Escolar Documentos
Profissional Documentos
Cultura Documentos
Como evitar
Violência Obstétrica
Nos últimos anos, ajudei milhares de mulheres a se prepararem para o parto e atendi
centenas de mulheres através do Programa Bora Parir, o meu programa de
educação perinatal e preparo físico e emocional para o parto.
O Bora Parir é muito mais que um movimento sobre parto, e sim sobre respeito ao
corpo, as escolhas da mulher baseado em evidências, empatia e acolhimento
Mais do que falar sobre partos, minha missão de vida
é informar e inspirar mulheres a para que elas sejam
respeitadas e possam trazer ao mundo seu filho de
uma forma generosa, acolhedora e gentil.
Independentemente da via de nascimento.
Por muito tempo eu achei que a mudança no sistema precisaria vir apenas do
congresso, das políticas, dos médicos ou, dos planos de saúde.
Eu estava errada!⠀
Nesses 6 anos estudando sobre partos, comportamentos, e emoções eu descobri
que as maiores mudanças precisam acontecer primeiro dentro da gente.
⠀
A única maneira de mudar o sistema é PARINDO!
Cada mulher que consegue ser respeitada em seu parto ela se fortalece e encoraja
outras mulheres a conseguirem o mesmo.
E assim um movimento grande, forte e intenso começa.
⠀
Mulheres reivindicando seus direitos.
Mulheres tomando posse dos seus corpos.
Mulheres exigindo respeito.
Mulheres com seus planos de parto em mãos.
Mulheres denunciando, brigando, lutando.
O mais triste é quando você conversa com alguma mulher e ela acredita que isso é
“normal”, que parto normal é assim mesmo. NÃO É!
Não! O bebê não pode estar bem porque a mãe não está bem e mãe e bebê são um
só. A saúde mental da mãe é tão importante quanto a saúde física do bebê.
- Impedir que a mulher seja acompanhada por alguém de sua preferência, familiar de seu
círculo social;
- Tratar uma mulher em trabalho de parto de forma agressiva, não empática, grosseira,
zombeteira, ou de qualquer forma que a faça se sentir mal pelo tratamento recebido;
- Fazer graça ou recriminar por qualquer característica, ou ato físico como, por exemplo
obesidade, pelos, estrias, evacuação, etc;
- Fazer graça ou recriminar por qualquer comportamento como gritar, chorar, ter medo,
vergonha, etc;
- Dar bronca, ameaçar, chantagear ou cometer assédio moral em qualquer mulher/casal por
qualquer decisão que ela possa ter tomado, quando essa decisão for contra as crenças, fé ou
valores morais de qualquer pessoa da equipe, por exemplo: não ter feito ou ter feito
inadequadamente o pré-natal, ter muitos filhos, ser mãe jovem (ou o contrário), ter tido ou
tentado um parto em casa, ter tido ou tentado um parto desassistido, ter tentado ou ter
efetuado um aborto, ter atrasado a ida ao hospital, não ter informado qualquer dado, seja
intencional, seja involuntariamente;
- Fazer qualquer procedimento sem explicar antes o que é, por que está sendo oferecido e
acima de tudo, SEM PEDIR PERMISSÃO;
O QUE É VIOLÊNCIA OBSTÉTRICA
- Dar hormônios para acelerar e intensificar um trabalho de parto que está evoluindo
normalmente;
- Dar um ponto na sutura final da vagina de forma a deixá-la menor e mais apertada para
aumentar o prazer do cônjuge ("ponto do marido");
- Permitir a entrada de pessoas estranhas ao atendimento para "ver o parto", quer sejam
estudantes, residentes ou profissionais de saúde, principalmente sem o consentimento
prévio da mulher e de seu acompanhante com a chance clara e justa de dizer não;
- Fazer uma mulher acreditar que precisa de uma cesariana quando ela não precisa, utilizando
de riscos imaginários ou hipotéticos não comprovados (o bebê é grande, a bacia é pequena,
o cordão está enrolado);
- Submeter uma mulher a uma cesariana desnecessária, sem a devida explicação dos riscos
que ela e seu bebê estão correndo (complicações da cesárea, da gravidez subsequente,
risco de prematuridade do bebê, complicações a médio e longo prazo para mãe e bebê);
1
Solicite o seu prontuário médico
Todo paciente ou seu representante legal tem o direito de solicitar e receber
cópia do respectivo prontuário médico. Esse direito está previsto no Código
de Ética Médica, no Código de Defesa do Consumidor. O prontuário médico
é a união de tudo que aconteceu. Todos os exames, intervenções precisam
estar registrados.
2
Faça o seu relato
Estruture seu relato de parto, mesmo que isso seja doloroso, é também um
passo importante para ressignificar esse trauma. Escreva e identifique as
práticas de violência obstétrica.
3
Conte o que aconteceu
Importante ligar nas ouvidorias e relatar o que aconteceu. O disque 136 é a
ouvidoria do SUS, o disque 180 o da violência contra a mulher e além disso,
a ouvidoria da própria maternidade
6
Faça boletim de ocorrência
Sempre que a conduta configurar um crime, deve ser feito o registro
na Delegacia (ideal buscar as delegacias especializadas em direito da
mulher).
Episiotomia como lesão corporal (art. 129 CP)
Constranger a parturiente a realizar ou fazer determinada conduta sem
sua vontade (frases como: assim seu filho vai morrer, você não ajuda,
você vai matar seu filho, entre outras) - (constrangimento ilegal, art 146
CP);
Crimes contra a honra: injúria, difamação e calúnia ( art. 138, 139 e 140 do
CP);
Omissão de Socorro (art. 135 CP)
Cárcere privado (proibir uso de celular, comunicação com outras pessoas
dentro da maternidade (art. 148 CP)
7
Conselhos de classe
As denúncias contra condutas que violam os códigos de ética podem
ser feitas ao Conselho Regional de Medicina do Estado bem como ao
Conselho Regional de Enfermagem do Estado, para que seja apurada
a investigação da denúncia.
Essa denúncia poderá ser feita também através do processo cível, pedindo
que sejam oficiados os respectivos órgãos e instaurada a sindicância (análise
anterior
a instauração do processo)
COMO PROCESSAR E SOLICITAR
REPARAÇÕES?
8
Processo judicial esfera cível
Além do boletim de ocorrência que poderá instaurar um processo criminal
para averiguação da conduta como crime, há também a possibilidade de
ingressar com uma ação de indenização pela violência sofrida. Existem
jurisprudências favoráveis, e as mulheres só querem minimamente JUSTIÇA!
Importante procurar alguma advogada especialista no tema, por ter diversas
peculiaridades que precisam ser observadas, ou a defensoria pública da
sua cidade.
9
Provas e consentimento
Qualquer conduta que incide no corpo da mulher deve obter seu
consentimento livre e esclarecido, ou seja, deve ser explicado o
procedimento e a mesma consentir com a sua prática. O consentimento está
disposto no Código de Ética Médica nos artgs 22, 24, 31 e 32 e no Código de
Ética da Enfermagem nos artgs 50 e 77. Além de ser um princípio bioético, o
da autonomia do paciente bem como uma garantia fundamental prevista na
CF/88.
GRUPO VIP