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LEGISLAÇÃO PENAL ESPECIAL

LEI nº 9.099/1995
JUIZADOS ESPECIAIS
CRIMINAIS
DISPOSIÇÕES GERAIS
Com o objetivo de conferir maior celeridade e informalidade à prestação jurisdicional aos
delitos de menor potencial ofensivo, revigorar a figura da vítima no processo penal (inúmeras
vezes deixadas em segundo plano na esfera criminal), a Constituição Federal de 1988 determinou em
seu art. 98, inciso I:

Art. 98 da CF: A União, no Distrito Federal e nos Territórios, e os Estados


criação:
I - Juizados especiais, providos por juízes togados e leigos, competentes
para a conciliação, o julgamento e a execução de causas cíveis de menor
complexidade e infrações penais de menor potencial ofensivo, mediante os
procedimentos oral e sumaríssimo, permitidos, nas hipóteses previstas em
lei, a transação e o julgamento de recursos por turmas de juízes de
primeiro grau.
Lei nº 9.099/95
Juizados Especiais Cíveis e Criminais

ECONOMIA
ORALIDADE CELERIDADE.
PROCESSUAL

SIMPLICIDADE INFORMALIDADE
De plano, podemos destacar que o legislador constituinte traçou algumas diretrizes acerca dos Juizados Especiais
Criminais:

• Os Juizados Especiais, providos por juízes togados e leigos, serão competentes para a conciliação, o julgamento e a
execução de infrações penais de menor potencial ofensivo, ou seja, ficará a cargo desses Juizados crimes catalogados
como de menor gravidade conceituado no art. 61 da Lei 9099/95;
• O procedimento nos Juizados Especiais é oral e sumaríssimo. Com isso, a Constituição Federal aponta que os primados
da celeridade, informalidade, oralidade, economia processual ganham extrema relevância nesse rito;
• Autorizou nos casos previstos em lei a realização da transação penal, isto é, acordo entabulado entre o titular da ação
penal e o autor do crime de menor potencial ofensivo, com o escopo de evitar a deflagração de um processo criminal, tendo
como contrapartida a aplicação imediata de uma pena restritiva de direitos ou multa (penas não privativas de liberdade),
sendo todo esse negócio jurídico acompanhado por um advogado ou um defensor público;
• Com a finalidade de desafogar o trabalho dos Tribunais de Justiça/Tribunais Regionais Federais, a Constituição Federal
preconiza que os meios recursais em sede de Juizados Especiais criminais serão apreciados por turmas formadas de
juízes de primeiro grau de jurisdição;
1) Composição civil dos danos – gera a renúncia ao direito de queixa na ação penal privada ou a renúncia à
representação na ação penal pública condicionada, com a consequente extinção da punibilidade (art. 74, parágrafo
único, da Lei 9099/95). Essa medida inibe a instauração do processo criminal.

2) Transação penal – autoriza o cumprimento imediato de uma pena restritiva de direitos ou multa, em contrapartida
evita a instauração do processo criminal (art. 76 da Lei nº 9099/95).

3) Representação nos delitos de lesões corporais leves e lesões culposas - A lei nº 9099/95 cria essa
condicionante para esses crimes de forma que a não apresentação da representação no prazo de 6 (seis) meses a
contar da ciência do autor dos fatos gera a decadência, que é uma causa extintiva da punibilidade (art. 88 da Lei nº
9099/95). Antes da Lei 9099/95, os crimes de lesão corporal leve e lesão culposa eram de ação penal pública
incondicionada.

4) Suspensão condicional do processo – Se houver acordo com o acusado, depois de recebida a denúncia, o
magistrado suspende o andamento da ação penal e da prescrição. Em contrapartida, durante determinado lapso
temporal (período de prova), o acusado é submetido a certas condições. Encerrado o período de prova sem a
ocorrência de qualquer alteração, o magistrado declara extinta a punibilidade (art. 89 da Lei 9099/95). Vale ainda
destacar que o instituto da suspensão condicional do processo não se limita aos delitos de menor potencial ofensivo
da Lei 9099/95, ou melhor, vale para todo e qualquer delito que preencha os requisitos do art. 89 da Lei 9099/95.
A lei n. 9.99/95 dispõe sobre os Juizados Especiais e sofreu alteração nos artigos 22 e 23, que tratam da
conciliação não presencial, ou seja, online:

Art. 22. A conciliação será conduzida pelo Juiz togado ou leigo ou por conciliador sob sua orientação.

§ 1º Obtida a conciliação, esta será reduzida a escrito e homologada pelo Juiz togado mediante sentença
com eficácia de título executivo. (Incluído pela Lei nº 13.994, de 2020).

§ 2º É cabível a conciliação não presencial conduzida pelo Juizado mediante o emprego dos recursos
tecnológicos disponíveis de transmissão de sons e imagens em tempo real, devendo o resultado da tentativa
de conciliação ser reduzido a escrito com os anexos pertinentes.(Incluído pela Lei nº 13.994, de 2020).

Art. 23. Se o demandado não comparecer ou recusar-se a participar da tentativa de conciliação não
presencial, o Juiz togado proferirá sentença.(Redação dada pela Lei nº 13.994, de 2020)
Dessa forma, é possível que a audiência de conciliação seja feita por meio de chamadas de vídeo ou por
aplicativos que transmitem sons e imagens, como o WhasApp, o Skype, o Zoom, o Google Hangouts, entre
outros.
Se o demandado não comparecer ou recusar-se a participar da tentativa de conciliação não presencial, o Juiz
togado proferirá sentença (art. 23 da Lei nº 9.099/95).

O dispositivo acima foi inserido na Lei nº 9.099/95, que rege os Juizados Especiais Cíveis e Criminais da
Justiça Estadual. Ocorre que existem também os Juizados Especiais Federais e os Juizados da Fazenda
Pública. Diante disso, indaga-se: essa regra vale também para os procedimentos regidos por esses
outros Juizados?

SIM. Quando falamos em “sistema dos Juizados Especiais”, podemos identificar a existência de três
microssistemas, cada um deles destinado a julgar determinados tipos de causas, possuindo regras específicas de
procedimento.
Art. 60. O Juizado Especial Criminal, provido por juízes togados ou togados e leigos, tem
competência para a conciliação, o julgamento e a execução das infrações penais de menor potencial
ofensivo, respeitadas as regras de conexão e continência.

Parágrafo único. Na reunião de processos, perante o juízo comum ou o tribunal do júri, decorrentes
da aplicação das regras de conexão e continência, observar-se-ão os institutos da transação penal e da
composição dos danos civis.

Art. 61. Consideram-se infrações penais de menor potencial ofensivo, para os efeitos desta Lei, as
contravenções penais e os crimes a que a lei comine pena máxima não superior a 2 (dois) anos,
cumulada ou não com multa.
contravenções penais
INFRAÇÃO DE MENOR
POTENCIAL OFENSIVO crimes que a lei comine pena
máxima não superior a 2 anos,
cumulada ou não com multa

OBS: Essa definição unifica o conceito de infração de menor potencial ofensivo. Repare ainda que a ressalva contida quanto aos
crimes sujeitos à procedimento especial delineada na redação original do art. 61 da Lei nº 9099/95 deixa de existir, ou seja, são
infrações de menor potencial ofensivo todas as contravenções penais e os crimes a que lei comine pena máxima não
superior a 2 anos, cumulada ou não com multa, submetidos, ou não, os delitos, a procedimento especial.

OBS 2: Lembre-se também que aos crimes cometidos com violência doméstica e familiar contra a mulher, independentemente da
pena prevista, não se aplica a Lei 9099/95 (art. 41 da Lei 11340/06).

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