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UNIVERSIDADE FEDERAL DO CEARÁ

CENTRO DE CIÊNCIAS AGRÁRIAS


CURSO DE ECONOMIA ECOLÓGICA

JÚLIA XAVIER DE ANDRADE

AGROECOLOGIA COMO FERRAMENTA DE INTRODUÇÃO AO


ECOSSOCIALISMO

FORTALEZA
2016
JÚLIA XAVIER DE ANDRADE
AGROECOLOGIA COMO FERRAMENTA DE INTRODUÇÃO AO
ECOSSOCIALISMO

Trabalho acadêmico apresentado ao


curso de Bacharelado em Economia
Ecológica da Universidade Federal do
Ceará como obtenção de nota para a
disciplina de Pensamento Econômico
Ecológico Contemporâneo, ministrada
pelo Prof. Fábio Sobral.

FORTALEZA
2016
SUMÁRIO

1. INTRODUÇÃO 4
2. NOÇÕES SOBRE O ECOSSOCIALISMO 4
3. NOÇÕES SOBRE A AGROECOLOGIA 5
4. RELAÇÃO ENTRE ECOSSOCIALISMO E AGROECOLOGIA.........................6
5. CONSIDERAÇÕES FINAIS 7
REFERÊNCIAS 9
1. INTRODUÇÃO

Esse trabalho discorre sobre a relação entre a Agroecologia e o


Ecossocialismo trabalharem juntos para a mudança dos paradigmas
econômicos atuais, misturando as abordagens para o melhor
entendimento e aplicação de suas essências. Vendo que os dois se
assemelham e se completam em sua ordem de aplicação no
contexto social que o brasil está inserido.

2. NOÇÕES SOBRE O ECOSSOCIALISMO

O ecossocialismo de Michael Lowy toma forma a partir da iniciativa


socialista, de Karl Marx, mas diferente dos movimentos socialistas e
comunistas do século XX, apoiados pela União Soviética, propõe um real
planejamento e controle democrático, alinhados com a igualdade social,
equilíbrio ecológico e supremacia do valor de uso sobre o valor de troca.
A ideologia do processo se baseia no controle comunitário sobre os
meios de produção, em todas as esferas, local, regional, nacional e global,
visto que todas as decisões sejam conscientemente aceitas pelo todo e
regidas através da consciência ecológica sobre as consequências
ambientais.
Esse planejamento democrático é indispensável, pois diferente do
cooperativismo, torna possível definir de forma descentralizada aonde
investir a produção, e, com isso, construir uma economia que atenda à
população no seu sentido mais puro, baseada em critérios não monetários
e dentro do valor de uso. Segundo Michael Lowy(2009):
“Os trabalhadores e os consumidores determinam
juntos a produção, avaliando de forma
aprofundada todas as consequências. As
instâncias de assistência decisória anunciam em
seguida os índices de preços para todos os
produtos, os fatores de produção, dentre os quais
estão a mão-de-obra e o capital fixo. Esses índices
são calculados em função do ano precedente e
das mudanças ocorridas.”
Para colocar em prática as ideologias do processo, é necessário criar-se
uma nova estrutura tecnológica das forças produtivas, denominada pelo
Ecossocialismo de Economia Participativa, pois o que é visto dentro do
contexto atual, é um grande potencial tecnológico concentrado apenas
para o desenvolvimento econômico ilimitado, não incentivando e nem
levando em consideração as pesquisas realizadas nas esferas sociais e
ambientais, caso ela interfira na dinâmica do desenvolvimento econômico.
A Economia Participativa demonstra a responsabilidade da população
de propor a avaliação da utilização dos recursos, do material, da mão de
obra, dos efeitos indesejáveis (poluição, desmatamento etc) e dos
benefícios sociais inerentes a cada bem ou serviço.
Por fim, o Ecossocialismo, pretende, como a Economia Ecológica,
propor novos paradigmas para os problemas ambientais e sociais
encontrados na sociedade mergulhada no capitalismo fossilista,
centralizador e predatório, modificando a forma de fazer-se economia e,
com isso, alterando os conflitos de desigualdade social e consequências
ambientais que estão presentes dentro da lógica de mercado.

3. NOÇÕES SOBRE A AGROECOLOGIA


A agroecologia, como ciência da complexidade, procura trazer para
si a união do conhecimento do saber popular com as tecnologias
existentes, apoiando a transição da agricultura convencional no meio rural,
para um modelo holístico produção agrícola.
Segundo Francisco Roberto Coporal, é possível mudar o curso
danoso tomado pelo capitalismo nos processos de uso e manejo dos
recursos naturais, através de práticas agroecológicas, pois é repensada a
minimização da economia, fortalecendo a inclusão social nesse processo,
reduzindo os danos ambientais, preservando água e terras férteis para
uma agricultura saudável e, com isso, fortalecendo a segurança alimentar
necessária para a população. Porém, não propõe resolver todos os
problemas gerados pelas ações antrópicas, como uma receita pronta,
busca orientar estratégias de desenvolvimento rural mais sustentável,
pensando nas gerações futuras e nos recursos limitados. Ademais, estando
aberta para várias áreas do conhecimento somarem nesse processo de
construção do novo paradigma econômico, proposto por ela.
A Agroecologia utiliza como forma de dispersão e captação de
conhecimento, a metodologia de comunicação horizontal, constituída por
Paulo Freire, que afirma que todos possuem conhecimento e nenhum
conhecimento é melhor ou pior do que o outro. Esse pensamento mostra
como a agroecologia é uma ferramenta de empoderamento social e, logo,
uma construção coletiva, tirando o poder absoluto da tecnologia
acadêmica e colocando a população como vetor de construção de uma
ciência com saberes mútuos e complementares.
Toda forma de inclusão social, naturalmente é uma forma de
descentralização econômica, logo, os reflexos dessa reestruturação no
modelo de produção primária irá agir na descentralização do lucro
construído pelas multinacionais que hoje obtêm o poderio dos meios de
produção agrícola, latifundiário e centralizador desse modelo. E esse
contexto configura um fator relevante para a não aceitação da elite
privilegiada devido a esses ideais propostos pela Agroecologia.
Porém, é notório e defendido pela Agroecologia, a insuficiência
desse modelo de produção convencional e suas propostas vão de acordo
com a manutenção da vida, já obtendo muitos adeptos ao redor do
mundo pela sua coerência com o fluxo natural.

4. RELAÇÃO ENTRE ECOSSOCIALISMO E AGROECOLOGIA

No contexto ao qual se encaixam os dois conceitos, a Agroecologia


torna-se uma ferramenta de grande efetividade na criação do vínculo
necessário para embasar o Ecossocialismo na população, tendo em vista
que o caráter da interação necessária entre os indivíduos para que o
socialismo ecológico ocorra, pode ser mais didaticamente adquirido pelos
mecanismos de convívio propostos pela agroecologia.
No que diz respeito ao contraste desses dois pontos de vista com o
modelo de produção e consumo no qual estamos inseridos, ambas se
assemelham na proposta de modificação desse paradigma recorrente da
sociedade.
A Agroecologia, como ferramenta, não necessariamente se limita a
um acessório do ecossocialismo, entretanto, atua como base para a
reestruturação do sistema de produção agrícola, que, em sua raiz, se
assemelha a toda lógica dos processos produtivos, realizando em sua
prática da agricultura, a implantação de metodologias participativas e
descentralização dos meios de produção.
A Agroecologia desempenha um trabalho de base bem didático, pois
a teoria-prática é mais dialogável, inicialmente, dentro do sistema no
contexto atual, visto que mudar o processo agrícola é primordial e um
ótimo começo para compreender e introduzir o Ecossocialismo dentro da
sociedade nos outros âmbitos produtivos, que se apoiam, também, nos
processos e metodologias coletivas para a população possuir e controlar
todos os meios de produção necessários para a economia.
Portanto, o Ecossocialismo e a Agroecologia buscam mudar o
mesmo padrão de desenvolvimento imposto pelo capitalismo, porém um
complementa o outro na abordagem, visto que a Agroecologia se torna
mais acessível ao entendimento, em primeira instância, pois utiliza o
sincretismo dos saberes populares e tecnológicos em sua construção, além
de ter o retorno financeiro aceitável na equação do custo benefício para as
empresas, e, isso, possibilita o melhor entendimento empírico do
Ecossocialismo, já incorporando-o na essência, com os diálogos e
comunicação horizontal que a Agroecologia dispõe. Logo, preparando a
população para tomar novos passos futuros em relação ao controle dos
outros meios de produção disponíveis no processo produtivo.

5. CONSIDERAÇÕES FINAIS

Dentro do processo de relacionar a Agroecologia com o


Ecossocialismo, percebe-se a semelhança dessa ciência e dessa corrente
com a Economia Ecológica, pois ambas defendem o fim da economia
convencional e propõe novas formas de se fazer economia, unindo o
contexto social e ambiental na equação.
Métodos participativos de construção do saber é umas das peças
mais importantes dentro da teia da Economia Ecológica, pois o desafio é
ter o olhar holístico dos espaços e saber que os conhecimentos ancestrais
são úteis para conhecer as realidades sociais e econômicas e obter
mudanças baseadas em lógicas econômicas diferentes das de priorização
ao lucro.
O Ecossocialismo propõe um novo método de lidar com os
processos produtivos, já indo de acordo com a abordagem da Economia
Ecológica, pois como ela, o Ecossocialismo enaltece o valor de uso,
fomentando uma economia mais consciente em sua produção.
Já a Agroecologia se assemelha à Economia Ecológica com seu
processo de produção saudável dos meios de produção agrícola, se
preocupando com a finitude dos recursos da terra e com as externalidades
advindas desse processo.
REFERÊNCIAS
● Agroecologia : uma ciência do campo da complexidade / Francisco
Roberto Caporal (org.). José Antônio Costabeber. Gervásio Paulus. –
Brasília : 111 p. ; 12cm.
● Ecossocialismo e planejamento democrático. Lowy, Michael. IFCH –
UNICAP.

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