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Matéria GENERO SEXUALIDADE E POLITICAS PÚBLICAS

Aluno (a) FERNANDA RODRIGUES PINHEIRO RA 2021103270


Professor (a) FERNANDA FERRANTE Data 15/04/2024

Psicologia Perinatal: Impactos da Violência Obstétrica em gestantes.

Palestra ministrada em 09 de março por: Fernanda de Geus Vieira Cabral


(Psicóloga) Fernanda Batista (Psicanalista) Larissa Cardoso Martins (Pedagoga).

A Psicologia Perinatal é um campo emergente que se concentra nos aspectos


psicológicos e emocionais da gravidez e do parto. Reconhece a importância da saúde
mental durante o período perinatal, que inclui o período desde a concepção até ao
primeiro ano após o parto.

O termo refere-se a qualquer forma de abuso, violência ou negligência que ocorra


durante a gravidez, o parto ou o período pós-parto. Exemplos de violência obstétrica
podem variar desde o abuso físico por parte dos profissionais de saúde até à negação
do direito ao consentimento informado ou à autonomia durante o parto.

Infelizmente, a violência obstétrica é uma realidade para muitas mulheres grávidas em


todo o mundo. A violência obstétrica é definida como qualquer ato de violência, abuso
ou negligência que ocorra durante a gravidez, o parto ou o período pós-parto. Isso
pode incluir abuso físico, emocional ou verbal, coerção, desrespeito e discriminação.

A psicologia perinatal é um campo emergente que vem ganhando mais atenção nos
últimos anos. A disciplina enfoca os aspectos psicológicos e emocionais da gravidez
e do parto e reconhece a importância da saúde mental durante o período perinatal.
Este período abrange desde a concepção até o primeiro ano após o nascimento e é
um momento crucial para o bem-estar mental da mãe e da criança.

A violência obstétrica pode ter um impacto significativo na saúde mental e no bem-


estar das mulheres grávidas, afetando a sua capacidade de criar laços com o feto e a
sua experiência geral de parto. A palestra mostrou que mulheres grávidas que sofrem
violência obstétrica correm maior risco de desenvolver depressão, ansiedade,
transtorno de estresse pós-traumático (TEPT) e outros problemas de saúde mental.

Elas também podem enfrentar problemas de saúde física, como complicações durante
o parto, devido ao estresse e ao trauma causado pelo abuso. Ainda assim, o próprio
bebe, pode ter problemas de saúde, como no caso relatado pela Larissa, que seu filho
depois de mais 17 horas de trabalho de parto, nasceu quase morto, com parada
cardíaca e hoje, tem paralisia, o que poderia ter sido evitado senão ela não tivesse
sofrido a violência obstétrica é importante reconhecer os sinais de violência obstétrica
e abordá-la de forma adequada. A psicologia perinatal visa fornecer apoio e cuidado
às mulheres durante o período perinatal para prevenir e enfrentar os impactos
negativos.

Embora a violência obstétrica seja uma realidade infeliz para muitas mulheres
grávidas em todo o mundo, a psicologia perinatal oferece uma solução potencial para
ajudar a resolver estas questões. Ao priorizar os aspectos psicológicos e emocionais
da gravidez e do parto, os prestadores de cuidados de saúde podem proporcionar
uma abordagem mais holística aos cuidados que se centra no bem-estar e na
autonomia da mãe. Além disso, a psicologia perinatal reconhece os potenciais efeitos
a longo prazo da violência obstétrica na saúde mental e no bem-estar da mãe e da
criança. Esses efeitos a longo prazo podem incluir transtorno de estresse pós-
traumático, depressão, ansiedade e até mesmo afetar a mãe.

A violência obstétrica relacionada com o género tornou-se um grande problema em


todo o mundo e afeta mulheres de todas as esferas da vida. É particularmente
prevalente nos países em desenvolvimento, onde muitas mulheres têm acesso
limitado aos serviços de saúde e podem não ter meios para defender os seus próprios
direitos. Um dos tipos mais comuns de violência obstétrica é o uso desnecessário de
intervenções médicas durante o parto. Isso pode incluir cesariana sem necessidade
médica, episiotomias ou indução do parto sem indicação médica. Só pelo fato de ser
mulher pode ocorrer a violência obstétrica. Este termo refere-se a qualquer tipo de
maus-tratos ou abusos que uma mulher possa sofrer durante a gravidez, o parto ou
os cuidados pós-parto. Isto inclui abuso físico, emocional ou verbal, que pode ser
infligido por profissionais de saúde ou funcionários que deveriam prestar cuidados e
apoio durante este período.

Tais práticas podem causar danos físicos tanto à mãe como ao bebê, e também
podem ter efeitos psicológicos duradouros na mãe. É crucial que os profissionais de
saúde priorizem o bem-estar e a segurança dos seus pacientes e só utilizem
intervenções médicas quando for clinicamente necessário. Infelizmente, alguns
profissionais de saúde podem realizar esses procedimentos para sua própria
conveniência ou ganho financeiro. Isto é uma clara violação do direito da mulher de
tomar decisões informadas sobre o seu próprio corpo e cuidados médicos.

Outra forma de violência obstétrica é a negação do consentimento informado durante


procedimentos médicos. As mulheres têm o direito de ser plenamente informadas
sobre quaisquer procedimentos médicos que lhes sejam realizados e de dar o seu
consentimento antes de qualquer intervenção ser realizada. Isto inclui informações
sobre os riscos e benefícios do procedimento, bem como alternativas que podem estar
disponíveis.

O consentimento informado é um direito humano fundamental que nunca deve ser


negado a ninguém, especialmente durante um período tão vulnerável como a gravidez
e o parto. É importante ressaltar que a violência obstétrica não se limita ao abuso
físico. O abuso emocional e verbal pode ser igualmente prejudicial e pode incluir
intimidação, vergonha ou humilhação.

Abaixo alguns exemplos de violência obstétrica e relatos extraídos dos estudos


selecionados da revisão. Curitiba, Paraná, Brasil, 2023.
Tipo de violência Relatos
Violência física [...] Ah, existem várias violências que acontecem aqui, desde as
mais clássicas, desde kristeller e episiotomia de rotina, a simples
mesmo mandar a mulher calar a boca, “faz força!” e desrespeitar
a posição que a mulher quer, acaba que o profissional sempre se
coloca em primeiro lugar e a mulher vai parir em litotomia, na
cama, vai sofrer puxos dirigidos, enfim [...] (Enfermeiro Obstetra
1).

[...] Quando eu comuniquei com ele, rapidamente ele saiu da sala


e retornou uns 5 minutos depois com um fórceps na mão. Aí ele
falou assim comigo: “dá licença que eu vou passar um fórceps”.
Eu perguntei por quê? E ele: “porque eu tenho que ensinar o Dr
fulano de tal” [...] (EO16). analgesia [...] (EO14)
[...] Em vários momento, em pequenas situações de não informar
à mulher do que estava sendo feito, de qual conduta iria ser
tomada para ela, de não valorizar o sentimento dela. Eu acho que
com certeza isso acontece, isso tem acontecido diariamente [...]
(EO11)

Violência verbal [...] O uso dessas agressões verbais com a paciente, falar que é
e psicológica pra ela parar de gritar, falar que ela tá gritando muito, que se ela
continuar fazendo isso ele vai embora, vai deixar ela sozinha lá
pra ter o bebê, não vai mais ajudar ela... ela tá atrapalhando o
bebê a nascer porque ela tá se movimentando, não quer ficar na
cama [...] (Residente de Enfermagem 6).

[...] A paciente às vezes...ela tá gritando durante o trabalho de


parto...e pedirem pra não gritar, que na hora que fez não chorou,
não gritou, que ano que vem vai tá novamente aqui pra parir...é
mais como forma de insulto realmente...hoje mesmo eu presenciei
isso [...] (Residente de Enfermagem 2).

A3: [...] o obstetra chegou e começou a gritar com ela, que ela
tinha que fazer aquilo, que ela tinha que abrir as pernas: “tem que
abrir as pernas pro seu menino nascer, você fechar não resolve”
gritando com ela. Eu acho que isso também é uma violência, a
forma como você fala com a mulher [...] (EO1.

[...]Pra mim, uma imagem que marcou foi um obstetra falar que a
mulher não conseguia ganhar o neném porque ela era gorda e
ficava repetindo: “gorda. Engordou esse tanto na gestação que
agora o menino não sai” [...]. (EO9)

[...]violência psicológica, quando utilizamos palavras


inapropriadas para constranger a mulher, também é uma violência
obstétrica[...].(E05)

[...]Na hora de fazer não gritou! [...]

[...]Na hora de fazer foi bom né.... agora aguenta! Não grita...
pois seu bebê não vai nascer pela boca!” [...]

[...] “Abra as pernas, pois se não vai amassar a cabeça do bebê!


Não grita se não o bebê sobe” [...]

[...] “Se não fizer força.... seu bebê vai morrer e a culpa será sua!

[...] “Mulher é um bicho sem vergonha mesmo..... sofre e grita e


no próximo ano tá aqui de novo!” [...]

[...] “É melhor seu marido não assistir o parto, senão ele ficará
com nojo de você!” [...]

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