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Camellia sinensis sobre a obesidade e síndrome metabólica

Camellia sinensis on obesity and metabolic syndrome


1.Carem V. Ribeiro* ; 2. Fernanda C. C. M. Magno

1. Universidade Federal do Rio de Janeiro - Av. Carlos Chagas Filho, 373 , CCS, Bloco J /
2º andar , Cidade Universitária, Ilha do Fundão, Rio de Janeiro/RJ – CEP: 21941-902

*e-mail: caremribeiro@bol.com

Resumo: Introdução: Uma das consequências da obesidade é o desenvolvimento da


síndrome metabólica. O excesso de peso e obesidade tornaram-se, nos últimos anos, um
dos maiores problemas de saúde pública do mundo. A síndrome metabólica é um quadro
clínico formado um conjunto de fatores de risco cardiovascular estando relacionado ao
estilo de vida desregrado. Um dos motivos que o chá verde (camellia sinensis) é
considerado um alimento funcional, se dá pelos efeitos amenizados dos fatores da SM.
Metodologia: Revisão de artigos através de base de dados, com descritores como
obesidade, priorizando trabalhos de metanalise. Resultados: A atividade antioxidante das
catequinas pode prevenir a citoxidade induzida pelo estresse oxidativo, inibem a
agregação plaquetária e consequentemente induzem o emagrecimento. Conclusões:
Quanto ao chá verde, sua eficácia é evidente a respeito da obesidade, mas a dosagem é
variante, o risco de elevar a pressão arterial deve ser averiguado.

Palavras- chave: Obesidade, síndrome metabólica, chá verde e Camellia sinensis.

Abstract: Introduction: One of the consequences of obesity is the development of the


metabolic syndrome. Overweight and obesity have become, in recent years, one of the
biggest public health problems in the world.Metabolic syndrome is a clinical picture formed
a set of cardiovascular risk factors being related to the unregulated lifestyle. One of the
reasons that green tea (camellia sinensis) is considered a functional food, is due to the
mitigated effects of the factors of the SM. Methodology: Review of articles through
databases, with descriptors such as obesity, prioritizing meta-analysis works. Results: The
antioxidant activity of catechins can prevent cytotoxicity induced by oxidative stress, inhibit
platelet aggregation and consequently induce weight loss. Conclusions: About green tea,
its effectiveness is evident regarding obesity, but the dosage is variant, the risk of raising
blood pressure should be ascertained.
Keywords: Obesity, metabolic syndrome, green tea and Camellia sinensis

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REVISÃO DE LITERATURA

INTRODUÇÃO

O excesso de peso e obesidade tornaram-se, nos últimos anos, um dos

maiores problemas de saúde pública do mundo. No Brasil, segundo a última pesquisa do

IBGE, 40% dos adultos estão acima do peso e mais que 10% da população é obesa. As

principais causas desse aumento de peso são o alto consumo de alimentos gordurosos e

a falta de atividade física. Perder de 5 a 10% do peso melhora os fatores de risco para

doença cardiovascular, diminui a pressão arterial, as taxas de glicose e o colesterol, além

de trazer outros benefícios para a saúde, ou seja, fatores da síndrome metabólica.

Uma das consequências da obesidade é o desenvolvimento da síndrome

metabólica (MARQUEZINE, 2008). A síndrome metabólica foi descrita inicialmente em

1988 por Reaven, que denominou “síndrome X” um conjunto de fatores de risco

cardiovascular que frequentemente se associava à obesidade (CAVAGIONI, 2008). Várias

evidências apontam para a teoria do depósito ectópico ou não adiposo de triglicerídios,

especialmente no compartimento intramiocelular da musculatura esquelética e também no

fígado e na célula beta. Existe uma relação direta entre conteúdo de triglicerídios

muscular, por exemplo, e resistência insulínica, que se manifesta neste tecido pela menor

captação de glicose (CAMPANELLA et al, 2014).

No Brasil, a utilização de ervas medicinais tem na prática indígena suas bases, que

influenciada pela cultura africana e portuguesa, gerou uma vasta cultura popular. O

Programa Nacional de Plantas Medicinais e Fitoterápicos foi instituído pela Portaria

Interministerial nº 2960, de 9 de dezembro de 2008 (JANSSEN et at, 2015). Com base na

Política Nacional de Plantas Medicinais e Fitoterápico, o governo federal instituiu um

Grupo de Trabalho Interministerial para elaboração do Programa, estabelecimento de


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ações para acesso seguro e uso racional de plantas medicinais e fitoterápicos. Tem como

objetivos promover o uso sustentável dos componentes da biodiversidade brasileira,

conduzindo à geração de riquezas com inclusão social e melhoria da qualidade de vida

(TEIXEIRA, 2012).

Alimentos de origem vegetal são fontes de energia, proteína, vitaminas e minerais

e a única ou principal fonte de vitamina C, folato, fibras e compostos bioativos (CBAs),

dos quais o metabolismo humano também é dependente. CBAs podem ativar, por

exemplo, vias de sinalização intracelulares adaptativas contra o estresse oxidativo e à

exposição ao ambiente (RIBEIRO, 2016). Resveratrol, curcumina, genisteína, quercetina,

sulforafano, capsaicina, indol-3-carbinol, ácido elágico 6-gingerol e catequinas, são os

principais compostos bioativos reconhecidos como moduladores inflamatórios, ou seja,

auxiliam ao combate a obesidade. (PEREIRA et al, 2009)

As catequinas, da família dos polifenóis, principalmente a epigalocatequina galato

presentes na Camellia Sinensis (chá verde) atuam na prevenção da obesidade devido ao

seu efeito termogênico e a capacidade de oxidar a gordura corporal resultando na perda

de peso em humanos (KIM et al, 2011). As doses de chá verde que surtem tais efeitos

variam largamente, mas tipicamente ficam em torno de três copos por dia, equivalente a,

aproximadamente, 240 a 320 mg de polifenóis. (BALADIA, 2014).

A obesidade e síndrome metabólica se apresentam, atualmente, não apenas como

problemas científicos, mas de saúde pública, por influenciar no aparecimento de outras

doenças. Nesse sentido, o uso da fitoterapia pode se apresentar como uma terapêutica

alternativa nessa condição de saúde. Diante do exposto o presente artigo de revisão tem

como objetivo avaliar o uso da c. sinensis no tratamento coadjuvante da obesidade e da

síndrome metabólica.

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MÉTODOS

Foram utilizados os descritores: “obesidade”, “síndrome metabólica”, chá verde” e

“Camellia sinensis” para pesquisa no PubMed (www.pubmed.com), Bireme

(www.bireme.br) e Scielo (www.scielo.org) e a seguir selecionadas as publicações, nas

línguas inglesa, portuguesa e espanhola, pertinentes a cada tópico escolhido com

atenção especial para metanálises, estudos clínicos controlados, revisões sistemáticas e

ainda publicações de grandes centros especializados em sono e obesidade. Foram

consideradas publicações do ano 2000 ao ano 2016 e o período de busca para realização

do levantamento bibliográfico foi compreendido de maio a dezembro de 2016.

Após o levantamento, os resumos dos artigos selecionados serão avaliados para

verificar os seguintes critérios de inclusão: ensaio clínico, randomizado, placebo-

controlado e com indivíduos com síndrome metabólica de ambos os sexos, que fizeram

uso do chá verde. Serão excluídos os estudos que avaliaram o uso combinado do chá

verde com outros alimentos funcionais.

Para a abordagem dos mecanismos de ação do chá verde sobre as alterações

metabólicas na obesidade e SM, serão considerados, além dos estudos com humanos,

ensaios in vitro e com animais.

OBESIDADE

A obesidade parece estar relacionada com a infância, pois é nesta fase,

principalmente entre 2 e 3 anos, que se adquire grande parte das células adiposas

responsáveis pelo armazenamento de gordura no corpo. Essas células são elásticas e,

estimuladas pela ingestão excessiva de alimentos, são capazes de armazenar até dez

vezes o seu tamanho. O poder de multiplicação dessas células diminui sensivelmente

4
depois da adolescência, mas o tecido adiposo produzido na infância acompanha o

indivíduo por toda a vida. (MIELGO-AYUSO, 2014). O tecido adiposo está localizado em

diversos sítios anatômicos (depósitos múltiplos), como órgão adiposo. É composto por

dois compartimentos principais: subcutâneo (anterior e posterior) e por diversos depósitos

viscerais. Os adipócitos secretam várias citocinas e proteínas de fase aguda que, direta

ou indiretamente, elevam a produção e circulação de fatores relacionados com a

inflamação (SIMÃO, 2014). Devido à resistência à ação da insulina e outras desordens

associadas à obesidade, como hiperlipidemia e síndrome metabólica. O excesso de

tecido adiposo aumenta a produção de muitas adipocinas (proteínas secretadas pelo

tecido adiposo) que promovem grande impacto em diversas funções corporais, como

controle da ingestão alimentar e balanço energético, sistema imune, sensibilidade à

insulina, angiogênese, pressão arterial, metabolismo lipídico e homeostase corporal,

situações estas que estão fortemente correlacionadas com doenças cardiovasculares.

(LUCIANO et al, 2013).

SÍNDROME METABÓLICA

A síndrome metabólica (SM) é um quadro clínico formado por um conjunto de

fatores de risco cardiovascular, como: Dislipidemia aterogênica que descreve a

combinação de triglicerídeos elevados (TG) e baixas concentrações de lipoproteína de

alta densidade (HDL-c), juntamente com niveis elevados de apolipoproteína B (ApoB),

lipoproteína de baixa densidade (LDL) pequena e densa e pequenas partículas de HDL,

os quais são independentemente aterogénica, e que está comumente observada em

pacientes com diabetes mellitus tipo 2 e SM (IDF,2005) e intolerância a glicose,

obesidade visceral e hipertensão arterial sistêmica – HAS (I Diretriz Brasileira de

5
Diagnóstico e Tratamento da Síndrome Metabólica, 2005). Entretanto, novos

componentes também estão relacionados à SM com a resistência a insulina, como

estresse oxidativo (OLESYA, 2013) e processo inflamatório (BERGE’S et al, 2013).

Não se tem uma causa específica para a SM, mas o estilo de vida pode estar

relacionado, uma vez que a má alimentação e sedentarismo são capazes de levar aos

fatores que causam a SM (ALBERT et al, 2005); A SM aumenta a mortalidade geral em

cerca de 1,5 vezes e a cardiovascular em aproximadamente 2,5 vezes (I Diretriz Brasileira

de Diagnóstico e Tratamento da Síndrome Metabólica, 2005).

Os critérios de diagnósticos para a SM apresentam similaridade quanto aos

fatores de risco cardiovasculares, incluindo obesidade abdominal, intolerância à glicose/

resistência à insulina, dislipidemia e hipertensão arterial. Em abril de 2005 a International

Diabetes Federation (IDF) reformulou o sistema de Classificação da “National Cholesterol

Education Program’s Adult Treatment Panel III” (NCEP-ATP III), apresentando critérios

mais estritos para o diagnóstico de síndrome metabólica (SAAD, 2006). De acordo com a

classificação para o diagnóstico da SM, A IDF levou em consideração as diferentes etnias

no que tange à avaliação dos critérios para a obesidade, variando seus pontos de corte

para a circunferência abdominal entre 80/90 cm para as mulheres e 90/94 cm para os

homens. Segundo Cavagioni et al, 2008, o critério da IDF é o mais utilizado por ser de

fácil aplicabilidade, além de ser a proposta adotada pela I Diretriz Brasileira no

Diagnóstico e Tratamento da Síndrome Metabólica.

A SM está se tornando cada vez mais frequente nos países desenvolvidos,

assim como no Brasil. Apesar das evidências, pouco se sabe sobre o quadro geral da SM

no Brasil, pelo fato de existirem poucos estudos relacionados à sua prevalência (I Diretriz

Brasileira no Diagnóstico e Tratamento da Síndrome Metabólica). Pesquisas conduzidas

em adultos das cidades de Vitória – ES (SALAROLI, 2007) e Virgem das Graças – MG

(VELÁSQUEZ et al, 2007), revelaram prevalência geral de SM de 29,8 % (homens: 29,3


6
%; mulheres: 30,1 %) e 21,6 % (homens: 7,7 %; mulheres: 33,6 %), respectivamente.

Cavagioni et al, 2008, ao realizarem um estudo relacionado à prevalência da SM no

Brasil, encontraram uma proporção de 24%.

De acordo com a Pesquisa de Orçamento Familiar (POF), a prevalência de

indivíduos adultos com excesso de peso no Brasil, representava 49% da população

adulta, destes 14,8% são obesos. A POF demonstrou o aumento de indivíduos com

obesidade de 2002 a 2009. Em 2002, 13,5% das mulheres e 9% dos homens eram

considerados obesos. Em 2009, estes percentuais aumentaram para 16,9% e 12,4%,

entre mulheres e homens, respectivamente.. A presença da obesidade eleva o risco de

SM e distúrbios cardiovasculares, resistência à insulina, diabetes mellitus tipo 2), estresse

oxidativo resultando em disfunção endotelial e hipertensão arterial sistêmica (HAS)

(PEREIRA et al, 2003).

Doenças cardiovasculares e diabetes mellitus 2, estão diretamente associadas a

SM, uma vez que estão entre as 10 principais causas de morte no Brasil. Dados de 2011

da Organização Mundial da Saúde (OMS) estimam que 33% das mortes no país são

causadas por problemas no sistema cardiovascular. O diabetes mellitus é considerado

atualmente uma epidemia mundial, tornando-se grande desafio para todos os sistemas de

saúde. No Brasil, a taxa passou de 24,1 mortes por 100.000 habitantes, em 2006, para

28,7 mortes por 100.000 em 2010. Desde 2000, esse índice subiu 38%. Hoje, a doença

atinge 5,6% da população brasileira adulta — e afeta mais mulheres do que homens. Em

2010, foram 30,8 mil óbitos de mulheres, contra 24 mil de homens; enquanto, em 2000,

morreram 20 mil mulheres e 14 mil homens. Segundo a Pesquisa de Vigilância de Fatores

de Risco e Proteção para Doenças Crônicas por Inquérito Telefônico, comandada pela

pasta em 2011, a prevalência de diabetes é de 5,6% da população adulta, afetando 6%

das brasileiras e 5,2% dos brasileiros (MINISTÉRIO DA SAÚDE, 2011).

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CAMELLIA SINENSIS (CHÁ VERDE)

O chá só perde em consumo mundial, para a água. No caso do chá verde

(Camellia Sinensis), um dos motivos que o tornam um alimento funcional é o seu papel na

diminuição dos fatores da SM. (BATISTA et al, 2009). O Camellia sinensis é originário da

região sul da China e cultivado em países da África Central e Ásia, muito consumido na

forma de chá verde ou chá preto. O consumo de chá verde vem desde os primórdios e na

China é consumido há mais de três mil anos enquanto que no Japão, o consumo iniciou-

se nos anos 800 d.C., onde as plantas eram usadas como medicamentos para curar ou

abrandar as doenças (BATISTA et al, 2009).

Os chás de Camellia sinensis podem ser classificados em três tipos básicos:

preto, verde e oolong, diferenciando-se pelo beneficiamento das folhas. Para o preparo do

chá preto, as folhas são fermentadas. Os chás oolong passam por um processo de

fermentação mais brando e, por isso, têm aroma menos acentuado do que o chá preto.

Quanto à sua composição o chá verde pode variar de acordo com seu meio de cultivo,

onde se leva em conta clima, estação, plantio e idade da coleta da planta. Para o preparo

do chá verde, as folhas são apenas escaldadas e fervidas para garantir a preservação da

cor. Dos três tipos de chás, o chá verde é o mais rico em compostos com atividades

funcionais (CHENG, 2006).

Prevenindo ou tratando a SM se consegue reduzir as doenças e

consequentemente os gastos públicos. O chá verde associado a uma alimentação

balanceada pode servir como coadjuvante no tratamento, ajudando a reduzir

complicações na SM, trazendo benefícios para a saúde do individuo (BASU et al, 2010)

COMPOSIÇÃO E AÇÃO DA C. SINENSIS


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A composição química do chá verde inclui diversas classes de compostos

fenólicos ou flavonóides, tais como flavonóis e ácidos fenólicos, além de cafeína,

pigmentos, carboidratos, aminoácidos e certos micronutrientes como as vitaminas B, E, C

e minerais como o cálcio, magnésio, zinco, potássio e ferro (SENGER et al, 2010). O

Camellia Sinensis contém polifenóis, aminoácidos, cafeína, açúcares e ácidos gordos. A

cafeína é um composto que pertence ao grupo dos alcalóides derivado das purinas. Na

sua forma pura a cafeína é uma substância cristalina que apresenta um gosto amargo.

Entre os efeitos da cafeína no organismo humano é de salientar a sua ação estimulante

do sistema nervoso central. A folha de chá contém teores normalmente compreendidos

entre 2,5 e 5,5 %. As propriedades funcionais do chá são devidas ao seu conteúdo em

polifenóis que têm a função de combater os radicais livres. Algumas dessas propriedades

podem prevenir a aterosclerose (SHARANGI, 2009). A maioria dos polifenóis identificados

na planta pertencem ao grupo dos flavanóis ou catequinas que representam 30% do peso

das folhas depois de secas (BATISTA et al, 2009), e consistem essencialmente, na

matéria que irá ser oxidada durante a fermentação. Foram identificados vários flavanóis

ou catequinas na folha verde do chá. As principais são: (–) epigalocatequina galato

(EGCG), (–) epigalocatequina (EGC), (–) epicatequina galato (ECG), epicatequina (EC) e

catequina (C). A catequina mais abundante e ativa do chá verde é a EGCG (NAGLE,

2006).

Quanto à biodisponibilidade das catequinas, sabe-se que em humanos, a

concentração de galato de epigalocatequina (GEGC) no plasma fica em torno de 1μM

após 1 hora da ingestão de 6-12 copos (200mL cada) de chá verde. Normalmente, os

níveis plasmáticos de polifenóis são baixos apresentando-se em concentrações

micromolares, o que sugere que a ingestão deva ocorrer várias vezes ao dia, em uma

dieta fracionada (LAMARÃO E FIALHO, 2009). O fator determinante da eficácia dos

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flavonoides é o seu acesso ao campo de ação no organismo, ou seja, a sua

biodisponibilidade depende da solubilidade, metabolismo e interação com outros

componentes da dieta (SENGER et al, 2010). Tudo indica que as catequinas são

absorvidas no intestino delgado e depois sujeitas a várias reações no fígado, levando a

diversas formas conjugadas (SENGER et al, 2010 e WANG et al, 2010).

EFEITOS DO CONSUMO DO CHÁ VERDE

Os efeitos termogênicos do extrato de chá verde resultariam das interações

sinérgicas entre catequinas, cafeína e noradrenalina. A catequina inibiria a catecol-o-

metiltransferase (COMT) hepática, enzima responsável por degradar a noradrenalina na

fenda sináptica, o que prolongaria seu efeito. O AMP-c, segundo mensageiro intracelular

para a termogênese mediada por noradrenalina, prolonga seu efeito na célula, fazendo

com que haja maior consumo de ATP, pois, como se sabe, o AMP-c é oriundo da

degradação do ATP, o que contribui para maior gasto energético (RICARDO

RODRIGUES et al, 2016).

A atividade antioxidante das catequinas pode prevenir a citotoxicidade induzida

pelo estresse oxidativo em diferentes tecidos, pois possui ação scavenger de radicais

livres, ação quelante de metais de transição tais como ferro e cobre, impedindo assim a

formação de espécies reativas de oxigênio pela reação de Fenton, além de ação inibidora

da lipoperoxidação. A propriedade antioxidante das catequinas do chá verde tem sido

apontada como o principal fator contribuinte e suas propriedades na prevenção e/ou no

tratamento de diversas doenças crônico-degenerativas incluindo o câncer, doenças

cardiovasculares e diabetes mellitus. (BROW, 2010, SENGER 2010, JANSSEN et al,

2014).

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Os polifenóis presentes no chá verde têm uma forte afinidade por metais, sendo

considerados poderosos quelantes de ferro e cobre, principalmente quando são ingeridos

simultaneamente, o que pode impedir a absorção, levando à deficiência desses minerais

(VALENZUELA, 2004). Problemas hepáticos, hipertensão, arritmia cardíaca, cefaleia,

náuseas, tremor, euforia, problemas gastrointestinais e insônia também foram

identificados segundo a ANVISA em 2004, porém sem especificar o público e a dosagem

utilizada.

A cafeína, quando consumida em grandes quantidades, pode trazer efeitos

adversos à saúde, como alterações no sistema nervoso central, no sistema

cardiovascular, na pressão arterial, na homeostase de cálcio, na qualidade do sono e no

controle motor, causando também irritabilidade (SMITH, 2002).

EFEITOS ANTIOBESIDADE

As catequinas do chá verde também possuem mecanismos capazes de inibir a

agregação plaquetária nas artérias e promover a perda de gordura corporal levando,

consequentemente, ao emagrecimento (TEIXEIRA et al, 2012). As catequinas do chá

podem inibir a catecol-O--metiltransferase (COMT), enzima responsável pela degradação

da norepinefrina, assim, com a inibição dessa enzima. Ocorre um prolongamento da

atuação da norepinefrina ocasionando um aumento da utilização lipídica para o gasto

energético, além do extrato do chá também conter cafeína que também tem mostrado

efeito estimulante da termogênese. (DOS SANTOS, 2016). Segundo um estudo realizado

por Nagao, 2005, citado por Lamarão e Fialho, 2009, o consumo de uma bebida extraída

do chá verde contendo 690 mg de catequinas por 12 semanas foi capaz de reduzir peso

corporal, índice de massa corporal, na área total de gordura, gordura visceral, LDL sérico,

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entre outros parâmetros comparados com o grupo controle que consumiu pelo mesmo

período uma bebida contendo apenas 22 mg de catequinas.

DISCUSSÃO

De acordo com alguns estudos, poderia ser considerado como alternativa para a

prevenção de doenças cardiovasculares, o consumo de sete xícaras de chá verde por dia,

associado com a prática de exercício físico e uma alimentação adequada (HERNANDEZ

et al, 2004). a bebida apresenta mecanismos capazes de atuar no processo de perda de

peso (CHAVES, 2016). Os resultados satisfatórios das pesquisas estão relacionados ao

aumento da termogênese e da oxidação lipídica, sugerindo que essas sejam as formas de

atuação do chá verde sobre a perda de peso (AC SILVA, 2016).

Estudo in vitro sobre os polifenóis do chá e prevenção de doenças

cardiovasculares concentraram-se em grande parte da atividade antioxidante dos

compostos e a sua capacidade para melhorar a função endotelial. Investigadores

relataram que os polifenóis do chá podem impedir a oxidação de LDL in vitro. Observou-

se uma redução de 61% na oxidação de LDL após o tratamento com 10 ug / ml de

extracto de chá verde (LEUNG LK, 2001).

Modelos animais no fim do experimento, 13 dias, os ratos tratados com 0,6% de

chá verde indicou uma diminuição do estresse oxidativo, reduziu pressão arterial

diastólica em 20% e 24%, o tratamento EGCG também diminuiu significativamente o

tamanho do infarto do miocárdio por 30% e a função cardíaca melhorada têm examinado

os efeitos preventivos do chá verde contra os componentes de SM (CAVAGIONI, 2008).

Estudos em humanos sugerem que o chá verde quando consumido

diariamente, é parte de um estilo de vida saudavel e pode contribuir para a redução do

12
risco de doenças cardiovasculares e síndrome metabólica, bem como promover outros

benefícios à saúde, tais como efeito hipoglicemiante, controle do peso corporal

(WOLFRAM et al, 2006 - YANG ET AL, 2006, WANG et al, 2010).

Estudo com uma população de homens de meia-idade, com sobrepeso e

obesidade consumiram 400 mg EGCG duas vezes por dia, o que é comparável a beber

dez xicaras por dia de chá verde preparado a partir de folhas com um teor relativamente

elevado de EGCG. No final do período de tratamento de 8 semanas, nenhuma alteração

na sensibilidade à insulina, na tolerância a glicose, IMC, circunferência da cintura,

porcentagem de gordura corporal, colesterol total, LDL colesterol, HDL-colesterol, TG ou

pressão arterial sistólica foi detectado. No entanto, na pressão arterial diastólica foi

reduzida e o humor melhorou (BROWN et al, 2011) Já na pesquisa de Senger e

colaboradores de 2010, diz que apesar de todas as evidências promissoras sobre as

propriedades funcionais do chá verde nas doenças crônicas não transmissíveis,

investigações adicionais são necessárias para a compreensão da sua real contribuição

para a saúde humana. Entre uma variedade de efeitos benéficos à saúde atribuídos ao

consumo do chá verde, grande atenção tem sido dada aos seus efeitos anti-obesidade

por promover aumento da oxidação de ácidos graxos, estimulação da lipólise e melhora

da termogênese. Entretanto, os mecanismos de como o chá verde atua na redução de

gordura corporal não estão completamente esclarecidos (ARRAES, 2016)

Em um estudo duplo-cego controlado, examinaram 35 homens saudáveis,

eutróficos e com sobrepeso, e buscaram provar a hipótese de se a ingestão diária de

catequinas reduziria o percentual de gordura corporal, bem como verificar a relação entre

LDL oxidada. Destes indivíduos, 17 ingeriram uma garrafa de chá oolong por dia,

contendo 690 mg de catequinas provenientes do extrato do chá verde e o grupo controle

ingeriu uma garrafa de chá oolong por dia contendo apenas 22 mg de catequinas,

concluiram que o consumo da bebida contendo altas concentrações de catequinas inibe a

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peroxidação lipídica e promove alterações na concentração de LDL modificada por

malondialdeído (LDL-MDA), um marcador para a doença cardiovascular aterosclerótica

(NAGAO et al, 2005 apud LAMARÃO e FIALHO, 2009).

CONCLUSÕES

O chá verde além de ser uma bebida de fácil acesso possui também baixo custo,

que o torna seu uso ainda mais viável. Observa- se no trabalho redigido a ausência de um

estudo especifico relacionado à sindrome metabólica e o chá verde, muitas são as

pesquisas isoladas, sugerindo, por exemplo, sua eficácia no controle glicêmico e

obesidade, porém demonstra alteração na pressão arterial. Mais estudos devem ser

realizados no futuro, mensurando dosagem ideal para que haja efeitos beneficos em

todos os fatores que tangem a SM, assim como, diverdificar o público alvo. A importância

do chá verde está associada com a diminuição de gordura corporal visceral sem

comprometer o consumo alimentar, e com isso travar uma associação com perda de

gordura corporal e perda de massa magra. Possui prováveis mecanismos de ação na

redução dos níveis de lipídeos sanguíneos e de gordura corporal e diminuição da glicose

sanguínea. Por fim, O chá verde, aliado a um plano alimentar equilibrado, além da prática

de atividade física, pode contribuir para melhora da obesidade.

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20
ANEXOS

FORMATAÇÃO DO TCC _

Link: http://www.revistafitos.far.fiocruz.br/index.php/revista-fitos/pages/view/instrucao-aos-

autores

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