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Capítulo 1 – O mental: Alma, Mente e Psicologia

Bases experienciais – o que eu sinto como mente


Bases inferenciais – o que infiro dos outros como agentes com mente

O que é o Mental?

2 FONTES DE CLASSIFICAÇÃO
- A experiência de si
- Inferência que fazemos da conduta dos outros

A experiência de mim
Consciência de mim: o que eu quero, o que faço, o que sinto (sempre na 1ª pessoa dos verbos)
Temos consciência de sequências de acontecimentos imaginados ou recordados
- Estes estados mentais são internos (e no falar comum chamamos a isto “pensar”)
Sei que sou uma entidade mental independentemente do estado mental em que me encontro
Eu – puro sujeito independente dos objetos que o afetam
Mente – puro sujeito que representa
Estado mental do sujeito é representar um objeto, é estar consciente de alguma coisa
Mental que infiro a partir da minha experiência – sentimento de existir como sujeito num
mundo de objetos em relação aos quais me perspetivo como agente ou paciente (uma ação
perante um objeto)
Sou agente ou paciente – ajo ou sofro ação (diferente de sujeito e objeto)

Inferência de mentes nos outros


Não tenho dúvidas sobre a existência da mente nos outros assim como da minha
Qualquer coisa que se mova de maneira que eu consiga ler como intencional me parece ter
mente  o movimento tem de ser independente de fatores externos (tem de ser
endogenamente causado)
Ponho o meu centro mental na posição corporal do outro - Consigo colocar-me do ponto de
vista do outro, pôr-me o problema que ele tem perante si
Conseguir compreender uma reação emocional já é mais dificil, pois em muitos casos não
tenho experiência para compreender essa reação (caso nunca tenha vivenciado algo do
género), no entanto tento imaginar como será  representação pré-conceptual do outro

O reino do mental
Mental – sentido em mim e detetado, a partir do comportamento, nos outros.
É independente do corpo (consigo imaginar-me sem corpo ou noutro corpo diferente do meu),
apesar de precisar de um corpo para agir (algo do qual não tenho noção pois consigo projectar
a minha vontade sem qualquer intermediário corpóreo)
Isto leva a um dualismo:
o que é só corpo não é mente
 o que é mental não é corporal (embora precise de apoio no corpo)
Consideramos como “mente” aquilo que acompanha os atos do meu corpo (incluindo os
sentidos e sensações)
Algumas oposições que se confundem
A mente é invisível, mas é sentida de maneira completamente concreta, vivida.
Apesar de não ter qualquer imagem da minha mente, eu tenho a certeza de existir.
A mente é concreta e invisível
 Deixo algo de mim nas coisas em que interajo (ex: relógio do avô)
 O sentimento da mente de cada pessoa passa, da forma mais concreta possível, para as
coisas com que elas interagem

Dificuldade de descrição
A mente é dificil de descrever por ausência de referentes comuns
Não consigo evocar um estado mental, apenas posso recordar um desencadeador desse
estado mental e assim reviver tenuemente esse estado.

A mente e as suas características


“Mente primitiva” – representação da mente da maior parte das pessoas

Alma e agência
Todas as culturas têm palavra para alma, mas não para mente
Mente e alma são quase intermutáveis
O conceito espontâneo/primitivo de alma coincide com a nossa sensação de existir
Noção de primitiva de alma – noção abstracta; noção de estar vivo e de ser agente, de sentir e
de agir (a nossa experiência de viver)

Almas fora do corpo


As almas podem sair do corpo (ex: passagem da alma do homem para o lobo e do lobo para o
homem – corpo humano do lobisomem fica a dormir enquanto que o do lobo se anima com a
sua agência e consciência)
Dualismo implícito na espécie – é o mental que anima (dá vida) os corpos

Agências desencarnadas: os espíritos


Causa para um certo fenómeno – identificação de um agente
a) Identifica-se um efeito
b) Infere-se uma intenção por detrás desse efeito
c) Postula-se um agente portador dessa intenção e realizador desse efeito
Isto ocorre mesmo que não haja qualquer testemunho do corpo desse agente (espírito)
Em algumas culturas a morte não é considerada um fenómeno natural, mas como
consequência de uma intenção de alguém.
Espírito – agência que não tem corpo, tem corpo invisível ou pode mudar de corpo
- Separação da agência e do seu suporte material (da alma e do corpo)

Magia de contactos: as pertenças do mental


Pertences do sujeito – corpo, partes do seu corpo, etc
- possuem a essência do indivíduo
Fica algo de meu e dos outros nas coisas que têm e usaram (resíduo de identidade)
Objeto importante tem agência e essa agencia passa por contacto para outro objeto
A mente primitiva entre nós: astrologia e parapsicologia
Crença na astrologia – ideia de que a posição dos astros influencia o futuro de cada um.
- há agentes que influenciam o nosso destino
Crença na parapsicologia – a nossa mente deteta intenções e agentes invisíveis em tudo

As teorias psicológicas têm como alvo subconjuntos da experiência do mental


O mental tem três fenómenos como base:
1) A experiência de mim como ser consciente e agente
2) A existência de mecanismos que me fazem atribuir estados mentais mais ou menos
semelhantes aos meus a tudo o que parece causado
3) Por contacto um agente transmite a sua essência/poder as coisas
“Mundo dos espíritos” – fantasia do irracional; consequência da nossa tendência para
identificar intenções e postular agentes dessas intenções; imaginamos que tudo se pode
passar, seja possível ou não
Parte mais central da experiência – a experiencia de mim como ser consciente
Consciência de mim como ser consciente e agente é a mais fundamental.
Considerar alma como agência, representação e intenção, quer sentidas pelo sujeito quer
inferidas nos outros.

Capítulo 2: Os primórdios da Psicologia na Grécia

OS GREGOS Arcaicos
O contacto é aquilo que é visto, e não se presume para além do que se vê – personagens
psicologicamente opacas (o que faz, o que aparenta, não o que sente)
Tudo o que é relatado é o visível – O psicológico é estranho à poesia homérica
Psyche – hálito ; princípio de animação do corpo, que o abandonava com o “último suspiro”
Thymus – Motivação e emoção ; paixões; o que põe em movimento
Nous – perceção e verdade
A imortalidade dos deuses era uma consequência de um processo material e concreto, era
algo que lhes corria nas veias ; logo eles não tinham muitos poderes “sobrenaturais” apenas
eram importais com poder
Explicava-se o visível, não com o místico, mas com o visível e o plausivelmente inferível do
visível
Procurava-se explicar o mundo e não o homem, e também o mundo e a sua natureza era feita
em termos concretos
- os gregos defenderam que tudo era feito de matéria concreta – água, fogo, átomos.

Especulação cósmica e a descoberta do pensamento


Um acontecimento não quotidiano é sempre explicado por um agente intencional, ainda que
invisível
Mente – inferência da ação e nunca é considerada por si
 Tales de Mileto
 Supostamente previu um eclipse
 Dividiu o ano em 365 dias
 Tudo é feito de água (em vez de perguntar “quem fez” ele perguntava “de que é
feito” – ontologia)
 Os ímanes tinham alma (tinham agência/mente – ativo) – parece vivo, parece ter
uma energia que o relaciona intencionalmente com o ambiente
 A alma é imortal, mas não há metempsicose (transmigração das almas)

 Anaximandro
 Tudo é feito de apeiron (material infinito e indeterminado, sem principio nem fim)

 Anaximenes
 Tudo era feito de ar
Este grupo são os físicos – pensadores que se interessavam pela natureza
A análise do mundo físico era feita em termos das propriedades desse próprio mundo físico e
não de agências que o determinam

 Físicos
 As coisas, como as vemos, têm uma realidade diferente da que é revelada pelos
sentidos (é a alma e não os sentidos que conhece a verdade)
 Há um mundo escondido que se pode procurar pela razão e pela especulação
 O pensamento (razão) emancipa-se da perceção (pensamento ≠ perceção)

 Pitágoras
 Contra-corrente
 A mente era independente do corpo e migra de corpo para corpo com a morte
(metempsicose)
 A mente precisava sempre de um suporte, de um corpo que posse por ela animado
 Capacidade de ir para lá das aparências pertencia à alma – capacidade de
apreensão do universal
 Xenófanes de Colófon
 As coisas não são como nós as imaginamos, mas são o que são independentemente
da maneira como as vemos
 Imagem e comportamentos dos deuses – se os cavalos tivessem deuses imaginá-
los-iam como cavalos
 Deus é inimaginável
 Compreensão da eficácia do pensamento puro como independente do
comportamento
 Heraclito
 Tudo quanto pensamos e sentimos uma ilusão
 Tudo é fluxo em permanente mudança, e o que acabámos de ver imediatamente
antes já é diferente agora
 Permanénides
 A verdade física das coisas é una, eterna e imutável, mas que são os sentidos que
nos enganam
 Tendência comum a todos estes autores: a realidade não é alcançada pelos sentidos
mas encontra-se num plano só acessível pelo pensamento.
 Empédocles
 Os objetos emitem eflúvios que são cópias de si próprios
 Nós capturaríamos esses eflúvios e misturar-se-iam no sangue, tornando-se
consciência
 Esta teoria é puramente materialista
 Aceita a ideia de transmigração das almas, que expiariam os pecados das vidas
passadas
 Se há diferença entre perceção e realidade é necessário saber como se faz a
tradução de uma na outra
- Começo da epistemologia psicológica – estudar o processo de conhecimento
com base nos mecanismos perceptivos

 Demócrito de Mileto
 Qualidades sensoriais são meras aparências pois as coisas não são o que parecem
 A alma gera o movimento

 Protágoras de Abdera
 Cada um constrói a sua verdade a partir dos sentidos
 As realidades são diferentes umas das outras
Gregos
 As próprias coisas são ilusões
 Permaneceram concentrados nas coisas, não no sujeito de representação
 Localizaram os enganos das aparências na natureza escondida das coisas e não nos
processos da subjectividade (não há verdades, tudo é subjectivo)
 Mundo físico não é animado, não deve ser estudado em termos de intenções

A Revolução Socrático-Platónica
A posição dos gregos levou a uma crise social, que fazia os sofistas defenderem qualquer
posição que fosse pedida

 Sócrates
 “Verdadeira verdade” sobre os motivos do nosso comportamento e pela crença da
imortalidade da alma
 Considerado, de certo modo sofista, gostava de encontrar argumentos contra
certezas dos seus concidadãos
 Acreditava que o conhecimento era possível, era necessário, estava em cada um de
nós
 A verdade não se atingia através dos sentidos, pois uma criança ou um animal
também os possuem e são incapazes de chegar a verdade
 Depois de desaparecida uma sensação, o seu conhecimento perdura, o que
mostra que a verdade não está nos sentidos
 Esta compreensão das verdades era possibilitada pela alma que conhecia
diretamente as essências e não as aparências, únicas representações dos
sentidos
 A verdade tinha de ser procurada no próprio sujeito (“conhece-te a ti próprio”)
 Alegoria da caverna – vemos das coisas apenas a sua realidade deformada

Platão
 Há ideias claras, inequívocas (exs: bem, belo, justo)
 Os conceitos ocorrem apesar da confusão dos sentidos, de modo que não podem
provir deles, e devem ter outra origem – a própria mente
 Somos perturbados pelos desejos do corpo (prazer e poder corporal) e não
procuramos a verdade
 Estas ideias puras existem como objeto de conhecimento (realidades) – estão na
mente como recordações anteriores ao nascimento
 Há, na mente, ideias inatas (conceitos inatos) que têm origem num mundo
imaterial – IDEALISMO
 Aceita a subjectividade e a mutabilidade, mas reforça que a verdade existe e temos
de nos ancorar no sujeito para a atingir
 Acreditava na vida da alma racional independentemente do corpo e que só quando
a alma estivesse nesse estado incorpóreos
 Formas – conceitos mais abstractos que o pensamento consegue identificar

Ideias puras como realidades não psicológicas


Ideias puras – não são conceitos psicológicos, mas realidades no mundo ideal
Os conceitos correspondentes a essas formas são apenas elaborações psicológicas
Formas – produtos da mente
Ideias puras platónicas - reificação transformação daquilo que é puramente psicológico em
real (reificação de um conteúdo mental num conceito abstracto)
Só compreendendo o sujeito como contemplador de um mundo mental é possível descrever
esse sujeito mental
Por isto Platão foi um degrau para a formação de uma psicologia

Análise das ideias de Platão quanto à mente


Até Platão – Psyche significava animação do corpo; aquilo que distingue um corpo morto de
um vivo; formulada em termos comportamentais e não da subjectividade
Para Platão – significa mente; a nossa vida interior de que cada um tem consciência
- Filosofia – busca da felicidade na mente, não no prazer físico
Procura do conceito puro no invisível na mente e não na matéria  ontologia das formas no
plano mental que se opõe a uma ontologia externa, da matéria
 Alegoria da caverna – para chegar à verdade temos de contemplar as ideias puras, não
contaminadas pela experiência
A alma não é apenas racional mas principalmente movida pelo desejo (alma motivada)
Esse desejo é a própria vida
Desejo numa alma não cultivada: materiais (sexo, alimento, poder, prazer físico); posse
Desejo da alma harmoniosa: posse das ideias puras; tem de se abstrair dos desejos que o
afastam do mundo das ideias
Conflito psicológico
3 grupos de pessoas:
 Filósofos – dirigiam a sociedade; não tinham propriedades; dedicação ao bem público
 Guardas – assegurariam o cumprimento das decisões dos filósofos (versão guerreira
dos filósofos); também sem propriedade; dedicação ao bem público
 Produtores – classes produtivas com propriedades; destituídos de qualquer poder
político
3 funções da psyche:
 Razão (corresponde aos filósofos) – procura o belo, o puro; racional
 Paixão (guardas) – luta contra os desejos mais básicos provenientes dos apetites
corporais
 Apetites (produtores)
Há impulsos dos 3 tipos (verdade, honra e carne) mas a pessoa justa deve impor o controlo da
razão, com o auxilio da honra, aos motivos mais puramente corporais.
A razão procura o justo, o verdadeiro, o belo
Os apetites querem apenas o prazer
3 tipos de forças a agir (3 componentes) na nossa alma:
 Razão – permite-nos escolher o nosso rumo (cabeça)
 Honra (topo do externo)
 Apetites (barriga)

Perceção e cognição
Teoria da visão - o corpo humano é composto de vários elementos sendo 1 deles o fogo, que
sai do olho sob a forma semelhante à luz, forma-se um raio em que a luz interior encontra um
objeto exterior; este atinge o corpo do sujeito e a sua alma (almas interiores – capturam o
visível)
 Hierarquia de objetos de consciência
 Mundo das aparências (Imagens mentais; ilusão das coisas; juízos de
verdadeiro ou falso sobre essas imagens)
 Mundo do inteligível (primeiro nível - geometria; explicação racional das
imagens mentais – o pensamento; segundo nível - formas puras – o
pensamento faz hipóteses sobre elas)

Imortalidade da alma
A alma racional é imortal e as almas inferiores morrem
As almas justas são recompensadas enquanto as más vão para Tártaro (inferno)
A alma que sobrevive é a racional, responsável pela escolha do bem ou do mal e que essa alma
corresponde Eu

Psicologia ou ética
Realidade última é invisível e imaterial e apenas imaginável por hipóteses mentais
Posição psicológica – o triunfo da razão sobre os apetites
A mente é inequivocamente afirmada: é ela que permite explicar o visível e hipotetizar o
invisível - a mente como problema é uma criação platónica
A ética, vista da primeira pessoa, implica uma psicologia
Influência de Platão
Criou a ideia de mente
Afirmou a superioridade da mente sobre o resto da nossa vida
Formulou as nossas categorias mentais
Ciência contemporânea – procura anular o sujeito e a subjetividade

Aristóteles
O espírito humano não possuía, como reminiscências, as ideias (essências) do belo, justo e
puro.
Natureza corporal e material das funções da vida – possibilitada pela alma
Capacidades epistémicas – conceito de essência (belo, justo, verdadeiro) é platónica
Estas essências/ “universais” não poderiam ser alcançados apenas pelos sentidos –
identificados “de dentro” da alma
10 tipos de juízos sobre uma coisa (categorias)
 Substância (o que é)
 Qualidade (características)
 Quantidade (dimensão)
 Relação (maior, menor, ou igual a outra)
 Espaço (onde está)
 Tempo (quando foi)
 Posição (maneira de estar)
 Estado (como está)
 Ação (A age sobre B)
 Afeção (B é afetado/agido por A)
Estas categorias são abstracções dos tipos de conceitos usados para pensar as coisas
- existem independentemente da mente mas têm de estar também na mente
Conhecer uma coisa resulta das características quer da coisa, quer do conhecedor
As ideias não estariam na mente, apenas a capacidade para as apreender a partir dos sentidos
e de as formular – capacidade mental e anterior à experiência
É a razão ou a mente que deve encontrar as essências e os universais
A experiência e os sentidos têm de fornecer à mente (tabua rasa) a matéria prima para ela
funcionar
A experiência só é possível se houver, na razão, qualquer coisa de prévio e que possibilite que
a experiência seja recebida, avaliada e generalizada – algo a priori que permita à mente
reconstruir os universais
A mente não cria os universais, eles existem apenas como realidade do pensamento
As essências e os universais – o que transcende a experiência; forma nova das “ideias puras” ;
são conceitos abstractos
- A partir dos sentidos atinge-se o acidental, encontrar o universal é uma tarefa da mente
Potência e ato – distinção entre realização e realidade
- Todas as coisas encontravam-se associadas num plano divino e cada coisa desempenharia
a sua função
Todas as coisas são compostas de forma e de matéria (Teoria da forma+matéria 
hilemorfismo)
-Forma – essência de uma coisa
-Matéria – transformada de maneira a tomar outra forma
O “De Anima” e seu significado
Hilemofrfismo – todas as coisas têm matéria e forma; matéria e forma são independentes mas
criam um ser uno
Alma é definida como forma do corpo – passagem de potência a ato
-Seria responsável pelas funções (finalidade) que o corpo desempenha
Explicação de um fenómeno implica elucidar 4 aspetos:
 A matéria de que é feita uma coisa
 A forma que foi imposta à matéria
 A causa eficiente (quem/o que fez com que a coisa fosse feita)
 A finalidade (para que serve)
Ao estudar os organismos temos de compreender primeiro a finalidade/função para depois se
poder compreender a organização
Para compreender qualquer fenómeno há que compreender a estrutura a partir da função
Estrutura e função são realidades distintas
A alma é concebida como aquilo que causa o que o corpo pode potencialmente fazer
Finalidades da alma - há 3 almas:
 Alma vegetativa
 Alma das plantas
 Alimentação e reprodução
 Alma sensitiva (dos animais)
 Perceção e movimento
 Os 5 sentidos fundem-se na experiência de uma imagem mental – senso comum
 Perceção – sintonização do conhecedor e da coisa (o que é comum entre objeto e
sujeito)
 Percecionar implica que haja prazer e dor e por isso desejo
 O desejo baseia-se em imagens mentais (imaginação; phantasia – refazer
uma imagem perceptiva na mente)
 As imagens podem ser guardadas na memória
 Alma racional
 É a mente (razão/inteligência – nous)
 2 tipos de mente:
 Prática – planeamento, estratégia; captura, pelo organismo, de uma coisa
exterior
 Teórica – captura das formas das próprias ideias
 A mente pode ter consciência de si própria e tentar analisar-se, embora se funda
com os problemas em que se concentra (a mente concentrada sobre um assunto
passa a “ser” esse assunto)
 Pensamento implica sempre imagens mentais, provenientes dos sentidos
 Tem de haver na mente formas prévias que identifiquem as ideias (formas
inatas equivalem às ideias puras)
 Mente racional – “Lugar das formas”
A alma não teria ideias puras mas sim processos de chegar a formulações abstractas que são
universalmente verdadeiras
Pelos sentidos o conhecedor entra em contacto e conhece a realidade exterior, gera imagens
mentais conotadas (desejo) que podem guardar em memória – dão origem a conceitos, quer
sobre coisas quer sobre a própria mente

A mente ativa, Nous poiêtikos


Mente passiva (como potência) – Mente que se transforma em coisas (mente como
consciência); é aqui que as imagens mentais, a memória e os sentidos se estruturam em
universais, puros, sem matéria, por influência da mente ativa
Mente ativa – tem as formas puras
Temos em nós inaptamente (em potência) a possibilidade de chegar aos conceitos (formas)
mas que lhes chegamos através da abstracção que fazemos da experiência
A mente ativa é imortal, porque é separada do corpo (principio criador, inalterável)
-A morte do corpo não a afeta em nada – participa ao longo da sua vida, mas é independente
dele
-Permite chegar às formas e não é material (existe fora da matéria)
A mente individual (consciência, conteúdos da memoria, conhecimento individual) é mortal
Aquilo a que chamamos de “alma” seria mortal, apenas permaneceria o principio da mente
ativa
As ideias puras encontram-se em recordação e é necessário um esforço da razão para as
conhecer (vai de acordo com Platão)
Universais – categorias puramente psicológicas
- Mente ativa – reificação da atividade psicológica (influência, força, que vem de uma
entidade agente invisível)

No senso comum formam-se imagens, que atraem ou repelem o organismo relativamente a


partes do ambiente e que ficam em memória – sobre isto, a mente vai fazer juízos e pensar
-Estas capacidade são o elenco das operações da mente - “Faculdades”

Conclusões sobre Aristóteles


A mente implica 3 coisas diferentes, mas relacionadas
a) Mecanismo invisível que anima, que dá vida aos organismos
b) Principio agente que é responsável, nos animais, pelo comportamento intencional
c) Capacidade de planeamento e de pensamento abstracto
Tendo em conta a mente ativa como imortal – d)principio espiritual que há em todos
os homens e que lhes permite o entendimento
Tentou integrar os vários significados que a palavra “alma” tinha no seu tempo: movimento,
agência, vida, sopro final, desejo, capaz de fazer juízos éticos e racionais, apenas material, mas
tornada possível por uma agencia sobrenatural

Sequência das ideias nos pensadores gregos


Relações ontológicas – de que é que o mundo é feito?
Os sentidos não são de total confiança
Há mudanças que são ilusões
Ideias puras – são uma reminiscência do estado incorpóreo da alma
É na interação dos sentidos com as ideias puras que se vai constituir o pensamento
A mente pode, ela própria, ser objeto de estudo e é o sujeito que dá significado

Influência da “Escola de Atenas”


“Alma primitiva” – a vida, a agência, a capacidade de representação – consciência, vontade,
desejo, intenção, movimento e vida, tudo misturado
- A vida são os apetites (Platão) e a alma vegetativa e os desejos da alma perceptiva
(Aristóteles)
- As intenções são a vontade (Platão) e a alma perceptiva/locomotora (Aristóteles)
- Consciência de se ser um sujeito é a razão
Descoberta da mente como objeto de estudo
(Ver imagem livro)

Capítulo 4 – Do renascimento ao racionalismo


Descartes
Os sentidos enganam-nos e a realidade não é o que parece – não posso confiar na exactidão
dos meus sentidos
Pessoas – tudo quanto vejo são corpos animados, mas atribuo-lhes, no meu espírito, uma
mente. Devo então duvidar de todas as minhas experiências das coisas de que tenho
representação a partir dos sentidos
Não posso duvidar que existe a criatura que pensa esses conteúdos e que essa criatura sou Eu.
Certeza: Penso, sei que penso e isso prova que eu, como ser mental, existo (cogito cartesiano)
Sabemos que existimos porque a nossa experiencia mental é a única coisa de que temos
certeza – alma/mente
Podia admitir a existência de uma coisa que fosse racionalmente óbvia aos olhos da
mente(“clara e distinta”) pois esta seria verdadeira.
- Deus não nos engana: as ideias evidentes são verdadeiras
Demonstração de Deus
- Nós, homens imperfeitos e finitos conseguimos imaginar um ser perfeito e infinito – esta
ideia não me vem da experiencia, é intrínseca, está na mente (foi dada por Deus)
- A mentira provem das imperfeições
- Se Deus é infinito/perfeito não mente e não nos induz em erro (argumento circular)

Natureza da mente e dualismo


Mente – consciência das ideias
- 2 fontes para estas ideias:
- Abstração da experiência
- As que capturam a verdade são inatas (dadas por Deus) – noção do Eu, Deus, Espaço,
Tempo, Movimento, axiomas geométricos e conceitos matemáticos (permitem pensar o
mundo)
Através destas ideias faremos uma formulação do mundo e de nós próprios que seja clara,
distinta e o mais geral possível – chegámos à verdade
Ao mundo mental podemos aceder diretamente pela experiência de existir (eu-sujeito – toda a
atividade psicológica consciente)
Dissociação cartesiana entre alma incorpórea e processos corporais – distinção entre o ponto
de vista da 1ª e da 3ª pessoa
- A mente cartesiana é descrita/identificada/sentida na 1ª pessoa (pela experiencia de ser)
- Perceção – ato de vontade (vai buscar aquilo que vê)
- A linguagem da filosofia nada tem de 1ª pessoa (ao descrever-se o ouvido não se sente a
atividade psicológica de ouvir)
Eu sou apenas uma coisa que pensa e que tem uma ideia clara e distinta do seu corpo, que
nada pensa.
- É uma ideia clara e distinta que a mente pode funcionar sem referência a qualquer dado dos
sentidos, mas o corpo não pensa, é apenas uma articulação de matéria, logo a alma (mente)
seria autónoma do corpo
Dualismo
- Corpo, o mundo físico (matéria), mede-se
- A mente é imensurável (Avicena – a mente não tinha expansão)
- Logo há 2 ordens de realidades: res cogitans (coisa pensante) e res extensa (coisa extensa –
materialidade/mensurável)
 Seriam separadas mas teriam relações – nós pensamos em coisas materiais
Como se processa essa ligação? Glândula pineal (a um Como Descartes responde um Onde
– 2 ordens de realidades diferentes na sua natureza, logo não sabia como se fazia a ligação
entre os 2 planos)

Fisiologia, psicologia, conhecimento e paixões da alma


Mente - autónoma, pode pensar em ideias puras independentemente das imagens dos
sentidos
Corpo – Máquina dos sentidos, puramente mecânico
Atributos da mente, a consciência pura: existência e duração
-2 modos principais – têm origem na mente, mas depende do corpo para se exprimir aos
outros e sobre o mundo
Inteleto (apenas pensa); modos:
- O puro intelecto (quando se pensa nas ideias inatas; independente do corpo)
- A imaginação (imagens mentais) Dependem da ligação entre o corpo e mente (o corpo transmite movimentos à
- Os sentidos alma, que os interpreta como emoções, percepções ou imagens)
Vontade (leva à decisão); modos:
- Desejo ; aversão ; afirmação ; negação e dúvida
Perceção em Descartes –ideia de átomos e de uma mecânica total (átomos livres em
movimento e em contacto com outros átomos vai determinar a perceção)
- Os átomos livres batem na superfície de um objeto e os que são “refletidos” chegam depois
aos sentidos (olho, nervos, cérebro) e à alma (através da pineal) que traduz esse movimento
em cores, cheiros, etc… - perceção é uma interpretação (ex: a secretária não é castanha, eu é
que a vejo castanha)

Paixões – estados mentais (sentidas apenas na mente) e são reações a situações do exterior
(acontecimentos exteriores que ativam o corpo)
Um animal seria uma máquina inconsciente do seu comportamento (como um instrumento
sem consciência do som que produz)
-As “reações automáticas” dos animais e da nossa espécie não são provenientes da alma, mas
do próprio corpo
-Da mente são os pensamentos (e suas modalidades: duvidasr, conceber, afirmar, querer,
imaginar e sentir) e as paixões da alma (os desejos e emoções)
-Do corpo são as ações que essas paixões ou pensamento põe em movimento
- Alma – sentimento de existir  maquinaria do corpo: “alma vegetativa” passa a ser apenas
mecanismo corporal (fisiologia – explicações fisiológicas são reificações de sensações mentais);
o que faz parte da alma deve ser explicado em termos não materiais mas racionais
- Mental – introspeção
- Material – teoria fisiológica sobre o que ocorreria no sistema nervoso
1 das “paixões da alma” – Surpresa (Admiration) – concentração da atenção nos objetos que a
alma considera fora do normal
Paixões fundamentais – Surpresa, amor, ódio, alegria, tristeza, desejo (não necessariamente na
sua conotação sexual)
- A combinação destas leva-nos a outras paixões

Influência da ideia do corpo como máquina


O nosso corpo seria como bonecos mecânicos mas possuiria decisão e livre-arbitrio –
possibilidade de escolha (o decisor da máquina seria a alma)
Os animais não tendo almas seriam puras máquinas não dotadas de propriedades psicológicas

Conclusões sobre Descartes


Dualismo cartesiano – especificidade da mente como objeto de estudo
A mente não se consegue estudar usando a inteligência que aplicamos ao conhecimento do
mundo exterior
O que sinto corresponde a alguma coisa “lá fora” que existe fora da consciência
O exterior é mensurável e o mental não
A razão é a única via para chegar à verdade (e não os sentidos)

Espinosa
As ideias de Espinosa
Influência de Descartes (método geométrico)
Monoismo (contra o dualismo de Descartes) – tudo é forma de uma realidade una
(Deus/Natureza – tudo quanto existe)
- Deus seria uma força existente e não uma pessoa todo-poderosa é a existência e as leis
dessa existência
- Tem um número infinito de atributos, mas apenas lhe conhecemos 2
Extensão (Res extensa)
Pensamento (Res cogitans)
-Os 2 atributos referem-se à mesma realidade
-A ligação entre as ideias é a mesma que a ligação entre as coisas – podemos pensar a
relação entre as coisas através da relação entre as ideias (ideia de Avicena)
-O pensamento e a realidade são a mesma coisa e podemos chegar a compreender Deus e a
Natureza (o mesmo) o que existe – só temos de abandonar a nossa maneira de pensar habitual
3 géneros de pensamento
-1º - Pensamento por ideias vagas e por ver e ouvi dizer (empírico)
pensamento útil do quotidiano (sei o dia em que nasci porque me disseram, sei que está
calor porque é verão);
realizar operações numéricas sem compreender a sua razão de ser;
corresponde às paixões
- 2º - conhecimento das leis e causas dessas leis(racional)
Prever rigorosamente através de leis (ex: ciência deve chegar a leis que permitam a
previsão do que vai suceder
Raciocínio ligação entre os dados empíricos e o ouvi dizer
-3º - Intuição imediata das verdades (pensamento superior - necessário)
Coisas que ao serem pensadas só têm uma solução (ideias inatas para Descartes e
verdades necessárias para Kant) – Se A=B e B=C então forçosamente A=C ; “O todo é maior
que a parte”
2 graus da intuição:
o Verdades necessárias
o Intuição absoluta (nem precisa de análise) – Existência/Substância (implica
Deus); conseguimos intuir as verdades eternas, a perfeição, o infinito, o uno
 É da contemplação dessas verdades (como em Platão) que nasce uma alegria tranquila
(beatitude)
Esta separação de pensamentos significa que o empirismo é rejeitado como insuficiente e que
o nível verdadeiro das coisas é o da união entre o pensamento e a coisa pensada, chegando
assim à essência da coisa e não apenas às suas aparências e propriedades

O pensamento e as paixões
Primeiro modo/género – paixões humanas (a razão está ausente)
-Os seres lutam pela sua preservação e contra a sua destruição – vontade fundamental: auto-
preservação; aumentar o próprio ser (depende das condições do ambiente) ; para aumentar o
nosso poder, queremos impor aos outros o que pensamos
 2 paixões fundamentais (que explicariam todas as outras amor, ódio, esperança,
apreensão, receio, segurança, desespero, inveja, siume, saudade,
humildade,emulação, aquiescência):
o Alegria – positiva/bom, quando o organismo garante o seu poder (vontade de ser
realizada) satisafação
o Tristeza – negativa/mau, quando o organismo perde poder frustação
As paixões são passivas – causadas por efeitos externos e não determinadas de dentro
Como sentimos que odiamos e amamos pensamos ser os autores desses sentimentos, mas não
é assim: apenas sabemos que sentimos, mas não sabemos porquê
Identificamos um alvo exterior como causa mas a verdadeira causa não é essa  procuramos
uma causa no exterior e nunca procuramos compreender dentro de nós próprios o que nos
levou à situação em que estamos
Dizemos que temos livre-arbitrio porque não sabemos as causas das coisas, porque não
conhecemos as leis da natureza, leis essas que regem a nossa conduta e mente
Para Espinosa não há livre-arbítrio – a liberdade é uma ilusão porque pensamos ser os autores
das nossas ações, porque não conhecemos a verdadeira causa das coisas e a atribuímos
apenas ao que sentimos
- A maneira como nos comportamos é determinada pela própria natureza: fazemos o que
estamos programados a fazer

Considerar o homem do ponto de vista da eternidade – considerar a nossa vida de forma


distanciada: distinguir entre o que sentimos e o que pensamos, ser espetador das nossas
emoções e não deixar o centro de nos próprios ser a própria emoção mas forçar esse centro a
permanecer na posição de espetador racional (olhar-me e ao mundo como objeto)
Se conseguirmos compreender que a contemplação das verdades eternas é uma fonte mais
segura de alegria calma (beatitude)
- A sabedoria está em desistir das paixões e prazeres que nos alienam e centrar-nos na
contemplação das verdades
- Base da ética – Podemos deixar de ser determinados de fora e assim conseguir algo parecido
com a liberdade

Ética - contingente à cultura; procura do maior prazer – no mundo das ideias e no amor
intelectual de Deus que liberta e não na busca desenfreada de prazeres passageiros que
escravizam

A política de Espinosa
Deixado a si mesmo o homem exerce o poder e o maior devora o mais pequeno

Capitulo 5: Do empirismo a Kant


Empirismo – ciência que descreve e tenta explicar fenómenos observáveis em termos de leis
cujo efeito pode ser observado
-Diretamente ligado à ideia de que tudo quanto há para explicar deve ser analisado em
termos do que se vê ou do que se pode medir
A palavra não é a coisa a que se refere, mas apenas um símbolo
Pensamento baseado na filosofia dos conceitos enganador – seria preciso olhar para as coisas
e descrevê-las

Thomas Hobbes
Contexto: Ockham, Francis Bacon, nominalismo
 Foi amunuense de Francis Bacon – que não admitia hipóteses mas apenas registo de
“factos”
Francis Bacon e o nominalismo
- As palavras são meras etiquetas das coisas, a filosofia tem-se ocupado de relações entre
palavras sem compreender as relações entre as próprias coisas
- “Ídolos” no sentido de obstáculos ao conhecimento
 Incapacidade de compreender o mundo exterior sem nos projectarmos nele
 Tendência para nos perdermos nas palavras que já não têm referência àquilo que
designavam originalmente
- Apagamento do sujeito de pensamento quando encara a natureza
- O conhecimento não deve tentar inferir leis gerais mas apenas, muito progressivamente,
captar a natureza, grau a grau
Sensações  Ideias  Imaginação (combinação de ideias)
Thomas Hobbes
Ideia de que aquilo que se pode dizer pode corresponder a nada (ex:quadrado redondo)
Materialista total – o que é real é a matéria (não existe res cogitans); poder pensar na mente
como independente do corpo não significa que ela o seja: é um puro erro no uso de palavras e
de conceitos
Conhecimento mental vem dos sentidos – as coisas são movimento que entra em contacto
com os órgãos dos sentidos
- Transforma-se em sensações quando entra em contacto com o cérebro e o coração que
reagem à pressão do movimento com uma contra-pressão “para fora”
Imaginação – manipulação de ideias provenientes dos sentidos e é a natureza do pensamento
Linguagem permite-nos pensar e comunicar  Entendimento
As emoções seriam provenientes do movimento do corpo, que geraria uma paixão, seguida de
deliberação (a forma de atingir o objetivo): a deliberação seria assegurada pela imaginação
Base de todas as emoções e compreender as paixões – endeavour (esforço, impulso, vontade
de tentar, aquilo que queremos fazer)
- Impulso primordial na origem da ação e de toda a vida humana e animal
Se todos têm necessidades equivalentes tem de haver competição entre eles
- Problema mais central: poder (paixão da glória) – assegura os recursos necessários à
sobrevivência (Poder=recursos=liberdade) ; satisfação das necessidades
Gostamos intrinsecamente de poder: vanglória – comparar favoravelmente a nossa posição e o
nosso poder com outros com menos poder e é fonte de prazer, de alegria e felicidade (glory)
- Quando somos vencidos – desgraça (misery)
Se vivermos constantemente em competição, o estado normal é a guerra contínua
- Mas o homem tem capacidades racionais e compreende que a situação em que se encontra
pode ser melhorada se houver um contrato e que os indivíduos prescindam da sua liberdade
(poder) para o entregar a alguém que os defenda em conjunto – Estado Leviathan
 O estado funciona através do medo – tendência para preservar a própria vida, dessa
maneira o Estado ao ameaçar quem quer expandir demasiado o seu poder, garante a
paz comum

A psicologia de Hobbes
Há um nº limitado de paixões simples, mas que a maneira como se sucedem ou se combinam
dá origem a outras
- Apetite (Appetite), Desejo (Desire), Amor (Love), Aversão (Aversion), Ódio (Hate), Alegria
(Joy) e Tristeza (Griefe)
A combinação destas leva-nos a outras combinações
Esperança – apetite com expectativa de sucesso
Desespero – apetite sem expectativa de sucesso
Medo – aversão com expectativa de sair magoado
Coragem - aversão com expectativa de ganhar
Desejamos o que nos traz benefício, amamos o que nos dá poder ou satisfação, e detestamos
o que nos impede de obter aquilo que queremos e aquilo que nos magoa
- O amor e o ódio: alegria e tristeza + a ideia das causas
Método de Hobbes – baseia-se na introspeção e na inferência do comportamento que ele
observou nos outros
John Locke
Fundador do “empirismo britânico” – verdadeira psicologia empírica, baseada na experiência

Articulação das Ideias de Locke (fundação da psicologia empírica)


Locke parte da experiência
Em vez de chegar à verdade sobre as coisas prefere saber como conseguimos pensar sobre
elas
Centra-se no como se geram psicologicamente essas ideias em nós: não quer conhecer a
realidade das coisas, mas a representação que delas temos
Mudança de objetivo – passa da ontologia (o que é uma coisa) para a epistemologia (como
sabemos sobre essa coisa) que para Locke é psicológica
A representação das coisas é estudada por observação direta da mente, na primeira pessoa –
tornar-me a mim próprio como objeto
Consequência da posição puramente experiencial – não temos conhecimento direto do
mundo, apenas noções claras
Pressuposto atomista – ideia de que todas as coisas são compostas de elementos mínimos que
se combinam em coisas mais complexas ; também a mente seria feita de elementos mais
simples que percecionaríamos e depois formaríamos sínteses entre esses elementos mínimos
(ideias simples) (ideias simples que se combinam)
- Não é derivada da experiência

Ideias simples, complexas e modos


Ideias simples – As nossa experiências podem vir
- Mundo exterior – Sensações
Sensações primárias – solidez, extensão, figura e movimento (refletem propriedades do
mundo)
Sensações secundárias – cor, som, paladar (apenas construções da mente, experiência
não é fiel)
-Própria mente – Reflexões  consciência da nossa própria atividade mental ; perceção
interna provém as noções – diversas ações do nosso próprio espírito
Entendimento – perceção ou potência de pensar
Vontade – Vontade ou potência do querer
- Prazer e a dor – capacidades inatas do homem (únicas verdadeiramente inatas)
Ideias complexas – formadas a partir das sensações e reflexões (através da combinação de
ideias simples)
Exemplos:
- Espaço – adição sucessiva de distâncias concretas
- Tempo – adição sucessiva de intervalos de estados mentais diferentes (ex: espaço de
tempo entre 2 sons diferentes)
-Número – Experiência de unidade
- Infinito – Soma consecutiva de todas as anteriores
- Deus – infinito + poder
As ideias simples impõem-se à consciência; a vida mental nunca é objeto de investigação
-Daremos maior atenção às sensações e reflexões quanto maior for o prazer ou a dor que as
acompanham
Memória de trabalho – Contemplação
Memória a longo prazo – Memória ; importante para a formação das ideias complexas – não
conseguimos ter muitas coisas em mente ao mesmo tempo  temos de ir buscar as
recordações das ideias  compará-las  perceber se são iguais ou diferentes (e o grau de
diferença)
- Principal atividade mental ativa = inteligência
Relação e composição – dependentes da comparação e da agregação do semelhante e
separação do diferente
As ideias complexas produzem-se por justaposição dos elementos congruentes entre si ( “o
todo é maior que a parte” – ideia apreendida porque nem o todo nem a parte são ideias
inatas)

Ideias complexas
- Relações – ideias que conseguimos ter da relação entre 2 coisas (comparação entre 2 ideias)
- Substâncias – Comum a ambos: ideias de existência + duração + mobilidade
Material – corpo: coesão dos componentes sólidas e separáveis e poder da comunicação
do impulso (paciente, passivo)
Espiritual – espírito: pensamento, vontade, o poder de por o corpo em movimento e a
liberdade que é uma consequência de todos (agentes)
(nenhum dos 2 corresponde a nenhum conhecimento certo, o mundo mental não é mais irreal
que o material)
- Modos – atributos de uma substância ; combinação arbitrária de ideias simples natureza
experiencial dos conceitos que usamos para pensar ; não refletem a realidade mas a
convenção (permitem-nos pensar a realidade e comunicar)
Simples – um dúzia (unidade)
Mistos – divindade (poder + infinito)
Modo da mente (Mentais) – conceitos que usamos para pensar a mente
- Pensamento, memória, reminiscência (esforço de recordação), contemplação,
“revire” (sonhar acordado), atenção, estudo e o êxtase
- Explica a partir do prazer e da dor vários conceitos que usamos para descrever as
emoções (amor/ódio é o que se sente relativamente ao que causa prazer/dor)
Modo do poder
- Noção que há coisas que podem alterar outras (fogo derrete o ouro)
- Vontade (outro modo) – nossa própria experiência de poder mover o corpo
(liberdade)

O conceito de faculdades psicológicas não explica absolutamente nada: a faculdade causal x


explica que eu faça x (ideia circular)  preferível analisar a nossa própria mente para ver o
que lá encontra (recusa reficar a mente em faculdades)
O eu em Locke
Identidade
- Numa coisa não viva: manutenção das partes que a compõem
- Numa coisa (ser) vivo: continuidade da experiência
“Um homem” – máquina, ainda que racional, em que a força vem de dentro (perceção do
outro sobre mim)
“Uma pessoa” – representação que faço de mim  “Eu” – capacidade que temos de pensar
em nós mesmo (identidade subjectiva); consciência do eu independente da substância que a
forma
 Transferência da consciência depois da morte para outro corpo – o “homem” seria
diferente, mas a “pessoa” seria a mesma
 Os limites da consciência do eu não são os do corpo (amputado tem a mesma
consciência) mas o das suas recordações (identidade – definida pela continuidade da
consciência, pela recordação de mim próprio)

O anti-inativismo de Locke
Posso basear-me na minha experiência mental de 2 maneiras:
tentar considerar os processos mentais dinâmicos, o que sinto enquanto penso – própria
atividade do sujeito ;
-muito difícil pois se estiver concentrado num objeto exterior não posso estar ao
mesmo tempo concentrado no processo de dar atenção
basear-me nas conclusões, no conteúdo armazenado na minha memória – estarei a
concentrar-me não na atividade do sujeito mas nos produtos da atividade do sujeito (todos
objetos mentais)
- Todos os objetos que deteto na minha mente me vêm do exterior: a minha mente
não tem a sensação de poder produzir autonomamente nenhum dos conteúdos que a povoam

Locke concentra-se nos conteúdos objetuais da mente: nos resultados, não nos processos
transitórios do pensamento
- esses objetos mentais são provenientes de 2 coisas: do exterior e do esforço que fiz para
lhes chegar (combinações de ideias simples)
Tenho prazer em relacionar as ideias que me chegam do exterior, em fazer novas ideias e
relacioná-las por sua vez  inatos são o prazer e a dor, todas as ideias complexas são relações
que eu fiz sobre ideias simples (tudo vem dos sentidos menos o prazer e a dor)
Em síntese:
Apreciação de Locke
Fundador da primeira verdadeira psicologia na 1ª pessoa – investigar a origem do
conhecimento (epistemologia) através perspetiva da experiência e por pura introspeção
(tentou descrever a mente por introspeção)
2 críticas
- Atomismo – analisar algo através das suas partes  injustificado: posso analisar, mas a
representação inicial não é analítica, é global e a análise é posterior à experiência
- Recusa em hipotetizar processos anteriores à experiência que a tornam possíveis (não
diretamente observáveis) – temos que concluir que todo o conhecimento é apreendido  mas
para que as sensações sejam sentidas como espaço/tempo/unidade tem de haver no
organismo estruturas inatas responsáveis por essa interpretação
O conhecimento vem da experiência, mas essa só é possível se houver condições que a
possibilitem
Não teve em consideração a conexão entre fisiologia e fenomenologia

David Hume
Tese principal – para resolver os problemas da filosofia é necessário conhecer a natureza
humana (epistemologia)
Explicar os problemas da filosofia da mente (psicologia)– método da observação, descrição da
experiência mental  estes conceitos teriam experiência imediata na experiência e seriam
menos arbitrários e mais reais do que os da metafísica (geografia mental)
Temos acesso a 2 coisas:
Perceções (mundo exterior) – 2 tipos (diferem na intensidade)
- Ideias (registos de percepções) – ideias simples combinam-se para formar complexas
- Impressões (puras – ex: cor)
- Ideia é forma mais atenuada de impressão, que tem um carácter mais intenso/nítido
(impressão – visualização no momento ; ideia – cópia na memória)
- As ideias das impressões puras são exatamente iguais às impressões, mas as ideias
complexas não são retratos da experiência mental, mas derivam dela.
- Ideias – 2 processos de armazenamento
 Memória – recordação quase tão viva quanto a impressão ; guarda a sequência das
várias impressões originais (cópia de uma situação realmente experienciada)
 Imaginação – ideia atenuada, perda de vivacidade ; alterar a ordem e formar
sequências novas como quisermos, com um resultado menos vívido e menos
realidade aparente
-Ideias complexas formam realidades
Impossível saber se as sensações que estão na origem de toda a vida mental são provenientes
de coisas reais ou se são ilusões – não se pode ir alem do que se pode saber pela experiência e
a experiência é apenas a sensação)
- Exista o mundo ou não a nossa representação não se altera já que so temos acesso as
sensações – tudo o que temos é a experiência subjectiva
Há na mente maneiras de relacionar imagens mentais umas com as outras
Relações filosóficas – qualidades que permitem uma relação entre 2 ideias ; há 7 relações:
- Semelhança – se 2 coisas forem em tudo diferentes não há comparação possível
- Identidade – ser algo
-Espaço e tempo – (distante, contíguo, acima, atrás, …)
-Quantidade e número – comparação quantitativa entre 2 objetos (mais maçãs que peras)
-Qualidade – comparação entre 2 coisas num traço (lapiz 1 mais rosa que lápis 2)
- Contrariedade – 2 objetos são inversos (positivo e negativo fotográfico)
- Causa e efeito – relação natural, sem ser proveniente da experiência
Causalidade – permite-nos compreender as relações dinâmicas e hipotetizar causas que não
vemos (não se pode deduzir dos sentidos)
-Atração entre semelhança e contiguidade (2 tons de verde são semelhantes, uma mesa e
uma cadeira são contíguos) ; há uma ação/poder de uma sobre a outra
-2 fenómenos contíguos e em sucessão temporal – presumimos causalidade do 1º (causa)
sobre o 2º (efeito) (é natural – propriedade do espírito (mente) e não provém da experiencia)
-Responsável pela imagem de um mundo estável e não apenas uma sucessão de sensações
-Explicaria a crença nas convicções sociais, causa de ações
-Tudo isto é a teoria das coisas em que acreditamos
-Sabemos que não é assim, mas não nos conseguimos abstrair da imposição causa-efeito
A razão seria impotente contra o hábito (investigação moderna corroborou)
A natureza humana seria fundamentalmente irracional
Crença – impressão muito forte, que não nos permite qualquer dúvida
Podemos conhecer para lá do que a experiência direta nos indica: posso imaginar, por
inferência causal, coisas que nunca vi, à semelhança do que sei da minha experiência e da
causalidade

O Eu em Hume
Mente – receptáculo de sensações e das memórias dessas sensações, temos consciência das
recordações das sensações passadas
Forjamos uma identidade própria que não existe, não somos a pessoa que fomos, mas
associamos os estados sucessivos que sentimos através da memória e postulamos um Eu a
partir dessa sucessão de impressões
Identidade – pura ilusão: apenas sucessão de percepções; associamos os vários estados
anteriores e o atual e afirmarmos que o eu que agora experiencia esses pensamentos foi o
mesmo da altura
-O Eu não é uma coisa – quando penetra intimamente naquilo a que chama “eu” não vê
nenhuma entidade, só sensações

A natureza humana
Razão e paixões (emoção)
Razão – não inicia nenhum pensamento ou ação porque apenas pode decidir sobre a verdade
de determinada afirmação
Vontade – seria a consciência de iniciar um novo ato ou uma nova perceção (o que determina
este início é uma paixão – interesse por alguma coisa: motivação)
Não há conflito entre razão e emoção, mas há entre paixões violentas e calmas
Razão - apenas pode intervir depois de um comportamento/perceção ser iniciado; é escrava
das paixões - somos determinados pelas emoções e não pela racionalidade e a razão anda
atrás da paixão
Teoria das paixões – todas as paixões são consideradas em termos de prazer/dor que dão ao
sujeito
-Prazer – direto (sentido por mim para algo) ou indirecto (influência das paixões dos outros –
colocarmo-nos no lugar dos outros)
Todas as paixões têm uma causa (impressão ou ideia) que causa prazer ou dor
2 pares de paixão: orgulho/humildade e amor/ódio
Orgulho – 2 elementos: cauda do prazer ou dor e o objeto desse prazer ou dor, que é o eu
-Há prazer e dor que são associados a mim, àquilo a que eu chamaria o Eu objeto
-Como se o prazer fosse sentido no Eu sujeito como puro prazer e que fosse depois associado
no Eu objeto: Eu-sujeito sinto prazer que passa a ser associado ao Mim-objeto e Eu-sujeito
orgulho-me de Mim-objeto
Mesmo processo para o amor/ódio – só que o objeto é outra pessoa
-Prazer associado a outra pessoa – Amor
-Dor – Ódio
Moralidade – vem das paixões: queremos que gostem de nós
“Simpatia” – sentido etimológico: “sentir com o outro”
- Somos influenciados e influenciamos as mentes uns dos outros
- Queremos ser amados e não odiados – tentamos fazer o bem aos outros e não o mal
Naturalismo de Hume – empirista, mas também inatista:
-É o conhecimento sobre as coisas que é adquirido, não propriamente a razão
- Base inata - Causalidade ; tendência para agrupar uma colecção de sensações associadas na
ideia de uma coisa ; emoções
- Muito parecido com Kant, mas Hume pensa que a natureza humana se deve compreender a
partir da observação e Kant acha isso insuficiente

Apreciação de Hume
Toda a realidade a que temos acesso é subjectiva, que o Eu não é uma coisa mas uma sensação
Empirismo: conhecimento vem-nos dos sentidos e é explicável a partir da psicologia
- O problema do conhecimento seria psicológico e podia ser estudado empiricamente, a partir
do que se pode descrever da mente

Kant
O conhecimento vem dos sentidos, mas antes de lá chegar há estruturas que determinam que
tipo de conhecimento é possível – metafísica (estrutura psicológica anterior ao conhecimento)
- A priori – estruturas cognitivas da mente  condições da experiência e não determinados
por ela ; determinam a sensibilidade (parte que lida com o mundo sensível, captado pelos
sentidos) e a razão (pensamento puro)

O problema inicial de Kant


Poderá a razão por si própria gerar conhecimento? (Haverá conhecimento a priori?) – Sim,
para a matemática, física e metafísica  permitem compreender como funciona a razão pura
Considerações introdutórias e conceitos fundamentais
Distinção fundamental entre sensibilidade e razão  separação absoluta, embora haja
interação dos 2
- Sensibilidade - todo o conhecimento empírico que temos das coisas, que nos é dado pelos
sentidos
- Razão – trabalhar os conteúdos empíricos, raciocinar sobre os dados dos sentidos
Princípio básico da “Psicologia” – regras que estruturam os dados do mundo material
(condições para que haja perceção)
- Mundo material – númeno (coisa em si, independente de qualquer observador) 
Incognoscível, pois apenas a podemos conhecer através dos sentidos/sensibilidade e pela
razão que estruturam essa experiência, modificando-a, impedindo que a conheçamos como
ela é.
- Sensibilidade + Razão – fenómeno (aquilo que efetivamente conhecemos)

Conhecimento para Kant deriva de 2 fontes:


- Mundo e o sujeito cognoscente – dá uma forma empírica ao mundo através dos
sentidos/sensibilidade
- Forma racional aos dados provenientes dos sentidos através da razão pura (a priori – existe
independentemente da experiência)
As sensações são interpretadas em termos de pelo menos uma das categorias, depois de
serem processadas no espaço e tempo

Kant não se interessa por processos mentais, mas sim como a mente organiza a experiência e
lhe dá sentido – esses processos (objetos das ciências naturais) confundem-se com o
conhecimento dos conteúdos sensíveis da nossa mente
- Concorda com Hume – os processos mentais são ideias, sensações, reflexões e associações

Kant recusa estudar fenómenos (representações das coisas) e quer estudar como se fazem
juízos sobre os conteúdos da mente  não se interessa pelo processo que leva à formação de
ideias concretas, mas pelas categorias que possibilitam os juízos sobre uma relação (sujeito-
predicado)
- Juízo – afirmação sobre a verdade de uma afirmação

Identificação de categorias – operação mais geral possível de identificar nos juízos estudados
- Resultado – tabela de conceitos e intuições puras e a priori
- Sensibilidade – aplicação das intuições puras a priori de Tempo e Espaço
 Espaço – extensão (figura/fundo, forma,…) – mundo exterior
 Tempo – ordenação sequencial das coisas que sentimos (os sentidos internos ocorrem
no tempo, sucessão, início e fim de um acontecimento)
Razão consiste em conceitos
 Quantidade
 Qualidade
 Relação
 Modalidade
- Destes saem princípios universais da formulação da nossa visão racional da natureza
As intuições (sensibilidade) e os conceitos puros (razão) determinam a nossa representação do
mundo
O mundo não se pode compreender sem ser através da sua interpretação pelos conceitos e
intuições puras que regem a nossa representação  a mente determina o que representamos
e nunca podemos saber como as coisas são independentemente da nossa interpretação delas
- Os a priori são iguais em toda a gente de maneira que a representação do mundo é
universal (não nega que haja representações subjectivas, apenas não se interessa por elas)

Objetivo de Kant – saber se o conhecimento vem apenas dos sentidos ou se a razão pura tem
participação nessa geração de conhecimentos
- Tanto a sensibilidade como a razão são princípios antes da atividade do pensamento ou dos
sentidos (a priori)
- Os conteúdos da mente ocorrem depois da transformação da experiência pelos a priori (a
posteriori)

Conceito fundamental – Necessidade


- Tem de ser verdade, não pode ser de outra maneira, logo é uma verdade absoluta e
universal, sentida como necessária – carácter de evidência da própria razão  Intuição pura ;
reconheço como evidente para lá de qualquer experiência, é para mim impossível que seja
falsa (intuições a priori – caracter indiscutível)

Distinção entre sintético e analítico


- Sintético – sintetizo (junto) 2 coisas diferentes ; a afirmação contem conhecimento novo
- Analítico – dedução da afirmação (mesas – secretárias , pois não há secretárias que não
sejam mesas)

Metafísica para Kant – lida com as coisas que não são físicas (coisas físicas – dadas pela
sensibilidade) ; permite explicar os a priori que são condição de qualquer forma de
conhecimento, empirico ou racional – epistemologia do conhecimento

Proposta de Kant
Quer a razão quer a sensibilidade têm regras a priori que não são apenas a associação
(processo mental) pois esta é estudável pela física da mente (descrição da consciência) e para
Kant não se compreende essa física da mente sem uma metafisica que explique a sua origem
Usando apenas a razão é possível gerar certezas novas que não estão contidas nas premissas
do problema inicial – mas não há aumento de conhecimento
- juízo a priori analítico – pois é uma faculdade da razão, feito dentro da razão e que julga a
correcção da proposição sem gerar conhecimento novo
É possível a razão a priori fazer juízos sintéticos (produzem conhecimento novo) – matemática
- A física e a matemática são obtidas a partir da razão pura e de que todas as outras ciências
são provenientes do exercício da razão pura sobre os dados empíricos

Toda a realidade conhecida é um produto combinado das operações da mente e da realidade


exterior – causalidade (é real, mas está na mente e por isso na ciência ç não é uma associação
de uma coisa a outra (como dizia Hume), mas o facto de a causalidade ser uma propriedade da
mente que é importa à perceção das coisas
Kant – causalidade é um a priori ; Hume – deriva da experiência
A mente impõe as suas regras àquilo que é conhecido
- Função da metafísica – não especular sobre as coisas mas compreender, pela razão, como o
entendimento é determinado por regras
Sensibilidade – tempo e espaço ; razão pura – matemática e física

Influencia de Kant na Psicologia posterior


Mente – máquina em que a experiência entra e é transformada noutra coisa
Objeto de conhecimento - aquilo que que queremos conhecer ; a coisa em si (númeno)
Resultado do conhecimento – aquilo que efectivamente conhecemos ;
O material a ser transformado é o númeno, incogniscivel a não ser como fenómeno
(representação que a nossa mente nos permite ter)
A coisa em si é sempre transformada segundo regras da mente
Influência de Kant – Mundo > Transformação > Fenómeno mental
- Mundo – qualquer objeto de conhecimento
- Transformação – regras psicológicas, fisiológicas, mecânicas e logicas
- Fenómeno mental - experiência
Possibilitou a tentativa de conhecimento da mente como intérprete e não como cópia do real
Ética derivaria da razão e a razão estaria presente em todos nós, seria possível chegar a uma
ética universal, aceite por todos – todas as pessoas são livres e agentes morais, por isso devem
refletir sobre as suas ações  Imperativo categórico
O resultado das nossas deliberações éticas levariam a regras universais

Nota sobre o eu transcendental e o eu empirico


Eu empirico – conteúdos da minha mente, os meus sentimentos, pensamentos, perceçoes, etc.
(conteúdos da consciência)
Eu transcendental – conceito logico que captura a ideia de que há unidade de consciência (as
condições que determinam que os vários estados mentais sejam meus (há um sujeito de
experiência com experiências que considera suas; fornece todas as sensações)
Aperceção – dar sentido conjunto a uma experiencia mental; reconhecer uma experiencia
mental
Unidade de aperceção - consciência central que serve de relação às várias representações
separadas; é transcendental porque é postulada pelo método transcendental e não pelo
introspetivo
- Conceito lógico de sujeito que permite que exista experiencia: trata-se na qualidade de
sujeito independentemente de qualquer objeto de consciência, é uma categoria que captura a
existência de um sujeito mas o não reifica como coisa existente
- O eu sujeito não é uma coisa (não é uma alma, não tem atributos) – é um puro ponto onde
se unifica a experiencia
Eu – 2 coisas diferentes
 Puro cogito – eu de “eu penso”
 O mim – “eu penso em mim”
 Ex: eu creio que que eu tenho razão – eu creio: sujeito ; que eu tenho razão: objeto do
juízo do eu sujeito
Eu-sujeito – percepciona, emite juízos sobre, emociona-se; apenas existe na medida que
representa objetos que podem provir dos sentidos ou ser a própria atividade mental; nunca
pode ser objeto de si próprio; consciência de um sujeito que representa um objeto ;
construção intelectual e não um fenómeno ; acompanha todas as experiencias, mas não é uma
entidade própria, é condição da experiencia, mas não a própria experiencia; sente-se mas
sempre a representar qualquer objeto

Eu empírico – objeto; conteúdo mental

Kant e a crítica da Psicologia introspectiva


Os cognitistas estudam processos, os neuropsicólogos estudam os mecanismos que
implementam esses processos
Não se consegue medir com rigor a mente porque não se consegue medir e porque a simples
observação afeta o objeto de estudo
Kant não descreve a mente – trata de encontrar por raciocionio funcional que condições são
necessárias para que haja conhecimento, condições essas que não têm de ser conscientes –
psicologia cognitiva
Psicologia – estudo da consciência ; ele nega a possibilidade de compreender as regras do
entendimento
Objetivo de conhecer os estruturadores do conhecimento, os a priori, que permitem
precisamente todas as operações mentais

Kant e a influencia da posição da terceira pessoa


Tambem a psicologia cognitiva evita a referencia à experiencia subjectiva como explicação
Enfase na 3ª pessoa é uma impossibilidade na psicologia pois temos forçosamente de
descrever os fenómenos mentais

Capítulo 6: Contexto Cultural dos inícios da psicologia cientifica


Contexto social e cultural
Séc XVIII – confronto entre o mundo metafísico e naturalista
Metafísica – significado escondido, um causador último e uma realidade imaterial que explica a
realidade material
Naturalista – não existe tal realidade imaterial: tudo é explicável em termos de propriedades
da matéria desde que a matéria seja investigada correctamente – observar, generalizar e
formalizar o resultado das observações
- Newton – explica os movimentos dos planetas e conseguia prever com cálculos o
aparecimento de cometas
- Nada poderia resistir à ideia de que a explicação estava ao alcance da observação cuidadosa
e sistemática e da formalização matemática
Três ideias fundamentais:
 Elementarismo – todos os fenómenos são decomponíveis em elementos e a explicação
desses fenómenos se encontra na análise da organização desses elementos mais
pequenos
 Mecanicismo – todas as relações entre as partes de um sistema podem ser analisadas
através das leis da física
 Formalismo nomotético – chegar a leis quantitativas que resumem os resultados das
observações empíricas anteriores
Autor mais importante desta posição – Comte Positivismo: ciência chega à previsão e da
previsão chega-se à ação benéfica para a sociedade em geral

Contra-intuitivo afirmar tudo em termos de matéria/física: Todos nós nos sentimos agentes
autónomos, dirigidos pela vontade (eu agente) e não uma produção da matéria ; a nossa
biologia faz-nos ver o mundo em termos de agência (tudo tem um causador)
- Movimento contrário ao fisicalismo: multiforme; enfatiza a necessidade de compreender
conjuntos em vez de elementos; priveligia as explicações históricas e procura o significado
escondido
Para as pessoas – a mente era ativa, estruturava a realidade, existia e dava sentido ao mundo

Comparação dos modelos da física e dos modelos do significado


A psicologia funda-se na Alemanha no final do sec XIX com 3 versões/maneiras diferentes
 Wundt – natureza e espirito
 Freud – espirito dizendo que é natureza
 Gestalt – chegar ao espirito pela natureza
A ciência podia fundar-se em 2 modelos: Ciencias naturais (Newton) e ciências do espirito
(Vico)

A herança de Newton
Movimento fisicalista
Unificar todas as observações e leis a partir das leis físicas do movimento observável na terra
Ideia da gravitação – modelizar matematicamente qualquer fenómeno físico (sem precisar de
agência

Mensagem de Newton
Assenta em 3 ideias (se assim for pode explicar-se TUDO)
 A explicação recusa forças indemonstráveis
 Formulação quantitativa/matemática das leis do movimento e da força
 Tudo é decomponível em elementos todos sujeitos às mesmas forças físicas do
movimento
Desta forma, todos os fenómenos são explicados porque as leis da física são gerais e universais
e se agem num fenómeno agem em todos.
Regras do pensamento na filosofia

Impacto de Newton na Filosofia


Hypothesis non fingo – não faz hipóteses ; não encontrou cientificamente a origem da
gravitação mas que não precisa dessa origem para prever os fenómenos (não significa que
nuna faça hipóteses, só não quer especular sem bases empíricas)
Mecanicismo – O mecanismo deixa de invocar um agente, passa a explicar tudo em termos de
massas, de gravitação e de movimento eterno  prever a posição de cada astro é
determinada pelas propriedades gravitacionais (observar, formular leis quantitativamente e
prever)
Mente humana – não tem partes que se possam medir e há uma diferença fundamental entre
as coisas do mundo físico e do mundo vivo
 Vivo – animadas e intencionais (sabemos que temos mente e atribuímo-la aos outros) ;
intenções da mente explicadas pela alma (não material) e dada por Deus como origem
do conhecimento;
 Físico (origem externa do conhecimento)– todo o movimento vem de fora, não dos
próprios corpos (recebe o movimento dos outros, não inicia o próprio movimento)
tentar explicar as mentes e as capacidades mentais a partir do efeito estruturador do
ambiente e sem invocar Deus ou a seleção natural  todas as nossas capacidades vêm
do ambiente
(Dificil explicar todas as atividades mentais a partir apenas da influencia do ambiente)
Proceder “à Newton” – encontrar na própria matéria a origem daquilo que nos parece ser a
animação e a mente (ideia associada ao materialismo)  tentativa de explicar a mente e as
intenções pela pura atividade do sistema nervoso (origem dos sentidos a partir dos sentidos e
o processo físico que dava origem aos fenómenos mentais
A conceção mecânica do homem fá-lo depender de fenómenos físicos ocorrentes no cérebro
 Mente – secreção do cérebro (verdadeiro decisor)  ideia intrinsecamente dualista
(não podendo ser nós os agentes postula-se um outro agente no cérebro –
homúnculo)

Vico e a sua herança


Mecanicistas – reduzem todos os sistemas às suas partes e relação dessas partes à
quantificação ou a processos puramente materiais
“Como” fisicalista – reduzir o funcionamento de uma coisa às relações entre as partes que
compõem essa coisa
Historicismo – em vez de analisar a coisa em partes procura a sua génese (origem)  passa de
“como funciona” a “como se formou”
Compreender quem somos equivale a perguntar qual é a nossa origem e como evoluímos –
interessa-lhe conhecer a mente do homem comum
 Pensamento tópico – saber tudo sobre os fenómenos que se pretende explicar para
poder estabelecer todas as relações possíveis e depois, por indução, procura os
princípios universais da experiência histórica  “argumento novo e grande no intento
que unia num só principio todos o saber humano e divino”
Formação do penteão religioso dos primeiros homens – os deuses são universais fantásticos –
trata-se de protótipos concretos de classes concretas em vez de princípios abstraídos da
experiência (projecções antropomórficas: atribui-se a um agente fantástico a intenção que se
infere do resultado que se teme)
3 primeiras instituições humanas
1) Adivinhação – primeira forma da religião que seria a base de fundamento da sociedade
2) Casamento solene (família) – casamento monogâmico do Homem por vergonha de
Júpiter
3) Inumação dos mortos (sepultar os mortos) – aparecimento da alma imortal e revela a
fixação de um povo identitário (gens) a um solo específico, habitado pelos espíritos
ancestrais  origem da propriedade
Propriedade, família e gens formariam as origens do Estado
Monarquias assentes na racionalidade e na equidade – mais justas; o espírito pode
desenvolver-se em liberdade e chegar ao domínio da razão
Excesso de reflexão mina a fundamentação religiosa e ética da sociedade – as pessoas passam
a procurar mais o seu interesse do que os valores religiosos que mantêm a coesão social,
encontram-se “no meio da multidão de corpos em solidão absoluta de mentes e vontades”

Vico era interdisciplinar – procurava a explicação do homem não apenas na razão mas nos seus
processos fundamentais de representação do mundo, eles próprios modificados pela cultura
- Natureza humana não se altera e gera resultados previsíveis
- Mente humana é alterada pela sociedade em que está inserida
“Ciência nova de Vico” – conjunção da psicologia, filosofia, direito e sociologia num todo
intelectual (maneira segura de se compreender a mente é situá-la no seu contexto bio-
cultural)

Física – encontrar leis causais diretas; considerar os fenómenos na maior simplicidade possível
reduzindo-os a uma só variável, mas os fenómenos humanos nunca parecem ser
unideterminados porque há mais variáveis em jogo, nem sempre com a mesma força; os seres
vivos apresentam uma orientação para uma função ; uma mente só é compreensível como
enformada por determinada mandeira de pensar, avaliar e por os problemas

Ciências de espírito – as tendências para a ação/pensamento são intrínsecas ao organismo,


vêm de dentro e não são impostas de fora; a mente é ativa, há instintos (inteligência da
espécie); procura-se o significado e não só o “como” dos fenómenos ; compreender como o
ser humano dá sentido ao que o rodeia e que organização social o adapta ao ambiente ; não
conhecer causa a causa mas a totalidade do resultados dos processos que permitam dar
significado
 Adaptacionista – procura as regras de organização mais gerais e não os detalhes
causais e não procura as causas apenas no nível abaixo (física/fisiologia) mas na
própria observação do ser vivo

Comparação das 2 heranças


Movimento do significado
 Objeto de estudo – compreender o organismo que age no seu ambiente
 Cultura/organismo/mente – capturar regras de relação qualitativas
 Viver é interpretar – cada ser vivo constrói um mundo fenómeno diferente do das
outras espécies e individual
 Objetivo de estudo – regras de construção de realidades fenoménicas  preciso
conhecer o númeno e as interpretações que cada um faz desse a partir da perceção,
ação e conotação
 Holista – compreender os organismos como intérpretes do seu ambiente e descrever a
gramática dessa interpretação (menos analítico e reducionista do que o movimento
fisicalista)

Movimento da física
 Objetivo – estudo dos processos que permitem o funcionamento dos vários
subsistemas que compõem esse organismo

Compreender a lógica das relações entre o ser e o ambiente em que ele se desloca
(SIGNIFICADO) OU compreender a estrutura e funcionamento das partes que o compõem
(FÍSICA) - Diferenças
 Atividade que se atribui ao organismo
 Movimento físico – considera os indivíduos passivos, movidos a partir da fora,
exatamente como os corpos físicos inertes; mente tem poucas propriedades
intrínsecas (tudo vem de fora)
 Movimento do significado – mais evidente nos indivíduos é a aparente
finalidade do seu comportamento (as pessoas querem, desejam, etc…) ; mente
é ativa ; há varias capacidades inatas que permitem a ação e a própria
capacidade de pensar
 Importância dos conteúdos por oposição à importância das leis abstractas
 Significado – conhecer as relações que o organismo estabelece com cada parte
do mundo (as relações são contigentes aos conteúdos) ; sujeito ativo
interpreta o mundo que o rodeia de forma ativa (atribuição de significado) ; as
categorias são diferentes em cada cultura e cada pessoa; estímulo-organismo
– estímulo não é descritível apenas em termos das suas propriedades físicas,
mas também das que tem para o organismo a que é apresentado (há a priori
da própria matéria que determina como o mundo é representado
 Física – não há conteúdos porque não há sujeito de conhecimento; há regras
causais entre variáveis e essas Têm de ser descritas pela linguagem da matéria
 Ponto subjectivo central – Eu sujeito
 Física – nega a existência; o Eu é uma ilusão e os processos de decisão
periféricos; devemos descrever os seres vivos sempre como objetos (na 3ªP),
nunca como sujeitos (na 1ªP)
 Objeto de estudo
 Significado – holista ; observa seres vivos inteiros, agindo/reagindo no seu
mundo; estudar o organismo nas suas condições normais (observação)
 Física – atomista/elementarista ; explicação de sistemas complexos a partir de
poucos elementos; partir o organismo em partes e testar cada variável para
encontrar leis causais da função de cada elemento (experimentação com
controlo de variáveis)
Vitalismo
Os seres vivos parecem-nos intencionais enquanto os inanimados são imoveis ou movidos por
fora
Significado - diferenças entre a matéria viva que seria teológica (tenderia para fins) e
anentrópica (tenderia para a organização)
Vitalismo – ideia de que a matéria tem uma intenção/significado/objetivo
 Posição mais empírica;
 factos espontâneos de observação
 Fisicalista – matéria inerte gera a vida e inteligência
 Observação de um organismo – conclui que ele está organizado e se comporta de
maneira a garantir a sobrevivência; o funcionamento do ser vivo que dos elementos
resulta é teológico
Mecanicismo
 Não aceita teleologia alguma – os animais são sistemas animados assim como o
homem (sem livre-arbitrio; determinado pelo funcionamento físico do cérebro; eu é
uma ilusão)
 Estudar a física e a química dos processos que são estudáveis através de analises
puramente materiais
Conclusão:
Fisicalista
 Reducionista
 Anti-mentalista
 Causal
 Elementarista
 Mecacionista
Significado
 Visão de todo e caracterizar a adaptação ao ambiente vendo essa adaptação como
uma tendência intrínseca aos organismos
Ciência moderna atual – assenta mais no estilo fisicalista, mas não é a única via

(Ver imagem pag 63)


Capítulo 7: Positivismo materialista e reação do significado
Correntes materialistas
Materialismo – ideia de que tudo no mundo são expressões de matéria
A mente e o corpo são uma e a mesma coisa (La Mettrie)

La Mettrie e o materialismo radical


Mesma linha de Hobbes com um materialismo ainda mais extremo
Há materialismo mas aceita a dificuldade concetual de conceber uma estrutura material que
pudesse produzir sensações imateriais
Alma deriva do cérebro
Cérebro e mente são codependentes
- Cérebro determina o pensamento
- Pensamento é uma propriedade invisível que surge de uma estrutura material – Verdadeiro
materialismo  tudo tem uma explicação material mesmo que a sua manifestação possa não
o parecer
Memória é completamente física – marca deixada no cérebro
Emoções: reduzidas ao amor e ódio
Considera o mesmo que Hume – “Deus não deu à minha alma nenhuma ideia de si mesma” 
incomensurabilidade da alma
Ambiente modelava a conduta – é possível ensinar um antropóide a falar e a comportar-se
como um cavalheiro
Inferir as qualidades psicológicas de uma pessoa apenas pelos seus aspetos exteriores
(fisionomia, maneira de falar e gestos) – toda a inferência psicológica sobre os outros se faz do
exterior
O homem é só corpo e a alma apenas reflete os estados corporais
- Era necessário estudar o corpo humano para compreender o homem
Só há mundo material que produzia, de alguma maneira desconhecida, o pensamento e a alma
Há existência de influências do corpo na alma
Se somos determinados pelos nossos corpos e não pelas nossas mentes, toda a noção de
escolha é uma ilusão
Materialismo extremo Determinismo completo
- Temos de negar o livre-arbitrio, o que dificilmente é compatível com a ideia de liberdade
Iluminismo – o homem, ao emancipar-se da religião (autoridade sobre todos os processos
“invisíveis” entre os quais a mente), tomava rédeas do seu destino
Iluminismo – iluminar as trevas impostas pela religião

Positivismo
Materialismo cientifista – positivismo
Comte – considera a técnica, a ciência aplicada, mais importantes do que o conhecimento puro

As ciência de Comte
Sucessão de ciências, do mais geral e mais simples ao mais especializado e mais complexo
(sebenta escrita – hierarquia das ciências)
Impor odem no sistema do conhecimento e opunha-se à mistura de duas ciências
A dinâmica de Comte
Ciência “positiva” – redução do conhecimento a estruturas puramente formais, previsão e
utilidade para a humanidade
O conhecimento devia organizar-se em leis descritíveis e úteis ao progresso da humanidade
Teoria dos 3 estados:
 1 em que o conhecimento do mundo é representado em termos de forças
antropotélicas que provocava as coisas (Júpiter e o trovão)
 1 em que Deuses são representados por forças abstractas mas não explicativas
(plantas crescem por propriedades crescitivas)
 Estado positivo – todo o conhecimento seria redutível a leis
A sociedade passaria a ter 3 estados correspondentes
 Deuses
 Entidades abstractas e mal definidas
 Religião positiva que teria uma igreja
“Ordem e Progresso” – lema da religião positiva

Positivismo e Psicologia
Psicologia não poderia nunca ser uma ciência – cada função deveria ter o seu órgão próprio
(base material)
- estudo da consciência – estudo de uma função sem órgão puramente metafísica)
Gall – identificava vários traços psicológicos e presumia que eles se localizavam no cérebro ou
no crânio (função muito desenvolvida implicaria cérebro/crânio inchado nessa parte)
- Comte não acreditava nisto mas gosta da ideia de redução ao material
A mente só poderia ser estudada pela fisiologia e pela sociologia para explicar os níveis mais
elevados da organização (estudar o comportamento, mas como este ocorre em sociedade
seria a sociologia e não a psicologia a estudá-lo)
Razão pela qual Comte negava a psicologia – numa posição concretista não poderia haver
estruturas da consciência mas apenas fisiologia e estudo das organizações sociais

Breve história da neuropsicologia


Movimento positivista e cientista – explicação da mente tem de ser material
Explicação da mente tem que ser dada pela identificação dos processos do sistema corporal
que a assegura – o cérebro
Doutrina da energia específica dos nervos – organização a priori na própria estrutura do
sistema nervoso
- há fibras nervosas diferentes para sensações de cor diferentes
Própria atividade mental é responsável pela própria experiencia do que pensamos ser o
mundo físico – essa experiencia derivaria do cérebro de maneira a que seria possível de
descrever em termos de atividade dos nervos

Capítulo 8 – Fundamentação da psicologia experimental


Fundadores – Fechner e Wundt (principal) recusavam o materialismo
Fechner
A magnitude do incremento de estimulação relaciona-se de forma proporcional mas não direta
com o incremento de sensação
- Relaciona quantitativamente o mundo físico com o mundo mental
As menores diferenças necessárias para que se sentisse uma mudança de estimulação (mínima
diferença percetível )
- A relação entre a magnitude do estímulo inicial e a magnitude de diferença necessária para
ser detetada uma diferença era dada por uma função – a magnitude da sensação (S) é igual a
uma constante (K) vezes o logaritmo do estímulo (logR)  S=K logR (lei de Fechner)
Relevância para o estudo da mente – relação entre corpo e mente era mensurável (ideia de
Kant estava errada)
Disciplina de Fechner – Psicofísica  estuda as relações entre as medidas físicas e medidads
psicológicas

As psicologias de Wund
As atividades humanas superiores eram abordáveis pelos métodos experimentais e eram
condicionadas por características da cultura em que o indivíduo se encontrava – “psicologia
cultural”  métodos e premissas diferentes da “experimental”
- Ou seja, fundou a psicologia experimental mas também afirmou que o método experimental
era insuficiente
Importância entre distinção entre Ciências da Natureza e Ciências do Espírito

As bases intelectuais de Wundt


Oposição entre fisiologia e psicologia – distinção entre ciências da natureza e ciências do
espírito
A psicologia de Wundt assenta nos 2 campos – natureza e espírito

Posição filosófica de Wundt


Híbrido improvável
 Positivismo – não especular, basear toda a teoria em observação)
 Elementarismo de Hume e dos fisiologistas na tradição de Bain (a mente seria o
produto da associação entre elementos)
 Tradição germânica da mente ativa – a mente impõe ordem aos dados dos sentidos, e
não é apenas uma consequência da informação exterior
Não haveria distinção entre os fenómenos do mundo físico e os fenómenos mentais
“Paralelismo psicológico” - Fenómenos mentais e físicos seriam exatamente os mesmos, mas
na ciência natural far-se-ia abstracção do aspeto subjectivo desses mesmos fenómenos
(estudar o que pertence aos objetos e não ao observador)
- Esta abstração não significa que a subjetividade não seja importante
A psicologia deveria estudar a subjectividade dos fenómenos e as consequências, mas
objetivas, dessa subjectividade que se encontrariam no centro das ciências naturais e as de
espírito – unificação de todo o conhecimento
As ideias psicológicas de Wundt
Fazer o processo de abstracção ao contrário e estudar apenas as propriedades subjectivas –
física e psicologia partiriam do mesmo fenómeno – representação mental das coisas
- A física faria abstracção da parte psicológica que seria tratada pela psicologia
Se a matéria é conhecida a partir de um fenómeno mental e se é uma abstracção desse
fenómeno inicial (que amputamos da sua componente psicológica) é evidente que é
impossível explicar fisicamente a mente dado que a física existe porque nega a parte
psicológica – não poderia explicar aquilo que descarta

Elementos da consciência
A experiência é una – vontade orientada para um problema
- A explicação do fenómeno é analítica, quer na física quer na psicologia: tem de haver
decomposição em elementos
Posição de Hartley e Hume – sensações elementares que se combinam e através de análise
psicológica por em evidencia que sensações elementares são essas
Novidade Wundtiana – elementos de base não são apenas as sensações mas também aquilo a
que ele chama os sentimento e a ideia de vontade
 Sensações (qualidades sensoriais) – referem-se ao exterior
 Sentimentos – referem-se ao interior (prazer/desprazer, tensão/distensão,
excitação/depressão)
 Vontade – polarização da vida consciente com esforço de análise e síntese
A separação do exterior e interior ocorre à medida que há consciência do Eu como sujeito puro
Essa associação é “inconsciente” – não teríamos consciência dos elementos mas apenas dos
resultados da combinação entre eles
2 tipos de Combinação dos elementos
 Passiva – associação não dirigida e tão pouco típica que representaria o pensamento
dos doentes mentais
 Ativa – análise e síntese das várias partes daquilo que está na nossa consciência
Há um foco e uma periferia da consciência e as coisas têm de ser trazidas para o foco para ser
possível a análise e síntese
 Foco – apercecionado – haveria consciência clara e nítida do que é conhecido
 Periferia – apreendido – não haveria consciência nítida
Aperceção – atividade de análise e de síntese que ocorre no foco da consciência
- É sempre orientada por um esforço, mas em Wundt não há um agente invisível que dirige a
atenção
- Consiste em:

Atividades que definem aperceção – análise, síntese e orientação para uma finalida
- Descrita como sensação subjectiva – essa sensação é precisamente o esforço, a orientação e
concentração de nos perante o problema a resolver e está na origem da ideia do Eu
Ênfase ma atividade mental – “voluntarista”  a mente se compreende bem quando
orientada para alguma coisa, seguindo um esforço de atenção sobre um objeto; esse esforço é
sempre conotado emocionalmente
Estado mental focado sobre um assunto – prototípico (típico dos estados mentais)

O Eu
Mente é vontade – pólo sujeito que sente o esforço e unidade mental (vetor/direção para a
resolução de um problema
O esforço da vontade unifica os elementos da consciência e é sentido como diferente desses
elementos Eu
Sentimento de Eu pode ser parte ou separado do corpo
Separado (sentido apenas como mente)– 2 hipóteses:
 O eu pode ser confundido com os conteúdos da mente (o que eu acredito –
personalidade)
 Ou pode existir como abstracção, isto é, o Eu-coisa dos filósofos idealistas (Eu
transcendental)

Elementarismo e inatismo de Wundt


Wundt era inatista
 Herança do adquirido e progressiva complexificação
 Preparações inatas para a linguagem
 Emoções exprimem-se por coordenações motoras inatas
 O mito independentemente das culturas, tem propriedades comuns
Associação entre elementos que está na origem da experiência, a aprendizagem torna-se um
elemento fundamental da explicação da consciência unitária
Elementarismo de Wundt – há elementos e combinação de elementos, mas essa combinação
leva necessariamente a processos mentais típicos da espécie
 A mente é inata mas para ser compreendida tem de ser decomponível em partes
 Há associação de elementos e a aperceção depende dela
 Estas associações têm regras determinadas de dentro do organismo – determinada
pela vontade
Há 2 tipo de leis em Wundt
 As que se aplicam à relação entre os elementos de consciência
 As que se aplicam aos resultados das sínteses desses elementos
Leis dos elementos:
 Lei dos resultados psicológicos - captura as sínteses criativas em que de um conjunto
de elementos sai um novo todo
 Lei das relações psicológicas – análise de um todo confuso nos seus elementos
 Lei do contraste psicológico – captura a ideia de que oscilamos mentalmente entre
sentimentos de pólo oposto
Estas leis produzem conteúdos que se combinam e essas combinações podem ser descritas
por leis de processos mais evoluídos, que são:
 Lei do crescimento mental – complexificação mental quer do homem quer da
sociedade
 Lei da heterogonia (alternância) dos objetivos – consoante um objetivo, os significados
das sínteses parciais em que se baseia o processo complexo se alteram
 Lei da complexificação para opostos – oscilamos psicologicamente durante as fases da
vida (em conjunto com a lei da alternância)

Apresentação dinâmica da teoria de Wundt


Wundt é atomista e holista
Experiência mental é sempre holista, mas é também composta por elementos
2 tipos de elementos
 Sensações (cores, formas, …)
 Sentimentos
Estas diferenciam-se de forma:
 Analítica – sensações variam na qualidade (2 categorias diferentes) e na intensidade
(diferença na mesma categoria); sentimentos variam de acordo com 3 eixos
(prazer/desprazer; tensão/distensão; excitação/repouso)
 Fenomenológica (mais importante) – sensações são sempre do exterior ; sentimentos
são intrinsecamente subjectivos (sensações tendem para o objeto e os sentimento
para o sujeito)
Eu sei que sou um sujeito sei o que é de mim e o que me é exterior
Sociedades em que há consciência, ao mesmo tempo, da objectividade das coisas e da
subjectividade dos sujeitos que são as mais evoluídas
Wundt é associacionista - aperceção é determinada pela associação (vontade do sujeito, que
estrutra o campo da consciência e determina quais as associações entre elementos
Esforço de aperceção – O sujeito desse esforço é o Eu que age, reage , estrutura e ordena o
mundo em torno de si, exatamente com a ideia da unidade transcendental da aperceção (Kant
Psicologia – explicação da subjectividade
Descrever apenas a mente é uma abstracção – o psíquico é uma combinação entre um
movimento interno e os conteúdos que vêm do exterior  a experiencia é una e é por
abstracção que se separa o objetivo e o subjectivo
Objetivo de Wundt – chegar às abstracções da subjectividade que capturem os seus aspetos
essenciais
Conceito central – atenção
- aquilo que se encontra no campo de consciência é apreendido
- aquilo que se encontra no centro da nossa consciência é apercecionado (uma perceção de
que se tem consciência clara explicita)
Perceção de elementos a aperceção de significados isto é, a aperceção consiste numa síntese
de elementos num conjunto com significado (RRCOA – CARRO)
Apercação é ativa – impõe ordem nos dados confusos que chegam à consciência
Também pode ser passiva quando é necessário um esforço de análise e síntese
Na ausência de aperceção ativa, as ideias fluem apenas por associação entre elas (a ordem de
associação vem de dentro e não de fora)
O esforço de aperceção – vontade definidora do eu - o eu é a consciência ativa e estruturante
do mundo
Fenómeno externo – o que vem de fora
- para ter uma representação interna precisa de ser atribuída um significado
Função sintética da aperceção – constrói o significado
Recordamo-nos do conjunto mental apercecionado (o significado que atribuímos) e não dos
elementos que o constituem
Vontade – combinação de elementos associada à resolução de um problema – base dos
processos volativos (motivações)
Método de auto-observação experimental – observador examina os conteúdos internos da
consciência imediata em momentos especificados de modo a poder descrever o que sente
Aperceções baseavam-se em sensações primarias que formavam imagens
- Criava todos (conjuntos) que transcendiam a soma de partes
Objeto de estudo – todos os elementos da sociedade humana que dependem da
subjectividade (tudo quanto não é o estudo do mundo físico)
Quando uma pessoa se dá conta de que é um sujeito que tem pensamentos, mas que não é
esses pensamentos, apenas os possui, tem o sentimento mais puro do Eu
- O Eu puro é impossível sem uma referencia ao que me é mais intimo
- Eu + objetos internos da aperceção do eu = personalidade
Há conteúdos comuns que as personalidades convergem e formam grupos de crenças
partilhados

Os métodos de Wundt
Ciência rigorosa usa 2 métodos, a observação e a experimentação
Observação – possível nos objetos de estudo estáveis (concretas)
- Os processos mentais não são estáveis, são transitórios, não se podem descrever porque o
sujeito, orientado que está para a solução de um problema, não pode orientar-se ao mesmo
tempo para a descrição dessa orientação para o problema
A ciência tem de ser empírica e não racional – tem de resolver o problema de conseguir a
auto-observação  introspeção (descrição quantificada do que o sujeito está a sentir e não de
uma tarefa)
Deste modo chegaria a identificação dos elementos e regularidades que permita a formulação
de leis da consciência
Leis de 2 tipos:
 Leis elementares – descrevem as relações entre elementos (analise, síntese e
sentimentos)
 Leis complexas - descrevem as atividades mentais que não dependem dos elementos
mas sim da combinação de sínteses anteriores; o ponto de vista altera os vários
componentes do problema
Atomismo de Wundt não era experiencial mas metodológico – única explicação possível era a
analise da experiencia mental em elementos ainda que essa experiencia mental fosse sempre
sintética
Métodos experimentais – completados pelo método de análise e comparação das culturas
Metodo fisiológico ou experimental
Método “Introspeção” – 2 conceções
 Observar os processos que ocorrem – observaríamos a maneira como sentimos
 Teriamos perceção do que se passa dentro de nós
Problema – impossibilidade de observar um processo mental enquanto ele ocorre: ou estamos
a observar a consciência ou estamos concentrados no objeto do processo mental
Há uma auto-observação e não so uma perceção interna
Método de descrever o que se passa na nossa consciência, sem qualquer inferência e sem
qualquer memória

“Teoria de Gestalt”
Contexto
Ideia de que uma coisa qualquer tem, no seu todo, propriedades impossíveis de identificar nas
partes – “propriedades do conjunto”
Críticas ao que era defendido por Wundt

Precursores
Primeira crítica – elementarismo wundtiano
 Independentemente dos elementos, há qualidades de conjunto que são sentidas na
apreciação desses conjuntos
 Qualidades de vários tipos (ex: aspereza – encontra-se em superfícies, mas
também em sons e pessoas9
 Além dos elementos há uma qualidade da forma total (formas das linhas e os nomes
associados takete e maluma)
 Não reconhecemos um todo a partir da síntese dos elementos, mas a partir de
propriedades do próprio todo
 Artificialidade de procurar elementos na consciência que se nos apresenta como
sintética e não composta por partes

As ideias da Psicologia Gestalt


Processo começa fora do organismo, é transformado no organismo e chega ao nosso
conhecimento como experiência consciente ou como comportamento (reflexos e reações
automáticas)
3 grandes fases
1) Informação não transformada, fora do organismo
2) Informação transformada no organismo
3) Experiência consciente e o comportamento
Informação  transformação consciência
Partimos do objeto para chegar ao sujeito da experiência: no processo há transformação
Maneira como se faz a transformação – objeto de estudo da psicologia
- podemos formular regras de transformação como a priori (Kant), como associação (Hume),
como estrutura do sistema nervoso (fisiologistas), modelo hipotético de organização interna
(psicólogos e etólogos)
- A potencial informação do ambiente é constrangida e modificada pelos mecanismos neurais
e processos psicológicos que dão lugar à consciência e ao comportamento (como a máquina
que transforma a info presente no mundo e a torna consciente ou gera comportamento) –
Teoria de Gestalt é completamente diferente a esta parte:
 Critica a ideia de que a mente deve ser explicada em termos de constrições que o
sistema nervoso coloca à informação proveniente do embiente
 As próprias forças da natureza são organizadas
 Devemos compreender a mente o comportamento não como a máquina, mas em
termos da relação auto-organizada que a mente estabelece diretamente com o
ambiente
Wundt procura explicar a mente como resultado de um processo neural que se exerce sobre o
ambiente em termos de elementos e não todos/conjuntos – descrição da maneira como o
sistema nervoso produz, a partir de elementos, a experiencia mais global – método fisiologisa
e o pressuposto do elementarismo associacionista
No entanto defendia, como Gestalt, que a experiencia consciente mais importante é a de todo
com significado – não eram fenómenos primários, mas resultados de um processo de
aperceção e associação
Gestalt era contra:
 a ideia de que a realidade psicológica fosse composta de elementos
 a ideia de associação mental como origem do significado das coisas
 a ideia de que todo o processo neural implicaria modificação dos dados do mundo real
 a utilização de métodos de fisiologia
 a ideia de auto-observação provocada à maneira da fisiologia
Objetivo de Gestalt – consciência concebida não como resultado de uma restrição do sistema
nervoso mas como processo de detecção de forças no ambiente
- centram-se na experiência tal como nos é dada, na experiencia comum/quotidiana
Esta experiencia implica a apreensão de conjuntos e não de elementos
Fenómeno fi – prova mais forte de que não se vêem os elementos mas o resultado da sua
combinação (ex:efeito do cinema)
- O que se vê é movimento de um ponto para o outro – o que é experienciado não é o mesmo
do que nos é apresentado
Regras de organização da psicologia de Gestalt – implicam que a mente impõe ao mundo físico
uma estrutura que os elementos, considerados individualmente, não possuem
Há formação de padrões não apenas elementos isolados – de acordo com 3 princípios
 Proximidade – elementos próximos tendem a ser agrupados
 Semelhança – elementos semelhantes tendam a ser agrupados
 Continuidade – vários pontos dispostos segundo uma linha sejam vistos como essa
linha e não como pontos individuais (tendência para o completamento)
Imagem reversível – se o fundo puder ser entendido como figura e a figura como fundo –
vemos as 2 imagens alternadamente e nunca em simultâneo  vêem-se sempre padrões de
estímulos e não elementos que podem ser coordenados como quisermos
- Intuição – estrutura qualquer campo perceptivo que seja experienciado, dá-se sentido a uma
configuração
Ideia metra da teoria de Gestalt – a mente deteta ordem que existe no mundo exterior, não a
impõe à realidade exterior
Há 2 elementos da matéria
 Energia – força que se espalha sem direção além da que lhe é intrínseca (limalhas de
ferro)
 Estrutura – meio em que a energia se propaga e pode ser favorável/desfavorável a
essa propagação (forças de campo)
A energia em si é estruturante e não tende necessariamente para o caos
Pensar a mente como estando em sintonia com leis energéticas mais vastas – mente é que cria
ordem de acordo com padrões estáveis que existem na natureza
Necessário identificar esses padrões e a maneira como explicam a relação entre mente e
ambiente
Isomorfismo – ideia de que a experiência e as leis do sistema nervoso são paralelos
- gestaltistas não vêem a mente e o comportamento da perspetiva inicial (esquema da
transformação), mas como manifestações das mesmas leis naturais da dinâmica e da energia.
(Fórmula pag 89)
A tarefa da psicologia não era a tentativa de explicação da experiencia (consciência) a partir
dos constrangimentos do sistema nervoso, mas a identificação das leis gerais da dinâmica
- análise do comportamento e da mente em termos de linguagem da disciplina matemárica da
topologia – teoria do campo – as atividades humanas ocorreriam num campo de forças que é o
espaço vital que seria composto por todos os acontecimentos passados/presentes e com todas
as expectativas de acontecimentos futuros com o potencial de influenciarem o
comportamento por corresponderem a necessidade do sujeito – seria diferente em cada
pessoa
A interação entre o sujeit e os vários objetos num dado espaço vital – representados através
da topologia
Cada objeto no espaço vital tem uma determinada intensidade com que é desejado,
representada por um vetor na direção do objeto
- quando objeto é desejado mas é dificil de obter – há conflito e o vetor passa a representar a
força combinada das 2 tendencias que tendem para o equilíbrio com o ambiente – as
necessidades têm de ser satisfeitas
Campo vital – constantes tensões e desfaze-las por meio de comportamentos – sistema
intensamente dinâmico
A teoria chama para as características mais ou menos inatas da mente

Resumo das ideias


Ideia da mente e fisiologia
 Rejeita-se a ideia de que há transformação da coisa em si para uma realidade mental
 Procura-se a identificação de estruturas de conjunto que existem que no mundo quer
na mente (ideia de psicologia de gestalt)
 Fisiologia não é a melhor para explicar a mente porque impõe uma ideia de maquina
que gera, elemento a elemento, a consciência e os processos mentais
o Tem de ser estudada a partir do que se conhece dos próprios processos
mentais que são semelhantes as leis do todo do próprio mundo físico
o Processos mentais inferidos da observação da própria mente
Eu como pólo de um campo de forças
 O Eu é o polo do sujeito
 Mas no Eu nunca é teorizado como um mecanismo director do processo mental
 A teoria de Gestalt é a menos dependente do Eu e do homúnculo – a experiencia
subjectiva é sempre explicativa na 3ª pessoa apesar de haver descrição introspectiva
 Há vectores entre o ambiente e o organismo que convergem num ponto de decisão –
O eu
O inatismo e o apreendido
 Não nega fenómenos de aprendizagem, mas pressupõe a existência de formas de
apreensão da realidade que são independentes da aprendizagem

Proposta da psicologia de Gestalt – refundar a teoria do conhecimento e a psicologia


abandonando a ideia de uma mente dirigida por uma vontade e explicar tudo a partir da
coexistência de estruturas de conjunto que se encontrariam quer no mundo físico quer no
mundo mental

Conclusão
Desapareceu a ideia de caracterizar os mundos próprios das outras espécies e de teorizar
sobre a relação entre o organismo e o ambiente
Abandona a ideia de que a mente pode ser estudada como coisa separada do organismo: a
mente como o cérebro e o corpo apenas pode ser considerada no contexto da relação do
organismo com o ambiente
A nossa espécie faz planos, representa o mundo em termos de teorias que pretendem
compreender o mundo

Capítulo 11: A psicanálise


Schopenauer
Encontrar a ideia única, a partir da qual tudo pode ser compreendido
Todos os fenómenos que aborda convergem para a sua ideia única que esclarece o significado
das coisas
Vontade – factor do sofrimento humano – quando for compreendido pode ser combatido e
tornado inofensivo
O mundo não é a coisa em si (como dizia Kant) – a coisa em si são as próprias regras de
entendimento, que constroem uma realidade que é como um sonho
A coisa em si é vontade – tendências, necessidades, aspirações, desejos
- Corpo – objetivação da vontade humana
Vontade – manifestação de um principio universal: todas as forças são unas e só as
distinguimos porque ocorrem no espaço, que determina a individualização
Aspeto fundamental do universo – vontade primitiva e presente em todos os seres
- Vontade irracional que nos faz sentir desejo de ter/possuir/fazer
- Quando satisfeito esse desejo é momentaneamente apaziguado, mas volta depois a
manifestar-se  quando se conseguem saciar todos os desejos, instala-se o aborrecimento
(fastio de viver) mas que é contrariado pela vontade de viver (completamente irracional e não
tende para nada para alem do desejo)
- Única realidade da vida – dor associada ao querer viver que é momentaneamente atenuada
pelo prazer
2 formas de lutar contra a vontade
- Arte – contemplação das ideias puras afastam-nos da ação e da vontade (Hierarquia: no topo
a musica); possibilita a intuição das ideias puras; forma passageira – dura o que durar a
contemplação das ideias puras
- Moral – verdadeira forma de combate; reconhece que a vontade é apenas a expressão de
egoísmo (não faz sentido) e depois compreende que a vontade una é que é a verdade (vontade
una ≠ vontade egoísta – opõem-se uma a outra; vontade anula vontade)  perfeição –
abdicar da vontade egoísta
Isto leva a 3 elementos centrais do freudismo
 Mente deixa de ser estudada apenas como condição da cognição, mas como emoção e
motivação
 Noção de dinamismo fundamental da vida psíquica, determinada pela vontade de
viver (Eros – conotou com a vida sexual)
 Essa Vontade é inconsciente e não faz qualquer sentido racional

Hartmann e a inconsciência da vontade


Inconsciente é vontade mas é inteligência e tem finalidades (funções orgânicas) mas ambas
são totalmente inconscientes
Homem – o inconsciente exprime-se nas funções fisiológicas (reflexos), em categorias de
apreensão e na inspiração artística
O psiquismo consciente flutua sobre o inconsciente – apesar do individuo agir motivado por
uma vontade inteligente que desconhece, tenta dar sentido aos seus atos (razões falsas para
os explicar)
O inconsciente era o criador do universo – é vontade inteligente; cria com ordem e com
finalidade no mundo criado (ordem sem sentido e finalidade é aniquilação)
Ênfase no determinismo inconsciente

Nietzsche e a vontade de poder


Base das coisas – vontade de poder
Interpreta a vida como uma luta pelo controlo do ambiente – um qualquer organismo, para
sobreviver, deve controlar recursos e afastar os rivais
A vontade deixa de ser modelada no sexo (schopen.) para se compreender como puro domínio
Sexualidade – subordinada à vontade de poder
Viver seria exercer a vontade de poder
Considera que a sociedade civilizada é uma negação dos valores mais positivos do homem
- Conquistadores sem limites (nem de força nem de poder); cruéis
- Os vencidos ganham ódio aos vencedores e desenvolvem uma moralidade castrada em que o
desejo de poder é satisfeito depois da morte – esse poder seria dado apenas aos que foram
mais humilhados (os cruéis seriam punidos) religião dos escravos
Super-homem - querer o poder, sem hesitação, compaixão ou culpa para o obter; seria a
salvação da degradação do homem
Toda a ética é um postular a priori de um sentido inexistente – arbitrária
Compreendeu que todos gostamos de ser cruéis
Psicologia francesa – Janet e a psicastenia / Chacot e Bernheim e o significado inconsciente de
histeria
Influencias cientificas mais diretas no desenvolvimento da psicanalise
Pierre Janet – defendeu o inconsciente antes de Freud
- Força psicológica – suprimir as perturbações inconscientes que perturbavam o “estado
normal” da vigilia atenta
- Psicastenia – permitia a intrusão de elementos inconscientes no psiquismo
Charcot – detetara que o tratamento da histeria era facilitado pela hipnose  nesse estado
conseguia-se detetar a origem emocional da histeria mais facilmente (quase sempre sexual) ;
subjacente as crises histéricas estava sempre presente uma motivação sexual que convenceu
Freud a atribuir uma origem sexual a todas as neuroses
Bernheim – tratava a histeria com uma forma mais ativa da hipnose – dava sugestões post-
hipnoticas de forma a manipular o comportamento do doente

A psicanálise de Sigmund Freud


A psicologia cientifica em nada influenciou Freud
Relações objectais
Marca mais distinta na teoria de Freud – basear todo o mecanismo da vida mental em relações
objectais: as minhas emoções em relação a outras pessoas
Uma perturbação emocional tinha sempre que ver com o que o paciente sentia por outras
pessoas ou pensava que essas outras pessoas sentiam
Motivações – todas objectais e interpretação de todos os conteúdos da vida mental são
representados em termos relacionais (ponto muito importante, mas muito redutor)
Um sonho aterrorizante implicava medo de alguém especifica e não apenas medo
As várias instâncias da vida (Id, Ego e Superego) têm entre si relações objectais
As relações de Freud com os outros nunca eram impessoais: tudo o que os outros faziam era
interpretado como direcionado a Freud

Inconsciente e repressão
Há poderosas motivações inconscientes frequentemente sexuais que influenciavam o
comportamento das pessoas e que tendiam a ser interpretados em termos de razões (falsas)
conscientes
- Dificuldade de acesso às verdadeiras causas – resistência inconsciente em aceitar a verdade
que seria censurada
Atingir as verdadeiras causas
-Associação livre – associação de palavras que Freud conseguiu interpretar
- Interpretação dos sonhos – diretamente provenientes de processos não-conscientes (a
censura não se encontraria ausente)
Sonho – consequência da repressão sexual e funcionaria como um escape aos processos de
censura que o eu introduz
2 tópicas de Freud referem-se apenas à arquitetura mental (inconsciente, pré-consciente,
consciente; Ego, Id e Superego)
Primeira tópica e sexualidade Infantil
Inconsciente – não era apenas um repositório de conteúdos censurados, mas uma luta pela
expressão de conteúdos censuráveis contra os mecanismos de censura
2 formas diferentes em oposição
 Princípio do prazer – Processos sexuais; inconscientes e que procuram exprimir-se
 Principio da realidade – comportamento que o sujeito tem de assumir
 Vida psíquica – polarizada entre as motivações de auto-preservação, conscientes (o
principio da realidade) e as pulsões sexuais (o do prazer) egoístas e passiceis de
punição social
Inter-relação entre estes 2 principios – forma-se sexualidade infantil, egocêntrica; prazer seria
sentido em 3 zonas erógenas do corpo: boca, ânus, pénis (por esta na vida)
A sexualidade infantil segue esses vários estádios e a criança vai assegurando o triunfo do
principio da realidade sobre o principio do prazer, culminando com o complexo de Édipo: a
criança deseja sexualmente a mãe mas sente-se impedida pela posse efectiva que o pai tem
sobre os seus desejos (Mãe – 1º objeto sexual)
- A criança tem de rivalizar com o pai que pode por vingança castrá-la  tem de se tornar
igual ao pai e transferir o seu desejo sexual para outras figuras (se o processo não for
adequadamente resolvido haverá neuroses)
- Teoria centrada no rapaz
Teoria para a rapariga – parecida à dos rapazes com algumas alterações
 Apercebe-se que não tem pénis – inveja do pénis (inferioridade relativamente ao sexo
masculino)
 Vontade de ter filhos – equivalência pénis-filho
 Masturbação clitoridiana – clitoris equivalente a pénis
 Atração pelo pai (identificação com o pénis em falta)
 Depreciação da mãe – pessoa castrada porque não tem pénis

Segunda tópica e instinto de morte


Traumatismo de guerra – provenientes da censura da homossexualidade provocada pelo
contacto prolongado com outros homens
- Causa óbvia das neuroses da guerra (e não devido à própria guerra) – mostra ideia de freud
que todas as neuroses têm origem pulsional nomeadamente sexual (como na sexualidade
infantil)
Eros – Pulsoes de vida; pulsões sexuais de reprodução
Thanatos – Pulsões de morte; personificação da morte
Estas 2 tendências estariam sempre em conflito
Segunda tópica – esquema das instâncias psíquicas/entidades que participam no dinamismo
psíquico, que se sobrepõe à tópica anterior (inconsciente, pré-consciente, consciente) e muito
diferente da oposição entre princípios de prazer e realidade
3 instâncias do psiquismo:
 Ego
 parte mais consciente do Id;
 campo de ação dos elementos conscientes e pré-conscientes (podem facilmente
voltar ao campo da consciência) e que influem no comportamento de forma +/-
acessível ao sujeito
 onde se faz a gestão dos outros determinantes da vida psíquica e do comportamento
 Superego (parcialmente inconsciente)
 Interiorização dos interditos e obrigações sociais impostos, sobretudo, pelos pais e
que determinam o que é permitido, proibido e desejável (Superego contem um ideal
do Ego)
 Id
 Impulsos profundos de Eros e Thanatos
 Zona mais profunda do inconsciente cujos ecos chegariam mais alterados à
consciência
 Impulsos podiam ser sublimados – transformados de forma socialmente aceite e útil
determinado por motivações obscuras, animais (o id) e por regras interiorizadas de conduta e
mesmo de pensamento (o superego), há uma zona de consciência (o ego) onde esse conflito é
suprimido e, na medida do possível, controlado

Freud e a civilização
Abstinência sexual poderia canalizar a energia para a criatividade intelectual
O desejo profundo dos indivíduos seria a obtenção do prazer imediato e não a sua sublimação,
que se acompanharia de sintomas neuróticos ou de sofrimento

Avaliação da psicanálise freudiana


Freud descreve o ser humano como um ser em conflito constante – determinado por
motivações obscuras, animais (Id) e por regras interiorizadas de conduta e mesmo de
pensamento (superego), há uma zona de consciência (ego) onde esse conflito é extinto e
controlado
Impulsos biológicos profundos – sexualidade; vontade de poder; motivações de congruência
social (conformismo, formação de atitudes, socialização) que explicam a formação do
superego

Crítica ao método de Freud


Podemos sempre relacionar tudo com tudo: posso fazer as relações que quiser entre o que
quiser, não precisa ser só de sexo
Se nos mantivermos a semelhanças superficiais, tudo pode ser tudo porque há sempre
maneira de relacionar 2 coisas por mais diferentes que sejam
Associações arbitrárias
- Enfiar dedos na bolsa  masturbação
- Feridas nos lábios  felatio forçado
- Sexualidade = defecação porque: objeto entra/sai de uma mucosa (comparação entre pénis
e fezes)
- Inveja do pénis e ter um filho – objeto que entra e sai da vagina
- Imaginação delirante - Incapacidade de afastamento do que é visto na imaginação (ausência
de distanciamento entre o eu e as ideias desse eu)
O Id quer manifestar-se, o superego quer impor ordem, o ego quer ser amado mais do que o
superego – Freud é incapaz de pensar em estruturas mentais sem as dotar de intencionalidade
Erro polissémico
- Analisa palavras que ocorrem em sonhos de maneira a inferir significados baseados na
semelhança da palavra com outra palavra qualquer com conotação sexual
- Primeiro amor  Primeira afeição  Primoinfeção  Sifilis
- Caixa  Box  Recipiente  Vagina
- Retirar partes do contexto e referir essas partes a motivações que à primeira vista nada
teriam com as motivações que Freud refere
- Afirmar que os conflitos são de índole sexual mesmo quando os conteúdos de consciência
nada o indiquem – praticar uma sucessiva distorção de forma a reinterpretar os dados de que
se dispõe em termos de teoria
- a+b= c “funcionamento mental/psíquico= sexo)

Outro erro – afirmar que há processos inconscientes a que não temos acesso porque há
repressão e censura
Análises de Freud baseiam-se principalmente na técnica de associação livre – Freud considera
um elemento de um sonho e encontra relações (a mente de Freud é que as encontra, não o
paciente)
- Freud incapaz de se distanciar do seu próprio pensamento e de compreender que outras
pessoas podem ter mentes que fazem associações/valorizações diferentes das dele
- Quando o paciente diz que para ele não faz sentido as relações feitas Freud considera que há
resistência por parte deste, que o inconsciente está a bloquear a verdade

Freud distingue entre a lógica do consciente e do inconsciente:


 Processo secundário – lógico, discursivo, verbal
 Primário – impulsivo, imagético
O que se sente não é reconhecido por não ter nome e por não existir uma teoria que explique
essa coisa – há motivos que não são inconscientes, apenas não lhes demos nomes (sexualidade
um deles)

Jung
Desenvolvimento das ideias de Jung
Atividade mediúnica - manifestação direta do inconsciente à procura de expressão
Teste de associação de palavras – chegava-se a “ complexos de representações
emocionalmente carregados”
Maior influência da carreira de Jung – Freud
Associação de palavras dava apoio à noção freudiana de “repressão”
Diferenças entre Jung e Freud – conceção de inconsciente  bem representadas pelo sonho
de Jung, analisado por ambos:
 Casa de 3 andares
 Jung estava no último andar
 Andar de baixo era medieval – lage levava a umas escadas para a cave
 Ao descer depara-se com uma caverna com restos de uma cultura antiga – ossos,
porcelana partida e 2 velhos crânios a fragmentar-se
 Interpretação de Jung – o seu destino era compreender as estruturas mais antigas da
mente humana; crânios eram símbolos da antiguidade do homem
 Interpretação de Freud – Jung no seu inconsciente odiaria alguém e lhe desejaria a morte;
teriam que identificar as pessoas a quem pertencia os crânios

Diferenças entre os 2:
 Freud
 Teoria objectual das emoções – relações objectais (emoção inconsciente sempre por
um objeto – morte é morte de alguém; medo é medo de alguém; etc)
 Inconsciente funcionaria em termos de representação dessas relações entre pessoas
 Desejos inconsciente – sempre morte e sexo
 Teoria preocupada com a representação dos outros em nós

 Jung
 Havia mais motivações para alem das sexuais e da morte, apesar das sexuais serem
muito importantes no desencadear das neuroses ; apenas uma das expressões da
libido e que poderia estar ligada a qualquer outro processo conducente à vida
 Preocupação/domínio do Eu sujeito (dinâmico)
 Divisão em 3 níveis
 Consciência
 Inconsciente pessoal – problemas de cada um organizavam-se de forma particular;
passível de ser explorado através da análise de sonhos e da psicoterapia
 Inconsciente colectivo – mais profundo e completamente inacessível; com
estruturadores do significado humano comuns à espécie (arquétipos)

Apriorismo e arquétipos
Ideia central da teoria de Jung – homem determinado de dentro  possuiria vários
estruturadores a priori que determinavam a forma especifica como ele se relaciona com o
ambiente e consigo próprio – arquétipos (forças inconscientes que procuravam a sua
realização)
(Nekyia de Jung) Assim que acordava registava e desenhava os sonhos de modo a explorar o
que está no inconsciente – surgiu imensos conceitos: Arquétipos (tendência perectivo-
cognitiva para estruturar o ambiente; esquema que nos permite estruturar algo)
- Imagem com falta de conteúdo mas com significado emocional e situacional; depósito de
todas as nossas experiências ancestrais, mas não as nossas próprias experiencias)
Arquétipos podem ou não traduzir-se em imagens; evidenciados por vários universais da
conduta humana (deus, inimigo, pai, mãe, diabo)
Arquétipo – cada universal humano necessário de identificar
Na atividade inconsciente (sonhos e sintomas) encontrava-se a corroboração desses
arquétipos
Diferentes culturas apresentam mitologias superficialmente diferentes mas que podem ser
esquematizadas em grupos – arquétipos
Arquétipos nunca encontram expressão direta na vida mental e consciente das pessoas
- Estruturas vazias de predisposições mentais que vão ser concretizadas de acordo com a
experiencia do sujeito e com a info que recolhe do ambiente e do seu próprio inconsciente
- Quando se estruturam no individuo formam complexos
Arquétipos – moldes em que se organiza a experiencia de cada um
Cada arquétipo manifesta-se sob a forma de um complexo, especifico ao individuo
A estruturação da personalidade far-se-ia mediante o impulso de arquétipos que procuram a
sua concretização em complexos

A formação da personalidade
5 conceitos fundamentais:
 Si
 Centro da vida psíquica (inconsciente)
 “motor” inconsciente da personalidade e da vida psicológica
 Função – conseguir o desenvolvimento máximo das potencialidades humanas da
pessoa (incluindo funções biológicas e espirituais)
 Fator de auto-desenvolvimento – tendência para o crescimento pessoal
 Tendencia/procura de individualização e unidade e transcendência pessoal
 Ativo durante toda a vida
 Arquétipo totalizante e integrador

 Ego
 Consciente - Eu sujeito
 Temos consciência do que se passa
 Fator de identidade que permite ao longo das transformações da vida cada individuo
se reconheça como unidade
 Cada dia se recria o ego
 Agente executor/coordenador do Si
 Importante inicialmente depois declina na importância para o Si

 Persona
 Constatação que todos temos uma forma de apresentação
 O que pensamos de nós próprios e mostramos aos outros
 Aquilo que gostamos de apresentar aos outros – montra; encenação (não so pros
outros mas para mim próprio também)
 Arquétipo social/de conformismo – constatação de que em todas as culturas há
pressões sociais para que o individuo tenha certas características
 Pessoas que vivem exclusivamente na persona – passam a viver fora do contacto com
o seu inconsciente
 Ligada ao complexo moral (superego de freud) – determina que os aspetos da pessoa
que não cabem na persona são reprimidos  passarão para a sombra

 Sombra
 Negativo da persona
 Conjunto de características que a pessoa não admite em si própria e que são
reprimidas – agrupado num arquétipo negativo: aquilo que não queremos ser por
acharmos ser o mal (inimigo, mal, diabo)
 Raiz de todas as representações do mal (homofobia/xenofobia/etc)
 Importante que os indivíduos consigam ser confrontados com a sua sombra – sujeito
admitir em si aspetos que sempre negou (admitir que é mau)
 Anima-Animus
 Arquétipos que permitem as pessoas relacionar-se com os de sexo oposto
 Homem tem arquétipo de anima
 Mulher de animus
 Elementos do sexo oposto em nós que vão tomar formas especificas havendo
protótipos do sexo oposto
 Funciona simetricamente a persona – imagem bem definida do sexo oposto se
admitirmos esses elementos em nos, menos sera a sua confrontação com o
estereotipo
 Determina o tipo de pessoa do sexo oposto pelo qual me atraio

Tipos psicológicos
Podemos viver em 2 opostos:
- Polo Si – interior e inconsciente; atividade autonoma; vivo isolado, perco contacto com o
exterior
- Polo Persona – vivo para os outros, para agradar 3ºs
Uma pessoa que viva principalmente na persona perde contacto com elementos profundos do
si; no si arrisca-se a perder o contacto com a realidade
Introversão e extroversão – relacionadas com o centro das pessoas
Extroversão – pessoas que vivem no interesse para o exterior e que se interessam pela
manifestação exterior dos fenómenos (pela coisa em si); motiva-se pelos fatores externos
como otras pessoas; dependentes do que vem de fora
Introversão – vivem das repercussões intimas que esse fenómenos têm (pela sua
representação do que aconteceu) ; motivam-se de dentro; autóniomos

As 4 funçoes
Pessoas diferem consoante a maneira por que representavam e apreendiam o ambiente
Daqui dividiam-se 4 funçoes todas elas podiam ser introvertidas ou extrovertidas, associadas
entre si havendo uma função primaria e uma secundaria
Funções agrupam-se aos pares:
 Racionais – implicam operações mentais mais complexas
 Pensamento – tendência para pensar o problema em termos de uma explicação
(linhas causais)
 Sentimento – avaliação de valor; juízo
 Irracionais – impressões deixadas por determinada sensação ou acontecimento
 Sensação – impressão sensorial do acontecimento
 Intuição – impressão global do fenómeno, reconstituição e recriação ativa dele
Uma das funções racionais/irracionais seria a função dominante (primaria) e seria
complementada por uma das funções do outro grupo(secundaria) (ex: dominante racional –
complementada por irracional)
Tipos psicológicos
Introvertidos ou extrovertidos
Pessoa de sensação extrovertida – grande atenção aos processos concretos exteriores, as suas
relações e os prazeres sensoriais; sensações exteriores, assuntos concretos que possar ver e
compreender materialmente
Pensamento introvertido – construtor de sistemas mentais – coisas reais não tem sentido se
não foram compreendidas a luz do sistema e as pessoas são espetatores da realidade
avaliando-a/classificando-a de acordo com o sistema
Pessoa sentimento introvertido – sistema de valores próprio bastante desenvolvido e não fara
questão de o impor aos outros; mundo de sensações éticas, próprias e não comunicara
facilamente com o mundo
Intuição introvertida (jung) – processos desencadeados por um acontecimento exterior
desenvolvem-se imageticamente e como entidades reificadas de forma que a imaginação
interna toma precedência sobre tudo o resto

O sonhos
São a voz do inconsciente onde se encontra toda a verdade
Porta para estudar o inconsciente se correctamente interpretados
São produto direto da atividade simbólica do inconsciente (e não uma manifestação indirecta,
deturpada e censurada como dizia Freud)
Ocorrem para compensar desequilíbrios da vida psíquica pois poderiam apresentar soluções
pros problemas
Procurar nos sonhos símbolos relevantes para as pessoas que poderiam fazer parte do
inconsciente individual ou colectivo (surgem delírios interpretativos)
Os mitos de todo o mundo se podem reduzir a um conjunto finito de temas
Pessoas mesmo que não conheçam os mitos possuem estruturas inatas que lhes são sensíveis
(arquétipos)
Manipulação de um desses mitos permite chegar ao arquétipo (p.106)
Considerava sempre o contexto cultural e pessoal dos sonhos
Imaginação ativa – pede ao sujeito que em estado de quase adormecimento que deixe
vaguear o seu espirito mais que capture antes de adormecer as imagens que estavam na sua
mente
Semelhança a Freud so que Jung era pro mito e Freud pro sexo

A terapia
Objetivo – promover a individualização através do confronto com o inconsciente; autonomia
de si próprio
Era no inconsciente que o homem se ligava aos grandes arquétipos que davam sentido a sua
existência (fonte de sabedoria)
Conseguir restabelecer o equilíbrio arquetípico e a consciência de unicidade
Aspeto fundamental – estabelecer a história (uma narrativa de problemas)
- aquilo que ele tem que contar mas que pode não conseguir fazer
Eliminação da frustração arquetípica que se espera obter a transformação do paciente a sua
cura

Avaliação
Erros – relações entre partes que ignoram o todo (sonhos); erro polissémico; não pensa em
contra-argumentos para as suas ideias
Consideração do inconcsciente colectivo – inovador
Conceito arquétipo não explica muito – circular – infere-se o arquétipo das constâncias iticas
sem outra corroboração (conceito mal definido)
Não podemos negar a importância do estudo dos arquetipos

Objetivo da terapia
Psicologia - ciência da interpretação
- tem um intérprete - sujeito
Diferente da física
A ideia de inconsciente de hartmann, Freud e jung é igual - fonte de sabedoria
Misticismo
- Freud - auto perceção obscura fora do Ego, o Id
- o verdadeiro eu não é o eu mas o inconsciente - si em jung
Jung
Todos os conceitos têm de ser aprovados pela sua representação na sociedade
Os conceitos científicos tem de ser aceites e as teorias sustentadas pela credibilidade da
sociedade da época
Freud - viagem as profundezas do passado
Jung - viagem as profundezas do inconsciente

Capítulo 9: Etologia
Etologia
Fundadores (séc XIX) – Uexkull e Heinroth

Heinroth
Organismo – conjunto de elementos organizados de maneira específica que se alimenta,
cresce e reproduz-se
Cada característica morfológica (elemento) faz sentido apenas no conjunto da morfologia
animal – não há elementarismo, vemos os elementos como constituintes de um todo (grupos
de elementos que se integram num todo funcional)
Organismo tem funções e tem de as desempenhar num determinado ambiente
Sistemas asseguram funções +/- independentes uns dos outros mas complementares – para
sobreviver precisam que todos eles façam a sua função (progressiva integração da função 
sobrevivência)
Compreender um órgão através da sua função
Cada espécie tem uma anatomia única
Etologia – elencar os vários elementos comportamentais de algumas espécies ; identificavam-
se os comportamentos, a sua função e integração na sequência geral de comportamento
os padrões motores de uma espécie são fixos assim como a sua anatomia – “estudo do
comportamento instintivo”
O movimento como identificação  Elenco dos padrões motores de cada espécie  Estudo do
comportamento instintivo  Etograma (lista de comportamentos)

Uexkull
Estudava a função e como a organização anatómica resultava em funções comportamentais
integradas
No seu tempo dizia-se que os organismos/animais eram máquinas puras, sem
intenções/alma/significado: meros autómatos sem vontade e sem mente
Argumento principal de Uexkull – animais não são máquinas passivas e cegas, mas sujeitos de
ação (maquinistas e não máquinas)

Ciclo funcional
Reflexos só se compreendiam quando integrados na função que desempenhavam
Comportamento – espécie de programa complexo feito de subprogramas que liga o animal ao
seu meio
Comportamento tem vários elementos
- ação – permite i animal se movimente
- perceção – permite que o animal escolha para onde vai
- processos internos que determinam o que o animal procura num dado momento e como
responde aos estímulos do ambiente
Organismos estavam feitos de maneira a responder a determinados estímulos com
determinadas respostas que variavam consoante a situação do animal
Ciclo funcional:
- Ambiente (coisa em si) Perceção/transformação  Representação no mundo interno 
Ação sobre o ambiente
Plano – super-programa que gere as relações entre o organismo e o ambiente; constituído por
pontos e contrapontos
Pontos – recetor de significado; localizado no animal
Contraponto – emissor de significado; localizado no ambiente
Animal – sujeito que interpretaria o organismo de acordo com os ciclos de pontos e
contrapontos
Série de ciclos de perceção-ação
- Ponto – perceção
- Contraponto – aquilo que estimula essa perceção
Sujeito anima – faz uma interpretação do ambiente filtrando certos aspetos e reagindo com
comportamentos específicos
Cada par de pontos-contrapontos é descritível como um ciclo funcional
a) Isolamento perceptivo de uma parte do ambiente
b) Numa resposta motora dirigida a esse ambiente – não um ato reflexo mas uma
unidade funcional que permite atribuir significado (executar uma função) a uma parte
do ambiente
Vários ciclos funcionais organizados
Estudo do comportamento – interpretação, pelo animal-sujeito, de um ambiente-objeto,
ambiente esse a que o animal responde
- O comportamento tal como a nossa mente seria uma forma de interpretar o ambiente
Cada espécie pode ser caracterizada pelos seus ciclos funcionais
Doutrina dos mundos próprios – parte do ambiente a que um animal responde e como; define
o mundo de cada animal
Cada animal define o mundo em que vive que é construído pela perceção e ação (ideia
kantiana)

Lorenz
“Etologia clássica/objectivista”
Ciclos funcionais – desencadear de actos instintivos que ocorreriam na presença de um
estímulo chave que tinha de ser específico para poder desencadear o comportamento
O mecanismo inato desencadeador substitui a noção de reflexo
Reflexo é uma noção passiva – dado determinado estímulo exterior há uma reação do
organismo
Mecanismo desencadeador – animais procuram ativamente a estimulação que desencadeia
um determinado padrão motor através da ativação de um processo interno (fatores internos –
motivações/motivos/centros causais)
Um determinado centro causal não determina apenas um reflexo, mas uma série de respostas
diferentes
Os vários comportamentos organizam-se em funções que correspondem, dentro do
organismo, a “fatores causais” ou “centros motivacionais” – visão hierárquica de causalidade
da conduta/perceção
A maior parte dos vertebrados reage inaptamente a estímulos, mas está presente nas
intruções inatas regras de ganho de informação de determinada informação (aprendizagem)
 cunhagem (impressão)
Desencadeador relativamente indiferenciado que vai ser completado por esquemas
perceptivos que são aprendidos por exposição
Mecanismos desencadeadores eram ativados a partir de 2 fatores:
- quantidade de estímulos chave que eram apresentados
- energia interna – processo fisiológico desconhecido
Ex: Desencadeador – alguém sorri ; nós sorrimos em função de: extensão do sorriso da pessoa
+ seu tom de voz (Soma heterogénea de várias características desencadeadoras (1ºfator) e da
nossa própria disposição (2ºfator) )
Determinado comportamento depende da situação (estímulos que se somam) e do estado
interno (motivação)
Estímulo desencadeador + ação motora =ciclos funcionais

Tinbergen
Instinto – grupos de ações que se organizavam em comportamentos que, em conjunto,
desempenhariam uma função; essa função faria parte de uma função mais geral
(Ex: reprodução – função geral ; comportamentos de cópula e de corte – funções que fazem
parte da geral)
Ações motoras organizam-se em atos instintivos que formam grupos de comportamentos
funcionais que definem grandes funções
“hierarquia dos instintos” – fatores causais organizam-se em grupos funcionais que asseguram
a relação do organismo com o ambiente
“Sistema comportamental” de cada espécie – elencos de todos os padrões fixos de ação (atos
instintivos) e dos seus desencadeadores, das relações de coocorrência entre esses padrões
fixos de ação, da identificação de fatores motivacionais comuns e da relação desses fatores
entre si
Sistema comportamental  Sistema motor + sistema perceptivo organizado por motivação
Objetivo da Etologia: Integração do comportamento de uma espécie num sistema
comportamental incluindo todos os atos (etograma) e todos os desencadeadores; capturar a
totalidade da relação do organismo com o seu ambiente
Explicava o porquê dos animai fazerem coisas
Os animais tinham um “saber inato” que se traduzia na selectividade perceptiva e em
respostas motoras complexas
Conhecimento inato dos animais – não era mental mas baseava-se em relações inatas entre
estímulos e respostas
Explicava o nosso comportamento em termos da sua origem e permitia vermo-nos em
continuação com o comportamento dos outros animais

Etologia e Psicologia
Etologia não é psicologia, contudo permite acesso às representações do mundo possuídas
pelos animais
O paradigma etológico permitia progredir para uma psicologia das representações em que se
tentaria compreender a contribuição dos a priori (quais os determinantes da qualidade da
nossa experiência), da influência cultural (cada cultura vê o mundo de maneira diferente) e de
uma psicologia da experiência (como cada um vê o mundo).
Deitou-se fora uma teoria que não foi substituída

Capítulo 14: Elementos do pensamento Europeu na fundação da América


Origem da Psicologia como profissão
Psicólogo mais importante – Titchener (que dá seguimento às ideias de Wundt)

Titchener
Igual a Wundt em: associacionismo, emprirismo, experimentalismo e elementarismo
Pretendia inventariar as sensações por introspeção controlada que se combinariam por
associação formando significados
Objetivo: conhecer os átomos da mente e descrever os conteúdos elementares da mente
“Estruturalismo” – anatomia (descrição do corpo) precede a fisiologia (explicar a função dos
elementos) – defende a descrição
Psicologia experimental – capturar fenómenos simples a partir dos quais se podia tentar
explicar os processos mais gerais (elementarismo associonista)
Reação à posição de Titchener – “Funcionalismo”
- Mais importante conhecer as funções da mente que os seus conteúdos, pois estas sºao
responsáveis pela adaptação com o ambiente (mudança e adaptação)
- Levou ao condutismo

William James
Os métodos da física não podem ser usados para estudar a mente
- Mente em constante transformação e impossível de observar independentemente do
observador
As coisas devem ser analisadas a partir da função que cumprem
- A mente devia ser descrita pela sua função (através da introspeção só – Fluxo de consciência)
Método de James – empírico: analisar e descrever o que sentiu da maneira mais clara possível
Empirismo mental de Locke, Berkeley e Hume, mas não se baseia no elementarismo

As ideias de james
Empírico, perifericismo e funcionalismo
Sensação (sentido wundtiano- elemento de consciência) não é um dado de observação
Co-dependência de mente e corpo

Funcionalismo
3 áreas da psicologia: sensação, cerebração e tendência para a ação
Algo do ambiente chega ao organismo, que a trata mentalmente e este está na origem da ação
sobre o mundo (base do condutismo)
O organismo adapta-se ao seu ambiente através da perceção e da ação mas centra-se no
mental e não na relação com o ambiente propriamente dita (contrario dos etólogos)

Perifericismo
Reação  Emoção (Teoria das Emoções)
A consciência seria informada das reações do corpo que determinam o comportamento e não
são elas próprias determinantes do comportamento (sensação-cerebração-ação)
Determinação da experiência central pelos processos que lhe são periféricos
Um organismo seria determinado não de dentro para fora mas de fora para dentro (Estímulo –
Corpo – Mente)
Processos de sensação que modificam o estado corporal sem que seja a consciência a
determinar esses estados
- Consciencia – aperceção dos estados mentais; consciência reflexiva e nãos os
estados pré-reflexivos
Perceção e Sensação
É impossível recordar uma sensação: recordamos em vez disso percepções
Perceção implica conhecimento consciente, com identificação de associações feitas no
passado: quando nos lembramos de uma coisa recordamos as outras coisas associadas
A sensação é unificada e não tem partes
Sensação – construção mental (dado do pensamento, da cerebração) e não um
fenómeno psicológico

Corrente da consciência
Não haveria elementos conscientes só um fluxo de consciência (um contínuo de
experiência mental)
Os estados complexos não têm de ser resultado de estados simples
O que temos consciencia – ideias complexas
- Devemos partir não das sensações mas daquilo que efetivamente conhecemos
Falácia dos psicólogos – postulam entidades elementares (sensações) que não são
produto de descrição mas que descrevem por abstracção da experiência
Consciencia – estado ou sucessão de estados que não param de se transformar
Objeto é o mesmo mas os estados de consciência não o são (se olharmos para a
mesma coisa em momentos diferentes a experiencia sera diferente)
Estados de consciência substantivos e transitivos (temos consciência clara dos
primeiros mas não dos 2ºs)
- Substantivos – atenção se detem num objeto; aqueles qe correspondem a um objeto
- Transitivos – a consciência (atenção) não se consegue fixar
Empiristas – mais importância aos substantivos – as percepções de coisas exteriores,
as imagens mentais, até mesmo certas emoções podem ser objeto da atenção
Principal função da consciência – selecções dos conteúdos

O Eu e o Mim(outra sebenta)
Eu penso em Mim
Defesa do eu material – protecção do corpo e da propriedade; sobrevivência
Defesa do eu social – amor, amizade, desejo de agradar, …
Defesa do eu espiritual – busca da perfeição moral
Eu-sujeito – sensação de agir e existir, a noção de subjectividade fundamental

Capítulo 15: O Ethos Americano


Ethos – sensibilidade americana
- Obsessão pela mudança/transformação – o que é que tem impacto nas coisas e
como ; muito pragmático e pouco filosófico
- Anti-interiorização – elemento mais masculino recusa interiorização (“Um homem
não pensa, age!”)
- Pragmatismo – procura dos resultados, não interessa as histórias
Herbet Spencer
Cérebro deveria ser compreendido em termos das funções de sobrevivência que
assegurava; essas funções assentavam em associações entre imagens mentais que
guardadas formariam as ideias inatas
Mente era uma máquina de associações entre imagens
Capítulo 16: A psicologia norte-americana
Movimento “Funcionalismo” (da ideia de James) – a mente e a consciência têm de ter
uma função de adaptação
Relações entre a mente e o comportamento – só podemos saber da mente dos outros
através dos seus comportamentos

John Dewey
“Homem novo” – transformação total do homem da época (deixava de ser religios,
tornava-se prático, mudança de valores  quem mudava estes valores eram os
psicólogos
Apenas somos conscientes quando a ação é entravada – taylorismo (é tudo automático
menos quando há uma interferência que nos faz pensar)

Mustenberg
A minha conduta faz-me mover – ando não porque quero, mas porque o corpo quer
Perifericismo e epifenomenalismo
A nossa ação é que determinou a nossa consciência (exagero do periferalismo de
james) – fazemos as coisas e depois é que sabemos que as vamos fazer

Thorndike
O animal percebe onde deve agir para fazer algo, mas não há compreensão da
mecânica do objeto, chega lá por tentativas
Lei do efeito – tendemos a repetir o que tem bons efeitos e reprimir o que tem maus
efeitos
Método de Romanes – Quando se encontra uma atividade que parece implicar
inteligência, ou que nós faríamos usando a inteligência, admite-se que os processos
animais que a asseguram são tão inteligentes quanto os nossos

Watson
Estudar o comportamento em vez da mente
considerar o comportamento como forma de adaptação (aprendizagem)
Perifericismo
Pouca importância da vontade consciente na determinação do comportamento
Elemento novo – a mente não existe (Não há inato porque não se vê)
Processos são puramente mecânicos e não dependem de nenhuma escolha e nem
sequer são sempre dirigidos
Toda a conduta humana era explicada por um impulso do qual não temos
conhecimento e todo o comportamento é modificável
Os determinantes do comportamento seriam processos que nada têm a ver com a
mente ou consciência (loeb)
- Os processos que controlam o comportamento são devidos a uma reação a
estímulos externos
- Essa reação nada tem a ver com a consciência
- Todos os organismos são explicáveis a partir dos mesmos processos que são
elementares
O conceito de consciência era inútil no comportamento animal
Comportamento – modificação adptativa do organismo ao ambiente, resultado da
aprendizagem
- Associações estimulo-resposta
Aprendizagem – principal objeto de estudo
- Mudança adaptativa – possibilidade de um organismo se adaptar com eficácia a
condições novas
- associação entre um estímulo, um comportamento e um reforço, sem mais detalhes
O que importa é o resultado, o processo é menos importante (Para que é que serve?)
Seria o meio, não o inato a determinar o comportamento
Todas as atividades devem ser compreendidas como pura ação
Todos os conceitos psicológicos (na imagem) são redefinidos em termos de conduta
- Anula tudo o que vem de dentro do organismo como ímpeto e reformular tudo em
termos de músculos e glândulas que permitem uma relação com o ambiente (a única
diferença entre organismo e máquina é que o org. aprende)

A consciência não existe e é uma invenção como a alma


O cérebro não iniciaria comportamentos, estes eram iniciados externamente
Objetivo: Pode-se moldar e prever o comportamento em termos das associações entre
respostas e estímulos naturais

Hull - Associações entre estímulos e respostas internos


Tolman – cognitivista
Condutismo radical de Skinner
Mesma linha de Watson, com explicação filosófica
Teórico da aprendizagens – modificação do comportamento
Não nega a mente ou a consciência – apenas reformula em termos de conduta e de
condicionamento
Recusa de uma intencionalidade inteligente que está por detrás da teoria dos reflexos
e dos tropismos: o organismo age porque reage a um estímulo externo e essa reação
está codificada na organização material do próprio organismo
- A conduta é explicada sem mente – comportamento automatizado como resposta ao
ambiente (determinado do exterior todo o comportamento)

Vitalismo – organismos parecem ter propósito, parecem ter um objetivo e orientados


para um fim

Posição da 3ª pessoa
Teórico da terceira pessoa – analisar a conduta dos outros a partir do exterior como
observador neutro

Justificação do ambientalismo extremo


Estímulo afeta um Organismo que dá uma Resposta (S-O-R)
As causas são todas externas
- Os estados de O que influenciam R são todos previsíveis a partir de E
- Contingências de reforço  Conseguir-se-ia prever todo o comportamento a partir
dos estímulos
Não nega que haja reações inatas, mas o que lhe interessa é a capacidade de
modificação da conduta – ideia fundamental da mudança e do progresso
Contingencia – uma coisa é contingente da outra quando se lhe segue causalmente;
faríamos aquilo que foi reforçado anteriormente e inibiríamos o que teve
consequências más (igual a thorndike mas sem as consequências boas e mas)
- A conduta aprendida é contingente a reforços e as características biológicas são
contingentes a reprodução diferencial (organismo duplamente determinado de fora)
O experimentador pode controlar a conduta – a ideia de mente é substituída pela ideia
de contingências de reforço

O que significa conduta para os condutistas?


Recusar conceitos não observáveis e centrar-se nas manifestações comportamentais
desses conceitos
Não estudam o comportamento, mas a tradução comportamental de conceitos
mentais
O que sentimos são apenas reforços passados
Teleonomia e vontade
Propósito – teleonomia; só ocrre quando há reforços: se eu for reforçado por fazer
determinada coisa repetila-ei
Não existe então qualquer propósito: faço o que quero não por querer fazê-lo mas
porque fui reforçado no passado para o fazer (ideia de que faço porque quero seria
uma ilusão)

Perceção
Perceçao estudada puramente na 3ª pessoa
Sonhar/pensar não é uma coisa mental, mas conduta ou pelo menos preparação para
ela
Não há memória – há contingências do ambiente que modificam o organismo, mas não
há armazenamento da informação na mente
Atençao – dirijo o meu olhar para uma coisa apenas porque ela no passado me afetou

Controlo de Si
Skinner diz que ao colocar a ênfase da determinação da conduta no ambiente parece
que o indivíduo fica inteiramente passivo, mas que não é assim
- Ele tem a possibilidade de determinar a sua conduta, alterando as condições de
ambiente da mesma maneira que o faria para controlar a conduta de outra pessoa

Eu – vestígio do animismo; crença em que os corpos são animados por espírito


- Para Skinner apenas vemos conduta logo uma pessoa não é um agente em que se
origina a ação, é um ponto onde se convergem e interagem fatores genéticos e
ambientais
A fórmula externalista S-O-R é alterada por O-S-O-R: o organismo controla o ambiente
que controla o organismo

Pensamento – resolução de problemas: a solução de um problema é a resposta que o


resolve de forma semelhante ao ensaio e erro

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