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DIMENSÕES DAS FIBRAS DA CASCA DO AMENDOIM (1)

ANÍSIO AZZINI(2), Seção de Plantas Fibrosas, IGNÁCIO JOSÉ GODOY (2) e MARCELO
APARECIDO NUNES GERIN, Seção de Oleaginosas, Instituto Agronômico.

Em nosso País, o amendoim Entretanto, com a crescente escas-


representa uma cultura de gran- sez e valorização das madeiras,
de expressão econômica, não só nossas principais matérias-primas
como alimento protéico e energé- para celulose e papel, justifica-se
tico de reconhecida qualidade, o estudo desse material, como fon-
mas, também, como um dos prin- te adicional de fibras celulósicas.
cipais produtores de óleo, com
amplas possibilidades de utiliza- O objetivo desse estudo foi
ção industrial. determinar as dimensões das fi-
bras da casca de cinco cultivates
Dentre os subprodutos do seu de amendoim.
processamento industrial, pode-se
destacar a casca, por ser um ma- Material e Métodos: No pre-
terial fibroso e disponível em sente estudo, foram utilizadas cas-
grande quantidade. No ano agrí- cas de cinco cultivares de amen-
cola de 1981/82, a produção pau- doim ('Penápolis', 'Florunner',
lista de casca de amendoim foi •Tatu', Tatuí' e 'Roxo 80-1') pro-
aproximadamente 107.000 tone- venientes do banco de germoplas-
ladas, correspondendo a uma ma mantido pela Seção de Olea-
produção de grãos de 250.900 to- ginosas do Instituto Agronômico
neladas (3). Normalmente, esse do Estado de São Paulo.
resíduo fibroso é queimado nas Os elementos anatômicos que
indústrias para gerar energia. compõem a casca do amendoim

(1) Realizada com o suporte financeiro do Convênio EMBRAPA/S.A.A. — Amendoim


(Adubação). Recebida para publicação a 21 de setembro de 1982.
(2) Com bolsa de suplementarão do CNPq.
foram individualizados pela mace- minadas as principais relações
ração das amostras em solução entre elas, características morfo-
contendo 50% de ácido acético lógicas que também influem nas
glacial, 40% de água oxigenada a propriedades físico-mecânicas da
30 volumes e 10% de água des- celulose e do papel produzido.
tilada, durante aproximadamente
oito horas, a uma temperatura de Essas relações (índice de en-
60°C. Após a maceração e o tra- feltramento, coeficiente de flexi-
tamento com safranina, determi- bilidade, fração-parede, índice de
naram-se o comprimento, a lar- Runkel, comprimento-espessura,
gura, o lumen e a espessura da relação de Mulsteph e número de
parede celular das fibras, com au- Boiler) foram determinadas con-
xílio de um microscópio provido forme preconizam MILANEZ &
de ocular micrométrica com fila- FOELKEL (2).
mento móvel. Para cada cultivar Resultados e Discussão: As
em estudo, foram montadas dez
lâminas, dimensionando-se dez fi- dimensões das fibras e a distri-
bras por lâmina, tomadas inteira- buição percentual em classes de
mente ao acaso. freqüência do comprimento das
fibras da casca dos cultivares em
Além das dimensões funda- estudo são apresentadas nos qua-
mentais das fibras, foram deter- dros 1 e 2.
Quanto ao comprimento das valores são semelhantes àqueles
fibras, as matérias-primas fibro- obtidos com Eucaliptus grandis,
sas empregadas na produção de com um ano de idade (1).
celulose e papel são divididas, ba-
sicamente, em fornecedoras de fi- Os valores para as principais
bras longas e curtas. As fibras relações entre as dimensões das
longas, cujo comprimento médio fibras (Quadro 3) são relativa-
está em torno de 3,5mm, são obti- mente baixos, sugerindo a utili-
das normalmente das madeiras zação dos materiais fibrosos em
coníferas. As fibras curtas, com estudo apenas em mistura com
aproximadamente lmm, são obti- fibras mais longas, para produzir
das a partir de madeiras folhosas, celulose e papel de boa qualidade.
como as dos eucaliptos. Conclusão: As fibras das cas-
Os cultivares em estudo apre- cas dos cultivares estudados de
sentaram fibras com comprimen- amendoim, por serem muito curtas,
to médio variando de 0,57 (para não são indicadas para produzir
o 'Tatu' e o 'Tatuí') a 0,67mm papel com boas propriedades físi-
(para o 'Penápolis'), diferenças, co-mecânicas, a não ser em mis-
porém, não significativas. Esses tura com outras fibras longas.

SUMMARY
FIBER DIMENSIONS OF PEANUT SHEU-S
Fiber dimensions of shells of five peanut varieties were determined in order
to examine their potential for the celulose and paper making industry.
Average fiber length varied from 0.57 to 0.67 mm among the varieties studied,
but the differences were not significant. The low values obtained for fiber length
and fiber dimension relationship suggest that peanut shells alone cannot be
indicated for production of good quality celulose or paper.
REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS
1. FOELKEL, C. E. B.; ZVINAKEVICIUS, C.; KATO, J.; MILANEZ, A. F.
Possibilidades do emprego de eucaliptos jovens na produção de polpa Kraft.
O Papel, São Paulo, 42:95-100, 1981.
2. MILANEZ, A. C. & FOELKEL, C. E. B. Processos de deslignificação com
oxigênio para produção de celulose de eucalipto. In: CONGRESSO ANUAL
DA ASSOCIAÇÃO TÉCNICA BRASILEIRA DE CELULOSE E PAPEL, 14,
São Paulo. Anais. 1981. v.l, p.37-110.
3. PRODUÇÃO e área colhida de amendoim. In: PROGNÓSTICO 1982/83. São
Paulo, Instituto de Economia Agrícola, 1982. p.142.

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