2;
124 metáfora
metáfora e,e, 81; neuróticos l 04,
neuróticos e, 104,
225n.21; Outro e, 84,
225n.21; 84, 147;
racionalização,
racionalização, 39,39, 65 estrutura parentética,
parentética, 210; sujeito
sujeito
real: corpo
corpo e, 43; caracterizado,
43; caracterizado, e, 97-104;
e, 97-104; uso do conceito,
conceito, 8585
175-6; ex-sistência,
175-6; ex-sistência, 44;
44; letra e,
e, 43;
43; ser, 10, 64-6,
ser, 64-6, 84,
84, 100-4,
100-4, 221n.5
22ln.5
modelo de, 2206;
2206; movimento em Ser e tempo
Ser tempo (Heidegger),
(Heidegger), 222n.9
222n.9
181 ; objeto
direção, 181; objeto a e,e, 115-8,
115-8, sexuação, 124-55,
sexuação, 124-55, 172
165, 21
165, 211; realídade vs.,
1 ; realidade 44;
ví., 44; Sexualidade
Sexualidade feminina (Lacan), 124-53
feminina (Lacan), 124-53
segunda ordem,
segunda ordem, 46;
46; simbólico e, "Sexualidade feminina" (Freud),
“Sexualidade feminina” (Freud),
43-70, 187;
43-70, 187; verdade 172-4; não
verdade e, 172-4; 223n.8
223n.8
rasgado, 22ln.2
rasgado, 221n,2 Shakespeare; 89
Shakespeare, 89
252 O sujeito
sujeitolacaniano
lacaniano

shifiers,
shifters, 58-9,
58-9, 61,
61 , 68,
68, 222-3n.14
222-3n. 14 substância, 148, 34, 12
substância,
significante(s),
signifícante(s), 57-9; advento do, do, substituição, 81, 93, 221 n. 8
221n.8
230n.13;
230n.I3; binário,
binário, 98; corpo
corpo e, "Subversão
“Subversão do sujeito
sujeito e dialética do
29-30; furo
fiiro entre,
entre, 96, 101-4;
101-4; desejo"
desejo” (Lacan),
(Lacan), 99 99
cadeia
cadeia de, 39, 51,5 1, 67; caput
caput sujeito,
sujeito, 88, 97; advento
advento do, 10-1,10-1, 93,
mortuum
mortuum de, 207; aspecto
aspecto causal,
causai, 232n.44;
232m44; como como alienado, 69-70;69-70;
207; conjunto
conjunto completo de, 49-50; 49-50; análise
análise e, 165-6;
165-6; suposição,
suposição, 55, 55, 69,
desejo
desejo e, 128, 147; dialetização,
dialetizaçao, 86;
86; como
como furo,
furo, 63, 93-4, 101-4,
93-4, 101-4,
103, 166;
166;ex-sistênciade,
ex-sistência de, 148; 96; cartesiano,
cartesiano, 64-5;
64-5; castração
castração e,
lampejo
lampejo entre,
entre, 94; interpretação
interpretação e, 96; causa
causa e, 48, 72-81,
72-81, 86,86, 87-90,
87-90,
41; letra, 12,43-7, 148,211, 173; estruturas
estruturas clínicas,
clínicas, 31, 172;
221n.
221n.l,l, 240n.5;
240n.5; lógica
lógica do,
do, 137; nos estudos
estudos culturais, 232n.44;
232n,44;
mestre,
mestre, 1101-4,
0 1-4, 1166,
66, 211;
2 1 1; neurônios
neurônios definição de, 9, 93; 93; no discurso,
discurso,
como, 121; natureza
natureza não-senso
não-senso do, 61; eu vs.,
w., 145; como
como conjunto
41, 148, 94; objeto
objeto e, 147; vazio, 75; destino e, 92; estrutura
exigindo prazer,
prazer, 29-30;
29-30; desejo
desejo do feminina, 144-8, 233n.45
feminina, 144-8, 233n.45 e 46; 46;
Outro e, 81,
81, 141-51,
141-51, 180,211,
180, 211, como
como lampejo,
lampejo, 94-5;
94-5; freudiano,
freudiano,
232n.36;
232n.36; função
função paterna
paterna e, 79; 63; como
como eu,eu, 68; no real, 96; saber saber
papel do, 133; primordial,
primordial, 78-80,
78-80, e, 42; teoria lacaniana do, do, 55-70;
55-70;
99; nome próprio, 78; relação tempo lógico
lógico do, 86-8;
86-8; como
como
entre, 88; recalque
recalque e, 98; sexuação
sexuaçao falta-a-ser,
falta-a-ser, 74; como
como marca,
marca,
e 147; significância,
signifícância, 12, 88, 89, 240n.5;
240n.5; estrutura
estrutura masculina,
147, 148; significação,
significação, 41, 166; 144-8; metáfora
metáfora e, 93-5;93-5; origem
origem
significado e, 40, 121, 226n. l l;
226n.ll; do, 121; desejo
desejo do Outro e, 10, 10, 72;
72;
subjetivado e, 94, 211, 21 1, 226n.13,
226n,13, parentética e, 21
estrutura parentétíca 21O;0;
75; mais-valia, 222n.l
222n.l7; 7; topologia posição
posição do,do, 1112-5,
12-5, 217n. l 7; puro,
217n. 17;
de, 153; unário, 96-7;96-7; inconsciente
inconsciente 173; real e, 96;
96; recusa,
recusa, 73;
e, 42; ver também
também linguagem;
linguagem; saturado, 173; significantes
saturado, 173; signifícantes e, 39, 39,
Nome-do-Pai;
Nome-do-Pai; ordem ordem simbólica 42,
42, 60, 67, 147; lampejo,
lampejo, 94;
significante-mestre,
signifícante-mestre, 101-4,101-4, 166,211
166, 211 divisão do, 66-7,
66-7, 84;
significante primordial,
primordial, 78, 80, 99 estruturalismo e, 55; 55; suturando
suturando e,
significante
signifí cante unário,
unário, 135 171-4; ordem
171-4; ordem simbólica e, 173, 173, 30;
Silver,
Si 1ver, Marc, 214 status
status temporal,
temporal, 86-8;
86-8; três tempos
tempos
símbolo do diamante, 91, 212 do,
do, 93;
93; topologia
topologia do, 222n.14;
222nJ4;
sintaxe, 34-8, 220 duas faces do, 111, 1, 93-104,
93-104, 2216n.2;
l 6n.2;
sintomas, 30, 41, 97, 155, 166, ll3
166, 113 inconsciente e, 26, 42; ver também também
sistema(s), 11, 130-1,
130-1, 155; sujeito barrado; conceitos
sujeito barrado; conceitos
sistemas binários,
binários, 33-40, 187-210,
33-40, 187-210, especíjicos,processos
específicos, processos
220, 234n.61 sujeito
sujeito barrado($):
barrado ($): alienação e, 72;
Smith, John, 214 análise
análise e, 90; discurso
discurso do analista
"Sobre
“Sobre a teoria
teoria do simbolismo
simbolismo de e, 165-6;
165-6; definido,
definido, 211;
211; fantasia
fantasia e,
Ernest
Emest Jones"
Jones” (Lacan),
(Lacan), 129 97,
97, 125; primeiro
primeiro significante
signifícante e,
Sócrates, 82
Sócrates, 63; discurso
discurso da histérica
histérica e, 163,
163,
Soler,
Soler, Colette, 214, 216n.6216n.6 167; significante-mestre
signifícante-mestre e, 103;
sonhos, 21, 25, 33, 45, 166, 166, 217n.
217n.l,l, metaforização
metaforização e, 103; sujeito
220n.7
220n.7 dividido e, 67; discurso
discurso da
sublimação, 144, 149, 232n.37,232n.37, universidade e, 162 162
233n.55
233n.55 sujeito
sujeito dividido, 66-7,
66-7, 84
índice remissivo
Índice remissivo 253
253

sujeito
sujeito posicional,
posicionai, 235n.5
235n.5 tradição
tradição anglo-americana,
anglo-americana, 85, 167
Sullivan, Henry, 216n.7 tradução, 183-5
tradução, 183-5
supereu,
supereu, 27, 127-8
127-8 transferência,
transferência, 113, 114
suposição, 10-11,
suposição, 10-1 1, 48-69,
48-69, 85-92
85-92 trauma, 45-8,
45-8, 86
sutura, 52, 171-4, 236n.8
52, 171-4, 236n.8 Três ensaios
ensaios sobre
sobre a teoria
teoria da
sexualidade
sexualidade (Freud),
(Freud), 1119
19
tabu do incesto,
incesto, 127, 133,
133, 138
Televisão (Lacan),
Televisão 164
(Lacan), 163, 164 um-a-menos,
um-a-menos, 235n.12
235n.l2
"Tempo
“Tempo lógico
lógico e a asserção
asserção de
certeza
certeza antecipada"
antecipada” (Lacan),
(Lacan), 87-9
87-9
temporalidade, 86-7 vel, 73-8
73-8
86-7
teoria
teoria da correspondência,
correspondência, 33 verdade, 165, 171-4,
verdade, 163, 165, 171-4,235n.4
235n,4
teoria
teoria dos conjuntos,
conjuntos, 39, 75, 155,
155, Verstehen, 95, 225n.4
Verstehen, 225n.4
223n.4,
223n.4, 229n.
229n.l l vislumbrar (ver),
(ver), 88
88
teoria
teoria gráfica,
gráfica, 188, 195 Vorstellungsrepriisentanz, 25, 98,
Vorstellungsrepràsentanz,
referencial, 33
teoria referencial, 217n.8, 226n.l 1l
2I7n.8, 226n.l
teste da realidade, 111919 voz, 117-8
topologia, 153, 154-55,
154-55, 224n.14
224nJ4
Totem e tabu (Freud), 138 138 Winnicott, D.W.,
D.W., 114, 118
traço, 1177
77 Wo Es war, soll
soll !eh
Ich werden,
werden y 111,
1, 68,
traço unário,
unário, 204
204 69, 92, 222-3n.14
222-3n,14
. ÊstélWò apresenta a originalíssima teóriã ,
dá/subjejiyidadé encontrada n a o b r a cíé . >
JácqúesiLacàn. ínsurgindo-se contra a .
• têndêricía dos pensadores pós-estrutufalistas ■
que anunciam “a morte dp sujeito”, Bruce
Fink investiga ó que significa ser sujeitò:-
;
Como alguém se torria, sujeito? Quais são
■■ . ás condições responsáveis pôr um fracasso:
nesse’processo?De que ferramentas dispõe
o ánálistã para: provocar uma “precipitação. H
:
da subjetividade"? . s ’

Aó guiar luçidamente os leitores através do


labirinto: da teoria lacaniana - que abrange
noções centrais como Outro, objeto a, in-
consciente estruturado corno linguagem/
alienação e separação, metáfora paterna,
gozo é diferença sexual - o autor demonstra
um prófundo conhecimento d o trabalho:
. dínicó é teórico de Lacan,

Utilizando toda' a sua/experiência como


psicanalista e professor, Fínk orienta o leitor
passo a pjasso através do sistema conceituai- .
lácaniano, mostrando qué.Lacan promoveu :
o renascimento d o sujeito em toda sua
. força cognitiva e ética. A responsabilidade
ética do sujeito emergeria da impossibilida-
de lógica dá mais comum das experiências,
humanas - 0 fato de que “não existe a re-.’
laçâp. sexual”; .que nosso dçsejo mais pro-
fundo não é “nosso”;. que a temível castra-
çãò já ocorreu; qúe a sexualidade feminina <
não é.á séxualidade da mulher; que o sujeito:..
não é individual, mas uma expefiêricia pas-i
. sageira iluminada pór úma metáfora.

: is Apresentando a teoria de Lácâh no contexto . .


, d,e súas preocupações ciítj.iças; o presente

Você também pode gostar