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PROCESSO Nº 250.497-8/16
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VOTO GC-7
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a.1) A previsão orçamentária deve ser para todo contrato, no caso de este ser
regido pelo art. 57, caput, da Lei n.º 8.666/93, uma vez que a regra geral dispõe
que a duração dos contratos ficará adstrita à vigência dos respectivos créditos
orçamentários.
a.2) Quanto aos contratos celebrados na forma prevista nas exceções elencadas no
art. 57 (incisos I, II, IV e V da Lei n.º 8.666/93), é necessária a existência de dotação
orçamentária suficiente para o empenhamento da despesa a ser executada no
exercício financeiro de sua celebração, de acordo com o respectivo cronograma
físico-financeiro, em conformidade com o art. 7.º, § 2.º, incisos III e IV da referida
lei. Destarte, a despesa do contrato a ser executada no exercício seguinte será
empenhada em dotação própria – crédito pelo qual correrá a despesa – daquele
exercício.
b.1) nos contratos elencados no art. 57, caput, da Lei n.º 8.666/93, deverá ser
emitido empenho do tipo global no exercício financeiro de sua celebração pelo
valor total da sua execução.
b.2) Nas exceções previstas – contratos dispostos nos incisos I, II, IV e V do art. 57,
da Lei n.º 8.666/93 – deverá ser emitido empenho na modalidade global pelo valor
total das parcelas que serão executadas no exercício financeiro da celebração. As
parcelas que serão executadas nos exercícios seguintes serão empenhadas, também
de forma global, em dotação desses respectivos orçamentos, de acordo com o
respectivo cronograma físico-financeiro.
b.3) Não cabe a emissão de empenho ordinário para cada parcela do contrato, mas
sim empenho do tipo global, nas condições dispostas nos itens b.1 e b.2.
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Por sua vez, as despesas que, pelo cronograma físico-financeiro dos contratos,
efetivamente devam ser pagas nos exercícios seguintes, deverão ficar a cargo dos
orçamentos próprios, não sendo necessário que haja disponibilidade de caixa
suficiente também para elas. No caso de uma obra prevista no Plano Plurianual,
por exemplo, a disponibilidade de caixa deverá ser apenas para aquelas devidas
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É O RELATÓRIO.
Nessa linha, à luz do art. 68, § 2º, do Regimento Interno, revela-se inequívoca a
legitimidade do Prefeito de Resende para formulá-la.
1 Regimento Interno TCE/RJ, art. 68: “As consultas formuladas ao Tribunal só poderão ser feitas a respeito de dúvida suscitada
na aplicação de dispositivos legais e regulamentares, concernentes a matéria de sua competência.
§ 1º - As consultas devem conter a indicação precisa do seu objeto e, sempre que possível, ser formuladas articuladamente e
instruídas com parecer do órgão de assistência técnica ou jurídica da autoridade consulente ou do órgão central ou setorial dos
Sistemas de Administração Financeira, de Contabilidade e de Auditoria.
§ 2º - São competentes para formular consultas os titulares dos Poderes do Estado e dos Municípios e de suas Administrações
Indiretas, incluídas as Fundações instituídas ou mantidas pelo Poder Público.
§ 3º - A resposta à consulta formulada tem caráter normativo e constitui prejulgamento da tese, mas não do fato ou caso
concreto”.
2 Estabelece normas sobre a formulação de consultas previstas na Lei Complementar nº 63, de 1º de agosto de 1990.
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acompanhada por parecer técnico e/ou jurídico do ente de origem, na forma dos arts. 61, §
1º, do Regimento Interno3, e 2º, da Deliberação nº 216/004, uma vez que a competência
atribuída a esta Corte de Contas para análise de consultas não substitui a atividade de
assessoria interna do órgão, que deve ser previamente utilizada. Ademais, o envio de prévio
parecer facilita a compreensão da dúvida formulada e melhor municia os órgãos técnicos
desta Corte com os elementos necessários à elucidação da consulta apresentada.
Feito esse registro, passo à análise das questões trazidas pelo jurisdicionado. Antes de
examinar, diretamente, as indagações apresentadas pelo consulente, apresento o arcabouço
legal aplicável:
Art. 57. A duração dos contratos regidos por esta Lei ficará adstrita à vigência dos
respectivos créditos orçamentários, exceto quanto aos relativos:
I - aos projetos cujos produtos estejam contemplados nas metas estabelecidas no
Plano Plurianual, os quais poderão ser prorrogados se houver interesse da
Administração e desde que isso tenha sido previsto no ato convocatório;
II - à prestação de serviços a serem executados de forma contínua, que poderão ter
a sua duração prorrogada por iguais e sucessivos períodos com vistas à obtenção
de preços e condições mais vantajosas para a administração, limitada a sessenta
meses;
III - (VETADO)
3 Regimento Interno TCE/RJ, art. 68, § 1º: “As consultas devem conter a indicação precisa do seu objeto e, sempre que possível,
ser formuladas articuladamente e instruídas com parecer do órgão de assistência técnica ou jurídica da autoridade consulente
ou do órgão central ou setorial dos Sistemas de Administração Financeira, de Contabilidade e de Auditoria”.
4 Deliberação TCE/RJ nº 216/00, art. 2º: “As consultas devem conter a indicação precisa do seu objeto e, sempre que possível,
instruídas com parecer do órgão de assistência técnica ou jurídica da autoridade consulente ou do órgão central ou setorial
dos Sistemas de Administração Financeira, de Contabilidade e de Auditoria”.
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A grande premissa que deve nortear a gestão pública é que o orçamento – concebido
com fundamento em critérios técnicos objetivos, calcado no princípio doutrinário do
equilíbrio (fixação de despesas no montante das receitas previstas) e cuja execução deve ser
acompanhada/retificada pela necessária divulgação das metas bimestrais de arrecadação e
do cronograma mensal de desembolso (artigos 13 e 8º da Lei Complementar nº 101/2000 –
Lei de Responsabilidade Fiscal - LRF) – encerra o ideal de planejamento governamental,
capaz de representar as linhas das políticas públicas traçadas pelos governantes, em
atendimento às demandas sociais, e o equilíbrio da gestão fiscal.
A previsão orçamentária de que trata a lei se refere ao fato de que, para ser realizada,
uma despesa pública precisa estar contemplada no orçamento anual – ou seja:
concomitantemente, o objeto do gasto e o valor a ser dispendido devem constar do
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b) O prévio empenho pode ser realizado de mês a mês em um contrato com vigência
de 12 meses?
O empenho ordinário deve ser utilizado para aquelas despesas a serem honradas em
uma única parcela (valor indivisível). Valor e credor estão previamente definidos.
6 Lei Federal nº 4.320/64, art. 60. É vedada a realização de despesa sem prévio empenho.
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O empenho por estimativa ocorrerá para aquelas despesas cujo montante não possa
ser previamente determinado (§ 2º do artigo 60 da Lei Federal nº 4.320/64). A palavra
estimativa se refere apenas ao valor da despesa. Este é o caso, por exemplo, de gastos com
água, luz e telefone. Os credores são definidos, assim como o objeto da despesa, mas só o uso
mensal precisará os efetivos valores que os usuários irão dispender para honrar seus
compromissos.
O empenho global deve ser utilizado para despesas cujo valor também seja
previamente conhecido, mas cujos pagamentos devam ocorrer parceladamente7 no decorrer
da execução orçamentária (conforme recebimentos/medições), geralmente em cada mês,
durante a fluência do exercício ou até de mais de um exercício financeiro.
Como o consulente cita empenhos “mês a mês”, pode-se inferir que está se referindo
a um contrato com vigência de 12 meses, cujos pagamentos ocorrerão mensalmente. Neste
caso, sendo conhecido o valor total contratado, deverá valer-se do empenho global,
empenhando à conta das dotações orçamentárias do exercício em curso o montante da
competência daquele mesmo período (recebimentos de bens/medições). Correrão à conta
do orçamento subsequente (ou orçamentos), também por empenhos globais, as despesas
relativas às demais parcelas (empenhando a cada exercício os valores relativos ao mesmo).
Agora, caso não seja conhecido efetivamente o valor total contratado, a modalidade
correta de empenho a ser utilizada é o por estimativa. Novamente, à conta de cada
exercício deverão ser empenhadas as despesas pertinentes ao mesmo.
Para ambas as situações, não é cabível o empenho ordinário, uma vez não estarmos
tratando de despesas cujos valores devem ser honrados em uma única parcela (valor
indivisível).
Por derradeiro, registro que tanto o corpo instrutivo quanto a PGT fizeram menção a
outra vertente para a assunção de despesas – a financeira. Trouxeram à questão as
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Como explicitado pela PGT, para aquelas despesas cuja execução ultrapasse o fim do
exercício financeiro, a disponibilidade de caixa a que se refere a lei é relativa às parcelas da
competência do ano que transcorre. Em outras palavras, deve o gestor verificar a existência
de recursos financeiros para quitar as parcelas devidas até o fim do ano em que finda seu
mandato. As demais parcelas, a serem executadas no próximo ou nos próximos exercícios,
serão custeadas pelo novo ou pelos novos orçamentos.
8Art. 42. É vedado ao titular de Poder ou órgão referido no art. 20, nos últimos dois quadrimestres do seu mandato, contrair
obrigação de despesa que não possa ser cumprida integralmente dentro dele, ou que tenha parcelas a serem pagas no exercício
seguinte sem que haja suficiente disponibilidade de caixa para este efeito.
Parágrafo único. Na determinação da disponibilidade de caixa serão considerados os encargos e despesas compromissadas a
pagar até o final do exercício.
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Destaca-se que deverá haver sim, como para todas as outras espécies de despesas
realizadas nos dois últimos quadrimestres de mandato de um gestor e não
passíveis de serem cumpridas no respectivo exercício financeiro, a suficiente
disponibilidade financeira para pagamento das parcelas que restarem relativas ao
que foi empenhado no ano em questão. – CONSELHEIRO RELATOR SERGIO F.
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Reitera-se que deverá haver sim, como para todas as outras espécies de despesas
realizadas nos dois últimos quadrimestres de mandato de um gestor e não
passíveis de serem cumpridas no respectivo exercício financeiro, a suficiente
disponibilidade financeira para pagamento das parcelas que restarem relativas ao
que foi empenhado no ano em questão. – CONSELHEIRO RELATOR SERGIO F.
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VOTO:
II - pela EXPEDIÇÃO DE OFÍCIO ao Prefeito Municipal de Resende, para que tome ciência
das respostas aos quesitos formulados, nos temos da fundamentação constante deste voto;
III – por DETERMINAÇÃO à Secretaria das Sessões para que, ao efetuar a expedição do
ofício, anexe cópia do inteiro teor deste voto.
GC-7,
MARIANNA M. WILLEMAN
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