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Neste capítulo vamos abordar temas voltados para as interações das células com o
meio em que elas residem. As unidades celulares reconhecerão padrões moleculares
presentes na superfície de outras células ou em moléculas presentes no meio extrace-
lular, tanto dissolvidas no líquido extracelular como depositadas na forma de um com-
ponente fibroso conhecido como matriz extracelular. Para entendermos melhor como
tais interações podem resultar em maior força de interação, estudaremos também a
influência do citoesqueleto nesse processo. Disfunções na produção ou na interação
desses componentes podem resultar em desestabilização, com efeitos variáveis em
nossos sistemas corporais.
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é extremamente semelhante. Essa organização de células e moléculas ao seu redor é
conhecida como tecido. Cada tecido terá características próprias em relação a parâme-
tros como rigidez, quantidade de células e componentes de matriz extracelular.
Diferentes tipos teciduais vão realizar uma íntima associação para que possamos criar
uma estrutura anatômica dinâmica, com pelo menos uma função relacionada. Essa es-
trutura é conhecida como órgão, que, em conjunto, formarão todos os nossos siste-
mas corporais.
Os microtúbulos são formados por proteínas conhecidas como tubulinas, que formam
pequenos dímeros, os quais vão realizar um processo de agregação, formando estru-
turas como se fossem pequenos canos. Essa estrutura pode apresentar uma grande
dinâmica de adição de novos dímeros para aumentar sua sustentação, ou estes podem
ser gradualmente retirados para o encurtamento dos microtúbulos. Esse componente
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apresenta tal dinâmica durante a separação do material genético em processos de
divisão celular conhecidos como mitose e meiose, além de participar da formação de
projeções de membranas, conhecidas como cílios e flagelos.
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caracterizar a origem de uma estrutura celular de acordo com o tipo de proteína pro-
duzida pela célula e analisar os impactos teciduais no caso de disfunções na produção
desses componentes.
Dessa forma, precisamos compreender que cada tipo celular apresentará uma varieda-
de de componentes proteicos que responderá aos questionamentos anteriores.
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Os desmossomos são organizações membranares de proteínas da família das cade-
rinas. Quando analisamos a interação da membrana plasmática de duas células epite-
liais, ponto de formação dos desmossomos, notamos uma concentração dessas proteí-
nas voltadas para o meio externo. Existe reconhecimento entre elas, permitindo uma
conexão celular com alto grau de estabilidade. Já os hemidesmossomos são junções
que permitem a conexão das células aos componentes fibrosos da matriz extracelular.
Ao contrário dos desmossomos, eles possuem como fator membranar as proteínas da
família das integrinas. Dessa forma, podemos concluir que a ausência de uma querati-
na funcional pode tanto comprometer a união entre células como fragilizar o contato
célula-matriz.
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ocludinas realizarão uma barreira de contenção, evitando a passagem desde pequenas
substâncias dissolvidas no fluido extracelular até grandes partículas provenientes do
processo de digestão. Assim, evitamos também a livre passagem de micro-organismos.
Como vimos até o momento, a força de interação entre unidades celulares é essencial
para o estabelecimento de junções desde as primeiras etapas de sua formação no nos-
so organismo. Ao refletir sobre interações mais transitórias, deparamo-nos com um
tipo de junção capaz de permitir a troca de pequenas substâncias entre células. Esse
tipo de junção é conhecido como junção comunicante e são formadas por uma família
de proteínas chamadas de conexinas, dispostas na membrana em seis unidades for-
mando um canal transmembranar. A interação desses canais permitirá a troca de íons,
como sódio (Na+), potássio (K+) e cálcio (Ca++), além de pequenas moléculas, como
água, glicose e aminoácidos. Esse intercâmbio pode ser bidirecional, apenas respeitan-
do os princípios de transportes.
Para finalizar este capítulo é importante relatar as vantagens obtidas pelas células que
são capazes de realizar projeções membranares. O aumento da superfície de contato
de células que são especializadas no processo de absorção surge como uma estraté-
gia biológica para que possamos otimizar o aproveitamento dos nutrientes digeridos.
Quando realizamos microscopia de alta resolução, verificamos que a superfície das
células epiteliais intestinais apresenta prolongamentos conhecidos como microvilosi-
dades. A formação dessa especialização de membrana tem forte ligação com os com-
ponentes do citoesqueleto de actina.
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Outra especialização de membrana também formada com a participação de actina são
os estereocílios, prolongamentos maiores do que as microvilosidades, que igualmente
possuem papel muito importante em processos absortivos. Na superfície de células
epiteliais do canal de armazenamento de espermatozoides, conhecido como epidídi-
mo, esse tipo de especialização é responsável pela nutrição desses gametas e retirada
de substâncias potencialmente tóxicas.
Outro grupo de projeções membranares restrito a alguns tipos celulares possui a ca-
pacidade de realizar movimentação, ao contrário das microvilosidades e estereocílios,
que são projeções imóveis. Nesse sentido, podemos explicar alguns eventos biológi-
cos que aprendemos ao longo da vida. Você já deve ter se perguntado como os esper-
matozoides conseguem realizar seu movimento ou como o embrião consegue migrar
da tuba uterina até o local de fixação no corpo uterino. A resposta para essas questões
está na formação dos chamados cílios e flagelos.
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RE SUMO
Neste capítulo aprendemos quais são os requisitos necessários para que possamos en-
tender os aspectos básicos de como as células interagem com componentes do meio
ambiente. Listamos os componentes do citoesqueleto e fizemos correlação com os
diferentes tipos de junções celulares e projeções de membrana. Essa reflexão é im-
portante, pois, de posse das informações, em um cenário ideal podemos refletir sobre
determinadas situações em que encontramos disfunções na produção desses compo-
nentes.
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