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Mental

Inferência que
Experiência de
fazemos dos
mim
outros

Temos consciência de sequências de Qualquer coisa que se mova de maneira a que consigamos ler como
acontecimentos imaginados ou intencional nos parece ter mente;
recordados;
Para que isso aconteça o movimento tem de ser independente de fatores
Sabemos que temos uma mente externos, i.e., tem de parecer endogenamente causado;
independentemente do estado mental
em que nos encontramos; A identificação da mente é mais clara se compreendermos o objetivo do
agente (ex. alguém que vai pendurar um quadro na parede e nós sabemos
O estado normal de um sujeito é que vai ter de usar um prego para o fazer), ao contrário de situações em que
representar um objeto, é estar tentamos compreender uma reação emocional (ex. tentar compreender a dor
consciente de alguma coisa. de alguém a quem morreu um filho)

Dualismo: O que é apenas corpo não é mente, o que é mental não é corporal.

O que é considerado “mente” parece ser aquilo que sentimos como subjetivo, aquilo que
acompanha os atos do nosso corpo; espontaneamente fazemos a separação entre a sensação que
acompanha os atos do corpo e esse mesmo corpo como se fossem coisas separadas.

Oposições:

A mente é invisível mas é sentida de maneira completamente concreta, vivida. Em contrapartida,


não temos nenhuma imagem da nossa mente.

O sentimento da mente de cada pessoa passa, da maneira mais concreta possível, para as coisas
com que elas interagem.

A mente e a agência são invisíveis mas concretas.

A MENTE PRIMITIVA: CARACTERISTICAS

– “Mente” e “alma” são quase intermutáveis


– A mente era associada a “inteligência/vontade”
– Acreditava-se que pudessem existir espíritos (almas fora do corpo) e que estes podiam tomar
posse de outros corpos (ex. lobisomens – Europa)
– Mente e matéria não animada são diferentes e é o mental que anima – dá vida, vontade,
consciência – aos corpos
– A noção de causa foi desenvolvida na Grécia, mas em muitas culturas humanas a uma pergunta
causal (“porquê?”) responde-se com a identificação de um agente

Explicação deste fenómeno:

– Identifica-se um efeito;
– Infere-se uma intenção por detrás desse efeito e, em consequência
– Postula-se um agente portador dessa intenção e realizador desse efeito.

Esse agente será um espírito, provavelmente de corpo invisível que pode instalar-se noutro corpo
qualquer.

– Trata-se da separação da agência e do seu suporte material, i.e., da alma e do corpo.

– Fica algo de nós e dos outros nas coisas que têm e que usaram: há como que um resíduo de
identidade, uma marca psicológica da pessoa nas coisas que usa e possui.
– Ideia de que agindo sobre a parte se tem efeito no todo (estudada por Frazer)
– “Magia de contacto” – um objeto importante tem agência e essa agência passa, por contacto,
para um outro objeto.

– Na raiz do pensamento astrológico está a ideia de que há agentes que influenciam o nosso
destino. São agentes (forças ocultas) que a mente primitiva postula mas que não existem;
– A parapsicologia, nomeadamente, a ideia de transmissão de pensamento e de psicocinese são
típicos exemplos de pensamento primitivo.

Em suma:

O mental tem, como base, três fenómenos:

1) A experiência de mim como ser consciente e agente;


2) A existência de mecanismos que me fazem atribuir estados mentais mais ou menos
semelhantes aos meus em tudo aquilo que parece intrinsecamente causado e orientado para
objetivos;
3) A noção de que, por contacto, um agente transmite a sua essência, ou o seu poder, às coisas.
TEORIA DAS FACULDADES

Faculdades são funções que assistem a razão (Aristóteles), preparam os dados para o exercício
mental (Avicena), trabalham o que vem dos sentidos (S. Tomás de Aquino) e são a base teórica dos
processos mentais (Ciências cognitivas).

Para Aristóteles são 2:


– Funções de Memória;
– Imagens Mentais.

Para Avicena são também 7, presentes na alma sensitiva:


– Senso Comum;
– Retenção;
– Composição de Imagens;
– Imaginação Criativa;
– Estimação;
– Memória;
– Evocação.

S. Tomás de Aquino, depois de avaliar as 7 faculdades de Avicena, reduziu-as a 4:


– Senso Comum;
– Imaginação;
– Estimação;
– Memória.

Para as ciências cognitivas, temos em geral o senso comum que considera a existência de faculdades
com definições bastantes vagas (desde atenção, memória,…). Estas são a base teórica para a investigação
dos processos mentais e, concluída a investigação, são caracterizadas as faculdades com base nos
resultados da investigação.

“ANIMA MEA NON EST EGO”

– S. Tomás dedica-se a interpretar Aristóteles segundo o dogma cristão;


– Faz referência a Avicena e Averróis
– Defende que a alma e corpo formam uma só substância sendo a alma a forma do corpo
(hilemorfismo)
– O ser verdadeiro é a combinação alma + corpo: o corpo, por si só, não é nada, mas a alma sem
corpo é incompleta;
– Se as almas são 3, como se pode falar de UMA alma? O autor defende que a alma superior,
intelectiva, passa a incluir s funções anteriores, vegetativa e sensitiva
– Defende que nos embriões há uma alma semelhante à dos animais que é depois substituída pela
alma humana;
- Alma vegetativa (alimentação, reprodução)
- Alma sensitiva (perceção, ação e movimento) mente ativa
- Alma intelectiva, específica ao Homem
mente passiva

– Os sentidos formam imagens - fantasmas - que podem ser relacionados uns com os outros;
– Além dos 5 sentidos, existem sentidos externos e internos

referidos como "faculdades":

– senso comum
– fantasia/imaginação (capacidade de formar imagens que durem para além da
percepção)
– estimação (compreensão da função boa ou má das coisas)
– memória/capacidade memorativa

trabalham o que nos vem dos sentidos

– A alma intelectiva não é material, mas depende dos sentidos;


– O intelecto passível/passivo - reservatório de tal aquilo que pode ser pensado, nomeadamente as
ideias puras/essências;
– O intelecto agente - elemento ativo da inteligência que analisa, pensa e abstrai, a partir dos
sentidos, as formas puras.
– A alma é a parte imaterial da pessoa, na media em pode capturar ideias abstratas (os universais)
a partir dos exemplares acidentais detetados pelos sentidos;
– S. Tomás diz que tem de haver uma continuidade de natureza entre o recebedor e o recebido, a
alma teria de ser imaterial;
– Em oposição aos movimentos platónicos, esta alma intelectiva não é a pessoa (Anima mea non
est ego)

“A alma, como é parte do corpo humano, não é o homem completo: a minha alma não sou eu, de
modo que ainda que a alma alcance bem estar na outra vida, não se segue que eu ou qualquer outro ser
humano cheguemos a esse bem estar”
– A alma não seria propriamente presente a si própria. A mente não tem acesso direto a si própria.
Está feita de maneira a maneira a ocupar-se de objetos; a consciência que tem de si própria é a
consciência de pensar, mas não consegue "olhar" para o seu funcionamento, apenas ter uma
consciência sem objeto de que estamos a pensar, a percecionar ou a sentir.

Emoções

concupiscentes irascíveis

dirigem o sujeito traduzem a


para objetos bons dificuldade em
ou maus atingir o bem ou
evitar o mal

amor/ódio
esperança/desespero
desejo/aversão
confiança/medo
prazer/angústia
– raiva pela percepção e
As emoções são propriedades da alma sensitiva: dependem da apreensão
implicam todo o corpo;
– Se apenas parte da alma é imortal, a alma não é imortal;
– A alma e o corpo são a mesma substância: a alma anima o corpo e depende dele. A alma humana
não é material porque pode receber os universais.

Platónicos Aristotélicos
- partem da consciência da experiência mental: eu sei - querem identificar o que possibilita a
que sinto, que ajo: sou eu no centro das função do pensamento e multiplicam os
representações; conceitos necessários para explicar esse
- o conceito de alma procura capturar a sensação do funcionamento
mental puro sentido na 1ª pessoa

– Diferença entre as posições da 1ª e da 3ª pessoa: a primeira, descreve-se o que se sente - função


empírica; na terceira, o que parece ser necessário para explicar o facto de se sentir - racional,
hipotético.

CRÍTICA NOMINALISTA
(=CONCEPTUALISMO)
– Guilherme de Occam
– Durand de Saint-Pourçan defendia que o universal nasce no espírito quando se considera a
imagem sensorial sem o que ela tem de individual;
– Pierre Aurioll achava que quando se conhece imperfeitamente uma coisa se tem dela um reflexo
mental pouco claro, assim resultando um conhecimento de género; mas quando se conhece essa
coisa bem, a imagem mental é muito precisa e corresponde á espécie;
– O conceptualismo substitui aos "universais" aos "conceitos", quer dizer, ideias mentais que são
generalizadas a partir da experiência;
– Dizia-se que os universais eram apenas palavras: havendo consenso sobre as palavras haveria
universais
– Occam nunca defendeu este nominalismo e a sua doutrina pode ser designada como
conceptualista;
– Os universais eram construídos pela mente

São naturais, i.e., produto apenas da mente, e não convencionais, produto da linguagem e da cultura.

– O Occamismo abre caminho p/ se estudar descritivamente quer a natureza em termos das coisas
que se veem e se tocam quer as ideias e os sentimentos;
– Ao afirmar que os universais são puramente mentais está a defender que eles não existem no
mundo físico;
– O Conceptualismo foi importante porque declarava que o problema dos universais não precisava
do intelecto agente; da mesma maneira, toda a metafisica era considerada reificação de
categorias mentais e portanto sem realidade;
– Passa a ser o estudo das coisas e não o estudo dos universais ou das inteligências ocultas de Deus
que fazem mover a matéria;
– O occamismo prepara o cientismo.

ESPINOSA

– Ética: As ideias derivam umas das outras como numa demonstração geométrica e as conclusões
fazem-se por referência a proposições e provas que foram expressas dezenas de páginas antes e
em outros contextos;
– Foi muito influenciado por Descartes;
– Ao contrário de Descartes – espírito sobretudo matemático e mecanicista, Espinosa aceitou as
duas influencias mas estendeu-as não apenas ao estabelecimento da verdade científica mas a toda
a atividade humana;
– Afirma o monismo: tudo é forma de uma realidade una. Essa realidade una é Deus, que é tudo
quanto existe;
– Deus seria uma força que existe, não uma pessoa todo-poderosa; não nos amaria com
sentimentos humanos, apenas existiria como poder infinito. Deus é a existência e as leis dessa
existência;
– Deus tem um número infinito de atributos, mas consideram-se apenas dois: a extensão e o
pensamento -> o pensamento e a realidade são a mesma coisa e podemos chegar a compreender
Deus;

– Espinosa fala de 3 géneros de pensamento:

Pensamento por ideias vagas e - Permite-nos realizar operações numéricas sem compreender a sua razão de ser
1º por ouvir dizer; que temos do matemática;
quotidiano - É útil mas não tem interesse para a ciência.
- Depende do conhecimento das leis e causas dessas leis;
2º Usado por geómetras
- Permite prever rigorosamente;
- Forma de pensamento superior;
- Trata-se de coisas que, ao serem pensadas, só têm uma solução – verdade
necessária (Kant);
- Não é necessário pensar, quase. A este nível de conhecimento chama-lhe intuição;
Da intuição imediata das
3º - Tem 2 graus: o das verdades necessárias e a intuição absoluta, que não necessita de
verdades
análise. Neste caso surge a Existência, a Substância: Deus;
- Neste género de pensamento consegue-se intuir as verdades eternas, a perfeição, o
infinito, o uno;
- Da contemplação dessas verdades surge uma alegria tranquila, a beatitude

– O grande motor e a paixão fundamental: a auto-preservação, a procura de aumentar o próprio


ser;
– Há duas paixões fundamentais: uma positiva (quando o organismo garante o seu poder) e uma
negativa (quando perde poder); A estas duas paixões chamava-lhes alegria e tristeza,
respetivamente;
– O amor e ódio seriam a combinação de alegria e tristeza com a ideia das causas dessa alegria ou
dessa tristeza;
– A esperança e a apreensão ou receio são a alegria e a tristeza causadas pela imaginação de um
acontecimento incerto;
– SE tivermos a certeza de que o acontecimento se produziu sentiremos ou segurança ou
desespero;
– Destas emoções secundárias formam-se ainda outras…
– A inveja vem do ódio e é por isso que nos alegramos com a tristeza e nos entristecemos com a
alegria de alguém que odiamos; O ciúme é a mistura de amor e ódio pelo objeto do nosso amor e
a inveja pelo nosso rival; A emulação, o querer ter o mesmo ou mais do que os outros têm, é o
desejo de uma coisa produzido pela ideia de que os outros desejam a mesma coisa. A saudade é
uma espécie de tristeza proveniente da ausência do objeto amado; a humildade é a tristeza
proveniente da nossa impotência; a aquiescência é a alegria que sentimos quando verificamos a
nossa capacidade mental de agir;
– Todas estas paixões são passivas, causadas por efeitos externos e não são determinadas de dentro
– reativas, determinadas de fora;
– Apenas sabemos que sentimos mas não sabemos porquê;
– “Tendência para a atribuição externa” significa que procuramos uma causa e nunca procuramos
compreender, dentro de nós próprios, o que nos levou à situação em que estamos;
– Não existe livre-arbítrio;
– A liberdade é uma ilusão porque pensamos ser os autores das nossas ações;
– Se conseguirmos compreender as causas últimas das nossas ações e das leis do mundo (=de
Deus) conseguiremos considerar-nos com distanciamento;
– Em vez de reagirmos simplesmente com emoção, podemos compreender o porquê dessa reação;
– Espinosa considera o homem sub specie aeternitatis, i.e., ser espetador das nossas emoções e
não deixar o centro de nós próprios ser a própria emoção mas forçar esse centro a permanecer na
posição de espetador racional:
– Apenas quando conseguirmos esta distância a este nível de conhecimento podemos deixar de ser
determinados de fora e assim conseguir alguma coisa parecida com a liberdade;
– O maior prazer encontra-se no mundo das ideias e no amor intelectual de Deus que liberta e não
na busca desenfreada de prazeres passageiros que escravizam;

– Tem semelhanças com a teoria de Platão;


– Teve repercussões, mais tarde, na filosofia romântica alemã – Schopenhauer deve muito a
Espinosa;

– A verdade sobre nós tem de ser alcançada sozinhos connosco e sem ajuda, e de que a liberdade
só existe através do conhecimento que temos de nós próprios e do porquê das nossas ações
PSICOLOGIA E SOCIEDADE EM HOBBES

– Nominalista; Materialista total;


– As classes do nosso pensamento são apenas nomes convencionais que se aplicam ao real,
agrupamentos de coisas que dependem da definição que se dá das palavras;
– Opõe-se a Descartes dizendo que o fato de se poder pensar na mente como independente do
corpo não significa que ela o seja;
– O conhecimento mental vem dos sentidos: as coisas são movimento que entra em contato com os
órgãos dos sentidos; este movimento depois transforma-se em sensações quando entra em
contato com o cérebro e o coração que reagem à pressão do movimento com uma contra-pressão
“para fora”, que dá origem às sensações;
– As sensações persistem na memória, mas enfraquecidas: são as ideias; Estas ideias podem,
depois, ser combinadas de acordo com a imaginação (manipulação de ideias provenientes dos
sentidos e é a natureza do pensamento;
– A linguagem permite-nos pensar, formando-se assim o entendimento;
– A análise das paixões da alma de Hobbes foi a que foi menos seguida;

– As emoções seriam provenientes do movimento do corpo, que geraria uma paixão, seguida de
deliberação e que seria assegurada pela imaginação;
– A chave para compreender as paixões é o conatus, a que Hobbes chama endeavour (=esforço,
impulso, vontade de tentar);
– Este impulso é que estaria na origem da ação e de toda a vida animal e humana.

A PSICOLOGIA DE HOBBES

– Há um nº limitado de paixões simples, mas a maneira como se sucedem ou se combinam dá


origem a outras;
– Partindo do Apetite, Desejo, Amor, Aversão, Ódio, Alegria e Tristeza podem-se obter várias
combinações;
– O desejo de riqueza é geralmente mal visto porque todos a queremos, de modo que não gostamos
de outros que também a procurem;
– A Teoria das Emoções é influenciada pelas ideias de Hobbes;
– Faz uma espécie de análise fria, desapaixonada, das emoções e motivações humanas: desejamos
o que nos traz beneficio, amamos o que nos dá poder ou satisfação, e detestamos o que nos
impede de obter aquilo que queremos e aquilo que nos magoa;
– O método de Hobbes baseia-se quer na introspeção quer na inferência do comportamento que ele
observou nos outros;
– Foi um realista absoluto e deu-nos um dos retratos mais fiéis da nossa espécie de toda a filosofia
e psicologia ocidentais;
– Hobbes apresenta um retrato do homem que não está compartimentado artificialmente;
– É nele que nos devemos inspirar para compreender a nossa espécie e não na absurda separação
de conhecimentos do nosso tempo

A “TEORIA GESTALT”

CONTEXTO

– Significa, à letra, “forma”, “figuras”;


– É a ideia de que qualquer coisa tem propriedades impossíveis de identificar nas partes;
– “Gestalt” significa “propriedade do conjunto”.
– Para compreender bem o movimento seria necessário ter em mente a ideia do
“Gesamtkunswerk”;
– Todos os gestaltistas ou pré-gestaltistas eram músicos. Este ponto é importante porque a música
baseia-se na relação de todos os elementos com uma ideia de conjunto

PERCURSORES

– A primeira crítica do elementarismo wundtiano vem de Christian von Ehrenfels;


– O argumento era o seguinte: independentemente dos elementos, há qualidades de conjunto que
são sentidas na apreciação desses conjuntos;
– A ideia de que não reconhecemos um todo a partir da síntese dos elementos, mas a partir de
propriedades do próprio todo, foi debatida quando Wundt se opôs a Carl Stumpf;
– Stumpf defendia o estudo da consciência tal como se nos apresenta, isto é, seria inútil e
enganador procurar elementos;
– Stumpf influenciou diretamente o movimento Gestalt ao enfatizar a artificialidade de procurar
elementos na consciência, consciência essa que se nos apresenta como sintética e não composta
de partes;
– O primeiro autor que se pode considerar gestaltista foi Max Wertheimer, o mais influente dos
gestaltistas;
– Mas foi Wolfgang Köhler a ocupar o cargo mais importante;
– Outros nomes importante: Kurt Kofka, Kurt Lewin;

AS IDEIAS DA PSICOLOGIA GESTALT


– Pensamos que existe um organismo que filtra o potencial informação que se encontra “lá fora” e
que a estrutura com base na organização do sistema nervoso central e periférico;
– Este processo começa fora do organismo, é transformado no organismo e chega ao nosso
conhecimento como experiencia consciente ou como comportamento;
– Três grandes fases: (1) a informação não transformada, fora do organismo, (2) a informação
transformada no organismo, (3) a experiencia consciente e o comportamento

Informação -> transformação -> consciência

– A analogia da máquina não se aplicava ao comportamento e à mente;


– A ideia era, então, que as forças, se não fossem cuidadosamente canalizadas para um
objetivo específico, levariam à destruição de qualquer função existente – ideia da
transformação das forças livres num resultado especificado pela estrutura da máquina;
– O movimento Gestalt critica a ideia de que a mente deve ser explicada em termos de
constrições que o sistema nervoso coloca à informação proveniente do ambiente;
– Em vez de se considerar que a energia, quando libertada, se traduz em caos e destruição,
os gestaltistas sugerem que as próprias forças da natureza são organizadas;
– Teoria dos “Campos de Forças”, de Max Planck;
– Gestalt afirma que se deve compreender a mente e o comportamento não em termos de
metáfora da máquina que transforma a informação do meio em consciência e em
comportamento, mas em termos da relação auto-organizada que a mente estabelece
diretamente com o ambiente;
– O estudo da mente no tempo do gestaltismo era dominado pelo movimento wundtiano;
Wundt herdara a ideia neo-kantiana de que o sistema nervoso tem as propriedades de
transformação da coisa em si para a experiencia consciente;
– Gestalt concordava que a experiencia consciente mais importante era a de todos com
significado; Esses todos com significado não eram os fenómenos primários, mas sim os
resultados de um processo de apercepção e associação;

A Gestalt era contra a:

– Ideia de que a realidade psicológica fosse composta de elementos;


– Ideia de associação mental como origem do significado das coisas;
– Ideia de que todo o processo neural implicaria uma modificação profunda dos
dados do mundo real;
– Utilização dos métodos da fisiologia;
– Ideia da auto-observação provocada à maneira da fisiologia.
OBJETIVO

– O objetivo da Gestalt era a consciência, concebida não como resultado de uma restrição pelo
sistema nervoso mas como processo de deteção de forças no ambiente;
– Centram-se na experiencia tal como nos é dada, na experiencia comum, quotidiana, de olhar para
um objeto sobre um fundo;
– Nunca se veem os elementos mas apenas os conjuntos definidos por esses elementos;
– A prova mais forte da ideia de que não se veem os elementos mas o resultado da combinação
desses elementos é dada pelo fenómeno fi;
– Por mais que se procure identificar, na experiencia que deu origem ao fenómeno fi, os
elementos, não se consegue: o que se vê, o que se sente que se viu, é movimento de um ponto
para o outro. Isto significa então que aquilo que é experienciado não é o mesmo que o que nos é
apresentado;
– As regras de organização da psicologia Gestalt são várias. Todas elas implicam que a mente
impõe ao mundo físico uma estrutura que os elementos, considerados individualmente, não
possuem;
– Os grupos, ou padrões são formados de acordo com 3 princípios:
― Proximidade – elementos próximos tendem a ser agrupados;
― Semelhança – elementos semelhantes tendem a ser agrupados;
― Continuidade – vários pontos dispostos segundo uma reta sejam vistos como
representando não apenas pontos mas como uma reta.
– Se uma imagem for reversível quando vemos uma das combinações não podemos ver a
alternativa; à medida que olhamos, vamos alternando entre duas figuras, mas não as
conseguimos ver simultaneamente;
– “Atenção” passa a ser denominada “intuição”;
– Gestaltistas fizeram experiências com crianças e animais mostrando que a tendência percetiva
para o agrupamento era geral, mesmo com conjuntos que nunca tinham sido vistos;
– A ideia mestra era sublinhar não que a mente impusesse ordem à realidade exterior, por
restrição e agrupamento, mas de que a mente detetasse ordem, que existem também no mundo
exterior;
– Não é apenas uma psicologia: é uma teoria das coisas, uma teoria do mundo;
– Em vez de pensar a mente e o comportamento humanos em termos de processo de filtragem
neokantiano, os gestaltistas inspiraram-se num desenvolvimento da Física: a teoria dos campos
de força;
– Um dos teóricos mais importantes – Wolfgang Köhler;~
– Há 2 elementos da matéria: a energia e a estrutura. A energia é uma força que se espalha sem
direção além da que lhe é intrínseca; a estrutura é o meio em que essa energia se propaga e pode
ser favorável ou desfavorável a essa propagação;
– A teoria dos campos de força demonstra precisamente o contrário: a energia, em si, é
estruturante e não tende necessariamente para o caos;
– A mente cria ordem de acordo com padrões estáveis que existem na natureza;
– Isomorfismo = ideia de que a experiencia e as leis do sistema nervoso são paralelos;
– Veem a mente e o comportamento como manifestações das mesmas leis naturais da dinâmica e
da energia;

Leis naturais da dinâmica


Psicologia (Gestalt) = Cérebro (Isomorfismo) = Física (campos)

– A tarefa da psicologia não seria a tentativa da explicação da experiencia a partir dos


constrangimentos do sistema nervoso mas sim a identificação das leis gerais da dinâmica;
– Compreender a mente e o comportamento em termos de leis naturais da dinâmica pode parecer
muito abstrato, mas é surpreendentemente concreto: trata-se da análise do comportamento e da
mente em termos da linguagem da disciplina matemática da topologia;
– Teoria do campo = as atividades humanas ocorreriam num campo de forças que é o espaço vital,
que é composto por todos as acontecimentos passados e presentes e com todas as expetativas de
acontecimentos futuros com o potencial de influenciarem o comportamento por corresponderem
a necessidades do sujeito.

COMENTÁRIO

RESUMO DAS IDEIAS

A ideia de mente e fisiologia

Rejeita-se a ideia de que há transformação da coisa em si para uma realidade mental e procura-se
a identificação de estruturas de conjunto que existem quer no mundo quer na mente.

A fisiologia não é a maneira científica melhor para explicar a mente porque impõe uma ideia de
máquina que gera, elemento a elemento, a consciência e os processos mentais; em vez disso, a fisiologia
tem de ser estudada a partir do que se conhece dos próprios processos mentais que são, por seu turno,
semelhantes às leis do todo do próprio mundo físico.

O eu como um pólo de um campo de forças

O Eu é um dos pólos do campo de forças – o pólo do sujeito. O Eu nunca é teorizado como um


mecanismo diretor do processo mental.

Como o que se pretende é compreender como a mente deteta os campos de forças, os conjuntos,
existentes fora dela, e como a explicação são as estruturas de conjunto que existem quer na mente quer no
ambiente, a teoria Gestalt é a menos dependente do Eu e do “homúnculo”: a experiencia subjetiva é
sempre explicada na terceira pessoa apesar de haver descrição introspetiva.
Uma das principais analogias da Gestalt é a física do campo que não tem sujeito de
conhecimento, homúnculo ou ator.

O Eu passa a ser apenas o pólo sujeito de um campo de forças: há vetores entre o ambiente e o
organismo que convergem num ponto de decisão – o Eu.

O inato e o apreendido

A Gestalt contesta o associacionismo. Embora não negue fenómenos da aprendizagem, pressupõe a


existência de formas de apreensão da realidade que são independentes da aprendizagem. A crítica do
“inatismo”, lançada à Gestalt nos Estados Unidos foi refutada pelos Gestaltistas que nunca negaram a
aprendizagem.

― Refundar a teoria do conhecimento e a psicologia abandonando a ideia de uma mente


dirigida por uma vontade e explicar tudo a partir da coexistência de estruturas de conjunto
que se encontrariam quer no mundo físico quer no mundo mental
― A razão do insucesso da psicologia Gestalt é a falência do sistema universitário alemão
devido à 2ª Guerra.

O ‘EU’

LOCKE

– Há agentes e pacientes: os corpos são pacientes, passivos, os espíritos são agentes;


– A nossa ideia de identidade difere consoante se aplique a uma coisa viva ou não viva;
– Homem – máquina racional;
– Para a identidade subjetiva, Locke utiliza o termo “uma pessoa”;
– A pessoa seria o “Eu”, definida pela capacidade que tem “de se pensar a si próprio”;
– Essa consciência de si, Eu, pessoa ou “coisa pensante” é independente da substância que a
forma. Imaginando que seria possível transferir a mesma consciência, depois da morte de um
corpo, para o corpo de uma pessoa diferente e com uma situação social oposta – a pessoa
continuaria a mesma;
– Locke distingue duas posições relativamente à visão de nós próprios: a posição da 1ª pessoa, o
“eu próprio” e a da 3ª pessoa, um corpo animado que posso interpretar mas não sentir;
– A sensação do Eu não depende da matéria do corpo;
– O “eu” é a consciência e os seus limites não são os do corpo mas o das suas recordações;
– A sua posição foi criticada: a consciência dos estados sequenciais de mim não explica a
experiência de mim.
HUME

– A mente seria um recetáculo de sensações e das memórias dessas sensações;


– A própria noção de identidade é uma pura ilusão;
– O “eu” seria consequência da associação. Mas isto não quer dizer que o “eu” seja ilusório:
apenas que é uma consequência de processos mentais intrínsecos à espécie;
– Quando Hume penetra intimamente naquilo a que se chama “eu” não vê nenhuma entidade, mas
apenas sensações, de quente/frio, de luz/sombra, de amor/ódio.

KANT

– O eu empírico são os conteúdos da nossa mente, os nossos sentimentos, pensamentos, perceções,


etc.;
– O eu transcendental é apenas um conceito lógico que captura a ideia de que há unidade de
consciência, isto é, que há um sujeito de experiencia com experiencias que considere suas;
– O eu sujeito não é uma coisa, não é uma alma e não tem atributos. É um puro ponto onde se
unifica a experiencia.
– O eu empírico é um objeto, não o sujeito, é um conteúdo mental da mesma maneira que aquilo
que se vê é um conteúdo da visão e não a própria visão, que não se define a partir dos conteúdos
do que vê;
– O eu transcendental (ou sujeito) acompanha todas as experiências, mas não é uma entidade
própria; é condição da experiencia, mas não a própria experiencia.

WUNDT

– O “Eu” pode sentir-se como parte ou como separado do corpo;


– Se for separado há duas hipóteses:
― O eu pode ser confundido com os conteúdos da mente
― Pode existir como abstração, isto é, o Eu-coisa dos filósofos idealistas
– A forma mais habitual do Eu é uma experiência de vontade dirigida para um problema que inclui
corpo e mente.

JAMES

– Estabelece a distinção entre eu empírico (mim) e puro ego (eu);


– Trata-se da distinção entre Eu-objeto e Eu-sujeito, isto é, da diferença entre o sujeito que
representa e a representação de si;
– O primeiro Eu empírico a ser considerado é o eu material;
– Inclui-se no eu material as minhas posses: objetos, casa, automóvel, etc..;
– O eu espiritual é o conjunto da minha atividade psicológica que é objeto da minha atenção;
– O eu espiritual são as minhas ideias, os meus valores, mas também a imagem psicológica que
tenho de mim se ocorrer que teorize sobre isso;
– Todas as formas do eu empírico têm emoções associadas, de orgulho, modéstia ou vergonha;
– No caso da defesa do eu material, James refere a proteção do corpo e da propriedade, a caça,
condições para a sobrevivência, que traduzem a ideia da necessidade de controlar o ambiente
para a nossa defesa;
– Na defesa do eu social há o amor, a amizade, o desejo de agradar, a inveja, etc…;
– Na defesa do eu espiritual, ou amor pelo eu espiritual, indica a busca da perfeição moral;
– A avaliação do Eu é sempre social, feita quer por pessoas reais quer por um espetador inexistente
mas a que atribuímos juízos que consideramos desejáveis;
– James pensa que os 3 eus empíricos suscitam paixões de egoísmo por causa da “seleção dos mais
aptos”: ou seja, defendemos o que é nosso, seja o corpo ou as nossas posses, seja o prestígio
social ou as nossas ideias;
– O puro ego, ou Eu-sujeito é aquilo que pensa;
– Reconhece-se o mesmo porque os seus referenciais são os mesmos e pensados com a mesma
intimidade e calor que definem os estados de consciência;
– O puro ego é a sensação de agir e existir.

MENTE ATIVA & MENTE PASSIVA

Em Aristóteles:

– Dois tipos de mente:


― Mente prática (planeamento, estratégia) – é concebida como a captura, pelo
organismo, da forma de uma coisa exterior;
― Mente teórica (a razão concentra-se em ideias e funde-se com elas) – seria a
captura das formas das próprias ideias;
– A mente é uma espécie de armazém de formas que possam reconhecer o que os sentidos lhe
fornecem;
– A mente tem a possibilidade de derivar de conceitos, e vem de duas fontes: das imagens mentais
e de uma espécie de reserva de formas que possibilita, que provoca, a atividade mental;
– Mente ativa – é o exterior ao homem; causa exterior das operações e conteúdos mentais, é
imortal porque é independente do corpo;
– Mente passiva – são os conteúdos mentais; a mente individual, a consciência, os conteúdos da
memória, o conhecimento individual, são mortais;
– Em vez de ideias puras inatas (Platão) há mecanismos que nos permitem chegar às ideias puras
(os conceitos);
– A alma é indissociável do corpo;
– A mente de Aristóteles implica 3 coisas diferentes mas relacionadas:
A) O mecanismo invisível que anima, que dá vida aos organismos;
B) O princípio agente que é responsável, nos animais, pelo comportamento
intencional
C) A capacidade de planeamento e de pensamento abstrato
Se implicarmos a mente ativa imortal, considera-se também:
D) Um princípio espiritual que há em todos os homens e que lhes permite o
entendimento.

DESCARTES E OS SEUS PERCURSORES

DESCARTES

– Apareceu no seio de um movimento de ceticismo;


– Pretendeu construir um edifício de conhecimento radicalmente novo, apenas baseado na
evidencia da verdade;
– O argumento aristotélico de que os conteúdos da mente têm primeiro de passar pelos sentidos e
ser representados como imagens mentais se baseia numa maneira infantil de pensar;
– Acreditaremos nos sentidos como a fonte da verdade;
– Os sentidos enganam-nos e a realidade não é o que parece;
– Penso, sei que penso e isso prova que eu, como ser mental, existo…;
– Sabemos que existimos porque a nossa experiencia mental é a única coisa de que temos a
certeza;
– Podia admitir a existência de uma coisa que fosse racionalmente óbvia – quando uma ideia é
óbvia aos olhos da mente, devo aceitá-la como verdade;
– A ideia da perfeição não lhe vem da experiencia, é-lhe intrínseca, está na sua mente;
– A experiencia ensina-nos que a mentira provém das imperfeições;

– A Física de Descartes é importante na história da psicologia apenas na medida em que permite


explicar a fisiologia humana em termos puramente mecanicistas;

– Não acreditava na possibilidade de chegar à verdade pela experiencia; para isso confiava apenas
na razão, dada por Deus;
– As ideias que capturam a verdade são inatas: foram-nos dadas por Deus – permitem pensar o
mundo;

– Ao mundo mental pode-se aceder diretamente pela experiencia de existir, é o que me permite
afirmar que existo, que sinto, que desejo;
– O corpo, o mundo físico, mede-se; a mente parecia impossível de medir;
– Descartes não encontrava na mente nem objetos nem limites que permitissem uma qualquer
medição ou descrição;
– A mente é incomensurável (não se pode medir) e o corpo e a matéria são mensuráveis;
– Duas ordens de realidade: Res cogitans (“coisa pensante”) e res extensa (“coisa extensa”), i.e.,
com materialidade e mensurável;
– Descartes dizia que a ligação destas ordens era processada na glândula pineal, embora nunca
conseguisse provar como é feita (até aos dias de hoje ainda não se sabe);
– Expôs a diferença fundamental da experiencia do mundo físico e do mundo mental;
– Dualismo alma-corpo -> “dualismo cartesiano”;

– A mente propriamente dita é autónoma, pode pensar em ideias puras independentemente das
imagens dos sentidos;

– Segundo Descartes, haveria pressão, nos vasos do corpo, de uma substancia que chegaria ao
cérebro e afetaria a mente por meio da glândula pineal;
– A mente teria atributos: a existência, a duração, e teria dois modos principais: o intelecto (apenas
pensa) e a vontade (que leva à decisão);
– O intelecto tem vários modos:
― O puro intelecto – quando se pensa nas ideias inatas;
― A imaginação – imagens mentais;
― Os sentidos.
– Imaginação e sentidos dependem da linguagem entre o corpo e mente, mas o intelecto puro é
independente do corpo. A vontade tem vários modos: desejo, aversão, afirmação, negação e
dúvida;
– Os objetos têm qualidades que lhe são intrínsecas;
– É a nossa mente que interpreta as coisas em termos de cor, cheiro, temperatura: os átomos batem
na superfície de um objeto e giram de maneira determinada pelas características da disposição
dos átomos desse objeto. Esses átomos “refletidos” chegam depois aos sentidos e, por intermédio
da pineal, à alma, que traduz esse tipo de movimento em cores, cheiros, etc…;
– As paixões são estados mentais – são sentidas apenas na mente – e são reações a situações do
exterior;
– As reações “automáticas” dos animais e mesmo da nossa espécie não são provenientes da alma,
mas do próprio corpo. Da mente, são os pensamentos e as paixões da alma; do corpo são as
ações que essas paixões ou pensamento põem em movimento;
– A “alma vegetativa” passa a ser apenas mecanismo corporal;
– Quando Descartes se refere ao mental usa a introspeção; quando se refere ao material usa uma
teoria fisiológica sobre o que ocorreria no sistema nervoso;
– A surpresa é uma concentração da atenção nos objetos que a alma considera fora do normal;
– O conceito “impressão que temos no cérebro” tem origem na descrição mental mas é redefinido
em termos de funcionamento cerebral;
– Há uma redefinição do mental e introspetivo em termos materiais;
– Definiu a alma como pura mente e excluiu dela todos os aspetos percetivos;
– Descartes afirmava a possibilidade de conceber uma mente sem corpo, em que o corpo seria
apenas ilusão, e uma mente puramente pensante, contemplando as ideias inatas;
– A mente examina todas as consequências da ação ou dos processos percetivos, mas não inclui os
próprios processos percetivos;
– Excluir os processos percetivos da alma implica que a mente pode funcionar independentemente
de qualquer perceção e que haveria uma descontinuidade absoluta entre corpo e mente;
– A dificuldade de Descartes é saber como os nervos dão origem à sensação de existir;

– As paixões fundamentais seriam: a surpresa, o amor, o ódio, o desejo, a alegria e a tristeza;

– Estudou o homem-corpo como se fosse uma máquina;


– O nosso corpo seria como os bonecos mecânicos mas possuiria livre-arbítrio;
– Os animais, não tendo alma, seriam puras máquinas não dotadas de propriedades psicológicas;
– Não encontrou forma de demonstrar a ligação entre alma e corpo;
– Foi um dos autores mais importantes na defesa da posição da primeira pessoa;
– A mente não se consegue estudar usando a inteligência que aplicamos ao conhecimento do
mundo exterior;
– O argumento de Descartes para sair da tentação do solipcismo (dúvida da existência do mundo
material) é falível mas compreensível: Deus não nos engana;
– Defende que o que sentimos corresponde a alguma coisa “lá fora”, que existe fora da
consciência;
– Fisiologia é uma coisa, o sentimento de existir é outra;

PRECURSORES

– Roger Bacon defendia a necessidade de conhecimento direto, pela experiencia; - obter-se-ia a


partir da visão mas poderia combinar-se com a matemática;
– Defendia que a matemática é o “portão” para todo o conhecimento, porque a noção de
quantidade seria como que inata e porque o conhecimento da matemática treinaria o espírito a
pensar corretamente;
– Francis Bacon diz que as palavras são meras etiquetas das coisas e a filosofia tem-se ocupado
de relações entre palavras sem compreender as relações entre as próprias coisas;
– O conhecimento não deve tentar inferir leis gerais mas apenas captar a natureza, grau a grau;

– Galileu distingue qualidades primárias (que são do próprio objeto) e secundárias (derivam da
atividade subjetiva do sujeito que as perceciona);
– Diferencia formalmente as ciências ditas naturais e as do espírito;
– Toda esta atividade nova destruiu a representação neo-aristotélica do mundo;
– René Descartes – fundador do racionalismo moderno e autor de posições ainda hoje discutidas
nas universidades.

O Renascimento foi mais platónico que aristotélico;

– Gomez Pereira: se não houver universais fora da mente, a distinção entre mente ativa e mente
passiva não faz sentido: teria de ser a própria mente a chegar aos universais, não havendo assim
necessidade da mente ativa separada e metafísica;
– Conhece-se quando se se dá conta de uma experiencia mental;
– Afirma que a conduta animal é determinada por “simpatias e antipatias”, significando o termo
“simpatia” uma coisa semelhante à atração que o íman exerce no ferro;
– Julgou-se que Descartes poderia ter plagiado Gomez Pereira porque as suas principais ideias
eram as mesmas:
― A alma/consciência una, racional, separada do corpo e imortal;
― O corpo material que responde mecanicamente ao ambiente;
― As duas afirmações quase idênticas (“sei, logo existo” e “penso, logo existo”)

– Mas Descartes desmentiu este fato, mas nunca se chegou a comprovar nada.

SANTO AGOSTINHO

– A alma está presente a ela própria;


– A mente como que está feita para representar o que lhe é exterior: não a si própria e que quando
procura perceber-se a si tem a tentação de se procurar conhecer da mesma maneira que conhece
as coisas exteriores, isto é, através de imagens mentais;
– A alma não se consegue pensar como coisa, mas pode compreender que não é coisa;
– A alma sente a sua própria presença, que vice, recorda, compreende e quer. Essas funções são
imateriais e internas, não externas como as coisas que vemos ou tocamos e são a via para
conhecer a alma;
– A alma tem sempre consciência de existir;
– Apresentou, antes de Descartes, o argumento do Cogito (Penso/Sinto, logo existo);
– Dúvida sobre a existência é impossível porque, no momento em que duvido, estou vivo, estou a
pensar, a compreender, a avaliar, a tentar resolver a dúvida e sei que estou a duvidar;
– As coisas eram representações;
– Não distingue almas sensitiva e racional. Os sentidos são a maneira pela qual a alma se apropria
do corpo, a maneira pela qual o corpo é usado como instrumento pela alma;
– Os sentidos parecem determinados pela nossa vontade: não é o mundo qu chega à mente através
dos sentidos, é a mente que vai, pelos sentidos, buscar o que está no mundo;
– "Tudo o que sobre, converge" - O que sobe é o pensamento, a abstração, e converge,
naturalmente, na unidade e em Deus;
– A mente é diferente da mente de Platão porque a consciência da mente não permite detetar-lhe
partes: é a pura consciência do sujeito que não comporta qualquer objeto;
– Se deixarmos de nos concentrar no mundo exterior teremos consciência de nós próprios como
mente e que somos essa mente;
– Distinção entre sujeito subjetivo e sujeito objetivo;
– Kant falava de um Eu psicológico e de um Eu transcendental

Introspecção fruto da análise racional das funções que um


sujeito precisa de cumprir p/ que ocorram
sínteses de consciência e juízes sobre o ambiente

Avicena ou Ibn Sinna

– usa o argumento cartesiano p/ defender a imortalidade da alma;


– a alma é imaterial, independente do corpo ou das sensações.

A psicologia de Avicena:

– todo o conhecimento humano tem início nos sentidos, mas é através da capacidade de abstrair,
por imaginação, as formas que se consegue chegar ao conhecimento das coisas;
– a maneira de chegar ás ideias puras seria a lógica;
– há uma alma:
- vegetativa (reprodução, crescimento, nutrição)
- sensitiva (com 5 sentidos que se reúnem num sentido comum, faculdades mentais e
motivações)
- racional

dividida em intelecto

contemplativo prático
permite o conhecimento trata dos problemas
dos universais do quotidiano

– Além da combinação dos 5 sentidos (o senso comum) há a retenção e composição de imagens;


– Podemos imaginar coisas que não existem
|
além disso há avaliação dessas imagens em termos do benefício ou perigo que têm

– Há na alma sensitiva humana, duas faculdades superiores:

― a memória - armazena essas avaliações sem ser como formas sensíveis;


― a evocação - permite recuperar essas avaliações despida de conteúdo sensorial
– Estas faculdade perfazem o nº de sete:
― senso comum
― retenção
― composição de imagens
― imaginação criativa
― estimação
― memória
― evocação

– A mente consciente seria imortal.

Pedro Hispano

– Estudou a alma, procurando capturar-lhe essências e funções no espírito aristotélico;


– A alma situar-se-ia no centro do mundo cognoscível;
– Três inteligências: a de Deus, a inteligência separada e o intelecto possível.
– O mundo seria representado através de phantasmata (fantasias da imaginação) guiados por
formas primeiras (arquétipos) e de conceitos derivados da abstração sensível, tal como na
tradição aristotélica.

A alma
superior inferior

intelecto agente; lida com a vida quotidiana


espécie de vontade mental que procura o
conhecimento

conhecimento superior conhecimento inferior

tipo platónico; natural,evidente, tipo aristotélico; é abstraído das coisas, não é inato e funciona por
inato e imediato reprodução, no intelecto possível, das coisas, que são reduzidas a
imagens mentais organizadas pelos universais

– segue a distinção aristotélica entre alma vegetativa, sensitiva e racional;


– a vontade estaria dividida em várias partes:
- vontade natural - tendência á auto-preservação;
- vontade sensual - ligada ao apetite desordenado das coisas ilícitas;
- vontade activa - referente aos assuntos humanos.

– O live-arbítrio seria o resultado do conflito entre o bem e o mal mas o seu resultado natural seria
o triunfo do bem;
– A mente é a parte racional e decisora de nós, é não-material e sobrevive á morte do tempo.

ALMA PLATÓNICA

– Foi Platão a descobrir a mente;


– Ideias puras = quando se encontrar uma definição que não tenha falhas, que não seja contra-
argumentável, teremos chegado a uma formulação aproximada da forma pura;
– Psique, em Platão, quer dizer mente, a nossa vida interior (a vida interior de que cada um de nós
tem consciência);
– A Psique teria 3 funções:
― Razão (logistikon);
― Paixão (thumos);
― Apetites corporais (epithumetikon).
– Não se podia usar um conceito unitário para alma quando há conflitos internos: havendo luta
interior tem de ser entre mais do que uma coisa: a alma não pode ser una;
– Há impulsos de 3 tipos – pela verdade, pela honra e pela carne – mas a pessoa justa deve impor o
controlo dos motivos pela verdade;
– A vida mental é um campo de luta constante e o objetivo do homem justo é conseguir assegurar
o domínio do justo, do verdadeiro e do belo;
– Há 3 tipos de forçar a agir na nossa alma (razão, paixão, apetites); qualquer delas pode tomar
precedência e dominar a consciência (o Eu); mas uma delas, a razão, permite-nos escolher o
nosso rumo;
– A posição psicológica de Platão existe como fundamento de uma afirmação de valores: é uma
ética, um programa de conduta para melhorar o homem e a sociedade;
– Chega-se ao mundo ideal pela mente, pela razão. O sujeito “contempla”, “vê”, com o olhar da
mente, as ideias puras;
– O sujeito é apenas um observador da realidade, e não uma máquina psicológica que a interpreta,
ou seja, a enfâse era colocada (ainda na altura) no objeto de conhecimento e não no sujeito
conhecedor;
– A realidade é uma representação da mente;
– Plotino, Agostinho, Descartes, Espinosa, Kant, Schopenhauer e Freud foram influenciados pelas
ideias de Platão;

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