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ESTADO DO ESPÍRITO SANTO

PREFEITURA MUNICIPAL DE APIACÁ


PROCURADORIA GERAL DO MUNICÍPIO

PARECER JURÍDICO

REF.: Processo Administrativo nº 2838/2022

EMENTA: LOCAÇÃO DE IMÓVEL – OBSERVÂNCIA


DO ART. 24, X, ART. 57, INC. II E ART. 62, § 3º,
INCISO I, DA LEI 8.666/93.

I – RELATÓRIO

Por solicitaçã o do Ilmo. Secretá rio Municipal de Saú de da Prefeitura Municipal


de Apiacá -ES, os autos referentes ao processo em epígrafe, onde transcorre o procedimento
para LOCAÇÃO DE IMÓVEL, foram encaminhados a esta Procuradoria Jurídica para consulta
quanto à possibilidade de contrataçã o por dispensa de licitação.

II – FUNDAMENTAÇÃO

Pelo que se depreende dos autos, observo que o objetivo do processo é a


realizaçã o de Contrato de Locaçã o de Imó vel, em que a Secretaria Municipal figura como
LOCATÁRIA do imó vel constante deste processo.

Desde já , vale dizer que a previsã o legal para a referida contrataçã o se baseia
na inteligência do Art. 24, inc. X, da Lei 8.666/93. Vejamos:

Art. 24. É dispensável a licitação:


X - para a compra ou locação de imóvel destinado ao atendimento das
finalidades precípuas da administração, cujas necessidades de instalação e
localização condicionem a sua escolha, desde que o preço seja compatível
com o valor de mercado, segundo avaliação prévia;

Compulsando aos autos, é possível observar terem sido atendidos todos os


requisitos legais e necessá rios à firmatura de contrato, haja vista ser contrato de natureza civil
(e nã o, administrativa), NÃO sendo regido, portanto, pela Lei Federal 8.666/93, mas sim pela
Lei do Inquilinato (Lei nº 8.245/91).
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Essa condiçã o afasta, desde logo, a submissã o dos contratos de locaçã o de


imó vel nos quais a Administraçã o seja locatá ria, à regra contida no art. 57, inc. II, da Lei nº
8.666/93, de acordo com o qual o prazo má ximo de vigência dos contratos de prestaçã o de
serviços contínuos é de 60 (sessenta) meses.

A Orientaçã o Normativa nº 6, de 1º de abril de 2009, da Advocacia-Geral da


Uniã o é nesse sentido:

“A vigência do contrato de locação de imóveis, no qual a administração


pública é locatária, rege-se pelo art. 51 da lei nº 8.245, de 1991, não estando
sujeita ao limite máximo de sessenta meses, estipulado pelo inc. II do art. 57,
da lei nº 8.666, de 1993.”

Esse também é o entendimento do Tribunal de Contas da Uniã o desde o


Acó rdã o nº 170/2005 – Plená rio, no qual a Corte de Contas respondeu consulta informando
que “os prazos estabelecidos no art. 57 da Lei nº 8.666/93 nã o se aplicam aos contratos de
locaçã o, por força do que dispõ e o art. 62, § 3º, inciso I, da mesma lei”.

Sobre o prazo de vigência dos contratos de locaçã o, o art. 3º da Lei nº 8.245/91


estabelece que “o contrato de locaçã o pode ser ajustado por qualquer prazo, dependendo de
vênia conjugal, se igual ou superior a dez anos”.

Conforme se pode inferir, cumpre à Administraçã o estabelecer, de modo


motivado, nos autos do processo administrativo de contrataçã o, o prazo que entender mais
conveniente e oportuno para a celebraçã o dos contratos de locaçã o de imó vel nos quais ocupe
a condiçã o de locatá ria. Nã o há um prazo certo aplicá vel a toda e qualquer situaçã o. Pelo
contrá rio, o importante é que seja definido, de modo motivado, um prazo determinado.

Nesses moldes, entende-se possível estabelecer o prazo inicial de vigência com


base no período de tempo necessá rio para amortizaçã o dos custos de instalaçã o, por exemplo,
bem como prever, no contrato, a possibilidade de prorrogaçõ es futuras por um período
má ximo de tempo, de modo a evitar futuras mudanças de endereço que prejudiquem a
manutençã o da prestaçã o dos serviços executados pela Administraçã o. Adotada essa fó rmula,
poderia ser definida a vigência inicial por dez anos, prorrogá veis por iguais e sucessivos
períodos por até 30 anos, por exemplo.

Avançando o tema, entendo pela necessidade de apresentar os requisitos


legalmente exigidos para a formalizaçã o de contratos de locaçã o de imó veis pela
Administraçã o Pú blica, quais sejam:

 Demonstraçã o, pelo solicitante, do Interesse Público na contrataçã o.


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 Comprovaçã o de Titularidade do Imóvel;


 Ausência de Dívidas Municipais do Imóvel.
 Laudo de Vistoria e Avaliação;

Desde logo, observo que os requisitos legalmente exigíveis à


formalizaçã o do referido contrato estã o presentes aos autos, atendendo, portanto, as
exigências legais.

III – CONCLUSÃO

Por todo exposto, respeitosamente, desde que anexado aos autos a


documentaçã o apontada acima, entendo pela possibilidade do prosseguimento dos autos, nos
termos do art. 24, inc. X e 62, § 3º, inc. I, da Lei 8.666/93, retornando à Secretaria solicitante
para complementar os autos e, em seguida, encaminhá -los ao Gabinete do Excelentíssimo
Senhor Prefeito para ciência do presente.

É o parecer.

Procuradoria Geral do Município de Apiacá-ES, 19 de setembro de 2022.

Atenciosamente,

THADEU MOREIRA HUDSON


Procurador Geral do Município
Matrícula 305906

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