Escolar Documentos
Profissional Documentos
Cultura Documentos
BÁSICAS EM
COZINHA
Definir espessantes.
Reconhecer a importância dos espessantes nas preparações
gastronômicas.
Diferenciar os tipos de espessantes e suas composições.
Introdução
Espessantes têm como principal propriedade mudar a consistência de
molhos, sopas e preparações líquidas, dar sabor, cor e, principalmente,
corpo e textura.
Atualmente, os molhos são mais leves, com boa textura e pouco
volume, cujo foco principal é a valorização do sabor — por isso, basica-
mente, a utilização de reduções.
Neste capítulo, você estudará conceitos teóricos e práticos sobre
espessantes, sua aplicabilidade e conhecerá os diferentes tipos de es-
pessantes e suas composições.
Definição
Também chamados de agentes de ligação e muito comuns na cozinha clás-
sica até os anos de 1970, os espessantes são ingredientes ou combinações
de ingredientes usados para ligar e/ou dar corpo para preparações líquidas,
agregando-lhes sabor e textura.
A principal função de uma ligação é mudar a consistência das preparações.
Quando se incorporam diferentes tipos de ligações, temos molhos e sopas
mais espessos, aveludados, com cor e sabor diferentes.
Hoje em dia, os agentes de ligação são usados com pouca frequência, pois
a tendência atual é o uso de molhos reduzidos, ou seja, com pouco volume
e muito sabor. Isso torna os espessantes dispensáveis, pois servem para dar
2 Espessantes
corpo e maior quantidade a molhos com sabor suave e, por isso, precisam
ser espessados para sustentarem o prato. Mesmo assim, continuam sendo
essenciais em algumas preparações.
Tipos de espessantes e suas composições Nesta seção, veremos quais são
os tipos de espessantes disponíveis e do que eles são feitos.
Roux
É a combinação, em proporções iguais, de amido e gordura, normalmente
farinha de trigo e manteiga sem sal (crua ou clarificada). A manteiga clari-
ficada é a gordura mais utilizada para se fazer o roux, mas também se pode
usar manteiga integral, óleos vegetais, gordura de frango ou outras gorduras
derretidas. Lembre-se de que o tipo de gordura influenciará sutilmente no
resultado final da preparação.
Esse espessante pode ser preparado com qualquer tipo de farinha de trigo
branca, porém, devido à quantidade de amido, a farinha comum é a mais
indicada.
A manteiga clarificada (Figura 1) é uma boa opção para cozinhar, podendo grelhar
ou fritar com mais eficiência. Tratando-se de saúde, ela é indicada e agrada as pessoas
com intolerância à lactose, uma vez que, durante o processo de clarificação, a parte
aquosa é evaporada, ficando apenas a gordura e beneficiando o público que tem
aversão a leite.
Figura 2. Do lado esquerdo para o direito: roux branco, amarelo, marrom e escuro.
Fonte: Instituto Americano de Culinária (2011, p. 358).
Slurry
Pode-se utilizar amido de milho, farinha de trigo, araruta e féculas. O líquido
pode ser água, leite ou, atá mesmo, uma parte do líquido da receita que se
quer engrossar. Nesse caso, parte do líquido deve ser separado para dissolver
o amido.
A mistura é feita adicionando aos poucos o líquido no amido, mexendo
bem até que a mistura fique homogênea. Em seguida, é só acrescentar essa
mistura na preparação que se deseja espessar.
Vale lembrar-se de que a preparação deve estar fervente e mexer constan-
temente com um fouet evita a formação de grumos.
O slurry deve ser cozido apenas até a consistência desejada. Pouco usado,
é um espessante que funciona melhor em ajustes finais de textura.
Beurre manié
Literalmente “manteiga trabalhada”, é uma pasta feita com 50% de manteiga
sem sal em textura de pomada e 50% de farinha de trigo. É um espessante
utilizado para ajustes ou finalizações de modo rápido, adicionado frio aos
poucos a uma preparação fervente, batendo-se constantemente com um fouet
até a consistência desejada.
Também conhecida como roux cru, o beurre manié (Figura 3) tem alto
poder espessante, porém, se usado em grande quantidade, deixa um sabor
residual intenso.
6 Espessantes
Liaison (ligação)
É composto por 25% de gemas e 75% de creme de leite fresco. Tem baixo
poder espessante e, por isso, é usado na finalização de preparações, ajustando
texturas e adicionando brilho, cremosidade, corpo e sabor.
O creme de leite suaviza os sabores e confere uma textura mais aveludada,
enquanto as gemas enriquecem e espessam as preparações. São indicados para
receitas cremosas, pois alteram significativamente a cor e o sabor.
O liaison deve ser adicionado à preparação que se quer espessar, por meio
de temperagem. Logo após seu emprego, o líquido espessado não pode mais
ser fervido, para evitar que as gemas talhem.
Gelatina
É usada para dar corpo a líquidos e preparações que serão servidas frias.
Quanto maior a quantidade de ingredientes ácidos e açúcar na preparação,
maior será a quantidade de gelatina necessária. Seja em pó ou em folha, a
gelatina sempre deve ser previamente hidratada e dissolvida.
Espessantes 7
Sangue
Tem a capacidade de coagulação, que resulta em consistência e sabor aos
molhos escuros. O prato mais conhecido em que se utiliza esse método é a
galinha ao molho pardo.
Pode-se utilizar o sangue do animal correspondente à preparação que está
sendo feita. A quantidade de sangue adicionada à preparação dependerá da
consistência desejada. Não deve ser fervido.
8 Espessantes
Legumes
Alguns legumes em forma de purê (Figura 5) também agem como espessantes.
Manteiga
É usada fria em líquidos quentes para encorpá-los ligeiramente ao final do
preparo. Isso acontece devido à emulsificação da manteiga no líquido, que
não deve ser levado à fervura, pois a emulsão se desfaz, e o molho se separa.
Creme de leite
Atua como espessante quando é adicionado para reduzir junto com o líquido
que se quer espessar. Altera significativamente o sabor, a cor e a textura de
uma preparação.
Frutas
A ligação dos molhos pode ser complementada com utilização de purê de
frutas ricas em pectina e amido.
Espessantes 9
Leituras recomendadas
ELEUTÉRIO, H.; GALVES, M. C. P. Cozinha quente: organização, técnicas de preparo e
harmonizações. São Paulo: Érica, 2014.
KOVESI, B. et al. 400g: técnicas de cozinha. 5. ed. São Paulo: Companhia Editora Na-
cional, 2007.
SEBESS, M. Técnicas de cozinha profissional. 3. ed. Rio de Janeiro: Senac Nacional, 2014.