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Código: PRO.015.

PCIRA
Data Elaboração: 16/02/2021
PROCEDIMENTO
Edição: 03
Revisão: 02

PREVENÇÃO DA INFEÇÃO ASSOCIADA À ALGALIAÇÃO


ÂMBITO: SERVIÇOS CLINICOS

1. OBJECTIVO:
 Minimizar o risco de infeção associada à cateterização vesical.
 Uniformizar procedimento relativos à indicação, inserção, manutenção e remoção do cateter vesical.
 Reduzir o número de doentes algaliados sem indicação e indiretamente reduzir a colonização e
infeção das vias urinárias associadas à utilização de dispositivos vesicais, garantindo em simultâneo a
persistência destes dispositivos em situações especificas.

2. DESTINATÁRIOS:
Médicos, enfermeiros, assistentes operacionais, técnicos de diagnóstico e terapêutica (TDT), fisioterapeutas
e Serviço de Compras e Logística.

3. RESPONSÁVEL:
Diretores / Responsáveis / Enfºs Gestores dos Serviços

4. DEFINIÇÕES:
Cateter vesical (CV) – Dispositivo invasivo também designado por algália, inserido nas vias urinárias até à
bexiga cujo processo é denominado de algaliação. Com base nas definições dos Centers for Disease Control
(CDC), a algaliação pode ser considerada de: curta duração (entre 7-10 dias), de média duração (até 30 dias) e
de longa duração (mais de 30 dias).

GHAF – Sistema informático de prescrição na Gestão Hospitalar de Armazém e Farmácia

ITU – Infeção do Trato Urinário

ITUACV – Infeção do Trato Urinário Associado a Cateter Vesical

5. DESCRIÇÃO:
A presença de cateter vesical surge como um fator de risco major associado à ocorrência de infeção do trato
urinário (ITU) nosocomial. Sabemos que o seu uso é um componente essencial nos cuidados de saúde, mas que
ocorre dupla sobre utilização dos dispositivos vesicais, em demasiados doentes e por demasiado tempo, nesse
sentido é necessário uniformizar critérios de utilização e atuação para diminuir os riscos.
Os doentes/utentes algaliados estão expostos a fatores que favorecem a infeção:
 Higiene inadequada,
 Traumatismos uretrais;
 Refluxos e retenção de urina;
 Prolongamento da algaliação;
 Utilização de sistema de drenagem aberto.

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5.1. PRINCÍPIOS GERAIS


a) O uso da algália deve ser limitado às necessidades clínicas que não podem ser satisfeitas de outro
modo. Devem permanecer apenas o tempo estritamente necessário, ou seja, enquanto houver indicação
clínica. Para o efeito verificar diariamente a necessidade de manter cateter vesical, retirando-o logo que
possível e registando diariamente no processo clínico as razões para a sua manutenção
b) A algaliação deve ser prescrita no GHAF, tendo em conta:
 Necessidades diagnósticas: medição de volume residual, instilação de contraste (uretrocistografia),
urodinâmica, fazer diagnóstico diferencial entre anúria e retenção e despiste de trauma em
situações de emergência;
 Necessidades terapêuticas: alívio da obstrução infravesical (Hipertrofia Benigna da Próstata,
coágulos, estenose, pós-cirurgia, etc), drenagem de urina no doente/utente com disfunção
neurogénica da bexiga e retenção urinária, nas cirurgias urológicas e outras cirurgias nas estruturas
contíguas, e monitorização rigorosa de débito urinário em doente/utentes críticos.
c) A algaliação não deve ser considerada um tratamento para a incontinência.
d) Devem ser sempre considerados e avaliados métodos alternativos à algaliação, de acordo com a situação
clínica do doente/utente, nomeadamente a fralda, dispositivos urinários externos, cateterização suprapúbica,
drenagem vesical intermitente, entre outras.
e) Se o cateterismo intermitente for usado, execute-o em intervalos regulares para evitar a sobredistensão da
bexiga.
f) Deve proceder-se a uma desinfeção higiénica das mãos de acordo com as normas respeitando os 5
Momentos preconizados pela OMS, na inserção, em qualquer manipulação da algália ou do sistema de
drenagem e na sua remoção.
g) O sistema de drenagem deve funcionar em circuito fechado com um sistema de esvaziamento concebido
de modo a evitar a contaminação. O sistema de drenagem deve ter preferencialmente um local
referenciado que permita a colheita assética de urina. O circuito fechado só deve ser quebrado por
motivos específicos, limitados e claramente definidos.
h) As lavagens/irrigações/instilações da bexiga não previnem a infeção associada à algaliação, pelo que
devem ser efetuadas apenas por razões clínicas específicas e não como prática de rotina.
i) A algália deve ser substituída de acordo com as necessidades clínicas (ex. infeção), ponderando sempre
a possibilidade de desalgaliação. Deve ter-se em conta o tipo de algália e as recomendações do
fabricante e não prazos pré-determinados por rotina de serviço.
j) As situações de perda de urina entre o meato e algália não constituem, por si só, motivo para aumentar o
calibre da mesma, devendo pesquisar-se obstrução no sistema de drenagem ou presença de infeção.
k) No ensino ao doente/utente, a informação verbal deve ser complementada com informação escrita em
linguagem simples. Isto é relevante nos cuidados domiciliários e na preparação para a alta.
l) A separação espacial dos doentes/utentes algaliados infetados e não infetados pode minimizar o risco de
ITU cruzada, pelo que deve evitar-se que estes doentes/utentes sejam colocados em camas adjacentes.
Isto é particularmente importante durante surtos de infeção documentados, nomeadamente por
microrganismos multirresistentes (Serratia, Klebsiella, Pseudomonas e Enterobacter).

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5.2 PRESCRIÇÃO DE ALGALIAÇÃO


Aquando da tomada de decisão de algaliar um doente/utente devem ser cumpridos os seguintes procedimentos:
Responsável pela
Nº Prescrição
execução
1 Prescrição de cateter vesical no GHAF se as necessidades clínicas não podem ser
satisfeitas de outro modo (fralda, coletor urinário, punção supra púbica, algaliação Médico
intermitente)
2 No Programa informático de prescrição (GHAF), selecionar “Atitudes Terapêuticas”,
seguida de “Algaliação” e nesta, escolha o critério que justifica a algaliação:
 Retenção urinária aguda ou obstrução onde se inclui o doente com hematúria;
 Necessidade de medições precisas de débito urinário em doentes críticos;
 Pós operatório de procedimentos cirúrgicos específicos como a cirurgia urológica
ou outra cirurgia em estruturas contíguas do trato genito urinário;
 Quando se prevê uma duração prolongada da cirurgia, infusão de grandes
volumes ou diuréticos durante a cirurgia ou necessidade de monitorização intra Médico
operatória de débito urinário;
 Para ajudar na cicatrização de feridas abertas na região sagrada ou perineal em
doentes incontinentes;
 Despiste de trauma em situações de emergência (instabilidade do tórax ou coluna
lombar, múltiplas lesões traumáticas);
 Para melhorar o conforto para o fim de vida

3 A partir das 24 horas da prescrição da algaliação surge um lembrete “Doente com


dispositivo invasivo - confirma a necessidade da sua continuidade?” GHAF

4 Se necessidade de manter a algália, confirmar no GHAF e escolher o critério que a


justifica, conforme o ponto 2 deste procedimento Médico
5 Remoção de cateter vesical se ausência/suspensão de prescrição Enfermeiro

5.3 SELEÇÃO E INSERÇÃO DA ALGÁLIA


A algália deve ser constituída de material adequado à duração prevista da cateterização e à avaliação
clínica do doente/utente.
Responsável pela
Nº Seleção do tipo de algália
execução
1 Inquirir o doente/utente e/ou pessoas significativas, acerca de possível alergia ao
látex. As algálias hidrogel e de silicone, são melhor toleradas do que as de látex ou
poliuretano
2 Se é previsível uma irrigação contínua ou regular deve ser selecionada uma algália
de três vias
3 Deve ser utilizado o calibre mais pequeno que permita uma boa drenagem. O Enfermeiro
calibre recomendado é de 12 a 16 unidades de Charrière (Ch) no adulto, consoante
as características da urina (limpa, com sedimento ou com coágulos). Na criança o
calibre recomendado é de 6 a 10. O comprimento da algália depende do sexo do
doente/utente. A literatura refere que o comprimento padrão da algália deve ser de
40cm no homem e de 25cm na mulher

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A inserção e manutenção da algália devem ser efetuadas por profissionais devidamente treinados.
Responsável pela
Nº Inserção de algália
execução
1 Reunir material e equipamento: - Soro Fisiológico 10 ml
- Algália (variável conforme doente e - Seringa de 20 ml
necessidade) - Saco coletor de urina esterilizado
- Bata e máscara - Fixador/Adesivo
- Luvas de procedimentos - Campo com óculo
- Luvas esterilizadas (1 par) - Campo sem óculo
- Gel estéril - Resguardo
- Compressas 10/10 cm - Bacia
- Água bidestilada - Água, sabão e toalha
2 Informar o procedimento, solicitar a sua colaboração
3 Avaliar as necessidades clínicas do doente/utente as quais devem determinar a
necessidade de um assistente
4 Colocar EPI (máscara, bata)
5 Higienizar as mãos – antes do contacto do doente
6 Posicionar o doente expondo apenas a região genital e aplicar o resguardo
7 Higienizar as mãos – antes do procedimento assético, e calçar luvas limpas
8 Proceder à lavagem da área genital com água e sabão e secar, rejeitar para
resíduos do grupo II
9 Realizar a antissepsia do meato urinário e área adjacente com soro fisiológico a
0,9% através de irrigação (no caso do homem colocar pénis em compressa estéril)
10 Remover luvas e Higienizar as mãos – após risco de exposição a fluidos
orgânicos
11 Abrir o campo esterilizado e colocar: cateter vesical (algália), saco coletor, campo
com óculo, seringa esterilizada, o gel lubrificante, as compressas, abrir ampola de
água estéril Enfermeiro
12 Higienizar as mãos – antes de procedimentos asséticos
13 Calçar luva estéril na mão dominante para segurar a seringa e com a mão sem
luva pegar na ampola de água bidestilada. Aspirar a água bidestilada e colocar
seringa no campo esterilizado. Calçar a outra luva esterilizada
14 Adaptar a algália ao saco coletor
15 Colocar o campo com óculo
16 Lubrificar com gel estéril (dose única) a uretra e deixar atuar de 3 a 5 minutos.
17 Proceder à inserção da algália com saco coletor adaptado
18 Introduzir no balão água destilada conforme quantidade determinada pelo
fabricante, entre 5 ml e 10 ml e adaptado a situações clínicas específicas
19 Tracionar ligeiramente a algália até sentir resistência do balão e remover o campo
esterilizado e resguardo descartável
20 Remover as luvas e bata e higienizar as mãos - após risco de exposição a fluidos
orgânicos
22 Fixar a algália na parte superior da coxa ou inferior do abdómen no homem, e na
face interna da coxa na mulher para prevenir os movimentos da algália e pontos de
fricção na uretra
23 Posicionar o doente e colocar o saco coletor abaixo do nível da bexiga, em suporte
próprio
24 Higienizar as mãos – após contacto com o doente
25 Remover máscara e Higienizar as mãos
26 Registar nas notas o nome do profissional, a data de inserção, o tipo e calibre da
Enfermeiro e
algália e o volume da água no balão (recomendado pelo fabricante), bem como o
médico
motivo da algaliação
NOTA: Recomenda-se fortemente o uso da Grelha de Observação de inserção da algália (REG.127.PCIRA)

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5.4 MANUTENÇÃO DA ALGÁLIA


Responsável pela
Nº Manutenção de algália
execução
1 Refletir diariamente sobre a necessidade de manter/possibilidade de remover o
cateter vesical através da seleção do critério que a justifica no GHAF e da
realização de briefing diário multidisciplinar
Briefing ao Cateter vesical

Existe indicação para manter CV?


1ªQ
(ver ação 2 do 5.2.)
Médico e
Não Sim
enfermeiro

Existe possibilidade de
2ªQ substituir CV por dispositivo
urinário externo?

Remover CV e Sim Não


Manter CV
vigiar eliminação

2 Higienizar as mãos antes da manipulação da algália ou sistema de drenagem, de


doente a doente de forma individualizada – antes de procedimento assético
Usar EPI adequados (luvas de vinil e avental) de doente a doente de forma
individualizada
3 Fixar a algália de modo a manter a posição e integridade do sistema, assegurando
o conforto e mobilidade do doente/utente
Médico, enfermeiro,
4 O saco de drenagem deve ser mantido sempre abaixo do nível da bexiga para
assistente
manter o fluxo urinário desobstruído e colocado em suporte que previna o contacto
operacional, TDT e
com o chão e a contaminação subsequente da válvula de despejo
fisioterapeutas
5 Pinçar a tubuladura do saco sempre que seja necessário levantá-lo acima do nível
da bexiga mesmo que este seja antirrefluxo
6 Controlar o volume do saco de drenagem com regularidade e promover o seu
esvaziamento quando estiver com ¾ da sua capacidade
7 Higienizar as mãos após a remoção de EPI e manipulação da algália ou sistema de
drenagem – após risco de exposição a fluidos orgânicos
8 Realizar a higiene do meato diariamente, pelo doente (sempre que possível) ou pelos
profissionais de saúde, e sempre que se observem secreções, de modo a mantê-lo
livre de incrustações e contaminação. Não é necessário usar antisséticos na
higiene diária como forma de prevenir a ITU associada à algaliação
9 O banho de chuveiro está indicado para a manutenção da higiene pessoal do
doente/utente
10 A colheita de urina para exame microbiológico deve ser feita por aspiração no local
referenciado do sistema para o efeito e deve usar-se material estéril e técnica
assética
11 O saco de drenagem não deve ser substituído por rotina, excetuam-se as
seguintes situações: Enfermeiro
 substituição da algália
 presença de fugas ou estiver danificado
 saída acidental do saco e/ou sistema
 acumulação de sedimento e/ou coágulos
 tratamentos específicos de quimioterapia
12 Se ocorrer quebra de técnica assética ou desconexão do sistema de drenagem, o
mesmo deve ser substituído, usando técnica assética após desinfetar a junção
algália saco com álcool a 70º
13 Realizar e documentar ensino ao doente e família/convivente sobre cuidados de
prevenção de infeção urinária associada a cateter vesical

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14 Incluir informação, na carta de alta, que permita a continuidade de cuidados,


nomeadamente:
 Motivo da algaliação
 Data de inserção
 Tipo e Calibre da algália Enfermeiro e
 Sinais/suspeita de infeção médico
 Antibioterapia dirigida ou empírica se o doente/utente estiver a fazer (e se sim,
qual a terapêutica instituída)
 Isolamento de estirpe multirresistente (se houver resultado microbiológico) e
enviar cópia dos resultados da bacteriologia
15 Os sacos de drenagem devem ser simples e apropriados para o fim em vista. Os
requisitos mínimos para os sacos são: torneira de despejo, fácil de operar com uma
Comissões de
só mão e com encerramento seguro; fácil de posicionar; ter válvula anti refluxo; ter
análise de material
tubagem resistente e maleável; com sistema de medição fiável da urina (por altura
clínico
da seleção, é importante verificar se os níveis correspondem ao assinalado nos
sacos pelo fabricante)
NOTA: Recomenda-se fortemente o uso da Grelha de Observação de manutenção da algália (REG.128.PCIRA)

Responsável pela
Nº Despejo do saco de drenagem execução
1 Higienizar as mãos _ antes de procedimento assético
Usar equipamento de proteção individual adequado (luvas, avental) e com
2 mudança das luvas entre doente/utentes
Usar um recipiente limpo e individualizado, evitando o contacto entre a torneira do
3 saco de drenagem e o recipiente de despejo Assistente
operacional
4 Evitar a contaminação do sistema e fuga de urina durante o esvaziamento
Usar toalhete de papel para limpar a torneira após o despejo, e desta forma evitar
5 o gotejamento para o chão da urina residual
6 Remover EPI e Higienizar as mãos – após risco de exposição a fluidos orgânicos

Responsável pela
Nº Colheita de urina para exame microbiológico através da algália
execução
1 Clampar a tubuladura do saco coletor na parte mais distal relativamente ao local de
colheita, durante alguns minutos
2 Preparar o material necessário
3 Desinfetar as mãos
4 Colocar luvas de procedimento não estéreis
5 Desinfetar o local de punção com álcool a 70% antes da colheita
Enfermeiro
6 Aspirar 10 ml de urina e colocar em frasco esterilizado devidamente rotulado,
evitando tocar no bocal do frasco
7 Retirar a pinça de clampagem e limpar o local de punção após a colheita
8 Enviar a amostra de urina para o Laboratório, o mais rápido possível (no prazo
máximo de uma hora). Se isto não for possível, a amostra deve ser refrigerada a
4ºC para evitar a proliferação das bactérias contaminantes
9 É muito importante que a requisição que acompanha a amostra contenha a
informação referente à presença da algália e antibioterapia que o doente/utente Médico
possa estar a fazer
NOTA: A colheita de urina para exame microbiológico deve ser feita por aspiração no local referenciado do
sistema para o efeito.

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5.5 REMOÇÃO DA ALGÁLIA


O procedimento de remoção da algália deve ser feito o mais cedo possível (assim que deixe de ter
indicação clínica) e deve obedecer aos seguintes passos:
Responsável pela
Nº Remoção de algália
execução
1 Friccionar as mãos com solução antissética alcoólica e calçar luvas limpas
2 Desinsuflar o balão
3 Limpar o meato urinário e a região peri uretral com soro fisiológico antes de
remover a algália
4 Retirar a algália suavemente
Enfermeiro
5 Limpar novamente o meato urinário e a região peri uretral
6 Eliminar material como resíduo do grupo 3
7 Retirar as luvas e higienizar as mãos
6 Vigiar a eliminação vesical espontânea e promover o reforço da ingestão e/ou
aporte hídrico (seguir algoritmo do fluxograma 5.5.1)
7 Registar em processo clínico a data e o motivo da remoção da algália bem como, a Enfermeiro e
eliminação pós remoção médico

5.5.1 FLUXOGRAMA PARA VIGILÂNCIA APÓS REMOÇÃO DE CATETER VESICAL

Doente Desalgaliado
Vigilância de Eliminação Urinária

Doente urinou Doente teve micção nas


Doente não apresentou
espontaneamente nas 6h 6h seguintes mas refere
A B C micção espontânea nas 6h
seguintes e não refere sensação de desconforto/
após desalgalição
qualquer sintoma pressão abdominal

Com sinais/
Manter vigilância Realizar esvaziamento vesical Sim
sintomas?
Não
Não

Volume
residual
Sim >300ml Não Avaliar ao fim
de 2h
Sim
Contactar
Manter Vigilância
médico
assistente Urina?
para
decisão/ Em caso de
prescrição persistência de
de sintomas contactar Ao fim de 12 horas sem mição e
algaliação médico assistente sem sinais/sintomas ou da
repetição de 3 algoritmos

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6. FUNDAMENTOS PARA A PREVENÇÃO DA INFEÇÃO ASSOCIADA À ALGALIAÇÃO

Praticamente todas as infeções do trato urinário associadas aos cuidados de saúde são causadas pela
instrumentação do trato urinário e as infeções associadas à introdução de cateter vesical têm sido associadas ao
aumento da morbilidade, mortalidade, custo hospitalar e dias de internamento.

6.1. EPIDEMIOLOGIA
Cerca de 10 a 13% dos doentes/utentes são algaliados durante o internamento, constituindo o fator de risco
mais importante para o desenvolvimento da ITU associada aos cuidados de saúde.
Em média a duração da cateterização é de 2 a 4 dias e a remoção do cateter faz-se até aos 7 dias em 70%
dos doentes/utentes.
Embora a prevalência da infeção aumente com o prolongamento da algaliação, a incidência das infeções
mantém-se relativamente constante com o uso do sistema fechado até aos 10 dias de cateterização, com
taxas de infeção que variam entre 2 a 16%. O principal benefício do sistema fechado é o atraso do início da
infeção uma vez que a verdadeira prevenção começa com a abolição dos cateteres desnecessários. O risco
de um doente/utente algaliado adquirir uma ITU reduz-se desde 97% (com um sistema aberto) para 8-15%
quando é utilizado um sistema fechado.
Vários estudos de incidência foram realizados concluindo que entre 30 a 60% dos doentes/utentes
algaliados não preenchiam os critérios para algaliação. Um inquérito de prevalência realizado em Espanha
evidenciou que apenas 22% dos doentes/utentes tinham uma correta indicação para algaliação com
sistema de drenagem adequado.
Dados nacionais obtidos através da realização do Inquérito de Prevalência de Infeção, promovido pelo
Programa de Prevenção e Controlo de Infeções e de Resistências aos Antimicrobianos em 2017,
envolvendo 93 Unidades Hospitalares e abrangendo 16.982 doentes/utentes, foi possível identificar as
infeções urinárias com uma proporção de 24,3%, relativamente ao total das infeções nosocomiais, ficando
em 1º lugar por ordem de frequência e no HSOG estas infeções representam a 2ª IACS mais prevalente.
Por muitas vezes a ITUACV se resolver espontaneamente quando se remove a algália esta pode parecer
insignificante. Contudo, uma proporção de doentes/utentes continuam a ter elevado risco durante 30 dias
após a remoção da algália. Dos doentes/utentes com ITUACV, 1 a 4% desenvolvem bacteriemia e destes
13 a 30% morrem.
A bacteriúria assintomática associada a cateter vesical leva ao uso de antimicrobianos desnecessários (exceção
na cirurgia urológica e grávidas), e esse dispositivo invasivo assim como o sistema de drenagem urinário são
reservatórios frequentes para bactérias multirresistentes e uma fonte de transmissão para outros doentes. A
fibrina que se origina no exsudado pelos tecidos lesionados do hospedeiro leva a que bactérias adiram ao
cateter vesical, formando um biofilme o qual poderá ser encontrado a partir das 24 horas a 72 horas da inserção
do cateter.
Baseado em evidência científica e clínica, sabemos que os cateteres vesicais devem permanecer apenas o
tempo estritamente necessário, ou seja, enquanto houver indicação clínica de acordo com as necessidades do
doente/utente: a remoção imediata quando deixa de ter indicação, pode prevenir 40% ou mais de todas as
infeções; o risco de bacteriémia duplica aquando do seu uso superior a três dias.

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6.2. AGENTES ETIOLÓGICOS


A maioria dos microrganismos que causam ITUACV é proveniente da flora endógena do doente/utente
(cólon e períneo) ou da flora do ambiente hospitalar através das mãos dos profissionais durante a inserção
da algália ou da manipulação do sistema. Desde que os microrganismos isolados não sejam comuns da
flora do trato gastrintestinal, o seu isolamento em doentes/utentes algaliados pode sugerir a via exógena
como fonte.
Os agentes patogénicos encontrados diferem consoante a duração da algaliação:
 Nos doentes/utentes com algaliação de curta duração a Escherichia coli é o agente mais frequente
embora a Pseudomonas aeruginosa, Klebsiella spp., Proteus spp., e Enterococcus, entre outros,
sejam também isolados.
 Nos doentes/utentes algaliados por longos períodos aparecem com alguma frequência a
Providencia stuartii, a Morganella morgani, Candida, entre outros. Alguns microrganismos isolados
como a Serratia marcescens podem ter um significado epidemiológico específico.

6.3. PATOGÉNESE
As vias urinárias são a porta de entrada mais frequente na sépsis por Gram negativos nos doentes/utentes
hospitalizados. A infeção pode ocorrer durante ou imediatamente após a inserção da algália ou
subsequentemente, devido à flora que coloniza o sistema (espontaneamente ou após manipulações do
sistema).
As bactérias entram na via urinária cateterizada, pelas vias:
 Extraluminal, pode ocorrer mais rapidamente, através da inoculação direta das bactérias na bexiga,
na altura da inserção da algália ou, mais tarde, ascendendo do períneo por ação capilar na mucosa
contígua à parede externa da algália. Alguns estudos sugerem que a via extraluminal possa ter uma
maior importância nas mulheres por a uretra ser mais curta e haver maior proximidade do ânus.
 Intraluminal, em que os microrganismos ascendem no lúmen do cateter por diversas razões,
nomeadamente por falhas na manutenção do circuito fechado de drenagem da urina, despejo
inadequado dos sacos coletores ou contaminação dos mesmos, etc. Outros investigadores referem
que a colonização cutânea periuretral é um fator de risco importante para a ITUACV, quer em
homens quer em mulheres.

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Fatores de risco de aquisição de ITU no doente/utente algaliado

FATORES DE RISCO INTRÍNSECO FATORES DE RISCO EXTRÍNSECO


 Idade avançada  Qualidade de cuidados na inserção
 Sexo (diferenças anatómicas inerentes)  Duração da algaliação
 Diabetes  Manutenção do circuito fechado de drenagem
 Imunodeficiência  Despejo dos sacos de drenagem
 Desnutrição  Tempo de internamento
 Insuficiência renal

6.4. MEDIDAS DE PREVENÇÃO

A prevenção da ITUACV assenta essencialmente em evitar ou reduzir o uso do dispositivo invasivo e cumprir
algumas regras básicas na sua inserção e manutenção tal como previsto no “Feixe de Intervenções” preconizado
na norma 019/2015, atualizada em 2017 da DGS.

 O primeiro é a avaliação da necessidade de algaliação para a decisão da sua prescrição, com base na
avaliação de risco individual (Categoria IB) e documentar no processo clínico a razão que a torna
necessária (Categoria IC).

 O objetivo é minimizar o seu uso em todos os doentes/utentes, particularmente aqueles com alto risco de
desenvolver Infeção do Trato Urinário (ITU) e mortalidade (mulheres, idosos e com imunidade
comprometida), reduzindo a percentagem de utilização de algália.

 O segundo é a revisão diária da necessidade clínica do doente/utente manter ou descontinuar o uso


do cateter vesical (Categoria IB).

 O objetivo é a remoção o mais precoce possível deste dispositivo invasivo, reduzindo o índice de
exposição à algália.

 Também o cumprimento da técnica assética no procedimento de cateterismo vesical e de conexão ao


sistema de drenagem (Categoria IB).

 O cumprimento da técnica limpa, nomeadamente com correta higiene das mãos e uso de luvas e avental, no
manuseamento do sistema de drenagem, de forma individualizada, pessoa a pessoa, mantendo
constantemente a conexão do cateter vesical ao sistema de drenagem (Categoria IB).

 A higiene diária do meato uretral, pela pessoa (sempre que possível) ou pelos profissionais de saúde
(Categoria IB), com ação de educação para a saúde à pessoa e família sobre cuidados de prevenção de
infeção urinária associada a cateter vesical (Categoria IB).

 Manter cateter vesical seguro, com o saco coletor constantemente abaixo do nível da bexiga e esvaziado
sempre que tenha sido atingido 2/3 da sua capacidade (Categoria IB).

A manutenção do sistema de drenagem da urina fechado, introduzido em 1960, constitui uma das medidas
mais importantes na prevenção da infeção associada à algaliação.
A resolução do problema do uso excessivo e prolongado da algaliação pode passar pela elaboração de
protocolos para a inserção e manutenção das algálias, tais como: protocolos de desalgaliação ou utilização

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de programas informáticos a indicar a necessidade de rever a pertinência de manter este dispositivo


invasivo.
O material de que é composta a algália e a seleção da mesma de acordo com a situação clínica do
doente/utente e ainda o cumprimento das instruções do fabricante, também são fatores a ter em conta. As
especificações de algálias referem-se à composição (material), diâmetro, comprimento, volume do balão e a
duração da permanência de algálias, feitas de materiais diferentes.
Estas informações devem orientar as decisões na escolha da algália. Contudo, é importante ter em conta
que os doentes/utentes podem reagir aos materiais de modo diferente e a decisão de substituir uma algália
deve sempre ter em conta a situação clínica de cada doente/utente.
Embora se deva ter em conta o conhecimento especializado dos fabricantes no que respeita à estrutura e
material dos sacos, a decisão de substituir o saco (violando o circuito fechado) deve ser objetiva e baseada
na acumulação de sedimento, presença de coágulos ou fugas de líquidos ou outros aspetos relativos à
situação individual de cada doente/utente ou exteriorização acidental do saco.

6.5. DIAGNÓSTICO EPIDEMIOLÓGICO DA INFEÇÃO URINÁRIA


O diagnóstico de ITUACV baseia-se em critérios clínicos e no estudo microbiológico da urina, necessitando
de uma interpretação cuidadosa (REG.129.PCIRA).

6.5.1. Diagnóstico laboratorial


A colheita de urina para exame microbiológico deve ser determinada por necessidades clínicas (suspeita de
infeção) e não por rotina. A monitorização bacteriológica por rotina dos doentes/utentes algaliados não é
considerada uma medida eficaz na prevenção e controlo da ITU pelo que não é recomendado.
A interpretação dos resultados da cultura depende do tipo da amostra (suprapúbica, punção da algália, jato
médio, entre outras) e deve ser sempre acompanhada de estudo do sedimento urinário.

CRITÉRIOS EPIDEMIOLÓGICOS PARA O DIAGNÓSTICO DE INFEÇÃO SINTOMÁTICA DAS VIAS URINÁRIAS


Uma infeção sintomática das vias urinárias deve cumprir pelo menos um dos seguintes critérios:
 Critério 1 _ ITUACV confirmado microbiologicamente _Doente/utente apresenta pelo menos um
dos seguintes sinais ou sintomas sem outra causa reconhecida: febre (>38º), micção imperiosa,
polaquiúria, disúria ou tensão na zona supra púbica e urocultura positiva (mais de 105 colónias por ml)
com um máximo de dois microrganismos diferentes e presença de algália nos 7 dias anteriores ao
diagnóstico da ITU.
 Critério 2 _ ITUACV NÃO confirmado microbiologicamente _Doente/utente apresenta pelo menos
dois dos seguintes sinais ou sintomas sem outra causa reconhecida: febre(>38º), micção imperiosa,
polaquiúria, disúria ou tensão suprapúbica e pelo menos um dos seguintes:
 tira reativa positiva, na urina, para a esterase leucocitária e/ou nitratos;
 piúria (10 ou mais leucócitos/ml ou 3 ou mais leucócitos por campo, com objetiva de grande
ampliação, na urina não centrifugada);
- observação de microrganismos no Gram da urina não centrifugada;

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Código: PRO.015.PCIRA
PREVENÇÃO DA INFEÇÃO ASSOCIADA À ALGALIAÇÃO Edição: 03

- pelo menos duas culturas de urina colhida por punção supra púbica com 102 ou mais colónias por
ml do mesmo microrganismo (bacilos Gram negativos os S. saprophyticus);
 urocultura com ≤105 ou menos colónias de um único microrganismo, em doente/utente com
terapêutica antimicrobiana apropriada dirigida para a infeção urinária;
e presença de algália nos 7 dias anteriores ao diagnóstico da ITU.
 Critério 3 _Bacteriúria assintomática_ Doente/utente não apresenta sinais ou sintoma: febre(>38º),
micção imperiosa, polaquiúria, disúria ou tensão suprapúbica e pelo menos um dos seguintes:
 presença de algália nos 7 dias anteriores à urocultura.
 urocultura positiva ≥105 colónias/ml de urina com não mais do que duas espécies de
microrganismo

 Outros critérios:
a) Para o diagnóstico de ITUACV na criança com idade de 12 meses ou inferior, consideram-se
sinais ou sintomas febre (>38º), hipotermia (<37º), apneia, bradicardia, disúria, letargia ou vómitos
b) Uma cultura positiva da ponta da algália não é um exame laboratorial aceitável para o diagnóstico de
infeção urinária.
c) As amostras de urina devem ser colhidas cumprindo os princípios da técnica adequada à colheita, em
doente/utente não algaliado (jato médio) e em doente/utente algaliado (técnica de punção da algália).
Em doente/utente não algaliado pode ser necessário a algaliação para a colheita adequada da urina.
d) Nas crianças a amostra da urina deve ser obtida através de algaliação ou por aspiração supra púbica.
Não é aceitável uma cultura de urina do saco coletor.

6.5.2. Profilaxia Antimicrobiana


Com exceção da grávida e do doente que vai ser submetido a cirurgia das vias urinarias a bacteriúria
assintomática não tem indicação para tratamento antimicrobiano. Na presença de bacteriúria sintomática, o
doente/utente deve ser avaliado clínica e microbiologicamente e tratado com antibioterapia apropriada.

7. REFERÊNCIAS:
BURKE, John P.; YEO, Tsin Wen (2004). Nosocomial Urinary Tract Infections. In: MAYHALL, C.Glen –
Hospital Epidemiology and Infection Control. Third Edition, pag. 267-286.
Norma 019/2015, atualizada a 30/05/2017 “Feixe de Intervenções” de Prevenção de Infeção Urinária
Associada a Cateter Vesical. Ministério da Saúde.
HICPAC (2009).Centers For Diseases Control and Prevention: Guidelines for prevention of catheter –
Associated Urinary Tract Infection. [UPDATE june 2019].

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PREVENÇÃO DA INFEÇÃO ASSOCIADA À ALGALIAÇÃO Edição: 03

8. INDICADORES
Descrição Quem avalia Periodicidade
Taxa de ITU associada a Cateter vesical
Densidade de incidência ITU sintomática associada a Cateter vesical
Índice de exposição ao CV GCL-PCIRA Semestral
Taxa global de adesão ao feixe de intervenções de prevenção de infeção urinária
associada a algália (Inserção e manutenção)

9. ANEXOS:
REG.127.PCIRA - Grelha de Observação – Inserção de Cateter Vesical
REG.128.PCIRA - Grelha de Observação – Manutenção de Cateter Vesical
REG.129.PCIRA - Formulário Individual da Infeção Trato Urinário - ITU

Elaborado por: Aprovado por: Data Revisão


PCIRA Data: Diretor Clínico / Enfermeira Diretora

Célia Lemos; Conceição Silva; 16/02/2024


25.01.2021 Hélder Trigo e Ana Luísa Bastos
Sara Cardoso

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