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Aula 02

Como evitar
Violência Obstétrica

TODOS OS DIREITOS RESERVADOS. REPRODUÇÃO PROIBIDA.


QUEM SOU EU
Meu nome é Brena Limoel, educadora perinatal, doula, terapeuta e
fundadora do Bora Parir.

Nos últimos anos, ajudei milhares de mulheres a se prepararem para o parto e atendi
centenas de mulheres através do Programa Bora Parir, o meu programa de
educação perinatal e preparo físico e emocional para o parto.

O Bora Parir é muito mais que um movimento sobre parto, e sim sobre respeito ao
corpo, as escolhas da mulher baseado em evidências, empatia e acolhimento
Mais do que falar sobre partos, minha missão de vida
é informar e inspirar mulheres a para que elas sejam
respeitadas e possam trazer ao mundo seu filho de
uma forma generosa, acolhedora e gentil.
Independentemente da via de nascimento.

Sou mãe de duas meninas, ambas nascidas de parto


humanizado, sendo no primeiro eu completamente
desinformada e disparada emocionalmente para parir,
o que resultou em uma depressão pós parto. Já o segundo
após muitos estudos e diversas formações, me possibilitou
uma experiência transformadora.

Você não tem todo o tempo do mundo, hoje meu trabalho


é ajudar mulheres como você a serem respeitadas.
#boraparir
O QUE É O BORA PARIR
O Bora Parir nasceu de uma necessidade de cura e mudança.

Por muito tempo eu achei que a mudança no sistema precisaria vir apenas do
congresso, das políticas, dos médicos ou, dos planos de saúde.

Eu estava errada!⠀
Nesses 6 anos estudando sobre partos, comportamentos, e emoções eu descobri
que as maiores mudanças precisam acontecer primeiro dentro da gente.

A única maneira de mudar o sistema é PARINDO!
Cada mulher que consegue ser respeitada em seu parto ela se fortalece e encoraja
outras mulheres a conseguirem o mesmo.
E assim um movimento grande, forte e intenso começa.

Mulheres reivindicando seus direitos.
Mulheres tomando posse dos seus corpos.
Mulheres exigindo respeito.
Mulheres com seus planos de parto em mãos.
Mulheres denunciando, brigando, lutando.

Não apenas por elas, mas por outras que virão.


Esse é o objetivo do Bora Parir. Encorajar mulheres para que elas sejam respeitadas
em seus partos e replicadoras desse movimento.

Vamos começar esta mudança? #boraparir

TODOS OS DIREITOS RESERVADOS. REPRODUÇÃO PROIBIDA.


COMO EVITAR VIOLÊNCIA
OBSTÉTRICA

O que é violência obstétrica


Violência Obstétrica é um termo utilizado para caracterizar abusos sofridos por
mulheres, sendo caracterizado como violência de gênero. Tais abusos podem ser
apresentados como violência física ou psicológica e são responsáveis por tornar um
dos momentos mais importantes na vida de uma mulher em um momento traumático.

Diariamente mulheres são desrespeitadas, abusadas e impedidas de serem


protagonistas do próprio parto. Com palavras ofensivas, desrespeitosas e manobras
invasivas e desnecessárias, muitas vezes somos silenciadas.

O mais triste é quando você conversa com alguma mulher e ela acredita que isso é
“normal”, que parto normal é assim mesmo. NÃO É!

Violência obstétrica é uma violência de gênero. Machuca, traumatiza, dói. E muitas


vezes somos silenciadas ao ouvir: “aaah o importante é que o seu bebê está bem”

Não! O bebê não pode estar bem porque a mãe não está bem e mãe e bebê são um
só. A saúde mental da mãe é tão importante quanto a saúde física do bebê.

Pesquisa "Nascer no Brasil" identificou que 1 a cada 4 mulheres sofrem


Violência Obstétrica no Brasil. Estima-se que esse número seja muito
maior. >>> pesquisa
O QUE É VIOLÊNCIA OBSTÉTRICA

- Impedir que a mulher seja acompanhada por alguém de sua preferência, familiar de seu
círculo social;

- Tratar uma mulher em trabalho de parto de forma agressiva, não empática, grosseira,
zombeteira, ou de qualquer forma que a faça se sentir mal pelo tratamento recebido;

- Tratar a mulher de forma inferior, dando-lhe comandos e nomes infantilizados e


diminutivos, tratando-a como incapaz;

- Submeter a mulher a procedimentos dolorosos desnecessários ou humilhantes, como


lavagem intestinal, raspagem de pelos pubianos, posição ginecológica com portas abertas;

- Impedir a mulher de se comunicar com o "mundo exterior", tirando-lhe a liberdade de


telefonar, usar celular, caminhar até a sala de espera, etc;

- Fazer graça ou recriminar por qualquer característica, ou ato físico como, por exemplo
obesidade, pelos, estrias, evacuação, etc;

- Fazer graça ou recriminar por qualquer comportamento como gritar, chorar, ter medo,
vergonha, etc;

- Dar bronca, ameaçar, chantagear ou cometer assédio moral em qualquer mulher/casal por
qualquer decisão que ela possa ter tomado, quando essa decisão for contra as crenças, fé ou
valores morais de qualquer pessoa da equipe, por exemplo: não ter feito ou ter feito
inadequadamente o pré-natal, ter muitos filhos, ser mãe jovem (ou o contrário), ter tido ou
tentado um parto em casa, ter tido ou tentado um parto desassistido, ter tentado ou ter
efetuado um aborto, ter atrasado a ida ao hospital, não ter informado qualquer dado, seja
intencional, seja involuntariamente;

- Fazer qualquer procedimento sem explicar antes o que é, por que está sendo oferecido e
acima de tudo, SEM PEDIR PERMISSÃO;
O QUE É VIOLÊNCIA OBSTÉTRICA

- Submeter a mulher a exames de toque, especialmente por mais de um profissional, e sem o


consentimento, mesmo que para ensino e treinamento de alunos;

- Dar hormônios para acelerar e intensificar um trabalho de parto que está evoluindo
normalmente;

- Cortar a vagina da mulher (episiotomia)

- Dar um ponto na sutura final da vagina de forma a deixá-la menor e mais apertada para
aumentar o prazer do cônjuge ("ponto do marido");

- Subir na barriga da mulher para expulsar o feto (manobra de Kristeller);

- Permitir a entrada de pessoas estranhas ao atendimento para "ver o parto", quer sejam
estudantes, residentes ou profissionais de saúde, principalmente sem o consentimento
prévio da mulher e de seu acompanhante com a chance clara e justa de dizer não;

- Fazer uma mulher acreditar que precisa de uma cesariana quando ela não precisa, utilizando
de riscos imaginários ou hipotéticos não comprovados (o bebê é grande, a bacia é pequena,
o cordão está enrolado);

- Submeter uma mulher a uma cesariana desnecessária, sem a devida explicação dos riscos
que ela e seu bebê estão correndo (complicações da cesárea, da gravidez subsequente,
risco de prematuridade do bebê, complicações a médio e longo prazo para mãe e bebê);

- Submeter bebês saudáveis a aspiração de rotina, injeções e procedimentos na primeira


hora de vida, antes que tenham sido colocados em contato pele a pele e de terem tido a
chance de mamar;

- Separar bebês saudáveis de suas mães sem necessidade clínica


COMO DENUNCIAR VIOLÊNCIA OBSTÉTRICA
Se você, mulher, foi ou for submetida a qualquer um desses atos de violência, denuncie.
Não permita que a violência se perpetue. Será necessário que milhares de mulheres se ergam e digam
basta, até que as mulheres parem de sofrer.
O parto é um momento de alegria, de prazer. A dor fisiológica é suportável. Mas a dor da violência, essa
pode se tornar insuportável e deixar profundas marcas.
Muitas pessoas dirão: “o importante é que deu tudo certo e o bebê está bem e saudável”
Mas a saúde emocional da mãe é tão importante quanto a saúde física do bebê.
Você também precisa estar bem, não se cale! Denunciar pode não mudar o passado, mas pode mudar
a vida de mulheres no futuro.

1
Solicite o seu prontuário médico
Todo paciente ou seu representante legal tem o direito de solicitar e receber
cópia do respectivo prontuário médico. Esse direito está previsto no Código
de Ética Médica, no Código de Defesa do Consumidor. O prontuário médico
é a união de tudo que aconteceu. Todos os exames, intervenções precisam
estar registrados.

2
Faça o seu relato
Estruture seu relato de parto, mesmo que isso seja doloroso, é também um
passo importante para ressignificar esse trauma. Escreva e identifique as
práticas de violência obstétrica.

3
Conte o que aconteceu
Importante ligar nas ouvidorias e relatar o que aconteceu. O disque 136 é a
ouvidoria do SUS, o disque 180 o da violência contra a mulher e além disso,
a ouvidoria da própria maternidade

4 Denuncie no Ministério Público


O Ministério Público Federal tem a função os direitos sociais e individuais
indisponíveis (ou seja direito social de proteção a maternidade, direito a vida
em sua ampla concepção), investigando as condutas e práticas das quais
receberem denúncias.
Coloque no navegador: MPF junto do Estado em que você se encontra e depois "sala de atendimento
ao cidadão", clice no link, e vá direto ao: "Representação Inicial (denúncias)" e disponha ali o seu relato.
5
Denuncie nos órgãos municipais
Secretaria Municipal de Saúde, Conselho Municipal de saúde e Conselho
Municipal em defesa dos Direitos das Mulheres (se tiver)
As secretarias têm a função de fortalecer o SUS, garantindo atenção integral
à saúde da população, por meio de ações de prevenção, promoção,
assistência e reabilitação (art. 9°, III, L. 8.080/90 e art 198, I CF/88).

6
Faça boletim de ocorrência
Sempre que a conduta configurar um crime, deve ser feito o registro
na Delegacia (ideal buscar as delegacias especializadas em direito da
mulher).
Episiotomia como lesão corporal (art. 129 CP)
Constranger a parturiente a realizar ou fazer determinada conduta sem
sua vontade (frases como: assim seu filho vai morrer, você não ajuda,
você vai matar seu filho, entre outras) - (constrangimento ilegal, art 146
CP);
Crimes contra a honra: injúria, difamação e calúnia ( art. 138, 139 e 140 do
CP);
Omissão de Socorro (art. 135 CP)
Cárcere privado (proibir uso de celular, comunicação com outras pessoas
dentro da maternidade (art. 148 CP)

7
Conselhos de classe
As denúncias contra condutas que violam os códigos de ética podem
ser feitas ao Conselho Regional de Medicina do Estado bem como ao
Conselho Regional de Enfermagem do Estado, para que seja apurada
a investigação da denúncia.
Essa denúncia poderá ser feita também através do processo cível, pedindo
que sejam oficiados os respectivos órgãos e instaurada a sindicância (análise
anterior
a instauração do processo)
COMO PROCESSAR E SOLICITAR
REPARAÇÕES?

8
Processo judicial esfera cível
Além do boletim de ocorrência que poderá instaurar um processo criminal
para averiguação da conduta como crime, há também a possibilidade de
ingressar com uma ação de indenização pela violência sofrida. Existem
jurisprudências favoráveis, e as mulheres só querem minimamente JUSTIÇA!
Importante procurar alguma advogada especialista no tema, por ter diversas
peculiaridades que precisam ser observadas, ou a defensoria pública da
sua cidade.

9
Provas e consentimento
Qualquer conduta que incide no corpo da mulher deve obter seu
consentimento livre e esclarecido, ou seja, deve ser explicado o
procedimento e a mesma consentir com a sua prática. O consentimento está
disposto no Código de Ética Médica nos artgs 22, 24, 31 e 32 e no Código de
Ética da Enfermagem nos artgs 50 e 77. Além de ser um princípio bioético, o
da autonomia do paciente bem como uma garantia fundamental prevista na
CF/88.

Seu prontuário e sua palavra são suas maiores provas.


Também podem ser usadas testemunhas (mesmo sendo o acompanhante),
fotos, vídeos, documentos, e o PLANO DE PARTO!
Documentos que embazam o plano de parto:
Diretrizes Nacionais de Assistência ao Parto
Normal - Portaria 353 de 2017;
Portaria 569/2000;
Portaria 2.068 de 2016 - Institui diretrizes para a organização da atenção
integral e humanizada à mulher e ao recém-nascido
no Alojamento Conjunto;
Lei 11.108/05;
Art. 8o do ECA;
RDC 36/08;
Código Civil (art 11 e 13);
Portaria 971/06
Portaria 371 de 2014;
Portaria 930/2012;
Lembre-se

Você não vai ter um parto,


você vai ter um bebê!

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