Você está na página 1de 10

.

DIREITO PENAL

RETA FINAL: DELEGADO DE POLÍCIA (PC-SP)

ARTS. 8º A 12 DO CÓDIGO PENAL: OS ARTIGOS ESQUECIDOS!

PENA CUMPRIDA NO ESTRANGEIRO:

Art. 8º. A pena cumprida no estrangeiro atenua a pena imposta no Brasil pelo mesmo crime, quando

diversas, ou nela é computada, quando idênticas.

 a existência de hipóteses de extraterritorialidade, ou seja, de hipóteses em que a lei brasileira se

aplica aos crimes praticados no estrangeiro, pode gerar situação em que o indivíduo, em razão da

prática de um mesmo crime, é processado, julgado e condenado tanto no estrangeiro como pela

justiça brasileira, sendo-lhe impostas duas penas pela prática do mesmo crime! Diante disso, por

força do princípio do “ne bis in idem”, que, em resumo, veda o cumprimento de duas ou mais penas

por um mesmo crime, o legislador se preocupou em estabelecer que o cumprimento da pena imposta

pela justiça brasileira deve levar em consideração a pena eventualmente já cumprida no estrangeiro

pelo mesmo fato. Neste sentido, o dispositivo acima reproduzido prevê que: (a) tratando-se de penas

Prof. Felipe Dalla Vecchia


1 @felipe.dallavecchia
.
idênticas, aquela cumprida no estrangeiro deve ser computada naquela que, eventualmente, ainda

deva ser cumprida em território brasileiro; ex.: o tempo de prisão cumprido

pelo condenado no estrangeiro deve ser considerado tempo de prisão cumprido também em relação

à pena imposta pela justiça brasileira. Por outro lado, (b) se as penas impostas

no estrangeiro e em território nacional são diversas, então a justiça brasileira deve, necessariamente,

levar em consideração o cumprimento de pena no estrangeiro para atenuar a pena imposta em ter-

ritório nacional; ex.: se, no estrangeiro, o condenado efetivamente cumpriu pena de prestação de

serviços à comunidade, este cumprimento deve ser considerado para atenuar eventual pena privativa

de liberdade imposta pela justiça brasileira e que deva ser aqui cumprida pelo condenado.

01. (VUNESP, Delegado de Polícia, PC-SP, 2018) João comete um crime no estrangeiro e lá é condenado

a 4 anos de prisão, integralmente cumpridos. Pelo mesmo crime, João é condenado no Brasil à pena de 8

anos de prisão. João

a) cumprirá 8 anos de prisão no Brasil, uma vez que o Brasil não reconhece pena cumprida no estrangeiro.

b) não cumprirá pena alguma no Brasil, uma vez já punido no país em que o crime foi cometido.

c) não cumprirá pena alguma no Brasil caso de trate de país com o qual o Brasil tem acordo bilateral para

reconhecer cumprimento de pena.

d) ainda deverá cumprir 4 anos de prisão no Brasil.

e) cumprirá 8 anos de prisão no Brasil, uma vez que para essa quantidade de pena não se reconhece o

cumprimento no estrangeiro.

EFICÁCIA DE SENTENÇA ESTRANGEIRA:

Prof. Felipe Dalla Vecchia


2 @felipe.dallavecchia
.

Art. 9º. A sentença estrangeira, quando a aplicação da lei brasileira produz na espécie as mesmas con-

seqüências, pode ser homologada no Brasil para:

I - obrigar o condenado à reparação do dano, a restituições e a outros efeitos civis;

II - sujeitá-lo a medida de segurança.

Parágrafo único. A homologação depende:

a) para os efeitos previstos no inciso I, de pedido da parte interessada;

b) para os outros efeitos, da existência de tratado de extradição com o país de cuja autoridade judiciária

emanou a sentença, ou, na falta de tratado, de requisição do Ministro da Justiça.

 a homologação de sentença penal estrangeira consiste na confirmação, por autoridade

judiciária brasileira, da validade da referida sentença, a fim de que possa produzir efeitos

também perante a justiça brasileira; conforme se depreende do dispositivo acima, é necessária

a homologação da sentença penal estrangeira quando se pretenda extrair, dela, os efeitos de:

 (a) obrigar o condenado à reparação do dano, a restituições e outros efeitos civis; ou

 (b) sujeitá-lo a medida de segurança.

 não se admite a homologação para sujeitá-lo ao cumprimento de penas restritivas de direitos!

 a produção destes efeitos depende do implemento dos requisitos previstos no parágrafo único!

02. (FAPEC, Delegado de Polícia, PC/MS, 2021) À luz do que dispõe a parte geral do Código Penal Brasileiro

(Decreto-lei nº 2.848/1940), assinale a alternativa correta.

Prof. Felipe Dalla Vecchia


3 @felipe.dallavecchia
.
a) A sentença estrangeira, quando a aplicação da lei brasileira produz na espécie as mesmas consequên-

cias, pode ser homologada no Brasil, para obrigar o condenado à reparação do dano, a restituições e a

outros efeitos civis e, ainda, sujeitá-lo à medida de segurança.

b) A sentença estrangeira, quando a aplicação da lei brasileira produz na espécie as mesmas consequên-

cias, pode ser homologada no Brasil, para, dentre outras hipóteses, sujeitar o condenado ao cumprimento

de penas restritivas de direitos.

c) A pena cumprida no estrangeiro é computada na pena imposta no Brasil pelo mesmo crime, quando

diversas, ou é atenuada, quando idênticas.

d) Considera-se praticado o crime no lugar onde se produziu ou deveria produzir-se o resultado. O Código

Penal, quanto a essa regra, adotou a teoria do resultado.

e) A lei excepcional ou temporária, embora decorrido o período de sua duração ou cessadas as circunstân-

cias que a determinaram, aplica-se ao fato praticado durante sua vigência, salvo se vier norma posterior

mais benéfica, tendo em vista o princípio da retroatividade da norma penal em benefício do réu.

03. (IPAD, Agente de Polícia, PC/AC, 2012) Analise as seguintes afirmativas e assinale a alternativa correta.

a) Considera-se o momento do crime aquele em que foi atingido o resultado delituoso, sendo irrelevante a

data em que tenha sido praticada a ação.

b) Embarcação pública a serviço do governo brasileiro, uma vez tendo ingressado em território estrangeiro,

passa a ser considerada, para efeitos penais, extensão deste.

c) Ninguém pode ser punido por fato que lei posterior deixa de considerar crime, cessando em virtude dela

a execução e os efeitos penais da sentença condenatória.

d) Considera-se lugar do crime apenas aquele onde ocorreu a ação, sendo irrelevante o local do resultado.

e) A sentença penal estrangeira não pode produzir qualquer efeito jurídico no território brasileiro.

Prof. Felipe Dalla Vecchia


4 @felipe.dallavecchia
.

CONTAGEM DE PRAZO:

Art. 10. O dia do começo inclui-se no cômputo do prazo. Contam-se os dias, os meses e os anos pelo

calendário comum.

 os prazos de natureza penal são aqueles previstos na lei material e intimamente relacionados à

aplicação e ao cumprimento da sanção penal; ex.: prescrição, decadência, prazo para cumprimento

de pena, do livramento condicional, da suspensão condicional da pena (“sursis”) etc.; não se confun-

dem, portanto, com os prazos de natureza processual penal, que, de maneira geral, dizem respeito

à realização de atos processuais; ex.: prazo de interposição de recurso, duração de edital etc.

 a lei disciplina de forma distinta os prazos de natureza penal e os de natureza processual penal!

 nos prazos de natureza penal, o dia do começo, também chamado de “termo inicial”,

se inclui no cômputo do prazo; ex.: o período ao longo do qual o condenado permanecerá encarce-

rado para o cumprimento de pena pode ser considerado um prazo de natureza penal; diante disso,

considerando que, nesta espécie de prazo, deve-se incluir o dia do começo, se o condenado

é capturado e preso para o início do cumprimento da pena às 23h00 de determinado dia, este dia,

em que se deu sua captura, deve ser considerado um dia de pena devidamente cumprida,

nada importando que, em verdade, ele somente cumpriu a prisão durante uma hora daquele dia.

 os prazos de natureza penal são improrrogáveis!

Prof. Felipe Dalla Vecchia


5 @felipe.dallavecchia
.
 desse modo, não se prorrogam sequer quando o termo final cair em um dia não útil (ex.: domingo).

 é importante ter em mente a redação do dispositivo acima por ser frequente em questões de prova!

04. (VUNESP, Procurador Jurídico, Câmara Municipal de Poá/SP, 2016) A contagem de prazo em matéria

penal dá-se do seguinte modo:

a) o dia do começo e o último excluem-se do cômputo do prazo; contam-se os dias, os meses e os anos

pelo calendário forense.

b) o dia do começo inclui-se no cômputo do prazo; contam-se os dias, os meses e os anos pelo calendário

forense.

c) o dia do começo inclui-se no cômputo do prazo; contam-se os dias, os meses e os anos pelo calendário

comum.

d) o dia do começo exclui-se do cômputo do prazo; contam- se os dias, os meses e os anos pelo calendário

forense.

e) o dia do começo exclui-se do cômputo do prazo; contam- se os dias, os meses e os anos pelo calendário

comum.

05. (VUNESP, Escrivão de Polícia, PC-CE, 2015) No que diz respeito à contagem de prazo no Código Penal,

assinale a alternativa correta.

a) O dia do começo exclui-se no cômputo do prazo.

b) Inicia-se o cômputo do prazo dois dias após o dia do começo.

c) O dia do começo é irrelevante no cômputo do prazo.

d) O dia do começo exclui-se no cômputo do prazo nas hipóteses de crime contra a vida.

e) O dia do começo inclui-se no cômputo do prazo.

Prof. Felipe Dalla Vecchia


6 @felipe.dallavecchia
.

06. (VUNESP, Investigador de Polícia, PC-BA, 2018) Acácio, no dia 19 de fevereiro de 2018 (segunda-

feira.), foi vítima do crime de difamação. O ofensor foi seu vizinho Firmino. Trata-se de crime de ação privada,

cujo prazo decadencial (penal) para o oferecimento da petição inicial é de 6 meses a contar do conhecimento

da autoria do crime. Sobre a contagem do prazo, qual seria o último dia para o oferecimento da queixa-

crime?

a) 17 de agosto de 2018 (sexta-feira.)

b) 18 de agosto de 2018 (sábado).

c) 19 de agosto de 2018 (domingo).

d) 20 de agosto de 2018 (segunda-feira.)

e) 21 de agosto de 2018 (terça-feira.)

07. (VUNESP, Advogado, Câmara Municipal de Registro/SP, 2016) Assinale a alternativa correta.

a) O prazo penal tem contagem diversa da dos prazos processuais e o dia do começo inclui-se no cômputo

do prazo, ainda que se trate de fração de dia.

b) As regras gerais do Código Penal sempre terão aplicação aos fatos incriminados por lei especial.

c) Nas penas privativas de liberdade desprezam-se as frações de dias, o mesmo não ocorrendo nas penas

restritivas de direitos.

d) A lei penal não contém dispositivo a respeito da prorrogação dos prazos penais e, assim, podem ser

prorrogáveis.

e) Os prazos prescricionais e decadenciais são prazos de direito processual e não material.

Prof. Felipe Dalla Vecchia


7 @felipe.dallavecchia
.

FRAÇÕES NÃO COMPUTÁVEIS DA PENA:

Art. 11. Desprezam-se, nas penas privativas de liberdade e nas restritivas de direitos, as frações de dia,

e, na pena de multa, as frações de cruzeiro.

 feita a dosimetria da pena, com a aplicação, de agravantes, atenuantes, causas de aumento

e de diminuição de pena, é possível que o cálculo resulte em certa quantidade de dias

inteiros e em frações de dias; ex.: condenação a pena de detenção de 2 (dois) anos, 13 (treze)

dias e 0,25 (um quarto) de dia. O dispositivo acima determina que a fração de dia seja

desprezada, de modo que a pena acima mencionada seria tido simplesmente como de

detenção de 2 (dois) anos e 13 (treze) dias. O mesmo raciocínio deve ser aplicado quando

o cálculo da pena de multa resultar em frações de real; ou seja, a pena não considera os centavos!

08. (VUNESP, Escrivão de Polícia, PC-BA, 2018) A respeito de contagem de prazo no Direito Penal, assinale

a alternativa correta.

a) O dia do começo não se inclui no cômputo do prazo.

b) As frações de dia são desconsideradas nas penas privativas de liberdade e nas restritivas de direitos.

c) Contam-se os meses e os anos pelo calendário gregoriano, cujos meses são de trinta dias e os anos são

de trezentos e sessenta dias.

d) O cômputo do prazo é suspenso em feriados nacionais e religiosos.

e) O dia do término inclui-se no cômputo do prazo, sendo prorrogável até à meia-noite do dia útil subse-

quente.

Prof. Felipe Dalla Vecchia


8 @felipe.dallavecchia
.

LEGISLAÇÃO ESPECIAL:

Art. 12. As regras gerais deste Código aplicam-se aos fatos incriminados por lei especial, se esta não

dispuser de modo diverso.

 os arts. 1º a 120 do Código Penal traçam normas gerais acerca do Direito Penal, tratando de

temas como aplicação da lei penal, crime, imputabilidade, concurso de pessoas, penas, dentre ou-

tros; trata-se da chamada “Parte Geral” do Código Penal, que, nos termos do dispositivo acima, se

aplica aos fatos incriminados também por lei especial. Em outras palavras, a disciplina trazida

pela Parte Geral do Código Penal se aplica, também, aos tipos penais previstos na chamada

“legislação penal extravagante”, que compreende todas as demais leis que contenham matéria penal

existentes em nosso ordenamento jurídico, tais como a Lei nº 9.503/97 (Código de

Trânsito Brasileiro), Lei nº 10.826/03 (Estatuto do Desarmamento), Lei nº 12.850/13 (Lei de Organi-

zações Criminosas), dentre tantas outas. Em razão do dispositivo acima, não será necessário

que cada uma destas leis estabeleça, por exemplo, o que se deve entender por tentativa, ou

quais são as regras do concurso de pessoas. Em resumo: a regra geral é a aplicação das

normas da “Parte Geral” do Código Penal a todas as leis penais especiais; somente não haverá

tal aplicação quando alguma destas leis expressamente preveja disciplina em sentido contrário!

09. (VUNESP, Advogado Júnior, CRO-SP, 2015) As regras gerais do Código Penal aplicam-se aos fatos

incriminados por lei especial?

Prof. Felipe Dalla Vecchia


9 @felipe.dallavecchia
.
a) Sim, sempre.

b) Sim, mas apenas se a lei especial não dispuser de modo diverso.

c) Sim, mas desde que a lei especial seja anterior ao Código Penal.

d) Sim, mas apenas se a lei especial previr expressamente a aplicação subsidiária do Código Penal.

e) Não, nunca.

GABARITO

01 02 03 04 05 06 07 08 09

D A C C C A A B B

Prof. Felipe Dalla Vecchia


10 @felipe.dallavecchia

Você também pode gostar