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PCIRA
Data Elaboração: 16/02/2021
PROCEDIMENTO
Edição: 03
Revisão: 02
1. OBJECTIVO:
Minimizar o risco de infeção associada à cateterização vesical.
Uniformizar procedimento relativos à indicação, inserção, manutenção e remoção do cateter vesical.
Reduzir o número de doentes algaliados sem indicação e indiretamente reduzir a colonização e
infeção das vias urinárias associadas à utilização de dispositivos vesicais, garantindo em simultâneo a
persistência destes dispositivos em situações especificas.
2. DESTINATÁRIOS:
Médicos, enfermeiros, assistentes operacionais, técnicos de diagnóstico e terapêutica (TDT), fisioterapeutas
e Serviço de Compras e Logística.
3. RESPONSÁVEL:
Diretores / Responsáveis / Enfºs Gestores dos Serviços
4. DEFINIÇÕES:
Cateter vesical (CV) – Dispositivo invasivo também designado por algália, inserido nas vias urinárias até à
bexiga cujo processo é denominado de algaliação. Com base nas definições dos Centers for Disease Control
(CDC), a algaliação pode ser considerada de: curta duração (entre 7-10 dias), de média duração (até 30 dias) e
de longa duração (mais de 30 dias).
5. DESCRIÇÃO:
A presença de cateter vesical surge como um fator de risco major associado à ocorrência de infeção do trato
urinário (ITU) nosocomial. Sabemos que o seu uso é um componente essencial nos cuidados de saúde, mas que
ocorre dupla sobre utilização dos dispositivos vesicais, em demasiados doentes e por demasiado tempo, nesse
sentido é necessário uniformizar critérios de utilização e atuação para diminuir os riscos.
Os doentes/utentes algaliados estão expostos a fatores que favorecem a infeção:
Higiene inadequada,
Traumatismos uretrais;
Refluxos e retenção de urina;
Prolongamento da algaliação;
Utilização de sistema de drenagem aberto.
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Código: PRO.015.PCIRA
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A inserção e manutenção da algália devem ser efetuadas por profissionais devidamente treinados.
Responsável pela
Nº Inserção de algália
execução
1 Reunir material e equipamento: - Soro Fisiológico 10 ml
- Algália (variável conforme doente e - Seringa de 20 ml
necessidade) - Saco coletor de urina esterilizado
- Bata e máscara - Fixador/Adesivo
- Luvas de procedimentos - Campo com óculo
- Luvas esterilizadas (1 par) - Campo sem óculo
- Gel estéril - Resguardo
- Compressas 10/10 cm - Bacia
- Água bidestilada - Água, sabão e toalha
2 Informar o procedimento, solicitar a sua colaboração
3 Avaliar as necessidades clínicas do doente/utente as quais devem determinar a
necessidade de um assistente
4 Colocar EPI (máscara, bata)
5 Higienizar as mãos – antes do contacto do doente
6 Posicionar o doente expondo apenas a região genital e aplicar o resguardo
7 Higienizar as mãos – antes do procedimento assético, e calçar luvas limpas
8 Proceder à lavagem da área genital com água e sabão e secar, rejeitar para
resíduos do grupo II
9 Realizar a antissepsia do meato urinário e área adjacente com soro fisiológico a
0,9% através de irrigação (no caso do homem colocar pénis em compressa estéril)
10 Remover luvas e Higienizar as mãos – após risco de exposição a fluidos
orgânicos
11 Abrir o campo esterilizado e colocar: cateter vesical (algália), saco coletor, campo
com óculo, seringa esterilizada, o gel lubrificante, as compressas, abrir ampola de
água estéril Enfermeiro
12 Higienizar as mãos – antes de procedimentos asséticos
13 Calçar luva estéril na mão dominante para segurar a seringa e com a mão sem
luva pegar na ampola de água bidestilada. Aspirar a água bidestilada e colocar
seringa no campo esterilizado. Calçar a outra luva esterilizada
14 Adaptar a algália ao saco coletor
15 Colocar o campo com óculo
16 Lubrificar com gel estéril (dose única) a uretra e deixar atuar de 3 a 5 minutos.
17 Proceder à inserção da algália com saco coletor adaptado
18 Introduzir no balão água destilada conforme quantidade determinada pelo
fabricante, entre 5 ml e 10 ml e adaptado a situações clínicas específicas
19 Tracionar ligeiramente a algália até sentir resistência do balão e remover o campo
esterilizado e resguardo descartável
20 Remover as luvas e bata e higienizar as mãos - após risco de exposição a fluidos
orgânicos
22 Fixar a algália na parte superior da coxa ou inferior do abdómen no homem, e na
face interna da coxa na mulher para prevenir os movimentos da algália e pontos de
fricção na uretra
23 Posicionar o doente e colocar o saco coletor abaixo do nível da bexiga, em suporte
próprio
24 Higienizar as mãos – após contacto com o doente
25 Remover máscara e Higienizar as mãos
26 Registar nas notas o nome do profissional, a data de inserção, o tipo e calibre da
Enfermeiro e
algália e o volume da água no balão (recomendado pelo fabricante), bem como o
médico
motivo da algaliação
NOTA: Recomenda-se fortemente o uso da Grelha de Observação de inserção da algália (REG.127.PCIRA)
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Existe possibilidade de
2ªQ substituir CV por dispositivo
urinário externo?
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Responsável pela
Nº Despejo do saco de drenagem execução
1 Higienizar as mãos _ antes de procedimento assético
Usar equipamento de proteção individual adequado (luvas, avental) e com
2 mudança das luvas entre doente/utentes
Usar um recipiente limpo e individualizado, evitando o contacto entre a torneira do
3 saco de drenagem e o recipiente de despejo Assistente
operacional
4 Evitar a contaminação do sistema e fuga de urina durante o esvaziamento
Usar toalhete de papel para limpar a torneira após o despejo, e desta forma evitar
5 o gotejamento para o chão da urina residual
6 Remover EPI e Higienizar as mãos – após risco de exposição a fluidos orgânicos
Responsável pela
Nº Colheita de urina para exame microbiológico através da algália
execução
1 Clampar a tubuladura do saco coletor na parte mais distal relativamente ao local de
colheita, durante alguns minutos
2 Preparar o material necessário
3 Desinfetar as mãos
4 Colocar luvas de procedimento não estéreis
5 Desinfetar o local de punção com álcool a 70% antes da colheita
Enfermeiro
6 Aspirar 10 ml de urina e colocar em frasco esterilizado devidamente rotulado,
evitando tocar no bocal do frasco
7 Retirar a pinça de clampagem e limpar o local de punção após a colheita
8 Enviar a amostra de urina para o Laboratório, o mais rápido possível (no prazo
máximo de uma hora). Se isto não for possível, a amostra deve ser refrigerada a
4ºC para evitar a proliferação das bactérias contaminantes
9 É muito importante que a requisição que acompanha a amostra contenha a
informação referente à presença da algália e antibioterapia que o doente/utente Médico
possa estar a fazer
NOTA: A colheita de urina para exame microbiológico deve ser feita por aspiração no local referenciado do
sistema para o efeito.
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Doente Desalgaliado
Vigilância de Eliminação Urinária
Com sinais/
Manter vigilância Realizar esvaziamento vesical Sim
sintomas?
Não
Não
Volume
residual
Sim >300ml Não Avaliar ao fim
de 2h
Sim
Contactar
Manter Vigilância
médico
assistente Urina?
para
decisão/ Em caso de
prescrição persistência de
de sintomas contactar Ao fim de 12 horas sem mição e
algaliação médico assistente sem sinais/sintomas ou da
repetição de 3 algoritmos
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Praticamente todas as infeções do trato urinário associadas aos cuidados de saúde são causadas pela
instrumentação do trato urinário e as infeções associadas à introdução de cateter vesical têm sido associadas ao
aumento da morbilidade, mortalidade, custo hospitalar e dias de internamento.
6.1. EPIDEMIOLOGIA
Cerca de 10 a 13% dos doentes/utentes são algaliados durante o internamento, constituindo o fator de risco
mais importante para o desenvolvimento da ITU associada aos cuidados de saúde.
Em média a duração da cateterização é de 2 a 4 dias e a remoção do cateter faz-se até aos 7 dias em 70%
dos doentes/utentes.
Embora a prevalência da infeção aumente com o prolongamento da algaliação, a incidência das infeções
mantém-se relativamente constante com o uso do sistema fechado até aos 10 dias de cateterização, com
taxas de infeção que variam entre 2 a 16%. O principal benefício do sistema fechado é o atraso do início da
infeção uma vez que a verdadeira prevenção começa com a abolição dos cateteres desnecessários. O risco
de um doente/utente algaliado adquirir uma ITU reduz-se desde 97% (com um sistema aberto) para 8-15%
quando é utilizado um sistema fechado.
Vários estudos de incidência foram realizados concluindo que entre 30 a 60% dos doentes/utentes
algaliados não preenchiam os critérios para algaliação. Um inquérito de prevalência realizado em Espanha
evidenciou que apenas 22% dos doentes/utentes tinham uma correta indicação para algaliação com
sistema de drenagem adequado.
Dados nacionais obtidos através da realização do Inquérito de Prevalência de Infeção, promovido pelo
Programa de Prevenção e Controlo de Infeções e de Resistências aos Antimicrobianos em 2017,
envolvendo 93 Unidades Hospitalares e abrangendo 16.982 doentes/utentes, foi possível identificar as
infeções urinárias com uma proporção de 24,3%, relativamente ao total das infeções nosocomiais, ficando
em 1º lugar por ordem de frequência e no HSOG estas infeções representam a 2ª IACS mais prevalente.
Por muitas vezes a ITUACV se resolver espontaneamente quando se remove a algália esta pode parecer
insignificante. Contudo, uma proporção de doentes/utentes continuam a ter elevado risco durante 30 dias
após a remoção da algália. Dos doentes/utentes com ITUACV, 1 a 4% desenvolvem bacteriemia e destes
13 a 30% morrem.
A bacteriúria assintomática associada a cateter vesical leva ao uso de antimicrobianos desnecessários (exceção
na cirurgia urológica e grávidas), e esse dispositivo invasivo assim como o sistema de drenagem urinário são
reservatórios frequentes para bactérias multirresistentes e uma fonte de transmissão para outros doentes. A
fibrina que se origina no exsudado pelos tecidos lesionados do hospedeiro leva a que bactérias adiram ao
cateter vesical, formando um biofilme o qual poderá ser encontrado a partir das 24 horas a 72 horas da inserção
do cateter.
Baseado em evidência científica e clínica, sabemos que os cateteres vesicais devem permanecer apenas o
tempo estritamente necessário, ou seja, enquanto houver indicação clínica de acordo com as necessidades do
doente/utente: a remoção imediata quando deixa de ter indicação, pode prevenir 40% ou mais de todas as
infeções; o risco de bacteriémia duplica aquando do seu uso superior a três dias.
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6.3. PATOGÉNESE
As vias urinárias são a porta de entrada mais frequente na sépsis por Gram negativos nos doentes/utentes
hospitalizados. A infeção pode ocorrer durante ou imediatamente após a inserção da algália ou
subsequentemente, devido à flora que coloniza o sistema (espontaneamente ou após manipulações do
sistema).
As bactérias entram na via urinária cateterizada, pelas vias:
Extraluminal, pode ocorrer mais rapidamente, através da inoculação direta das bactérias na bexiga,
na altura da inserção da algália ou, mais tarde, ascendendo do períneo por ação capilar na mucosa
contígua à parede externa da algália. Alguns estudos sugerem que a via extraluminal possa ter uma
maior importância nas mulheres por a uretra ser mais curta e haver maior proximidade do ânus.
Intraluminal, em que os microrganismos ascendem no lúmen do cateter por diversas razões,
nomeadamente por falhas na manutenção do circuito fechado de drenagem da urina, despejo
inadequado dos sacos coletores ou contaminação dos mesmos, etc. Outros investigadores referem
que a colonização cutânea periuretral é um fator de risco importante para a ITUACV, quer em
homens quer em mulheres.
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A prevenção da ITUACV assenta essencialmente em evitar ou reduzir o uso do dispositivo invasivo e cumprir
algumas regras básicas na sua inserção e manutenção tal como previsto no “Feixe de Intervenções” preconizado
na norma 019/2015, atualizada em 2017 da DGS.
O primeiro é a avaliação da necessidade de algaliação para a decisão da sua prescrição, com base na
avaliação de risco individual (Categoria IB) e documentar no processo clínico a razão que a torna
necessária (Categoria IC).
O objetivo é minimizar o seu uso em todos os doentes/utentes, particularmente aqueles com alto risco de
desenvolver Infeção do Trato Urinário (ITU) e mortalidade (mulheres, idosos e com imunidade
comprometida), reduzindo a percentagem de utilização de algália.
O objetivo é a remoção o mais precoce possível deste dispositivo invasivo, reduzindo o índice de
exposição à algália.
O cumprimento da técnica limpa, nomeadamente com correta higiene das mãos e uso de luvas e avental, no
manuseamento do sistema de drenagem, de forma individualizada, pessoa a pessoa, mantendo
constantemente a conexão do cateter vesical ao sistema de drenagem (Categoria IB).
A higiene diária do meato uretral, pela pessoa (sempre que possível) ou pelos profissionais de saúde
(Categoria IB), com ação de educação para a saúde à pessoa e família sobre cuidados de prevenção de
infeção urinária associada a cateter vesical (Categoria IB).
Manter cateter vesical seguro, com o saco coletor constantemente abaixo do nível da bexiga e esvaziado
sempre que tenha sido atingido 2/3 da sua capacidade (Categoria IB).
A manutenção do sistema de drenagem da urina fechado, introduzido em 1960, constitui uma das medidas
mais importantes na prevenção da infeção associada à algaliação.
A resolução do problema do uso excessivo e prolongado da algaliação pode passar pela elaboração de
protocolos para a inserção e manutenção das algálias, tais como: protocolos de desalgaliação ou utilização
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- pelo menos duas culturas de urina colhida por punção supra púbica com 102 ou mais colónias por
ml do mesmo microrganismo (bacilos Gram negativos os S. saprophyticus);
urocultura com ≤105 ou menos colónias de um único microrganismo, em doente/utente com
terapêutica antimicrobiana apropriada dirigida para a infeção urinária;
e presença de algália nos 7 dias anteriores ao diagnóstico da ITU.
Critério 3 _Bacteriúria assintomática_ Doente/utente não apresenta sinais ou sintoma: febre(>38º),
micção imperiosa, polaquiúria, disúria ou tensão suprapúbica e pelo menos um dos seguintes:
presença de algália nos 7 dias anteriores à urocultura.
urocultura positiva ≥105 colónias/ml de urina com não mais do que duas espécies de
microrganismo
Outros critérios:
a) Para o diagnóstico de ITUACV na criança com idade de 12 meses ou inferior, consideram-se
sinais ou sintomas febre (>38º), hipotermia (<37º), apneia, bradicardia, disúria, letargia ou vómitos
b) Uma cultura positiva da ponta da algália não é um exame laboratorial aceitável para o diagnóstico de
infeção urinária.
c) As amostras de urina devem ser colhidas cumprindo os princípios da técnica adequada à colheita, em
doente/utente não algaliado (jato médio) e em doente/utente algaliado (técnica de punção da algália).
Em doente/utente não algaliado pode ser necessário a algaliação para a colheita adequada da urina.
d) Nas crianças a amostra da urina deve ser obtida através de algaliação ou por aspiração supra púbica.
Não é aceitável uma cultura de urina do saco coletor.
7. REFERÊNCIAS:
BURKE, John P.; YEO, Tsin Wen (2004). Nosocomial Urinary Tract Infections. In: MAYHALL, C.Glen –
Hospital Epidemiology and Infection Control. Third Edition, pag. 267-286.
Norma 019/2015, atualizada a 30/05/2017 “Feixe de Intervenções” de Prevenção de Infeção Urinária
Associada a Cateter Vesical. Ministério da Saúde.
HICPAC (2009).Centers For Diseases Control and Prevention: Guidelines for prevention of catheter –
Associated Urinary Tract Infection. [UPDATE june 2019].
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8. INDICADORES
Descrição Quem avalia Periodicidade
Taxa de ITU associada a Cateter vesical
Densidade de incidência ITU sintomática associada a Cateter vesical
Índice de exposição ao CV GCL-PCIRA Semestral
Taxa global de adesão ao feixe de intervenções de prevenção de infeção urinária
associada a algália (Inserção e manutenção)
9. ANEXOS:
REG.127.PCIRA - Grelha de Observação – Inserção de Cateter Vesical
REG.128.PCIRA - Grelha de Observação – Manutenção de Cateter Vesical
REG.129.PCIRA - Formulário Individual da Infeção Trato Urinário - ITU
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