Você está na página 1de 9

UNIVERSIDADE CATÓLICA DE PERNAMBUCO

CENTRO DE CIÊNCIAS BIOLÓGICAS E SAÚDE


CURSO DE BACHARELADO E LICECIATURA PLENA EM
CIÊNCIAS BIOLÓGICAS

BACTÉRIAS

PEDRO THIAGO, RENATO CHONG, SOFIA GALINDO

Recife
2017
PEDRO THIAGO, RENATO CHONG, SOFIA GALINDO

BACTÉRIAS

Trabalho apresentado com requisito para nota


da disciplina de Parasitologia e Saúde Pública,
sob a orientação do Prof. Amaro Coelho da
Universidade Católica de Pernambuco.

Recife
2017
1. Existência

Uma das primeiras hipóteses, associadas à Bacteriologia, de que se tem


notícia foi postulada no século XIII, por Roger Bacon, que sugeriu que as
doenças eram produzidas por seres vivos invisíveis. A ideia foi novamente
recomendada por Girolamo Fracastoro de Verona (1483-1553), mas a primeira
observação descrita e documentada dos organismos bacterianos foi realizada
pelo naturalista holandês Antony Van Leeuwenhoek (1632-1723), com a ajuda
de um microscópio simples de sua própria construção. Ele informou sua
descoberta à Sociedade Real de Londres, em 1683, mas a Bacteriologia, como
ciência, não se estabeleceu até meados do século XIX. (MOLINARO, 2010)

Apesar das tentativas iniciais de associar as bactérias às doenças, como nos


antigos trabalhos do pesquisador Marcus Anton Von Plenciz (1705-1786), que
procurou estabelecer a natureza do “contagium” e do “miasma” (o primeiro,
derivando do organismo doente, enquanto o segundo, que era gerado fora do
corpo, se espalhava pelo ar), por vários anos se acreditou que bactérias eram
produzidas através de geração espontânea. (MOLINARO, 2010)

Foram requeridos os esforços de vários químicos e biólogos para provar que as


bactérias, como todos os organismos vivos, só surgiam de outros organismos
semelhantes. Este fato fundamental foi finalmente estabelecido em 1860, pelo
cientista francês Louis Pasteur (1822-1895). Com seus trabalhos associados
aos de Robert Koch (1843-1910), outro brilhante estudioso, praticamente inicia-
se a era da Bacteriologia. (MOLINARO, 2010)

Em 1840, depois dos primeiros trabalhos de Pasteur, Friedrich Gustav Jacob


Henle (1809-1885), em uma notável publicação, expôs as suas ideias,
estabelecendo condições básicas para que um agente microscópico particular
pudesse ser considerado causador de uma doença infecciosa ou
infectocontagiosa. Estas condições correspondem aos “Postulados de Henle”:

•“O agente causador da infecção deve ser encontrado com constância no corpo
do doente. ”

•“Deve ser possível isolá-lo e, com tal agente isolado, reproduzir


experimentalmente a doença. “

Os dois postulados citados seriam aperfeiçoados e mais tarde impostos aos


bacteriologistas pelos trabalhos de Robert Koch (primeiro a isolar o M.
tuberculosis):

•“Um microrganismo específico pode sempre ser encontrado em associação


com uma dada doença. “

•“O organismo pode ser isolado e cultivado, em cultura pura, no laboratório. “


•“A cultura pura produzirá a doença quando inoculada em anima sensível. ”

•“É possível recuperar o microrganismo, em cultura pura, dos animais


experimentalmente infectados. “

Seguindo as ideias de Pasteur, que ao destruir a teoria da “geração


espontânea”, John Needham 1745, afirmou estar o ar cheio de micróbios, e
levando em conta que as fermentações e as putrefações são também obras de
microrganismos, o médico Oliver W. Holmes (1809-1894) insistia que a febre
puerperal era contagiosa e, provavelmente, ocasionada por um agente
transmitido de uma mãe para outra, por intermédio dos médicos e das
parteiras. Quase na mesma época, o médico húngaro Ignaz P. Semmelweis
(1818-1865) introduziu o uso de antissépticos na prática obstétrica. Com base
nestes estudos, o Dr. Joseph Lister (1827-1912) concluiu em 1867 que deveria
ser possível evitar as infecções pós-operatórias, desinfetando previamente os
instrumentos cirúrgicos, o campo operatório e as mãos do cirurgião.
(MOLINARO, 2010)

O período de 1880-1900 representa a época áurea da Bacteriologia, com a


descoberta de várias bactérias patogênicas. Durante um congresso
internacional, ocorrido em Londres em 1881, Louis Pasteur teve a oportunidade
de tomar conhecimento da introdução, por Robert Koch, dos meios sólidos
(gelatina, ágar, etc.) na Bacteriologia (até então Pasteur só usava meios
líquidos, o que praticamente impossibilitava o isolamento bacteriano). Koch
também desenvolveu técnicas de fixação e coloração, muitas das quais
utilizamos até os dias de hoje. (MOLINARO, 2010)

2. Estrutura

2.1. Morfologia das Células Bacterianas

Entre as principais características das células bacterianas estão suas


dimensões, formas, estruturas e arranjos. Estes elementos constituem a
morfologia da célula. Embora existam milhares de espécies bacterianas
diferentes, os organismos isolados apresentam uma das três formas gerais:
elipsoidal ou esférica, cilíndrica ou em bastonete e espiralada.

As células bacterianas esféricas ou elipsoidais são chamadas de cocos e


podem se apresentar em forma de arranjos, como diplococos, quando se
dividem em um plano; Streptococos, quando o coco se divide em um plano e
permanece ligado depois de várias divisões, formando uma cadeia; Tétrades,
quando se divide em um ângulo direto no primeiro plano de divisão; Sarcinas,
quando ocorre uma divisão adicional no terceiro plano e forma um pacote
cúbico de 8 células, e por último, o Staphylococus, quando ocorre uma divisão
em 3 planos, em um plano irregular em forma de cacho de uvas.

As células bacterianas cilíndricas ou em bastonetes (bacilos) comumente


apresentam-se isoladas e ocasionalmente ocorrem aos pares (diplobacilos) ou
em cadeias (estreptobacilos).

As bactérias espiraladas (singular = spirillum; plural = spirilla) ocorrem,


predominantemente, como células isoladas. As células individuais de espécies
diferentes exibem, contudo, nítidas diferenças no comprimento, número e
amplitude das espirais e na rigidez das paredes celulares. As bactérias curtas
com espiras incompletas são conhecidas como bactérias comma ou vibriões.

A unidade de medida das bactérias é o micrômetro, que equivale a 10-³ mm. As


bactérias mais frequentemente estudadas em laboratório medem,
aproximadamente, 0,5 a 1,0 µm por 2,0 a 5,0 µm. Os estafilococos e
estreptococos, por exemplo, têm diâmetros variáveis entre 0,75 e 1,25 µm. As
formas cilíndricas, tais como o bacilo da febre tifóide e da disenteria,
apresentam uma largura de 0,5 a 1,0 µm e um comprimento de 2 a 3 µm.
Algumas formas filamentosas podem exceder os 100 µm de comprimento, mas
seu diâmetro está, de modo característico, entre 0,5 e 1,0 µm (BOSSOLAN,
2002).

2.2 Estruturas bacterianas  

O exame da célula bacteriana revela certas estruturas definidas por dentro e


por fora da parede celular. Seguem-se breves descrições das estruturas
bacterianas de fácil identificação:

Flagelos: apêndices muito finos, semelhantes a cabelos, que se exteriorizam


através da parede celular e se originam de uma estrutura granular (corpo
basal) imediatamente abaixo da membrana citoplasmática, no citoplasma. O
flagelo apresenta três partes: uma estrutura basal, uma estrutura semelhante a
um gancho e um longo filamento externo à parede celular. O seu comprimento
é, usualmente, várias vezes o da célula, mas seu diâmetro é uma pequena
fração do diâmetro celular. Algumas bactérias se movimentam por outros
meios, diversos da atividade flagelar, como o deslizamento provocado pelo
fluxo protoplasmático ou pela resposta tóxica.

Pêlos (fímbrias): apêndices filamentosos menores, mais curtos e mais


numerosos que os flagelos e que não formam ondas regulares. Estão
presentes em muitas bactérias gram-negativas. São encontrados tanto nas
espécies móveis como nas imóveis e portanto, não desempenham papel
relativo à mobilidade. Podem funcionar como sítios de adsorção de vírus
bacterianos, como mecanismo de aderência à superfícies e como porta de
entrada de material genético durante a conjugação bacteriana (pêlo sexual)
(BOSSOLAN, 2002).

Glicocálice: formado de uma substância viscosa, que forma uma camada de


cobertura ou envelope ao redor da célula. Se o glicocálice estiver organizado
de maneira definida e estiver acoplado firmemente à parede celular, recebe o
nome de cápsula; se estiver desorganizado e sem qualquer forma e anda
estiver frouxamente acoplado à parede celular, recebe o nome de camada
limosa. O glicocálice pode ter natureza polissacarídica (um ou vários tipos de
açúcares como p.e., galactose, ramnose, glicana, etc.) ou polipeptídica (p.e.,
ácido glutâmico). A principal função do glicocálice é a aderência sobre
superfícies; ele pode evitar o dessecamento das bactérias, fornece um
envoltório protetor e pode servir, também, como reservatório de alimentos,
além de evitar a adsorção e lise da células por bacteriófagos (BOSSOLAN,
2002).

Parede Celular: dá forma à célula e situa-se abaixo das substâncias


extracelulares (glicocálice) e externamente à membrana que está em contato
imediato com o citoplasma. Sua espessura é calculada, em média, de 10 a 25
nm. A função da parede celular é a de proporcionar uma moldura rígida, ou
"colete", que suporta e protege as estruturas protoplasmáticas mais lábeis, em
face das possíveis lesões osmóticas; evita ainda a evasão de certas enzimas,
assim como o influxo de certas substâncias que poderiam causar dano à
célula. Nas eubactérias, o peptideoglicano (ou mureína), um composto
polimérico, é o componente da parede celular que determina sua forma. A
parede celular das bactérias Gram-positivas é constituída por ácido teicóico,
além do peptideoglicano, que corresponde à uma fração maior que a
encontrada na parede das bactérias Gram-negativas. A parede das bactérias
Gram-negativas é mais complexa que a parede das Gram-positivas pois possui
uma membrana externa cobrindo uma camada fina de peptideoglicano. Esta
membrana externa é constituída por fosfolipídios, proteínas e
lipopolissacarídeos (LPSs) (BOSSOLAN, 2002).

3. Classificação

4. Reprodução
5. Métodos de Gram

A coloração de Gram foi um método desenvolvido em 1884 pelo


bacteriologista dinamarquês, Hans Chiristian Gram. Ela é considerada um dos
métodos de coloração mais uteis dentro de um laboratório, já que podem
classificar os organismos em Gram-positivos, que sofre uma alteração na sua
cor tornando-se violetas e Gram-negativos, esses possuem uma coloração
rosa. Essa coloração se dá por culpa de uma reação as diferentes estruturas
das paredes celulares de gram-positivas e gram-negativas, essas permitem
que o álcool atue como um descolorante nas gram-negativas, mas não nas
gram-positivas. Os diferentes tipos de organismos reagem de modos diferentes
à coloração de Gram. Isso porque essas diferentes estruturas nas paredes
celulares. Essas estruturas afetam a liberação ou retenção de uma combinação
resultante de violeta genciana e iodo, chamada de Complexo de Violeta-Iodo
(CV-I).  

Entre outras diferenças, os organismos gram-positivos têm uma parede celular


considerada mais grossa de peptideoglicano, mais que os organismos gram-
negativos. Os organismos gram-negativos possuem uma camada maior
de lipolissacarídeos, assim como parte da sua parede celular. Quando essa
técnica é aplicada nas células gram-positivas e gram-negativas, a
Violeta Genenciana e o Iodo acabam penetrando com maior facilidade nas
células. Dentro dessas células, a Violeta Genciana que acabou penetrando nas
mesmas, combinam e acabam formando o CV-I. Esse complexo é considerado
maior que as moléculas de Violeta Genciana, essa que penetrou na célula e
devido ao seu tamanho, a mesma não pode ser removida da camada intacta
de pepitideoglicano das células gram-positivas pelo álcool existente na
solução. 

Por consequência, as células gram-positivas retêm a cor desse corante, Violeta


Genciana. Nas células consideradas gram-negativas, dessa forma a lavagem
do álcool acaba rompendo a camada mais externa dos lipopolissacarídeos,
assim esses complexos de CV-I são retirados através de uma camada espessa
de peptideoglicana. O resultado das células gram-negativas permanece
incolores até serem coradas com Safrina, adquirindo a cor rosa.   
Durante esse processo, o esfregaço é fixado pelo calor e coberto comum
corante básico purpura, mas frequentemente usado com Violeta Genciana,
uma vez que essa coloração é introduzida em todas as células e por isso é
denominada de coloração primaria.  Após esse curto período de tempo, o
corante é lavado e o esfregaço é coberto com Iodo. Quando essa substancia é
colocada em água corrente, os organismos gram-positivos e gram-negativos
apresentam uma cor violeta escuro ou púrpura.  

Essa lâmina é encharcada com álcool ou uma solução de acetona. Essa


solução é um descolorante e remove o excesso de cor nas células de alguns
organismos, mas não de todas. O álcool é retirado e a lamina é então
introduzida a coloração denominada Safrina ou Fucsina, um corante básico e
de coloração avermelhada. O esfregaço então, é lavado uma outra vez e seco
com papel absorvente, para assim ser observado em microscopia óptica.  
 
O corante púrpuro e o Iodo acabam fundidos e combinados com cada
organismo corado de violeta escuro e até mesmo púrpura. Esses organismos
absorvem essa cor após o álcool e são classificadas em Gram-positiva ou
Gram-negativa. Os organismos considerados Gram-negativos, após a lavagem
se tornam não mais visíveis. É por essa razão que corantes como a Fucsina
acabam contrastando, por isso é denominada de contracorantes. Assim como
os organismos Gram-positivos absorvem a cor purpura original e não precisam
receber a Fucsina durante o processo. 

Esse método é uma das mais importantes descobertas para o ramo da


Microbiologia. Esses resultados obtidos através da Coloração de Gram não são
universalmente aplicados em todos os organismos, já que algumas células não
apresentam coloração ou apresentam uma pequena alteração. Essa técnica
mostra uma maior eficiência em células jovens, que aparentam estar no
processo de crescimento. 

5. Benefícios e Malefícios
7. REFERENCIAL BIBLIOGRÁFICO

BUENO, V. H. P.; van Lenteren, J. C. Controle biológico de pragas em


cultivos protegidos. Ciência & Ambiente, v. 43, p. 211-230, 2011 

BOSSOLAN, N. R. S.; Introdução à Microbiologia, 2002. Disponível em:


<http://iseib.edu.br/biblioteca/wp-content/uploads/2013/05/INTRODU
%C3%87%C3%83O-%C3%80-MICROBIOLOGIA.pdf Acesso em: 17 de abril
de 2017

Coloração de Gram. Minas Gerais. Disponível em:


<http://icb.ufmg.info/mic/diaadia/wpcontent/uploads/2012/10/Colora
%C3%A7%C3%A3o> Acesso em: 17 de abril de 2017

FILHO, G. N. S., Microbiologia. Manual de aulas práticas. Ed.Da UFSC, 2004

FILHO, R. L.; FERRO, H. M.; PINHO, R. S. C.


de. Controle biologico mediado por Bacillus subtilis. Revista Trópica –
Ciências Agrárias e Biológicas, v. 4, n. 2, p. 12, 2010   
  
GRIGOLETTI, J. A.; SANTOS, A. F.;  AUER, C. G. Perspectivas do uso do
controle biológico contra doenças florestais. Floresta, Curitiba, v. 30, n. 1/2,
p. 155-165, jun./dez, 2000. 

JUNIOR, M. E. Controle biológico de insetos pragas. I SEMINÁRIO MOSAICO


AMBIENTAL: OLHARES SOBRE O AMBIENTE, Campos dos Goytacazes/
Rio de Janeiro, agosto 2011. ISSN 2236 - 8256. 

MENDONÇA, M.; Coloração de Gram. Macaé, Set 2012. Disponível em <


http://www.ebah.com.br/content/ABAAAfZc0AA/relatorio-coloracao-gram> -
Acesso em 17 de abril de 2017.

MOLINARO, E. M. Conceitos e métodos para a formação de profissionais em


laboratórios de saúde. Rio de Janeiro: EPSJV; IOC; v. 2, 2010.

NOGUEIRA, J. M. R.; MIGUEL, F. L. S. Bacteriologia. Disponível em


http://www.epsjv.fiocruz.br/upload/d/cap3.pdf Acesso em: 17 de abril de 2017

PREZOTO, F.; CORTES, S. A. O.; MELO, A. C. Vespas: de vilãs a parceiras.


Ciência Hoje, v. 48, p. 70-73, 2008 

PELCZAR JR., J.M.; CHAN, E.C.S. & KRIEG, N.R. Microbiologia: conceitos
e aplicações. Vol.1, 2ª ed. São Paulo, Makron Books. 1996. 524p

Você também pode gostar