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A Suspensão Condicional do Processo tem o objetivo, da mesma forma que a Transação

Penal, de gerar despenalização e dar celeridade ao processo criminal.

Dentro desse contexto, a Suspensão Condicional do Processo é cabível a autores de atos


infracionais que cometem crimes que tenham pena mínima não superior a um ano, não
importando qual é a pena máxima, de acordo com o que reza o art. 89 da Lei
n. 9.099/95, verbis:
Art. 89. Nos crimes em que a pena mínima cominada for igual ou inferior a um ano,
abrangidas ou não por esta Lei, o Ministério Público, ao oferecer a denúncia, poderá
propor a suspensão do processo, por dois a quatro anos, desde que o acusado não esteja
sendo processado ou não tenha sido condenado por outro crime, presentes os demais
requisitos que autorizariam a suspensão condicional da pena.”
Assim, após recebida a denúncia pelo magistrado, feita a proposta pelo Ministério Público,
esta sendo aceita pelo acusado e seu defensor, na presença do juiz, este poderá
suspender o processo, submetendo o autor do fato a período de prova, sob as seguintes
condições (art. 89, § 1º, Lei n. 9.099/95):
I - reparação do dano, salvo impossibilidade de fazê-lo;

II - proibição de frequentar determinados lugares;

III - proibição de ausentar-se da comarca onde reside, sem autorização do Juiz; e

IV - comparecimento pessoal e obrigatório a juízo, mensalmente, para informar e justificar


suas atividades.
Além destas condições, o juiz poderá especificar outras a que fica subordinada a
suspensão, desde que adequadas ao fato e à situação pessoal do acusado (art. 89, § 2º,
Lei n. 9.099/95). Neste ponto, se o Ministério Público entender por necessário e
conveniente alguma outra condição que não esteja disciplinada acima, pode solicitar ao
juiz que a especifique dentro do disciplinado no § 2º do art. 89.
Na hipótese de, no curso do prazo, o beneficiário vir a ser processado por outro crime ou
não efetuar, sem motivo justificado, a reparação do dano, a suspensão será revogada
(art. 89, § 3º, Lei n. 9.099/95).
Nesta situação, a revogação é obrigatória, porque a Lei usa o termo “será”.

Entretanto, a suspensão poderá ser revogada se o acusado vier a ser processado, no


curso do prazo, por contravenção penal ou descumprir qualquer outra condição imposta
(art. 89, § 4º). Caso isso ocorra, o juiz vai analisar o caso concreto e verificar a
necessidade de revogação ou não.
Se o beneficiário cumprir as condições impostas sem revogação dentro do prazo
estabelecido, o juiz declarará extinta a punibilidade (art. 89, § 5º).

Vocês podem me perguntar: mas quais as diferenças essenciais com a Transação Penal?

Bem, na Suspensão Condicional do Processo já temos um processo, eis que foi oferecida
uma denúncia pelo Ministério Público, ao passo que na Transação Penal sequer há
processo, haja vista que o Ministério Público ainda não ofereceu a denúncia.
Outro ponto salutar é a abrangência das penas, porque a Suspensão Condicional do
Processo é mais ampla, tendo em conta que abrange todos os crimes em que a pena
mínima não seja superior a um ano (independentemente da pena máxima). A transação
Penal, por sua vez, compreende os delitos que têm pena máxima de dois anos.

Mesmo com essas diferenças, a Suspensão Condicional do Processo e a Transação Penal


têm o objetivo de evitar a instauração de processos penais “menos importantes”.

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