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Julho 2022

Os Cuidados Socioemocionais
na Educação Infantil
Governadora
Maria Izolda Cela de Arruda Coelho
Presidenta do Comitê Consultivo Intersetorial das Políticas de Desenvolvimento
Infantil do Ceará (CPDI)
Onélia Santana
Secretária da Educação
Eliana Nunes Estrela
Secretário Executivo de Cooperação com os Municípios
Márcio Pereira de Brito
Coordenadora da Coordenadoria de Educação e Promoção Social
Aparecida Prado Pinto
Articuladora da Coordenadoria de Educação e Promoção Social
Antonia Araújo de Sousa
Assessora Técnica da Coordenadoria de Educação e Promoção Social
Sandra Maria Silva Leite
Orientadora da Célula de Apoio e Desenvolvimento da Educação Infantil
Aline Matos de Amorim
Equipe do Eixo de Currículo e Formação de Professores da Educação Infantil
Genivaldo Macário de Castro
Wandelcy Peres Pinto
Equipe do Eixo de Avaliação e Monitoramento da Educação Infantil
Rosiane Ferreira da Costa Rebouças
Santana Vilma Rodrigues
Equipe do Eixo de Gestão da Educação Infantil
Erica Maria Laurentino de Queiroz
Iêda Maria Maia Pires
Cicera Fernanda Sousa do Nascimento
Apoio Logístico
Mirtes Moreira da Costa
Organizadoras
Aline Matos de Amorim
Erica Maria Laurentino de Queiroz
Wandelcy Peres Pinto
Autores
Aline Matos de Amorim
Erica Maria Laurentino de Queiroz
Genivaldo Macário de Castro
Iêda Maria Maia Pires
Wandelcy Peres Pinto
Design Gráfico
Aline Matos de Amorim
Erica Maria Laurentino de Queiroz
Colaboradora
Ana Paula dos Santos Alves Simões
Os Cuidados Socioemocionais na Educação Infantil

Sumário

Carta à(ao) leitora(or) ....................................................................... 07

Cuidar e educar................................................................................... 09

O que são os cuidados socioemocionais?.............................. 13

E o que é o socioemocional para as crianças?


Como criar práticas educativas que promovam cuidados
socioemocionais na educação da criança?

Por dentro do espelho ...................................................................... 17

Práticas subjetivas nas Educação Infantil .............................. 21

O porquinho da Índia “tá morrido”


Olhando de perto: desvendando a prática

Referências .......................................................................................... 29
Os Cuidados Socioemocionais na Educação Infantil Pág. 07

Carta à(ao) leitora(or) Se chorei ou se sorri


O importante é que emoções eu vivi
(Roberto Carlos)

Cara(o) leitora(or),

Diante das demandas que o século XXI nos tem imposto, assumir uma postura cada
vez mais humanizada é prerrogativa para saber lidar com as adversidades, com as
diferenças e com nosso processo de desenvolvimento pessoal e profissional.
Estando muitos de nós lidando diretamente com a Educação Infantil, é importante
que nosso olhar esteja atento, sobretudo, às dimensões que envolvem esse
processo dentro do contexto escolar e fora dele também.

Não obstante, uma educação integral, como preconiza a BNCC, é a resposta positiva
para muitas das necessidades de nós seres humanos, sejamos bebês, crianças,
jovens ou adultos. Sendo assim, os cuidados socioemocionais sinalizam para essa
visão holística tão importante para o progresso das interações humanas. É a partir
deles que podemos nos perceber como indivíduos e perceber como atuamos diante
de situações desafiadoras ou não. São esses cuidados os responsáveis também pela
forma como o outro nos percebe, além de serem importantes na mobilização do
conhecimento exigido nas mais diversas situações do cotidiano.

Ao assumirmos que Cuidar e Educar na Educação Infantil são ações indissociáveis,


também estamos assumindo a integralidade do ser, uma vez que essas ações
desenvolvem nos bebês e nas crianças não só seus aspectos cognitivos, mas todas
as suas potencialidades, sejam elas corporais, emocionais, afetivas etc… Para tanto, é
preciso que a(o) professora(or) compreenda a indissociabilidade desse processo e a
conexão dele com os cuidados socioemocionais também.

Nesse sentido, cara(o) leitora(or), chamamos sua atenção para o que as próximas
páginas deste fascículo nos trarão. Nelas queremos tratar da temática dos Cuidados
Socioemocionais na Educação Infantil em uma perspectiva que enxerga a(o)
professora(or) também como um ser humano que precisa de cuidados, que precisa,
para cuidar e educar de forma integral, perceber suas emoções e como pode
desenvolvê-las.

Assim, pretendemos que nossas discussões reforcem e ampliem seu diálogo,


trazendo-lhe subsídios para uma melhor interlocução com as demandas da
Educação Infantil no momento atual, com seus pares e com você mesma(o). Dessa
forma, acreditamos que estamos contribuindo para a promoção da educação
integral com qualidade e equidade, porque isso é um direito inalienável de bebês e
crianças do nosso estado.

Coordenadoria da Educação e Promoção Social - COEPS


Célula de Apoio e Desenvolvimento da Educação Infantil - CADIN
Os Cuidados Socioemocionais na Educação Infantil Pág. 09

Cuidar e Educar Fiz minha casa no teu cangote


Não há neste mundo o que me bote
Pra sair daqui
(Céu)

Educar e cuidar sob a perspectiva dos cuidados socioemocionais devem ser


propósitos prioritários a serem valorizados pelas(os) professoras(es). Principalmente
porque esses cuidados estão ligados à autogestão, à amabilidade, ao engajamento
com os outros, à resiliência emocional e à abertura ao novo. Quando educamos e
cuidamos de bebês e crianças em toda sua pluralidade - com ou sem deficiências,
pertencentes ou não a comunidades quilombolas, ribeirinhas, indígenas, florestais, do
campo, de reservas extrativistas - estamos lidando com vários tipos de emoções, isto
é, a alegria, o amor, o medo, a raiva, a tristeza, o nojo, a surpresa, etc.

As Diretrizes Curriculares Nacionais de Educação Infantil (Brasil, 2009), com a


Resolução nº 5 de 17 de dezembro de 2009, avançaram significativamente no sentido
de superar a divisão sobre as concepções de educar e cuidar. Estas diretrizes
explicam que cuidar é muito mais do que apenas se preocupar com os aspectos
físicos. Sabe-se que o cuidar deve transcender as ações positivamente para oferecer
o acesso às múltiplas ações de acolhimento, afetividade, dignidade, interações,
convivências amorosas e intersubjetivas. Tudo isso proporcionando sentidos pessoais
sobre o mundo, ampliando repertórios culturais, sociais e humanos e, obviamente,
valorizando os aspectos afetivos, físicos, psicológicos e sociais para ampliar o
desenvolvimento integral de bebês e crianças.

Educar e cuidar não devem ser entendidos como opostos, ele são indissociáveis.
Como traz o Referencial Curricular Nacional para a Educação Infantil (BRASIL, 1998)

Educar significa, portanto, propiciar situações de cuidados,


brincadeiras e aprendizagens orientadas de forma integrada e
que possam contribuir para o desenvolvimento das
capacidades infantis de relação interpessoal, de ser e estar
com os outros em uma atitude básica de aceitação, respeito e
confiança, e o acesso, pelas crianças, aos conhecimentos mais
amplos da realidade social e cultural. Neste processo, a
educação poderá auxiliar o desenvolvimento das capacidades
de apropriação e conhecimento das potencialidades corporais,
afetivas, emocionais, estéticas e éticas, na perspectiva de
contribuir para a formação de crianças felizes e saudáveis
(BRASIL, 1998, p. 23).
Os Cuidados Socioemocionais na Educação Infantil Pág. 10

É importante destacar que a educação e o cuidado vêm se destacando para


fortalecer a formação humana de bebês e das crianças, a partir de constatações
científicas observadas dentro das Escolas de Educação Infantil. Kramer (2005), é uma
das pesquisadoras que têm enfatizado isso, mencionando que o cuidado tem uma
ligação muito forte com a responsabilidade da pessoa que deve estar receptiva,
aberta, atenta e sensível para as necessidades do outro.

Por isso, atender todas as necessidades de bebês e crianças com ou sem


deficiências e, em suas várias infâncias, é incluir em todos os sentidos! Para incluir
verdadeiramente, a unidade escolar necessita de um projeto pedagógico inclusivo.
Educar e cuidar nessa perspectiva é mais que urgente! Ajudar bebês e crianças
independente de suas condições físicas, emocionais, intelectuais, econômicas e
sociais, para gerenciar as emoções, relacionamentos, desenvolvimento e
autocontrole, resiliência e empatia, é imperativo!

Por essa razão, as(os) professoras(es) de Educação Infantil podem realizar um


trabalho intencional no que diz respeito à educação e ao cuidado, promovendo ações
inclusivas que favoreçam a imersão de bebês e crianças. Nesse sentido, ao educar e
cuidar na perspectiva inclusiva, portanto de forma indissociável, as(os)
professoras(es) devem desenvolver planejamentos que priorizem os eixos
estruturantes da Educação Infantil, isto é, as interações e as brincadeiras, os seis
direitos de aprendizagens e desenvolvimento e os cinco campos de experiências.

Para além desse arranjo curricular, a Base Nacional Comum Curricular - BNCC
(BRASIL, 2017) e o Documento Referencial do Ceará - DCRC (CEARÁ, 2019) enfatizam
a necessidade de trabalharmos o que eles apresentam como competências
socioemocionais na Educação. Sabemos que na Educação Infantil devemos respeitar
as especificidades inerentes às faixas etárias e as nuances que correspondem ao
desenvolvimento infantil.

Por isso, neste fascículo, evitaremos o termo competências socioemocionais, tendo


em vista que nas especificidades da organização curricular da etapa da Educação
Infantil as ações dos professores estão voltadas para o cuidar e educar e não para o
desenvolvimento de competências ou habilidades. Logo, quando nos referimos à
Educação Infantil, usaremos o termo CUIDADOS SOCIOEMOCIONAIS e, para que
bebês e crianças possam ter acesso a esses cuidados, é de suma importância que
professoras(es) e gestoras(es) tenham conhecimento sobre os aspectos que
envolvem esse processo.

Cabe a cada professora(or), em parceria com o grupo gestor, com a família e com a
comunidade, trabalhar coletivamente para construir espaços e ambientes favoráveis
que estimulem a relação emocional - social em bebês e crianças.
Os Cuidados Socioemocionais na Educação Infantil Pág. 11

Além disso, é necessário possibilitar atividades lúdicas, permanentes e prazerosas,


utilizando experiências com vivências relacionadas à arte, que ampliem o
autoconhecimento, a gestão dos pensamentos, das emoções e dos relacionamentos,
e a tomada de decisão responsável.

Professoras(es), sabemos que vocês educam e cuidam de bebês e crianças


desenvolvendo projetos que ajudam no autoconhecimento delas. Isso é muito bom,
principalmente, porque é possível desenvolver atividades com jogos, oficinas, filmes,
livros, espelhos e outros que potencializam essas ações.

Lembramos que ao educar e cuidar, vocês podem desenvolver ações de inclusão


que ajudam bebês e crianças com ou sem deficiências:

serem estimuladas(os) a fazer escolhas e ter a autonomia;

serem motivadas(os), sociáveis e engajadas(os) de forma positiva;

serem positivas(os), resilientes emocionalmente e terem a capacidade


de lidar com a raiva, ansiedade e medo de forma saudável;
Os Cuidados Socioemocionais na Educação Infantil Pág. 12

serem comunicativas(os) a terem habilidades de comunicação e


relacionamento;

serem criativas(os), alegres e abertas(os) às novidades de


aprendizagens e a terem autonomia.

Desenvolver ações que priorizem os cuidados socioemocionais na Educação Infantil


é um desafio, mas é uma ação indispensável, como foco nos cuidados para as
infâncias e na redução de conflitos. Cabe também à(ao) professora(or) incentivar
cotidianamente, momentos de interação e brincadeiras, com amorosidade,
comprometimento e ética, a fim de ampliar e propagar a paz e a união.

Agora que compreendemos melhor as ações de cuidar e educar como inerentes à


prática docente, vamos direcionar nosso olhar para os cuidados socioemocionais.
Os Cuidados Socioemocionais na Educação Infantil Pág. 13

O que são os cuidados


socioemocioanais? Calma
A pressa é um vício descontente
É justo navegar contra a corrente
Mas calma
Pois tudo sempre encontra o seu lugar
(Maglore)

A Instituição de Educação Infantil, além de ser um lugar de realização de práticas


pedagógicas que envolvem construção de aprendizagem, é um espaço social onde
crianças, professoras(es) e gestoras(es) convivem coletivamente e cada um se faz
presente com suas dimensões cognitivas, psicomotoras e emocionais nas suas
relações que constroem a trama social escolar.

Na convivência diária, os sujeitos - crianças e adultos - que habitam a escola nem


sempre se deparam em estado pleno de satisfação com seus desejos atendidos, mas
sim, ora se deparam diante de seus desejos violados ou dificuldades de resolver
algum problema pessoal, evidenciando insatisfações, frustrações, tristezas, raivas etc.

Quando as crianças se deparam em desconfortos em seus estados emocionais, faz-


se necessário que os adultos de referência, professoras(es) e gestoras(es),
disponibilizem-se a escutar e dar atenção necessária à situação. Esse cuidado e
acolhimento dado à criança e as devidas intervenções educativas na dimensão
socioemocional, podem ser denominados de cuidados socioemocionais.

Os cuidados socioemocionais na
Istituição de Educação Infantil têm a
função de ajudar a criança a
desempenhar tarefas do seu cotidiano
que envolvem as relações
socioemocionais e ou resolver
problemas em suas relações consigo
mesmo, com o outro e ou com o meio
em que habita.
Os Cuidados Socioemocionais na Educação Infantil Pág. 14

E o que é o socioemocional para as crianças?

As relações socioemocionais
possibilitam que a criança, como sujeito
humano, seja capaz de desenvolver
ações a partir do momento em que se
depara com a capacidade de aprender a
ter controle e ou domínio de suas
próprias emoções. É dessa forma que a
criança consegue alcançar seus Embora a Base Nacional Comum
objetivos desejados, demonstrando Curricular (BNCC, 2017) e o Documento
empatia e, nesta condição, conseguindo Curricular Referencial do Ceará (DCRC,
manter suas relações sociais positivas, 20190 utilizem o termo competências
tomando suas próprias decisões e sendo socioemocionais para todas as etapas,
responsáveis por essas atitudes. na Educação Infantil a ação de cuidar e
educar vinculada às relações
Por essas razões que os cuidados socioemocionais possibilita que
socioemocionais são relevantes na pensemos em cuidados
educação da criança e imprescindíveis socioemocionais.
para saber respeitar as diferenças,
aprender a agir positivamente em Conforme aponta Ramos (2022) em seu
afinidade ao bem comum, entender e artigo, “No Brasil, por exemplo, a
gerenciar suas próprias emoções, Educação Socioemocional está prevista
administrar as situações de conflitos do em quatro das Competências Gerais da
....................
cotidiano, estabelecer bons vínculos BNCC e do DCRC, que já são
com seus pares e aprender a tomar obrigatórias nas instituições de ensino e
decisões de maneira responsável. devem ser implementadas até 2022.”

Em virtude do grande valor dado aos Atualmente, o Instituto Ayrton Senna,


cuidados socioemocionais, as políticas que desenvolve ações em parceria com
de educação passaram a inseri-las como a SEDUC, contribui fortemente com a
base para pensar o currículo da publicização de conhecimentos nessa
Educação Infantil. Ramos (2022) postula área, a fim de auxiliar professoras(es) a
que as parcerias entre os governos e as desenvolverem práticas que ampliem e
instituições têm o propósito de criar fortalecem os cuidados socioemocionais
políticas e práticas voltadas nas mais diversas etapas da Educação
intencionalmente para a promoção Básica. Eles agrupam esses cuidados
desses cuidados. em cinco domínios: “autogestão,
engajamento com os outros,
amabilidade, resiliência emocional e
abertura ao novo.”
Os Cuidados Socioemocionais na Educação Infantil Pág. 15

Trabalha a capacidade da criança gerenciar o seu estresse, como


Autogestão também o controle dos seus impulsos, o que colabora com a
capacidade de definir metas com foco e responsabilidade.

Possibilita que a criança ouça com empatia, fale com objetividade,


Engajamento seja cooperativa, além ser disponível para ajudar os outros. Este é
com os outros um pilar imprescindível para uma boa convivência social e o
engajamento em atividades com seus pares.

Capacidade de a criança se colocar no lugar do outro, tentando


Amabilidade entender as situações de forma respeitosa inspirando confianças
aos seus pares.

Capacidade de transformar experiências negativas em


aprendizados importantes para a vida. Essas ações requerem
Resiliência tolerância ao estresse, autoconfiança e tolerância à frustração. A
emocional criança que sabe lidar com a frustração aprende a não temer
situações complexas de sua própria vida.

Diz respeito ao despertar a curiosidade para aprender a lidar com a


Abertura ao imaginação ativa e o interesse artístico. Apesar de ser uma
novo capacidade natural e inata da criança, é de fundamental
importância que um outro a estimule constantemente.

Embora o olhar ainda seja para práticas com crianças maiores (evidenciadas pelo
termo competências), o Instituto Ayrton Sena vem sugerindo que o trabalho sobre os
cuidados socioemocionais se realize também na educação das crianças menores.

O projeto Brincando em Família, produzido e ofertado pela Secretaria da Educação


em 2020 e 2021, trazia em seus cadernos uma seção que tratava dos cuidados
socioemocionais.

Para encontrá-los, acesse: https://www.seduc.ce.gov.br/coeps_cadin/

Cabe enfatizar que os cuidados socioemocionais precisam fazer parte do


planejamento escolar e, assim, sistematizados nos projetos e nos planos das práticas
educativas diárias.
Os Cuidados Socioemocionais na Educação Infantil Pág. 16

E o que é o socioemocional para as crianças?

Vamos começar pensando que os cuidados socioemocionais abrem um leque de


oportunidades de atividades de diversos modos e o convite é conceber a imaginação
para estabelecer um rol de sugestões que ampliem as relações socioemocionais na
escola com as crianças.

Nos cadernos da Coleção CADIN e no Material Educacional Nova Escola | Ceará:


Educação Infantil, vocês podem encontrar sugestões de atividades que possibilitam
promover o acolhimento e a empatia, com experiências coletivas que ajudam a desenvolver
o senso de pertencimento, cooperação e respeito às diferenças, fortalecendo os cuidados
socioemocionais.

Para encontrá-los, acesse: https://www.seduc.ce.gov.br/coeps_cadin/


Os Cuidados Socioemocionais na Educação Infantil Pág. 17

Por dentro do espelho


No retrato que me faço
- traço a traço -
às vezes me pinto nuvem,
às vezes me pinto árvore...
às vezes me pinto coisas
de que nem há mais lembrança...
ou coisas que não existem
mas que um dia existirão...
e, desta lida, em que busco
- pouco a pouco -
minha eterna semelhança,
no final, que restará?
Um desenho de criança...
Terminado por um louco!
(Mário Quintana)

Ao falarmos de educação integral, estamos a falar de uma educação em sua


integralidade, que está atenta às necessidades de bebês e de crianças de forma
completa, no sentido de que a ação de educar e cuidar estão pautadas nas
dimensões que compõem os seres humanos, sejam elas cognitivas ou
socioemocionais. Isso porque, como afirma a BNCC e o DCRC, a educação deve
suprir as demandas dos educandos para o século XXI e isso requer a introdução de
práticas pedagógicas que contemplem também os cuidados socioemocionais.

Dessa forma, é importante que professoras(es) e gestoras(es) compreendam como os


cuidados socioemocionais estão intimamente ligados ao desenvolvimento integral
das crianças e também às relações entre todos que formam a comunidade escolar.

Pois bem, é a partir dessa prerrogativa que trataremos aqui dos aspectos basilares
para a compreensão dessa temática tão pertinente para nosso cotidiano, seja ele
ligado à escola ou ainda ao nosso autoconhecimento. Isso porque, ao conhecermos
as nossas emoções, estaremos mais propensas(os) a compreender as emoções dos
outros. Assim, estaremos fazendo um movimento positivo para cada vez mais
desenvolvermos essa dimensão tão importante para a promoção de relações
intrapessoal e interpessoal de qualidade.
Os Cuidados Socioemocionais na Educação Infantil Pág. 18

Nesse sentido, conhecer as emoções primárias - alegria, raiva, medo, nojo, tristeza - e
saber que elas são uma resposta do nosso organismo diante de um estímulo externo
é importante para que desenvolvamos em nós, primeiramente, a inteligência
emocional que precisamos para, por exemplo, mobilizar o conhecimento.

Essas emoções de base são inatas e ligadas aos instintos de sobrevivência. Elas se
manifestam a partir das nossas relações com as outras pessoas ou com os
acontecimentos que nos rodeiam. O impacto causado por um encontro com uma
pessoa especial ou ainda a vivência de um episódio de violência serão traduzidos em
algum tipo de emoção.

Como vimos na seção anterior, o autoconhecimento está intimamente ligado ao


processo de conhecer-se no sentido de perceber suas emoções, assimilá-las ao
pensamento, compreender e raciocinar com elas, saber regulá-las em si próprio e
reconhecê-las nos outros. Isso tudo está relacionado aos cuidados socioemocionais,
que são exatamente as capacidades individuais de pensar, sentir, comportar-se,
tomar atitudes para se relacionar consigo mesmo e com os outros, estabelecer
objetivos, tomar decisões e enfrentar situações adversas ou novas. Elas podem ser
observadas em nosso padrão costumeiro de ação e reação diante de situações e
estímulos de ordem pessoal e social. Entre outros exemplos de cuidados, estão a
persistência, a assertividade, a empatia, a autoconfiança e a curiosidade para
aprender.

Ao ficarmos diante do espelho, nosso reflexo, talvez, por si só, não seja capaz de
revelar-nos quem somos. Só um olhar mais atento, aquele que se propõe a ir além do
que se vê, é que será capaz de revelar nossas nuances. É esse olhar atento que
precisamos dar às nossas emoções, a fim de que, reconhecendo-as em nós, sejamos
capazes de melhorar nossas respostas às situações do cotidiano. Sem a
autoavaliação, não seremos capazes de desenvolver plenamente nossos cuidados
emocionais.

Professora(or) e gestora(or),

É importante perceber qual o seu papel diante das emoções das crianças e da
forma com elas se relacionam com o mundo.

A professora(or), a(o) psicóloga(o) e a(o) psicopedagoga(o) atuam de formas


diferentes, embora os diálogos se intercruzem constante e cotidianamente.
Para uma mesma atividade, os instrumentos e a fundamentação teórica que
orientam os profissionais para as intervenções são diversos.
Os Cuidados Socioemocionais na Educação Infantil Pág. 19

A professora possui intencionalidade pedagógica: apropria-se do arranjo curricular


da Educação Infantil e das leis que regem o fazer docente, considerando os cuidados
socioemocionais; a psicóloga atua diretamente no desenvolvimento humano, com
foco nas questões emocionais e comportamentais, sociais, familiares (podendo ou
não estarem relacionadas à escola); a psicopedagoga atua na fronteira, buscando
ajudar a criança com foco nos processos mentais que se relacionam fortemente com
a aprendizagem.

Como você pode observar, professora(or), apesar de distintas atuações, o diálogo


entre esses profissionais é de extrema necessidade para enriquecer o trabalho de
todos.

E você, como tem reagido às situações adversas no seu dia a dia?

Como será que as pessoas percebem as suas emoções nas interações com elas?

Será que suas reações têm possibilitado a aproximação ou o distanciamento das pessoas
em relação a você?

Pense nisso!
Os Cuidados Socioemocionais na Educação Infantil Pág. 21

Práticas subjetivas na
Educação Infantil
É fascinante como as crianças constroem teorias. Só nas teorias dos
grandes pensadores encontramos tão presentes e entrelaçados o racional
e o imaginativo. [...] encontramos, nas teorias infantis, uma abordagem
empática com as coisas que as crianças desenvolveram muito, filtro
sensível para entender e conectar os elementos entre si.
(VECCHI, p. 60, 2017)

Professora(or) e gestora(or),

A leitura até aqui propiciou que vocês aprofundassem as discussões sobre o que
chamamos de cuidados socioemocionais. Construímos, portanto, um caminho sólido,
passando pelo arranjo Curricular da Educação Infantil e sua relação com o cuidar e o
educar; pela diferença entre os termos competências socioemocionais e cuidados
socioemocionais e pelas discussões acerca das emoções primárias, bem como isso
se reflete nas práticas pedagógicas.

Agora, vamos observar como isso se dá nos ambientes de aprendizagem?

Acompanhe o relato da professora Ana Paula Simões, que desenvolve atividades


com a turma do Infantil III, do CEI Maria de Carvalho Martins II, da Rede municipal de
Ensino de Fortaleza.

O porquinho da Índia “tá morrido”

Foi numa manhã de segunda-feira que o inusitado atravessou o Tempo de Acolhida


da turma do infantil III, do CEI Maria de Carvalho Martins II, da Rede municipal de
Ensino de Fortaleza.

Todos estávamos no parquinho, sendo acolhidos com música e desenhando na


parede com giz colorido quando, de repente, fomos surpreendidos por uma triste
notícia: um dos animais, do minizoo, tinha morrido. Imediatamente foi realizada uma
Roda de Conversa extraordinária ali mesmo, no parquinho, e a notícia foi dada
oficialmente a todo(a)s.
Os Cuidados Socioemocionais na Educação Infantil Pág. 22

Professora: Tenho uma notícia muito triste [...] para dar pra vocês.
É que o porquinho da Índia morreu... E agora, o que a gente vai
fazer?
Criança 1: Eu tenho uma ideia, tia. A gente pode levar ele pro
médico.
Professora: Mas ele morreu...
Criança 2: Não... Eu vou ser a Mulher-Maravilha voadora
(deixando subentendido que ela poderia salvar o porquinho da
morte, assumindo o papel da “Mulher-Maravilha”, sua personagem
favorita).
Criança 3: Eu vou chamar o “supelelói” (super-herói).

Depois de muito conversar sobre a morte do porquinho e de levantamento de várias


hipóteses sobre o que poderia ser feito diante desse evento, eu rememorei um outro
episódio:

Professora: Pessoal, quando o passarinho morreu o que foi que a


gente fez?
Criança 4: Enterrou.
Professora: Então... O porquinho da Índia morreu. O que a gente
vai fazer?
Criança 4: Enterrar...
Professora: E aí, vamos enterrar o porquinho da Índia? Vamos
fazer o velório dele, pode ser? (todos sinalizaram, concordando).

Nesse momento, todos foram convidados pela Criança 2 a ir à casa do porquinho


para ver o corpo. Foi um momento de lamentos e pesares pelo ocorrido.

Criança 4: Vem aqui, Paula, olha... morreu...


Criança 5: O porquinho tá ali...
Professora: Oh, meu Deus!...

Quando a turma já estava na sala, chegou a zeladora com o porquinho na mão


avisando que ele ainda respirava e que a barriga dele estava furada. Explicou para
todos que talvez algum outro animal o tivesse ferido ou acontecido algum tipo de
acidente. Logo tentamos cuidar do porquinho. Enrolamos o porquinho com um
paninho e demos água com uma seringa do “baú de primeiros socorros” que a turma
costumava brincar.

Depois dos primeiros cuidados, deixamos o porquinho descansar para levá-lo ao


médico.
Os Cuidados Socioemocionais na Educação Infantil Pág. 23

Em meio a todo esse movimento as crianças observavam tudo e demonstravam estar


apreensivas sobre o que poderia acontecer. Ajudavam como podiam: segurando a
caixinha onde estava o animal e providenciando e organizando as ferramentas de
cuidado (baú de primeiros socorros de brincadeira).

Ao entardecer, foi realizada uma outra roda, na sala de referência da turma, para que
fosse dado um aviso muito doloroso.

Professora: Pessoal, a gente (professora e a zeladora da


instituição) tentou fazer o possível pelo porquinho, mas ele ficou
muito dodói e morreu... A gente colocou ele nesse caixãozinho, oh.
Criança 4: Ele tá morrido, é? (com um tom de voz muito pesaroso)
Professora: É, ele morreu... vamos mandar beijinhos pra ele?

Todos mandavam beijos e davam a última espiada. Quando a professora ia fechando


o “caixão”, a Criança 4 chamou a sua atenção, tocando em seu braço, dando indícios
de que queria ver mais um pouquinho, mandar seu último beijo e acenar, dando um
tchau. Foi um momento muito afetuoso e tocante. Havia um clima de saudade e de
pesar naquele primeiro momento do funeral. Crianças e professora demonstravam
estar com os corações enlutados pela perda do porquinho.

Em seguida, todos foram finalizar o funeral com a última despedida: o enterro. Todos
contribuíram para que fosse uma bela cerimônia. Algumas crianças ajudavam umas
às outras a levar o tapete para a realização da última roda de despedida, outras
levaram as flores, o caixão, a pá e as pedrinhas para embelezar a tumba.

Ao chegar no local da cova, estendeu-se o tapete ao lado, colocou-se os elementos


do funeral e a turma sentou-se em círculo para que fosse combinado como seria
celebrada a cerimônia de enterro. Logo depois, conforme foi acontecendo a
despedida final, todos proferiam algumas palavras de gratidão e despedida:

Professora: Tchau, porquinho. Obrigada por ter vivido um bom


tempinho com a gente
Crianças: Obrigada!
Professora: Obrigada, Universo, por ter trazido o porquinho pra
gente, deixando o mundo da gente mais feliz [...]
Crianças: Obrigada, Universo!
Crianças: Tchau, porquinho!...
Os Cuidados Socioemocionais na Educação Infantil Pág. 24

Assim, despedimo-nos do porquinho, finalizando a cerimônia colocando as flores por


cima da sepultura. Quando todos saíram, a Criança 4 ficou ainda lá, despedindo-se
do porquinho e arrumando o túmulo: colocando mais flores e explicando às crianças
de outras turmas o que havia acontecido.

Depois, quando todos tinham voltado à sala, observei que a Criança 4 ainda estava lá.
Presumi que ela precisava de mais tempo que os outros para se despedir, que seu
tempo era diferente do tempo dos outros e que ela ainda poderia estar tentando
entender aquele processo. Afinal, cada sujeito reage de forma diferente ao luto, pois
ele é um processo individual e singular.

Professora Ana Paula dos Santos Alves Simões

Como você pode observar, a professora partiu de uma ação do cotidiano das
crianças e realizou uma sequência didática, colocando as crianças efetivamente no
centro do processo. Foi a partir da observação direta que todas as atividades foram
conduzidas e, por meio delas, as emoções das crianças foram levadas em conta.

“Quando abro espaço no planejamento para o inusitado que o vivido traz à


instituição, estou reafirmando a minha convicção num conhecimento que se
constrói coletivamente, a partir do desenvolvimento de ideias, emoções,
hipóteses e discussão entre os integrantes do grupo e corroboro com Vecchi
(2017), quando ela diz que as crianças têm um senso empático (capacidade
de compreender emocionalmente e esteticamente os objetos, as situações,
as coisas) aflorado e que a pressa, tão presente na instituição – como o
cumprimento enrijecido da rotina– é prejudicial para o processo empático.”

Professora Ana Paula


Os Cuidados Socioemocionais na Educação Infantil Pág. 25

Olhando de perto: desvendando a prática


Vamos olhar mais de perto a prática acima relatada?

Através do DCRC, conseguimos destrinchar a atividade e perceber como a


professora mobiliza objetivos de aprendizagem e desenvolvimento diversos, nos
mais variados campos de experiências, para a construção de uma atividade que seja
significativa para as crianças.

Aqui temos a oportunidade de olhar para uma mesma ação de jeitos diferentes. Veja:

O primeiro olhar nos move para o ponto de partida da organização


pedagógica. Como aponta o DCRC (CEARÁ, 2019, p. 145), a atividade é
realizada a partir “dos interesses e especificidades das crianças, identificados
a partir da observação e registro de suas ações”.

Nesse sentido, quando a professora relata que foram “surpreendidos por


uma triste notícia: um dos animais do minizoo tinha morrido”, ela sinaliza, a
partir de seu olhar, uma possibilidade de ação. Inserir as crianças numa
“Roda de Conversa extraordinária”, levantar hipóteses e conversar sobre o
tema é uma “orientação didático-metodológica”, que permite “situações de
interação”, “escuta e respeito aos seus interesses e ritmos”, ação
exploratória… (cf. CEARÁ, 2019).

O segundo olhar aponta para os direitos de aprendizagem e


desenvolvimento assegurados por esta professora no processo e
concretizados na atividade: as crianças podem falar, chorar, se sentir
enlutadas, visitar o porquinho, buscar ajuda…

Os direitos não estão fragmentados nesta ação (e não estão em nenhuma


outra!). Eles são inerentes às ações de cuidar e educar.
Os Cuidados Socioemocionais na Educação Infantil Pág. 26

O terceiro olhar nos sinaliza para os campos de experiências: as crianças se


percebem tristes e amparam os amigos; elas observam o porquinho morto e,
em dado momento, vislumbram a possibilidade de ele ainda estar vivo
quando a zeladora afirma que “ele ainda respirava e que a barriga dele
estava furada”; eles escutam atentamente, imaginam situações,
providenciam e organizam “as ferramentas de cuidado”, organizam a
cerimônia para enterrar o animal, quando levam “as flores, o caixão, a pá e as
pedrinhas para embelezar a tumba.”

Em todas essas ações podemos reconhecer os campos de experiências


integrados, alguns em ênfase maior que outros, mas todos envolvidos.

O quarto olhar remonta aos objetivos de aprendizagem e desenvolvimento


e, mais uma vez, percebemos o quanto eles estão integrados, considerando
a articulação com os campos de experiências.

Nesse atividade, foi possibilitado às crianças, dentre outros objetivos,


“comunicar-se com os colegas e os adultos, buscando compreendê-los e
fazendo-se compreender” (EI02EO04); “apropriar-se de gestos e
movimentos de sua cultura no cuidado de si [...]” (EI02CG01); "compartilhar,
com outras crianças, situações de cuidado de plantas e animais nos espaços
da instituição e fora dela” (EI02ET03).

Percebam que os objetivos não são alvos a serem atingidos, são processos.
Eles comungam com a expectativa de que

“as interações ocorram em situações concretas e cotidianas,


significativas e transformadoras dos espaços em ambientes vivos e
dinâmicos, nos quais as crianças se revelam como protagonistas,
questionam, dialogam, convivem e participam, construindo sua
identidade individual e coletiva” (CEARÁ, 2019, p. 128)

Esses são alguns olhares, partindo do DCRC, que podem ser pontuados. Muitas
outras interlocuções podem ser feitas, incluindo as famílias e a rede de proteção das
crianças.
Os Cuidados Socioemocionais na Educação Infantil Pág. 27

Hoje é outro dia...


Eu amo tudo o que foi,
Tudo o que já não é,
A dor que já me não dói,
A antiga e errônea fé,
O ontem que dor deixou,
O que deixou alegria
Só porque foi, e voou
E hoje é já outro dia.
Poesias Inéditas (1930-1935). Fernando Pessoa. (Nota prévia de
Jorge Nemésio.) Lisboa: Ática, 1955 (imp. 1990). - 31.

Professora(or) e gestora(or),

Este fascículo especial do mês de julho teve como principal objetivo suscitar
reflexões sobre os cuidados socioemocionais em bebês e crianças, mas também
nas(os) professoras(es) e gestoras(es) que desenvolvem atividades com elas.

Esse diálogo possibilita que mais uma porta se abra nas unidades escolares e,
através dela, as emoções, os sentimentos, os desejos, as expressões e tudo o que
constitui o ser humano possa entrar e fazer morada.

Concordamos com a professora Ana Paula, que nos presenteou com o relato do
porquinho da Índia, ao afirmar que construir uma instituição de Educação Infantil
inventiva, criadora de situações de aprendizagens a partir do contexto vivido, faz-se
urgente! Nós estamos carentes de uma educação que lide com as emoções, que
abra espaço para falar sobre sentimentos, medos, ansiedades e que consiga
promover a conexão das questões emocionais com a vivências das crianças.

A instituição de Educação Infantil deve ser um espaço de vida onde sentimentos,


afetos, histórias compartilhadas tenham relevância no currículo vivido pelos bebês e
crianças. Assim como a professora Ana Paula, nós esperamos que vocês,
professoras(es) e gestoras(es), ao compartilharem com a gente essas páginas, renove
as esperanças numa instituição mais sensível à dimensão socioemocional.
Os Cuidados Socioemocionais na Educação Infantil Pág. 29

Referências

BRASIL. Ministério da Educação. Resolução CNE/CEB n. 5/2009, de 17 de dezembro


de 2009. Diretrizes Curriculares Nacionais para a Educação Infantil. Brasília:
Conselho Nacional de Educação, Câmara de Educação Básica – CEB. Dez. 2009

BRASIL. Referencial Curricular Nacional Para a Educação Infantil. v. 1, Brasília:


MEC/SEF, 1998.

CEARÁ. Secretaria da Educação do Estado do Ceará. Documento Curricular


Referencial do Ceará: Educação Infantil e Ensino Fundamental. - Fortaleza: SEDUC,
2019.

INSTITUTO AIRTON SENA. Competências e habilidades socioemocionas. Disponivel


em: <https://institutoayrtonsenna.org.br/pt-br/guia-educacao-integral-na-
alfabetizacao/guia-educacao-integral-na-alfabetizacao-
socioemocionais.html>Acesso em: 04 jul. 2022.

KRAMER, S. Formação de profissionais de educação infantil: questões e tensões. In:


MACHADO. Maria Lúcia de A. Encontros e desencontros em educação infantil. 2. ed.
São Paulo: Cortez, 2005.

RAMOS, C. Por que desenvolver as competências socioemocionais na escola?.


Disponível em:<https://www.dombosco.com.br/noticias/por-que-desenvolver-as-
competencias-socioemocionais-na-escola-.html>. Acesso em: 06 jul. 2022.

VECCHI, V. Arte e criatividade em Reggio Emilia: Explorando o papel e a


potencialidade do ateliê na educação da primeira infância. Phorte Editora; 1ª edição,
2017.

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