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Agradecimentos

Este livro é o resultado de um esforço no sentido de produzir um material de referência rápida para ser usado
por alunos de cursos técnicos e de Engenharia. Sua elaboração é decorrente de quase 10 anos no ensino de Eletrônica,
além do longo tempo em que trabalhei em empresas privadas como projetista de sistemas eletrônicos (analógicos ou
digitais).
Em primeiro lugar gostaria de agradecer a Deus por ter me proporcionado uma vida cercada de tantas
oportunidades e aos meus pais, Paulo Aristarcho de Melo Paschoal e Maria Ester Corrêa de Araújo Paschoal,
por terem me educado e ensinado os verdadeiros valores a serem conquistados nesta jornada terrestre. Sou muito grato
à minha esposa, Gisélia Maria da Rocha Paschoal, e à minha filha, Rebeca Maria da Rocha Paschoal, pela
paciência e pelo carinho especial durante todo o tempo de produção deste material.

Não posso deixar de citar o imenso apoio e incentivo recebido dos meus grandes amigos Professor Alexander
Patrick Chaves de Sena, Professor Érick Viana, Prof. Domingos Sávio Beserra, Prof. Fernando Ferreira
de Carvalho e Prof. Paulo Sérgio do Nascimento. Também gostaria de agradecer aos meus alunos, em especial
a Alana Dafne Chagas Ordônio e Victor Enzo Costa Arcoverde Gusmão pela leitura do original e pelas
observações precisas.

Agradeço também aos meus professores e amigos do Departamento de Eletrônica e Sistemas da Universidade
Federal de Pernambuco, Ricardo Menezes Campello de Souza e Hélio Magalhães de Oliveira, por terem
acreditado e confiado em mim. A eles o meu: Muito Obrigado!
Finalmente, gostaria de agradecer ao meu amigo Rildo Pragana por ter me inspirado tantas vezes. Sem
ele, eu não teria me apaixonado pela Eletrônica. Obrigado, Rildo!

”Sinto-me como uma criança brincando à beira-mar,


divertindo-me em descobrir uma pedrinha mais lisa ou uma
concha mais bonita que as outras, enquanto o imenso oce-
ano da verdade continua misterioso diante de meus olhos.”
Isaac Newton

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Sobre o Autor

Prof. Arquimedes José de Araújo Paschoal, possui graduação, mestrado e doutorado em Engenharia Elétrica
pela Universidade Federal de Pernambuco. É autor de diversos artigos na área de Processamento Digital de
Sinais e co-autor de dois Capı́tulos do livro Educação Matemática e suas Tecnologias (Editora Atena). É
professor do Instituto Federal de Educação, Ciência e Tecnologia de Pernambuco (IFPE), campus Caruaru, onde já
lecionou as disciplinas: Linguagens de Programação, Eletrônica Analógica 1, Eletrônica Analógica 2, Eletrônica de
Potência, Sistemas Embarcados, Instrumentação Eletrônica, Análise de Circuitos 1, Robótica, Manutenção Eletrônica
e Eletrônica Industrial. Possui larga experiência no desenvolvimento de Sistemas Embarcados, tendo trabalhado
na equipe de desenvolvimento da Fluxx Metrologia onde desenvolveu soluções para metrologia. Foi Engenheiro de
Processos da Philips Components e sócio-proprietário da Ideia Engenharia, empresa voltada para a manutenção de
sistemas computacionais. Participou do ”Third Course on VLSI Design Techniques” no International Centre for
Theoretical Physics, em Trieste-Itália. Atualmente, dentro do IFPE/Caruaru, participa juntamente com seus alunos
dos projetos: Aerador Solar, Casa Inteligente, Fórmula SAE e do Desenvolvimento de uma Bengala Inteligente para
deficientes visuais - juntamente com a aluna Laianne Thais Torres dos Santos (Portugal). É associado do Instituto
Internacional Despertando Vocações Tecnológicas.

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Apresentação

Ao cumprimentá-los, apresento-me como Alexander Sena, doutor em engenharia mecânica na área de controle
de sistemas mecânicos pelo Programa de Pós-graduação da Universidade Federal da Paraı́ba no Brasil. Técnico
em eletrônica, graduado em engenharia mecânica e em automação industrial, sou pesquisador na área de sistemas
de controle e robótica desde 2005. Tenho atuado como professor nos cursos de engenharia mecânica e técnico em
mecatrônica do campus Caruaru do Instituto Federal de Educação, Ciência e Tecnologia de Pernambuco (IFPE).
Conheço e trabalho com o professor Arquimedes Paschoal desde 2012 quando nomeado funcionário do IFPE
Caruaru, e desde então tenho, sem exageros, me surpreendido com o ser humano e com sua capacidade profissional,
tendo a certeza que é uma pessoa realizada com sua profissão. Estes aspectos são visı́veis para quem passear pelos
corredores do campus Caruaru observando as placas de formatura, onde todas, sem exceção, trazem seu nome como
professor homenageado. Arquimedes é um bom exemplo de professor brilhante e fascinante, conforme a célebre frase de
Augusto Cury: ”Professores brilhantes ensinam para uma profissão. Professores fascinantes ensinam para a vida”. Para
mim, o professor é um agente de transformação individual e coletivo, e quando é um bom profissional, a comunidade
acadêmica o admira e apoia.
Fato é que, Arquimedes é diferenciado em sua didática. Percebo que ele é incansável no esforço, na preparação,
no conhecimento, na pesquisa e na dedicação em relação a seu material de aula, bem como na diversidade de exemplos
que levam os alunos, em suas maiores dificuldades, aprenderem os conteúdos. Penso que estas caracterı́sticas são
provenientes do seu alto senso de humildade, pois é sempre aberto a crı́ticas e sugestões, nunca se limitando a pensar
que já domina um assunto suficientemente. Sobre dedicação, me considero um louco e apaixonado por meus alunos
assim como Arquimedes, mas ele ganha, pois eu não tenho disposição fı́sica para ficar até altas horas da madrugada
no laboratório preparando aulas e experimentos. Quanto o Arquimedes já investiu de seu próprio bolso no laboratório
para oferecer o melhor para os alunos? Quanta carga horária extra não computada em seu salário ele já ministrou
exclusivamente para alunos com dificuldades em aprender seus conteúdos? Estas são perguntas que não saberia
responder, mas que refletem o seu maior desejo como educador.
Arquimedes atrai a atenção das turmas com sua eloquência em qualquer disciplina da área de eletrônica.
Quando atuei como coordenador do curso técnico em mecatrônica, testei as habilidades de Arquimedes nas disciplinas
de eletrônica analógica, eletrônica de potência, eletrônica digital, sistemas microcontrolados, manutenção eletrônica,
instrumentação e controle, e dentre outras, recebendo de forma muito positiva a avaliação proveniente dos alunos.
Certa ocasião um aluno me falou: “reprovei, mas reprovei por minha culpa; o professor de eletrônica foi perfeito”.
Observando a habilidade intelectual e seu potencial acadêmico, observei um particular interesse em Arqui-
medes em preparar materiais didáticos personalizados, trazendo como diferencial o seu conhecimento experimental nas
empresas em que trabalhou como projetista e mantenedor de sistemas eletrônicos. Como técnico em eletrônica, me
senti abraçado pela forma de apresentação do conteúdo deste livro, assim como engenheiro, também me deleitei na
profundidade de algumas informações. Como profissional, me senti realizado em ler a concretização dos esforços do

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meu amigo, mais chegado que irmão, Arquimedes.
Enfim, caro leitor aproveite este livro que atesto ter sido escrito nas madrugadas regadas de amor ao ensino
da eletrônica. Bons estudos!

Dr. Alexander Patrick Chaves de Sena

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Sumário

Agradecimentos 2

Sobre o Autor 2

Apresentação 3

1 Introdução 9

1.1 A Eletrônica Analógica . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 9

2 Dispositivos Semicondutores 11

2.1 Introdução . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 11

2.2 Diodo Semicondutor . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 14

2.2.1 Polarização Direta . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 15

2.2.2 Polarização Reversa . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 16

2.2.3 Resistências do Diodo . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 16

2.2.4 Modelo para o diodo real . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 17

2.2.5 Análise DC . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 17

2.3 Retificadores . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 19

2.3.1 Retificador de Meia Onda . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 19

2.3.2 Retificador em Onda Completa . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 21

2.4 Folha de Especificações de Diodos . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 27

2.5 Diodos Emissores de Luz . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 28

2.6 Diodos Especiais . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 30

2.7 Diodo Zéner . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 32

2.8 Reguladores de Tensão de 3 Terminais . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 37

2.9 Transistores Bipolares . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 42

2.10 Análise AC dos amplificadores de pequenos sinais . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 55

6
SUMÁRIO

2.10.1 Montagem Emissor Comum . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 55

2.10.2 Montagem Coletor Comum . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 62

2.10.3 Montagem Base Comum . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 63

2.11 Configuração Darlington . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 64

3 Amplificadores Operacionais 68

3.1 Introdução . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 68

3.2 Parâmetros dos Amplificadores Operacionais . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 69

3.3 Aplicações Lineares . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 70

3.3.1 Amplificador Inversor . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 72

3.3.2 Buffer (Seguidor de Tensão) . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 73

3.3.3 Somador Inversor e Não-Inversor . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 73

3.3.4 Amplificador Subtrator . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 75

3.3.5 Amplificador de Instrumentação . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 76

3.3.6 Amplificador Diferenciador . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 77

3.3.7 Amplificador Integrador . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 79

3.4 Aplicações Não-Lineares . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 80

3.4.1 Comparadores . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 80

3.4.2 Detector de Cruzamento pelo Zero . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 82

3.4.3 Retificador de Precisão . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 82

3.4.4 Limitador . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 83

3.4.5 Log . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 84

3.4.6 Antilog . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 84

3.5 Osciladores . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 85

3.6 Filtros Ativos . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 89

3.7 Conversão DA e AD . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 90

3.7.1 Conversão AD . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 92

3.7.2 Parâmetros Tı́picos de um Conversor AD . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 92

3.7.3 Conversor Paralelo . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 93

3.7.4 Conversor Contador - Rampa Simples . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 94

3.7.5 Conversor por Aproximações Sucessivas . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 95

3.7.6 Conversão DA . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 96

3.7.7 Conversão DA com Resistores Ponderados . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 97

3.7.8 Conversão DA com Rede R-2R . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 98

7
SUMÁRIO

4 Conversão de Energia 101


4.1 Conceitos Básicos de Eletrônica de Po-tência . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 102

4.2 Diodo de Potência . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 105


4.3 Transistor Bipolar de Potência . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 107
4.4 Transistores de Efeito de Campo . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 108
4.5 Tiristores . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 119

4.5.1 SCR . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 119


4.5.2 TRIAC . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 126
4.5.3 DIAC . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 131

4.5.4 IGBT . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 131


4.6 Transistor de Unijunção . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 132
4.7 Conversores AC-DC (Retificadores) . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 135
4.7.1 Retificadores Não-Controlados de Meia Onda
com Carga Indutiva . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 135

4.7.2 Retificadores Não-Controlados em Onda Completa com Carga Indutiva . . . . . . . . . . . . . . 139


4.7.3 Retificador de Meia Onda Controlado com Carga Resistiva . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 141
4.7.4 Retificador de meia onda controlado com carga indutiva . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 141
4.7.5 Retificador de meia onda controlado com carga indutiva com diodo de roda livre . . . . . . . . . 142

4.7.6 Retificador de onda completa controlado (todas as estruturas) com carga puramente resistiva . . 142
4.7.7 Retificador de onda completa controlado (todas as estruturas) com carga indutiva . . . . . . . . 143
4.7.8 Retificadores Trifásicos Não-Controlados . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 143

4.8 Conversores DC-DC (Choppers) . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 151


4.8.1 Topologia Boost . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 151
4.8.2 Topologia Buck . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 153
4.8.3 Topologia Buck-Boost . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 153

4.8.4 Topologia Fly-Back . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 155


4.9 Conversores DC-AC . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 156
4.9.1 O Inversor em Meia Ponte . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 156

4.9.2 O Inversor em Ponte Completa . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 157


4.10 Conversores AC-AC (Cicloconversores) . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 157

Índice Remissivo 166

8
Capı́tulo 1

Introdução

“Comece pelo começo, disse o rei com muita gravidade, e


prossiga até o final. Então, páre.”
Lewis Carroll (Alice no paı́s das maravilhas)

1.1 A Eletrônica Analógica

Este livro foi escrito como opção para utilização por aqueles que desejam ter uma boa noção de Eletrônica
sem a necessidade de maiores aprofundamentos que requeiram conhecimentos de cálculo diferencial e integral. Sugere-se
sua utilização nas disciplinas de Introdução à Eletrônica (Capı́tulos 1 e 2), Amplificadores Operacionais (Capı́tulo 3)
e Eletrônica de Potência (Capı́tulo 4). O mesmo também pode ser usado em um curso introdutório de Eletrônica em
algum curso de Engenharia, em que a Eletrônica não seja o foco principal. Por se tratar de um material que não tem
a pretensão de substituir os excelentes textos adotados nos cursos de Eletrônica, não iremos nos aprofundar. Ademais,
iremos focar principalmente nas aplicações da Eletrônica.
Sem dúvida alguma vivemos hoje em um mundo digital, todavia a eletrônica que iniciou esta revolução foi a
eletrônica dos sinais analógicos. Mas, afinal o que é um sinal analógico? Onde o encontramos?
Dizemos que um sinal é analógico quando o mesmo pode assumir infinitos valores, mesmo dentro de uma
faixa limitada, tal como o intervalo contı́nuo de zero a quinze volts. Se observarmos direito, veremos que a própria
Natureza nos oferece sinais puramente analógicos. Por exemplo, a temperatura em um corpo não dá saltos, mas varia
de forma contı́nua dentro de uma faixa.

9
Eletrônica Analógica A Eletrônica Analógica

Figura 1.1: Sinal analógico.


Fonte: O Autor

Por outro lado, o sinal digital, assume um número finito de valores. Por exemplo, se o sinal é binário, então,
ele assume apenas dois valores possı́veis. Costumamos dizer que a Eletrônica Digital é a eletrônica dos dispositivos de
baixa potência chaveados, ou seja, ou o dispositivo está conduzindo o sinal (chave fechada) ou o dispositivo está cortado
(chave aberta). Na Eletrônica Digital chamamos estes possı́veis valores de nı́veis lógicos ”0”e ”1”. Na verdade, o nı́vel
lógico ”0”, por exemplo, não significa que o sinal está com um nı́vel de tensão de zero volt, mas que este sinal é tão
baixo que com ele não é possı́vel colocar a chave no estado fechado. Uma faixa possı́vel de valores para o nı́vel lógico
zero é de 0V a 0,8V. Aqui, não importa se o nı́vel é 0,25V ou 0,42V, por exemplo. Estes valores representam o nı́vel
lógico ”0”. Em verdade sinais digitais são abstrações matemáticas. Não é possı́vel um sinal saltar de um determinado
nı́vel de tensão para um outro em um tempo nulo. Todavia, este modelo tem nos permitido desenvolver equipamentos
modernos que são empregados em todas as áreas do conhecimento.

Figura 1.2: Sinal digital.


Fonte: O Autor

Na Eletrônica de Potência os dispositivos usados são dispositivos que devem ser capazes de suportar altas
correntes (kA) diretas e altas tensões (kV) reversas. Certamente, esta é a eletrônica mais importante para o curso de
eletrônica industrial. É claro que tais dispositivos precisam de uma construção especial. Um diodo de potência, por
exemplo, jamais poderia ser um dispositivo de apenas duas camadas (como ocorre com o diodo comum), como veremos
mais adiante.

A Eletrônica de Potência é uma disciplina multidisciplinar, uma vez que envolve as áreas de Potência,
Eletrônica e Controle (Ahmed, 2008). Aqui não iremos resolver as equações diferenciais relativas aos circuitos de
Eletrônica de Potência, recomendamos o livro do Dr. Ivo Barbi (Barbi, 2008) para um tratamento matemático mais
completo.

10
Capı́tulo 2

Dispositivos Semicondutores

“Daria tudo que sei pela metade do que ignoro.”


René Descartes

2.1 Introdução

Quando consideramos os materiais ao nosso redor, percebemos que podemos classificá-los de diversas formas.
Uma delas é quanto à sua capacidade de conduzir corrente elétrica. De acordo com este critério, podemos dividir os
materiais em três categorias

1. Isolantes
2. Condutores
3. Semicondutores

O que faz com que certos materiais sejam condutores, enquanto outros são isolantes?
A resposta a esta pergunta está na estrutura atômica deste material. Uma forma de explicar isto é por meio
do diagrama de bandas destes materiais, conforme ilustrado na Figura 2.1.
A chamada Banda de Valência corresponde as possı́veis energias dos elétrons da última camada do átomo,
conhecida como camada de valência. A banda de condução corresponde as energias associadas ao elétron livre de seu
núcleo original.
Observe que no condutor a banda de valência e a banda de condução se sobrepõem, significando que à
temperatura ambiente existem elétrons livres, enquanto que no isolante a separação entre estas bandas é grande o
suficiente para garantir que para se obter elétrons livres será necessário a aplicação de um potencial elevado. No caso
do semicondutor a chamada banda proibida não é tão grande que não possa ser ultrapassada com a aplicação de um
potencial externo. Apesar de estar falando aqui na aplicação de um potencial, entenda-se que este potencial pode ser
originário de uma fonte de calor, luz ou outra fonte de energia qualquer.
Os átomos semicondutores são materiais tetravalentes, ou seja, possuem quatro elétrons em sua última camada
(camada de valência). Sendo assim, eles fazem quatro ligações entre si. Estas ligações (covalentes) são muito fortes
porque cada átomo do material semicondutor passa a contabilizar oito elétrons em sua última camada. E esta é uma

11
Eletrônica Analógica Introdução

condição para a estabilidade, ou seja, oito elétrons em sua última camada (Regra do octeto). Assim, os semicondutores
à temperatura ambiente são isolantes.

Figura 2.1: Diagrama de bandas dos materiais.


Fonte: https://www.maxwell.vrac.puc-rio.br

Para ser usado, o semicondutor bruto precisa primeiro passar por um processo de purificação. Isto foi possı́vel
graças ao processo de purificação desenvolvido por Jan Czochralski (pronuncia-se ”ian chocralsqui”) em 1916 quando
estudava a cristalização de metais (muito antes da introdução dos semicondutores na eletrônica). O processo de
Czochralski produz um monocristal.

Figura 2.2: Estrutura atômica do Si/Ge.


Fonte: https://www.maxwell.vrac.puc-rio.br/16334/16334_3.PDF.

A figura 2.3 ilustra um monocristal de Silı́cio obtido através do Processo de Czochralski. O semicondutor
purificado é conhecido como Semicondutor Intrı́nseco. É claro que não existe processo perfeito que resulte em 100%
de pureza. O processo de Czochralski possui 99,99999% de pureza.

12
Eletrônica Analógica Introdução

Figura 2.3: Monocristal de Si.


Fonte: https://commons.wikimedia.org

O semicondutor intrı́nseco é um excelente isolante, especialmente a baixas temperaturas. Para controlar a


condutividade do semicondutor (ou seja, controlar se desejamos que ele se comporte como um isolante ou como um
condutor), faz-se uma inserção inteligente de impurezas adequadas na estrutura cristalina do monocristal semicondutor.
Este processo de inserção de impurezas é conhecido como Dopagem. Os semicondutores dopados são conhecidos como
Semicondutores Extrı́nsecos.
Basicamente, existem dois tipos de impurezas que podem ser usadas adequadamente no processo de dopagem;
são elas: impurezas trivalentes (Boro, Índio) e impurezas pentavalentes (Fósforo, Antimônio). Como vimos anterior-
mente, os semicondutores são materiais tetravalentes, ou seja, necessitam de 4 ligações na camada de valência para se
tornarem estáveis.
Ora, a adição de uma impureza trivalente (3 elétrons na camada de valência) não irá completar as 4 ligações
necessárias. Ficará faltando um elétron. O material semicondutor obtido por este processo de dopagem terá, portanto,
falta de elétrons. Ou seja, será mais positivo. Assim, este material será denominado Material Semicondutor Tipo
P.
A adição de uma impureza pentavalente terá o efeito contrário, pois um dos elétrons do átomo pentavalente
ficará fracamente ligado ao seu núcleo. Então, o material semicondutor obtido por meio da dopagem usando-se átomos
de impurezas pentavalente será chamado de Material Semicondutor Tipo N.
É interessante notar aqui que no caso do material semicondutor tipo P, os portadores são chamados de lacunas
(cargas positivas). A fı́sica demonstra que tais portadores se comportam como cargas verdadeiras, possuindo inclusive
uma mobilidade diferente da mobilidade dos elétrons.

Figura 2.4: Átomos de Si.


Fonte: http://www.eletronpi.com.br/ce-024-semicondutor.aspx.

13
Eletrônica Analógica Diodo Semicondutor

Material N Material P

Figura 2.5: Materiais tipo N e tipo P.


Fonte: https://www.electronica-pt.com/semicondutores

2.2 Diodo Semicondutor

O dispositivo eletrônico mais simples é o diodo semicondutor. O diodo é obtido pela junção de um material
tipo P com um material tipo N.

Figura 2.6: Diodo de Junção PN e sua simbologia.


Fonte: O Autor

Quando estes dois materiais são unidos, ocorre inicialmente uma difusão de lacunas do lado P para o lado
N e de elétrons do lado N para o lado P. Neste processo, na região central (junção) forma-se uma região de cargas
elétricas descobertas (ı́ons). Esta região é chamada de Zona de Depleção ou Barreira de Potencial.
Note que no lado P da junção os ı́ons serão negativos, pois os átomos de impureza trivalente receberam um
elétron extra proveniente do lado N. Da mesma forma, os ı́ons no lado N da junção são ı́ons positivos, pois os átomos
de impureza pentavalente receberam uma lacuna perdendo seu elétron livre.

14
Eletrônica Analógica Diodo Semicondutor

Figura 2.7: Diodo PN com zona de depleção.


Fonte: http://objetoseducacionais2.mec.gov.br

Note, pela Figura 2.7, que o potencial V0 atua no sentido contrá-rio de movimento dos portadores majoritários.
Assim, após o equilı́brio, a corrente, chamada corrente de difusão, irá cessar e nenhum portador majoritário passará de
um lado para o outro da junção. Apenas portadores minoritários é que poderão formar alguma corrente. Esta corrente
é muito pequena e é chamada de corrente de fuga. Em boa parte das aplicações, podemos simplesmente desprezá-la.
Dizemos que na região da junção ocorre uma recombinação, ou seja, um elétron se aniquila ao encontrar
um buraco (ou lacuna). Note que a medida em que mais e mais elétrons e lacunas se recombinam, vai se formando
um campo elétrico na região da junção cuja orientação impede que as cargas positivas (lacunas) e as cargas negativas
(elétrons) continuem se deslocando da forma explicada acima. Em outras palavras, novas lacunas não vão poder
ultrapassar a junção devido aos ı́ons positivos no lado N. Da mesma forma, os elétrons não vão poder ultrapassar a
junção devido aos ı́ons negativos no lado P do semicondutor.
Portanto, somente com a aplicação de algum potencial externo é que poderemos ”auxiliar” os portadores a
ultrapassarem tal barreira.
Vamos, então, analisar o que acontece com a zona de depleção quando o diodo é polarizado diretamente
(tensão do anodo maior do que a tensão do catodo) e reversamente (caso contrário).

2.2.1 Polarização Direta

Dizemos que um diodo está polarizado diretamente quando o potencial do anodo é maior do que o potencial
do catodo. Em verdade, o diodo necessita de uma tensão de polarização direta acima de um certo valor caracterı́stico de
cada material semicondutor. Assim, os diodos de Silı́cio necessitam de cerca de 0,7V para iniciar a condução, enquanto
que os diodos de Germânio necessitam de apenas 0,3V. As folhas de especificações dos fabricantes (Datasheets) detalham
para cada diodo os valores tı́picos de condução. É comum representarmos esta tensão por Vγ (Tensão de joelho).
Note que o campo elétrico que se forma agora é oposto ao campo elétrico existente na junção do diodo. Uma vez que o
campo elétrico externo ultrapasse o campo elétrico da junção, tem-se um campo resultante cujo sentido é do material
P para o material N. Assim, a corrente resultante devido a uma polarização direta é uma corrente de portadores
majoritários e, portanto, pode vir a ser de elevado valor. A corrente que circula em um diodo é dada pela equação de
Schokley:  
ID = IS ekvd /Tk − 1 (2.1)

em que

IS é a chamada corrente de saturação reversa (é uma corrente de fuga que existe quando o diodo é reversa-

15
Eletrônica Analógica Diodo Semicondutor

mente polarizado).
k é uma constante que depende do tipo de semicondutor e do nı́vel de corrente no diodo (corrente baixa,
média ou alta).

Tk é a temperatura ambiente em Kelvin.


A equação para a corrente no diodo de Silı́cio, com corrente média ou alta e a 25◦ C pode ser dada pela
expressão

 
ID = IS evd /25mV − 1 (2.2)

A curva caracterı́stica de operação de um diodo de junção PN comum é ilustrada a seguir.

Figura 2.8: Curva caracterı́stica de operação do diodo.


Fonte: O Autor

Olhando para o eixo das correntes, note a diferença de escala da parte superior em relação a parte inferior.
Isto foi feito para facilitar a visualização da curva caracterı́stica. A mesma observação deve ser feita com relação ao
eixo das tensões.

2.2.2 Polarização Reversa

Dizemos que um diodo está polarizado reversamente quando o potencial do anodo é menor do que o potencial
do catodo. Como a tensão no diodo é, por convenção, a tensão Vanodo - Vcatodo , então, vd < 0 neste caso. Esta é
a situação ilustrada na parte esquerda da curva caracterı́stica do diodo. Note que o campo elétrico externo reforça
o campo elétrico na junção do diodo. Por esta razão, a oposição de portadores majoritários é maior ainda, ou seja,
a barreira de potencial aumenta. A corrente que atravessa o diodo, nesta condição, é uma corrente muito pequena
(formada por portadores minoritários) chamada corrente de saturação reversa. Caso a tensão reversa seja aumentada
além de um certo limite, o diodo poderá queimar devido a um fenômeno conhecido como avalanche.
Percebe-se, então, que na polarização direta a largura da zona de depleção é reduzida, enquanto que na
polarização reversa ela é aumentada.

2.2.3 Resistências do Diodo

Existem várias definições em se tratando da resistência de um diodo.

16
Eletrônica Analógica Diodo Semicondutor

Resistência Estática: Definida para sinais DC, corresponde ao quociente entre a tensão DC entre os
terminais do diodo e a corrente DC que o atravessa. Apresenta baixo valores para o diodo polarizado diretamente e
altos valores para o diodo polarizado reversamente.
Resistência Dinâmica: Definida para sinais AC, corresponde a taxa de variação instantânea da tensão em
relação a corrente.

dVd 25mV
rd = = (2.3)
dId Id

Resistência AC Média: Definida para sinais AC, corresponde a um valor médio de resistência. É calculada
pela expressão a seguir:

∆Vd
rd = (2.4)
∆Id

Exercı́cio (Alunos de Engenharia): Demonstre a equação para a resistência dinâmica do diodo vista anteriormente.

2.2.4 Modelo para o diodo real

O diodo real pode ser modelado por meio da associação em série de um diodo ideal, uma bateria de tensão
igual a Vγ e uma resistência. Abaixo ilustramos este modelo e a curva caracterı́stica idealizada.

Figura 2.9: Modelo idealizado para o diodo.


Fonte: Adaptado de http://people.seas.harvard.edu

2.2.5 Análise DC

Analisaremos um circuito simples usando apenas uma fonte DC ajustável, um diodo e um resistor, conforme
figura a seguir.

17
Eletrônica Analógica Diodo Semicondutor

Figura 2.10: Diodo em circuito DC.


Fonte: Adaptado de Boylestad (2013)

Observe que podemos escrever as seguintes equações (onde a primeira é a equação de Shockley):

 id = f (vd )
 id = −vd + E
R R

Note que a segunda equação é a equação de uma reta. Aqui chamada de Reta de Carga. A primeira equação
descreve o comportamento do diodo e a segunda é a equação imposta pelo circuito externo. Como sabemos, a solução
de um sistema de equações deve satisfazer a todas as equações do sistema. Assim, a solução deste sistema corresponde
ao ponto (vd , id ) que atende às duas equações. Este ponto é chamado de Ponto Quiescente de Operação, ou Ponto
Q.
O sistema a duas equações anterior pode ser resolvido graficamente, traçando-se a equação da reta em cima
do gráfico da curva caracterı́stica do diodo em questão.

Figura 2.11: Ponto de operação quiescente do diodo


Fonte: https://slideplayer.com.br

O ponto de intersecção entre a reta de carga e a curva do diodo é o ponto que satisfaz as duas equações
anteriores. Este ponto de operação do diodo, sob polarização DC, é justamente o ponto Quiescente citado anteriormente.
A palavra quiescente expressa exatamente a ideia de estático, ou seja, aquilo que não se move.
Note que, como a fonte DC é ajustável, podemos ir variando sua tensão e anotando a tensão e a corrente no
diodo (exibida na fonte). Caso seja usada uma fonte de alimentação sem indicação da corrente que a carga solicita,
deve-se inserir, em série com o diodo, um multı́metro configurado como amperı́metro para se medir a corrente no
mesmo. Se o diodo fosse uma chave perfeita, ele passaria totalmente a tensão da fonte para a carga. Então, se o sinal

18
Eletrônica Analógica Retificadores

da fonte, ao invés de ser um valor DC constante, for, por exemplo, um sinal senoidal, o ponto Q ficará percorrendo a
reta de carga de um lado para o outro.

2.3 Retificadores

Os retificadores são conversores de sinais alternados (AC) em sinais contı́nuos (DC). Existem retificadores
em meia onda e em onda completa. Não iremos tratar, neste primeiro momento, dos retificadores controlados nem
iremos analisar o comportamento dos retificadores quando a carga é indutiva-resistiva. Isto será visto mais adiante.

2.3.1 Retificador de Meia Onda

Considere agora o circuito a seguir.

Figura 2.12: Retificador em meia onda


Fonte: O Autor

Considere que a tensão de entrada é uma senoide, conforme ilustrado abaixo.

Figura 2.13: Sinal de entrada


Fonte: https://www.descomplicandoamusica.com

É fácil perceber que durante o semiciclo positivo do sinal de entrada, o diodo será polarizado diretamente
e, portanto, se comportará como uma chave fechada (baixa resistência). Durante o semiciclo negativo, o diodo será
polarizado reversamente e, portanto, se comportará como uma chave aberta. Portanto a tensão na carga RL possui o
formato a seguir.

19
Eletrônica Analógica Retificadores

Figura 2.14: Sinal retificado


Fonte: Adaptado de https://www.descomplicandoamusica.com

A ilustração a seguir mostra uma forma de montar este retificador em uma matriz de contatos. O fio azul
deve ser conectado ao secundário do transformador, o fio preto corresponde ao Terra e o fio amarelo corresponde a
saı́da do retificador.

Figura 2.15: Montagem do retificador em meia onda


Fonte: O Autor

O retificador estudado aqui é conhecido como retificador de meia onda, pois somente metade do sinal é
retificado (cortado). O retificador de meia onda pode ser positivo ou negativo. Isto vai depender da forma como
o diodo é colocado no circuito. Existem outras montagens que permitem a retificação em onda completa, conforme
veremos na próxima seção. Perceba que este retificador não tem uma boa eficiência, uma vez que metade do ciclo de
tensão de entrada não foi aproveitada (convertida) de alguma forma. Durante o bloqueio o diodo se comporta como
uma chave aberta e a energia entregue ao mesmo é convertida em calor.

20
Eletrônica Analógica Retificadores

2.3.2 Retificador em Onda Completa

Figura 2.16: Retificador em onda completa tipo ponte


Fonte: O Autor

A ilustração a seguir mostra uma forma de montar este retificador em uma matriz de contatos. Os dois fios
brancos da figura são para a conexão do secundário do transformador e o fio preto corresponde ao Terra. A saı́da do
retificador (fio amarelo) é tomada na carga (resistor).

Figura 2.17: Montagem do retificador em onda completa em ponte


Fonte: O Autor

Uma outra forma de se obter uma retificação em onda completa está ilustrada a seguir. Esta forma chama-se
retificação em onda completa com derivação central (center tap - em inglês).

21
Eletrônica Analógica Retificadores

Figura 2.18: Retificador em onda completa com derivação central


Fonte: O Autor

A ilustração a seguir mostra uma forma de montar este retificador em uma matriz de contatos. O fio azul e
o amarelo são para a conexão dos extremos do secundário do transformador e o fio preto, que corresponde ao Terra,
deve ser ligado ao terminal central do secundário do transformador. A saı́da do retificador (vermelho) é tomada na
carga (resistor).

Figura 2.19: Montagem do retificador em onda completa com derivação central


Fonte: O Autor

Note que apesar de se usar apenas dois diodos, a tensão reversa que o diodo deve suportar é o dobro da
tensão reversa no caso da retificação em ponte.
É possı́vel mostrar que a tensão média no retificador de meia onda é dada por:

Vpico
VDC = = 0, 318 × Vpico (2.5)
π

Ao passo que no retificador de onda completa, o valor é o dobro, ou seja:

Vpico
VDC = 2 × = 0, 636 × Vpico (2.6)
π

22
Eletrônica Analógica Retificadores

Na prática,após a retificação colocamos um capacitor para obter um valor DC, conforme ilustra a figura a
seguir:

Figura 2.20: Fonte de alimentação simples


Fonte: Adaptado de http://eletricamentefalando.blogspot.com

A tensão na carga, no circuito acima, apresenta uma certa ondulação conhecida pelo nome de Ripple.
Quanto maior for o valor do capacitor de filtro, menor será a ondulação. O ripple é calculado pela expressão a seguir:

IDC
vr = (2.7)
f ×C

Onde, IDC é a corrente, f é a frequência do sinal retificado (60 Hz para meia onda e 120 Hz para onda
completa) e C é o valor do capacitor de filtro. Note que o valor da tensão DC na carga em um retificador com capacitor
vr
de filtro pode ser encontrada como VDC = Vp − .
2

Figura 2.21: Ripple observado na carga


Fonte: https://www.embarcados.com.br

Na prática, podemos observar o ripple usando um osciloscópio para observar a tensão DC de saı́da com
acoplamento configurado como AC.

Figura 2.22: Ripple observado na carga por osciloscópio


Fonte: O Autor

23
Eletrônica Analógica Retificadores

Descobrimos, então, que o nosso sinal DC na verdade não é tão bonito como pensávamos. Então, eis o nosso
compromisso: ”Se colocarmos um capacitor com uma capacitância maior, teremos um ripple menor; por outro lado,
tais capacitores são maiores fisicamente e isto pode ser um empecilho em nosso projeto. Logo, devemos encontrar o
valor de nosso capacitor para um dado ripple aceitável.”

Exercı́cio 2.1
Projete uma fonte de alimentação usando um retificador em onda completa do tipo center-tap. Calcule o valor do
ripple de acordo com o capacitor que você escolher e, depois, verifique no osciloscópio se o ripple está de acordo
com o previsto matematicamente.

Exercı́cio 2.2
Para o retificador de meia-onda abaixo, calcule:

a) Tensão de pico no secundário do transformador


b) Tensão de pico na carga

c) Tensão média na carga


d) Corrente média na carga
e) Máxima tensão de pico reverso a que estará sujeito o diodo

Fonte: www.clubedaeletronica.com.br

Dados:

a) N1 : N2 = 10
b) R = 20Ω

24
Eletrônica Analógica Retificadores

Exercı́cio 2.3
Para o retificador em onda completa abaixo, calcule:

a) Tensão de pico no secundário do transformador


b) Tensão de pico tensão média, corrente média na carga.

c) Máxima tensão de pico reverso a que estará sujeito o diodo

Fonte: www.clubedaeletronica.com.br

Dados:

a) N1 : N2 = 10; V1 = 120V (RMS)

b) R = 10Ω

Exercı́cio 2.4

Para o retificador de meia-onda abaixo, calcule:

1. Tensão de pico no secundário do transformador


2. Tensão de pico, tensão média e corrente média na carga
3. Máxima tensão de pico reverso a que estará sujeito o diodo

Fonte: www.clubedaeletronica.com.br

Dados:

a) V1 = 120V ; Trafo: 12V + 12V


b) R = 10Ω

25
Eletrônica Analógica Retificadores

Exercı́cio 2.5

Dimensione o capacitor do circuito a seguir

Fonte: www.clubedaeletronica.com.br

Dados:

a) N1 : N2 = 10
b) Tensão direta no diodo: 0,7V
c) Corrente desejada na carga: 200mA
d) Ondulação máxima permitida: 10% do valor de pico

26
Eletrônica Analógica Folha de Especificações de Diodos

Exercı́cio 2.6
Calcule a tensão DC na carga para os seguinte capacitores:

a) C = 470µF
b) C = 1000µF

c) C = 2200µF
d) C = 4700µF

Fonte: www.clubedaeletronica.com.br

2.4 Folha de Especificações de Diodos

A seguir ilustramos algumas informações contidas nas folhas de especificações de um fabricante de diodo.
Usaremos, como ilustração, o diodo 1N4007.

Rating Symbol 1N4007 Unit


Peak Repetitive Rev. Voltage VRRM
Working Peak Reverse Voltage VRW M 1000 V
DC Blocking Voltage VR
Non-Repetitive Peak Rev. Voltage
VRSM 1200 V
(halfwave, single phase, 60 Hz)
Average Rectified Forward Current
(single phase, resistive load, IO 1.0 A
60Hz, T A = 75 °C)
Non-Repetitive Peak Surge Current 30.0
IF SM A
(surge applied at rated load cond.) (for 1 cycle)

Tabela 2.1: Especificações máximas para o diodo 1N4007

27
Eletrônica Analógica Diodos Emissores de Luz

Rating Symbol Typ Max Unit


Maximum Instantaneous
Forward Voltage Drop (iF = 1.0A, VF 0.93 1.1 V
TJ = 25 °C)
Maximum Full-Cycle Average
Forward Voltage Drop VF (AV ) 0.8 V
(IO = 1.0A, TL = 75 °C, 1 inch leads)
Maximum Reverse Current
0.05 10
(rated DC voltage) (TJ = 25 °C) IR µA
1.0 50
(TJ = 100 °C)
Maximum Full-Cycle Average
Reverse Current IR(AV ) 30 µA
(IO = 1.0A, TL = 75 °C, 1 inch leads)

Tabela 2.2: Caracterı́sticas elétricas

Outras caracterı́sticas importantes de um diodo são o tempo de recuperação reversa (tipicamente 5µs) e a
capacitância da junção (tipicamente 15pF). Vimos anteriormente que quando o diodo é polarizado diretamente há uma
injeção de um grande número de portadores majoritários de um lado do diodo para o outro. Quando o diodo é cortado,
ele leva um tempo até que se comporte como uma chave aberta. Isso ocorre devido ao retorno destes portadores
majoritários para o lado de onde vieram. Note que este retorno ocorre devido à direção do campo elétrico resultante.
É este tempo que chamamos de Tempo de Recuperação Reversa.

2.5 Diodos Emissores de Luz

Os chamados LEDs são diodos que, quando polarizados diretamente, emitem uma luz que pode ser branca,
verde, laranja, azul, vermelha, amarela, etc. Também existem LEDs que emitem luz em uma frequência fora da faixa
de luz visı́vel ao olho nu, tal como Infravermelho e ultravioleta.
De uma maneira geral, os leds são construı́dos de modo a existir uma grande recombinação elétron-lacuna.
Devido a esta recombinação, é liberada energia na forma de fótons em uma dada frequência que pode estar na faixa
da luz visı́vel ou não. A cor de um LED é determinada pelo material semicondutor usado e pela impureza. Assim,
Arsenieto de Gálio (GaAs) dopado com Fósforo pode emitir luz vermelha ou amarela, a depender da concentração. O
Silı́cio não serve para a produção de LEDs uma vez que o mesmo não consegue uma boa emissão de luz. Os materiais
comumente usados na fabricação de LEDs são Arsenieto de Gálio e Alumı́nio, Fosfato de Alumı́nio, Índio e Gálio,
Fosfato de Gálio, Nitreto de Gálio.
Como sabemos, a cor de um objeto representa a frequência (ou comprimento de onda) da componente de
luz que é refletida difusamente. Diferentemente dos diodos retificadores, os LEDs possuem tensões bem maiores e que
dependem da cor do LED.

28
Eletrônica Analógica Diodos Emissores de Luz

Figura 2.23: Tensão e corrente para LEDs de várias cores


Fonte: https://www.electronics-tutorials.ws/diode/diode_8.html

Na verdade, a luz que é emitida pelo LED devido ao processo de recombinação é pouca. Assim, o LED é
construı́do de tal forma a direcionar o feixe luminoso através de uma espécie de lente.

Figura 2.24: Estrutura interna de um LED


Fonte: https://i.stack.imgur.com/WKVkc.png

O terminal do anodo é feito mais longo e, em alguns casos, o terminal do catodo é identificado por ser o
terminal do lado plano do cı́rculo que forma a base do LED (Flat Spot na figura mais à esquerda acima).
Recentemente foi criado o LED branco (o de maior brilho). Exis-te também o chamado LED RGB e os
multicoloridos. O LED RGB é formado pela união de três LEDs, podendo ser catodo comum ou anodo comum. Os
LEDs multicoloridos podem ser formados por apenas dois LEDS.
A seguir ilustramos um LED multicolorido. Observe a variação das cores em função da corrente de polarização
direta.

29
Eletrônica Analógica Diodos Especiais

Figura 2.25: LED multicolorido


Fonte: https://www.electronics-tutorials.ws/diode/diode_8.html

O LED RGB pode gerar inúmeras cores a partir da combinação das cores vermelha, verde e azul.

Figura 2.26: LED RGB


Fonte: https://www.robotistan.com

Tensão dos LEDs em função da cor

Figura 2.27: Tensão do LED


Fonte: www.componentesamericana.com.br

2.6 Diodos Especiais

Existem diodos construı́dos de modo a explorar determinadas caracterı́sticas e visando uso em aplicações
bem especı́ficas.
Diodo Túnel: É um diodo capaz de responder a altas frequên-cias, com aplicações na área de micro-ondas.
O diodo túnel é fortemente dopado e possui uma região de depleção muito estreita (100nm). Um fato importante para

30
Eletrônica Analógica Diodos Especiais

este diodo é que o mesmo apresenta uma região de resistência negativa, conforme ilustra a figura a seguir.

Figura 2.28: Diodo tunel


Fonte: https://en.wikipedia.org/wiki/Tunnel_diode

Diodo Gunn: Assim como o diodo túnel, o diodo Gunn é fortemente dopado e também apresenta uma
resistência negativa. Diferentemente dos outros diodos, o diodo Gunn é construı́do com apenas uma região N. Em
verdade, o diodo Gunn possui três regiões – sendo duas regiões fortemente dopadas separadas por uma região fracamente
dopada. Também encontra aplicações em dispositivos de micro-ondas.

Figura 2.29: Diodo gunn


Fonte: https://www.wikiwand.com/en/Gunn_diode

Diodo PIN: O diodo PIN é construı́do tendo uma região de material semicondutor intrı́nseco entre as
camadas P e N, com as camadas P e N fortemente dopadas. Este diodo encontra aplicações como atenuadores, chaves
rápidas, fotodetectores e também aplicações em eletrônica de potência (altas tensões).

Figura 2.30: Diodo PIN


Fonte: https://en.wikipedia.org/wiki/PIN_diode

31
Eletrônica Analógica Diodo Zéner

2.7 Diodo Zéner

Existe um tipo de diodo que é fabricado para operar na região de polarização reversa. Em um diodo comum,
reversamente polarizado, a corrente que flui pelo mesmo é muito baixa. Caso a tensão reversa aumente a ponto de
atingir a tensão de ruptura, ocorre a quebra das ligações covalentes por efeito avalanche e o diodo queima. Isto ocorre
em alguma centenas de volts.

No caso de um diodo zéner, o nı́vel de dopagem é bem maior. Isto reduz a tensão de ruptura e um outro efeito
passa a ser observado: Efeito Zéner. Este efeito foi primeiramente estudado por Clarence Zener, um fı́sico americano
formado em Harvard.
Assim, observa-se que os diodos zéners com tensão de ruptura abaixo de 5 Volts baseiam seu funcionamento
no efeito zéner; enquanto que acima de 5 Volts predomina o efeito avalanche. Com a tensão de ruptura reduzida é
possı́vel operar de modo seguro dentro de uma certa faixa de operação determinada pelo circuito externo. É claro que
se a corrente ultrapassar um certo valor (IZmax), a potência dissipada irá destruir o dispositivo. Veja a seguir a curva
de operação.
A figura a seguir ilustra a curva de operação de um diodo zéner. Note que na região de polarização direta,
o diodo zéner se comporta como um diodo comum. Na região de polarização reversa, existe a necessidade de uma
corrente mı́nima para que o zéner consiga manter a tensão constante entre seus terminais. Uma corrente acima da
corrente máxima leva o dispositivo à destruição.

Figura 2.31: Curva caracterı́stica de operação do diodo Zéner e simbologia


Fonte: https://masherz.wordpress.com

A corrente máxima que pode atravessar o zéner é encontrada pela Eq.(2.8). Uma vez obtida a corrente
máxima, pode-se encontrar a menor corrente que garante que o Zéner ainda encontra-se na Região Zéner.

PZ
IZmax = (2.8)
Vz(nom)
IZmax
IZmin = (2.9)
10

Neste texto, o valor da corrente mı́nima é adotada como 10% do valor da corrente máxima. Existem outros autores

32
Eletrônica Analógica Diodo Zéner

que usam valores diferentes destes, tais como 15% e 20%. É claro que não é uma boa prática trabalhar perto do
valor mı́nimo. Caso a corrente caia abaixo deste valor mı́nimo, o zéner não conseguirá manter o valor da tensão zéner
constante e, para fins práticos, a corrente do mesmo deve ser considerada nula.

Modelo para o diodo Zéner

A seguir ilustramos o modelo matemático para o diodo zéner.

Figura 2.32: Modelo do diodo Zéner


Fonte: http://cc.ee.nchu.edu.tw

Em função deste modelo, deduzimos a seguinte equação para o mesmo

VZ = Vz0 + rz × Iz . (2.10)

Regulador de Tensão

Vamos iniciar o estudo da utilização dos diodos zéners em circuitos destinados a regulação da tensão. Basi-
camente, existe dois tipo de reguladores:

a Série

b Paralelo

Aqui, neste Capı́tulo, iremos estudar apenas o uso do zéner como regulador paralelo. Em um capı́tulo
posterior trataremos da utilização do mesmo como regulador série. Abaixo ilustramos o regulador paralelo com zéner.

Figura 2.33: Regulador paralelo


Fonte: http://livrozilla.com

33
Eletrônica Analógica Diodo Zéner

Aqui iremos considerar as seguintes situações:

a) A tensão de entrada varia e a tensão de saı́da deve ser constante.

b) A tensão de entrada é constante, mas a carga varia (como em um sensor) e, portanto, a tensão de saı́da varia.

Qualquer que seja a situação, o raciocı́nio é sempre o mesmo. Basicamente, vamos usar as Leis de Kirchhoff
para obter as equações necessárias a solução de nosso problema.

a) Tensão de entrada variando

Figura 2.34: Regulador paralelo com entrada variável


Fonte: Idem anterior

Observe que podemos escrever


IF = IZ + IL (2.11)

Note que IL é constante, mas IF e IZ variam. Logo, as variações da corrente de entrada são refletidas em
variações de corrente no diodo zéner. De modo que podemos escrever:

IF (max) = IZ(max) + IL (2.12)


IF (min) = IZ(min) + IL (2.13)

Iz(max)
Considerando Iz(min) = , resulta
10

IF (max) = IZ(max) + IL (2.14)


Iz(max)
IF (min) = + IL (2.15)
10

Portanto,
9
IF (max) − IF (min) = × IZ(max) (2.16)
10

Mas,

VF (max) − Vz(nom)
IF (max) = (2.17)
RS
VF (min) − Vz(nom)
IF (min) = (2.18)
RS

34
Eletrônica Analógica Diodo Zéner

De modo que

VF (max) − VF (min) 9
= × Iz(max) (2.19)
RS 10

Como os valores de VF (max) e VF (min) , normalmente, são conhecidos, a equação anterior nos dá uma relação
entre Iz(max) e RS que pode ser usada, por exemplo, na equação para IF (max) para se achar Iz(max) ou RS .
Encontrado um valor, acha-se o outro imediatamente.

Exercı́cio 2.7
Projete um regulador de tensão que mantenha uma tensão de saı́da de 20V através de uma carga de 1KΩ,
com uma entrada que varie de 30 a 50V. Ou seja, determine o valor apropriado de RS e a corrente máxima
Iz(max) .

b) Tensão de entrada constante, carga variável

Considere o circuito a seguir

Regulador paralelo com carga variável

Neste caso, a carga RL é variável, de modo que a corrente IL varia. A tensão na carga deve ficar constante.
Note que a corrente de entrada IF é constante. De modo que, quando IL é máxima, IZ deve ser mı́nima e vice-versa.
Por exemplo, considere que a corrente na carga varia de 0 até 200mA. Nestas condições, qual seria o valor adequado
para a resistência RS com a condição de que a tensão na saı́da fique em 12V?

Vamos considerar os dados do exemplo, sem perda de generalidade. A aplicação da LCK nos dá

IF = IZ + IL (2.20)

Note que a corrente de entrada será fixa, enquanto que a corrente no diodo zéner é que vai variar. Assim,
podemos escrever

IF = Iz(min) + IL(max) = Iz(max) + IL(min) (2.21)

Mas, lembrando que a corrente mı́nima do Zéner é 10% de sua corrente máxima, resulta

9
× Iz(max) = 200mA (2.22)
10

35
Eletrônica Analógica Diodo Zéner

Logo,

4
Iz(max) = 222mA = (2.23)
RS

Então,

RS = 0, 018kΩ = 18Ω (2.24)

Note também que quando RL for mı́nimo, IL será máximo. Assim, podemos escrever

12
RL ≥ = 60Ω. (2.25)
200mA

No que segue estudaremos os reguladores de tensão monolı́ticos, ou seja, encapsulados em um circuito inte-
grado. Basicamente, podemos dividir os reguladores monolı́ticos em duas categorias:

a) Reguladores Fixos

b) Reguladores Ajustáveis

Exercı́cio 2.8
Para o circuito a seguir:

1. Determine VL , IL , IZ e IR , quando RL = 180Ω


2. Repita o item anterior se RL = 470Ω
3. Determine o valor de RL que estabelece as condições de máxima potência para o diodo zéner
4. Determine o valor mı́nimo de RL para garantir que o diodo zéner está no estado ligado.

36
Eletrônica Analógica Reguladores de Tensão de 3 Terminais

Exercı́cio 2.9
Projete o circuito da figura a seguir para manter VL em 12V para uma variação na corrente da carga (IL ) de 0
até 200mA. Ou seja, determine RS , VZ e Pzmax . Veja a carga, por exemplo, como um sensor cuja resposta é em
corrente.

Exercı́cio 2.10
Para o circuito da figura a seguir, determine a faixa da tensão de entrada (vi ) que irá manter a tensão na carga
em 8V, sem exceder a máxima potência do diodo zéner.

2.8 Reguladores de Tensão de 3 Terminais

Vimos anteriormente a utilização do diodo zéner como regulador de tensão paralelo, uma vez que o diodo zéner
era colocado em paralelo com a carga. Aqui vamos estudar os chamados reguladores em série, uma vez que a corrente de
saı́da do regulador é a mesma corrente que vai para a carga. Por terem três terminais são denominados genericamente
de Reguladores de Três Terminais. Existem reguladores de tensão de 3 terminais positivos e negativos, fixos e
ajustáveis. Os reguladores fixos positivos mais conhecidos são os da série 78xx, enquanto que os reguladores fixos
negativos mais conhecidos são os da série 79xx. Os reguladores ajustáveis mais conhecidos são o LM317T (positivo) e
o LM337T (negativo).

A) Reguladores fixos positivos e negativos das séries 78xx e 79xx, respectivamente


Os reguladores da série 78xx são muito utilizados nos equipamentos eletrônicos. Exemplos destes reguladores
são: 7805, 7809, 7812, 7815, 7824. Abaixo segue um exemplo de utilização dos mesmos.

Figura 2.35: Regulador positivo de +5V


Fonte: O Autor

37
Eletrônica Analógica Reguladores de Tensão de 3 Terminais

A tensão de saı́da pode ser alterada, uma vez que pelo pino central passa uma corrente (chamada corrente
quiescente) cujo valor pode ser verificado no datasheet do componente especı́fico. Assim, podemos obter uma fonte de
+9V usando-se um 7805.

Figura 2.36: Regulador de +9V a partir de +5V


Fonte: O Autor

Os reguladores da série 79xx também são muito utilizados nos equipamentos eletrônicos. Exemplos destes
reguladores são: 7905, 7909, 7912, 7915 e 7924. A seguir temos um exemplo de utilização deste regulador em uma
fonte de tensão com saı́da negativa.

Figura 2.37: Regulador negativo


Fonte: O Autor

Da mesma forma que fizemos com os reguladores positivos, podemos colocar um resistor no pino GND (ou
comum) do regulador para produzir uma tensão maior na saı́da. No caso do 79xx existe uma corrente neste pino de
cerca de 3mA.
Recomenda-se que caso se deseje tal operação, seja feita uma montagem de teste para verificar o valor desta
corrente – que pode variar de fabricante para fabricante.
Também é possı́vel construir fontes simétricas tal como a ilustrada a seguir.

38
Eletrônica Analógica Reguladores de Tensão de 3 Terminais

Figura 2.38: Fonte simétrica +12V/-12V


Fonte: O Autor

Figura 2.39: Encapsulamento de reguladores de tensão


Fonte: Adaptado de https://wiki.ifsc.edu.br

A tabela a seguir ilustra para os reguladores das séries 78xx e 79xx o valor da tensão máxima de entrada,
o valor da tensão nominal de saı́da e a corrente máxima que o regulador pode fornecer a uma carga. Note que pode
acontecer de existirem fabricantes com especificações um pouco diferentes.

Figura 2.40: Reguladores das séries 78xx e 79xx


Fonte: https://wiki.ifsc.edu.br

39
Eletrônica Analógica Reguladores de Tensão de 3 Terminais

Recomenda-se que seja feita uma consulta ao datasheet do fabricante no sentido de conhecer as possibilidades
deste dispositivo. Por exemplo, existem montagens que podem fornecer correntes elevadas, como por exemplo, 5A.
Todavia esta corrente certamente não é fornecida pelo regulador em si. Faz-se uso de transistores em mon-
tagens apropriadas para se obter tais correntes de saı́da.

B) Reguladores ajustáveis positivos e negativos


O regulador ajustável positivo mais conhecido é o LM317.

Figura 2.41: Regulador ajustável LM317T e pinagem


Fonte: O Autor e Datasheet do componente

O resistor R1 é um resistor com resistência calculada em função da corrente conhecida como corrente mı́nima
de regulação que deve estar entre 3,5mA e 10mA. Na maior parte dos projetos, usa-se um resistor de 240Ω - o que
significa uma corrente de cerca de 5mA. O resistor R2 normalmente é um potenciômetro que ajusta a tensão de saı́da
conforme a expressão  
10KΩ
Vo = 1, 25 × 1 + + Iadj × R2 (2.26)
R1
Note que este regulador não zera a saı́da. Isto se deve ao zéner de 1,25V interno ao mesmo. Para zerar a saı́da, é
comum se colocar diodos retificadores na saı́da do mesmo. Uma outra forma de eliminar a tensão de 1,25V na saı́da é
usar o seguinte esquema (quando se tem uma fonte de -12V disponı́vel).

Figura 2.42: Circuito para permitir zerar a saı́da do LM317T


Fonte: O Autor

Por enquanto, como ainda não vimos o funcionamento dos transistores, vamos usar este circuito deixando o
entendimento do mesmo para mais adiante neste texto. Note que colocamos um diodo emissor de luz, conhecido como

40
Eletrônica Analógica Reguladores de Tensão de 3 Terminais

LED, no circuito proposto para sinalizar que existe alimentação e definir uma tensão na base do transistor e, portanto,
definir a tensão no emissor do mesmo - estabelecendo, assim, uma corrente de emissor.
Para evitar erros maiores e dificuldades no projetos de fontes ajustáveis, não devemos desprezar o valor da
corrente de ajuste. O valor tı́pico desta corrente é de cerca de 50µA. Assim, podemos, por exemplo, definir o valor de
R2 (Potenciômetro) e encontrar o valor de R1 .
Exemplo:Projete uma fonte ajustável usando o LM317T que forneça uma tensão máxima de 12V. Use um po-
tenciômetro de 10KΩ e calcule o valor do resistor R1 .

Solução:
 
10KΩ
12V = 1, 25 × 1 + + 50µA × 10K
R1
 
10KΩ
12V = 1, 25 × 1 + + 0, 5V
R1
 
10KΩ
12V − 0, 5V = 1, 25 × 1 +
R1
 
10KΩ
9, 2V = 1+
R1
10KΩ
8, 2V =
R1
R1 = 1, 2kΩ

O regulador negativo ajustável mais conhecido é o LM337. É um circuito integrado com encapsulamento
TO-220 similar ao LM317 só que com uma saı́da diferente (e com pinagem diferente), conforme figura a seguir.

Figura 2.43: Pinagem do LM337


Fonte: Datasheet do componente

Cuja saı́da é dada por  


R2
Vo = −1, 25 × 1 + − Iadj × R2 (2.27)
R1

Nestes dois reguladores de tensão, a corrente no pino de ajuste é aproximadamente 50µA. Nos datasheets,
os fabricantes apresentam circuitos usando estes reguladores com capacidade de corrente que excede o valor nominal
da corrente máxima para o regulador. Antes de iniciarmos nosso estudo sobre os transistores bipolares, vamos resumir
aqui as principais aplicações dos diodos.

1. Retificadores
2. Sinalização (LEDs)
3. Regulação de Tensão (Zéners)

41
Eletrônica Analógica Transistores Bipolares

4. Proteção contra inversão de polaridade

5. Multiplicadores de tensão

6. Circuitos grampeadores

7. Outros usos: Displays, display de 7 segmentos, Isoladores galvânicos (optoacopladores), chaves


óticas, etc.

A Figura 2.44 a seguir ilustra a utilização de diodos LED em várias aplicações.

Chave Ótica Chave Ótica

Display de 7 Segmentos

Fotoacoplador Encoder

Figura 2.44: Aplicações do diodo


Fontes: http://difusaodafisica.blogspot.com,
http://www.cinestec.com.br
https://www.electronics-tutorials.ws
http://labdegaragem.com

2.9 Transistores Bipolares

Os Transistores Bipolares são os componentes mais conhecidos e usados dentro da Eletrônica Analógica. Para
um passeio pelo desenvolvimento dos dispositivos eletrônicos recomendo uma visita ao site www.com-puterhistory.org.
Como se sabe a invenção do transistor foi o resultado dos esforços de três pesquisadores: Walter Brattain,
John Bardeen e William Shockley. O transistor inventado por estes três pesquisadores em 1947 foi o transistor de

42
Eletrônica Analógica Transistores Bipolares

ponto de contato e não o transistor de junção, que só foi criado em 1948 por William Shockley. São completamente
diferentes e não devem ser confundidos. A invenção do transistor de ponto de contato rendeu o prêmio Nobel de Fı́sica
de 1956 aos três pesquisadores citados anteriormente.
Os transistores bipolares, ou seja, que empregam dois tipos de portadores (elétrons e lacunas) foram desen-
volvidos em 1947 por Walter Brattain (D), John Bardeen (E) e William Shockley (C).

Figura 2.45: Inventores do transistor bipolar


Fonte: https://www.computerhistory.org

Os transistores bipolares de junção são construı́dos usando-se três camadas de material semicondutor; assim,
podemos ter Transistores NPN e Transistores PNP. Algumas vantagens do transistor bipolar em relação as antigas
válvulas termiônicas são:

a) Tamanho reduzido

b) Menor consumo de potência

c) Não possui filamento (não precisa ser aquecido)

d) Vida útil muito maior

Estes dois tipos de transistores são representados simbolicamente conforme Figura 2.46.

Figura 2.46: Transistores NPN e PNP, respectivamente.


Fonte: http://electricalacademia.com

A figura à esquerda representa um transistor bipolar do tipo NPN, enquanto que a outra figura representa
um transistor bipolar do tipo PNP. Os terminais dos mesmos são denominados Base (B), Coletor (C) e Emissor (E).

43
Eletrônica Analógica Transistores Bipolares

A seta no emissor indica o sentido da corrente convencional (ou seja, de cargas positivas) do emissor. Este corrente é,
na verdade, a soma das correntes de base e de coletor.
Em verdade, o terminal de base é um terminal de controle. Uma boa analogia é pensar em uma torneira
onde a vazão da água á controlada pelo grau de abertura (ou fechamento) da torneira. A base, que tem essa função de
controle, é feito bem estreita. O emissor recebe uma dopagem maior. Esta é uma das diferenças entre o transistor de
ponto de contato e o transistor de junção - no transistor de ponto de contato, o terminal de emissor é que é o terminal
de controle, com a corrente fluindo entre Base e Coletor.
O transistor possui uma estrutura similar à conexão de dois diodos. Cuidado para não acreditar que você
pode construir um transistor simplesmente conectando-se dois diodos.

Figura 2.47: Modelo de diodos para os transistores NPN e PNP, respectivamente.


Fonte: Adaptado de https://www.st-andrews.ac.uk/

As duas junções do transistor são chamadas de Junção Emissor e Junção Coletor. Existem quatro regiões de
operação do transistor, de acordo com a polarização destas junções; a saber:

a) Corte: Quando as duas junções são polarizadas reversamente.

b) Saturação: Quando as duas junções são polarizadas diretamente.

c) Ativa: Quando a junção emissor é polarizada diretamente e a junção coletor é polarizada reversamente.

d) Ativa inversa: Quando a junção emissor é polarizada reversamente e a junção coletor é polarizada diretamente.

Tendo em mente o modelo de dois diodos, fica fácil saber quem é o terminal de base em um transistor real.
Ora, a base é o terminal que conduz com os outros dois terminais em um sentido e não permite condução no sentido
reverso.
O emissor é o terminal que apresenta a maior tensão em relação à base. Isto se deve ao fato de que o mesmo
é mais dopado do que o terminal de coletor.
Em relação às regiões de operação, temos as seguintes observa-ções:

44
Eletrônica Analógica Transistores Bipolares

a) Região Ativa: Usada para amplificar sinais (IC ≈ Constante)

b) Região de Corte: Usada juntamente com a região de saturação quan-do o transistor é usado como uma chave
eletrônica. Sendo a região de corte a situação de chave aberta (sem corrente, IC ≈ 0)

c) Região de Saturação: Usada juntamente com a região de corte quan-do o transistor é usado como chave eletrônica.
Sendo a região de saturação a situação de chave fechada (“sem” tensão entre coletor e emissor, VCE ≈ 0V ).

d) Região Ativa Inversa: É uma região sem utilidade prática, pois o ganho de amplificação nesta região é muito
pequeno.

A figura a seguir ilustra as regiões ativa, de corte e de saturação do transistor bipolar. Note que na região
de corte, para a corrente de base nula, a corrente de coletor pode não ser nula. Na verdade, o gráfico está fora de
escala (neste ponto) e foi feito para mostrar este fato. A corrente de coletor, neste caso é uma corrente muito pequena
chamada corrente de fuga.

Figura 2.48: Regiões de operação do transistor


Fonte: https://www.electronics-tutorials.ws/transistor/tran_4.html

Na REGIÃO ATIVA definem-se dois ganhos:

IC
α≡ (2.28)
IE
IC
β≡ (2.29)
IB

Veremos, mais adiante, que existem três configurações para o transistor como amplificador; a saber:

a) Configuração Emissor-Comum

b) Configuração Base-Comum

c) Configuração Coletor-Comum

45
Eletrônica Analógica Transistores Bipolares

Cada uma destas configurações tem suas caracterı́sticas especı́fi-cas, em termos de impedância de entrada,
impedância de saı́da, ganho de tensão e ganho de corrente, conforme veremos mais adiante. Inicialmente, iremos
considerar apenas circuitos com transistores na configuração Emissor-Comum.
Para irmos esquentando os motores, considere como um primeiro exemplo, o circuito a seguir.

Exemplo 2.1. Considere VBB = 10V , VCC = 20V , RB = 330kΩ, RC = 1, 5kΩ, β = βCC = 200. Encontre
todas as correntes e todas as tensões do transistor.

Figura 2.49: Transistor em configuração Emissor-Comum


Fonte: O Autor

Solução: A corrente de base pode ser calculada facilmente a partir da LTK aplicada ao circuito de entrada, ou
seja
VBB − RB × IB − VBE = 0 (2.30)

Portanto,
VBB − VBE 10V − 0, 7V
IB = = = 28, 18µA. (2.31)
RB 330kΩ

Logo, a corrente de coletor vale


IC = 200 × 28, 18µA = 5, 64mA (2.32)

Então,
IE = IC + IB = 5, 64mA + 0, 028mA ≈ 5, 67mA

Observação: Aqui, usaremos sempre apenas duas casas decimais para os valores de tensão e de corrente, usando
as regras consagradas para se fazer o arredondamento.
A tensão de emissor é 0V, pois o mesmo está conectado ao Terra. A tensão de coletor pode ser encontrada
diretamente a partir da expressão

VC = VCC − RC × IC = 20V − 1, 5kΩ × 5, 64mA = 11, 54V. (2.33)

Portanto, a tensão entre coletor e emissor (que desempenha um papel importante, conforme vermos mais adiante)

46
Eletrônica Analógica Transistores Bipolares

vale
VCE = VC − VE = VC = 11, 54V. (2.34)

A tensão de base corresponde a tensão do diodo emissor, ou seja,

VB = VBE = 0, 7V. (2.35)

Nosso objetivo aqui será o de usar o transistor como elemen-to amplificador na configuração Emissor-Comum.
Nesta configuração, a curva de saı́da, isto é, a curva que ilustra a corrente de coletor versus a tensão entre coletor e
emissor, possui o seguinte aspecto.

Figura 2.50: Reta de carga


Fonte: Adaptado de http://eletronworld.com.br

A reta desenhada neste circuito é chamada de reta de carga e representa a relação entre a corrente de coletor
e a tensão entre coletor e emissor imposta pelos resistores de polarização. As curvas são as respostas do transistor em
função da corrente de base (escrita em micro-ampères). Note que trata-se de uma famı́lia de curvas. No caso real, só
se tem apenas uma curva, uma vez que a corrente de base está fixada. O cruzamento da curva do transistor com a
reta de carga representa o ponto de operação do transistor, conhecido como Ponto Quiescente de Operação.
É claro que desejamos colocar o ponto Q no meio da região ativa porque assim, ele fica equidistante das
regiões de corte e de saturação. Perceba que durante a amplificação (operação AC), o ponto Q não fica fixo, mas ele
varia de acordo com a reta de carga. Se ele ficar muito próximo da região de corte (VCE ≈ VCC ) o sinal amplificado
será distorcido. O mesmo ocorrerá se ele ficar próximo a região de saturação (caracterizada por ter tensão VCE próxima
de zero).
Considere agora o mesmo exemplo anterior, em que desejamos saber a região de operação do transistor para
as seguintes condições:

47
Eletrônica Analógica Transistores Bipolares

Exemplo 2.2. Considere VBB = 10V , VCC = 20V , RB = 100kΩ, RC = 10kΩ, β = βCC = 50. Encontre todas
as correntes e todas as tensões do transistor.
Solução:
VBB − VBE 10V − 0, 7V
IB = = = 93µA.
RB 100kΩ

Portanto,

IC = 50 × 93µA = 4, 65mA
VC = VCC − RC × IC = 20V − 10kΩ × 4, 65mA = −26, 50V

O que é um absurdo! Onde está o erro?

Resposta: Na suposição de que o transistor estava na região ativa. E onde isso foi suposto? Quando considerou-
se IC = β × IB !
Certamente o transistor deve estar na região de saturação, uma vez que o mesmo não pode estar
cortado, nem se encontra na região ativa. Na verdade, observando-se o gráfico IC × VCE observa-se facilmente
que para a corrente de base encontrada, certamente o transistor estará saturado... e, portanto, IC 6= β × IB !
Uma solução para retirar o transistor da saturação é reduzir a corrente de base. Assim, vamos considerar um
resistor de base de 1MΩ.
VBB − VBE 10V − 0, 7V
IB = = = 9, 3µA.
RB 1M Ω

Novamente, considerando-se o transistor na região ativa, temos

IC = 50 × 9, 3µA = 0, 46mA
VC = VCC − RC × IC = 20V − 10kΩ × 0, 46mA = 15, 35V

Note que VBC = 0, 7V − 15, 35V = −14, 65V e, portanto, a junção Base-Coletor está reversamente po-
larizada, enquanto que a junção Base-Emissor está diretamente polarizada. Isto caracteriza a região de operação
como sendo a região ativa, confirmando nossa hipótese. Todavia note que o ponto Quiescente, que corresponde
VCC
a VCE não está no meio da região ativa (que seria VCE = ).
2
Considere agora substituir o resistor de coletor por um resistor de 1, 5kΩ, retornando o resistor de base
para 100kΩ. Assim, terı́amos novamente

VBB − VBE 10V − 0, 7V


IB = = = 93µA.
RB 100kΩ
E, portanto,

IC = 4, 65mA
VC = VCC − RC × IC
VC = 20V − 1, 5kΩ × 4, 65mA ≈ 13, 03V

Portanto, VCE = 13, 03V . o transistor estaria na região ativa. Mas, ainda não estaria no meio da região ativa.

48
Eletrônica Analógica Transistores Bipolares

O que podemos fazer para jogar o ponto Q no meio da região ativa?


Para que o ponto Q fique no meio da região ativa, devemos ter VC = 10, 7V . Assim, podemos calcular o valor da
resistência de coletor uma vez que a corrente de base foi definida pelo circuito de entrada e, para um β conhecido,
a corrente de coletor também está definida, IC = β × IB .

No problema em pauta, terı́amos IB = 93µA e IC = 4, 65mA. Assim, podemos encontrar RC por

20V − 10, 7V
RC = = 2kΩ. (2.36)
4, 65mA

Note que IC não depende de RC mas de IB !

49
Eletrônica Analógica Transistores Bipolares

Exemplo 2.3. Para o circuito a seguir, determine a tensão na saı́da para as duas condições da chave CH.
Dados: RB = 10kΩ, RC = 1kΩ, VBB = VCC = 10V , β = 50.

Figura 2.51: Transistor operando como chave


Fonte: O Autor

Solução: Quando a chave está aberta, não existe corrente de base e, portanto, o transistor está cortador. Logo,
a tensão de saı́da vale Vo = Vcc . Quando a chave está fechada, a corrente de base vale

VBB − VBE 10V − 0, 7V


IB = = = 0, 93mA
RB 10kΩ

Logo,
IC = 50 × 0, 93mA = 46, 5mA

Então,
Vo = VCC − RC × IC = 10V − 10kΩ × 46, 5mA

O que é impossı́vel! Logo, o transistor está saturado e Vo = VCE = 0V.

Polarização dos Transistores

Como vimos, o transistor pode ser usado como uma chave, operando entre corte e saturação, ou amplificando
sinais. Neste último caso, é fundamental que o mesmo seja polarizado no meio da região da região ativa. Analisaremos
os principais esquemas de polarização de transistores na configuração Emissor-Comum. As outras configurações serão
estudadas mais adiante. Um maior destaque é dado a esta configuração, uma vez que a mesma é muito usada pois dá
ganhos de tensão e de corrente significativos.

1) Polarização por divisor de tensão

50
Eletrônica Analógica Transistores Bipolares

Figura 2.52: Polarização por divisor de tensão


O Autor

Note que, rigorosamente falando, só podemos falar em divisor de tensão se a corrente de base for nula. Aqui, iremos
desprezar a corrente de base sempre que βRE > 10RB2 . A explicação por trás desta regra é muito simples: ”O
resistor de emissor aparece para a base como um resistor de resistência βRE . Logo, se a resistência RB2 for 10
vezes menor, praticamente toda a corrente vai por este caminho e, assim, a corrente de base é desprezı́vel e nosso
modelo de divisor de tensão pode ser aplicado.”

Então,

RB2
VB = × VCC
RB1 + RB2

VB − VBE
IE =
RE

Uma vez conhecida IE , como β é conhecido, encontramos as outras correntes. O cálculo das tensões resume-se a
aplicação direta das Leis de Kirchhoff das Tensões (LTK).

51
Eletrônica Analógica Transistores Bipolares

Exercı́cio 2.11 da Figura 2.52, VCC = 10V , RB1 = 10KΩ, RB2 = 2, 2KΩ, RC = 3, 6KΩ, RE = 2KΩ e β = 50,
Se no circuito
qual o valor de VCE ?

2) Polarização do Emissor com Fonte Simétrica

No circuito mostrado a seguir, desde que o transistor esteja na Região Ativa, a tensão de base é aproximadamente
zero. A fonte VEE garante a polarização direta do diodo emissor. Assim, a tensão VE = −0, 7V .

Figura 2.53: Polarização do emissor com fonte simétrica


Fonte: O Autor

Pode-se mostrar, usando a LTK, que


VEE − VBE
IB = (2.37)
RB + (β + 1)RE

Então,

VRE = −0, 7V − VEE (2.38)


VRE
IE = (2.39)
RE
VC = VCC − RC · IC (2.40)

Logo, VCE = VC + 0, 7V . Note que VEE não pode ser muito grande pois faria IE crescer e, consequentemente, IB -
levando o transistor à saturação.

3) Polarização por Realimentação do Emissor

52
Eletrônica Analógica Transistores Bipolares

Figura 2.54: Polarização por realimentação do emissor


Fonte: O Autor

Para o circuito anterior, podemos escrever:

VCC = RE · IE + VBE + RB · IB (2.41)


IE
∴ IB = (2.42)
β+1

Então,
VCC − VBE
IE = ≈ IC (2.43)
1
RE + RB ·
β+1

Note que quanto maior for o valor de β melhor é a aproximação.

4) Polarização por Realimentação do Coletor

Figura 2.55: Polarização por realimentação do coletor


Fonte: O Autor

53
Eletrônica Analógica Transistores Bipolares

Para o circuito anterior, podemos escrever:

VCC = VBE + RB · IB + RC · (IB + IC ) (2.44)


IE
∴ IB = (2.45)
β+1
IE
VCC = VBE + RB · + RC · IE (2.46)
β+1

Então,
VCC − VBE
IE = ≈ IC (2.47)
1
RC + RB ·
β+1
Note que quanto maior for o valor de β melhor é a aproximação.

5) Polarização por Realimentação do Coletor e do Emissor

Figura 2.56: Polarização por realimentação de coletor e emissor


Fonte: O Autor

Neste caso, pode-se mostrar que

VCC − VBE
IE = ≈ IC (2.48)
1
RC + RE + RB ·
β+1

No que segue iniciaremos um estudo dos amplificadores de pequenos sinais. Neste texto iremos considerar
apenas os amplificadores na configuração Emissor-Comum (EC). Conforme citado anteriormente, existem três confi-
gurações para o amplificador transistorizado; a saber:

a) Amplificadores Emissor-Comum

b) Amplificadores Base-Comum

c) Amplificadores Coletor-Comum

A análise dos amplificadores será dividida em duas partes: a) Análise DC, que visa determinar o ponto
quiescente de operação do amplificador, e b) Análise AC, que visa determinar os ganhos de tensão e de corrente, bem

54
Eletrônica Analógica Análise AC dos amplificadores de pequenos sinais

como as impedâncias de entrada e de saı́da do mesmo. Na Análise AC o transistor será substituı́do por um modelo. O
conhecimento das Leis de Kirchhoff das tensões e das correntes é fundamental.

2.10 Análise AC dos amplificadores de pequenos sinais

Nesta seção estudaremos apenas os amplificadores de pequenos sinais Classe A (aqueles em que os transis-
tores conduzem nos 360° do sinal de entrada) com ênfase para a montagem Emissor Comum. Conforme veremos os
Amplificadores Emissor Comum fornecem ganhos de tensão e de corrente, enquanto que na montagem Base Comum
só há ganho de tensão e na montagem Coletor Comum só há ganho de Corrente.

2.10.1 Montagem Emissor Comum

Considere a análise do amplificador emissor-comum ilustrado a seguir.

Figura 2.57: Amplificador de pequenos sinais Emissor-Comum


Fonte: O Autor

A análise deste amplificador, como já foi dito anteriormente, é feita em duas etapas: a) Análise DC e b)
Análise AC. Na análise DC, o capacitores são removidos, resultando no circuito ilustrado a seguir.

55
Eletrônica Analógica Análise AC dos amplificadores de pequenos sinais

Figura 2.58: Modelo DC do amplificador EC com polarização por divisor de tensão


Fonte: O Autor

Na análise AC, os capacitores são substituı́dos por curtos e as fontes DC são anuladas, isto é, curto-circuitadas.
Assim, nosso amplificador emissor-comum é equivalente ao circuito mostrado a seguir.

Figura 2.59: Modelo AC de amplificador EC com polarização por divisor de tensão


Fonte: O Autor

Note que podemos redesenhar nosso amplificador, resultando no seguinte circuito.

56
Eletrônica Analógica Análise AC dos amplificadores de pequenos sinais

Figura 2.60: Circuito AC equivalente


Fonte: O Autor

Iremos introduzir agora um modelo para nosso transistor, de modo a substituir, no circuito anterior, o
transistor por seu modelo AC. Em verdade, existem muitos modelos.

Figura 2.61: Modelo AC (baixas frequências) para transistor bipolar


Fonte: Sedra&Smith, 5a Ediç~
ao

A resistência re é a resistência dinâmica do diodo emissor e pode ser calculada pela expressão

∂vd
re = .
∂id

Mas, a corrente que atravessa um diodo é dada pela equação de Shockley; a saber:

 
id = Is · e25mV /vd − 1 .

Portanto,
25mV
re = .
id

No caso que estamos estudando, a corrente do diodo emissor é a corrente iE . Assim, nossa expressão para o cálculo
da resistência dinâmica do diodo emissor resulta em

25mV
re = .
iE

57
Eletrônica Analógica Análise AC dos amplificadores de pequenos sinais

Nosso amplificador pode ser redesenhado, mais uma vez, de modo a incluir o modelo AC de nosso transistor
bipolar.

Figura 2.62: Modelo AC para amplificador EC com transistor substituı́do por seu modelo
Fonte: O Autor

Pela figura anterior, note que a impedância de entrada de nosso amplificador é dada por

vBE re · iE
Zin = =
iB iB
re · iB (β + 1)
=
iB
= rE · (β + 1) ≈ β · rE .

Então, podemos modificar nosso modelo resultando no seguinte circuito equivalente

Figura 2.63: Modelo AC de amplificador EC redesenhado


Fonte: O Autor

Perceba que a tensão de saı́da está defasada 180◦ em relação a entrada, pois vo = (RC ||RL ) · io = −(RC ||RL ) · iC . Esta
é uma caracterı́stica de todo amplificador emissor-comum.
Permita-nos, agora, avaliar os ganhos de tensão e de corrente desta configuração. As definições para estes

58
Eletrônica Analógica Análise AC dos amplificadores de pequenos sinais

ganhos são as seguintes:

io
AI ≡ , (2.49)
ii
vo
AV ≡ , (2.50)
vi

em que io e vo são, respectivamente, a corrente e a tensão na saı́da e ii e vi são, respectivamente, a corrente e a tensão
na entrada. No caso em pauta tem-se que io = iC , ii = iB , vo = vC , vi = vB .
Portanto, resulta:

iC
AI = = β, (2.51)
iB
vC −(RC ||RL ) · iC −(RC ||RL )
AV = = = . (2.52)
vB β · rE · iB rE

É comum usarmos a representação abaixo em que visualizamos as variações nas correntes de base e de coletor
e a tensão de saı́da do amplificador.

Figura 2.64: Variação do ponto Q na reta de carga


Fonte: https://www.electronics-tutorials.ws/amplifier/amp_2.html

A partir desta figura, percebe-se a importância da localização do ponto Q no meio da região ativa. Considere agora o
seguinte amplificador emissor-comum

59
Eletrônica Analógica Análise AC dos amplificadores de pequenos sinais

Figura 2.65: Amplificador EC modificado para melhorar estabilidade


Fonte: O Autor

Note que
vB iE · (re + RE1 )
Zin = = ≈ β · (rE + RE1 ) ≈ β · RE1
iB iB

O ganho de tensão vale

−(RC ||RL ) · iC −(RC ||RL )


Av = ≈
iB · (rE + RE1 ) · (β + 1) rE + RE1

Então, o ganho de tensão é reduzido. A utilização deste resistor de emissor extra dá maior estabilidade ao circuito.
A análise de um amplificador emissor-comum de dois estágios conforme mostrado a seguir, segue os mesmos
passos mostrados anteriormente.

60
Eletrônica Analógica Análise AC dos amplificadores de pequenos sinais

Figura 2.66: Dois estágios de amplificador EC conectados em cascata


Fonte: O Autor

Atente para o fato de que a impedância de saı́da do primeiro estágio estará em paralelo com a impedância de entrada
do segundo estágio. O ganho do circuito completo é simplesmente o produto dos ganhos de cada estágio.
Deixamos para o final deste Capı́tulo uma breve análise das montagens Coletor Comum e Base Comum.
Na montagem Coletor Comum (CC), a entrada se faz pela Base do transistor e a saı́da é tomada no emissor. Nesta
montagem, conforme veremos mais adiante, não há ganho de tensão, apenas ganho de corrente; ao passo que na
montagem Base Comum (BC) a entrada se faz pelo emissor e a saı́da é tomada no coletor do transistor. Nesta
montagem não há ganho de corrente, apenas ganho de tensão. A tabela a seguir compara as três montagens possı́veis
para o Transistor Bipolar de Junção (TBJ).

GV GI GP Zin Zo
Emissor Comum Elevado Elevado Elevado Baixa Elevada
Coletor Comum Menor do que 1 Elevado Baixo Elevada Baixa
Base Comum Elevado ≈1 Médio Muito baixa Muito alta

Estas caracterı́sticas podem ser avaliadas facilmente ao substituirmos o TBJ pelo seu modelo AC. Apenas
devemos lembrar que no cálculo da impedância de saı́da, deve-se anular o sinal de entrada.

61
Eletrônica Analógica Análise AC dos amplificadores de pequenos sinais

2.10.2 Montagem Coletor Comum

Figura 2.67: Amplificador Coletor-Comum


Fonte: O Autor

O modelo AC do circuito amplificador CC na figura 2.67 está ilustrado a seguir.

Redesenhando o circuito acima, temos:

Note que podemos escrever Io = IE = (β + 1)IB e Ii = IB . Portanto, o ganho de corrente na configuração

62
Eletrônica Analógica Análise AC dos amplificadores de pequenos sinais

Io
Coletor Comum pode ser expresso como AI = =β+1
Ii
Mas, observe que

Vi − Vo
IB =
βre
Vo = (RE1 ||RL )IE

Assim, resulta:  
Vi − Vo
Vo = (RE1 ||RL )(β + 1)IB = (RE1 ||RL )(β + 1)
βre

Então

Vo βre = (RE1 ||RL )(β + 1)(Vi − Vo )


Vo [βre + (RE1 ||RL )(β + 1)] = (RE1 ||RL )(β + 1)Vi

Finalmente, temos que o ganho de tensão na montagem CC pode ser expresso por

Vo (RE1 ||RL )(β + 1)


AV = =
Vi βre + (RE1 ||RL )(β + 1)

Note que o ganho de tensão é menor do que 1. Se (RE1 ||RL )(β + 1)  βre , então, AV ≈ 1. Ademais, note que nesta
montagem não há inversão de fase, diferentemente do que ocorreu na montagem Emissor Comum.

2.10.3 Montagem Base Comum

A figura a seguir ilustra a montagem Base Comum.

Figura 2.68: Amplificador Base-Comum


Fonte: O Autor

Aqui, o modelo AC fica da seguinte forma

63
Eletrônica Analógica Configuração Darlington

Observe que a corrente de entrada neste amplificador é a corrente de emissor e a corrente de saı́da é a corrente
de coletor. Logo, o ganho de corrente é aproximadamente unitário, se considerarmos IC ≈ IE . Na verdade, é um ganho
menor do que 1. Em termos do ganho de tensão, podemos escrever

Vo −(RC ||RL )αIE (RC ||RL )α


AV = = =
Vi −re IE re

Finalmente, observe que podemos calcular facilmente o ganho de tensão em relação a fonte AC (Vs ) observando
que a tensão de entrada (VE ) é, na verdade, obtida pelo divisor de tensão entre RS e RE . Então, podemos escrever

re ||RE
VE = × VS = −re IE
RS + re ||RE

Logo,
re IE (RS + re ||RE )
VS = −
re ||RE

Portanto,
Vo −(RC ||RL )αIE (RC ||RL )re ||RE
= =α·
VS re IE (RS + re ||RE ) re (RS + re ||RE )

re ||RE

Finalmente, note que se RS  re ||RE , resulta

Vo (RC ||RL )
≈α
VS re

Vo
que corresponde exatamente ao ganho , conforme visto anteriormente. Note que nesta montagem também não há
VE
inversão de fase.

2.11 Configuração Darlington

Uma configuração especialmente interessante é a chamada Configuração Darlington, mostrada na Figura


2.69. Note que a corrente de emissor IE2 = (β2 + 1) · IB2 . Mas, como IB2 = IE1 = (β1 + 1)IB1 , resulta que
IE2 = (β2 + 1) · (β1 + 1)IB1 ≈ β2 β1 IB1 . Portanto, considerando-se a corrente de entrada como IB1 , tem-se que
AI = β2 β1 = 10.000!!

64
Eletrônica Analógica Configuração Darlington

”Esta configuração serve para que o dispositivo seja capaz de proporcionar um grande ganho de corrente (hF E
ou parâmetro β do transistor) e, por estar todo integrado, requer menos espaço do que o dos transistores normais na
mesma configuração. O Ganho total do Darlington é produto do ganho dos transistores individuais. Um dispositivo
tı́pico tem um ganho de corrente de 1000 ou superior. Comparado a um transistor comum, apresenta uma maior
defasagem em altas frequências, por isso pode tornar-se facilmente instável. A tensão base-emissor também é maior,
consiste da soma das tensões base-emissor, e para transistores de silı́cio é superior a 1.2V” (Wikipedia)

Figura 2.69: Amplificador EC Darlington


Fonte: O Autor

O modelo AC deste amplificador está ilustrado na figura a seguir.

Pela Figura 2.11, percebemos que o ganho de tensão é dado por

−RC ||RL −RC ||RL


AV = =
β1 re1 ib1 + β2 re2 ib2 β1 re1 ib1 + β2 re2 ie1
−RC ||RL −RC ||RL
= ≈
β1 re1 ib1 + β2 re2 (β1 + 1)ib1 ib1 [β1 re1 + β2 β1 re2 ]

Por ser uma configuração Emissor Comum, observa-se que tanto há ganho de corrente, quanto há ganho de
tensão.

65
Eletrônica Analógica Configuração Darlington

Questões de Revisão do Capı́tulo

Exercı́cio 2.12
Avalie seu aprendizado respondendo às questões a seguir sem consulta. Verifique depois as questões em que você
cometeu algum erro e repita a solução das mesmas, sem consulta.

1) De que forma podemos caracterizar um material semicondutor?

2) Por que o semicondutor bruto precisa passar primeiro por um processo de purificação?

3) Qual a finalidade da Dopagem? Quais materiais podem ser obtidos após o processo de dopagem?

4) O que é um diodo semicondutor?

5) Como se forma a Zona de Depleção?

6) Explique o funcionamento do diodo considerando a variação da Zona de Depleção relativamente às possı́veis
formas de polarização do mesmo.

7) Mostre a curva caracterı́stica de operação do diodo identificando seus principais parâmetros e dando uma
interpretação para os mesmos.

8) O que significa a Reta de Carga que é desenhada sobre a curva caracterı́stica de operação do diodo? O
que representa o encontro das duas curvas?

9) Mostre as formas de retificação de um sinal senoidal usando um diodo comum.

10) O que é Tensão de Ondulação (ou Ripple)? Qual a expressão matemática para o cálculo da mesma?

11) O que representa o Tempo de Recuperação Reversa de um diodo?

12) O que determina a cor de um LED? De que forma reconhecemos os terminais de um Led?

13) O que é o chamado Efeito Zéner?

14) Explique o funcionamento de um diodo Zéner.

15) Dê exemplos de reguladores série positivos e negativos (fixos).

16) É possı́vel usar um 7805 para se obter uma tensão regulada de +9V? Como?

17) De que forma podemos construir uma fonte de alimentação ajustável de +1,25V até 15V? Mostre o circuito
e os cálculos.

18) Chave ótica, display de 7 segmentos, fotoacoplador e encoder são exemplos de uso de que componente
eletrônico?

19) Quais as vantagens do transistor bipolar em relação à válvula?

20) Quais os tipos de transistores bipolares? Ilustre a simbologia e nomeie os terminais.

21) Quais as regiões de operação de um transistor bipolar? O que caracteriza cada região?

66
Eletrônica Analógica Configuração Darlington

22) O transistor bipolar de junção (TBJ) como amplificador pode operar em 3 configurações. Enumere estas
configurações e cite algumas caracterı́sticas das mesmas.

23) Mostre as formas de polarização estudadas neste texto.

24) Caracterize as possı́veis configurações do transistor bipolar (E-missor-Comum (EC), Base-Comum (BC)
e Coletor-Co-mum (CC)) em termos dos ganhos de tensão e de corrente.

25) Mostre o modelo AC do TBJ visto no texto.

26) Ilustre a configuração Darlington. O que esta configuração tem de especial?

67
Capı́tulo 3

Amplificadores Operacionais

“Eu não me importo por terem roubado minhas ideias.


Importo-me por eles não terem tido suas ideias.”
Nikola Tesla

3.1 Introdução

Neste capı́tulo estudaremos os chamados Amplificadores Operacionais. Este dispositivos estão no coração
de uma grande maioria de circuitos eletrônicos. Usamos estes dispositivos em:

a) Filtros Analógicos

b) Comparadores (inclusive dentro de microcontroladores)

c) Amplificadores de Instrumentação

d) Somadores/Subtratores

e) Multiplicadores/Divisores

f) Amplificadores logarı́tmos

g) Integradores/Diferenciadores

h) Osciladores

i) Osciladores de relaxação

j) Controladores PID (Sistemas de Controle)

k) Fontes chaveadas

l) Conversores AD e DA

m) Conversores Tensão/Corrente

n) Conversores Frequência/Tensão

68
Eletrônica Analógica Parâmetros dos Amplificadores Operacionais

Os AmpliOps (como vamos chamá-los de agora em diante) são representados conforme ilustração a seguir

Figura 3.1: Simbologia de um amplificador operacional


Fonte: https://app.emaze.com/@ATQRRRZ#1

O AmpliOp mais conhecido é o µA − 741, cuja pinagem está ilustrada na próxima figura.

Figura 3.2: Amplificador operacional µA − 741


Fonte: https://www.electronics-tutorials.ws/opamp/opamp_1.html

Uma caracterı́stica importante dos AmpliOp é sua impedância de entrada que idealmente é considerada
”infinita”. Na prática, ela é tão alta que as correntes de polarização nas entradas inversora e não-inversora podem
ser desprezadas. Ademais, sempre que houver uma realimentação negativa, as tensões nas entradas inversora e não-
inversora são iguais.

3.2 Parâmetros dos Amplificadores Operacionais

Listamos a seguir os parâmetros mais importantes de um AmpliOp listados nas folhas de especificações dos
mesmos (Datasheets).

1) Ganho em Malha Aberta: Avo


Trata-se do ganho AmpliOp sem qualquer realimenta-ção (positivo ou negativa). Idealmente este valor é
infinito. Na prática varia entre 20.000 e 200.000

2) Impedância de Entrada: Zin


A impedância de entrada de um AmpliOp ideal é infinita, de modo que a corrente de entrada no AmpliOp
seja nula. Os AmpliOp reais possuem pequenas correntes de entrada da ordem de alguns pA.

3) Impedância de Saı́da: Zo
Idealmente, a impedância de saı́da de um AmpliOp é nula, de modo que ele possa fornecer tanta corrente
quanto a carga solicitar. AmpliOp reais possuem impedância de saı́da da ordem de 100Ω a 20kΩ.

69
Eletrônica Analógica Aplicações Lineares

4) Largura de Faixa: BW

Idealmente, a largura de faixa de um AmpliOp é infinita de modo que o mesmo amplifica igualmente
qualquer sinal (desde DC até qualquer frequência por maior que seja).

5) Tensão de Offset: Vio

Um AmpliOp ideal produz uma saı́da nula quando as duas entradas do mesmo estão a um mesmo potencial
(qualquer que seja). Nos AmpliOp reais, a saı́da de um AmpliOp apresenta alguma tensão mesmo nesta
condição de nulidade (tensão diferencial nula).

6) Slew Rate: SR

É uma das especificações mais importantes! O SR de um AmpliOp mede a máxima variação da saı́da por
unidade de tempo. Em se tratando de sinais senoidais, pode-se mostrar que:

SR = A · 2π · fmax ,

em que: A = Amplitude do sinal senoidal e fmax = Máxima frequência do sinal senoidal.

A amplificação de um sinal senoidal a uma frequência superior à máxima frequência produzirá na saı́da
um sinal distorcido, por exemplo, uma onda triangular.

É comum o uso dos chamados Diagramas de Bode para ilustrar a variação da amplitude versus a frequência
e da fase versus a frequência.

3.3 Aplicações Lineares

Iremos considerar as seguintes aplicações lineares dos AmpliOp:

1) Amplificador Não-inversor

2) Amplificador Inversor

3) Buffer (Seguidor de Tensão)

4) Somador (inversor e não-inversor)

5) Subtrator

6) Amplificador de Instrumentação

7) Diferenciador

8) Integrador

Amplificador Não-Inversor

Considere o AmpliOp abaixo como ideal. Vamos encontrar uma expressão para a tensão de saı́da em função
da tensão de entrada e dos componentes utilizados.

70
Eletrônica Analógica Aplicações Lineares

Figura 3.3: Amplificador não-inversor


Fonte: https://en.wikipedia.org

Como existe realimentação negativa (RN), então, sabemos que as tensões nas duas entradas do AmpliOp são iguais.
Considerando o mesmo como ideal, não existe corrente entrando nos terminais inversor e não-inversor. Assim, a
aplicação direta das Leis de Kirchhoff, resulta em

Figura 3.4: Análise de amplificador não-inversor


Fonte: Idem anterior - Modificada pelo Autor.

Note que
Vin
Vin = v+ = v− = R1 · I ∴ I =
R1

Mas, também podemos escrever:


Vout − Vin
I= .
R2
Portanto, segue-se que  
Vout − Vin Vin Vout 1 1
= ⇒ = Vin +
R2 R1 R2 R1 R2
Então,  
R2
Vout = Vin 1+
R1

Exemplo 3.1. Projete um amplificador não-inversor de ganho G=10.


Solução: Para o amplificador não-inversor, o ganho é

R2
G=1+
R1

71
Eletrônica Analógica Aplicações Lineares

Portanto, resulta

R2
10 = 1+
R1
R2
= 9
R1

Faça R1 = 1kΩ, então, R2 = 9kΩ. Uma solução prática consiste em pegar R2 como um potenciômetro de 10kΩ.
Assim, terı́amos o seguinte circuito

Figura 3.5: Amplificador não-inversor de ganho ajustável


Fonte: Idem Anterior - Modificada pelo Autor

3.3.1 Amplificador Inversor

Para o circuito a seguir, vamos encontrar a tensão de saı́da. Inicialmente, observe que existe uma reali-
mentação negativa. Portanto, as tensões nas entradas inversora e não-inversora são iguais. Assim, dizemos que o
terminal inversor, nesta montagem, é um Terra virtual.

Figura 3.6: Amplificador inversor


Fonte: Idem Anterior - Modificada pelo Autor

Como a corrente no resistor R1 é a mesma corrente que atravessa o resistor R2 , resulta:

Vin −Vout
I= =
R1 R2

Então,

R2
Vout = − · Vin
R1

72
Eletrônica Analógica Aplicações Lineares

3.3.2 Buffer (Seguidor de Tensão)

No circuito do Amplificador Não-Inversor, considere R2 = 0. Naturalmente, isto nos leva a um ganho unitário.
Esta montagem não dá ganho, ela é usada quando se deseja casar impedâncias, isolar estágios e reforçar correntes.

Figura 3.7: Seguidor de tensão


Fonte: https://www.feg.unesp.br

Na prática, usa-se o circuito a seguir

Figura 3.8: Aplicação prática do seguidor de tensão


Fonte: https://www.feg.unesp.br

3.3.3 Somador Inversor e Não-Inversor

Considere agora o seguinte circuito

73
Eletrônica Analógica Aplicações Lineares

Figura 3.9: Somador inversor


Fonte: https://en.wikipedia.org

A utilização direta do Princı́pio da Superposição, nos permite escrever a saı́da deste circuito sem a necessidade
de cálculos adicionais aos que já foram feitos anteriormente. Assim, escrevemos:

n  
X Rf
Vout = − Vi
i=0
Ri

Um exemplo bem simples de uso do somador inversor está ilustrado a seguir

Figura 3.10: Aplicação prática do somador inversor


Fonte: https://www.electronics-tutorials.ws/opamp/opamp_4.html

Da mesma forma que fizemos anteriormente, considere agora o seguinte circuito

74
Eletrônica Analógica Aplicações Lineares

Figura 3.11: Somador não-inversor


Fonte: https://en.m.wikipedia.org

A forma mais simples de resolver este circuito é aplicar o Teorema da Superposição, juntamente com o equivalente de
Norton. Assim, podemos escrever

 
V1 V2 Vn
  + + . . . +
Rf  R1 R2 Rn 
Vo = 1+  
R  1 1 
+ ... +
R1 Rn

3.3.4 Amplificador Subtrator

Considere agora o seguinte circuito

Figura 3.12: Amplificador subtrator


Fonte: https://www.electronics-tutorials.ws/opamp/opamp_4.html

A solução deste circuito se faz usando-se o Teorema da Superposição. Assim, primeiro anula-se V2 e calcula-se
a saı́da para a entrada V1 , depois anula-se a entrada V1 e calcula-se a saı́da para a entrada V2 . A saı́da será a somas
das duas expressões obtidas para a saı́da do circuito.
Vejamos...

75
Eletrônica Analógica Aplicações Lineares

a) Anulando-se V2

V1 Vout R3
I1 = =− ⇒ Vout = − · V1
R1 R3 R1

b) Anulando-se V1

 
R4 R3
v+ = · V2 ⇒ Vout = 1 + · v+
R2 + R4 R1
   
R3 R4
Vout = 1+ · · V2
R1 R2 + R4

Portanto, resulta que

   
R3 R4 R3
Vout = 1+ · · V2 − · V1
R1 R2 + R4 R1

Se R1 = R2 e R3 = R4 , resulta
R3
Vout = (V2 − V1 ) .
R1

3.3.5 Amplificador de Instrumentação

O amplificador a seguir é conhecido pelo nome de Amplificador de Instrumentação. Note que a análise
do mesmo é relativamente simples considerando-se que o mesmo é formado por dois amplificadores operacionais e
um subtrato. Cada um destes amplificadores funcionam ora como amplificador não-inversor, ora como amplificador
inversor.

Figura 3.13: Amplificador de Instrumentação


Fonte: Idem anterior

Vamos chamar de E1 a saı́da do AmpliOp A1 e de E2 a saı́da do AmpliOp A2 . Certamente, a saı́da do


amplificador de instrumentação será

76
Eletrônica Analógica Aplicações Lineares

R4
Vout = (E2 − E1 ) .
R3

Mas, usando-se o Teorema da Superposição, podemos escrever:

 
R2 R2
E1 = 1+ · V1 − · V2
R1 R1
 
R2 R2
E2 = − · V1 + 1 + · V2
R1 R1

Portanto,

   
R2 R2 R2 R2
E2 − E1 = − · V1 + 1 + · V2 − 1 + · V1 + · V2
R1 R1 R1 R1
 
R2
= 1+2· · (V2 − V1 )
R1

Finalmente,

 
R4 R2
Vout = 1+2· · (V2 − V1 )
R3 R1

3.3.6 Amplificador Diferenciador

Um circuito importante é o diferenciador. Este circuito calcula a derivada do sinal de entrada e está ilustrado
na figura a seguir.

Figura 3.14: Amplificador diferenciador


Fonte: http://www.professorpetry.com.br

Como a corrente nas entradas do AmpliOp é nula, segue-se que a mesma corrente do capacitor, passa pelo resistor de
realimentação. A realimenta-ção negativa, garante que as tensões nas duas entradas do AmpliOp são iguais. Note que
podemos escrever

77
Eletrônica Analógica Aplicações Lineares

dvC (t)
Vout (t) = −RC
dt

Mas, note que vC (t) = Vin (t). Assim, podemos escrever

dvin (t)
Vout (t) = −RC ,
dt

em outras palavras, a tensão de saı́da é proporcional a derivada do sinal de entrada. Daı́, o nome Diferenciador. O
circuito diferenciador prático inclui um outro resistor em série com o capacitor de entrada, conforme ilustrado na figura
a seguir.

Figura 3.15: Amplificador diferenciador prático


Fonte: Idem Anterior

Pode-se mostrar que para que o diferenciador funcione como tal é preciso que as seguintes condições sejam
satisfeitas:

T
Rf C ≤ ,
10
Rf ≈ 10 · R1 ,

em que T é o perı́odo do sinal de entrada.


Exercı́cio: Mostre que o ganho do diferenciador prático é dado por

Rf
R1
AV = s  2 ,
fL
1+
f

em que fL é a frequência de corte da rede de atraso do diferenciador e é dada por

1
fL =
2πR1 C


Do exercı́cio anterior, perceba que se f >> fL , então, o diferenciador vai se comportar como um amplificador inversor.
Para ser um diferenciador é preciso que f << fL , conforme condições listadas anteriormente.

78
Eletrônica Analógica Aplicações Lineares

3.3.7 Amplificador Integrador

O circuito integrador realiza a operação inversa da diferenciação, ou seja, a integração. O circuito mostrado
a seguir é um integrador sob certas condições. Veremos mais adiante que o circuito de um integrador prático é
ligeiramente diferente.

Figura 3.16: Amplificador integrador


Fonte: Idem Anterior

Usando as noções básicas do cálculo diferencial, pode-se mostrar que a tensão na saı́da deste circuito é dada
por

Z t
1
Vo (t) = − vin (t)dt
RC 0

Algumas vezes colocamos uma chave em paralelo com o capacitor com a finalidade de descarregá-lo. Caso o
capacitor tenha uma tensão inicial e ele não seja descarregado antes de se iniciar o processo de integração, esta tensão
deverá ser acrescentada ao valor calculado conforme a expressão anterior.
Se considerarmos uma entrada senoidal, o ganho de tensão (em termos do módulo) desta montagem é
dado por

1
AV =
2πf RC

Exercı́cio: Mostre que o ganho do integrador é dado por

1
AV = −
j2πf RC


Quando o sinal a ser integrado é de baixa frequência, o ganho é elevado e isso pode ocasionar certos problemas.
Assim, uma montagem prática é a ilustrada a seguir.

79
Eletrônica Analógica Aplicações Não-Lineares

Figura 3.17: Amplificador integrador prático


Fonte: Idem Anterior

Comentários: É perfeitamente possı́vel realizar uma montagem integradora para uma soma de sinais, assim como
fizemos na montagem somadora, mostrada anteriormente. Basta conectar as fontes de sinal ao terminal inversor
do integrador por meio de seus respectivos resistores. Também é possı́vel realizar um integrador subtrator, onde a
integração é feita sob a diferença entre os sinais.

3.4 Aplicações Não-Lineares

Veremos nesta seção as principais aplicações não-lineares dos AmpliOp.

3.4.1 Comparadores

Basicamente, um comparador é um circuito cuja saı́da pode estar em dois nı́veis de tensão. Em um deles,
indica-se que o sinal de entrada é maior do que o sinal de referência; a outra saı́da indica que o sinal de entrada é
menor do que o sinal de referência. Os comparadores podem, ou não, possuir alguma histerese. Aqui veremos os dois
casos.
Comparador sem histerese

80
Eletrônica Analógica Aplicações Não-Lineares

Figura 3.18: Comparador


Fonte: https://www.electronics-tutorials.ws - Modificado pelo Autor

Note que o sinal poderia estar entrando pelo terminal inversor e a referência estar no terminal não-inversor.
Apenas a lógica é que mudaria. O fato é que o AmpliOp possui um ganho diferencial elevado (teoricamente infinito)
e a saı́da é Vo = Ad (v+ − v− ). Assim, se (v+ − v− ) > 0, a saı́da satura em +Vcc , caso contrário, satura em −Vcc .
Em verdade, −Vcc pode ser uma tensão negativa ou o Terra. A maioria dos AmpliOp usa uma tensão positiva e outra
negativa, porém, alguns AmpliOp permitem que a tensão negativa seja o Terra (0 Volt).

Comparador com histerese

Figura 3.19: Comparador com histerese


Fonte: Idem anterior

Note que no comparador com histerese existe uma realimentação positiva.

81
Eletrônica Analógica Aplicações Não-Lineares

3.4.2 Detector de Cruzamento pelo Zero

O circuito a seguir sinaliza quando ocorrer um cruzamento pelo zero.

Figura 3.20: Detector de cruzamento pelo zero


Fonte: O Autor

Quando a entrada é positiva, como ela está conectada ao terminal inversor, a saı́da do AmpliOp irá saturar
em −V cc e, assim, o diodo zéner Z1 está diretamente polarizado, enquanto que o diodo zéner Z2 estará reversamente
polarizado. Assim, a saı́da da montagem será 0, 7V − VZ2 . Caso contrário, a saı́da será VZ1 − 0, 7V .

3.4.3 Retificador de Precisão

Em algumas aplicações gostarı́amos que o retificador começasse a partir do 0 Volt, sem ter que vencer a
barreira de potencial determinada pela tensão Vγ ≈ 0, 7V . O circuito mostrado a seguir, cumpre este objetivo.

Se a tensão vi for positiva, a tensão de saı́da vA será positiva e o dı́odo conduzirá, estabelecendo uma
realimentação negativa entre a saı́da do AmpliOp e o terminal inversor. Esta realimentação negativa causará um
curto-circuito virtual entre os dois terminais de entrada. Por isso a tensão no terminal inversor que é também a tensão
de saı́da vo será igual (com uma precisão de alguns milivolts) ao terminal de entrada positivo. Então, vo = vi , vi > 0.

Figura 3.21: Retificador de precisão usando AmpliOp


Fonte: http://cc.ee.nchu.edu.tw

As figuras a seguir ilustram outras montagens de retificadores de precisão.

82
Eletrônica Analógica Aplicações Não-Lineares

Figura 3.22: Retificador de precisão em meia onda


Fonte: Idem anterior

Figura 3.23: Retificador de precisão em onda completa usando AmpliOp


Fonte: Idem anterior

3.4.4 Limitador

Figura 3.24: Limitador usando AmpliOp


Fonte: O Autor

Os dois diodos Zéners, conectados conforme ilustra a Figura 3.24, garantem que, tanto no ciclo positivo do
sinal de entrada, quanto no ciclo negativo, caso o sinal de entrada ultrapasse |0, 7 + VZ | ele será cortado. Note que os
dois diodos Zéners podem perfeitamente serem distintos. Neste caso, teremos dois limites, por exemplo, |0, 7 + VZ1 | e

83
Eletrônica Analógica Aplicações Não-Lineares

|0, 7 + VZ2 |.

3.4.5 Log

Figura 3.25: Circuito log


Fonte: http://dsif.fee.unicamp.br

A realimentação negativa garante que v+ = v− e, portanto, VX = 0. Note que a corrente de coletor é a corrente
Vin
proveniente da fonte Vin e vale IC = . Mas, a corrente de coletor também pode ser escrita como IC = IS eVBE /VT .
R1
Como Vout = −VBE , resulta

IC = IS eVBE /VT
IC
= eVBE /VT
IS
IC
= e−Vout /VT
IS

Portanto, podemos escrever


IC Vin
Vout = −VT ln = −VT ln
IS R1 IS

3.4.6 Antilog

O circuito a seguir calcula a exponencial do sinal de entrada.

Figura 3.26: Circuito antilog


Fonte: http://dsif.fee.unicamp.br

Exatamente da mesma forma como foi feito anteriormente, perceba que a realimentação negativa garante

84
Eletrônica Analógica Osciladores

que v+ = v− = 0V . Mas, a corrente de coletor, que é a mesma corrente sobre o resistor Rf , vale IC = IS eVBE /VT =
IS e−Vin /VT . Portanto, podemos escrever

Vout = −Rf IC
Vout = −Rf IS e−Vin /VT

3.5 Osciladores

Os AmpliOps também podem ser usados no projeto de Osciladores; sejam eles osciladores senoidais, ou
osciladores de Relaxação. Também podemos usar os AmpliOps em circuitos mais complexos como o circuito integrado
555 - que permite configurações como Oscilador Monoestável ou Astável, com perı́odos e ciclos de trabalho ajustáveis.

Oscilador de Relaxação

O oscilador em onda quadrada mais simples é o oscilador de relaxação. Seu esquema está ilustrado a seguir.

Figura 3.27: Oscilador de Relaxação


Fonte: O Autor

O termo ”Relaxação”foi introduzido por Van Der Pol (Fı́sico holandês) em 1920 em analogia ao processo
de deformação mecânica. Note que o Amplificador Operacional está, de fato, operando como um comparador. A
tensão no capacitor é comparada continuamente com a tensão na entrada não-inversora do Amplificador Operacional.
Portanto, a saı́da é uma onda quadrada, pois a tensão na saı́da de um comparador ou é igual a tensão de alimentação
positiva (caso a tensão na entrada não-inversora seja maior do que a tensão na entrada inversora), ou é igual a tensão de
alimentação negativa (caso em que a tensão na entrada inversora seja maior do que a tensão na entrada não-inversora).

85
Eletrônica Analógica Osciladores

Análise do Funcionamento

Podemos supor que a tensão na saı́da do AmpliOp é +Vcc . Desta forma, o capacitor irá se carregar através
do resistor R. À medida em que a tensão no capacitor cresce, a saı́da do AmpliOp continuará em +Vcc , enquanto a
tensão no capacitor for menor do que a tensão na entrada não-inversora, dada por

R1
v+ = × Vcc = BVcc . (3.1)
R1 + R2

Assim, que a tensão no capacitor (entrada inversora) ultrapassar a tensão na entrada não-inversora, a saı́da
do AmpliOp passará para −Vcc . Desta forma, o capacitor irá se descarregar e iniciar uma nova carga em direção a
−Vcc . Neste momento, a tensão na entrada não-inversora será −BVcc . Assim, quando a tensão no capacitor ultrapassar
−BVcc , a tensão na entrada não-inversora será maior (menos negativa) e a saı́da do AmpliOp será +Vcc . Mais uma
vez, o capacitor deverá descarregar e iniciar nova carga em direção a +Vcc e o processo se repete continuamente. A
próxima ilustração exibe a saı́da (em onda quadrada) do AmpliOp e a tensão no capacitor.

Figura 3.28: Sinal na saı́da e no Capacitor do Oscilador de Relaxação


Fonte: O Autor

Para calcularmos o perı́odo T, observe que o tempo levado para ir de +BVcc até −BVcc é o mesmo levado
para ir de −BVcc até +BVcc . Assim, iremos calcular o tempo para ir de +BVcc até −BVcc e o multiplicar o resultado
por dois. Este será o perı́odo.
Dos estudos envolvendo o processo de carga e descarga de capacitores, sabemos que durante o intervalo de
tempo em que o capacitor vai de +BVcc até −BVcc , a tensão no capacitor pode ser escrita como

vc (t) = BVcc − V cc(1 − e−t/RC )

86
Eletrônica Analógica Osciladores

No instante em que a tensão no capacitor atinge −BV cc, podemos escrever

−BV cc = BVcc e−t/RC − Vcc (1 − e−t/RC )


−B = Be−t/RC − 1 + e−t/RC
1−B = e−t/RC (1 + B)
−t 1−B
= ln( )
RC 1+B
1+B
t = RCln( )
1−B

Portanto, o perı́odo é dado por


1+B
T = 2RCln( ) (3.2)
1−B

1
Quando R1 = R2 , então, B = e, portanto T = 2, 2RC.
2

Observação 3.1. Um Oscilador de Relaxação muito comum que emprega um tipo de transistor chamado ”Transistor
de Unijunção”ou UJT (do inglês, Unijunction Transistor ) será visto no próximo capı́tulo. Neste oscilador, a saı́da é uma
onda em dente de serra.

Osciladores Senoidais

Os AmpliOps também podem ser usados na montagens de circuitos osciladores senoidais, tais como:

,Ponte de Wien Oscilador de Hartley Oscilador de Colpitts

A análise matemática destes osciladores foge aos objetivos deste material. Portanto, nos limitamos a mostrar os
circuitos e as expressões para a frequência de oscilação.

Oscilador em Ponte Wien

A Ponte de Wien foi desenvolvida originalmente por Max Wien em 1891.

Figura 3.29: Oscilador em ponte de Wien


Fonte: www.clubedaeletronica.com.br

87
Eletrônica Analógica Osciladores

Oscilador de Hartley
O Oscilador de Hartley foi inventado em 1915 pelo engenheiro Norte americano Ralph Hartley.

Figura 3.30: Oscilador de Hartley


Fonte: Adapatado de https://www.electronics-tutorials.ws

1
fo = √ ∴ LT = L1 + L2
2π LT C

Oscilador de Colpitts

O Oscilador de Colpitts foi inventado pelo engenheiro norte-americano Edwin Henry Colpitts em 1918. É
geralmente usado em aplica-ções de rádio-frequência (RF).

Figura 3.31: Oscilador de Colpitts


https://www.electronics-tutorials.ws

1 C1 · C2
fo = √ ∴ CT =
2π LCT C1 + C2

88
Eletrônica Analógica Filtros Ativos

3.6 Filtros Ativos

Uma das aplicações mais importantes dos AmpliOps é no projeto de filtros ativos. Os filtros ativos podem
ser classificados como:

3.
2.
1. Filtro Passa-Baixas: Permite passar os sinais cuja frequência estejam abaixo de uma determinada frequência
conhecida como frequên-cia de corte inferior.
2. Filtro Passa-Altas: Permite passar os sinais cuja frequência estejam acima de uma determinada frequência
conhecida como frequên-cia de corte superior.
3. Filtro Passa-Faixa: Permite passar os sinais cujas frequências estejam entre uma frequência de corte inferior e
uma frequência de corte superior.
4. Filtro Rejeita-Faixa: Rejeita a passagem de sinais de frequências entre uma frequência de corte inferior e uma
frequência de corte superior.

Uma das montagens mais comuns é a montagem de Sallen-Key. Existem outras montagens mais complexas,
tais como os Filtros de Cheby-shev. Aqui vamos ilustrar os Filtros Ativos Sallen-Key nas suas montagens Passa-Baixas,
Passa-Altas e Passa-Faixas.

Filtro Passa-Baixas Sallen-Key

Figura 3.32: Filtro passa-Baixas de Sallen-Key


Fonte: https://en.wikipedia.org

A frequência de corte deste filtro é dada por

1
fc = √
2π R1 R2 C1 C2

Filtro Passa-Alta Sallen-Key

Figura 3.33: Filtro passa-alta de Sallen-Key


Fonte: https://commons.wikimedia.org

89
Eletrônica Analógica Conversão DA e AD

Note que nesta topologia, os capacitores são trocados pelos resistores. A frequência de corte deste filtro é
dada pela mesma expressão usada para se calcular a frequência de corte do filtro anterior (Passa-Baixas).

1
fc = √
2π R1 R2 C1 C2

Filtro Passa-Faixa Sallen-Key


O filtro Passa-Faixas nada mais é do que a conexão em série de um filtro PB com um filtro PA (Não importa a
ordem). Aqui temos duas frequências de corte, uma inferior e outra superior - ambas calculadas pela mesma expressão
matemática.

Figura 3.34: Filtro passa-faixa Sallen-Key


Fonte: Idem - Adaptado pelo Autor

Uma outra forma de se implementar o Filtro Passa-Faixa usando-se apenas um único Amplificador Operaci-
onal é mostrado a seguir.

Figura 3.35: Filtro passa-faixa Sallen-Key com um único AmpliOp


Fonte: Idem - Adaptado pelo Autor

Nesta topologia, o ganho é unitário e as frequências de corte superior e inferior são idênticas. Neste caso, a
frequência central do filtro é dada por s
1 Rf + R1
fo =
2π C 1 C 2 R1 R2 Rf

3.7 Conversão DA e AD

Muitas vezes necessitamos converter um sinal analógico para o formato digital. Por exemplo, suponha que
desejamos processar um sinal de temperatura proveniente de algum sensor usado em um determinado equipamento

90
Eletrônica Analógica Conversão DA e AD

industrial a fim de realizarmos alguma ação. Então, em um primeiro momento, o sinal analógico (por natureza) precisa
ser adquirido através de um processo de amostragem. Após a amostragem, as amostras devem ser convertidas em um
padrão que o processador digital reconheça. Por exemplo, as amostras podem ser convertidas em palavras binárias
de 8, 10, 16 ou mais bits, representando os valores do sinal que foram adquiridos (amostrados) durante a etapa de
conversão. Esta primeira parte, corresponde ao processo de conversão A/D. É possı́vel que o sistema que dependa desta
informação analógica de entrada (temperatura), use um atuador que também seja analógico. Neste caso, o sistema
digital deverá ser conectado a um conversor D/A afim de que a informação de saı́da possa ser enviada ao atuador.
Existem casos, em que só precisamos de um ou do outro tipo de conversor. Existem diversas técnicas de conversão DA
e AD. Aqui trataremos de um número relativamente reduzido de técnicas. Existem muitos livro que podem ser usados
conforme a necessidade do leitor. A figura 3.36 a seguir ilustra de forma genérica um sistema de processamento de
sinais que emprega tanto um conversor A/D para adquirir as informações de entrada, quanto um conversor D/A para
atuar em algum subsistema ou simplesmente como resposta ao sinal de entrada, como ocorre em um filtro digital (A
saı́da seria a versão filtrada do sinal de entrada que foi adquirido).

Figura 3.36: Processamento digital de sinais analógicos - esquema genérico


Fonte: https://eletroeletronicaparanos.blogspot.com

A figura 3.37 ilustra um sistema de Processamento Digital de Sinais embarcado, em que o processador pode
ser um PIC, MSP430, AVR (usado em Arduı́no), FPGA, DSP, etc.

Figura 3.37: Processamento digital de sinais analógicos - aplicação industrial


Fonte: https://docplayer.com.br

91
Eletrônica Analógica Conversão DA e AD

3.7.1 Conversão AD

Como foi dito anteriormente, o processo de conversão de um sinal analógico para o formato digital, requer
inicialmente uma amostragem do sinal analógico, ou seja, o sinal é adquirido a uma certa taxa (ou frequência). A
primeira pergunta natural é: Quantas amostras por segundo devo adquirir? É claro que se o número de amostras
for pequeno, iremos perder algumas informações do sinal de interesse. Existe um teorema, chamado Teorema de
Nyquist, que garante que se um certo número mı́nimo de amostras for adquirido, NENHUMA informação do
sinal original é perdida.Por outro lado, adquirir um número excessivo de amostras (sobre-amostragem) não torna a
aquisição de amostras melhor.
Uma vez adquiridos os dados, cada amostra deve passar por um processo de codificação. Assim, o valor da
amostra é convertido em uma palavra digital, por exemplo, de 8 bits. Quanto maior o número de bits desta palavra
digital, melhor a resolução. Assim, um conversor de 10 bits possui uma melhor resolução do que um conversor de 8
bits. Neste momento, o conversor comete um erro, chamado Erro de Quantização, para o qual não há como se
eliminar.

Em termos de circuitos eletrônicos, o circuito que colhe as amostras é conhecido como Sample & Hold
(S/H) ou circuito de amostragem e retenção.

Figura 3.38: Circuito de amostragem e retenção


Fonte: http://concursos.fadesp.org.br

3.7.2 Parâmetros Tı́picos de um Conversor AD

Os principais parâmetros de um conversor AD são:

a) Número de bits

b) Tempo de conversão

c) Taxa de amostragem

d) Linearidade

e) Relação Sinal/Ruı́do (SNR)

f) Preço

Naturalmente, a escolha de um sistema de conversão A/D deve ser feita levando-se em conta quais as carac-
terı́sticas do sinal (ou sinais) que pretendemos converter. Assim, devemos fazer as seguintes perguntas:

a) Qual a faixa de frequência de meu sinal?

b) Qual a minha necessidade em termos de resolução?

c) O sistema precisa ser altamente linear?

92
Eletrônica Analógica Conversão DA e AD

d) O processamento vai ocorrer em tempo real?


e) O sinal de entrada vem misturado com ruı́do?

Se não existe necessidade de fazer o processamento em tempo real, então, podemos ”relaxar” no quesito
velocidade (tempo de conversão). Por outro lado, se não é necessário detalhes mı́nimos, então, pode-se reduzir o
número de bits (conversão mais grosseira, menor resolução). Se o sinal a ser convertido é de alta frequência, o sistema
de conversão deve ter capacidade de responder a rápidas variações do mesmo (largura de faixa elevada, amplificadores
operacionais com elevado slew rate).

3.7.3 Conversor Paralelo

O funcionamento do conversor paralelo (ou flash) é muito simples. Em verdade, este é o conversor A/D mais
rápido que existe, uma vez que o sinal de entrada é comparado simultaneamente por um conjunto de comparadores.
A figura 3.39 ilustra um conversor AD tipo paralelo de 2 bits.

Figura 3.39: Conversor AD paralelo de 2 bits


Fonte: http://endigital.orgfree.com/

A tabela a seguir ilustra as possı́veis saı́das dos comparadores de acordo com os nı́veis do sinal de entrada.
Perceba que as saı́das deste três comparadores são levadas a uma rede de codificação que estabelece se a saı́da será em
código binário ou Gray.

Note que um conversor paralelo de N bits emprega 2N − 1 comparadores e isto o torna um conversor muito
caro. Ou seja, para um conversor de 10 bits são necessário 1023 comparadores.

93
Eletrônica Analógica Conversão DA e AD

Figura 3.40: Conversor AD paralelo de N bits


Fonte: O Autor

3.7.4 Conversor Contador - Rampa Simples

Figura 3.41: Conversor AD contador


Fonte: https://www.hardwaresecrets.com

Neste conversor, existe um integrador cuja saı́da é comparada com a amostra do sinal de entrada que foi
adquirida pelo circuito de Amostragem & Retenção (Sample & Hold). No processo de integração, vai chegar o momento
em que este sinal ultrapassa o sinal de entrada adquirido. Neste instante, o contador é limpo e o sinal convertido para
o formato digital é colocado no barramento de saı́da.

94
Eletrônica Analógica Conversão DA e AD

3.7.5 Conversor por Aproximações Sucessivas

Figura 3.42: Conversor AD por aproximações sucessivas


Fonte: https://paginapessoal.utfpr.edu.br

Neste conversor, um pulso de START inicia o processo de conversão. Note que este pulso é usado como
sinal de RESET para zerar a saı́da de um contador. Um conversor D/A gera um sinal analógico (VAX ) equivalente
ao sinal digital na saı́da do contador. Assim, de inı́cio, o sinal VAX é nulo, pois o contador foi zerado. A amostra do
sinal de entrada (VA ) é comparada a este sinal (VAX ) gerando-se um sinal que sinaliza se a conversão terminou ou
não. Não tendo chegado o fim de conversão (EOC - End of conversion), um sinal de relógio (CLOCK) é enviado ao
contador que incrementa a contagem de acordo com os pulsos de CLOCK recebidos. Quando VAX > VA , a saı́da do
comparador vai a zero sinalizando fim de conversão. Este sinal (EOC) bloqueia o sinal de CLOCK para o contador.
O sinal digital é o valor binário contido na saı́da do contador.

Figura 3.43: Fluxograma do conversor AD por aproximações sucessivas


Fonte: Idem Anterior

95
Eletrônica Analógica Conversão DA e AD

3.7.6 Conversão DA

Algumas vezes usamos, por exemplo, um sistema digital para processar um sinal analógico. Neste caso,
necessitamos de um conversor A/D em conjunto com um conversor D/A - Um converte o sinal para ser processado,
o outro converte o sinal processado para um sinal de saı́da. No caso do processamento digital de sinais de natureza
analógica, o sistema faz a aquisição do sinal,por exemplo, por meio de um circuito de Amostragem e Retenção (Sample
& Hold (S&H), em inglês), quantiza as amostras de acordo com o número de bits que o processador usa, e finalmente
o processador digital processa a informação (modificando o sinal de acordo com o que se deseja), retornando o sinal
de saı́da (sinal processado) convertido de digital para analógico. Observe que todo processo de quantização leva a um
erro ”impossı́vel”de ser recuperado, uma vez que duas tensões diferentes podem corresponder a um mesmo nı́vel de
tensão quantizada.
Suponha, por exemplo, um sinal digital de 3 bits. Isto significa 23 = 8 possibilidades (000,001,010,011,100,101,110,111).
Desta forma. o sinal analógico, após a aquisição, será quantizado nos nı́veis: 0, 1/8, 2/8, 3/8, 4/8, 5/8, 6/8 e 7/8 da
tensão de alimentação do conversor, em que cada nı́vel de tensão corresponde a uma das 8 possı́veis ”palavras digitais”.
Por exemplo, suponha que o sinal analógico está limitado a +5V. Assim, teremos:

Tensão Quantizada Palavra Digital


0V 000
1
8 · 5V = 0, 625V 001
2
8 · 5V = 1, 250V 010
... ...
7
8 · 5V = 4, 375V 111

Neste exemplo, a menor variação do sinal de entrada corresponde a 0,625V = 625mV. Este valor é conhecido
como o bit menos significante da palavra digital (LSB = Least Significant Bit). Assim, se o valor da tensão a ser
quantizada for de 1,725V, então, a palavra digital será 010, ou seja, 1,250V. Perceba o erro de quantização (que pode
ser positivo ou negativo). Neste caso, o erro de quantização foi de

1, 725 − 1, 250
E(%) = × 100% = 27, 5%
1, 725

O erro foi grande porque o número de bits do conversor está baixo. Assim, se tivéssemos um conversor de 8 bits (256
1
nı́veis de quantização), então, 1 LSB = 256 · 5V = 19, 53mV e a palavra digital seria 01011000 (ou seja, 1,718V) e o
erro devido a quantização com 8 bits seria

1, 725 − 1, 718
E(%) = × 100% = 0, 41%
1, 725

Conclusão: Quanto maior o número de bits do conversor, menor o erro de quantização.


Alguns conversores comerciais possuem saı́da em tensão, enquanto outros possuem saı́da em corrente. Neste
último caso é necessário o uso de um conversor de corrente em tensão. Normalmente, representamos o conversor D/A
da forma ilustrada na figura a seguir.

96
Eletrônica Analógica Conversão DA e AD

Figura 3.44: Conversor D/A de 8 bits


Fonte: O Autor

3.7.7 Conversão DA com Resistores Ponderados

Neste tipo de conversor DA os valores dos resistores possuem pesos binários, ou seja, RA = 8RD , RB =
4RD , RC = 2RD . Supondo-se um conversor DA de 4 bits terı́amos o seguinte circuito

Figura 3.45: Conversor D/A de 4 bits com resistores ponderados


Fonte: O Autor

O sinal digital é representado pelo número DCBA. Note que existem quatro chaves para determinar se o
respectivo resistor está conectado ao Terra ou a Vref . O sinal de saı́da pode ser escrito como

RF RF RF RF
Vout = − · VA − · VB − · VC − · VD
RA RB RC RD
Note que

VA = A · Vref
VB = B · Vref
VC = C · Vref
VD = D · Vref

97
Eletrônica Analógica Conversão DA e AD

Portanto, podemos escrever

RF RF RF RF
Vout = − · A · Vref − · B · Vref − · C · Vref − · D · Vref
8RD 4RD 2RD RD

Ou ainda,
RF
Vout = − · Vref · (A + 2B + 4C + 8D)
8RD
Percebe-se que a saı́da é proporcional a palavra digital de entrada e que o bit D é o mais significativo e o bit A é o
menos significativo. Note também que esta técnica não é boa quando o número de bits cresce. Por exemplo, suponha
que RD = 1kΩ, então, para um conversor de 4 bits terı́amos: RC = 2kΩ, RB = 4kΩ, RA = 8kΩ. Em outras palavras,
vai ficando cada vez mais difı́cil encontrar um resistor comercial cujo valor seja uma potência de 2 vezes o resistor RD .

3.7.8 Conversão DA com Rede R-2R

Uma topologia de conversão DA muito interessante é a chamada Rede R-2R, ilustrada a seguir.

Figura 3.46: Conversor D/A de 3 bits com rede R-2R


Fonte: O Autor

Note que podemos escrever as tensões nos pontos A, B e C da seguinte forma:

VA = VREF × DA
VB = VREF × DB
VC = VREF × DC

Usando o Teorema da Superposição, juntamente com o Teorema de Thevènin, podemos mostrar facilmente que
a tensão na saı́da deste conversor é dada por:

RF
Vout = − × VREF × (DA + 2DB + 4DC )
23 R

98
Eletrônica Analógica Conversão DA e AD

Questões de Revisão do Capı́tulo

Exercı́cio 3.1
1) Onde encontramos Amplificadores Operacionais (AmpliOp)?

2) Mostre a simbologia do AmpliOp.

3) Enumere alguns dos principais parâmetros do AmpliOp.

4) Qual a importância do parâmetro Slew Rate?

5) Ilustre o circuito do Amplificador Não-Inversor. Demonstre a expressão matemática para a tensão de saı́da.

6) Ilustre o circuito do Amplificador Inversor. Demonstre a expressão matemática para a tensão de saı́da.

7) Qual a finalidade de um Buffer? Mostre seu circuito.

8) Ilustre os circuitos dos somadores inversor e não-inversor. Para cada caso, encontre a expressão da tensão
de saı́da.

9) Ilustre o circuito do Amplificador Subtrator.Demonstre a expressão matemática para a tensão de saı́da.

10) Mostre o importante circuito do Amplificador de Instrumentação. Analise o mesmo e mostre a expressão
para a tensão de saı́da.

11) Ilustre o circuito do Amplificador Diferenciador.

12) Em que condições o Amplificador Diferenciador se comporta como Amplificador Inversor?

13) Ilustre o circuito do Amplificador Integrador.

14) O que ocorre se o sinal a ser integrado for de baixa frequência?

15) O que é um comparador? Cite possı́veis aplicações para o mesmo.

16) Ilustre o circuito de um comparador com histerese.

17) Como funciona um detector de cruzamento pelo zero?

18) Ilustre os circuitos dos retificadores de precisão de meia onda e em onda completa.

19) Descreva o funcionamento do circuito limitador usando AmpliOp.

20) Ilustre os circuitos log e Antilog usando AmpliOp.

21) Ilustre os osciladores: a) Ponte de Wien, b) Hartley e c) Colpitts.

22) Como os filtros ativos podem ser classificados?

23) Mostre os circuitos dos filtros ativos Sallen-Key.

24) Qual a finalidade dos conversores AD e DA?

25) O que é Erro de Quantização?

99
Eletrônica Analógica Conversão DA e AD

26) O que diz o Teorema de Nyquist?

27) Ilustre o circuito de Amostragem e Retenção.

28) Descreva o funcionamento do conversor AD por Aproximação Sucessiva.

29) Analise um conversor DA de 4 bits com rede R-2R.

100
Capı́tulo 4

Conversão de Energia

“O fim de uma história, normalmente é o inı́cio de muitas


outras.”
Autor Desconhecido

A Eletrônica de Potência lida com o problema da conversão de energia de forma eficiente. Basicamente, a
energia se apresenta sob duas formas: Alternada (AC) e contı́nua (DC). Neste sentido, podemos estabelecer as seguintes
possibilidades:

Figura 4.1: Conversão de energia


Fonte: http://paginapessoal.utfpr.edu.br/amauriassef

A conversão de AC para DC, também chamada de retificação, é muito usada nas fontes de alimentação.
Também faz parte do processo de conversão indireta de frequência, onde deseja-se converter um sinal AC de tensão e
frequência determinados em outro sinal também AC de tensão e frequência diferentes do sinal original. A conversão
direta de um sinal AC em outro sinal AC, sem passar pelo processo de retificação, é chamada de conversão direta
de frequência. O equipamento que faz tal conversão é conhecido normalmente pelo nome de cicloconversor. Outra
possibilidade é a conversão de um sinal DC em um sinal AC, muito usada nos chamados inversores de frequência.
Por fim, podemos ter as conversões direta e indireta de tensão DC, onde no primeiro caso um sinal DC é convertido em

101
Eletrônica Analógica Conceitos Básicos de Eletrônica de Po-tência

outro sinal DC de tensão diferente (podendo inclusive ser variável) e no segundo caso o sinal DC é primeiro convertido
em AC para depois ser retificado.
Em Eletrônica de Potência lidamos com altas correntes (kA) e altas tensões (kV). Neste sentido, os dis-
positivos semicondutores precisam possuir caracterı́sticas especiais. Um simples diodo de potência não é formado
simplesmente pela junção de um material semicondutor tipo P com outro material semicondutor tipo N. Sua estrutura
é completamente diferente para que o mesmo seja capaz de suportar elevadas correntes diretas e elevadas tensões
reversas, conforme veremos mais adiante ao estudarmos o diodo de potência.
O desenvolvimento da Eletrônica de Potência está intimamente ligado ao desenvolvimento da indústria. A
necessidade de acionar motores com correntes de partida de milhares de Ampères, de controlar a velocidade destes
motores, de garantir que as perdas de energias sejam as menores possı́veis, dentre outras necessidades, levou ao
desenvolvimento dos componentes hoje utilizados na indústria pesada.

Dividiremos o estudo da eletrônica de potência nos seguintes tópicos:

1. Conceitos Básicos

2. Diodo de Potência

3. Transistor de Potência

4. Tiristores

5. Transistores de Efeito de Campo

6. IGBT

7. Transistor de Unijunção

8. Conversores AC-DC (Retificadores)

9. Conversores DC-DC (Choppers)

10. Conversores DC-AC (Inversores de Potência)

11. Conversores AC-AC (Cicloconversores)

4.1 Conceitos Básicos de Eletrônica de Po-tência

Imagine que você deseja controlar a quantidade de energia (po-tência) que você entrega a uma determinada
carga. Uma ideia inicial seria a utilização de um reostato, conforme ilustração a seguir. s

102
Eletrônica Analógica Conceitos Básicos de Eletrônica de Po-tência

Figura 4.2: Controle por reostato.


Fonte: O Autor

Apesar desta abordagem permitir o controle da tensão entregue à carga, dependendo do ajuste do reostato,
haverá uma considerável perda de energia no reostato. Perceba que a corrente que vai para a carga é a mesma corrente
que atravessa o reostato.
Imagine agora que, ao invés de usarmos um reostato, usaremos uma chave semicondutora, por exemplo um
transistor operando como chave, conforme ilustrado a seguir.

Figura 4.3: Chave semicondutora.


Fonte: O Autor

Naturalmente, o valor da tensão média na carga será calculado como uma média ponderada cujos pesos são
exatamente os tempos em que a chave esteve ligada e o tempo em que a mesma esteve desligada.

VS × tON + 0 × tOF F VS × tON


vR L = = = VS × d,
T T

em que d é chamado de ciclo de trabalho e T = tON + tOF F .

Exemplos de chaves semicondutoras

1. Diodos

2. Transistores (Bipolares, de efetito de campo, IGBT, etc)

3. Tiristores (SCR, TRIAC, etc)

103
Eletrônica Analógica Conceitos Básicos de Eletrônica de Po-tência

É claro que os semicondutores empregados como chaves não são chaves ideais, ou seja,

1. Levam um certo tempo não-nulo para comutarem

2. Possuem uma resistência finita quando operando como chaves abertas

3. Possuem uma resistência não-nula quando conduzindo

4. Dissipam alguma potência

Ao selecionar uma chave semicondutora é preciso levar em conta as seguintes caracterı́sticas da chave:

1. Capacidade elevada de condução de corrente quando fechadas

2. Elevada Tensão reversa quando abertas

3. O circuito de controle requeira pouca potência

4. Possua alta confiabilidade

Análise das perdas de uma chave semicondutora

Basicamente, existem duas fontes de perdas para uma chave semicondutora, a saber:

1. Perdas na condução (chave fechada ou aberta)

2. Perdas no chaveamento (mudança de estado)

PERDAS NA CONDUÇÃO

Pode-se mostrar que as perdas médias na condução podem ser calculadas por meio das seguintes equações:

P ON = VCE(sat) × IC × d, (4.1)
tOF F
P OF F = VS × If uga × , (4.2)
T

em que VS é a tensão da fonte.


PERDAS NO CHAVEAMENTO
Podem-se mostrar as seguintes expressões para as perdas no chaveamento:

1 1
Pmax = × VCE(max) × × IC(max) = Psw−on(max) (4.3)
2 2
1
Psw = × VCE(max) × IC(max) × (tsw−on + tsw−of f ) × f (4.4)
6

104
Eletrônica Analógica Diodo de Potência

4.2 Diodo de Potência

Como já foi dito anteriormente, o diodo de potência não apresenta a mesma estrutura fı́sica do diodo con-
vencional. Em verdade, ele possui três camadas semicondutoras: Uma camada P fortemente dopada, uma camada N
fracamente dopada e uma outra camada N fortemente dopada, conforme figura a seguir.

Figura 4.4: Diodo de potência.


Fonte: O Autor

Esta construção tem o objetivo de garantir que o mesmo irá drenar altas correntes quando polarizado dire-
tamente e suportar altas tensões reversas.

Análise de Operação do Diodo de Potência

Considere o circuito de um retificador de meia onda, conforme mostrado a seguir. Na figura também estão
ilustradas a tensão de entrada, a corrente e a tensão no diodo, respectivamente.

Figura 4.5: Circuito com diodo de potência


Fonte: O Autor

105
Eletrônica Analógica Diodo de Potência

Figura 4.6: Corrente e tensão em um diodo de potência


Fonte: http://www.dsce.fee.unicamp.br/~antenor

Observe que quando o diodo é polarizado diretamente a tensão no diodo cresce até um valor máximo,
indicando que a resistência no diodo é grande, depois ela começa a cair e se estabelece em um patamar. Quando o
diodo é cortado, note que toda a carga que foi acumulada no outro lado da barreira de potencial precisa ser removida
até que a corrente se anule. Este tempo é conhecido como tempo de recuperação reversa.
É comum a utilização de circuitos snubbers para amortecer a sobretensão devido ao chaveamento. Snubbers
são usados frequentemente em sistemas elétricos com cargas indutivas onde a interrupção abrupta do fluxo de corrente
leva a um acentuado crescimento da tensão no dispositivo de chaveamento, de acordo com a Lei de Faraday (Lembram?).
Ademais, se a tensão gerada no dispositivo estiver além da tensão tolerada pelo mesmo, ele pode ser danificado ou
destruı́do. O snubber provê um caminho alternativo para a corrente de modo que o elemento indutivo possa ser
descarregado de forma mais segura e discreta. Frequentemente, elementos indutivos não são intencionais, mas surgem
devido aos laços de corrente devido ao circuito fı́sico. Os snubbers também são usados para evitar a formação de arcos
entre os contatos de relés e chaves. O circuito a seguir é um snubber. Ele é colocado em paralelo com o diodo e tem
por finalidade proteger o diodo contra transitórios reduzindo a taxa de variação da tensão em cima do diodo.

Figura 4.7: Snubber


Fonte: O Autor

106
Eletrônica Analógica Transistor Bipolar de Potência

4.3 Transistor Bipolar de Potência

Assim como o diodo de potência, o transistor Bipolar de potência possui uma construção ligeiramente diferente
da construção do transistor de baixa e média potência.

Figura 4.8: Transistor de potência


Fonte: O Autor

A estrutura mostrada na Figura 4.8 decorre do fato de que um Transistor de Potência precisa suportar uma
alta tensão de bloqueio, no estado desligado, e uma alta correte no estado ligado.
Normalmente, os Transistores Bipolares de Potência possuem baixo ganho de corrente, de modo que usa-se
muitas vezes uma conexão do tipo Darlington, conforme ilustra a próxima figura.

Figura 4.9: Transistor de potência - Darlington


Fonte: O Autor

O diodo D1 da Figura 4.9 tem a finalidade de retirar portadores injetados durante a condução do transistor.
A curva VCE × IC do Transistor Bipolar de Potência difere da curva do transistor bipolar de média ou baixa
tensão.

107
Eletrônica Analógica Transistores de Efeito de Campo

Figura 4.10: Transistor de potência - curva tensão x corrente


Fonte: https://www.allaboutcircuits.com

O Transistor Bipolar de Potência apresenta uma região chamada de Região de Ruptura Primária devido
a avalanche convencional da junção coletor. Existe uma outra região de ruptura conhecida como Região de Ruptura
Secundária.

4.4 Transistores de Efeito de Campo

Diferentemente dos transistores bipolares onde dois tipos de portadores (elétrons e lacunas) formam as
correntes que circulam no dispositivo, daı́ o nome bipolar, nos transistores de efeito de campo (FET, do inglês Field
Effect Transistor) só há um único tipo de portador (elétron ou lacuna). Ademais, enquanto que os transistores bipolares
necessitam de uma corrente de base para operarem, a corrente de gate (porta) de um transistor de efeito de campo
pode ser desprezada sempre. Só existe corrente no gate em condições de transientes uma vez que a capacitância do
gate precisa ser carregada e descarregada. Após o transiente a corrente de gate se aproxima de zero, ficando igual
ao valor da corrente de fuga especificada no datasheet do componente. Por exemplo, 100nA. Assim, dizemos que os
transistores FET são controlados por tensão.
Podemos dividir nosso estudos dos transistores de efeito de cam-po considerando a existência de duas grandes
famı́lias:

a) Transistor de Efeito de Campo de Junção (JFET)

b) Transistor de Efeito de Campo MOSFET (Porta isolada)

Como veremos mais adiante, os dois possuem o mesmo modelo AC. Assim, como os transistores bipolares
eles podem ser usados como amplificadores ou como chaves.

JFET

O transistor de efeito de campo conhecido pelo nome JFET possui a seguinte estrutura interna:

108
Eletrônica Analógica Transistores de Efeito de Campo

Figura 4.11: Estrutura interna de transistor JFET canal N


Fonte: https://www.josematias.pt

Na figura acima, note a existência de um canal do tipo N. É por este canal que os portadores (no caso,
elétrons) vão se deslocar entre o terminal de Dreno e o terminal de Fonte. A tensão de gate deve ser uma tensão
negativa (neste caso!) de modo a aumentar a largura da zona de depleção. Quanto mais negativa, maior a largura
da zona de depleção e menor será a corrente que passa. No limite quando a tensão de gate atingir uma determinada
tensão conhecida como tensão de pinch-off, a corrente anulará.

Com base no que dissemos anteriormente, chegamos às seguintes conclusões:

a) O JFET se comporta como uma chave normalmente fechada.

b) Os terminais de Dreno e Fonte são intercambiáveis.

c) Não se deve aplicar uma tensão positiva em um transistor JFET canal N, pois isto só levaria ao aqueci-
mento da junção.

d) A maior corrente se obtém quando a tensão no gate é nula. Esta corrente é chamada IDSS.

A simbologia do JFET está ilustrada na figura a seguir.

Figura 4.12: Simbologia de JFET: canal N e canal P.


Fonte: https://www.allaboutcircuits.com

109
Eletrônica Analógica Transistores de Efeito de Campo

O JFET da esquerda é conhecido como JFET canal N, enquanto que o JFET da direita é conhecido como
JFET canal P. Note que omitimos nas figuras acima a outra parte do gate que envolve o canal. Note que não existe
distinção na simbologia dos terminais dreno e fonte. A aparência real de um transistor JFET é similar a aparência de
um transistor, conforme podemos ver a seguir.

Figura 4.13: Aparência real de JFET comercial.


Fonte: https://www.electronics-tutorials.ws

Experiência: Monte o circuito a seguir e responda o que se pede

Figura 4.14: Teste de JFET.


Fonte: https://www.allaboutcircuits.com

a) Com a chave aberta, qual o estado da lâmpada?

b) Feche a chave, qual o estado da lâmpada?

c) Torne a abrir a chave, qual o estado da lâmpada?

Explique o que você observou.


Na experiência anterior, a lâmpada não tornou a acender quando a chave foi novamente aberta porque existe
uma certa capacitância no terminal de gate que manteve o JFET bloqueado. Para resolver este problema, coloque um
resistor de descarga do capacitor. De que tamanho? Qualquer um serve. Teste!

Um detalhe interessante é que a tensão de pinch-off não é um valor constante para qualquer transistor JFET,
como ocorre com a tensão VBE no caso dos transistores bipolares. A tensão de pinch-off é tı́pica de cada transistor
JFET. Assim, para o JFET J201, a tensão de pinch-off, também conhecida como VGS(of f ) , varia entre -0,3V e -1,5V.
A corrente IDSS para este transistor varia entre 0,2mA e 1mA. A seguir ilustramos a curva caracterı́stica de operação
de um JFET.

110
Eletrônica Analógica Transistores de Efeito de Campo

Figura 4.15: Curva caracterı́stica de JFET


Fonte: https://www.pucsp.br/

Como testar um JFET

O teste de um JFET é muito simples, basta lembrar sua estrutura interna. Considere um JFET canal
N. Então, usando um multı́metro na escala de diodo observaremos uma baixa tensão quando conectamos a ponteira
vermelha no Gate e a ponteira preta no Dreno ou na Fonte. Se invertermos, não haverá condução. Para um transistor
JFET canal P, o caso é o inverso.

Figura 4.16: Como testar um JFET.


Fonte: https://www.allaboutcircuits.com

111
Eletrônica Analógica Transistores de Efeito de Campo

Curva Caracterı́stica VDS versus ID

Uma curva muito importante é a curva VDS versus ID ilustrada abaixo.

Figura 4.17: Curva caracterı́stica VDS × ID


Fonte: https://www.electronics-tutorials.ws.

Da mesma forma que fizemos com os transistores bipolares, note na Figura 34 a identificação das Regiões de
Operação do JFET:

a) Região Ôhmica

b) Região de Saturação

c) Região de Corte

d) Região de Ruptura

É importante observar aqui que a Região de Saturação do JFET é, na verdade, a região correspondente a
Região Ativa dos Transistores Bipolares. Para esta região vale a equação de Shockley:

 2
VGS
ID = IDSS 1 −
VP

Note que na Região de Saturação a corrente de Dreno é aproximadamente constante, como ocorre com a
corrente IC , no caso dos transistores bipolares.
Observação: Nos circuitos que vamos estudar doravante lembre-se de considerar sempre a corrente de gate como nula.
Note que na curva VDS × ID , o ponto conhecido como ”joelho”que demarca a transição entre a Região Ôhmica e a
Região de Saturação é dado por VGS − VP .

112
Eletrônica Analógica Transistores de Efeito de Campo

Polarização de JFET

A partir deste ponto vamos iniciar o estudo da utilização dos transistores JFET como amplificadores de sinal.
As configurações de polarização que vamos estudar são as seguintes:

a) Polarização Fixa

b) Autopolarização

c) Polarização por divisor de tensão

Polarização Fixa
A Figura a seguir ilustra a configuração de polarização fixa.

Figura 4.18: JFET com polarização fixa.


Fonte: Adaptado de Boylestad, 7a Ediç~
ao

Observação: Deixaremos para mais adiante a apresentação do modelo AC do JFET. De posse do modelo
AC, conseguiremos facilmente calcular as impedâncias de entrada e de saı́da do amplificador e seu ganho de tensão.
A análise de qualquer amplificador, assim como fizemos no caso dos transistores bipolares, divide-se basica-
mente em duas etapas:

a) Análise DC: Que consiste em determinar o ponto quiescente de operação do transistor

b) Análise AC: Que consiste em determinar o ganho do amplificador.

Análise DC do Circuito de Polarização Fixa


Na análise DC, nosso circuito se reduz ao circuito abaixo.

113
Eletrônica Analógica Transistores de Efeito de Campo

Figura 4.19: Análise AC


Fonte:Adaptado de Boylestad, 7a Ediç~
ao

A partir do circuito acima, deduzimos as seguintes equações:

VGS = −VGG (4.5)


VDD = VDS + RD × ID (4.6)

Note que a primeira equação representa uma reta que, quando traçada na curva VGS × ID nos dará o valor
da corrente de Dreno no ponto Quiescente, conforme ilustrado a seguir.

Figura 4.20: Ponto Q


Fonte: Adaptado de Boylestad, 7a Ediç~
ao

A segunda equação também nos dá uma reta na curva VDS xID , conforme ilustração a seguir.

114
Eletrônica Analógica Transistores de Efeito de Campo

Figura 4.21: Reta de carga.


Fonte: Adaptado de https://www.electronics-tutorials.ws

É perfeitamente possı́vel determinar a corrente de dreno no ponto Quiescente de forma gráfica, conforme
vimos anteriormente. A figura acima mostra que o JFET está polarizado na Região de Saturação, todavia, ele está
mais próximo da região Ôhmica do que da região de corte (pinch-off) - o que pode levar a uma distorção no sinal
amplificado.

Configuração de Autopolarização

A figura a seguir ilustra a configuração conhecida como Autopolarização.

Figura 4.22: Configuração de autopolarização.


Fonte: Boylestad, 7a Ediç~
ao

Como estamos fazendo apenas a análise DC, os capacitores devem ser removidos do circuito e como a corrente
de gate é nula, o resistor RG também será retirado. A figura a seguir ilustra o circuito equivalente para análise DC.

115
Eletrônica Analógica Transistores de Efeito de Campo

Figura 4.23: Análise DC do circuito de autopolarização


Fonte: Idem anterior

Entenderam agora porque o resistor de gate foi retirado? Se não existe corrente de gate, os potenciais entre
os terminais do resistor de gate são iguais. Portanto ele é um curto, na análise DC.

As seguintes equações podem ser obtidas a partir da análise do circuito equivalente ilustrado na Figura 41:

VGS = −ID × RS (4.7)


VDS = VDD − ID × (RD + RS ) (4.8)

A primeira equação acima representa uma reta que deve ser traçada na curva VGS × ID . A segunda equação
também representa uma reta que deve ser traçada na curva VDS × ID . Vejamos, então, como ficam os gráficos.

Figura 4.24: Solução gráfica.


Fonte: Idem anterior

116
Eletrônica Analógica Transistores de Efeito de Campo

Note que no circuito de Autopolarização, VGS depende de RS , enquanto que no circuito de polarização fixa,
VGS é fixo. Isto explica a denominação ”Polarização Fixa”.
Observação: Na solução de problemas, é possı́vel resolver graficamente e algebricamente. A solução gráfica é obtida
traçando-se a curva do dispositivo e, depois, traçando-se a equação da reta que relaciona VGS com ID de acordo com
o circuito. A solução algébrica para VGS deve levar a uma equação do segundo grau (obtida a partir da equação de
Shockley). Uma das raı́zes será descartada por razões óbvias. Por exemplo, |VGS | > |VP | é uma condição absurda.
Polarização por Divisor de Tensão

O circuito mostrado a seguir representa a chamada configuração de polarização por divisor de tensão. É o
nosso último caso, antes de estudarmos a utilização dos JFET como amplificadores de sinais AC.

Figura 4.25: Polarização por divisor de tensão.


Fonte: Idem anterior

Em termos de análise DC, podemos escrever as seguintes equa-ções a partir do circuito:

R2
VG = × VDD
R1 + R2
VGS = VG − RS × ID
VDD
IR1 = IR2 =
R1 + R2

Da mesma forma que fizemos anteriormente, a solução deste circuito, em termos de polarização, pode ser
obtida graficamente, conforme ilustração a seguir.

117
Eletrônica Analógica Transistores de Efeito de Campo

Figura 4.26: Solução gráfica


Fonte: Idem anterior

Modelo AC do JFET

A figura a seguir representa o modelo AC do transistor JFET. Note que a impedância de entrada do transistor
é considerada infinita.

Figura 4.27: Modelo AC do JFET


Fonte: Idem anterior

Os parâmetros presentes na ilustração são dados pelas seguintes relações:

 
VGS
gm = gm0 · 1 −
VP

2 · IDSS
gm0 =
|VP |

1
rd =
yos

118
Eletrônica Analógica Tiristores

O parâmetro gm é chamado de transcondutância, rd é a resistência dinâmica na saı́da do transistor e yos é a


admitância de saı́da do transistor JFET. Note a semelhança com o modelo do transistor bipolar. O dreno se comporta
como uma fonte de corrente controlada pela tensão VGS . Assim como o coletor do transistor bipolar se comporta como
uma fonte de corrente controlada pela corrente de base.
Qualquer que seja o amplificador com JFET que estejamos analisando, basta jogar seu modelo AC. Os
parâmetros solicitados (impedânci-as, ganhos de tensão, etc), normalmente, saem a partir da análise AC do circuito
equivalente usando-se as Leis de Kirchhoff.

Transistores MOSFET

Estudamos anteriormente os transistores JFET. Agora iremos iniciar o estudo de uma outra famı́lia de
transistores de efeito de campo - A famı́lia MOSFET. Em um transistor MOSFET, o terminal de porta não entra em
contato com o semicondutor. Portanto, a porta é dita isolada. Assim, a influência do gate é eletrostática. Ou seja, por
meio de um campo elétrico. Podemos dividir os transistores MOSFET em duas grandes famı́lias:

a) MOSFET tipo depleção

b) MOSFET tipo enriquecimento

Os transistores MOSFET possuem caracterı́sticas similares aos transistores JFET, a saber:

a) Impedância de entrada infinita

b) São dispositivos unipolares

c) Apresentam uma corrente de Gate nula

d) São dispositivos controlados por tensão

Conforme veremos mais adiante, os MOSFET tipo depleção são chaves normalmente fechadas, enquanto
que os MOSFET tipo enriquecimento são chaves normalmente abertas.Para este último a equação de Shockley não se
verifica.

4.5 Tiristores

Tiristor não é um nome de algum dispositivo especı́fico, como muitos pensam. Mas, na verdade, é o nome
de uma famı́lia de semicondutores das quais fazem parte o SCR, o TRIAC, DIAC, GTO, dentre outros.

4.5.1 SCR

SCR (do inglês, Silicon Controlled Rectifier - Retificador Controlado de Silı́cio) é um diodo cuja condução
depende de alguns fatores, ou seja, não basta polarizar o anodo mais positivo do que o catodo (polarização direta
no caso de um diodo). Da mesma forma que um diodo comum, o SCR não conduz quando reversamente polarizado.
O SCR possui três terminais: Anodo, Catodo e Gate. Sua curva caracterı́stica de operação e sua simbologia estão
mostrados a seguir.

119
Eletrônica Analógica Tiristores

Curva Caracterı́stica de Operação

Figura 4.28: Diodo controlado de silı́cio - curva e simbologia


Fonte: Adaptado de https://www.electronics-tutorials.ws

Note que a Curva Caracterı́stica de Operação é parametrizada pela corrente de Gate. Quanto maior a corrente
de Gate, menor a tensão entre Anodo e Catodo em que ocorre o disparo (ou gatilho). Uma vez gatilhado, a tensão
entre Anodo e Catodo cai para VT . Na verdade esta tensão aumenta um pouco para valores crescentes da corrente
de anodo - que é a corrente que atravessa o SCR. A curva caracterı́stica de operação também exibe dois valores que
precisam ser explicados:

1. Corrente de Retenção (IL ): Corrente de anodo que precisa ser superada para colocar o SCR em condução.

2. Corrente de Manutenção (IH ): Corrente de anodo que, quando superada, permite que o SCR continue em
condução. Abaixo desta corrente, o SCR é desligado (chave aberta).

Note que o SCR não possui um terminal para desligar, uma vez que ele tenha sido ligado. Para se desligar
um SCR é possı́vel uma das seguintes estratégias:

1. Comutação Natural: Ocorre quando a corrente de anodo cai abai-xo da corrente de manutenção (IH ). Isto
pode ser obtido, por exemplo, colocando-se uma chave tipo Push-Buttom entre os terminais de anodo e catodo.

2. Comutação Forçada: Podem ser de dois tipos: por chave ou por capacitor. Ambos os esquemas serão vistos
mais adiante.

O SCR é um dispositivo semicondutor de 4 camadas, conforme ilustrado a seguir.

Figura 4.29: SCR - internamente


Fonte: O Autor

120
Eletrônica Analógica Tiristores

A partir da estrutura interna mostrada na figura anterior, percebemos que um modelo usando transistores
bipolares é possı́vel para o SCR, conforme a figura a seguir.

Figura 4.30: SCR - modelo usando TBJ


Fonte: feg.unesp.br

A partir deste modelo conseguimos entender porque o pulso de gatilho pode ser retirado. Note que existe uma
realimentação positiva, no sentido de que uma corrente de base inicial no terminal de base do Transistor T2 , devido a
um pulso no terminal de gatilho do SCR, produz uma corrente de coletor, neste mesmo transistor, igual a β2 IB . Esta
mesma corrente é a corrente de base do transistor T1 . Portanto, a corrente no coletor do transistor T1 vale β1 β2 IB . O
ciclo se repete com a corrente aumentando até o limite da saturação destes transistores devido à realimentação positiva.

O teste de um SCR se baseia naturalmente em sua estrutura interna. Assim, note que se usarmos um
multı́metro na escala de teste de diodo verificaremos uma condução equivalente a um diodo se colocarmos a ponteira
vermelha no terminal de Gate e a preta no terminal de Catodo. A inversão das ponteiras não acusará qualquer condução,
caso o SCR esteja bom. Note também que entre Anodo e Gate não deve haver condução em qualquer sentido, pois
trata-se de verificar a condução entre os terminais de Emissor e Coletor de um transistor PNP. A condução entre anodo
e Catodo depende do gatilho do SCR. O teste mais seguro é feito provocando-se um gatilho de fato. Na maioria das
vezes, o SCR quando queima entra em curto.

121
Eletrônica Analógica Tiristores

Figura 4.31: SCR - testes com multı́metro


Fonte: http://eletronicaemcasa.blogspot.com

Disparo do SCR

Comentamos anteriormente que o SCR não basta estar polarizado diretamente para entrar em condução e
que é preciso vencer a corrente de retenção para que tal disparo ocorra. Veremos agora os detalhes de como se faz para
garantir seu disparo. As condições são as seguintes:

1. VGK : A tensão entre o Gate e o Catodo precisa ser maior ou igual a tensão especificada no manual do componente
pelo nome VGT . Este valor é, tipicamente, igual a 0,6V.

2. IG : A corrente de Gate precisa ultrapassar o limiar IGT - também especificado no manual do componente.

3. VAK : A tensão entre Anodo e Catodo deve ser maior do que a tensão especificada no manual pelo nome VT .

4. IA : A corrente de Anodo deve ser maior do que a corrente de retenção para que o mesmo entre em condução.

Bloqueio do SCR

O SCR não possui um terminal especı́fico para bloquear sua condução. Existe um outro tiristor, conforme
veremos mais adiante, que possui tal terminal. O bloqueio de um SCR pode natural ou forçado. O bloqueio forçado

122
Eletrônica Analógica Tiristores

pode ser conseguido polarizando-o reversamente ou com a condição de que a corrente de anodo caia abaixo do valor
especificado como sendo sua corrente de manutenção. Já o bloqueio natural ocorre quando a corrente de anodo cair
abaixo da corrente de manutenção (IH ).Uma forma de polarizar o SCR levando-o ao estado de bloqueio é usar um
capacitor, conforme ilustra a próxima figura.

Figura 4.32: SCR - bloqueio usando capacitor


Fonte: O Autor

A chave S1 é usada para gatilhar o SCR, ou seja, para fazer com que o mesmo entre em condução, funcionando
como uma chave fechada; enquanto que a chave S2 funciona como uma chave de bloqueio, retirando-o do estado de
condução. Note que o capacitor foi carregado de tal forma que quando S2 é pressionada, o capacitor é colocado
em paralelo com o SCR com a polaridade negativa no anodo do SCR e a positiva no catodo do mesmo. Portanto,
polarizando-o reversamente.
No exemplo, mostrado na figura anterior, mostramos o SCR em um circuito DC. Todavia, também podemo
utilizar o SCR em circuitos AC. Desta forma, é possı́vel montar retificadores (em meia onda ou em onda completa)
controlados

Exemplo 4.1. Considerando a utilização de um SCR como retificador de meia onda com ângulo de disparo em
α graus, encontre o valor médio da tensão retificada na carga.
Solução: O valor médio de uma tensão é dada por

Z T
1
v= v(t)dt
T 0


Como o sinal é senoidal com valor de pico dado por Vp = Vef 2 e com ângulo de disparo α, então, podemos
escrever
Z π

1 Vp Vef 2
v= sen(θ)dθ = (1 + cos(α)) = 0, 225Vef (1 + cos(α))
T ω α 2π

No exemplo anterior, note que se α = 0°, então v = 0, 318Vp , expressão esta conhecida no estudo dos

123
Eletrônica Analógica Tiristores

diodos retificadores não-controlados. Mais adiante iremos estudar o comportamento dos retificadores (controlados e
não-controlados) diante de cargas indutivas.
Os mesmos circuitos estudados para os retificadores a diodo (não-controlados) podem ser implementados com
os diodos simplesmente substituı́dos pelos SCRs. A diferença aqui é que o ângulo de disparo do retificador é controlado
através do terminal de Gate dos SCRs. Assim, para o retificador em onda completa, tem-se que

v = 0, 45Vef (1 + cos(α))

Vejamos, então, um exemplo de uso de SCR em um circuito AC.

Exemplo 4.2. Considere o circuito a seguir. pergunta-se: a) Qual a finalidade do diodo não-controlado neste
circuito? b) Por que usamos um potenciômetro? c) Qual a finalidade de termos colocado um resistor em série
com o potenciômetro? d) Qual a finalidade do resistor R3 = RGK = 1KΩ? e) Encontre a expressão que define
o ângulo de disparo em função do resistor RX = R1 + R2 .

Figura 4.33: SCR - retificador controlado


Fonte: O Autor

Solução: a) O diodo não-controlado foi colocado porque o SCR só gatilha com pulsos positivos. Logo, o bloqueio
destes pulsos impede que estes seja aplicados desnecessariamente no gate (dissipando potência nos resistores).
b) O potenciômetro permite o ajuste do ângulo de disparo.

124
Eletrônica Analógica Tiristores

c) O resistor em série com o potenciômetro tem a finalidade de evitar que todo o sinal AC de entrada seja
aplicado diretamente no Gate, causando sua queima.
d) O resistor RGK é apenas para evitar o disparo acidental do SCR.

e) Considere apenas o ciclo positivo do sinal de entrada, uma vez que é neste ciclo que o SCR é disparado.
Assim, considere o diodo não-controlado como perfeito e use o Teorema de Thevènin. Resulta:

RT H = RX ||RGK
RGK
VT H = VRede
RX + RGK
RGK
= Vp sen(θ)
RX + RGK

Logo, tem-se que

VT H − VGK
IG =
RT H
RGK
RX +RGK VRede − 0, 7V
= RX RGK
RX +RGK
RGK VRede − 0, 7V (RX + RGK )
=
RX RGK

É comum usar-se RGK = 1kΩ. Assim, considerando que as resistências estejam em kΩ e as correntes em mA,
podemos escrever:
VRede − 0, 7V (1 + RX )
IG =
RX

Exemplo 4.3. Encontre o valor da resistência que irá permitir disparar o SCR entre os ângulos de 10°e 33°.
Considere que o SCR usado na questão possui uma corrente IGT = 5mA.
Solução: Para o SCR disparar é preciso que a corrente de Gate ultrapasse o parâmetro IGT . Assim, para o

ângulo de 10 °temos que VRede = 220 2sen10° ≈ 54V. Logo,

54 − 0, 7(1 + RX )
IG = > 5.
RX

Portanto, RX < 10kΩ. Por outro lado, para 33 °, resulta

169, 5 − 0, 7(1 + RX )
IG = > 5.
RX

Ou seja, RX < 30kΩ. Logo, a solução seria obtida usando-se um resistor de 10kΩ em série com um potenciômetro
de 20kΩ.
Note que, uma vez que o maior valor de sen(θ) = 1 e isso ocorre em θ = 90°, então, podemos escrever:

Vp sen(θ) − 0, 7(1 + RX ) ≥ IGT RX


IGT RX + 0, 7(1 + RX )
sen(θ) ≥
Vp

125
Eletrônica Analógica Tiristores

Portanto, segue-se que


IGT RX + 0, 7(1 + RX ) ≤ Vp

E, consequentemente,
Vp − 0, 7
RX (IGT + 0, 7) ≤ Vp − 0, 7 ⇒ RX ≤
IGT + 0, 7

Assim, o maior ângulo de disparo possı́vel com um SCR ocorre em θ = 90° quando

Vp − 0, 7
RX =
IGT + 0, 7

No nosso exemplo, isto ocorreria para RX ≈ 54kΩ.

Uma aplicação interessante para o SCR é em um circuito de proteção contra curto-circuito de uma fonte,
conforme figura a seguir.

Figura 4.34: Proteção contra curto-circuito para fonte DC


Fonte: O Autor

Em algumas situações pode ser necessário uma chave eletrônica bidirecional. Nestas situações, ao invés de
usar um SCR devemos usar um TRIAC, conforme veremos na próxima seção.

4.5.2 TRIAC

TRIAC (do inglês Triode for Alternating Current - Triodo para Corrente Alternada) é um dispositivo semi-
condutor equivalente a conexão de dois SCRs em antiparalelo com os terminais de gate interligados, conforme a figura
a seguir.

126
Eletrônica Analógica Tiristores

Figura 4.35: Circuito equivalente para o TRIAC


Fonte: https://earthbondhon.com

A simbologia do TRIAC e sua curva caracterı́stica de operação estão ilustrados na figura a seguir.

Figura 4.36: TRIAC - simbologia e curva caracterı́stica de operação


Fonte: https://www.electronics-tutorials.ws

Observe, na curva caracterı́stica de operação, que o TRIAC tem quatro modos de operação - na figura
denominados I+ , I− , III+ , III− . Estes quatro modos equivalem as quatro possibilidades

Figura 4.37: Quadrantes de polarização para o TRIAC


Fonte: O Autor

127
Eletrônica Analógica Tiristores

Naturalmente, para cada modo de operação, há um modelo para o TRIAC, conforme ilustra a próxima figura.

Figura 4.38: Modelos para o TRIAC conforme o quadrante de operação


Fonte: Adaptado de https://en.wikipedia.org

Comparação entre SCR e TRIAC

1. O SCR é unidirecional enquanto que o TRIAC conduz nos dois sentido.

2. As especificações máximas são maiores para o SCR. Ex: No TRIAC a máxima corrente é de cerca de 25A,
enquanto que no SCR chega a 4kA.

3. O SCR controla DC e AC enquanto que o TRIAC controla apenas AC.

4. O SCR só é gatilhado por tensões positivas enquanto que o TRIAC pode ser gatilhado por tensões positivas ou
negativas

5. O SCR só possui um modo de operação enquanto que o TRIAC possui quatro modos de operação.

Limitações do Triac
Os SCRs do TRIAC não disparam de forma simétrica, causando diferenças nos semiciclos positivo e negativo
da saı́da. Esta assimetria leva a presença de harmônicos de alta intensidade que induzem ruı́dos nos circuitos. Estas
harmônicas também produzem Interferência Eletromagnética (EMI). Em cargas indutivas existe o risco de altas cor-
rentes de curto-circuito (inrush current, em inglês) na direção da fonte de sinal; assim, é preciso garantir que o TRIAC
esteja desligado e que a carga indutiva seja descarregada por um caminho alternativo.

128
Eletrônica Analógica Tiristores

Exemplo 4.4. Para o circuito a seguir, determine o valor da resistência RX em função do ângulo de disparo.
Considere o TRIAC como sendo o TIC226B (VGT = 2, 5V, IGT = 75mA).

Solução: De forma inteiramente similar ao que fizemos com o SCR, podemos escrever a seguinte relação

VRede − VGT
IGT = ,
RX

em que VRede = Vp sen(θ). Assim, por exemplo, para θ = 30° e Vp = 311V , resulta:

165, 5V − 2, 5V
RX =
75mA
163V
= = 2, 17kΩ ≈ 2k2
75mA

Observe que, assim como ocorreu com o SCR, o maior valor de RX ocorre para θ = 90°. Este valor pode ser
encontrado pela expressão a seguir.

Vp − VGT
RX =
IGT

Para se obter ângulos de disparo acima de 90°é preciso usar uma rede de retardo usando-se capacitores, conforme
ilustra a próxima figura.

129
Eletrônica Analógica Tiristores

Figura 4.39: TRIAC com rede defasadora simples


Fonte: O Autor

Aqui, o capacitor C1 possui uma constante de tempo τ = (R1 + R2 )C1 . Assim, a tensão no mesmo estará
atrasada em relação à tensão da rede. Desta forma, quando a tensão da rede estiver no máximo (Vp ), a tensão no
capacitor ainda estará em um valor inferior devido ao processo de carga do mesmo. Também é possı́vel ter-se uma
rede defasadora dupla, conforme ilustra a próxima figura.

Figura 4.40: TRIAC com rede defasadora dupla


Fonte: O Autor

Nos circuitos anteriores, note a presença de um componente eletrônico que ainda não estudamos, o DIAC.

130
Eletrônica Analógica Tiristores

4.5.3 DIAC

O termo DIAC vem da expressão inglesa ”Diode for Alternate Current”. Criado na década de 1950 por
Nick Holonyak e Richard Aldrich (ambos funcionários da General Electric), trata-se de um dispositivo eletrônico que
conduz, quando gatilhado, em ambos os sentidos. O DIAC não possui um terminal de gatilho, como o SCR e o TRIAC;
ao invés deste terminal, seu gatilho ocorre quando a tensão entre seus terminais atinge sua tensão de ruptura (perto
dos 30 Volts para a maioria destes dispositivos). Uma vez gatilhado, ele permanece em condução até que sua corrente
caia abaixo da corrente de manutenção especificada para o mesmo. Por se tratar de um dispositivo bidirecional, seus
terminais não são chamados de anodo e catodo, mas de A1 (ou MT1) e A2 (ou MT2). Devido à simetria de sua Curva
Caracterı́stica de Operação, são frequentemente chamados de Diodos de Gatilhamento Simétrico.
Os DIAC são encontrados frequentemente nos circuitos envolvendo gatilhamento de SCR ou TRIAC uma
vez que estes dispositivos são bastante assimétricos. Assim, na figura 4.39 o DIAC garante que o disparo do TRIAC
ocorrerá no mesmo ponto, tanto no semiciclo positivo quanto no semiciclo negativo. Na verdade, existem DIACs que
são fabricados para serem assimétricos.

Figura 4.41: Simbologia e curva caracterı́stica de operação do DIAC


Fonte: https://www.quora.com

4.5.4 IGBT

Os transistores IGBT (Insulated Gate Bipolar Transistor, em inglês) têm sido a opção nas aplicações indus-
triais que envolvem altas correntes e altas tensões. Combinando caracterı́sticas dos Transistores MOSFET e Bipolares
em um único dispositivo, oferecem altas velocidades, baixas perdas, robustez, além de operar em altas frequências e
apresentar um elevado desempenho. Existem várias formas de representar simbolicamente o IGBT. A figura a seguir
ilustra a simbologia mais comum.

131
Eletrônica Analógica Transistor de Unijunção

Figura 4.42: Simbologia do IGBT


Fonte: Adaptado de https://toshiba.semicon-storage.com

O IGBT deve apresentar uma alta resistência entre o Gate e os terminais de Coletor e Emissor, em ambos os
sentidos. Entre o coletor e o emissor a resistência será alta em um sentido (positivo no coletor e negativo no emissor) e
baixo no sentido inverso (negativo no coletor e positivo no emissor), quando houver um diodo ligado entre o coletor e
o emissor; caso contrário, a resistência em ambos os sentidos também será elevada. Uma forma de se testar um IGBT
é colocando-se uma lâmpada com um lado ligado no coletor e o outro em uma fonte de tensão e um resistor de 10kΩ
entre o Gate e o coletor. Neste caso a lâmpada irá acender, conforme ilustrado na Figura 4.43. Caso a lâmpada acenda
sem o resistor de 10kΩ, então, o IGBT estará em curto.

Figura 4.43: Teste de IGBT


Fonte: O Autor

4.6 Transistor de Unijunção

O transistor de unijunção foi criado em 1953. Por suas caracterı́sticas, ele tornou-se um dos componentes
eletrônicos mais indicados no desenvolvimento de circuitos osciladores e geradores de pulsos (com aplicações no disparo
de tiristores). O UJT necessita de uma pequena quantidade de componentes para o seu funcionamento. Assim, como
todos os transistores possui três terminais, denominados: Emissor, Base1 e Base2. A seguir ilustramos sua simbologia,
sua curva caracterı́stica de operação e seu aspecto construtivo, bem como um modelo.

132
Eletrônica Analógica Transistor de Unijunção

Figura 4.44: Simbologia e curva caracterı́stica do transistor de unijunção


Fonte: Adaptado de Boylestad, 7a Ediç~
ao

A figura a seguir mostra dois modelos para o transistor de Unijunção, bem como seu aspecto construtivo.
Note a assimetria do Emissor.

Figura 4.45: Modelos para o transistor de unijunção


Fonte: Adaptado de Boylestad, 7a Ediç~
ao

Algumas observações importantes a respeito do UJT:

1) O UJT não foi projetado para amplificar.


2) O terminal de emissor encontra-se mais próximo do terminal Base2.
3) O nome unijunção deriva do fato de haver apenas uma única junção PN.

133
Eletrônica Analógica Transistor de Unijunção

Princı́pio de Funcionamento
Ao aplicar a tensão VBB , note (pelo modelo a diodo) que o diodo ficará reversamente polarizado. Os resistores
interbase, RB1 e RB2 , funcionam como um simples divisor de tensão. Assim, a tensão neste divisor de tensão vale
ηVBB , em que

RB1
η= (4.9)
RB1 + RB2

Este valor, representado pela letra grega eta é conhecido como razão intrı́nseca. Para a maioria dos UJT
comerciais gira em torno de 0,5 0,6.
Quando uma tensão positiva aplicada no emissor do UJT for maior do que VD + ηVBB , o diodo entrará em
condução. Ou seja, o UJT ”ligará”.
Pelo modelo a transistores bipolares, nota-se que a resistência RB1 será praticamente anulada, pois o tran-
sistor NPN irá saturar e, portanto, o coletor e o emissor do mesmo estarão em curto. Esta tensão especı́fica que faz
com que o dispositivo ”ligue”é conhecida como tensão de pico. Note, pela curva caracterı́stica, que agora um aumento
na corrente de emissor levará a uma redução na diminuição da tensão de emissor - ou seja, trata-se de uma região de
operação de resistência negativa. Se a tensão do emissor cair a ponto de alcançar a tensão de vale, o dispositivo será
”desligado”.
Exemplo de Aplicação

Figura 4.46: UJT - gerador de pulsos para disparo de tiristor


Fonte: https://www.electronics-tutorials.ws

Estando o capacitor inicialmente descarregado, a tensão no emissor do UJT vale aproximadamente zero. O
capacitor começa, então, a ser carregado por meio do resistor de 10K. Quando a tensão no emissor atingir a tensão de
pico especı́fica deste transistor, o mesmo entrará em condução. Portanto, lembrando do modelo com dois transistores
bipolares, o resistor R1 de 27 W será ligado em paralelo com o capacitor CT, promovendo sua rápida descarga devido
ao baixo valor de R1. O UJT, então, será desligado e tudo recomeçará novamente.
Como Testar um UJT
Pode-se facilmente testar um UJT usando-se um multı́metro digital ou analógico, na escala de medição de
resistências. Vejamos como:

1. A resistência entre as duas bases (emissor em aberto),em qualquer direção deve dar um valor em torno de 5kΩ
a 10kΩ.

134
Eletrônica Analógica Conversores AC-DC (Retificadores)

2. A resistência direta entre o emissor e as bases (ponteira vermelha no emissor e ponteira preta na base) dão
valores baixos, sendo a resistência direta da base 1 maior do que a resistência direta da base 2. Normalmente, a
resistência da base 2 é cerca de 80% do valor obtido para base 1.

3. As resistências reversas entre o emissor e as bases (ponteira preta no emissor e ponteira vermelha na base) dão
valores elevados.

Observações:

1. O valor de RT deve se encontrar dentro de uma faixa dada por:

VBB − VV VBB − VP
≤ RT ≤ (4.10)
IV IP

2. Normalmente, faz-se

0, 4RB
R2 = (4.11)
ηVBB

com R1 entre 22Ω e 50Ω . No caso do UJT 2N2646, o datasheet especifica para R2 o valor a seguir

10.000
R2 = (4.12)
ηVBB

4.7 Conversores AC-DC (Retificadores)

Os retificadores já foram estudados em um capı́tulo anterior. Todavia, aqui estudaremos o comportamento
destes retificadores diante de cargas Resistiva-Indutiva. Iremos realizar este estudo em duas etapas: a) Retificadores
Não-Controlados e b) Retificadores Controlados.

4.7.1 Retificadores Não-Controlados de Meia Onda


com Carga Indutiva

O circuito a seguir ilustra um retificador de meia onda cuja carga possui uma componente indutiva. Este
estudo é importante porque dentro de uma indústria as cargas são bastante indutivas devido à presença de motores.

135
Eletrônica Analógica Conversores AC-DC (Retificadores)

Figura 4.47: Retificador de meia onda com carga indutiva


Fonte: Adaptado de Ivo Barbi (2005)

A presença da carga indutiva irá alterar o comportamento de nosso circuito retificador. Aqui, é necessário
recordar o comportamento de um indutor especialmente em relação ao fato de que o mesmo armazena energia e
transforma-se em um elemento de circuito ativo quando o sinal de excitação é retirado invertendo sua polaridade e
atuando como uma fonte de corrente. Assim, quando a excitação atingir o patamar de zero volt, a tensão no indutor irá
inverter (força contra eletromotriz) polarizando o diodo diretamente (catodo mais negativo do que anodo), permitindo
que o fluxo de corrente continue enquanto houver carga no indutor.
Observe as formas de onda para este retificador, ilustradas a seguir.

Figura 4.48: Retificador de meia onda com carga indutiva - formas de onda
Fonte: Idem anterior

Perceba que não existe inversão na corrente! O diodo só permite a condução em um único sentido. O
ângulo β em que a tensão anula é conhecido como ângulo de extinção. O valor deste ângulo naturalmente depende
da quantidade de energia armazenada no indutor durante o semiciclo positivo do sinal de entrada. Normalmente,

136
Eletrônica Analógica Conversores AC-DC (Retificadores)

encontra-se o ângulo de extinção, por meio do gráfico a seguir.

Figura 4.49: Ângulo de extinção


Fonte: Idem anterior

Em que o ângulo φ é conhecido como ângulo de carga e pode ser encontrado pela seguinte expressão:
 
ωL
φ = tg −1 (4.13)
R

Pode-se mostrar que a tensão e a corrente média na carga é dada por



2Vo
Vomed = (1 − cos β) (4.14)
√2π
2Vo
Iomed = (1 − cos β) (4.15)
2πR

Por outro lado, a corrente eficaz é encontrada usando-se um método grá-fico, conforme figura a seguir.

Figura 4.50: Cálculo da corrente eficaz


Fonte: Idem anterior

137
Eletrônica Analógica Conversores AC-DC (Retificadores)

Em que

2Vo
Ioef = Ief (4.16)
pZ
Z = R2 + X 2 (4.17)
X = ωL (4.18)
ω = 2πf (4.19)

Então, encontra-se o ângulo φ, conforme Eq. (4.13). A partir deste ângulo, encontra-se o parâmetro Ief que é usado na
Eq.4.16. Note, pela Figura 4.50, que também podemos calcular o valor da corrente média graficamente. O procedimento
é exatamente o mesmo usado no cálculo da corrente eficaz, substituindo-se Ief por Imd .

A utilização de um simples diodo, conhecido como diodo de Roda Livre pode evitar esta condução no
semiciclo negativo, conforme ilustrado na próxima figura.

Figura 4.51: Diodo de roda livre


Fonte: Idem anterior

Este diodo entra em condução quando o indutor inverte sua polaridade, evitando que exista condução no
ciclo negativo do sinal de entrada. A figura a seguir ilustra as formas de onda obtidas com a colocação do diodo de
roda livre.

Figura 4.52: Efeito do diodo de roda livre nas formas de onda


Fonte: Idem anterior

138
Eletrônica Analógica Conversores AC-DC (Retificadores)

A colocação do diodo de roda livre faz com que a tensão e a corrente média do retificador de meia onda
com carga resistiva-indutiva possa ser aproximada pelos valores para o circuito retificador de meia onda com carga
puramente resistiva.
Neste momento, abre-se a oportunidade de falarmos sobre os chamados modos de condução dos retifi-
cadores. Existem dois tipos: Modo de condução contı́nua e Modo de condução não-contı́nua.
No modo de condução contı́nua, a corrente não zera. Já no modo de condução não-contı́nua, a corrente chega
a zerar. Na a seguir, ilustra-se a tensão e a corrente na carga. Neste caso, percebe-se que o modo de condução é
contı́nuo.

Figura 4.53: Condução contı́nua


Fonte: Idem anterior

Se considerarmos um retificador de meia onda com carga resis-tiva-indutiva, usando-se um diodo de roda
livre, com pouca ondulação e operando no modo de condução contı́nua, então pode-se aproximar a corrente média na
carga pela corrente eficaz na mesma.

4.7.2 Retificadores Não-Controlados em Onda Completa com Carga Indutiva

A análise detalhada deste retificador é relativamente complexa, pois envolve o desenvolvimento em série de
Fourier. Assim, nos limitaremos a mostrar o circuito retificador em onda completa com carga indutiva e as expressões
matemáticas relevantes.

139
Eletrônica Analógica Conversores AC-DC (Retificadores)

Figura 4.54: Retificador em onda completa com carga indutiva


Fonte: O Autor

O desenvolvimento em série de Fourier para a tensão e a corrente de saı́da nos revela que
 
2 4 4
vo (ωt) = vp − cos 2ωt − cos 4ωt − ... (4.20)
π 3π 15π
 
2 4 4
io (ωt) = vp − cos (2ωt − φ2 ) − cos (4ωt − φ4 ) − ... (4.21)
πR 3πZ2 15πZ4

em que:
p
Zn = R2 + (nωL)2 (4.22)
 
(−1) nωL
φn = tg (4.23)
R

As expressões para a corrente e a tensão médias na carga são dadas por:

2Vp
vomd = (4.24)
π
2Vp
iomd = (4.25)
πR
(4.26)

Se ignorarmos as harmônicas de ordem superior à primeira, pode-se mostrar que a corrente eficaz na carga
é dada por: s
8V22 16V22

Ioef = + . (4.27)
π 2 R2 9π 2 Z22

Para o retificador não-controlado em ponte com carga indutiva, tem-se os seguintes resultados:

2vp
vomd = (4.28)
π
2vp
iomd = (4.29)
πR
2vp
ioef = (4.30)
πR

140
Eletrônica Analógica Conversores AC-DC (Retificadores)

Note que a corrente eficaz na carga é igual a corrente média na carga, pois estamos considerando que a
corrente na carga é constante. Os mesmos retificadores apresentados nesta seção podem ser implementados usando-se
diodos controlados (SCR). Da mesma forma que ocorreu com o retificador não-controlado de meia onda, o retificador
controlado de meia onda irá apresentar condução durante parte do semiciclo negativo. E, novamente, faz-se uso de um
diodo de roda livre para se eliminar este problema. Na análise que segue iremos apenas indicar os valores de interesse
sem qualquer demonstração. Ademais, não abordaremos os retificadores semicontrolados em que empregam-se diodos
controlados juntamente com diodos retificadores comuns.

4.7.3 Retificador de Meia Onda Controlado com Carga Resistiva

Figura 4.55: Retificador controlado em meia onda com carga resistiva


Fonte: http://professorpetry.com.br

Na Figura 4.55 o ângulo α representa o ângulo de disparo do SCR. Para este retificador, tem-se que:

Vp
Vomd = (1 + cosα) (4.31)

Vomd
Iomd = (4.32)
R

4.7.4 Retificador de meia onda controlado com carga indutiva

Figura 4.56: Retificador controlado em meia Onda com carga indutiva


Fonte: http://professorpetry.com.br

141
Eletrônica Analógica Conversores AC-DC (Retificadores)

Neste caso, temos a influência de dois ângulos: o ângulo de disparo e o ângulo de extinção. Para este
retificador, tem-se que:

Vp
Vomd = (cos(α) − cos(β)) (4.33)

Vomd
Iomd = (4.34)
R

4.7.5 Retificador de meia onda controlado com carga indutiva com diodo de roda livre

Figura 4.57: Retificador Controlado em meia onda com carga indutiva com diodo de Roda Livre
Fonte: http://professorpetry.com.br

Para este retificador, tem-se que:

Vp
Vomd = (1 + cos(α)) (4.35)

Vomd
Iomd = (4.36)
R

4.7.6 Retificador de onda completa controlado (todas as estruturas) com carga pura-
mente resistiva

Figura 4.58: Retificador controlado em onda completa com carga resistiva


Fonte: http://professorpetry.com.br

Para este retificador, tem-se que:

Vomd = 0, 318Vp (1 + cos(α)) (4.37)


Vomd
Iomd = (4.38)
R

142
Eletrônica Analógica Conversores AC-DC (Retificadores)

4.7.7 Retificador de onda completa controlado (todas as estruturas) com carga indutiva

Figura 4.59: Retificador controlado em onda completa com carga indutiva


Fonte: http://professorpetry.com.br

Para este retificador, tem-se que:

Vomd = 0, 318Vp (cos(α) − cos(β)) (4.39)


Vomd
Iomd = (4.40)
R

4.7.8 Retificadores Trifásicos Não-Controlados

Os retificadores trifásicos possuem vantagens em relação aos retificadores monofásicos, tais como:

a) Menor tensão de ondulação: Desta forma pode-se usar um capacitor de filtro menor para a mesma
tensão de ondulação em relação aos retificadores monofásicos. Esta propriedade decorre do fato de
que a frequência de ondulação é maior nos retificadores trifásicos.

b) Maior valor de tensão média: O que representa um melhor rendimento.

Aqui iremos mostrar os retificadores trifásicos a 3, 6 e 12 pulsos.

Retificadores Trifásicos a 3 Pulsos com Carga Puramente Resistiva

Os retificadores trifásicos não-controlados a 3 pulsos são os mais simples. Aqui, apenas um diodo irá conduzir
por vez. Note que cada vez que um determinado diodo entra em condução, ele coloca uma tensão positiva no catodo
dos outros diodos, bloqueando os mesmos. O diodo que vai estar conduzindo é sempre aquele cuja tensão no anodo for
a maior. Assim, basta observar os três sinais em um mesmo gráfico para se determinar o sinal retificado na saı́da.

143
Eletrônica Analógica Conversores AC-DC (Retificadores)

Figura 4.60: Retificador trifásico não-controlado de 3 pulsos com carga puramente resistiva
Fonte: Ashfaq, 2010

Os sinais trifásicos, conforme sabemos, apresentam uma defasagem entre si de 120°. Assim, podemos repre-
sentar matematicamente estes sinais por

vAN (t) = Vp sen(ωt) (4.41)


vBN (t) = Vp sen(ωt − 120°) (4.42)
vCN (t) = Vp sen(ωt + 120°) (4.43)

em que Vp é o pico na tensão de fase (isto é, medida em relação ao Neutro do sistema).

Figura 4.61: Sinais trifásicos


Fonte: https://www.monografias.com

144
Eletrônica Analógica Conversores AC-DC (Retificadores)

Observe na Figura 4.61 os pontos de cruzamento dos sinais vAN com vCN e vAN com vBN . Vamos determinar
em que ângulo ocorre estes cruzamentos.

vAN (t) = Vp sen(ωt) = vCN (t) = Vp sen(ωt + 120°)


sen(ωt) = sen(ωt + 120°) = sen(ωt)cos(120°) + sen(120°)cos(ωt)

3
sen(ωt) (1 + 0, 5) = cos(ωt)
√ 2
3
tg(ωt) = ⇒ ωt = 30°
3

De forma inteiramente similar, escrevemos

vAN (t) = Vp sen(ωt) = vBN (t) = Vp sen(ωt − 120°)


sen(ωt) = sen(ωt − 120°) = sen(ωt)cos(120°) − sen(120°)cos(ωt)

3
sen(ωt) (1 + 0, 5) = −cos(ωt)
√ 2
3
tg(ωt) = − ⇒ ωt = 150°
3

O último ponto de cruzamento é obtido igualando-se vBN = vCN . Usando-se o fato de que sen(A±B) = sen(A)cos(B)±
sen(B)cos(A). Resulta:

vBN (t) = Vp sen(ωt − 120°) = vCN (t) = Vp sen(ωt + 120°)


(( ((( + sen(120°)cos(ωt)
sen(ωt)cos(120°)
( ((((
( − sen(120°)cos(ωt) = (sen(ωt)cos(120°)
((((
−
 
sen(120°)cos(ωt)
 =sen(120°)cos(ωt)

−cos(ωt) = cos(ωt) ⇒ ωt = 270°

Então, na carga temos o seguinte sinal

Figura 4.62: Sinal retificado trifásico


Fonte: Idem - Alterado pelo Autor

145
Eletrônica Analógica Conversores AC-DC (Retificadores)

Pode-se mostrar que o valor médio da tensão de saı́da vale



3 3Vp
vo(avg) =

3 π
vo(avg) = Vp sen( ) ≈ 0, 827Vp .
π 3

Vo(avg)
Como a carga é puramente resistiva, podemos escrever: Io(avg) = . Perceba da Figura 4.62 que a tensão
R
retificada na saı́da varia entre 50%Vp e Vp e que cada diodo conduz por um ângulo de 120°.
No estudo de sistemas trifásicos, dois conceitos são importantes e estão inter-relacionados: Tensão de Fase
e Tensão de Linha.

Tensão de Fase: É a tensão entre uma fase e o neutro.


Tensão de Linha: É a tensão entre quaisquer duas fases.

√ √
Pode-se mostrar que Vpico(linha) = VP L = 3Vpico(f ase) = 3Vp . Neste sentido, podemos expressar a tensão
média na saı́da do retificador trifásico a 3 pulsos em função da tensão de linha, ou seja:

VP L
vo(avg) = 0, 827Vp = 0, 827 √ = 0, 477VP L (4.44)
3

Algumas equações úteis:

fripple = 3frede = 180Hz (4.45)


Io(max) = 1, 21Io(avg) (4.46)
Io(rms) = 0, 408Io(max) (4.47)
Io(avg)
ID(avg) = (4.48)
3

Compare a frequência de Ripple do retificador trifásico com a mesma frequência vista no estudo dos reti-
ficadores monofásicos. Perceba que com um Ripple maior poderemos usar capacitores de menor capacitância para o
mesmo resultado, em termos de ondulação.

Retificadores Trifásicos a 3 Pulsos com Carga Resistiva-Indutiva

Aqui iremos considerar cargas RL fortemente indutivas. Isto significa que a corrente no indutor poderá ser
considerada aproximadamente constante. O circuito basicamente é o mesmo, apenas atentando para o fato de que
as correntes nos diodos serão consideradas constantes. Da mesma forma como vimos anteriormente apenas um único
diodo irá conduzir por vez. As curvas das correntes em cada fase e na carga podem ser observadas na Figura 4.63.
Os ângulos de condução dos diodos são os mesmos, as expressões matemáticas para as diversas tensões e
correntes de interesse são as mesmas vista no tópico anterior.

146
Eletrônica Analógica Conversores AC-DC (Retificadores)

Figura 4.63: Tensão na saı́da e correntes nos diodos em um retificador trifásico com carga RL
Fonte: Ashfaq, 2010

Fórmulas Úteis:

Io(avg)
ID(avg) = (4.49)
3
Io(rms) = Io(avg) (4.50)
ID(max) = Io(max) = ID(avg) (4.51)

Retificadores Trifásicos a 6 Pulsos com Carga Resistiva

Estudaremos agora o retificador trifásico não-controlado de onda completa em ponte, ou simplesmente, reti-
ficador trifásico a 6 pulsos.

147
Eletrônica Analógica Conversores AC-DC (Retificadores)

Figura 4.64: Retificador trifásico a 6 pulsos com carga puramente resistiva


Fonte: Ashfaq, 2010

Vamos chamar de iA a corrente na fase A, iB a corrente na fase B, iC a corrente na fase C. Ademais, iremos
chamar de i1 a corrente que atravessa o diodo D1, i2 a corrente que atravessa o diodo D2, i3 a corrente que atravessa o
diodo D3, i4 a corrente que atravessa o diodo D4, i5 a corrente que atravessa o diodo D5 e i6 a corrente que atravessa
o diodo D6.
Agora, observe que dois diodos irão conduzir em cada momento. Uma forma bastante prática de determinar
quais diodos irão conduzir é tomar uma das fases como referência e observar os valores relativos das outras fases em
relação a esta referência. Considere, por exemplo, a fase B como referência. Os sinais vAB e vCB estão ilustrados na
Figura 4.65.

Figura 4.65: Sinais trifásicos e sinais relativos a fase B


Fonte: Ashfaq, 2010

148
Eletrônica Analógica Conversores AC-DC (Retificadores)

Note que entre 0° e 60° a fase C possui o maior sinal (mais positivo) e fase B possui o menor sinal (mais
negativo). Portanto, de acordo com a Figura 4.65, apenas os diodos D3 e D5 estão conduzindo. Entre 60° e 120° a
fase A possui o maior sinal e a fase B o menor sinal. Portanto, conduzem os diodos D1 e D5. Entre 120° e 180° a fase
A possui o maior sinal e a fase C o menor sinal. Portanto, conduzem os diodos D1 e D6. Entre 180° e 240° a fase B
possui o maior sinal e a fase C o menor sinal. Portanto, conduzem os diodos D2 e D6. Entre 240° e 300° a fase B
possui o maior sinal e a fase A o menor sinal. Portanto, conduzem os diodos D2 e D4. Entre 300° e 3600° a fase C
possui o maior sinal e a fase A o menor sinal. Portanto, conduzem os diodos D3 e D4.
Para desenhar as curvas que representam as correntes, note que devemos aplicar a Lei de Kirchhoff das
correntes aos nós A, B e C. Assim, temos:

iA + i4 = i1 ⇒ iA = i1 − i4 (4.52)
iB + i5 = i2 ⇒ iB = i2 − i5 (4.53)
iC + i6 = i3 ⇒ iC = i3 − i6 (4.54)

Figura 4.66: Correntes nos diodos da ponte a 6 pulsos


Fonte: Ashfaq, 2010

As correntes de fase iA , iB e iC obtidas conforme as respectivas equações possuem a aparência ilustrada na


Figura 4.67.

149
Eletrônica Analógica Conversores AC-DC (Retificadores)

Figura 4.67: Correntes nas fases A, B e C


Fonte: Ashfaq, 2010

Algumas Fórmulas

fripple = 6frede = 360Hz (4.55)


Ângulo de condução de cada diodo = 120° (4.56)
V0(avg) = 1, 654Vp = 0, 955VP L (4.57)
Vp
Io(avg) = 0, 955 (4.58)
R
Io(avg)
ID(avg) = (4.59)
3
Io(avg)
ID(RM S) = √ (4.60)
3

Novamente, note o aumento expressivo da frequência de Ripple em relação aos retificadores monofásicos
vistos anteriormente. Note a melhoria do retificador a 6 pulsos em relação ao retificador a 3 pulsos visto anteriormente.
Perceba que a tensão média na carga se aproxima cada vez mais da tensão de pico devido à baixa ondulação.

Retificadores Trifásicos a 6 Pulsos com Carga Resistiva-Indutiva Quando a carga do retificador trifásico não-
controlado a 6 pulsos (Onda completa) é resistiva-indutiva, as correntes são aproximadas por correntes constantes (isto
é especialmente verdadeiro quanto maior for a componente indutiva). Sendo assim, as curvas da tensão de saı́da e das
correntes são basicamente as mesmas, com a diferença de que agora consideramos as mesmas constante nos instantes
em que não é nula, tal como mostrado na Figura 4.63 para o retificador trifásico a 3 pulsos com carga RL.

150
Eletrônica Analógica Conversores DC-DC (Choppers)

Algumas Fórmulas

fripple = 6frede = 360Hz (4.61)


Ângulo de condução de cada diodo = 120° (4.62)
V0(avg) = 0, 955VP L (4.63)
Vp
Io(avg) = 0, 955 (4.64)
R
Io(avg)
ID(avg) = (4.65)
3
Io(avg)
ID(RM S) = √ (4.66)
3
iA(RM S) = iB(RM S) = iC(RM S) = 0, 82Io(avg) (4.67)
Io(RM S) = 0, 956Ip (4.68)

Retificadores Trifásicos a 12 Pulsos com Carga Resistiva-Indutiva

De todos os retificadores trifásicos apresentados aqui, este é o que possui o melhor rendimento, no sentido
de que a tensão média na saı́da mais se aproxima do valor da tensão de pico. Este retificador possui uma frequência
de Ripple de 12 vezes a frequência da rede, isto é, fripple = 12frede = 720Hz. Este elevado valor da tensão de ripple
permite a utilização de capacitores de filtro de capacitância 12 vezes menor, em relação às fonte de tensão monofásicas.
Para este retificador, a defasagem entre as tensões é de 30°. O valor médio da tensão de saı́da é de Vo(avg) = 0, 989Vp .

4.8 Conversores DC-DC (Choppers)

Conversores DC-DC são encontrados em diversos equipamentos eletrônicos, como por exemplo, computadores
e telefones celulares. Existem muitas topologias de conversores DC-DC. Aqui iremos tratar apenas das topologias Buck,
Boost, Buck-Boost e Fly-Back. Conversores DC/DC são o coração das chamadas Fontes Chaveadas.
Todos os conversores DC-DC apresentados aqui operam em regime de chaveamento. Alguns exemplos usam
transistores bipolares, outros usam transistores de efeito de campo. É interessante que este conversores sejam montados
e seus modos de operação possam ser avaliados (Modo Contı́nuo e Modo Não-Contı́nuo). É claro que Tiristores podem
ser usados perfeitamente como chaves semicondutoras na montagem destes conversores, permitindo assim uma variação
na tensão obtida, em função do ângulo de disparo. Também é possı́vel usar um microcontrolador para ajustar os ciclos
de trabalho das chaves semicondutoras.

4.8.1 Topologia Boost

A topologia Boost também é conhecida como Step-Up. Nesta topologia, uma tensão DC é convertida em
outra tensão DC de maior valor. Um esquema possı́vel é apresentado na Figura 4.68.

151
Eletrônica Analógica Conversores DC-DC (Choppers)

Figura 4.68: Conversor DC-DC tipo Boost


Fonte: O Autor

O diodo D1 na Figura 4.68 tem a finalidade de evitar que o capacitor perca carga através do transistor. O
circuito formato pelos inversores corresponde a um oscilador, cujo funcionamento explicamos a seguir.

Funcionamento do Oscilador
Suponha que o capacitor C1 esteja descarregado. Nesta situação o inversor produz uma saı́da em nı́vel lógico
alto, ou seja, +5V (para lógica TTL). Esta tensão de +5V na saı́da faz com que o capacitor comece a ser carregado
através do resistor R1. Quando a tensão no capacitor atingir um valor que o inversor lógico reconheça como nı́vel
lógico alto, ele comuta a saı́da para nı́vel lógico baixo. Assim, o capacitor começa a se descarregar através do resistor
R1. Quando a tensão no capacitor atingir um determinado valor reconhecido pelo inversor lógico como nı́vel lógico
baixo, ele comuta (chaveia) a sua saı́da para nı́vel lógico alto e, assim, recarrega o capacitor novamente. E o ciclo fica
se repetindo indefinidamente.
Chaveamento do Transistor
Note que o transistor vai ficar recebendo um sinal em onda quadrada de tal modo que ele ficará continuamente
chaveando entre os estados de saturação e corte.

Operação do Indutor Cada vez que o transistor saturar, vai aparecer um ”Terra” no coletor, uma vez que o emissor
está aterrado. Nesta situação, o indutor L1 vai carregar. No próximo momento, ou seja, quando o transistor cortar, o
indutor vai carregar o capacitor. Note que a polaridade no indutor vai inverter, polarizando o diodo diretamente.

152
Eletrônica Analógica Conversores DC-DC (Choppers)

Percebe-se que a tensão que será armazenada no Capacitor será a soma da tensão Vin com a tensão entre os
terminais do indutor, ou seja: Vout = Vin + vL

4.8.2 Topologia Buck

Figura 4.69: Conversor DC-DC tipo Buck


Fonte: O Autor

A análise do circuito da Figura 4.69 nos revela que quando o transistor estiver saturado a tensão de entrada
Vin será aplicada ao indutor, com o diodo ficando desligado. Neste sentido, note que a tensão de saı́da será a diferença
entre a tensão de entrada e a tensão no indutor (que terá polaridade contrária à polaridade da tensão de entrada).
Quando o transistor cortar, a tensão de entrada deixa de ser aplicada ao indutor, que foi carregado no ciclo
anterior. Neste momento, a polaridade do indutor é invertida, polarizando o diodo reversamente. Note que o diodo D
permite que a corrente do indutor carregue o capacitor fornecendo um caminho fechado de circulação desta corrente.
A carga ligada à saı́da deste conversor irá drenar uma corrente que irá descarregar o capacitor. Se o intervalo de
chaveamento do transistor for longo, o capacitor irá descarregar completamente e o conversor é dito operar no Modo
Descontı́nuo. Portanto, o valor da indutância do indutor, além da frequência de chaveamento, determina o modo de
operação do conversor.

4.8.3 Topologia Buck-Boost

O conversor Buck-Boost é um conversor que tanto opera como conversor Buck como pode operar como
conversor Boost.

153
Eletrônica Analógica Conversores DC-DC (Choppers)

Figura 4.70: Conversor DC-DC tipo Buck-Boost


Fonte: O Autor

Quando o transistor saturar (chave fechada), então, o diodo irá desligar (OFF) e o indutor será carregado.
O tempo em que o transistor está saturado corresponde a ton = DT , conforme vimos ao estudar o conceito de ciclo
de trabalho. Como a tensão no indutor é constante (DC), então, pode-se mostrar que a corrente no indutor cresce
linearmente; a saber:
t t
vin · t
Z Z
1 1
iL (t) = iL (0) + vL (t)dt = imin + vin dt = imin +
L 0 L 0 L

Mas, iL (DT ) = imax e, portanto:

vin · DT
iL (DT ) = imin +
L

Logo, podemos escrever

vin · DT
∆I =
L
vin vin
L = DT = D
∆I ∆I · f

Quando o transistor cortar, o indutor deixa de receber corrente da fonte e, ele mesmo, passa a atuar como
uma fonte de corrente, descarregando-se ao longo do tempo. Note que, como o indutor inverte sua polaridade, o diodo
passa a ficar diretamente polarizado. Perceba que a saı́da, neste instante deverá inverter sua polaridade, pois o indutor
está ”em paralelo” com o capacitor. Como a tensão média no indutor deve ser nula (senão ele estouraria), podemos
escrever:

Vin DT + (−Vo )(1 − D)T = 0


Vin DT = Vo (1 − D)T
Vo D
=
Vin 1−D

154
Eletrônica Analógica Conversores DC-DC (Choppers)

Vo
Seja G = , então, a condição G > 1 implica que
Vin

D 1
> 1 ⇒ D > 1 − D ⇒ 2D > 1 ⇒ D >
1−D 2

E, portanto, a tensão na saı́da é maior do que na entrada quando D0 , 5. Logo, o circuito é um Boost. Por
outro lado, a condição G < 1 implica que a tensão na saı́da é menor do que na entrada quando D < 0, 5. Logo, o
circuito é um Buck.

4.8.4 Topologia Fly-Back

Figura 4.71: Conversor DC-DC tipo Flyback


Fonte: O Autor

Neste tipo de conversor usa-se um transformador com núcleo de ferrite (devido a alta frequên-cia de chavea-
mento).
Quando o transistor satura, o indutor carrega uma dada energia. Ao cortar, o campo magnético armazenado
no indutor irá começar a reduzir. Isto fará o fluxo variar e irá induzir tensões nos secundários do transformador.
Considere o circuito a seguir.

155
Eletrônica Analógica Conversores DC-AC

Suponha que a tensão na saı́da, por algum motivo (solicitação de corrente por parte da carga, por exemplo)
foi reduzida. Nesta situação, a tensão de referência reduz também. Então, o tempo em que o transistor ficará saturado
vai aumentar devido ao comparador. Isto fará com que mais energia seja armazenada no primário do transformador,
elevando a tensão no secundário quando o transistor cortar. Em outras palavras, o circuito acima se ajusta às variações
de tensão na saı́da.

4.9 Conversores DC-AC

Existe uma certa confusão entre os chamados inversores de po-tência e os chamados inversores de frequência.
Ambos são conversores DC/AC. Todavia, os inversores de frequência, amplamente utilizados dentro das indústrias, tem
como finalidade principal o controle da velocidade de motores. Enquanto que nos inversores de potência é feita uma
conversão para uma tensão alternada fixa. São utilizados nos chamados ”No-Breaks”. Em verdade, esta expressão
não existe no idioma inglês, o termo correto é UPS (Uninterruptable Power Supply). Aqui trataremos apenas dos
inversores de potência.
Os inversores convertem uma tensão DC proveniente, por exemplo, de uma bateria em uma tensão alternada
que pode ser senoidal, quadrada ou senoidal modificada. Basicamente, podemos considerar dois tipos de inversores: a)
Inversor em meia ponte e b) Inversor em ponte completa.

4.9.1 O Inversor em Meia Ponte

O circuito a seguir é conhecido como Inversor em Meia Ponte (ou ponte H).

Figura 4.72: Inversor em meia ponte


Fonte: http://professorpetry.com.br

As duas fontes Vg são fontes DC, os transistores operam como chaves e nunca chaveiam ao mesmo tempo, os
diodos são diodos de retorno.
Se a carga for puramente resistiva e considerando que os transistores comutam alternadamente, a tensão de
saı́da na carga possui o seguinte aspecto:

156
Eletrônica Analógica Conversores AC-AC (Cicloconversores)

Figura 4.73: Tensão de saı́da para o inversor em meia ponte


Fonte: O Autor

Note que, caso seja considerado um certo intervalo em que os dois transistores estejam desligados, haverá um
tempo com tensão nula entre a parte positiva e a parte negativa do sinal na Figura 4.73.

4.9.2 O Inversor em Ponte Completa

O circuito mostrado a seguir é conhecido como Inversor em Ponte Completa.

Figura 4.74: Inversor em ponte completa


Fonte: http://professorpetry.com.br

Note que no Inversor em Ponte Completa a amplitude de saı́da é o dobro da amplitude de saı́da para o
inversor em meia ponte. Perceba também que os transistores chaveiam aos pares diagonalmente, isto é, Q1 e Q4 ou
Q2 e Q3. Os diodos D1, D2, D3 e D4 são diodos de retorno.

4.10 Conversores AC-AC (Cicloconversores)

Os cicloconversores são utilizados quando desejamos converter um sinal alternado em outro sinal alternado
de amplitude e frequência que podem ser distintos do sinal original. Normalmente, a frequência na saı́da de um
cicloconversor é menor do que a frequência em sua entrada. Uma possibilidade de conversão AC-AC é realizar uma

157
Eletrônica Analógica Conversores AC-AC (Cicloconversores)

retificação (AC-DC), seguida por uma inversão (DC-AC); por esta razão, os cicloconversores também são conhecidos
como Cicloinversores.

Figura 4.75: Diagrama em blocos de um cicloconversor


Fonte: O Autor

Cicloconversores são usados principalmente no controle de velocidade de motores tais como em Moinhos de
Bola, Fornos de cimento, etc. A frequência de saı́da de um cicloconversor pode ser reduzida a zero, permitindo uma
partida lenta com carga máxima, aumentando-se a velocidade gradualmente. Antes dos cicloconversores, os motores
tinham que partir sem carga alguma e sendo carregados gradualmente até atingirem a velocidade máxima.
Existem dois tipos de cicloconversores:

a) Elevadores (Step-Up): Em que a frequência de saı́da é maior do que a frequência de entrada. Estes
cicloconversores quase não encontram aplicações e exigem um circuito mais complexo.

b) Redutores (Step-Down): Em que a frequência de saı́da é menor do que a frequência de entrada.


Estes cicloconversores encontram muitas aplicações e possuem circuitos mais simples de serem
implementados. Podem ser de três tipos: i) Cicloconversores Monofásicos para Monofásicos; ii)
Trifásicos para monofásicos e iii) Trifásicos para trifásicos.

O princı́pio básico de funcionamento de um cicloconversor é o mesmo, qualquer que seja o tipo. O que muda
de um cicloconversor para outro é o número de chaves semicondutoras. Um cicloconversor básico (mı́nimo) é mostrado
a seguir.

Figura 4.76: Cicloconversor básico


Fonte: https://circuitdigest.com

Note que em ambos os lados da carga há um circuito de comutação. Um deles funciona apenas durante o
semiciclo positivo, enquanto que o outro funciona durante o semiciclo negativo do sinal AC de entrada. O circuito de
comutação normalmente emprega SCRs como chaves semicondutoras. Todavia, também é possı́vel o uso de IGBTs

158
Eletrônica Analógica Conversores AC-AC (Cicloconversores)

e MOSFETs. Há também um circuito de controle que determina quando o dispositivo de potência deve conduzir e
quando deve cortar. Este circuito de controle inclui um microcontrolador. Desta forma, o usuário pode controlar a
frequência de saı́da ajustando os parâmetros no microcontrolador. Os diodos da Figura 4.76 representam o sentido do
fluxo de corrente.

Cicloconversor Monofásico para Monofásico

Figura 4.77: Cicloconversor monofásico para monofásico


Fonte: https://circuitdigest.com

Este cicloconversor raramente é usado, mas seu estudo ajuda na compreensão do Cicloconversor Trifásico.
Note a presença de duas pontes retificadoras controladas em onda completa. Todos os terminais de Gate dos SCRs são
conectados a um circuito de controle que não está mostrado nesta figura.
Suponha que a frequência de entrada seja de 50 Hz e a carga seja puramente resistiva com ângulo de disparo
de 0°. Desta forma, quando acionado o SCR conduz como um diodo comum no semiciclo positivo e quando desacionado
bloqueia no semiciclo negativo. Então, considerando que desejamos reduzir a frequência de saı́da para 25% da frequência
do sinal de entrada, temos as seguintes formas de onda.

Figura 4.78: Formas de onda de um cicloconversor monofásico para monofásico


Fonte: https://circuitdigest.com

É fácil perceber que a frequência do sinal de saı́da (linha pontilhada), neste caso, corresponde exatamente a
12,5Hz, ou seja, 1/4 da frequência do sinal de entrada.

159
Eletrônica Analógica Conversores AC-AC (Cicloconversores)

Cicloconversor Trifásico para Monofásico

Figura 4.79: Cicloconversor trifásico para monofásico


Fonte: https://circuitdigest.com

Este circuito é muito semelhante ao cicloconversor Monofásico para Monofásico, exceto pelo fato de que aqui
teremos 6 diodos controlados em cada lado da carga formando uma ponte retificadora trifásica. O circuito de controle
que decide sobre a comutação dos SCRs não é mostrado. Neste retificador, existem duas possibilidades: a) Usar um
retificador controlado trifásico de meia onda ou b) Usar um retificador controlador trifásico em onda completa (Figura
4.79). Em verdade, o retificador trifásico controlado de meia onda não é muito usado devido ao seu baixo desempenho.

Cicloconversor Trifásico para Trifásico

Figura 4.80: Cicloconversor trifásico para trifásico


Fonte: https://circuitdigest.com

Este é o cicloconversor mais usado porque ele permite o uso direto em motores trifásicos com a carga trifásica,
normalmente, conectada em estrela. Aqui também é possı́vel a retificação trifásica em meia onda ou em onda completa.
O cicloconversor de meia onda é conhecido como cicloconversor a 18 tiristores ou a 3 pulsos. O cicloconversor em onda
completa é conhecido como cicloconversor a 36 tiristores ou a 6 pulsos.

Questões de Revisão do Capı́tulo

160
Eletrônica Analógica Conversores AC-AC (Cicloconversores)

Exercı́cio 4.1
1) Qual a finalidade da Eletrônica de Potência?

2) Quais as possı́veis formas de conversão de energia?

3) O que é Ciclo de Trabalho?

4) Dê exemplos de chaves semicondutoras usadas em Eletrônica de Potência (EPT).

5) Mostre a estrutura fı́sica do diodo de potência.

6) Por que quando o diodo de potência é polarizado diretamente há um crescimento em sua tensão e depois há
uma queda nesta mesma tensão? A que se deve esta queda?

7) O que é um Snubber?

8) Quais são as duas grandes famı́lias de Transistores de Efeito de Campo?

9) O que é Pinch-Off ?

10) Como se testa um JFET usando um multı́metro?

11) Quais as regiões de operação de um JFET?

12) Mostre a equação de Shockley para a região de saturação do JFET.

13) Mostre o modelo AC do JFET.

14) Quais são as duas grandes famı́lias do transistor MOSFET?

15) Cite algumas caracterı́sticas dos transistores JFET e MOSFET.

16) O que é um tiristor? Exemplifique.

17) O que é corrente de retenção (iL ) e corrente de manutenção (iH ) de um SCR?

18) Como se desliga um SCR?

19) Ilustre o modelo de transistores bipolares de um SCR.

20) Como se testa um SCR usando um multı́metro?

21) Como se dispara um SCR?

22) O que é um TRIAC? Quais os seus terminais?

23) Mostre o circuito equivalente de um TRIAC usando SCR.

24) Compare o SCR com o TRIAC.

25) O que é um DIAC? Qual a finalidade do mesmo?

26) O que é um IGBT?

27) Onde se usam (normalmente) transistores de Unijunção (UJT)?

161
Eletrônica Analógica Conversores AC-AC (Cicloconversores)

28) Como se testa um UJT?

29) Mostre o comportamento de um retificador não-controlado com carga resistiva-indutiva.

30) Qual a finalidade do diodo de Roda Livre?

31) O que é Modo de Condução Contı́nua e Modo de Condução Descontı́nua?

32) O que é um retificador Semicontrolado?

33) O que é um Chopper? Onde usamos Choppers?

34) Quais as topologias de conversores DC-DC vistas no texto?

35) Ilustre o circuito de um inversor de meia ponte.

36) O que são cicloconversores? Quais os tipos existentes?

162
Referências Bibliográficas

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2008. Eletrônica de potência. Pearson Education do Brasil.

Arrabaça, Devair Aparecido e Gimenez, S. P.


2013. Conversores de energia elétrica CC/CC para aplicações em eletrônica de potência: conceitos, metodologia de
análise e simulação. São Paulo: Érica.

Barbi, I.
2008. Eletrônica de potência. Ed. do Autor.

Boylestad, Robert L e Nashelsky, L.


1984. Dispositivos eletrônicos e teoria de circuitos, volume 6. Prentice-Hall do Brasil.

De Almeida, J. L. A.
2018. Dispositivos Semicondutores–Tiristores-Controle de Potência em CC e CA. Editora Saraiva.

Hart, D. W.
2016. Eletrônica de potência: análise e projetos de circuitos. McGraw Hill Brasil.

Malvino, Albert Paul e Bates, D. J.


2011. Eletrônica. AMGH.

Pertence Jr, A.
2015. Amplificadores Operacionais e Filtros Ativos-8. Bookman Editora.

Sedra, SA e Smith, K.
2011. Microeletrônica. Quinta Edição. Pearson Makron Books.

Tocci, RJ e Widmer, N. and G. Moss


2007. Sistemas Digitais: Prinı́pios e Aplicações, 10a edição. Editora Pearson Prentice Hall.

163
Índice Remissivo

Amplificador Operacional, 68 Tipos de Conversores AC/AC, 158


Amplificador de Instrumentação, 76 Conversor AD
Amplificador Inversor, 72 Aproximação Sucessiva, 95
Amplificador Não-Inversor, 70 Conversor Paralelo, 93
Antilog, 84 Erro de Quantização, 92
Aplicações, 68 Parâmetros, 92
Aplicações Lineares, 70 Rampa Simples, 94
Comparador, 80 Sample & Hold, 92
Comparador com Histerese, 81 Teorema de Nyquist, 92
Conversão AD e DA, 90 Conversor DA, 96
Detector de Cruzamento pelo Zero, 82 Rede R-2R, 98
Diferenciador, 77 Resistores Ponderados, 97
Filtro Passa-Alta, 89 Conversor DC/AC, 156
Filtro Passa-Baixas, 89 Meia Ponte, 156
Filtro Passa-Faixa, 90 Ponte Completa, 157
Filtros Ativos, 89 Conversor DC/DC, 151
Integrador, 79 Boost, 151
Limitador, 83 Buck, 153
Log, 84 Buck-Boost, 153
Oscilador de Colpitts, 88 Chopper, 151
Oscilador de Hartley, 88 Flyback, 155
Osciladores, 85 Fonte Chaveada, 151
Parâmetros, 69
Ponte de Wien, 87 DIAC, 131
Retificador de Precisão, 82 Curva Caracterı́stica de Operação e Simbologia,
Seguidor de Tensão, 73 131
Simbologia, 69 Diagrama de Bandas, 11
Somador, 73 Diodo
Subtrator, 75 Análise DC, 17
Corrente de Difusão, 15
Banda de Condução, 11
Datasheet, 27
Banda de Valência, 11
Diodo de Junção, 14
Camada de Valência, 11 Diodo Zéner, 32
Conversor AC/AC, 157 Diodos Especiais, 30

164
Eletrônica Analógica Índice Remissivo

Encoders, 42 Equação de Shockley, 112


Equação de Shockley, 57 Modelo AC, 118
Gunn, 31 Polarização, 113
Modelo, 17 Polarização Fixa, 113
PIN, 31 Regiões de Operação, 112
Polarização Direta, 15 Simbologia, 109
Polarização Reversa, 16 Teste de JFET, 111
Ponto Quiescente de Operação, 18
Resistência AC Média, 17 Lacunas, 13
Resistência Dinâmica, 17 LED
Resistência Estática, 17 Diodo Emissor de Luz, 28
Reta de Carga, 18 LED multicolorido, 29
Tensão de Joelho, 15 Tensão do LED, 30
Zona de Depleção, 14 Ligação Covalente, 11

Eletrônica de Potência, 10 Materiais Condutores, 11


Chaves Semicondutoras, 103 Materiais Isolantes, 11
Conversão de Energia, 101 MOSFET
Curva Caracterı́stica de Operação, 112 Tipos de Transistores MOSFET, 119
Diodo de Potência, 105
Estrutura Interna de JFET, 108 Portador
JFET, 108 Majoritário, 15
MOSFET, 108 Minoritário, 15
Perdas em uma Chave Semicondutora, 104
Ruptura Primária, 108 Regulador de Tensão
Ruptura Secundária, 108 Regulador de 3 terminais, 37
Snubber, 106 Regulador de Tensão Ajustável a partir de 0V, 40
Transistor Bipolar de Potência, 107 Regulador Negativo, 37
Transistor de Efeito de Campo, 108 Regulador Positivo, 37
Reguladores Ajustáveis, 40
Fonte de Tensão Reguladores Fixos, 37
Fonte de +5V, 37 Reguladores Paralelos, 33
Fonte de +9V, 38 Retificadores, 135
Fonte Simétrica, 38 Ângulo de Extinção, 136
Diodo de Roda Livre, 138
IGBT, 131
Modos de Operação Contı́nua e Descontı́nua, 139
Simbologia, 131
Retificador com Filtro, 23
Teste de IGBT, 132
Retificador de Meia Onda, 19
Impurezas
Retificador de Onda Completa, 21
Pentavalentes, 13
Retificador em Onda Completa com Derivação
Trivalentes, 13
Central, 21
JFET Retificador em Ponte, 21
Autopolarização, 115 Retificadores de Meia Onda Controlado, 141
Caracterı́sticas, 109 Retificadores de Onda Completa Controlado, 142
Divisor de Tensão, 117 Retificadores Não-Controlados de Meia Onda, 135

165
Eletrônica Analógica Índice Remissivo

Retificadores Não-Controlados em Onda Ganhos de Tensão e Corrente e Impedâncias de


Completa, 139 entrada e saı́da, 61
Retificadores Trifásicos a 3 pulsos, 143 Inventores, 43
Retificadores Trifásicos a 6 pulsos, 147 Modelo AC (baixas frequências), 57
Retificadores Trifásicos Não-Controlados, 143 Modelo com diodos, 44
Ripple, 23 Montagens, 45
Tensão de Ondulação, 23 Polarização de Transistores, 50
Tensão Média, 22 Polarização do Emissor por Fonte Simétrica, 52
Polarização por Divisor de Tensão, 50
SCR Polarização por Realimentação do Coletor, 53
Bloqueio por Capacitor, 122 Polarização por Realimentação do Coletor e do
Corrente de Manutenção, 120 Emissor, 54
Corrente de Retenção, 120 Polarização por Realimentação do Emissor, 52
Disparo, 122 Região Ativa, 44
Estrutura Interna, 120 Região Ativa Inversa, 44
Formas de Bloqueio, 120 Região de Corte, 44
Modelo usando Transistores Bipolares, 121 Região de Saturação, 44
Proteção contra curto-circuito de fonte de Regiões de Operação, 44
alimentação, 126 Reta de Carga, 47
Teste de SCR, 121 Terminal de Base, 43
Semicondutor Terminal de Coletor, 43
Dopagem, 13 Terminal de Emissor, 43
Materiais Semicondutores, 11 Transistores Bipolares, 42
Material Tipo N, 13 Vantagens dos Transistores, 43
Material Tipo P, 13 TRIAC, 126
Processo de Czochralski, 12 Comparação com SCR, 128
Purificação de Semicondutor, 12 Curva Caracterı́stica de Operação e Simbologia,
Semicondutor Extrı́nseco, 13 126
Semicondutor Intrı́nseco, 12 Limitações, 128
Sinal Analógico, 9 Quadrantes de Operação, 127
Sinal Digital, 10
UJT, 132
Caracterı́sticas, 133
Tetravalente, 11
Curva Caracterı́stica de Operação e Simbologia,
Tiristores, 119
132
SCR, 119
Funcionamento, 134
Transistor
Razão Intrı́nseca, 134
Análise AC de Amplificadores, 55
Teste de UJT, 134
Base Comum, 63
Coletor Comum, 62 Zener
Darlington, 64 Correntes Máxima e Mı́nima, 32
Ganhos alfa e beta, 45 Modelo, 33

166
Eletrônica Analógica Índice Remissivo

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