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CIÊNCIAS SOCIAIS
Daniela Ferreira
P100 | ANTÓNIO JOSÉ MIGUEL CAMEIRA | FPCE-UP
Enquadramento das Ciências Sociais
(A) A emergência do pensamento sobre a sociedade
Antecedentes Filosóficos, Sociopolíticos e Ideológicos
O Império Romano entrou em crise sobretudo após o colapso do sistema escravista, o que
acabou por provocar uma decadência dos centros urbanos e da atividade comercial nas
cidades. Outro fenómeno que ganhou proporção com a crise do Império foi a ascensão do
Cristianismo – os cristãos, que já habitavam os domínios do Império há bastante tempo,
passaram a crescer numericamente - este facto levo o Imperador Constantino a instituir o
cristianismo como religião principal do Império Romano, tendo ele próprio se convertido.
(2) Séculos XIII – XVI
Disputas de monarcas à supremacia da igreja > Desenvolvimento do antigo regime:
sistema social, político e económico tendo no centro o rei e a aristocracia
Na transição da Idade Média para a Idade Moderna, as monarquias que se colocavam no
domínio político dos nascentes Estados associaram a nobreza para integrar o corpo aris-
tocrático que incluía ainda o clero, assim, juntamento com o estabelecimento do absolu-
tismo, também se consolidou o Antigo Regime.
Este regime dividia a sociedade em três estados: o clero, a nobreza e o povo – acima de
todos eles estava a figura absolutista do monarca (rei) que comandava todos eles.
(3) Séculos XVI – XVIII
Enfraquecimento da igreja e da nobreza > Emergência da monarquia de direito di-
vino.
Com o enfraquecimento do poder do clero e da nobreza, começa a surgir o Direito Divino
dos Reis, ou seja, acreditava-se que aquele que reinava tinha esse direito por ter sido
coroado por Deus. Este Direito Divino dos Reis garantia a legitimidade e soberania do
monarca no Estado.
2.2 CONSERVADORISMO
Pensamento Conservador: os “Profetas do Passado”
O conservadorismo é um termo usado para descrever posições político-filosóficas, ali-
nhadas com o tradicionalismo e a transformação gradual, que em geral se contrapõem a
mudanças abruptas (cuja expressão máxima é o conceito de revolução) de determinado
marco econômico e político-institucional ou no sistema de crenças, usos e costumes de
uma sociedade.
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Guiada pela ciência e pela técnica, a filosofia positivista crê no progresso do sistema capitalista e nos
benefícios gerados pela industrialização; prega também a necessidade de uma reestruturação da sociedade.
O grande objetivo de Comte, era desenvolver uma ciência positiva dos fenómenos sociais
pela aplicação do método cientifico ao estudo da sociedade – a física social. O objetivo
da física social é descobrir as leis naturais e imutáveis do progresso: rejeita os ‘verbalis-
mos’ filosóficos da sociedade, rejeita os ‘a priori’ da sociedade e observa/experimenta
com vista à descoberta das leis sociais. Posteriormente passa a denominar esta disciplina
de Sociologia.
(1) Fenómenos Sociais
Os fenómenos sociais podem ser de dois tipos:
Estática Social – instituições reguladoras da ação individual [trabalho, família, proprie-
dade, etc.]
Dinâmica Social – ação transformadora dos indivíduos sobre a sociedade.
(2) Tipos de Sociologia
Sociologia Estática – estudo dos determinantes de ordem e consenso social
Sociologia Dinâmica – estudo do progresso das sociedades e do espírito humano.
A sociologia é então constituída para fins essencialmente práticos – necessidade
de uma sociedade orientada simultaneamente pelos princípios da ordem e do progresso.
4.2 INFLUÊNCIAS
(1) Auguste Comte
Como já referido em 3.3, a sua influência reflete-se no objetivo de Durkheim de estabe-
lecer a Sociologia como uma disciplina cientifica rigorosa e autónoma das outras ciências:
- Os fenómenos sociais como fatos e o seu estudo por métodos semelhantes aos das ciên-
cias naturais: formação de princípios que têm o mesmo estatuto objetivo que os formula-
dos pelas ciências naturais;
- Como nas outras ciências, o conhecimento sociológico avança com a acumulação de
leis que vão sendo identificadas pela análise;
- Diferença fundamental entre estruturas e dinâmicas da sociedade na explicação de fe-
nómenos sociais: Comte - Estática vs. Dinâmica, Durkheim – Funcional vs. Histórica.
- Finalidade prática da analise social visando a melhoria concreta das condições sociais.
(2) Saint-Simon
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A religião civil não é uma religião propriamente dita, pois não possui templos nem estruturas de poder –
é um corpo doutrinário comum às religiões históricas e tem por fim viabilizar a coexistência pacifica entre
crentes de diversas opiniões teológicas no Estado.
Influenciou Durkheim pela sua tentativa de desenvolver uma religião que representasse
um sustentáculo moral adequado à nova sociedade industrial.
- O industrialismo levou a uma substituição das crenças religiosas pelos valores egoístas
associados ao interesse económico, levando a sociedade a um estado pré-religião, sem
uma estrutura de valores morais;
- Necessidade de uma ‘religião civil’ de uma ‘moral leiga’ que substituísse a religião da
igreja na função de agregar os indivíduos: o novo sistema moral [novo cristianismo] con-
sistiria na ética social cristã do altruísmo e da fraternidade despida de todos os dogmas a
ela associados.
- Os estudos de Durkheim sobre a religião refletem essa preocupação: necessidade de um
conjunto de crenças consensuais agregadoras dos consequentemente, a desorganização
da Sociedade.
(3) Emanuel Kant
Em ‘Fundamentação da Metafisica dos Costumes’ [1785], forneceu os fundamentos à
crença de Durkheim nas possibilidades de uma moral social não necessariamente religi-
osa.
- Para Kant, existem condições mentais a priori que condicionam as perceções sensoriais.
Os a priori do tipo moral corresponderiam a uma realidade moral (não necessariamente a
Deus) que transcende o individuo e que vincula a sua ação (fazendo com que determinada
ação seja necessária): o ‘imperativo categórico’, autonomia da vontade relativamente às
considerações racionais
- Para Durkheim, a realidade moral de Kant corresponderia aos códigos morais da própria
Sociedade, também ela anterior ao individuo e transcendendo-o. Partindo desta ideia,
Durkheim defende que a realidade moral pode divergir de sociedade para sociedade, con-
soantes as suas normas e regras morais [diferente da moral universal de Kant].
Notas:
(1) O suicido egoísta [exemplo: os solteiros tem menor capacidade de integração do
que os do grupo de viúvos e este com menor integração social do que o dos casa-
dos] decresce em épocas de guerra ou quando existe um inimigo do grupo, porque
estes fatores aumentam a consciência coletiva. Este tipo de suicídio está mais pre-
sente em intelectuais.
(2) Existe a anomia aguda [uma crise económica leva à rutura no equilíbrio da socie-
dade – desemprego, abaixamento do nível de vida, etc.] e a anomia crónica [au-
sência de regulamentação, é mais frequente entre profissionais independentes, in-
dustrias e comerciantes].
5. MAX WEBER
Juntamente com Émile Durkheim e Karl Marx, o alemão Max Weber integra o trio
dos grandes pensadores clássicos responsáveis pela função da Sociologia, dedicou a sua
obra [“A ética protestante e o espírito do capitalismo” – 1906 – e “Economia e Socie-
dade” – 1921 – entre as mais importantes] a compreender a nova sociedade que se for-
mava com a consolidação do capitalismo industrial na Europa e a sua propagação pelo
planeta.
Em 1909 forma a Sociedade Alemã de Sociologia com Simmel e Tonnies; em 1918
torna-se um participante ativo na reconstrução alemã do pós-guerra [é um dos membros
do Partido Democrático – República de Weimar] e no ano seguinte passa a Regente da
cátedra de Sociologia na Universidade de Munique.
5.2 SOCIOLOGIA
Ao contrário dos positivistas que têm como objeto o facto social, para Weber o objeto da
sociologia é a ação social, pois o sociólogo não trabalha sobre um objeto passivo, como
os cientistas naturais, mas sobre relações as quais estão em constante mudança e que se
manifestam em ações – diferentes de comportamentos.
Uma ação social é uma ação cujo significado tem em conta a ação dos outros, Weber
propõe 4 tipos de ação social.
(1) Tipos de Ação Social
Ação Racional Instrumental – orientada para os objetivos do próprio ator racionalmente
calculados [tem o conta o interesse do individuo].
Ação Racional de Valor – determinada por uma crença consciente no valor em si, ou
orientada por formas éticas, estéticas ou religiosas, independentemente do grau de su-
cesso previsto.
Ação Afetiva – determinada pelos afetos e estados emocionais do ator.
Ação Tradicional – determinada por hábitos e costumes.
Trata-se de uma questão de racionalidade vs. Irracionalidade, nem tudo é logico
no ser humano e não nos pudemos focar só em fenómenos lógicos. Todas as ações são
racionais, mas, na ação racional instrumental, a ação é motivada pela própria racionali-
dade dos motivos – não contem em si qualquer ponto de partida irracional.
(2) Definição de Sociologia
Weber vê a sociologia como uma ciência empírica na realidade, não é apenas teórica e
reconhece a subjetividade do investigador, mas, aceita que a compressão da atividade
humana passa pela explicação casual. Defende que a sociologia tem bases do positivismo
e da subjetividade, então tenta ultrapassar a oposição entre ambos.
(3) Método da Sociologia – Método Compreensivo
Porque os fenómenos sociais surgem da ação social de múltiplos atores, eles não podem
ser estudados como objetos inertes, sem tentar compreender os motivos que estão subja-
centes às ações constituintes, ou seja, os significados que os atores atribuem as ações.
O estudo da ação não pode residir apenas na explicação das condições objetivas em que
ela ocorre – como proposto pelo positivismo – é necessário também compreender os va-
lores subjacentes aos motivos para a ação – a vontade dos indivíduos.
Em sociologia, a compreensão só é total quando se compreende as causas da ação assim
como os motivos e significados atribuídos a essa ação.
(4) Causalidade Múltipla dos Acontecimentos Sociais
Em ciências sociais, existem sempre diversas causas para um fenómeno e o investigador
deve aplicar o seu critério para atribuir um peso relativo a cada uma das causas, de forma
a não cair num reducionismo.
Também neste tipo de ciências, os processos de causa-efeito sucedem-se numa sequencia
indefinida, ou seja, tem um caracter mutável da realidade social [o que hoje é causa ama-
nha pode ser consequência e vice-versa]. Existe, portanto, um distanciamento do deter-
minismo económico marxista – a economia, nalgumas situações, faz parte das causas
[juntamente com a politica e a religião] mas noutras faz parte das consequências.
É importante relembrar que o rigor continua a ser importante.
6. RACIONALIZAÇÃO
8. ÉTICA POLÍTICA