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2016 / 2019
Vice-Presidente
Mariano Tamura Vieira Gomes
Secretária
Raquel Silveira da Cunha Araújo
Membros
Aurélio Antônio Ribeiro da Costa
Armando Romeo
Eduardo Batista Candido
Jean Pierre Barguil Brasileiro
Julio Cesar Rosa e Silva
Marcus Aurélio Bessa Paiva
Raquel Ferreira Lima
Ricardo Bassil Lasmar
Rita de Cássia Barbosa Tavares dos Santos
Sergio Edgar Camões Conti Ribeiro
Walter Antônio Prata Pace
Tumores anexiais
Descritores
Tumor adnexal; Cistos ovarianos; Distúrbios anexiais; Neoplasias ovarianas
Como citar?
Barbosa RN, Andres MP, Borrelli GM, Abrão MS. Tumores anexiais. São Paulo: Federação Brasileira das
Associações de Ginecologia e Obstetrícia (FEBRASGO); 2018. (Protocolo FEBRASGO - Ginecologia, no. 18/
Comissão Nacional Especializada em Endoscopia Ginecológica).
Introdução
Na rotina ginecológica é comum a presença de tumores ou massas
anexais tanto em pacientes com sintomas quanto como achado
de exame.(1) Uma grande diversidade de doenças pode ser en-
globada pela Classificação Internacional das Doenças (CID-10)
(Quadro 1), podendo ser de natureza ovariana ou extraovariana
(Quadro 2).
Hospital das Clínicas, Faculdade de Medicina, Universidade de São Paulo, São Paulo, SP, Brasil.
1
*Este protocolo foi validado pelos membros da Comissão Nacional Especializada em Endoscopia
Ginecológica e referendado pela Diretoria Executiva como Documento Oficial da FEBRASGO. Protocolo
FEBRASGO de Ginecologia nº 18, acesse: https://www.febrasgo.org.br/protocolos
Continuação.
Causas não ginecológicas Apendicite Metástase
Divertículo vesical Tumor de Krukenberg
Abscesso diverticular Sarcomas retroperitoneais
Tumor de bainha nervosa
Rim pélvico
Cisto peritoneal
Divertículo ureteral
Divertículo vesical
Abscesso diverticular
Tumor de bainha nervosa
Rim pélvico
Cisto peritoneal
Divertículo ureteral
Etiologia
A neoplasia de ovário abrange grande variedade histopatológica,
cujo manejo depende do tipo específico de tumor. Os tumores
epiteliais, o tipo mais comum, correspondem a cerca de 90% dos
casos, e os tipos menos comuns incluem carcinossarcomas, carci-
nomas de células claras, carcinomas mucinosos, carcinomas epi-
teliais endometrioides ou serosos, tumores epiteliais do tipo bor-
derline, tumores malignos de cordão sexual e tumores malignos
de células germinativas. Os tumores malignos de tuba uterina e
primários de peritônio são tratados da mesma forma que os epi-
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Barbosa RN, Andres MP, Borrelli GM, Abrão MS
Fatores de risco
Os principais fatores de risco relacionados à neoplasia de ovário
são a história familiar de neoplasia de mama ou ovário, a presença
de mutações dos genes BRCA1 e/ou BRCA2 e a neoplasia de cólon
hereditária não polipoide (síndrome de Lynch). Também, são fato-
res de risco a endometriose, pelo seu estado inflamatório crônico e
infertilidade associada, a obesidade, o tabagismo, a nuliparidade,
a terapia de reposição hormonal e a idade,(2)com maior risco nos
casos de massa sou tumores anexiais encontrados na pré-menarca
e pós-menopausa.(2,8) O risco de tumores borderline aumenta após
estimulação ovariana na fertilização in vitro.(9,10)
Diagnóstico
História clínica
O diagnóstico definitivo dos tumores de ovário é histopatológico.
Os sintomas podem ser inespecíficos, como sangramento genital,
aumento do volume abdominal, dor abdominal e pélvica. Quando
de início súbito, severo ou de rápida progressão, principalmente se
associados a sintomas consumptivos, a possibilidade de tumor ma-
ligno de ovário deve ser considerada.(11) Na anamnese é importante
investigar os fatores de risco para os tipos de câncer supradescri-
tos, bem como idade, história reprodutiva e desejo contraceptivo
para programação terapêutica adequada. O uso de contraceptivos e
o atraso menstrual, sempre, devem ser investigados para descartar
ou confirmar gestação.(12) Outros sintomas, como metrorragia e
dismenorreia, podem estar presentes em quadros de leiomiomas;
dispareunia e dismenorreia severa, que são sugestivos de endome-
triomas; febre e dor à mobilização do colo uterino podem indicar
abscessos tubo-ovarianos e moléstia inflamatória pélvica.(11)
Exame físico
O exame deve ser direcionado para a queixa da paciente e pode
incluir o exame especular, toque vaginal, toque retal e palpação de
linfonodos. A avaliação cardíaca e pulmonar pode ser inclusa quan-
do houver queixas relacionadas, como dispneia ou dor torácica. Em
metanálise considerando cinco estudos, o exame físico foi capaz de
identificar uma massa anexial em até 45% dos casos, com especifi-
cidade de 90%.(13) É importante ressaltar que, em 2014, o American
College of Obstetrics and Gynecology (ACOG) publicou um artigo
sobre rastreamento de câncer de ovário em mulheres assintomáti-
cas.(1) Segundo o estudo, o exame pélvico bimanual ou a ultrasso-
Exames laboratoriais
Os exames laboratoriais devem ser direcionados para o quadro clí-
nico da paciente. Em mulheres na menacme, a dosagem do BhCG é
necessária para descartar gestação e doenças relacionadas a ela.(14) O
hemograma completo pode evidenciar leucocitose, sugerindo doenças
infecciosas como moléstia inflamatória pélvica e abscesso tubo-ova-
riano.(12) Dentre os marcadores tumorais séricos, o mais relevante é o
CA125, o qual está aumentado em 80% das pacientes com câncer epi-
telial de ovário; porém, nas pacientes em estádios iniciais, seus níveis
séricos podem ser normais. Além disso, diferentes etiologias benignas
e malignas podem causar o aumento dos níveis séricos de CA 125,
como, por exemplo, endometriose, câncer de pulmão, câncer de mama
e tuberculose. No período da pós-menopausa, a sensibilidade e espe-
cificidade do CA125 aumentam em relação ao período do menacme
(Valor Preditivo Positivo 98% vs. 49%, respectivamente). Em 2016, o
ACOG recomendou que o CA125 não deve ser utilizado isoladamente
para a diferenciação de tumores benignos e malignos de ovário.(15)
Exames de imagem
A ultrassonografia transvaginal (USTV) é considerada como primeira
linha na investigação das massas anexiais.(16)A facilidade de acesso e a
qualidade das imagens permitem boa definição e identificação de ca-
racterísticas macroscópicas das lesões. Entre as limitações do método
estão o fato de ser examinador dependente e a presença de grande va-
riedade de características ultrassonográficas tanto nos tumores benig-
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Tumores anexiais
Tratamento
O manejo dos tumores anexiais pode ser diverso e deverá ser de-
terminado após levantadas as principais hipóteses diagnósticas, a
partir da suspeita clínica e dos resultados de exames subsidiários, es-
pecialmente dos exames de imagem como USTV e RM. Se um diag-
nóstico não ginecológico é feito, a paciente deve ser encaminhada
ao especialista e o tratamento apropriado deverá ser realizado. Para
as diversas causas ginecológicas, diferentes abordagens terapêuticas
específicas – clínicas ou cirúrgicas – poderão ser indicadas. O obje-
tivo inicial da avaliação das massas anexiais é caracterizar e iden-
tificar situações de urgência nas quais a resolução imediata faz-se
necessária, bem como o potencial de malignidade do tumor anexial,
baseando-se nos critérios clínicos e exame físico, história familiar,
exames laboratoriais e exames de imagem. A partir desta caracte-
Teste de gravidez
Negativo Positivo
Achados suspeitos de
Considerar
malignidade na imagem
gravidez ectópica
(USTV / RM)
Afastar Abscesso
tubo-ovariano
Sim Não (hemograma, PCR)
Massa > 10cm?
Sim Não
Sim Não
Achados suspeitos de
malignidade na
imagem (USTV / RM)
Sim Não
CA125 > 35U/mL?
Sim
Não
Repetir imagem
(USTV) a cada 4
semanas
Massa assintomática
Procurar
critérios de
malignidade USG
Gravidez 1º trimestre
1º trimestre
Risco baixo/
Alto risco
intermediário
Regressão Progressão ou
espontânea Não regressão
2º trimestre
Cirurgia
3º trimestre
Parto
Cirurgia Excisão da
pós-parto massa tumoral
Recomendações finais
• O exame pélvico bimanual ou a ultrassonografia transvaginal
não devem ser recomendados para o rastreamento de tumores
anexiais benignos ou malignos.
• A ultrassonografia transvaginal é considerada como primeira
linha na investigação das massas anexiais.
• Algumas características ultrassonográficas são suspeitas de
malignidade como a presença de componente sólido, cistos
multiloculados, aumento da espessura da capsula, diâmetro
superior a 6 cm, presença de septo grosseiro, projeções papila-
res, ascite ou diminuição no fluxo ao doppler.
• Tumores anexiais sintomáticos deverão ser conduzidos cirur-
gicamente em qualquer fase da vida da mulher, inclusive, na
gestação.
• Quando um tumor ovariano é considerado benigno, a paciente
pode ser seguida de maneira conservadora, ou, se indicada, a
cirurgia pode ser realizada por um ginecologista geral.
• Quando um tumor ovariano é considerado indeterminado
na avaliação ultrassonográfica inicial, após a avaliação clínica
apropriada, um segundo passo poderá incluir: encaminhar a
um ultrassonografista experiente, USTV seriado, aplicar mo-
delo de predição de risco, correlacionar marcador tumoral,
correlacionar com RM, ou encaminhar a um oncoginecologista
para prosseguir avaliação.
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