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JACQUES LE GOFF
JEAN-CLAUDE SCHMITT
Volume l
Coordenação da tradução
Hilário Franco Júnior
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editor:a
unesp
Dictionnairc raisonné de l'Occídcnt 111édiéval,
sob a direção de Ja cques Le Goff e Jea11-Clat1de Scl1n1itt
© 1997 Librairie Artl1e1ne Fayard.
© 2017 Editora Unesp
0545
Dicio11ário analítico do Ocidente medieval: volume I / Jacques Le
Goff, Jean-Claude Schmict (Orgs.); tradução coordenada por Hilário
Franco Júnior. - São Paulo: Editora Unesp, 2017.
Editora afiliada:
Apresentação . 9
Prefácio. 13
Alé1n. 25
Alimentação . 41
A11in1ais . 67
Anjos. 80
Artesãos . 95
Assembleias . 105
Bíblia. 120
J
Dicionário analítico do Ocidente n1edieval
Caça. 158
Castelo . 173
Catedral . 196
Cavalaria . 210
Centro/periferia . 227
Cidade. 247
Corte .302
Cotidiano. 318
Deus.338
Dia.b o .358
Direito(s) .373
Escolástica . 411
Estado. 444
Fé· 459
Feitiçaria . 473
Feudalismo . 489
Flagelos . 512
6
Sumário
Guilda. 546
Heresia . 561
História. 583
Imagens . 658
'
Império . 675
Indivíduo . 691
Islã. 703
"
Indice onomástico . 723
7
Apresentação
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Dicio11á1·io a11alítico do Ocidente 111edicval
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Prejácío à edí§ão brasileira
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Dicionário analítico do Ocidente 111edieval
JACQUES LE GoFF
JEAN-CLAUDE ScHMITT
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-
Prefácio
13
Dicioná1·io analítico do Ocidente 111cdieval
de às ambições desta obra: 11ão apenas forn ecer i11for1nações, 111as traduzir
o constante desenvolvi1nento de un1 saber - a história da Idade Média -
'
trazer até nós as l1ipóteses dos pesquisadores, revelar seus debates, escla-
recer uma l1istória e111 transfor1nação, tudo fu11da111e11tado e111 a11álises e
conl1ecimentos precisos.
Como todo dicionário, este segue urna orde1n alfabética, que é neutra e
facilita a consulta. Mas os verbetes que o co1npõe111 não estão si1nplesmen-
te justapostos uns aos outros de 1naneira arbitrária. Através de utn jogo de
remissões cruzadas, eles formam u1n siste111a, definem subconjuntos que
favorecem a compreensão das diversas esferas constitutivas da sociedade
e da cultura medievais. Ao tnesmo te111po, a va11tagem de un1 dicionário é
de não impor a p1·iori ner1huma orde1n de leitura: toda entrada, no co111eço,
no meio ou no final da obra, é válida, e deve permitir, pouco a pouco, uma
apropriação progressiva do conjunto de uma matéria imensa e co1nplexa.
Não há aqui, como em um livro con1um, um percurso obrigatório, linear,
e sim um feixe de atalhos do qual cada pessoa pode se servir a seu modo.
Para satisfazer essa ambição, deveríamos propor verdadeiros artigos,
suficientemente ricos e extensos para apresentar em sua complexidade os •
..
11omes próprios (por exemplo t "Ven eza")
~ • As urni·cas exceçoes
- sao:
- "Rorna " ,
qtte aqui designa mais do que a cidade com esse nome, a memória da Roma
antiga e o coração da Igreja latina; "Bizâncio", entendida em sua mútua re-
lação com o Ocidente; "Jerusalém", compreendida como um l1ugar mítico,
o centro ideal das representações do mundo na Idade Média. Do mesmo
modo, fatos sociais particulares, tais como "talha,~, "ordenação de cavalei-
ro", ''heráldica'' ou "cônego'', não constituem títulos de artigos, mas, ape-
sar dissot não são esquecidos. Eles fazem parte de conjuntos mais vastos
que lhes conferem todo seu sentido, por exemplo, nos artigos ''Cavalaria'',
'' S"1mbo1o ,, ou ,,.l"\Ssem
" 61 e1as
. ". Igua lmente, gran des acontecimentos
· como
concíliost batalhas decisivas, conflitos (Guerra dos Cem Anos) , rupturas
(Grande Cisma) são apresentados num contexto mais fundamental: a h is-
tória da Igreja, dos Estados, das nações.
Algumas entradas impunham-se como caracterís,ticas da sociedade e
da cultura medievais: 'Amor cortês'', ''Catedral", ''Cavalaria"~ ''Feudalis-
mo'', ''Escolástica'', "Senhorio'' etc. Mas seu tratamento nesre dicion-ário
é original, uma vez que os autores empenharam-se em mostrar como esses
objetos tradicionais, e mesmo emblemáticos da história da Idade Média,
foram submetidos a profundas renovações nos últimos anos.
Várias entradas referem-se a temas que só retêm a atenção dos historia-
dores l1á pouco tempo: "Memória'', "Maravilhoso'', ''Morre e mortos', ou
'' Sexualidade'' já contam com pesquisas importantes. Outros, como "'Fla-
gelos'', "Jogo'', ''Ordem(ns)" ou "Ritos", designam campos que acabam
de ser abertos.
Outros verbetes ainda marcam um esforço explícito de refor111ulação de
problemas, de acordo com as orientações fundamentais de nossa reflexão:
não se trata de ''arte'' (podemos falar de ''arte" na Idade Nlédia e.orno o
fazemos a partir do Renascimento?) , mas de '·Imagens''. Também não en-
contraremos um verbete ''Religião'', não só porque ele recobre um campo
muito vasto, mas porque duvidamos que esse conceito, cal como concebi-
do desde a época das Luzes, dê conta satisfatoriamente da extensão e das
múltipias funções das práticas e crenç~~ c~a~~e~stica~ ~~ ~sci.~.~s':1:
medieval, come veremos nos verbetes '.AnJOS ~ Deus , Diabo , Fe ,
''Igreja e papad'o " e outros, nenhum dos quais se deixando confinar numa
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Dicioná,·io a11alítico do Ocidente 111edieval
n1anos tinl1a1 11 ten1 p orarian1 e11 te do11 1inado, i11 clusive a a11tiga Septi 111 â11 ia
visigótica (La11 guedoc n1editerrâ1 1eo, do Róda11 0 ao Roussillo1 1). Lá ainda,
na fronteira de território s reconquistados a o Islã, e11 1 torno da vell1 a ci
dade fortificada de Barcelona (ocupada en1 80 I), surgira111 as bases de
uma região ligada politican1 e11 te ao domínio f1·anco, 1 11as com forte i11 di
vidualidade hu1nana (o s hispa11i) e jurídica (direito de origen1 visigótica),
fundamento da futura Catalunl1 a. U 11 1 p o uco 1nais tarde, 11 0 século VIII e
princípio do IX, aparecem 11 a zo11 a pirenaica entidades políticas autôno1nas
ainda 1nais frágeis: o s condados pirenaicos, dos quais o principal é Aragã o,
e1 1qua11 to a Navarra, país dos bascos, realmente se co11stituirá c omo reino
apenas no século X.
A luta vitori osa contra a ameaça árabe-muçulmana certamente favore
ceu a afirmaçã o da dinastia carolíngia, com o apoio do papado, porta11 to a
,,
forn1 açã o do império de Carlos Magno e da ''Cristandade latina". E difícil
saber se o caráter decisivo desses acontecin1entos foi plename 11 te percebido
pelos contemporâne os. A esse respeito , cita-se por vezes o termo Europe11ses
que a Crônica mofárabe de 7 5 4 emprega para designar os francos na batall1 a
de Poitiers, o que poderia levar a supor que existia (circunstancialmente
entre os cristã os submetidos ao Islã) uma certa percepção da dimensão do
''choque de civilizações" que estava acontecendo.
Se o pr ocesso de repovoamento iniciado a partir de células cristãs do
no rte da Península Ibérica (os '' núcleo s da Reconquista" dos historiado
res espanl1óis) estende lentamente o território cristão em direção ao sul
a partir do fim do século VIII, no s extensos territóri o s despovoados da
bacia do Douro, os limites do mundo muçulmano, que se fixam impreci
samente no vale médio do Tejo e, no vale do Ebr o , no s c onfins da cadeia
pirenaica, não variarão substancialmente até o século XI. Passada a grande
crise política que afet ou o mundo islâmico (Dar al-Isla1n) em meado s do
século VIII com a substituição do califado omíada de Damasco pelo cali
fado abássida de Bagdá, o Islã, absorvido po r sua reorganização interio r e
por seus próprios probl.emas político-religi osos, não mais 1na11ifestará seu
dinamismo expansionista a nã.o ser em algumas zonas limitadas (conquista
,,
da Sicília pelos aglábidas de Kairuan entre 82 7 e o fim do século IX). E
então que, além de eventos militares marginais, alguns contatos diplomáti-
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:-
,,isando amenizar a pressão n1uçul111ana bastante forte dia11te das i racas
possibilidades demográficas das colônias latinas do Orie11te, e 11ão faze1 n
mais que retardar o a,1 anço 1nuçulma110.
No Mediterrâneo central, a domi11ação 11or1na11da de cidades do litoral
da Ifr1qiya teve curta duração. Algumas re,,oltas locais libe1·taran1 cidades
como Sfax em 1156 e Trípoli em 1159, 111as o aco11tecimento decisivo foi
a grande invasão da Ifrí'qiya pelos al111ôadas em II59, que elin1inot1 a pre
sença norn1anda (Mal1dia caiu depois de seis 111eses de assédio, em ja11eiro
de I160). Na Espanha, pelo contrário, a expansão cristã, refreada após Za
laca, volta a ser reto1nada na pri1neira n1etade do século XII. Os catalães,
com a ajuda dos pisanos - que tinham recebido as Baleares en1 feudo do
papa Gregório VII-, lança1n em III 3-1114 uma expedição naval contra
aquelas ilhas, onde a cidade de Madina Mayurqa é pill1ada.
Aragão, sempre contando com a ajuda de forças provenientes da França
tneridional, completa uma etapa muito importante de sua expansão com a
conquista de Saragoça em III 8. A dinastia portuguesa, em vias de fundar
um poder independente, apoia-se na vitória de Ourique (II 39) para obter
o título real. O desmoronamento do Império Almorávida permitiu aos
cristãos obter sucessos notáveis em meados do século: em I14 7, Afonso
Henriques, de Portugal, conquistou Lisboa e Santarém, e no ano seguinte
os catalano-aragoneses, desde então unidos sob a dinastia de Barcelona,
conquistaram Tortosa e Lérida. Tais avanços importantes devem ser situa
dos no quadro da n1obilização da Cristandade à época da segunda cruzada.
A caminho da Terra Santa, cruzados ingleses e flamengos deram importante
contribuição aos portugueses na conquista de Lisboa.
Enquanto zêngidas e aiúbidas obtinl1am sucessos decisivos no Oriente,
o Império Almôada, cujo desenvolvimento parece ser paralelo (grande vi
tória de Alarcos, em I195), chega ao esgotamento no princípio do século
XIII. Em 12I 2, a grande derrota que os exércitos dos sobera11os espanl1óis
infligem ao califa Muhammad al:-Nasir em Las Navas de Tolosa marca o
início de um período de crise inicialmente encoberta, depois aberta, que
possibilita aos reinos cristãos lançar o avanço decisivo dos anos I229-
1248, quando foram sucessivamente conquistadas Badajoz, Mérida, as
Baleares,, C6rdoba, Valência, Márcia, Jaen e Sevilha. O espírito de cruzada
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taque, por sua habilidade, para a fa1nília jt1dia maiorqui11a dos Cresques,
sem dú,7ida de,1en1 algo aos contatos n1editerrâ11eos con1 o inundo árabe.
Tal contato tan1bém desen1penl1ou - en1bora seja 1ne11os certo - algum
papel na difusão da bússola no Ocidente. No caso de outras i11ovações _
excetuadas as técnicas agrárias responsáveis pela '' revolução agrícola'' eu
ropeia, que por evidentes razões ecológicas não podiam vir do Oriente -,
o desenvol,,imento do Ocidente é sem dúvida '' endógeno''. Por exemplo, 0
leme de cadaste con1 toda a certeza não foi transmitido pelos árabes, como
1nuito apressadamente se escreveu algun1as vezes.
Tentar demarcar com a n1aior exatidão possível o impacto do Oriente
muçulmano no Ocidente cristão, eliminando quando necessário as impre
cisões em que recaíram partidários muito entusiastas de uma ''influência
árabe'' onipresente, não significa desconl1ecer a grandeza da civilização
muçulmana medieval. Trata-se apenas de responder às exigências da ob
jetividade histórica. Esta é necessária para que se conheçam as interações
recíprocas entre as grandes civilizações e a '' dívida'' de umas para com as
outras, mas também é indispensável na avaliação da especificidade de cada
uma e na melhor apreciação das condições de seu desenvolvimento.
PIERRE Gu1cHARD
Tradurão de José Rívaír Macedo
Ver também
Orientarão bibliográfica
BUSSE, Heribert. Die tbeologische11 Be�ehu11gen des Islams zu judentutn und Christentun1.
Darmstadt: Wissenschafrliche Buchgesellschaft, I 988.
DANIEL, Norman. The Arabs a11d Medieval Europe. Londres: Longn1an, I 97 5.
__. Islarn et Occident [ 1960]. Tradução francesa. Paris: Cerf. I 99 3.
DJAIT, H ichem. L'Europt et Islam. Paris: Seuil, I 978.
GUICHARD, Pierre. Structures sociales "oritntales'' et ''occidentales'' da11s l'Espagne 11zusu/,.,
mane. Paris: Mouton, I 977.
720
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72 1
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1
Indíce onomástíco
A Adelardo de Bach, 7 1 3
Abbas, Haly, 620-1 Adernar de Chabannes, 5 64
Abelardo, Pedro, 1 3 3 , 259, 280, 346, Adorno, Jorge, 141
41 3 , 462, 466-7, 470, 567, 573, 625, Adson de Montier-en-De½ 3 69. 3 98
629, 692-4, 699 Aelfrico de Eynsham, 1 3 0
Abu, Mashar, 626 Aethelstan, 679
Achard de Saint-Victor, 297 Afonso de Fecrara, 540
Adalberon de Laon, 20 3 , 2 l 7 Afonso de Spina, 48 5
Adão de la Halle, 260 Afonso Henriques de Portugal� 710
l Os nomes próprios sempre colocam problemas aos tradutores, com algnns de
fendendo o aportuguesamento geral e outros o respeito ao idioma de origem.
Optou-se aqui por um triplo critério intermediário: manter no original os nomes
de personagens históricos pós-1nedievais (com exceções consolidadas pelo uso,
como Nicolau Copérnico) e os de estudiosos modernos; utilizar as fórmulas
já consagradas em português para topônimos (Cantuária ou Estrasburgo, por
exemplo) e antropôni1nos (como Rábano Mauro ou Godofredo de Bulhão); tra
duzir nomes que, apesar de inusuais, não colocam problemas eufônicos (caso de
Agobardo ou Fulco) nem, sobretudo, de clareza na identificação do personagem
(por exemplo, Bertoldo de Ratisbona ou Eustáquio Deschamps). Quando a tra
dução ser-ia linguísticamente fácil, mas rejeitada pela tradição (quem associaria
,
"Pedro da Francisca" ae grande artista Piero della Francesca ou ··Jaime Coração.
ao merca·dor Jacques Coeur?) ou potencialmente ambígua (o bispo Avito é de
Vienne, cidade do sudeste francês e não de Viena, hoje capital austríaca) , prefe
rimos manter a grafia original. [ HFJ]