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Diário de Bordo da Disciplina Estado, Território e Cidadania

Aula 01 - O que é o 'Estado', Formação da Teoria do Estado (15/05/23)

Durante o percurso histórico e as reformulações ocorridas nas organizações humanas e


sociais, houve também um longo processo de sucessivas mudanças de paradigma na
compreensão do termo ‘Estado’, sua função, seus elementos, sua organização. Com o
processo de construção do Estado Liberal para o Constitucionalismo Social, para o
Estado Democrático de Diretos, para o Estado Neoliberal, a realidade da vida do ‘Estado’
rodeou a sociedade e descortinou sua estrutura e funções em seu devir histórico.

Estudar sobre o ‘Estado’ significa estudar sobre o fenômeno da história política e da vida
social em uma perspectiva teórica, interligando conceitos oriundos da Ciência Política, da
Filosofia Política, da Sociologia Política, do Direito.

Embora os fenômenos políticos transcendam ao ‘Estado’, a abrangência da vida social e


suas complexas inter-relações tornam-se presentes na ciência do ‘Estado’, pois este
“deve atuar diante da sociedade civil, uma estrutura real e histórica.”

O conceito de ‘Estado’ vem sendo então algo de inúmeras reflexões, principalmente pelas
imensas e constantes mudanças nas esferas políticas e econômicas, que também
determinam mudanças nas estruturas de poder estatal, merecendo uma “[...] reavaliação
frente aos novos fenômenos políticos e econômicos deslanchados pelo processo em
curso denominado globalização, onde os processos ligados à democracia devem justificar
os seus discursos em novas bases teóricas” (FABRIZ; FERREIRA, p. 107).

Para compreendermos a organização do ‘Estado’ é necessária a construção de uma linha


histórica, acompanhando o pensamento científico e filosófico desde a Antiguidade. Com a
organização do Estado Antigo, Oriental ou Teocrático, a civilização somente apresentava
sua organização em comunidade/família, religião e economia/trocas de forma confusa e
sem delimitação. Nesta época não havia delimitação entre o ‘Estado’ e estas
organizações subdivididas, levando em conta o indivíduo ou a religiosidade. Assim, o
‘Estado’ era considerado basicamente Teocrático e a estreita relação com a divindade.

Foi com Aristóteles que os estudos sobre o ‘Estado’ começaram a surgir, tendo como
base as obras de Platão (“A República” – disponível em:

http://www.eniopadilha.com.br/documentos/Platao_A_Republica.pdfLinks to an external
site.

e “As Leis” – disponível em:

http://www.eniopadilha.com.br/documentos/Platao_A_Republica.pdfLinks to an external
site.).

Embora o ‘Estado’ grego não tenha se apresentado como um ‘Estado’ único,


principalmente pelas diferenças entre as cidades gregas Atenas e Esparta, foi com a
civilização helênica que surgiram as características fundamentais e comuns para a
concepção de ‘Estado’.
Platão foi filósofo e matemático do período clássico da Grécia antiga, autor de diversos
manuscritos filosóficos e fundador da primeira instituição de educação superior ocidental,
denominada ‘Academia’, em Atenas. Foi mentoreado neste período por Sócrates e teve
como pupilo Aristóteles.

Platão em sua obra “A República” (p. 25) apresenta as reflexões de Sócrates e Trasímaco
sobre o que se defendia por governo e justiça (as raízes do surgimento do Estado):

“Trasímaco — E cada governo faz as leis para seu próprio proveito: a democracia, leis
democráticas; a tirania, leis tirânicas, e as outras a mesma coisa; estabelecidas estas leis,
declaram justo, para os governados, o seu próprio interesse, e castigam quem o
transgride como violador da lei, culpando-o de injustiça. Aqui tens, homem excelente, o
que afirmo: em todas as cidades o justo é a mesma coisa, isto é, o que é vantajoso para o
governo constituído; ora, este é o mais forte, de onde se segue, para um homem de bom
raciocínio, que em todos os lugares o justo é a mesma coisa: o interesse do mais forte.

Sócrates — Agora compreendo o que dizes. Procurarei estudá-lo. Portanto, também tu,
Trasímaco, respondeste que aquilo que é vantajoso é justo, depois de me teres proibido
de dar essa resposta, acrescentando, contudo: o interesse “do mais forte”.

Para Aristóteles, o centro do ‘Estado’ estava na comunidade política, na organização


soberana da cidade, chamada ‘pólis’. É o ‘Estado’ superior ao indivíduo, pois é a
organização da coletividade, superior ao individual, do bem comum superior ao bem
particular. Em sua obra “Política”, também Aristóteles apresenta seu pensamento sobre
‘Estado’ (p. 114):

“Todos os Estados diferem entre si pela maneira com que os poderes são distribuídos,
sendo um dominado pelos ricos, outro pelos homens de mérito eminente e um terceiro por
diversas pessoas. E cada um resolverá indubitavelmente o problema de acordo com seus
princípios. Suponhamos, no entanto, um concurso simultâneo de todas estas espécies de
gente: como deveremos determinar sua posição na sociedade? Se as pessoas de mérito
formarem a minoria, que regra se deverá usar na divisão? Será preciso examinar se seu
pequeno grupo basta para o governo ou se é grande o bastante para satisfazer a
formação de um Estado inteiro?”

Na sociedade Romana, a compreensão de cidade-Estado tornava-se a dominante, com a


base familiar da organização, com as ‘civitas’: união de grupos familiares, principalmente
de famílias patrícias, compostas por descendentes de seus fundadores.

O termo foi usado pela primeira vez na Itália, ‘Stato’, mesmo que de forma vaga. Só na
Idade Moderna, a partir do século XVI, com Maquiavel e seu livro “O príncipe”, começou-
se a impulsionar as organizações do ‘Estado’ e as constituições escritas, articuladas as
sociedades políticas.
“DE QUANTAS ESPÉCIES SÃO OS PRINCIPADOS E DE QUE MODOS SE ADQUIREM
(QUOT SINT GENERA PRINCIPATUUM ET QUIBUS MODIS ACQUIRANTUR)

Todos os Estados, todos os governos que tiveram e têm autoridade sobre os homens,
foram e são ou repúblicas ou principados. Os principados são: ou hereditários, quando
seu sangue senhorial é nobre há já longo tempo, ou novos. Os novos podem ser
totalmente novos, como foi Milão com Francisco Sforza, ou o são como membros
acrescidos ao Estado hereditário do príncipe que os adquire, como é o reino de Nápoles
em relação ao rei da Espanha. Estes domínios assim obtidos estão acostumados, ou a
viver submetidos a um príncipe, ou a ser livres, sendo adquiridos com tropas de outrem
ou com as próprias, bem como pela fortuna ou por virtude.”

(Disponível em:

http://www.dominiopublico.gov.br/download/texto/cv000052.pdfLinks to an external site.)

Na Inglaterra, na França e na Alemanha o termo foi utilizado com o significado de ordem


pública. O termo provém do latim ‘status’, “estar firme”. Definido por AZEVEDO (1953)
como “fixo, imóvel, decidido, regular e constante”:

“Estado é a nação politicamente organizada” (PAUPERIO, 1983, p. 35).


“[...] é uma associação humana (povo), radicada em base espacial (território), que vive
sob comando de uma autoridade (poder) não sujeita a qualquer outra (soberania)”
(FERREIRA FILHO, 2001, p. 45).

As estruturas de poder necessitam de "(...) reavaliação frente aos novos fenômenos


políticos e econômicos deslanchados pelo processo em curso denominado globalização,
onde os processos ligados à democracia devem justificar seus discursos em novas bases
teóricas". (FABRIZ; FERREIRA, p. 107)

Linha histórica:

Teocracia > Estado Grego > Estado Romano > Idade Moderna

Teocracia:

- Com a organização do Estado Antigo, Oriental ou Teocrático, a civilização somente


apresentava sua organizaão em comunidade/família, religião e economia/trocas de forma
confusa e sem delimitação.

- Não havia delimitação entre o "Estado" e estas organizações subdivididas levando em


conta o indivíduo ou a religiosidade.

- O "Estado" era considerado basicamente Teocrático, e em estreita relação com a


divindidade.
Estado Grego:

- "Estado" Grego não se apresentou como um Estado único, principalmente pelas


diferenças entre as cidades gregas Atenas e Esparta.

- Época da civilização helênica: com características fundamentais e comuns à concepção


de "Estado".

- Platão -> Aristóteles.

- Platão: Obras "A República" e "As Leis" defendiam as raízes do surgimento do Estado
pela justiça e pelo governo. "E cada governo faz as leis para seu próprio proveito: a
democracia, leis democráticas; a tirania, leis tirânicas, e as outras a mesma coisa;
estabelecidas estas leis, declaram justo, para os governados, o seu próprio interesse, e
castigam quem o transgride como violador da lei, culpando-o de injustiça. Aqui tens,
homem excelente, o que afirmo: em todas as cidades o justo é a mesma coisa, isto é, o
que é vantajoso para o governo constituído; ora, este é o mais forte, de onde se segue,
para um homem de bom raciocínio que em todos os lugares o justo é a mesma coisa: o
interesse do mais forte".

- Aristóteles: o centro do "Estado" estava na comunidade política, na organização


soberana da cidade, chamada "polis". É o "Estado" superior ao indivíduo, pois é a
organização da coletividade, superior ao individual, do bem comum superior ao bem
particular.

Estado Romano:

- Compreensão de cidade-estado tornava-se a dominante base familiar da organização,


com as "civitas": união de grupos familiares, principalmente de famílias patrícias,
compostas por descendentes de seus fundadores.

- 1° vez usado o termo Stato.

Idade Moderna:

- Maquiavel - "O Príncipe":

"Todos os Estados, todos os governos que tiveram e têm autoridade sobre os homens,
foram e são ou repúblicas ou principados. Os principados são: ou hereditários, quando
seu sangue senhorial é nobre há já longo tempo, ou novos. Os novos podem ser
totalmente novos, como foi Milão com Francisco Sforza, ou o são como membros
acrescidos ao Estado hereditário do príncipe que os adquire, como é o reino de Nápoles
em relação ao rei da Espanha. Estes domínios assim obtidos estão acostumados, ou a
viver submetidos a um príncipe, ou a ser livres, sendo adquiridos com tropas de outrem
ou com as próprias, bem como pela fortuna ou por virtude".

Aula 02 - O que é o 'Estado' - a Importância do Governo na Modernidade (22/05/23)


Contratualistas:

- Forma metafórica utlizada para se explicar a relação entre a humanidade e o "Estado",


que veio do uso do termo "contrato social".

- Os contratualistas - o grupo de filósofos que buscavam garantir a relação entre seres


humanos e "Estado" por meio de um acordo, o chamado contrato.

- Antes, as relações humanas se davam dentro do estado de natureza ou do chamado


"Estado Natural", ou pré-social, sem a necessidade de intervenções relacionais,
considerando que as organizações em grupos ou eram familiares ou eram de pquenos
grupos.

- O "Estado Natural" foi considerado o período no qual a sociedade não se encontrava


formada, por não haver ainda uma lei social geral, uma lei civil que se baseio no convívio
social.

- O "Estado Natural" tem um aspecto hipotético e didático, basilar para o fundamento da


sociedade moderna.

- Necessidade de maior quantidade de relações humanas, em grupos maiores, em


cidades, há a necessidade de proteção, portanto, há a necessidade de "um ser maior,
com mais força e com imparcialidade", que possa garantir os seus direitos.

- Leis de uma sociedade em formação a um "Estado" que garanta seus direitos. O


"Estado" passa a ser o ente que se compromente com a defesa do indivíduo humano,
seus direitos, o bem comum e o desenvolvimento de uma sociedade.

- Relação entre homem e "Estado" é o que passou a ser chamado de contrato social. O
contrato social parte do princípio de uma sociedade que está em comum acordo, frente ao
que se quer alcançar.

- Linha histórica:

Thomas Hobbes > John Locke > Jean-Jacques Rosseau

Thomas Hobbes:

- Estado de natureza: o homem tinha direito a tudo, plena liberdade de usar seu próprio
poder, garantindo o sentimento de preservação de sua natureza humana e de sua vida, o
chamado "jus naturale".

- Necessidade de um "Estado" fortalecido que pudesse se contrapor em momentos de


possível guerra, para garantir a paz e os momentos de prosperidade.

- Obra "O Leviatã": matéria, forma e poder de um Estado eclesiástico e civil, um dos mais
importantes livros políticos do ocidente, referencia-se na Bíblia, no Livro de Jó (41, 1-3):
"Quem confia, se faz ilusões, pois já seu aspecto o derruba. Ninguém se atreve a
provocá-lo. Quem lhe resistirá? Quem ousou desafiá-lo e ficou ileso? Ninguém debaixo do
céu".
- "Diz-se que um Estado foi instituído quando uma multidão de homens concordam e
pactuam, cada um com cada um dos outros, que a qualquer homem ou assembléia de
homens a quem seja atribuído pela maioria o direito de representar a pessoa de todos
eles (ou seja, de ser seu representante), todos sem exceção, tanto os que votaram a favor
dele como os que votaram contra ele, deverão autorizar todos os atos e decisões desse
homem ou assembléia de homens, tal como se fossem seus próprios atos e decisões, a
fim de viverem em paz uns com outros outros e serem protegidos dos restantes homens.
É desta instituição do Estado que derivam todos os direitos e faculdades daquele ou
daqueles a quem o poder soberano é conferido mediante o consentimento do povo
reunido" (HOBBES, s/d, p. 61).

John Locke:

- Obra "Dois Tratados sobre o Governo Civil" - refuta a tese apresentada por Robert
Filmer, sobre a legitimidade do absolutismo fundamentado no poder da divindade do
monarca.

- Refuta o princípio da autoridade atribuída por Deus e Adão, como primeiro pai da
humanidade, portanto, dos reis vistos como descendentes legítimos desta autoridade de
Adão.

- A humanidade vivia em uma sociedade natural sem uma organização política e social, o
que influenciava em uma sociedade sem crescimento nos campos das ciências, das
artes/culturas.

- O período da sociedade natural como o período de plena igualdade entre todos, sem
impedimentos/irrestritamente.

- "Um estado também de igualdade, em que é recíproco todo o poder e jurisdição, não
tendo ninguém mais que outro qualquer - sendo absolutamente evidente que criaturas da
mesma espécie e posição, promiscuamente nascidas para todas as mesmas vantagens
da natureza e para o uso das mesmas faculdades, devem ser também iguais umas às
outras, sem subordinação ou sujeição, a menos que o Senhor e amo de todas elas,
mediante qualquer declaração manifesta de Sua vontade, colocasse uma acima de outra
e lhe conferisse, por evidente e clara indicação, um direito indubitável ao domínio e à
soberania". (LOCKE, 1998, p. 382-383)

Jean Jacques Rosseau:

- "Contratualista crítico do contratualismo".

- Obra "Do Contrato Social ou Princípios do Direito Político" (1762).

- Refuta os ideais de Hobbes e Locke - o ser humano em seu estado natural vive em
plena harmonia e apresenta maior compreensão dos direitos dos demais.

- O homem era plenamente livre de todas as amarras impostas por instituições que
pudessem privá-lo de liberdade.

- O homem era um ser "amoral" socialmente, desconhecer da dicotomia bem X mal, pois
toda ação sempre deveria conduzir para o bem individual.
- A vida em sociedade em seu processo de forte Revolução Industrial européia, trazia
danos para os homens em seus apectos morais e econômicos, gerando escravidão e
miséria.

- "São os homens que fazem o Estado, e é o terreno que alimenta os homens: essa
relação consiste, pois, em que a terra baste para a manutenção de seus habitantes e haja
tantos habitantes quantos a terra possa nutrir. É nessa proposição que se acha o
maximum de força de um número dado de povo: porque, se houve terreno em demasia,
será oneroso protegê-lo, a cultura se mostrará insuficiente, o produto supérfluo: e será a
causa próxima de guerras defensivas". (ROSSEAU, s/d, p. 68).

- "(...) governo, ou suprema administração, ao exercício legítimo do poder executivo; e


príncipe ou magistrado, ao homem ou ao corpo incumbido dessa administração. É no
governo que se encontram as forças intermediárias cujas relações compõe a do todo ao
todo, ou a do soberano ao todo. (...) do soberano recebe o governo as ordens a serem
dadas ao povo, e para que o Estado se mantenha em perfeito equilíbrio, se faz mister,
tudo compensado, haja igualdade entre o produto ou o poder governamental, tomado em
si mesmo, e o produto ou o poder dos cidadãos, que, se um lado, são soberanos, e
vassalos de outro". (ROSSEAU, s/d, p. 80).

- A soberania é então o poder que emana do povo e por conseguinte é inalienável


(ROSSEAU, s/d, p. 36), (...) a soberania senão o exercício da vontade geral, jamais se
pode alienar, e que o soberano, que nada mais é senão um ser coletivo, não poder ser
representado a não ser por si mesmo; é perfeitamente possível transmitir o poder, não
porém a vontade", e indivisível (ROSSEAU, s/d, p. 38), "porque a vontade é geral, ou não
o é; é a vontade do corpo do povo, ou apenas de umas de suas partes".

Aula 03 - Elementos Constitutivos do Estado: Povo, Território e Governo Soberano


(22/05/23)

Em uma linha histórica, pode-se perceber que Maquiavel refletiu sobre o sistema de
forças que existiam no interior da sociedade; que Hobbes e Locke, em conflito com o
pensamento religioso medieval, refletiram sobre um sistema científico/racional/laico, com
os primórdios das concepções de soberania e contrato social; e que Rosseau defendeu a
democracia e a soberania do povo. Estas foram as linhas que conduziram a construção
do Estado Moderno, em suas linhas liberais e com a construção dos conceitos de
cidadania e democracia.

Também pode-se perceber que o conceito de Estado abarcou diversos momentos


históricos e sociais e com isso, foi construído no decorrer da história humana, pois
conforme BOBBIO1 (2007, p. 73):

“[...] não tem nenhuma dificuldade de dissociar a origem do nome da origem da coisa –
não pode deixar de pôr-se o problema de saber se o Estado sempre existiu ou se é um
fenômeno histórico que aparece num certo momento da evolução da humanidade.”

Portanto, é fundamental a reflexão sobre o Estado e seus elementos constitutivos.


Embora existam autores que preferem usar o termo características e outros o termo
elementos, indispensáveis são para existência do Estado Moderno, o povo, o território e o
governo soberano. Pode-se considerar, conforme DALARI2 (1998, p. 29), citando
ATALIBA NOGUEIRA que o território e o povo são os elementos materiais do Estado,
enquanto o governo soberano ou o governo/soberania/poder é o elemento formal.

No Brasil, a Constituição da República Federativa do Brasil, já em seu preâmbulo,


ressalta a importância do Estado:

“Nós, representantes do povo brasileiro, reunidos em Assembleia Nacional Constituinte


para instituir um Estado democrático, destinado a assegurar os exercícios dos direitos
sociais e individuais, a liberdade, a segurança, o bem-estar, o desenvolvimento, a
igualdade e a justiça como valores supremos de uma sociedade fraterna, pluralista e sem
preconceitos, fundada na harmonia social e comprometida, na ordem interna e
internacional, com solução pacífica das controvérsias, promulgamos, sob a proteção de
Deus, a seguinte Constituição da República Federativa do Brasil.”

A Constituição Federal Brasileira de 1983, em seu primeiro artigo já destaca o Estado:

Art. 1° A República Federativa do Brasil, formada pela união indissolúvel dos Estados e
Municípios e do Distrito Federal, constitui-se em Estado Democrático de Direitos e tem
como fundamentos:

I. a soberania;

II. a cidadania;

III. a dignidade da pessoa humana;

IV. os valores sociais do trabalho e da livre iniciativa;

V. o pluralismo político.

Parágrafo único: Todo o poder emana do povo, que o exerce por meio de representantes
eleitos ou diretamente, nos termos desta Constituição.

Com o Estado Moderno o poder legítimo é o poder de direito, da prática dos limites do
poder exercido pelos direitos e pelas leis, poder que se torna legítimo, pois emana do
povo.

O povo

Conforme o Dicionário de Política (BOBBIO, 1998, p. 986):

“Uma das primeiras e mais conhecidas afirmações do conceito político de Povo está muito
ligada ao Estado romano, até mesmo na fórmula que o define. De fato, o único modo
conhecido de definição da res publica romanorum está na formula dominante Senatus
populusque romanus que exprimia, nessa aproximação não disjuntiva, os dois
componentes fundamentais e permanentes da civitas romana: o Senado, ou núcleo das
famílias gentilícias originárias representadas pelos paires, e o Povo, ou grupo “dêmico”
progressivamente integrado e urbanizado que passou a fazer parte do Estado com a
queda da monarquia.”

Atribui-se a Marco Tulio Cicero (106-43 a.C.), advogado e filósofo romano, o pensamento
e primeira definição de povo como “a reunião associada pelo consenso do direito e pela
comunhão da utilidade.”

Entretanto, em todos os campos das ciências há como definir e refletir sobre o termo
povo, no campo político, jurídico, sociológico, filosófico, antropológico; mesclando os
conceitos de população, nação e povo.

Não há como pensar em uma sociedade, em um Estado sem um povo, sem o conjunto de
pessoas que juntas constroem a sua sociedade, e apesar de conceitos em distintos
campos científicos, estão imbricados os conceitos.

No campo antropológico, pode-se dizer que o povo é o conjunto de pessoas que pertence
a uma mesma cultura ou habita em um determinado território, a exemplo: os povos
indígenas e suas tribos específicas, ou a população que habita um espaço específico e
delimitado por fronteiras, por exemplo: o povo brasileiro. Mesmo que na sociedade
contemporânea, as culturas se misturem e as fronteiras se expandem e se confundem, o
povo se verifica pelo pertencimento ao seu Estado e a sua cultura.

No campo jurídico, no Estado Moderno, o poder somente se torna legítimo se enraizado


no povo e oriundo do povo.

No universo político, o povo se torna sinônimo de população ou nação, como a força


propulsora que impulsiona a sociedade em busca de um bem comum, geral e amplo de
planejamento de ações.

Sociologicamente, distintamente do sentido de populismo ou de um sentido político-


ideológico, é visto como o conjunto de pessoas de diferentes culturas, status sociais e um
agrupamento histórico, que apresenta sua linguagem própria, seus projetos próprios.

Ou seja, é o povo o conjunto de pessoas que estão interligadas por:

Figura 1: Conceito de povo.

Fonte: O autor.

O Território

Um conceito polissêmico e que foi se


transformando historicamente ao longo do
tempo, necessita de uma abordagem ampla
e que possa abarcar todos seus aspectos.

Usualmente/cotidianamente o termo
território é definido como área, delimitado
de um espaço geográfico por fronteiras, tendo a relação de posse e propriedade como
definidora. De origem do latim: territorium, conceito da terra delimitada ou jurisdicionada.

O território, por conseguinte, não é necessariamente o delimitado pelas fronteiras e


construções, mas sim estruturalmente se constitui nas relações de poder, onde
territorializar se manifeste como poder em determinada área.

Segundo RAFFESTIN (1993, p. 143):

Espaço e território não são termos equivalentes. Por tê-los usado sem critério, os
geógrafos criaram grandes confusões em suas análises, ao mesmo tempo que,
justamente por isso, se privavam de distinções úteis e necessárias. [...] é essencial
compreender bem que o espaço é anterior ao território. O território se forma a partir do
espaço, é resultado de uma ação conduzida por um ator sintagmático (ator que realiza um
programa) em qualquer nível. Ao se apropriar de um espaço, concreta ou abstratamente
(por exemplo, pela representação), o ator “territorializa” o espaço.

O território envolve as relações de territorialidade, transformadas no tempo e no espaço,

[…] a tentativa de um indivíduo ou grupo de afetar, influenciar, ou controlar pessoas,


fenômenos, e relações, delimitando e afirmando o controle sobre uma área geográfica […]
territorialidade aponta para o fato de que as relações humanas no espaço não são
neutras (SACK, 1986, p. 19 e 26).

No Estado Moderno era o território definido pelo Estado-Nação, na definição de lugares.


Com as transformações históricas e a globalização, a compreensão de território passou a
ser transnacional, de profundas desigualdades socioespaciais, suas relações de
horizontalidades: lugares vizinhos reunidos por uma continuidade territorial – de relações
de verticalidades: ligados por todas as composições e relações sociais.

É a compreensão de que há a construção de redes de uma realidade de expressão


histórica, social e cultural, como diz SANTOS; SOUZA; SILVEIRA (1988, p. 16)

“[…] além das redes, antes das redes, apesar das redes, depois das redes, com as redes,
há o espaço de todos, todo o espaço, porque as redes constituem apenas uma parte do
espaço e o espaço de alguns.”

O território dialeticamente é visto como a dimensão do espaço habitado, fruto de uma


história que se manifesta no presente e completo de heranças: estruturas da cultura e das
relações sociais, fisicamente com limites físicos de caráter político e administrativo.

Assim, conforme RAFFESTIN (1993, p. 143)

[…] o território se apoia no espaço, mas não é o espaço. É uma produção, a partir do
espaço […], e configura o resultado das ações intencionais conduzidas por atores
sintagmáticos, que, ao se apropriarem do espaço de maneira concreta ou abstrata,
“territorializam” o espaço.”
O Governo Soberano

Existe uma reflexão sobre a mescla dos conceitos de Estado, Governo, Nação e
Soberania. Por governo, pode-se entender como uma das características do Estado, no
exercício de sua administração; pode-se verificar seu caráter transitório e suas diferenças
de forma organizativa; pode-se compreender a ação administrativa dentro das diferentes
organizações de Estado.

Ou seja, pode-se pensar em governo em sua multidimensionalidade e sua


intersetorialidade como elemento constitutivo do Estado, o que pode ser compreendido
por meio da linguagem e seus múltiplos significados/termos: cabinet, administration,
government, gouvernement, gobierno.

Segundo o Dicionário de Política, o termo Governo pode ser visto sob duas óticas:

Governo: conjunto de pessoas que exercem o poder político e que determinam a


orientação política de uma determinada sociedade. É preciso, porém, acrescentar que o
poder de Governo, sendo habitualmente institucionalizado, sobretudo na sociedade
moderna, está normalmente associado à noção de Estado. Por consequência, pela
expressão “governantes” se entende o conjunto de pessoas que governam o Estado e
pela de “governados”, o grupo de pessoas que estão sujeitas ao poder de Governo na
esfera estatal.

[…]

Existe uma segunda acepção do termo Governo mais própria da realidade do Estado
moderno, a qual não indica apenas o conjunto de pessoas que detêm o poder de
Governo, mas o complexo dos órgãos que institucionalmente têm o exercício do poder.
Neste sentido, o Governo constitui um aspecto do Estado. Na verdade, entre as
instituições estatais que organizam a política da sociedade e que, em seu conjunto,
constituem o que habitualmente é definido como regime político as que têm a missão de
exprimir a orientação política do Estado a orientação política do Estado são os órgãos do
Governo (BOBBIO, 1998, p. 555).

Difere do termo nação que se encontra intimamente ligado ao campo cultural e


antropológico, um conceito que interliga identidade, cultura e história, que está baseado
no agrupamento organizativo da sociedade, seus costumes, regras de convivência, suas
características próprias e peculiares, seus idiomas e dialetos, sua vivência e vida
histórica.

Entretanto, aglutinando os conceitos, se torna fundamental compreender o conceito de


Estado-nação, como conjunto de cidadãos que compõem uma mesma nação. Atualmente,
o conceito de Estado-nação é o presente na sociedade moderna, como fenômeno
moderno de força de pacificação do território.

Segundo GUIDDENS (2001, p. 144/145) a emergência do Estado-nação

“envolve o processo de transformação urbana e a pacificação interna dos Estados […]


Todos os Estados tradicionais reivindicaram o monopólio formalizado sobre os meios de
violência dentro de seus territórios. Mas é somente com os Estados-nação que essa
reivindicação se torna caracteristicamente mais ou menos bem-sucedida. O progresso de
pacificação interna está intimamente ligado a tal sucesso.”

E para compreender o Estado-nação, a noção de soberania também é primordial, como


exercício da autoridade que emana do povo e que é exercida por seus
órgãos/representantes. É o poder superior regulamentado no âmbito político/legal/jurídico,
“[…] significa o exercício da autoridade, de modo que o Estado disponha de um poder
soberano sobre as famílias, caracterizando-se por ser absoluto, vitalício, único e pessoal”
(LENZ, 2004, p. 128).

Elementos constitutivos do Estado:

- Indispensáveis para existência do Estado Moderno: o povo, o território e o governo


soberano.

- DALARI (1998, p. 29), citando ATALIBA NOGUEIRA: "o território e o povo são os
elementos materiais do Estado, enquanto o governo soberano ou o
governo/soberania/poder é o elemento formal".

- Constituição Federal / 1988 - Preâmbulo e Artigo 1°.

- Estado Moderno: o poder legítimo é o poder de direito, da prática dos limites do poder
exercido pelos direitos e pelas leis, poder que se torna legítimo pois emana do povo.

Povo:

- Marco Tulio Cicero (106-43 A.C.) - primeira definição de povo como "a reunião associada
pelo consenso do direito e pela comunhão do direito e pela comunhão da utilidade".

- Todos os campos das ciências: definir e refletir sobre o termo povo, no campo político,
jurídico, sociológico, filosófico, antropológico; mesclando os conceitos de população,
nação e povo.

- Campo antropológico: o povo é o conjunto de pessoas que pertence a uma mesma


cultura ou habita em um determinado território, a exemplo: os povos indígenas e suas
tribos específicas, ou a população que habita um espaço específico e delimitado por
fronteiras, por exemplo: o povo brasileiro; o povo se verifica pelo pertencimento ao seu
Estado e a sua cultura.

- Campo jurídico: no Estado Moderno, o poder somente se torna legítimo se enraizado no


povo e oriundo do povo.

- Universo político: o povo se torna sinônimo de população ou nação, como a força


propulsora que impulsiona a sociedade em busca de um bem comum, geral e amplo de
planejamento de ações.
- Sociologicamente: distintamente do sentido de populismo ou de um sentido político-
ideológico, é visto como o conjunto de pessoas de diferentes culturas, status sociais e um
agrupamento histórico, que apresenta sua linguagem própria, seus projetos próprios.

Território:

- Conceito polissêmico.

- Usualmente/cotidianamente: definido como área delimitada de um espaço geográfico por


fronteiras, tendo a relação de posse e propriedade como definidora.

- De origem do latim: territorium, conceito da terra delimitada ou jurisdicionada.

- Entretanto, não é necessariamente o delimitado pelas fronteiras e construções, mas sim


estruturalmente se constitui nas relações de poder, onde territorializar se manifesta como
poder em determinada área.

- O território envolve as relações de territorialidade, transformadas no tempo e no espaço,


"(...) a tentativa de um indivíduo ou grupo de afetar, influenciar, ou contrlar pessoas,
fenômenos e relações, delimitando e afirmando o controle sobre uma área geográfica (...)
territorialidade aponta para o fato de que as relações humanas no espaço não são
neutras" (SACK, 1986, p. 19 e 26).

- Compreensão de território passou a ser transnacional, de profundas desigualdades


socioespaciais, suas relações de horizontalidades: lugares vizinhos reunidos por uma
continuidade territorial - de relações de verticalidades: ligados por todas as composições e
relações sociais.

Território:

É a compreensão de que há a construção de redes de uma realidade de expressão


histórica, social e cultural, como diz SANTOS; SOUZA; SILVEIRA (1988, p. 16) "(...) além
das redes, antes das redes, apesar das redes, depois das redes, com as redes, há o
espaço de todos, todo o espaço, porque as redes constituem apenas uma parte do
espaço e o espaço de alguns".

O território dialeticamente é visto como a dimensão do espaço habitado, fruto de uma


história que se manifesta no presente e completo de heranças: estruturas da cultura e das
relações sociais, fisicamente com limites físicos de caráter político e administrativo.

Governo Soberano:

- Mescla dos conceitos de Estado, Governo, Nação e Soberania.

- Governo:
I) uma das características do Estado, no exercício de sua administração;
II) seu caráter transitório e suas diferenças de forma organizativa;
III) compreender a ação administrativa dentro das diferentes organizações de Estado.

- Governo: conjunto de pessoas que exercem o poder político e que determinam a


orientação política de uma determinada sociedade.

- O poder de Governo, sendo habitualmente institucionalizado, na sociedade moderna,


está normalmente associado à noção de Estado.

- Expressão "governantes" se estende ao conjunto de pessoas que governam o Estado e


pela de "governados", o grupo de pessoas que estão sujeitas ao poder de Governo na
esfera estatal.

- "(...) Existe uma segunda acepção do termo Governo mais própria da realidade do
Estado moderno, a qual não indica apenas o conjunto de pessoas que detêm o poder de
Governo, mas o complexo dos órgãos que institucionalmente têm o exercício do poder.
Neste sentido, o Governo constitui um aspecto do Estado. Na verdade, entre as
instituições estatais que organizam a política da sociedade e que, em seu conjunto,
constituem o que habitualmente é definido como regime político as que têm a missão de
exprimir a orientação política do Estado são os órgãos do Governo" (BOBBIO, 1998, p.
555).

- Difere do termo nação = intimamente ligado ao campo cultural e antropológico = interliga


identidade, cultura e história, baseado no agrupamento organizativo da sociedade, seus
constumes, regras de convivência, suas características próprias e peculiares, seus
idiomas e dialetos, sua vivência e vida histórica.

- Estado-nação é o presente na sociedade moderna, como fenômeno moderno de força


de pacificação do território.

- GUIDDENS (2001, p. 144/145) a emergência do Estado-nação "envolve o processo de


transformação urbana e a pacificação interna dos Estados (...) Todos os Estados
tradicionais reinvindicaram o monopólio formalizado sobre os meios de violência dentro de
seus territórios. Mas é somente com os Estados-nação que essa reinvindicação interna
está intimamente ligado a tal sucesso".

- Estado-nação: interligado à soberania = exercício da autoridade que emana do povo e


que é exercida por seus órgãos/respresentantes. É o poder superior regulamentado no
âmbito político/legal/jurídico, "(...) significa o exercício da autoridade, de modo que o
Estado disponha de um poder soberano sobre as famílias caracterizando-se por ser
absoluto, vitalício, único e pessoal" (LENZ, 2004, p. 128).
Aula 04 - A Sociedade e seus Elementos Constitutivos: Ordem Jurídica, Poder Político e
Finalidade (22/05/23)

Você já ouviu falar dos aros chineses? Atribui-se sua origem aos primórdios do século I,
entre os povos da região do Oriente Médio. Há uma clássica obra artística de Giacomo
Mantegazza (1853-1920) que retrata uma mulher utilizando 9 aros, em uma apresentação
em um harém.

Figura 1: Obra artística de Giacomo Mantegazza.

4.1.png

Fonte: https://portaldamagica.com.br/guia-do-magico/produtos-magica/aros-chineses/
Links to an external site. Acesso em 04 de julho de 2020.

Classicamente utilizados na arte da mágica com 3 a 8 aros/argolas, há o entrelaçamento


dos aros de metal sólido, de forma sutil, criando correntes de forma aparentemente
‘impossível’.

Metaforicamente, o entrelaçamento entre os aros chineses é o que ocorre com os


elementos constitutivos do Estado (didaticamente separados em seus conceitos e
concepções, mas indissociáveis como formadores do Estado), e consequentemente, o
que permite sutilmente diferentes perspectivas e definições de ‘Estado’, abordagens
presentes considerando as diferentes perspectivas históricas, sociais e culturais de
diferentes épocas.

Isto fica perceptível quando observamos que etimologicamente na Modernidade, Estado


“[…] significa a condição pessoal do indivíduo perante os direitos civis ou políticos […]
designa a sociedade civil soberana que tem por objetivo assegurar o bem comum, aos
indivíduos que a compõem” (ACQUAVIVA, 2010, p. 12/13); na concepção de FRIEDE
(2010, p. 39) como a “[…] a organização política-administrativa-jurídica do grupo social
que ocupa um território fixo, possui um povo e está submetido a uma soberania”; para
MARX; ENGELS, Estado como expressão política da estrutura da classe inerente à
produção, onde

“[…] A história de todas as sociedades, até hoje existentes, se confundem com a história
das lutas de classes. Homem livre e escravo, patrício e plebeu, senhor e servo, mestre de
corporação e companheiro, em suma, opressores e oprimidos em conflito permanente
entre si, levado a efeito numa guerra incessante, às claras ou dissimuladamente, a qual
sempre se encerrou, a cada vez, ou pela reestruturação revolucionaria da sociedade
como um todo ou pela destruição das classes em choque” (apud, 2010, p. 267).
De forma também analógica e metafórica, ACQUAVIVA (apud, p. 24) aponta os elementos
constitutivos do Estado e suas causas materiais (povo e território), suas causas formais
(ordem jurídica e poder/governo soberano) e suas causas finais (o bem comum). Para
tanto, ACQUAVIVA (apud, p. 23) apresenta sua ideia1 considerando que a natureza de
todas as coisas é perceptível em cinco grandes causas: a eficiente, a material, a
instrumental, a formal e a final:

Causa eficiente: é a causa de origem, a causa primeira, que apresenta o criador, o autor
de algo, o responsável pela criação: por exemplo: o marceneiro que constrói uma mesa,
ou ainda, o João de barro que constrói sua casa;
Causa material: é a própria matéria, o material concreto que pode se transformar em uma
“coisa”: por exemplo: os materiais usados para a criação da mesa (madeira, pregos, tintas
etc.), ou ainda, o barro e os gravetos/folhas/galhos para a casa do João de barro;
Causa instrumental: são os instrumentos utilizados para a construção da “coisa”: por
exemplo: para a mesa, lixas, pincéis, martelo, serras etc.;
Causa formal: são as características que determinam a forma da “coisa” e que a distingue
de outras “coisas”, mesmo tendo as demais causas igualmente, por exemplo: as
características que dão a forma de mesa e não de banqueta, ou que a diferencia de
outras mesas a tornando única;
Causa final: esta causa apresenta o porquê da “coisa”, sua finalidade, seu fim. Por
exemplo: a mesa pode ter diversas finalidades, ser um escudo, um abrigo, um
esconderijo, um local para colocar alimentos e refeições, para estudar/escrever.
Essas cinco causas fundamentam as causas constitutivas do Estado: materiais, formais e
final (apud, p. 24), portanto, alicerçam os elementos constitutivos do Estado e a
organização da sociedade, devidamente constituída.

Assim, existem elementos constitutivos da sociedade: uma finalidade ou valor social; uma
ordem jurídica ou conjunto de ordenamentos manifestos, um poder político e social.

Finalidade ou Valor Social

Todas as coisas têm finalidade ou valor social, entretanto, estes são atribuídos por
alguém, por um ato de escolha atribuído conscientemente e de forma livre. Não é
diferente quando se pensa em sociedade.

A sociedade apresenta uma finalidade, um valor social que é o bem comum. Conforme
DALARI (1998, p. 12):

“é preciso, entretanto, que se estabeleça uma ideia mais precisa do bem comum, uma vez
que se verifica, entre os homens uma grande diversidade de preferências. Com efeito, se
o bem comum for concebido como um valor material, não estará sendo considerada a
preferência de muitos homens que não dão predominância a valores dessa espécie. O
mesmo ocorrerá, quanto à outra parte da Humanidade, se houver a exclusão dos bens
materiais […] ao se afirmar, portanto, que a sociedade humana tem por finalidade o bem
comum, isso quer dizer que ela busca a criação de condições que permitam a cada
homem e a cada grupo social a consecução de seus respectivos fins particulares. Quando
uma sociedade está organizada de tal modo que só promove o bem de uma parte de seus
integrantes, é sinal de que ela está mal organizada e afastada dos objetivos que justificam
sua existência.”

Portanto, uma sociedade humana tem um fim: o bem comum, a criação de condições que
possibilitem a todos os homens e a cada grupo social a concretude de seus respectivos
fins particulares.

Ordem Jurídica

Entretanto, não basta haver um grupo de pessoas para que se tenha uma sociedade
constituída com a mesma finalidade. Mas quando há uma sociedade humana, o objetivo
deve ser o bem comum, o bem de todos, que deve ser garantido. Torna-se indispensável
então, que sejam asseguradas ações ordenadas de forma jurídica e social.

São necessárias manifestações de conjunto ordenadas, conforme DALARI (apud, p. 13)


“[…] as manifestações de conjunto devem atender a três requisitos, que são os seguintes:
reiteração, ordem e adequação”, considerando reiteração: quando os membros de uma
sociedade em conjunto se manifestam reiteradamente; considerando ordem: quando as
manifestações da sociedade em conjunto se produzem numa ordem, “[…] essa ordem,
regida por leis sujeitas ao princípio da imputação, não exclui a vontade e a liberdade dos
indivíduos, uma vez que todos os membros da sociedade participam da escolha das
normas de comportamento social, restando ainda a possibilidade de optar entre o
cumprimento de uma norma ou o recebimento da punição que for prevista para a
desobediência” (apud, p. 15) e adequação: quando o conjunto social deve ter como foco o
cumprimento adequado das exigências e das possibilidades da realidade social,
buscando garantir o efetivo bem comum.

Poder Político e Social

O fenômeno do poder e seus inúmeros aspectos tornam extremamente difícil se definir ou


se delimitar o conceito de poder. Entre os aspectos fundantes deste conceito está a
socialidade, ou seja, que o poder é um fenômeno social e não explicado por fatores ou
desejos individuais. Outro aspecto é a bilateralidade, ou seja, “[…] o poder é sempre a
correlação de duas ou mais vontades, havendo uma que predomina. É importante que se
tenha em conta que o poder, para existir, necessita da existência de vontades
submetidas.” (apud, p. 16)

Existem teorias e autores que consideram a não existência do poder social, autores
adeptos ao movimento anarquista (por exemplo Diógenes, filósofo grego; Santo
Agostinho, na compreensão do cristianismo; Léon Duguit, com o anarquismo de cátedra;
os anarquistas teóricos: William Godwin e Max Stirner; Karl Marx com o materialismo
histórico; Engels, entre outros: Mikhail Bakunin, Kropotkin etc.)

Por fim, conforme detalha DALARI (apud, p. 20):

“Verificando-se, afinal, as configurações atuais do poder e seus métodos de atuação,


chega-se à seguinte síntese: a) o poder, reconhecido como necessário, quer também o
reconhecimento de sua legitimidade, o que se obtém mediante o consentimento dos que a
ele se submetem; b) embora o poder não chegue a ser puramente jurídico, ele age
buscando uma coincidência entre os objetivos de ambos; c) há um processo de
objetivação, que dá precedência à vontade objetiva dos governados ou da lei,
desaparecendo as características de poder pessoal; d) atendendo a uma aspiração à
racionalização, desenvolveu-se uma técnica do poder, que o torna despersonalizado
(poder do grupo, poder do sistema), ao mesmo tempo em que busca meios sutis de
atuação, colocando a coação como forma extrema.”

Os elementos constitutivos do Estado:

- Elementos constitutivos do Estado (didaticamente separados em seus conceitos e


concepções, mas indissociáveis como formadores do Estado): diferentes perspectivas
históricas, sociais e culturais de diferentes épocas.

- Elementos constitutivos do Estado e suas causas materiais (povo e território), suas


causas formais (ordem jurídica e poder/governo soberano) e suas causas finais (o bem
comum).

- ACQUAVIVA (apud, p. 23): a natureza de todas as coisas é perceptível em cinco grandes


causas: a eficiente, a material, a instrumental, a formal e a final.

- Causa eficiente: é a causa de origem, a causa primeira, que apresenta o criador, o autor
de algo, o responsável pela criação.

- Causa material: é a própria matéria, o material concreto que pode se transformar em


uma "coisa".

- Causa instrumental: são os instrumentos utilizados para a construção da "coisa".

- Causa formal: são as características que determinam a forma da "coisa" e que a


dinstingue de outras "coisas", mesmo tendo as demais causas igualmente.

- Causa final: esta causa apresenta o porquê da "coisa", sua finalidade, seu fim.

A Sociedade e seus elementos constitutivos:


Ordem Jurídica > Poder Político > Finalidade

Finalidade ou valor social:

- Todas as coisas têm finalidade ou valor social.

- São atribuídos por alguém, por um ato de escolha atribuído conscientemente e de forma
livre.

- Não se diferencia quando se pensa em sociedade.

- A sociedade apresenta uma finalidade, um valor social que é o bem comum.

- Uma sociedade humana tem um fim: o bem comum, a criação de condições que
possibilitem a todos os homens e a cada grupo social a concretudo de seus respectivos
fins particulares.

Ordem Jurídica:

- Não basta haver um grupo de pessoas para que se tenha uma sociedade constituída
com a mesma finalidade.

- Sociedade humana = objetivo deve ser o bem comum, o bem de todos, que deve ser
garantido.

- Torna-se indispensável que sejam asseguradas ações ordenadas de forma jurídica e


social.

- São necessárias manifestações de conjunto ordenadas, conforme DALARI (1998, p. 13)


"(...) as manifestações de conjunto devem atender a três requisitos, que são os seguintes:
reiteração, ordem e adequação", considerando reiteração: quando os membros de uma
sociedade em conjunto se manifestam reiteradamente; considerando ordem: quando as
manifestações da sociedade em conjunto se produzem numa ordem, "(...) essa ordem,
regida por leis sujeitas ao princípio da imputação, não exclui a vontade e a liberdade dos
indivíduos, uma vez que todos os membros da sociedade participam da escolha das
normas de comportamento social, restando ainda a possiblidade de optar entre o
cumprimento de uma norma ou o recebimento da punição que for prevista para a
desobediência" (1998, p. 15) e adequação: quando o conjunto social deve ter como foco o
cumprimento adequado das exigências e das possibilidades da realidade social,
buscando garantir o efetivo bem comum.

Poder Político e Social:

- O fenômeno do poder e seus inúmeros aspectos tornam extremamente difícil se definir


ou se delimitar o coneito de poder.
- O poder é um fenômeno social e não explicado por fatores ou desejos individuais.

- Bilateralidade "(...) o poder é sempre a correlação de duas ou mais vontades, havendo


uma que predomina. É importante que se tenha em conta que o poder, para existir,
necessita da existência de vontades submetidas" (1998, p. 16).

- DALARI (1998, p. 20): "Verificando-se, afinal, as configurações atuais do poder e seus


métodos de atuação, chega-se à seguinte síntese: a) o poder, reconhecido como
necessário, quer também o reconhecimento de sua legitimidade, o que se obtém
mediante o consentimento dos que a ele se submetem; b) embora o poder não chegue a
ser puramente jurídico, ele age buscando uma coincidência entre os objetivos de ambos;

c) há um processo de objetivação, que dá precedência à vontade objetiva dos governados


ou da lei, desaparecendo as características de poder pessoal; d) atendendo a uma
aspiração à racionalização, desenvolveu-se uma técnica do poder, que o torna
despersonalizado (poder do grupo, poder do sistema), ao mesmo tempo em que busca
meios sutis de atuação, colocando a coação como forma extrema".

Aula 05 - Formas de Governo: Poder e Política (22/05/23)

Toda sociedade necessita escolher uma forma própria de governo entre as existentes,
pois são as formas de governo ou para os alemães formas de Estado (etimologicamente
no alemão: Staatsformen) que organizam o modo como um específico governo organizam
os poderes e suas relações com os governados.

Isto porque, ao se tratar sobre forma de governo, portanto, o foco está na forma como o
governo se organiza e divide seus poderes, mas sobretudo a ação do poder.

Na Grécia Antiga, na obra “Politica”, de Aristóteles que surgiram as seis formas clássicas
de governo, subdivididas em dois grandes blocos:

Legitimas ou governos puros: monarquia (governo de um só, exigência unitária de


organização do poder político), aristocracia (o governo de alguns considerados os
‘melhores’, os denominados aristocratas, aqueles com a ‘força’ da inteligência, da cultura,
ou seja, a escolha dos mais capazes/melhores), democracia (governo voltado à atender a
sociedade, tendo como base os princípios de igualdade e liberdade);
Ilegítimas ou governos impuros (onde prevalece o bem e interesse individual, excluindo a
necessidade do bem comum): tirania (a monarquia que se transgride me tirania, onde o
governo de um só rejeita a ordem jurídica) , oligarquia/plutocracia ou despotismo (onde o
aristocrata se corrompe pelo dinheiro e o governo passa a ser do poder do dinheiro, dos
bens desonestos) e demagogia (governo das multidões déspotas, voltadas ao discurso
vazio que não atende os princípios de igualdade e liberdade).
Na Modernidade, com Maquiavel, apenas duas formas de governo se destacam: república
(poder plural) e principado/monarquia (poder singular); e com Montesquieu, três formas
de governo: república (a soberania reside nas mãos do povo), monarquia (soberania
pertencente a alguns, tendo a moderação dos governantes frente as leis jurídicas) e
despotismo (a essência da soberania está na transgressão da lei e o monarca governa
transgredindo a ordem jurídica, conforme seus deleites e caprichos).

Na contemporaneidade, BONAVIDES, em sua obra clássica “Ciência Política”, reflete


sobre as variadas concepções de forma de governo, e a busca em se compreender as
mais recentes formas de governo, principalmente frente as diferentes organizações de
poder e de política das sociedades modernas.

Com isso, tendo por fundamento a análise de Aristóteles e a concepção da Modernidade,


as concepções mais complexas são as que compreendem o número de pessoas que
exercem o poder soberano, a divisão do poder entre os atores políticos.

Há então uma intrínseca relação entre a divisão de poder e o quantitativo de pessoas que
exercem o poder soberano, relação esta que fundamenta e organiza o Estado e seus
elementos.

Para tanto, é fundamental a compreender as formas de governo segundo os critérios da


separação do governo: o governo parlamentar, o governo presidencial e o governo
convencional.

Segundo BONAVIDES (2000, p. 254):

O governo parlamentar, sob legitima inspiração do princípio da separação de poderes, é


aquela forma que assenta fundamentalmente na igualdade e colaboração entre o
executivo e o legislativo, e como tal foi concebido e praticado na fase áurea do
compromisso liberal entre a monarquia […] o governo presidencial, segundo as regras
técnicas do rito constitucional resulta num sistema de separação rígida dos três poderes:
o executivo, o legislativo e o judiciário, ao passo que o regime convencional se toma como
um sistema de preponderância da assembleia representativa, em matéria de governo […]
“governo de assembleia”.

Considerando então as formas de governo, cabe agora refletir sobre o poder e a política,
também suas inter-relações dentro da ciência política e a sociologia e sua esfera dentro
das ciências sociais.

Se a ciência política tem por fim a compreensão das organizações, suas divisões e suas
características, os elementos políticos: governo, Estado, leis e normas, sistema jurídico,
ações políticas, entre outros, a sociologia busca refletir e compreender a sociedade que
esta presente neste campo da ciência política.

É o emaranhado do campo da sociologia, da filosofia e da ciência política, na


compreensão do Estado, como reflete REALE (p. 85): “a política surge aos olhos do
estagirita (grifo nosso: habitante de Estagira, cidade da Macedônia – pátria de Aristóteles)
como a ciência por excelência, ou a arquitetônica das ciências, porque abrange o homem
na totalidade de suas manifestações como ser social, em todas as suas atividades,
religiosas, morais, econômicas e jurídicas […] o bem supremo pertencera (pois) à ciência
suprema, diretora por excelência da ação humana. E parece ser a Política.”

Assim sendo, poder, política e Estado estão interligados, sendo inconcebível pontuar
poder e política sem o Estado.

Formas de Governo:

- Toda sociedade necessita escolher uma forma própria de governo entre as existentes.

- Modo como um específico governo organiza os poderes e suas relações com os


governados.

- Foco na forma como o governo se organiza e divide seus poderes, mas sobretudo a
ação do poder.

Grécia antiga > Modernidade > Contemporaneidade

Grécia Antiga:

- Obra "Política" - Aristóteles: seis formas clássicas de governo, subdivididas em dois


grandes blocos:

- Legítimas ou governos puros: monarquia (governo de um só, exigência unitária de


organização do poder político), aristocracia (o governo de alguns considerados os
"melhores", os denominados aristocratas, aqueles com a "força" da inteligência, da
cultura, ou seja, a escolha dos mais capazes/melhores), democracia (governo voltado a
atender à sociedade, tendo como base os princípios de igualdade e liberdade).

- Ilegítimas ou governos impuros (onde prevalece o bem e interesse individual, excluindo


a necessidade do bem comum): tirania (a monarquia que se transgride em tirania, onde o
governo de um só rejeita a ordem jurídica), oligarquia/plutocracia ou despotismo (onde o
aristocrata se corrompe pelo dinheiro e o governo passa a ser o poder do dinheiro, dos
bens desonestos) e demagogia (governo das multidões déspotas, voltadas ao discurso
vazio que não atende os princípios de igualdade e liberdade.

Modernidade:

- Maquiavel: duas formas de governo: república (poder plural) e pincipado/monarquia


(poder singular).
- Montesquieu: três formas de governo: república (a soberania reside nas mãos do povo),
monarquia (soberania pertence a alguns, tendo a moderação dos governante frente às
leis jurídicas) e despotismo (a essência da soberania está na transgressão da lei e o
monarca governa transgredindo a ordem jurídica, conforme seus deleites e caprichos).

Contemporaneidade:

- BONAVIDES: obra "Ciência Política": variadas concepções de forma de governo, e a


busca em se compreender as mais recentes formas de governo, principalmente frente às
diferentes organizações de poder e de política das sociedades modernas.

- Intrínsceca relação entre a divisão de poder e o quantitativo de pessoas que exercem o


poder soberano, relação esta que fundamenta e organiza o Estado e seus elementos.

- Compreender as formas de governo segundo os critérios da separação do governo: o


governo parlamentar, o governo presidencial e o governo convencional.

- Segundo BONAVIDES (2000, p. 254): "O governo parlamentar, sob legítima inspiração
do princípio da separação de poderes, é aquela forma que assenta fundamentalmente na
igualdade e colaboração entre o executivo e o legislativo, e como tal foi concebido e
praticado na fase áurea do compromisso liberal entre a mornarquia (...) o governo
presidencial, segundo as regras técnicas do rito constitucional resulta num sistema de
separação rígida dos três poderes: o executivo, o legislativo e o judiciário, ao passo que o
regime convencional se toma como um sistema de prepoderância da assembléia
representativa, em matéria de governo (...) 'governo de assembléia' ".

Poder e Política:

- Formas de governo: reflexão sobre o poder e a política - suas inter-relações dentro da


Ciência Política e a Sociologia e sua esfera dentro das Ciências Sociais.

- Ciência Política: comprender as organizações, suas divisões e suas características, os


elementos políticos: governo, Estado, leis e normas, sistema jurídico, ações políticas,
entre outros, a Sociologia busca refletir e compreender a sociedade que está presente
neste campo da Ciência Política.

- Emaranhado do campo da Sociologia, da Filosofia e da Ciência Política, na


compreensão do Estado, como reflete REALE (p. 85): "a política surge aos olhos do
estagirita (grifo nosso: habitante de Estagira, cidade da Macedônia - pátria de Aristóteles)
como a ciência por excelência, ou a arquitetônica das ciências, porque abrange o homem
na totalidade de suas manifestações como ser social, em todas as suas atividades,
religiosas, morais, econômicas e jurídicas (...) o bem supremo pertencerá (pois) Ciência
Suprema, diretora por excelência da ação humana. E parece ser a Política".

- Poder, política e Estado estão interligados, sendo inconcebível pontuar poder e política
sem o Estado.

Aula 06 - Inter-relação Estado e Território (25/05/23)

Na unidade de aprendizagem 3 e 4, houve e reflexão da importância do território como


elemento constitutivo do Estado, considerando o ‘conceito’ de Estado também como
mecanismo de controle político de um governo que rege determinado território.

Também houve a reflexão sobre o conceito contemporâneo do ‘Estado-nação’, constituído


pelo grupo de cidadãos que se considera pertencente a uma mesma nação. Com isso, é
possível afirmar que nas sociedades modernas encontram-se organizadas em Estados-
nações, delimitadas por um governo instituído que controla e impõe suas políticas
publicas e legais.

Entretanto, para ser um Estado-nação são necessários dois aspectos fundantes. Nas
obras Política, sociologia e teoria social: encontros com o pensamento social clássico e
contemporâneo (1998)1 e Teoria social hoje (1999)2, GUIDDENS, sociólogo britânico,
apresenta a sociedade como o conjunto de interesses intercruzados, um sistema social,
configurado por momentos intensos de tempo-espaço. Segundo GUIDDENS3, dois
momentos/aspectos distintos e fundantes da organização do Estado: o nacionalismo e os
fenômenos de mobilidade e deslocamento territorial.

O nacionalismo é considerado o sentimento mais característico de um Estado-nação, está


intimamente ligado ao conjunto de símbolos, simbologias, lemas, hinos, línguas em
comum, religiosidade e convicções que representam uma específica identidade nacional.
É considerada a força que unifica e mobiliza/aglomera o conjunto de cidadãos, os
representando. Por exemplo, representativamente Ayrton Senna que utilizava o capacete
com as cores representativas da bandeira brasileira e ao término das corridas, após a
vitória, empunhava a bandeira em todos os países em que se encontrava, demonstrando
o sentimento de nacionalismo e pertencimento.

Figura 1: Imagem de Ayrton Senna – Estadão Conteúdo.

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Fonte: https://jc.ne10.uol.com.br/canal/esportes/outros-esportes/noticia/2019/05/01/ayrton-
senna-vinte-e-cinco-anos-de-saudade-377554.phpLinks to an external site.

Os fenômenos de mobilidade e de deslocamento demonstram a transitoriedade do tempo


e da história frente ao espaço delimitado por fronteiras. São momentos determinados por
tempos longos de transitoriedade, que estão interrelacionados aos contextos históricos:
administrativos, políticos, sociais e administrativos/legais. Pode-se então afirmar que os
territórios acolhem as sociedades em transição e espera.

Torna-se então desafiante compreender a organização das delimitações de um território


em espera e suas múltiplas formas de organização, suas dimensões, suas regras legais e
jurídicas, suas fronteiras e articulações de circunvizinhança, suas temporalidades, e as
forças econômicas e sociais.

Assim, as relações entre relações sociais e espaciais são fundamentais na interrelação


entre Estado e território, nos laços afetivos/funcionais/sociais/políticos/jurídicos/culturais e
os grupos que vivenciam os espaços geográficos que percorrem ou representam.

O espaço territorial carrega valores e por conseguinte, define o Estado-nação em sua


cultura, sua variedade, as formas espaciais das construções sociais e seus movimentos, a
plasticidade do espaço frente ao tempo. A sociedade assim é determinada pela
generalização de interações sociais como também pela unidade social delimitada por
fronteiras que as distinguem.

As fronteiras delimitadas geograficamente nem sempre representam as ‘totalidades


sociais’ presentes nas relações intersociais/sistêmicas presentes no tempo-espaço, na
intersecção de múltiplos sistemas sociais.

Isso porque na reprodução de sistemas sociais está latente para GIDDENS a teoria da
estruturação, as propriedades estruturais de cada sociedade: conjunto de regras que
envolvem as interrelações dos sistemas sociais e suas características institucionalizadas
ao longo do tempo/espaço.

GIDDDENS (1998, p. 319-320) afirma:

Aceito que a “história não tenha sujeito” se a frase se referir a uma visão hegeliana da
progressiva superação da autoalienação da humanidade; e aceito o tema da
descentralização do sujeito se isso significar que nós não podemos considerar a
subjetividade como um dado. Mas não aceito de forma alguma a ideia de uma “história
sem sujeito”, se essa expressão significar que as questões sociais e humanas são
determinadas por forças das quais os envolvidos estão totalmente inconscientes. É
precisamente para combater tal opinião que desenvolvi a teoria da estruturação. Os seres
humanos, na teoria da estruturação, são sempre e em toda parte considerados agentes
conscientes, embora ajam dentro dos limites historicamente específicos de condições
desconhecidas e das consequências não intencionais de seus atos.

Com isso, “a temporalidade e a espacialidade são essenciais para a geração e


manutenção dos conteúdos significativos [...]” (apud, 1999, p. 309)

Por fim, concebe GOTTMANN (1973) que o território é o substrato onde o Estado-nação
exerce sua soberania, na interrelação sociedade/território/tempo/espaço.

The concept of territory, though geographical, because it involves accessibilityand


therefore location, must not be classified with physical, inanimate phenomena. Although its
Latin root, terra, means ‘land’ or ‘earth’ the word territory conveys the notion of an area
around a place; it connotes an organizationwith an element of centrality, which ought to be
authority exercising sovereignty over the people occupying or using that place and the
space around it. (GOTTMANN, 1973, p. 5)

(tradução nossa)

O conceito de território, embora geográfico, porque envolve acessibilidade como também


localização, não deve ser classificado como físico, inanimado. Embora sua raiz latina,
‘terra’ signifique ‘terra/terreno’, a palavra território transmite a noção de uma área ao redor
de um lugar; conota uma organização com elementos de centralidade, que deveria ser a
autoridade que a soberania exerce sobre as pessoas que ocupam ou usam o lugar e o
espaço ao seu redor.

Nacionalismo:

- É considerado o sentimento mais característico de um Estado-nação, está intimamente


ligado ao conjunto de símbolos, simbologias, lemas, hinos, línguas em comum,
religiosidade e convicções que representam uma específica identidade nacional. É
considerada a força que unifica e mobiliza/aglomera o conjunto de cidadãos, os
representando.

Fenômenos de mobilidade e de deslocamento:

- Demonstram a transitoriedade do tempo e da história frente ao espaço delimitado por


fronteiras. São momentos determinados por tempos longos de transitoriedade, que estão
interrelacionados aos contextos históricos: administrativos, políticos, sociais e
administrativos ou legais. Pode-se então afirmar que os territórios acolhem as sociedades
em transição e em espera.

Desafio:

- Compreender a organização das delimitações de um território em espera e suas


múltiplas formas de organização, suas dimensões, suas regras legais e jurídicas, suas
fronteiras e articulações de circunvizinhança, suas temporalidades, e as forças
econômicas e sociais.

- Compreender as relações e espaciais na interrelação entre Estado e território, nos laços


afetivos, funcionais, sociais, políticos, jurídicos, culturais e os grupos que vivenciam os
espaços geográficos que percorrem ou representam.

- O espaço territorial carrega valores = definem o Estado-nação em sua cultura, sua


variedade, suas formas espaciais das construções sociais e seus movimentos, a
plasticidade do espaço frente o tempo.

- A sociedade = determinada pela generalização de interações sociais como também pela


unidade social delimitada por fronteiras que as distinguem.

- As fronteiras delimitadas geograficamente nem sempre representam as "totalidades


sociais" presentes nas relações intersociais e sistêmicas presentes no tempo-espaço, na
intersecção de múltiplos sistemas sociais.

- É fundamental o olhar na teoria da estruturação, nas propriedades estruturais de cada


sociedade: conjunto de regras que envolvem as interrelações dos sistemas sociais e suas
características institucionalizadas ao longo do tempo/espaço.

Aula 07 - Inter-relação Estado e Cidadania (25/05/23)

Cidadania e Estado estão interrelacionados em sua gênese. E refletindo sobre esta


interrelação é primordial realizar um percurso de reflexões também nos campos
conceituais da interrelação história e sociologia. Para tanto, utilizo-me do referencial
teórico do sociólogo francês Pierre Bourdieu (1930- 2002).

A escolha deste referencial se dá, tendo em vista a oportunização de novo olhar ao


Estado e seu papel, tendo em vista as inúmeras obras escritas sobre o tema pelo autor, e
as concepções do papel da história, da sociologia e por fim, do que se entende por
Estado.

Segundo BOURDIEU (2014, p. 113), ao se pensar no processo educativo e na


delimitação didática do universo das ciências, há um processo interligado, pois: “Uma das
funções do ensino – se ele tem uma – é dar referências, mostrar o mapa de um universo
intelectual, e o que vou fazer se situa num universo cujo mapa é possível que vocês
ignorem: é o produto de referências tácitas ou explicitas a esse espaço. […] Toda ciência
desenvolve historicamente, por um processo de acumulação que não é simplesmente
aditivo, estruturas de problemáticas complexas.”

E esta interligação se faz presente no campo da história e da sociologia, por conseguinte,


no entrelaçamento dos seus conceitos, pois para BOURDIEU (apud, p. 114): “Os
historiadores são agentes sociais cujos trabalhos são o produto de um encontro entre
habitus sociais formados parcialmente pelo campo histórico, como sistema de exigências
e de censuras: eles são o que são porque o campo histórico é o que é. […] Uma das
virtudes da sociologia, quando aplicada a si mesma, é de tudo tornar compreensível.” Ou
seja, “A fronteira entre sociologia e história não tem nenhum sentido. Ela só tem
justificativa histórica porquanto está ligada a tradições de divisão de trabalho.” (apud, p.
133)

Portanto, BOURDIEU (apud, p. 132-133) conclui:

Pode-se repetir essa oposição clássica segundo a qual o sociólogo estuda as leis
invariantes ao passo que o historiador estuda casos situados e datados. […] Ora, ela me
parece absurda: não se pode fazer a sociologia de um fenômeno contemporâneo sem
fazer uma história genética e uma sociologia genética desse fenômeno. A sociologia tal
como a concebo é um estruturalismo genético ou uma genética estrutural. O sociólogo é
alguém que faz história comparada sobre o caso particular do presente; o sociólogo é um
historiador que toma por objetivo o presente, com a ideia preconcebida de constituir o
presente como caso particular e de ressitua-lo no universo dos casos possíveis. É
possível evitar o erro maior – que podem cometer tanto os historiadores como os
sociólogos – que consiste em universalizar inconscientemente o caso particular, em tirar
conclusões universais de um caso particular não constituído na sua particularidade.

Entendendo então o papel articulado entre história e sociologia, BOURDIEU compreende


provisoriamente o Estado como “o setor do campo de poder, que se chamar de ‘campo
administrativo’ ou ‘campo da função pública’” (apud, p. 30) O Estado é visto como poder
superior, como campo de disputas. Para caracterizá-lo BOURDIEU usa a metáfora
‘metacampo’ para delimitar o Estado, como o espaço social onde há diferentes grupos
sociais oriundos de diversos campos. Assim, um metacampo que impõe visões a outros
metacampos.

Portanto o Estado como espaço social indissocia sua ação aos sujeitos/cidadãos.
Cidadania é então entendida como condição de acesso aos diversos direitos sociais:
educação, saúde, segurança, cultura, econômico, que permitam a construção integral das
potencialidades de cada indivíduo de forma ativa e consciente, e por conseguinte, o
processo de construção da cidadania pressupõe o reconhecimento e a construção das
diversas identidades, e o contexto de inclusão/diferenças.
Assim, como cidadania, CHARAUDEAU (2006, p. 58-59) define: “[...] como aquela que se
encontra em um lugar em que a opinião se constrói fora do governo. É o lugar no qual os
atores buscam um saber para poder julgar os programas que lhes são propostos ou as
ações que lhes são impostas, e para escolher ou criticar os políticos que serão seus
mandantes. […] A instância cidadã define-se, assim, de maneira global diante da instância
política em uma relação recíproca de influência, mas de não-governança. No entanto, a
exemplo da instância política, a instância cidadã é uma entidade que recobre
organizações e situações diversas: organizações mais ou menos institucionais
(sindicatos, corporações, coordenações, grupos étnicos, pessoas das mais variadas
origens); situações de protestos, como manifestações de rua, recusas em participar de
eleições, pressões junto a personalidades políticas [...] Essa instância está longe de ser
homogênea: está fragmentada pela diversidade das comunidades a ela relacionadas [...].”

Cidadania e Estado:

- Interrelacionados em sua gênese.

- Percurso de reflexões também nos campos conceituais da interrelação História e


Sociologia.

- Referencial teórico do sociólogo francês Pierre Bourdieu (1930-2002).

- Oportunização de novo olhar ao Estado e seu papel, tendo em vista as inúmeras obras
escritas sobre o tema pelo autor, e as concepções do papel da História da Sociologia e
por fim, do que se entende por Estado.

História <--> Sociologia:

Toda ciência desenvolve historicamente, por um processo de acumulação que não é


simplesmente aditivo, estruturas de problemáticas complexas. Os historiadores são
agentes cujos trabalhos são o produto de um encontro entre habitus sociais formados
parcialmente pelo campo histórico, como sistema de exigências e de censuras: eles são o
que são porque o campo histórico é o que é.

Uma das virtudes da Sociologia, quando aplicada a si mesma, é de tudo tornar


compreensível. A fronteira entre Sociologia e História não tem nenhum sentido. Ela só
tem justificativa histórica porquanto está ligada a tradições de divisão de trabalho.

Cidadania e Estado:

O sociólogo é alguém que faz história comparada sobre o caso particular do presente; o
sociólogo é um historiador que toma por objetivo o presente, com a ideia preconcebida de
constituir o presente como caso particular e de ressituá-lo no universo dos casos
possíveis. É possível evitar o erro maior - que podem cometer tanto os historiadores como
os sociólogos - que consistem em universalizar inconscientemente o caso particular, em
tirar conclusões universais de um caso particular não constituído na sua particularidade.

Estado como "o setor do campo de poder, que se chamar de 'campo administrativo' ou
'campo da função pública'" (BORDIEU, p. 30).

O Estado é visto como poder superior, como campo de disputas.

BORDIEU usa a metáfora = 'metacampo' para delimitar o Estado, como o espaço social
onde há diferentes grupos sociais oriundos de diversos campos.

Um metacampo que impõe visões a outros metacampos.

Estado como espaço social indissocia sua ação aos sujeitos/cidadãos.

Cidadania é então entendda como condição de acesso aos diversos direitos sociais:
educação, saúde, segurança, cultura, economia, que permitam a construção integral das
potencialidades de cada indivíduo de forma ativa e consciente, e por conseguintes, o
processo de construção da cidadania pressupõe o reconhecimento e a construção das
diversas identidades, e o contexto de inclusão/diferenças.

Aula 08 - Princípios Éticos e Morais da Justiça Social (25/05/23)

Mais uma vez existe uma intrínseca relação entre dois conceitos, duas palavras e suas
origens, isto porque, no cotidiano as palavras ‘ética’ e ‘moral’ estão comumente
interligadas e são consideradas de forma confusa como sinônimos.

A palavra ‘ética’, de origem do francês clássico étique, do latim ética e do grego ethos:
caráter, costume, modo de ser; inspirada na expressão grega ethike filosofia: como
filosofia moral ou filosofia do modo de ser, a reflexão sobre o modo de agir e viver da
humanidade.

Ainda também no agregar do ethos grego + mos/mores latim: para configurar o costume,
origem da palavra ‘moral’, comportamento do ser humano que não é natural, mas sim
socialmente construído e apropriado; um comportamento que é apreendido, adquirido ou
conquistado/ensinado por um hábito. Com isso, a palavra ‘moral’, se origina do latim
moralis: costumes, conjunto de normas e princípios onde estão fundamentados o agir e a
cultura de um determinado grupo social.

O que é ética então? Denominada também de filosofia moral, se detém ao estudo do


arcabouço de valores e princípios que conduzem um determinado grupo ou cultura, a
forma como este grupo irá se comportar frente as demais pessoas em um determinado
meio social; a reflexão do comportamento humano na busca de explicações racionais as
regras criadas; responsável pela forma que norteia nossas condutas no nosso dia a dia.
Não pode ser confundida como um certame de leis ou regras legais, pois não
desencadeiam sanções punitivas legais.

Exemplificando, podem ser consideradas atitudes antiéticas quando (disponíveis em:


https://brainly.com.br/tarefa/3533395#readmoreLinks to an external site. ):

Não ceder o lugar do ônibus a pessoas mais velhas, grávidas ou com crianças de colo é
um ato de falta de ética.
Ao se presenciar uma agressão a uma criança, animal, mulher ou idoso e não se intervir
ou se denunciar às autoridades competentes.
Colar nas provas, atividade corriqueira entre alunos.
Vender o voto (além de ser crime).
Espalhar notícias que não se tem certeza de sua veracidade, ou seja, proliferar fake
news.
Não ajudar seu colega no trabalho por medo de que ele tome o seu lugar ou tentar
prejudicá-lo.

A ética é a reflexão do que é ‘bom’ ou ‘mau’, sobre a ação humana que a caracteriza, pois
mesmo que seja influenciada pela cultura e pela sociedade, são os princípios individuais,
que podem divergir da moral vigente.

E moral? É considerado o conjunto de regras que norteiam o modo de agir do indivíduo


dentro da sociedade, o comportamento adquirido por meio de uma cultura, da educação,
das tradições, do dia a dia e suas relações. São as regras que conduzirão o julgamento
de cada ser humano sobre os modos de agir, o julgamento que define o que é o certo ou
errado, “dependendo do local, do momento histórico, da tradição social e da cultura.

A moral estabelece regras que são assumidas por cada indivíduo como a forma de
garantir o seu bem-viver; independe das fronteiras geográficas e garante a identidade dos
indivíduos dentro do grupo, na construção de um referencial moral comum. É um padrão
externo apresentado, um sistema social ou uma estrutura para um comportamento
aceitável.

Exemplificando, podem ser consideradas atitudes de falta de moral quando (disponíveis


em: https://brainly.com.br/tarefa/9159675Links to an external site. ):

não se dá o respeito e exige que os outros lhe respeitem.


exige respeito dos filhos, porém não respeita nem obedece aos pais.
não aceita que seu nome esteja em fofocas, mas já crítica e fala mal das pessoas sem se
quer ter falado com elas.
tem a falta de moral ética que é: falta de respeito aos mais idosos, falta de respeito com
as opiniões das pessoas, falta de respeito no meio de trabalho, falta de respeito com as
crenças das pessoas.
falta de moral é: bullying, xenofobia, fofoca, mentira, falsidade, promiscuidade etc.
Entretanto, há situações que podem ser vistas como imorais em determinados momentos
históricos e em certas culturas, por exemplo, o uso de calças por mulheres ou partes do
corpo feminino sem cobertura. Também é importante diferenciar o que é visto como
amoral (não ter moral ou não ter a consciência do que é certo ou errado, por exemplo: a
cultura chinesa acredita que matar bebês femininos recém nascidos é uma forma de
controlar a natalidade; ou a cultura indígena acredita que matar bebês deficientes é uma
forma de controlar a fúria de deuses) e imoral (ter a consciência do que é certo ou errado,
mas o não compromisso de agir moralmente).

Assim, estão interligadas a ética e a moral, em suas consistências e flexibilidades, a moral


pode variar entre culturas e momentos históricos (algo hoje moral poderia ser imoral no
século XVIII); e a ética reflete esta moral, portanto, também podem ser modificadas
radicalmente.

Esta complementaridade se faz presente na estreita relação, na medida em que a ética


não de desliga da moral, mas mesmo independentes entre si, tanto a ética necessita da
moral como matéria prima das suas reflexões, como a moral da ética para seu repensar
dialético, na relação de idas e vindas do construir histórico, social, cultural, da justiça
social e do bem comum.

Como pensadores das concepções de ética e moral, vale salientar: Platão (suas reflexões
sobre o que eu quero fazer? Se eu quero fazer isso? Eu posso fazer isso?); Aristóteles (e
sua reflexão de que embora seja desejável se fazer o bem para um indivíduo só, é muito
mais nobre e mais divino fazê-lo para o grupo social/nação/cidade); os pensadores de
influência do cristianismo (Moises, Paulo de Tarso, Santo Agostinho, Santo Tomaz de
Aquino); Confúcio; Buda; René Descartes; Baruch Spinoza; Kant; Schopenhauer; Mill;
Auguste Comte; Friedrich Wilhelm Nietzschet; Jean-Paul Sartre; Simone de Beauvoir;
Claude Lévi-Strauss, e outros.

Ética:

- Origem: do francês clássico "étique", do latim ética e do grego ethos: caráter, constume,
modo de ser; inspirada na expressão grega "ethike", filosofia: como filosofia moral ou
filosofia do modo de ser, a reflexão sobre o modo de agir e viver da humanidade.

- Filosogia moral, se detém ao estudo do arcabouço de valores e princípios que


conduzem um determinado grupo ou cultura, a forma como este grupo irá se comportar
frente às demais pessoas em um determinado meio social.

- A reflexão do comportamento humano na busca de explicações racionais para as regras


criadas.

- Responsável pela forma que norteia nossas condutas no nosso dia a dia.

- Não pode ser confundida como um certame de leis ou regras legais, pois não
desencadeiam sanções punitivas legais.
- Reflexão do que é "bom" ou "mau", sobre a ação humana que a caracteriza, pois mesmo
que seja influenciada pela cultura e pela sociedade, são os princípios individuais, que
podem divergir da moral vigente.

Moral:

- Agregar do "ethos" grego + "mos/mores" latim: para configurar o costume, origem da


palavra 'moral', comportamento do ser humano que não é natural, mas sim socialmente
construído e apropriado.

- Um comportamento que é apreendido, adquirido ou conquistado/ensinado por um


hábito.

- 'Moral" se origina do latim moralis: costumes, conjunto de normas e princípios onde


estão fundamentados o agir e a cultura de um determinado grupo social.

- Conjunto de regras que norteiam o modo de agir do indivíduo dentro da sociedade, o


comportamento adquirido por meio de uma cultura, da educação, das tradições, do dia a
dia e suas relações.

- Regras que conduzirão o julgamento de cada ser humano sobre os modos de agir, o
julgamento que define o que é certo ou errado, "dependendo do local, do momento
histórico, da tradição social e da cultura".

- Estabelece regras que são assumidas por cada indivíduo como a forma de garantir o
seu bem-viver; independente das fronteiras geográficas e garante a identidade dos
indivíduos dentro do grupo, na construção de um referencial moral comum. É um padrão
externo apresentado, um sistema social ou uma estrutura para um comportamento
aceitável.

- A moral pode variar entre culturas e momentos históricos, algo hoje moral poderia ser
imoral no século XVIII.

- A ética reflete esta moral, portanto, também pode ser modificada radicalmente.

Aula 09 - Objetivos e Práticas Cidadãs no Contexto do Estado Moderno (26/05/23)

O exercício pleno da cidadania, reconhecendo e exercendo seus direitos e deveres, tendo


consciência de suas ações individuais e o quanto estas afetam a sociedade em seu todo
é o grande desafio. A convivência e a vivência com os diferentes, que devem ser
respeitados e que devem ter seus anseios/direitos atendidos, desenvolve a necessidade
da construção de práticas dinâmicas de cidadania.
O conjunto da sociedade, representado pelo Estado, deve construir objetivos e práticas
cidadãs, que norteiem a forma como as relações sociais e humanas se desenvolvem.
Estas relações devem construir os pactos firmados, que garantam as relações de
proteção aos direitos e deveres humanos: de proteção, de saúde, de educação, de
trabalho, ou seja, de direitos sociais ou de cidadania.

Segundo CARVALHO, citando ARENDT (2002) “[…] a cidadania é direito a ter direitos, e
pressupõe a igualdade, a liberdade e a própria existência e dignidade humanas.”
Entretanto, não é porque se entende a cidadania como tal, que praticas humanas e
sociais são práticas cidadãs, que os objetivos em busca de uma cidadania são efetivos.

“Todos dizem que a modernidade está em crise. É um lugar comum, mas como outros
lugares comuns este até pode ser verdadeiro, desde que se entenda bem o alcance do
diagnóstico. O que existe atrás da crise da modernidade é uma crise de civilização. O que
está em crise é o projeto moderno de civilização […]” (ROUANET, 1993, p. 9)

O trecho acima representa muito bem o que a sociedade moderna vivencia na atualidade.
Na construção de um estado moderno que apresenta objetivos e práticas cidadãs que
devem ser alcançados pela sociedade moderna, é fundamental a reflexão sobre como
estes objetivos e práticas cidadãs se encontram.

Isso porque vivenciamos uma sociedade atemporal que se apresenta em um processo de


globalização, de manifestações concretas, de reconfigurações de classes, de novas
formas de organização de governo, de movimentos e práticas sociais, de
reconhecimentos e redistribuições do capital e da dignidade humana.

A reconfiguração da cidadania é essencial e evoca a necessidade do olhar específico do


que se entende por prática. Falar de cidadania não significa praticar cidadania, agir de
forma cidadã. O falar, o ter normatizado, o ter legislado não obrigatoriamente exige de
todos, práticas cidadãs efetivas.

Com isso, a crescente violência e desigualdade, a exclusão social, os questionamentos


da validade e legitimidade do poder governamental são cotidianamente perceptíveis ao
ser humano. As frases: “justiça é só para os ricos e cadeia só para os pobres”, “polícia é
só para os pobres e negros”, “direitos é para poucos”, são frases que identificam as crises
e as práticas cidadãs de sociedades em constante construção.

Para a prática cidadã eficiente, o ser humano necessita rever seus ideais em relação ao
todo social e sua dinamicidade, que o cerca. Significa romper raízes solidificadas,
cristalizadas, padrões antigos, romper o individualismo, a ideia de “levar vantagem
pessoal”, “isso não é comigo”, “deixa que eles façam”, “não da em nada”.
E a prática cidadã deve desenvolver na sociedade e em cada indivíduo o papel de
protagonismo, de participação de reivindicação e não de acomodação e aceitação. É a
prática de responsabilização das ações, de troca de informações, de conscientização e de
construção real de valores de cidadania.

Passa o conceito de cidadania de responsabilidade do Estado, para cidadania de


responsabilidade de cada indivíduo, retomando as dimensões dos direitos civis, dos
direitos políticos, dos direitos sociais.

Significa estar comprometido na prática cidadã, que extrapolam as fronteiras do Estado,


com ênfase nas normas praticas, significados e identidades civis, políticas e sociais, é a
expansão dos direitos sociais, com menor peso no valor legal das normas/regras legais,
pois conforme SANTOS (2000, p. 135):” […] os direitos de cidadania são o resultado de
movimentos sociais que objetivam se expandir ou defender a definição de agrupamento
social.”

Ao serem respeitados os direitos do homem há o reconhecimento e a garantia da


dignidade social, dos direitos da existência humana como irrenunciáveis e inalienáveis,
“[…] reconhecida, respeitada, promovida e protegida, não podendo, contudo (no sentido
ora empregado) ser criada, concedida ou retirada (embora possa ser violada), já que
reconhecida e atribuída a cada ser humano como algo que lhe é inerente.” (SARLET,
2010, p. 49-50)

Para reflexão, ou as práticas cidadãs são pensadas no bem social maior, ou a fabula
abaixo retratara a destruição humana cidadã:

Era noite de lua cheia quando nosso mestre, sentado entre o Pagé e o Cacique de uma
tribo indígena, no centro da região Amazônica, contou a seguinte fabula para nós e toda a
tribo ao redor do fogo: “Um dia o homem, sentado à beira de um abismo, sozinho, olhava
triste-infinitamente para o nada, sua tristeza era tal e tamanha que chamou a tenção de
todos os outros animais da Terra. Então a coruja, que passava por ali voando observou o
homem e perguntou por que estava sentado sozinho assolado pela tristeza. Como o
homem nada respondeu, os outros animais foram se achegando perto dele,
impressionados com sua misteriosa dor. Então a águia disse-lhe: ‘Não gostamos de vê-lo
tão triste. Peça o que quiseres e vo-lo daremos’. O homem disse: ‘Quero ter a sua visão’.
Então a águia lhe deu a sua visão. E o homem disse: ‘Também quero ser forte como o
leão’. E o leão lhe deu a sua força. E ainda o homem disse: ‘Quero conhecer todos os
caminhos do mundo como a serpente’. E a serpente concordou em mostrá-los ao homem.
E ainda pediu a sabedoria da coruja. E essa também foi lhe dada. Assim foi com todos os
animais. Quando o homem recebeu todos os dons foi-se embora. A coruja disse para os
outros: ‘Agora que o homem sabe muito e pode fazer muitas coisas, de repente, fiquei
com medo dele’. Então o cervo disse à coruja: ‘Agora que o homem recebeu todos os
dons, não precisamos ter medo dele, pois sua tristeza findara’. Mas a coruja respondeu:
‘Não! Eu vi um vazio nos olhos do homem e é tão profundo como a fome que nunca se
sacia. É isso que o deixa triste e é isso que o faz queres sempre mais. Ele continuará
tomando tudo que pode até o dia em a Terra dirá: ‘Eu não tenho mais nada a lhe oferecer
por isso não existo mais’.” (O Monge)

"Todos dizem que a modernidade está em crise. É um lugar comum, mas como outros
lugares comuns este até pode ser verdadeiro, desde que se entenda bem o alcance do
diagnóstico. O que existe atrás da crise da modernidade é uma crise de civilização. O que
está em crise é o projeto moderno de civilização (...)"

(ROUANET, 1993, p. 9)

Cidadania:

ARENDT (2002) "(...) a cidadania é o direito a ter direitos, e pressupõe a igualdade, a


liberdade e a própria existência e dignidade humanas". Entretanto, não é porque se
entende a cidadania como tal, que práticas humanas e sociais são práticas cidadãs, que
os objetivos em busca de uma cidadania são efetivos.

- Sociedade atemporal que se apresenta em um processo de globalização, de


manifestações concretas, de reconfigurações de classes, de novas formas de
organização de governo, de movimentos e práticas sociais, de reconhecimentos e
redistribuição do capital e da dignidade humana.

- Reconfiguração da cidadania = essencial, evoca a necessidade do olhar específico do


que se entende por prática.

- Falar de cidadania não significa praticar cidadania, agir de forma cidadã, não
obrigatoriamente exige de todos, práticas efetivas.

- A crescente violência e desigualdade, a exclusão social, os questionamentos da validade


e legitimidade do poder governamental = cotidianamente perceptíveis ao ser humano.

- "Justiça é só para os ricos e cadeia só para os pobres", "polícia é só para os pobres e


negros", "direitos é para poucos" = identificam as crises e as práticas cidadãs de
sociedades em constante construção.

- Significa romper raízes solidificadas, cristalizadas, pjadrões antigos, romper o


individualismo, a ideia de "levar vantagem pessoal", "isso não é comigo", "deixa que eles
façam", "não dá em nada".

- Prática cidadã deve desenvolver na sociedade e em cada indivíduo o papel de


protagonismo, de participação de reinvidicação e não de acomodação e aceitação.

- Prática de responsabilização das ações, de troca de informações, de conscientização e


de construção real de valores de cidadania.
- Passa o conceito de cidadania de responsabilidade do Estado, para cidadania de
responsabilidade de cada indivíduo, retomando as dimensões dos direitos civis, dos
direitos políticos e dos direitos sociais.

- Respeitados os direitos dos homem há o reconhecimento e a garantia da dignidade


social, dos direitos da existência humana como irrenunciáveis e inalienáveis, "(...)
reconhecida, respeitada, promovida e protegida, não podendo, contudo (no sentido ora
empregado) ser criada, concedida ou retirada (embora possa ser violada), já que é
reconhecida e atribuída a cada ser humano como algo que lhe é inerente". (SARLET,
2010, p. 49-50)

Aula 10 - Grupos Sociais e sua Diversidade (26/05/23)

Somos seres sociais, necessitamos viver em comunidade, em sociedade, não vivemos


isoladamente. No processo de desenvolvimento de nossa vida diversas aprendizagens
ocorrem. Adquirimos em nossas relações sociais conhecimentos e habilidades sociais, de
nos relacionarmos frente a sociedade, suas regulamentações, suas regras. É o “jeitão” de
ser que nos chancela, fazemos parte de um grupo social formado por nossos interesses e
vínculos familiares, religiosos, culturais, sociais, econômicos, políticos, entre outros.

Desde que nascemos somos influenciados pelo nosso de redor, pela sociedade onde nos
encontramos. A princípio pela nossa família, primeiro grupo do qual participamos. E a
partir de então, outros são incluídos, igrejas, escolas, clubes, grupos sociais por amizade,
por interesses profissionais, por moradia, por lazer, por classes sociais. Passamos a fazer
parte das vidas individuais de outras pessoas, passamos a desenvolver diferentes tipos
de relação, e com isso, a sociedade é transformada por diversas relações individuais que
passam a ser coletivamente definidas.

São estas relações entre as pessoas e entre os grupos que formam e constroem a
sociedade, sujeitos a normas e regras, escritas ou não. Esta sociedade é formadora de
cultura, das relações entre as pessoas surgem as crenças, as artes, a música, o
conhecimento, as características do próprio grupo.

Entretanto, estas relações não são estáticas e sem conflitos. As relações sociais
descortinam as nuances da individualidade de cada ser humano, como também as
influências formativas da cultura do grupo social que o formou. Há nestas relações tanto
situações conflituosas como também situações de harmonia. A diferença presente nas
relações dos seres humanos, os objetivos e interesses diferentes podem tanto trazer
harmonia, como podem trazer conflito.

Normalmente os conflitos são resultado do desrespeito a diversidade, das diferenças


culturais, sociais, familiares, religiosas, econômicas, históricas; são resultado da
intolerância: não tolerar que somos todos diferentes; são formas que os grupos ou as
pessoas buscam se sobrepor/sobrepujar/explorar os demais.

A diversidade, etimologicamente do latim diversitas/ãtis, significa: diversidade, variedade,


diferença, qualidade daquilo que é diverso, multiplicidade, desacordo, contradição,
oposição. (Dicionário Oxford Languages).

Conforme GOMES (2012):

A diversidade, entendida como construção histórica, social, cultural e política das


diferenças, realiza-se em meio às relações de poder e ao crescimento das desigualdades
e da crise econômica que se acentuam no contexto nacional e internacional. Não se pode
negar, nesse debate, os efeitos da desigualdade socioeconômica sobre toda a sociedade
e, em especial, sobre os coletivos sociais considerados diversos. Portanto, a análise
sobre a trama desigualdades e diversidade deverá ser realizada levando em consideração
a sua interrelação com alguns fatores, tais como: os desafios da articulação entre políticas
de igualdade e políticas de identidade ou de reconhecimento da diferença no contexto
nacional e internacional, a necessária reinvenção do Estado rumo à emancipação social,
o acirramento da pobreza e a desigual distribuição de renda da população, os atuais
avanços e desafios dos setores populares e dos movimentos sociais em relação ao
acesso à educação, à moradia, ao trabalho, à saúde e aos bens culturais, bem como os
impactos da relação entre igualdade, desigualdades e diversidade nas políticas públicas.

Torna-se fundamental então o diálogo intercultural a ser construído entre todas as


culturas, entendendo-as como as culturas que são e estão em constante evolução, frente
as constantes e dialéticas transformações históricas. Trata-se de desconstruir os
estereótipos ou estigmatizações que devem ser descartadas, de abandonar os “[…]
obstáculos ao diálogo”. (UNESCO, 2009)

Trata-se de ver as relações sociais como representativa simbólica do social, portanto,


representativa da realidade organizativa e orientadora das diferenças/diversidades. E
assim entendendo que a diversidade deve esvaziar a diferença, pois todos somos
diferentes, mas nunca esvaziar a desigualdade. O diverso contém em si a ideia de
identidade que se relacionam/inter-relacionam/toleram/complementam, mas as
desigualdades distanciam os diálogos igualitários por imposições de poder.

Portanto, não há indissociabilidade entre os conceitos de diversidade, diferença,


desigualdade. E cuidado deve-se ter com o conceito de tolerância como sinônimo de
manutenção social e hierárquica da desigualdade, uma forma de mascarar o
esvaziamento da diferença e de cristalizar as relações sociais impostas.

Trata-se de compreender que a historicidade do homem é marcada por povos dominando


povos, em diferentes momentos históricos, por influencia das diferentes relações entre si,
com a cultura, com a sociedade. Assim afirma SANTOS (2006, p. 15 - adaptada): “[…] a
diversidade existente e acompanha a variedade da história humana, expressa
possibilidades de vida social organizada e registra graus e formas diferentes de domínio
humanos sobre a natureza.”

Assim, a diversidade deve ser vivida e compreendida de forma equânime, é direito social,
imutável, inalienável. Conforme retrata a letra de LENINE, em sua música “Diversidade”:

Foi pra diferenciar


Que Deus criou a diferença
Que irá nos aproximar
Intuir o que ele pensa

Se cada ser é só um
E cada um com sua crença
Tudo é raro, nada é comum
Diversidade é a sentença

O que seria do adeus


Sem o retorno?
O que seria do nu
Sem o adorno?

O que seria do sim


Sem o talvez e o não?
O que seria de mim
Sem a compreensão?

A vida é repleta
E o olhar do poeta
Percebe na sua presença
O toque de Deus
A vela no breu
A chama da diferença

A vida é repleta
E o olhar do poeta
Percebe na sua presença
O toque de Deus
A vela no breu
A chama da diferença

A humanidade caminha
Atropelando os sinais
A história vai repetindo
Os erros que o homem traz
O mundo segue girando
Carente de amor e paz
Se cada cabeça é um mundo
Cada um é muito mais

O que seria do caos


Sem a paz?
O que…

O que seria do não


Sem o talvez e o sim?
O que seria de mim?
O que seria de nós?

A vida é repleta
E o olhar do poeta
Percebe na sua presença
O toque de Deus
A vela no breu
A chama da diferença

A vida é repleta
E o olhar do poeta
Percebe na sua presença
O toque de Deus
A vela no breu
A chama da diferença

Fonte:Musixmatch

Seres Sociais:

- Somos seres sociais, necessitamos viver em comunidade, em sociedade. Não vivemos


isoladamente.

- No processo de desenvolvimento de nossa vida, diversas aprendizagens ocorrem.


Adquirimos em nossas relações sociais conhecimentos e habilidades sociais, de nos
relacionarmos frente à sociedade, suas regulamentações, suas regras.

- É o "jeitão" de ser que nos chancela, somos parte de um grupo social formado por
nossos interesses e vínculos familiares, religiosos, culturais, sociais, econômicos,
políticos, entre outros.

Grupos sociais:
- Família.

- Outros são incluídos: igrejas, escolas, clubes, grupos sociais por amizade, por
interesses profissionais, por moradia, por lazer, por classes sociais.

- Parte das vidas individuais de outras pessoas = desenvolver diferentes tipos de relação.

- A sociedade é transformada por diversas relações individuais que passam a ser


coletivamente definidas.

- Formadora de cultura, das relações entre as pessoas surgem as crenças, as artes, a


música, o conhecimento, as características do próprio grupo.

Relações sociais:

- Relações não são estátitas e sem conflitos.

- Descortinam as nuances da indivudalidade de cada ser humano, como também as


influências formativas da cultura do grupo social que o formou.

- Tanto situaões conflituosas como também situações de harmonia.

- A diferença presente nas relações dos seres humanos, os objetivos e interesses


diferentes podem tanto trazer harmonia, como podem trazer conflito.

Conflito:

- Conflitos são resultado do desrespeito à diversidade, das diferenças culturais, sociais,


familiares, religiosas, econômicas e históricas.

- São resultado da intolerância: não tolerar que somos todos diferentes.

- São formas com que os grupos ou as pessoas buscam se sobrepor, sobrepujar ou


explorar os demais.

Diversidade:

- Etimologicamente do latim diversitas/ãtis, significa: diversidade, variedade, diferença,


qualidade daquilo que é diverso, multiplicidade, desacordo, contradição, oposição.
(Dicionário Oxford Languages)

- Deve ser vivida e compreendida de forma equânime, é direito social, imutável,


inalienável.

- Não há indissociabilidade entre os conceitos de diversidade, diferença, desigualdade.


- Cuidado deve-se ter com o conceito de tolerância como sinônimo de manutenção social
e hierarquia da desigualdade, uma forma de mascarar o esvaziamento da diferença e de
cristalizar as relações sociais impostas.

- Conforme GOMES (2012): "A diversidade, entendida como construção histórica, social,
cultural e política das diferenças, realiza-se em meio às relações de poder e ao
crescimento das desigualdades e da crise econômica que se acentuam no contexto
nacional e internacional. Não se pode negar, nesse debate, os efeitos da desigualdade
socioeconômica sobre toda a sociedade e, em especial, sobre os coletivos sociais
considerados diversos. Portanto, a análise sobre a trama desigualdade e diversidade
deverá ser realizada levando em consideração a sua inter-relação com alguns fatores, tais
como: os desafios da articulação entre políticas de igualdade e políticas de identidade ou
de reconhecimento da diferença no contexto nacional e internacional, a necessária
reinvenção do Estado rumo à emancipação social, o acirramento da pobreza e a desigual
distribuição de renda da população, os atuais avanços e desafios dos setores populares e
dos movimentos sociais em relação ao acesso à educação, à moradia, ao trabalho, à
saúde e aos bens culturais, bem como os impactos da relação entre igualdade,
desigualdade e diversidade nas políticas públicas".

Estudo de Caso da Disciplina Estado, Território e Cidadania


Juraci Roberto S. Mendes, RA22201026, Sociologia

Após a leitura dos textos disponíveis, explicite o conceito cidadania e garantia dos direitos
sociais/humanos dentro das práticas cidadãs, levando em consideração os avanços e
retrocessos vivenciados pela sociedade brasileira de 2003-2010.

Resposta:

A palavra cidadania vem do Latim "civitas", que significa cidade e compreende todas as
implicações da vida em um Estado ou comunidade política - tanto direitos quanto deveres.
Uma das prioridades do cidadão deve ser o bem comum do todo, atuando sempre que
possível na sua manutenção.

O Governo Lula, durante os anos de 2003 a 2010, foi um governo com enfoque na
cidadania, voltado à prática do bem comum e à elevação das condições de vida dos
pobres e marginalizados e à inclusão das minorias sociais. Isso, por sua vez, melhorou as
condições de vida na sociedade como um todo, gerando aumento da moral da população,
do poder de consumo e do senso de pertencimento.

Programas como o Fome Zero, Bolsa Família e o Plano Safra da Agricultura Familiar
propiciaram ao povo renovada esperança, oportunidades de emprego e condições de vida
mais humanas, mesmo diante de desafios como a crise financeira mundial de 2008. O
crescimento do Brasil, tanto internamente quanto no cenário global, foi tamanho que
chegou a ser nomeado "um dos mais significativos movimentos de ascensão social e
distribuição de renda já verificados na história do Capitalismo" de acordo com Neri e
Souza (2012).

Prova Eletrônica:

1) (UEL/ 2004) Observe a charge e leia o texto a seguir.

“É evidente, pois, que a cidade faz parte das coisas da natureza, que o homem é
naturalmente um animal político, destinado a viver em sociedade, e que aquele que, por
instinto, e não porque qualquer circunstância o inibe, deixa de fazer parte de uma cidade,
é um ser vil ou superior ao homem [...].” In.: ARISTÓTELES. A política. Trad. de Nestor
Silveira Chaves. Rio de Janeiro: Ediouro, 1997, p. 13.

Com base no texto de Aristóteles e na charge, é correto afirmar:

c) A charge, fazendo alusão à afirmação aristotélica de que o homem é um animal político


por natureza, sugere uma crítica a um tipo de político que ignora a coletividade
privilegiando interesses particulares e que, por isso, deve ser evitado.

2) (UNICENTRO - adaptada) Os novos movimentos sociais e práticas cidadãs são


diferentes das ações coletivas de antes por eles politizarem a esfera privada e tornarem
públicas as problemáticas das minorias sociais. Assim, dentre esses movimentos,
destacam-se aqueles que:

[errada]d) envolvem negros, indígenas, sem-terra e sem-teto.


[correta] produzem discussões locais e regionais, não abarcando questões globais.

3) (UNICAMP/2016) Por que a ética voltou a ser um dos temas mais trabalhados do
pensamento filosófico contemporâneo? Nos anos 1960, a política ocupava esse lugar e
muitos cometeram o exagero de afirmar que tudo era político. In.: NOVAES, S. Ética.
GIANOTTI, J. A. Moralidade Pública e Moralidade Privada. São Paulo: Companhia das
Letras, 1992, p. 239.

A partir desse fragmento sobre a ética e o pensamento filosófico, é correto afirmar que:

c) os impasses morais e éticos das sociedades contemporâneas reposicionaram o tema


da ética como um dos campos mais relevantes para a filosofia.

4) (ENEM/2014)
Maria da Penha

Você não vai ter sossego na vida, seu moço


Se me der um tapa
Da dona “Maria da Penha”
Você não escapa
O bicho pegou, não tem mais a banca
De dar cesta básica, amor
Vacilou, tá na tranca
Respeito, afinal, é bom e eu gosto

[…]

Não vem que eu não sou


Mulher de ficar escutando esculacho
Aqui o buraco é mais embaixo
A nossa paixão já foi tarde

[…]

Se quer um conselho, não venha


Com essa arrogância ferrenha
Vai dar com a cara
Bem na mão da “Maria da Penha”

In.: ALCIONE. De tudo o que eu gosto. Rio de Janeiro: Indie; Warner, 2007.

A letra da canção faz referência a uma iniciativa destinada a combater um tipo de


desrespeito e exclusão social associado, principalmente, à(s):

[errada]b) violência doméstica contra a mulher relacionada à pobreza.


[correta] relações de gênero socialmente construídas ao longo da história.

5) (FCC/2018 – SEC/BA – Professor Padrão P – Sociologia) O Estado Moderno surge na


Europa como uma forma racional de organização social do poder num dado território e
com um corpo de auxiliares qualificados à disposição do soberano, sendo sua
característica principal:

[errada]e) a existência de eleições periódicas.


[correta] a centralização do poder.

6) (UPE/2015) Sobre a ética e a política, considere o texto a seguir: “A verdade é filha


legítima da justiça, porque a justiça dá a cada um o que é seu. E isto é o que faz e o que
diz a verdade, ao contrário da mentira. A mentira, ou vos tira o que tendes, ou vos dá o
que não tendes; ou vos rouba, ou vos condena.” In.: Pe. Antônio Vieira. Sermão da Quinta
dominga de Quaresma.

Sobre esse assunto, é CORRETO afirmar que:

a) a moralidade pública e a moralidade privada são categorias basilares para o


encaminhamento da justiça no âmbito do poder.

7) Essas duas formas de celebrar a vitória brasileira estão relacionadas, em 1958 e em


1970, respectivamente, aos contextos de:

e) ênfase na capacidade criativa do brasileiro – tentativa de legitimação do governo


militar.

8) O conceito de nação, por levar em conta aspectos considerados subjetivos, como


identidade e sensação de pertencimento, possui uma variedade de análises, com
enfoques e características distintas. A respeito da concepção de nação, assinale a
alternativa incorreta:

c) As nações que não possuem território soberano delimitado, como os curdos e os


bascos, não almejam o reconhecimento de territórios. Historicamente foram construindo
uma trajetória de identificação e pertencimento ao Estado que os acolheu.

9) (UEL-2008) Quatro tipos de causas podem ser objeto da ciência para Aristóteles: causa
eficiente, final, formal e material. Assinale a alternativa correta em que as perguntas
correspondem, às causas citadas.

c) Quem gerou? Por que foi gerado? O que é? Do que é feito?

10) (ENEM/2013) “Tenho 44 anos e presenciei uma transformação impressionante na


condição de homens e mulheres gays nos Estados Unidos. Quando nasci, relações
homossexuais eram ilegais em todos os Estados Unidos, menos Illinois. Gays e lésbicas
não podiam trabalhar no governo federal. Não havia nenhum político abertamente gay.
Alguns homossexuais não assumidos ocupavam posições de poder, mas a tendência era
eles tornarem as coisas ainda piores para seus semelhantes.” In.: ROSS, A. Na máquina
do tempo. Época, ed. 766, 28 jan. 2013.

A dimensão política da transformação sugerida no texto teve como condição necessária a:

a) ampliação da noção de cidadania.


---

pontuação: 21/30
erradas: 2, 4, 5

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tentativa 2:

1) (FCC/2018 – Câmara Legislativa do Distrito Federal – consultor Legislativo – Redação


Parlamentar) “A ascensão do Nacional-socialismo (Nazismo) (1919-1933) foi possível
graças à conjugação dos defeitos da política alemã, desde os primórdios do século XIX,
com as raízes fatídicas e a história repleta de crises da República de Weimar. A
democracia de 1918 foi considerada responsável pelas consequências da derrota na
Primeira Guerra Mundial. O novo Governo se tornou o bode expiatório e o objeto do ódio
das forças da restauração e da reação no Estado e na sociedade, bem como nos
movimentos revolucionários ditatoriais reunidos nos belicosos Freikorps, em seitas
populares antissemitas e em organizações paramilitares. O “espantalho vermelho” da
revolução comunista completou a tarefa de tornar exército e burocracia, classe média e
patrões, fácil conquista de tais sentimentos.” In.: Adaptado de: BOBBIO, N., MATTEUCI,
N. e PASQUINO, G. Nacional-Socialismo. Dicionário de Política v. 2, Brasília:
Universidade de Brasília, 12. ed., 2004, p. 809.

A vigilância e o terror de Estado, uma ideologia oficial abrangendo Estado, Indivíduo e


Sociedade, a concentração dos meios de propaganda, dos meios militares, o controle
central e a direção de toda a economia, permite caracterizar o regime nazista como:

d) totalitário.

2) (UEM – Inverno 2008) “Todos nós sabemos da existência de um certo tipo de


‘organização social’ entre animais não humanos, não apenas entre mamíferos superiores,
tais como os macacos, por exemplo, mas também insetos: formigas, cupins e abelhas,
notadamente. (...) Quando comparamos as ‘sociedades’ animais não humanas,
particularmente a sociedade daqueles insetos, o fazemos porque constatamos que o
comportamento de tais animais apresenta certas padronizações parecidas com algumas
padronizações verificadas entre os seres humanos”. In.: VILA NOVA, S. Introdução à
Sociologia. São Paulo: Atlas, 1985, p. 29.

Considerando o que diz o texto acima, assinale o que for correto.

d) Podemos deduzir do texto que tanto os pesquisadores dos animais quanto os


sociólogos se preocupam com as ações regulares produzidas pela vida em sociedade.

3) A respeito do conceito de território, é correto afirmar que:


I) Ao nos referirmos ao território brasileiro, referimo-nos ao espaço soberano reconhecido
internacionalmente.

II) Os limites do território podem ser bem definidos ou não muito claros. As fronteiras
podem variar de acordo com o espaço em análise.

III) Na Geografia, há um consenso exato sobre o que seja o conceito básico de território.
Esse conceito é único para todas as análises espaciais, sociais e territoriais.

IV) É possível entender o conceito de território como sendo o espaço geográfico


apropriado e delimitado por relações de soberania e poder.

Estão corretas as alternativas:

ccec

b) I, II e IV.

4) (UPE/SSA- 2/2016) – Observe a charge a seguir:

A estrutura social é um tema presente nos estudos sociológicos. Com base na charge, é
CORRETO afirmar que:

a) a estratificação da sociedade brasileira é dividida em classes sociais, que são


determinadas por condições econômicas e sociais de vida.

5) (UEL/ 2004) Observe a charge e leia o texto a seguir.

Fonte: LAERTE. Animal Político Não alimente. Classificados. São Paulo: Devir, 2001. p.
25.

“É evidente, pois, que a cidade faz parte das coisas da natureza, que o homem é
naturalmente um animal político, destinado a viver em sociedade, e que aquele que, por
instinto, e não porque qualquer circunstância o inibe, deixa de fazer parte de uma cidade,
é um ser vil ou superior ao homem [...].” In.: ARISTÓTELES. A política. Trad. de Nestor
Silveira Chaves. Rio de Janeiro: Ediouro, 1997, p. 13.

Com base no texto de Aristóteles e na charge, é correto afirmar:

a) A charge, fazendo alusão à afirmação aristotélica de que o homem é um animal político


por natureza, sugere uma crítica a um tipo de político que ignora a coletividade
privilegiando interesses particulares e que, por isso, deve ser evitado.

6) (UECE 2019.1 - adaptada) Atente para as seguintes citações:

TEXTO 1: “Temos assim três virtudes que foram descobertas na nossa cidade: sabedoria,
coragem e moderação para os chefes; coragem e moderação para os guardas;
moderação para o povo. No que diz respeito à quarta, pela qual esta cidade também
participa na virtude, que poderá ser? É evidente que é a justiça” In.: PLATÃO. República.
432b.

TEXTO 2: “O princípio que de entrada estabelecemos que se devia observar em todas as


circunstâncias quando fundamos a cidade, esse princípio é, segundo me parece, ou ele
ou uma de suas formas, a justiça. Ora, nós estabelecemos, segundo suponho, e
repetimo-lo muitas vezes, se bem te lembras, que cada um deve ocupar-se de uma
função na cidade, aquela para a qual a sua natureza é mais adequada”. In.: PLATÃO.
República. 433a

Considerando a teoria platônica das virtudes e a relação com o conceito de Estado,


escreva V ou F conforme seja verdadeiro ou falso o que se afirmar a seguir:

( ) Nessa teoria das virtudes, cada grupo desenvolve a(s) virtude(s) que lhe é (ou são)
própria(s).
( ) Só pode ser justa a cidade em que os grupos que dela participam e nela agem o
fazem de acordo com sua natureza.
( ) Quando sabedoria, coragem e moderação se realizam de modo adequado, temos a
justiça.
( ) Existe uma relação entre a natureza dos indivíduos, o grupo de que devem fazer parte
na cidade, as virtudes que lhes são adequadas e, em consequência, a função que nela
devem desempenhar.

A sequência correta, de cima para baixo, é:

a) vvvv

7) (UFPR – Ciências Jurídicas) Para Norberto BOBBIO, no livro A República de Jean


BODIN concebe a soberania como "una, indivisível e perpétua".

A respeito do assunto considere as seguintes alternativas:

1. a afirmação acerca da soberania absoluta e perpétua significa apoio ao absolutismo;


2. soberania perfeita é aquela que responde eficazmente às necessidades dos súditos;
3. o soberano é a fonte ilimitada da lei;
4. o poder absoluto é summa potestas -potência soberana.

Assinale a alternativa correta:

d) Somente as afirmativas 2 e 4 são verdadeiras.

8) (UFSM) “Sem leis e sem Estado, você poderia fazer o que quisesse. Os outros também
poderiam fazer com você o que quisessem. Esse é o “estado de natureza” descrito por
Thomas Hobbes, que, vivendo durante as guerras civis britânicas (1640-60), aprendeu em
primeira mão como esse cenário poderia ser assustador. Sem uma autoridade soberana
não pode haver nenhuma segurança, nenhuma paz”. In.: LAW, S. Guia Ilustrado Zahar:
Filosofia. Rio de Janeiro: Zahar, 2008.

Considere as afirmações:

I. A argumentação hobbesiana em favor de uma autoridade soberana, instituída por um


pacto, representa inequivocamente a defesa de um regime político monarquista.

II. Dois dos grandes teóricos sobre o “estado de natureza”, Hobbes e Rousseau, partilham
a convicção de que o afeto predominante nesse “estado” é o medo.

III. Um traço comum da filosofia política moderna é a idealização de um pacto que


estabeleceria a passagem do estado de natureza para o estado de sociedade.

Está(ão) correta(s)

eec

[errada] c) apenas III.


[correta] apenas I.

9) Na Grécia antiga os termos política e ............................... eram praticamente


indissociáveis, pois se considerava que os indivíduos somente se realizavam na polis, ou
seja, em ................... Logo, cabia aos políticos e ao Estado proporcionar a melhor forma
de se viver em sociedade.
Assinale a alternativa que completa corretamente as lacunas do texto.

e) Ética e coletividade.

10) (IBFC/2015 – Polícia Militar do Estado de Minas Gerais – Professor – Sociologia)


Sobre o tópico Estado de Direito e a democracia moderna, de acordo com as orientações
pedagógicas da Secretaria de Educação de Minas Gerais, leia o trecho a seguir e
assinale a alternativa correta:
A democracia que conhecemos por experiência, que se generalizou no mundo ocidental e
tornou-se o regime mais popular nos dias atuais, é chamada de
_________________________.

Assinale a alternativa que preenche corretamente a lacuna:

[errada] a) Democracia parlamentarista.


[correta] democracia liberal representativa.

---
pontuação: 24/30
erradas: 8, 10
---

tentativa 3:

1) Essas duas formas de celebrar a vitória brasileira estão relacionadas, em 1958 e em


1970, respectivamente, aos contextos de:

d) ênfase na capacidade criativa do brasileiro – tentativa de legitimação do governo


militar.

2) (ENEM/2019) A maior parte das agressões e manifestações discriminatórias contra as


religiões de matrizes africanas ocorrem em locais públicos (57%). É na rua, na via pública,
que tiveram lugar mais de 2/3 das agressões, geralmente em locais próximos às casas de
culto dessas religiões. O transporte público também é apontado como um local em que os
adeptos das religiões de matrizes africanas são discriminados, geralmente quando se
encontram paramentados por conta dos preceitos religiosos. In.: REGO, L. F.; FONSECA,
D. P. R.; GIACOMINI, S. M. Rio de Janeiro: PUC-Rio, 2014.

As práticas descritas no texto são incompatíveis com a dinâmica de uma sociedade laica
e democrática porque:

a) restringem a liberdade de credo.

3) Na Grécia antiga os termos política e ............................... eram praticamente


indissociáveis, pois se considerava que os indivíduos somente se realizavam na polis, ou
seja, em ................... Logo, cabia aos políticos e ao Estado proporcionar a melhor forma
de se viver em sociedade.
Assinale a alternativa que completa corretamente as lacunas do texto.

e) Ética e coletividade.
4) TEXTO I

“Tudo aquilo que é válido para um tempo de guerra, em que todo homem é inimigo de
todo homem, é válido também para o tempo durante o qual os homens vivem sem outra
segurança senão a que lhes pode ser oferecida por sua própria força e invenção.” In.:
HOBBES, T. Leviatã. São Paulo: Abril Cultural, 1983.

TEXTO II

“Não vamos concluir, com Hobbes que, por não ter nenhuma ideia de bondade, o homem
seja naturalmente mau. Esse autor deveria dizer que, sendo o estado de natureza aquele
em que o cuidado de nossa conservação é menos prejudicial à dos outros, esse estado
era, por conseguinte, o mais próprio à paz e o mais conveniente ao gênero humano.” In.:
ROUSSEAU, J.-J. Discurso sobre a origem e o fundamento da desigualdade entre os
homens. São Paulo: Martins Fontes, 1993 (adaptado).

Os trechos apresentam divergências conceituais entre autores que sustentam um


entendimento segundo o qual a igualdade entre os homens se dá em razão de uma:

a) Condição original.

5) O contratualismo é uma escola de pensamento a partir da qual várias interpretações


sobre a natureza humana e o surgimento das sociedades civis foram concebidas. Para os
contratualistas, o ser humano:

a) Vivia em um estado de natureza anterior às organizações sociais ou políticas que


temos hoje.

6) (VUNESP/2015 – PM/SP – Aspirante da Polícia Militar) O conceito de identidade social


se tornou central na Sociologia nos últimos anos, por possibilitar a compreensão de quem
somos e quem são as outras pessoas.

Sobre a formação da identidade social dos indivíduos, é correto afirmar que é formada:

e) por processos contínuos de interação social.

7) (QUADRIX/2016 – CRO/PE – Recepcionista) “O Brasil jamais teve cidadãos; nós, a


classe média, não queremos direitos, nós queremos privilégios, e os pobres não têm
direitos; não há, pois, cidadania neste país. Nunca houve”. In.: SANTOS, M. Encontro
com Milton Santos. O mundo global visto pelo lado de cá. Direção Silvio Tedler. 2001.

Na frase acima, Milton Santos discorre sobre a não existência da democracia no Brasil.
De acordo com a frase acima, é verdadeiro afirmar que:

b) na prática, as classes média e alta se articulam para conseguirem vantagens


econômicas e sociais, prejudicando os pobres.

8) (FCC/2018 – SEC/BA – Professor Padrão P – Sociologia) O Estado Moderno surge na


Europa como uma forma racional de organização social do poder num dado território e
com um corpo de auxiliares qualificados à disposição do soberano, sendo sua
característica principal:

e) a centralização do poder.

9) (UPE/2015) Sobre a ética e a política, considere o texto a seguir: “A verdade é filha


legítima da justiça, porque a justiça dá a cada um o que é seu. E isto é o que faz e o que
diz a verdade, ao contrário da mentira. A mentira, ou vos tira o que tendes, ou vos dá o
que não tendes; ou vos rouba, ou vos condena.” In.: Pe. Antônio Vieira. Sermão da Quinta
dominga de Quaresma.

Sobre esse assunto, é CORRETO afirmar que:

e) a moralidade pública e a moralidade privada são categorias basilares para o


encaminhamento da justiça no âmbito do poder.

10) (INEP/ENEM/2016) “A justiça e a conformidade ao contrato consistem em algo com


que a maioria dos homens parece concordar. Constitui um princípio julgado estender-se
até os esconderijos dos ladrões e às confederações dos maiores vilões; até os que se
afastaram a tal ponto da própria humanidade conservam entre si a fé e as regras da
justiça”. In.: LOCKE, J. Ensaio acerca do entendimento humano. São Paulo: Nova
Cultural, 2000 (adaptado).

De acordo com Locke, até a mais precária coletividade depende de uma noção de justiça,
pois tal noção:

e) Contribui com a manutenção da ordem e do equilíbrio social.

---
pontuação 30/30
parabéns!

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