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TÓPICOS DE ESTUDO
Objetivos do capítulo
CITOESQUELETO: COMPOSIÇÃO,
Compreender a composição e interação
FUNÇÕES E PATOLOGIAS
dos componentes do citoesqueleto e • Composição geral
a distribuição diferenciada nas células • Funções gerais
eucariontes; • O citoesqueleto em diferentes tipos
celulares
Relacionar o citoesqueleto celular com
• Citoesqueleto e patologias
a manutenção de variadas formas e
funções celulares;
Associar microtúbulos com a estrutura MICROTÚBULOS
FILAMENTOS INTERMEDIÁRIOS
• Composição e classificação
• Montagem e distribuição
• Associação com junções celulares
• Manutenção da forma celular
CITOLOGIA 113
Contextualizando o cenário
CITOLOGIA 114
5.1 Citoesqueleto: composição, funções e patologias
As células animais, principalmente por não possuírem parede celular, precisam de uma estrutura
filamentosa que ajuda a sustentar o volume citoplasmático. Sendo assim, o citoesqueleto permite
essa sustentação por meio de uma rede de filamentos proteicos que se distribui por todo o citoplas-
ma celular. O citoesqueleto também apresenta uma estrutura dinâmica que possibilita ser reorgani-
zado à medida que as células vão sofrendo mudanças na forma, divisões ou influência do ambiente.
Embora essas estruturas complexas estejam presentes em todas as células eucarióticas,
a composição e distribuição varia entre os tipos celulares. Além disso, outras funções estão
relacionadas ao citoesqueleto com a forma, movimento e adesão celular.
25 nm 25 nm 25 nm
FILAMENTOS FILAMENTOS
INTERMEDIÁRIOS MICROTÚBULOS DE ACTINA
25 nm 25 nm 25 nm
Figura 1. Tipos de filamentos proteicos representados em células epiteliais. Fonte: ALBERTS et al., 2017. (Adaptado).
CITOLOGIA 115
De modo geral, os filamentos são formados por um processo reversível, que pode ser muda-
do conforme as necessidades das células. Os filamentos intermediários apresentam um diâme-
tro de aproximadamente 10 nm, compostos por proteínas fibrosas. Os microtúbulos são tubos
longos (cerca de 25 nm de diâmetro) formados por subunidades de tubulina glomerular. Os mi-
crofilamentos ou filamentos de actina são polímeros helicoidais constituídos por subunidades
de actina globular, organizados em feixes funcionais ou rede, com cerca de 7 nm de diâmetro.
CITOLOGIA 116
Quadro 1. Componentes do citoesqueleto
Epiderme
Epiderme
Derme
Derme
NORMAL MUTADO
Figura 2. Corte histológico que representa uma comparação entre o tecido normal e o tecido com mutação no gene da queratina, que
caracteriza a epidermólise simples. Fonte: LODISH et al., 2014.
CITOLOGIA 117
A Síndrome de Kartagener é uma doença hereditária caracterizada por um defeito na
dineína ciliar, que compromete a motilidade dos espermatozoides, bem como os cílios que
revestem o trato respiratório.
ESCLARECIMENTO:
Os homens afetados pela Síndrome de Kartagener apresentam infertilidade e
aumento da suscetibilidade em adquirir infeção brônquica, por não serem capa-
zes de eliminar as bactérias e outros resíduos do pulmão.
5.2 Microtúbulos
Os microtúbulos formam estruturas complexas essenciais que realizam a organiza-
ção de todas as células eucarióticas. Os microtúbulos são tubos proteicos longos, ocos
e altamente dinâmicos, pois seus monômeros constituintes podem sofrer dissociação
e reassociações dependendo da sua localização. A origem dos microtúbulos nas células
animais, geralmente, ocorre próximo ao núcleo celular, em uma região específica de-
nominada de centrossomo. O crescimento desses filamentos acontece do centro para
a periferia celular, possibilitando, quando associado a proteínas motoras, o transporte
e o posicionamento das organelas e vesículas de transporte intracelular. Além disso, os
microtúbulos citoplasmáticos participam
do processo de divisão celular, pois são os
componentes do fuso mitótico e meiótico,
que é responsável pela separação dos cro-
mossomos que são distribuídos de forma
igual para cada célula-filha. Os microtúbu-
los formam a estrutura interna de flagelos
e cílios e, dessa forma, são responsáveis
pela movimentação de espermatozoides e
pelo impulsionamento de líquidos sobre a
superfície de células ciliadas, como as ob-
servadas na traqueia. Em células eucarió-
ticas, os cílios e flagelos são formados por
um feixe de microtúbulos extremamente
organizado.
CITOLOGIA 118
A B
Centrossomo
Célula que não esta em divisão
Cromossomos
C duplicados D
Microtúbulos
E F
Célula ciliada
Figura 3. Exemplos de microtúbulos. (A) Micrografia de fluorescência de um arranjo citoplasmático de microtúbulos. (B) Esquematiza-
ção dos microtúbulos organizados no centrossomo. (C) Micrografia eletrônica de transmissão de microtúbulos formados em célula de
divisão. (D) Esquematização dos fusos mitóticos. (E) Micrografia eletrônica de varredura de tufos espessos de cílios. (F) Corpo basal de
um cílio. Fonte: ALBERTS et al., 2017. (Adaptado).
CITOLOGIA 119
β
α
Heterodímero de tubulina
(= subunidade do microtúbulo)
(B)
Protofilamento Lúmen
50 nm
CITOLOGIA 120
Sítios de nucleação
(complexos do anel -tubulina)
λ
Matriz do
centrossomo
Par de
centríolos
Figura 5. Polimerização dos microtúbulos a partir do centrossomo em células animais. Fonte: ALBERTS et al., 2017. (Adaptado).
CITOLOGIA 121
sua polimerização. Por outro lado, de forma aleatória, os dímeros podem hidrolisar seu GTP
antes da adição do próximo dímero e formar a tubilina-GDP, que é mais fraca e acaba favore-
cendo a despolimerização.
ASSISTA:
Assista ao vídeo Citoesqueleto – Microtúbulos,, disponível no canal Biologia Celular e Mo-
lecular NF, no YouTube, que explica as principais características dos microtúbulos.
CITOLOGIA 122
ATP
ATP
Figura 6. Estrutura e movimento das proteínas motoras da família cinesinas e dineínas. Fonte: Shutterstock. Acesso em: 08/05/2019.
(Adaptado).
CITOLOGIA 123
Raio radial
Camada interna
Nexina
Microtúbulo
central único
Braço externo de
dineína
Microtúbulo A Microtúbulo B
(A) (B) Par de microtúbulos externos
100 nm
Figura 7. Os microtúbulos em um cílio ou flagelo estão organizados em um arranjo de “9+2”. Fonte: ALBERTS et al., 2017. (Adaptado).
O movimento dos cílios e flagelos ocorre devido a uma estrutura chamada de axonema, for-
mada por um feixe de microtúbulos organizados em arranjos de “9+2”. Normalmente, um par
central de microtúbulos é circundado por nove duplas de microtúbulos dispostos na periferia.
A participação das proteínas acessórias (MAPs) nessa estrutura, está relacionada à formação
de pontes proteicas a fim de unir as duplas periféricas entre si e o par central (MAPS estrutu-
rais), bem como a formação de braços de dineína que são projetados em cada microtúbulo
periférico e que permitem o deslizamento de pares de microtúbulos e o movimento de cílios e
flagelos (MAPs motoras).
O crescimento desses microtúbulos ocorre a partir do sítio de nucleação que, nesse caso, é
conhecido como corpo basal citoplasmático. Além disso, os corpos basais também represen-
tam um ponto de ancoragem dos cílios e flagelos na superfície celular. A estrutura dos corpos
basais é formada por nove grupos de três microtúbulos e estes são semelhantes aos centríolos
(também presentes nos centrossomos).
(A) (B)
Membrana
plasmática
Corpo
basal
Microtúbulos
Figura 8. (A) O corpo basal conecta o cílio ou flagelo à membrana plasmática. (B) Micrografia eletrônica de transmissão através do
corpo basal de um cílio. Fonte: VANPUTTE; REGAN; 2016. (Adaptado).
CITOLOGIA 124
5.2.4 Microtúbulos na célula em divisão
Na divisão celular, os microtúbulos sofrem uma total reorganização, caracterizando um
exemplo de instabilidade dinâmica. Dessa forma, a rede microtubular formada no citoplasma
é dissociada e as tubulinas livres são reutilizadas a fim de formar os fusos mitóticos. Para que
ocorra essa formação, o centrossomo é duplicado e posicionado em polos opostos. Sendo
assim, os fusos mitóticos são irradiados dos centrossomos, sendo que alguns se conectam ao
centrômero dos cromossomos, com a finalidade de separar as cromátides-irmãs, que migram
para os polos opostos.
(A) (B)
Zona de intercalação
MT do cinetócoro cinetócoro
(+)
MT astral
(+)
(+) (+) (+)
(+)
(+)
(-) (+) (-)
(+)
(+) (+)
Polo
(+)
(+) (Centrossomo)
MT polares Cromossomo
Figura 9. Os fusos mitóticos apresentam três tipos de microtúbulos. (A) Micrografia eletrônica de alta voltagem. (B) Esquema dos
tipos de fusos. Fonte: LODISH et al., 2014. (Adaptado).
Existem três tipos de microtúbulos que formam os fusos mitóticos. Os microtúbulos dos
cinetócoros, que são os responsáveis pela separação dos cromossomos através de proteínas
específicas que auxiliam na ligação entre o microtúbulo e o centrômero dos cromossomos,
os microtúbulos polares, que promovem a estabilização no centro celular e os microtúbulos
astrais, que irradiam do centrossomo para a periferia celular.
CITOLOGIA 125
las eucarióticas, exercem funções fundamentais para que ocorram diferentes funções celulares.
A partir dessa estrutura, as células podem realizar movimento ameboide, ou seja, deslizar
sobre uma superfície, fagocitar partículas e dividir o citoplasma ao final da divisão celular. Os fila-
mentos de actina também apresentam instabilidade, porém, através da interação com proteínas
de ligação à actina, é possível formar estruturas estáveis que realizam diversas atividades nas cé-
lulas. Nestas, os filamentos de actinas associados a proteínas podem formar diferentes arranjos,
como feixes ou bandas (microvilos), formando redes tridimensionais (córtex celular), ancorados
em junções intracelulares, como constituintes dos sarcômeros e das fibras de estresse.
37 nm
Figura 10. Desenho esquemático da estrutura do fi lamento de actina. Fonte: CARVALHO; RECCO-PIMENTEL, 2013. (Adaptado).
CITOLOGIA 126
Extremidade
Manômero de actina
mais (+)
3 2 1
ADP ATP
Extremidade Extremidade
Actina com Actina com menos (-) mais (+)
ADP ligado ATP ligado
3 2 1
3 2 1
PI TREADMILLING
Figura 11. Polimerização da actina que hidrolisa ATP em ADP e comportamento treadmilling. Fonte: ALBERTS et al., 2017. (Adaptado).
CITOLOGIA 127
Geosolina
Miosina I Miosina II
Figura 12. Proteínas acessórias que interagem com os filamentos de actinas e formam diferentes arranjos. Fonte: CARVALHO; RECCO-
-PIMENTEL, 2013. (Adaptado).
CITOLOGIA 128
que o deslocamento da célula é promovido pela contração na sua região posterior. Esse movimen-
to é mediado por proteínas motoras de miosina. Dessa forma, ocorre um ciclo de acordo com
o deslocamento da célula, que estabelece novos pontos de ancoragem na região anterior para,
assim, dissociar os pontos de ancoragem antigos.
Movimento
de actina não
polimerizada A polimerização de
Córtex sob tensão
actina na extremidade
empurra o lamelipódio
Proteínas motoras de
miosina deslizam sobre
os filamentos de actina Contatos focais
Contração Adesão (contêm integrinas)
Avanço da
Protrusão
Figura 13. Movimento celular promovido pela força do córtex celular rico em filamentos de actina. Fonte: ALBERTS et al., 2017. (Adaptado).
ESCLARECIMENTO:
A miosina II foi a primeira miosina descrita a partir das análises dos filamentos
grossos do sarcômeros das células musculares estriadas. A miosina II é formada
por um complexo de seis cadeias polipeptídicas, sendo duas delas de 230 kDa
(cadeias pesadas) e quatro delas de 20 kDa (cadeias leves).
A estrutura da miosina II, encontrada nas células musculares, é dividida em duas extremidades,
sendo uma formada por duas cabeças globulares (se liga a actina) e a outra por uma cauda super-
torcida de duas α-hélices (atividade motora). Essas moléculas de miosina II se associam por meio
de suas caudas para formar um filamento de miosina bipolar, que pode deslizar dois filamentos de
actina ao mesmo tempo, mas em sentidos opostos.
CITOLOGIA 129
Molécula de miosina II
Cabeça
Cauda
150 nm
Filamento de miosina II
1 nm
Figura 14. Estrutura da miosina II e formação do filamento de miosina II, que constitui o filamento grosso do sarcômero. Fonte: ALBERTS
et al., 2017. (Adaptado).
(A) (B)
Região de Sarcômero
Disco Z sobreposição
Miofibrilas
Disco Z
Filamento de Filamento de Disco Z
miosina actina
Contração Relaxamento
Sarcômetro ~ 2,2 nm
Figura 15. Organização dos filamentos de actina e miosina em unidades contrateis da célula muscular. (A) Esquematização da estrutura
do sarcômero. (B) Micrografia eletrônica dos sarcômeros. Fonte: ALBERTS et al., 2017. (Adaptado).
CITOLOGIA 130
O processo de contração muscular é realizado pelo deslizamento dos filamentos de miosina
sobre os filamentos de actina, resultando no encurtamento de todos os sarcômeros da célula. Esse
movimento de deslizamento ocorre através das cabeças de miosinas, que deslizam ao longo dos
filamentos de actina em direção à extremidade “mais” (+).
Centríolos
Envoltório nuclear
em formação
Actina
α-actinina
Anel de actina
Microtúbulos e miosina contrátil
remanescentes
(interzonais)
Miosina
Cromossomo
Membrana
celular
Nucléolo
Corpos pré-nucleolares
Telófase
Figura 16. Desenho esquemático da formação do anel contrátil na citocinese. Fonte: JUNQUEIRA; SILVA FILHO, 2012. (Adaptado).
CITOLOGIA 131
PAUSA PARA REFLETIR
A associação dos filamentos de actina com proteínas é essencial para que estes filamentos
possam realizar corretamente sua função dentro da célula. O que aconteceria, se os filamentos
de actina fossem polimerizados e não houvesse associação com as demais proteínas?
CITOPLASMÁTICOS NUCLEARES
Filamentos
Filamentos Lâminas
de vimentina e Neurofilamentos
de queratina nucleares
relacionados à vimentina
CITOLOGIA 132
5.4.2 Montagem e distribuição
As proteínas que compõem os filamentos intermediários apresentam, basicamente, a
mesma estrutura formada por um segmento central de α-hélice e porções globulares amino
e caboxiterminais. Cada classe de filamento intermediário é formada por uma subunidade
proteica que, geralmente, agrega-se de forma rápida, seguindo um padrão de polimeriza-
ção. Sendo assim, a montagem dos filamentos começa com os monômeros sendo agregados
em dímeros, que, por sua vez, são associados de forma antiparalela, formando os tetrâ-
meros. Embora seja possível encontrar alguns tetrâmeros livres no citoplasma, a maioria é
polarizada em estruturas organizadas em forma de corda, caracterizando a formação dos
filamentos intermediários.
NH2 C00H
Região em α-hélice
NH2 C00H
Dímero
NH2 C00H
48 nm
NH2 C00H C00H NH2
10 nm
Figura 17. Formação dos filamentos intermediários. Fonte: CARVALHO; RECCO-PIMENTEL, 2013. (Adaptado).
CITOLOGIA 133
5.4.3 Associação com junções celulares
Os filamentos de queratina estão presentes no interior das células epiteliais de qualquer
epitélio do corpo de um vertebrado. Esse tipo de filamento intermediário forma uma rede que
envolve os núcleos e se estende ao longo do citoplasma, em sentido à periferia das células. Os
feixes de filamentos intermediários são ancorados na membrana plasmática em junções célu-
la-célula formadas por estruturas aderentes chamadas de desmossomos. Assim, os desmos-
somos são responsáveis pela conexão entre as membranas plasmáticas de células adjacentes.
Feixes de filamentos
intermediários
Demossomo
conectando duas
células
(B) 5 nm
Figura 18. Filamentos intermediários das células adjacentes se ligam pelos desmossomos. Fonte: ALBERTS et al., 2017. (Adaptado).
CITOLOGIA 134
nadas ao crescimento axonal e à manutenção da forma neural. Sendo assim, os neuro-
filamentos são necessários para determinar o diâmetro correto dos axônios, para que seja
ajustada a velocidade na qual os impulsos nervosos são propagados.
A lâmina nuclear é formada por uma rede bidimensional de filamentos intermediários, loca-
lizada entre o envelope nuclear e a cromatina e, por isso, está relacionada com a manutenção
estrutural e organização do núcleo. No processo de divisão celular, ocorrem alterações nas
lâminas em dois momentos principais, quando a célula inicia a divisão, as lâminas se dissociam
e, na telófase, são organizadas novamente para formar a membrana nuclear.
Proposta de Atividade
Agora é a hora de pôr em prática tudo o que você aprendeu neste capítulo! Elabore um qua-
dro destacando as principais ideias abordadas ao longo do capítulo. Ao produzir seu quadro,
considere as leituras básicas e complementares realizadas.
Dica: com base no conteúdo apresentado sobre o citoesqueleto, elabore um quadro com-
parativo com os três tipos de filamentos proteicos, detalhando as características de cada uma
delas. Lembre-se de comparar a composição, distribuição e as funções individuais de cada
componente do citoesqueleto.
Recapitulando
Aprendemos, neste capítulo, que as células eucarióticas e uma estrutura denominada de ci-
toesqueleto são capazes de garantir a sustentação e a organização espacial dos componentes
celulares no citoplasma. O citoesqueleto é composto por filamentos proteicos, os microtúbu-
los, filamentos de actina e filamentos intermediários, que formam uma rede tridimensional.
Os microtúbulos são formados por dímeros de tubulina globular que formam uma estrutura
polarizada, ou seja, apresentam uma extremidade “menos” (-) de crescimento mais lento e uma
extremidade “mais” (+) de crescimento rápido. O crescimento dos microtúbulos ocorre a partir
de um centro organizador, o centrossomo. Uma característica importante é que os microtúbulos
apresentam instabilidade dinâmica, que é a capacidade de, através da hidrolise do GTP, alterar
rapidamente entre crescimento e encurtamento. No entanto, os microtúbulos podem ser esta-
bilizados por proteínas acessórias que bloqueiam a extremidade “mais” (+), formando estruturas
estáveis, como o axonema, presente em cílios e flagelos, corpos basais e centríolos.
Além disso, os microtúbulos são responsáveis por transportar organelas, vesículas e outros ti-
pos de carga, que são conduzidas por MAPs motoras (cinesinas e dineínas) até um local específico.
CITOLOGIA 135
Observamos que os filamentos de actina são polímeros helicoidais de monômeros de ac-
tina, que podem ser encontrados em feixes ou redes. Esses filamentos também apresentam
instabilidade dinâmica. Nesse caso, o controle da sua associação e dissociação é realizado pela
hidrólise do ATP. As diversas funções e arranjos dos filamentos de actina estão relacionados
com as proteínas associadas, que podem atuar no controle da polimerização da actina, na
interligação dos filamentos de actinas em redes ou feixes, na ancoragem dos filamentos das
membranas, ou ainda no movimento dos filamentos adjacentes.
Os filamentos de actina se organizam de diversas maneiras dentro da célula e, por isso,
cada estrutura é responsável por uma determinada função celular. Nas células migratórias, os
microfilamentos permitem o movimento ameboide, que representa o modo mais comum de
locomoção das células eucarióticas. Além disso, a associação com a miosina II permite a con-
tração muscular através do deslizamento entre os filamentos de actina e a miosina II no sarcô-
mero. No processo de divisão celular em animais, os microfilamentos formam o anel contrátil,
que contrai a célula gerando duas células-filhas pelo processo de citocinese.
Por fim, vimos que os filamentos intermediários são estruturas estáveis, formadas a partir
de subunidades proteicas fibrosas, que atuam na manutenção da forma e fornecem resistên-
cia mecânica às células. No citoplasma das células animais, são encontrados feixes de filamen-
tos intermediários ancorados na membrana pelos desmossomos. Além disso, os filamentos
intermediários são responsáveis por formar a lâmina nuclear que promove a sustentação do
envelope nuclear.
CITOLOGIA 136
Referências bibliográficas
ALBERTS, B. et al. Fundamentos da biologia celular. 4. ed. Porto Alegre: Artmed, 2017.
CARVALHO, H. F.; RECCO-PIMENTEL, S. M. A célula. 3. ed. Barueri: Manole, 2013.
CITOESQUELETO - Microtúbulo. Postado por: Biologia Celular e Molecular NF. (1min. 16s.).
son. color. leg. Disponível em: <https://www.youtube.com/watch?v=HxtmgLSwXtY>. Acesso
em: 09 mai. 2019.
JUNQUEIRA, L. C.; SILVA FILHO, J. C. Biologia celular e molecular. 9. ed. Rio de Janeiro: Guana-
bara Koogan, 2012.
LODISH, H. et al. Biologia celular e molecular. 7. ed. Porto Alegre: ArtMed, 2014.
MONTEIRO, M. R.; KANDRATAVICIUS, L.; LEITE, J. P. O papel das proteínas do citoesqueleto
na fisiologia celular normal e em condições patológicas. J. epilepsy clin. neurophysiol., v.
17, n. 1, p. 17-23, 2011. Disponível em: <http://www.scielo.br/scielo.php?script=sci_arttext&pi-
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VANPUTTE, C.; REGAN, J.; RUSSO, A. Anatomia e fisiologia de Seeley. 10. ed. Porto Alegre:
ArtMed, 2016.
CITOLOGIA 137
Por: Raquel Vaz Hara
TÓPICOS DE ESTUDO
Objetivos do capítulo
PRINCÍPIOS GERAIS DA COMUNICAÇÃO
Compreender que a comunicação CELULAR
química entre as células é essencial para • Importância da comunicação celular
para a regulação de diferentes funções
regular o crescimento, desenvolvimento
• Receptores de membrana, ligantes,
e manutenção da homeostase; célula-alvo e transdução de sinais
Diferenciar os mecanismos de • Mensageiros extracelulares e
comunicação química; intracelulares na comunicação
química
Identificar componentes de membrana
• Classificação dos mecanismos de
e sinais químicos nos diferentes comunicação
mecanismos de comunicação celular;
Relacionar mecanismos de comunicação COMUNICAÇÃO CELULAR PELAS VIAS
PARÁCRINA E AUTÓCRINA
química com diferentes funções
• Características e funções da
fisiológicas. comunicação parácrina
• Mediadores químicos de ação local
• Características e funções da
comunicação autócrina
• Velocidade da comunicação e tempo
de duração
CITOLOGIA 138
Contextualizando o cenário
CITOLOGIA 139
6.1 Princípios gerais da comunicação celular
As células individuais, bem como os organis-
mos multicelulares, são capazes de desenvolver
diversas funções relacionadas aos movimentos
celulares, síntese e secreção de moléculas, divi-
são e morte celular, dentre outras. Para que o
organismo multicelular funcione corretamente,
as células precisam interpretar os diversos sinais que recebem de outras células.
A comunicação celular envolve mecanismos complexos, pois os sinais e as formas de re-
cepção e transdução podem ocorrer de diversas formas. De modo geral, esses sinais são re-
cebidos e interpretados por proteínas presentes na membrana celular, que convertem o sinal
extracelular em um sinal intracelular e, através da comunicação química, influenciam outras
células e regulam funções vitais.
CURIOSIDADE:
O corpo humano é constituído por, aproximadamente, 75 trilhões de células, que
precisam se comunicar umas com as outras de maneira rápida, a fim de possibilitar
atividades como o batimento cardíaco, a contração de músculos e a percepção de
sinais do ambiente.
CITOLOGIA 140
Essas moléculas-sinal podem apresentar diferentes propriedades e ações, porém a respos-
ta de cada célula deve ser correspondente a sua própria característica. Dentre as inúmeras
possibilidades, as moléculas podem estar ligadas à matriz extracelular ou à superfície de uma
célula adjacente ou, ainda, podem ser solúveis. Além disso, podem ter ações diferentes que es-
timulam ou inibem, bem como podem atuar em diversas combinações de sinais, influenciando
em qualquer aspecto do comportamento celular.
Sobrevive
B
B
Cresce e se divide
C
E
D
A
B
Se diferencia
C
G
F
Célula
apoptótica
Morre
Figura 1. A célula precisa de múltiplos sinais diferentes para regular as funções celulares. Fonte: ALBERTS et al., 2010. (Adaptado).
Portanto, dependendo das combinações de sinais, a célula precisa fazer interpretações cor-
retas que devem estar de acordo com os tipos de estímulos externos e o tipo de célula-alvo.
O organismo multicelular realiza essas interações celulares logo nas primeiras fases do desen-
volvimento embrionário, que se estendem até o fim da vida pós-natal. Dessa forma, as células
precisam de estímulos para poder sobreviver, diferenciar, multiplicar, degradar ou sintetizar
substâncias, secretar substâncias, contrair, movimentar, conduzir estímulos elétricos, dentre
outras funções específicas.
CITOLOGIA 141
6.1.2 Receptores de membrana, ligantes, célula-alvo e
transdução de sinais
De modo geral, o mecanismo de comunicação celular ocorre quando a célula sinalizadora
(indutora) produz uma molécula-sinal extracelular (ligante) que é detectada pela célula-alvo por
conta da presença de receptores proteicos responsáveis pelo reconhecimento desse sinal. As-
sim, a transdução de sinal ocorre quando a célula-alvo reconhece o sinal extracelular e o con-
verte em moléculas de sinalização intracelular, direcionando o comportamento celular.
Molécula
sinalizadora Primeiro mensageiro
liga-se ao
Transdutor
Receptor de
membrana
ativa
Moléculas
sinalizadoras
intracelulares Sistema de segundo
mensageiro
alteram
Proteínas-alvo
Alvos
geram
Respostas Respostas
CITOLOGIA 142
terísticas relacionadas à especificidade, afinidade, competição e saturação. No entanto, cada
receptor é compatível com apenas um tipo de sinal e quando as células produzem pequenas
quantidades de receptores, elas se tornam mais seletivas diante das possibilidades de sinais
que podem interferir no seu comportamento.
Os receptores são proteínas, ou complexo de proteínas, presentes na célula-alvo. Eles po-
dem ser divididos entre receptores intracelulares, localizados no citoplasma ou no núcleo celu-
lar, e receptores de superfície celular, encontrados na membrana plasmática.
O Diagrama 1 apresenta um resumo dos receptores de superfície celular classificados de
acordo com o mecanismo de transdução, tais como receptores acoplados a canais iônicos,
receptores acoplados à proteína G (GPCRs), receptores enzimáticos e receptores integrina.
Membrana
celular
Proteína de
Proteína G Enzima ancoragem
Citoesqueleto
Receptores catalíticos
Todos esses tipos de receptores de membranas podem reconhecer diferentes tipos de mo-
léculas-sinal extracelulares, tais como hormônios, neuro-hormônios, neurotransmissores, ci-
tocinas ou sinais parácrinos e autócrinos.
Vale ressaltar a importância dos GPCRs, uma vez que esses receptores reconhecem a maioria
dos sinais extracelulares (hormônios, neurotransmissores e mediadores locais) que são transmi-
tidos para dentro da célula. A interação entre o GPCR e os sinais extracelulares é mediada pela
proteína trimérica de ligação a GTP (proteína G), que acopla o receptor a uma enzima ou a um
CITOLOGIA 143
canal iônico. Portanto, os GPCRs atuam de forma indireta no controle da atividade de uma pro-
teína-alvo ligada à membrana plasmática, que, por sua vez, pode atuar de duas formas: 1) como
uma enzima, resultando no aumento da concentração de 2º mensageiros no citosol; 2) como um
canal iônico que altera a permeabilidade da membrana aos íons.
EXEMPLO:
A cólera é uma doença causada por uma bactéria que no intestino humano pro-
duz uma proteína chamada toxina do cólera. Essa proteína entra nas células
que revestem o intestino e causam modificações na proteína G, resultando no
aumento do efluxo de cloro e água para o intestino.
Além disso, a transdução de sinal nem sempre apresenta a mesma resposta, visto que cada
tipo celular apresenta um tipo de sistema de propagação intracelular do sinal e de proteína efe-
tora que estão envolvidos diretamente com o efeito sobre o seu comportamento. Portanto, o
mesmo tipo de sinal pode apresentar respostas diferentes. Isso depende do tipo de célula-alvo.
O Diagrama 2 mostra que a acetilcolina (A) pode induzir respostas diferentes dependendo
da célula-alvo. Quando a acetilcolina se liga aos receptores presentes na superfície da célula
muscular cardíaca (B), resulta na redução da velocidade e força da contração. Esse mesmo
sinal pode ser reconhecido pelas células da glândula salivar (C), gerando a mensagem de que
as vesículas de saliva devem ser secretadas. Por outro lado, no músculo esquelético (D), a ace-
tilcolina se liga ao receptor dessa célula muscular e provoca a contração.
O CH3 Acetilcolina
H3C C O CH2 CH2 N +
CH3 Proteína
CH3 receptora
Secreção Contração
Redução na velocidade
de contração
CITOLOGIA 144
6.1.3 Mensageiros extracelulares e intracelulares na comu-
nicação química
As moléculas extracelulares de sinalização, ou mensageiros extracelulares (1º mensageiro),
são produzidas e secretadas para o compartimento externo da célula, e podem ser divididas em
duas classes. As moléculas sinalizadoras grandes e hidrofílicas são incapazes de atravessar
a membrana plasmática da célula-alvo e, por isso, transmitem o sinal por meio de receptores
presentes na superfície celular. Por outro lado, as moléculas sinalizadoras pequenas e hidro-
fóbicas atravessam a membrana plasmática e se ligam a receptores citosólicos ou nucleares.
Quando os mensageiros extracelulares são acoplados nos seus respectivos receptores, as
moléculas induzem a formação em moléculas intracelulares de sinalização, ou mensageiros
intracelulares (2º mensageiros), que repassam a informação do mensageiro extracelular para
uma próxima molécula que, assim, executa a informação de alteração do comportamento ce-
lular. Dessa forma, as vias de sinalização intracelular podem simplesmente transmitir o sinal
ou, ainda, em alguns casos, podem alterar as informações, amplificando, integrando ou distri-
buindo os sinais antes de serem transmitidos.
CITOLOGIA 145
A sinalização neural ocorre por meio da sinapse química que permite a comunicação de
neurônios separados por uma distância sináptica. Dessa forma, os neurônios liberam sinais
químicos, denominados neurotransmissores, nas fendas sinápticas, que são reconhecidos
pela célula-alvo de forma rápida.
Receptor
CITOLOGIA 146
6.2.1 Características e funções da comunicação parácrina
A sinalização parácrina é caracterizada por realizar uma comunicação local, uma vez que
o sinal parácrino percorre um pequeno trajeto entre a célula sinalizadora e a célula-alvo. Isso
acontece porque a célula secreta uma substância química que age nas células ao seu redor.
Portanto, a principal função da sinalização parácrina está relacionada com o controle local das
atividades das células vizinhas pela célula que secretou a molécula sinalizadora.
Os sinais parácrinos são importantes durante o desenvolvimento embrionário, pois um
grupo de células passa informações para que as células vizinhas possam se diferenciar. Além
disso, o sinal parácrino pode ser usado por muitos tecidos e em contextos diferentes, como na
regulação da inflamação nos locais de infecção e no controle da proliferação celular no proces-
so de cicatrização.
CITOLOGIA 147
Diagrama 3. Cascata do ácido araquidônico
Líquido extracelular
Fosfolipídeos
de membrana
Líquido
Fosfolipase A2 intracelular
Atividade
Ácido
de segundo
araquidônico
mensageiro
Lipoxigenase Cicloxigenase
(COX1, COX2)
Substâncias
parácrinas
Leucotrienos Prostaglandinas solúveis em
Tromboxanas lipídeos
CITOLOGIA 148
Diferentes moléculas sinalizadoras podem atuar como substâncias autócrinas. Alguns fatores
de crescimento não são secretados na corrente sanguínea e acabam atuando sobre a própria
célula que os secretou. No sistema nervoso, existem neurotransmissores que agem de forma
lenta e se comportam como sinais autócrinos, sendo denominados de neuromoduladores. As
citocinas também podem atuar como moléculas sinalizadoras autócrinas quando estão envolvi-
das nos processos de desenvolvimento e diferenciação celular.
CITOLOGIA 149
Diagrama 4. Comunicação celular por meio da liberação de hormônios na corrente sanguínea
Sangue
Sem resposta
Resposta
CURIOSIDADE:
Uma mesma molécula sinalizadora pode atuar por vias diferentes. A adrenalina,
que funciona como hormônio e neurotransmissor, é um exemplo disso.
Em alguns casos, as moléculas secretadas pelos neurônios são liberadas na corrente san-
guínea e distribuídas pelo corpo por meio da circulação. Por isso são chamadas de neuro-hor-
mônios. No Diagrama 5, podemos observar que os neuro-hormônios liberados pelo sistema
nervoso apresentam uma via de comunicação celular semelhante à comunicação dos hormô-
nios clássicos secretados pelo sistema endócrino.
Sangue
Neurônio
Sem resposta
Resposta
CITOLOGIA 150
6.3.1 Glândulas endócrinas e hormônios
As glândulas endócrinas são especializadas na síntese e liberação de hormônios diretamente
na corrente sanguínea. Durante o desenvolvimento embrionário, ocorre a perda das células que
conectam essas glândulas com o epitélio de origem, o que determina a ausência de ductos secreto-
res e a associação com vasos sanguíneos. As glândulas endócrinas podem ser classificadas quanto
ao número de células que as constituem, como glândulas unicelulares ou multicelulares.
Epitélio Endócrina
As células de
conexão
desaparecem
Células
secretoras
Tecido endócrinas
conectivo
Vaso sanguíneo
CITOLOGIA 151
6.3.2 Hormônios proteicos e comunicação química
Normalmente, os hormônios lipofílicos são proteicos e afetam as atividades das célu-
las-alvo quando se ligam aos receptores na membrana plasmática. Essa interação hormô-
nio/receptor resulta em uma série reações que modificam os níveis de mediadores presen-
tes no citoplasma, gerando como 2º mensageiros o AMP cíclico (cAMP) ou Ca2+. Por outro
lado, alguns hormônios proteicos, como é o caso da insulina, se ligam aos receptores com
atividade tirosina-cinase.
Ligantes hidrofílicos
(hormônios, fatores de
crescimento, secreção parácrina)
Porção glicídica
da glicoproteína
Glicoproteína
transmembrana
(receptor)
Figura 5. Moléculas-sinal proteicas são hidrofílicas e afetam as funções celulares quando interagem com receptores presentes na
membrana plasmática. Fonte: JUNQUEIRA; CARNEIRO, 2012. (Adaptado).
CITOLOGIA 152
6.3.3 Hormônios lipídicos e comunicação química
Alguns hormônios são lipossolúveis, ou seja, apresentam maior facilidade de atravessar
a membrana celular para se ligarem a receptores localizados no citoplasma ou no núcleo das
células-alvo. Os hormônios esteroides e da glândula tireoide (tiroxina – T3 e T4) são exemplos
de moléculas sinalizadoras que atuam desta forma.
O Diagrama 6 demonstra os tipos de hormônios esteroides produzidos pelo córtex da glân-
dula suprarrenal e nas gônadas a partir da molécula de colesterol.
OH
CH3
DI-HIDROTESTOSTERONA
(DHT)
* HO
OVÁRIO
CH2OH
* CÓRTEX DA GLÂNDULA
C=O SUPRARRENAL
CH3
HO OH
DHEA ANDROSTENEDIONA AROMATASE ESTRONA
CH3
* * O
21-HIDROXILASE *
CORTISOL
*
*
21-HIDROXILASE * * *
PROGESTERONA CORTICOSTERONA ALDOSTERONA
COLESTEROL
=O
C=O
CH3 CH
H HO
H C CH2 CH2
CH3
CH2 C CH3 DHEA = DESIDROEPIANDROSTERONA
CH3
CH3
CH3 COMPOSTOS INTERMEDIÁRIOS
=
CUJOS NOMES FORAM OMITIDOS
PARA SIMPLIFICAÇÃO
HO
O
CITOLOGIA 153
a ativação dos genes, novas moléculas de RNAm são criadas e liberadas de volta ao citoplasma.
Sendo assim, a tradução desse RNAm produz novas proteínas para os processos celulares.
Portanto, os hormônios esteroides, incluindo cortisol, estradiol, testosterona e hormônios
da tireoide, representam uma categoria de mensageiros extracelulares que entram na célu-
la para se ligar aos receptores intracelulares. O Diagrama 7 mostra de forma didática como o
hormônio cortisol atua na ativação de um regulador de transcrição.
Cortisol
Membrana plasmática
Mudança conformacional
ativa a proteína receptora
Proteína
receptora nuclear
CITOSOL
NÚCLEO Gene-alvo
ativado
Complexo receptor-cortisol ativado se DNA
liga à região reguladora do gene-alvo
Transcrição do
e ativa a transcrição
gene-alvo
CITOLOGIA 154
Os hormônios hidrossolúveis e lipossolúveis também apresentam diferenças em relação ao
tempo de permanência no organismo e duração da resposta. Os hormônios hidrossolúveis
secretados no sangue acabam sendo eliminados do organismo em minutos. Por outro lado, os
hormônios lipossolúveis permanecem no plasma sanguíneo por períodos mais longos e, por
isso, tendem a apresentar respostas mais prolongadas do que os hormônios hidrossolúveis.
Sinal elétrico
Célula-alvo
Resposta
Neurônio
CITOLOGIA 155
Tabela 1. Principais tipos de neurotransmissores
Acetilcolina Acetilcolina
Noradrenalia (NA)
Adrenalina (A)
Aminas Dopamina (DA)
Serotonina
Histamina
Glutamato
Aminoácidos GABA (ácido γ-aminobutírico)
Glicina
Purinas Adenosina
CITOLOGIA 156
Microtúbulos
Mitocôndrias
Membrana
pré-sináptica
Vesículas
Fenda sináptica
Membrana
pós-sináptica
Neurotransmissores
Receptores
Figura 6. Estrutura da sinapse química. Fonte: Shutterstock. Acesso em: 08/05/2019. (Adaptado).
Um potencial de ação
1 despolariza o terminar
axonal.
Vesícula sináptica
1 com moléculas de
neurotransmissores
A despolarização
abre canais de Ca2+
O potencial de ação
chega ao terminal axonal
2 dependentes de
voltagem, e o Ca2+
entra na célula.
A entrada do cálcio
inicia a exocitose do
3 conteúdo das vesículas
sinápticas.
Ca2+
3
Proteína de O neurotransmissor
ancoragem Fenda difunde-se através da
sináptica 4 fenda sináptica e se
liga aos receptores na
célula pós-sináptica.
2
4 A ligação do
neurotransmissor
Receptor 5 inicia uma resposta na
Célula pós-sináptica Canal de Ca2+ célula pós-sináptica.
Resposta
dependente de
voltagem da célula 5
Figura 7. Liberação de neurotransmissores. Fonte: SILVERTHORN, 2017. (Adaptado).
No neurônio, a maior parte das comunicações ocorre por via neural nas sinapses químicas, que
convertem o sinal elétrico da célula pré-sináptica em sinal químico. Isso ocorre por meio da liberação
de um neurotransmissor na fenda sináptica que, ao se ligar à célula-alvo, transmite uma informação.
CITOLOGIA 157
PAUSA PARA REFLETIR
Agora, conhecendo melhor os tipos de comunicação celular, você sabe explicar suas diferenças
e/ou semelhanças?
T
Proteína
inibidora
Endossomo
Lisossomo
Inativação de Produção de
Sequestro do Retrorregulação Inativação
proteínas proteínas
receptor do receptor do receptor
sinalizadoras inibidoras
Figura 8. Mecanismo pelas quais as células-alvo podem se tornar dessensibilizadas a uma molécula sinalizadora extracelular. Fonte:
ALBERTS et al., 2010. (Adaptado).
CITOLOGIA 158
No caso dos receptores acoplados à proteína G (GPCRs), os três principais mecanismos são:
1. Inativação: os receptores são alterados, de modo que não conseguem mais interagir com
as proteínas G.
2. Sequestro: os receptores são removidos para o interior da célula para que a molécula
sinalizadora não tenha mais acesso a ele.
3. Retrorregulação: destruição dos receptores nos lisossomos.
Proposta de Atividade
Agora é a hora de pôr em prática tudo o que você aprendeu nesse capítulo! Elabore um
mapa conceitual, destacando as principais ideias abordadas ao longo do capítulo. Ao produzir
seu mapa conceitual, considere as leituras básicas e complementares realizadas.
Elabore seu mapa conceitual com, pelo menos, 25 palavras. Lembre-se de destacar os principais
tipos de comunicação celular e suas características, bem como relacionar com alguns exemplos.
Recapitulando
Nos organismos multicelulares, as células precisam se comunicar com outras células para
realizar processos básicos, tais como: crescimento, proliferação e divisão celular. Para isso, é
necessário que a célula consiga responder a um conjunto de estímulos específicos chamados
de moléculas sinalizadoras extracelular ou ligantes.
As moléculas sinalizadoras possuem afinidade com proteínas receptoras que estão pre-
sentes na superfície da célula-alvo que, por sua vez, induzem a formação de moléculas sinali-
zadoras intracelulares por meio do processo transdução de sinal, cuja finalidade é modular o
comportamento celular.
As células-alvo podem apresentar diferentes tipos de receptores que estão presentes na su-
perfície celular, bem como podem apresentar receptores intracelulares que estão localizados
em organelas presentes no citoplasma ou no núcleo.
Além disso, todo o processo de produção e liberação de moléculas sinalizadoras que se ligam
a receptores para causar um efeito na célula-alvo envolve diferentes mecanismos, tais como:
comunicação autócrina ou parácrina, comunicação por via neural e comunicação endócrina.
As comunicações autócrina e parácrina ocorrem por meio da liberação de moléculas sinalizado-
ras no líquido extracelular, atuando em células próximas ou vizinhas. Dessa forma, quando o sinal é
reconhecido por células vizinhas, a comunicação é chamada de parácrina. Por outro lado, se o sinal
for reconhecido pela mesma célula que o produziu, a comunicação é conhecida como autócrina.
CITOLOGIA 159
Na comunicação endócrina, as moléculas sinalizadoras são chamadas de hormônios. Eles são
liberados na corrente sanguínea e distribuídos pela circulação para que possam atuar em células-
-alvo distantes. Dentre os principais tipos de hormônios, destacam-se os hormônios proteicos,
que se ligam aos receptores de superfície celular, e os hormônios lipídicos, que têm facilidade em
atravessar a membrana plasmática da célula-alvo para se ligarem aos receptores intracelulares.
Na via neural, a comunicação dos neurônios ocorre por meio de mediadores químicos arma-
zenados em vesículas localizadas na região terminal do axônio. Sendo assim, as células pré-si-
nápticas (neurônios) liberam os neurotransmissores (sinais químicos) na fenda sináptica para
que eles possam se ligar ao receptor presente na membrana pós-sináptica da célula-alvo. No
entanto, existem alguns neurotransmissores que funcionam de forma semelhante aos hormô-
nios e lançam os sinais químicos na corrente sanguínea para atuar em células-alvo distantes.
Por fim, veja, na tabela a seguir, um resumo comparativo das características de tipo de co-
municação celular:
AUTÓCRINO/
CARACTERÍSTICA NERVOSO ENDÓCRINO
PARÁCRINO
Longa intracelularmen-
Distância máxima de
Curta te, curta por meio da Longa
sinalização
sinapse
CITOLOGIA 160
Referências bibliográficas
ALBERTS, B. et al. Fundamentos da biologia celular. 4. ed. Porto Alegre: Artmed, 2017.
ALBERTS, B. et al. Biologia molecular da célula. 5. ed. Porto Alegre: Artmed, 2010.
DE ROBERTIS, E. M.; HIB, J. Biologia celular e molecular. 16. ed. Rio de Janeiro: Guanabara
Koogan, 2014.
JUNQUEIRA, J. C. U.; CARNEIRO, J. Biologia celular e molecular. 9. ed. Rio de Janeiro: Guana-
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MOYES, C. D.; SCHULTE, P. M. Princípios de fisiologia animal. 2. ed. Porto Alegre: Artmed,
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SILVERTHORN, D. U. Fisiologia Humana: uma abordagem integrada. 7. ed. Porto Alegre: Art-
med, 2017.
CITOLOGIA 161