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Princípio da insignificância
1. Introdução
2. Fundamentos
Atenção!
João subtrai, para si, coisa alheia Paulo subtrai, para si, coisa alheia
móvel de Pedro. O objeto da móvel de Bruno. O objeto da
subtração possuía valor econômico subtração possuía valor econômico
aproximado de R$2,00. aproximado de R$12.000,00.
Atenção!
Note-se o fato de que, não sem uma forte crítica doutrinária, na jurisprudência
dos tribunais superiores, se admite que a análise sobre o cabimento ou a
falta de cabimento da insignificância diga respeito não somente à
graduação concreta de uma lesão ao bem jurídico (por exemplo, o nível de
Atenção!
Prejudicará o estabelecimento da
punibilidade, atuando, geralmente,
Prejudicará o estabelecimento da
como uma causa de dispensa/
tipicidade material, atuando como
desnecessidade da pena.
uma causa de exclusão
Consequentemente, haverá o
supralegal, impedindo,
estabelecimento e a configuração
consequentemente, o
de um fato punível, somente não
estabelecimento e a configuração
incidindo sobre seu autor a sanção
de um fato punível.
criminal prevista em lei, porquanto
desnecessária ou irracional.
Atenção!
Por fim, registre-se que, na formulação original (JUSTUS, 1976 apud DEU,
1991, p. 23), a distinção entre insignificância própria e imprópria não
guardava relação com o que hoje se repete na literatura. Lá, a
insignificância própria seria configurada no âmbito da criminalização
primária, quando fossem criminalizadas condutas que, abstratamente, já se
consubstanciariam em pequenas e irrelevantes violações a bens jurídicos –
no Brasil, nessa lógica, seriam insignificâncias próprias as contravenções
penais. A insignificância imprópria, a seu turno, seria representada pelo que
hoje se conhece por insignificância própria, no âmbito, portanto, da
criminalização secundária, ou seja, a imposição de uma pena em sentido
concreto frente a um fato punível determinado, levado a conhecimento e
julgado pelo magistrado com competência criminal. A afetação concretamente
irrelevante de um bem jurídico é abstratamente tutelada pela norma penal.
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Dessa forma, é essa a posição que deve ser levada para as provas,
sobretudo no âmbito das avaliações objetivas. O aprofundamento
do tema – e o questionamento e eventual apontamento sobre a
natureza de uma norma-de-regra da insignificância – deve ficar
restrito à demonstração de conhecimentos, quando for possível, a
fim de tentar pontuar o máximo possível e de se destacar de outros
candidatos no âmbito das provas subjetivas, discursivas e orais.
Possibilidades:
Possibilidade: utilização de um
baixo desvalor do resultado para
limitar a graduação da culpabilidade
e, por via de consequência, reduzir
a pena.
• Exemplo 01: uma mãe perfura as orelhas de sua bebê recém-nascida para colocar brincos,
independentemente de seu consentimento expresso. Cuida-se de uma conduta com baixo
desvalor de ação, inerente ao convívio social e com alta tolerância social. Assim, será
abrangida pelo princípio da adequação social, não sendo legítima a incriminação pelo delito
de lesão corporal (art. 129 do CP).
• Exemplo 02: um determinado sujeito, maior e capaz, subtrai de um terceiro uma folha de
caderno em branco, objeto sem qualquer conversibilidade econômica. A
subtração tem um baixo desvalor do resultado (pois a lesão ao patrimônio alheio foi mínima,
irrisória, írrita, nenhuma, irrelevante, insignificante), porém, não é inerente ao convívio
social e tampouco é produto de uma tolerância social. Entretanto, em razão da manifesta
desproporcionalidade entre o fato e a pena a ser aplicada, e tendo em vista o princípio
da intervenção mínima do direito penal, não será legítima a incriminação pelo delito de
furto (art. 155 do CP), sendo abrangido o fato pelo princípio da insignificância e não da
adequação social.
Atenção!
Atenção!
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Assim dispõe o art. 155, § 2º, CP: “Subtrair, para si ou para outrem, coisa
alheia móvel: (...) § 2º Se o criminoso é primário, e é de pequeno valor a coisa
furtada, o juiz pode substituir a pena de reclusão pela de detenção, diminuí-la
de um a dois terços, ou aplicar somente a pena de multa. (...)”.
Cabe aqui também aqui uma crítica pontual, relembrando sempre que os
julgados apontados, independentemente das críticas feitas, consubstanciam
as posições mais estabelecidas no âmbito dos Tribunais Superiores e, por
conta disso, devem ser privilegiadas no estudo e nas avaliações. Se um fato é
insignificante, então ele é atípico e não configura crime. Dessa forma, não é
Para além da tese firmada pelos Tribunais, uma crítica específica também se
mostra mandatória: a existência ou inexistência de “habitualidade delitiva”,
reincidências, ou o que quer que diga respeito à vida pregressa do acusado
não pode, dogmaticamente, ser trabalhado no âmbito do princípio da
insignificância. Esses dados dizem respeito a) à punibilidade de delitos
Atenção!
Para os delitos de posse para consumo pessoal (art. 28, Lei nº 11.343/2006),
entretanto, há divergência. O STJ possui precedentes no sentido da
impossibilidade de aplicação (veja-se: STJ, RHC nº 35.920); o STF,
entretanto, já decidiu ser aplicável, em razão de particularidades do caso sob
exame (STF, HC nº 110.475 e HC nº 202.883 AgR).
COM, art. 290. Receber, preparar, produzir, vender, fornecer, ainda que
gratuitamente, ter em depósito, transportar, trazer consigo, ainda que para uso
próprio, guardar, ministrar ou entregar de qualquer forma a consumo
substância entorpecente, ou que determine dependência física ou psíquica,
em lugar sujeito à administração militar, sem autorização ou em desacordo
com determinação legal ou regulamentar: (...).
I − Aplicável, no caso, o princípio bagatelar, uma vez que este STJ entende
pela possibilidade de aplicação do princípio da insignificância aos delitos
ambientais quando demonstrada a ínfima ofensividade ao bem ambiental
tutelado.
Finalmente:
b) Em circunstâncias nas quais for flagrada pessoa sem nenhum peixe, mas
portando consigo equipamentos de pesca em local onde a atividade era
proibida, há divergência. Já se decidiu pela aplicação do princípio da
insignificância (STF, Inq. nº 3.788/DF, rel. Min. Cármen Lúcia, Segunda
Turma, DJ 01.03.2016, DJe 14.06.2016), e este já foi considerado incabível
(STF, RHC nº 125.566, rel. Min. Dias Toffoli, Segunda Turma, DJ 26.10.2016,
DJe 28.11.2016).
(...) Ex-prefeito condenado pela prática do crime previsto no art. 1º, II, do
Decreto-Lei nº 201/1967, por ter utilizado máquinas e caminhões de
propriedade da Prefeitura para efetuar terraplanagem no terreno de sua
residência. 3. Aplicação do princípio da insignificância. Possibilidade. 4.
Ordem concedida (STF, HC nº 104.286/SP, rel. Min. Gilmar Mendes, Segunda
Turma, DJ 03.05.2011, DJe 20.05.2011 − grifos nossos).
(...) Entende essa Corte que não se pode aplicar o princípio bagatelar a casos
análogos ao da presente hipótese, dada a condição do paciente – ocupante
do cargo de Prefeito Municipal – e a relevância dos bens juridicamente
tutelados pelo tipo penal infringido, quais sejam, a probidade administrativa e
a moralidade pública. (...) (STJ, HC nº 248.440, rel. Min. Nefi Cordeiro, Sexta
Turma, DJ 09.08.2016, DJe 23.08.2016).
(...) A teor dos precedentes desta Corte, o porte ilegal de munição, ainda que
não associado a arma de fogo de calibre compatível, é lesivo à segurança
pública e compromete a paz social. Por tal razão, em princípio, é incabível a
Atenção!
Há, entretanto, raros precedentes do STJ que admitiram, para esse fato
punível, a exclusão da tipicidade material pela insignificância, como o STJ,
AgRg no REsp. nº 1.241.697 e STJ, RHC nº 59.839. No último, embora não o
princípio não tenha sido aplicado no caso concreto, em face de peculiaridades
relativas ao quantum de dano econômico provocado pela conduta – acima
de R$10.000,00 –, atestou-se, em abstrato e em tese, a possibilidade de
incidência da respectiva excludente de tipicidade material nessa categoria de
delitos.
Atenção!
CP, art. 171. Obter, para si ou para outrem, vantagem ilícita, em prejuízo
alheio, induzindo ou mantendo alguém em erro, mediante artifício, ardil, ou
qualquer outro meio fraudulento:
(...)
Atenção!
Quanto à própria:
Quanto à imprópria:
a) Furto qualificado
d) Valor
Esta Corte Superior de Justiça tem entendido que a lesão jurídica provocada
não pode ser considerada insignificante quando o valor dos bens subtraídos
perfaz mais de 10% do salário mínimo vigente à época dos fatos e as
características do fato demonstrem uma maior gravidade da conduta (AgRg
no REsp. nº 1.558.547/MG, rel. Min. Maria Thereza de Assis Moura, Sexta
Turma, julgado em 19.11.2015, DJe 03.12.2015).
Para ambas as Turmas criminais desta Corte Superior, não se admite, como
regra e à luz das peculiaridades do caso concreto, a aplicação do princípio da
insignificância quando o valor da res furtiva, apesar de pequena monta, não
for irrisório – ínfimo – e superar o percentual de 10% (dez por cento) do
salário mínimo vigente à época dos fatos
(STJ, AgRg-REsp. nº 1.780.618/MG; Sexta Turma; rel. Min. Laurita Vaz; Julg.
17.10.2019; DJE 28.10.2019).
Quanto ao furto privilegiado (art. 155, § 2º, do CP), já decidiu a Corte que o
valor limite seria igual ao salário mínimo:
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Obra coletiva do Curso Ênfase produzida a partir da análise estatística de incidência dos temas
em provas de concursos públicos.
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