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PROCESSO Nº TST-Ag-AIRR-21410-54.2014.5.04.

0013

ACÓRDÃO
(7ª Turma)
GMAAB/tpn/

AGRAVO EM AGRAVO DE INSTRUMENTO EM


RECURSO DE REVISTA. ACÓRDÃO REGIONAL
PUBLICADO NA VIGÊNCIA DA LEI 13.015/14.
DECISÃO MONOCRÁTICA QUE DENEGA
SEGUIMENTO A AGRAVO DE INSTRUMENTO.
ÓBICE DA SÚMULA 422/TST. PREJUDICADO O
EXAME DA TRANSCENDÊNCIA. Verifica-se que
a reclamada, ao interpor agravo de
instrumento (págs. 1261-1270), não impugna a
tese decisória do despacho de admissibilidade
do recurso de revista, referente à transcrição e
ao cotejo analítico que deveriam ser realizados.
A parte ignora completamente as razões de
decidir do r. despacho denegatório,
restringindo-se a repisar a matéria de mérito
do recurso de revista, inobservando-se, assim,
o princípio da dialeticidade. A fundamentação
do recurso destinada a demonstrar o equívoco
da decisão impugnada constitui pressuposto
extrínseco de admissibilidade, nos termos da
Súmula nº 422, I, do TST, de seguinte teor: "Não
se conhece de recurso para o Tribunal Superior
do Trabalho se as razões do recorrente não
impugnam os fundamentos da decisão recorrida,
nos termos em que proferida". Ora, a ausência
de dialeticidade do agravo de instrumento, no
caso, obsta o processamento do recurso de
revista, a teor do artigo 1.016, II e III, do CPC e
das Súmulas 284 do STF e 422, I, do TST e, por
via de consequência, prejudica o exame das
razões do apelo principal à luz de sua
eventual transcendência econômica, social,
política ou jurídica, prevista no artigo 896-A
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da CLT. Correto, pois, o despacho agravado.


Agravo conhecido e desprovido.

Vistos, relatados e discutidos estes autos de Agravo em Agravo


de Instrumento em Recurso de Revista n° TST-Ag-AIRR-21410-54.2014.5.04.0013, em
que é Agravante HOSPITAL NOSSA SENHORA DA CONCEIÇÃO S.A. e Agravado
GRAZIELA OLIVEIRA DE SOUZA e CLINSUL MÃO DE OBRA E REPRESENTAÇÃO LTDA..

Trata-se de recurso de agravo interposto pelo HOSPITAL NOSSA


SENHORA DA CONCEIÇÃO S.A em face da r. decisão monocrática que negou seguimento
ao seu agravo de instrumento.
Foi apresentada contraminuta.
É o relatório.

VOTO

1 – CONHECIMENTO

Preenchidos os pressupostos de tempestividade e representação


processual, conheço do agravo.

2 - MÉRITO

Ao recurso de agravo de instrumento da reclamada foi denegado


seguimento, tendo constado daquela decisão que "o apelo não logra conhecimento, visto
que abrange questões que não trazem relação de pertinência com o fundamento utilizado
na decisão monocrática para negar seguimento ao recurso de revista" (pág. 1284).
Eis os termos do aludido despacho:

“PRESSUPOSTOS INTRÍNSECOS
Responsabilidade Solidária/Subsidiária.
Rescisão do Contrato de Trabalho / Verbas Rescisórias / Multa do Artigo
477 da CLT.
Não admito o recurso de revista.
Entendo que a recorrente não atendeu a exigência formal do art. 896, §
1º-A, da CLT no que se refere ao cotejo analítico, não formulado o confronto
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entre as teses do Tribunal Regional e cada uma das violações, contrariedades


e divergências trazidas à apreciação.
Registro que a exigência acima referida impõe à parte referir que o
acórdão regional afrontou, contrariou e/ou divergiu de "x" ao adotar a
fundamentação "y". Ao recorrente é vedado que transcreva itens inteiros da
decisão recorrida e, antes ou após, indique violações, contrariedades ou
arestos paradigmas, em bloco.
Observe-se que nem mesmo a formatação de quadros lado a lado, a
exemplo do "Quadro 1" Decisão recorrida" com o ""Quadro 2" Dispositivos
violados", socorre a parte recorrente, pois não efetuada a comparação
exigida, tal como destacado pelo Ministro Aloysio Corrêa da Veiga, no ED-RR-
919-65.2013.5.23.0002 (DEJT 22/05/2015): "No que se refere ao cotejo
analítico, é necessário que a parte recorrente realize o confronto entre todos
os fundamentos da decisão regional acerca da matéria, com cada uma das
violações indicadas, contrariedades apontadas, e divergências jurisprudenciais
transcritas. Para isso é necessário que a parte indique o trecho da decisão
regional (inciso I), aponte a contrariedade a dispositivo de lei ou divergência
jurisprudencial (inciso II), e realize a comparação entre os fundamentos da
decisão recorrida e os motivos pelos quais a decisão incorre na contrariedade
referida, expondo as razões de reforma (inciso III). Não é suficiente, assim,
enumerar uma série de artigos tipo por violados nas razões recursais, sendo
imprescindível delinear os motivos pelos quais os fundamentos adotados pela
Corte Regional violam cada um dos dispositivos indicados, contrariam cada
uma das súmulas apontadas, ou divergem de cada um dos paradigmas
indicados para demonstração do dissenso, e as razões de reforma da decisão
recorrida, conforme exigência dos incisos I, II, e III do §1º-A, do art. 896 da
CLT".
Nestes termos, nego seguimento ao recurso quanto à responsabilidade
subsidiária e quanto à multa prevista no artigo 477 da CLT.
CONCLUSÃO
Nego seguimento”.

Inconformado, a reclamada interpõe o presente recurso de


agravo às págs. 1287-1295.
Aduz, em síntese, que a decisão agravada se ateve à formalidade
processual e não adentrou o mérito da causa. E passa a repisar a matéria de fundo
quanto à sua responsabilidade subsidiária.
Aponta violação dos arts. 71, § 1º, da Lei 8.666/93; 2º, 5º, II, 7º,
XXIII, e 87, da CF; 896, da CLT; e contrariedade à Súmula 331/TST.
À análise.
Verifica-se que a reclamada, de fato, ao interpor agravo de
instrumento (págs. 1261-1270), não impugna a tese decisória do despacho de
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admissibilidade do recurso de revista, referente à transcrição e ao cotejo analítico que


deveriam ser realizados.
A parte ignora completamente as razões de decidir do r.
despacho denegatório, restringindo-se a repisar a matéria de mérito do recurso de
revista, inobservando-se, assim, o princípio da dialeticidade.
A fundamentação do recurso destinada a demonstrar o equívoco
da decisão impugnada constitui pressuposto extrínseco de admissibilidade, nos termos
da Súmula nº 422, I, do TST, de seguinte teor: "Não se conhece de recurso para o Tribunal
Superior do Trabalho se as razões do recorrente não impugnam os fundamentos da decisão
recorrida, nos termos em que proferida".
Ora, a ausência de dialeticidade do agravo de instrumento, no
caso, obsta o processamento do recurso de revista, a teor do artigo 1.016, II e III, do CPC
e das Súmulas 284 do STF e 422, I, do TST e, por via de consequência, prejudica o
exame das razões do apelo principal à luz de sua eventual transcendência
econômica, social, política ou jurídica, prevista no artigo 896-A da CLT.
Correto, pois, o despacho agravado.
NEGO PROVIMENTO.

ISTO POSTO

ACORDAM os Ministros da Sétima Turma do Tribunal Superior do


Trabalho, por unanimidade, conhecer e negar provimento ao o agravo.
Brasília, de de

ALEXANDRE AGRA BELMONTE


Ministro Relator

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